5 minute read

Capítulo 12 Tralha, Tesouro ou Transferência

Agora que desalojamos nossas coisas precisamos vasculhar tudo e decidir o que fazer com elas. Vamos separá-las em três categorias: Tralha, Tesouro e Transferência. Para a primeira, pegue um saco de lixo grande e resistente (ou um menor se estiver trabalhando numa única gaveta). Para as outras, use caixas, lonas ou que for conveniente para a área com que estiver lidando. Deixe também uma caixa extra à mão — ela vai ser chamada de Dúvidas Temporárias. À medida que for separando as coisas, você encontrará algumas que não sabe se quer guardar, mas ainda não está pronto para lhes dizer adeus. Talvez precise de um pouco mais de tempo para pensar. Não vai ser nada bom se esses objetos traiçoeiros tirarem você do clima ou diminuírem seu ritmo — dessa forma, se não consegue tomar uma decisão rápida sobre alguma coisa, coloque- a na caixa por enquanto. Depois você pode voltar a ela e colocá-la em uma pilha definitiva. Verdade seja dita, é bem provável que você termine com uma caixa cheia de Dúvidas, mesmo depois de pensar mais um pouco. Nesse caso, lacre a caixa e escreva a data nela com caneta permanente. Você irá deixá-la num local provisório: na despensa, na garagem ou no fundo de um armário. Se depois de seis meses (ou até um ano) você não a tiver aberto para pegar nada, leve-a à instituição de caridade de sua preferência. Essa caixa só deve ser usada como último recurso, e não como desculpa para evitar decisões difíceis. A questão não é poupar esses objetos, mas sim poupar o seu espaço de objetos de que não sabe se precisa. Vamos começar pela Tralha: essa é fácil. Jogue fora tudo o que for claramente lixo, como embalagens de alimentos, roupas manchadas ou rasgadas, cosméticos e remédios fora da validade,

comida estragada, canetas que não funcionam, calendários, jornais e panfletos velhos, folhetos de propaganda, garrafas e caixas que não podem ser reutilizadas e todo objeto quebrado que não possa ser consertado ou que não valha a pena consertar. Se não for bom o bastante para doar para o Exército da Salvação, por exemplo, seu lugar é nessa pilha. Sei que você sabe que quando eu digo “jogue fora”, na verdade quero dizer “se possível, recicle”. Por mais fácil que seja jogar tralhas no lixo, precisamos pensar no meio ambiente. Acho que nenhum de nós quer ser responsável por algo que vai permanecer num aterro pelos próximos cem anos. Por isso, pense no seu carma e recicle o que for possível: muitos locais reciclam papelão, papel, vidro, metal e alguns tipos de plástico. Claro, antes de jogar algo fora, avalie se pode ser útil para outra pessoa; se sim, coloque-o na pilha de Transferência. É sempre melhor mandar alguma coisa para um bom lar do que para um aterro ou um centro de reciclagem — ainda que isso exija um pouco mais de tempo e esforço. Precisamos assumir a responsabilidade por todo o ciclo de vida das coisas que compramos, inclusive por seu descarte adequado. Fique atento a essas questões quando for às compras da próxima vez — é uma forma bem eficaz de controlar compras impulsivas. A pilha de Tesouro é para os itens com os quais você vai ficar e deve fazer jus ao nome: coloque nela as coisas que você estima de verdade, seja pela beleza, seja pela funcionalidade. Se você não usa algum objeto há mais de um ano, essa pilha provavelmente não é seu lugar. Considere doá-lo a alguém que faça melhor uso ou, se acha tão difícil abrir mão dele, coloque-o na caixa de Dúvidas Temporárias. Não queremos dedicar nosso valioso espaço para coisas pouco usadas; queremos guardá-lo para as coisas boas! O mesmo vale para bibelôs, colecionáveis e outros objetos de decoração: se você não os exibe com orgulho numa posição de destaque e se não sente um prazer sincero com a presença deles, mande-os para um novo lar, onde irão receber a atenção que merecem. Por fim, vamos discutir a pilha de Transferência. Esse é o lugar de todos os objetos em perfeito estado que não servem mais para você. Não se sinta culpado por deixá-los; liberte-os e lhes dê uma vida nova. Acima de tudo, resista ao impulso de ficar com alguma coisa só porque você talvez possa “precisar” dela um dia — se ainda não precisou, é provável que nunca precise. Se por acaso precisasse, você conseguiria encontrá-

Advertisement

la rapidamente? Estaria em condições de uso? Ou você sairia para comprar uma nova? Se for fácil de obter ou substituir, é melhor deixar que outra pessoa a utilize agora do que mantê-la à disposição para um dia que talvez nunca chegue. Enquanto estiver separando as coisas, divida a pilha de Transferência em duas partes: Doação e Venda. Seja generoso! Algo que está parado na sua casa, sem uso e sem amor, pode levar muita alegria para outra pessoa. Faça a diferença na vida de alguém e alimente o seu ego. Saber que você está fazendo o bem pode tornar muito mais fácil abrir mão das coisas. Outra opção é dar objetos pouco usados para alguém que vá usá-los mais que você — como sua serra elétrica para um vizinho marceneiro ou sua máquina de costura para a prima costureira —, com o acordo de que você possa pegá-los emprestado caso necessite. Não se preocupe, você não precisa passar semanas colocando suas posses para adoção. Se não tiver tempo ou disposição para encontrar lares específicos para elas, instituições de caridade aceitam uma grande variedade de produtos. O Exército da Salvação, a Cruz Vermelha, instituições religiosas, abrigos para sem- teto ou vítimas de violência doméstica, bazares e centros de acolhida de idosos são bem equipados para distribuir as doações àqueles que mais precisam. Seus objetos descartados podem fazer muito bem para a comunidade: considere doar livros para a biblioteca pública do seu bairro, material de escritório para a escola dos seus filhos, itens de pet shop para um abrigo de animais e roupas para quem precisa. Vender suas coisas é outra maneira eficaz de lidar com a ansiedade da separação. Às vezes é muito mais fácil desapegar de algo quando se consegue parte do seu custo de volta (quando não tudo). Na verdade, o dinheiro pode trazer mais alegria do que o objeto em si! Existe uma variedade de lojas para as quais você pode vender suas mercadorias, das mais tradicionais às mais tecnológicas. Se os seus desapegos forem em grande quantidade e de baixo valor, procure um sebo ou um brechó ou mande-os para uma loja de consignação. Para se desfazer de objetos mais específicos, colecionáveis ou caros, recorra à internet: tente os classificados on-line ou sites de leilão. Agora que já definimos seu sistema de triagem e indicamos o que vai em cada lugar, você já pode começar a esvaziar algumas coisas. Mantenha o foco e organize a gaveta, o armário ou o

This article is from: