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Capítulo 17 Limites
coisas antes de pôr algo numa caixa. Primeiro, reduza-as ao essencial e, depois, encontre um modo conveniente de abrigálas. Ser minimalista significa ir um passo além de apenas ser responsável e arrumar a casa. Ao criar nossos módulos, colocamos em prática um sistema que elimina e impede o excesso — tornamos nossas posses equivalentes às necessidades e, depois, colocamos uma pedra sobre esse assunto.
Viver de forma minimalista significa manter nossas posses sob controle, e a forma mais eficaz de fazer isso é estabelecendo limites. Certo, você deve estar pensando: “Opa, espere aí! Limites? Não era isso que eu queria. Não quero me sentir privado de nada…”. Não precisa se preocupar: os limites são para as coisas, não para você! Eles o ajudam a ficar por cima de suas coisas, para que tenha mais poder, mais controle e mais espaço. Os limites funcionam para você, e não contra você. Vamos usar os livros como exemplo: todos sabemos como eles podem se acumular muito rápido. Compramos um e, depois de lê-lo, sabe-se lá como, ele ganha um espaço permanente em nossa coleção — não importa se gostamos dele ou se ainda pretendemos abri-lo novamente. Pagamos um bom dinheiro pelo livro — além de termos dedicado tempo e esforço na leitura —, portanto temos o direito de exibi-lo em nossa estante. Às vezes guardamos um título só para provar que o lemos. (Vai, pode confessar: quem aqui tem um Guerra e paz na estante?) Em vez disso, limite a coleção a seus favoritos e ponha o excesso de volta em circulação: doe-os para uma biblioteca ou repasse-os para amigos e familiares. Limites também ajudam a domar materiais de artesanato e de outros hobbies que não param de se multiplicar. Não importa se você gosta de mexer com miçangas, tricô, scrapbook, maquetes, marcenaria ou sabonetes, limite seus materiais a uma caixa de armazenamento. Quando ela começar a transbordar, consuma um pouco do estoque antigo antes de comprar algo novo — trata-se de uma ótima motivação para que você termine os projetos que começou. Além de reduzir a bagunça, esse é um excelente choque de realidade: você gosta mais de fazer artesanato do que de colecionar material para ele? Se não, talvez esteja na hora de repensar seu hobby ; se sim, você não vai ter problema em terminar de usar esses materiais.
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Os limites podem e devem ser aplicados a praticamente tudo. Divirta-se impondo restrições às suas coisas: exija que todos os DVDs caibam na prateleira designada; todas as blusas, na gaveta definida; toda a maquiagem, no estojo de cosméticos. Limite o número de sapatos, meias, velas, cadeiras, lençóis, panelas, tábuas e artigos colecionáveis que possui. Limite as assinaturas de revistas e o número de objetos na mesinha de centro. Limite a decoração de Natal a uma caixa e seus equipamentos esportivos a um canto da despensa. Limite pratos, xícaras e talheres ao tamanho de sua família e seus equipamentos de jardinagem às necessidades do quintal. Antigamente, os limites eram impostos por fatores externos: em especial pelo preço e pela disponibilidade dos bens materiais. Os objetos costumavam ser feitos à mão e distribuídos localmente — o que os tornava mais escassos e custosos (em relação à renda) do que nos tempos modernos. Era fácil ser minimalista cem anos atrás, pois já era muito difícil adquirir os itens básicos — quanto mais algo extra. Hoje em dia, podemos correr para a loja de departamento do bairro e comprar o que nosso coração desejar, já que a produção em massa e a distribuição global deixaram os bens de consumo baratos e fáceis de encontrar e de obter. Claro que isso é conveniente, mas, como muitos de nós já descobrimos, podemos estar pecando pelo excesso. Se não limitarmos o consumo por conta própria, acabaremos soterrados pelas nossas coisas! A definição de limites não ajuda apenas você, mas também facilita que os outros membros da casa passem a ter um estilo de vida mais minimalista. Explique para sua família que as coisas devem caber no espaço estabelecido — e que, quando estiverem transbordando, devem ser reduzidas. Limite os brinquedos das crianças a uma ou duas caixas organizadoras e as roupas de sua filha adolescente ao tamanho do guarda-roupa dela. Eles vão aprender muito com seus conselhos e criar hábitos importantes para fases posteriores da vida. No mínimo, limite as posses de cada pessoa ao que cabe em seu respectivo cômodo — seja o quarto ou a sala de brinquedos de seu filho, o escritório ou o ateliê de seu companheiro. Assim, você vai evitar que as coisas de cada um ocupem o espaço da família. Claro, o limite máximo de suas posses é definido pelo tamanho da casa — que você, como minimalista, poderá reduzir
algum dia. As coisas se expandem para preencher o espaço disponível (tenho quase certeza de que existe uma equação física para explicar isso!). Limitar o espaço significa menos objetos, menos bagunça, menos preocupação e menos estresse. Se você não tem uma casa grande, não pode ter uma casa cheia de coisas. Imagine mudar-se de uma quitinete para uma casa com despensa, porão e garagem para dois carros — não há dúvida de que esses espaços vão ficar cheios simplesmente por existirem. Se você tivesse deixado de usar sua bicicleta ergométrica enquanto morava num apartamento pequeno, é provável que a tivesse vendido; mas, agora, na sua casa maior, ela com certeza vai acabar no porão. Casas menores estabelecem um limite natural ao número de coisas que você possui — ajudando muito na busca de um estilo de vida minimalista. A princípio, você pode pensar que limites são sufocantes, mas logo vai descobrir que eles são, na verdade, libertadores! Numa cultura em que somos condicionados a querer mais, comprar mais e fazer mais, eles são um maravilhoso suspiro de alívio. O fato é que, depois que tiver descoberto o prazer dos limites, você vai se inspirar, aplicando-os a outras partes de sua vida. Limitar compromissos e atividades leva a uma vida menos estressante, fazendo-o economizar um tempo precioso. Limitar os gastos reduz suas contas de cartão de crédito e aumenta seu saldo em conta. Limitar os alimentos processados, gordurosos e cheios de açúcar reduz sua cintura e melhora sua saúde. Bom, as possibilidades são… ilimitadas!