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Capítulo 15 Todas as superfícies vazias

Superfícies horizontais são um ímã para a bagunça. Se você entrar pela porta da frente com as mãos cheias, garanto que aquilo que estiver segurando vai pousar na primeira superfície disponível. Extensões longas e planas são um convite irresistível para objetos desgarrados — dá quase para sentir sua força gravitacional! Olhe ao redor para as superfícies de sua casa. Há alguma coisa na mesa de jantar além de pratos, talheres e talvez um vaso? Sua mesa de centro está livre de objetos, além de alguma bebida ou lanchinho que esteja tomando? Suas mesas laterais abrigam algo além de abajures ou talvez o controle remoto? E a sua cama? Estão lá apenas os lençóis, os cobertores e os travesseiros que você vai usar esta noite? O balcão da sua cozinha está completamente vazio, pronto para o preparo da próxima refeição? Quanto da superfície da sua escrivaninha você ainda consegue ver? A menos que você já seja um minimalista evoluído convicto (ou uma dona de casa excepcionalmente boa), é provável que tenha algumas superfícies problemáticas. O problema pode se limitar a apenas uma área, como sua escrivaninha ou local de trabalho, mas pode também afetar todas as mesas e balcões de sua casa. Pode ser um fenômeno recente, causado pelos materiais do trabalho de artes dos seus filhos ou por uma pilha de papéis que você trouxe do escritório. Mas talvez o problema já esteja se acumulando há semanas, meses ou mesmo anos — a ponto de você nem se lembrar direito de como é a textura do tampo da sua mesa de jantar. Você acha que não há nada de mais nisso? Bom, se não tivermos superfícies vazias, não teremos espaço para produzir nada. Superfícies vazias sãos cheias de potencial e possibilidades; é nelas que a magia acontece! Pense em todas as coisas que você

não consegue fazer quando suas superfícies estão bagunçadas: não há espaço para preparar um delicioso jantar, não há espaço para sentarmos com a família para comer e não há espaço para jogarmos um jogo de tabuleiro depois. Não há lugar para organizar as contas, fazer a lição de casa ou curtir nossos hobbies. Em alguns casos, podemos não ter lugar nem para deitar ao fim do dia. Não tema! Tudo aquilo de que precisamos para vencer a bagunça acumulada sobre nossas superfícies é uma nova postura, aderindo com fervor ao seguinte princípio: superfícies não servem para armazenar. Em vez disso, superfícies são destinadas a tarefas e devem ser mantidas livres o tempo todo. Ponha esse princípio minimalista em prática e você vai se surpreender com os resultados: sua casa não só vai parecer mais arrumada, organizada e serena como também vai ser infinitamente mais fácil de limpar. Para chegarmos lá, precisamos mudar a maneira como pensamos nas superfícies — em especial, o modo como imaginamos suas propriedades físicas. Por natureza, superfícies são “atrativas”; elas são grandes, planas e totalmente capazes de oferecer repouso para os objetos. Depois que um objeto vai parar em cima de uma delas, é provável que fique lá por dias, semanas ou até mesmo meses. Às vezes ele fica lá por tanto tempo que nem o notamos mais. Nos acostumamos à sua presença e ele vira parte da paisagem. Depois outro objeto se junta a ele e assim vai… Antes de nos darmos conta, nossas superfícies deixam de ser lisas para se tornarem terrenos acidentados feitos de objetos que ficaram “presos” ali. Em vez disso, precisamos imaginar que nossas superfícies são escorregadias. Se elas fossem lisas como gelo ou inclinadas em alguns graus, nada conseguiria permanecer sobre elas por muito tempo. Poderíamos até fazer nossas tarefas, mas tudo o que sobrasse sobre elas cairia no chão. Até alguém inventar um tampo de mesa minimalista “mágico” (e me pagar os direitos autorais por essa ideia incrível), vamos ter de fazer de conta que é assim que as superfícies funcionam. Ou seja: tudo o que colocarmos nas superfícies “deslizantes” virá conosco quando sairmos do cômodo. Se colocarmos uma xícara na mesa de centro, um livro na mesa lateral ou um projetinho “faça você mesmo” na mesa de jantar, nós precisamos pegá-los e levá-los conosco quando sairmos — e, claro, teremos de convencer os membros da família a fazer o mesmo. As únicas exceções: os objetos cujo “lugar” é aquela

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superfície específica — como o vaso e o candelabro na mesa de jantar ou os abajures de leitura na mesa lateral. Essa permissão especial serve também para o controle remoto na mesinha de centro, o pote de biscoitos no balcão da cozinha e o despertador na mesa de cabeceira. No entanto, se você decidir manter esses objetos funcionais ou outros decorativos nas suas mesas, limite seu número — por exemplo, três objetos “permanentes” por superfície. Isso vai impedir que a bagunça se acumule nesses lugares. Por fim, não se esqueça da maior superfície de todas: o piso! Ele representa um desafio em particular, especialmente por ser tão grande. Quando as mesas, armários e gavetas estão cheios — ou quando simplesmente não estamos a fim de guardar as coisas —, nossa tendência é empilhar tudo no chão. Não caia nessa tentação! O piso não tem nenhuma fronteira clara (afinal, nada vai cair dele); portanto, depois que as coisas pousam ali, elas tendem a se espalhar… e se espalhar… e se espalhar. Já estive em casas em que o piso era completamente soterrado, exceto por um trecho estreito para se andar pelo cômodo. Mal dá para se mover — que dirá fazer algo produtivo — num ambiente desses. Reserve seu piso para os pés e os móveis e o mantenha livre de todo o resto. Depois que tivermos feito um esforço para tirar a bagunça das superfícies, precisamos de um grande incentivo para mantêlas assim. Quem quer refazer todo aquele trabalho ingrato? A maneira mais eficaz de deixá-las livres é criar o hábito de avaliálas. Antes de sair de um cômodo ou de apagar as luzes, cheque as mesas, os balcões e o piso. Se não estiverem tão “desimpedidos” quanto deveriam estar, passe alguns minutos esvaziando-os. Essa ação simples e rápida ajuda (e muito!) a manter sua casa livre de desordem. Atenção a esta regra: se o cômodo está vazio, as superfícies também devem estar.

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