FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
CONCEITOS EVOLUTIVOS E SUSTENTÁVEIS PARA HABITAÇÕES SOCIAIS
Yasmin Depes Marques
Vila Velha – ES Junho de 2014
CONCEITOS EVOLUTIVOS E SUSTENTÁVEIS PARA HABITAÇÕES SOCIAIS
Trabalho de conclusão de curso elaborado pela aluna Yasmin Depes Marques no 10º período no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, sob a orientação da professora Luciana De Jesus, Liziane Jorge e Roberta Toledo entregue em 10 de Junho de 2014.
YASMIN DEPES MARQUES
CONCEITOS EVOLUTIVOS E SUSTENTÁVEIS PARA HABITAÇÕES SOCIAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau em Arquitetura e Urbanismo. COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________ Prof. Luciana de Jesus Universidade Vila Velha Orientador
___________________________________ Profª. Liziane Jorge Universidade Vila Velha Avaliador Interno
___________________________________ Roberta Toledo Arquiteto e Urbanista Avaliador externo convidado
Parecer da Comissão Examinadora em ___ de ________________ de 2014: __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________
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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais,Jalile e Jose Maria, pelo apoio e motivação,ao meu namorado, Maxwell Martins Ramos, pela paciência e compreensão durante a concepção deste trabalho. A professora Luciana de Jesus, Liziane Jorge e Roberta Toledo, pela competência na orientação do Trabalho Final de Graduação, aos professores pelo incentivo ao crescimento dos alunos e pelas críticas evolutivas durante o curso. As amigasAdriana Souza do Rosario, Anna Yuri Murayama, Luciana Lamberti e Lucivani Leite, pela amizade, pelos constantes questionamentos e sugestões para a concepção do trabalho. Enfim, a todos que de alguma forma, presentes ou não, participaram do meu crescimento e para que este trabalho fosse possível.
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RESUMO Mediante ao crescimento significativo das cidades e o termo sustentabilidade cada vez mais evidente, este trabalho focará no desenvolvimento de um modelo de habitação social focado em soluções e técnicas construtivas que permitam uma clara abordagem aos três pilares social, econômico e ambiental. O objetivo do trabalho é a execução de um modelo de habitação social que vise o aproveitamento das condicionantes naturais locais a fim de promover um edifício flexível e de elevado desempenho ambiental. O trabalho aborda o histórico das habitações sociais no Brasil e no mundo com sua forma evolutiva visando o usuário. O conceito de sustentabilidade surge com a inserção de espaços mais flexíveis, materiais e tecnologias sustentáveis, minimização de custo e aproveitamento das condicionantes locais na elaboração do projeto. Assim, um novo modelo de habitação é criado incorporando materiais e técnicas construtivas menos impactantes, demonstrando que o conhecimento sobre o material e a utilização de meios naturais desde a concepção do projeto podem resultar em habitações sustentáveis viáveis.
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ABSTRACT By the significant growth of cities and the term increasingly evident sustainability , this work will focus on developing a model focused on solutions and social housing construction techniques that allow a clear approach to the three social, economic and environmental pillars . The objective is to implement a model of social housing aimed at the exploitation of local natural conditions in order to promote a flexible and high environmental performance building. The paper discusses the history of social housing in Brazil and around the world with its evolutionary way towards the user. The concept of sustainability arises with the inclusion of more flexible space, sustainable materials and technologies minimize cost and utilization of local constraints in project design. Thus, a new model of housing is created incorporating materials and less impactful building techniques, demonstrating that knowledge about the material and the use of natural resources from the project design can result in viable sustainable housing.
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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO
13
1.1 JUSTIFICATIVA
14
1.2 OBJETIVOS GERAIS
14
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
14
1.4 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS
15
2 HABITAÇÃO POPULAR
18
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
18
2.2 HABITAÇÃO POPULAR NO BRASIL
18
2.3 DÉFICIT HABITACIONAL
21
2.3.1 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA
23
2.3.2 O PROGRAMA
24
2.4 CRESCIMENTO DAS CIDADES E SUAS PROBLEMÁTICAS
26
3 ARQUITETURA E SUSTENTABILIDADE
29
3.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
30
3.2 NORMAS DE DESEMPENHO
34
4 APLICAÇÃO DE CONCEITOS
37
4.1 CUSTOMIZAÇÃO E MODULAÇÃO DAS HABITAÇÕES SOCIAIS
37
4.2 MATERIAIS E TÉCNICAS CONSTRUTIVAS
39
4.2.1 ENVOLTÓRIA
41
4.2.2 REUSO DE ÁGUA
43
4.2.3 AQUECIMENTO SOLAR
46
4.2.4 ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃO NATURAL
47
6
5 ESTUDO DE CASO
50
5.1 ESTUDO DE CASO 24.7 ARQUITETURA DESIGN
51
5.1.1 MODULARIDADE
53
5.1.2 SUSTENTABILIDADE APLICADA
56
5.2 ESTUDO DE CASO ELEMENTAL QUINTA MONROY- CHILE
59
5.2.1 ARQUITETURA EFICIENTE
60
6 ESTUDO DO TERRENO
65
6.1 SOBRE A REGIÃO
66
6.2 INTRODUÇÃO DAS HABITAÇÕES SOCIAIS NA REGIÃO
67
6.3 ÁREA DE INTERVENÇÃO
69
7 ELABORAÇÃO DO PROJETO
74
7.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO E COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA
74
7.1.1 CONCEITOS EVOLUTIVOS
74
7.1.2 SUSTENTABILIDADE
75
7.2 NBR 15575
2
7.3 PROJETO ARQUITETÔNICO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
3
7.3.1 O TERRENO
3
7.3.2 IMPLANTAÇÃO
4
7.3.3 CALÇADA E ACESSOS
6
7.3.4 ÁREAS DE LAZER
8
7.3.5 PAISAGISMO
12
7.3.6 ESTACIONAMENTO
15
7.3.7 HABITAÇÃO
16
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
39
9 BIBLIOGRAFIAS
41 7
10 ANEXOS
46
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Típico cortiço urbano .............................................................................................................................. 20 Figura 2- Déficit Habitacional Brasileiro- População x Renda ............................................................................... 21 Figura 3- Caçambas de resíduos descartados ........................................................................................................ 30 Figura 4- Dimensões sustentáveis.......................................................................................................................... 32 Figura 5- Projeto XIV- Programa Habitare- MT (alternativas de crescimento da habitação) ................................ 38 Figura 6- Exemplo de soluções projetuais eficazes para o aproveitamento de condicionantes naturais .............. 40 Figura 7- Preenchimento de furos com concreto e aço formando pequenos pilaretes. ........................................ 41 Figura 8- Paredes drywall ...................................................................................................................................... 42 Figura 9- Ecotelhado .............................................................................................................................................. 43 Figura 10- Reaproveitamento de agua da chuva................................................................................................... 46 Figura 11- Sistema solar de aquecimento de água ................................................................................................ 47 Figura 12- Posicionamento de aberturas de forma adequada .............................................................................. 48 Figura 13- Efeito Chaminé ..................................................................................................................................... 48 Figura 14- Implantação projeto de habitação proposto pelo escritório 24.7 ........................................................ 50 Figura 15- Implantação Elemental- Chile............................................................................................................... 51 Figura 16- Layout habitação .................................................................................................................................. 52 Figura 17-Habitação de Interesse Social Sustentável- 24.7 Arquitetura ............................................................... 53 Figura 18- Módulo de 0,90m ................................................................................................................................. 54 Figura 19- Diferentes layouts ................................................................................................................................. 55 Figura 20 - Acessibilidade plena nas edificações ................................................................................................... 55 Figura 21- Diagrama de usos em módulos ............................................................................................................ 56 Figura 22- Esquema de ventilação natural ............................................................................................................ 56 Figura 23- Esquema de captação de insolação ...................................................................................................... 57 Figura 24- Cobertura verde .................................................................................................................................... 57 Figura 25- Esquema sustentável ............................................................................................................................ 58 Figura 26- Habitações Elemental Quinta Monroy ................................................................................................. 60 Figura 27- Estudo de implantação da habitação no terreno ................................................................................. 60 Figura 28- Diagrama de ampliaçao ...................................................................................................................... 61 Figura 29- Planta baixa- Ampliação....................................................................................................................... 61 Figura 30- Habitações modificadas ....................................................................................................................... 62 8
Figura 31- Habitações modificadas ....................................................................................................................... 62 Figura 32- Grande Terra Vermelha ........................................................................................................................ 65 Figura 33- Localização da Região de Terra Vermelha............................................................................................ 66 Figura 34- 400 habitações em Jabaeté .................................................................................................................. 68 Figura 35- Recuperação de vias com serviços de drenagem e pavimentação ....................................................... 68 Figura 36-Local de inserção do novo modelo de habitação social. ........................................................................ 69 Figura 37- Praça com área de lazer. ...................................................................................................................... 70 Figura 38- Avenida Brasil- Principal via de acesso ao terreno. .............................................................................. 70 Figura 39- Orientação solar e de ventos dominantes (nordeste). .......................................................................... 71 Figura 40- Proposta de parcelamento do solo. ...................................................................................................... 72 Figura 41- Terreno e o entorno ................................................................................................................................ 3 Figura 42- Setorização implantação ........................................................................................................................ 4 Figura 43- Setorização áreas de vivencia ................................................................................................................. 5 Figura 44- Implantação com áreas definidas .......................................................................................................... 6 Figura 45- Acessibilidade- Faixa elevada e rampas ................................................................................................. 7 Figura 46- Vias do loteamento................................................................................................................................. 7 Figura 47- área de lazer ........................................................................................................................................... 8 Figura 48- Área para quiosques e quadra de esportes ............................................................................................ 9 Figura 49- Área de lazer ........................................................................................................................................... 9 Figura 50- Edificações de apoio ............................................................................................................................. 10 Figura 51- Área infantil .......................................................................................................................................... 10 Figura 52- Academia Popular ................................................................................................................................ 11 Figura 53- Área de leitura e mesa de jogos ........................................................................................................... 11 Figura 54- Paisagismo na visão do expectador ..................................................................................................... 12 Figura 55- Canteiro com diferentes tamanhos e texturas ..................................................................................... 13 Figura 56- Área de descanso com mobiliário nas áreas de lazer ........................................................................... 13 Figura 57- Vegetação na frente das residências .................................................................................................... 14 Figura 58- Vias arborizadas ................................................................................................................................... 14 Figura 59- Bicicletário ............................................................................................................................................ 15 Figura 60- Lote escolhido demarcado de amarelo ................................................................................................. 16 Figura 61- Habitação evolutiva- Formas de crescimento ...................................................................................... 17 Figura 62- Habitação inicial- Fluxograma .............................................................................................................. 18 Figura 63- Planta baixa modelo inicial................................................................................................................... 19 Figura 64- Perspectiva interna- Sala de estar/jantar ............................................................................................. 20 Figura 65- Perspectiva interna- Cozinha ................................................................................................................ 21 Figura 66- Perspectiva interna- Área de serviço .................................................................................................... 21 Figura 67- Perspectiva interna- Quarto de casal ................................................................................................... 22 9
Figura 68-Perspectiva interna- Quarto de solteiro ................................................................................................ 22 Figura 69- Perspectiva interna- Banheiro acessível ............................................................................................... 23 Figura 70- Cobertura verde .................................................................................................................................... 24 Figura 71- Ventilação cruzada ............................................................................................................................... 24 Figura 72- Reuso de água da chuva ....................................................................................................................... 25 Figura 73- Coletor solar ......................................................................................................................................... 26 Figura 74- Área atrás do lote ................................................................................................................................. 27 Figura 75- Cobogó.................................................................................................................................................. 27 Figura 76- Elementos vazados ............................................................................................................................... 28 Figura 77- Perspectiva habitação inicial ................................................................................................................ 29 Figura 78- Planta baixa- crescimento horizontal ................................................................................................... 30 Figura 79- Perspectiva interna- Circulação e acréscimo de um dormitório ........................................................... 31 Figura 80- Acréscimo Cobertura ............................................................................................................................ 31 Figura 81- Modelo de habitação- crescimento horizontal ..................................................................................... 32 Figura 82- Planta baixa primeiro pavimento- Crescimento vertical ...................................................................... 33 Figura 83-Planta baixa segundo pavimento- Crescimento vertical ....................................................................... 33 Figura 84- Perspectiva interna- Integração de espaços ......................................................................................... 34 Figura 85- Perspectiva interna- Escada e aberturas .............................................................................................. 34 Figura 86- Janelas escalonadas ............................................................................................................................. 35 Figura 87- Perspectiva interna- Escritório .............................................................................................................. 35 Figura 88- Perspectiva interna- Dormitório 3 com varanda .................................................................................. 36 Figura 89- Perspectiva interna- Dormitório 4 e acesso ao terraço verde .............................................................. 36 Figura 90-Modelo de habitação- crescimento vertical .......................................................................................... 37 Figura 91- Modelos de habitação evolutiva .......................................................................................................... 37
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Contratação efetiva por faixa de renda ................................................................................................. 25 Tabela 2- Comparação entre produtos convencionais e economizadores de água ............................................... 45
LISTA DE GRÁFICO 10
Gráfico 1 - Taxa de urbanização no Brasil............................................................................................................. 19 Gráfico 2 - Distribuição do Déficit Habitacional Brasileiro por Renda .................................................................. 22 Gráfico 3- Distribuição do Déficit Habitacional Brasileiro por Região .................................................................. 22 Gráfico 4- Consumo de Resíduos da Construção Civil ........................................................................................... 27 Gráfico 5- Consumo de água em residências no Brasil ......................................................................................... 44
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1 INTRODUÇÃO Atualmente, a preocupação com o meio ambiente se torna cada vez mais evidente, visto que estamos em uma década na qual a construção civil se evidencia como a maior geradora de resíduos e poluentes. Com o desenvolvimento tecnológico e o aumento da população, observa-se uma crescente quantidade e diversidade de poluentes, assim, torna-se mais evidente o comprometimento e o papel essencial do arquiteto com a qualidade de vida. A necessidade de buscar a sustentabilidade através de alternativas que priorizem à preservação ambiental, conhecimento do entorno e de seus usuários que vise uma forma mais sustentável de hábitos e construções. “Aos poucos, o homem toma consciência do seu impacto sobre o mundo e a escassez dos recursos naturais e percebe que é preciso mudar seu modo de vida. A sociedade atual consome 25% a mais do que o planeta tem capacidade de renovar, ou seja, não vivemos de forma sustentável. Em alguns locais do mundo já surgem as consequências como falta de água, poluição urbana, aquecimento global e esgotamento de outros recursos naturais. Para modificar esse quadro, é preciso trazer para o dia a dia soluções sustentáveis que gerem menor impacto ambiental”. (MATOS, 2008).
Segundo Bruntland Report (1987), a sustentabilidade é atingida quando a mesma atende às necessidades presentes sem o comprometimento das gerações futuras. Assim, a sociedade e as categorias profissionais vêm buscando soluções como produtos que não agridem o meio ambiente e estimulem um consumo eficiente. A implantação de edificações populares sustentáveis mostra uma evolução na arquitetura pública podendo conceber habitações com soluções inovadoras, nas quais visem o aproveitamento adequado dos sistemas naturais como a água, o vento, a luz e o calor do sol, bem como técnicas e matérias sustentáveis. No desenvolvimento deste trabalho, apresenta-se um estudo e levantamento de alternativas construtivas que visem à minimização de impactos bem como diretrizes de aplicação dos mesmos em habitações sociais unifamiliares. Além disso, a flexibilidade surge como forma de abranger um público maior de usuários, nos quais
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poderão modificar sua habitação de forma ordenada de acordo com suas condições socioeconômicas. O foco é uma edificação planejada, flexível e sustentável, capaz de incorporar tecnologias e sistemas multifuncionais capazes de realizar várias atividades ao mesmo tempo, prevendo uma maior flexibilidade de projeto e escolhas certas de materiais onde possam acarretar mudanças de usos ao longo do tempo.
1.1 JUSTIFICATIVA O presente trabalho traz um novo conceito de projetos habitacionais de interesse social, no qual visa soluções projetuais mais sustentáveis e flexíveis que satisfaçam um maior número de usuários e tragam aos mesmos, a opção de ampliação ou não da edificação de acordo com suas necessidades.
1.2 OBJETIVOS GERAIS Pretende-se através desse trabalho evidenciar o crescimento progressivo da construção civil e os incentivos criados pelo governo na implantação de habitações populares. Em meio à tecnologia atual, é possível a construção de edificações que relacionam conceitos humanizadores à qualidade ambiental a fim de estabelecer ambientes mais sustentáveis. Esses conceitos podem ser traduzidos desde a concepção do projeto, a partir de decisões projetuais que englobam materiais atrativos economicamente e que contenham um bom desempenho energético, com menor impacto ambiental. Nesse sentido, o presente trabalho propõe um projeto de habitação social com conceitos sustentáveis e flexíveis a partir da análise de projetos que evidenciam soluções de baixo custo, qualidade ao usuário e utilização de elementos naturais e renováveis.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar a análise histórica da implantação de habitações de interesse social no país;
Identificar as necessidades das habitações populares atuais; 14
Contextualizar o desenvolvimento sustentável aplicado ás habitações populares;
Analisar a inserção de conceitos flexíveis e sustentáveis em habitações de baixo custo;
Propor soluções construtivas e aplicação de novas tecnologias em projetos de habitação social;
1.4 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS O presente trabalho é constituído por sete capítulos que serão a seguir especificados. O primeiro capitulo é constituído de uma apresentação do trabalho, com justificativas e objetivos, no qual consiste em uma breve introdução sobre as diretrizes adotadas no trabalho e soluções para o enfrentamento de necessidades das atuais habitações com base em soluções flexíveis e que preconizam a melhora do seu desempenho ambiental. O segundo capitulo é um breve histórico das habitações de interesse social, seus parâmetros no país e no mundo, além de programas de interesse social nacionais juntamente com uma análise crítica sobre as atuais realidades e suas necessidades. Com a análise dos programas de habitações atuais, o terceiro capítulo visa a soluções dos mesmos com conceitos flexíveis e sustentáveis que englobem materiais atrativos economicamente e com elevado desempenho energético. No capítulo 4, são propostas materiais e técnicas construtivas, afim de gerar soluções modulares e sustentáveis para habitações sociais melhorando sua eficiência energética, e preparando-a para futuras ampliações. A partir desses conceitos, podemos ver no capitulo 5, estudos de caso com conceitos já empregados que visem o usuário, conceitos evolutivos, flexibilidade, eficiência energética, sustentabilidade e entre outros conceitos aplicados a habitações de forma satisfatória. O sexto capitulo engloba a localização a ser empregada o projeto de habitação social bem como suas condicionantes locais naturais, sua envoltória e seu impacto com o entorno. 15
No sétimo capitulo, vemos a aplicação desses conceitos na execução do loteamento e das residências, baseadas nos critérios propostos durante o trabalho. Sendo a mesma evolutiva e de caráter sustentável afim de abranger um maior número de usuários atendendo a suas necessidades. As considerações finais propostas no sexto capítulo vem com o intuito de mostrar que é possível implantar nas habitações sociais recursos nos quais garantam benefícios ao usuário e ao investidor.
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2 Habitação popular 2.1 Contextualização A Segunda Guerra Mundial foi a principal mediadora para o agravante habitacional, quando conjuntos populares passaram a se tornar um caso de necessidade mediante ao caos gerado pela guerra. Muitas famílias ficaram sem moradias e assim, começaram a ocupar áreas inapropriadas, formando os atuais cortiços e favelas. A construção das habitações populares surge a fim de minimizar a carência de moradia, porém, inicialmente essa demanda não foi suficiente além de não suprir as mínimas condições de habitalidade. Com uma oferta restrita à população de baixa renda, famílias vem vivendo em condições inadequadas, sem serviços básicos como saúde, transporte, saneamento básico, ou em locais inadequados. Com uma elevada carência de habitações de interesse social, o quadro deficitário dessas habitações é agravado pelo fato de que a maioria dos modelos existentes atualmente não apresentam condições adequadas de habitualidade, conforto ou estética, apresentando uma qualidade inferior, dimensões inadequadas e em locais afastados dos centros urbanos (ABIKO & ORNSSTEIN, 2002). O cenário atual preconiza uma busca por soluções cada vez mais adequadas e em conjunto com o usuário, afim de gerar espaços mais agradáveis e com princípios sustentáveis. Um projeto de habitação social deve ser desenvolvidos com um custo reduzido, porém promovendo uma qualidade habitacional, como diz Bonduki (2000), “é preciso romper os mitos” as habitações econômica também podem ser incompatível com bons projetos.
2.2 Habitação popular no Brasil Como ponto de partida para melhor compreensão sobre a política habitacional no país, deve-se compreender a trajetória inicial das urbanizações nas cidades. No início do século XIX, as terras eram destinas a questões agrícolas, suprindo somente as necessidades locais. A partir no século XX, a industrialização muda o cenário das cidades, o êxodo rural torna as cidades mais adensadas e sem condições de suprir esse aceleramento urbanístico.
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Gráfico 1 - Taxa de urbanização no Brasil Fonte: IBGE, Censos Demográficos
Devido a esse surto manufatureiro-industrial ocorrido principalmente no Rio de Janeiro, a economia entra em decadência e a questão habitacional passa a ser alvo de preocupação no Brasil (RODRIGUES, 1988). Segundo Schurmann (1978), o processo de industrialização iniciou-se nas regiões mais desenvolvidas do país, gerando na infraestrutura urbana uma carência nas áreas da saúde, educação e agravamento da poluição. A vinda de trabalhadores de outras localidades fez com que se edificassem diferentes tipos de locais informais formando cortiços, estalagens e criando-se edificações operárias, em sua maioria precária (BONDUKI, 2002). Rocha (1995) acrescenta que a situação do país representava um escândalo moral, sanitário e econômico, sem apoio básico a população, deveria-se promover um remodelamento urbano através da demolição em massa dessas habitações informais e ordenando de forma correta o espaço urbano. “Moradia digna é aquela localizada em terra urbanizada, com acesso a todos os serviços públicos essenciais por parte da população que deve estar abrangida em programas geradores de trabalho e renda. Moradia é um direito humano, afirma o Tratado dos Direitos Econômicos e Sociais da Organização das Nações Unidas (ONU), ratificado pelo Brasil em 1992, ecomortal deve ser reconhecido, protegido e efetivado através de políticaspúblicasespecíficas” (PROJETO MORADIA, 2000, p. 12)
Algumas tentativas isoladas a fim de solucionar o problema habitacional no país merecem destaques, como a iniciativa do Distrito Federal, em 1906, com 105 unidades construídas (BONDUKI,1998). 19
Figura 1- Típico cortiço urbano Fonte: BONDUKI,NABIL, Origens da habitação social no Brasil,1998
A partir dos anos 30 a ideologia da casa própria se torna mais evidente, aplicando as primeiras tentativas de políticas habitacionais populares no país, com uma mudança no papel do Estado (MARICATO,1982). Visando tratar especificadamente dos problemas habitacionais, Vargas em seu governo cria em 1946 a Fundação da Casa Popular (FCP), uma das primeiras iniciativas com o intuito de minimizar os impactos das habitações irregulares no país. Essa fundação tinha a finalidade de projetar moradias populares conforme as condições locais, proporcionar condições de serviço e fiscalização dessas obras. Porém, esse primeiro modelo de implantação habitacional popular não vingou devido à má organização institucional, à falta de recursos financeiros ao apoio técnico industrial. [...] O Estado, como responsável pelo provimento de boa parte dos serviços urbanos, essenciais tanto às empresas como aos moradores, desempenha importante papel na determinação das demandas pelo uso de cada área específica do solo urbano [...] ( MARICATO,1982. p.34)
A FCP produziu 143 empreendimentos e 18.132 unidades de habitação em 18 anos, uma atuação bastante discreta comparado ao atual programa, Minha Casa Minha Vida (MCMV), que produziu 934,8 mil unidades habitacional sem três anos. (BONDUKI, 2002, p. 115). O Programa Minha Casa Minha Vida, implantado pelo
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governo do presidente Lula, em 2009, foi um dos muitos programas criados no decorrer do ano a fim de minimizar os impactos das habitações subnormais.
2.3 Déficit habitacional Segundo o Ministério das Cidades (2006), a população que contém renda entre 0 e 5 salários mínimos correspondem a 92% do déficit habitacional brasileiro, sendo 84% com faixa salarial entre 0 e 3 S.M (ver figura 2).
Figura 2- Déficit Habitacional Brasileiro- População x Renda Fonte: Ministério das Cidades (2006)
Segundo o Fiesp (2005), devido ao crescimento do déficit habitacional, torna- se evidente a necessidade da construção de novas habitações sociais e substituição das moradias em situações precárias. O conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às deficiências do estoque de moradias. Engloba aquelas sem condições de serem habitadas devido à precariedade das construções ou em virtude de desgaste da estrutura física. Elas devem ser repostas. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, devido à coabitação familiar forçada (famílias que pretendem constituir um domicilio unifamiliar), aos moradores de baixa renda sem condições de suportar o pagamento de aluguel e aos que vivem em casas e apartamentos alugados com grande densidade de pessoas. Inclui-se ainda nesta rubrica a moradia em imóveis e locais com fins não residenciais. O déficit habitacional pode ser entendido,
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portanto, como “déficit por reposição do estoque” e “déficit por incremento de estoque” (Secretaria Nacional de Habitação, 2009, p. 16).
De acordo com Sedrez (2004), esses números só destacam o porquê das ocupações irregulares, apresentando baixa qualidade nas habitações, falta de planejamento e desconsideração de questões sociais, culturais, ambientais. O gráfico abaixo ressalta que a parcela mais pobre da população é a que menos possui acesso à habitação própria no país.
Gráfico 2 - Distribuição do Déficit Habitacional Brasileiro por Renda Fonte: IBGE-PNAD,2007
Em relação às regiões do país, destacam-se a região sudeste e o nordeste onde grande parte da população não tem acesso a moradia e reside em locais inapropriados.
Gráfico 3- Distribuição do Déficit Habitacional Brasileiro por Região Fonte: IBGE-PNAD,2007
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Atualmente o país necessita de 7,9 milhões de novas habitações (FJP, 2006). Segundo Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o país deveria construir 400 mil novos imóveis por ano para começar a equacionar o déficit habitacional Brasileiro. Atualmente, países como o México e Chile já produzem cerca de 700 mil novas unidades por ano enquanto o Brasil produz 80 mil, tendo uma expectativa de 150 mil habitações por ano (CBI, 2007). Atualmente o país está revertendo estes números, visto que o programa MCMV produziu em média 300 mil habitações, que não priorizam o público de 0 à 3 salários mínimos, por ano entre 2009 e 2011 (www.caixa.gov.br). 2.3.1 Programa Minha Casa Minha Vida O governo do Presidente Lula foi marcado por suas políticas sociais e implantação de programas que teriam o objetivo de melhorar os padrões de vida das classes mais pobres. Seu primeiro mandato teve a implantação do Programa Fome Zero, mas o Programa Bolsa Família foi o que mais obteve destaque com o aumento sucessivo do salário mínimo (CONTE E SEVERIANO,2010). Lançado em 2009, o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) tem como meta a realização de moradias para a população de baixa renda, tendo a distribuição dessas habitações em regiões onde possuem maiores déficits de habitações, além de critérios como população e metas. Inicialmente o Governo disponibilizou 14 bilhões de reais para a construção dessas habitações, com pretensão de reduzir em 14% o déficit habitacional no país (www.caixa.gov.br), visando objetivos como:
Redução significativa do déficit habitacional brasileiro;
Favorecimento da regularização fundiária urbana;
Criação de uma fonte de demanda de capital e trabalho, como medida anticíclica frente aos impactos sofridos pelo país devido à crise mundial de 2008;
Aumento do investimento na construção civil.
O governo atual deu continuidade ao programa, e na sua segunda fase prevê um investimento de 125,7 bilhões de reais entre 2011 a 2014 com a construção de 2 23
milhões de habitações (www.caixa.gov.br). A nova fase do programa contou com algumas mudanças relevantes tais como:
Valor médio das moradias passou de R$ 42 mil para RS 55 mil;
Área construída de 35m² para 39m²;
Incluiu-se acessibilidade para idosos e deficientes para no mínimo de 3% das habitações;
Inserção de azulejos em todas as paredes das áreas molhadas e piso cerâmico nos cômodos com janelas e portas maiores;
Todas as casas contarão com energia solar para aquecimento de água. (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, CDES,2013)
Visando esses objetivos, nota-se que o programa tem foco em uma demanda rápida e com baixo custo. Stachera e Casagrande (2006) acrescentam que a construção civil tem uma grande importância para o País, com altos investimentos e consumo de recursos naturais e energéticos envolvidos para que a indústria funcione. O desenvolvimento sustentável ainda não é muito explorado em habitações populares, assim, a implantação do mesmo pode gerar não só benefícios para o meio ambiente, mas sim ao usuário e investidores, uma vez que o valor dos materiais supera a 50% do custo final do produto podendo assim, minimizar tais valores atribuindo a conceitos renováveis. (JOHN,2007) 2.3.2 O programa Mediante suas diferentes linhas de funcionamento, o PMCMV apresenta diferentes características para cada tipo de financiamento dadas a partir da renda, dadas através das faixas de renda familiar. O programa se faz de faixas de renda de até três salários mínimos, de três a seis salários mínimos e se seis a dez salários mínimos. As famílias que apresentam renda de até três salários mínimos apresentam benefícios como isenção de pagamento de seguro habitacional, de custos de cartório, liberação do financiamento com mais agilidade, além de obter um valor mínimo, de R$50,00 para as parcelas do financiamento. Com uma renda de três a seis salários mínimos, as taxas de juros podem ser reduzidas, 5% a.a. até 5salários 24
mínimos e 6% a.a. de 5 a 6 salários mínimos de renda, redução no valor do seguro, dispõem de recursos do FGTS em maior quantia, na compra de habitação ate R$130.000,00 e existência de subsídios do governo de R$17.000,00 para entrada do financiamento. Apresentando uma renda mais alta, as famílias de seis a dez salários mínimos têm 80% dos custos do cartório reduzidos, barateamento no preço do seguro habitacional e uso do FGTS para o pagamento da entrada do financiamento. Na tabela abaixo nota-se as contratações efetivas de acordo com a renda.
Tabela 1- Contratação efetiva por faixa de renda Renda
Quantidade
Valor de Financiamento
Subsídio FGTS
Subsídio OGU
Valor Total
Até 3 SM
113.289
4.370.855.153,80
1.925.936.260,46
805.274.038,28
7.102.065.452,54
Acima de 3 até 6 SM
154.955
9.689.542.614,69
2.168.425.836,74
722.808.612,25
7.102.065.452,54
Acima de 6 até 10 SM
13.321
999.577.000,04
0
0
999.577.000,04
Não informado
171
408.000,00
0
1.307.198,71
1.715.198,71
Total
281.736
15.060.382.768,53
4.094.362.097,21
1.529.389.849,24
20.684.134.714,97
Fonte: Superintendência da Caixa Econômica Federal (adaptada pela autora)
Assim, o programa apresenta diferentes vertentes mediante ao padrão de renda das famílias, como a utilização de recursos e benefícios a fim de facilitar a compra da habitação própria. Nota-se, então, que para as famílias de baixa renda, o programa se apresenta eficaz no interior, porém, nos grandes centros, as famílias de até seis salários mínimos são as mais beneficiadas. Isso se deve ao alto custo dos terrenos nas regiões metropolitanas, nas quais o preço dos imóveis e dos terrenos é elevado e dificultam a produção de unidades habitacionais entre R$ 50.000,00 e R$ 60.000,00, que são para as habitações de renda mais baixa, de até três salários mínimos. Desta forma, o PMCMV não apresentou resultados satisfatórios para as famílias de baixa renda, beneficiando principalmente a classe média. Isso acontece devido a dificuldade do governo em construir habitações populares de baixo custo onde o 25
déficit habitacional é alto, como nos grandes centros, baseadas nos altos custos e em conjunto, a falta de interesse das incorporadoras.
2.4 Crescimento das cidades e suas problemáticas Perante a Constituição é direito de todos terem acesso à moradia e à infraestrutura, mas o que se percebe é que ainda há problemas habitacionais. Em 2001, o Estatuto da Cidade (Lei n º 10.257/2001), é aprovado com o intuito de regulamentar os artigos da Constituição afim de garantir que os municípios criem políticas de desenvolvimento urbano visando o bem-estar da população e criando zonas especiais, nas quais merecem um olhar mais atencioso do governo. As moradias sociais devem ter objetivos não só focados ao baixo custo, mas visar a melhor qualidade de vida pra ao usuário e proteger o meio ambiente. “A crise da habitação desencadeada, principalmente, pela desigualdade social que dificulta, ou mesmo impede, a apropriação do espaço de forma equilibrada. A massa populacional excluída do acesso à moradia tem crescido e gerado tensões e conflitos nas cidades brasileiras” (BONDUKI, 2000).
Tento em vista essas condicionantes, percebemos que a melhor maneira de sanar as problemáticas das habitações é estabelecendo uma parceria entre governantes e sociedade nas quais resultem em propostas variáveis que obtenham baixo custo, qualidade satisfatória e que possam suprir as diferentes necessidades do usuário (ALMEIDA, SILVA, 2005). Para além da temática social, a relação do edifício com o meio-ambiente não pode ser ignorada. Hoje a construção civil é responsável pelo consumo de 40% a 75%de materiais primas e recebe o título de terceiro maior responsável pela emissão de gases do efeito estufa no Brasil (IDHEA, 2006) (ver gráfico 4). Neste sentido, a sustentabilidade junto com conceitos humanizadores vem com o intuito de estabelecer melhor habitabilidade ao usuário e gerar um conforto térmico com inserção de soluções construtivas ecologicamente corretas.
26
Gráfico 4- Consumo de Resíduos da Construção Civil Fonte: ANAB, 2006. Adaptada pelo autor
O país conta com 47,8% de cidades sem serviços básicos de esgoto, 20,2% somente dos municípios tratam seus esgotos, sendo ¾ deles jogados nos cursos d’água, sem nenhum tratamento (PNSB, 2002). Com esses dados nota-se a necessidade de buscar alternativas na construção de habitações sociais, com foco em estruturas básicas ainda não solucionadas como:
Localização das habitações em locais urbanos;
Proporcionar infraestrutura básica de assistência;
Visar necessidades e conforto do usuário.
Flexibilidade em relação as mudanças nas condições socioeconômicas.
Uma habitação social não se restringe apenas na construção de locais para morar, mas sim envolve o usuário e implica com questões sociais e culturais. Assim, o objetivo é a construção de habitações cada vez mais flexíveis e moldáveis a um grupo mais amplo de usuários, dando-os mais qualidade de vida e acesso a cidade (RODRIGUES, 2003).
27
28
3 ARQUITETURA E SUSTENTABILIDADE Para uma construção sustentável, faz se o uso de materiais e técnicas construtivas que visem o aproveitamento, conforto e a economia de recursos naturais, melhorando assim, a qualidade do ambiente para seus usuários. Para obtenção de uma habitação de qualidade, deve-se observar as necessidades em satisfazer e aproveitar condicionantes locais, valorizando o meio ambiente e o usuário. Levando em conta as mudanças socioeconômicas das famílias e a importância da concepção de um projeto, nota-se que a flexibilidade nas construções é uma solução plausível, visto que cada família apresenta suas necessidades nas quais se modificam de acordo com o tempo, e assim, a habitação deve acompanhar esse processo. Essa flexibilidade pode ser inserida juntamente com a sustentabilidade, oferecendo ao usuário uma habitação planejada, com métodos construtivos energeticamente eficientes e independentes.
Como iniciativa em obter-se habitações cada vez mais saudáveis e menos impactante, em 1972 ocorreu a Conferência das Nações Unidas onde a habitação foi um dos pilares que teve como objetivo discutir as temáticas sobre a preservação ambiental. Em 1992, a Agenda 21 foi idealizada com um comprometimento socioambiental que se firmou na RIO-92. A Agenda 21 estabelece mais de 2,5 mil recomendações práticas para implementação de estratégias para a reconstrução da qualidade de vida da sociedade a fim de delinear diretrizes a serem respeitadas por 180 países (ALMEIDA, 2003). Tais como:
Planejamento e gestão dos recursos naturais;
Agricultura sustentável;
Cidades sustentáveis;
Infra-estrutura e integração regional;
Redução das desigualdades sociais;
Ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável.
29
3.1 Desenvolvimento sustentável
Atualmente, o conceito de sustentabilidade tem se tornado uma necessidade mediante a realidade mundial. O desenvolvimento sustentável vai mais além do que a proteção do meio ambiente, implica a preocupação com o usuário, manutenção e melhorias da salubridade (BRUSECKE,1996). A construção civil é uma das maiores geradoras de resíduos, variando de 51 a 70% (OPAS 2002), visto que a maioria desses resíduos acaba em destinos incorretos como aterros sanitários causando enchentes, obstrução de vias e proliferação de doenças. Na figura 3pode-se perceber os principais resíduos descartados.
Figura 3- Caçambas de resíduos descartados Fonte: Ângulo (2005)
A partir do gráfico, nota-se que se faz necessário uma redução na geração de resíduos, e para isso, basta a realização de operações que sejam projetadas e planejadas visando a minimização de recursos ao longo do tempo, racionalizando e gerando eficiência econômica e ecológica. Uma construção sustentável é favorecida e restringida por fatores tais como um sistema de avaliação ambiental, feitos muitas vezes antes da concepção do projeto e um sistema de gestão ambiental. Esses 30
fatores devem ser auxiliares ás tomadas de decisão como escolha de materiais e componentes permitindo identificar suas vantagens, desvantagens e assim, gerando uma melhor aplicabilidade e maior eficiência. (JOHN et al., 2006). A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável - CBCS apresentam alguns princípios básicos para a geração de uma construção mais sustentável, entre estes destacam-se (AsBEA, 2000): • Aproveitar as condições naturais locais; • Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural; • Reduzir os impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de calor, sensação de bem-estar; • Promover qualidade ambiental interna e externa; • Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários; • Utilizar de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo; • Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos; • Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável; • Inserir a educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo. A partir desses princípios nota-se a importância de um planejamento e gestão da obra para obtenção de resultados satisfatórios, sendo funcional, durável e esteticamente agradável (MATEUS, R.; BRAGANÇA, L. 2006) As habitações sociais atualmente devem ser melhor planejadas tendo como princípio conceitos humanizadores e sustentáveis, afim de aprimorar questões técnicas, como conservação e utilizar-se de recursos renováveis. Deste modo, a minimização da geração dos resíduos nas edificações pode ser um início de sustentabilidade aplicada, tendo alternativas como escolha adequada do processo construtivo, observar as reais necessidades do usuário, implementação de um projeto compatibilizado obtendo impactos minimizados e planejados. Montes (2005) destaca que além dessas diretrizes, há métodos como o Leadership in Energy and Environmental design (LEED), um sistema que certifica e traz 31
conceitos sustentáveis a serem utilizados nos projetos considerando as seguintes temáticas: •
Entorno sustentável;
•
Recursos naturais;
•
Qualidade ambiental;
•
Características do projeto;
•
Aspectos sócio econômicos.
O World Resources (1992-1993) acrescenta que esse desenvolvimento sustentável requer um conjunto de intervenções e dimensões nos quais insere-se os aspectos tecnológicos (ver figura 4).
Figura 4- Dimensões sustentáveis Fonte: COLAÇO (2008)
Segundo COLAÇO (2008), a sustentabilidade é alcançada através da satisfação das necessidades do usuário preservando os recursos naturais, e ao mesmo tempo
32
visando qualidade de vida. Muitas vezes esse objetivo é desconsiderando em habitações de caráter social. Araújo (2006) apud Schmidt (2009), ainda complementa que uma edificação deve adaptar-se as necessidades de uso, produção e consumo, com foco em questões como: •
Promoção da eficiência energética: racionalização no uso de energia pública
e se possível aproveitar as fontes de energia renováveis, como eólica e solar, e o emprego de dispositivos para conservação de energia; •
Gestão e economia da água: aplicação de sistemas e tecnologias que
permitam redução no consumo da água, sistemas de reuso e recirculação e aproveitamento da água na habitação para fins não-potáveis e potáveis, dependendo do tratamento aplicado e da região estudada; •
Utilização de eco-produtos e tecnologias sustentáveis para todas as etapas
da obra; •
Redução ou não utilização de: materiais condenados pela construção
sustentável. A importância de uma boa execução e planejamento antes de qualquer intervenção pode minimizar impactos e gerações de resíduos. Juntamente com esses fatores a inserção da tecnologia como aliada a sustentabilidade torna-se bastante eficaz, adequando-se a critérios funcionais, formais e de conforto. A tecnologia se insere de modo a minimizar esses impactos através de painéis solares, reaproveito de água, posicionamento correto da edificação a aproveitar a ventilação e insolação natural e inserção de materiais flexíveis. Segundo Schmitd (2009), existem alguns princípios nos quais norteiam um projeto, tais: • Avaliação do impacto sobre o meio, buscando evitar danos ao meio ambiente; • Implantação e análise do entorno; • Seleção de materiais atóxicos, recicláveis e reutilizáveis; • Redução de resíduos; • Valorização da tecnologia nas edificações para otimizar o uso; 33
• Promoção da eficiência energética com ênfase em fontes alternativas; • Redução do consumo de água; • Promoção da qualidade ambiental interna; A introdução progressiva da sustentabilidade e sua integração ainda na fase de projeto ressaltarão as possíveis interferências projetuais nas quais poderão ser identificadas e minimizadas com corretas tomadas de decisão. A escolha de materiais e técnicas construtivas sustentáveis poderá ser organizada de acordo com sua aplicação, no caso de habitações populares, o processo se inicia bem antes da fase de projeto.
3.2 Normas de desempenho Recentemente, a associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), definiu novos padrões para NBR 15.575 estabelecendo requisitos e critérios técnicos para a construção de imóveis. As normas de desempenho surgiram a fim de se criar uma referência para melhor avaliar os sistemas construtivos tendo como foco o usuário final. A norma tem o intuito de definir propriedades, estabelecer parâmetros e técnicas construtivas além de conceitos nos quais atendam às necessidades como habitalidade e conforto do usuário final. É um normativo complementar relacionado ao sistema construtivo da edificação em relação aos sistemas:
Estruturais;
Piso;
Vedações;
Coberturas;
Instalações.
De acordo com o sistema a ser empregado, seus índices de desempenho e qualidade se modificam, levando sempre em conta as exigências em relação a habitalidade, segurança e conforto do usuário. Esse tipo de normativo torna-se importante para o usuário visto que ao estabelecer padrões de desempenho, qualitativos e em relação a durabilidade, garantem ao mesmo o recebimento a 34
garantia de um empreendimento que satisfaça a suas necessidades e deem confiança em relação a uma edificação de qualidade, o usuário passa a ser o centro para implantação de uma edificação de qualidade (SOUZA, 2012). Com as edificações de interesse social não é diferente. Estudar as necessidades do usuário e o melhor posicionamento em relação às condicionantes naturais, serão o ponto de partida para aplicação de técnicas, como exemplo, flexibilidade em materiais, inserção de aproveitamento de águas pluviais, captação de energia solar, cobertura verde e escolha de acabamentos. A flexibilidade reflete o conceito da habitação evolutiva que pode ser moldada, de forma pré-determinada, a se ampliar conforme as necessidades do usuário, bem como implantar sua personalidade, sendo um diferencial para a nova política habitacional no País. Assim, para aplicação desses conceitos, a tecnologia e planejamento tornam-se essenciais para uma política habitacional positiva no país, na qual atualmente não são satisfatórias.
35
36
4 APLICAÇÃO DE CONCEITOS Juntamente com a tecnologia e a sustentabilidade, a construção civil vem tentando melhorar e facilitar o acesso da população de baixa renda as moradias. A produção em massa surge com o objetivo não só de suprir as necessidades da demanda habitacional, mas também gerar empregos e expandir o setor da construção no país. (FARAH,1998). O desafio maior é propor edificações satisfatórias não só o investidor e sim o usuário, desta forma, a construção civil vem tentando empregar conceitos de sustentabilidade e modelamento individual de habitações. De acordo com Galfetti (1997) as habitações atuais caracterizam-se por uma modularidade, um padrão, no qual negligencia a diversidade brasileira e o dinamismo das sociedades. Desta forma, o objetivo é implementar habitações flexíveis e dinâmicas, nas quais se adequem a qualquer família, visto que cada uma apresenta necessidades especificas.
4.1 Customização e modulação das habitações sociais O termo “customização em massa” refere-se a uma estratégia em que grande número de consumidores recebe um tratamento individualizado. Segundo Piller (2003), esse termo pode ser empregado não só no processo industrial, e sim como um todo, no caso, até na construção de edificações.
37
Figura 5- Projeto XIV- Programa Habitare- MT (alternativas de crescimento da habitação) Fonte: Rodrigues e Brandão (2005)
Assim, o objetivo é implementar essa estratégia na construção de habitações sociais atendendo às reais demandas da população de baixa renda. Segundo Roy,Brown e Gaze (2003), países como Estados Unidos e Japão já estão implementando essa estratégia com ajuda de ambientes flexíveis e uso de tecnologias como a utilização de estruturas metálicas e de madeira. O desafio na geração de uma habitação de qualidade no Brasil obtém prioridades em atender as condicionantes propostas pelo setor público e privado na qual muitas vezes apresentam divergências (WERNA et al., 2001). Alguns investidores alegam que a implantação da customização em habitações sociais se torna inviável, visto que acarreta um aumento de custo, o que não se torna vantajoso já que os empreendimentos devem atingir um preço de venda prédefinido. Desta forma, o desafio é gerar uma customização pré-determinada, com modelos diversificados, atendendo as necessidades dos usuários sem aumento de custo, criando assim, edificações flexíveis e em módulos. Atualmente existem quatro maneiras de customização segundo Gilmore e Pine (1997):
Transparente: geração de produtos personalizados; Colaborativa: busca soluções juntamente com o consumidor final; Cosmética: criação de um produto no qual satisfaça a todos Adaptativa: criação de um produto padrão que possa ser modificado. 38
Segundo os autores, a customização transparente se dá quando o cliente escolhe características do bem ou serviço dentre outras opções. A customização colaborativa é quando há uma união e ente o usuário e o projetista, analisando suas necessidades e gerando uma customização total e individual. Visando o exterior, a customização estética interfere somente nas características externas da edificação como modificação de matérias e cores de acordo com sua identidade. Adaptativa é quando o usuário escolhe como utilizar este produto, podem ser personalizados posteriormente. O intuito é estabelecer critérios projetuais com soluções racionais que tragam qualidade nas habitações rompendo paradigmas como casas populares marcadas pela simplicidade. Dar ao usuário a opção de modificar, personalizar sua habitação, traz ao mesmo uma identidade única, visto que o objetivo é empregar um novo modelo de habitação social, no qual seja sustentável, com decisões desde e a concepção do projeto para melhor aproveitar as condicionantes naturais e, ser flexível, com habitações evolutivas que se adeque ao futuro usuário. Segundo Mascaró (1976), uma construção modular nada mais é do que a simplificação e a inter-relação de elementos construtivos que necessitam de mínimas modificações ou ajustes. As edificações modulares são baseadas em medidas predefinidas, o autor supracitado acrescenta que o sistema deve apresentar:
Medidas funcionais e de elementos típicos; Obter uma combinação de medidas múltiplas ou submúltiplas do modulo; Obter sistemas de ajustes.
4.2 Materiais e técnicas construtivas
Nos dias atuais, a tecnologia vem com o intuito de agregar as soluções projetuais dando-as uma melhor qualidade, rapidez e eficácia na concepção de um projeto. Assim, para a implantação de um projeto de habitação social deve se levar em conta a viabilidade econômica, a sustentabilidade ambiental, urbanidade e acessibilidade. Boa parte da sustentabilidade presente é alcançada através de decisões de projeto a partir de uma correta interpretação climática do local e pela especificação de materiais e técnicas construtivas.
39
Com essas decisões, a concepção de uma habitação eficiente deve potencializar as características de cada região e suprir as necessidades individuais de cada usuário. Araújo (2007) acrescenta que os materiais ecológicos são tudo que remete a algum benefício ao meio ambiente e a saúde no qual contribui para o desenvolvimento de uma edificação mais econômica e sustentável. Cada profissional deve proporcionar e tirar partido dessas condicionantes naturais e aplica-las no espaço, assim, um projeto ideal deve gerar recursos que garantam uma sustentabilidade social, contendo espaços livres nas unidades, com ambientes salubres nos quais favoreçam a interação entre os usuários criando assim, uma maior identidade. Medidas sustentáveis podem ser geradas apenas com decisões projetuais, tais como o posicionamento adequado da edificação em relação ao terreno garante-se iluminação e ventilação natural na maior parte do tempo minimizando os gastos com energia elétrica, por exemplo. A ampliação de vão como portas e janelas além da obtenção de iluminação e ventilação natural garante uma integração entre os espaços internos e externos (ver figura 6).
Figura 6- Exemplo de soluções projetuais eficazes para o aproveitamento de condicionantes naturais Fonte: Cobogó- Laboratório de Arquitetura (2013)
Como as habitações sociais são vinculadas aos órgãos públicos ou privados, a questão da sustentabilidade econômica vem com a inserção de sistemas construtivos com baixo custo e que minimizem as manutenções futuras. Atualmente,
40
métodos como reuso de água, aquecimento solar, geração de ambientes flexíveis e mutáveis são sistemas viáveis que garantam uma sustentabilidade econômica. 4.2.1 Envoltória Segundo Barros (1998) a utilização de alvenarias convencionais representam de 3 a 6% do custo da obra. O aumento e rapidez de produtividade, redução na espessura das alvenarias e minimização de resíduos são características a serem buscadas na escolha de um material. O uso de tijolos de solo cimento pode ser uma alternativa visto que contém uma pequena quantidade de cimento em sua composição e não utiliza queima para sua produção, pois é prensado. Além disso, é uma alvenaria modular, com saliências permitindo um ótimo encaixe e agilidade, os furos presentes no material permitem a passagem de dutos para instalações elétrica e hidráulica. Porém, este método construtivo requer o uso de uma mão de obra mais qualificada ( ver figura 7).
Figura 7- Preenchimento de furos com concreto e aço formando pequenos pilaretes. Fonte: www.bioestrutura.com.br (acesso em 28/09/2013)
41
O interesse em alternativas mais flexíveis é evidente, a busca por uma racionalização de todos os sistemas da edificação com subsistemas flexíveis, baixo custo e mais limpo, é hoje inadiável (SILVA, 2004, p. 10). A parede de Drywall, por exemplo, é um sistema que chegou há 20 anos no país e vem modificando o conceito de alvenaria de vedação e o processo construtivo, tornando-o mais limpo, rápido e econômico. É um sistema industrializado de paredes internas compostas de uma estrutura de chapas de aço e chapas de gesso acartonado (SABBATINI,1998). “Um tipo de vedação vertical utilizada na compartimentação e separação de espaços internos em edificações, leve, estruturada, fixa ou desmontável, geralmente monolítica, de montagem por acoplamento mecânico e construído por uma estrutura de perfis metálicos ou de madeira e fechamento de chapas de gesso acartonado.” ( SABBATINI,1988)
É um material flexível podendo ampliar ou reduzir um ambiente com maior facilidade, diferentemente da alvenaria convencional. Outra vantagem desse tipo de instalação é a passagem de instalações, que ficam embutidas dentro da alvenaria sendo rapidamente reconstruída. Seus acabamentos são semelhantes aos da alvenaria convencional, podendo aplicar-se pintura, textura, cerâmicas, papeis de parede entre outros. Apesar de inúmeras vantagens, esse sistema requer mão de obra especializada para sua aplicação, com componentes de instalação adequados para o sistema.
Figura 8- Paredes drywall 42
Fonte: Portal Drywall
Outra alternativa envolvendo a parte externa da edificação é o telhado verde (ver figura 9), que além de ser ecologicamente correto, transmite beleza e eficiência térmica. Essas coberturas podem ser acessíveis ou inacessíveis, sendo efetuadas sobre telhados ou lajes. De acordo com Spangenberg (2004), esse tipo de alternativa torna-se eficiente na redução significativa da temperatura das coberturas, trazendo conforto térmico com consequente diminuição do uso do ar condicionado e redução do consumo de energia pelos moradores.
Figura 9- Ecotelhado Fonte: http://www.ecotelhado.com.br
O uso desse tipo de cobertura em residências ainda é pouco difundido, porém se estabelecida como partido desde a concepção do projeto pode ser considerada uma medida sustentável eficaz reduzindo, em sua maioria, a necessidade de aparelhos de refrigeração. 4.2.2 Reuso de água Apesar de possuir uma das maiores bacias hídricas do mundo, o pais não apresenta uma distribuição igualitária, visto que 7% da população possui acesso a 68% da água do país. Problemas como poluição e desmatamento agravam essa situação. Segundo Santos (2002), a Agenda 21 adota medidas para a sustentabilidade dos recursos hídricos como a geração e alternativas para o abastecimento de água e minimização do desperdício, aproveitamento de águas residuais e reciclagem da 43
água. Muitos estudos estão sendo desenvolvidos a fim de identificar os usos finais da água, no País notou-se que o maior consumo de água nas residências são os chuveiros e as bacias sanitárias.
Gráfico 5- Consumo de água em residências no Brasil Fonte: Hafner (2007)
Afim de minimizar os impactos gerados pelo desperdício de agua, propõem-se a reutilização dos efluentes domésticos, implantando sistemas gerando um menor consumo, melhor desempenho e menor influência do usuário na busca pela economia de água. A tecnologia vem em conjunto na fabricação de novos modelos de bacias sanitárias, torneiras, chuveiros e outros componentes nos quais reduzem esse consumo.As bacias sanitárias, por exemplo, podem ser adaptadas a vários sistemas de descarga, como caixa acoplada ou utilização de válvulas de descarga duplas (ver tabela 2).
44
Tabela 2- Comparação entre produtos convencionais e economizadores de água
Fonte: Relatório Mensal 3 Projeto de Pesquisa Escola Politécnica/ USPxSABESP- Junho/96 e informações técnicas da ASFAMAS.
Vigginiano (2005) acrescenta que as águas cinza, que são águas que já foram utilizadas em chuveiros, banheira, lavatórios e maquinas de lavar, por exemplo, podem ser utilizadas para irrigação ou em descargas de bacias sanitárias. “Reuso de água é o aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou mais vezes, em alguma atividade humana, para suprir as necessidades de
outros
usos
benéficos,
inclusive
o
original.
Pode
ser
direto
ouindireto,bem como decorrer de ações planejadas ou não planejadas”. (LAVRADOR FILHO, 1987) 45
Gonçalves (2005) acrescenta que a coleta e o aproveitamento de água da chuva causam uma redução no escoamento superficial da água e diminuição na coleta de águas pluviais.
Figura 10- Reaproveitamento de agua da chuva Fonte: radames.manosso.nom.br/ambiental
4.2.3 Aquecimento solar De forma abundante, a energia solar é renovável, permanente e não poluente, um sistema ideal para adoção de geração de energia e aquecimento de água em pequenas escalas. O aquecimento solar pode ser para aquecimento de água ou como fonte elétrica, a utilização da mesma consiste na sua captação, armazenamento e utilização. As formas mais utilizadas de captação através de placas fotovoltaicas de energia elétrica e de placas térmicas para o aquecimento de água. O coletor solar é um dispositivo responsável pela captação da energia solar e transformação em calor utilizável (CARDOSO, 2008) (ver figura 11).
46
Figura 11- Sistema solar de aquecimento de água Fonte: GREEM, M.A
A maior vantagem desse sistema é que não polui o meio ambiente e não necessita de grandes manutenções, suas desvantagens restringem a utilização do mesmo em regiões que haja muita variação de incidência solar. 4.2.4 Iluminação e ventilação natural A iluminação e a ventilação de uma edificação variam de acordo com a sua necessidade de trabalho. O posicionamento adequado da edificação é ideal para a captação da ventilação e iluminação natural, através dele podem-se fazer decisões como aberturas de portas e janelas de forma adequadas a melhor captação da mesma. A ventilação natural pode ser privilegiada através da colocação de aberturas de forma a aproveitar os ventos dominantes do local, medidas como pé direito mais alto e posicionamento estratégico dos ambientes, relação do espaço interno e externo, aberturas de portas e janelas podem ser soluções projetuais eficazes em edificações de interesse social, nas quais não acarreta custo, somente uma decisão projetual correta. A valorização desse sistema pode reduzir o consumo energético e proporcionar
através
do
mesmo
ambiente
mais
salubres
e
confortáveis,
Lambertsetal, (1997) acrescenta que a presença de vegetação e o perfil topográfico podem canalizar os ventos dominantes (ver figura 12).
47
Figura 12- Posicionamento de aberturas de forma adequada Fonte: CB-02 (1998)
O efeito chaminé (ver figura 13) oriundo de aberturas mais altas pode ser uma alternativa para as habitações sociais, permitindo a saída do ar quente e a renovação do ar, além disso, esse mecanismo causa uma iluminação zenital no ambiente (TOLEDO, 1999).
Figura 13- Efeito Chaminé Fonte: www.arcoweb.com.br
48
49
5 ESTUDO DE CASO A partir de conceitos e soluções apresentadas para a geração de habitações sociais humanizadas e sustentáveis, serão apresentados estudos de casos que servirão de referência para a elaboração da mesma conforme o objetivo proposto no trabalho. Assim, o estudo de caso demonstra situações de habitações em que o usuário possui melhor conforto e priorizam suas necessidades e mutações de acordo com o tempo. O primeiro estudo de caso refere-se a um Concurso Público Nacional de Arquitetura para Novas Tipologias de Habitação de Interesse Social, no qual o projeto do escritório 24.7 foi o vencedor com a implantação de casas térreas em Botucatu- SP, compactas e com espaços livres previstos para absorver futuras ampliações. As edificações são compostas de dois blocos lineares que são interligados a um terceiro bloco que se diferencia de acordo com a necessidade do usuário. Além disso, o projeto apresenta decisões projetuais sustentáveis como abertura a fim de priorizar iluminação e ventilação natural, uso de cobertura reflexiva, telhado verde, energia limpa, acessibilidade e escolha de materiais bioclimáticos.
Figura 14- Implantação projeto de habitação proposto pelo escritório 24.7 Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
50
O segundo estudo de caso implica em uma habitação social no Chile, onde o conforto, segurança e habitalidade foram os pontos cruciais para a construção do Elemental Quint aMonroy, uma habitação flexível, na qual o usuário pode relatar sua identidade com aplicação de cores, texturas e matérias de sua preferência além de ampliações ordenadas a fim de suprir as mudanças socioeconômicas das famílias.
Figura 15- Implantação Elemental- Chile Fonte: http://www.archdaily.com.br
5.1 Estudo de caso 24.7 Arquitetura Design
O objetivo do projeto era habitação para todos, contemplando a sustentabilidade e acessibilidade universal. Com o desafio de obter um projeto com soluções plausíveis, de fácil execução e que gerem habitações não convencionais, baseadas no fator econômico e social.
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Figura 16- Layout habitação Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
O escritório 24.7 inovou e tentou romper a visão de habitações sociais no país nas quais priorizam uma rápida execução sem a garantia da qualidade do produto final. O projeto privilegia sua caracterização única de acordo com o gosto do usuário, com espaços públicos e privados interligados e anexados nos centros urbanos, o que em sua maioria não acontece nos projetos sociais que se inserem em vazios urbanos centrais.
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Figura 17-Habitação de Interesse Social Sustentável- 24.7 Arquitetura Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
Os arquitetos a fim de proporcionar um melhor resultado, realizaram reuniões com os futuros moradores que relataram suas principais carências e necessidades, sendo responsáveis por alguns ajustes no projeto em relação a melhor concepção e conexão entre os espaços internos e externos da habitação. 5.1.1 Modularidade A idéia inicial era de uma edificação compacta na qual atendesse os diferentes usuários e não perdesse sua identidade, tento um formato não usual para habitações sociais, com uma fachada diferenciada podendo ser alterada pelo usuário. Sua separação por blocos consistia em um modulo para os dormitórios e banheiro e um para cozinha e lavanderia, em caso de expansão, um terceiro bloco seria feito a fim de gerar uma ligação entre os outros blocos.
“A concepção inicial das residências partiu de uma modulação simples de 0,90m. Essa idéia surgiu a partir de um estudo sobre um denominador comum que pudesse atender tanto as necessidades construtivas como as 53
necessidades
básicas
de
acessibilidade.
O
módulo
de
0,90m
é
perfeitamente usado quando se utiliza blocos estruturais da família 29, além disso, a modulação de 0,90m permite ao cadeirante um deslocamento ideal dentro da residência” ( ArchDaily, 2013)
Figura 18- Módulo de 0,90m Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
Essa modularidade permite aos usuários a criação de diferentes layouts e divisões internas de acordo com suas necessidades, o projeto foi pensado para obter dois ou três dormitórios e a expansão posterior se for o necessário. Além disso, a edificação apresenta acessibilidade a fim de estabelecer uma inclusão social.
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Figura 19- Diferentes layouts Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
Figura 20 - Acessibilidade plena nas edificações Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
O escritório 24.7 procurou priorizar a qualidade do espaço habitado, no qual o mesmo julga como parte primordial na concepção do projeto onde o bem estar do usuário e sua identidade são traduzidas.
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Figura 21- Diagrama de usos em módulos Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
5.1.2 Sustentabilidade aplicada Desde a concepção inicial do projeto, o quesito sustentabilidade aliado ao baixo custo chama a atenção. O conceito bioclimático foi um tema a ser idealizado, onde foram feitas analises de clima na região a fim de se obter informações precisas de variação de umidade, ventos dominantes e insolação, nas quais se tornaram primordiais para a melhor concepção e locação das edificações no terreno. O item sustentabilidade veio sendo aplicado desde a fundação da edificação, que conta com lajes radie, contendo uma melhor adaptação no solo com estruturas de blocos de concreto autoportantes nas quais dispensam o uso de vigas e pilares, favorecendo assim, uma modulação de projeto. As esquadrias serão de ferro ou alumínio e foram pensadas a fim de favorecer a ventilação e iluminação natural, com tamanhos pré-determinados para atingir metas de ventilação e sombreamento.
Figura 22- Esquema de ventilação natural Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
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Figura 23- Esquema de captação de insolação Fonte: http://www.247arquitetura.com.br
A edificação apresenta sua modulação entre cheios e vazios, onde o arquiteto tirou partido dessa composição, proporcionando uma ventilação cruzada dentro da habitação. Na cobertura, procurou-se trabalhar com diferentes materiais e níveis a fim de garantir o melhor aproveitamento das condicionantes naturais no local. Uma cobertura flexível foi instalada com telhas termo acústica pintadas de branco afim de refletir a luz solar proporcionando um melhor conforto térmico local.
Figura 24- Cobertura verde Fonte: http://www.247arquitetura.com.br 57
O telhado verde foi instalado em cima de uma laje impermeabilizada e pode ser visitável, sendo utilizada para plantação de flores, hortaliças e vegetações de pequeno porte ou área de descanso, além disso, coletores solares serão aplicados na cobertura para o aquecimento de água.
Figura 25- Esquema sustentável Fonte: http://casa.abril.com.br/materia/projeto-de-53-m2-sustentavel-e-economico-venceconcurso-da-chdu
1. Aberturas: revestimento vazado, valorizando a passagem de ventilação natural pela edificação. 2. Cobertura reflexiva: telhas termo acústicas brancas, afim de refletir a radiação solar e assim, reduzir o calor dentro da edificação. 3. Telhado verde: cobertura vegetal que poderá comportar uma horta para consumo próprio. 4. Energia limpa: coletores solares voltados para o norte, que a água do chuveiro. 5. Fundações: serão do tipo laje radier, que se adapta a solos firmes. 6. Estrutura: composta de blocos de concreto autoportantes, dispensará pilares e vigas. 7. Acabamentos: o piso exibirá placas cerâmicas de 30 x 30 cm. Como o sistema é modular, não haverá necessidade de cortá-las, reduzindo o desperdício. Nas 58
paredes, os arquitetos optaram por pintura mineral, à base de cal ou silicato de potássio. 8. Esquadrias: fabricadas sob medida usando-se ferro ou alumínio com pintura eletrostática. Assim, este estudo de caso demonstra que as habitações sociais atuais não se estruturam somente no baixo custo final da obra e sim da inserção do mesmo em um plano já urbanizado e visa, acima de tudo, o bem estar e satisfação do usuário.
5.2 Estudo de caso Elemental Quinta Monroy- Chile Ao se projetar qualquer habitação social, devem-se priorizar questões como o espaço, conforto, segurança e acima de tudo deve ser adaptável. Com o Elemental não foi diferente, a questão de habitabilidade foi o foco na execução do projeto, onde uma habitação deve se adaptar em conformidade com as mudanças do usuário (BAHAMON, 2008). Diferentemente de algumas habitações, este estudo de caso obtém fins lucrativos, sendo uma parceria entre uma empresa chilena de petróleo, a COPEC e a Universidade Católica do Chile. Concluída em 2001, o projeto teve por finalidade criar habitações para 93 famílias nas quais estavam em habitações sem condições de habitalidade, localizada no centro de Iquique, o Elemental Quinta Monroy apresentou um projeto inovador, fazendo um uso mais eficiente com a inserção da construção e ampliação em módulos.
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Figura 26- Habitações Elemental Quinta Monroy Fonte: http://www.archdaily.com.br
5.2.1 Arquitetura eficiente Baseados por um programa do Ministério da Habitação, denominado por Habitação Social Dinâmica sem Dívida, a mesma teve o objetivo de lidar com o alto custo do terreno para uma habitação social, visto que o mesmo deveria inserir-se em uma área já urbanizada, para que os usuários não se sentissem novamente em uma área de periferia, marginalizada.
Figura 27- Estudo de implantação da habitação no terreno Fonte: http://www.archdaily.com.br
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Desenvolvendo uma tipologia na qual se aproveitasse a maior parte do terreno, devido ao seu alto custo, os proprietários tinham como desafio transformar uma habitação social em um edifício no qual pudesse ampliar horizontalmente de acordo com as necessidades do usuário (BAHAMON, 2008).
Figura 28- Diagrama de ampliaçao Fonte: http://www.archdaily.com.br
Inseridas no centro da cidade, as habitações já apresentam suporte às estruturas básicas como acesso a saúde, educação, transporte público, além da introdução de áreas de lazer. Com esses investimentos, as famílias têm a oportunidade não só de obter uma habitação mais salubre como também, através de futuras intervenções, dar suporte as atividades que possam complementar a renda familiar. As habitações são divididas em 3 módulos de 3x6m, sendo que as casas apresentam uma saída para um pátio interno, sendo possível uma ampliação para ambos os lados da edificação.
Figura 29- Planta baixa- Ampliação Fonte: http://www.archdaily.com.br 61
As aplicações podem modificar de acordo com o gosto do usuário, assim, as habitações são entregues sem revestimentos, a fim que o usuário possa inserir sua identidade, na parte interna como na parte externa, obtendo espaços com tamanhos diferenciados, layouts, materiais e acabamentos.
Figura 30- Habitações modificadas Fonte: Bahamón (2008)
Figura 31- Habitações modificadas Fonte: http://www.archdaily.com.br 62
Assim, a Quinta Monroy é um modelo de habitação evolutiva na qual considera a flexibilidade arquitetônica como tipologia principal, possibilitando ao projeto uma adaptação facilitada, adequada e harmoniosa. Desta maneira, permite que o usuário altere os usos dentro dela, modificando suas funções, tamanhos e implantando sua identidade.
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6 ESTUDO DO TERRENO Com o objetivo de introduzir um novo modelo de habitação social na qual tenha o usuário como foco propõe-se a elaboração de um estudo preliminar com a implantação moradias em um terreno localizado na Grande Terra Vermelha- ES. Mediante apresentação desse novo modelo de habitação social, cujo intuito é a implantação de uma edificação sustentável e evolutiva, busca-se partir desses preceitos um local no qual atenda às necessidades do usuário e que não seja isolado do meio urbano, a fim de não gerar novos subúrbios. O aglomerado da Grande Terra Vermelha (GTV), que apresenta 43.467 habitantes (Censo, 2010), localizado em Vila Velha torna-se um local adequado para implantação de uma habitação social, visto que a região está em crescimento e apresenta interesse governamental para subsidiar investimentos públicos na mesma.
Figura 32- Grande Terra Vermelha Fonte: Google Maps
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6.1 Sobre a região Com um significativo crescimento populacional no Município de Vila Velha em 1990, oriundo da produção cafeeira, na qual se utilizava de mão de obra familiar ou de emigrantes, um grande número de famílias veio para o estado a procura de melhores condições de vida, desencadeando um fluxo migratório de pessoas para os Municípios da Grande Vitória, formando assim, os primeiros loteamentos. Situada entre as principais cidades da região, e as margens de uma das rodovias mais movimentadas, a Rodovia do Sol, a Região de Terra Vermelha é uma região de planície, as margens da rodovia e com córregos onde começaram as primeiras habitações no local (ZANOTELLI, 2004).
Figura 33- Localização da Região de Terra Vermelha Fonte: ZANOTELLI, 2004
Tendo seu início em 1988, as primeiras ocupações da região foram às margens do Rio Marinho, formando assim, as primeiras habitações marginalizadas, sem estrutura adequada. Não diferente das demais, a região apresenta vários assentamentos precários e com uma população de baixa renda. Com base no Censo de 2010, a região ultrapassa 43 mil habitantes, estando localizada na Região Administrativa 5 de Vila Velha/ES envolvendo 15 (quinze) bairros: Residencial Jabaeté; Terra Vermelha; Barramares; João Goulart; Morada da 66
Barra; Ulisses Guimarães; São Conrado; Riviera da Barra; Normilia da Cunha; Cidade da Barra; Vinte e Três de Maio; Pontal da Barra; Mangal; Lagoa do Jabaeté e Retiro do Congo (MATTOS, 2008), a Região de Terra Vermelha é bastante carente, visto que se torna dependente de subsídios do governo para implantação de melhorias como pavimentação de vias, drenagens e saneamento básico. Além disso, a região apresenta parâmetros urbanísticos na Zeis, com uma área fragmentada e pouco visada para investimentos. Com o intuito de gerar uma habitação mais acessível e satisfatória a um número maior de habitantes, quesitos evolutivos e sustentáveis serão utilizados para esse novo conceito de habitação social em Terra Vermelha.
6.2 Introdução das habitações sociais na região Os loteamentos na região se deram em virtude da procura dos moradores que buscavam suas casas próprias e começaram a construir desordenadamente com ausência de loteamento, vias e infraestrutura definida. Com os primeiros investimentos em 1990, as habitações sociais na região surgem com a implantação do bairro Residencial Jabaeté (ver figura 34), oriundo de 15 movimentos sociais nos quais lutavam pelo interesse da população que viviam em áreas de risco, as margens de córregos na região. Atualmente a região recebe investimentos do governo de Vila Velha com implantação de estruturas urbanas, tratamento de esgoto, escolas, áreas públicas e etc.
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Figura 34- 400 habitações em Jabaeté Fonte: Informativo Vila Velha, 2012
Com um investimento de quase R$ 13,5 milhões, o Residencial Jabaeté teve parceria com o Ministério da Integração Nacional e a partir da implantação do mesmo, obras de drenagem e pavimentação foram executadas a fim de dar suporte a região e aos novos moradores.
Figura 35- Recuperação de vias com serviços de drenagem e pavimentação Fonte: Informativo Vila Velha, 2012
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Assim, podemos perceber que a região está em grande expansão e, diferentemente do início de sua habitação, ela recebe investimentos para suprir as necessidades dos moradores na região. São obras com convênios entre o Governo do Espírito Santo e a Prefeitura de Vila Velha por meio de Secretarias de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento urbano.
6.3 Área de intervenção A área de intervenção escolhida, em amarelo, encontra-se em uma área já urbanizada, próxima a outras habitações existentes. O terreno escolhido para aplicação do novo modelo de habitação contém 22.279 m² e está em uma das vias mais movimentadas da região, a Av. Brasil, que dá acesso à Rodovia.
Figura 36-Local de inserção do novo modelo de habitação social. Fonte: maps.google.com.br adaptado pela autora
Circundado por 4 ruas, Avenida Brasil (Verde), Rua Mário de Andrade (Azul ), Rua C ( Roxo) e Avenida I ( Laranja), o terreno ( Amarelo), encontra-se bem localizado na região, próximo a supermercados, bares, escolas e uma grande área de lazer implantada no bairro (Rosa) ( ver figura 37).
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Figura 37- Praça com área de lazer. Fonte: maps.google.com.br
A Avenida Brasil, em verde, é uma via importante na região, que capta e distribui a circulação de veículos do bairro. É uma via de mão dupla, que possui calçamento, canteiro central, rede pública de iluminação e esgoto (ver figura 38).
Figura 38- Avenida Brasil- Principal via de acesso ao terreno. Fonte: maps.google.com.br
A escolha do terreno foi feita através de análises técnicas do terreno referentes à sua insolação, ventilação, vias e infraestrutura local, no intuito de aplicar às habitações em locais já urbanizados e que dêem suporte às futuras famílias. Essas analises servem de diretrizes para a concepção do projeto, visto que são 70
determinantes para um posicionamento correto da edificação no terreno, bem como para melhor aproveitamento das condicionantes naturais.
Figura 39- Orientação solar e de ventos dominantes (nordeste). Fonte: maps.google.com.br adaptado pela autora
Para implantação das habitações foi proposto um parcelamento do solo, com loteamentos a fim de demarcar a área destinada às casas, vias e áreas e uso coletivo. As casas deverão ser propostas de forma a democratizar e implantar uma construção de qualidade aos menos favorecidos, dando a eles espaço para futuras expansões, acessibilidade, qualidade ambiental, individualidade e sustentáveis. As vias serão planejadas de forma a garantir a fluidez da circulação viária local, com entrada e saída de veículos em vias distintas minimizando interferência no tráfego e gerando maior aproveitamento dos lotes para aplicação das habitações. As áreas sem edificações serão destinadas a um espaço coletivo para aplicação de áreas de lazer, jardins e áreas de estacionamentos.
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Figura 40- Proposta de parcelamento do solo. Fonte: maps.google.com.br adaptado pela autora
No mapa acima, pode-se observar as áreas em verde, que serão destinadas ás áreas de uso público (convívio e lazer), as áreas em azul as habitações e em vermelho, as vias locais circundantes ao terreno. Desta forma, o projeto inicial é a aplicação de um novo conceito de arquitetura social implantado na Região de Terra Vermelha com o intuito de atender os diferentes tipos de usuário mostrando que conforto, sustentabilidade e custo podem ser aplicados em edificações de interesse social mediante planejamento e de um projeto especifico. O projeto deixa de ser uma obra fechada, finalizada e torna-se uma edificação mutável dando liberdade aos moradores de ampliações de acordo com sua condição sócio financeiras e expressar sua individualidade. A inserção da mesma fará com que a população tenha habitações com um novo modelo baseados em conceitos humanizadores, flexíveis e sustentáveis atendendo todos os usuários.
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7 ELABORAÇÃO DO PROJETO 7.1 Partido arquitetônico e composição volumétrica Como toda edificação, uma habitação social não deve ser vista somente como um lugar para morar, e sim um espaço com identidade, conforto e flexibilidade, acompanhando sempre as necessidades dos usuários e as transformações sejam tecnológicas ou sociais, tornado o espaço multifuncional. Para o desenvolvimento do projeto, foram realizados estudos afim de proporcionar um melhor posicionamento da edificação em relação a orientação solar, ventos dominantes e integração com o entorno. Assim, se propôs um loteamento em um terreno de 22.279 m², com 48 lotes no qual tenta apresentar um novo conceito, evolutivo e sustentável, demonstrando que é possível obter uma habitação de interesse social que se adéque a maioria dos usuários. A inserção de espaços mais flexíveis, abertos e orgânicos serão propostos a fim de gerar uma melhor integração e flexibilidade de ampliações aos futuros moradores. A edificação tem sua concepção contemporânea, com formas mais usuais, divididas em módulos, e enfoque na sustentabilidade, aproveitando os recursos naturais, o entorno e seguindo as necessidades dos usuários. 7.1.1 Conceitos evolutivos Visando estratégias nas quais não considerem somente as necessidades construtivas e sua habitação inicial, a habitação evolutiva considera espaços flexíveis, escolha adequada de materiais e que demandem de poucas modificações para adaptações posteriores. Desta forma, as habitações evolutivas são uma maneira eficaz para projetos habitacionais de interesse social, tornando-os mais adaptáveis e permitindo maior apropriação do espaço. As unidades habitacionais promoverão uma expansão ao longo do tempo que acompanhará o crescimento das famílias criando uma autonomia as mesmas. Segundo Altas e Özsoy (1998), um espaço garante satisfação dos usuários quando três objetivos sejam alcançados, são eles: características do usuário; atributos físicos dos espaços; e apropriação desses espaços. Para que tais objetivos sejam 74
alcançados fatores como flexibilidade, funcionalidade e custo devem estar atrelados a diretrizes projetuais. Afim de atingir esses objetivos, a funcionalidade será aplicada na edificação de forma a permitir a facilidade e eficiência de espaços planejados e bem divididos, com espaço para equipamentos e proporcionando alterações de acordo com a necessidade do usuário. A
importância
da
flexibilidade
associa-se
a
estratégias
de
expansão
e
multifuncionalidade, prevendo áreas para futuras ampliações. Essas áreas planejáveis faz com haja uma melhor qualidade projetual, ultrapassando as necessidades atuais dos usuários, visto que as mesmas podem sofrer alterações de acordo com o tempo e de suas condições socioeconômicas. Desta forma, a criação e possibilidade de novas ampliações com espaços planejados é uma opção para habitações de interesse social. Com a inserção de cômodos e ambientes reversíveis, ambientes multiuso, comunicação e acessos adicionais, além de um mobiliário planejado podendo ser utilizados em outros locais. 7.1.2 Sustentabilidade A sustentabilidade está inserida ao projeto desde sua concepção, gerando espaços eficientes, nos quais podem tirar partido das condicionantes naturais do local. O projeto promove a ventilação e iluminação natural, com o posicionamento correto das aberturas afim de priorizar os ventos dominantes (nordeste) através da ventilação cruzada, inserção de venezianas nas portas com o intuito de gerar uma circulação de ar dentro da edificação, escolha de materiais como o cobogó e posicionamento dos cômodos para insolação adequada. Com acessibilidade plena, a edificação inicial tem todos os cômodos acessíveis para usuários com mobilidade reduzida.
O aproveitamento de água da chuva ocorre através da captação na
cobertura, tratamento e encaminhamento aos reservatórios para usos não potáveis. A energia solar será outra inovação inserida na edificação. As placas fotovoltaicas serão instaladas na cobertura, diminuindo os gastos e fornecer água quente a população. O telhado verde foi proposto com o intuito de que os usuários poderem plantar suas próprias hortaliças e torná-lo um ponto estético e individualizado de cada edificação. 75
2
7.2 NBR 15575 Com uma abordagem mais específica, a NBR 15575 considera conceitos como durabilidade, manutenção e conforto da edificação, características imprescindíveis para o bom funcionamento da mesma e satisfação do usuário. Estabelecida afim de garantir qualidade as moradias, a NBR 15575 estabelece regras para avaliação do desempenho do imóvel e possibilita sua adequação contra incêndio, segurança ao uso e operação, estanqueidade, desempenho térmico, acústico e lumínico. Proporcionando funcionalidade, acessibilidade, conforto táctil e antropodinâmico e adequação ambiental. (ABNT NBR 15575) Como ponto de partida, deve-se obter e traçar diretrizes para a implantação e o entorno da edificação. Atendendo a normativa, a edificação deve ser desenvolvida com base nas características do local, interação com as construções próximas e promover a funcionalidade. A habitação deve conter características nas quais atendam às exigências de desempenho térmico, isso pode variar de acordo com sua implantação e região escolhida, desta forma, o bom posicionamento da residência, bem como a escolha de matérias e técnicas construtivas, podem influenciar em seu desempenho. O desempenho acústico e lumínico surge como forma de apresentar um conforto aos seus ocupantes. Aproveitar as condicionantes naturais, utilizar-se de materiais e técnicas construtivas nas quais propiciem um conforto ao usuário é essencial. A disposição da edificação em relação a orientação solar, dimensionamento e posição correta das aberturas, rugosidade e cor das paredes, disposição dos cômodos, entre outras características servem como premissas de projeto para aproveitarmos essas condicionantes. Em relação a funcionalidade e acessibilidade, a adequada organização dos cômodos e suas dimensões devem ser compatíveis com as necessidades dos usuários. A utilização de móveis e equipamentos padrões devem ser previsto, como pé-direito mínimo para banheiros de 2,40 m, e os demais ambientes 2,60 m,
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assegurando melhor conforto, como menciona a legislação vigente. Outro quesito é a possibilidade de ampliação das unidades habitacionais de caráter evolutivo. As instalações hidrossanitárias e elétricas, por exemplo, devem priorizar soluções nas quais possibilitem reuso e diminuam o consumo. Soluções como reuso de água da chuva, utilização de ventilação e iluminação natural contribuindo para a redução do consumo de sistemas mecânicos. Desta forma, prever a adequação desses sistemas minimizadores e sustentáveis proporciona uma habitação mais satisfatória aos usuários.
7.3 Projeto Arquitetônico e organização espacial 7.3.1 O terreno Situado na região de Terra Vermelha, o terreno foi escolhido em uma área já urbanizada e que conecte com o entorno. Perto na Rodovia do Sol, uma via de grande movimento na região, o terreno apresenta 22.279m², marcado em vermelho no mapa abaixo, foi loteado afim de estabelecer as áreas de uso comum e os lotes a serem edificados.
Figura 41- Terreno e o entorno Fonte: Prefeitura Municipal de Vila Velha (2013) 3
7.3.2 Implantação Tendo como base esses conceitos, o projeto teve sua concepção inicial a integração com o entorno e posicionamento adequado dos lotes em relação as condicionantes locais. Em uma área já urbanizada, a região apresenta serviços como supermercados, escolas, farmácias e áreas públicas, que poderão atender e dar suporte as novas residências. A partir de análises do terreno, a edificação foi implantada a fim de favorecer a insolação, ventos dominantes, fluxo de veículos e infraestrutura local. Desta maneira, a partir das análises foi possível posicionar de forma mais apropriada as entradas e circulações de veículos e pedestre, áreas de convívio e posicionamento dos lotes. Obtendo assim, o resultado a seguir:
Figura 42- Setorização implantação Fonte: Arquivo Pessoal
Foi proposto a inserção de vias que darão acesso à Rua Mário de Andrade, Avenida Brasil e Rua C, fazendo com que o novo loteamento seja integrado com o entorno. As vias terão entradas e saídas alternadas, tendo acesso por todas as suas faces.
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As áreas de vivência foram subdivididas em duas partes afim de suprir as necessidades de todos os usuários dos conjuntos, tornando os lotes sempre próximos de alguma área de lazer. Além disso, essas áreas de uso público contemplam atividades e mobiliários para diversas faixas etárias, fazendo com que a população do bairro e todos os moradores possam usufruir do local.
Figura 43- Setorização áreas de vivencia Fonte: Arquivo Pessoal
Essas áreas de lazer se tornam um acesso atrativo para o loteamento, com vias arborizadas e acessíveis. Além disso, áreas para bicicletários foram propostas visto que a bicicleta é o meio de transporte mais utilizado na região.
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Figura 44- Implantação com áreas definidas Fonte: Arquivo Pessoal
Assim, com as áreas para uso coletivo e privado dos lotes definido, a habitação foi pensada de forma a integrar o espaço e o entorno da região, com o propósito de atender diferentes tipos de famílias. 7.3.3 Calçada e acessos Visando conceitos de acessibilidade e inclusão social, para acesso ao loteamento foi proposto calçadas acessíveis, com rampas para pessoas com mobilidade reduzida nas extremidades do terreno e piso podotátil, com o intuito de alertar o pedestre portador de necessidades especiais aos obstáculos físicos nos passeios, atendendo assim, a cartilha da calçada legal do município de Vila Velha. As calçadas contam com uma faixa de serviço de 60 cm com a presença de mobiliários urbanos e paisagismo. A faixa livre contém no mínimo 200cm livre de obstáculos na qual permite o acesso as áreas de lazer e ao loteamento. Por ser um terreno grande e com inserção de vias para veículos, faixas elevadas foram posicionadas no início de cada rua com o intuito de diminuir a velocidade do automóvel e permitir que os pedestres possam obter uma passagem mais segura para cada quadra.
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Figura 45- Acessibilidade- Faixa elevada e rampas Fonte: Arquivo Pessoal
O acesso de veículos poderá ser feito através das Rua Mário de Andrade, Avenida Brasil e Rua C, com acesso de veículos alternados, a fim de não gerar um maior trânsito local.
Figura 46- Vias do loteamento Fonte: Arquivo Pessoal
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7.3.4 Áreas de lazer Afim de suprir as necessidades dos moradores e da comunidade local, foram inseridas áreas de lazer nas extremidades do loteamento, com áreas destinadas a esportes e outra para idosos e crianças. Desta maneira, ao leste do terreno, foi proposto uma área que contemplou duas quadras de esportes e áreas de descanso afim de atender os usuários e a comunidade local. As quadras foram posicionadas no sentido norte-sul, com o intuito de aproveitar melhor a insolação e não atrapalhar as práticas esportivas.
Figura 47- área de lazer Fonte: Arquivo Pessoal
As áreas de descanso terão vegetações de porte mais alto, causando sombreamento, e com mobiliário adequado. Com o intuito de suprir os usuários, foi proposto um espaço para instalação de quiosques para venda de comida e bebida, com mesas e bancos espalhados pelo espaço livre. Desta maneira, torna-se mais organizado a previsão de espaço para esse tipo de prática.
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Figura 48- Área para quiosques e quadra de esportes Fonte: Arquivo Pessoal
Do lado oeste do terreno foi proposto áreas para crianças, com um playground, áreas para os idoso, com uma academia popular e uma edificação de apoio para eventos mais reservados.
Figura 49- Área de lazer Fonte: Arquivo Pessoal
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Essas áreas serão diferenciadas através de uma diferenciação no piso, com cores diferentes e vegetação, tornando o local acessível, mas ao mesmo tempo protegido visto que será utilizado por crianças. A edificação de apoio foi proposta com o intuito de proporcionar aos moradores um local mais reservado, privado para eventos, contendo salas de apoio, salão de festas e churrasqueira.
Figura 50- Edificações de apoio Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 51- Área infantil Fonte: Arquivo Pessoal
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A academia popular é um atrativo não só para os jovens, mas sim para o público idoso, que atualmente obtém poucos espaços de lazer.
Figura 52- Academia Popular Fonte: Arquivo Pessoal
Assim, além da academia popular, com áreas para leitura e mesas para pratica de jogos
como dama e xadrez, serão implantados com o intuito de atender esse
público.
Figura 53- Área de leitura e mesa de jogos Fonte: Arquivo Pessoal 11
Afim de compor as áreas de descanso, o paisagismo foi pensado de forma a acolher o usuário, dando a eles a opção de áreas de lazer e entretenimento diferenciadas. A iluminação também trará sensação de aconchego e acolhimento com a introdução de iluminação pontual que direcionará os caminhos.
Figura 54- Paisagismo na visão do expectador Fonte: Arquivo Pessoal
Com o partido arquitetônico estabelecido, pode-se criar áreas de lazer nas extremidades do loteamento para diferentes faixas etárias, atendendo melhor os usuários e criando um projeto mais eficiente e sustentável. 7.3.5 Paisagismo Por obter acessos por diferentes locais, o paisagismo está presente de forma pontual em todo o terreno. O mesmo tem o intuito de marcar caminhos, gerar áreas de descanso e sombreamento ou gerar uma barreira física entre os lotes.
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Figura 55- Canteiro com diferentes tamanhos e texturas Fonte: Arquivo Pessoal
Afim de se obter mais integração e gerar locais de sombreamento, árvores de médio grande porte foram especificadas nas áreas de lazer para que possam gerar locais de permanência aos usuários e integrar com o mobiliário proposto.
Figura 56- Área de descanso com mobiliário nas áreas de lazer Fonte: Arquivo Pessoal
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Na frente das edificações e entre os lotes, uma vegetação arbustiva foi proposta afim de gerar uma separação entre os lotes e gerar uma identidade entre as residências, nas quais poderão fazer o plantio de pequenas vegetações.
Figura 57- Vegetação na frente das residências Fonte: Arquivo Pessoal
Por ser uma área de bastante insolação, o estacionamento presente nas vias serão sombreados com árvores que tenham uma copa ampla para sombreamento e sem frutos.
Figura 58- Vias arborizadas Fonte: Arquivo Pessoal
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7.3.6 Estacionamento Com estacionamento privativo, cada residência terá um espaço em seu lote destinado a uma vaga de garagem. Além disso, foram propostos estacionamentos ao decorrer das vias suprindo as necessidades dos moradores e visitantes, e dos usuários das áreas de lazer. O estacionamento é parte crucial do projeto devendo estar bem localizado e ser de fácil acesso. Desta maneira, os estacionamentos estão localizados ao decorrer das vias e em anexo as áreas de lazer, tornando o acesso mais facilitado. Além disso, foi proposto a inserção de bicicletários nas quadras das residências, sendo que este é o meio de transporte mais utilizado na região.
Figura 59- Bicicletário Fonte: Arquivo Pessoal
De forma integrante com o entorno, o projeto traz melhorias e satisfação não só para os moradores das residências, mas sim, para o bairro, que apresentará um novo conceito de habitação social e contemplará de áreas de lazer abertas a população.
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7.3.7 Habitação Com a setorização definida e os acessos demarcados, foi proposto um loteamento, com os lotes voltados para a via, possuindo 180m². Desta forma, foi escolhido um lote para ser trabalhado e proposto a edificação evolutiva.
Figura 60- Lote escolhido demarcado de amarelo Fonte: Arquivo Pessoal
Com o intuito de se tornar uma habitação para todos, a residência terá um modelo inicial e poderá crescer de forma horizontal ou vertical de acordo com a necessidade e quantidade de usuários. Desta forma, a habitação evolutiva apresenta-se de 3 formas:
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Figura 61- Habitação evolutiva- Formas de crescimento Fonte: Arquivo Pessoal
Separadas por setores, as áreas foram definidas afim de facilitar a tomada de decisão e chegar a uma disposição de cômodos mais adequada, assim, foi proposto um fluxograma no qual demonstra uma ligação entre as diferentes áreas da residência.
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Figura 62- Habitação inicial- Fluxograma Fonte: Arquivo Pessoal
Com o fluxograma definido, a habitação surge de maneira integrante, interligada, na qual se houver a necessidade de um crescimento futuro, a mesma sofra menos modificações.
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Figura 63- Planta baixa modelo inicial Fonte: Arquivo Pessoal
A habitação foi pensada de forma a aproveitar as condicionantes naturais e atender a maior parte dos usuários, sendo mutável. Assim, a habitação inicial surge de um padrão de habitação com dois dormitórios, sala estar e jantar, cozinha e banheiro. Além disso, a edificação é totalmente acessível afim de permitir que usuários com mobilidade reduzida tenham total acesso. A habitação apresenta uma sala de estar/jantar com 12m², na qual contará com um sofá, poltrona, aparador para televisão e uma mesa de jantar. Este espaço foi 19
proposto em conexão com a cozinha, tornando o espaço mais amplo e dinâmico. Este cômodo também apresenta uma janela, posicionada estrategicamente, afim de proporcionar uma ventilação cruzada entre os ambientes. Todos os ambientes da residência são acessíveis, respeitando a área de manobra para portadores de necessidades especiais.
Figura 64- Perspectiva interna- Sala de estar/jantar Fonte: Arquivo Pessoal
A cozinha apresenta 7,15m² dispostos afim de gerar um fluxo dentro do ambiente, separando a área de preparo e cozimento dos alimentos. Neste cômodo, foi proposto a inserção do cobogó, com a proposta de proporcionar um ambiente mais cloro e ventilado, além de ser um elemento estético, no qual o usuário poderá utilizar de cores e texturas para dar mais identidade ao imóvel.
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Figura 65- Perspectiva interna- Cozinha Fonte: Arquivo Pessoal
O mesmo ocorre com a área de serviço, a mesma possui um amplo espaço para tanque e máquina de lavar, além de espaços para armários. O cobogó também foi utilizado, dando um contraste com o utilizado na cozinha, transformando um local agradável e ao mesmo tempo preservado.
Figura 66- Perspectiva interna- Área de serviço Fonte: Arquivo Pessoal 21
Como mencionado, a habitação é totalmente acessível e conta com uma circulação para a área intima da casa, que são um quarto de casal e outro de solteiro para duas pessoas.
Figura 67- Perspectiva interna- Quarto de casal Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 68-Perspectiva interna- Quarto de solteiro Fonte: Arquivo Pessoal
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O sanitário também é acessível, com a presença de barras de apoio e apoio no chuveiro, com área de manobra respeitada.
Figura 69- Perspectiva interna- Banheiro acessível Fonte: Arquivo Pessoal
Para a cobertura da edificação, foi proposto um telhado verde, que pode ser visitável e assim servir como uma área externa na qual o usuário poderá fazer o plantio de pequenos vegetais e hortaliças, ou um local para contemplação e vivência de forma privada.
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Figura 70- Cobertura verde Fonte: Arquivo Pessoal
As disposições dos cômodos foram assim propostos a fim de se obter maior incidência de sol da manhã, com aberturas voltadas, em sua maioria, para o nordeste, aproveitando os ventos dominantes e maximizando ventilação cruzada.
Figura 71- Ventilação cruzada Fonte: Arquivo Pessoal
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A reutilização de água da chuva também está presente na edificação. O reuso da mesma ocorrerá com a captação da água pelo telhado, que levará até um reservatório subterrâneo, podendo ser reutilizada para fins não potáveis.
Figura 72- Reuso de água da chuva Fonte: Arquivo Pessoal
Ainda visando questões sustentáveis aplicadas na residência, a utilização de coletores solares na edificação, se deu para o aquecimento de água. A placa está localizada de forma estratégica a receber maior insolação.
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Figura 73- Coletor solar Fonte: Arquivo Pessoal
A habitação também apresenta uma área verde atrás dos lotes que poderá ser utilizada de diferentes formas de acordo com o usuário, sendo um jardim, área infantil ou futura extensão da residência.
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Figura 74- Área atrás do lote Fonte: Arquivo Pessoal
A utilização de elementos vazados, como o cobogó, utilizados na cozinha e área de serviço, traz a edificação não só o aproveitamento da ventilação natural, mas a questão de estética e identidade.
Figura 75- Cobogó Fonte: Arquivo Pessoal
Outro elemento estético e que marca a identidade do morador, são os diferentes materiais que poderão ser utilizados entre os pilares de sustentação da laje da 27
garagem. Os apoios para a cobertura da mesma poderão ser de concreto pintado, madeira, venezianas ou até parede verde. Juntamente com cores, essas paredes darão ao morador uma habitação única.
Figura 76- Elementos vazados Fonte: Arquivo Pessoal
Juntamente com esses elementos, a caixa de água da edificação também se torna um elemento estético, no qual o volume pode obter diferentes cores, apresentando uma identidade única a cada edificação, tornando assim, uma casa diferente da outra.
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Figura 77- Perspectiva habitação inicial Fonte: Arquivo Pessoal
O padrão inicial de habitação com dois dormitórios pode ser modificado de acordo com as necessidades do usuário, sofrendo menos alteração possível. Foi previsto o acréscimo de um dormitório nos fundos da habitação.
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Figura 78- Planta baixa- crescimento horizontal Fonte: Arquivo Pessoal
O acréscimo desse quarto demandará de poucas modificações na casa inicial, onde a circulação aumentará de tamanho, e se insere uma suíte, com quarto e banheiro também acessíveis.
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Figura 79- Perspectiva interna- Circulação e acréscimo de um dormitório Fonte: Arquivo Pessoal
Mediante a esse crescimento, a cobertura desse novo cômodo foi feita de forma independente do modelo inicial da casa. Desta forma, a residência não demandará de alterações na cobertura.
Figura 80- Acréscimo Cobertura Fonte: Arquivo Pessoal
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Como identidade da edificação, a mesma também pode se modificar de acordo com o usuário, tanto na escolha de cores, quanto revestimento da garagem.
Figura 81- Modelo de habitação- crescimento horizontal Fonte: Arquivo Pessoal
A habitação também pode evoluir verticalmente, a inserção de uma escada no dormitório 1, fará com que a habitação tenha o acréscimo de dois dormitórios, um escritório, ou quarto reversível e um banheiro no pavimento superior.
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Figura 82- Planta baixa primeiro pavimento- Crescimento vertical Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 83-Planta baixa segundo pavimento- Crescimento vertical Fonte: Arquivo Pessoal 33
Com a retirada do quarto para inserção da escada, a sala de estar/jantar aumentou de tamanho, criando um ambiente grande e integrado, podendo ser aproveitado para criação de diferentes espaços.
Figura 84- Perspectiva interna- Integração de espaços Fonte: Arquivo Pessoal
Afim de garantir ventilação e iluminação, a escada apresentará janelas que permitirão a passagem dessas condicionantes fazendo com que a mesma não se torne um local enclausurado, mas sim, um elemento estético e integrado com o entorno.
Figura 85- Perspectiva interna- Escada e aberturas Fonte: Arquivo Pessoal
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Essas janelas foram propostas de forma escalonada afim de dar um movimento e gerar uma maior iluminação na escada.
Figura 86- Janelas escalonadas Fonte: Arquivo Pessoal
No segundo pavimento, o escritório reversível é uma opção na qual se propôs um local para estudos que poderá se tornar um quarto se necessário, obtendo assim, uma residência com 5 dormitórios.
Figura 87- Perspectiva interna- Escritório Fonte: Arquivo Pessoal 35
O dormitório 03 contará com uma varanda em anexo, que terá vista para a parte de trás da residência.
Figura 88- Perspectiva interna- Dormitório 3 com varanda Fonte: Arquivo Pessoal
No dormitório 4, uma porta fará com que o cômodo tenha acesso ao terraço verde, dando uma integração e sensação de amplitude.
Figura 89- Perspectiva interna- Dormitório 4 e acesso ao terraço verde Fonte: Arquivo Pessoal
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Além disso, com o acréscimo de mais um pavimento, o acesso a cobertura verde tornou facilitado, onde terá uma porta de acesso do hall até o jardim e passagem direta de um dos quartos criando uma varanda.
Figura 90-Modelo de habitação- crescimento vertical Fonte: Arquivo Pessoal
Desta forma, a habitação tenta atender o maior tipo de usuários, visando seu crescimento socioeconômico, permitindo que uma mesma habitação possa evoluir de forma planejada e orientada afim de obter melhores resultados e aproveitamento.
Figura 91- Modelos de habitação evolutiva Fonte: Arquivo Pessoal 37
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mediante as considerações expressas no decorrer do trabalho, nota-se que a implantação das habitações sociais surgiu em virtude das necessidades precárias da população nas quais viviam em áreas insalubres e sem estrutura básica. No país, essa realidade não é diferente. Desta maneira, há a necessidade de se implantar um programa habitacional no qual tragam melhores condições de habitalidade para a população se torna visível. Vários programas foram instituídos, o primeiro deles, foi em 1946, onde o programa Fundação da Casa Popular, na era Vargas, não vingou devido a sua má gestão e falta de investimentos. Outros programas foram criados, o mais recente deles é o Programa Minha Casa Minha vida, proposto em 2009, pelo presidente Lula. O mesmo tem foco em uma demanda rápida de habitações e com baixo custo, não apresentando uma política positiva, gerando habitações inapropriadas e com poucos recursos, nas quais negligenciam a diversidade e necessidade de usuários. Afim de suprir essas necessidades e implantar um novo modelo de habitação social, questões evolutivas e sustentáveis serão implantadas com o intuito de gerar um modelo de habitação mais coerente e satisfatório tanto para o usuário quanto para o investidor. A sustentabilidade se insere no projeto desde a sua concepção, com o posicionamento correto da edificação em relação ao terreno afim de aproveitar melhor as condicionantes naturais como insolação e ventos dominantes. Juntamente com esses quesitos, a tecnologia nos auxilia com a inserção de placas solares, para o aquecimento de água, reuso de água da chuva para fins não potáveis, instalação de cobertura verde, na qual melhora o conforto térmico na residência, além da questão estética, utilização de alvenarias não estruturais de fácil remoção, entre outros aspectos. Os conceitos evolutivos se inserem de forma a tornar a edificação mais flexível afim de suprir as necessidades dos usuários e suas condições socioeconômicas, rompendo o modelo de habitações com produções engessadas e que não se adéqüem ao modelo de família mais diversificado. O projeto baseia-se em uma habitação inicial com sala de jantar/estar, cozinha e área de serviço, banheiro e dois quartos. Desta forma a habitação foi proposta afim 39
de que sua evolução seja feita de maneia a não gerar grandes alterações para seu crescimento futuro. A evolução horizontal faz-se com o acréscimo de um quarto e a vertical, com a implantação de um segundo pavimento e a inserção de dois quartos um banheiro e um quarto reversível. Assim, propõem-se um novo modelo de habitação no qual baseia-se em conceitos humanizadores com a implantação de uma habitação evolutiva e flexível, e sustentáveis, com aproveitamento das condicionantes naturais locais, bem como decisões projetuais nas quais possam atender a todos os usuários dando a eles uma melhor qualidade de vida e possibilidade de ampliação da residência.
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9 BIBLIOGRAFIAS [OPAS]. Organização Pan-americana de Saúde. [monografia online]. 2002. Disponível em: <URL:http:// www.opas.org.br/promoção/temas> ABIKO, A. K. Introdução à gestão habitacional. EPUSP, 1995. 31p. Texto Técnico – Escola politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil, TT/PCC/12. ABIKO, A. K; ORNESTEIN, S. W. Ocupação urbana e Avaliação pós Ocupação da H.I.S. São Paulo: FAUUSP, 2002. ALMEIDA, Gerson e MENEGAT, Rualdo. Sustentabilidade e Democracia: Elementos Para UmaEstratégia de Gestão Ambiental Urbana no Brasil - Texto preparado e redigido para a ANAMMA -Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente, 2003. ALTAS,
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10 ANEXOS Prancha 01/01- Planta Baixa Situação e Implantação 01/24- Planta baixa de locação- Modelo 1 02/24- Planta baixa humanizada- Modelo 1 03/24- Planta Baixa Caixa d'água- Modelo 1 04/24- Planta baixa Cobertura- Modelo 1 05/24- Corte AA e BB- Modelo 1 06/24- Corte CC e DD- Modelo 1 07/24- Fachada- Modelo 1 08/24- Perspectivas- Modelo 1 09/24- Planta baixa de locação- Modelo 2 10/24- Planta baixa humanizada- Modelo 2 11/24- Planta Baixa Caixa d'água- Modelo 2 12/24- Planta baixa Cobertura- Modelo 2 13/24- Corte AA e BB- Modelo 2 14/24- Corte CC e DD- Modelo 2 15/24- Fachada- Modelo 2 16/24- Perspectivas- Modelo 2 17/24- Planta baixa de locação- Modelo 3 18/24- Planta baixa humanizada- Modelo 3 19/24- Planta Baixa Caixa d'água- Modelo 3 20/24- Planta baixa Cobertura- Modelo 3 21/24- Corte AA e BB- Modelo 3 22/24- Corte CC e DD- Modelo 3 23/24- Fachada- Modelo 3 24/24- Perspectivas- Modelo 3. 46
2
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