Por Yassuo Imai e Cláudia Tavares
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Expedição
Buenos Aires
A Maior Aventura de Nossas Vidas
.... até o momento!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Bem vindo às memórias dos 16 dias mais intensos de nossas vidas...
...até agora... Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
“À Deus, por ter nos garantido salvo conduto em toda a viagem. À minha mãe amada pelas preces atendidas e pelas noites de sono que ela não dormiu durante estes dias; à minha irmã pelo cuidado materno que tem comigo sempre; ao meu pai, pelo incentivo a planejar e superar este desafio; e aos amigos que nos acompanharam e enviaram inúmeras mensagens de apoio e estímulo para a nossa jornada.” Yassuo Imai Segundo
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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Dia 1
26 de dezembro de 2013
A Aventura Começa Aqui... De: Três Rios/RJ Para: São José dos Pinhais/PR 860 km, 12 horas de viagem.
D Três Rios/RJ
epois de uma noite muito bem dormida – algo que eu não imaginava que fosse
acontecer, dada a ansiedade que eu estava na véspera – acordei no horário
previsto e às 6h me despedia de minha mãezinha com lágrimas nos olhos por debaixo do capacete. Sinceramente, foi a única vez na vida que eu saí de casa com um certo receio de não voltar. Às 6:10h pontualmente saíamos da calçada da casa da Cláudia rumo àquela que seria conhecida como “A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento”. Não me lembro de termos nos falado durante todo o trajeto até a saída da cidade quando, num suspiro, comentei com ela: “Agora não tem mais jeito, né?!”.
do para trás a alça da mala, que a Cláudia transpassava pelo corpo, dando mais firmeza à mala com excesso de peso. Descobrimos isso quando fomos passar um feriado prolongado no inverno em
Ela não hesitou em me responder: “É!”.
Ibitipoca (na época ainda não tínhamos as malas laterais) com
E seguimos em frente: Eu, Cláudia, a moto e os 60kg de bagagem
roupas, agasalhos, roupa de cama, travesseiros, edredons, toalhas,
que fariam história junto com a gente!
etc., e a mala chacoalhejava pra todo o lado na subida esburacada
Ainda na saída de Três Rios a Cláudia comentou que a mala tra-
daquela serra. Não fosse passar a alça na Cláudia, a mala teria
seira estava balançando um pouco. Lembramo-nos que havia fica-
caído diversas vezes.
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Bom... não deu em outra! Depois de 70km, na subida da serra de
Pinto, e dalí só pararmos após termos cruzado São Paulo, fazendo
Barra do Piraí/RJ, em meio a uma curva fechada e na ultrapassa-
uma perna mais longa.
gem de alguns caminhões, eis que a mala tomba! Paramos no
Tudo correu conforme o planejado e às 11:30h já tínhamos cruzado
canto da estrada que não tinha acostamento e ainda estava em um
São Paulo e adentrávamos nos primeiros quilômetros da Régis
declive que nos impossibilitava de descer da moto sem risco de
Bittencourt, a caminho do nosso destino do dia: São José dos Pi-
cairmos. A Cláudia fez um baita esforço de puxar a mala (haja
nhais, região metropolitana da capital paranaense Curitiba. Fize-
tríceps!), reacomodou-a provisoriamente e seguimos até o próximo
mos uma boa parada para o almoço e descanso e estávamos im-
posto de gasolina.
pressionados como não sentimos nada do cansaço da viagem após
Lá descemos, reapertamos a mala e tiramos a mochila de cima
rodar mais de 500km em uma manhã.
dela. Uma obra de arte da “engenharia biruquesa” e tivemos que abrir mão do apetrecho! Cláudia foi com a mochila nas costas o resto da viagem e daí para frente a mala permaneceu, então, está-
Saímos um pouco depois das 13h rumo ao trecho mais preocupante de nosso roteiro do dia: a Serra do Cafezal. Mais uma vez o
vel!
desconhecido se mostrou muito mais perigoso que os perigos em
Quando passamos por Penedo/RJ um frio na barriga nos alertava
si. Claro que a Serra do Cafezal com sua sinalização precária, tre-
que estávamos cruzando a fronteira do mun-
chos de obra, movimento excessivo de veícu-
do que nos era conhecido sobre duas rodas.
los e curvas sinuosas, é um trecho da viagem
A Rio-Sampa é uma velha conhecida minha
que requer atenção redobrada. No entanto,
do volante! Já foram tantas viagens que ir a
nada muito diferente de outros trechos como
São Paulo dirigindo hoje para mim é como
este que já cruzamos por aí!
um passeio. Mas sobre a moto, a experiência
De São Paulo até o Rio Grande do Sul, a gen-
é completamente distinta! O movimento excessivo de veículos em todas as paradas de abastecimento e alimentação nos lembrava que estávamos na alta tempo-
tileza dos motoristas surpreende. À medida
NO CAMINHO... ... não deixe de conhecer o trajeto feito pelos nossos amigos Paulo e Dre, pela Serra da Graciosa!
rada das férias. Seguíamos o nosso planeja-
que íamos avançando serra abaixo, os motoristas levavam seus carros ao acostamento para nos ceder passagem. Assim, passamos sem atrasos nem dificuldades os 19 preocu-
mento de parar a cada 150km para dar uma alongada, tomar
pantes quilômetros do cafezal. Daí por diante é que começou o
água e abastecer, evitando parar mais do que 10 minutos, para
nosso martírio!
não comprometer o nosso cronograma. Também tínhamos em mente fazer uma última parada no Frango Assado da Carvalho
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Os últimos 200km até São José dos Pinhais foram piores que os
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650 que vieram antes deles! Nos deparamos com a forte onda de
viagem (camisa e short), penduramo-nas pelos cantos do quarto
calor que assolou o país neste final de 2013 (e se estendeu até
do Ibis e ligamos o ar condicionado no máximo torcendo para
meados de fevereiro entre o sul e sudeste). Tomamos um calor
tudo secar até o dia seguinte! Hahahaha
como nunca havíamos tomado até as proximidades
Desci ao estacionamento para lubrificar a corrente e
de Registro/SP. Paramos numa parada que tinha
Fique Atento:
uma grande placa anunciando “ambiente climatiza-
● A Rodovia Carva-
lho Pinto (SP) é extremamente convidativa para uma boa acelerada, mas é cheia de radares!
do” para aliviar o calor, mas de climatizado naquele lugar não tinha nada! Nem um ventilador sequer! Ainda assim, estava muito melhor do que sob as nossas roupas, e por lá permanecemos por mais de 1h
● A Serra do Cafezal
é, realmente, um trecho onde se deve ter extrema cautela e precaução.
até sentirmos o sol abrandar. Seguimos viagem e subimos a serra de Curitiba passando por trechos molhados, onde havia chovido há
● Abasteça a sua
pouco tempo. Fizemos uma parada já próximo à entrada da Serra da Graciosa, e conhecemos um casal que ia de São Paulo a Morretes/PR, o Paulo e a An-
moto antes da descida do Cafezal, pois há longos trechos sem postos de gasolina.
encontrei um entregador de pizzas que acabava de chegar ao hotel. Tentei convencê-lo de me vender a pizza que ele tinha vindo entregar, mas, como bom paranaense, ele me deu o telefone da pizzaria e disse que entregava o meu pedido em menos de 30 minutos. Que vergonha... hahaha Foi uma grande descoberta! Para quem estiver na região, Big Pizza (47) 3383-0072! Uma das melhores pizzas delivery que já comemos! Depois de ligarmos para casa e tranquilizarmos os familiares... Cama! Pois o dia seguinte de 700km até Gravataí prometia – e como prometia....
dressa, em uma CBR650. Muito simpáticos e agradáveis, foi amizade à primeira vista! Trocamos Facebook, dicas de viagem, equipamentos, descobrimos que eles têm um blog super
legal de viagem de moto (www.dreeeu.blogspot.com.br) e mantemos contato até hoje! Chegamos no Ibis de São José dos Pinhais pontualmente às 18:10h, cansados, suados, mas extremamente satisfeitos por termos conseguido uma grande conquista de 860km em um único dia! Sinceramente, não estávamos tão cansados assim para tudo o que passamos! Chegamos no quarto, lavei as roupas de baixo da roupa de
O que Comer? Big Pizza, em São José dos Pinhais. Entrega rápido e a pizza é deliciosa! - (47) 3383-0072
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Dia 2
27 de dezembro de 2013
Rumo ao Rio Grande do Sul! De: São José dos Pinhais/PR Para: Gravataí/RS 699 km, 8 horas de viagem. +50°C
São José dos Pinhais/PR
Às
6h saíamos novamente. Muito felizes com todas as mensagens de apoio e votos de boa
viagem deixados por mais de uma centena de amigos em nosso Facebook! Ficamos impressionados! O restante da pizza de ontem foi o café da manhã de hoje! O sol despontava belo e o GPS nos dizia que às 13h estaríamos em
nosso destino. Liguei para meu primo Peter que me aguardava lá, dizendo que chegaríamos por volta das 14h, e que deixaríamos para almoçar lá com ele e com a esposa, a Bia.
GoPro para esta viagem... Num dado momento, passamos por um trecho de neblina espessa. O sol nascia por trás de um morro de
Fizemos nosso plano de paradas rápidas para ganharmos o dia e
araucárias bem perto de nós. Parecia um retrato em sépia. Tudo
não nos atrasarmos no percurso. Parecia ser um trecho fácil!
meio amarronzado, as araucárias em contraste com a luz da enor-
Descemos a serra paranaense em direção à Joinville/SC vendo o sol
me bola de sol que saída da neblina. Que cenário!!!
nascer em meio à neblina que pairava sobre as araucárias que
O movimento de carros foi muito intenso até Balneário Camboriú.
rodeiam este trecho da estrada. Que paisagem deslumbrante! Foi a
Era sexta-feira e o curitibano estava indo curtir a praia! Depois de
primeira ponta do arrependimento de não termos comprado a
Balneário o trânsito aliviou bem e depois de Florianópolis, pega-
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mos estrada livre rumo ao sul. Fizemos as paradas conforme a
sar neste momento que tínhamos exagerado em nossos roteiros de
programação e, com a estrada livre, acelerei um pouco mais para
700 a 960km/dia. Mas, nem comentei nada com a Cláudia. Se-
compensar o tempo que perdemos no trânsito da serra. Estou
guimos viagem!
evitando puxar saco da moto nestes textos, mas não posso deixar
Passamos bem por 650km da viagem, apreciando as belas paisa-
de falar: a GS é uma delícia de pilotar; e quanto mais pesada,
gens catarinenses e seu litoral fantástico pela BR-101. Digna de se
melhor ela fica! A dinâmica de pilotagem muda um pouco com o
chamar Rota do Sol! Bom... falando no Sol, foi ele que fez, nova-
peso, mas é questão de 100km até se acostumar plenamente. Não senti perda nenhuma na arrancada, retomadas, curvas e etc. com
mente, os 50 últimos quilômetros serem mais sofridos que os 650 anteriores.
a moto. É louvável a engenharia dos alemães. Apenas no freio Estávamos em meio à Freeway gaúcha. Rodotraseiro senti que ele perdeu um pouco de via federal, de quatro faixas em cada sentido, aderência, mas acredito serem as pastilhas,
muito bem planejada e controlada, quando o
que eram Cobrec e não mais as originais sol de 13:30h se fez presente. Aquele dia marBrembo. Boa marca para uso rotineiro, mas cou 42 graus em Gravataí/RS, sensação térmidescobri que não aguenta o uso em condica de 48, segundo as notícias locais. Na Freeções extremas como a nossa, de muito peso, way, que é um puro tapete de asfalto sem calor excessivo e longa rodagem. Não comqualquer arborização em suas margens, foi prometeu a segurança, mas deveria ter colobem mais que isso! Estávamos sentindo muicado a original Brembo, como fiz com a to mais do que 50 graus sob as nossas roupas. dianteira. Me arrisco a dizer que poderia estar beirando
Depois de Laguna/SC e a obra de uma ponte que estava gerando engarrafamentos de
os 60 graus. Não tinha um posto de combus-
NO CAMINHO...
18km sentido Florianópolis, paramos em um posto e encontramos um grupo que viajava em XTs 660, Drag Star e uma GS 650 desde Joinville rumo à Santiago, no Chile. Conversamos um pouco e vimos que eles iriam até
tível, um ponto de ônibus, sequer uma árvore no acostamento; não havia um canto onde
... Balneário Camboriú é uma excelente parada para quem quer pegar praia e boas baladas! Não deixe de curtir as noites no eletrônico do Taj ou no sertanejo da Woods e da Shed.
Osório/RS, em um trecho que eu calculo ter uns 500km. Eles já não viam a hora de chegar! Eu cheguei a pen-
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pudéssemos nos refugiar do sol naquele momento. A pele queimava sob a cordura (o tecido deste tipo de roupa) e só nos restava fazer de tudo para vencer os pouco mais de 40km
que nos separavam do destino final em Gravataí. Eu acelerei a GS acima do limite do bom senso para sair daquela estrada dos infer-
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nos! Mantive a moto a 160km/h por mais de 15 minutos sob o
mos esperar para este dia passar!
inclemente sol. Ainda no caminho, dois otários de carro pensavam que eu estava batendo um pega com eles e começaram a acelerar... aff! Gente estúpida! Para nosso azar, o GPS ainda nos jogou na rua errada. Haviam duas ruas homônimas em Gravataí e o GPS nos levou a uma que ficava dentro de um condomínio. Ao chegar lá, o guarda do condomínio não nos deixou esperar o resgate do meu primo sob a sombra da recepção. Tivemos q ir até um ponto de ônibus próximo. Eu estava passando mal. A Cláudia ainda estava bem. Ficamos lá por uns 15 minutos até o Peter chegar e nos guiar à casa dele.
Era umas 14:30h quando chegamos à casa do Peter. Eu levei cerca de 1h para conseguir sair de dentro da roupa da moto. O sol me abateu de tal forma, que sentar na cadeira para tirar as botas foi um esforço enorme. Também estávamos famintos, pois o plano era chegarmos a Gravataí para almoçar. Só conseguimos almoçar às 17:30h. Eu só me recompus por volta das 19h deste dia.
Fique Atento: ● Em períodos de
feriado prolongado há muito trânsito e acidentes na serra que liga Curitiba à Balneário Camboriú. ● Evite a Free-Way
Gaúcha em horários de sol a pino nos dias quentes.
Ainda tivemos que lavar as roupas de viagem e torcer para elas secarem em 36 horas. A Bia nos ajudou demais providenciando tudo o que precisamos para lavar aquelas armaduras de 10kg cada... Dormimos na casa do meu outro primo, o Henri, que estava para São Paulo. E como dormimos! No dia seguinte, teríamos um dia de folga e comilança, e veríamos espetáculos incríveis. Mal podía-
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Dia 3
28 de dezembro de 2013
Passeio na Serra Gaúcha Gramado e Canela/RS
A
Gravataí/RS
cordamos mais tarde neste dia. A Bia queria ir cedo lá pra Gramado e tinha uma
agenda cheia de atrações para nós! Mas não agüentamos, e preferimos umas hori-
nhas a mais na cama. Era umas 10h quando tomamos café da manhã. Peter e Bia nos buscaram no apartamento do Henri e fomos para Gramado. Eles não sabiam que tínhamos acabado de tomar café, e quando chegamos lá fomos direto pra churrascaria, por volta de 12h. Foi pesado pro estômago, mas tinha uma fraldinha tão boa naquela churrascaria que não resistimos, e naquela mesa só se ouvia
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“desce mais um pedaço”, regado ao som de uma boa milonga gaú-
Ordem a diversas ruas!), a Igreja de Pedra de Gramado, Museu de
cha!
Cera, enfim...
Eu e Cláudia depois nos arrependeríamos daqueles “desce mais
O que mais nos marcou foi o espetáculo do Acendimento das Lu-
um pedaço” pro resto do dia, mas por enquanto estava bom de-
zes da cidade e o espetáculo Navitaten! Este último, em especial,
mais!!! Hehehe
recomendamos a todos que forem passar uns dias por lá no perío-
Fomos a quase tudo o que deu pra ir naquele dia. Lago Negro,
do natalino!
Parque do Caracol, a Catedral de Canela incrustada de símbolos
É um espetáculo fantástico a ópera sobre as águas, com músicas
maçônicos (que, aliás, compõem a cidade dando nomes típicos da
natalinas sincronizadas com um belíssimo espetáculo pirotécnico!
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Fantástico!!! Só acontece aos sábados, e os ingressos são limitados. Portanto, tem que se programar! Voltamos para casa um pouco mais tarde do que pretendíamos, porém felizes e satisfeitos pelo maravilhoso passeio proporcionado por Peter e Bia! Fomos buscar as roupas de viagem na casa deles e, de volta ao apartamento, gastamos ainda mais uma horinha colocando as coisas para dentro das malas novamente. Víamos ali os primeiros sinais de que estávamos com coisa demais na bagagem... Dado o avançar da hora e a experiência com o forte calor no segundo dia de viagem, refizemos o plano de viagem para o terceiro dia. Surgiu do Peter a informação que o
trecho que liga Pelotas a Jaguarão, no extremo sul gaúcho, é completamente deserto. Seriam cerca de 150km sem passar por um posto de gasolina ou uma parada de estrada. E esta dica foi muito valiosa, pois em nossos planos originais passaríamos direto por Pelotas contando de encontrar alguma parada antes de Jaguarão no horário do almoço. Ou seja, seríamos vítimas, de novo, do forte sol do meio-dia! Planos refeitos, rota traçada e muita alegria no coração, pois no dia seguinte cruzaríamos as fronteiras do nosso Brasil, fomos dormir sonhando com mais um dia na estrada! Mais um dia de emoção estava por vir!!!
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NAVITATEN O espetáculo Navitaten é um ponto alto da programação Natal Luz de Gramado. Ele acontece sempre aos sábados e os ingressos são limitados. A ópera sobre o lago é um espetáculo único para os padrões brasileiros. Vale à pena conhecer!
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Dia 4
29 de dezembro de 2013
Rumo ao Uruguay (parte I) De: Gravataí/RS—Brasil Para: Río Blanco—Montevideo—Uruguay 960km — 14 horas — +50°C — “Alerta Anaranja”
Gravataí/RS
“9
60km Para o Destino” era o que nos dizia o GPS.
Tempestades, chuvas fortes e temperatura elevada (entenda-se “calor de matar”), era o que dizia o AccuWeather. E lá estávamos nós pontualmente às 7h da manhã na porta do apartamento do Henri ligando a moto e entregando as chaves ao Peter, que ainda nos acompanhou gentilmente até um posto na saída da cidade para abastecermos, calibrarmos os pneus e partirmos. O “até a volta” que ele nos deu, confesso, soou muito bem aos meus ouvidos! Estaríamos a mais de 1.000km distantes, mas era bom saber que tinha um primo-irmão “por perto”, caso precisássemos de um socorro. Entramos novamente na Freeway, ainda com o trauma do calor sentido dois dias antes naquela pista. Passamos por Porto Alegre e pelas ilhas do rio Guaíba. Uma paisagem maravilhosa para se apreciar sobre a liberdade que duas rodas e um belo motor te proporcionam!
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De Porto Alegre “pra baixo”, uma agradável surpresa: motos não pagam pedágio! Levamos susto ao ver as primeiras cancelas se abrirem automaticamente com a nossa chegada, mas logo depois
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fomos nos acostumando. Afinal, é fácil se acostumar com uma
dois guardas surgiram desesperados no meio da pista fazendo
mordomia assim! Hehehe
sinal para pararmos. Acho que com a pressão que saímos detrás
Dalí pra frente tudo foi, aos poucos, começando a ficar mais reto.
do carro, eles pensaram que fôssemos passar direto. E daí, não teve
Não se via mais cidades vultosas e,
jeito... Joguei um amineirado “Ô seu
depois de um tempinho, nem cidade
guarda, desculpe pela imprudên-
se via mais! As curvas, cada vez
cia...” e recebi um “Habilitação e
mais, foram ficando amenas até se
documento da moto, por favor?!”
tornarem retas a perder de vista. A
como resposta... O guarda anotou os
paisagem ia, aos poucos, se resumin-
dados dos documentos, nos devol-
do a pastos e plantações de arroz –
veu, disse dos perigos daquela rodo-
não, precisamente, nesta ordem!
via de pista simples, quase toda em
Rsrsrs
obras, e nos desejou boa viagem.
Até os carros e caminhões iam, de pouco a pouco, diminuindo. Nos impressionamos com Camaquã, a
Fomos embora, sabendo que a viagem tinha ficado um pouco mais cara naquele momento! hehehe 120km de Porto Alegre, com suas
Seguindo a fórmula de sempre –
vultosas fábricas de arroz. Alguém
parando a cada 150km e não extra-
ali, seguramente, precisa da Imai Empresas e sua expetise em lo-
polando mais do que 10 minutos em cada intervalo – no fim da
gística para a indústria de arroz!
manhã chegávamos a Pelotas, com pouco mais de 350km percorri-
dos. Paramos no último posto de Pelotas antes de Jaguarão, disPassamos por uma “reserva indígena” a alguns quilômetros de Guaíba. Vários índios sentados na beira da estrada vendendo
tante 150km dali, e da sonhada fronteira com o Uruguay. artesanato, vestindo bonés de marca e ouvindo iPod. Já não se
Ainda não era meio dia quando chegamos e confesso que olhamos
fazem mais índios como antigamente...
o posto com maus olhos! Tinha vestígio de pelo menos umas três
Cometi a infelicidade de, em meio ao tráfego lento em um trecho em obras e a pista oposta livre, fazer a ultrapassagem em uma
faixa contínua. Como fruta fresca na beira da estrada não existe, logo na frente uma viatura da PRF “camuflada” no acostamento e
bandeiras diferentes de combustível! Aquele posto já tinha sido BR, Ipiranga e Esso, e agora tinha um leãozinho sem vergonha no símbolo e um nome mega estranho! Ah sim, se chamava Mega! No mínimo, o dono não tinha bom relacionamento com os franqueadores. Bom... não tinha jeito – pensamos – era ali mesmo que
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Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
tínhamos que parar. E a parada seria longa, até o sol começar a
Mas, tanto eu quanto ela, nos esquecemos que íamos ver a previsão
abrandar!
do tempo para planejar o tempo de parada, confirmar a reserva do
Abastecida e estacionada a moto sob uma boa sombra aos olhares
Ibis em Montevideo, e tudo o mais, pegamos o tablet e não sosse-
curiosos dos que por ali estavam, fomos para a loja de conveniên-
gamos enquanto não encontramos no Youtube o vídeo completo
cia fazer a nossa pausa. Confesso que levei um choque quando
da luta, e ficamos pasmos ao ver a perna do nêgo se esborrachar...
entrei na lojinha de conveniência super iluminada, organizada e
Depois de imaginar a dor que ele tinha sentido, eu mesmo – jovem
bonita, com um atraente restau-
espírita, que canta, leva mensagem de amor, paz, perdão, etc., etc.,
rantezinho! Parecíamos ter passa-
etc. – me envergonhei de ter cele-
do por um portal galático e entra-
brado a dor alheia.
do em outra dimensão. A loja,
Logo em seguida parou um grupo
claramente, contrastava com o
com umas 6 motocicletas. Umas 3
posto, e não era possível ver isso do
GS 650 de diferentes gerações, 1 GS
lado de fora!
800 e duas XTs 660 super equipa-
Que bom! Ficamos ali no aconche-
das, como as que tínhamos visto
go do ar condicionado e a primeira
dois dias antes. Aliás, como tem
pergunta que fiz para as moças do
gente viajando de XT!
balcão que nos olhavam espanta-
Eram umas 10 pessoas ao todo.
das sob aquela roupagem preta foi:
Alguns casais, outros sozinhos.
“Quem ganhou a luta ontem???”
Indo também para Santiago, como
“Foi o americano” – respondeu com um carregado sotaque gaúcho,
o grupo que havíamos encontrado em Santa Catarina. Parece que não
a simpática garçonete. “Eu acho que o Anderson Silva quebrou a
tinham uma rota muito bem traçada. Estavam indo até onde
perna”. Não me contive: “Bem feito praquele marrento!!!”. A
agüentavam. Nos encontraríamos com eles mais tarde novamente.
Cláudia olhou para os lados envergonhada e cochichava no meu
Por hora, trocamos informações sobre os procedimentos na adua-
ouvido (como sempre faz nestas horas que eu me excedo) “Menos,
na e a estrada dali para frente. Um deles já tinha feito este trajeto.
amor... menos...”. Só então me dei conta que estava fazendo um
Eles até nos convidaram para seguirmos juntos, mas estávamos
pequeno escândalo! Hehehe
tocando estrada em horários e em ritmos bem diferentes. Preferi,
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delicadamente, declinar do convite sabendo que sairia antes deles
que gaúcho bigodudo, de lenço, chapéu e bombacha era coisa de
e, caso precisasse de apoio, eles não estariam muito atrás.
apresentação pra enganar turista e que isso já não existia mais na
Como tudo naquela simpática lojinha de conveniência, o almoço
cultura deles! Engano meu! Aqueles caras estavam ali no cotidia-
não poderia ser diferente! Estava maravilhoso! Eu comi um peixe
no deles trabalhando, recolhendo boi no pasto porque a chuva
com macarrão nota 10! A Cláudia me apareceu aos risos lá dizen-
estava vindo! E como estava vindo...
do que ia comer uma tal de
Pensa em um destes documentá-
“Galinha Descabelada”! No
rios do Discovery em que os ca-
primeiro momento, pensei que a
ras entram de carro em meio a
Cláudia fosse perder os bons
tornados, ciclones, furacões, etc.
costumes e molestar uma destas
Em que você só vê pasto e aque-
pobres moças que perambulam
las nuvens escuras se formando
pelos postos de beira de estra-
no horizonte. Pois é, era isso que
da... Mas depois eu vi que se
estávamos vendo! No retrovisor,
tratava de um inofensivo fricas-
um céu azul com algumas nu-
sê! Hahahaha Sem dúvida, foi o
vens. À frente, uma tormenta se
melhor almoço que tivemos na
formado e raios caindo pra todos
estrada em toda a viagem!!!
os lados. Estávamos na metade
Era 14h quando fui dar uma
do caminho entre Pelotas e Ja-
olhada na temperatura fora do
guarão. Não tinha como voltar,
ar-condicionado. Estava razoá-
nem onde parar. Não se via uma
vel. Dava para seguir. Algumas
casa, nada! Começamos a fe-
formações de nuvens confirmavam a chuva que o AccuWeather
char a jaqueta e as entradas de ventilação da calça e nos prepara-
previa para as 15h naquela região. “It´s time to move on!”
mos, pois a tempestade estava vindo!
Saímos novamente pelas retas sem-fim. Dalí por diante, literal-
A experiência de ver uma tormenta ao longe se aproximado é fan-
mente nada! Nem carro, nem estância... Só pasto e plantação de
tástica! Ainda estávamos sob o sol escaldante e víamos a chuva
arroz. Duas ou três vezes, vimos pelos pastos ou beira da rodovia,
cair a uns 10km à nossa frente. Em um determinado momento
gaúchos verdadeiramente paramentados! Eu já tinha pensado
mostrei para a Cláudia a copa de algumas árvores mais finas contorcidas pelo vento e nós apenas enfrentando a brisa da estrada.
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Constatamos que nosso planejamento falhou e que não tínhamos
nem isso.
conseguido fugir da chuva! De um momento para o outro, entra-
A única informação que consegui registrar é que a tormenta durou
mos em cheio no problema!
20km. Não consegui aferir, e nem consigo estimar, quanto tempo
A primeira coisa que nos atingiu foi uma rajada de vento descon-
durou. Para mim, aquela primeira tormenta durou uma eternida-
certante pela esquerda. A chacoalhada em toda a moto foi brutal
de, e é assim que vai ficar registrado na minha memória!
e nos levou de onde estávamos (quase no meio da pista) para os
Quando eu já estava chegando, em meu interior, na tênue frontei-
limites do acostamento. Quando me reestabeleci do susto, chegou
ra que separa a aflição do desespero, nós saímos da tormenta, com
a chuva com pingos grossos e doloridos mesmo por debaixo da
a mesma instantaneidade com que nela havíamos entrado!
roupagem. Eu levei alguns segundos para entender que tinha acabado! Que A roupa toda se encharcou na hora. À propósito: a única roupa
agora a estrada estava completamente seca, o céu à frente azul e
de moto impermeável é aquela capa de chuva que
limpo e, pelo retrovisor, negro e com raios caindo ao
você vê qualquer motoboy usar, que custam 10 vezes
Fique Atento:
chão! O corpo ainda estava rígido, esperando as
menos do que as pesadas e altamente tecnológicas
● Depois de Porto
rajadas de vento que não mais viriam (por enquan-
roupas de cordura. As rajadas de vento que vinham pareciam tapas na cara que me balançavam, e toda a moto, de um lado para o outro! Pra se ter idéia, o peso total da moto comigo, a Cláudia e a bagagem passava dos 500kg, e o vento fazia isso conosco como se fôssemos bonecos de posto de gasolina! A velocidade caiu de 130 para 90km/h. Mesmo assim, apesar do medo de conduzir a moto balançando com as rajadas de vento e chuva, a velocidade não poderia ser menor para não perdermos o equilíbrio e cairmos (sei que minha mãe nunca vai acreditar
nisso!). A visibilidade caiu de 20 quilômetros para 20 metros. No clímax da tormenta, não enxergávamos
Alegre há longos trechos sem paradas para abastecimento, podendo chegar a 150km. Certifique-se da autonomia de sua moto (carregada com bagagem) antes de entrar nestes trechos. ● Mantenha seus
familiares e amigos informados dos tempos de saída e chegada nestes trechos. Como quase não há paradas e tampouco sinal de celular no trajeto, é importante que outras pessoas acompanhem os seus check-points.
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
to!). Quando a “ficha caiu” que tudo tinha acabado, cutuquei a Cláudia pelas pernas apontando o horizonte azul, como marinheiros perdidos no mar fazem ao avistar terra firme! Pulávamos na moto de alegria por termos saído ilesos daquele pesadelo e, naquele instante, reduzi uma marcha e enrosquei o acelera-
dor da nossa ‘Princesinha do Mal Caminho’ rumo à extrema fronteira de nosso país!
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Dia 4
29 de dezembro de 2013
Rumo ao Uruguay (parte II) De: Río Blanco/UY Para: Montevideo/UY 960km — 14 horas — +50°C — “Alerta Anaranja”
Jaguarão/RS—46°C—Ventos +110km/h
Ao
ples cidadezinha fronteiriça. Todas elas de arquitetura moderna e algumas até com um certo toque de extravagância. Contrastava com a simplicidade das ruas e das demais construções de Jagua-
chegar em Jaguarão começamos a ob-
rão.
servar o intenso intercâmbio cultural da fronteira dos dois países.
Seguimos rumo à ponte que cruza o rio Yaguarón, que separa os
O prato principal nos poucos restaurantes era a Parrillada, a mais
dois países, e começávamos a ver sinais de que estávamos deixan-
conhecida jóia da riquíssima culinária uruguaia.
do nosso país para trás. Nada, no entato, nos emocionou tanto
Começamos a nos espantar ao ver belas casas pelas ruas da sim-
quanto a placa escrita “Republica Oriental Del Uruguay”.
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
“Chegamos, chegamos!!!” gritamos, quase que ao mesmo tempo,
nhava com olhar curioso desde que cruzamos seu posto de vigilân-
sob os capacetes! Confesso que eu estava tão emocionado com a
cia, foi o primeiro a demonstrar enorme gentileza ao nos sacar
chegada que eu não gravei na memória a lembrança da travessia
uma foto, com extrema rapidez e preocupação, dizendo-nos que
da ponte, e só agora, relembrando as coisas para escrever este
tínhamos que ser rápido pois o chefe dele não o podia ver fazendo
capítulo, é que estou me dando conta disso! Não sei dizer o quão
aquilo!
largo ou estreito, de águas turvas ou claras, ou mesmo barreadas,
Com um sorriso no rosto, ele me devolveu o celular olhando na
era o rio Yaguarón. Realmente, o fato da chegada foi tão marcante,
tela e exclamando “Bárbaro!”, uma típica expressão uruguaia para
que todo o resto não ficou registrado!
demonstrar satisfação!
Tratamos de parar a moto em algum ponto qualquer! Ainda está-
Registramos algumas outras imagens daquele momento com a
vamos um pouco molhados da tormenta passada e só ao descer da
moto, paramos um pouco olhando um para o outro, descrentes de
moto eu me dei conta que as minhas botas eram verdadeiras pisci-
que tínhamos alcançado aquele objetivo! Que tínhamos chegado
nas de água empoçada! A tal
tão longe! Estávamos tão felizes,
tecnologia Gore-Tex que forra
que nem nos dávamos conta que
estes calçados realmente impede
ainda havia outros 400km pela
a passagem de água. Tanto para
frente!
entrar, quanto para sair! E não Subimos novamente na moto, teve jeito, a chuva foi tanta que a com o objetivo de chegar à aduágua entrou pelo cano da bota e ana para dar entrada no país. empoçou completamente! Antes, porém, não resistimos de
Hehehe Paramos, apoiamos a moto pesada no can-
NO CAMINHO...
teiro irregular de terra fofa e, ao certificarmos que nossa guerreira estava segura, fomos atrás de alguém que pudesse registrar nosso fabuloso momento de conquista!
parar para dar uma olhadinha em um dos inúmeros free-shops que dão sentido à existência daquele lugarejo.
... Río Blanco é uma cidade cheia de free-shops! Vale deixar um espaço na babagem para trazer produtos que podem custar metade do preço que encontramos no Brasil. Inclusive equipamentos para Motociclismo!
A gentileza dos uruguaios é perceptível desde o primeiro instante! O guarda de fronteira que nos acompa-
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Estacionamos a moto em um estacionamento gerenciado por outro simpático uruguaio que falava português fluente. Gentilmente ele nos
ajudou a posicionar nossa moto ao lado de uma enorme HD Elektra Glide que também estava parada lá.
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
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Descemos, fizemos o câmbio
que não aguentaria todo este trecho, e ali terminava o nosso
de alguns reais para seguir-
encontro nesta viagem.
mos viagem, e fomos a uma
Naquela parada me dei conta de que a corrente da minha moto
das lojas recomendadas pelo
estava um pouco frouxa. “Deve ter esticado naturalmente com a
cara do estacionamento.
rodagem”, pensei. E seguimos para a Aduana. Fizemos os pro-
Os free-shops lá são enormes
cedimentos de entrada sendo atendidos com gentileza pelo
e os preços em alguns itens
agente uruguaio. Foi tudo muito rápido. Nem a tal Carta Verde
são realmente bons! Não
– seguro internacional para veículos no exterior – me foi pedi-
achamos vantagem comprar
da. De qualquer forma estava lá.
● Carta-Verde (seguro inter-
perfumes no free-shop visita-
nacional) vigente para o período de permanência nos países visitados;
Montamos na moto e partimos!
do, mas as roupas e equipa-
● Identidade com foto recen-
te (não serve CNH) ou, preferencialmente, passaporte! ● Carteira internacional de
vacinação contra malária; ● Habilitação (CNH) com
foto recente; ● Documento da moto em
nome do condutor;
mentos da BMW estavam
● Cópia autenticada de to-
dos os documentos;
pela metade do preço. Me deparei com a GoPro que eu tanto lamentei até este trecho
da viagem. Por míseros US$ 300... E até agora eu me pergunto por que eu não a comprei!!!
O interior do Uruguai é interessantíssimo! São quilômetros e mais quilômetros de puro pasto! Vez ou outra, avista-se uma
estância (como são chamados os sítios e fazendas por lá). Todas muito simples, e algumas parecem inabitadas há anos. A maioria me fazia lembrar o sítio onde fui criado, em Paraíba do Sul/ RJ. Passamos mais de uma centena de quilômetros sem cruzar com mais do que 3 carros. No entanto, as estradas com asfalt0
Tratamos de seguir viagem, pois ainda tínhamos quase metade
impecável e placas com telefone de emergência a cada 5 ou 10
da rota pela frente e o tempo estava instável. Saímos do estacio-
quilômetros nos transmitiam certa tranqüilidade.
namento, paramos num posto de combustível. Lá estava o gruPessoas, quase não se vê. Vez em quando passávamos por uma po que viajava de moto que havíamos encontrado em Pelotas. Eles tomaram a mesma chuva que nós no caminho e, como nós, estavam excitados comemorando os louros de terem chegado ali vivos! Conversamos um pouco e nos demos conta que eles haviam se decidido seguir para Melo, uma cidade próxima dali. Por um instante até pensei que eles fossem conosco para Montevideo. O líder do grupo chegou a consultar os demais integrantes para ver se eles topavam os 400km conosco. O grupo deu sinais
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
ponte e observávamos um certo movimento de gente embaixo delas, às margens dos rios, se banhando. Um costume local em dias de verão, acredito. Por umas três vezes, vimos pessoas que paravam seus carros sob as sombras de árvores ou bambuzais à beira da estrada, sacavam umas cadeirinhas de praia e ali fica-
vam apreciando a paisagem com sua cuia de chimarrão e um singelo piquenique. Não é à toa que o Uruguai dispõe de um
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Kit McGayver:
alto índice de longevidade.
nós. Foram alguns
Enquanto curtíamos esta paisagem e refletíamos sobre o estilo de
segundos fascinantes
Chave Reserva da Moto
1
vida nestes pampas, avistávamos ao longe – de novo – a tormenta
que ainda guardo na
Kit de Fusíveis
1
que se formava. Mais uma vez lamentei não ter comprado a Go-
lembrança como algo
Kit de Ferramentas
1
Pro! Desta vez, lamentei não tê-la comprado na segunda chance
surpreendente que vivi
Óleos de Motor e Correntes
1
que havia tido há alguns minutos atrás. A paisagem que víamos
até o momento.
era digna de ser filmada ou fotografada. À nossa esquerda à fren-
Acho que a esta altura,
Fita Isolante, Super-Bonder e
1
te, o céu negro, nuvens carregadas, raios caindo ao chão, etc. À
nem eu, nem a Cláu-
Enforca-gatos, Arame, Barban-
1
nossa direita à frente, nuvens carregadas e uma tempestade desa-
dia, estávamos mais
Pedaços de Estopa, Pano e
2
bando. Entre os dois, uma fresta bem centralizada à reta da estra-
tão aflitos com as chu-
Cordas de Naylon e Pregadores
3
da, pela qual eu apontava para a Cláudia dizendo que passaría-
vas e os ventos que Canivete Suíço
1
mos por alí e não tomaríamos a chuva. Tolinho...
vinham como na pri-
Não demorou para que os ventos nos alcançassem. Vieram pela
meira vez que nos deparamos com eles. Só estávamos mesmo era
direita, muito fortes e, inacreditavelmente, andávamos com a moto
de saco cheio com o vento!
inclinada contra ele para mantermo-nos em linha reta. Nos chaco-
Aos poucos a chuva foi passando e começamos a ver alguns sinais
alhavam por alguns minutos e depois paravam. E daí, vinham
de vida pelo caminho. Passamos por um pequeno povoado cha-
novamente... E foi assim por um longo período. Aí veio a chuva.
mado Rincón e, um tempo depois, chegamos a Treinta y Tres.
Moderada à princípio, depois pancadas fortes. Nada, nem de
Capital do departamento (como são chamados os Estados ou Pro-
perto, com o que passamos a caminho de Jaguarão mas, mesmo
víncias do Uruguai) que leva o mesmo nome, Treinta y Tres foi o
assim, bem fortes.
nosso primeiro contato com a realidade das dimensões uruguaias.
A roupa encharcou novamente. Assim como a bota – se é que ela
Aquele charmoso paisinho é como uma casinha de bonecas. Tudo
tinha secado! E, da mesma maneira que a chuva chegou, ela se foi.
lá é no diminutivo, inclusive suas capitais! Treynta y Tres é do
Voltamos a acelerar vendo pelo retrovisor a tempestade que tínha-
mesmo porte do que qualquer uma pequena cidade do interior de
mos passado e à frente outra que se aproximava.
Minas Gerais!
Em um determinado momento algumas curvas nos tiraram do
Paramos em um posto à beira da rodovia. Abastecemos e o fren-
caminho da tempestade e quando olhamos para o pasto à nossa
tista, impressionado com a GS, me perguntava o quanto ela custa-
direita ela caía com toda a intensidade a menos de 100 metros de
va. Depois queria saber de onde vínhamos, quantos quilômetros
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Mini Compressor e Kit de Reparo 1
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
tínhamos percorrido, quantos dias estávamos na estrada... Foi a
puxando o ritmo. Uma chuvazinha no meio do caminho ameaçou
primeira vez que me dei conta de que realmente estávamos em
a cair. Joaquim e a Melisse seguiam apenas com umas proteções
uma grande aventura! Eu tentava responder tudo rápido sem ser
no corpo, sobre a roupa normal – uma solução interessantíssima
indelicado com o rapaz, preocupado em ir ao encontro da Cláudia
para dias quentes que pretendemos adotar! Aceleraram na nossa
que estava sentada, meio abatida pelas pancadas do vento e os
frente para chegar ao pedágio e vestir suas capas de chuva.
maltratos do calor e da chuva, à porta da loja de conveniência do
Depois de mais 150km, chegamos em Minas, capital do também
posto.
homônimo departamento Minas. Outro abastecimento, outra
Me certificando que estava tudo ok com ela, entrei na lojinha. Um
lojinha de conveniência (kiosko), outra contação de causo! E desta
verdadeiro kiosko uruguaio! Boas recordações começavam a aflo-
vez achamos um contador de causo uruguaio. Javier, o gerente do
rar em minha mente! O banheiro do lugar parecia com o da mi-
kiosko, nos falou tudo sobre o local. Seus 34.004 habitantes (nós
nha casa, de tão limpo! Deixei uma generosa caixinha para a mo-
éramos os 4 a mais naquele
ça da limpeza!
var dois tipos de
alfajores diferentes, pro-
Quando saí, encontrei Cláudia em uma acalorada conversa com
duzidos na cidade.
Minas é tida como a
momento! Rsrsrs), nos fez pro-
uma moça de cabelos loiros, jeito de Harleyra, que tomava água na outra mesa. Logo que cheguei, a Cláudia me disse: “Escuta, amor,
Fique Atento:
onde eles já foram!”. “Ushuaia 2 vezes, Chile, Perú, Panamá, Esta-
● Não há muitos relatos de policiais corrup-
dos Unidos...” começou a enumerar a Melisse, esposa do Joaquim, que viria a conhecer logo em seguida. Ele chegou empurrando a Elektra Glide preta que estava estacionada em Río Blanco. Ele,
goiano. Ela, cuiabana. Nós, cariocas, mas mineiros de coração. Não podia dar em outra: prosa pra mais de metro! Hahaha Como dizem os goianos, esta era a mistura certa pra contar umas mentiras! ahahaha Eles tinham vindo logo atrás de nós e também seguiam para Montevideo. Não tomaram uma gota sequer das duas fortes tempestades que nos pegaram de Río Blanco a Treynta y Tres. Resolvemos terminar o trecho desta viagem juntos. Fui na frente
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
tos nas estradas uruguaias, no entanto, é extremamente comum motociclistas desavisados serem alvos destes algozes das estradas em países como Bolívia, Paraguay e Argentina. ● A Polizia Caminera, ou Carretera, ou Cara-
binera (conforme o país), quando quer, sempre encontra um motivo para te autuar e, em território estrangeiro, qualquer probleminha pode ser um problemão! Portanto, NUNCA infrinja as regras locais, e atente-se aos pequenos detalhes da legislação local antes de entrar no país. ● Em alguns lugares, documentos plastifica-
dos (como o RG brasileiro) não são reconhecidos e em países como a Bolívia, até o lado em que o farol baixo acende em sua moto pode representar autuação e retenção da moto! Fique esperto e, se preciso, faça consultas documentadas às respectivas embaixadas.
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
capital mundial do alfajor (sem o consentimento dos hermanos
va o espetáculo do sol. Definitivamente eu nunca mais viajo sem a
argentinos, claro!) e está, inclusive, no Guiness Book por ter fabri-
câmera ao capacete para registrar tudo isso!
cado o maior alfajor do mundo!
O Joaquim alinhou a Harley ao nosso lado e nós quatro comemo-
Estávamos nos deliciando com as histórias do Javier e de outro que
rávamos brandindo os braços de felicidade contabilizando os últi-
estava lá, mas o dia já estava chegando ao fim e ainda tínhamos
mos metros até o hotel.
130km pela frente até o hotel em Montevideo. Pagamos a conta,
O Sol desapareceu sob as águas do Rio de La Plata no exato mo-
nos despedimos satisfeitos com a nova amizade e seguimos em
mento que entramos nos portões do Ibis. Foi realmente um pre-
frente.
sente da natureza e de Deus como recompensa por tudo o que
De Minas em diante, começamos a ver traços mais próximos do
havíamos vivido naquele dia fantástico! Completávamos 14 horas
que conhecemos como civilização. Na região metropolitana de
de estrada, 960km vencidos, três tempestades torrenciais, ventos
Montevideo fomos bombardeados por olhares curiosos em todos
de 100km/h ou mais e, no dia seguinte viríamos a descobrir pelos
os lugares que passávamos. Parávamos nos inúmeros semáforos e
jornais que o país estava em “Alerta Anaranja”, a penúltima escala
os carros ao lado baixavam os vidros para namorarem as motos. A
de gravidade de fenômenos naturais do sistema metereológico
Melisse até mexia com as crianças nos carros nos semáforos!
uruguaio.
Hehehe
Nossas roupas haviam se encharcado e secado por três vezes. Car-
Em Montevideo os motoristas não estavam muito habituados a
regávamos o suor e o pó da estrada em larga escala. Nossos rostos
dar passagem para as motos. Daí, tivemos que seguir um trechi-
transbordavam de felicidade! Joaquim e Melissa ainda sairiam
nho “costurando” o trânsito. Em Montevideo tivemos um pequeno
pelas ruas de Montevideo à procura de hotel, pois, como eles não
desencontro e o meu GPS me levou para uma rua, e o do Joaquim
tinham reserva, não puderam se hospedar no Ibis, que estava
para outra. No entanto, cruzamos novamente na avenida General
cheio. Não mais os encontramos. Nossos roteiros a partir dali
Artigas, uma das principais vias de trânsito do centro, que sai
seriam diferentes. Ainda mantemos contato, e na próxima sema-
direto na Rambla. As ramblas, são como são chamadas as orlas
na pretendo ligar para encontrar o Joaquim em Goiânia.
por lá. A de Montevideo é linda, banhada pelas águas do Rio de La
Cláudia e eu estávamos extasiados! Desmontamos a bagagem da
Plata.
moto. Tínhamos o dia seguinte todo para desfrutar Montevideo, e
Era exatamente 21h de um dia quente – dos mais quentes no Uru-
a noite mal havia chegado!
guai desde 1960 – quando alcançamos a Rambla, na altura do
Realmente, este dia foi fantástico e a viagem estava só começan-
Cassino. Ali, fomos presenteados com o mais belo pôr do sol que
do!!!
jamais havíamos visto. Uma bola enorme, vermelho-alaranjado, quase tocando a água. Uma multidão reunida na rambla apreciaPor Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Dia 5
30 de dezembro de 2013
Explorando Montevideo Montevideo/UY
Montevideo/UY
Eu
Depois de tudo “em ordem”, fomos jantar. Levei a Claudia no Facal, um dos mais tradicionais restaurantes da cidade, centenari, em especial, estava extremamente empolga-
amente instalado na 18 de Julio no Centro de Montevideo. Me es-
do em colocar os pés novamente em Montevi-
pantei com o número de turistas, que estava bem maior do que
deo. É uma cidade pela qual guardo um carinho enorme. Sempre
nas vezes anteriores em que estive na cidade. A cidade e os pontos
fui muito bem recebido nas três vezes que lá estive, tenho amigos a
de interesse (bares, restaurantes, locais públicos...) estavam mais
quem muito estimo e a gastronomia é deliciosa!!! Ainda naquela noite, tratamos de ajeitar as coisas assim que chegamos no quarto. Viajar de moto é assim, vc sempre tem algo para fazer quando chega no quarto do hotel. Nossa tarefa era secar as roupas e verificar o que precisava ser lavado, pois tínhamos apenas um dia em Montevideo antes de seguirmos viagem para Buenos Aires. Montamos nossa pequena favelinha de varais de nailon, colocamos as roupas de viagem para secar, lavamos as roupas de baixo e também as penduramos no varalzinho. Minha bota, enxarcada, eu coloquei na janela para tomar um ar. Sabíamos que estávamos fedidos, mas não conseguíamos mais sentir nosso cheiro.
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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preparados para receber turistas (brasileiros, em sua maioria).
a
Seja pela liberação da maconha ou não, de fato, o turismo no Uruguay mudou de patamar! E o país fez seu dever de casa! Voltando ao hotel, tomamos um susto ao entrar no quarto. Primeiro, foi o terrível mal cheiro!!! Sabíamos que estávamos fedidos quando chegamos de viagem, mas não sabíamos o quanto! Hahahahaha O quarto estava uma verdadeira ameaça biológica! Não teve jeito, tivemos que pegar tudo, mandar para o serviço de lavanderia do hotel e pagar uma pequena fortuna para ter tudo limpo no dia seguinte: precisos R$ 140! Por R$ 150 eu mesmo teria lavado tudo na pia do banheiro e secado na base do sopro! Haha-
MONTEVIDEO
ha
CIDADE DE ENCANTOS E TRADIÇÕES No dia seguinte de manhã, quando descemos à recepção, ainda sentíamos o odor daquelas roupas deixadas lá! Hahahaha Coitados dos recepcionistas do hotel, que passaram a noite com aque-
Com seus 1,67 milhão de habitantes (quase 50% da população do país), Montevideo ainda guarda vestígios do forte que originou a cidade. Sua antiga arquitetura de traços europeus, o agradável clima, a amabilidade de seus habitantes e o marcante céu de profundo azul do país encantam e criam momentos inesquecíveis para quem a visita.
le cheiro! Hahahahaha Eu fiquei preocupado e cheguei pensar que o cheiro não sairia das roupas... Este dia foi só passeio! Logo no início da manhã, fomos à concessionária da BMW em Montevideo para esticar a corrente da moto. Temos que destacar aqui o excelente atendimento dos
funcionários daquela concessionária! E além disso, não nos cobraram nada pelo serviço!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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Depois, fomos tirar umas fotos e caminhar pela cidade. Fiz a travessura de subir a rampa do palácio do Congresso de moto, e sacar uma rápida foto de lá. Um guarda ficou de longe me olhando atravessado e eu fingi que nem tinha visto ele... Infringi uma de minhas principais regras: NUNCA infringir as leis locais. Mas
fantástico! Eu comi um clássico uruguayo, um sanduiche de Pan
não resisti de ter uma foto de moto naquela escadaria digna de
de Miga, e a Cláudia fez uma descoberta fantástica: o pan de nuez,
um final de filme do Rocky Balboa!
ou pão de noz! Não há nada igual no Brasil! É uma massa bem
Fizemos um saboroso coffee break em um dos inúmeros cafés
fofa, adocicada e de paladar riquíssimo, contrastando com o clás-
pelas esquinas da cidade. Não tem recomendação; qualquer um é
sico recheio de ‘jamón y queso’. Deu vontade de comer um atrás
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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do outro sem parar! Dica imperdível para quem visitar o Uruguai! Mais tarde fomos nos encontrar com nossa amiga Letizia (Letty), que foi carinhosamente ao nosso encontro. Almoçamos em outra parada imperdível de Montevideo: o El Palenque, do Mercado do Porto. É um restaurante fabuloso no melhor centro gastronômico da cidade. Não passo por Montevideo sem almoçar por lá. E o prato? O de sempre: uma provoleta (provolone derretido na parrilla) de entrada e um Asado de Tíra (costela) como prato principal. Também não há nada igual na nossa culinária! Dica imperdível do meu pai e que me desencoraja a experimentar qualquer outro prato naquele restaurante! Confira nas fotos o tamanho do famoso Asado de Tíra do El Palenque! Caminhamos por Ciudad Vieja, a parte antiga da cidade, colocando a conversa em dia e fazendo planos para a vinda de Letty ao Rio em 2014. Tomamos um fabuloso sorvete uruguaio de 750 ml na Plaza Constituición, despedimo-nos de Letty agradecidos pela sua companhia e fomos terminar o dia passeando de moto pela Rambla, até Pocitos – a Copacabana da capital pampa. Chegando no hotel, surpresa: nossas roupas limpinhas, sequinhas e... cheirosas!!! Nem acreditamos!!! Calças, jaquetas, roupas baixas, luvas, tudo!!! Fomos para o quarto, gastando uma horinha para colocar tudo novamente para dentro das malas, e fomos dormir para seguir para Buenos Aires no dia seguinte!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
El Palenque O melhor “asado de tíra” de Montevideo. Vale à pena ir, mas preparese para comer muito! Perez Castellano 1579,Montevideo, Uruguay +598 29170190
Facal Restaurante No coração de Monvevideo, neste clássico restaurante / bistrô você sente o verdadeiro clima da cidade. Vale a visita.
Avenida 18 de Julio 1249, Montevideo
La Coruñesa Confitería Também no coração da cidade, descobrimos ser este pequeno café uma das mais tradicionais confeitarias da cidade. Vale cada lanche, com destaque ao incrível sanduíche de pão de noz (pan de nuez). San José 1.014—Montevideo— (+598) 2902-7354— www.lacorunesa.com.uy
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Dias 6 a 9 31 de dezembro de 2013 a 03 de Janeiro de 2014
Viva Buenos Aires!!! De: Montevideo/UY Para: Colônia do Sacramento/UY—Buenos Aires/ AR Terra: 180km—2h / Água: 1:15h
A Montevideo/UY
cordamos cedo e pegamos 180km de retas para
Colônia Del Sacramento. Íamos tomar o barco (BuqueBus) que nos atravessaria à capital portenha. Depois de tudo o que havíamos percorrido, 180km era um passeio ao parque! Logo chegamos à antiga e charmosa colônia portuguesa em terras uruguaias! Cláudia dormiu a viagem toda, e perdeu a bela paisagem campeira daquela parte do interior do país. Colônia Del Sacramento/UY
C
omo eu desconhecia os procedimentos de embarque da moto no barco, chegamos bem cedo. Depois, vi que
aguardando o dia do retorno de Buenos Aires, que pousaríamos
tudo era bem simples e pegamos a moto e fomos dar um passeio
uma noite ali.
pelo bairro histórico da colônia. Não aproveitamos muito, pois
Logo embarcamos e atravessamos o mítico Río de La Plata! A
estávamos carregados de bagagens e, com as ruas de pedra, não
travessia no BuqueBus foi caríssima! Nossos bilhetes de ida e volta
havia lugar para parar a moto em segurança por conta do peso
custaram mais do que gastamos de combustível toda a viagem!!!
excessivo. Mas já deu pra ficar com o gostinho de “quero-mais”,
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Mas, naquele dia, valeu a pena! Era 31 de dezembro e os argentinos arrumaram um piquete daqueles que só os argentinos sabem armar, na ponte que liga o Uruguai à Argentina, por conta de uma indústria de celulose que escolheu os pampas uruguaios, em
detrimento dos hermanos, para se instalar. Certamente, além de percorrer outros 800km de moto, ficaríamos boas horas presos naquele piquete! Foi realmente um bom negócio que fizemos com-
Os quatro dias na capital argentina foram fantásticos! Temos
prar aqueles inflacionados tíquetes!
algumas observações. Primeiro, tudo está abusivamente caro para
D
os turistas (brasileiros, majoritariamente!). Uma garrafa d´água
Buenos Aires, Capital Federal/AR
de 500ml está custando o equivalente a R$ 8! Está tudo caro, mesmo com o câmbio mais valorizado! Mas é pura exploração. Indo ao supermercado ou aos bairros menos turísticos, os preços voltam escemos em Puerto Madero. Logo na saída,
um casal de moto nos cercou. Eram brasileiros e nos davam as
a ser atrativos. Os argentinos aprenderam a explorar os turistas brasileiros!
boas vindas! O clima portenho rapidamente nos abraçava. Cláu-
Aliás... e como há turistas brasileiros! Chega a incomodar! E tam-
dia ficava encantada a cada esquina, e eu vibrava de felicidade em
bém, como há casais gays! Chego perto de afirmar que Buenos
ver que ela estava aproveitando nossa viagem!
Aires se tornou um destino gay nesta época do ano. E eu lá... mas
tudo bem! Hehehe Chegando no Ibis, percebemos nitidamente a diferença de hospitalidade com o tratamento seco dos argentinos. Bola pra frente!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Passamos um réveillon maravilhoso (apesar de eu ter caído no
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sono e só ter acordado com a queima dos fogos), assistimos a um divertido espetáculo latino em um restaurante, enfim, nos divertimos demais! Bom... o leitor pode não entender o que eu vou falar, mas a melhor coisa que nos aconteceu naquela noite de réveillon foi não termos encontrado um restaurante sequer com mesa vaga para ceiarmos! Hehehe Os preços estavam abusivos para qualquer bolso! E, mesmo assim, tudo esgotado. Ficamos nas ruas mesmo – onde assistimos o show latino que comentei – e foi demais! Mas, mesmo as-
nese e o ketchup, nem me arrisquei. Olhando, até parecia um
sim, não escapamos da roubalheira desenfreada sobre os turistas.
hambúrguer. Comendo.... bom... não sei se há algo na Terra pare-
Nossa ceia de ano novo foi um hambúrguer de AR$ 50,00! E não
cido com aquilo! Nossa dica aos próximos que não conseguirem
era um Hamburguer gourmet, de carne de cordeiro e muzzarela
um restaurante para cear na capital portenha: não comam os
de búfala das montanhas, etc. Era um podrão mesmo que o bife
hambúrgueres de rua!!! hahaha
de carne moída – quadrado, por sinal – quebrou na minha mor-
Dia 1º de janeiro foi aniversário da Cláudia! Fizemos diversos
dida como se fosse uma torrada! O queijo não derreteu. A maio-
passeios, e reservamos um almoço no La Cabaña, um dos mais
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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tradicionais e requintados restaurantes de Buenos Aires. Descobri o La Cabaña há uns anos atrás, também por indicação do meu pai. Certeira! Aliás, de pastel de feira aos restaurantes mais premiados, o pai é uma enciclopédia viva no assunto!
O ambiente é fantástico e por ali já passaram diversas celebridades de todo o mundo. Tudo devidamente registrado em um mural de fotos no hall de espera. Tudo no La Cabaña é chique, até o papel toalha do banheiro. É um lugar que nunca deixo de ir quando vou à capital portenha. O prato principal, um suculento e gigantesco Baby
Beef à parrilla que você pode conferir e aguar com a foto! hehehe Nos outros dias, fomos aos pontos turísticos tirar fotos com a moto e com o escudo do 100 Fins do Asfalto. No primeiro dia útil do ano, levei a GS para uma revisão na concessionária da BMW, onde fomos muito bem recebidos e atendidos! Eles fizeram de tudo para nos atender durante a viagem e ficamos muito satisfeitos! Ganhamos chaveirinho, adesivo e tudo o mais!!!
da cidade – e do excessivo número de brasileiros, que começava a incomodar. Fomos a Las Cañitas, onde poucos brasileiros vão, e nos divertimos demais! Almoçamos empanadas argentinas em um clássico café. Las Cañitas tem o clima das ruas do Leblon. Não Tiramos o último dia para fugir da exploração turística
preciso dizer mais nada, né?! Um dia antes, tínhamos descoberto uma
La Cabaña O La Cabaña é um daqueles lugares chiques no qual você se sente bem! É chique em tudo, até no papel toalha do banheiro. Mas, independente de onde você vem, você é tratado à altura do que se paga, e come-se muito bem! Não se assuste com a aparência! Os preços são melhores do que qualquer quiosque de Copacabana! Av. Alicia Moreau de Justo, 380—Puerto Madero—Buenos Aires +54 11 4314-3710
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
comemoração popular de imigrantes
latinos em um parque nas proximidades de Puerto Madero. Paramos lá,
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curtimos a animada baladação dos locais. Lugar de gente muito simples, música originalmente latina e dancinhas espontâneas com passos ensaiados. Coisa riquíssima de se ver! Na noite do último dia, quando voltávamos caminhando para o hotel, nos deparamos com um pequeno grupo que cuidava dos últimos detalhes da decoração de um presépio em tamanho real,
colocado na Plaza Congreso. Eles estavam um pouco atrasados com a decoração do presépio, pois já era 3 de janeiro... rsrsrs Mas, mesmo assim, ficamos lá apreciando a beleza da iluminação e dos detalhes do simpático presépio, ouvindo uma gravação com mensagens de Natal na voz do Papa Francisco. Confesso que comecei a me envolver naquele clima, pensando no momento que estávamos vivendo, da conquista que era estar ali, e relembrando os sonhos dos meus natais passados, muitos que eu pensei jamais realizar. De frente àquele presépio, emocionado, fiz uma prece em agradecimento a Deus por tudo, e seguimos em paz para o hotel encerrando nossa maravilhosa estadia em Buenos Aires.
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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Dia 10
04 de Janeiro de 2014
Voltando no tempo em Colônia De: Buenos Aires/AR Para: Colônia do Sacramento/UY Travessia do Río de La Plata: 1:15h
S
Buenos Aires, Capital Federal/AR
optei pelo barco rápido). Aliás, eu tomei um susto quando vi o nome do barco: Silvia Ana L. Eu ainda falei com a Cláudia “Esta Sílvia é safadinha...”, e ela me olhou, novamente, recriminando
meu comentário... rsrs aímos cedo do hotel para tomar,
Colônia do Sacramento/UY
novamente, o BuqueBus. O terminal
Ch
do porto estava lotado de gente e de
carros! Os argentinos ricos estavam indo para Punta Del Este! Foi tumulto pra todo o lado: no check-in, na imigração, no embar-
egamos a Colônia, fomos direto para o El
Viajero, nossa pousada. Descobrimos que nossa reserva foi feita
que...
para uma pousada do El
Dispensamos as poltro-
Viajero recém inaugura-
nas e fizemos a travessia
da, novinha em folha!
no chão do saguão do
Ficamos muito satisfeitos
barco. Ora sentados, ora
com o lugar. Tudo limpi-
deitados, mas, o tempo
nho e organizado, o aten-
todo, comendo chocola-
dimento fantástico! O
tes! Hehehe Uma hora e
café da manhã não é
quinze minutos de gulo-
farto, mas forra o estôma-
dices! (ainda bem que eu
go. Com tantas opções
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não faz muita diferença. Passamos o dia passeando pelo Barrio Historico e tirando muitas fotos! Colônia é um dos lugares mais charmosos que eu conheço. Antiga colônia portuguesa em terras espanholas, a cidade antes fora um forte e percebe-se, pelas suas ruínas e casarios, a grandiosidade da obra e do seu modo de vida. Do alto do farol, você vê claramente como era a vida dentro do forte, e a divisão das casas e
departamentos da colônia. Há inúmeros restaurantes por lá! Para todos os bolsos e todos maravilhosos! Foi até difícil escolher em qual almoçar. A Cláudia teve mais dificuldades ainda, pois àquela altura, ela já não estava mais agüentando comer carne. Eu ainda
primeiros dias da viagem, por aqueles carros-casa que cruzávamos na estrada! Eu confesso que, até aquele momento, nunca tinha me atraído a idéia de fazer uma viagem assim.
carrego os desejos do tiranossauro que outrora fui, então, não tive muito problema com a dieta à base dos pobres boizinhos da raça black angus...
Na segunda vez que passamos pelo local, vimos que os carros estavam de partida e, observando um dos carros, vi que ali viajava um
irmão da Ordem. “Bi-bi-bi”, buzinei, e a cunhada logo acenou. Tínhamos visto mais cedo um grupo de motor-homes estacionado na praça de Barrio Histórico. A Cláudia estava fascinada, desde os
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Em seguida veio o irmão a quem logo me identifiquei com as devi-
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das palavras e pronto, estávamos em família! Satisfizemos todas
Eu entrei de curiosidade. Não tem muita coisa interessante... Tem
as nossas curiosidades sobre a casa sobre rodas! Eles foram muito
uns achados do fundo do mar, muitas réplicas de navios que nau-
gentis nos convidando para entrar, mostrando tudo o que havia
fragaram na costa uruguaia (há um número imenso de naufrágios
lá! Dois quartos, sala, cozinha, ba-
por aquelas águas), muita história do
nheiro, lavanderia e varanda!!! Tinha
fundador do museu. Aliás, isto chega
cama para 6 pessoas! Ficamos impres-
a ser chato! Fala-se do cara o tempo
sionados de ver que eles tinham má-
todo como um grande descobridor,
quina de lavar e secar! E, segundo o
explorador, herói do fundo do mar e
irmão Gerson, até dava pra levar a
tal, mas o cara não tem nenhum gran-
nossa moto no compartimento de
de feito! Só quinquilharia não catalo-
carga! E dava mesmo! Ficamos pas-
gada que ele conseguiu retirar do ocea-
mos!!!
no. As maiores coisas que ele trouxe à
Catarinenses de Joinville, eles viajavam
tona foram uma âncora e um canhão.
com a filha e uma amiga dela. Já ti-
Bom... o lado bom do museu é a quan-
nham ido para o Ushuaia duas vezes,
tidade de recortes de jornais e artigos
Macchu Picchu, Atacama, os salares,
históricos. Aliás, deveria se chamar
etc., etc., etc...
biblioteca! Pena que, com a Cláudia
Eles tinham até um cartãozinho de
pro lado de fora me esperando, eu vi
visitas, com foto do Caracol 2 (nome
tudo muito rápido. Não quis me alon-
do simpático motor-home deles) che-
gar. O que mais me chamou a atenção
gando em Bariloche! Um fantástico
foi a história do submarino nazista
estilo de vida!
Gras Spee, que foi bombardeado por uma embarcação inglesa durante a
Depois pegamos a moto e fomos passegunda guerra mundial e pediu abrisear nos arredores de Colônia. Descobrimos um museu dos naufrágios. O lugar era tão feio e mal conservado – daqueles com cara de que só existem para arrancar dinheiro dos turistas – que a
go no porto de Montevideo para reparos, criando para o Uruguai, um grande problema diplomático. Logo depois ele foi à pique nas
águas do Río de La Plata, onde jaz com sua tripulação até os dias Cláudia nem quis entrar! Aliás, parecia que o próprio museu era um naufrágio em terra firme! Hahaha
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atuais.
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Saindo do Museu, paramos para apreciar e sacar umas fotos na
sugerido pela simpática garçonete! O inesquecível “licuado de
Plaza de Toros. Um monumento fantástico às sangrentas toura-
manzana con frutil-
das. Eu, sinceramente, recrimino a prática das touradas pelos
las”!
maltratos sofridos pelos animais. Mas é inegável que o monumen-
Terminamos o dia
to, mesmo em ruínas e com riscos de desmoronamentos, impressi-
assistindo ao pôr do
ona! Guardadas as devidas proporções, é um portentoso Coli-
sol do alto do farol, e à
seum uruguaio.
noitinha voltamos
Passamos a tarde pelas praias de Colônia caminhando e aprecian-
para arrumar as malas
do o estilo de vida local. Encontramos um barzinho praiano muito
na pousada e nos pre-
legal! Ficamos lá apreciando o fim da tarde, vendo as pranchas de
pararmos para partir,
windsurf e kitesurf cortarem as ondas. Eu pedi uma caipirinha
pois uma visita muito
para celebrar a felicidade que eu estava tendo naquele momento!
especial nos aguarda-
Depois, descobrimos um maravilhoso suco de morango com maçã,
va no dia seguinte!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
COLONIA DEL SACRAMENTO Fundada em 1.680 por Manuel Logo, Governador do Rio de Janeiro, a cidade, reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade é um passeio cultural imperdível!!!
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Dia 11
05 de Janeiro de 2014
Visita à Abuelita!!! De: Colônia do Sacramento/UY Para: Montevideo—Punta Del Este/UY 400km
Colônia do Sacramento/UY
M
alas na moto, partimos cedo! Definitiva-
mente, a moto estava pesada demais!
Compras no free-shop, roupa suja e os quilos a mais que tínhamos engordado estava fazendo uma baita diferença agora... rsrsrs Novamente, 180km de retas até Montevideo e a Cláudia complementando o sono da noite na garupa da Sertão! Aquele seria um dia muito especial. Iríamos visitar a dona Nelly, uma simpática uruguaia de 80 anos que conheci pela internet a quem carinhosamente chamo de “abuela” (avó). Tínhamos nos falado no dia anterior, peguei o endereço, coloquei no GPS. O lugar já me era familiar. Era no caminho que liga o aeroporto ao centro de Montevideo, na região de Carrasco. No caminho, como estava um lindo dia, optei por desviar o trajeto
y Tres”, vi, pela primeira vez, suas portas abertas! Sempre fui fas-
imposto pelo GPS e dar uma última passada pela Rambla. Foi
cinado em conhecer o interior daquela construção. E resolvemos
uma feliz decisão! Ao passar pelo Templo Inglés, um monumento
parar.
anglo-saxão, erigido com os traços arquitetônicos adotados pela maçonaria, e simbolicamente posicionado ao final da rua “Treynta
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Era dia de missa. O público, predominantemente idoso, nos rece-
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beu carinhosamente.
curiosos de todos os
Primeiro veio uma senho-
cantos.
ra clara, de lindos olhos
Ela também relatou o
azuis. Nos falou sobre o
trágico espetáculo que
templo, erguido pelos
foi o bombardeio ao
ingleses que migraram
submarino, na saída do
para o Uruguai durante a
Rio de La Plata. As
Segunda Guerra Mundial.
explosões podiam ser
Havia uma série de placas
vistas e ouvidas da
em homenagem aos bra-
Rambla por cerca de
vos que lutaram pelo Uru-
300 mil pessoas que lá
guai. Nem eu sabia que a
ficaram.
guerra tinha feito tantas Ela nos convidou para a
vítimas por aquelas águas. missa, a qual eu gostaTudo em inglês e, suporia muito de ter assistinho, a missa também o do. Mas ainda tínhaseria. mos a visita à dona A minha maior surpresa
Nelly, que nos aguarda-
foi quando a simpática senhora, de quem não me recordo mais o
va desde as 10:30h (já era quase 11h) e tínhamos que chegar em
nome, me disse ter trabalhado no Rio de Janeiro em 1943, pelo
Colônia às 15h para garantir o check-in.
serviço secreto inglês. Não pude deixar, então, de perguntar a ela sobre a história do Gras Spee, o submarino nazista que aportou
Ficou uma razão a mais para voltarmos a Montevideo em breve – e em uma manhã de domingo! em Montevideo. Ela foi testemunha do ocorrido e disse não se lembrar de ter visto tanta gente pelas ruas de Montevideo quando naquela ocasião. Além das tropas que chegavam de todos os cantos do Uruguai para conter uma possível quebra da concessão de
03 dias que o governo havia dado aos nazistas para reparo na embarcação, ela me disse terem surgido repórteres, jornalistas e
Na parada do abastecimento, eu estava seriamente preocupado com o peso da moto. O descanso parecia que não ia agüentar. Até agora eu não consigo entender como é que ela foi ficar tão mais pesada. Nós fizemos algumas compras no Free-Shop, mas nada que representasse um peso tão grande. Começo a crer que roupas sujas realmente pesam mais!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Chegamos à região onde o GPS nos indicava ser a casa de dona
Lá estava dona Nelly Lucia Massaferro, com seu largo e encanta-
Nelly. Não encontrei o número da casa e não tinha como ligar
dor sorriso nos lábios. A ‘chiquita’ abuela estava encantada com a
para ela. Começamos a pedir informação. Uns uruguaios que
nossa chegada. Fui colocando a moto no quintal, como se já esti-
estavam em um ponto de ônibus prontamente nos atenderam.
vesse em casa!
Em seguida parou um rapaz de moto, para auxiliar. Tentou, co-
Fomos maravilhosamente bem recebidos! Confesso ter sido este
nosco, encontrar o número da casa, mas foi em vão. Então ele me
momento o ponto alto de nossa viagem! Não esperava que o en-
disse que os números de residência naquela região não eram regu-
contro com dona Nelly fosse tão emocionante e especial. Muito
lares, e que a casa que procurávamos poderia ser mais à frente.
polida e culta, dona Nelly tem uma vivacidade encantadora! Ativa,
Gentilmente ele nos emprestou o celular para ligarmos para a
é bem quista por toda a comunidade que, uns dias antes, havia
abuela, que nos deu mais alguma orientação para encontrarmos o
feito para ela uma festa surpresa em comemoração aos seus 80
local. Disse que estaria nos esperando na porta da casa.
bem vividos anos!
O simpático amigo nos acompanhou, mas a procura foi em vão.
Ela nos serviu o que tinha em casa. E aquilo era um gesto muito
Não tínhamos conseguido avistar a casa. Decidimos voltar e pro-
especial, pois diferente dos brasileiros, os uruguaios não compram
curar novamente perto de onde estávamos à primeira vez. Disse
nada especial para servir às visitas. Se a visita for bem vinda, eles
que ele não precisava mais se preocupar, que dali faríamos o possí-
compartilham o que têm em casa, o que eles consumiriam. É uma
vel para localizar. Agradecemos muito a gentileza do amigo, que
forma de demonstrar que o mais valioso é o repartido, e isso nos
falava fluentemente o português. Ele disse ser policial, que estava
deixou extremamente honrados.
deixando o serviço naquele instante. Desejou-nos boa viagem e, naquele momento, nos despedimos.
Ela dizia que vale à pena viver 80 anos para ter um momento como aquele! E não sabíamos como retribuir tamanha gentileza. A gentileza daquele homem só aumentou o nosso encanto em bem
Toda a nossa viagem, todos os apuros, desconfortos e dificuldades,
-estar no país vizinho. Lamento não termos trocado contatos, e
teriam valido à pena se tivessem sido somente por aquelas duas
espero que o ‘acaso’ nos leve sempre ao encontro de pessoas assim.
horinhas com ela!
Regressando, senti a Cláudia me cutucando dizendo que havia
O tempo passou rápido, e ainda tínhamos 120km pela frente.
uma senhora na porta de uma casa por onde havíamos passado.
Logo nos despedimos, com o coração partido, da querida abuelita.
Que não tinha certeza se era ela. Resolvi voltar. Passei por cima do
Encantados, prometemos voltar em breve! Deixei a ‘pochita’, co-
canteiro mesmo e peguei a pista lateral da avenida. Quando a
mo ela é carinhosamente apelidada pelos vizinhos, com os olhos
avistei, foi uma grande alegria! Chegamos buzinando alto e con-
em lágrima sob o capacete. E até agora, escrevendo este capítulo,
tentes por tê-la encontrado!
me emociono em lembrar.
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Seguimos viagem e a Via Panorámica, que percorre toda a costa do
Santa Catarina, por exemplo. De longe, estava bem mais barato
Uruguai passando pelas cidades balneárias nos encantou profun-
que em Buenos Aires!
damente. Não tivemos oportunidade de conhecer as demais cida-
As lojas praticavam preços regulares, assim como os restaurantes.
des da costa (Atlántida, Piriápolis, etc.) que, dizem, têm praias
Tinham, inclusive, outlets de marcas famosas como Calvin Klein e
lindas e são menos inundadas por turistas.
Lacoste! Foi a hora de repor alguns itens no guarda-roupas. No
Chegamos a Punta ainda no meio da tarde, como planejado. O
entanto, Punta estava cheia! Lotada! Carros para todos os lados,
GPS não nos levou exatamente ao endereço da pousada, mas como
engarrafamentos na orla e dificuldades para se encontrar vagas de
as ruas já me eram familiares, em alguns minutos lá estávamos.
estacionamento (não para a GS!).
Chegamos e fomos recebidos com uma certa surpresa pela Marti-
Terminamos o dia assistindo um belo pôr-do-sol às 21:30h pela
na, proprietária da pousada junto com o noivo Brad. Ela parecia
orla do porto e depois fomos jantar e visitar o Conrad Casino.
não crer que tínhamos vindo do Rio de Janeiro de moto! Descarregamos as malas e saímos para pegar uma praia. Fomos à Playa Brava, cartão postal de Punta Del Este com o monumento das
Fomos ao El Palenque de Punta para jantar! Apesar de ser também um restaurante muito bom, não se compara com o tamanho das carnes servidas no mesmo El Palenque do Mercado do Porto
mãos do náufrago emergindo de suas areias. Fazendo jus ao node Montevideo. Vide as fotos para comprovar! me da praia, o mar estava bravo e eu não me aventurei a entrar. Ficamos na areia tomando uma corzinha. Depois fomos dar uma volta, tirar fotos e ver as lojas.
Depois fomos ao Conrad. A Cláudia não me deixou jogar. Eu insinuei umas três vezes, e depois me contive para ela não pensar que eu era um aficcionado por jogos. Mas, por dentro, eu estava
O Uruguai vem fazendo bem o seu dever de casa como destino me roendo para fazer uma fezinha na roleta! Hehehe turístico. Punta continua muito bem limpa e organizada. Estávamos no pico do verão e, apesar dos preços de hospedagem estarem hiper-inflacionados (o dobro do convencional no início ou no fim do verão), o custo do passeio ainda era bem mais barato do que
qualquer destino no litoral do Rio ou de
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Nos divertimos muito com os shows que o Conrad promoveu durante as rodadas de jogos (as apostas deviam estar baixas demais, pois a todo momento eles estavam servindo rodadas de drinks grátis!) e depois voltamos para a pousada, encerrando nosso primeiro dia no balneário.
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Dias 12 e 13 06 e 07 de Janeiro de 2014
Vamos à La Playa!
Punta Del Este/UY
A
trigante friocordamos no meio da manhã, tomamos café
zinho na
e nos preparamos para curtir o dia nas
barriga! Rsrs
praias. Os planos eram muitos, e eu nem
O sol naquele
sabia de onde iríamos conseguir tempo para fazer tantas coisas
dia estava
que queríamos.
rachando!
Punta Del Este tem muitas atrações. Suas praias, mundialmente
Ainda estáva-
conhecidas, são lindíssimas! Há também, diversas opções gastro-
mos sob o
nômicas no balneário. Para quase todos os bolsos, já que, nem
verão mais
sempre, as coisas por lá são baratas.
intenso do
Há também muitos atrativos culturais, como museus, faróis e a Casa Pueblo, um hotel erguido nas encostas de Punta Ballenas, com uma visão única para o mar. Lá há um café aberto a hóspedes e visitantes, onde você pode se sentar e apreciar o mar enquanto aguarda o espetáculo do fim de tarde. Assistir ao pôr do Sol de Casa Pueblo é uma experiência única e memorável!
Uruguai desde a década de 60. Tudo congestionado e tentávamos, aos poucos, chegar à Playa Bikini, no final do distrito de La Barra, há 15km do centro de Punta. Paramos no centrinho comercial de La Barra para comermos algo. Uma pequena lanchonete chamada Fish & Chips nos chamou a atenção!
Uma típica lanchonete praiana, minúscula – mal havia espaço Uma atração à parte é atravessar a ponte La Barra. Uma ponte ondulada! Passando de moto por lá, experimentamos aquele in-
para eu e Cláudia fazermos o nosso pedido – muito simples e agradável! O prato principal, uma caixinha com pedaços de peixe
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e batatas fritas! O proprietário nos assegurou: “És grande!”. Era tudo o que eu queria ouvir para me decidir onde almoçar. “Dos, bien llenos por favor!” e fomos aguardar do lado de fora! Uma área com duas mesinhas e banquinhos baixos era compartilhada com os clientes da pequena Fish & Chips e uma padaria ao lado. Logo que uma mesa vagou, tratamos de sentar. O pedido chegou rápido, e tão quentinho que chegava a queimar! Dois potinhos com ketchup e maionese acompanhavam o pedido, e o dono nos disse que se quiséssemos mais, era só pedir! Eu sei que o melhor tempero é a fome, mas aquilo, sem dúvida, desceu maravilhosamente bem! Acabamos de comer, e já deixamos a mesinha para um casal que estava aguardando o pedido sem ter onde se sentar. Imediatamente ao lado, descobrimos um
idéia das razões que nos levaram a voltar de viagem com tantos
quiosque destes de frozen de iogurte. Só que lá, são servidos com
quilos a mais! Rsrsrs
calda de doce de leite. Aliás, o Uruguai também é reconhecido por
Passamos um tempo em Playa Bikini, em um disputado espaço na
fabricar os melhores doces de leite do mundo! Claro que em sua
sua areia grossa. O mar também estava batendo forte. Não dava
viagem para Buenos Aires você já deve ter ouvido algum argentino
pra se aventurar muito na água. E eu queria mesmo era me ba-
falar orgulhosamente que eles têm os melhores alfajores, carnes e
nhar. Resolvemos voltar à Punta e ficar em Playa Mansa. Lá,
doce de leite do mundo! É assim mesmo... Assim como eles acredi-
aproveitamos o mar como se estivéssemos em uma piscina!
tam que também têm o melhor futebol do mundo! Te convida-
Terminamos o dia assistindo novamente a um belo pôr do sol em
mos, leitor do nosso querido registro de viagem, a atravessar o
algum ponto de Playa Mansa, mais próximo à Maldonado, o mu-
mítico Río de La Plata para conhecer este mundo de delícias gas-
nicípio ao qual pertence Punta Del Este.
tronômicas e calorosa receptividade chamado Uruguai! Bom.... pelo nosso almoço deste dia, já deu pra se ter uma
À noite, descobrimos uma lanchonete próxima a uma área de hostels no Centro de Punta. Em minhas andanças aprendi que nestes lugares se paga pouco mas se come
El Palenque Punta Del Este Passa longe do El Palenque de Montevideo, na qualidade e abundância de seus pratos. Ainda assim é uma ótima opção, e muitíssimo bem localizada. Av. Roosevelt, Punta Del Este, Maldonado, Uruguay +598 4249-4257
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bem! E como estávamos gulosos naquele dia, foi para lá que nós fomos! Não deu em outra! Uma entrada de
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prando de forma diferente. A previsão para o dia seguinte seria de Onion Rings, e fiquei assustado quando vi que o “petisco” era um
chuva. Bastante chuva! E não deu em outra. Acordei no meio da
prato que mataria a fome de duas pessoas. De prato principal,
madrugada com o roncar alto e seco dos trovões. Choveu a noite
um Chivito al Plato! O Chivito (pronuncia-se Chibito) nada mais
toda sem parar. De manhã cedo ainda chovia. Ficamos presos na
é do que um X-Tudo, feito de bife. Ao prato, ele vêm desmontado
pousada, visto que preferimos não molhar nossa roupa de viagem
e acompanha algumas coisas a mais, como batata frita e maionese
que nos acompanharia no dia seguinte.
de batata. Outra vez comíamos até não nos agüentarmos mais!
Com um cinzeiro que havia na mesinha da sacada do nosso quar-
Hahahaha
to, do diâmetro de uma garrafa PET de 2 litros, fizemos um instru-
Ah.... ainda tínhamos no quarto um infindável estoque de barras
mento para medir o quanto choveu naquela noite. Incríveis 35mm
de chocolate da Kinder e o nosso viciante Milka Triolade!
de água! É bastante coisa para algumas horas apenas.
Finda a comilança daquele dia, começamos a sentir os ventos so-
Bom, com o dia chuvoso, foi o momento de constatar o pesadelo que estava a nossa bagagem! Mais alguns dias de férias, e talvez tivéssemos que
Fish & Chips É incrível como o petisco do Fish& Chips (Peixe e Batatas Fritas!) é delicioso! Infelizmente não gravamos o endereço, nem achamos na internet. Mas não tem errada: Rua Principal de La Barra, Punta del Este, Uruguay.
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mandar coisas para casa pelos correios. Foi um custo fechar as malas! Inacredi-
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
tavelmente, a arrumação da bagagem nos consumiu um dia intei-
guinte seguiríamos de Punta à Gravataí/RS, passando pelo Chuí, e
ro! Arrumando mala e comendo chocolates...
tínhamos previsão de chuvas e tempestades (mais de 160mm de
Na trégua que a
água) por todo o
chuva deu no
nosso trajeto.
meio da tarde,
Independente de
saímos para co-
sairmos mais cedo
mer e comprar
ou mais tarde,
algumas lem-
não escaparíamos
branças. Estáva-
do mal tempo.
mos sem idéias
Estávamos nos
do que comprar
preparando men-
para os nossos
talmente para
familiares (e que ainda coubesse na bagagem!). Rodamos, roda-
enfrentar de novo os mesmos desafios que encontramos na ida. E,
mos, rodamos e chegamos a pensar que voltaríamos pra casa sem
claro, chegarmos fedorentos e molhados a Gravataí no final do
um presentinho. Até que achamos a Kanoa Kebrada. Uma loji-
dia!
nha meio hippie, mas de bom gosto e com coisas muito criativas!
Quando estávamos chegando na pousada, nos caiu a ficha de que
Claro, também têm coisas hippies... Dá pra ver pela minha foto de
o dia seguinte seria o primeiro dia de nosso retorno para a casa. A
“papito” (a Cláudia odeia este apelido, mas vai ficar eternizado
viagem estava acabando...
aqui! Hehehe) tocando as maracas e com o cordão de flores! Voltamos felizes por termos encontrado muitos presentinhos que cabiam em nossa bagagem! Despedimo-nos de Punta lamentando o mal tempo não ter-nos possibilitado concluir os passeios que queríamos.
NÃO DEIXE DE CONHECER: ● Museo Del Mar ● Playa Brava
A previsão para os próximos dias não era boa. No dia se-
● Playa Mansa ● Casino Conrad
El Novillo Alegre Parilla de Alto Nível! É um típico chique informal. Come-se muito bem, o atendimento é impecável e a altíssima qualidade da carne te torna cliente fiel deste maravilhoso restaurante! Ruta 10 y Calle 44—La Barra—Punta Del Este, Maldonado—Uruguai +598 4277-0719—www.elnovilloalegre.com.uy
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
● Playas Bikini y
Montoya ● Casapueblo ● Vila de José Igna-
cio
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Dia 14
08 de Janeiro de 2014
3.000km ao Norte! De: Punta Del Este/UY Para: Gravataí/RS—Brasil 860km—11h
Punta Del Este/UY cordamos cedo e, confesso, já estávamos desacostumados a acordar cedo assim!
Dormimos a noite toda, sem acordar. Estávamos surpresos de o dia ter amanhecido seco. Não havia caído uma gota de chuva! Nos apressamos para ganhar cada minutinho de asfalto seco e reduzir o nosso tempo de viagem rumo ao Brasil. Sairíamos de Punta Del Este, no município de Maldonado, e seguiríamos por San Carlos até pegarmos a Ruta Nacional 9, que nos levaria por 210 km a Chuy, na fronteira com o nosso amado Brasil. Dali, seriam ‘apenas’ mais 560km até Gravataí, na casa de meus primos que nos aguardavam. Espantados com o erro da previsão do tempo, resolvemos checar
mos à frente.
novamente o AccuWeather e, para a nossa surpresa, as carregadas
As estradas do Uruguay são encantadoramente bem conservadas.
nuvens de chuva que pairavam sobre o Uruguay e Rio Grande do
A viagem rende demais! Logo chegamos à Ruta 9 e tomamos
Sul se “dividiram” em duas, deixando um caminho aberto exata-
rumo ao norte. A moto estava sensivelmente mais pesada, e eu me
mente sobre a rota que tomaríamos! À princípio, não haveria
preocupava com os danos que isto poderia causar ao seu sistema
mais chuva! Pegamos estrada muito felizes pelo trajeto que tería-
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
de suspensão e relação. Mas seguimos em frente!
Del Diablo (população de 650 habitantes!), uma cena inusitada:
A Cláudia dormiu a manhã inteira! Passamos por vários tre-
uma placa de trânsito com o ícone de um AVIÃO! Eu já sabia o que nos aguardava. Aquele trecho da estrada é
chos encantadores, mas ela não viu. O mais interessante desta região, são as placas que mostram a entrada das cidades pelas quais passamos. No Uruguay é comum as placas dizerem a altitude a que se encontra a cidade, e a sua população. A maioria tinha a população entre 500 e 800 habitantes! Rocha, capital do departamento de mesmo nome, foi a maior que passa-
mos, com 25.000 habitantes.
ANTES DE SAIR, VERIFIQUE:
uma pista de avião para pousos de emergência! É muito interessante você ver a pista se alargar,
● Nível de óleo de motor e
fluidos de freio ● Folga e Lubrificação da
Corrente ● Pressão dos Pneus ● Documentação necessá-
a pintura das faixas mudar completamente para a pintura convencional em pistas de pouso e você lá, passando traquilamente em sua duas rodas!
ria para a Alfândega ● Documentos da Moto,
Dinheiro e chaves reservas
A certa altura, já próximo ao balneário de Punta
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
A Cláudia só foi acordar no meio da pista, de-
pois de muitas cutucadas. Olhou para os dois lados, levantou o polegar em um sinal de afir-
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
mativo, e voltou a encostar a cabeça nas minhas costas para dor-
há nada! Cruzamos retas intermináveis que passam em meio às
mir!
lagoas Mirim e Mangueira, cortando a fabulosa Reserva Ecológica
Sinceramente! Vez em quando eu tinha que empurrar a cabeça
do Taim. Um verdadeiro paraíso a ser visto! Por um longo trecho,
dela para trás, que estava me completamente apoiada em mim, me
você passa pela estrada reta, elevada a parcos 2 metros do nível da
curvando para cima do tanque!
água, cortando os dois lagos. Não há acostamento: saiu da estra-
Chegamos ao Chuí! Empolgados em voltar ao nosso país. Tão longe de casa, mas já nos sentíamos em casa novamente! E ainda
da, é água!
Garças, seriemas e diversos outros animais nos encantavam a cada
era 9h da manhã! Tiramos uma foto na placa da divisa dos dois
quilômetro. Vez em quando a Cláudia acordava, apontava um
países. Preferimos não visitar os famosos free-shops (não tinha
bicho bonitinho ou uma paisagem e, depois, encostava a cabeça de
lugar para colocar nada do que comprássemos lá). Paramos para
novo nas minhas costas e voltava a dormir! Vai dormir assim lá
o primeiro abastecimento do dia. Um gaúcho da fronteira, exalta-
no Chuí! Hahahaha
damente falante, começou a falar da viagem conosco, falar de
Chegando a Rio Grande, começamos a nos deparar com o movi-
viagem, dos amigos que tinha no Rio, etc. Sem querer ser indelica-
mento da estrada. Cidade portuária, Rio Grande recebe um gran-
do, eu precisava despachar aquele gaúcho tagarela para seguir
de número de caminhões carregados de contêineres. E eles esta-
viagem. Mas ele me foi extremamente prestativo ao me alertar de
vam lá. Começou o grande zigue-zague para ganhar estrada e não
que deveríamos fazer a saída do Uruguay (claro!), pois tínhamos
ficar agarrado atrás dos caminhões.
passado direto pela aduana.
Seguimos para Pelotas/RS na esperança de pararmos naquele
Perdemos um tempinho regressando lá, pegando o carimbinho de
surpreendente posto que paramos na ida à Jaguarão. O trânsito
saída do país e seguindo viagem novamente. Tínhamos outros
pesado de caminhões nos obrigava a fazer ultrapassagens cuida-
200km pela frente sem qualquer contato com a civilização, confor-
dosas. Eu cheguei a ficar bravo com a Cláudia por ter que acordá-
me tínhamos visto pelo Google Maps. Do Chuí à Rio Grande, não
la toda hora que íamos fazer uma ultrapassagem. Eu a cutucava
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
para acordá-la ao ultrapassar, e antes de terminar a ultrapassa-
Não dava pra seguir viagem com a nossa bagagem atual. A rela-
gem, ela já estava dormindo novamente. Enquanto estamos na
ção da GS havia se deteriorado visivelmente por conta do peso
reta, em fluxo contínuo, é tranqüilo ter alguém dormindo na garu-
excedente. Segundo nossos planos iniciais, a próxima parada
pa. Em trechos de trânsito de veículos, com ultrapassagens, redu-
seria em Balneário Camboriú/SC para um passeio de barco com o
ções de marcha, frenagens, arrancadas, etc., começa a ficar compli-
nosso amigo Adilson. A previsão de mal tempo para Santa Catari-
cado, pois o corpo solto do garupa compromete um pouco a estabi-
na, no entanto, nos fez mudar os planos. Encontramos no Adilson
lidade e a segurança no manejo da moto. E dá-lhe da Cláudia
a solução para o nosso problema da bagagem. Ele tem uma trans-
dormindo!!! Aff! rsrsrs
portadora que tem filial em Porto Alegre, a Cargosoft. Deixamos
Chegamos a Pelotas, mas o GPS nos jogou para dentro da cidade e
na mala de 80l tudo o que não precisaríamos pelos próximos 2
nos desviamos do caminho ao posto que queríamos parar. Tive-
dias, e o Adilson gentilmente levou nossa pesada bagagem até a
mos que procurar uma comida na cidade mesmo, mas não encon-
sua filial no Rio de Janeiro, onde eu retirei 5 dias depois.
tramos. Na saída à BR 116, paramos no primeiro posto. Completa-
Realmente os amigos são as pessoas que nos salvam nos apuros! E
mente oposto do que queríamos: comida horrível!
somos muito gratos ao Adilson pela gentileza!
Bom... pelo menos disfarçou nossa fome para seguirmos em frente!
Terminamos o dia em um fabuloso churrasco na casa do Tio Issao,
Na parada, encontramos dois motociclistas do moto clube Liberta-
com a família Imai de Gravataí (são Ymay com “Y” por um erro do
dores do Asfalto que estavam retornando de uma viagem ao Chuí
cartório! Rsrs) toda reunida!
para Osório/RS.
O churrasco rendeu até bem mais tarde do que esperávamos.
Os 350km que separam Pelotas de Gravataí correram sem dificul-
Fomos dormir às 2h da manhã e, claro, nossos planos de sairmos
dades. Apenas o calor, mas nada que se comparasse ao que já
às 6h tinham ido por água abaixo!
havíamos passado! Além disso, nada de chuva! Então, não tínhamos do que reclamar!
Como o tempo estabilizou e as chuvas pareciam não vir, resolvemos dormir até nos sentirmos confortáveis para sair no dia se-
Muitos caminhões neste trecho reduziram o ganho que estávamos
guinte. O trajeto bem mais curto, de apenas 700km até São José
tendo de quilômetros por hora. Mesmo assim, tudo correu muitís-
dos Pinhais, seria chupeta!
simo bem! Chegamos a Gravataí direto na clínica do tio Issao. Estávamos cansados, mas nem tanto. Fomos tomar banho e resolver o problema da mala, que estava grave!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Dia 15
09 de Janeiro de 2014
Do Rio Grande ao Paraná! De: Gravataí/RS Para: São José dos Pinhais 699km—7:30h
Gravataí/RS
T
oda vez que falamos da viagem, alguém nos pergunta: “mas não dói, tanto tempo sentado
na moto???”. Não, não dói. A moto é confor-
tável, ergonômica, preparada para longos períodos de viagem, etc... Mas naquele dia doeu! Acordamos às 11h. Ainda tinha um resíduo de bagagem pra organizar, mas foi tudo bem rápido. A Satomi (esposa do primo Henri), que nos recebia, nos acompanhou durante todo o tempo e preparou um delicioso café da manhã! Saímos, paramos para o abastecimento e calibragem dos pneus (nem isso tínhamos feito na véspera), e pegamos estrada às 12:30h. Foi o dia mais irresponsável de todo o nosso roteiro! Talvez por termos dormido tarde e termos saído na pior hora para pegar estrada (aquela em que o calor está mais forte!), esta viagem
a hora dos 150km chegarem para podermos parar e abastecer.
foi, desde o início, desconfortável.
Almoçamos um salgado bem ruim num posto em Sangão/SC.
Minha bunda doía, a da Cláudia também. Além das costas, das
Fizemos uma parada breve e seguimos viagem. As únicas coisas
pernas, do joelho... Eu não apreciei quase nada naquele dia. Só via
marcantes da viagem em meio àquele dia dolorido foi o fato de
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
voltarmos a ver as curvas na estra-
doídos! Nunca uma viagem de
da e os 18km de engarrafamento
moto tinha doído tanto em nós.
na obra da ponte em Laguna/SC.
Acho que não agüentaríamos mais
Sinceramente, depois de 3.000km
50km se fosse preciso. Até hoje,
de retas, a sensação que se tem é
não sei o porquê de tanta dor
que desaprendemos a fazer cur-
naquele dia.
vas. O braço fica duro, o corpo se
Primeira coisa depois de nos as-
recusa a tombar a moto e tangen-
sentarmos no quarto do hotel, foi
ciar a curva. E esta sensação se estendeu por mais de uma semana
recuperar o telefone da Big Pizza e encomendar uma saborosa
depois do retorno da viagem!
despedida de São José! O entregador me reconheceu de cara. “Já
Passamos Camboriú de coração partido ao ver que o tempo se
voltou da Argentina, doutor?”. Respondi sorridente que sim, de-
estava se estabilizando e que talvez a previsão de chuvas para o
sejei-o bom trabalho e fui atacar a preciosa entrega!
fim de semana não se concretizasse!
Não tardou para dormirmos. Aquela era a nossa última noite na
Logo depois de Joinville, um helicóptero de resgate no meio da
estrada. Foi um momento muito especial recapitularmos, deitados
pista em frente à um posto da Polícia Rodoviária Federal parava o
na cama, cada instante que passamos e tudo o que aprendemos.
trânsito. É interessante como os hábitos e costumes mudam a
Ao elencar tudo o que tínhamos passado, vivido e observado na
cada região do país. Antes do helicóptero decolar, o policial que
estrada, nas ruas, nos costumes dos locais que exploramos, conclu-
coordenava o trânsito parado me acenou dizendo para fechar a
ímos: “Nós voltamos dessa viagem, pessoas diferentes do que
viseira do capacete. Primeiro pensei que fosse pela norma de trân-
quando partimos, né?!”. “É!”, respondeu a Cláudia.
sito de andar com a viseira baixada. Mas eu estava parado, não
Ainda hoje, quase dois meses após o nosso retorno, enquanto revi-
tinha porque ele me acenar para a viseira! Então o vi, logo em
so este texto para a sua publicação, eu vejo o quanto mudamos em
seguida, apontar para o helicóptero, sinalizando que era para
nossas posturas sociais frente ao que aprendemos durante a expe-
proteger os olhos dos resíduos que iriam voar da estrada com o
riência na Expedição Buenos Aires.
helicóptero levantando vôo. Fiquei impressionado com o cuidado do policial, e logo baixei a viseira. Quando partimos, tratei logo de buzinar, agradecendo-o a atenção. Chegamos no Ibis de São José dos Pinhais às 20h. Doídos, muito
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Acho que naquela noite dormimos em meio à nossa conversa sem nos darmos conta disso. Não acreditávamos que a maior aventura de nossas vidas estava terminando...
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
Dia 16
10 de Janeiro de 2014
There´s no Place Like Home! De: São José dos Pinhais/PR Para: Três Rios/RJ 860km—12h
São José dos Pinhais/PR
A
cordamos no horário habitual. Se por um lado a maior aventura de nossas vidas até o momento estava terminando, por outro,
não nos contínhamos de vontade de rever nossos familiares e amigos! Queríamos contar a todo mundo as aventuras que vivemos! Nos causou surpresa ver que toda a dor que estávamos sentindo na véspera havia se desfeito! Levantamos empolgados, certos de que, então, chegaríamos em casa! Aquela pizza dormida no café da manhã e uma barrinha de Kinder Maxi pra adoçar a boca sob o capacete, marcavam o último dia das nossas gordices durante a toda a viagem! 6:10h em ponto saíamos pelo portão do Ibis de São José. Estáva-
volta! Algumas paradinhas para o abastecimento – o famoso pipi-
mos bem, descansados e dispostos a encarar os 860km até nossos
break – e estrada novamente! Quando vimos, estávamos subindo
lares!
a Serra do Cafezal. Agora, não mais tão amendrontadora quanto
Tudo correu muito bem! Quase não percebemos o caminho da
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
outrora! Chegamos nas cercanias de São Paulo, no final (ou iní-
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
cio?) da Régis Bittencourt, ainda era 11h.
tirou alguns minutos preciosos da volta ao lar. Não dava pra cor-
Abastecemos e, para não corrermos o risco de perdermos tempo
tar os carros, pois até o acostamento estava congestionado de car-
no fabuloso trânsito paulista, resolvemos deixar para almoçar
ros que tentaram, em vão, ultrapassar. Com a brava GS, saímos
depois da metrópole. Na travessia da Marginal Tietê, um descuido
pela lateral da via no trecho de terra e fizemos um bom trecho de
para não cair na faixa expressa, proibida à motociclistas, e eu
off-road para acrescentar mais alguma emoção no finzinho da
acabei pegando um viaduto que atravessava o rio. Uns minuti-
nossa aventura.
nhos de vai e volta para encontrar o caminho de volta, e já estáva-
Começamos a sentir as dores da viagem na chegada à Volta Re-
mos novamente a caminho de casa.
donda. Estava quase doendo como no dia anterior, mas ainda
Na entrada da Carvalho Pinto, paramos uns instantes no Serviço
estava suportável. Acho que já estávamos chegando nos limites de
do Usuário da rodovia. Não havia água no banheiro. Uma vergo-
nossa resistência.
nha para o que se paga nas rodovias privatizadas no Brasil! A esta
Ao entrarmos na BR-393, a 100km de casa, constatamos que ali
altura, fome já estava batendo e não haviam restaurantes pela
residia o trecho mais perigoso de toda a viagem. Curvas aperta-
frente. Dá-lhe Kinder Maxi e Milka Triolade pra dentro!
das, veículos tentando ultrapassagens perigosas, má visibilidade,
Decidimos fazer um lanche, ao invés de almoçarmos, no primeiro
asfalto com irregularidades. Nunca havia me dado conta do quão
fast-food que nos aparecesse à frente. Passamos o Frango Assado
perigoso aquele trecho, que tanto eu percorri, realmente era!
da Carvalho Pinto, para não encararmos filas, e fomos parar no
Chegando em Três Rios, fomos direto para a minha casa. Chega-
McDonalds de Roseira. Convenhamos... aquelas bombas calóricas
mos buzinando, fazendo um auê! Não esqueço a expressão de
descem muitíssimo bem em momentos como este!
alívio e felicidade da minha mãezinha saindo no portão para nos
O mais engraçado era ver a Cláudia esticando a mãozinha, como
receber! Ela e minha irmã pareciam não acreditar que lá estáva-
quem quisesse pegar cada hambúrguer de outdoor que passáva-
mos de volta, felizes, cansados, sãos e salvos!
mos pela estrada! Hahahaha Ela realmente estava com fome!
Era 18:10h em ponto quando desligamos o valente monocilíndrico
Fizemos uma parada mais longa na hamburgueria e, quando
da GS que venceu os mais de 6.800km de viagem e nos trouxe de
saímos, o mal tempo já se desenhava pela serra da Bocaina.
volta sem apresentar um ruído sequer!
Seguimos pela Dutra por um bom período sem que a chuva nos
Descemos, abraçamos nossa família, demos um último olhar em
pegasse. Algumas pancadas serviram para aliviar o calor e nos
silêncio para a nossa moto, nossa fiel companheira que nos levou
dar as boas vindas assim que cruzamos a fronteira do Rio. Estáva-
bravamente por além das tormentas, ali estava fazendo jus ao
mos muito felizes de ver a placa de boas vindas ao nosso estado!
sobrenome de “unstoppable”!
O engarrafamento da obra na estrada no retão de Resende nos
No mesmo silêncio, regado de abraços, agradecemos aos amigos
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
“do lado de lá” que nos acompanharam e guiaram durante todos
uma viagem livre de perigos. Perdi a conta de quantas barbeira-
este dias e, como prometido por eles, ali estávamos de volta, ilesos!
gens de outros motoristas nos assustaram e ameaçaram. Quantas
E aqui, amigo leitor, termina a nossa aventura. 16 dias que jamais
frenagens bruscas, quantas ultrapassagens erradas, quanta im-
sairão de nossas recordações. Outras viagens certamente virão,
prudência nas estradas. Não foi confortável, nem chique, nem
para lugares mais distantes, desafiadores. Nenhuma, no entanto,
glamoroso... nada disso! Na maior parte do tempo, estávamos
marcará tanto quanto esta nos marcou.
suados, mal-cheirosos, despenteados, fatigados.
Voltamos, sim, pessoas diferentes com tudo o que vimos e vivencia-
Tampouco foi mais barata do que seria de avião. Pelo contrário!
mos. Passamos dias incríveis, em lugares incríveis e ao lado de
Os gastos prévios com o preparo da moto, o consumo de combustí-
pessoas incríveis! Tudo foi especial. Quanto mais longe íamos,
vel e os gastos póstumos à viagem custaram o preço de uma boa
mais descobríamos o quanto pertencíamos às nossas próprias
moto popular e o triplo – ou mais – do que qualquer pacote de
origens. E apesar de tudo ter sido maravilhoso nesta fantástica
agência para o mesmo período! É preciso se planejar financeira-
aventura, a saudade de casa bateu diversas vezes!
mente com bastante antecedência, para que as boas lembranças
Sentimos fome, medo, calor, dor, sono. Não podemos dizer que foi
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
da viagem não sejam suprimidas pelos transtornos com a fatura
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
do cartão após o retorno.
de uma pequena fração de tudo o que vivenciamos, sirva de incen-
Também não podemos dizer que somos corajosos, pois às vésperas
tivo aos que querem descobrir o que há por trás dos morros, para
de partirmos, estávamos tremendo de medo! Não sabíamos o que
onde leva o horizonte.
iríamos encontrar pela frente! No entanto, o maior perigo que
O mundo é muito pequeno para ser desconhecido. E nós o esta-
corremos ao longo de toda a nossa aventura foi o ‘medo do desco-
mos redescobrindo a bordo de duas fantásticas e valentes rodas!!!
nhecido’. Este, talvez, seja o maior perigo que assola a vida dos
Obrigado por nos acompanhar até aqui! Nos vemos na próxima!
homens! É ele que nos impede de ir além, de desbravar novas terras, de atravessar as fronteiras dos nossos quintais, de descobrir quão pequenino é este mundo que vivemos. É ele que nos tranca no lugar seguro chamado casa, onde o único risco que se corre é
abrir a porta ao desconhecido que vem entregar a pizza. É este medo que nos faz refém de nós mesmos! E esperamos que este singelo relato das lembranças que tivemos,
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
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A Nossa Viagem. Por Cláudia Tavares
Sem dúvidas, faria tudo de novo. Passaria pela ansiedade, preparativos, noite sem dormir, vento, chuva, relâmpagos e medo de
morrer, rsrs, tuudo de novo pra ter chegado lá!! Ate pelo calor (esse um pouco menos, se possível), pra ter a recepção dos seus primos e passar o dia maravilhoso em gramado, fechado com chave de ouro pela inesquecível apresentação de Natal!!! Pelas centenas de quilômetros de retas, pra ter pra sempre a imagem da estrada se estendendo além de onde nossos olhos podiam ver. Pra descobrir um Brasil que ainda não tem nada. Pra, bah, comer uma galinha descabelada! Pelo alerta laranja, pra ficar ainda mais feliz ao te ver sorrindo ao endo o blog deles (Paulo e Andressa), fiquei mais inspirada em escrever e lembrei o quanto é importante registrar os momentos pra não esquecê-los.
chegar no Uruguai, sem nem pensar nos mais de 400 Km que ainda vinham pela frente. Com direito a mais chuva, é verdade, mas descobrindo um Uruguai que muitos não devem conhecer. Pra ver a chuva caindo na pastagens do nosso lado e tendo mais
Bem, acho que no caso dessa viagem, mesmo que eu quisesse, não
certeza que nunca, de que estávamos sendo levados, a todo mo-
conseguiria esquecer...
mento, por aqueles que nos guardam.
Você faz isso bem melhor que eu, seus e-mails retrataram muito e
Pra conhecer, de novo, gente assim, louca igual a gente!
muito bem parte da "maior aventura de nossas vidas até agora". E eu só tenho que corroborar tudo que você falou e dizer o quanto tudo isso foi incrível pra mim. O maior destaque disso tudo foi "CARAMBA, nós conseguimos!!!" Com todas as exclamações possíveis!
E depois da loucura toda, ser recebido com o mais lindo por do sol, QUASE NOVE HORAS DA NOITE!!! Ahh, isso não tem preço... "Só" com isso, Uruguai já tinha minha admiração... E ainda somou a simpatia dos uruguaios, o farol, la rambla, o croissant com doce de leite, a dona Nelly, o gigante ‘asado de tíra’!!! Precisava de algo
E o assustador foi como fez (MUITA) falta acordar pra cair na
mais!? Teve sim! Passar por Colônia pra pegar ‘El Buquebus’ e já
estrada quando chegamos.
ficar com vontade de voltar pra aproveitar esse lugarzinho mais
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014
Expedição Buenos Aires—A Maior Aventura de Nossas Vidas Até o Momento
que encantador!!! Fica a dica de não viajar e acordar cedo no dia 31, você pode acabar dormindo na virada!! :P Mas Buenos aires valeu a pena!! “Um centro do rio arrumado?” rsrsrs Foi um dos meus primeiros pensamentos! Foi quase verdade com todos os hóspedes no hotel falando português e com os argentinos com educação bem diferente da que havíamos nos habituado com os uruguaios, rsrs. Além dos preços que deixou saudade de estar no Rio! Por falar em preço, a ceia 2013/2014 será inesquecível com o pior e mais caro hambúrguer do mundo!! Sem falar no ‘Jugo de Manzana’ e, ahhh, o sorvete de maçã verde!!! Inesquecível!!! Linda zona portuária, restaurantes muito bonitos, o passado e o novo juntos de uma forma muito atrativa!! Uma virada maravilhosa de muitas risadas e muita "Colômbia!!" 21 anos muito bem comemorados e com muuita carne!! Hehe Gente não muito bonita, música ruim do Brasil (tirando a ‘nega do cabelo duro’ tocando em pleno reveillón argentino rsrs), o corpo de bombeiros que demora pra chegar e não resgata o bêbado, rs, a lotação dos restaurantes no ano novo, o excesso de gays e a falta de negros. Achar que foi roubado, ter um prejuízo com a moto, ficar sem ela por um dia, não andar de metrô, nem ver o tango! Ir e sorrir no cinema! Ver sua cara na foto tirada na porta do cinema pornô... e os gritos de ‘CAMBIO, CAMBIO, CAMBIO’ em cada esquina.... Eeita cara de brasileiro que nem fingindo que é japonês e falando espanhol resolve, sô!!!
Por Yassuo Imai Segundo e Cláudia Tavares, entre Dezembro/2013 e Janeiro/2014