e n v i t i s ati o P ibr V
Sente as boas vibrações
Top 15 As 15 bandas Reggae que o povo português mais ouve!!!
Artigos
Tudo sobre o grande rei Bob e muito mais nesta edição da Positive Vibration!!
Destaques A não perder os novos albuns de Kussondulola e Prince Wadada
Entrevistas
Não perca as entrevistas com One love Family e Radio Fazuma!
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Editorial
A Positive Vibrasion é uma revista de Reggae que tem como objectivo divulgar a cultura Rastafari e o género de musica a que esta cultura normalmente é atribuida. Esta revista divulga ainda todas as noticias e novidades do mundo do Reggae, partilhando tambem algumas histórias deste mundo!
Sumário
Noticias........................................................................5/7 Destaques........................................................................9 Passatempos.............................................................10/11 Entrevistas...............................................................12/16 Artigo(Bob Marley).................................................18/24 Destaques.................................................................26/29 Artigos.....................................................................30/37 Top 15...........................................................................39
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Noticias Freddy Locks representa Portugal Internacialmente
Freddy Locks está de volta e desta vez numa compilação international. O single do seu último álbum “Seek Your Truth” foi lançado numa compilaìação da série de banda desenhada “Dread & Alive” que ganhou o nome de “Kindah”. O trabalho foi lançado pela editora Island Stage, e conta com dez temas de Reggae de vários cantos do globo.
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O nome “Kindah” advém de uma antiga árvore de manga, que antigamente fazia parte de um ritual de unir tribos Ashanti , Coromante e Congo de forma a juntarem forças para combater as invasões britânicas. Mais um grande trabalho lançado este ano que a Positive Vibrasions recomenda vivamente
Noticias Chapa Dux vencem o Rock Render Worten
A banda de reggae/ska de Sintra é a grande vencedora da final e ganhou o direito a atuar no festival South By Southwest, no Texas, e a gravação do primeiro álbum. Os Chapa Dux, oriundos de Sintra, venceram na noite passada o Prémio Talento, o principal galardão do Rock Rendez Worten, e vão a Austin (Texas) atuar no festival South by Southwest. Compostos por Di (voz, guitarra ritmo), Gonçalo (baixo), Jony (teclados), Tiago (saxofone tenor), Leo (guitarra solo), Adri (clarinete), Luís (bateria) e Piteiras (percussão), os Chapa Dux lançaram no verão passado o EP Infinitree , com a colaboração de Júnior (Terrakota) e Kiko (Kumpania Algazarra).
No Rock Rendez Worten, contaram com o apoio (e préstimos vocais no tema “Politicians”) do “padrinho” Messias, vocalista dos Mercado Negro. Foram eleitos por um júri composto por Paula Homem, diretora artística da Arthouse (uma etiqueta da editora Valentim de Carvalho), e Nuno Calado, locutor da Antena 3. A final do concurso de novos talentos teve lugar no Teatro do Bairro, em Lisboa, e contou com atuações dos finalistas de cada categoria: Plus (Pop) , Mundo 13 (Rock), In Chaos (Metal), Weshouldbefamous (Alternativa), Chapa Dux (Reggae), Beware Jack (Hip-hop) e Allma (Jazz).
A acompanhá-los estiveram João Vieira, dos X-Wife, (“padrinho” da categoria Alternativa), Fernando Ribeiro, dos Moonspell (Metal), Kalu, dos Xutos & Pontapés (Rock), Messias, dos Mercado Negro (Reggae) e João Barbosa, dos Buraka Som Sistema (hiphop); por motivos profissionais, Sónia Tavares, dos Gift (Pop) e Mário Laginha (Jazz) não puderam estar presentes. Entregues foram também os prémios da fase “Plugged”, etapa de apuramento para a final: os In Chaos venceram o prémio de Melhor Guarda Roupa; o prémio de Melhor Set coube aos Plus; os Curimakers tiveram direito ao Melhor Refrão; a Melhor Performance esteve a cargo dos Heaven Denied.
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Noticias Petição de ajuda a Buju Baton
Está a decorrer uma petição para tentar comover a justiça americana sobre a vida do cantor, Buju Banton, que deveria ficar preso até 2019. Julgado culpado por tráfico de droga em Fevereiro de 2010 pelo tribunal de Miami, Estados Unidos da América. Buju encontra-se detido desde Dezembro de 2009 nos Estados Unidos da América. A campanha de apoio ao artista encoraja assim os internautas a imprimir, assinar e enviar uma carta tipo ao procurador geral de Washington, EUA.
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Esta carta fala de uma grave injustiça contra Buju Banton e lembra que o informador da DEA (Drug Enforcement Agency), Alexander Johnson teria mexido em mais de $3.000.000 de doláres americanos para os serviços das agencias govername ntais dos quais, $35.000 para a prisão de Buju. A carta relembra igualmente o testemunho do Sargento Dan McCaffrey da DEA, que declarou não existir nenhuma prova que Buju Banton fosse traficante de droga e que o ano de investigação sobre Buju não resultou em nada.
Noticias O Rototom Sunsplash anúncia datas da edição 2012
O XIX Rototom Sunsplash adianta a suas datas, será de 15 a 22 de Agosto de 2012 em Benicàssim, com uma festa reggae gratuita de apresentação no centro urbano no primeiro dia. Pretende-se assim concentrar a programação numa semana para melhorar e intensificar a oferta, depois do cerre da edição com mais êxito e multitudinária da nossa história. O balanço final do Rototom 2011 alcançou os seus melhores resultados tanto em número de público como em repercussão internacional, registrando 230.000 assistentes de 100 países diferentes e consolidando o modelo de gestão do Rototom, baseado na auto financiação e na responsabilidade social e meio ambiental com o seu entorno.
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Passatempos
Queres ganhar uma entrada para o evento que vai acontecer amanhĂŁ, na Fabrica da PĂłlvora? Um grande evento com musica, video, artes e gastronomia para todos os amantes da musica reggae. Um evento que irĂĄ contar com inumeros artistas e djs, bem conhecidos de todo o massivo. 9
Passatempos
Olá a todos, É com enorme prazer que a Positive Vibrations dá hoje inicio a uma serie de passatempos com oferta de entradas para o Concerto de ZION TRAIN em Lisboa, dia 25 de Novembro, na sala TMN ao Vivo. Vamos realizar passatempos diariamente até ao dia do evento e assim oferecer 16 entradas individuais aos fans que forem os mais rápidos a mostrar os seus conhecimentos. Por isso ja sabes, está atento ás novidades!
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Passatempos
Passatempo Positive Vibrations CHUCK FENDER @ Lisboa e Porto Olá todos, o Inforeggae lança agora mais um passatempo para todo o massivo. Desta vez temos para oferecer 3 entradas para cada um dos concertos que Chuck Fender irá dar por terras lusas. Já amanhã, dia 11 de Novembro no Porto, e no dia seguinte, 12 de Novembro em Lisboa. Para ganhares uma das entradas só tens de escrever uma frase, com as seguintas palavras: Chuck Fender, Rock Solid e Psitive Vibration. Deverás escrever a tua frase na nossa página de facebook em: “http://www.facebook/positivevibrasions.com ”
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Entrevista Entrevista com Jahlu dos One Love Family
Entrevista a One Love Family Paulo Matos : ...Temos neste momento em directo Jahlu, vocalista da banda One Love Family, Jahlu antes demais boa noite... Jahlu - One Love Family : olá boa noite Paulo, tá-se bem ? Paulo Matos : yah man, tá-se bem, bem vindo á Radio Solar, e claro também á página reggaeportugal. com...òptimo, Jahlu, One Love Family, diz-nos como tudo começou ... Jahlu - One Love Family : quer dizer, One Love Family, como o próprio nome indica, One Love Family é uma familia não é, uma familia mas neste caso é uma familia de sangue, nós no fundo somos todos familia, somos todos irmãos, mas é a minha familia, são os meus filhos, yah, e antes de acontecer, os filhos tiveram que acontecer não é (risos)... Paulo Matos : é verdade, claro (risos)… Jahlu - One Love Family : yah, não mas, o que se passou foi o seguinte, claro que os filhos não aconteceram com o intuito de formar uma banda
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de Reggae, ou sej ao que fosse, não é, mas vieram acontecendo, só Jah sabe porquê, eles vieram aparecendo, e hoje aqui estão, e graças a Jah, nós estamos contentes por isso. Portanto eu tinha tentado fazer uma banda de Reggae com outra gente e tudo mais, mas acabou por ser uma pouco complicado, porque a banda tem que ser uma familia, e estarem juntos, e as coisas acontecerem, ensaiar, haver sempre disponibilidade, e ganhando essa experiência, com o andar do tempo, as crianças foram crescendo e eu fui tentando introduzir neles essa, portanto eles já têm a música em si, já faz parte deles, não é, e entrentanto fui introduzindo neles a mensagem e tudo mais, e eles foram crescendo e cada um foi tocando um instrumento conforme o carácter de cada um, não é, o instrumento foi-lhes entregue, até agora eles têm crescido, têm gostado do instrumento que tocam, e têm evoluído, e assim aconteceu os One Love Family. Paulo Matos : Exactamente, sendo uma família, como já referiste, tornase eventualmente mais fácil conjugar
ensaios, mesmo para concertos, não é verdade ? Jahlu - One Love Family : é precisamente, por isso mesmo é que eu acho importante, que as pessoas mesmo não sendo família como nós, que tentem viver como uma familia, o ensaio é muito importante, para que as coisas aconteçam depois quando vamso tocar ao vivo e tudo mais, para que as coisas aconteçam bem, e quanto mais se ensaiar melhor, portanto nós vivendo todos juntos temos mais essa possibilidade de ensaiar e das coisas acontecerem, eu acho que é bastante importante, sermos uma familia. Paulo Matos : é sem dúvida uma mais valia, não é verdade ? Jahlu - One Love Family : : sem dúvida. Paulo Matos : têm feito vários concertos nos últimos anos, o que é muito bom, estiveram no Reggae X Mass no Porto em Dezembro passado, aquando da primeira visita de Jimmy Riley a Portugal, Jahlu, o álbum de estreia de One Love Family é sem dúvida o principal objectivo a curto prazo... Jahlu - One Love Family : Por estranho que pareça, não é o principal objectivo, por que é assim, nós sabemos que as coisas só acontecem quando tiverem que acontecer... Paulo Matos : verdade man... Jahlu - One Love Family : só acontecem no tempo, e portanto nós não queremos correr atrás do tempo, portanto as coisas quando tiverem que acontecer, acontecem, o que nós estamos é preparados para que isso aconteça, se houver possibilidade de gravar um album, não estamos de nenhuma maneira obcecados com isso, estamos mais interessados em tocar, real-
Entrevista
mente o contacto com as pessoas directo é mais importante que através de CDs, ou seja ao que fôr, mas é importante também gravar porque, quando se grava ter-se-à mais possibilidades de ir ao encontro das pessoas e cantar, mas o que nós gostamos mesmo, e precisamos mesmo é de cantar ao vivo porque sabes que isto é uma missão, não é... Paulo Matos : exactamente... Jahlu - One Love Family : e a missão para ser cumprida, tem que se estar com os olhos nas pessoas, e falar com as pessoas, portanto o mais importante para nós é os concertos, sem dúvida. Paulo Matos : Achas, Jahlu, ou melhor dizendo concordas, que o movimento Reggae está lentamente, lentamente ainda, a crescer em Portugal, e que quem sabe num futuro bem próximo teremos uma cena Reggae, como por exemplo aqui ao lado em Espanha ? Jahlu - One Love Family : eu penso que sim, eu penso que sim, é importante, porque está tudo em aberto cá em Portugal para acontecer, não é, e além disso, podemos aprender com o que aconteceu em outros Países, e com outras bandas, e tudo mais, claro que o Reggae para se expandir ,para crescer, passa pela divulgação,
promoção, já como o brother Bob Marley dizia, ainda nos tempos que eles cresceram e vieram os Wailers e tudo mais, eles diziam que naquela altura a música que tocava nas rádios, era só música Americana, as pessoas só ouviam aquela música que as rádios queriam passar, neste caso se passarem o Reggae irão ouvir Reggea, se não passarem, é mais dificil, e para isso terá que haver concertos, eu penso que faz parte de uma divulgação, mas com os concertos que têm vindo a acontecer ao longo dos anos, já vieram cá os Gladiators, o Lee Perry várias vezes, Black Uhuru com Sly Dunbar e Robbie Shakespeare, e outras vezes LKJ, é importante que vão acontecendo, digamos, os monstros do Reggae, que é para as pessoas poderem estar mais por dentro, e consequentemente, eu penso que sim, que vai crescer, e não tenho dúvida que o Reggae irá crescer em Portugal. Paulo Matos : Todos esperamos que sim.... OK Jahlu, One Love Family como já referi, é uma das bandas que marcará presença no Festival Artmix Reggae 2003, o que é que o massive pode esperar da vossa actuação ? Jahlu - One Love Family : é assim,
eu penso que, o massive que já nos conhece, lá estarão concerteza, porque nós temos tocado mais para a zona do norte, onde nós residimos e tudo mais, e o pessoal do Sul, há muito tempo que provavelmente não nos vê, e portanto será uma boa surpresa para eles, e para nós, penso que se o massive aparacer, não se irá arrepender concerteza, porque para além dos One Love Family, vão estar muitas outras bandas, vai lá estar toda a família do Reggae praticamente que existe em Portugal, vai ser muito boa a vibração, muito positiva, portanto eu só espero boas vibrações aí do Massive que se deslocar ao festival. Paulo Matos : OK Jahlu, obrigado por este momento, vamos de certeza encontrar-nos no Festival Artmix Reggae, até lá – JAH BLESS. Jahlu - One Love Family : Jah Bless man, OK, obrigado pela oportunidade de poder mandar esta mensagem para o massive, e já agora queria terminar com mais uma mensagem de paz e amor para toda a gente, apareçam e não se esqueçam que o Reggae é música de consciência, yah man...
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Entrevista - Essa confusão é frequente. Mas não. E o nome foi sempre Fazuma. Existem programas que seguiram a mesma abordagem, alguns deles até são nossos amigos, mas são coisas totalmente independentes. -Quem são o Toni e o Abel? -O Toni e o Abel são dois personagens que representam a identidade colectiva da Família e de quem sintoniza a Rádio Fazuma desde o primeiro momento. Eles são o lado positivo, idealista, convicto e bem humorado, alheio a más vibrações, ambições e outras coisas que rimem com ões. Mas tem mais: o Rato das Coluna, o Ti Coçera, o Teodoro, o Doctor Amor, o Dj Mpula e muitos mais. -São Rastas? -Respeitamos, aceitamos e inspiramo-nos em todas as religiões, nomeadamente a Rastafariana. Temos fé na natureza e na humanidade. Para nós, o milagre acontece todos os dias, quando alguém quebra o ciclo de violência e quando alguém se transcende. Não queremos estar fechados em nenhuma religião ou ideologia. Todas as religiões são bem vindas aqui. Acreditamos em ideais que ultrapassam o tempo e as pessoas que os promovem. Ideais de partilha, amor e tolerância. Acreditamos na música e na evolução. -Defendem o consumo da Cannabis? -Não. Defendemos a informação e o não proibicionismo. -São consumidores? -Há aqui quem fume e há quem nem saiba enrolar. - Então porquê o Fazuma? Não funciona como um incentivo? -Claro que foi inspirado na erva e na associação da mesma com o Reggae. Mas Fazuma é, acima de tudo, o incentivo à acção: “Fazuma Rádio, Fazuma Música, Fazuma Foto, Fazuma Tv, Fazuma Vida! Ya. Não te arrasta mano! Vive o Já!” Diz o Toni no ar. Não havia tanta conversa se fosse “Bebuma” né? -Como é que surgiu a ideia? -Tivemos uma oportunidade na Rádio Marginal, para ocupar a programação de férias dos locutores em Agosto. Eram 12 horas por dia e, em Setembro, 24 horas por dia de música enrolada!!! Correu muito bem, as audiência aumentaram, mas a rádio foi vendida. Abrimos o site e queremos abrir mais janelas. Queremos chegar ao maior numero de pessoas possível. Actualmente já estamos a emitir numa estação nacional. Sintoniza Antena 3 Sábado ao fim da tarde e na RDP África para os PALOP. Temos tido muita sorte. -Nunca tiveram outro nome?
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- Que sotaque é esse que usam? - É um sotaque Fazuma. Tentamos criar a nossa própria linguagem e o nosso próprio sotaque, para homenagear todas as culturas que representamos, adaptando e fugindo aos maneirismos jamaicanos e americanos. A nossa emissão chega a todos os Palop excepto a Angola (mas estamos a tentar chegar lá e ao Brasil também) então a ideia é mestiçar e comunicar o melhor possível com todos. -Falam só sobre Reggae? -Adoramos Reggae porque é um dos géneros musicais que mais pessoas junta no mundo. Gostamos das raízes africanas, das influências americanas, do lado étnico, da vertente urbana, da cena experimental e criativa, mas também da faceta pop. Gostamos da vocação para a dança e da postura relaxada, mas também da música feita para a mente. Gostamos da mensagem de paz, mas também da rebeldia. No fundo, gostamos de ouvir Reggae, porque nos aquece o coração. Mas divulgamos toda a música que nos faça sentir bem e que tenha esse espírito. Gostamos muito de Hip Hop, Funk, Afro Beat, Kuduro, Kwaito, Favela, Dub, Kizomba, esses mambos todos. Gostamos de “Música Enrolada” e de música com “Batida”. -O Reggae tá na moda? -Tem estado né? Mas quando, e se a moda passar, nós
Entrevista
vamos continuar por aqui, agradecendo todos os dias à malta que nos manda carta a xingar quando não temos coisas novas, a quem reclama quando a encomenda da camiseta está atrasada e a quem diz que tem um dia melhor ao ouvir as nossas dicas. Ya. Se é verdadeiro não acaba à toa. Transforma-se. Numa coisa boa. No final, o importante, é que consigamos comunicar e partilhar com mais pessoas. Relaxadamente. -São os donos da Positive Vibes? - Essa confusão é frequente. Mas não. -Quem é que patrocina a Fazuma? Pagam as contas com venda de erva? -Não. Somos independentes e não queremos engordar. A Fazuma tem princípios que só têm um fim: Comunicar. Tudo o que ganhamos é para pôr de volta na música; Seja para pagar o site, a emissão de rádio, uma maquineta moderna ou um microfone. Ninguém aqui vai ficar rico. Mas temos no plano, ter mais roupa, e ter serviço de criatividade. Nesse momento temos a rádio,foto e vídeo, pra tornar a coisa mais viável sem perder o nosso caminho né. Contrata a malta. -Fazem agenciamento de banda? -Fazemos todos os dias quando alguém nos pede dicas, e sempre que gostamos de algum grupo. Sempre de forma muito interessada e muito pouco interesseira. Usamos alguns contactos que temos pra dar um empurrão aqui e ali. Temos relações mais próximas com algumas bandas e podemos, de vez em quando, estar mais envolvido em um disco ou outro. Mas se tens uma banda, uma maquete ou uma ideia... Manda carta: familia@radiofazuma.com. -São editora? -Já editámos a primeira compilação de Reggae na Tuga - o Copa Reggae - e também fizemos o primeiro 7 polegada de reggae com o Bezegol, porque achamos importante manter essa cultura viva e provocar aí a malta a fazer mais. Nesse momento temos um projecto com a Matarroa que se chama GUMALAKA e que já editou Terrakota e Freddy Locks. Já produzimos discos em nosso nome próprio, como o “É Dreda Ser Angolano”. Já apoiámos directamente alguns artistas. Mas, tal como nos concertos, não é nossa maior vocação. Pode acontecer por vezes, porque nos sentimos empurrados a substituir a editora meio surda e os promotor cegueta, que não vêm talento onde nós vemos.
-Organizam concertos? -Já organizámos concertos do Copa Reggae e podemos organizar, pontualmente e sempre seja necessário ou faça sentido, mas não é nossa vocação ou prioridade no momento. Temos uma relação igual com todas as promotoras. -Também são produtora de vídeo? -Parece que sim.Temos aprendido com as experiências que tivemos nos últimos 2 anos. Humildemente produzimos e realizámos o “É Dreda Ser Angolano”, um mambo tipo documentário, inspirado no disco do Conjunto Ngonguenha, que ganhou prémios e tudo. Já enrolámos o clipe do “Bring Up The Feeling” do Freddy Locks e o “Grande Hip Hopeia” do Ruas. Produzimos uma série de 6 mini reportagens, sobre momentos especiais nas vidas dos Buraka, Nigga Poison, MCK, Xturbantú, Terrakota, Sam The Kid e Marcelo D2. Passaram na MTV Tuga. Em 2010 realizámos um documentário sobre os Terrakota, um clipe para Terrakota e dois clipes do Batida. - O que é o Batida? É uma ideia do Dj Mpula, que envolve música, a dança, a palavra, o video, o grafismo e a própria rádio. O Batida nasceu no cacimbo de 2007, em Luanda, ilustrado por uma foto tirada no Sambila, ao mesmo tempo que era aprovado o nosso programa de rádio na Antena 3 e RDP África, que divulga as novas tendências da música urbana de inspiração Afro. Os primeiros temas foram esboçados no ar ao longo desses programas. O primeiro deles foi “Bazuka”, inspirado nos Águias Reais e no Kuduro poeirento do Sambizanga. O acesso ao resto do arquivo com gravações de mais música Angolana dos anos 60 e 70, precipitou o mambo como projecto musical. Neste disco, o Dj Mpula se fez rodear de alguns elementos da Fazuma, convidados do momento e, no estúdio, pelos cúmplices de estúdio: Beat Laden em Lisboa e Sacerdote em Luanda. -Como mantêm a imparcialidade se estão envolvidos em algumas coisas e noutras não? -Mantendo aberto e seguindo o nosso coração. Se achas que ninguém te liga e tens projecto quenti, manda carta. Vais ver que tem resposta (tem altura mais ocupada ou relaxada, mas a resposta aparece sempre). -Qual é o vosso objectivo? -Seria podermos dedicar o nosso tempo todo a Fazuma,
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Entrevista poder responder, ter mais iniciativas e afectar mais a nossa realidade. Essencialmente queremos criar, comunicar, passar mensagens positivas, divulgar música e cultura. E temos um plano secreto: Mestiçar o Planeta. -Mas quem compõe essa Família afinal?! -Tem artista, jornalista, músico, mc, dj, locutor, produtor, fotógrafo, desempregado, um pouco de tudo né. Mas gostamos da ideia de uma Família né? Que tem elementos que participaram logo no ínicio e outros que vão participando como podem e outros que hão de participar, né? Tu! -Mas afinal o que é a Fazuma? Uma rádio, produtora de vídeo, banda, marca de roupa ou mais um grupo de gajos com filosofias e ideais que se esfumam com o tempo? -Tentamos ser isso tudo : ) Mas render, só nos rendemos à música, quando é boa! Somos a Fazuma! Relaxadamente comunicando! Amizade e respeito.
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Artigos Bob Marley
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ob Marley, de Robert Nesta Marley (Nine Mile, 6 de fevereiro de 1945 — Miami, 11 de maio de 1981), foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, famoso por popularizar o gênero. Grande parte do seu trabalho lidava com os problemas dos pobres e oprimidos. Ele foi chamado de “Charles Wesley dos rastafáris” pela maneira com que divulgava a religião através de suas músicas. Bob foi casado com Rita Marley, uma das ‘’I Threes’’, que passaram a cantar com os Wailers depois que eles alcançaram sucesso internacional. Ela foi mãe de quatro de seus doze filhos (dois deles adotados), os renomados Ziggy e Stephen Marley, que continuam o legado musical
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de seu pai na banda Melody Makers. Outros de seus filhos, Kymani Marley, Julian Marley e Damian Marley (vulgo Jr. Gong) também seguiram carreira musical. Foi eleito pela revista Rolling Stone o 11º maior artista da música de todos os tempos
Juventude
Artigos
Bob Marley nasceu em 6 de fevereiro de 1945 em Saint Ann, no interior da Jamaica, filho de Norval Sinclair Marley, um militar branco, capitão do exército inglês e Cedella Booker, uma adolescente negra vinda do norte do país. Cedella e Norval estavam de casamento marcado para 9 de julho de 1944. No dia seguinte ao seu casamento, Norval abandonou-a, porém continuou dando apoio financeiro para sua mulher e filho. Raramente os via, pois estava constantemente viajando. Após a morte de Norval em 1955, Marley e sua mãe se mudaram para Trenchtown, uma favela de Kingston, onde o garoto era provocado pelos negros locais por ser mulato e ter baixa estatura (1,63 m). Bob teve uma juventude muito difícil, e isso o ajudou a ter personalidade e um ponto de vista bastante crítico sobre os problemas sociais.
Carreira musical Princípio Marley começou suas experimentações musicais com o ska e passou aos poucos para o reggae enquanto o estilo se desenvolvia. Marley é talvez mais conhecido pelo seu trabalho com o grupo de reggae The Wailers, que incluía outros dois célebres músicos, Bunny Wailer e Peter Tosh. Livingstone e Tosh posteriormente deixariam o grupo para iniciarem uma bem-sucedida carreira solo. A maioria do trabalho inicial de Marley foi produzida por Coxsone Dodd no Studio One. O relacionamento dos dois se deterioraria mais tarde devido a pressões financeiras, e no começo da década de 1970 ele produziu o que é considerado por muitos o seu melhor trabalho, então pelas mãos de Lee “Scratch” Perry. A dupla também se separaria, desta vez por problemas com direitos autorais. Eles trabalhariam juntos novamente em Londres, e permaneceriam amigos até a morte de Marley. O trabalho de Bob Marley foi amplamente responsável pela aceitação cultural da música reggae fora da Jamaica. Ele assinou com o selo Island Records, de Chris Blackwell, em 1971, na época uma gravadora bem influente e inovadora. Foi ali, com No Woman, No Cry em 1975, que ele ganhou fama mundial.
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Artigos
Tiroteio e violência eleitoral
Bob Marley & The Wailers ao Vivo no Crystal Palace Park durante a Uprising Tour. Em 1976, dois dias antes de um show gratuito organizado por Bob Marley e o então primeiro-ministro jamaicano Michael Manley durante as eleições gerais, Marley, sua esposa Rita e o empresário Don Taylor foram baleados na residência do astro em Hope Road. Marley sofreu ferimentos leves no braço e no tórax. Don Taylor levou a maior parte dos tiros em sua perna e torso ao andar acidentalmente na frente da linha de fogo. Ele foi internado em estado grave mas recuperou-se. Rita Marley também foi internada após um grave ferimento na cabeça. Acredita-se que o tiroteio teve motivações políticas (os políticos jamaicanos eram em geral violentos na época, especialmente quando as eleições se aproximavam). O concerto foi visto como um gesto de apoio ao primeiroministro, e supostamente Marley foi alvo dos defensores do partido conservador da Jamaica, o Jamaican Labour Party. Embora a polícia nunca tenha pego os atiradores, pessoas desconhecidas “acertaram as contas” mais tarde com eles nas ruas de Kingston. Além disso, o Candidato Michael Manley foi eleito.
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Artigos
Final de carreira Bob Marley deixou a Jamaica no final de 1976 e foi para a Inglaterra, onde gravou os álbuns Exodus e Kaya e onde também foi preso pela posse de um cigarro de maconha. Ele lançou a música Africa Unite no álbum Survival em 1979, e então foi convidado a tocar nas comemorações pela independência do Zimbabwe em 17 de abril de 1980.
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Artigos Convicções políticas e religiosas Bob Marley era adepto da religião rastafári. Ele foi influenciado por sua esposa Rita, e passou a receber os ensinamentos de Mortimer Planno. Ele servia de fato como um missionário rasta (suas ações e músicas demonstram que isso talvez fosse intencional), fazendo com que a religião fosse conhecida internacionalmente. Em suas canções Marley pregava irmandade e paz para toda a humanidade. Antes de morrer ele foi inclusive batizado na Igreja Ortodoxa da Etiópia com o nome Berhane Selassie. “Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.” — Bob Marley Marley era um grande defensor da maconha, usada por ele no sentido da comunhão, apesar de que seu uso não é consenso entre os rastafáris. Na capa de Catch a Fire inclusive ele é visto fumando um cigarro de maconha, e o uso espiritual da cannabis é mencionado em muitas de suas músicas. Marley também tinha conexões com a seita rastafári “Doze Tribos de Israel”, e expressou isso com uma frase bíblica sobre José, filho de Jacó, na capa do álbum, Rastaman Vibration.
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Artigos A batalha contra o cancro Diagnóstico Em julho de 1977 Marley descobriu uma ferida no dedão de seu pé direito, que ele pensou ter sofrido durante uma partida de futebol. A ferida não cicatrizou, e sua unha posteriormente caiu; foi então que o diagnóstico correto foi feito. Marley na verdade sofria de uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que se desenvolveu sob sua unha. Os médicos o aconselharam a ter o dedo amputado, mas Marley recusou-se devido aos princípios rastafaris que diziam que os médicos são homens que enganam os ingênuos, fingindo ter o poder de curar. Ele também estava preocupado com o impacto da operação em sua dança; a amputação afetaria profundamente sua carreira no momento em que se encontrava no auge (na verdade, a preocupação de Bob Marley era quanto à amputação de qualquer parte de seu corpo, seja o dedo do pé ou suas rastas. Para os seguidores dessa religião/filosofia, não se deve cortar, aparar ou amputar qualquer parte do corpo). Marley então passou por uma cirurgia para tentar extirpar as células cancerígenas. sua doença foi revelada para seu público.
Conversão Segundo seu filho Ziggy Marley, Marley se converteu ao cristianismo antes de morrer, em 1977. O motivo seria o de que, segundo a religião rasta, o corpo é um templo sagrado e por isso retirar o câncer seria errado. Marley teria descoberto muitas coisas semelhantes entre o rastafarianismo e o cristianismo e decidido que seu corpo deveria ser cuidado. O próprio Ziggy
ainda tenta espalhar o legado de seu pai, com ideais e raízes do rastafarianismo e do reggae, mas com um entendimento cristão.
Morte Um mês antes de sua morte, Bob Marley foi premiado com a Ordem ao Mérito Jamaicana. Ele queria passar seus últimos dias em sua terra natal, mas a doença se agravou durante o vôo de volta da Alemanha e Marley teve de ser internado em Miami. Ele faleceu no hospital Cedars of Lebanon no dia 11 de maio de 1981 em Miami, Flórida, aos 36 anos. Seu funeral na Jamaica foi uma cerimônia digna de chefes de estado, com elementos combinados da Igreja Ortodoxa da Etiópia e do Rastafarianismo. Ele foi sepultado em uma capela em Nine Mile, perto de sua cidade natal, junto com sua guitarra favorita, uma Fender Stratocaster vermelha.
Colapso e tratamento O cancro espalhou-se para seu cérebro, pulmão e estômago. Durante uma turnê no verão de 1980, numa tentativa de se consolidar no mercado norte-americano, Marley desmaiou enquanto corria no Central Park de Nova Iorque. Isso aconteceu depois de uma série de shows na Inglaterra e no Madison Square Garden, mas a doença impediu de continuar com a grande turnê agendada. Marley procurou ajuda, e decidiu ir para Munique para tratar-se com o controverso especialista Josef Issels por vários meses, não obtendo resultados.
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Artigos
Discografia
Álbuns de estúdio Álbum The Wailing Wailers Soul Rebels Soul Revolution Soul Revolution Part II Best of The Wailers Catch a Fire Burnin’ Natty Dread Rastaman Vibration Exodus Kaya Survival Uprising Confrontation
Banda The Wailers The Wailers The Wailers The Wailers The Wailers The Wailers The Wailers Bob Marley & The Wailers Bob Marley & The Wailers Bob Marley & The Wailers Bob Marley & The Wailers Bob Marley & The Wailers Bob Marley & The Wailers Bob Marley & The Wailers
Data de lançamento 1965 Dezembro de 1970 1971 1971 Agosto de 1971 13 de abril de 1973 19 de outubro de 1973 25 de outubro de 1974 30 de abril de 1976 3 de junho de 1977 23 de março de 1978 2 de outubro de 1979 10 de junho de 1980 23 de maio de 1983 (pós-morte)
Gravadora Studio One Upsetter/Trojan Upsetter/Trojan Upsetter/Trojan Beverley’s Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong
Álbuns ao vivo Álbum Live! Babylon by Bus Talkin’ Blues (gravado em 1973) Live at the Roxy (gravado em 1976)
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Data 5 de dezembro de 1975 10 de novembro de 1978 4 de fevereiro de 1991 24 de junho de 2003
Gravadora Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong Island/Tuff Gong
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Destaques
Novo Album dos Kussondulola
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audações e vibrações positivas em nome de Jah Sejam bem-vindas as novas músicas do próximo álbum de originais dos Kussondulola, temas originais que falam da vida e do quotidiano no mundo afro luso, do regresso às origens, da África onde nasceu, dos amigos, da terra… mas também da facilidade que tem em sair de situações de sufoco, em não perder a fé. Às vezes, factores como a falta de identificação o emprego ou fortalecer o amor na terra, apelam à alegria de viver e à fé em Jah. Tudo isto foi fonte de inspiração para “AmaJah ” já que os grandes temas da humanidade complementam o que Kussondulola sempre fez: escrever, musicar e alertar a sociedade para os seus problemas mais profundos. Aliás, questões como o ataque às forças políticas, são temas constantes, a par da erradicação da pobreza, como se pode escutar em “custo de vida”, um dos mais
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clarividentes depoimentos sobre o crescente fosso entre ricos e pobres, no mundo de hoje. O amor a Jah é, como sempre, a chave das letras. Ao fim de vinte anos de existência, Kussondulola sabe que está quase a ocupar o espaço deixado vazio pelo CD «Tá -se bem», de 1995. Mesmo sem ser uma obra de viragem na sua carreira, “AmaJah ” quatro álbum sem cedências. Kussondulola continua a fazer sentido e essa é a principal lição a retirar destes discos. Se hoje o seu grito ecoa por milhões de ouvidos, é por mérito e não por a banda alguma vez ter cedido ao sistema.
Fiel aos seus princípios, Kussondulola continua a comunicar através de palavras cortantes e sons originais em que a exigência é ponto assente para os músicos. “AmaaJah ” a vida de um dos mais cortantes e interventivos grupo de reggae dos PALOP e nãoé especialmente diferente dos anteriores o que, neste caso,
é um bom sinal de fidelidade a ideias muito próprias Kussondulola novo cd “Amajah”.
Custo de Vida – Kussondulola feat Big Youth Nome forte do reggae Jamaicano, Big Youth veio pela primeira vez a Portugal no âmbito das comemorações dos 50 anos de independência da Jamaica.Doas músicas a dupla gravou. O álbum tem como objectivo Confirmar que somos a melhor banda de reggae em Portugal E, para tanto, conta com a participação de Big Youth importante artista jamaicano que da uma legitimidade ao projecto “Gosto de Big Youth desde a primeira vez que o ouvi o tema “Mpla “e “também a Luta Continua”, disse janelo da costa. “Eu queria fazer uma música com ele e pensei que ‘custo de vida e corres e corres seriam músicas perfeita. Então, eu o convidei e ele adorou, e deu ao som um mais eufórico, super natural que eu poderia imaginar.” Big Youth sempre teve um fundo social e militante, um pai da música consciente, e ainda hoje faz canções que visa a instrução da juventude, e os princípios de Zion. Respeito aquilo que ele fez por África e como ele usou a sua fama para espalhar o bem pelo mundo. Espero poder fazer metade do que ele fez na minha vida», afirmou janelo da costa. Depois de gravar os instrumentais, quebrei a cabeça para ver qual música iria ser single. Tinha uma lista de sonhos com as pessoas que gostaria que participassem da Jamaica” O select João bumbo ajudou na parte da produção e nos conectou com pessoas na Jamaica próximas ao artista neste caso com Big Youth e seu filho Tafari”. A parte musical também foi importante para que Big Youth se sentisse à vontade em colaborar. Por não tratar-se simplesmente de uma banda de reggae tentando imitar o estilo jamaicano, mas apresentando características Angolanas frescas, o projecto tornou-se interessante para o artista jamaicano. Todo o projecto foi registado em belas imagens tanto em vídeo quanto em fotografia. Brevemente no site da banda Kussondulola.,
Destaques Ao poder do som e mensagens de Miliciano junta-se o estimulo visual, através dos videoclips produzidos também por Prince Wadada, outra permanente faceta das suas independentes Ras Kitchen Produções, que proporcionam uma nova força e projecção à sua música.
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Novo album de Prince Wadada
rince Wadada é um nome firme e incontornável na cena reggae e dancehall em Portugal. Não só um dos nomes veteranos da cena soundsystem, como também uma das afirmações mais independentes do movimento nacional, Prince Wadada conta com 4 registos em terras portuguesas, todos eles hinos à musica reggae de raiz, à sua paixão pelo original estilo raggamuffin e às suas raízes africanas, excepcionalmente aprofundadas no seu último registo Kazukuta. Como reacção à nossa inerente condição (ainda que por vezes adormecida) de sentir a vida;
a música é o que o move nessa direcção, numa constante e compulsiva necessidade de criar. È desse contínuo processo criativo que surgem os 5 temas presentes no novo lançamento Miliciano, descomprometidamente cozinhado e apurado desde Outubro de 2010, e disponibilizado gratuitamente para download a partir do mês de Abril. Sonoridades reggae, soul e afro são o veiculo para as mensagens de união e perseverança aliadas à celebração da vida e da música; com Prince Wadada a convidar para o efeito, vozes conhecidas como Melo D e Nellson One ou o veterano Big Youth!
Em tempos conturbados, Miliciano emerge como um reflexo das condutas urgentes que nos esperam: reflectir, informar e partilhar. Miliciano combate as inercias - na valorização, e ineficiência na compensação, características do actual mercado discográfico mais preocupado consigo próprio do que com os artistas - disponibilizando a música livremente e para todos. Um registo onde Prince Wadada partilha não só o seu trabalho, mas ambiciona também partilhar os denominadores comuns desse trabalho: Dedicação, Força e Amor Numa altura em que só se fala de crise, criada por este sistema financeiro que nos oprime, é surpreendente ver como a criatividade não é silenciada e parece até ganhar um novo fôlego. O génio criativo do Prince Wadada não está em crise, tanto que lançou dois álbuns em 2011. No início do ano lançou “Miliciano” e agora “Dança da Buala”, com vários convidados e com uma vertente mais dancehall, que é o estilo que catapultou Prince Wadada para o pódio dos mais importantes artistas lusófonos nos últimos anos. E no seguimento do feeling do “Miliciano” que foi oferecido via net através do Bandcamp do artista, “Dança da Buala” vai pelo mesmo caminho. É só pegar!!! Com letras sempre pertinentes e flow incisivo, o Prince passeia-se pelo dancehall com influências afro e mergulha até na música soukous, com uma excelente versão de “Redemption Song” de Bob Marley. Com participações de Arcanjo Ras, Matamba Mata, Maryjuh, Milton Gulli e com
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Destaques destaque para o “língua sempre afiada” Ikonoklasta, num dos melhores momentos do disco, no polémico e actual tema “Kibulo”. A revolução vai-se fazendo pela mensagem e música, e aqui de forma gratuita!! Agarra só!!!
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Destaques
Grammy 2011- Melhor Album Reggae
Artista: Buju Banton Álbum: Before The Dawn Grammy Status : Vencedor Grammy 2011 A COROADA playlist dos últimos anos: 01 - Black Uhuru - What is Life - Anthem - 1985 02 - Jimmy Cliff - Now And Forever - Cliff Hanger - 1986 03 - Steel Pulse - Not King James Version - Babylon The Band - 1987 04 - Peter Tosh - Come Together - No Nuclear War - 1988 05 - Ziggy Marley - Concious Party - Conscious Party - 1989 06 - Ziggy Marley - Justice - One Bright Day - 1990 07 - Bunny Wailer - Soul Rebel - Time Will Tell - 1991 08 - Shabba Ranks - Trailor Load a Girls - As Raw As Ever - 1992 09 - Shabba Ranks - Ting-A-Ling - X-tra Naked - 1993 10 - Inner Circle - Sweat (A La La La Long) - Bad To The Bone - 1994 11 - Bunny Wailer - Crucial - Crucial! Roots Classics - 1995 12 - Shaggy - Day Oh - Boombastic - 1996 13 - Bunny Wailer - Roots - Hall Of Fame - 1997 14 - Ziggy Marley - Postman - Fallen Is Babylon - 1998 15 - Sly And Robbie - Night Nurse - Friends - 1999 16 - Burning Spear - House of Reggae - Calling Rastafari - 2000 17 - Beenie Man - Analyze This - Art and Life - 2001 18 - Damian Marley - More Justice - Halfway Tree - 2002 19 - Lee Scratch Perry - Commandments - Jamaican Et - 2003 20 - Sean Paul - Im Still In Love With You - Dutty Rock - 2004 21 - Toots And the Maytals - Pressure Drop ft. Eric Clapton - True Love - 2005 22 - Damian Jr Gong Marley - Welcome to Jamrock - 2006 23 - Ziggy Marley - Love Is My Religion - 2007 24 - Stephen Marley - Mind Control - 2008 25 - Burning Spear - Jah is Real - 2009 26 - Stephen Marley - Mind Control - Acoustic - 2010
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Artigos REGGAE ROOTS
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onsiderado por muitos como a era de ouro da música jamaicana, o período correspondente ao Roots Reggae (1968-1985), marcou a diversificação e a expansão do ritmo de Jah para novas fronteiras musicais e geográficas Hoje em dia, depois da popularização mundial do reggae, este termo passou a ser utilizado também para designar toda a produção musical da Jamaica nos últimos quarenta anos, o que ressalta a unidade musical do gênero ao longo deste tempo. Contudo, o reggae propriamente dito foi batizado em 1968, com a canção “Do the Reggay” (assim mesmo, com a grafia errada), de Toots Hibberts (foto) e os Maytals. Atualmente, esse período inicial do ritmo de Jah é chamado de roots reggae (reggae de raiz) ou simplesmente roots. Embora hoje a maioria dos regueiros chame de roots qualquer reggae que não seja baseado em ritmos eletrônicos, essa classificação do estilo como pertencente a uma época específica ainda é a mais aceita e usada nas principais fontes de informação sobre o tema. Existem muitas versões para a origem do nome reggae, entretanto a mais aceita é a que este seria uma adaptação da palavra “ragged”, que indica uma roupa suja e rasgada ou a pessoa que a usa. O nome é uma indicação clara das origens do reggae, que nasceu nos barracões de zinco das favelas jamaicanas, em um período de intensa experimentação musical, absorvendo as contribuições do ska e do rocksteady e canalizando tudo em um novo gênero musical. Tudo isso aconteceu também porque uma nova geração de músicos estava surgindo no final da década de 1960 e início da de 1970. Eram artistas como Aston “Familyman” Barret, Leroy “Horsemouth” Wallace, Earl “Chinna” Smith, Max Romeo, entre outros, que busca
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ram marcar presença alterando a interpretação do ritmo. O que eles fizeram foi dar mais importância à bateria e à guitarra na mixagem, elaborar linhas de baixo mais pulsantes e menos melódicas e cantar de forma mais áspera. Mais uma vez a situação econômica, social e cultural da ilha teve influência marcante, pois a principal mudança ocorreu nas letras, que estavam mais impacientes, menos inocentes e mais contundentes que as do rocksteady. As expectativas por uma vida melhor, alimentadas no calor da independência da Jamaica, não estavam se cumprindo, o êxodo rural se intensificava, o desemprego aumentava e as condições de trabalho não melhoravam. Os artistas se tornavam porta-vozes da desilusão e da raiva do povo e influíam no direcionamento destes sentimentos. O movimento religioso conhecido como rastafari também alcançou grande repercussão entre a população carente e os artistas do reggae. O forte comprometimento com a denúncia e com a transformação social, juntamente com a mensagem religiosa, se tornaram os fundamentos do reggae. Muitos artistas apareceram nessa época (veja a lista ao final do texto) e contribuíram para ampliar a força do ritmo. Em termos musicais, as primeiras
canções que anunciaram a nova tendência foram clássicos como “People Funny Boy”, de Lee Perry (foto acima), “Nanny Goat”, de Larry Marshall e “No More Heartaches”, dos Beltones, que aceleravam um pouco a batida do rocksteady sem chegar ao andamento frenético do ska. A canção de Perry usava efeitos sonoros como choro de bebê e garrafas se quebrando, deixando claro que os técnicos de som e produtores iriam interferir mais no resultado final do que antes. Esta tendência acabou se confirmando e desembocou no Dub. Muitos artistas estavam chegando do campo e traziam para a cidade uma sensibilidade diferente e uma carga cultural local mais intensa. Alguns vinham de comunidades com forte influência da cultura rural, que ainda ouviam bastante o mento (ver na Primeira Parte da História do Reggae), diretamente ligado à matriz africana. Cantores como Eric Donaldson e Justin Hinds faziam parte desta leva, com fortes laços com o interior da ilha. Ao mesmo tempo, estava em gestação entre outros músicos e produtores um novo estilo, mais cosmopolita, que iria fazer com que o reggae alcançasse finalmente o público fora da Jamaica.
Artigos
Bob Marley e a internacionalização do reggae Até o início dos anos 1970, o ritmo de Jah estava restrito à sua terra natal e às comunidades jamaicanas encravadas nas grandes cidades inglesas, americanas e canadenses. Na mesma época em que o reggae nascia na Jamaica, os artistas exilados também começaram a produzir música, principalmente na Inglaterra, onde uma forte cena foi construída desde o final dos anos 1960 por nomes como Dandy Livingstone, Laurel Aitken, Winston Groovy e outros (que são assunto para outro artigo).
Esta conexão inglesa se tornou uma ponte para o mercado internacional, que seria finalmente atingido com a ascensão do grupo conhecido como Bob Marley and The Wailers. Em 1971, depois de sete anos de carreira na Jamaica e sem conseguir com a música mais do que o minimamente necessário para a sobrevivência, os Wailers (Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer) juntaram algum dinheiro e fizeram apresentações pela Inglaterra, onde seu trabalho era razoavelmente conhecido.
Lá foram abandonados pelos organizadores da excursão, mas conseguiram se salvar graças a um contato com o anglo-jamaicano Chris Blackwell, dono da gravadora Island. Tal encontro iria mudar o reggae para sempre e abrir as portas para que o ritmo jamaicano chegasse a lugares que seus idealizadores nunca imaginariam, como o Brasil.
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Artigos Peter Tosh
mais avançados da época, para que, entre outras coisas, fosse dado menos destaque ao baixo tocado por Aston “Family Man” Barret e Robbie Shakespeare (este último apenas na faixa “Concrete Jungle”). Também foram acrescentadas as linhas de guitarra do roqueiro Wayne Perkins, alguns teclados e uma percussão básica. Para finalizar o trabalho, muito tempo foi gasto para “limpar” o som e deixá-lo mais claro, dentro dos padrões internacionais.
O grupo assinou um rápido contrato com a Island e gravou na Jamaica as bases de um disco que foi trabalhado desde a concepção visando uma audiência específica: o público de rock. Para tanto foram realizadas várias adaptações no reggae roots. Para começar, este álbum, o hoje famoso “Catch a Fire”, foi gravado como uma unidade, enquanto que os álbuns de muitas faixas lançados na Jamaica
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eram na verdade compilações de compactos. . Canções antigas como “Stir it Up”, de Marley e “Stop that Train” , de Peter Tosh, foram regravadas e outras foram compostas especialmente para o disco. A duração das faixas foi aumentada para quatro, até cinco minutos, contra três minutos em média para os reggaes produzidos anteriormente. Além disso o álbum foi remixado por técnicos ingleses nos equipamentos
O que poderia ter resultado em uma espécie de “frankenstein musical” se tornou a gênese de um novo estilo do reggae. Porém o processo de adaptação do ritmo jamaicano ao gosto da audiência roqueira acabou também por influir na relação de Marley com Peter Tosh e Bunny Wailer. Blackwell queria promover o primeiro como a cara do grupo, pois queria divulgá-lo à maneira das bandas de rock (que sempre tinham um vocalista principal) e também porque achava o formato do trio vocal ultrapassado. A mudança de nome para Bob Marley and The Wailers foi o sinal de que o produtor conseguiu o seu intento. Os dois companheiros se sentiram deixados de lado e logo sairiam dos Wailers, deixando Marley livre para se tornar o primeiro superstar do Terceiro Mundo. O lado bom de tal rompimento foi que Tosh e Bunny também ganharam condições de desenvolver um trabalho solo excepcional, embora não tenham alcançado o sucesso comercial do antigo parceiro.
Artigos
Os Wailers ensaiam no estúdio da Island em 1972
O primeiro álbum de Bob Marley and The Wailers por uma grande gravadora estabeleceu novos padrões para o reggae. Ele praticamente criou um novo estilo, que o dub poet Linton Kwesi Johnson chamou de “reggae internacional” . É o modelo adotado por artistas oriundos dos Wailers como Peter Tosh, alguns dos herdeiros diretos de Marley, como os filhos Ziggy, Julian e Demian, além de artistas e grupos que estão na ativa hoje, como Burning Spear, Culture, Black Uhuru, Third World, Aswad e Steel Pulse. É o reggae internacional que serve como referência para a maioria das pessoas em todo o planeta, um estilo caracterizado pelo uso mais destacado da guitarra, dos teclados e dos instrumentos de sopro, uma versão do ritmo que faz mais concessões de apelo comercial, mas que não abre mão de alguns dos conceitos e mensagens caros ao gênero, como o entrelaçamento entre a mensagem espiritual e política. Apesar deste processo ter mantido algumas das características essenciais do estilo, a grande maioria das bandas jamaicanas que adotaram esta interpretação do reggae tiveram que fazer uma escolha entre o mercado interno da ilha e a audiência externa.
Isso aconteceu porque, se o reggae internacional teve um impacto entre os artistas da Jamaica, também foi rejeitado pela maior parte do público local. Muitos artistas tiveram que emigrar para a Inglaterra ou para os Estados Unidos, enquanto outros adotaram uma “carreira dupla”, gravando álbuns para serem lançados no mercado externo através das grandes gravadores, enquanto colocavam nas lojas da Jamaica compactos mais sintonizados com o que estava sendo feito localmente.
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Artigos O reggae cresce e multiplica
Na segunda metade dos anos de 1970 apareceram os “Rockers”, novos artistas como o instrumentista Augustus Pablo, o baterista Sly Dunbar e os cantores Johnny Clarke e Hugh Mundell. Eles tentaram responder à internacionalização do reggae radicalizando a forma de tocar e os temas abordados nas letras, desacelerando o ritmo musical (aproximando-se do rocksteady) e afiando ainda mais as palavras. Curiosamente a maioria não esteve presente no filme “Rockers”, lançado em 1978. Como este filme mostrou, a filosofia rasta estava no auge, fazendo com que muitos artistas se convertessem à causa. Inspirados por ela, grupos como Ras Michael and the Sons of Negus e o de Count Ossie faziam dos tambores nyabinghi, tocados nas celebrações rasta, a base do seu som.O rastafarianismo também influen ciou as letras de músicas de praticamente todos os artistas do
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roots e suas cores (vermelho, dourado e verde) e seus símbolos, como o leão de Judah e a estrela de David, adornavam as capas dos discos e compactos que saíam na época. Os DJs (ou deejays) também entraram em cena. Artistas como U Roy e Big Youth ganharam este nome porque falavam por cima das letras de música como alguns disk-jóqueis das rádios. Sem ficarem presos aos temas clássicos das canções populares, agiam como comentaristas do cotidiano, logo alcançando grande popularidade e fazendo a transição inevitável para a gravação de suas próprias faixas. Esta foi a grande inova ção que o reggae apresentou à música popular em termos de performance vocal, influenciando o aparecimento do rap alguns anos depois. Dessa forma, a música jamaicana estava ficando cada vez mais diversificada
. Em cada esquina aparecia um estúdio novo e novos cantores, deejays e instrumentistas querendo mostrar o seu trabalho. A década de 1970 foi a época de maior investimento externo na indústria musical jamaicana, fazendo com que esta repercutisse ainda na cena mundial, tornando o reggae uma força inspiradora para a combalida música popular ocidental. Nesta época o reggae começou a ser ouvido em discos de mega-grupos de rock como os Rolling Stones e Led Zeppelin, passando pelos iconoclastas do punk, como The Clash e The Slits, até os artistas do chamado Terceiro Mundo, como Gilberto Gil no Brasil, Sonny Okusun na Nigéria e Alpha Blondy na Costa do Marfim.
Artigos Refluxo e retomada
Entretanto o falecimento de Bob Marley em maio de 1981, que causou uma grande comoção em todo o mundo, trouxe um retrocesso na ascensão do reggae no mercado internacional. Muitos artistas foram dispensados pelas grandes gravadoras e tiveram que continuar suas carreiras sob novas bases. Ao mesmo tempo em que o roots praticado na ilha radicalizava a sua proposta – tanto nas letras que pregavam a derrubada do sistema como na química sonora dos “dubs” –, novidades tecnológicas começavam a chegar, como os sintetizadores que podiam substituir uma banda inteira. A situação política na Jamaica estava ficando cada vez mais tensa e os dois partidos rivais montaram milícias que levavam o país a um clima de guerra civil sempre que havia uma eleição. O político socialista Michael Manley (já falecido), que havia assumido o governo em 1972 renovando as promessas da época da independência, também havia falhado na sua tentativa de melhorar a dura vida dos ilhéus. Mais uma vez desiludido, o público voltou as costas para os artistas que tinham na mensagem revolucionária o seu tema principal, pois eram associados com o governo supostamente de esquerda de Manley. Este, de fato, havia usado canções do reggae como jingles eleitorais (“Better Must Come”, de Delroy Wilson, é o exemplo mais citado, mas outras também foram usadas), tendo conseguido ganhar a confiança de parte dos rastafaris graças a manobras populistas, como ir até a Etiópia visitar o imperador Hailé Selassié I.
O sistema bipartidário jamaicano deixava (deixa ainda) poucas escolhas para os eleitores. Assim, antes mesmo de perder o seu principal ídolo, os jamaicanos elegeriam, em 1980, o direitista Edward Seaga (que supostamente havia sido o mandante de um atentado à vida de Marley antes das eleições de 76), confirmando a impaciência do povo da ilha. Em 1985, os primeiros reggaes eletrônicos ganharam definitivamente a simpatia do público jamaicano (ver Dancehall), fazendo com que muitos artistas se adaptassem (como Gregory Isaacs) abandonassem a música (como o Culture, que depois retomou a carreira, ou grupos como os Ethiopians, Melodians, Cables etc ) ou partissem da Jamaica (como Burning Spear, Meditations etc).
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Artigos Roots Hoje
A partir de então qualquer reggae que não usasse sintetizadores como base principal passou a ser conhecido como roots, colocando sob a mesma denominação tanto o reggae internacional, quanto o roots original. Enquanto o reggae internacional continuava se mantendo em patamares bem mais modestos de venda (mas experimentando sucessos isolados como o de Ziggy Marley, que finalmente abriu o mercado americano, chegando ao topo das paradas em 1988, impulsionado pelo sobrenome famoso), o estilo roots continuou no ostracismo durante o restante dos anos de 1980 e o começo dos anos de 1990. Englobando os dois estilos citados acima, o roots reggae continua sendo o preferido pela grande maioria dos fãs do ritmo pelo mundo. Esta predileção foi reforçada pela onda de reedições que se seguiu à substituição dos discos de vinil pelos CDs e agora toma novo fôlego com os retomadas de várias bandas como os já citados Meditations e o interesse despertado por veteranos como Lee Perry e Bob Andy (foto acima). Muitos vêem este período como o mais importante e influente da música jamaicana, um pontode-vista contra o qual pode parecer difícil argumentar. Talvez o reggae naquele tempo fosse melhor trabalhado e elaborado do que o de hoje (até porque envolvia ainda mais instrumentistas). No entanto parece ser mais exato dizer que aquela era a música que melhor traduziu o seu lugar e época. Por isso ela continua cativando admiradores em todo o mundo com uma força poucas vezes igualada. Tal força criou uma nova situação que desafia os limitados rótulos e classificações cronológicas que podemos criar para melhor explicar a música que amamos,
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Luciano
enquanto ilumina o que pode ser o futuro do reggae. Isso porque, nos últimos anos, o reggae jamaicano vem experimentando um resgate dos valores e dos ritmos do roots. Os antigos riddims (ver Rocksteady) estão sendo retomados com maior intensidade e uma nova geração, composta por artistas como Luciano (foto acima), Yami Bolo, Sister Carol, Capleton, Morgan Heritage, Everton Blender, Tony Rebel e o novíssimo Warrior King, vêm apresentando o que pode ser chamado de modern roots. Este estilo traz a mensagem política e religiosa do reggae dito tradicional, sem abdicar das facilidades tecnológicas, embora não abram mão de usar instrumentistas reais em suas músicas.
Bob Andy
Artigos Para concluir
A dificuldade que estes artistas talentosos experimentam para serem aceitos fora da Jamaica sugere que pode estar havendo um foco excessivo no passado do reggae por parte do público e da imprensa. É algo que deve ser lamentado também por estar impondo uma fórmula de se compor e tocar o ritmo de Jah, que vem sendo seguida em todo o mundo e vem uniformizando um gênero que cresceu sendo instigante, desafiador e revolucionário. Embora muitos utilizem a música local como um tempero para o reggae, este ainda está preso naquela estrutura tradicional, que já tem mais de trinta anos. O valor cultural, a força musical e a mensagem do roots reggae jamais serão esquecidos e representam hoje muito do que o ritmo de Jah pode oferecer ao mundo, mas não tudo. Transformar tão bela manifestação em um dogma cultural é negar a sua essência e enfraquecer o seu impacto nas gerações vindouras. Viva o roots ! Longa vida ao reggae! Muito mais poderia ser escrito sobre o roots reggae, mas deixamos para outros artigos, onde outros aspectos serão abordados. Leia mais sobre o estilo roots acompanhando as biografias de alguns dos artistas citados nesta matéria. Basta checar os links na lista de artistas abaixo.
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Top 15
1º
6º
11º
BueHcyS
Chapa Dux
Kussondulola
2º
7º
12º
Agir 2.Esquerdo
URBANVIBSZ
PutoDavid
3º
8º
13º
Prince Wadada & Kimbangui Band
MARLEY
(Reggae / Ska)
(Reggae / Ska)
One Love Family (Reggae / Ska)
(Reggae / Ska)
(Reggae / Ska)
Reggae / Ska
4º
9º
Sativa
Poetry Roots
(Reggae / Ska)
Reggae / Ska
5º
10º
Arsha
Mercado Negro
(Reggae / Ska)
Reggae / Ska
(Reggae / Ska)
(Reggae / Ska)
(Reggae / Ska)
14º
GDA
(Reggae / Ska)
15º
Zacky Man (Reggae / Ska)
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