Worsa | Reviews | 2013 04 Meia um | LINK Texto André Cunha andreluizrenato@yahoo.com.br
Contra o refrão
A banda brasiliense Worsa lança o experimental e descon nuo Omoioi e fala sobre o alvissareiro mercado musical contemporâneo Se você é daqueles que gostam de pop rock com duas estrofes, refrão, mais duas estrofes e de novo o refrão repe do exaus vamente, então passe longe do novo disco da banda Worsa. O trio brasiliense, que conta com Feleps na guitarra, Bruno Rocha na bateria e Wolve Rodrigues no baixo, está lançando Omoioi, “uma música de trinta e três minutos, com trinta e três atos”. Agora, se é daqueles que curtem música instrumental psicodélica, não hesite: conheça o som dos caras.
“Em certos momentos da música você terá a impressão de ouvir Hermeto Pascoal tocando Ramones”, dizem eles sobre Omoioi. As influências vão de Frank Zappa a Jhon Zorn, passando pelo som de Naná Vasconcelos, Silvia Saint, Arrigo Barnabé, Fantômas, Rush e Björk. A banda, que já tem dez anos de estrada, lançou em 2005 o disco Morsa, no qual já apostava em um po de música não convencional calcado basicamente na força do power trio – bateria, baixo e guitarra. Mas foi com Omoioi que levou às úl mas consequências o projeto de fazer um som radicalmente descon nuo. A banda diz que Omoioi “possui como estrutura os milhões de riffs que o Feleps acumulou desde 1997”. O Worsa lapidou esse material invertendo andamentos, criando pontes e outras camadas, até perceberem que “ nhamos em mãos um monstro que devia ser domado pelo metrônomo. Apelamos para a mágica de Marcus Dale, que foi um dos produtores musicais e nos auxiliou transcrevendo toda a linha de guitarra para a par tura digital. Com esse material gerou‐se o tão sonhado que‐taque, que, além de facilitar a vida do Bruno, possibilitou uma ferramenta de comunicação entre Feleps e os músicos de verdade que foram convidados: Natasha Salles (soprano), Adil Silva (trombone) e Carlos Tort (marimba/glockenspiel)”. Os trinta e três atos de Omoioi são inspirados em personalidades históricas como Platão, Suassuna, Wi geinstein, Garrincha, Seinfeld, Pa on, Huxley, Presley, Juruna, Scorcese, Ramanujan, Osterberg, Escher e dezenas de outros. Nos shows, eles geralmente tocam com máscaras de figuras icônicas da cultura contemporânea, como do astro pop Jus n Bieber. E fique de olho: a banda promete ainda no primeiro semestre de 2013 um show surpresa de lançamento do disco, com a par cipação do lendário quinteto candango Satanique Samba T rio.
“foi com Omoioi que levou às úl mas consequências o projeto de fazer um som radicalmente descon nuo.” Todos os integrantes do Worsa têm empregos “normais” e ensaiam semanalmente a fim de lapidar a caleidoscópica Omoioi, por isso fazem questão de ressaltar a importância da formação universitária na carreira dos jovens músicos que sonham em fazer sucesso: “Só temos de agradecer à atual MPB e ao axé, que têm contribuído para a promoção de nossa imagem alegre lá fora, e também ao rock nacional atual – bem limpo, colorido e bem comportado. Todavia, não devemos deixar de mencionar o maravilhoso subgênero de nossa música‐raiz: o sertanejo universitário. Esse faz jus ao nome” E concluem, sem um pingo de ironia: “Achamos que a música pop brasileira está na sua melhor fase. Muita performance, profissionalismo e principalmente forma e conteúdo. Trata‐se de uma fase em que o indivíduo que realmente gosta de música se alegra ao ligar o rádio e ouvir canções inspiradoras que executam mime camente o delírio engenhoso de canções de amor e muita paz, sincronizadas claustrofobicamente em 97% das frequências, canais e sites em um loop insano. Ficamos felizes com a especialização da indústria em tratar a música como um meio, já que arte como fim não dá visualizações no Youtube”. Por via das dúvidas, Omoioi já está no Youtube, até agora com pouco mais de trezentas visualizações. Já Ai se eu te pego (assim você me mata), do iconoclasta Michel Teló, está batendo os quinhentos milhões. Oi?