O LIVRO DO RIO - IGUARAGUÁ

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Copyright © 2021 by Jan Santos Todos os direitos reservados. Todos os personagens e acontecimentos neste livro, com exceção dos claramente em domínio público, são fictícios, e qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou não, é mera coincidência. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma - meio eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravação ou sistema de armazenagem e recuperação de informação - sem a permissão expressa, por escrito, do autor e do editor. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995). ESTA OBRA FOI CONTEMPLADA PELO PRÊMIO MANAUS DE CONEXÕES CULTURAIS, EDITAL N 007/2019, PROMOVIDO PELA PREFEITURA DE MANAUS POR MEIO FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA, TURISMO E EVENTOS - MANAUSCULT.

PROJETO GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES: Yan Bentes REVISÃO: Tammy Rosas

APOIO CULTURAL:


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Agradecimentos Sem o apoio de amigos leais, não teríamos chegado à metade deste trabalho. Deixamos aqui agradecimentos especiais a David Carvalho, Michelle Machado e Tammy Rosas, que viram nossa luta com o processo ontem, e veem nossa vitória hoje.


Dedicatória A Yan Bentes, cujas cores deram vida a um novo sonho. A Edu Alves, que nunca nos deixou sem aconchego para que pudéssemos sonhar. A meus pais, Lene e Jadir, e irmão, Jardison, que sempre sonham junto comigo. A Júlia, para que leia boas histórias e aprenda a sonhar com elas. Tio te ama. Jan Santos

Aos meus pais, João Pedro e Suzi, por me apresentarem minha cultura jurutiense, minha raiz, e por estarem sempre ao meu lado. A Ygor Bentes, que está junto da lua e continua me iluminando com seu sorriso. A Eduardo e Jan, por acreditarem em mim e mergulharem de cabeça nessa jornada. Aos meus gatos Pitchuco, Ayu, Luna, Sálvia e Lúcia, que me acalmaram o coração com seu ronronar. A Julia, Mayná, Ariela e Ayla, para que possam crescer com histórias mágicas, rios, mergulhos e esperança para os seres que moram neles. Yan Bentes

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APRESENTAÇÃO Em Manaus, há alguns lugares mágicos, e foi em um deles que ouvi o chamado de Iguaraguá pela primeira vez, aos doze anos. Foi em uma visita escolar ao Bosque da Ciência o meu encontro com os peixes-boi, seus filhos, e através deles, vi seu poder se manifestar conforme nadavam na dança mais graciosa do mundo. A cada visita ao Bosque, sua voz crescia em mim, embora eu não soubesse quem ou quê me chamava, sempre me fazendo voltar àquele lugar e sentir como se fosse a primeira vez. Quando os astros se alinharam e Ela ficou mais forte, levei Yan Bentes para ouvi-la também, e seu talento artístico era o que faltava para que a Mãe D’Água tomasse forma, encarnasse. Este livro conta um pouco de sua história, de como criou o mundo e presenteou os rios com vida. De como a esquecemos e como precisamos, mais do que nunca, lembrar de seu nome, de seu poder, de sua lenda. Consegue ouvir o chamado dela também? Jan Santos

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PREFÁCIO Quando eu era criança, minha maior alegria era a chegada do domingo onde minha família se reunia para ir para o ‘banho’. Geralmente, esse banho era um igarapé nas estradas de Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo e arredores. A água gelada em contraste com o sol escaldante era a energia que eu precisava pra me sentir renovada, revigorada e pronta pra desbravar o mundo que me cercava. Talvez fosse a força da poderosa Mãe D’água me encantando e me fazendo perceber que eu pertencia àquele lugar: a Amazônia. E digo a você, caro leitor, que um amazônida consegue sentir cada parte dela. É quase mágico. É especial! Ninguém pode tirar da gente o sangue caboclo que corre em nossas veias e em nossa história. E mesmo distante do meu lar, cada vez que me deparo com um vislumbre dela, sinto o chamado arder, querendo me levar de volta. E assim como o protagonista Ayu, renasço cada vez mais forte e orgulhosa de minhas raízes.


E nesse livro, eu senti exatamente isso. Me reergui em cada página, letra, traço, quadro e pincelada da narrativa. Me senti de bubuia nas águas barrentas de cada igarapé que corre pela floresta, nadando junto com cada cor apresentada. O roteiro me fez viajar nas águas do rio e senti o abraço da Mãe D’água, senti o clamor de ajuda de cada peixe-boi assassinado, senti o sopro vibrante de um lugar que transpira vida! Fiquei tão submersa na história de Ayu que em determinada parte me tornei ele. Em todo o traço eu sentia pertencer cada vez mais àquele lugar. Senti o calor do meu lar. E seria uma honra que, ao terminar de ler esse livro, cada um de vocês sentisse isso também. Sâmela Hidalgo

Amazônida e Idealizadora do Norte em Quadrinhos

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Amazônia,


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o coração verde do mundo.



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O último santuário das forças selvagens da Terra, solo de vida e mistérios.


E os maiores deles se escondem sob o rio,


esse véu sobrenatural que mantém vivos os poderes antigos. Suas histórias guardam segredos, e é chegada a hora de nós, geração sem memória, aprendermos o mais importante deles...

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Enquanto afundava, Ayu só conseguia pensar em como o toque da água não era tão diferente de um abraço de mãe.


Seus pulmões estavam engolindo rapidamente o rio, mas o rio também o engolia, o recebia, como se dissesse...

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Bem-vindo ao lar.


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Engraçado, pois era do lar que Ayu se despedia. Afundando cada vez mais, quase não via a luz do sol, e a vida deixava seu corpo junto com as bolhas de ar que saíam de sua boca. Quando se afogasse, já não haveria dia, nem terra, nem pai, nem Ayu.

Só haveria rio e as coisas que vivem dentro dele.



As águas escuras se fechavam sobre ele, e antes que o último suspiro subisse por sua garganta, ele se esforçou muito para se lembrar de como veio parar ali, onde só havia silêncio...

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