5 minute read

Capítulo 16 Módulos

Neste capítulo, vamos aprender uma técnica de organização valiosa que combate a bagunça, mantém as coisas sob controle e nos ajuda muito a atingir os nossos objetivos minimalistas. Conversamos sobre áreas em um capítulo anterior, definindo-as de acordo com os cômodos (como cozinha, banheiro e quarto) e partes de cômodos (como áreas de televisão, hobbies e computador na sala de estar). A ideia era que todos os objetos pertencentes às atividades de determinada área residissem nela em vez de ficarem passeando ao léu pela casa. Depois fomos além e dividimos cada área em Círculo Próximo, Círculo Distante e Estoque Oculto, que abrangem, respectivamente, as coisas que usamos com frequência, às vezes e quase nunca. Agora vamos organizar as coisas ainda mais, separandoas em “módulos”. O conceito de módulos vem da engenharia de sistemas e significa basicamente dividir um sistema complexo em componentes menores específicos à tarefa. Um programa de computador, por exemplo, pode consistir em milhões de comandos. Para manter o controle sobre eles, os programadores os dividem em módulos — conjuntos de instruções relacionadas que realizam tarefas específicas. Assim, os comandos podem ser “armazenados” de maneira mais eficiente e movidos com facilidade pelo programa. Bem, nossas casas são sistemas bastante complexos, com muitas coisas a ser armazenadas e controladas. Elas definitivamente podem se beneficiar de uma organização mais eficiente — por isso, vamos dar uma olhada no conceito de módulo e aprender com ele. Para nossos fins, um módulo é um conjunto de itens relacionados que realizam determinada tarefa (como pagar contas ou decorar um bolo). Para criá-los, vamos precisar reunir os objetos de funções semelhantes, eliminar o excesso e garantir que sejam fáceis de pegar e mover quando necessário. Resumindo: vamos ter de reunir, cortar e guardar nossas coisas.

O primeiro passo é reunir os objetos. Armazene todas as coisas parecidas (ou relacionadas) juntas: DVDs, cabos de extensão, clipes de papel, material de primeiros socorros, artigos de artesanato, ferramentas, fotos, temperos e mais; deu para termos uma ideia. Reunir as coisas facilita muito a tarefa de encontrá- las. Quando precisar de um curativo, você não terá de pôr abaixo o gabinete do banheiro para achá-lo: vá direto para o seu módulo de primeiros socorros. Quando quiser assistir ao seu DVD favorito, não será necessário vasculhar as prateleiras, inspecionar todos os quartos nem enfiar a mão embaixo do sofá para descobrir onde está: ele estará à sua espera no módulo de DVDs. Quando estiver procurando um parafuso de determinado tamanho para um conserto em casa, nem pense em se lançar em uma expedição pelo quartinho da bagunça: vá direto ao módulo de ferramentas apropriado e tire-o da pilha. Mais importante ainda: reunir suas coisas mostra o quanto você tem. Quando você reúne todas as sessenta canetas esferográficas num único lugar, percebe que não precisa comprar mais uma. Tampouco vai esbanjar num novo par de brincos quando se deparar com os quinze outros que você já tem. Essa técnica é especialmente adequada para evitar o acúmulo de materiais de artesanato, que parecem crescer descontroladamente quando espalhados pela casa; na verdade, vê-los todos juntos pode lhe dar um pouquinho mais de noção. (“Por que fui comprar toda essa lã?”) Ela também impedirá que você acabe trazendo para casa duplicatas de coisas que já possui. Quantas vezes você não saiu correndo para comprar alguma coisa e depois descobriu que tinha uma igual? A possibilidade de checar rapidamente o módulo apropriado pode eliminar muita bagunça e gastos desnecessários. Agora vamos à tarefa que todos vocês, minimalistas emergentes, esperam: depois que tiver reunido todos os objetos similares, chegou a hora de cortá-los. Ao reunir, você sem dúvida se deparou com quantidades excessivas de determinados objetos. Restrinja-os ao que você de fato usa hoje e pode usar no futuro, pensando de maneira realista — poucos de nós vão precisar de todos os araminhos, hashis e fósforos escondidos em nossas gavetas. Livre algumas delas e ganhe espaço! Da mesma forma, qual a razão para manter todas as 63 canetas, sendo que dez já são mais do que suficientes? Considere quanto tempo leva

Advertisement

para que uma caneta acabe: se cada uma delas dura seis meses, você tem um estoque para trinta anos — sendo que a maior parte terá secado quando você for colocá- las no papel. Analise suas coleções e mantenha apenas os favoritos. Aplique o mesmo princípio a meias, camisetas, canecas de café, potes de plástico, toalhas de mão e tudo o mais que possuir em abundância. Por fim, depois de termos reunido e cortado os itens, precisamos guardá-los — esse passo impede que eles voltem a se espalhar pela casa. O recipiente pode ser uma gaveta, prateleira, caixa, lata de plástico, saco Ziploc… o que for adequado ao tamanho e à quantidade do conteúdo. Eu prefiro recipientes transparentes, porque podemos ver o que há neles sem abri-los. Se for usar os opacos, coloque uma etiqueta ou um código de cores para identificá-los com facilidade. A vantagem de usar recipientes físicos é a sua portabilidade. Imagine que, enquanto assiste a um DVD com a família, você tem vontade de tricotar. É só pegar o módulo de tricô e estará pronto para começar. Quando tiver terminado, você vai sentir a pequena tentação de deixar os materiais na mesinha de centro; apenas ponha-os de volta na caixa e tudo estará arrumado instantaneamente. Se não tiver um espaço dedicado ao escritório, mantenha seu talão de cheques, calculadora, canetas e outros acessórios num módulo de escritório — e leve-o para a sala de jantar, cozinha ou outro espaço quando for pagar as contas. Ensine seus filhos a fazer o mesmo com os brinquedos, livros e jogos e você terá menos coisas para recolher do chão ao fim do dia. Gostaria de destacar a importância de reunir e cortar as coisas antes de guardá-las. Muitas vezes, quando sentimos vontade de “simplificar”, corremos para a loja de departamento mais próxima e voltamos para casa com o porta- malas cheio de caixas organizadoras bonitinhas. Achamos que ao guardar as coisas em recipientes esteticamente agradáveis criaremos uma sensação automática de ordem e serenidade. Mas, se não tivermos primeiro separado os Tesouros das Tralhas, não vamos sair do lugar. As caixas podem fazer a casa parecer arrumadinha, mas só servem para esconder a bagunça. Em vez de simplificar nossas casas (e nossas vidas), estaremos apenas mudando a desordem de lugar. Na verdade, você precisa retirar o máximo possível de

This article is from: