Arquitetura Contemporânea na América Latina - Obras, Autores e Projetos

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Agradecimentos Agradecemos à Dra. Maribel A. M. Nogueira, que nos orientou e deu diretrizes para produção desta pesquisa, à Dra. Glacir Fricke por sua colaboração com a produção do catálogo, à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais por nos proporcionar a oportunidade de iniciação científica e à FAPEMIG que nos concedeu a bolsa para este projeto.


Resumo O trabalho consiste em uma pesquisa sobre “Panorama da Arquitetura Contemporânea da América Latina”, entendo por arquitetura contemporânea aquela que é produzida desde o final do modernismo, até hoje. Em linhas gerais é uma arquitetura que não segue regras e conceitos fixos de um movimento e se adapta as diferentes regiões mundiais. Busca a experiência da experimentação de novas formas, técnicas construtivas e materiais assim como de novas soluções ecológicas, bioclimáticas, experimentando assim novos arranjos espaço-ambientais. O objetivo da pesquisa é conhecer a bibliografia pertinente ao tema através de uma revisão bibliográfica para delimitação do termo “arquitetura contemporânea” e posteriormente organizar um catálogo de projetos e obras da América Latina, que se tornaram referência no debate internacional e/ou local. Para tanto, coletar e agrupar informações sobre o tema, enfatizando conceitos, partidos arquitetônicos e técnicas construtivas relacionando-as as condições sócioeconômica-cultural-ambientais de cada país do continente. Em paralelo levantar a biografia dos autores, sejam eles de reputação internacional, nacional ou, ainda, desconhecidos a exemplo da “arquitetura vernacular”.


7.

América Andina

29.

Equador

8.

Bolívia

30.

Cubo de Totora

9.

Arena Cochabamba

31.

Praça Huerto San Agustín

32.

Residência PATCH

33.

Residência RDP

33.

Peru

10. Campus Universitário – Universidad Andina Símon Bolívar 11.

Casa Moneda China

12. Conjunto da obra de Freddy Mamani 13.

14.

O Refúgio

Chile

15. Biblioteca Pública de Constituición 16.

Casa Onze Mulheres

17.

Museu Regional do Atacama

18.

Parque Cultural Valparaíso

19. Prêmio Pritzker 2016 conjunto da obra de quatro propostas para Habitação Social 20.

Refugio en la Patagonia

34. Agencia de Viajes Multivacaciones 35. Edifício de Aulas de Engenharia e Ciências – Pontifícia Universidade Católica do Peru 36. Túcume

Hospedaje Los Horcones de

37. Residência de Praia Verônica 38. Taller de Arquitectura em el Desierto 39.

Yantaló Volunteer House

40.

Venezuela

41.

Eco-cabañas

42.

Metro Cable Caracas

21.

Colômbia

43.

Nueva Sede de Pizzolante

22.

Casa Campoalegre

45. Morán

Reabilitação do bairro La

46.

Restaurante Kul

24. Facultad de Administración de Empresas de la Universidad de los Andes

47. Express

Supermercado de Candido

25.

GM1 House

48.

América Platina

26. Kipará Té Etno-Aldeia Turística Embera

49.

Argentina

23. Centro Cívico Universitario de la Universidad de Los Andes

27. “La Vieja”, “Colegio de las Aguas de Montebello Escola de Bambu” 28.

Orquideorama

SUMÁRIO

50. Auditório Universidade del Salvador 51.

Casa Azul Mar

52. Centro Cultural do Bicentenário ou Centro Cultural Kirchner 53.

Edifício Maipu

54.

Edifício Sucre 4444

55.

KLIX

4


56.

Paraguai

80.

Cuba

57. Esboço

Boceto Estúdio, Estúdio

81.

El Salvador

82.

Casa Tuscania

58.

Casa obscura

83.

Cardedeu

59.

Casa Rede

84.

La Piscucha

85.

Guatemala

86.

Casa Corallo

87.

Casa de Playa

88.

M-Apartments

89.

Honduras

90.

Villa de las Niñas

91.

Nicarágua

92.

Capilla del Espíritu Santo

93.

Casa M

94.

Panamá

60. Centro de reabilitação infantil Teleton 61. Edifício Residencial San Francisco 62.

63.

Unilever

Uruguai

64. Aeroporto Internacional de Carrasco 65.

Casa MD

66.

Complexo Pueblo Rivero

67. Escola nº 92 de Tempo Integral Bella Unión 68.

Escola Sustentável

69.

Fábrica de Azeite O’33

70.

Iglesia del Cristo Obrero

95. Alojamento Estudantil Ciudad del Saber 71.

América Central

72.

Assembléia Nacional do

Costa Rica

96. Panamá

73.

Andaz Hotel

97.

Biomuseu

74.

Casa Ca Ba

98.

PH Midtown

75. Centro de Desenvolvimento e Assistência Infantil de Nicoya

99.

T Bar

100.

Torre Argos

101.

República Dominicana Casa RD

76. Perdido

Complexo Turístico Rio

77.

Containers of Hope

102.

78.

ISEAMI House

79.

Pergola Building

103. Vivienda en Republica Dominicana

SUMÁRIO

5


104.

Brasil

105.

Brasil

106. Varejão

Galeria Adriana

107. Branco

Galeria Miguel Rio

108.

Instituto Inhotim

109.

Hotel Unique

110.

Museu do Amanhã

111.

Museu Rodin Bahia

112.

Sede SEBRAE

113.

Vertical Itaim

114.

México

115.

México

116. A Cidade dos Livros e Imagens 117.

Casa Gilardi

118.

Hotel La Purificadora

119.

Loft Q

120.

Mercado Roma

121.

Museu Jumex

122. Oficinas Corporativas Frexport 123. Salón de Usos Múltiples Tarbut

SUMÁRIO


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BOLÍVIA

A arquitetura boliviana enfrenta uma forte divergência e dificuldades enquanto busca delinear suas reais características. As escolas carregam fortes influências internacionais, e muitas cidades, como Sucre, ao sul do país, combinam exemplares de arquitetura colonial e moderna. Há tribos que permanecem com seus costumes, e ainda vivem em meio à natureza, como os quéchuas, aymaras e guaranis. Ao mesmo tempo alguns lugares como a cidade de El Alto (surgida a partir de La Paz, aos arredores do aeroporto Juan Pablo II) têm um desenvolvimento estagnado, com um centro comercial um tanto popular e com alguns atrativos, mas que em seu crescimento já não conta com obras de iniciativa estatal, e mostram grande deficiência em infraestrutura e serviços básicos, o que se deve principalmente aos altos índices de corrupção na Bolívia. Nos dias atuais, nota-se que sua arquitetura, nas novas cidades como o município alteño, com assentamentos e construções muitas vezes informais e feitas pelos próprios donos, busca sanar necessidades básicas da população, que lança mão de metodologias simples, grosseiras, com ampla utilização, por exemplo, do adobe e tetos de palha, sem qualquer projeto oficial. Enquanto isso, coexistem obras institucionais no território chileno que mostram fortes traços modernistas e pós-modernistas, mas, também, com máximo aproveitamento e economia de recursos. 8


BOLÍVIA

Arena Cochabamba

As raízes locais foram exploradas na figura de dois elementos identificados no país e sua cultura (a flor Kankuta tricolor, e as cores do arco-íris pertencentes à bandeira nacional Whipala), como conceito para a concepção de duas opções para o projeto desta arena multiuso, onde ocorrerão os jogos sul-americanos de 2018 organizados pela Organização Desportiva SulAmericana. Além da infraestrutura e componentes inerentes a um estádio, o projeto incorpora hotel, escritórios, espaços comerciais, salão para palestras ou convenções, áreas educacionais, e observa também a localização favorável à instalação deste complexo, para promover um impacto social significativo ao seu entorno. Com uso de aço, concreto e vidro as estruturas e componentes internos de revestimento e vedação mostram a aplicação de princípios de sustentabilidade, para garantir o funcionamento com adequado conforto aos usuários. Autor: Fernandes Arquitetos Data e local: 2014, Cochabamba, Bolívia

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BOLÍVIA

Campus Universitário – Universidad Andina Símon Bolívar

Os autores do projeto deste complexo de obras na tradicionalmente universitária cidade de Sucre tomaram como princípio a busca pela unidade entre todos os edifícios com um planejamento urbanístico próprio do campus, mas com a devida inserção ao contexto local, e a possibilidade de trafegarem por suas áreas verdes veículos e pessoas, com acesso a áreas de recreação. O conjunto apresenta um caráter monumental, dado à escala utilizada. Procuraram uma linguagem contemporânea com influências globais quanto à tecnologia e materiais, porém adaptados a uma estética local. Um pátio central conecta as unidades e promove um diálogo entre o externo e interno às mesmas. As tradições construtivas nacionais são evidenciadas pela utilização de elementos como as paredes brancas com pequenas aberturas, e a passagem da claridade por cima, posto o teto ser suspenso por treliças, além da distanciação entre um bloco e outro, semelhantes a fendas, que perfazem a iluminação natural junto a pontos de iluminação zenital, às vezes com fechamento em vidro. Esta metodologia se repete para a biblioteca, da qual emerge uma torre, com visão para a bela paisagem circundante. Autor: G/CdR Arquitectos (Andres Costa du Rels & Luis Ignacio Gallardo) Ambos são arquitetos graduados pela Universidade Católica Boliviana San Pablo, e trabalham juntos em seu escritório desde 2003, com a participação e premiação em bienais e eventos em países no continente europeu e americano, além da publicação de seus trabalhos dentre outros jovens arquitetos por importantes revistas internacionais. Materiais: concreto Data e local: 2009, Sucre, Bolívia Fotos: G/CdR Arquitectos

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BOLÍVIA

Casa Moneda China

A forte crença no poder de influência da arquitetura sobre seus usuários, como no caso desta residência, reflete a preocupação em explorar conceitos diversos para elaborar o projeto, por exemplo, o número de ouro phi (/fhi/;Phi: 1,618), colocação da entrada, a influência do posicionamento e distribuição dos cômodos quanto ao recebimento de cargas energéticas do planeta, entre outros. Conforme a moeda chinesa tem representadas terra e céu, o projeto traz estas referências respectivamente à parte circular, externa, e o interior, quadrado, onde phi é tomado de base para estabelecer as medidas de forma harmônica e proporcional. A intenção do projeto é trazer energias positivas do ambiente para a vida dos seu habitantes. Autor: Juan Carlos Menacho Natural de Santa Cruz de la Sierra (1981), estuda artes plásticas em duas escolas em Wisconsin, EUA; retorna à Bolívia, e obtém sua graduação em arquitetura pela Universidad Privada de Santa Cruz (UPSA), e permanece na cidade, com o desenvolvimento de projetos em seu próprio escritório, e alcance de reconhecimento com a publicação de suas obras a nível internacional, bem como a participação em eventos de arquitetura como a Expocasa, da qual participou também como um dos fundadores. Data e local: 2013, Santa Cruz de La Sierra, Bolívia Materiais: concreto, vidro Fotos: Enrique Menacho

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BOLÍVIA

Conjunto da obra de Freddy Mamani

A cidade de El Alto em particular viu florescer a produção que se descobriu numa metodologia de desenho muito “original” boliviana, em edifícios que chamam atenção aos críticos e leigos, com a figura ímpar do pedreiro, engenheiro e arquiteto Freddy Mamani, cujas obras são classificadas dentro de um estilo próprio, designado como “arquitetura transformer” ou “chola”. Entremeadas numa paisagem cinzenta, onde maioria das construções exibem paredes de tijolos nus, não por estilo, mas mais como reflexo da pobreza em que vive grande parte da população, as obras com fachadas em cores vibrantes e decoradas com figuras geométricas inspiradas em artefatos utilizados pelos antepassados refletem o desejo de recolocação da nova “chiloburguesia”, dos indígenas aymaras diante da elite branca. No geral, seus edifícios compreendem um térreo onde se distribuem espaços comerciais, um segundo andar com espaço para eventos, acima alguns apartamentos para locação, e por fim o terraço vem a abrigar o chalet de residência dos proprietários. Interessante apontar que Freddy não costuma desenhar seus projetos, e com a formação e conhecimentos como pedreiro, engenheiro e recentemente arquiteto, coordena sua equipe, que já contou com cerca de 200 integrantes, diretamente, com apenas um notebook em canteiro de obras. Diz de seu trabalho uma perspectiva para a busca das origens locais, por meio das referências formais e de cores utilizadas em seus projetos, ainda que utilize elementos que saiam da pertença cultural, como os lustres vindos da china por exemplo. O autor tem ganhado destaque internacional e suas obras o levaram a países para apresentar a bagagem arquitetônica que construiu até seus 44 anos de idade hoje.

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BOLÍVIA O Refúgio

A casa de campo tem forma retangular alongada, de um só pavimento suspenso um metro do solo por uma base; possui cobertura levemente inclinada, o que não se nota pois em toda sua volta foi colocada uma “pele” de proteção de forma ortogonal feita em madeira. Assim se promove melhor uma comunicação interior-exterior ao favorecer a entrada da luminosidade e o controle da ventilação, aliada à circulação central, que forma um eixo com abertura aos cômodos ao seu redor. Em contraste com moveis e paredes internas, o uso abundante da cor branca promove as sensações desejadas de tranquilidade, com caráter minimalista e funcional. Autor: KG Studio + Associates Karen Gutierrez Pereyra gradua-se pela Universidad Privada de Santa Cruz de La Sierra, com outros títulos tais: arquiteta homologada na Espanha, Universidad de Sevilla, mestre em Desenho e Contexto; mestre em Arquitetura e Sustentabilidade; doutora em Novas Ferramentas da Arquitetura, todos pela Universidad Politécnica de Catalunya, onde consegue também seu diploma de Suficiência Investigadora. Funda o KG Studio no ano de 2010, e desde então trabalha com uma equipe de profissionais especializados em várias disciplinas. Além da vasta formação, Karen conta várias participações em projetos como gestora econômica, técnica, e de execução; concursos públicos e privados, experiência com projetos de urbanismo, participação constante em cursos de reciclagem, e ainda participa do colegiado do Colegio de Arquitectos de Santa Cruz de La Sierra e de Barcelona. Materiais: concreto, madeira e vidro Data e local: 2012, Santa Cruz de La Sierra, Bolívia Fotos: KG Studio

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Atualmente, em torno de 36 escolas de arquitetura funcionam no Chile, país que tem exercido influência sobre o mundo todo com suas práticas no ramo. Conta com muitos profissionais ativos e reconhecidos por suas ações inteligentes e implantadas em locais estratégicos, como ferramenta para a transformação e melhoria das condições de vida com a devida adequação ao entorno, a exemplo do ganhador do prêmio Pritzker, Alejandro Aravena, com destacada ação em obras de cunho social. A presença de várias gerações e, assim, várias maneiras de concepção, reflete-se em linguagens arquitetônicas muito individuais, intensa atividade teórica e também prática, posto que algumas correntes ainda se evidenciam no trabalho dos arquitetos chilenos, como Aravena, os quais lançam mão de princípios enquadrados como pós-modernistas, racionalistas, ecléticos, de arquitetura modular, entre outros. Apesar de grandes dificuldades enfrentadas pelo Chile; tanto por questões sociais como por ambientais, vista sua susceptibilidade frente a intempéries, dada às condições naturais apresentadas pelo país; grande bagagem tem sido construída em seu cenário atual quanto à busca pelo real significação dentro da compreensão profissional do que são arquitetos e urbanistas contemporâneos, e à configuração de uma produção arquitetônica de qualidade e coincidente com as necessidades sociais e ambientais, incentivada fortemente pelo governo em parcerias com profissionais e instituições privadas e também em aliança com as próprias comunidades locais.

CHILE

Há forte presença de influências trazidas do exterior e mesclas com tradições, técnicas e materiais locais; são desenvolvidos trabalhos conforme as condicionantes do território, que apresenta alguns desafios ao exercer a atividade projetual, por exemplo, pela atividade sísmica, pela grande extensão latitudinal (norte-sul), o que se traduz por uma produção arquitetônica diversificada, mas, notadamente unida pelos princípios de funcionalidade, economia e simplicidade em um diálogo pela responsabilidade quanto às questões ambientais, e na busca por uma identidade social que exprima a forma de relacionamento da população para com a vida em comunidade e a cidade, concretizada na forma de uma linguagem arquitetônica nacional.

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CHILE

Biblioteca Pública de Constituición Esta obra foi eleita entre as finalistas do Prêmio Internacional RIBA (Royal Institute of British Architects), que conta com a figura do grande arquiteto Richard Rogers à frente da comissão julgadora. Valorizando a tradicional produção madeireira local, tanto pela matéria prima acessível quanto pela disponibilidade de mão de obra especializada, o projeto traz uma edificação feita toda em madeira, de estrutura aparente e do mesmo material, exceto por algumas paredes em concreto para proteção contra fogo, mas no geral, com acabamentos, mobiliário, adornos e cores que preconizam o diálogo entre o interior e o exterior, e as tradições locais. Amplos e elevados, os espaços estão a 1,6m acima do nível da rua, para melhor visibilidade do entorno pelas largas aberturas com fechamento em vidro da fachada, que permitem aos passantes o deleite com os livros expostos nestas enormes vitrines. São três alas definidas, para crianças, jovens e adultos, com cobertura feita por estruturas ortogonais cubicas, também confeccionadas em madeira. De caráter públicoprivado, a instituição originou-se em meio a um plano de reconstrução – devido ao assolamento da região, que fora atingida por um tsunami e terremoto em 2010 – com o conceito PRES, “Plan de Reconstrucción Sustentable”, aplicado para recompor a comunidade em suas necessidades sociais e culturais mais urgentes, para o que conta com apoio estatal, privado e também da própria comunidade. Deste modo, o projeto da nova biblioteca visava não apenas ao suprimento, mas à inovação inerente a estas carências e às possibilidades de melhoramentos ao alcance com as novas tecnologias para fomentar o acesso ao conhecimento e instrumentos de ensino e aprendizado do mundo contemporâneo. Autor: Sebatián Irarrázaval. Graduou-se arquiteto pela Universidade Católica do Chile, em 1991, e é convidado pelo AA, Architectural Association of London, para pós graduar-se na Inglaterra, em 1993. Recebe prêmios de jovem arquiteto, além de ter seus trabalhos publicados e expostos por diversas instituições, e receber vários convites para lecionar em universidades de renome, no Chile, Venezuela, Arizona e Boston nos EUA. Três de suas obras estão presentes na publicação Atlas Mundial da Arquitetura do Século XXI. 15 Materiais: madeira, vidro, concreto. Data e local: Constitución, Chile, 2015.


CHILE

Casa Onze Mulheres Baseado no conceito de máximo aproveitamento do terreno, conforme as condições adversas apresentadas por sua inclinação acentuada, fez-se necessário um corte de 9m de altura para a instalação de um bloco de forma trabalhada, em concreto. Foram utilizados metal (aço), madeira (pinho), pedras (mármore), e vidro, às vezes sem acabamento, para alcançar propósitos estéticos de continuidade. Os cômodos todos têm vista para o mar. O quarto das onze filhas do casal está no nível intermediário, unido a áreas de estar, enquanto acima estão quarto do casal, cozinha, sala de jantar, e abaixo sala de lazer e tv. Há ainda uma piscina e uma casa de hóspedes. Além, o projeto traz a preocupação ambiental, de modo que procura causar pouco impacto, e incorporar espécies vegetais na composição dos jardins. Autor: Mathias Klotz Nascido no Chile, em Viña del Mar, 1965, graduouse arquiteto na PUC Chile em 1991, destaca-se como um dos mais renomados profissionais do século XXI na área, e ocupa o cargo de reitor da Faculdade de Arquitetura na Universidade Diego Portales em Santiago, Chile. Data e local: 2006-2007 - Zapallar, Santiago, Chile

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CHILE

Museu Regional do Atacama Ao adentrar o edifício, o visitante se depara com um extenso pátio interno, que o articula com uma casa neoclássica e o Monumento Nacional, atual sede do museu, que datam de 200 anos antes da implantação da nova estrutura, que conta com um hall de pé direito de quase 12m, que está sobre o nível das áreas de visitação e apoio do museu propriamente, e dá acesso por meio de escada e elevador também ao segundo e terceiro pavimentos superiores que abrigam, respectivamente, a administração, e os espaços de exposição, dispostos ao redor de um centro comum que os ambienta e caracteriza por certa continuidade. A parte externa deste edifício é vista como um imponente volume, fissurado em alguns pontos, como a terra o é pela ação de agentes erosivos, vento, chuva, irregularmente, aliados ao uso de elementos notadamente utilizados na prática da arquitetura no Chile, os cobogós cerâmicos, que também reforçam a possibilidade de entrada de claridade e ventilação. A região é destacada por sua alta aridez, que dificulta o desenvolvimento de formas de vida, sobreviventes graças a oásis insurgentes ao fundo destas áreas erodidas, como a cidade nascida às margens do rio homônimo, no Vale do Copiapó, com características também lembradas nas tonalidades empregadas na construção em lembrança aos materiais rochosos do local. Este conjunto exprime a ideia de seu partido projetual, ao assemelhar o edifício a uma pedra, cujo interior abriga as riquezas do deserto do Atacama. Autor: Max Nuñez Arquitectos Nascido em 1976, graduou-se pela Universidade Católica do Chile e completou seu mestrado em 2004, posto que hoje está no comando do mestrado nesta mesma universidade. Estudou também na Politécnica de Milão, Itália, e na Universidade de Columbia, nos EUA, onde concluiu seu segundo mestrado e foi gratificado com um prêmio em Excelência em Design. O arquiteto recebe convites para palestrar sobre sua obra em várias instituições de ensino internacionalmente. Material: concreto, cerâmica, pedras. Data e local: 2013, Vale do Copiapó, Atacama, Chile.

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CHILE

Parque Cultural Valparaíso Esta obra configura uma importante disparidade na reformulação de um espaço que era anteriormente um presídio, para torná-lo um ambiente de integração. Promove-se a supressão de vários volumes da antiga edificação, para restar apenas a ex-galeria de cárceres e dois outros volumes, de modo que se abre a vista para o mar e possibilita o diálogo com as colinas circundantes mediante o corte no muro circundante, horizontal, para dar vista ao mar e colinas do entorno, ou seja, transformá-lo numa estrutura de proteção, não mais de reclusão. A nova circulação permite o trânsito entre os passeios e um novo passeio elevado que recria a percepção pelos transeuntes, aliada ao paisagismo, que conta com nova vegetação para a ambientação adequada. O projeto é articulado para que a pesada estrutura de planos em concreto seja dotada de certa leveza ao se descarregar sobre apoios, os quais têm, abaixo de si, amplo átrio de circulação pública, e abarcam nos níveis acima o programa cultural. Autor: HLPS (Jonathan Holmes, Carolina Portugueis, Martin Labbé, Osvaldo Spichiger). O escritório tem forte participação em concursos para grandes obras, e evidencia em seus projetos a extensa bagagem advinda da experiência individual dos arquitetos integrantes. Entre os concursos em que conseguiram posições entre as primeiras eleitas, além do Parque Cultural em Valparaíso, contam-se, concurso para a sede do Liceu Saint Exupéry da Aliança Francesa, em Chicureo, para a Ponte Cal e Canto (estação ferroviária de uma linha de metrô de Santiago), entre outros projetos de destaque internacional. Material: concreto Data e local: Cárcel 471, Valparaíso, Chile – 2011. Fotos: Cristóbal Palma

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CHILE

Prêmio Pritzker 2016 conjunto da obra de quatro propostas para Habitação Social O escritório do chileno Alejandro Aravena, Elemental, disponibilizou online projetos de habitação social realizados com o menor custo possível para a obtenção de uma boa qualidade, ou seja, alternativas de orçamento acessível às entidades do poder público, segundo o padrão de classe média. Os modelos são aplicáveis para outras localidades, com devidas adaptações. Já foram construídas unidades no México e no Chile. Os projetos, ao todo, são quatro, a Quinta Monroy, o Lo Barnechea, Monterrey e Villa Verde. Assim, com a devida escolha do local, próxima ao centro e preferencialmente com acesso a serviços, exploram o mesmo objetivo e o abordam por diferentes perspectivas, de maneira que se chegou, por exemplo, ao conceito de “construção incremental”, ou da “meia casa” (Villa Verde), onde o morador pode adquirir o imóvel e prosseguir com a construção da casa conforme suas necessidades. A premissa dos projetos é que as casas subsidiadas pelo governo sejam ferramenta para superar a pobreza, e não somente um abrigo. Todos suprem as necessidades mais básicas da população carente; são construídos com prioridade cozinha, banheiros, escadas, que apresentam uma maior dificuldade de execução.Os parâmetros abordam a densidade, a localização próxima à dinâmica da vida urbana, que inclui os serviços de educação, transporte, saúde, oportunidades no mercado de trabalho, para que haja economia e possibilidade de investir o valor no próprio imóvel, o que resulta na sua valorização ao longo do tempo. Autor: ELEMENTAL (Alejandro Aravena, Gonzalo Arteaga, Juan Cerda, Victor Oddó, Diego Torres) Principal nome do escritório Elemental (fundado em 2001), Aravena (Santiago, Chile – 1967) é um dos arquitetos de maior reconhecimento na atualidade, formado na PUC Chile e pós-graduado pela Academia de Belas Artes em Veneza, consta como o único latino americano a ter participado do júri (de 2009 a 2015) do prêmio do qual foi ganhador neste ano, o Pritzker 2016, à direção de projetos da equipe, que abordam principalmente as questões sociais como a problemática da habitação, transporte, infraestrutura e espaços públicos. Data e local: México (Monterrey, 2010), Chile (Quinta Monroy, Villa Verde, e 19 Lo Barnechea, de 2013 e 2014). Fotos: ELEMENTAL


CHILE

Refugio en la Patagonia

Este projeto se alia às bases primárias da concepção da arquitetura, no Chile vistos os paravientos, primeiros modelos insurgentes na produção de abrigos, como elucida o nome, contra as intempéries da natureza (“para vento”), de modo que os autores buscam, na simplicidade formal conjunta a preceitos arquitetônicos que dispensam a utilização de insumos de tecnologia para criar efeitos artificiais, como arrefecimento ou aquecimento do ar, entre outros, a solução para as adversidades locais. Desta maneira, traz fortes traços contemporâneos ao ressaltar o baixo impacto ambiental – buscado por meio do uso de sistemas de aquecimento e abastecimento energético por eletricidade de consumo otimizado – e também visual, de forma que se procuram respostas como a orientação da edificação e aberturas, com aproveitamento das visuais ao redor, a própria cor consoante às da paisagem, para tornar-se discreta e se entrelaçar ao horizonte. Há um pátio central e um terraço que dá passagem aos doze dormitórios distribuídos em dois blocos. Os materiais prezam pela integração com o ambiente, o vidro traz o diálogo interno-externo, com a apreciação da bela paisagem, e a madeira também é amplamente empregada, o que traz o conforto térmico numa região tão isolada e de rigoroso frio. O interior dos três blocos, ainda que a parte externa não elucide, traz ambientes aconchegantes e de design apreciável; a obra conta com um salão principal de pé direito duplo onde se encontram a recepção e departamento administrativo, salão de jantar, cozinha, sala de estar com lareira, um “armazém” à disposição dos hóspedes, articulados a um segundo andar, com acesso por escada, onde está um espaço de estudos, com vários volumes sobre a história da Patagônia, e outra ala equipada com duas banheiras de hidromassagem. Autor: Cooprogetti Società Cooperativa. Fundada em 1976, a empresa tem atuação na Argentina, Chile e Itália, com equipes locais e que contam com profissionais de várias áreas, o que possibilita o projeto e a execução de obras complexas, com devido suporte por ambientalistas, arquitetos, topógrafos, engenheiros, entre outros profissionais altamente qualificados, com aptidão para atuação com primor. Materiais: madeira, vidro. Data e Local: 2010, Villa O’Higgins, Chile. 20 Fotos: Alejandro Macaya e Fabio Stingo.


COLÔMBIA Vislumbra-se, desde as heranças construtivas de povos indígenas que por muito viveram isolados, os denominados “pré-colombianos”, até sua dominação pelos colonizadores portugueses, espanhóis, ingleses, franceses – conforme o padrão de ocupação dos demais territórios compreendidos nas extensões das Américas –, a longa prevalência dos modelos do academicismo europeu, e a chegada de profissionais modernistas, muito depois, vindos por conta das perseguições nazista e fascista, e a adoção dos princípios arquitetônicos defendidos por essa vanguarda. Os modelos estabelecidos até então começaram a se transformar e aderir aos novos princípios da arquitetura divulgados mundialmente, chega-se à busca pela expressão da contemporaneidade, com o importante nome de Rogelio Salmona. O arquiteto teve contato e angariou experiência trabalhando com o mestre moderno Corbusier – quem, junto a Jose Luis Sert, elabora o plano diretor de Bogotá, capital colombiana – e sempre esteve engajado em sua busca por uma linguagem arquitetônica nacional que promovesse a produção da arquitetura e do urbanismo baseados nas heranças culturais, materiais e técnicas locais e sua releitura intimamente estreita e necessária frente à situação atual. As modificações ocorridas ao longo da história do desenvolvimento da arquitetura na Colômbia podem ser traduzidas pelos ciclos econômicos passados por suas cidades, como constatado pelo trabalho de pesquisa “Cartografia da Arquitetura Colombiana”, realizado por Francisco Ramirez Potes, e exibido na Bienal de Arquitetura Colombiana de 2012,

exibido no Brasil em evento da UFPR em 2014, quando o então presidente da Sociedade Colombiana de Arquitetos, Diego Léon Sierra, proferiu o seguinte, “Muitas das soluções foram inspiradas em ideias de Curitiba, e foi fundamental os Governos na Colômbia entenderem que é preciso vontade política para promover as transformações”. A atual perseguição desta identidade nacional passa por uma releitura, o que ocorre com os preceitos do exercício da arquitetura a nível mundial, onde são reforçados os ideais da construção e do planejamento de áreas urbanas, edifícios e projetos em escalas diversas e, no entanto, planificadas, pois trazem observados os valores de respeito e união para com a natureza, e o privilégio da transformação dos espaços por meio de ações pontuais, de modo a resultarem em inúmeros benefícios e melhorias para a vida em comunidade, e em comunhão entre o ser humano, seu habitat natural, e o construído sobre este. 21


COLÔMBIA

Casa Campoalegre A construção se baseia em sistemas simples, com uso de blocos de terra prensados, e outros materiais de baixo impacto, tanto para base e paredes como revestimentos e cobertura, e inclusive a pintura feita em terra. Formas orgânicas marcam a presença, com ampla cúpula. O aspecto um tanto rudimentar não diminui, todavia, o ar de aconchego dos espaços interiores à residência, que foi um projeto experimental para aplicação das tecnologias referidas. Autor: Lúcia Gárzon Lúcia nasceu em 1960, na Colômbia; graduou-se pela Universidad Piloto de Colombia em Bogotá, em 1985. Participou de vários cursos e seminários, e foi um dos membros que deram origem à ONG Fundación para la Promoción de la Comunidad y Mejoramiento del Hábitat, além de ter lugar em outros projetos importantes voltados ao papel profissional feminino e às tecnologias sustentáveis, com a criação de várias obras baseadas em sistemas construtivos de baixo impacto ambiental. Materiais: terra Data e local: 2001, Villa de Levya, Boyacá, Colômbia

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COLÔMBIA

Centro Cívico Universitario de la Universidad de Los Andes

O projeto proposto pela dupla de arquitetos Cristián e Konrad foi vitorioso na primeira fase do concurso para a construção do Centro Cívico Universitário da ULA. O objetivo foi a promoção; com técnicas utilizadas para perfazer não só estrutura e estética, mas um projeto completo em esferas globais, quanto ao paisagismo, conforto termoacústico, sustentabilidade, instalações e demais pertinências de uma intervenção de tamanha escala e impacto sobre a área de inserção; da manutenção do respeito ao caráter próprio do local, e do perfeito diálogo com o contexto da globalização e intercâmbio de informações e tecnologia, pertinentes ao universo acadêmico principalmente. O terreno onde se implanta apresenta uma declividade que possibilita a alocação dos terraços-jardim das novas unidades em mesmo nível que o térreo das edificações já existentes, muitas de caráter cultural, e fortalece também o diálogo entre o projeto e o entorno, que abriga o Parque Espinosa. Seu programa se organiza dentro de uma malha de vigas e pilares dispostos homogeneamente, de 8 em 8 metros. Esta uniformidade é o que possibilita uma grande adaptabilidade a modificações necessárias quando da chegada de novos usos, dentre os quais atualmente se contam o Centro de Recursos para Aprendizagem e Investigação (CRAI), uma sala de exposições, sala de teatro, livraria. Estas funções se dispõem num complexo que cria também áreas de circulação que agregam os edifícios históricos ao contato com a natureza. Autor: Konrad Brunner Von Lehenstein e Cristián Undurraga. O colombiano Konrad (Bogotá, 1950) graduou-se pela Universidad de los Andes em 1974. Sua produção teve início em escritório próprio em 1978, com amplitude quanto aos gêneros construtivos abordados e posse de uma expressão muito particular no aspecto formal de cada projeto. Tem participação em vários órgãos e conselhos do país; sendo nomeado em 2002 para o cargo de Diretor de Patrimônio no Ministério da Cultura. Cristián Undurraga (1954) nasceu em Santiago, Chile, e graduou-se em 1977 pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, com a inauguração de seu escritório em parceria com Anita Deves no ano seguinte. Lecionou na escola de Arquitetura da Universidad Católica de Chile; obteve êxito em vários concursos Materiais: cerâmicas, concreto, 23 madeira, vidro. Data e local: 2007, Medellín, Antioquia, Colombia


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Facultad de Administración de Empresas de la Universidad de los Andes O projeto está dividido em dois blocos, que se propõem à criação de um microclima, conforme integra espaços internos e externos à paisagem local, com um espaço atrial configurado em forma de uma praça, e assim disponibilidade de vasta área sombreada e fechamentos em vidro, para não barrar a vista do entorno, em resposta às condicionantes de clima de altas temperaturas. Há o uso abundante do concreto reforçado com fibra de vidro, que reveste externamente todo o conjunto. A proposta desenvolvida para esta unidade da Universidade de los Andes em Cartagena das Índias, alia-se a um projeto urbanístico chamado ‘Serena del Mar’ que possui estrutura hospitalar e para negócios, acessíveis a toda a população, e conta com hotelaria, educação, comércio, transporte, lazer. Ela se insere como uma intervenção sutil no horizonte local, e traz uma releitura das tradições arquitetônicas produzidas na região. Autor: BHA (Brandon Haw Architecture) Atualmente, Brandon Haw ocupa cargo de diretor do escritório Foster & Partners, posição que mantém desde 1995; o britânico, graduado pela Bartlett School of Architecture of University College London em 1982, concluiu seu mestrado na universidade de Princeton nos Estados Unidos. Sua atuação acumula diversas premiações em concursos e eventos internacionais de arquitetura, como do World Trade Center. Também esteve à frente do projeto que ganhou a primeira certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) na categoria, com uso de 95% de aço reciclado em sua estrutura para o edifício de escritórios da Hearst Corporation em Nova Iorque.Materiais: concreto, concreto de fibra de vidro, vidro Data e local: 2017, Cartágena das Índias, Bolívar, Colômbia Fotos: Brandon Haw Architecture

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GM1 House

Esta casa foi projetada a pedido de duas famílias, no intuito de os jovens casais e respectivos filhos a compartilharem. Seu partido procura perfazer a integração entre os vários elementos e deles com a natureza circundante no uso de componentes simples, com linhas bem definidas e clareza quanto à disposição racional e proporcional das formas. Ao se projetar uma cobertura em balanço sobre as demais áreas dispostas no interior de dois elementos “maciços”, fechados, a construção toma um caráter escultórico. Explora-se a continuidade da forma, como um plano que se dobra sobre si mesmo para “envelopar” cada ambiente, em três áreas bem definidas, que são a social (sala de estar, piscina, quiosque e cozinha), privativa (quartos) e de serviços (quarto de hóspedes, despensa, banheiros e lavanderia). Amplas janelas, portas de correr de vidro e metal, o design minimalista e funcional, uso de mármore negro em bancadas, a pintura branca, estrutura metálica e uso de materiais leves transmitem a intenção de criar uma ambiência moderna, pacífica e confortável, que encontra possibilidade por meio da grande exploração da ventilação e iluminação naturais. Autor: Giovanni Moreno Nascido em 1978, em Bogotá, completa seus estudos pela Universidad Piloto de Colombia em 2002, onde atualmente leciona; aprofunda seus estudos na Europa, e ao retornar trabalha conjuntamente a algumas construtoras, até inaugurar seu próprio escritório, Giovanni Moreno Arquitectos, em 2010. Sua maior atuação é na área de projetos residenciais. Materiais: Concreto, vidro, madeira Data e local: 2011, Girardot, Cundinamarca, Colômbia Fotos: Andrés Valbuena

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Kipará Té Etno-Aldeia Turística Embera O projeto referente aborda a cultura dos nativos “Emberá Cobida” da comunidade indígena Puerto Jagua, às margens do Rio Chorí, na costa pacífica, que estão presentes hoje em algumas comunidades espalhadas pelo território colombiano. Esta abordagem procura conhecer intimamente a cultura e tradições locais, para possibilitar sua otimização por meio da aplicação de preceitos arquitetônicos e tecnologias pertinentes. Parte-se da preservação e interação com a paisagem a implantação das unidades conforme o programa relativo aos hábitos praticados, por exemplo, dormir, alimentar-se; de tal maneira, a instalação principal foi colocada na região mais alta, com uma plataforma que funciona também como proteção, mas, compositiva, se mescla e disfarça sutilmente no contexto; enquanto isso as demais tendas, referenciada a tipologia original de sua tribo, distribuem-se elevadas do solo para causar o mínimo impacto e desfrutar de uma visibilidade e acessibilidade que as comunicam com a tenda principal. Autor: Juan Pablo Dorado, Oficina Suramericana de Arquitectura Juan é arquiteto pela Universidad Nacional de Colombia (Menizales) e concluiu seu mestrado na Itália, na Universitá Degli Studi Di Roma. Desenvolve em sua equipe trabalhos em toda a extensão do país, para os quais conta com vários integrantes do escritório Dorado Asociados, com sede na cidade de Pereira. Voltam-se para o trabalho de design, restauração de móveis e imóveis, e construção, com atenção à sustentabilidade e preservação ambientais. Materiais: bambu, madeira Data e local: 2014, Puerto Jagua, Niquí, Chocó, Colômbia Fotos: Tomas Botero

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“La Vieja”, “Colegio de las Aguas de Montebello Escola de Bambu” A “Fundación Escuela para la Vida” contou com participação voluntariado internacional para prosseguir com a construção do que se tornaria um ícone na América Latina para a tecnologia de edificações em bambu, autossustentável, exemplar da aplicação de preceitos da arquitetura vernacular, com uso de uma espécie nativa e ancestral, e aprimoramento das técnicas empregadas no seu manuseio. A gadua angustifolia, ainda mal explorada, tem propriedades físicas tais às do aço, e representa uma alternativa sustentável em comparação a métodos construtivos tradicionais, a vegetação se recupera rapidamente e a exploração traz baixa emissão de carbono. Entre três pavimentos estão distribuídas salas de aula e estudos, sala multiuso, biblioteca, sanitários, administração, armazém, entre outras dependências, organizadas ao redor de um espaço atrial central. Um sistema de captação de água feito através do bambu utilizado na cobertura, com armazenamento subterrâneo; sistema de captação e conversão (o primeiro na Colômbia) de energia solar para abastecimento de energia elétrica. Representou uma possibilidade de pesquisa para especialistas, e promoção de experimentos que aliem o bambu a outras técnicas construtivas (argila, concreto, tijolo e outros) para desenvolver métodos replicáveis em outros locais, com possibilidade de aproveitamento das vantagens socioeconômicas e ambientais inerentes ao cultivo e à utilização de materiais locais, com ganhos para o meio ambiente e para comunidades pobres principalmente. Autor: Creta Tresserra e Andrés Bäppler Andrés Bäppler é um arquiteto colombianoalemão, fundador do projeto Fundación Escuela para la Vida em Montebello, em Cali, na Colômbia. Creta graduou-se em Barcelona e especializou-se em arquitetura sustentável, com foco em projetos de cunho social baseados em cooperativas e trabalhos desenvolvidos por ONGs, até mesmo internacionalmente. Viveu durante certo período na Alemanha, e voluntariou-se para o trabalho da fundação de Cali, pela qual depois foi contratada, e atualmente coordena os trabalhos no canteiro de obras junto a Andrés Bäppler. Tem participação em outros projetos do mesmo caráter do “La Vieja”, sociais e urbanísticos, sustentáveis, em maioria na própria Colômbia. 27 Data e local: 2012, Bogotá, Colômbia Fotos: Andrés Valbuena


COLÔMBIA

Orquideorama Esta obra tem como princípio em seu processo de concepção a integração entre elementos ‘vivos’ e não vivos, ou seja, uma miscigenação entre o natural, pré-existente no habitat, e o cultural, criado pelo trabalho humano. A presença de unidades hexagonais na criação formal da estrutura das “flores-árvore” remete às formas encontradas em padrões observados em diversas escalas de organização de seres vivos e tecidos celulares, e favorece a ampliação e aplicação funcional conforme exigido pelo programa, e tem facilitada, pela metodologia adotada, a sua implantação em outras localidades. Entremeadas e articuladas entre si; como ocorre em processos naturais; numa área com vegetação de porte compatível, e recobertas por uma espécie de telhado verde, de madeira e tecido coberto com folhagens, além de servir como um recurso à iluminação natural, as flores artificiais de alto tronco em madeira e aço criam uma ambiência confortável termicamente, com planejamento para captação de águas pluviais, reforço à umidade local do ar, características conjuntas que otimizam a qualidade do espaço interno e externo ao projeto, e o desenvolvimento da vegetação, pois as plantas recebem proteção do clima árido pelo espaço criado sob as estruturas, debaixo das quais é criado um amplo pátio, com o aproveitamento por atividades diversas. Autor: Planb Arquitectos, colaboração por JPRCR, J. Paul Restrepo e Camilo Restrepo Felipe Mesa (1975), e Frederico Mesa (1979), ambos nascidos em Medellín e graduados pela Facultad de Arquitectura, Universidad Pontificia Bolivariana (UPB), concluem seus estudos de pós graduação respectivamente na Espanha e na França. Estão atualmente à frente do escritório Planb, fundado em 2000, em Medellín, na Colômbia. Desenvolvem trabalhos com primor nas diversas etapas contempladas no processo de projeto e execução de obras e têm ampla participação em concursos, com trabalhos publicados nacional e internacionalmente, em parceria com outros profissionais associados, sempre com foco em questões ecológicas e sociais. Materiais: aço, metal, madeira e tecido. Data e local: 2006, Jardim Botânico Medellín, Colombia. Fotos: Felipe Mesa 28


EQUADOR

A arquitetura contemporânea do Equador se desenvolve a partir dos princípios da economia e do aproveitamento dos recursos naturais do país, valorzizando suas culturas e reafirmando suas origens que muitas vezes acabam por esquecidas. Nesse processo, os jovens arquitetos buscam renovar a arquitetura equatoriana a partir da necessidade social, descobrindo novas texturas e materiais, seguindo os princípios do brutalismo. A maioria de suas obras são de reabilitação ou ampliação, enquanto as novas obras pretendem resgatar os recursos locais, em questão de materiais e de cultura, reforçando o caráter vernacular, utiliazando principalmente materiais como adobe, cana-de-guadua, palha, madeira, tijolos. Estes novos arquitetos optam na maoiria das vezes por trabalhos coletivos, enfatizando os valores sociais e de comunidade mais do que os individuais. Isso aumenta o aproveitamento dos recursos além de ser uma solução mais eficiente nos tempos de crise. Todo trabalho se baseia na reciprocidade para viabilizar a produção. 29


EQUADOR

Cubo de Totora

Foi desenvolvido pelos arquitetos do escritório Archquid think-act tank, juntamente com uma comunidade indígena local. A intenção deste projeto é o entendimento sobre a arte por trás das fibras de totora, utilizada desde os tempos incas. Criou-se então um experimento com características locais, afim de resgatar a identidade cultural e promover o artesanato da região, sendo um módulo flexisível a variados programas. Cada um dos cubos possui uma face com nove painéis de fibra, com cores variadas, compondo uma manta de retalhos. Cada módulo tem três metros de cada lado e explora o material de maneira a evidenciar o trabalho dos artesãos, criando uma espécie de mostruário de sua arte. Autor: Archquid think-act tank Data e local: 2016, San Rafael de la Laguna, Imbabura, Otavalo, Equador Materiais: madeira, fibra de totora Fotos: Federico Lerner y ARCHQUID

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EQUADOR

Praça Huerto San Agustín

Essa praça foi projetada com o intuito de criar um espaço público, adicionar áreas verdes, além de valorizar a memória urbana da cidade, integrando os cidadãos ao centro histórico de Quito. Para isso foram implantadas instalações e esculturas que resgatam a história da cidade, como elementos didáticos onde é possível conhecer e aprender sobre o desenho urbano e o desenvolvimento de Quito, além de jogos para atrair atenção de crianças, que remetem a crônicas urbanas do passado. A fim de representar a plantas históricas da cidade, o desenho de piso segue em linhas a 45° em tons de cinza claro e escuro, se estendendo até as zonas verdes e fontes de água criando um plano sequencial, produzido em pedras vulcânicas. O prolongamento da praça foi favorecido pelo nivelamento da rua, e além disso, diminuiu a velocidade de passagem de veículos e ampliou as calçadas para pedestres. A praça acompanha a inclinação da Rua Mejía, onde em cada cinco metros de desnível existe uma plataforma, onde acontecem as atividades. Autor: Jaramillo Van Sluys Arquitectura Urbanismo Data e local: 2016, Quito, Equador Materiais: pedra vulcânica, madeira, metal Fotos: Sebastián Crespo

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EQUADOR

Residência PATCH A palavra PATCH remete a técnica de artesanato denominada Patchwork, onde retalhos e “sobras” são reaproveitados, evitando ao máximo o desperdício de materiais. A partir desse princípio surgiu o partido arquitetônico da Residência PATCH, atendendo ao pedido da proprietária e artesã que tem como trabalho e filosofia de vida o patchwork. Atendendo suas necessidades, a casa foi projetada em um único piso, para dar mais comodidade e conforto para ela e sua mãe. A partir dessas exigências, se delimita o desenho dessa casa. A construção térrea exige que o terreno original tenha muita alteração, porém, a terra retirada é aproveitada para fazer a estrutura da casa. A proprietária também reutilizou as esquadrias de sua casa antiga, e assim aconteceu com a maior parte do projeto, aproveitando e adaptando materiais e peças ao novo desenho. Os pilares foram feitos de madeira, o piso de concreto e as paredes de taipa, com 3 m de pé direito. Para o layout interno, foram reformados os móveis e portas, se adequando à nova moradia. Entre os espaços privados há uma sala de estar, que está ligada com o exterior da casa, formando uma passagem, conectando os usuários à natureza, assim tornando este o espaço mais nobre da casa. Em suas paredes foram colocadas peças de patchowrk realçadas pelas paredes brancas. O telhado divide-se em duas águas, com estrutura de treliças e pilares de madeira, com aberturas zenitais para iluminar o ambiente. A área externa é contemplada com um jardim extenso, sombreado com árvores frutíferas. Autor: : ESEcolectivo Arquitectos Local e data: 2016, Guayllabamba, Quito, Equad Materiais: taipa, madeira, pedra, concreto Fotos: Lorena Darquea Schettini

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EQUADOR

Residência RDP

Tentando sempre encontrar soluções que atendam as necessidades pessoais de cada cliente, este escritório tenta fugir ao máximo dos padrões e pré-moldados por acreditarem que cada projeto tem sua particularidade e deve ser condizente com o perfil de cada cliente. O proprietário desse projeto tem interesse por mecânica, e desde pequeno passava seu tempo tentando entender o funcionamento de relógios, e com o passar do tempo essa paixão o levou para motocicletas e carros. Para o desenho dessa residência, sua exigência foi uma casa didática, em que ele pudesse montar e desmontar como fazia com os relógios e carros, deixando as estruturas e materiais visíveis, e a partir dessa necessidade surgiu a solução de construir uma casa de contêiner, um material que seria descartado e que pode ganhar nova vida através deste projeto. Os contêiner compõem módulos implantados numa vasta área verde praticamente plana, longe do caos e barulho dos centros urbanos. Para este projeto foram utilizados em seu estado natural, deixando à mostra as marcas do seu passado através das batidas, manchas e cicatrizes. As poucas alterações feitas nas peças se restringiram a atender as necessidades bioclimáticas e de termo acústica e foram utilizadas nas áreas complementares da residência, como cozinha, closets, banheiros, despensa. Na fachada dos contêiners foi removida as pinturas de fabrica, deixando o material exposto e puro, e no interior utilizou-se a cor branca para manter o caráter higiênico e límpido. Para o piso, a madeira rústica original foi mantida. A residência estabelece forte conexão com a natureza através dos vazios e vidros, além de ser interativa com o usuário, pois foram projetados sistemas que possibilitam a “remontagem” interna da casa, possibilitando a transformação dos espaços e renovando seus usos. Autor: Sebastian Calero, Daniel Moreno Flores Data e local: 2015, Pichincha, Equador Fotos: Lorena Darquea Schettini

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Como a vasta maioria dos países da América Latina, o Peru teve uma iniciação na busca por uma caracterização de sua arquitetura baseada nas tradições e culturas próprias, após passar pela influência modernista, e particularmente, em seu território pôde se ver a passagem pelos estilos acadêmico, neoperuano – com a figura de Manuel Piqueras – e o neocolonial aos anos 30, então a presença de Luis Miró Quesada, além da ocorrência da reforma no sistema de ensino da arquitetura, pela Escuela Nacional de Ingenieros e publicações em periódicos, em torno da década de 40, seguida pelos traços modernos que se iniciam na reflexão acerca dos princípios formais em busca das raízes próprias e anteriores à colonização, o que é reflexo de muitas outras nações latino-americanas e traz ecos à produção arquitetônica atual, sempre a revisar suas referências junto à aplicação de tecnologias novas ou das tradicionais.

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PERU

Agencia de Viajes Multivacaciones O projeto, além do espaço funcional da agência, tem objetivo de transformar o local de sua implantação, pouco utilizado pela população por questões de segurança e acessibilidade. Desta maneira, a obra procura se mesclar ao entorno, e cria uma nova ambiência para as importantes construções vizinhas, como a Iglesia Virgen del Pilar e a Plaza Paz Saldón, com a instalação do edifício de gabarito menor, e rodeado por um grande espelho de água que faz parte de seu sistema de limpeza e arrefecimento, com um mecanismo que libera água em tempos programados. Há uma grande sala de atendimento, oficinas e uma sala de projeções móvel, feita sobre um suporte com rodas, para flexibilidade na organização do espaço interior. As paredes foram feitas em duas camadas: policarbonato e aço, esta última vazada, para permissão de entrada de iluminação e controle da visibilidade do exterior. O conjunto se torna convidativo, a entrada em madeira ganha destaque entre os tons frios do restante da obra, não há cercamentos ou muros, e as pessoas podem se acomodar ao redor da praça para apreciar a paisagem. Autor: 51-1 Arquitectos O escritório teve fundação em 2005, e atualmente tem em seu currículo participações em grandes eventos, como bienais e concursos internacionais, além do trabalho desenvolvido junto a instituições de pesquisa. Seus membros principais são Cesar Becerra, Fernando Puente Arnao e Manuel de Rivero, tidos como um dos mais importantes entre os atuantes na cena da arquitetura atual e uma promessa para o futuro, com seus trabalhos publicados por periódicos de grande influência. Materiais: aço, concreto, madeira, policarbonato. Data e local: 2006, Avenida Paz Soldan, San Isidro, Peru. Fotos: 51-1 Arquitectos

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Edifício de Aulas de Engenharia e Ciências – Pontifícia Universidade Católica do Peru Localizado em frente ao Camino Inca, patrimônio da sociedade peruana, o projeto promove também a integração deste complexo pré-existente com o programa funcional dinâmico e flexível da universidade no espaço externo às salas de aula, além de surgir das condicionantes locais que exigem proteção contra abalos sísmicos pela localização próxima ao encontro de placas tectônicas. As escadas são ponto fundamental no design Autor: Llosa Cortegana Arquitectos Fundado em 2005, o escritório conta com a participação de uma equipe multidisciplinar, e à frente os representantes, Patricia Llosa Bueno e Rodolfo Cortegana Morgan, ambos graduados pela Universidade Ricardo Palma em Lima, onde Rodolfo também concluiu seu mestrado em Museologia, enquanto Patricia concluiu o mestrado em Aquitetura, Crítica e Projeto na Universidade Politécnica de Catalunya. Contam com várias participações em concursos, premiações, e trabalhos publicados internacionalmente. Materiais: aço, concreto, madeira Data e local: 2014, San Miguel, Lima, Peru Fotos: Juan Solano Ojasi

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Hospedaje Los Horcones de Túcume Com um toque artesanal, todos profissionais participaram do projeto desta hospedaria com sugestões e adaptações realizadas durante o processo construtivo, por meio do que ocorre uma expressão muito maior dos conceitos culturais tradicionais peruanos transmitidos pelas pessoas ao longo dos anos, herdados das civilizações pré-hispânicas. A construção se adequa também às condições locais, e respeita a vegetação existente, além de visar a um baixo impacto com o uso da arquitetura para maximizar as potências dos recursos naturais, com aplicação de placas de aquecimento solar, criação de aberturas comunicantes para a ventilação cruzada, escolha de materiais que absorvam pouco calor, entre outras medidas. A força desta obra vem do seu caráter vernacular, explorado pelo autor Jorge Burga, estudioso da arquitetura peruana em seu cerne. Soluções voltadas à melhoria da tecnologia e valorização de mão de obra e recursos disponíveis na região são destaques deste projeto de uma “casa” típica de turismo rural, com uso das chamadas “ramadas” (tipologia construtiva peruana presente em regiões diferentes, com aspectos particulares conforme se adapta a cada lugar, baseada em uma amarração de varas), e emprego de técnicas como o adobe. Ainda que haja uma comunicação visual com o entorno, pelas áreas externas bem arejadas, cozinha, área de estar e refeitório, a parte dos dormitórios e banheiros se organiza de uma forma mais fechada, possibilitando um ambiente confortável e calmo, propício ao descanso. Autor: Jorge Burga Bartra, Rosana Correa Jorge Burga se graduou pela Faculdade de Arquitetura da Universidad Nacional de Engenharia, e iniciou-se logo no trabalho teórico, com pesquisas e viagens, e além de exercer cargos de docência, publicou livros como “Del espacio a la forma”, com base em sua tese de mestrado na Architectural Association; “Vivienda Popular en la Costa Peruana” em parceria com Miguel Avariño, com algumas aparições de escritos da dupla na Enciclopedia Mundial de Arquitectura Vernácula (Paul Oliver); e “En la Arquitectura del Mantaro”. É um arquiteto de longa trajetória, e muito respeitado no meio acadêmico peruano e internacional. 37 Materiais: adobe, madeira Data e local: 2002, Túcume, Perú Fotos: Eva Lewitus, cortesia de Jorge Burga


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Residência de Praia Verônica Esta residência na orla peruana parece emergir do próprio solo, numa geometrização da natureza local, com um design trabalhado minimamente, onde linhas ortogonais e circulares dialogam em perfeita harmonia, e o conjunto toma um ar escultórico ao incrustar-se na pedra esculpida, para dar abrigo aos ambientes, na própria montanha, inspiração que remonta fortemente às tradições dos antepassados incas, aliada à tecnologia e ao design contemporâneos. Esta área de contato direto com o solo contém o setor social da casa, onde estão cozinha, salas de estar e jantar, com um fechamento em cortinas de vidro que promovem a integração visual a um terraço que surge de seu prolongamento e abriga uma grande piscina, de 40 metros de comprimento, com deck em madeira. Sobre este terraço dois níveis superiores, da área privativa, criam um balanço, e os quartos e banheiros são acessados por meio de escadas trabalhadas na horizontal e vertical, mescladas à pedra natural e compõem o desenho artístico junto às vigas também desenhadas. O concreto aparente, e paredes e teto pintados em branco criam um ambiente confortável e clássico junto a peças em madeira e vidro, além do granito em tons naturais. Autor: Longhi Architects Luis Longhi, escultor e arquiteto, graduou-se na Universidade de Ricardo Palma (Lima, Peru) em 1979, e obteve mestrados simultâneos em Arquitetura e Belas Artes na Universidade de Pensilvânia, Filadélfia, nos EUA em 1984, e por fim Animação Computacional em Arquitetura e Arquitetura Paisagística e Design Urbano em Harvard, em 1991 e 1992. Além de sua experiência norte americana, Luis morou certo período na Índia, e teve contato com vários profissionais renomados. Leciona em importantes instituições no Perú, Havaí, México, além de ter participação em concursos, bienais e premiações de arquitetura e cenografia internacionalmente. Materiais: concreto, granito, madeira (sihuahuaco), vidro. Data e local: 2013, Pucusana District, Peru Fotos: Juan Solano

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Taller de Arquitectura em el Desierto

Esta sala de aula-atelier foi construída em meio a uma área desértica, com típicas temperaturas extremas, o que gera a necessidade de uma preocupação maior com a proteção a oferecer para os usuários. Sua extensão é maior longitudinalmente, para manter a linha da paisagem do bosque de árvores secas, de reflorestamento, com 36 metros de comprimento, e tem uma proteção feita por algumas plantas no interior e ao redor por redes de pesca contra nuvens de areia e insetos. O fechamento é feito por uma malha metálica, e à distância o conjunto se mescla à paisagem. A amenização da influência climática foi possível com a colocação de uma cobertura em camadas, sobre a qual há uma canalização para chuvas ocasionais; a primeira um telhado em madeira pintada de branco, e acima chapas e estrutura em aço, com pé direito de 6 a 9 metros, para a criação de um colchão de ar em circulação para diminuir a absorção de calor da radiação solar, e, ainda, a cobertura se estende para controle da iluminação muito forte em todas as fachadas devido à latitude próxima à linha do equador. Autor: Jorge Losada. Jorge Losada é arquiteto pela Universidad de Navarra (Pamplona, Espanha), formado em 2005, com especializações e estudos estendidos posteriormente em Paisagem e Meio Ambiente, passagem pela Columbia University em Nova York e pela Helsinki University of Technology na Finlândia, além de desempenhar papel de pesquisador convidado pela Scuola di Arquitettura del Politécnico di Milano na Itália e ter concluído seu doutorado na Espanha em 2012. Tem vasta experiência como docente em matérias variadas, além de ter recebido premiações e participado de concursos e exposições nos campos de arquitetura e fotografia. Materiais: aço, concreto, chapas metálicas, vidro. Data e local: 2015, Universidad de Piura, Piura, Peru. Fotos: Jorge Losada.

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Yantaló Volunteer House O programa tem a coleta de água como o ponto central da sua organização, com a alocação das áreas molhadas ao centro para melhor captação e aproveitamento das águas pluviais, favorecida pelo telhado tipo borboleta e tanques de armazenamento – a cobertura também favorece a circulação do ar e menor incidência direta do sol– sobre os dois blocos, construídos com partes pré-moldadas, e em dois níveis com acesso por escada externa e protegida, onde se distribuem dormitórios, salas de jantar e cozinha integradas à sala de estar, sala de reuniões e pequenos eventos, varanda para apreciar e criar uma conexão com a paisagem, que ocorre por meio de aberturas com fechamentos giratórios na fachada sul. Além de não contar com um arquiteto oficial responsável pelo projeto, a equipe optou pela abertura ao uso de mão de obra, materiais e técnicas locais, por exemplo, reciclagem de concreto e pneus, uso da cobertura inclinada para fora, que permite captar cerca de 7500L de águas pluviais, junto ao tratamento das águas cinza. Assim, o projeto se caracteriza pelo uso dos preceitos da arquitetura vernacular e de sustentabilidade, com objetivo de utilizar também a compostagem para manter uma hortajardim comunitária, painéis de captação solar para aquecimento de água e geração elétrica, dar prioridade ao emprego de recursos locais para impulsionar a economia da comunidade e menor impacto ambiental pela poluição de transporte, entre outros. A habitação comunitária abrigará os voluntários da ONG Yantaló, e servirá como modelo para reprodução. Autor: Yantaló Volunteer House A organização surgiu em 2009 e tem a finalidade de apoiar os programas de voluntariado que têm oferecido suporte médico na comunidade, Yantaló International Volunteer Organization, com a construção da Clínica Internacional de Yantaló, e de alojamentos para estes voluntários empenhados nos projetos. Seus membros idealizadores são Angela Snow, Erin Black, Josh Gibson, Laura Jay, Margaret van Bakergem, Michele Flournoy e Travis Higgins, e contam com a participação crescente de pessoas de vários países. Materiais: materiais reciclados, concreto, pneus e peças pré-fabricadas. Data e local: início 2009/2010, em construção, Yantaló, Alto Mayo, Perú 40 Fotos: Yantaló Perú Foundation


VENEZ UELA

Coexistem obras de estilos de diferentes épocas no solo venezuelano, e esta miscigenação é a característica forte do seu cenário arquitetônico. Muitos edifícios de valor histórico não têm recebido atenção quanto à sua preservação, adaptados a usos que muitas vezes são degradantes para a obra, o que reflete uma situação de pobreza quanto aos valores culturais da população local, alheia à importância do patrimônio existente ali. Muitos arquitetos e urbanistas já fizeram propostas para projetos que vislumbram as questões gritantes às principais cidades, como a de moradia, dadas as altíssimas taxas de crescimento e necessidade de oferta de serviços básicos de moradia e infraestrutura, mas seus esforços não encontram correspondência com a iniciativa do poder público, que, quando executa as obras, deixa muito aquém daquilo que se deveria oferecer à população para ter uma arquitetura e vida de qualidade. Ainda assim, com todas as dificuldades, muitos autores buscam refletir em seus projetos o anseio pela expressão de uma identidade cultural existente, frente as forças planificadoras das metodologias de construção inerentes à globalização e padronização. Como nos outros países latino-americanos, traços do modernismo ecoam junto aos trazidos da tradição dos antepassados, e fazem ver esse anseio pelo reconhecimento da arquitetura venezuelana pelo seu próprio povo.

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VENEZUELA Eco-cabañas

Estas cabanas são a releitura das moradias rudimentares onde a população carente de Santa Elena se abriga, e utilizam os materiais base que os moradores empregam – madeira, concreto e chapas metálicas – com aplicação de conceitos e conhecimentos técnicos: há a previsão de aberturas comunicantes para a ventilação cruzada, sistema de captação de água na cobertura, suspensão da casa para evitar contato direto com o solo. O trabalho dos arquitetos é vinculado a associações que agem em comunidades carentes. Autor: Kristofer Nonn Kristofer se formou na Universidade de WisconsinMadison e realizou seu mestrado na Universidade do Tennessee, e trabalha junto à organização responsável pelas construções e iniciativas a favor de comunidades carentes desde 2014. Materiais: madeira, vidro, concreto, metal Data e local: 2007, Santa Elena, Venezuela Fotos: Nick Brown

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VENEZUELA

Metro Cable Caracas

A rede de funiculares para o transporte dos passageiros criada com o mínimo de intervenção e prejuízo ambiental possível conecta-se também à linha de metrô, e compõe-se por estações no vale e outras localizadas na região montanhosa do trajeto, em pontos estratégicos, para levar infraestrutura ao local de sua implantação. Ainda que tenham uma mesma tipologia, conforme o contexto as estações têm atribuídas a si outras funções e modificações específicas, e a esta intervenção urbana pretendem ser elaborados projetos para requalificação do espaço público. Autor: Urban Think Tank Fundado por Alfredo Billembourg (graduado pela Universidade de Columbia) e Hubert Klumpner (Universidade de Artes Aplicadas de Viena), o escritório multidisciplinar funciona desde 1998, e hoje conta com uma equipe de profissionais especializados. Alfredo e Hubert também exercem cargos de docência, e seus trabalhos já receberam importantes premiações internacionais. Materiais: aço, concreto Data e local: 2010, San Agustín, Caracas, Venezuela Fotos: Iwan Baan

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VENEZUELA Nueva Sede de Pizzolante

Em contraste com a forma monótona, um amplo espaço retangular e aberto, a forma de organização proposta para o funcionamento do escritório criou uma dinâmica de trabalho muito mais interessante e eficiente entre os usuários, com outras áreas independentes e privativas. O programa inclui espaço para escritórios, salas de reunião, refeitório, administração, serviços. Há um grande aproveitamento da iluminação natural pelo emprego de vidro nas fachadas. Autor: Central Arquitectura Fundado em 2012, o escritório, com sede em Caracas, tem prática a nível nacional e internacional, com projetos desenvolvidos em design, arquitetura e urbanismo Materiais: aço, concreto, vidro Data e local: 2015, Chuao, Caracas, Venezuela Fotos: Javier Gutiérrez

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VENEZUELA

Reabilitação do bairro La Morán

Com uso dos princípios da acupuntura urbana, o bairro sofreu intervenções com o objetivo de criar espaços públicos saudáveis, a fim de gerar influências positivas para jovens e crianças em risco em meio a um ambiente propício à violência e outros riscos. Contempla a oferta de infraestrutura com um sistema de captação e tratamento de águas e dejetos, conciliado à construção de uma oficina de reciclagem e à aplicação de princípios paisagísticos para a transformação de áreas abandonadas em espaços públicos de qualidade, a exemplo dos parquinhos infantis, jardins, a quadra esportiva e também a criação de uma oficina de uso múltiplo Autor: Enlace Arquitectura O escritório se volta à idealização e implementação de projetos voltados ao cuidado com o espaço público e suas reações à melhoria social das comunidades alvo. A equipe, formada por Alberto Landaeta, Andrea Centeno, Carol Arellano, Elisa Silva (diretora), Jeniree Calderón, Sergio dos Santos, Valentina Caradonna, abrange tanto a área de planejamento urbano como design e arquitetura, e participa constantemente de concursos, já recebidas premiações internacionalmente. Materiais: aço, concreto Data e local: 2011, Escaleras, Caracas, Venezuela Fotos: Enlace Arquitectura

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VENEZUELA

Restaurante Kul

Três espaços distintos se articulam para criar a ambiência pretendida, com uma hierarquia de funções bem definidas, enquanto uma circulação planejada promove a comunicação entre as áreas e as aberturas possibilitam fluxos de ar e entrada de iluminação natural. Os dois volumes laterais abrigam cozinha e uma área mais particular para clientes. Cada material e cores são escolhidos para criar uma composição cromática agradável conforme a função de cada espaço. Autor: Sanchez Taffur Arquitectos Victor Sanchez Taffur nasceu em 1970, formou-se pela Facultad de Arquitectura y Artes Plásticas de la Universidad José María Vargas, a 1994, em Caracas. Exerce, além do trabalho em seu escritório desde 2003, cargos de docência em várias instituições importantes, e em 2010 foi eleito Presidente da Assembleia Nacional do Colégio de Arquitetos da Venezuela. Materiais: concreto, madeira Data E local: 2014, Terrazas del Ávila, Caracas, Venezuela Fotos: Roberto Puchetti

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VENEZUELA

Supermercado de Candido Express

Com um caráter de fluidez entre as partes componentes da estrutura, ao invés da convencional separação entre cobertura e paredes, esta obra cria uma continuidade co volume, que se assemelha a uma peça de origami, conceito explorado para reforçar os princípios da marca, de versatilidade, adaptabilidade, e comunicação interior-exterior. Foram utilizadas telhas sanduíche para compor o envoltório externo, e vidro para um fechamento que permita a integração visual. Há também uma área para alimentação e estacionamento arborizado. O projeto recebeu várias premiações, a nível internacional. Autor: NMD | Nomadas O escritório Nomadas foi fundado pelos membros Claudia Urdaneta, Farid Chacón e Francisco Mustieles, em 1999, e atua na Venezuela e vários outros países em projetos de arquitetura, urbanismo, interiores e paisagismo, com uma agência de comunicação própria chamada NMD, voltada ao trabalho, pesquisa e exposição teóricos sobre projetos, além de se voltar a causas sociais. Materiais: aço, madeira, vidro Data e local: 2013, Maracaibo, Venezuel Fotos: Luis Ontiveros

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ARG ENT INA A 1984, O país se encontra num conturbado cenário de pós-crise e se projeta ao alcance da democracia, com superficial revitalização econômica e o fomento a empreendimentos na construção civil pelo estado, bem como incentivos ao ensino superior. A contemporaneidade promove uma revolução estética e o rompimento com os preceitos modernos, e também procura distar das características imanentes do pós-moderno, minimalistas e desconstrutivistas. Traz obras tanto no âmbito público, como no privado; nota-se a preocupação social dos arquitetos ao projetar espaços que promovem a interação social e entre seus edifícios e o entorno. 49


ARGENTINA

Auditório Universidade del Salvador O projeto da edificação toma como partido a organicidade da forma, que emerge integrada e camuflada junto aos elementos da paisagem. Materiais predominantes: concreto, chapas metálicas e vidro. Autor : Clorindo Testa e colaboradores Testa, Clorindo Natural italiano, Testa é o mais reconhecido arquiteto argentino, e um dos mais importantes no cenário contemporâneo, por sua obra desenvolvida após meados do séc XX, passada de uma arquitetura com traços expressivos do legado modernista para uma mais livre, maleável e leve, aderidas as inovações em tecnologias. Clorindo ainda, realizou inúmeros trabalhos como artista plástico, espalhados em galerias pelo mundo. Data e local: projeto 1998, execução 2002, Pilar, Argentina Fotos: G. Soza Pinilla

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ARGENTINA

Casa Azul Mar

Exposta e premiada em grandes eventos de arquitetura no cenário nacional e internacional, o projeto foi idealizado de maneira livre, não destinado a um cliente. Tomou-se como partido a construção de uma casa de verão com baixos impacto e custo, com predominância do concreto, ferro, madeira e vidro, além do mobiliário desenhado e executado com materiais reutilizados. Autor: Maria Victoria Besonías e Guillermo de Almeida Maria é nascida em Madrid, a 1947 e diplomada a 1975, na faculdade de Aquitetura e Urbanismo de Buenos Aires, onde leciona, e atualmente toma parte em inúmeros eventos voltados à sua profissão como jurada, além de desenvolver projetos com seu parceiro do extinto escritório BAK, que tinham em conjunto com Luciano Kruk. Guillermo graduou-se no mesmo ano e mesma faculdade que a colega, e igualmente lá hoje é parte do corpo de professores, além de lecionar na Universidade Morón na cidade onde nasceu, Buenos Aires, a 1945, além de participações e convites para outras instituições Data e local: 2004, Província Azul Mar, Argentina Fotos: Besonias Almeida

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ARGENTINA

Centro Cultural do Bicentenário ou Centro Cultural Kirchner O concurso de iniciativa estatal para restauração e modificação funcional do edifício Sede dos Correios e Telégrafos, de projeto do francês Norbert Auguste Maillart – a concepção inicial data de 1887, e sofreu várias modificações; a execução se estendeu por quatro décadas, finda em 1948 – elegeu o projeto dos arquitetos argentinos B4SF e Becker-Ferrari entre mais de 340 concorrentes. Houve modificações em alguns setores, para abrigo do novo programa, o edifício agora inclui uma grande câmara sinfônica, apelidada La Ballena azul (baleia azul), com capacidade para 1750 pessoas, além de salas de multimídia, sala para homenagear a história do expresidente Néstor Kirchner, a de Eva Perón, um mirante, que consiste numa cúpula de vidro de 500m²; uma composição em vidro, a “Gran Lámpara”, com espaços dedicados a mostras artísticas; uma segunda sala para apresentações musicais, toda em madeira e capacidade para 540 pessoas. Com amplo uso do vidro e da madeira, a reforma iniciada em 2009 e concluída em maio de 2015 inclui a Bicentennial Park, para intervenção no tráfego e integração com edificações próximas, e “praças temáticas”, que geram uma confluência entre história e contemporaneidade dentro do edifício, que foi restaurado minuciosamente conjunto ao acréscimo de novos espaços e funções. Autor: Bares y Associados, Enrique Bares, Federico Bares, Nicolás Bares, Florencia Schnack, e BeckerFerrari, Claudio Ferrari, Daniel Becker (B4FS Arquitetos). O escritório Bares tem mais de 30 anos de trabalho, com a ação em diversas escalas e competência na realização de obras complexas, posta sua experiência com desenvolvimento de projetos não só na Argentina, mas também Dubai, Porto Rico, Uruguai e outros países. A trajetória tem sido documentada e publicada internacionalmente, com a participação da equipe em concursos no mundo todo. Trabalham em conjunto em seu escritório BeckerFerrari desde 1993, com fundação do B4FS em 2008 em conjunto ao escritório Bares y Associados, com o desenvolvimento de projetos a níveis nacional e internacional. Data e local: 2015, Buenos Aires, 52 Argentina. Fotos: Bares y Associados


ARGENTINA

Edifício Maipu

As dependências do programa deste edifício estão centralizadas na planta do projeto, as vigas concentram a carga neste centro e criam na fachada oeste brises fixos e sacadas, com aberturas e fechamentos que se alternam, de maneira um tanto simétrica. Interiormente, conta com paredes duplas que conferem maior conforto e isolamento acústico. O prédio se assemelha a uma torre – conta com 15 andares – pelo gabarito de altura das duas construções diretamente vizinhas, mas está homogeneizado no horizonte da cidade, que por não contar com uma definição de gabarito, está composta de vários edifícios altos e baixos. Os elementos estruturais foram pensados conjuntos às possíveis funções e utilidades a se aproveitar e a estética um tanto quanto brutalista resulta desta escolha de composição. Autor: Nicolás Campodonico. Nascido em 1973, na cidade de Rosário em Santa Fé, Argentina, graduou-se em 1991 na Universidade Nacional de Rosário, onde leciona em Arquitetura e Planejamento e Desenho. Realiza intercâmbio na Espanha, em Barcelona. Posteriormente retorna a Rosário e estabelece ali seu escritório, e participa em vários concursos, obtendo êxito no país e internacionalmente. Além, exerce função de docente em uma universidade espanhola e uma italiana. Materiais: concreto. Data e local: 2011, Rosário, Santa Fé, Argentina. Fotos: Walter Salcedo, Summa+/Gustavo Sosa Pinilla, Martin Lavayen, Simon Deprez

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ARGENTINA

Edifício Sucre 4444 Os próprios futuros moradores tomaram parte na concepção do edifício, e suas exigências foram atendidas pelo escritório encarregado. Um dos recursos explorados foi o aumento do recuo frontal, para redução de impacto na vizinhança. Os blocos de apartamentos se unem por meio de circulações abertas, e os materiais predominantes são o concreto, alumínio, madeira. Seu design procura explorar conceitos de ritmo e harmonia em todo o conjunto do edifício, cuja construção foi gerenciada pelos próprios arquitetos do projeto. Autor: ESTEBAN TANNEBAUM Arquitetos. Graduados em 2006 pela Faculdade de Arquitetura, Desenho e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires (FADU-UBA), os arquitetos Javier Esteban e Romina Tannebaum trabalham associados em seu escritório desde 2009. Ambos lecionaram como professores de projeto de 2008 a 2011 na faculdade onde se formaram, e Javier é atualmente professor assistente do curso de Projeto Arquitetônico da Universidade de Palermo. Várias obras do escritório receberam premiação pela Sociedade Central de Arquitetos da Argentina, e foram escolhidos para representar seu país na Bienal espanhola de Arquitetura Latinoamericana em Pamplona. Data e local: 2014, Argentina, Villa Urquiza, cidade autônoma de Buenos Aires Fotos: Gustavo Sosa Pinilla

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ARGENTINA

KLIX

O projeto do bar-restaurante Klix partiu da premissa de entremear elementos da natureza em meio à construção, que possui áreas com aspectos distintos, que propiciam a possibilidade de experiências únicas em cada ambiente, fechado, semi-coberto e aberto, mas conectados por um pátio. Conforme a tradição argentina de consumo de carnes em churrascos, a casa exigiu um cuidado quanto à alocação e elaboração do espaço da churrasqueira, todo feito de chapa oxidada, com vidro para tornar visível a ação do chef. Os materiais são neutros, com amplo uso de madeira no mobiliário, concreto, paredes de tijolos aparentes, aço, utilizados em estado natural, o que destaca as plantas e iluminação projetada para o funcionamento noturno. Autor: Agostina Gennaro, Soledad Rami, Victoria Pavoni Agostina Gennaro se formou arquiteta pela Universidade Nacional de Córdoba em 2009, e pela Universidade Empresarial Siglo XXI em gestão de projetos em 2016. É diretora do escritório de arquitetura MARGEN, e sócia em outros escritórios e espaços voltados ao desenvolvimento da arquitetura e sustentabilidade em empreendimentos imobiliários. É proprietária da galeria MUY GUEMES, que traz várias unidades comerciais dentro de seus mais de 1000m² projetados dentro de um conceito arquitetônico sustentável, com coberturas verdes e design característico, tido como uma referência da arquitetura na região. Materiais: madeira, concreto, aço Data e local: 2015 – Güemes, Córdoba, Argentina

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PARAGUAI Os esforços das personalidades da arquitetura atual no território paraguaio se debruçam sobre si mesmos na busca por uma identidade própria, com uma idade ainda jovem do estudo da Arquitetura e do Urbanismo no país, dada a fundação da FAU da Universidade Nacional de Assunção apenas a 1957; e aos entraves enfrentados pelo longo período ditatorial, cuja influência culminou com a degradação do espaço público em questões de qualidade da vida urbana. No entanto, jovens arquitetos mostram uma maturidade em seu posicionamento, com o merecido destaque aos integrantes do Taller E, um projeto criado para a concentração e fomento de trabalhos e de pesquisas multidisciplinares aliados na ampliação e partilha destes estudos voltados à contraposição ao “regime” vigente, no qual as comunidades carentes estão já exauridas de recursos para se manter vivas diante da grande especulação imobiliária e dos latifúndios em expansão contínua. Nomes que figuram entre os componentes do Taller E contam com, Beatriz Heyn, Cecília Román, Joseto Cubilla, Lucas Fúster, Sonia Carissimo, Sérgio Ruggeri, entre outros, por meio dos quais têm sido construídas alianças entre profissionais de toda a América Latina, Europa, e África, observadas as paridades entre a problemática social, principalmente, vivenciada em todos estes territórios, que buscam mitigar estas mazelas num esforço conjunto e mútuo auxílio, com foco em uma produção arquitetônica que resgata o papel primordial desta “disciplina” como um mecanismo de transformação da sociedade.

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PARAGUAI

Boceto Estúdio, Estúdio Esboço

O arquiteto Luis Elgue promoveu a reconstrução de uma obra antiga para alojar o novo escritório físico de seu estúdio aliado a um pequeno apartamento, e trouxe como princípio a reutilização máxima dos materiais residuais da sua própria demolição. Foram utilizados tijolos ocos (tijolos baianos) para promover a ventilação natural, conforme sua orientação posta a favor dos ventos, bem como um sistema de ventilação com janelas em alturas mais baixas e mais altas, na intenção de reduzir o uso de ar condicionado, previstas a iluminação e ventilação natural devidamente controladas com as aberturas, com a possibilidade de sua vedação, quando necessário, por placas de vidro. Sua denominação advém da forma como a vegetação projeta, durante o dia, as sombras, e à noite, a luz artificial que toma a vez e traceja um ‘esboço’ no chão através das aberturas existentes. Autor: ESTUDIO ELGUE & ASOCIADOS Luis Elgue é paraguaio, e formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Assunção em 1987, por meio da qual consolida realmente seu trabalho, desenvolvido em equipe à procura de atender as necessidades prementes da população de seu país. Seus parceiros são todos arquitetos entusiastas da construção de arquiteturas de cunho esquecido pelos recémformados, coerentes com questões sociais em princípio. Elgue teve sua pós graduação concluída em Arquitetura Social e sua aplicação no campo de Desenho Arquitetônico em 1990 pela Fundação Rafael Leoz, em Madri, e depois em 2006, pela universidade de sua primeira formação, estende seus estudos à dialética para arquitetos, focada na interdisciplinaridade do projeto arquitetônico e seu ensino (didático), dessa maneira, evidencia-se a tradução honrosa da sua formação integral através do viés pelo qual optou desempenhar seu trabalho já vasto, posto ser um arquiteto ainda tão jovem. Materiais: cimento, aço, cal, cerâmica, vidro, alumínio e tijolos. Data e local: 2013, Paraguai, Assunção

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PARAGUAI

Casa obscura

Possui uma base de pedra e terra, materiais existentes nas proximidades, e uma caixa composta por peças metálicas tubulares moduladas e articuladas na região superior, por um aparelho feito especificamente para esta função, para permissão ou impedimento da entrada da luz natural. Essa construção se contrapõe às principais tradições e princípios da concepção usual de projetos de arquitetura, pois seu partido traz uma estética reversa, que se delineia a partir da ausência da luz. Autor: Javier Corvalán Nascido em 1962 na cidade paraguaia de Assunção, graduou-se pela Facultad de Ciencias y Tecnología de la UCA a 1987, e seguiu sua carreira de arquiteto de forma independente desde 1990, com eventuais associações a alguns amigos para participar de concursos. Javier atua também como professor no Instituto Universitario de Arquitectura de Venecia, a Escola de Arquitetura da América Latina, a Escola da Cidade de São Paulo, entre outras. Data e local: 2012, Assunção, Paraguai Fotos: Pedro Kok

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PARAGUAI Casa Rede

Possui formato de parábola, e é formada por dois blocos alinhados que contrabalanceiam a cobertura e duas armaduras de aço, que perfazem a sustentação de uma rede de barras em uma área construída de 70m². O nome “Rede” foi atribuído ao projeto graças ao conceito da concepção de sua estrutura. Apresenta também a reutilização de resíduos de demolição. Autor: Laboratório de Arquitetura Tem sua fundação datada de 2005, e traz como carro-chefe de seus esforços a difusão e a expansão do trabalho inerente à arquitetura, abrangente ao design, à computação gráfica, à ilustração, aplicados tanto em projetos de construções quanto de reformas. Materiais: Aço, concreto, alvenaria, pedras e materiais recicláveis. Data e local: 2009, Assunção,Paraguai Fotos: Andreia Parisi

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PARAGUAI

Centro de reabilitação infantil Teleton

Com inspiração na morfologia típica de obras de origem mexicana, a criação do elo entre uma rede de elementos arquitetônicos independentes perfaz a ideia de concepção deste projeto, de modo que a ligação dos mesmos conforma um complexo de casas onde ocorrem as atividades de reabilitação infantil. O intuito da obra é criar um “ócio criativo” desenvolvido através do design infantil, onde cada qual dos projetos preserva sua individualidade, permeados por este “espaço a se preencher”. Autor: Sordo Madaleno Arquitectos A empresa é reconhecida por sua busca pela inovação e superação de desafios, de modo a incentivar a adesão a trabalhos que possam trazer impactos positivos à vida social e urbana. Sua filosofia é tratar os clientes e funcionários como componentes essenciais do trabalho, sua participação, portanto, os faz sentir ser parte insubstituível da equipe. A sede está localizada na cidade do México. Materiais: Predominância em Madeira e Concreto. Data e local: 1999-2015 / Território Nacional Fotos: GSM

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PARAGUAI

Edifício Residencial San Francisco

A Obra é marcada por uma área de grande arborização e bela paisagem. O arquiteto prefere uma fachada voltada para a rua a oeste, conforme as condicionantes locais climáticas e de iluminação e temperaturas elevadas, que são dribladas pela estrutura de cobogós alocada em forma de uma enorme grelha que recobre e protege parcialmente o edifício constituído por quatro amplas unidades que dispõem de áreas comuns aconchegantes por conta da ventilação e iluminação naturais. Materiais residuais da demolição de duas residências ali antes alocadas foram empregados na construção deste edifício e outras obras. Houve também a preocupação em promover a captação e reutilização das águas pluviais pela piscina localizada ao topo do edifício junto ao reservatório de água potável, os jardins e a rede sanitária, além do emprego de materiais e mão de obra locais, para fomentar o desenvolvimento na região, com um partido projetual limpo, que preza pela possibilidade de aproveitamento dos recursos naturais disponíveis ao máximo, e traz impregnado em seu significado o sentido do tempo e identidade da cidade, com a força da paisagem privilegiada pelo projeto em todas as visuais. Ainda, há o estabelecimento de um diálogo público – privado, graças à área de lazer disposta para desfrute também pela vizinhança, com espaço para atividades conjuntas e um belo jardim, ao que se previu sua caracterização como parque aberto à visitação. Autor: José Cubilla: Graduado pela Faculdade de Arquitetura, Desenho e Arte em 1994, e pós graduado pela UCA em Arquitetura Contemporânea em 1995 e pela Facultad de Arquitectura y Urbanismo de la Universidad del Nordeste-Argentina em 2011 em Experimentação Projetual. Nasceu em Assunção, Paraguai. Materiais: Cerâmica, metais, concreto e cimento. Data e local: 2013/2014, Assunção, Paraguai. Fotos: Lauro Rocha

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PARAGUAI Unilever

A estrutura do projeto procura trabalhar a imagem da empresa com destaque aos valores por ela prezados, de evolução e inovação aliadas ao respeito ao meio ambiente, reflexo do uso de estruturas existentes no local de construção remanescentes de uma antiga fábrica ociosa ali há tempos. Benítez se dispôs da pré-fabricação de painéis cerâmicos na construção dos brisesoleils, marca principal do projeto em sua identidade visual, além do uso do material na cobertura, para fins de proteção e delimitação. Também merece destaque o uso abundante de vidro, dotado de bastante liberdade plástica, e deques em madeira, constituintes dos caminhos que perfazem a circulação entre os distintos espaços articulados dentro da obra. Autor: Solano Benítez Nasceu em Assunção, no Paraguai, em 1963, e graduou-se pela FAUNA (Faculdade de Arquitetura Da Universidade Nacional de Assunção) em 1986, ao que se seguiu a fundação por ele do Gabinete de Arquitetura em 1987, onde trabalha em conjunto com Alberto Marinoni e Gloria Cabral. Entre premiações de destaque, contam-se o BSI premiação suíça de arquitetura em 2008, a eleição como Arquiteto Bicentenário pela Associação Paraguaia de Arquitetos junto a uma menção honrosa do Congresso Nacional Paraguaio em 2011. Em 2012 é eleito membro do Instituto Americano de Arquitetos. Representou o Paraguai na Bienal de Veneza, São Paulo e Lisboa. Materiais: Cerâmica, madeira, vidro. Data e local: 2000, Vila Elisa, Paraguai

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URUGUAI O território uruguaio abarca também vários exemplares de arquitetura colonial em seus edifícios históricos, que convivem com contrastantes obras da produção arquitetônica contemporânea, no entanto esta se apresenta um tanto quanto insípida, e atualmente os profissionais e estudiosos se voltam à procura de raízes fortes para basear o presente cenário profissional, que tem se perdido da qualidade por conta de um sistema educacional falho. A Universidad de la Republica tem a Facultad de Arquitectura, Diseño e Urbanismo, com acesso público e sem um sistema criterioso de seleção para os ingressantes, o que resulta em um contingente crescente de profissionais com baixa qualidade; e, assim, vêm se questionando acerca da necessidade de reforma no ensino da disciplina em toda sua estrutura.

Os novos arquitetos estão à procura de um debate, de experiências de intercâmbio com outros países e entre regiões distintas dentro do território nacional, e, da mesma forma, vários profissionais estrangeiros chegam ao solo uruguaio, fator estimulante às práticas locais pelo seu ensinamento e à aquisição de novas visões acerca daquilo que é produzido no país. Estudiosos têm discorrido sobre as temáticas pertinentes à arquitetura enquanto objeto estético nos cenários da arte, política e economia.

Inclusive foi desenvolvido recentemente um projeto voltado à exposição e teorização da arquitetura uruguaia no contexto contemporâneo, denominado Nueva Arquitectura en Uruguai por seus idealizadores (Gustavo Scheps, Marcelo Danza, Ruben Otero, Fernando Pérez Blanco, entre outros) para fomentar o debate e a difusão dos conceitos e conhecimentos inerentes à disciplina, no geral em estado dormente.

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URUGUAI

Aeroporto Internacional de Carrasco

O projeto para ampliar o aeroporto, com um novo terminal para passageiros, veio acompanhado de modificações para atualizar e modernizar as estruturas em funcionamento no local. Foram aplicados preceitos do paisagismo e sustentabilidade, pelo uso abundante de iluminação natural, dado ao fechamento em vidro. Com inspiração nas dunas típicas da costa uruguaia a cobertura branca e curva se projeta sobre o aeroporto ao longo de seus 356 metros, onde abriga o novo projeto, com níveis de uso distinto, o térreo para desembarques e o primeiro pavimento embarque, com todo um suporte para atender às famílias que vêm receber ou despedir-se de um passageiro, e podem então desfrutar, no segundo pavimento, de amplos espaços para lazer, com restaurantes, áreas comerciais e culturais, com vista dos níveis por um mezanino. Autor: Rafael Viñoly Rafael nasceu em Montevidéu, no Uruguai, em 1944, mudando-se para a Argentina, onde concluiu sua graduação em 1969, na Facultad de Arquitectura y Urbanismo de la Universidad de Buenos Aires. Seu escritório foi fundado em 1983 em Nova York, com realização de projetos e atuação que se expandiu por diversos países, posto que muitos foram concluídos e ainda há muitos em andamento. É membro do Royal Institute of British Architects desde 2006, e recebeu premiações e concessão de honras por outras importantes instituições, como o American Institute of Architects. Materiais: Concreto, vidro Data e local: 2009, Montevidéu, Uruguai Fotos: Rafael Viñoly Architects

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URUGUAI Casa MD

A residência surgiu do princípio de adaptação do uso de um galpão ocioso, com a alocação de um volume em seu interior, que perpassa sua altura e se projeta como um volume independente para fora do bloco inicial. Os cômodos se dispõem em três pavimentos, áreas sociais e privativas, desde o térreo conectadas por uma grande escada em madeira, e no terraço o espaço ao ar livre apresenta um deck recortado, com fechamento em vidro, abertura que permite uma iluminação zenital, mesmo princípio que utilizou ao criar mezanino e pé direito duplo sobre a área de estar e outras aberturas entre os níveis, favoráveis à iluminação natural e circulação de ar. Autor: Pedro Livni Nascido em 1973 em Montevidéu, Pedro é arquiteto pela Facultad de Arquitectura da Universidad de la República Oriental del Uruguai, além da sua formação como artista plástico e docente. Trabalha em escritório próprio desde 2002, e já participou de vários concursos, eventos e seminários sobre arte, arquitetura e urbanismo, com obras publicadas em alguns periódicos. Materiais: concreto, vidro, madeira Data e local: 2014, Pocitos, Montevidéu Fotos: Federico Cairoli

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URUGUAI

Complexo Pueblo Rivero

As formas arredondadas ao topo das cabanas remetem ao desenho das ondas do mar, e criam certa dinâmica no conjunto, enquanto outras duas fachadas retas contrapõemse a estas também em cor e detalhes composto por 4 cabanas de 2 unidades em 3 níveis cada. Tal estética foi possível com o uso de chapas de aço curvadas e concreto armado. O programa de cada unidade tem sua parte social no térreo, com salas de estar e lareira, cozinha, banheiros, e área externa com churrasqueira, e a parte superior abriga os dormitórios, mas a configuração não é toda repetida ou apenas espelhada, pois é feita uma rotação em suas plantas com intuito de que cada moradia tenha máximo aproveitamento da paisagem e vista para o mar. Autor: Pablo Tórtora Pablo se graduou pela Universidad de la República em 2009, e concluiu sua especialização em arquitetura bioclimática pela Universidad de ORT (vinculada à World Ort, “Obshchestvo Remeslennogo zemledelcheskogo Truda”, que, com raiz russa, significa Sociedade de Trabalho Agrícola e Artesanal, e é uma organização não governamental judia, voltada ao oferecimento de estudos e especializações a pessoas no mundo todo, independente da sua religião). Trabalha em seu próprio escritório desde 2010, com experiência em alguns outros escritórios e construtoras. Materiais: aço, concreto, madeira Data e local: 2011, Punta del Diablo, Rocha, Uruguai Fotos: José Pampin

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URUGUAI

Escola nº 92 de Tempo Integral Bella Unión

O projeto surge em uma localidade de ocupação informal, e por iniciativa do governo foi determinada a construção de uma pequena escola pública. Com acesso a toda a comunidade, a instituição conta com 8 salas de aula, administração, cozinha, refeitório, e área de serviços, divididos em dois volumes com vão entre si, o que favorece a ventilação junto ao sistema de chapas de aço que envolvem a parte superior dos blocos, e um pátio central semicoberto, onde está a quadra poliesportiva e área de vegetação. Autor: Pedro Barran Casas Pedro Barran é arquiteto e urbanista pela Universidad de la República, com pós-graduação em Gestão da Infraestrutura Educativa na Universidade de Buenos Aires, mestre em Desenvolvimento Urbano e Territorial na Universidade Politécnica de Catalunha e doutor pela Universidad de la República. Participa como coordenador de projetos no PAEPU, Programa de Apoio à Escola Pública Uruguaia. Além de contar com participação em concursos e premiações, já trabalhou como docente e exerceu cargos em pesquisas. Materiais: aço, concreto Data e local: 2014, Bella Unión, Artigas, Uruguai Fotos: Pedro Barran Casas

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URUGUAI

Escola Sustentável

Tudo se organiza ao redor de um corredor com paredes em vidro, e a partir da fachada norte, feita em vidro e madeira, contamse 3 salas de aula e 2 áreas de serviço, espaço para uma horta interior à construção, e há o uso de mecanismos de captação e tratamento de água, com o reservatório coberto por areia e terra, junto ao muro na fachada sul, para promover melhor isolamento térmico e otimizar o aquecimento por paineis solares, além de tubulação para que ocorra a ventilação cruzada e o arrefecimento do edifício durante o verão, com possibilidade de fechá-los durante o inverno. Em apenas 7 semanas a comunidade de Jareguiberry viu se erguer a escola sustentável com a participação da população local e voluntários vindos de mais de 30 países, e o cunho essencialmente vernacular das técnicas e metodologias aplicadas, com uso de materiais reciclados, como vidro, latas, garrafas plásticas, junto a outros tradicionais, com o objetivo de oferecer aos usuários uma estrutura autossuficiente em todos os quesitos possíveis. Autor: Michael Reynolds Arquiteto formado pela University of Cincinnati em 1969, o americano Michael Reynolds tem vasto legado de trabalho desenvolvido sobre o tema da arquitetura sustentável, sobre o que escreveu sua tese de mestrado, concluída em 1971 e então posta em prática com a construção de sua primeira casa com todos os princípios pertinentes à sustentabilidade. Durante algum tempo teve sua licença de arquiteto suspensa por conta de algumas casas que apresentaram problemas desempenho, e após um período de entraves contra clientes na justiça, teve a licença revalidada, em 2007, ano em que participa do documentário Garbage Warrior. Após o tumulto também é convidado a apresentar palestras pelo American Institute of Architects. Ainda, trabalha na organização não governamental criada por meio de seu trabalho, a Earthship Biotecture, na implementação de projetos de tecnologia sustentável e apresentação de palestras em vários países. Materiais: materiais reciclados (plástico, alumínio, papelão), vidro, terra, areia, madeira Data e local: 2016, Jareguiberry, Canelones, Uruguai Fotos: Lorena Presno, Diego Roche, Lucas Damiani 68


URUGUAI

Fábrica de Azeite O’33

A obra se compõe de dois volumes independentes, construídos principalmente com base em peças de concreto pré-moldado, conectados pela circulação externa à interna, o que dinamiza o relacionamento entre as partes cíclicas, e assim cada qual abriga certo trecho da linha produtiva do azeite. Ainda, algumas esculturas de artistas uruguaios dotam o espaço de grande dramaticidade. Organizam-se os cômodos destinados a cada etapa conforme as funções, ao longo de um amplo corredor e outra unidade mais compacta, porém de maior gabarito de altura e parte dela subterrânea. Nelas se contam salas para seleção e lavagem, moagem, armazenamento, embalagem, laboratório de análises. Cada volume independente apresenta uma identidade estética distinta, ainda que sigam uma mesma linha conceitual. Autor: Marcelo Daglio O arquiteto uruguaio nasceu em 1959. Há pouca documentação sobre sua trajetória academia, no entanto, sua obra para a fabrica de azeite O’33 teve grande repercussão, pois foi vencedora num concurso onde grandes nomes como Zaha Hadid e Norman Foster concorreram. Materiais: concreto, vidro Data e local: 2013, Maldonado, Uruguai. Fotos: Carli Angenscheidt

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URUGUAI

Iglesia del Cristo Obrero

A Igreja projetada por Eladio Dieste foi desenhada levando em consideração a população local, compondo um volume inovador. Construiu abóbadas de concreto armado que possibilitou a colocação de tijolos nas superfícies. Buscando soluções econômicas e racionais para o projeto, Dieste utilizou tijolos como elemento plástico, se contrapondo as técnicas internacionais de construção. Possuindo estrutura leve e complexa, foi possível construir a Igreja com um baixo custo, configurada por uma nave retangular de 30x16, e fachada composta por formas curvas e cônicas que se unem ao telhado arredondado, causando um impacto visual e marcante para este projeto. Para dar leveza ao projeto, as paredes de tijolos receberam rasgos vedados com vidros coloridos que permitem entrada de luz natural, dando vivacidade ao interior da Igreja. Autor: Eladio Dieste cursou engenharia em 1943 no Uruguai e recebeu vários prêmios e méritos durante sua vida profissional e acadêmica. Suas obras foram caracterizadas pelas formas curvas e puras, baseadas em cálculos muito bem elaborados e na geometria. Além disso, a arquitetura de Dieste é reconhecida pelo constante uso de tijolos aparentes que ele utilizava como elemento plástico, reforçados com aço e concreto. Inaugurou em 1956 sua construtora, Dieste e Montañes, junto de seu colega de trabalho, Eugenio Montañes, engenheiro especialista em cálculos para construção. Sua trajetória arquitetônica deixou um legado de obras culturais, residenciais, religiosas e comerciais. Materiais: tijolo, vidro, concreto armado Data e local: 1952, Atlantida, Uruguai

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COSTA RICA Os indícios da arquitetura contemporânea costarriquenha começaram a se delinear pelas influências de uma primeira geração de arquitetos vindos do exterior, com fortes traços europeus e norte americanos, como a art déco, o racionalismo pós-modernista, entre o início da década de 1930 e meio de 1950. Foi então que, em 1956, ocorreu a fundação da Escuela de Arquitectura de La Universidad de Costa Rica e o Colegio de Arquitectos, concomitante à chegada de uma nova leva de profissionais que tiveram seus estudos realizados em outros países, principalmente o México e os EUA, processo que se estendeu até a década de 70, período durante o qual o país teve um grande desenvolvimento interno alavancado pelo incentivo estatal por meio da realização de obras públicas.

formaram-se os primeiros arquitetos legítimos das escolas de arquitetura de Costa Rica, a primeira turma por volta de 1977.

Com uma arquitetura que refletia as premissas do progresso social, a metodologia de projeto das instituições de caráter público, no entanto, ainda trazia falhas de concepção, com aplicação de uma escala monumental, e isolamento das obras diante do restante da cidade, sem um diálogo com a natureza e o entorno onde se inseriam, fatores resultantes numa perda de possibilidades quanto ao ganho social se os empreendimentos fossem realizados em áreas próximas, o que traria consigo infraestrutura e outros investimentos em serviços e na movimentação constante de produtos e pessoas; quando então, à década de 80,

O perfil das obras que passaram a ser desenvolvidas engloba e reforça as características tornadas de algum modo permanentes nas composições dos profissionais da arquitetura e o urbanismo; as edificações emergem aliadas ao contexto local, os projetos passam a ser integrados ao meio ambiente de maneira sutil, com respeito também à importância das construções históricas; os materiais mais frequentes à contemporaneidade passaram a ser incorporados amplamente, o concreto armado, o vidro, carpintarias, estruturas metálicas, numa complexidade de concepção onde se aliam alta qualidade estética, técnica e funcional.

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COSTA RICA

Andaz Hotel

Compõe-se de uma área principal onde ficam o hall de entrada e recepção, sala de reunião, três restaurantes, dentre os quais um está diretamente conectado à praia, sete blocos de apartamentos para hóspedes, um spa próximo à área de floresta ao redor, piscina, estacionamento, e alguns outros elementos participantes da estrutura, com formas redondas e orgânicas entremeadas entre as belezas da natureza local. O projeto teve a observação de vestígios das construções das comunidades pré-colombianas para buscar a inspiração formal nos mesmos conceitos dos antepassados, que eram pequenos elementos encontrados na natureza. Com baixa intervenção no ambiente, fizeram uso de princípios da arquitetura vernacular para a elaboração das estruturas, baseadas em pedra e madeira principalmente, e implantadas na topografia costeira com a devida alocação do projeto e sua orientação pensada para o aproveitamento da paisagem e de condicionantes como o vento e iluminação naturais. Autor: Zürcher Arquitectos Ronald Zürcher está à frente do Zürcher Arquitectos desde 1978, e hoje há unidades em San José na Costa Rica e Panamá City no Panamá. Desenvolveram neste longo tempo de funcionamento projetos em 17 países, com a colaboração de mais de 100 profissionais especializados em diferentes áreas. Seus projetos em geral apresentam elementos inspirados na natureza e coexistem em harmonia com o entorno onde são construídos, o que se deve à responsabilidade e postura do escritório para o desenvolvimento de projetos abrangentes desde o design e planejamento, à edificação e supervisão de obras. Data e local: 2013. Papagayo Peninsula, Costa Rica Fotos: Andrés Garcia Lachner

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COSTA RICA

Casa Ca Ba

Com uma extensão projetada para máximo aproveitamento de um terreno estreito, de 6 metros de largura e 30 de profundidade, esta casa de praia tem sua estrutura apoiada nos muros laterais, para liberar o espaço central e promover um melhor aproveitamento do mesmo. A piscina está alocada em um pátio que perfaz a conexão entre as duas torres, que alojam ao todo cinco dormitórios, salas de estar e cozinhas principal e secundárias, de modo que cada torre engloba estrutura necessária ao seu funcionamento de maneira independente da outra. Os materiais são utilizados em seu estado natural, a fachada simples tem algumas aberturas que fortalecem a ventilação cruzada possibilitada pelo distanciamento entre os dois blocos. Autor: Franco Casalvolone Gradua-se pela Universidad Veritas em 2005, e conclui seu mestrado em Desenho e Iluminação Arquitetônica pela Universidad Politécnica de Madrid; tem passagem em alguns escritórios e instituições de engenharia e arquitetura. Materiais: concreto, pedras Data e local: 2010, Paseo de los Turistas, Puntaneras, Costa Rica Fotos: Rodrigo Montoya

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Centro de Desenvolvimento e Assistência Infantil de Nicoya Organiza-se o programa do centro em um edifício “dividido” em módulos, com espaços adaptáveis e predestinados a algumas funções administrativas para a gestão de seu funcionamento pela própria comunidade local; há áreas abertas, administração, espaços multiuso, salas de reunião, refeitório, além da possibilidade de modificar e ampliar alguns desses cômodos pela existência de paredes retráteis. Acima há uma cobertura elevada, que torna a área transitável e funciona para criar uma circulação de ar que dispensa o uso de climatizadores ou aparelhos de ar condicionado. Autor: Entre Nos Atelier Michael Smith e Alejandro Vallejo formam-se na Universidad Veritas em épocas distintas, e fundam o Entre Nos atelier em 2010. Ambos contam com numerosas participações e premiações em concursos nacionais e internacionais, e atuam como professores, pesquisadores, palestrantes em uma lista de instituições renomadas, com enfoque em projetos e pesquisas sobre a arquitetura voltada à sustentabilidade e aspectos sociais. Materiais: aço, madeira Data e local: 2013, Nicoya, Guanacaste, Costa Rica Fotos: Pamela Zamora

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COSTA RICA

Complexo Turístico Rio Perdido O hotel se localiza próximo ao vulcão Miravelles, em uma região repleta de montanhas; sua estrutura luxuosa foi projetada com inspiração e respeito à natureza que literalmente rodeia cada um os 20 bangalôs para hóspedes, conectados por uma circulação em deques de madeira. Dado ao isolamento da região, o sistema construtivo escolhido se baseia totalmente em estruturas pré-fabricadas, o exterior rústico contrasta com os detalhes e acabamentos em cores claras, bancadas em quartzo, concreto polido e projeto de iluminação personalizado compõem o design interior sofisticado deste resort. Autor: Project CR + d Fundado em 2008, o escritório costarriquenho, com sede em San Jose, promove um trabalho voltado à apreensão e aplicação dos valores ambientalistas, desde o design de objetos à construção de projetos arquitetônicos, e tem como diretores Carolina Barzuna e David Darlington. Materiais: concreto, aço, madeira Data e local: 2013, San Bernardo de Bagaces, Costa Rica Fotos: Armando DelVecchio

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COSTA RICA

Containers of Hope Este modelo de habitação de baixo custo foi feito por iniciativa dos proprietários, que construíram a própria casa, conjunta à ação do arquiteto. Composta de dois containers, a casa tem a utilização de janelas laterais amplas para providenciar o máximo de iluminação natural, telhado feito de metal também empregado para as aberturas das janelas, a disponibilização de um sistema de ventilação cruzada para arrefecimento sem uso de ar-condicionado. O custo da casa totalizou 40 mil dólares, um valor muito abaixo do que se despenderia normalmente para uma moradia nos padrões usuais, posto que também causa baixo impacto quanto à sua implantação, pois fica elevada do solo, e permite um contato mais direto com a paisagem em redor. Autor: Benjamin Garcia Saxe Graduado pela Universidad Veritas, Benjamin faz seu mestrado nos EUA na Rhode Island School of Design. Inicia seu trabalho em escritório próprio em 2004, e atualmente também é convidado como palestrante por diversas universidades a nível internacional. Materiais: containers reciclados (aço), vidro Data e local: 2011, San Jose, Costa Rica Fotos: Andres Garcia Lachner

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ISEAMI House O nome deste projeto se refere a “institute of sustainability, ecology, art, mind and investigation” (instituto de sustentabilidade, ecologia, arte, mente e investigação), e seu objetivo é abrigar as atividades necessárias aos integrantes do instituto e também ser moradia do diretor em sua parte privativa, no segundo andar, e ainda servir como um campo de experimentação às tecnologias sustentáveis escolhidas, como o controle de temperatura, insolação e umidade, elevação a um metro do solo, revestimento externo para proteção contra chuvas e aquecimento, uso da cor branca para reflexão dos raios solares, ventilação cruzada. O escritório toma como diretrizes gerais as características locais e recursos aproveitáveis oferecidos pela natureza, sem conexão com as redes de abastecimento públicas, e então o uso de sistemas de captação e conversão de energias renováveis, como a hidráulica e a solar, além de empregar materiais que se adaptassem bem ao clima quente e úmido; por exemplo, os painéis térmicos empregados em paredes e telhado junto aos painéis solares e estrutura em aço; e apresentassem facilidade para reciclar após o período útil da edificação, de modo que seja causado o menor impacto ao ambiente. Serve também como uma casa modelo à comunidade local, replicada pela utilização de materiais e peças pré-moldadas com maior facilidade diante da localização e condicionantes ambientais. Autor: Robles Arquitectos Juan Robles foi fundador do Robles Arquitectos em 2004, concluiu sua graduação pela Universidad Autónoma de Centroamérica. Possui vasta experiência de trabalho, voltada para a sustentabilidade, com participações em projetos em toda a Costa Rica e também internacionais; venceu vários concursos e conquistou uma posição de reconhecimento entre profissionais voltados para a arquitetura sustentável do mundo todo. Robles participa do Colegio Federado de Ingenieros Arquitectos de Costa Rica, do American Institute of Architects como associado internacional, do United States Green Building Council Member, além de ser profissional com reconhecimento LEED (leadership in energy and environmental design). Materiais: Madeira, vidro, Data e local: 2010, Playa Carate, 78 Costa Rica Fotos: Juan Robles


COSTA RICA

Pergola Building O princípio formal simples, cúbico, onde e uso de estrutura metálica e em concreto pré-fabricado se fez abundante, bem como os fechamentos em vidro, pediram que as faces do edifício fossem recobertas por folhagem, para amenizar a absorção de radiação e evitar a consequente elevação da temperatura no interior do edifício comercial. Autor: Bruno Stagno Nascido em Santiago do Chile, Bruno Stagno está radicado na Costa Rica desde 1973; em 1978 funda seu escritório, que hoje configura o Stagno Studio, com um trabalho, desde o início de sua carreira, voltado à aplicação de tecnologias sustentáveis, de maneira personalizada e excepcional, o que o tornou um profissional renomado internacionalmente, com publicações de suas obras em inúmeras revistas, livros, artigos, além da conquista de premiações (Le PARC, HOLCIM, NOHE AUTO MERCADO, por exemplo, entre outras), e posicionamento em importantes cargos, como Consultor do Ministério do Turismo da República Dominicana e da União Internacional de Arquitetos de Paris, por exemplo. O BSAA, Bruno Stagno Arquitecto Y Asociados, funciona concomitantemente ao Instituto de Arquitectura Tropical – IAT – fundado em 1994, e configurado como uma associação de pesquisa sobre a arquitetura tropical sustentável; e o Luz de Piedra, escritório composto por Pietro Stagno e Luz Letelier, e voltado ao desenvolvimento de projetos medianos voltados à ecologia em locações que apresentam riscos e fragilidade. Materiais:aço, concreto, vidro Data e local: 2006, San Antonio de Belén, Heredia, Costa Rica Fotos: Bruno Stagno

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CUBA O contexto histórico da arquitetura cubana se depara com ocorrências conflitantes, e que geraram dificuldades ao desenvolvimento do país em diversos aspectos, com um longo período em que prevaleceu o modelo socialista e ocasionou o isolamento frente às demais nações em um contexto de globalização. Na atualidade, para o campo da arquitetura, o que se mostra é uma atmosfera onde paira a incompreensão do estado de desenvolvimento, ou melhor, de estagnação presente. Cuba possui inúmeras edificações históricas, e figura como dona de um dos mais ricos patrimônios culturais mundiais, em que prevalecem os traços da arquitetura colonial. Quando da década de 50, aos poucos, foram abraçadas as linhas projetuais do modernismo, fato resultante numa significativa produção de obras com valores inerentes também às características próprias do território e cultura nacionais. Porém, esta empreitada não durou por muito, nem frutificou e evoluiu como o esperado. A revolução socialista deu origem a uma vasta padronização das técnicas e meios construtivos, com uso de itens préfabricados traduzidos como uma maneira de reduzir drasticamente os custos com moradia, o que se alastrou para as demais tipologias construtivas, e que viria a se tornar o pesadelo da contemporaneidade com algo que se poderia designar por um “international style”.

Ainda que alguns projetos tenham suscitado premissas do retorno à busca pelo progresso na concepção e produção arquitetônica, com a reabertura do país ao estrangeiro e a descentralização política – as grandiosas obras idealizadas por Castro e Guevara, as Escolas Nacionais de Arte de Porro, Garatti e Gottard , trouxeram antes o gérmen da vanguarda, e haviam sido abandonadas por volta de 1965, junto a uma grande perda e cortes orçamentários à prática e ensino do curso no país, e mesmo a expulsão dos arquitetos autores dos seus projetos– sua concretização não foi possível, pois contrastavam com os ideais da revolução socialista. Num tempo recente, Fidel Castro havia atentado pela finalização dos projetos, para o que inclusive Norman Foster fora convidado, mas às catástrofes causadas por furacões que assolaram o país (2008) e a crise econômica mundial, resultaram na necessidade de atendimento às carências mais básicas da população, e à desistência da continuação das obras. Hoje, com a enorme influência da indústria turística, por meio da qual o país mantém grande parte da renda, ele também se perde da sua identidade ao exibir edifícios estereotipados, o que Kirenia Rodríguez Puerto denotaria como “cancunização”. Assim, com a profunda descaracterização cultural nos diversos aspectos da produção da sociedade, e que se faz sentir com grande pesar para os estudiosos e conhecedores da história, costumes e tradições da população cubana, constatase a contemporaneidade arquitetônica marcada pela ignorância quanto ao diálogo que deve ocorrer entre arquitetura e cidade. Proliferam-se moradias realizadas com base em modelos replicados, com muitas construções informais, não catalogadas ou sequer projetadas, enquanto as obras públicas remontam à época colonial, e a indústria hoteleira mascara seus edifícios com um falso sentido de pertença pelas obras de arte cubanas exibidas em sua 80 decoração.


EL

SALVADOR

A arquitetura moderna é caracterizada por um discurso social e ético muito forte, com ideais de renovação do ambiente de vida do homem contemporâneo. Esse novo conceito surge com a fundação da Bauhaus, de onde saem os principais nomes da arquitetura. Assim, a arquitetura produzida nas últimas décadas, desde a segunda metade do século XX, tem sido uma reação às propostas da modernidade arquitetônica, onde os arquitetos atuais fazem uma releitura dos valores modernos propondo novas concepções estéticas, havendo até mesmo aqueles que retratam o antimodernismo. A partir de 1980 surgem os movimentos desconstrutivistas, que acabou se tornando um novo movimento estético.

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EL SALVADOR Casa Tuscania

Este projeto foi planejado de modo a preservar o terreno da forma mais natural possível, sendo este muito acidentado. Outra peculiaridade do terreno é a grande quantidade de vegetação e animais selvagens existentes, fato que também foi levado em consideração para projetar essa casa. A intenção era aproveitar ao máximo essas condições para que este fosse um projeto único. Para isso, as visitas de campo foram imprescindíveis. Foi necessário vivenciar a natureza ao redor em todos os níveis: abaixo, no mesmo nível e acima das copas das árvores. Isso fez com que a casa tomasse uma forma estreita, para se mesclar por entre a vegetação existente, para evitar o desmatamento das árvores. Os terraços estabelecem a integração do usuário com a natureza. Para que o projeto remetesse as esculturas de Oteiza, foi utilizado como material principal o concreto, que reveste desde as paredes até o chão, dividindo a área construída da paisagem natural. Para a varanda do mezanino, foi utilizado madeira e a estrutura de aço. A vista da natureza é realçada com as fachadas de vidro, que auxiliam também na iluminação. Os materiais foram pensados de modo a garantir proteção de intempéries. Autor: Cincopatasalgato O escritório Cincopatasalgato foi fundado por José Roberto Paredes, e atualmente a empresa trabalha com projetos arquitetônicos, design de moveis e design de interiores. Esse escritório tem caráter inovador, buscando inspiração nos pequenos detalhes e peculiaridades de cada projeto, transformando coisas em grandes sonhos. Exploram as possibilidades até romper com as tradições e isso faz com que os projetos reflitam a personalidade de cada cliente, atendendo suas necessidades e desejos. Para o escritório, cada personalidade única abriga um projeto único. Materiais: madeira, concreto, estrutura metálica, vidro Data e local: 2007, El Salvador Fotos: Cortesia de Plastika PhotoDesign

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EL SALVADOR

Cardedeu

Localizado nas montanhas ao redor do Lago Coatepeque, Cardedeu é um espaço destinado a eventos, privilegiado pela vista e pelos arredores da região. Complementando a obra, Cardedeu ainda conta com uma capela, um espaço de apoio, restaurante e hotel. A obra foi pensada de maneira que respeitasse o relevo do campo original e principalmente da relação com o lago. Contendo uma forma simples e versátil, o Cardedeu oferece vistas para o lago de vários ângulos, graças a sua volumetria, valorizando o ambiente externo. Isso faz com que o usuário vivencie todo o projeto e a paisagem ao redor, estabelecendo várias relações entre o construído e o natural. Para o destaque da capela, foi escolhido o concreto como único material. Assim, ela se sobressai sobre o cenário natural. Sua forma e bem simples e vazada, fazendo com que haja ventilação cruzada em seu interior. As formas dão leveza à capela, fazendo com que pareça que esta flutua sobre a água. Autor: EMC Arquitetura Foi fundada por Eva Hinds em 2003, que trabalha juntamente com a ORG Arquitectura y Construcción, fundada por Anita Olivares e Francisco Ramirez em 2001. Essa parceria faz com que cada empresa trabalhe com a sua especialidade, garantindo a qualidade dos projetos. Atualmente tem ganhado grande credibilidade e popularidade internacional, tendo desenvolvido projetos na Costa Rica, Canadá, etc. Data e local: 2012, Lago de Coatepeque, El Salvador Fotos: Tom Arban

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EL SALVADOR La Piscucha

Localizada em uma colina de San Salvador, La Piscucha se trata de uma casa de lazer, projetada com um design sofisticado e moderno. Em seu interior há um pátio central, onde fica a área de entretenimento, e a partir dele são conectadas plataformas que se organizam de modo a maximizar as vistas e a relação com o entorno. A sala de estar se abre para os dormitórios e para o terraço, onde pode-se obter a vista para as montanhas e para o Oceano Pacifico. Este projeto adota alguns conceitos de arquitetura verde, os quais incluem painéis solares para iluminação, além de grandes portas e janelas para iluminação e ventilação naturais, tratamento de águas residuais e de chuva, separadamente e madeira reaproveitada para o deck do terraço. Autor: Cincopatasalgato O escritório Cincopatasalgato foi fundado por José Roberto Paredes, e atualmente a empresa trabalha com projetos arquitetônicos, design de moveis e design de interiores. Esse escritório tem caráter inovador, buscando inspiração nos pequenos detalhes e peculiaridades de cada projeto, transformando coisas em grandes sonhos. Exploram as possibilidades até romper com as tradições e isso faz com que os projetos reflitam a personalidade de cada cliente, atendendo suas necessidades e desejos. Para o escritório, cada personalidade única abriga um projeto único. Materiais: madeira, concreto, estrutura metálica Data e local: 2012, Los Sueños, Santa Tecla, El Salvador Fotos: Jason Bax

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GUATE MALA A arquitetura guatemalteca está em constante mudança, tanto buscando novas técnicas de se construir, como renovando os desenhos de estruturas, desenhos de fachadas e de distribuição interna. Sua identidade vem de uma mistura de influencias de culturas diferentes, tanto dos povos nativos, quanto dos povos colonizadores. Estes marcaram o cenário arquitetônico do país por muito tempo, que trouxeram edifícios barrocos e clássicos. Com o crescimento e evolução da Guatemala, novos desafios apareciam para o país, fato que com toda certeza influencia diretamente no modo de construir arquitetura. A construção do Centro Cívico trouxe ao país novos arquitetos, sendo o cenário de grande importância para manifestações artísticas. Os movimentos modernistas, pós-humanista e expressionista também fizeram parte da produção arquitetônica guatemalteca, sendo reflexos da evolução arquitetônica do país. Mesmo com todos os estilos arquitetônicos que passaram pela Guatemala, ainda podese dizer que o país se encontra em uma fase de produção inicial, notando apenas que os materiais e o design desempenham papel fundamental na arquitetura guatemalteca, podendo-se dizer que esta segue tendências orgânicas.

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EL SALVADOR Casa Corallo

Se localiza em uma área muito arborizada, com topografia montanhosa e acidentada. Assim, o principal conceito do projeto é integrar a natureza com a casa Corallo, respeitando a vegetação ao redor e compondo a arquitetura da casa. Para isso, o desenho da casa acompanha os espaços livres entre as árvores, para que estas não fossem derrubadas. Em seu interior, grande parte da planta é livre e a casa é divida pelos desníveis. Nas fachadas percorrem vidros horizontais, destacando a vista para a paisagem. Utilizou-se concreto exposto com madeiras como principais materiais, criando um jogo de texturas. Autor: Paz Arquitectura É uma equipe composta por arquitetos fundada por Alejandro Paz. Sua principal missão é tratar cada projeto como questionar os elementos da natureza e de design, fazendo com que ambos entrem em harmonia, trazendo soluções adequadas para cada cliente. Cada projeto é uma nova oportunidade de explorar o potencial dos elementos de design. Local e data: 2011, Boulevard Santa Rosalía, Guatemala Materiais: madeira, concreto, vidro Fotografia: Andrés Asturias

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EL SALVADOR Casa de Playa

Localizado em um resort na costa do Pacífico construido nos anos cinquenta, esse projeto é composto por quatro casas de praia. Essas casas foram projetadas para serem um lugar de repouso e de fuga das grandes cidades, onde os usuários possam descansar e contemplar a praia e a paisagem, passando tempo junto com familiares e amigos. Primeiro foi projeto um unico modelo de casa, e a partir dele nasceram as quatro variações, para atender as necessidades de cada família. As casas possuem áea social no seu interior, além de cozinha, bar e três ou cinco quartos, dependendo da necessidade do proprietário, e na parte de fora possui varanda com vista para o mar e piscina. Além da preocupação com o conforto e bem estar dos usuários, os arquitetos também se preocuparam em criar casas com suluções bioclimáticas, como por exemplo elevar as casas e áreas sociais a um metro e meio para isolar o calor da areia. O telhado duplo auxilia na ventilação, dispensando o uso de ar condicionado na maior parte do ano, e as casas sao compostas por duas partes, que criam em seu centro uma área verde. Autor: Christian Ochaita: bacharelado em arquitetura pela Universidade Francisco Marroquin, Guatemala e mestrado em Real Estate de Columbia, Nova Iorque. É um jovem arquiteti que se preocupa com o desenvolvimento urbano, e com a construção de arquitetura limpa e que se preocupa com o meio ambiente. Roberto Gálvez: se formou em arquitetura em sua cidade natal, Cidade de Guatemala e estudou gravura em Barcelona. Já participou de dezenas de projetos de arquitetura, tendo participado de todo processo e de todas as etapas da obra, desde os primeiros rascunhos até os detalhes finais de acabamento. Ldata e local: 2013, Guatemala Fotos: Víctor Martínez

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EL SALVADOR M-Apartments

Trata-se de um condomínio de cinco andares que foi projetado de maneira que acompanhasse o relevo acidentado do local, sem ser necessária muita intervenção, valorizando a vista panorâmica para as montanhas. O recuso do piso da entrada para a rua minimiza o impacto visual, tornando a construção mais harmonioza com o entorno. O elevador foi colocado dentro de uma caixa de vidro realçando a transparência do complexo. A entrada é marcada por uma configuração de vértices contrapostos, feitos com madeira e aço. Este edifício possui cinco andares, separando o setor de serviços e estacionamento no primeiro andar, que tem acesso para rua, separando essas funções do restante da torre. Este complexo agrupa cinco apartamentos, sendo um por andar, projetados para dar impressão de que estivesse “flutuando” sobre o terreno, dando sensação de liberdade aos moradores, aumentando a eficácia de iluminação e ventilação naturais. Para dar privacidade aos vizinhos foram colocados brises nas paredes das fachadas noroeste, viradas para o Valle de la Ermita. Com isso foi possível colocar grandes rasgos de vidro, auxiliando na iluminação dos ambientes. A estrutura do prédio é de aço, pois garante flexibilidade e leveza. Autor: PXParchitecture &Partners , David Garda Taller de Arquitectura Escritório formado por arquitetos estrangiros, onde cada possui uma especialização diferente, para que assim seja possível atender as mais variadas propostas de clientes, desde o inteior até grandes projetos. Uma característica marcante desse escritório é a produção de projetos inspirados na natureza e realizados através da tecnologia. Data e local: 2014, Guatemala City, Guatemala Materiais: madeira, concreto, vidro Fotos: Marko Bradic

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HONDU RAS

A arquitetura hondurenha preserva até os dias de hoje o caráter regional, onde há presença constante do uso de técnicas e materiais desenvolvidos através de anos de história da criação de uma nação. Mescla diferentes grupos étnicos e tradições, provenientes de uma população mestiça e cheia de culturas e valores distintas. A principal proposta é produzir uma arquitetura vernacular, que resgata as origens do povo descente daquelas terras, buscando reafirmar suas raízes e costumes, seus valores estéticos e motivando a busca de uma arquitetura de identidade nacionalista. Os principais materiais são: argila, cal, lama, areia, pedras, palhas e folhagens.

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EL SALVADOR

Villa de las Niñas

Este projeto teve a iniciativa de uma Instituição chamada Irmãs da Maria, o qual tem como finalidade educar e formar crianças de famílias muito grandes com alto padrão de qualidade educacional. Está localizado na área periférica de Tugucigalpa, capital do Honduras. Compõe um grande complexo que abriga atividades esportivas, educacionais e recreativas. Além de possuir potencial educativo, a Villa de las Niñas também tem como objetivo criar realmente um vilarejo para essas crianças, onde elas possam se socializar e praticar diversas atividades. O projeto comporta vários prédios, os quais possuem diferentes finalidades, e por entre eles há caminhos e espaços para circulação, praças e alamedas, que também tem como função abrigar a vegetação e maximizar a qualidade de iluminação e ventilação naturais. A vegetação é composta por uma grande quantidade de árvores frutíferas, que servem para refrescar e embelezar o ambiente, como também servem para produção de alimento. Os edifícios possuem volumetria simples e linhas ortogonais, que representam caráter humano e essencial. A estrutura é na maioria das vezes aparente, e cores ou detalhes dão a particularidade de cada um desses blocos: estrutura metálica no ginásio, forro de telha amarela para as oficinas, aberturas horizontais e variações de cores para as salas de aula e dormitórios, mármore para a Casa das Irmãs – Capela. Autor: Soliscolomer y Asociados Soliscolomer é um escritório guatemalteca, fundado em 2002. A intenção do escritório é produzir projetos identidade global, buscando sempre se apropriar de elementos autênticos. É composto por um grupo multidisciplinar, através de vários colaboradores. Estes se dividem em cinco áreas: capacidade técnica, criatividade, relações publicas, teoria e gerenciamento de recursos. Materiais: estrutura metálica, mármore, concreto Data e local: 2013, Tegucigalpa, Honduras Fotos: Marko Bradich

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NICARÁ

GUA Ainda que haja pouca documentação sobre a produção arquitetônica que vem tomando espaço atualmente na Nicarágua, as obras que encontramos expressam uma vontade concomitante à dos países próximos, de exprimir uma linguagem própria e voltada às tradições locais, com uso da mão de obra e dos materiais encontrados às proximidades, princípios formais simples, limpos, onde se exploram recursos que a natureza oferece para criar a ambiência nos espaços, como a luz natural que adentra o local, o contato interior-exterior explorado por meio de aberturas e a prioridade por materiais genuínos, característica forte da arquitetura contemporânea vista em tempo mais recente.

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NICARÁGUA

Capilla del Espíritu Santo O projeto traz uma linguagem própria nicaraguense, e além de aplicar materiais e mão de obra locais, parte de princípios prédefinidos, como a assimetria exibida em seu exterior, em contraste com o interior regular, onde a planta quadrada tem seus vértices em coincidência com a orientação dos pontos cardeais e dá acesso aos vários ambientes ao redor, onde estão as dependências pré-existentes de um hospital. Tudo dialoga em perfeita harmonia com o exterior, onde a cor branca traz o eco do espaço interno, tanto nas paredes como em detalhes, tais às flores empregadas no paisagismo, entre as quais está a espécie considerada flor nacional do país, a Sacuanjoche. Ainda, a região interna recebe um tratamento especial pela paleta de cores escolhida para simbolizar o Espírito Santo e com uma cobertura curva e aberturas para entrada de luz, de onde saem tiras de madeira que se entrelaçam, e delas pendem pombas brancas feitas também em madeira, artesanalmente, o que em conjunto à iluminação natural, característica pelo aspecto de penumbra, reforça a sensação do contato espiritual. Autor: Ricci Architetti O escritório tem sua sede na Nicarágua, conta com profissionais de várias áreas, com o desenvolvimento de projetos baseados no estudo interdisciplinar, voltado ao design e arquitetura, e carregado com a consciência ambiental, sustentável, com traços fortes das tendências europeias. Materiais: aço, concreto, madeira Data e local: 2016, Managua, Nicarágua Fotos: Carlos Berrios

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NICARÁGUA Casa M

A residência se localiza em uma região arborizada, afastada da aglomeração urbana, e seu projeto visa à garantia de segurança e ao mesmo tempo um relacionamento interiorexterior satisfatório aos moradores. Foi prevista uma estrutura que permitisse ampliação futura com construção de mais um quarto, caso necessário; a parte privativa está no primeiro pavimento, e abaixo, concentram-se as áreas molhadas, o que gera uma economia e melhoria de desempenho do sistema hídrico. Demais áreas sociais foram contempladas com uma disposição contínua de seus espaços e o interior pode se abrir mais ou menos para a paisagem com o controle de venezianas em madeira, artifício para garantir iluminação e ventilação naturais, os materiais utilizados foram empregados em seu estado natural, sem pintura ou outros acabamentos. Autor: Bric Arquitectos O escritório é formado por Alejandro Oliver, Claudia Morales, Moisés Mora e Ronald Abaunza, membros com atribuições também artísticas e que desenvolvem projetos em vários âmbitos, também com participações em concursos. Têm sede em Managua, na Nicarágua. Materiais: concreto, madeira Data e local: 2014, Managua, Nicarágua Fotos: Manuela Monte Casablanca

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PANAMÁ À semelhança do cubano, o solo panamenho é berço também de rico patrimônio cultural da humanidade, a exemplo do Casco Antiguo ou Viejo, que abriga vários monumentos, praças, e outros edifícios herdados da arquitetura colonial, e localiza-se no que corresponde ao centro urbano onde se fundou a Cidade do Panamá. Grande atenção é dada à sua conservação, por ser um atrativo ímpar para o turismo. E, não obstante, também como em Cuba há enorme discussão quanto à produção arquitetônica contemporânea, com o uso, no geral, de técnicas e estilos que colocam em questionamento a metodologia de concepção e trabalho dos profissionais ligados ao setor construtivo. Despontam, em contraste com a riqueza histórica, por volta de 1960, altas torres (em comparação ao usual da época) residenciais e de escritórios, além de construções impulsionadas tão somente pela indústria imobiliária, com fins comerciais, e grande influência norteamericana, e que atualmente evoluíram para gigantescos arranha-céus construídos pelo incentivo da indústria hoteleira, crescente a altas taxas anualmente. Em todos estes pontos o que se denota é a ignorância da situação local, quanto ao estudo do entorno e adequação das obras à paisagem, seja em questão das tecnologias e tipologias aplicadas, seja na questão cultural, onde as tradições daquele povo não deixam vestígios notáveis em meio à profusão heterogênea da arquitetura que se criou na paisagem do Panamá.

Com as construções populares informais e não registradas de um lado, do outro são exibidos edifícios com traços pós-modernistas, às vezes misturados com outros estilos e, muitas delas, ornamentados, num dito “resgate” por meio do acréscimo de elementos clássicos, mas de certa forma aleatórios, nessas edificações que às vezes em nada remontam aos princípios formais originais, e dão origem a peças “híbridas”. Concentradas na Cidade do Panamá, por alguns esta prática é tomada, então, como uma montagem falida, e por outros é designada como um novo estilo, com nome de Darién Montañez como referência, do Feoclasico e o Alto Feoclasico, representados por torres de apartamentos de luxo, com diversos tratamentos em materiais para adaptar-se ao clima tropical. Ainda assim, alguns arquitetos vêm enfrentando as dificuldades de agir em melhoria à produção da arquitetura, por exemplo, pelo descaso do governo e a falta de políticas de incentivo; algumas poucas obras catalogadas mostram certo interesse em desenvolver as técnicas e práticas profissionais, mas há uma fraqueza notável quanto à carência de uma identidade própria que tenha força para não se perder frente à adoção dos estilos modernos e do passado colonial. 94


PANAMÁ

Alojamento Estudantil Ciudad del Saber A circulação contínua comum une os blocos nos quais foi disposto o programa; com auditório, lavanderia, salas de estar e leitura, cafeteria, na parte mais baixa, e dormitórios acima; e como os blocos, possui aberturas e grelhas em toda sua extensão para promover a ventilação e melhor iluminação naturais. É proposto um sistema de painéis solares para aquecimento de água e uma cobertura elevada em argamassa para reforçar a circulação e arrefecimento do ar. A acessibilidade é feita por rampas e escadas, e os elevadores que partem da praça, surgida pelo distanciamento entre cada bloco e os prédios existentes, com a preocupação de preservar ao máximo a vegetação natural, de modo que se cria uma praça de convivência no espaço central. O térreo tem seu uso otimizado pela menor quantia de pilares, e fechamentos em vidro para a permeabilidade visual. Autor: [sic] arquitetura O escritório brasileiro formado por Ana Aipp, Beatriz Sá, Fabio Kassai, George Ferreira, Juliana Garcias, Juliano Machado, Monica Soares e Renata Lopes, de atuação em campos de arquitetura, design e sinalização, atua principalmente no Brasil, mas começa a tomar lugar no cenário internacional, como já teve participação em vários concursos, dentre eles o concurso da Ciudad del Saber no Panamá no quesito dormitórios, no qual foi vencedor. Materiais: aço, concreto, vidro Data e local: 2008, Cidade do Panamá, Panamá Fotos: Ana Mello

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PANAMÁ

Assembléia Nacional do Panamá

O projeto foi conformado ao terreno triangular com dois corpos e a concentração das circulações num ponto nodal em um de seus vértices, com escadas, rampas e elevadores. Explorou-se o conceito de integração com o entorno, por meio da relação estabelecida para com o conjunto edificado pré-existente, e o da participação popular, colocado o edifício como símbolo das suas funções democráticas. Esta concepção é reforçada por meio de uma fachada “aberta”, mais comunicativa, com uso abundante de vidro e uma grande valorização da praça interna, sobre a qual uma espécie de marquise branca se projeta e cria efeitos de reflexão e iluminação, em oposição ao piso de granito preto. O programa tem seu setor social localizado nos níveis mais baixos e aos mais altos a parte funcional, com auditório, restaurantes, cafeterias, estacionamento, salas de espera, reunião, oficinas, setor de serviços, sala da presidência e vice-presidência. Autor: Mallol & Mallol Arquitectos Ignacio Mallol Tamayo é presidente do escritório que funciona há cerca de quatro décadas, e atualmente é considerado o mais importante do Panamá e América Central, com uma extensão de projetos com focos diversos, tanto para a arquitetura como para o ubanismo, além de manter um atelier de desenho para estudo de profissionais internacionais. Contam com várias participações em concursos e premiações no país e exterior. Materiais: aço, concreto, vidro Data e local: 2013, Plaza José Ramón Cantera, Cidade do Panamá, Panamá Fotos: Fernando Alda

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PANAMÁ

Biomuseu

Explora-se, neste complexo que engloba também uma área comercial com cafeteria e lojas junto ao museu, parque e áreas de exposição, o conceito da importância da preservação, contato e ensino sobre a biodiversidade. Parte-se de um amplo espaço atrial central entre o pátio e a cobertura metálica, e deste interstício afloram-se as conexões feitas por meio dessa marquise de retalhos sobrepostos até as funções mencionadas, em um total de oito galerias, onde ocorre uma retrospectiva sobre o território, as origens e formas como a natureza ali se desenvolveu, sempre instigado o senso de responsabilidade das pessoas no cuidado com o meio onde vivem, com auxílio também de unidades educacionais instaladas aos arredores, numa forma de fortalecer a participação e interação com a população local. Gehr Autor: y Partners A fundação do escritório Gehry Partners ocorreu em 1963, por Frank Owen Gehry, nascido no Canadá, em Toronto, a 1929. Ele concluiu sua graduação em 1954, e trabalhou em alguns escritórios, além de ter estudado urbanismo em Harvard. Com sua vasta produção, o arquiteto que toma a prática da disciplina como um fazer artístico, foi premiado com o prêmio Pritzker em 1989 Materiais: aço, concreto Data e local: 2014, Amador Causeway, Panamá Fotos: Fernando Alda

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PH Midtown Os autores do projeto partem do princípio da flexibilização do espaço interno para melhor aproveitar as possibilidades de acordo com a necessidade de cada pavimento deste edifício de escritórios. Abaixo aos de níveis de escritórios, o estacionamento se espalha também em dez níveis, um destes no subsolo e que leva até o setor comercial, além de dialogar com o térreo por meio de um mezanino. Ainda, há a utilização de mecanismos para uma adaptação ao clima local, com grandes caixilhos que funcionam como brises, o controle de aberturas para maior ou menor iluminação natural, e uso de materiais para diminuir a absorção de calor. Autor: Fémur Arquitectura Gilberto Guardia e Ramón Zafrani são arquitetos, respectivamente, pelo Georgia Institute of Technology e pela Illinois University de Chicago. Ambos contam com participação em eventos e concursos nacionais e internacionais, Ramón voltado também à pratica artística, e trabalham juntos no Fémur Arquitectura desde 2001. Materiais: aço, concreto Data e local: 2015, San Francisco, Panamá Fotos: Fernando Alda

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PANAMÁ

T Bar

A atmosfera interna deste restaurante foi completamente planejada para que os clientes se sintam como se em contato direto com a natureza. O conforto dos vários perfis de usuários é maximizado ao procurarem disponibilizar diferentes modelos de poltronas, cadeiras e mesas, o que gera ambiência para aqueles que permaneçam mais e menos tempo. Projetado com inspiração nos pocket parks europeus, o design interno da rede de fast food saudável tem em seu partido o contraste entre o caráter brutalista com a demonstração, por meio do design, dos produtos e serviços oferecidos, e isso se traduz na inclusão da vegetação, ora verticalizada em suas paredes em concreto polido, como o chão, ora nas peças de mobiliário. O bar reforça a rigidez do estilo, com a bancada toda em metal sobre concreto, e por fim, a cozinha fica às vistas dos clientes com seu fechamento em vidro. Autor: Dos G Arquitectos O nome do escritório se deve aos de seus fundadores, Ginnette Gotti e Ivan Grippaldi, respectivamente graduados pela Universidad Catolica Santa Maria la Antigua (Panamá) em 2006 e Universidade de Arquitetura de Palermo (Itália) em 2007. Ambos tiveram experiências em grandes universidades no exterior, e trabalham juntos na empresa que realiza projetos de arquitetura, design de interiores e industrial. Materiais: concreto, vidro Data e local: 2016, Cidade do Panamá, Panamá Fotos: Pro Pixel Panamá

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PANAMÁ

Torre Argos Esta obra foi projetada de acordo com exigências da certificação LEED CORE & SHELL, relativas à sustentabilidade das tecnologias, métodos e materiais empregados. Com a liberação de espaço pela ausência de colunas no espaço interno, foi possível abrigar com maior comodidade e boa iluminação natural as áreas para escritórios, salas de reuniões, circulação e, também, recreação dos funcionários, como a academia, para não os sobrecarregar durante a rotina de trabalho. Autor: Arango+ A Arango+, empresa que reúne profissionais da arquitetura, engenharia e áreas correlatas, foi fundada por Gustavo Arango, em 1998, arquiteto graduado pela Universidade de Arkansas e mestre por Harvard. Além de contar com a publicação de seu trabalho em vários países, e a premiação por vários projetos internacionais, Gustavo faz parte atualmente do American Institute of Architects e outras importantes instituições, como o Green Building Council de Panamá (PGBC). Materiais: concreto, vidro Data e local: 2013, Santa Maria, Panamá Fotos: Fernando Alda

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REPÚBLICA

DOMINICANA

O início da arquitetura contemporânea dominicana se dá com a chegada do concreto no país, pois isso fez com que a República Dominicana recebesse os primeiros arquitetos formados em universidades estrangeiras, incluindo até mesmo arquitetos americanos, trazendo novas formas de produção arquitetônica. Esse fato fez com que nos últimos 25 anos a arquitetura dominicana desse uma significativa evolução e desenvolvimento, aprimorando as tecnologias construtivas e aumentando a produção de obras públicas e privadas. Porém, pode-se notar que a arquitetura dominicana se manifesta de maneiras diferentes, dependendo da região e das características geográficas e sociais, refletindo o desenvolvimento e costumes locais. Esse fator faz com que essa arquitetura agrupe uma gama de cores, texturas e materiais variados, tornando-a rica e única. Alguns pioneiros a produzir arquitetura contemporânea na República Dominicana foram Guillermo González, José Antonio Caro Alvarez e Rafael Calventi. 101


REPÚBLICA DOMINICANA Casa RD

Este projeto foi desenvolvido para ser uma casa de lazer para o verão, porém, foi necessário vencer um desafio para realizá-lo: abrigar confortavelmente dezoito pessoas em apenas 500 m² construídos, todos os dormitórios com seu banheiro, tendo como espaço comum a cozinha e sala de estar/jantar. Outro agravante foi o terreno acidentado, possuindo pouca área horizontal para construção, além disso, esse fato também dificulta a abertura de acessos à casa. Para tornar o projeto viável, vários estudos e levantamentos topográficos foram realizados, afim de calcular com precisão as estruturas e o telhado verde. Portanto, a inclinação do terreno interviu diretamente no reforço estrutural e no desenho da planta. Parte da casa foi enterrada no terreno, dando extensão do gramado até seu telhado verde, suavizando o volume da obra afim de valorizar a paisagem ao redor. Para intensificar essa ideia foram utilizados materiais locais, como a pedra utilizada para revestimento, extraída da escavação do terreno. A madeira utilizada foi a de pinho, que torna o ambiente mais rústico e suaviza o contraste com o entorno. Além disso, houve preocupação com a sustentabilidade, onde o telhado verde auxilia no isolamento térmico, além da pedra utilizada na fachada que ajuda a resfriar o ambiente. Autor: VASHO Data e local: 2013, Jarabacoa, República Dominicana Materiais: pedra, concreto, madeira, estrutura metálica Fotos: Eduardo Abreu

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REPÚBLICA DOMINICANA

Vivienda en Republica Dominicana

Este projeto trata-se de uma casa projetada em um único pavimento, dividida em dois blocos cobertos por volumes curvos. A casa é revestida por uma pedra indígena Coralina, em cores claras, que além de ser um material de alta qualidade, traz clareza e abundância da iluminação solar. Foi projetada de maneira com que parecesse uma escultura, criando um jogo de volumes com linhas curvas e ortogonais, onde em meio aos dois blocos uma grande porta de madeira dá o acesso à residêencia. Toda a casa possui ventilação cruzada, aproveitando ao máximo a brisa do mar proporcionada pelo clima caribenho. A decoração interna é clara e simples, tendo os móveis projetados exclusivamente para este projeto pelo mesmo escritório, cuidadosamente para conversar com o conceito da casa. Para reformar essa ideia, fo utilizada a pedra Coralina no interior, criando uma continuidade visual, além de auxiliar nos aspectos bioclimáticos. Nas fachadas existem grandes janelas que se abrem para que a paisagem externa seja comtemplada. Na parte externa foi projetada uma piscina que imita o mar, se extendendo e criando uma sensação de borda infinita, até alcançar o mar do Caribe. Autor: A-cero Fundado por Rafael Llamazares e Joaquin Torres, A-cero é um escritório de arquitetura busca ultrapassar os limites da imaginação com projetos ambiciosos mas com equilíbrio das formas. Buscam manter o “fio condutor da ideia” durante todo processo criativo, desde os primeiros croquis, até os acabamentos finais. Atualmente buscam seu lugar em países estrangeiros, produzindo em países da Europa, Russia, nos EUA, Líbano, Arábia Saudita, etc. Data e local: 2010, República Dominicana Materiais: madeira, pedra, vidro Fotos: A-cero

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BRASIL

Os nomes presentes no cenário atual da arquitetura e urbanismo no Brasil se evidenciam por carregar consigo pesada bagagem dos “grandes mestres” modernistas e, no entanto, colocam-se sob uma perspectiva entremeada pelo repertório legado às novas gerações e nele se apoiam para produzir um novo contexto arquitetônico – onde se lança mão de tecnologias renovadas dia a dia em novas composições, a denotar uma continuidade da linguagem ‘brasileira’ a se delinear desde, principalmente, Niemeyer, mediante a libertação dos princípios do Funcionalismo, inerente aos modernos, e frente ao aprendizado, advento das transformações sociopolíticas e históricas – que permite estabelecer um diálogo entre novo e velho, ao invés do seguimento cego do passado ou de uma ruptura brusca e muitas das vezes ausente de uma perspectiva clara a se seguir.

A maioria dos profissionais têm se identificado pela realização de projetos que abordam a gramática moderna em vários âmbitos, em pequena e média escala, alheios à iniciativa pública, ou seja, com enfoque em clientes particulares, libertos de uma visão idealista da arquitetura, tida como grande instrumento da transformação social. Ideal este que, no entanto, vem se redesenhando e retomando força mediante a ação de comunidades engajadas na propagação do papel e função sociais da disciplina, posto o surgimento de inúmeros projetos voltados à sustentabilidade e à criação de artifícios e recursos que influenciem a vida das populações locais, traduzidas, por exemplo, nos preceitos defendidos por Jaime Lerner e sua Acupuntura Urbana, que empoderam os cidadãos para reivindicar seu direito sobre os espaços públicos, na forma de um exercício da cidadania e democracia frente às pressões impostas pela 105 especulação imobiliária.


BRASIL

Galeria Adriana Varejão Alguns centros brasileiros se tornam ícones da arquitetura em grande escala, e angariam reconhecimento internacional, como o Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), idealizado por Bernardo Paz em meados da década de 1980, e iniciado com patrocínio do paisagista Burle Marx, por meio de algumas ideias para implementação nos jardins, em 1984, do que se tornaria o Centro de Arte Contemporânea Inhotim (CACI). Compõem o centro várias galerias, pavilhões e instalações projetados por jovens arquitetos para abrigo das exposições de obras de arte igualmente contemporânea. Para dar um lar às obras da artista Adriana Varejão, foi construída a galeria homônima. O projeto exigiu acentuada alteração da topografia original, o volume cúbico inserido conecta interiormente os níveis, e exteriormente é duplicado pelo espelho d’água que convida à sua entrada, e se alia ao vidro empregado na fachada em consonância à reflexividade da água, de maneira que guia para dentro das instalações onde estão as obras de arte, entre as quais se conta uma sala revestida por azulejos com pintura artística; assim, o percurso se demarca e se faz a chave do projeto. Autor: Tacoa Arquitetos (Rodrigo Cerviño Lopez, Fernando Falcon) A fundação do escritório data de 2005, com realização de projetos de destaque, como o da galeria Adriana Varejão (2008), da Vila Aspicuelta em São Paulo (2013), feitos em colaboração com outros profissionais. Seus integrantes são Rodrigo Cerviño, Fernando Falcon, arquitetos graduados pela FAU USP. Materiais: concreto, vidro Data e local: 2008, Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Brumadinho - Minas Gerais, Brasil

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BRASIL

Galeria Miguel Rio Branco A edificação, conforme sua denominação, foi erguida para abrigar a obra do artista plástico Miguel Rio Branco. Entre três pavimentos, a praça no nível intermediário constitui o acesso principal, seu programa amplia os espaços expositivos e possibilita a integração visual entre os mesmos, por meio de um plano de vidro na parte superior, a possibilitar maior alcance da visão das obras. Utiliza-se a iluminação zenital, que atinge três das quatro faces. A estrutura, para alcançar o aspecto “mineral”, é metálica e a vedação feita em aço e apresenta deformações intencionais. Ainda, há a supressão de elementos como telhados, paredes e divisórias, janelas e portas, para reafirmar a obra à imagem de uma escultura em pedra. Autor: Arquitetos Associados (Alexandre Brasil, André Luiz Prado, Bruno Santa Cecília, Carlos Alberto Maciel, Paula Zasnicoff) Os membros do escritório, exceto Paula Zasnicoff, graduada pela FAU USP, foram todos alunos da UFMG, e hoje fazem parte de seu corpo de professores, especializados em distintas áreas da arquitetura, de forma que seu trabalho em conjunto possibilita a complementação destes conhecimentos, para a realização de obras com suprimento global das necessidades inerentes a todos os aspectos de um projeto. Materiais: aço, pedra Data e Local: 2008/2010, Brumadinho, Minas Gerais, Brasil Fotos: Alexandre Brasil, Eduardo Eckenfels, Leonardo Finotti

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Instituto Inhotim O Instituto Inhotim é um acervo de obras de arte contemporânea, sendo o maior centro de arte ao ar livre da América Latina. Este Instituto surgiu em 2004, apenas para abrigar a coleção de Obras de Arte de Bernardo Paz, casado com Adriana Varejão, que contribuiu na formação deste acervo. Foi aberto ao público pela primeira vez em 2006. O acervo conta com aproximadamente 600 obras de artistas brasileiros e estrangeiros. Composto por galerias, o Instituto sempre renova as exposições, inaugurando novas galerias anualmente. Quatro dessas galerias são destinadas a exposições temporárias, sendo elas: Mata, Lago, Praça e Fonte. As outras galerias permanentes foram criadas especialmente para autores como Miguel Rio Branco, Hélio Oiticica, Adriana Vareja, Cildo Meireles, Valeska Soares, entre outros. Os espaços das galerias possuem cerca de 1000m² cada, e são compostas por grandes vãos, dando versatilidade e possibilitando a apresentação de obras, instalações, vídeos, etc. Está inserido em um trecho de Mata Atlântica e possui grande preocupação com as causas relacionadas ao meio ambiente, contando com extensão de cerca de 145ha de área protegida. Além disso, o Instituto se empenha em criar ações que estimulem a visita de escolas e faculdades, afim de promover a conexão dos estudantes com a arte contemporânea, fazendo parcerias com prefeituras e secretarias. Data e Local: 2006, Brumadinho, MG

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BRASIL

Hotel Unique O projeto de design, à lembrança do nome, particular e diferenciado, deu-se pelas restrições que o terreno concediam ao arquiteto, Ruy Ohtake, que explorou a forma de um navio para a construção de uma obra que se tornaria emblemática, para o que contou com o trabalho de outros profissionais arquitetos, paisagistas, designers. Apoia-se sobre estrutura de concreto protendido toda a parte metálica aliada ao revestimento em vidro. Foram explorados inúmeros recursos para conformar a atmosfera desejada no projeto, com a união de artifícios de iluminação, disposição dos volumes, projeto paisagístico, uso de materiais específicos para promover a reflexão da claridade, como água e o vidro das fachadas. No interior, repetem-se tais conceitos, com o uso sutil e assertivo dos recursos presentes na concepção de todo o edifício, que traz por meio das transparências e reflexões todos os efeitos pretendidos. Autor: Ruy Ohtake O paulista, formado na FAU USP em 1960, numera diversas obras de sua autoria, nas quais alia extensa busca pela apuração e inovação tecnológica, utilizando-se dos recursos disponíveis para consagrar-se como exímio arquiteto na concepção de projetos de caráter mais diverso, desde residenciais, a obras públicas e institucionais, às quais, sem exceções, imprime a atemporalidade. Data e local: 1999/2002, São Paulo capital Fotos: Andrés Otero

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BRASIL

Museu do Amanhã

O projeto se inspira na cultura carioca, relacionando a cidade do Rio de Janeiro com a paisagem natural. Trata-se de uma obra monumental que se estende ao longo do cais, contendo grandes balanços que valorizam o desenho longilíneo do museu. A obra abriga exposições permanentes e temporárias divididas entre os pavimentos, sendo que a primeira conta com uma vista panorâmica da Baía de Guanabara, no térreo se concentram as salas administrativas e os serviços de apoio, como lobby, restaurante, sala de arquivos e auditório, além de sediar um laboratório destinado a projetos educacionais, chamado Laboratório de Atividades do Amanhã, além de um observatório. O edifício foi projetado de maneira com que desse sensação de leveza, como se ele estivesse flutuando sobre o mar, como uma ave. Está orientado no eixo norte-sul, para assim valorizar a paisagem ao redor, demarcada por um parque com passeio. A intenção era projetar um edifício com visão para o futuro, abrangendo os bairros e tornando a região mais atraente, relacionando a zona sul e o centro. Além disso, o edifício tem preocupação com as causas sustentáveis, que englobam iluminação e ventilação naturais, painéis fotovoltaicos ajustáveis e utiliza a água vinda da Baía como um sistema de refrigeração do ambiente interno do museu. Autor: Santiago Calatrava Nascido na Espanha, estudou Arquitetura na Escola Tecnica Superior de Valencia e se pósgraduou em urbanismo. Também estudou engenharia civil na ETH de Zurique, Suíça, onde iniciou um estudo chamado Pontes Alpinas, que foi o berço para seus projetos. Após seu doutorado, abriu 4 escritórios, sendo o primeiro em Zurique (1981), o segundo em Paris (1989), o terceiro em Valencia (1991) e o quarto em Nova Iorque (2004). Em seus projetos ele combina a complexidade estrutural com poesia, incorporando os aspectos sociais e culturais de forma artística. Materiais: aço, concreto Data e Local: 2015, Rio de Janeiro, RJ Fotos: Gustavo Xavier, Amanda Marton Ramanciotti

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BRASIL

Museu Rodin Bahia

As obras do grande mestre francês, Rodin, ganharão lar com a reforma minuciosa, restauro e adaptação de estruturas no ambiente do antigo Palacete Comendador Catharino conjunta à construção de uma nova edificação onde serão abrigadas outras obras e exposições. No processo, foram explorados concreto, madeira, vidro, pedras e aço, e foi tomado como partido o respeito hierárquico entre a construção histórica e o novo volume, de modo que este respeita sua escala e procura não intervir, igualmente, nas riquezas presentes no entorno, repleto de vegetação. Autor: Brasil Arquitetura, Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz (autores), Cícero Ferraz Cruz (colaborador), Albert Sugai, Bruno Levy, Gabriel R. Grinspum, Rodrigo Izecson Carvalho. O escritório, fundado em 1979, com a iniciativa de Francisco Fanucci, além da concepção de projetos em diversas escalas, residencial, comercial, industrial, constados edifícios públicos e privados, também ocupa-se do projeto e execução de mobiliário e peças decorativas, na Marcenaria Baraúna. Data e local: Projeto – 2002 e execução – 2003/2006, Salvador, Bahia

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BRASIL

Sede SEBRAE Visa-se à construção de um conjunto arquitetônico onde estejam presentes, unidos, os conceitos de flexibilidade, integração interior-exterior e máximo desempenho quanto à sustentabilidade e economia de recursos, o que é possível pela disposição dos elementos construtivos ao redor de um espaço atrial. Autor: Alvaro Puntoni, Luciano Margotto, João Sodré, Jonathan Davies Margotto está à frente do escritório República dos Arquitetos, e graduou-se na FAU – USP em 1988, bem como Puntoni (1987) e Sodré (2005), enquanto Davies é formado pela Belas Artes – SP em 2002 e é diretor do escritório Módulo, atuante igualmente em São Paulo. Materiais: aço, concreto, vidro Data e local: 2010 – Brasília, Distrito Federal Fotos: Nelson Kon

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BRASIL

Vertical Itaim O edifício trouxe uma simplicidade formal e otimização das suas possibilidades funcionais, o que se evidencia na planta modificável, para se adequar às especificidades de cada cliente, além do emprego de elementos como os painéis de madeira perfurados que recobrem todo o corpo da fachada e permitem a circulação constante do ar, e assim uma regulação da temperatura, além da iluminação natural, e materiais em estado bruto, como o concreto. A edificação eleva-se sobre pilotis, e permite a instalação de um jardim, fator que ocasiona uma aproximação público-privado. A característica que melhor define seu partido quanto à concepção do projeto é o dinamismo, por tamanhas possibilidades oferecidas na organização dos apartamentos, pensados para garantir melhor integração entre o ambiente externo e o interno. A alocação um pouco lateral de um bloco interno de circulação permite a maior liberdade dos usuários para a definição das funções e áreas dentro dos amplos espaços à disposição. Autor: Márcio Kogan/Carolina Castroviejo Entre os mais preponderantes arquitetos brasileiros de hoje, o paulista Márcio Kogan figura como um ex-cineasta tornado arquiteto após seus 30 anos, em 1976, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Mackenzie e atualmente proprietário do Studio mk27. Sua produção traz forte influência da profissão anterior, em que cada detalhe é trabalhado com minúcia e precisão, a formar um conjunto de obra harmônico e equilibrado, onde é visível a perfeição por ele buscada tanto nas formas quanto materiais em função do melhor aproveitamento espacial. Kogan trabalha muitas vezes em conjunto com outros arquitetos renomados, de forma tão consistente que se obtém uma visão planificada de todos os seus projetos, trabalhados numa linguagem própria. Materiais: concreto, madeira, vidro Data e Local: 2014, São Paulo, SP, Brasil

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MÉXICO

O campo da arquitetura no México tem uma vasta gama de obras realizadas ao longo de sua trajetória, desde as origens, que se tornaram patrimônio mundial, com heranças dos povos astecas, incas e maias, até chegar o início do que se pode caracterizar como uma produção contemporânea, em raízes um pouco anteriores se comparadas ao ocorrido em maioria dos outros países sul-americanos, no delineamento da famosa busca por uma identidade própria, alinhada aos preceitos da era pós-modernista, cenário este refletido em produções de cunho ora nacional, com forte evidenciação das tradições dos povos pré-hispânicos, ora globais, voltadas aos preceitos defendidos pelas escolas de maior prestígio. O que se nota, porém, para uma produção realmente atualizada, são os objetivos e a maturidade com que a obra arquitetônica agora é abordada, com a conscientização do seu papel diante do espaço público, ou seja, ao assumir sua responsabilidade “social”, bem como ambiental ou outras pertinências de construções e intervenções que não mais deverão ser mantidas isoladas ou resguardadas, e sim abertas, acessíveis e em prol da comunicação entre usuários, obra e meio ambiente.

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MÉXICO

A Cidade dos Livros e Imagens

O edifício teve vários usos distintos, como presídio e fábrica de armamentos, até ter se tornado uma biblioteca. Em 1987 recebeu um projeto do arquiteto Abraham Zabludovsky, e no tempo recente teve uma revisão deste projeto e do funcionamento em aspectos globais para otimizar seu desempenho. Com um padrão de organização ao redor de áreas centrais abertas, o programa abriga salas de leitura, área Braille, oficinas, salas multifuncionais, multimídia, sala de brinquedos, área de exposição, livraria, jardim. As paredes têm fixadas caixas que funcionam como prateleiras e também no teto como abrigo para as lâmpadas e chão, onde, cobertas por vidro, guardam objetos em exposição. Autor: Taller 6A e supervisores Alejandro Sánchez, Bernardo Gómez-Pimienta O Taller 6A funciona como um escritório para alunos prestes a se formar pela Facultad de Arquitectura, Urbanismo y Artes da Universidad Nacional de Ingenieria, com a supervisão de arquitetos experientes, para orientá-los na realização de projetos multidisciplinares; possuem a certificação RIBA (Royal Institute of British Architects), que reconhece os melhores cursos de arquitetura mundialmente. Materiais: Concreto, madeira, tijolos Data e local: 2012, Plaza de La Ciudadela, Cidade do México, México Fotos: Jaime Navarro

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MÉXICO

Casa Gilardi

A última obra do renomado arquiteto mexicano Luis Barragán, realizada quando dos seus 80 anos de idade, marca uma transição do moderno, fortemente presente pela vivência do autor, para o contemporâneo que se anunciava à época no horizonte mexicano igualmente a outros países. Seu programa compreende área de estar, jantar, piscina, quartos e serviços dentro do partido que procura se desenvolver numa extensão longitudinal, em dois volumes conectados por um corredor de circulação, que cria um pátio, a fim de manter um jacarandá existente no local. Destaca-se a exploração de jogos de luzes criados com aberturas e o uso de cores para criar sensações no observador, em um espaço minimalista. Autor: Luis Barragán O importante arquiteto mexicano nasceu em Guadalajara, em 1902. Ali mesmo graduou-se em arquitetura e engenharia, e então seguiu para a Europa para conhecer o continente, alimentando seu interesse pelas obras icônicas e paisagismo. Instalou-se em 1936 na Cidade do México. Ao longo de sua carreira desenvolve diversos projetos, para instituições e clientes particulares, além de trabalhar em parceria com arquitetos como Juan Sordo Madaleno, Luis Kahn, Andrés Casillas, Ricardo Legorreta. Em 1980, após muitas importantes realizações, recebe o prêmio Pritzker, o Prêmio Jalisco em 1985 e em 1987 o Prêmio Nacional de Arquitetura. Faleceu em 1988, já acompanhado do mal de Parkinson há anos, o que o impedia de trabalhar. Materiais: estuque (argamassa típica mexicana), tijolo, vidro Data e local: 1976, Tacubaya, Distrito Federal, México Fotos: usuários de Flickr: pov steve; refrainrefrain; mazdakohei – todos encontrados em Creative Commons

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MÉXICO

Hotel La Purificadora

A antiga fábrica de gelo que funcionava em um edifício histórico do século XIX, ao lado de importantes outros prédios ícones para a história local, foi transformada em um hotel por meio de uma proposta ambiciosa. O princípio formal em L é ladeado por um pátio térreo; o edifício abarca em seu programa, com quatro níveis, áreas privativas, de estar e comercial, entre as quais se distribuem salão de eventos, adega, administração, lobby, livraria, restaurante-bar, recepção, ginásio, piscina, área para massagens, sauna e jacuzzi, circulações e dormitórios. Foram mantidos os materiais do antigo edifício, bem como alguns artefatos encontrados e utilizados para compor o design interior, com a incorporação de aço e vidro em contraste com a pedra e madeira já desgastadas pelo tempo. Autor: LEGORRETA + LEGORRETA, Serrano Monjaraz Arquitectos Ricardo Legorreta nasceu na Cidade do México em 1931 e se graduou arquiteto na Escuela Nacional de Arquitectura da UNAM em 1952, com o início de sua carreira em serviço para o arquiteto José Villagran em 1948; posteriormente trabalha como autônomo, e então em 1964 funda a Legorreta Arquitectos em parceria com outros profissionais, onde desenvolveram um estilo próprio mas inspirado na tradição mexicana, com uso pátios, cores fortes, iluminação abundante e geometria marcada. Faleceu na mesma cidade onde nasceu, em 2011.Materiais: aço, madeira, pedra, vidro, Data e local: 2007, Puebla, México Fotos: Undine Pröhl

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MÉXICO Loft Q

A obra foi realizada em três níveis de usos distintos, com a parte privativa ao centro, onde estão dormitório principal e quarto de hóspedes, o terceiro nível como um terraço semidescoberto, onde fica o a área de lazer, mais resguardada, com piscina, sala, área de serviços, bar, e banheiro, enquanto o primeiro abriga garagem, banheiro social, copa, cozinha e sala, entre os quais há um mezanino criado no segundo nível, o que cria o pé direito duplo sobre a copa. Toda a construção teve seus mecanismos de iluminação e acessos automatizados. Este projeto é marcado pela compactação e máximo aproveitamento da área disponível em um terreno de cerca de 120m², além da otimização do desempenho da estrutura por um sistema construtivo típico do México, onde se usam elementos de diferentes dimensões, que possibilitam a instalação de partes metálicas e suporte da carga necessária. Os materiais e acabamentos dão ao ambiente um ar sóbrio, com predominância do branco, cerâmicas, madeiras e pedras. Autor: Desnivel Arquitectos, Ariel Canto Novelo Ariel formou-se em 2010 na Universidad Marista de Mérida, mesma cidade onde nasceu em 1986, com passagem por Madri durante a continuação de sua especialização, com a qual adquire o título de Arquitecto Profesionista em 2012. Trabalhou durante esse período em vários escritórios e realizou diversos projetos em parceria com outros profissionais, e então fundou o Desnivel Arquitectos, onde também conta com uma grande equipe na elaboração de cada detalhe de suas obras. Outra iniciativa do jovem profissional em conjunto com outros ícones internacionais é o plano de criação do Arquex, Congresso de Arquitectura + Diseño. Materiais: concreto, vidro Data e local: 2015, Merida, Yucatan, México Fotos: Leonardo Espinosa

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Mercado Roma

Após a reestruturação e redesenho do espaço, o térreo abriga aos moldes convencionais os feirantes, enquanto bar e restaurantes foram alocados nos dois pavimentos acima, posicionados estrategicamente sobre um mezanino, que amplia o espaço de circulação interna de ar e favorece a integração visual entre os elementos. A fachada explora uma trama vazada, que fortalece a integração visual do interior para o exterior. Além, a criação de uma “urban farm” dentro da estrutura com a instalação horizontal e vertical da instrumentação necessária ao cultivo dos produtos de maneira mais orgânica concede a possibilidade da colheita e comercialização direta, um ponto positivo quanto à dispensa de maquinário, custos com transporte e afins. O local reformado para dar abrigo a este novo centro gastronômico e de interação sociocultural teve o emprego, em sua repaginação, de conceitos multidisciplinares e releituras dos valores e hábitos tradicionais da localidade, com o intuito de tornar-se referência como novo conceito dos usuais “mercados” para a comunidade, de maneira mais responsável ambiental e comercialmente, com melhor qualidade. Autor: Rojkind Arquitectos Michel Rojkind se formou pela Universidad Iberoamericana (1994), além de atuar como músico e esportista semiprofissional, sua dedicação à carreira de arquiteto fez logo frutificar o trabalho desenvolvido como um dos mais influentes profissionais na atualidade mexicana, e tem conquistado reconhecimento internacional, também na área de design industrial junto a Alberto Villarreal no AGENT. Strategic Inteligence Embassy, e na acadêmica (como professor do Instituto de Arquitetura da Califórnia do Sul), com projetos realizados e publicados em veículos de alcance em vários países. A fundação do escritório Rojkind Arquitectos ocorreu em 2002, com uma visão oposta às opressões sociais que acontecem comumente pela prática profissional segundo parâmetros a favor da especulação imobiliária, e neste ambiente de contestação, seu trabalho encontrou grande correspondência às novas intenções da arquitetura e urbanismo da mentalidade mexicana contemporânea. 120 Materiais: aço, concreto, madeira Data e local: 2013, Ciudad de México, México Fotos: Jaime Navarro


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Museu Jumex

O programa deste museu se dispõe em cinco pavimentos, com um nível subterrâneo para abrigar o estacionamento, o térreo em comunicação com a praça circundante ao edifício e mais aberto ao contato público, e os três pisos superiores como abrigo das galerias de exposição aliadas a áreas de uso múltiplo, auditório, ateliers para atividades produtivas em grupo e educativas, administração. Aliada a uma solidez marcante, adquirida pelo uso da uniformidade de materiais estruturais e revestimentos, a obra é dotada de certo ritmo, o que se evidencia pela cobertura com um desenho semelhante a dentes de serra, e nela está instalada a rede de iluminação “personalizável”, conforme as necessidades de cada exposição a ser apresentada. Circundado por um entorno onde as demais edificações apresentam uma linguagem altamente heterogênea, o edifício buscou se caracterizar por um design icônico e marcante frente às construções vizinhas, entre as próximas o Museu Somaya e o Teatro Cervantes, obras que dialogam com o Jumex em um plano para melhorias urbanas na região. Autor: David Chipperfield Nascido em Londres (1953), o renomado arquiteto fundou seu próprio escritório entre 1984 e 85, após graduar-se pela Architectural Association of London (1977), e desde então tem desenvolvido trabalhos, para o que conta com uma equipe de profissionais altamente capacitados, nos vários ramos ligados à arquitetura, urbanismo e design. Além, teve passagens como professor ou palestrante em universidades de renome e conquistou premiações, como a RIBA Royal Gold Medal for Architecture, em diversos concursos de abrangência nacional e internacional, em vário outros países como a Alemanha e os EUA, de cujas associações, por exemplo; Order of the British Empire, Order of Merit of the Federal Republic of Germany e Bund Deutscher Architekten, American Institute of Architects; fez-se membro honorário. Materiais: aço inoxidável, concreto aparente, vidro, mármore travertino (Xalapa) Data e local: 2013, Cidade do México, DF, México Fotos: Simon Menges

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Oficinas Corporativas Frexport

O ponto forte deste projeto é a integração que a área verde promove ao permear os três blocos construídos, alongados ao redor de um jardim central, conforme os dois blocos laterais servem como apoio para o bloco central, elevado, o que cria maior permeabilidade visual e promove o maior alcance do projeto paisagístico para com a edificação. Há contato direto com o entorno pela ausência de muros divisores, como exigido pela companhia, que tem sua produção baseada nesse diálogo com a natureza. A funcionalidade é reforçada com o uso de aberturas grandes e fechamentos em vidro, permissivos à ventilação natural e cruzada, e à passagem de iluminação. Autor: CC Arquitectos O escritório foi fundado em 2005 por Manuel Cervantes Cespedes, que concluiu sua formação na Universidad Anahuac no México. Contam com várias participações e premiações em concursos e bienais, entre as quais, prêmio Luis Barragán do El Colegio de Arquitectos de la Ciudad do Mexico, o Emerging Voices 2015 da Architectural League of New York. Além do desenvolvimento de projetos em várias cidades, foi convidado por várias instituições para apresentar seu trabalho, por exemplo, nos EUA, Espanha e outros países. Materiais: aço, concreto, vidro Data e local: 2007, Zamora, Michoacán, México Fotos: CC Arquitectos

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Salón de Usos Múltiples Tarbut

Pelo clima mexicano, as atividades pertinentes ao programa – ginásio esportivo, sala de projeções, sala multimídia, sala multiuso, atelier, entre outras – exigem um espaço protegido de intempéries e com adequado controle de ventilação e luminosidade, além disso, houve uma adaptação do projeto à topografia, para diminuir as possíveis interferências no terreno. Utilizam a continuidade de longas linhas aliadas a outras figuras e composições geométricas para amenizar a ortogonalidade. As cores são uma maneira de interação entre o edifício e os usuários, de modo que se projetam sobre as superfícies do chão quando refletidas pela luz que atinge as paredes em vidro. Autor: Migdal Arquitectos O escritório fornece um suporte total a seus clientes, desde a concepção à execução e acompanhamento das obras. Fundado em 1989 pelos arquitetos da Universidad Iberoamericana, Abraham Metta (1966) e Jaime Varon (1965), aos quais se une, em 1998, Alex Metta (1973), graduado pela mesma instituição. Materiais: concreto, vidro Data e local: 2005, Cuajimalpa, Cidade do México. Fotos: Migdal Arquitectos

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Colagens e diagramação: Yasmin Ueda Textos, pesquisas e seleção de imagens: Laís Toledo e Yasmin Ueda Colaboração (conteúdo): Glacir Fricke Colaboração (diagramação e layout): Jasmine Ueda Orientado e aprovado por Maribel A. M. Nogueira

1ª EDIÇÃO MAIO DE 2017, POÇOS DE CALDAS - MG


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