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Capítulo 10 Viva com simplicidade

Atribui-se a Mahatma Gandhi a seguinte máxima: “Viva com simplicidade para que os outros possam simplesmente viver”. Essa verdade pode ser o maior incentivo para todos se tornarem minimalistas. Agora que estamos pensando globalmente, vamos considerar o seguinte: dividimos o mundo com mais de 7 bilhões de pessoas. O espaço e os recursos são finitos. Como podemos garantir que exista comida, água, terras e energia suficientes ao redor do mundo? Não utilizando mais do que o necessário. Porque a cada “extra” que utilizamos, outra pessoa (agora ou no futuro) terá de ficar sem. Esse “extra” pode não melhorar muito o nosso bem-estar, mas, para outra pessoa, ele pode ser uma questão de vida ou morte. Precisamos entender que não vivemos no vácuo — as consequências de nossas ações repercutem no mundo. Você continuaria deixando a torneira aberta enquanto escova os dentes se isso significasse que outra pessoa vai passar sede? Continuaria dirigindo um carro que consome muita gasolina se soubesse que a escassez de petróleo causaria pobreza e caos? Continuaria tendo uma casa enorme se presenciasse os efeitos do desmatamento? Se entendêssemos como o nosso estilo de vida causa impacto em outras pessoas, talvez vivêssemos de maneira mais leve. Nossas decisões como consumidores têm um custo ambiental. Todo objeto que adquirimos, seja ele comida, livros, televisores ou carros, gasta parte da riqueza da Terra. E além da energia e dos recursos naturais exigidos na produção e na distribuição desses objetos, seu descarte também é motivo de preocupação. Queremos mesmo que nossos netos vivam em meio a lixões gigantescos? Quanto menos precisarmos para viver, melhor será para todos (e para o nosso planeta). Portanto, devemos reduzir drasticamente o consumo e dar preferência a produtos e embalagens feitos com materiais mínimos, biodegradáveis ou recicláveis.

Nossas compras também afetam outras pessoas. É triste, mas a terceirização em escala global transferiu a produção para locais em que a mão de obra é barata e as regulamentações, escassas. Sempre que compramos algo, precisamos considerar onde e por quem ele foi fabricado. Pessoas do outro lado do mundo não deveriam sofrer sob condições de trabalho injustas, perigosas ou desumanas para que possamos comprar mais uma calça jeans — tampouco o ar ou os rios delas deveriam ser poluídos para que possamos ter um sofá novo. Precisamos procurar objetos cuja produção enriqueça as vidas e as comunidades das pessoas que os fabricaram. Claro que é praticamente impossível calcular o impacto humano e ambiental de cada objeto que adquirimos. Devemos nos educar da melhor maneira possível, mas pode levar meses para que consigamos reunir as informações necessárias para uma única compra. Felizmente, podemos tomar um atalho e minimizar nossos rastros de consumo pessoal: comprando de produtores locais, comprando de segunda mão e comprando menos. Comprar de produtores locais traz muitas vantagens éticas, ambientais e econômicas. Em primeiro lugar, a chance de que esses produtos tenham sido fabricados sob condições de trabalho justas e humanas é muito maior. Em segundo, eliminar o transporte de longa distância economiza quantidades enormes de energia. Produtos que atravessam apenas alguns quilômetros são muito mais benevolentes com o planeta. E, por fim, ajudamos a apoiar negócios locais que compartilham dos mesmos valores que nós, criam empregos locais e investem na sociedade. Comprar itens de segunda mão nos permite obter coisas de que precisamos sem exercer mais pressão sobre os recursos da Terra. Por que desperdiçar material e energia num objeto novo sendo que um existente vai bastar? Em vez de ir ao shopping, compre móveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, roupas, livros, brinquedos e outras coisas de segunda mão. Brechós, classificados e sites como Mercado Livre (www.mercadolivre.com.br), OLX (www.olx.com.br) e Enjoei (www.enjoei.com.br) são fontes valiosas de objetos usados em perfeito estado. Orgulhe-se de ser o segundo (ou terceiro ou quarto) proprietário de algo; trata-se de uma forma econômica e ecológica de atender às suas necessidades. Por fim, comprar menos é o alicerce do estilo de vida minimalista. Limitar as compras ao essencial é a melhor

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maneira de limitar o impacto do nosso consumo. Ao fazê-lo, podemos garantir que, como indivíduos, seremos responsáveis por menos esgotamento de recursos, menos sofrimento humano e menos desperdício. Se realmente não precisamos de outra blusa ou de outro par de sapatos, não vamos comprar apenas por estarem na moda. Vamos pensar nos recursos empregados para produzi-los, nas fábricas em que foram feitos, no custo do transporte deles pelo globo e no futuro impacto de seu descarte. Vamos basear as decisões de compra em nossas necessidades e no ciclo de vida completo de um produto — e não porque gostamos da cor ou o vimos em uma propaganda. Um bônus: essa filosofia nos ajuda a atingir outros objetivos minimalistas; afinal, ao reduzir nosso consumo para salvar o mundo, nossas salas ficam mais limpas, serenas e organizadas!

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