Feminino * Mundo * Formação * Actores do Jogo * Socorrismo * Biblioteca
2 ª Edi ç
ão
Número 2: Abril-Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Editorial Revista Edição: 2 Distribuição: Trimestral Período: Abril - Junho 2011
Foto: Aurea Pereira
Futebol Feminino
Será possível a mulher ter sucesso no mundo do futebol
num futuro próximo? Mourinho respondeu. Para chegarmos ao mesmo patamar que os homens teremos que trabalhar o dobro, mostrar o triplo das competências e não podemos falhar. Ouvir-se-á que se falharmos, não é por sermos humanas, mas sim por sermos mulheres. É com base no que acima foi descrito que o processo de crescimento e desenvolvimento da mulher no futebol é, na minha opinião, ditado pela sua vontade de aprender, dedicação, perseverança e pela sua capacidade de relacionamento e liderança. Estas características estimulam a formação de um sólido background que, conjuntamente com a capacidade de adaptação ao contexto, possibilita o primeiro passo num caminho de sucesso. É com orgulho que vejo mais mulheres a jogar, a treinar, a dirigir. É com orgulho que vejo mais mulheres a querer dar o segundo passo num caminho de sucesso. É com orgulho que as vejo ter sucesso. É fácil ter êxito com a novidade, mas não é fácil mantê-lo, pelo que concordo que o sucesso feminino está guardado para quem queira trabalhar o dobro, mostrar o triplo das competências e reconhecer quando falha, porque sabe efectivamente o que está a fazer. Difícil? Difícil será com toda a certeza. Porém, nunca faremos a diferença se não tentarmos. Vamos dar vida ao futebol, já que ele faz parte da nossa! Aurea Pereira E-mail de contacto: aureampereira@gmail.com
2
Abril - Junho 2011
Editores António Alves, Aurea Pereira, Bruno Dias, Bruno dos Reis, Cátia Neves, Diogo Pereira, João Peres, João Tralhão, José Barbosa, Filipe Neto, Ricardo Leite, Sérgio Raimundo
Colaboradores Capa: Fotografia por Mónica Jorge Design Gráfico: Musaranho Fotografia: Núcleo de Futebol, Mónica Jorge, Jaffer Ali, Eduardo Reis, Thomas Shores, CaparicaMar Revisão: Sérgio Raimundo
Contactos E-mail: nucleofutebol@gmail.com
Patrocinadores
NFFMH MAGAZINE
Índice
05 - Liderança no Desporto Feminino
Feminino
05
Liderança no Desporto Feminino
A actual treinadora da Selecção Nacional Feminina, fala das variáveis motivacionais e de liderança que influenciam o seu trabalho, explicando o seu conceito de "grupo". Texto: Mónica Jorge Fotografia: Mónica Jorge
Mundo
08 O futuro é no feminino Seleccionadora das "Qataris" explica como criou a Selecção Feminina, a partir da realidade com que se deparou nesse país. Texto: Helena Costa Fotografia: Helena Costa
3
Abril - Junho 2011
08 - O Futuro é no Feminino
NFFMH MAGAZINE
Índice Formação
12
Planeamento e periodização na formação
Docente universitário, explora o tema do planeamento do treino a longo prazo, mostrando quais as etapas de formação e desenvolvimento dos praticantes. Texto: Eduardo Reis Fotografia: Eduardo Reis
12 - Planeamento e Periodização na Formação
Actores do Jogo
14
Gerir os processos de equipa
Formador na área do Coaching e Liderança refere algumas competências necessárias para o processo de trabalho em equipa, como forma de obter melhores desempenhos. Texto: Rui Lança Fotografia: Thomas Shores e Mónica Jorge
14 - Gerir os Processos de Equipa
Socorrismo
16
Fractura de membro sem exposição do osso
O Dep. de Saúde da associação de socorro e salvamento aquático CaparicaMar, explica os procedimentos a ter no caso de suspeita de uma fratura de um membro sem exposição do osso. Texto: CaparicaMar (Dep. Saúde) Fotografia: CaparicaMar
16 - Fractura de Membro sem Exposição do Osso
Biblioteca e Cartas dos Leitores
18 4
Biblioteca, cartas dos leitores e próxima edição
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Feminino
LIDERANÇA
no Desporto Feminino Foto: Mónica Jorge
L
iderança não tem sexo, mas no feminino tem um sexto sentido. E é a vida em grupo que constitui o fundamento da evolução da nossa espécie – “o Homem”. Somos elementos pertencentes a uma sociedade e desenvolvemos toda a nossa atividade integrando grupos sociais: família, amigos, clube desportivo, associações, etc... Há 10 anos que trabalho num desporto coletivo feminino, passei por muito momentos competitivos, bons e maus. Neste a liderança propriamente dita esteve lá, esteve diferente, esteve mutável, esteve acessível, esteve incompreendida, mal ou bem, esteve sempre presente! Dizem que trabalhar com atletas/mulheres, não é fácil, nunca é fácil para quem não entende o seu meio, as suas diferenças e as suas semelhanças. A cultura do país é sem dúvida uma condicionante, os costumes, as práticas, são formas de estar numa cultura de identidade. As suas diferenças partem de uma sensibilidade, de uma adaptação e de comportamentos adquiridos que vão exigir como é óbvio diferentes motivações. A nossa sociedade tem-se deparado com algumas dificuldades na interpretação de uma realidade necessária para que os nossos jovens se motivem e adiram ao Desporto, especialmente as mulheres.
5
Abril - Junho 2011
Para mim a Motivação aliada á Liderança é um aspecto primordial nas realizações humanas no meu grupo desportivo. Como Líder, gosto de fazer sentir que as atletas estão no centro dos acontecimentos ou eventos desportivos, e que estes não passem ao lado. Quero que cada uma sinta que contribuiu e fez a diferença para o sucesso da nossa equipa, para o nosso objetivo comum. Segundo Glyn Roberts (1993, in Costa, 2000), a motivação refere-se aos “fatores da personalidade, variáveis sociais e/ou cognições que supostamente acontecem no decorrer do jogo, quando um indivíduo se ocupa de uma tarefa na qual é avaliado, entra em competição com outros ou tenta alcançar alguns padrões de excelência”. O nosso grupo é constituído por um conjunto de atletas, com diferentes personalidades, diferentes culturas e com diferentes vivencias. Cada atleta apresenta reações e comportamentos diferentes ao enfrentar provas ou situações de interligação com estas. Por isso mesmo alguns fatores que antecedem e envolvem momentos competitivos, podem ou já provocaram alterações ou perturbações no rendimento considerado normal. Isto foi um facto já vivenciado pela nossa equipa técnica.
NFFMH MAGAZINE
Feminino “Não sou esperto nem bruto, Nem bem nem mal educado, Sou apenas o produto, Do meio em que fui criado.” António Aleixo Então como liderar e motivar um grupo de atletas para o sucesso ou para a sua evolução competitiva, sendo constituído por personalidades, atitudes e papeis sociais diferentes fora e dentro do grupo? O segredo está na Liderança, dentro e fora do treino. A Liderança é sem dúvida uma “relação” entre seres humanos, então o que esperar dessa relação? Em que valores se constrói essa relação? O que devemos admirar e motivar nessa relação? A base da liderança em que eu acredito, tem sem dúvida presente a ética desportiva
Foto: Mónica Jorge
e a lealdade, bases que sustentam a minha credibilidade enquanto técnica desportiva e líder de uma relação grupal. Quando todas as atletas se realizam no mesmo objetivo e se valorizam quer individual quer coletivamente, a predisposição da realização de comportamentos é enorme sendo um orgulho para todos e em especial para mim, que o zelo. Mas para isso, ao logo do processo da minha atividade vou delineando e convidando o grupo a adquirir vários comportamentos:
6
Abril - Junho 2011
1- Visão inspiradora do nosso futuro enquanto equipa – Qual o caminho? 2- Concepção do nosso Futuro – Qual o plano a médio e longo prazo? 3- Valores éticos, de lealdade, de justiça e de respeito com todo o grupo de trabalho – Credibilidade/Confiança. 4- Riscos e Desafios – Experiência, tomada de decisão, saber lidar com derrotas e vitórias e sair da sua zona de segurança; 5- Objetivo Comum VS Compromisso. 6- Superação Individual e Grupal – Vontade e Motivação no treino e no jogo; 7- Gratidão e Humildade - Dar o exemplo e reconhecer a importância de grupo, de um todo e defende-lo a todo o custo. E sendo a influência do grupo no comportamento individual uma realidade já identificada e mais que provada, a sua socialização tendo estes elementos chave dos quais eu defendo, provoca a integração da atleta no grupo e no seu objetivo comum. Sendo assim a atleta vai modelando o seu comportamento em função das regras existentes no grupo em que está integrada, identificando-se em parte, com os seus membros. Existe então uma conformidade dos membros em que as suas atitudes, opiniões e comportamentos individuais são influenciadores ou condicionantes. Há uma necessidade de ser aceite e ser apreciada e de se manter integrada, especialmente quando há confiança e credibilidade em quem lidera. Mas se estes falham, o laço afetivo quebra, as relações humanas entram na desconfiança e a “linguagem” deixa de ser “Universal”, em especial no desporto feminino. A Mulher/Atleta tem uma grande necessidade de acreditar e de confiar na pessoa que a lidera, seja treinador(a) ou seja uma capitã de equipa. Gosto que as Seleções Nacionais Femininas, sejam grupos referência, com que muitas adolescentes, meninas se identifiquem, adaptando valores, formas de estar, copiando comportamentos e imagens. Não é fácil construir um grupo referência com laços fortes, quando há mais que uma “resistência” no seu seio. Terá de haver uma dupla adaptação e encontrar um ponto de equilíbrio, uma forma de estar que generalize um bom ambiente. Enquanto eu vou dando novos passos nessas relações humanas, adaptando as suas exigências, elas vão me mostrando o caminho, de onde, como e quando. Os valores, esses guiam-nos e a credibilidade é a base de tudo! Se não se acredita no Líder, não há liderança. Pessoalmente não me considero uma Líder na sua total definição, apenas uma treinadora nacional, uma gestora, tendo um papel social diferente que ajuda e tenta fazer evoluir as suas jogadoras como atletas e como seres
NFFMH MAGAZINE
Feminino humanos, contribuindo também este contexto na evolução da minha pessoa. Eu ensino apreendendo! Se isso basta para ser Líder, não sei, mas que me ajuda a identificar, a resolver, a evitar conflitos emocionais, comportamentais e a tomar decisões difíceis, não tenho a menor duvida. Contribui muito para a minha competência profissional evolutiva, que está sempre atenta ás mudanças. E eu sei o quanto elas a valorizam. Treinador sem “competência”, metade do seu trabalho não tem sentido, não tem enquadramento técnico nem um fio condutor. Se um treinador é reciclável, é um treinador competente. No meu tempo total de atividade de treinadora, ensino 40% e apreendo 60%. A emoção, a paixão, a união, o compromisso e o desafio ensina-nos muito, quer no relvado ou fora dele e é esta gestão que nos faz crescer como profissionais. A Mulher Atleta, tem uma maior necessidade afetiva durante a competição do que o homem, mas isto não significa que a sua capacidade de resistência psicológica seja inferior, muito pelo contrario. Necessita de maior motivação emocional e verbal, e quando está determinada e confiante, encontra forças em si mesmo onde ninguém imaginava encontrar. Talvez seja o seu sexto sentido, que valorize e enalteça essas qualidades.
São de facto capacidades bem evidentes e cada vez mais presentes nas nossas competições – a sua força, a sua vontade e o seu Fair Play. Coloca uma enorme paixão naquilo que faz e em que acredita. Estando emocionalmente forte consegue sempre dar mais do que realmente lhe é exigido. A mulher dá vida à sua visão e encoraja a outras a seguila. O risco e a mudança, é um desafio constante na equipa, gosto de provocar isso no grupo. Experimentar e correr riscos faz parte da nossa evolução, só assim as metas são delineadas e ultrapassadas. Essa experiência só é partilhada num grupo coeso, que tem um objetivo e assume um compromisso comum. As pequenas vitorias, experiências anteriores, ideias partilhadas, consolidam a confiança no grupo de trabalho, sendo mais fácil a exigência de vários fatores na competição. O seu controlo fica mais fácil. Exigimos tarefas difíceis mas executáveis pelas atletas, buscam maior empenho, maior atitude, mais ofertas que castigos, diminuição da ansiedade, aumento da concentração, etc..., conseguindo assim a equipa ganhar animo vendo o desafio como algo pleno de possibilidades. A nossa Seleção Nacional é uma equipa onde a resistência psicológica ao “fracasso” e ao “negativismo” tem de ser enorme. Eles podem coexistir, mas não podem triunfar! Estando a gerir um grupo de trabalho, e em especial no feminino, as variantes, e as condicionantes estão no processo pelo qual a atleta interioriza os valores, normas e comportamentos vigentes – os seus papéis sociais são apreendidos. É uma riqueza humana fundamental para que este funcione assim o grupo não se define pela proximidade ou semelhança dos seus membros, mas pela sua interdependência. Torna-se um grupo dinâmico, vivo de ideias e que se acima de tudo se respeita, se cada uma cumprir a sua parte. Eu inspiro, eu acredito, eu colaboro, o GRUPO EVOLUI! Elas se identificam, elas acreditam, elas participam, O GRUPO VENCE! A minha liderança vive do momento, vive da reação, vive da minha adaptação, não dura anos, não é estável e racional, é emocional! Parte da minha capacidade de resposta a um estimulo ou a um acontecimento. É aqui que eu como líder/gestor tento fazer a diferença e talvez seja este nosso sexto sentido ajude nessa diferença emocional. Mónica Jorge Treinadora da Selecção Nacional de Futebol Feminino Web: http://www.monicajorge.com
Foto: Mónica Jorge
7
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Mundo “O futuro é no feminino”,
disse Joseph Blatter, projectando o Futebol! “...o Futebol não estava desenvolvido nos clubes ou escolas, e com excepção de uma jogadora (...) nenhuma outra vivenciou ou estava aculturada ao Futebol, muito menos ao Futebol de onze.”
Foto: Jaffer Ali
Não considero que haverá num futuro, imediato ou longínquo, uma sobreposição do futebol feminino ao masculino, considero sim, que o seu desenvolvimento será mais notório a curto prazo. O cargo de Seleccionadora Nacional de Futebol Feminino do Qatar, que actualmente desempenho é comprovativo disso mesmo. Os objectivos profissionais estipulados são de enorme responsabilidade, complexidade e dificuldade: iniciar, desenvolver e promover o Futebol Feminino num país islâmico como o Qatar. À primeira vista, a cultura pode parecer ao leitor o factor mais complexo e que maior resistência cria, mas sendo complexo, não me parece a maior dificuldade encarada. Procurarei evidenciar isto mesmo. É consensual que um(a) Jogador(a) Talentoso(a) é resultado de um processo de construção, no qual a componente genética surge como base. É igualmente consensual que o Futebol requisita um processo de adaptabilidade muito longo pelo facto da sua funcionalidade ser bastante específica. Vários são os motivos para tal, mas um dos essenciais é o facto de apesar de nos deslocarmos numa posição bípede (usando para tal os pés), as
8
Abril - Junho 2011
mãos terem preponderância na representatividade cerebral, motora e sensitiva, comparativamente com os pés. Ora, o que se solicita a um(a) jogador(a) de Futebol, com excepção do(a) Guarda-Redes é precisamente o contrário. Como tal, e tendo ainda em conta que a infância é o período no qual existe uma propensão significativa para a plasticidade sináptica ou neuroplasticidade, justifica-se que a adaptabilidade gestual da modalidade seja não só feita em idades precoces, como também num contexto de especificidade. Só assim, em nossa opinião, poder-se-á desenvolver de forma ajustada uma maior representatividade do pé, a criação de uma representatividade cerebral da bola como extensão do pé, a associação dos gestos a uma intenção, a criação de sentimentos e imagens mentais associados ao jogo. Apesar da plasticidade neuronal ser mais intensa na infância, a grande descoberta dos últimos tempos nesta área, foi contudo, que esta se prolonga ao longo de toda a vida: o cérebro é não só capaz de se alterar e reorganizar, de mudar as funções até então inerentes aos neurónios, como também de criar novos neurónios – neurogénese. Esta descoberta evidenciou a influência que o processo de treino pode e deve ter, pois os estímulos ambientais (o treino) e as interacções sociais (cooperação e oposição), influenciam de sobremaneira a plasticidade sináptica, mesmo de um cérebro adulto. Como está isto relacionado com a selecção Nacional de Futebol Feminino do Qatar? A criação de uma selecção sénior de Futebol Feminino, seja em que país for, deve ter como premissa a possibilidade de uma prospecção a partir de uma competição, formal ou informal, na qual com maior ou menor número de jogadoras
NFFMH MAGAZINE
Mundo “...a cultura do país, associada ao facto do futebol praticado por mulheres ser uma novidade, fazem com que algumas famílias recusem que jogadoras mais talentosas representem a selecção...” (futebol de cinco, sete ou onze), exista já um processo de aculturação do(a) jogador(a) à modalidade, que este(a) possua uma consciência e conhecimentos tácticos, a premissa de que qualquer acção executada tenha subjacente uma determinada intenção e finalidade. A realidade desportiva que encontrei foi precisamente a contrária: o Futebol não estava desenvolvido nos clubes ou escolas, e com excepção de uma jogadora (que estudou e praticou futebol de 11 nos Estados Unidos), nenhuma outra vivenciou ou estava aculturada ao Futebol, muito menos ao Futebol de onze. Sendo uma selecção sénior de Futebol (feminina ou masculina) a face visível e promotora da modalidade e de uma nação, na qual os/as melhores jogadores (as) do país estão incluídos, é expectável que isso aconteça com as equipas opositoras, ou seja, ao mesmo tempo que se esperam resultados, esperam-se grandes dificuldades. A complexidade do nosso trabalho é essa! Não nos expomos ao vivenciar de uma preparação quase unicamente estratégica para os jogos, estamos sim envolvidos num processo de ensino-aprendizagem de jogadoras (cérebros e corpos) adultos, ou quase, inexperientes, inadaptados, não aculturados, que continuam a identificar a bola como um corpo estranho e externo ao seu, jogadoras que apesar de muito motivadas para a prática da modalidade, apresentam ainda maior representatividade cerebral da mão, comparativamente com a do pé. Exige-se num processo como este (tardio, mas urgente), que cada jogadora desenvolva e adquira de imediato conceitos e comportamentos tácticos (construa imagens mentais) relativos aos quatro momentos de jogo – organização ofensiva, transição defensiva, organização defensiva e transição ofensiva, sem que a imagem mental do próprio corpo e da bola estejam consolidados, sem que haja uma descentração da atenção (habitual
9
Abril - Junho 2011
nas primeiras fases de adaptação ao jogo), sem que se tenha desenvolvido uma consciência táctica inerente ao jogo. Por exemplo: se definir no Modelo de Jogo da selecção feminina do Qatar, um princípio de transição ofensiva como procurar realizar de imediato um passe em profundidade para a avançada (pois presumivelmente é nesse momento que a equipa adversária se encontra menos equilibrada defensivamente), isto envolve requisitos táctico-técnicos tais como: descentrar a atenção da bola, observando em profundidade e em largura o posicionamento das suas companheiras e adversárias; ter a capacidade de prever possíveis deslocamentos que beneficiem (companheiras) ou impeçam (oponentes) a trajectória e a recepção da bola; ter a capacidade de sob pressão, realizar o passe com intensidade,
Foto: Jaffer Ali
força e trajectória que se coadune com a velocidade e deslocamentos das companheiras e oponentes; ter consciência de si e das interacções que se estabelecem em cada milésimo de segundo, no sentido de avaliar se deve realizar o passe; perceber que companheiras estão melhor posicionadas para apoiar de imediato a portadora da bola; ter a capacidade de avaliar o risco. Ao definir o princípio acima descrito, é também minha obrigação enquanto treinadora promover outras soluções (treinando-as), para cenários diferentes que possam surgir nesse momento de jogo – transição ofensiva. No fundo, responder à seguinte questão: E se quando a equipa recuperar a posse da bola, o passe em profundidade não for
NFFMH MAGAZINE
Mundo possível? Pretendo que a equipa a mantenha até conseguir criar e/ou aproveitar um desequilíbrio na estrutura adversária! O que implica isto? Pede-se às jogadoras Qataris que de imediato promovam largura e profundidade colectiva; que se posicionem de forma a garantir várias linhas de passe (opções tácticas) e coberturas constantes; que se sintam confortáveis em posse, mesmo sob pressão; que em termos mais analíticos e técnicos dominem o passe e a recepção, sem controlo visual constante, e claro quando pressionadas; que “utilizem” a guarda-redes como mais um apoio em segurança para manter a posse da bola; que sejam capazes de variar de forma segura o centro do jogo, evitando as zonas de pressão adversárias; que consigam mais uma vez, prever os deslocamentos das companheiras de equipa, perante as soluções possíveis que estas tenham em cada momento; que tenham conhecimento do que um comportamento zonal adversário implica das suas opositoras, e que consigam extrapolar soluções para o “combater”; que saibam e consigam retirar vantagens até de uma defesa individual adversária, entre muitos outros que poderíamos discriminar, como saber verificar em que momento a equipa adversária está desequilibrada, de que forma pode aproveitar esse desequilíbrio ou como o criar. “Exige-se” no imediato às jogadoras Qataris (e a mim enquanto treinadora), que de uma forma intensiva condensem as aprendizagens (os ensinamentos), as quais são já, num processo a Longo Prazo, muito complexas e que por esse motivo continuam (e bem!) a ser discutidos, debatidos e investigados nos dias de hoje. Não se pode analisar o Futebol centrado na acção exclusiva do(a) jogador(a), nem tão pouco centrado no seu cérebro. Qualquer análise engloba e exige muito mais que isso: que se considere a complexidade do jogo, a ordem e a desordem que a natureza do jogo constantemente tem implícita, resultado da interacção de vinte e dois jogadores (as) em acção simultânea, onze deles (as) oponentes, e que fazem emergir acções e decisões a todo o milésimo de segundo. No entanto, neste caso, centralizando a nossa análise nas jogadoras da selecção Qatari, posso “classificar” o processo desenvolvido até então quase como um SOBRETREINO CONCEPTUAL, no sentido de impor uma natureza aquisitiva constante. Posso e devo ainda questionar se o mesmo não será
10
Abril - Junho 2011
Foto: Jaffer Ali
causador de fadiga central extrema, o que temos de contornar e gerir! Todo o momento, todo o treino e qualquer jogo (ainda que de carácter particular), são aquisitivos, por se revelarem como uma oportunidade de aprendizagem, de desenvolvimento e criação de imagens mentais, de conceitos tácticos, momentos promotores de um desenvolvimento da consciência táctica…de tudo o que era expectável que tivesse ocorrido na infância, ou pelo menos em etapas anteriores ao nível competitivo em causa – quando se confrontam as melhores praticantes de cada país! Ao mesmo tempo que desenvolvemos uma ideia colectiva de Jogo, ensinando e treinando um conjunto de princípios e sub-princípios constitutivos do nosso Modelo de Jogo (ou seja, desenvolvemos intenções prévias nas jogadoras), esperamos que as intenções em acto (processo de tomada de decisão a velocidade elevada que surge pela variação dos cenários previstos) surjam em conformidade com as ideias prévias, o que mais uma vez exige um processo de adaptabilidade a longo prazo. Apesar de todas as dificuldades já explanadas, tenho consciência de que, se por um lado a tarefa é dificultada pelo facto de lidarmos com jogadoras seniores - ou quase - e portanto, com menor propensão para serem moldáveis (menos “plásticas”), por outro lado a sua maturação, a maturação do seu cérebro, permite compreender mais facilmente conceitos tácticos, lidar com dados abstractos, fazer previsões e análises com base em situações possíveis e não observáveis no imediato! Solicitar o mesmo com crianças ou préadolescentes seria bem mais complexo!
NFFMH MAGAZINE
Mundo Todas as explicações anteriores demonstram já a dificuldade que o projecto envolve, motivo pelo qual é também extremamente aliciante. No entanto, a cultura do país, associada ao facto do futebol praticado por mulheres ser uma novidade, fazem com que algumas famílias recusem que jogadoras mais talentosas representem a selecção, ou representando-a, impedem que estas sejam fotografadas ou filmadas (o que impossibilita a sua participação em torneios ou apuramentos oficiais da FIFA, nos quais existe sempre algum mediatismo). As condições de prospecção, que já por si são difíceis, são ainda agravadas por questões culturais: para além de termos apenas as escolas como “fonte”, muitos dos talentos (crianças e
Foto: Jaffer Ali
jovens com potencial) não podem incluir o lote de jogadoras que representam a Selecção Nacional de Futebol Feminino do Qatar. No sentido de ultrapassar todas as dificuldades, restou-nos recorrer a uma solução mais viável: ao mesmo tempo que se desenvolve um trabalho imediato com a selecção sénior, no sentido de ter uma face visível e mediática da modalidade (nacional e internacionalmente), desenvolveu-se um Projecto mais visionário: criação de uma selecção sub-13. Este foi até o projecto que iniciámos em Abril de 2010, tendo a selecção sénior tido início apenas em Julho de 2010. Contactar uma família no sentido de convidar uma menina de dez, doze anos a jogar Futebol na Selecção Nacional do Qatar, tem um impacto cultural muito diferente que tem convidar uma jovem de dezanove ou vinte anos, muito mais numa cultura islâmica! Com esta equipa, podemos desenvolver num período médio/longo todos os conceitos
11
Abril - Junho 2011
inerentes ao jogo, criar condições para que cada jogadora tenha o tempo suficiente (ainda que não o mais indicado, pois consideramos a infância como o período indicado para iniciação da prática do Futebol) para adquirir noções, criar representatividade cerebral do pé e da bola, estabelecer redes neurais e imagens mentais associadas ao jogo, criar o gosto pela prática desportiva, desenvolver conceitos saudáveis de alimentação e repouso que se exigem a uma jogadora de futebol, habituar a família e a sociedade islâmica a respeitar a motivação que o género feminino também tem de jogar futebol! Temos tempo para que consigam entender a natureza do jogo e que sobrevivam, agindo, à sua aleatoriedade! Tudo isto antes de defrontar as melhores jogadoras de outros países, ainda mais neste caso: estarmos inseridas no Continente Asiático, no qual o Futebol Feminino tem muitas das suas potências! Damoslhes tempo para que conheçam o jogo… No preciso momento em que redijo este artigo, tomei conhecimento de que o Qatar integrou pela primeira vez o Ranking FIFA de selecções femininas. Lembrando-me das palavras de Amstrong, quando chegou à lua em 1969, momento no qual afirmou “É um pequeno passo para o Homem, mas um grande passo para a Humanidade ”, atrevo-me a fazer uma analogia dizendo que o que pode parecer normal (apesar de ter sido conseguido em tão curto período de tempo e num país islâmico), é um pequeno passo para mim enquanto treinadora da equipa, um grande passo para a emancipação das jogadoras que a ela pertencem e um passo de gigante para todas as crianças, jovens e mulheres Qataris!
Helena Costa Seleccionadora de Futebol Feminino do Qatar E-mail: costalena@yahoo.com
NFFMH MAGAZINE
Formação Planeamento e Periodização do Treino no Futebol de Formação
Foto: Eduardo Reis
O
jogo de Futebol apresenta uma estrutura complexa, cuja qualidade e consistência exigem jogadores altamente preparados e possuidores de capacidades elevadas de determinação, concentração, disciplina, rigor, inteligência e um enorme potencial físico, técnico, táctico e psicológico, por forma a darem-se respostas adequadas às diversas situações que ocorrem. A existência de jogadores dotados das devidas capacidades que lhe permitam encontrar o caminho do sucesso na alta competição, só é possível se existir previamente um correcto e rigoroso planeamento do treino desportivo a longo prazo, que contemple a utilização de meios e métodos de treino científicos e respeite as leis e princípios do treino desportivo, o crescimento e maturação dos praticantes ao longo das várias etapas da sua formação. Considerando a ideia de Bompa (1999), a partir do momento em que as crianças e jovens iniciam a prática da modalidade, é conveniente programar e dirigir o treino em função das etapas da sua formação, desde as crianças, passando pelos juniores até aos praticantes adultos que atingiram o seu grau de maturidade. Transpondo a ideia ou concepção do mesmo autor para a realidade da modalidade de Futebol, podemos esquematizar o treino desta modalidade sob a forma de pirâmide, a qual é apresentada na figura 1.
12
Abril - Junho 2011
Na fase de iniciação da prática da modalidade de Futebol, deverá privilegiar-se o trabalho de desenvolvimento multilateral das crianças, permitindo-se que elas pratiquem outras modalidades para além da escolhida
Figura 1 - Fases do treino a longo prazo no Futebol. Adaptado de Bompa (1999)
Na fase de iniciação da prática da modalidade de Futebol, deverá privilegiar-se o trabalho de desenvolvimento multilateral das crianças, permitindo-se que elas pratiquem outras modalidades para além da escolhida, desenvolvendo-se também a flexibilidade, coordenação e, progressivamente, as habilidades motoras de força, velocidade e resistência. Assim, torna-se necessário dedicar a mesma percentagem de tempo utilizada no trabalho específico da modalidade, a um trabalho de preparação geral, realizando-se com as crianças diferentes tipos de movimentos e exercícios, por forma a melhorar-se a sua coordenação, resistência geral e aumentar-se a sua velocidade geral.
NFFMH MAGAZINE
Formação Após proceder-se à identificação do talento dos jovens praticantes, é fundamental elaborar-se um plano de treino a longo prazo
Alta Competição Treino Científico e Metódico Treino Científico e Metódico
De seguida, é apresentada a comparação das vantagens e desvantagens entre especialização precoce e desenvolvimento multilateral, com base em dados que são confirmados em estudos longitudinais com diferentes praticantes, efectuados por Harre, Ozolin e outros autores russos, citados por Bompa (1999): Especialização Precoce: - Rápida melhoria da performance - Melhores resultados aos 15-16 anos causada por uma rápida adaptação - Inconsistência no desempenho nas competições - Cerca de 18 anos, muitos dos praticantes estão esgotados e abandonam a prática da modalidade - Risco de lesões por causa da adaptação forçada Programa Multilateral: - Progresso mais lento da performance - Melhores desempenhos aos 18 anos e em idades maiores, ou seja, nas idades em que se atinge a maturidade fisiológica e psicológica - Manutenção dos níveis de performance nas competições - Vida desportiva muito mais longa - Poucas lesões Na idade de júnior, entra-se na especialização, devendo-se privilegiar o treino específico da modalidade de Futebol, com o objectivo de se alcançarem bons resultados desportivos, ou, no mínimo, satisfazer as necessidades dos jovens. Uma vez atingida a maturação desportiva, no nível de alta competição deverá procurar-se maximizar as capacidades individuais dos praticantes, de forma a alcançarem-se as mais elevadas capacidades, tendo como limite as condicionantes genéticas dos praticantes envolvidos. Tal como sugere Bompa (1999), também na modalidade de Futebol, no sentido de se alcançar o alto rendimento, é fundamental que as etapas a percorrer sigam um dado sentido, tal como é apresentado na figura 2.
13
Abril - Junho 2011
Identificação de Talentos Figura 2 – Etapas essenciais para atingir a Alta Competição. Adaptado de Bompa (1999)
Após proceder-se à identificação do talento dos jovens praticantes, é fundamental elaborar-se um plano de treino a longo prazo, o qual só é possível de ser concretizado se o treinador de jovens seguir um programa de treino baseado em conhecimentos científicos e metodológicos adequados às várias etapas da formação
Bibliografia: Bompa, T. (1999). Planeamento a longo prazo: o caminho para a alta competição. In Seminário internacional - Treino de jovens: os caminhos do sucesso. Lisboa: Centro de Estudos e Formação Desportiva, 139-150
Eduardo Reis Docente de Futebol no Instituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Educação Treinador da Footescola E-mail: eduardreis@gmail.com
NFFMH MAGAZINE
Actores do Jogo GERIR OS PROCESSOS DE EQUIPA Uma
das questões que continua a mover esforços, estudos e comparações é a capacidade que alguns treinadores apresentam para conseguirem extrair uma maior performance e desempenho de um conjunto de atletas enquanto soma do total. Há quem reclame que são dons naturais, outros que apelam à possibilidade que temos para aperfeiçoar competências que definem a capacidade/habilidade para fazer algo que à primeira vista pode parecer simples, mas está longe de o ser: 1 + 1 > 2! Uma das características que mais contribui para que um treinador consiga, num determinado tempo e com um conjunto de atletas, retirar destes Foto: Thomas Shores um potencial acrescido, fazer com que esses mesmos atletas estejam uma importância no equilíbrio e no desenrolar do empenhados para tarefas e objectivos comuns, e andamento que as diferentes equipas apresentam. de forma a envolver todos, é a capacidade que o O líder, o treinador, o coordenador, o responsável treinador tem para facilitar os processos de pelas equipas têm de possuir uma capacidade de equipa! facilitar. De não complicar. De observar o Diversos autores apresentam diferentes ‘teses’ potencial que os rodeia, as pessoas à sua frente, o sobre os processos comportamentais que uma ambiente, e saber como colocar aqueles atletas a equipa deverá apresentar, mas no geral são realizar determinadas tarefas. Como as explicar? sempre abordados a confiança, a comunicação Como torná-las suas, também? frontal, o respeito, o alinhamento entre O Treinador também deve ser um os objectivos individuais nos Facilitador! Porquê? O Treinador colectivos, a participação, tem nas suas funções o treinar "...no jogo...quem objectivos comuns e competências técnicas e joga são os jogadores, o comportamentais, exequíveis, a organização e o liderar Treinador pode reconhecimento. comportamentos, acções e Mas, para que num inter vir...mas onde pode facilitar, para que os conjunto de atletas todos os inter vir mais, é no treino, indivíduos consigam, sem processos atinjam uma hiatos, colocar em prática até ao momento inicial harmonia e sintonia que aquilo que sabem e que do jogo." permita aumentar/facilitar o pretendem executar! Como? O rendimento e empenhamento dos Treinador sabendo (devendo saber) mesmos, existe a necessidade, por parte o quê e onde quer que a equipa e os do Treinador, de conjugar os procedimentos que atletas cheguem, tem de se assumir, também, de alguma forma ‘jogam’ com o potencial como um expert no processo, e encontrar forma individual de cada um dos elementos que de chegar aos objectivos. O método, como? compõem a equipa e potenciem a Inteligência Primeiro, o atleta consegue aplicar o que sabe e Colectiva. aprendeu. Segundo, fazê-lo não separadamente, A facilitação nestes processos e nas fases de mas num conjunto de atletas que devem possuir forming, storming, norming e performing atinge um objectivo comum, que devem estar alinhados!
14
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Actores do Jogo A tal interdependência das equipas. É no processo que coloca o enfoque da sua acção. Instrui e ajuda os atletas a atingir um determinado objectivo sem manipular ou influenciar directamente as suas acções. Cria condições para serem geradas acções, ideias, comportamentos. Lidera um processo para serem tomadas decisões, conclusões e reflexões. Não
entre os atletas é admitir que o todo tem de ser maior que a soma de todas as partes. Nestes contextos implica que haja cooperação para que se consiga atingir colectivamente mais do que todas as individualidades. Quando se trabalha em equipa necessita-se de certas competências como: - foco para resolução de problemas; - capacidade de tomada de decisão; - capacidade de trabalhar sobre pressão; - cooperação, compromisso, respeito e justiça; - flexibilidade de acção e recepção de ideias de diferentes quadrantes; - e por fim, uma enorme vontade de escuta activa "Os estados emocionais e as por parte de todos! acções dos líderes Como? Se sou o influenciam o comportamento treinador de uma dos subordinados e, portanto, equipa e tento o seu desempenho."
Foto: Mónica Jorge
existem grandes dúvidas no jogo...quem joga são os jogadores, o Treinador pode intervir...mas onde pode intervir mais, é no treino, até ao momento inicial do jogo. Faz recordar as pessoas do ambiente (contexto), objectivos, age consoante a necessidade que o grupo tem, mantém a ‘chama’ acesa relativamente ao caminho a traçar até ao seu objectivo e cria uma atmosfera de participação. Penso mesmo que o objectivo de criar sinergias
15
Abril - Junho 2011
incutir isso a um número de atletas, não posso estar à espera que o meu estado de espírito seja só ‘meu’ e consiga separar a 100 % as minhas emoções interiores e aquelas que estão ‘pegadas’ ao meu discurso! Os estados emocionais e as acções dos líderes influenciam o comportamento dos subordinados e, portanto, o seu desempenho. A capacidade dos líderes para gerir os seus estados de espírito e para influenciarem os estados de espírito dos outros, já não pode ser considerado um assunto pessoal, é um factor que determina os resultados da equipa. Logo...a discussão de quando sou Treinador? Apenas no treino? Na competição? Sempre? A comunicação é algo que assume mais importância do que a maioria dos Treinadores, Dirigentes ou Agentes Desportivos pensa. Comunicamos a toda a hora. Por último, uma frase de Michael Krzyzewski (Coach K). Effective teamwork begins and ends with communication.” Rui Lança
Coach e Formador na Área do Coaching e Liderança/ Pós-Graduado em Liderança e Gestão de Equipas/ Colaborador da LPFP Email: rmlanca@gmail.com Blog: http://coachdocoach.blogspot.com
NFFMH MAGAZINE
Socorrismo Fractura de um Membro sem Exposição do Osso O
s incidentes que verificamos em espaços desportivos, são bastantes diversificados, sendo que prever não constitui o ponto fundamental , mas o que fazer, como agir quando nos deparamos com as situações. Encontramo-nos em ambiente pré-hospitalar, como tal vamos agir sempre suspeitando que estamos perante um incidente de um determinado tipo, mediante os sinais e sintomas que vamos verificando. Segue-se um procedimento tipo, quando suspeitamos de uma fractura de um membro, sem exposição do osso causado por qualquer agente num recinto Desportivo:
1Garantir a segurança da equipa de socorro, fazendo de seguida um diagnóstico da situação.
Foto: CaparicaMar
2Alerte ao 112, fazendo a descrição do real cenário com que se deparou, informando o local, a idade e o sexo da vítima e o estado em que se encontra a mesma. Lembre-se, desligue apenas quando o operador o permitir. Foto: CaparicaMar
3 Verifique o estado da lesão, cortando o que for necessário, não só para ter uma melhor visualização bem como prevenir possíveis compromissos circulatórios.
Foto: CaparicaMar
16
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Socorrismo 4 Princípio
da Imobilização obedece quando possível a um principio, TAI: Tracção, Alinhamento e Imobilização.
Foto: CaparicaMar
5 Alinhamento do membro Foto: CaparicaMar
6 Imobilização do membro
Foto: CaparicaMar
7Este
Foto: CaparicaMar
será então o produto final. Alertamos, contudo, para a necessidade de uma formação para os que se ocupam com as emergências dos espaços desportivos, porque o processo foi descrito da maneira mais sucinta possível, sendo que a manobra não é de fácil execução. Assim sendo, necessitamos de ter elementos qualificados nos recintos desportivos, prontos a actuar em situações de doença súbita ou trauma. O grande problema da nossa sociedade, não reside no que acontece, mas em não saber o que fazer quando estas situações acontecem.
CaparicaMar Associação de Nadadores Salvadores da Costa de Caparica Web: www.caparicamar.com E-mail: arsacaparica@gmail.com
17
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Biblioteca
BIBLIOTECABIBLIOTE
Fair
Play
Não se trata de diferenciar treinadores do cheiro do balneário de treinadores do cheiro dos livros. Trata-se de competência e de procura não só de conhecimento mas de mais ideias que permitam a cada um de nós questionar-se diariamente sobre os mais variados aspectos que constituem o treino desportivo.
Neste espaço procuraremos sugerir um pouco de tudo, desde material relativo ao treino da formação ou do alto rendimento como questões de liderança nos diferentes níveis. Esperamos contribuir para o aumento quantitativo e qualitativo das vossas bibliotecas e, acima de tudo, de um melhor trabalho diário.
Livros
"El Modelo de Juego del FCBarcelona" Óscar Cano – MCSports
Contrariando
quem procura constantemente dados para poder decidir, informações mensuráveis em que se apoiar, Óscar Cano questiona tudo o que se encontra instituido, tudo o que é convencional, contrastando com o dogma que impera no futebol. Depois de fazer diversas referências a este desporto como uma rede de constantes relações que se infuenciam constantemente resultando em diferentes consequências, o autor desmantela o Modelo de Jogo do FC Barcelona desde os macroprincípios às missões de cada jogador nos diferentes momentos do jogo. Sem ser uma “receita”, esta obra explica muito do êxito do referido clube. Ah! E aproveitam para treinar o vosso espanhol.
"Aprender a Jogar FUTEBOL. Um Caminho para o Sucesso" Rodrigo Magalhães e Luis Nascimento – Prime Books
Desde
as acções técnicas individuais mais básicas às acções colectivas convergentes num modelo de jogo, este livro de agradável leitura pelas sequências de imagens, excelente conteúdo e promessa de um dvd no próximo número. Com prefácio de Rui Costa, esta obra explica a concepção de um modelo de jogo desde a organização sectorial, intersectorial e intrasectorial nos diversos momentos do jogo aos esquemas tácticos. Responsáveis pela Coordenação Técnica da área da Iniciação e por uma equipa de Infantis do SL Benfica, Rodrigo Magalhães e Luis nascimento lançam uma obra enriquecedora para todos os treinadores.
18
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Biblioteca
DVD Coaching the Italian 4:4:2 with Arrigo Sacchi Reedswain
Autor da célèbre frase “não sabia que para ser jockey, antes era preciso ser-se
cavalo”, Arrigo Sacchi conduziu a Selecção Italiana a excelentes campanhas, sendo que todos os títulos que conquistou foram ao serviço do ACMilan. Com o intuito de abandonar o famoso catenaccio o seu 4-4-2 era pressionante e ofensivo contrastando com o futebol italiano da altura. O DVD apresentado revela várias situações de treino da Selecção Italiana que atingiu a final do Campeonato do Mundo em 1994, como por exemplo a utilização do aquecimento para treinar a organização defensiva e a preocupação com pequenos detalhes como a resposta colectiva à trajectória da bola. Antigo mas muito rico!
Internet http://www.coachcarvalhal.com
Com uma boa carreira construída não só em Portugal mas também com uma
experiência fora do país (Asteras Tripolis – Grécia), Carlos Carvalhal dedica-se agora nos seus tempos livres à divulgação não só dos seus pensamentos e ideias acerca de variadíssimos factores que constituem o futebol, mas também das suas análises a alguns jogos observados pelo próprio (p.ex. FCPorto – SLBenfica). Com uma escrita agradável, o treinador formado na Universidade do Porto toca em aspectos muito importantes do jogo, do treino e das relações humanas que se estabelecem no futebol, construíndo assim um site com lugar reservado nos favoritos de muitos treinadores.
Escolhas de: José Barbosa
Treinador Adjunto do Clube Desportivo de Tondela
E-mail: zebarbosa@hotmail.com
19
Abril - Junho 2011
NFFMH MAGAZINE
Cartas dos Leitores
Envie-nos a sua opinião, sugestões e/ou comentários, com o máximo de 800 caracteres (cerca de 200 palavras), para serem publicados na nossa revista:
nucleofutebol@mail.com
Próximo Número Actores do Jogo Pensar e Intervir Como um Treinador. Jorge Araújo
Zona Técnico-Táctica A Importância de Adaptar a Metodologia de Treino aos Princípios do Modelo de Jogo da Equipa. João Tralhão
Scouting e Prospecção O Treino da Estratégia: do Papel Para o Campo. José Barbosa e Luís Freire
Filosofia O Nome da Rosa. Manuel Sérgio
Socorrismo Caso Prático. CaparicaMar Life (Dep Saúde)
20
Abril - Junho 2011
A desenvolver o futebol dentro e fora do campo. Palestras Workshops EstĂĄgios Estudos
Patrocinadores Oficiais:
NĂşcleo de Futebol da Faculdade de Motricidade Humana
E-mail: nucleofutebol@gmail.com