Publicação Estórias [im]Prováveis 2020-2021

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ÍNDICE [07]_APRESENTAÇÃO [11]_TEXTOS PREMIADOS [12]_“A revolta do unicórnio no Museu de Lamego” DIOGO OLIVEIRA LÁZARO GONÇALVES [16]_“A beleza dos azulejos de cercadura” TIAGO MEDEIROS TEIXEIRA [18]_“As memórias de Portugal” LÍGIA FERNANDES [23]_TEXTOS OS MONUMENTOS [24]_“Histórias mágicas em triangulação... Monumental” INÊS MARIANA RODRIGUES LOURENÇO [28]_“Um banco estrelado” LEONOR NOGUEIRA PINTO


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ÍNDICE [32]_O CASTELO DE LAMEGO [34]_“A lenda da Princesa Andreia” MARIANA JOSÉ MARANTE GOUVEIA [38]_“Castelo de Lamego” MATILDE MARIA PEREIRA GONÇALVES [42]_“O Castelo de Lamego” LEONOR LADEIRAS [46]_“Uma história estranha” MARIANA TRINDADE REQUEIJO LEITE

[50]_O MUSEU DE LAMEG0

[60]_“A vida secreta dos monumentos” SOFIA TRINDADE REQUEIJO LEITE [64]_“Cortejo de despedida” LÍGIA FERNANDES [68]_“De outro planeta” MARIA LEONOR ALVES SEBASTIANA [72]_“Diálogos clandestinos no Museu de Lamego” DIOGO FILIPE CASTRO MORGADO [76]_“Histórias secretas no Museu de Lamego” JOSÉ MIGUEL SILVA REBELO [80]_“O menino e a tapeçaria” MARTA ISIDORO FREIRE

[52]_“A estória de Joana & Wanderley” INÊS ALVES TEIXEIRA MESQUITA

[86]_“O sonho do javali” DIANA MARIA MORAIS GOUVEIA

[56]_“A viagem no tempo” GABRIEL DUARTE MAGALHÃES

[90]_“Tapeçarias falantes no Museu de Lamego” MARGARIDA DA FONSECA SABENÇA


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ÍNDICE [94]_“Um sonho realizado” LEONOR FERREIRA DOS SANTOS [98]_“Uma viagem no tempo” FRANCISCO DA SILVA SANTOS FERNANDES [102]_“Viagem ao passado no Museu de Lamego” LEONOR FERREIRA DOS SANTOS [106]_“Visita virtual” SARA FERNANDES SONNEMBERG

[128]_O TEATRO RIBEIRO CONCEIÇÃO [130]_“A grande paixão” MARIA CAROLINA FONSECA DA SILVA CARDOSO FERREIRA [134]_“Fantasma à solta no Teatro Ribeiro Conceição!” LETÍCIA BENEDITA CARDOSO SILVA [140]_“Um romance debaixo de luzes” BEATRIZ MARQUES SILVA

[110]_O SANTUÁRIO DE NOSSA SRA, DOS REMÉDIOS [112]_“Nossa Senhora dos Remédios, proteja o seu povo!” LETÍCIA BENEDITA CARDOSO SILVA

ANEXOS [144]_ENTREGA DE DIPLOMAS

[116]_“Um amor inesquecível” GABRIELLE DIAS MARQUES [122]_O SOLDADO DESCONHECIDO [124]_“Último adeus” PATRÍCIA SOFIA DIAS GONÇALVES

[146]_VISITAS [im]PROVÁVEIS [148]_CONVERSAS [im]PROVÁVEIS [152]_EXPOSIÇÃO [im]PROVÁVEL


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“Um dia da minha infância de jornalista, numa entrevista a um autor de renome, a propósito do que é isso de ser escritor, ouvi dizer com simplicidade desarmante que não passava da arte de contar estórias e de conhecer as técnicas de apneia, para dominar o fôlego. Um ponto de vista provável seguido de um menos provável, mas plausível. Há autores fundistas e velocistas, de caixa torácica ornada de grandes peitorais (capazes de descrever com rigor a beleza do fruto mais indigesto). Entre os meus pares ilustres e os promissores autores lamecenses, por vezes, faltou-me o ar de tantas possibilidades existentes nos meneios da Escrita.” Tiago Salazar

“A arte, assuma ela a forma que assumir, é a vanguarda do pensamento o Humano. É o verdadeiro e único legado de conteúdo que deixamos às gerações futuras. Incutir estes princípios na sociedade civil e na comunidade - na escolar em particular - é tarefa que se reveste da maior importância na formação de uma juventude conhecedora, interventiva, criativa, transformadora e criadora. Foi com esta convicção na algibeira que me enchi primeiro de agradecimento, pela iniciativa empreendida pelo Museu de Lamego, que muito louvo, e, logo de seguida de entusiasmo e expectativa por participar, contribuir e espreitar o resultado final, transposto em palavras pelos jovens lamecenses. Toda esse anseio de vos ler me foi devolvido em estórias de qualidade. Que possam continuar! Escrever é a concretização do sonho. Escrever é liberdade!” Alexandre Hoffmann Castela

“Sinto uma grande simpatia pelo concurso de escrita promovido anualmente nas escolas de Lamego, em que os alunos se inspiram em obras do Museu ou no património histórico local para escrever os seus textos” Maria do Rosário Pedreira, “Em Lamego e mais além”, Horas Extraordinárias (20 abril 2021)



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DE [IM]PROVÁVEL EM [IM]PROVÁVEL… AS ESTÓRIAS DO MUSEU Com a publicação dos textos que fizeram parte do concurso escolar de escrita criativa Estórias [im]prováveis 2020/2021 fecha-se a 2.ª edição de uma iniciativa que parte da ligação entre Escrita e Arte, como forma de aproximação dos mais novos ao objeto artístico e ao património. Estimular a criatividade e imaginação e promover sentimentos de pertença e a apropriação do património, por meio da leitura e da escrita, inscrevem-se com principais objetivos do concurso, organizado anualmente pelo Museu de Lamego e a Rede de Bibliotecas de Lamego. Depois da primeira edição ter sido dedicada em exclusivo às obras de arte do museu, como inspiração para a criação de textos narrativos em prosa ou verso, a segunda privilegiou um formato que se estendeu pelos monumentos da cidade. Como resultado, um maior número de Estórias [im]prováveis a concurso, uma maior abrangência do património local representado e, naturalmente, uma edição avantajada em relação à anterior. O concurso cresceu!

Alexandra Falcão Diretora do Museu de Lamego

Cresceu igualmente pela diversidade de iniciativas realizadas durante o período em que decorreu o concurso. Desde logo, a sessão de apresentação, que propiciou o encontro de alunos do Agrupamento de Escolas Latino Coelho com Tiago Salazar, numa Conversa sobre escrita criativa, no início do ano letivo. Posteriormente, em abril, o concurso seria pretexto para uma Conversa [im]provável sobre Arte e Literatura, que reuniu os escritores Maria do Rosário Pedreira, Alexandre Hoffmann Castela e, de novo, Tiago Salazar, numa reunião zoom, com transmissão na página do facebook do museu [https://bit.ly/ConversaImprovavel_Video], organizada no âmbito da programação da Semana da Leitura.

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Às conversas sucederam-se as Visitas [im]prováveis motivadas por um novo olhar que nos trouxe, sobre a coleção de pintura europeia, Alexandre Hoffmann Castela, o convidado para conduzir a primeira visita [https://bit.ly/VisitaImprovavel_AlexandreHCastela]. Na visita seguinte, foram os participantes do concurso, que se inspiraram nas obras de arte do museu, a orientar o público por um percurso de redescoberta por toda a exposição permanente, a partir das narrativas que criaram [https://bit.ly/VisitasImprovaveis_Video]. O anúncio e entrega de prémios teve lugar em maio, numa sessão realizada no Museu de Lamego, que contou com o apoio da Leya e participação especial de Tiago Salazar, por serem de sua autoria os livros dos pacotes que receberam os alunos vencedores – O Magriço. A verdadeira história de D. Álvaro Gonçalves Coutinho, um dos Doze de Inglaterra; A Escada de Istambul e Viagens Sentimentais. Num desdobramento feliz desta 2.ª edição do concurso, no final do ano letivo, teve lugar a Exposição [im]provável, corolário do projeto educativo, que teve como tema o Museu de Lamego e as suas coleções. Desenvolvido, em contexto de sala de aula, nas disciplinas de ciências da natureza, educação musical, educação visual e tecnológica, história, matemática e português, o projeto envolveu os alunos do 5.º D do Agrupamento de Escolas de Latino Coelho (Lamego) e do curso profissional técnico de multimédia e esteve na origem da produção de vídeos, e-books, bandas desenhadas, postais pop-up, sopas de letras e crucigramas, que ocuparam a sala de exposições temporárias em junho passado [https://bit.ly/ExposicaoImprovavel_TrabalhosAlunos]. Disponíveis a partir de agora online, esperamos que as estórias sobre o património de Lamego sejam lidas e relidas de modo a que na próxima edição possam crescer ainda mais.

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TEXTOS PREMIADOS

[CONCURSO ESCOLAR]

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“A REVOLTA DO UNICÓRNIO NO MUSEU DE LAMEGO” PRÉMIO - 2.º CEB DIOGO OLIVEIRA LÁZARO GONÇALVES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5.º ANO

CRIAÇÃO DOS ANIMAIS Vasco Fernandes 1506-1511 Óleo sobre madeira Proveniente do antigo retábulo da Sé de Lamego Inv. ML 14 © Museu de Lamego

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Era um dia normal no Museu de Lamego. Grupos escolares estavam na praça do museu, à espera de entrar numa viagem histórica, bem como imensos turistas que olhavam boquiabertos para a cidade. Mas as visitas estavam atrasadas, pois decorriam no museu obras de restauro nas pinturas de Grão Vasco pelas mãos de um artista Italiano, Luigi Lazarus. O pintor tinha um aspeto um pouco estranho, mais parecia um feiticeiro da Idade Média, no entanto o seu currículo era surpreendente e, por isso, fora contratado. E a propósito do Dia Internacional dos Museus, tinha lugar uma reportagem que incluía uma breve entrevista à Diretora do Museu de Lamego, para divulgar os trabalhos de restauro das obras de Grão Vasco. Estava tudo a postos para a entrevista quando Lazarus, desesperado, chega ao pé da Diretora dizendo: - Desapareceu! Desapareceu! Fechem tudo! (e saiu correndo aterrorizado) A Diretora, confusa e intrigada, ficou sem palavras, no entanto pediu que fechassem as portas e foi à procura do pintor, mas com ela foi também a equipa de reportagem que queria registar o insólito acontecimento. A Diretora foi encontrar o pintor junto às obras de Grão Vasco. Lazarus olhava para elas como se estivesse a olhar para algo aterrador e, quando a diretora lhe perguntou o que se passava, Lazarus, muito inquieto, respondeu: “O Unicórnio, desapareceu!... Para onde terá ido?” A Diretora, continuando sem perceber nada, perguntou de que unicórnio é que Lazarus falava e o pintor, já preparado para contar tudo, respondeu: Neste quadro de Grão Vasco - “A criação dos animais”- , existe um cavalo, um veado, um elefante, aves e num plano bastante recuado, no fundo da floresta, um unicórnio, mas esse animal fictício desapareceu como se tivesse medo dos meus óleos… -Mas isso é impossível, como desapareceu? Ganhou vida? A Diretora estava incrédula e achou que o pintor estava a alucinar… -Lazarus, você está cheio de trabalho e anda a perder imensas horas de sono, portanto deve estar confundido, resultado do seu cansaço… Entretanto, à entrada do museu, algumas turmas escolares ainda por lá se encontravam, esperando que o problema fosse resolvido, mas alguém, movidopor uma estranha curiosidade, não hesitou e entrou furtivamente. Sofia, uma aluna muito magrinha, entrou pela pequena abertura da porta, depois seguiu para as tapeçarias onde apreciou a história de Édipo e Jocasta, quando, para seu espanto, viu o unicórnio que, num piscar de olhos, aparecera junto de si. A menina ficou fascinada…. Ela, que era fã de unicórnios, nem queria acreditar que estava a ver um mesmo ali à sua frente. Tinha lido algures que os unicórnios traziam sorte e felicidade, mais ou menos como encontrar um trevo de quatro folhas…Quem não estava a ter sorte nenhuma era Lazarus…A Diretora suspendera todo o processo de restauro por achar que o pintor tinha enlouquecido, mas, quando os dois

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atravessavam a sala das tapeçarias, depararam, atónitos e deslumbrados, com a maravilhosa criatura que estava à sua frente. Parecia ter saído de um filme mitológico. A Diretora ficou perplexa e pediu desculpa a Lazarus quando percebeu que tinha sido injusta com o pintor, acrescentando: “Como é que se explica isto? Tem tanto de encantador como de assustador…” No decorrer desta conversa, Sofia tentava tocar no unicórnio, mas ele desapareceu… A menina ofereceu-se logo para ajudar a procura-lo. E as buscas começaram. Depois de percorrerem todo o museu, viram-no num painel de azulejos. Estava bem no centro do painel e parecia feliz por estar em destaque. A menina logo percebeu a razão que o levara a encontrar um novo lugar no Museu. -Abaixo a discriminação e a repressão! Estava saturado de estar aprisionado, remetido à obscuridade, ninguém me via! Ninguém reparava em mim! Só viam o cavalo branco, garboso, em grande plano! Zanguei-me com o Grão Vasco e procurei uma nova morada! Aqui estou bem! – declarou ele. -Eu compreendo o que sentes, mas cada um tem o seu lugar e importância no museu, por isso deves voltar para o teu espaço em “A criação dos animais”. Primeiro, o unicórnio ficou pensativo, mas depois acenou à menina e desapareceu. Os três correram até aos quadros de Grão Vasco e lá viram o unicórnio no local onde ele sempre pertenceu… Quanto ao destaque que o unicórnio pretendia, talvez o consiga, pois, a partir de agora, mesmo na obscuridade, captará o olhar de muitos visitantes! E o Museu de Lamego também, já que a equipa de reportagem não parara de gravar nem um minuto…

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“A BELEZA DOS AZULEJOS DE CERCADURA” PRÉMIO - 3.º CEB TIAGO MEDEIROS TEIXEIRA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO , 9.º ANO A

AZULEJOS DE CERCADURA Portugal Séc. XVII Barro vidrado. Majólica Proveniência desconhecida. Doação do MNMC (1935) Inv. ML 1311 © Museu de Lamego

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Azulejos, azulejos do que é que se trata ? Em Portugal é coisa que não falta. Todos têm a sua cultura, Mas não há nenhuns como os Azulejos de cercadura. A sua forma semelhante à de uma ave Faz-nos pensar em serenidade. E que melhor forma de obter a sua representação Do que através da beleza e da graciosidade do pavão ! Podemos entender os seus valores Graças às suas cores. Enquanto o branco representa a paz e a limpeza, O amarelo indica a alegria E o azul representa harmonia: São azulejos com uma grande pureza. Então, para combater A violência, o desânimo e a rutura, Só temos de nos lembrar da beleza dos azulejos de cercadura.

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“AS MEMÓRIAS DE PORTUGAL” PRÉMIO – SECUNDÁRIO LÍGIA FERNANDES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 12.º ANO A

CANAPÉ Portugal 1750-1775 Madeira de nogueira e damasco Proveniente do antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 398 © Museu de Lamego

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Foi no dia 26 de abril de 1974, um dia após a Revolução dos Cravos. Portugal sentia-se exausto. As mãos, que outrora exibiam marcas de guerras que enfrentara e vencera, estavam agora cobertas de tinta que utilizara para assinar diversos documentos de estado. Os olhos verdes, que tanto tinham testemunhado ao longo dos séculos passados, esforçavam-se em manter-se abertos. Apesar de tudo, o seu coração, que no dia anterior apertava-lhe no peito de ansiedade e esperança, batia triunfante e eufórico. Após 41 anos de sofrimento e desgosto, via hoje o seu povo gritar, confiante, “LIBERDADE”! Retirou o seu casaco e deixou-se cair na cama. Da janela do seu quarto ainda conseguia ver a agitação das ruas da cidade, naquela que era a noite mais estrelada do ano. Pela sua memória passavam todos os grandes momentos que tinha vivido, num filme lento e nostálgico: a primeira vez que O Conquistador lhe tinha pegado ao colo a 5 de outubro de 1143, era ainda um recém-nascido; quando lutara contra seu irmão, em 1385, e vira com os seus próprios olhos a vitória das suas tropas; quando, após tantas tentativas, conseguira encorajar os seus marinheiros e passar o Cabo das Tormentas… Recordou-se da noite em que Espanha lhe propôs dividirem o mundo ainda por descobrir. Hoje em dia, não sabia o que lhe tinha vindo à cabeça para concordar com o irmão mais velho, mas a verdade é que, na altura e devido à quantidade de vinho que haviam bebido, tinha parecido a ideia mais genial de sempre. Riu-se com a memória dos tempos que já lá iam e levantou-se da cama para preparar uma chávena de chá quente. Também se recordava dos momentos mais desventurados: quando perdera o jovem Sebastião em guerra e, por uma atitude egoísta de seu irmão, também a sua independência; quando sentira o chão tremer a seus pés e toda a sua capital ser arrasada, sem que nada pudesse fazer; quando a França decidira invadi-lo por três vezes e depois se arrependera – Portugal passou o ano seguinte a comer croissants de graça; quando testemunhara a sua própria nação dividir-se e a família real fugir; quando assistiu a mudança violenta da monarquia para a república; todos aqueles anos de ditadura, onde só podia ser expectador do sofrimento do seu próprio povo... Eram memórias angustiantes, mas mostravam-lhe o quanto era capaz de superar com o amor dos portugueses. Na parede de seu quarto pendurara uma pintura de dois navios apanhados numa tempestade. A Holanda tinha-lhe oferecido o quadro após a Restauração da Independência, para que ele pudesse relembrar todos aqueles que entregaram as suas vidas ao mar e também para que se lembrasse que, por mais que o futuro pareça tempestuoso e incerto, uma tempestade nunca é eterna e logo virão os dias de sol. Portugal verteu o chá na sua chávena e levou-a até ao canapé que tinha ao lado da sua janela, onde se sentou. A chávena tinha sido um presente de Macau, oferecido na última visita de Portugal ao jovem. Ele adorava os detalhes da porcelana e sentia que o chá sabia sempre melhor quando bebido por ali. Pretendia voltar a visitar o mais novo no ano seguinte, pois ainda considerava cedo demais sair do território nacional, agora que a população portuguesa se adaptava a uma vida livre. Após beber todo o conteúdo da chávena, levantou-se e reuniu todos os objetos que necessitava para escrever uma carta, à qual dirigiria ao seu companheiro de longa data. Eram quase seis séculos da aliança mais forte alguma vez criada e sentia muitas saudades do rapaz de cabelos loiros e olhos

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verdes, que o acompanhara em toda a sua jornada e que o ajudara nos momentos mais difíceis. Quando Portugal atingiu a idade adulta, o rapaz ofereceu-lhe o canapé, para que, quando o fosse visitar, se pudessem sentar nele e conversar durante horas. Portugal tinha-o no quarto desde então. Assim que encontrou o que pretendia, sentou-se à sua secretária e começou a escrever a carta ao amigo, com o maior cuidado e precisão que conseguia. Era a primeira vez que falavam este ano. Querida Inglaterra, Tenho tanta coisa para te contar…

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TEXTOS ___________ OS MONUMENTOS [CONCURSO ESCOLAR]

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“HISTÓRIAS MÁGICAS EM TRIANGULAÇÃO... MONUMENTAL” INÊS MARIANA RODRIGUES LOURENÇO AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

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Era uma noite escura, fria e chuvosa, Íris dormia aconchegada na sua cama quando sentiu uma batida na sua janela. O que seria aquilo? Um dinossauro? Um monstro? Ou apenas a chuva a bater na sua janela? Como era uma menina muito curiosa decidiu verificar… -Olá! Eu sou Flecha, o pássaro mensageiro, e vim buscar-te para participares na viagem que ganhaste num sorteio! – anunciou o visitante. -Sorteio? Mas que sorteio? Eu não participei em nenhum sorteio! – retorquiu Inês assombrada e desconfiada. -Chiu! Deixa-te de conversa! Vai lá calçar-te, depressa, estou à tua espera lá em baixo! Faz pouco barulho para não acordares os teus pais. Íris, embora confusa com o acontecimento inesperado, foi calçar as suas sapatilhas e aproveitou, também, para vestir o seu casaco favorito. Quando chegou à rua, viu um cavalo que lhe parecia familiar mas não sabia de onde o conhecia… Onde teria visto aquele cavalo? -Olá! Eu sou o Grão Branco, um cavalo das pinturas de Grão Vasco – saudou o nobre cavalo branco - E tu, quem és? -Olá! Agora já sei de onde me recordava de ti! Há dois meses, fui ao Museu de Lamego e vi-te lá nas pinturas de Grão Vasco! Eu chamo-me Íris! -Íris. Gosto do teu nome! Este é o meu amigo Grão Flecha (Flecha, para os amigos), que veio transmitir-te uma mensagem. Vamos, monta-te no meu dorso, porque temos uma longa aventura pela frente! Íris subiu, sentou-se em cima de Grão Branco, junto a Flecha, e partiram em direção ao Teatro Ribeiro Conceição. Quando lá entraram, viram muitos animais. Focas, com ar formal e cerimonioso, desempenhavam a função de mordomos, recebendo as pessoas que entravam. Abelhas, pássaros, borboletas, joaninhas, gatos coloridos e vários outros animais deslocavam-se nos bastidores, aguardando, ansiosos, pela sua entrada em cena. O cenário estava incrível! Havia flores azuis, roxas e amarelas espalhadas pelo chão. O interior do Teatro é belíssimo: o vermelho sedutor da plateia, o requinte dos camarotes, a sumptuosidade do candeeiro no teto da sala tornam este espaço deslumbrante. Então sentaram-se todos nos seus lugares e o espetáculo começou. Era uma dramatização do conto “A princesa e o sapo”, mas todas as personagens eram animais. Foi um espetáculo maravilhoso! Os figurinos, o cenário, a história, o ambiente, tudo era mágico!… Quando a atuação acabou, Flecha sugeriu que fossem comer alguma coisa e Íris aceitou logo, pois estava esfomeada. Transportados por Grão Branco, chegaram ao pé de uma árvore, mas era uma árvore deveras especial. -Aqui estamos nós! – anunciou Flecha, aproximando-se da árvore e fazendo um sinal estranho. A porta abriu-se instantaneamente e lá dentro havia um minibar e bastantes outros animais. Inês comeu um donut e bebeu um copo de água. -Estou satisfeita, obrigada! - disse Inês agradecida.

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-Então, vamos, ainda temos algo para visitar!.- propôs Flecha. -Íris e Flecha subiram para o dorso de Grão Branco e, após alguns minutos estavam à frente do majestoso Museu de Lamego. -Já faz algum tempo que não venho aqui, mas não está muito diferente- observou Íris. -Já vais descobrir o que temos para ti… Os três visitaram o museu passando por todos os lados até chegar ao espaço dos coches. Aí, taparam os olhos de Íris e, quando esta os abriu, viu uma espécie de musa com um candeeiro na mão, que lhe disse com voz maviosa: -Íris, eu sei que não contavas com esta surpresa, pois não? Vais dar um passeio magnífico! Entra na carruagem. Grão Branco levar-nos-á. Íris entrou e lá dentro já se encontrava alguém que logo se apresentou: -Eu sou D. João de Madureira, bispo de Lamego. Fui eu que encomendei o Políptico da capela-mor da Sé de Lamego, um conjunto de quadros a óleo, do qual fazia parte “Criação dos Animais”. Sabias? Tenho muitas saudades do sítio onde estiveram estes quadros! Vamos visitar a Sé de Lamego! E Grão Branco conduziu-os numa viagem mágica até à imponente Sé, passando pelos misteriosos claustros e entrando no interior para se deliciarem com os tesouros encantadores que lá se encontram. À saída, a espécie de musa de candeeiro na mão voou serena e segura para o seu lugar, ao lado da sua irmã gémea, na entrada do Teatro Ribeiro Conceição. E todos regressaram aos seus lugares.

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“UM BANCO ESTRELADO” LEONOR NOGUEIRA PINTO AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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No início do ano de 1984, eu e o meu irmão vivíamos no Bairro do Castelo, situado numa cidade do Norte de Portugal chamada Lamego. Os meus pais deram-me o nome de Estrela, com o objetivo de, quando me sentisse sozinha, olhar para o céu e lembrar-me de que eles estão sempre comigo onde quer que eu esteja. Ao meu irmão, deram lhe o nome de Theo, que significa “Deus”, porque ele era um “Deus” ao cuidar de mim. Os meus pais foram assassinados à minha frente e desde esse dia eu deixei de falar. Sofro de uma doença chamada mutismo seletivo, que é uma recusa em falar, resultante de causas psicológicas, como depressão ou trauma. O meu irmão Theo também mudou muito depois da morte dos nossos pais. Já não era o rapaz sorridente e simpático, passou a trancar-se no quarto e eu deixei de ver o sorriso dele. Uma noite, decidi ir dar uma volta para me distrair. Fui até ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios para ver as estrelas de lá de cima. Dirigi-me ao banco onde costumo sentar-me e deparei-me com um rapaz. Sentei-me um pouco distante dele. Daí a pouco, sinto que ele tenta falar comigo. Calculei que devia ser envergonhado. Então, eu virei-me para ele, sorri e acenei lhe. O rapaz retribuiu-me o sorriso e olhou-me de uma maneira que me fez sentir um arrepio. -Olá! – disse-me ele. Eu comecei a entrar em pânico e voltei para casa a correr. Quando cheguei, deitei-me e fiquei a pensar no rapaz a noite inteira. Decidi voltar ao Santuário na noite seguinte. Passei o dia todo a pensar como falar com ele e o que lhe perguntar, até que chegou o momento. Voltei ao santuário, mas, desta vez, levei uma folha e um lápis para podermos falar um com o outro. Dirigi-me ao nosso banco onde fiquei à espera dele um bocado, mas ele não apareceu. Fui para casa triste e sem perceber o porquê de eu só conseguir pensar nele e nos seus olhos castanhos. Acho que podemos falar de amor a primeira vista. Comecei a ir todas as noites ao Santuário até que, uma das vezes, o meu irmão apanhou-me a sair de casa. Não me perguntou onde ia nem o que ia fazer, mas seguiu-me e viu-me com o Jorge. Esqueci-me de dizer que, nesse mês, eu e ele tínhamo-nos encontrado todas as noites e falado muito. O Jorge contou-me que morava com a mãe dele na Praça Central e que ele ia ao santuário para ver as estrelas porque a sua mãe e o seu pai se tinham conhecido ali naquele mesmo sítio onde nós nos conhecemos também. Eu falei-lhe do meu problema de saúde e ele prometeu ajudar-me. Nessa noite, quando cheguei ao nosso banco, ele já estava lá à minha espera e recebeu-me com um sorriso de orelha a orelha, Ganhei coragem e tentei dizer um simples “Olá”, mas parece que foi indiferente: não consegui. No entanto, não desisti e ele ajudou-me muito. Pouco tempo depois, naquela mesma noite, numa das minhas tentativas de voltar a falar, acabei por dizer “Eu amo te”. Quando ouviu aquilo, ficou muito corado. Eu senti-me envergonhada e fui a correr para casa. Quando cheguei, o meu irmão já estava na sala à minha espera. -Precisamos de falar – disse ele, com um sorriso na cara.

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Entrei em pânico e fiquei preocupada, mas também muito alegre porque não via o sorriso dele há muito tempo. -Sei que andas a sair de casa à noite e que consegues falar – acrescentou ele. -Não estás zangado comigo? – perguntei eu. -Devia estar, mas ele parece ser muito bom rapaz e conseguiste falar por causa dele. Comecei a chorar e dei um abraço muito apertado ao meu querido irmão. Na noite seguinte, fomos juntos até ao Santuário. O Jorge já estava lá. Mal cheguei ao pé dele, ele abraçou-me e disse que também me amava. Quando fiz 21 anos, casamos no Santuário e voltamos a sentar-nos no banco onde nos conhecemos e que será sempre o nosso banco estrelado.

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CASTELO DE LAMEGO © Museu de Lamego, Paula Pinto, 2020.

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“A LENDA DA PRINCESA ANDREIA” MARIANA JOSÉ MARANTE GOUVEIA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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Todos conhecem a história da princesa Ardínia, principalmente os Lamecenses. Contudo, a história não é muito agradável. As crianças crescem rodeadas de histórias de amor bem-sucedidas, mas esta lenda é o exemplo do contrário. Este texto é uma adaptação feita especialmente para os mais novos. Era uma vez, uma linda menina chamada Ardínia, quero dizer, Andreia, que vivia com o seu pai numa linda casa (aquela dos sonhos de todas as crianças). A menina era a modelo mais bonita e bondosa alguma vez vista sendo tratada por todos como uma princesa. Apesar de perfeita, Andreia sentia-se só. Com o início da pandemia, a princesa afastara-se dos seus amigos porque o seu pai não a deixava sair daquela casa. Por mais que soubesse da solidão que a filha sentia, o vírus assustava-o. Ela apenas podia sair para visitar o castelo de Lamego, mas acompanhada pelo seu pai. E lá estava Andreia, a olhar pela janela, esperando o príncipe da única história que não falava de ciências ou matemática, mas de uma linda fantasia. Essa fantasia onde o castelo de Lamego era a sua casa. Este era tão adorado pela princesa pelo que conta. Ele não fala, mas nunca precisou para ser tão amado pela menina. Porém, bem no fundo, Andreia procurava junto com o seu amor, a liberdade. É neste momento que aparece o tal príncipe muçulmano de nome Tedom por quem a princesa se apaixona perdidamente. Mas o amor deles é proibido pelo pai da princesa. Chegara o inverno. O frio deixava a princesa ainda mais triste e solitária. Chovia todos os dias e nem ao seu local de consolo a menina conseguia ir. Até que, um dia, acordou muito mais cedo que o habitual. O sol abrasador, que não via há muito, tirara-a da cama e puxara-a em direção à janela. Viu um jovem de boné e máscara atrás dos lindos portões dourados com uma caixa em suas mãos. A princesa suspirava e sorria e, mesmo sem lhe ver o rosto, sentiu o que o seu livro descrevia nas célebres quatro palavras “Amor à primeira vista”. O seu coração dizia-lhe: “Ele é o tal”, mas o seu cérebro fazia-a duvidar: “Afinal, tu já não vês ninguém para além do teu pai há muito tempo. Estás a precipitar-te”. Os seus suspiros foram interrompidos pela barulheira do exterior. Assim que olhou pela janela, já o seu pai corria para o interior da casa largando a caixa perto da fonte onde a princesa recebera a notícia da perda da sua mãe para a doença em que não acreditara. “Agora não me deixam sair nem ter amigos por causa de uma doença que nem existe!” tinha dito ela. Lembrava-se agora com tristeza dessas palavras enquanto corria em direção ao seu amor. Não o podia deixar ir sem se apresentar. Abriu o portão e falou com ele sem olhar para o rosto. A conversa estava maravilhosa até que Andreia se apercebe do formato dos olhos do rapaz e descobre a razão da correria do pai. O príncipe dos seus sonhos era asiático. A Ásia é associada ao vírus que a afastou da sua mãe. Mas ele não tinha culpa. Estes pensamentos da princesa duraram o que pareceu ao rapaz uma eternidade. O silêncio após tirar o chapéu deixou-o receoso. Depois do que o pai da menina lhe dissera ele não sabia se era bem-vindo ao coração da miúda que via todos os dias nas revistas e a olhar pela janela daquela linda moradia. Apesar da conversa desajeitada, os dois entenderam-se muito bem e trocaram números de telefone. Mesmo sendo constantemente controlada, a princesa arranjava sempre uma forma de responder às mensagens dele e, depois de uma longa conversa com seu pai, conseguiu que ele a deixasse

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visitar o castelo “sozinha”. E é nesta altura que o pai da princesa acaba por na matar largando o seu corpo e o seu sangue carregado de amor no rio Távora. Ao saber desta trágica notícia, o príncipeTedom fica devastado, e morre numa batalha. Saía então todos os dias ao encontro do rapaz, mas seu pai já sabia de tudo. Ficou tão desiludido, que planeou algo para que não se voltassem a ver. Decidiu então enviar uma mensagem falsa para se encontrarem perto do rio Távora. A princesa estava muito entusiasmada. Esperava que o encontro desta tarde, por ser num local diferente, fosse para algo especial. Mas em vez disso encontra seu pai, que lhe rouba o telemóvel violentamente e o atira para o rio. Os momentos que se seguiram não saem da cabeça da menina até hoje. Aqueles gritos assombravam-na e a separação forçada do seu amor fazia-a sofrer. Esta história não tem propriamente um final feliz, mas, pensando bem, ainda não chegou ao fim. Quem sabe se não se voltarão a encontrar. Pode ser que um dia, ao visitares o castelo, encontres Andreia à procura do seu amor.

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“CASTELO DE LAMEGO” MATILDE MARIA PEREIRA GONÇALVES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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O Castelo de Lamego, forte e imponente, do coração lamecense é componente. A entrada sugiro, por duas portas de nomes bem giros, “Porta do Sol” e “Porta dos Figos”. Não sei porque assim é, Talvez encontre o sol radioso, Ou uns figos deliciosos, Mas que é bonito é. Ao redor das muralhas, Batalhas se travaram. Nestas não houve falhas, Nem almas vacilaram. Lendas e histórias se contam, Passam de geração em geração, Pessoas encantam, Com sua grande inspiração.

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A Feira Medieval realiza-se em esplendor, para relembrar a época passada, cheia de cores, sons, sabores e magia. E eu pelas ruas ando distraída, achando-me a Princesa Ardínia, à procura do seu amor.

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“O CASTELO DE LAMEGO” LEONOR LADEIRAS AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO A

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O Castelo de Lamego Um sítio especial Tao alto e doirado Como ele não há igual Tem ar deter princesas Lá dentro a viver Com coroas cintilantes Como o sol do amanhecer Com as nuvens baixas rodeando-o Naquelas noites de nevoeiro Com fadas a dançar por cima Como as folhas de um loureiro Sei que dentro dele É tudo feito de magia Faz-me lembrar os cantos de fadas Que a minha mãe me lia

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Gosto muito de Lamego E os monumentos são do melhor Que poderei eu mais descobrir Nesta cidade cheia de amor?

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“UMA HISTÓRIA ESTRANHA” MARIANA TRINDADE REQUEIJO LEITE AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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Já se contaram muitas histórias de amor, fantasia, terror, drama, mas nunca ninguém vos contou nenhuma como esta. Eu sei do que falo pois ela passouse com alguém que eu conheço muito bem. Ficaram curiosos? Tenham calma, que isto ainda mal começou! O meu amigo Android 2B, que vive em 4021, que aviso desde já que é um ano muito estranho porque para além de os humanos terem nomes de robôs e os robôs nomes de humanos, os robôs ainda escravizaram a sua raça, fazendo assim com que surgisse a RH, ou resistência humana. O principal alvo da RH era a Mel, uma robô, mas não se deixem enganar pelo seu nome doce porque ela está mais para um limão. A Mel tinha uma grande empresa que era responsável pela segurança de máquina muito importantes, como máquinas do tempo, apesar de os seus escravos não saberem o que estava lá escondido. Até que um dia um problema no sistema revelou o que havia lá escondido e claro que os membros do RH tiraram proveito disso, decidiram enviar o seu membro mais corajoso para o passado, para que ele pudesse evitar a criação de robôs tão inteligentes. Android foi o escolhido e depressa começou a planear a missão. Teria de ir para 3221, para isso teria de aceder à área restrita. Então um mês depois Android começou a executar o plano, estava tudo a correr como o planeado, ele já tinha entrado na máquina do tempo quando de repente, alguém o interpela: -Onde pensas que vais? -Pear 5A? Vejo que tens um trabalho novo. Até admira a Mel ter confiado num humano para um trabalho tão importante, mas tu sempre caíste na graça dos robôs. -Onde pensas que vais? Então começaram os dois à luta dentro da máquinas. Isto só acabou quando uma voz disse: - A VIAJAR PARA 1223! CIDADE DE LAMEGO! Porque é que tinha alguém instalado um botão para inverter os números e o pior como iriam regressar, uma vez que apenas tinham combustível para ir para 3221 e voltar? Após alguns minutos de pânico, acabaram por cair, desmaiando com o embate. Quando acordaram ele vislumbrou alguém que lhe colocou nas mãos uma pasta. Nessa pasta havia um bilhete que dizia. Estás em Lamego, no ano do senhor 1223; quem governa este nobre país conhecido como Portugal é D. Dinis. Eu sou como tu sou um viajante do tempo. Não sei se queres voltar para a tua época. Eu estou feliz aqui por isso caso queiras voltar tens aqui a localização e o manual de instruções da máquina do tempo lunar que foi o primeiro protótipo das máquinas do tempo. Este tipo de máquina só funciona com lua cheia, à meia-noite, e deve estar no cimo de uma colina. Podes encontra-la na montanha. Boa sorte!

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Então começaram à procura, Pear estava muito relutante achava que era só uma piada, até que o Android encontrou a máquina. Foi díficil transporta-la para dentro das muralhas de um castelo, que ficava no cimo da colina. O ano já estava marcado e a meia-noite aproximava-se; faltavam 2 minutos, 1 minuto e nada, a máquina não queria funcionar, só que de repente começou a girar e a soltar faíscas. Como Android não gostava do Pear acabou por o atirar pela porta da máquina, provocando assim a sua morte. Mas tal ato provocou uma consequência muito grande, a máquina não absorveu energia suficiente para ir para 4021 e acabou por deixar de funcionar em 2021 e não conseguindo cumprir a sua missão. Mas obviamente esta história deixou uma marca no passado, as faíscas que saíram da máquina deixaram pequenas marcações nas pedras, como um sinal de aviso para que a Humanidade tivesse cuidado com os robôs. Mas neste momento o mundo ainda não está preparado para a verdadeira história, por isso criaram uma mentira à volta dos símbolos, fizeram as pessoas acreditar que tinham sido os pedreiros a fazer. Quem me contou esta história foi um amigo meu, que conhece o Android muito bem. Mas que acha que tudo o que ele diz são um monte de mentiras.

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O MUSEU DE LAMEGO

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MUSEU DE LAMEGO © Museu de Lamego, Paula Pinto, 2020.

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“A ESTÓRIA DE JOANA & WANDERLEY” INÊS ALVES TEIXEIRA MESQUITA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

NAVIOS NUMA TEMPESTADE Pintor holandês não identificado Países Baixos, séc. XVII Óleo sobre madeira Proveniente do antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 43 © Museu de Lamego

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No séc. XVI, Wanderley, um jovem de uma pequena localidade da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, estava a viajar pelo mundo à procura de um navio com mais acomodação para a sua tripulação e uma maior capacidade de carga como demanda para o seu rei, D. Guilherme. Num país longínquo chamado Portugal, conhecido em todas as rotas marítimas pelas suas conquistas, descobertas e arte de navegação, Wanderley encontrou alguém que lhe falou do melhor barco do mundo, exatamente como ele o tinha imaginado. Era uma embarcação diferente, majestosa, a maior e mais rápida que existia naquele tempo. Contudo, no caminho de regresso, a embarcação enfrentou a pior tempestade que ele já tinha visto: ventos polares sopravam furiosamente, o mar revoltado batia na sua madeira e depois de várias horas a ser fustigada, a nau foi cedendo e a água, que já era demasiada para ser retirada, começou a afundar a embarcação naquele mar do norte gélido e impiedoso. Passado algum tempo, uma nau que cruzava os mares com destino a Portugal avistou três homens que boiavam nas águas, agarrados a destroços, sem terem já força para gritarem por socorro. De imediato foram lançadas cordas e socorridos, embrulhados em cobertores e tratados com chá quente. Chegados a Portugal, os náufragos foram transportados para o Hospital Medieval de Lisboa, porém, Wanderley teve de permanecer alguns meses internado, pois as sequelas do tempo que permanecera na água eram graves. Os companheiros que tinham com ele sobrevivido tiveram melhor fado e saíram do hospital passados poucos dias. Joana, uma jovem e linda fidalga natural de Lamego, encontrava-se naquele hospital a ser tratada de uma doença respiratória. Os dois jovens fizeram conhecimento e começaram a conviver. O tempo foi passando e à medida que Wanderley ia melhorando, os sentimentos iam-se afirmando: tornaramse amigos inseparáveis e, depois, apaixonaram-se perdidamente um pelo outro. Wanderley não era rico, era um funcionário da coroa com um médio salário, os seus pais não tinham títulos ou propriedades e ele tinha subido na vida a custo de muito esforço, dedicação e inteligência. O que fazer para se casar com a bela Joana que descendia de príncipes, duques e marqueses? E, parasua desgraça, havia perdido a nau para o seu rei… Encontrava-se, portanto, numa situação desfavorável, mais uma vez. Todavia, não se deu por vencido, enviou uma mensagem ao seu rei, que lhe perdoou a sua perda e lhe encomendou uma nova nau que lhe deveria levar prontamente. E assim aconteceu. Desta vez, o mar foi amável, chegando intactos, ele, a tripulação e a nau, ao seu destino. O rei ficou tão satisfeito com tal embarcação que nomeou Wanderley funcionário oficialmente responsável pelas trocas comerciais com Portugal. O jovem não cabia em si de contente, pois ia ter um bom argumento para pedir a mão da sua amada. Joana, que tinha regressado a Lamego e aguardava ansiosamente por novas do seu amado, recebeu finalmente uma carta a fazer um prévio pedido de casamento, porém a sua família era contra, achavam que um casamento com alguém sem títulos nem riquezas estaria a manchar o seu nome e estatuto e a sua filha só poderia casar com conde, visconde, barão, enfim, alguém de linhagem nobre. Contudo, eles gostavam tanto um do outro que não

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desistiram do seu amor e continuaram a tudo tentar para ficarem juntos. Um dia, na carga que o navio de Wanderley transportava para Portugal, havia algo de muito valioso. O jovem ficara incumbido de entregar, pessoalmente, no Paço Episcopal de Lamego, umas tapeçarias flamengas que tinham sido adquiridas a uma família da alta nobreza de Flandres por um bispo de Lamego. O conjunto de tapeçarias confecionadas na conceituada oficina de Pieter Van Aelst narravam a história do rei Édipo e era considerado um tesouro raro de valor incalculável. De tal modo que Wanderley tinha sido incumbido da nobre, mas difícil, missão de entregar as preciosas tapeçarias em excelentes condições no seu destino. E assim aconteceu e com tal desvelo o fez que caiu nas graças do bispo lamecense, que passou a ser protetor de Wanderley e, como era uma pessoa com enorme poder e influências naquela época, conseguiu que os jovens concretizassem o que tanto desejavam, um casamento que lhes permitiu viver unidos um grande amor!

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“A VIAGEM NO TEMPO” GABRIEL DUARTE MAGALHÃES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

ARMAS EPISCOPAIS DE MANUEL DE VASCONCELOS PEREIRA Lamego 1773-1786 Madeira de castanho entalhada, dourada e policromada Proveniente do antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 537 © Museu de Lamego

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Olá! Eu sou o Leon, um dragão da China, e faço várias viagens no tempo para ir ver o que as pessoas faziam nos tempos antigos. Nas minhas pesquisas, descobri que havia um Museu de Lamego, então, hoje vou lá. Espero bem que as crianças não venham! -Olá, eu sou a Kipo e estou disposta a fazer esta viagem contigo, Leon! – disse Kipo, chegando de forma imprevista. -Nem tu nem os teus amigos podem vir, Kipo, desculpa! A Kipo insistia muito para ir com Leon nas viagens no tempo, mas ele nunca permitia e ela sempre ficava muito triste. Wolf e Marce também queriam ir, mas ele não deixava, contudo, com insistência e muito trabalho, lá conseguiram. -Ok, meninos, podem vir, mas não toquem em nada lá, ok? Todos prometeram que não iriam mexer em nada. Leon abriu o portal e disse aos meninos para subirem na sua cauda, mas recomendou que se agarrassem muito bem, pois ia a muita velocidade. -Chegámos! - avisou Leon. Ficaram espantados a olhar para todos os lados, mas lembrando que não poderiam tocar em nada. -Leon, o que é aquilo?- perguntou Kipo . Leon respondeu: -Aquilo, noutros tempos, era a residência dos bispos de Lamego. -Eles foram para outra casa? -Não sei! Vamos avançar um pouco no tempo para descobrirmos! Leon explicou-lhes tudo o que ele sabia, mas, mesmo assim, eles ficaram com dúvidas. -Agora, ali, está a ser construído o Museu de Lamego! – disse Mice. Então, decidiram realizar mais outra viagem no tempo, para verem o Museu de Lamego todo construído e ficaram abismados ao repararem como ele ficara. Entraram no edifício e viram as tapeçarias flamengas, cinco quadros de Grão Vasco, os brasões ... A fachada do Museu estava linda, tinha várias janelas com varandas, um brasão no topo da estrutura do Museu ... -Vamos para a nossa casa, já estamos aqui há muito tempo, temos de ir, senão estragamos o futuro! - avisou Leon! -Adeus, Museu de Lamego! Nós regressaremos em breve! – gritaram os meninos em coro.

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“A VIDA SECRETA DOS MONUMENTOS” SOFIA TRINDADE REQUEIJO LEITE AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

PÓRTICO (FRAGMENTO) DA CAPELA DO DESTERRO 1619 Granito Mosteiro das Chagas de Lamego Depósito da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, Lamego © Museu de Lamego

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Um cavaleiro andava pelo mundo, pois acreditava que iria encontrar algo tão valioso e apaixonante que ficaria para a História. Os monumentos, que sobreviviam aos séculos e guardavam as histórias de tantas gerações, fascinavam-no, mas a sua preferência ia para os museus. Contudo, o tempo passava e não descobria nada que o apaixonasse. Um dia, encontrou uma menina que estava a ler um livro intitulado “A vida secreta dos monumentos”. Foi imediatamente ter com ela, para se inteirar do assunto, e soube que esse livro falava de um antigo Paço Episcopal, em Lamego, e também de vários outros monumentos que existiam na cidade, mas o que mais fascinava a menina era a antiga residência dos bispos. Depois de ouvir as palavras da leitora, o cavaleiro despediu-se e partiu em direção a Lamego. Procurou o Paço Episcopal, observou-o com atenção, achou que era um edifício imponente, mas decidiu que teria de fazer umas mudanças para o que pretendia, pois, tal como o livro sugeria, nunca se deve desistir, era o livro que estava a dar-lhe “forças”. “Este antigo Paço Episcopal está a precisar de obras, para o transformar num museu.” Esta ideia não saía da cabeça do cavaleiro. Depois de muitos contactos, de muitas diligências e de muito trabalho, a 5 de abril de 1917, a missão estava concluída, finalizadas as obras que incluíam a modificação da fachada e o adicionamento de vários cómodos. No dia da inauguração, o cavaleiro decidiu fazer um discurso sobre a fachada, era aquilo que lhe dava mais orgulho: -Estamos aqui presentes para testemunhar esta obra incrível e quero agradecer a todos os que a tornaram possível. Gostaria de salientar esta fachada imponente, de uma beleza nobre e singular, a mais bela e majestosa fachada dos museus que conheço. As janelas elegantemente adornadas com graciosas toucas e aventais, o majestoso portal de entrada, o brasão do Prelado, as robustas varandas, tudo rigorosamente distribuído numa perfeita simetria, tornam esta fachada digna do espólio que vai guardar e que ficará na História… Depois de ouvir isto, fiquei deitada no jardim do Museu a olhar para as estrelas, o tempo foi passando, foram entrando e saindo algumas peças. Ah!Desculpem, ainda não me apresentei! Chamo-me Sofiliana, sou uma menina sem idade e gosto tanto de saber histórias da vida secreta dos monumentos que as escrevo. A certa altura, veio um quadro de Grão Vasco que tinha um cavalo e, como sou muito curiosa, decidi ir logo pedir uma explicação. Era o cavalo do cavaleiro que tinha reformado o museu. Neste momento, já se passaram 104 anos e estamos a viver uma altura muito complicada com o covid-19. Contudo, continuo a escrever para que estas histórias do passado fiquem na memória de todos. No 104.º aniversário do Museu de Lamego, a 5 de abril, depois de vários meses encerrado devido ao confinamento motivado pela pandemia, o nosso querido Museu recebeu uma prenda digna do seu valor: a Medalha de Ouro da Cidade atribuída pelo Município de Lamego! Este dia especial foi festejado com um conjunto de atividades que, apesar do acesso presencial restrito, determinado pela pandemia, puderam ser acompanhadas através das redes

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sociais. O Museu recebeu, ainda, um lintel epigrafado do século XVII, proveniente do Mosteiro das Chagas. Quanto ao cavaleiro, ele ainda está vivo! Sim, vivo em cada um que aprecia, conserva, valoriza e dignifica o património!

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“CORTEJO DE DESPEDIDA” LÍGIA FERNANDES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 12º ANO A

CORTEJO DE DESPEDIDA E EMBARQUE DE DONA CATARINA DE BRAGANÇA PARA INGLATERRA Dirk Stoop (c.1615-1686) (Reprodução alemã a partir de água-forte de Dirk Stoop), 1662 Legado de Ana Maria Pereira da Gama (2013) Inv. ML 7821 © Museu de Lamego

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Dona Catarina de Bragança Moça de extrema fé e pureza, viu-se naquele mês de chuva tomar parte de uma outra realeza. Do Terreiro do Paço partira, rumo àquelas ilhas do Norte, onde não se falava a mesma língua e onde o mar não trazia a mesma sorte. Milhares de pessoas assistiram ao cortejo de despedida da infanta, que agora deixava a sua nação para trás e todos os seus sonhos de criança. Tão nova, tão pura lá foi pelos mares Dona Catarina, futura sua majestade inglesa, outrora uma simples menina portuguesa.

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“DE OUTRO PLANETA” MARIA LEONOR ALVES SEBASTIANA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

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No meio de… nada, simplesmente nada, na Lua, duas grandes amigas chamadas Pitucha e Romita, duas extraterrestres, tiveram uma grande aventura. Decorria o dia 29 de abril de 2021 quando Romita avistou um objeto muito esquisito, tão estranho que não sabia bem o que era, então, foi chamar a sua amiga. As duas, muito curiosas, entraram lá dentro e… BIP! Voaram pelo espaço. Assim, aperceberam-se que aquilo era uma nave espacial. As duas tentavam insistentemente sair dali, mas não conseguiam de forma alguma. Elas estavam tontas e a nave despedaçada e sem controlo. Depois de algumas horas de turbulência, com pânico à mistura, logo se aperceberam que tinham aterrado no planeta Terra, na Europa, em Portugal, mais precisamente numa cidade chamada Lamego, à frente de um lindo edifício. Repararam que na fachada daquele edifício havia vinte janelas, dez delas muito detalhadas, e as outras dez, janelas normais. Também existia uma estátua em homenagem ao bispo de Lamego D. Miguel, embaixador de Portugal. E logo suspeitaram que era um Museu. Um bonito jardim rodeava o Museu, com árvores e uns lindos e confortáveis bancos onde elas se sentaram para apreciar a vista. Assim, tranquilamente instaladas, observaram demoradamente a fachada do edifício. Era realmente magnífica, de uma beleza nobre e imponente! Maravilhadas com o aspeto exterior, decidiram visitar o interior. Quando entraram, viram duas portas e de uma delas vinha uma voz… -Estamos aqui reunidos neste magnífico dia para celebrar o 104.º aniversário do Museu de Lamego! Foi neste momento que Romita e Pitucha se perguntaram: -O que se passará ali? De quem será aquela voz? Vamos entrar e ver. E assim foi, com um olhar curioso sobre tudo e todos, foram avançando. Quando entraram na sala, ficaram assustadas, pois era tal a multidão que não conseguiam ver absolutamente nada. Pacientemente esperaram que alguns se dispersassem, para conseguirem ver quem estava a discursar. Por fim, vislumbraram o comunicador e ouviram alguém referir que era o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Ângelo Moura. O Sr. Presidente da Câmara?! Ficaram estupefactas!Cada vez mais curiosas, as duas aproximaram-se, apresentaram-se e logo os três criaram uma relação de empatia. Deste encontro imediato surgiu-lhes a oportunidade de conhecerem melhor o Museu de Lamego e a cidade. Sem hesitar, mostraram interesse em conhecer este belo local. Durante esta visita encontraram alguém especialista em naves espaciais e foram logo a correr até à oficina para falar com este técnico. Quando chegaram lá, já era tarde, falaram rapidamente com o homem sobre a avaria da nave e foram informadas de que a avaria só estaria reparada no dia seguinte. Logo de manhã, bem cedo, foram falar com o especialista:

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-A nossa nave já está pronta? -Sim, a vossa nave está em boas condições para regressarem. -E o que te devemos para compensar o vosso trabalho? Faremos de tudo! –declararam com convicção. -Eu gostaria de visitar alguns monumentos históricos da cidade, muito particularmente o Museu! Sou um grande apreciador de arte e penso que só nos conhecemos bem se conhecermos as nossas raízes… As duas, com muito entusiasmo, exclamaram: -Nós sabemos exatamente onde ir e com quem contar!!! Os três dirigiram-se da oficina à Câmara Municipal e daí ao Museu. Lá, os três ficaram maravilhados com tantas peças maravilhosas, com tantas histórias interessantes do passado! Quando as duas saíram do Museu, nem queriam regressar, mas teve que ser. Na Lua, contaram com tal estusiasmo a sua experiência aos seus conhecidos que vários ficaram ansiosos por visitar o Museu de Lamego! Aguardam-se, pois, visitantes de outro planeta a qualquer momento!

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“DIÁLOGOS CLANDESTINOS NO MUSEU DE LAMEGO” DIOGO FILIPE CASTRO MORGADO AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

CRIAÇÃO DOS ANIMAIS Vasco Fernandes 1506-1511 Óleo sobre madeira Proveniente do antigo retábulo da Sé de Lamego Inv. ML 14 © Museu de Lamego

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[im[ PROVÁVEIS Aquele era um dia especial para o pequeno Lamecus! Não era mais um dia normal de escola, mas sim o dia da tão esperada visita ao Museu de Lamego. Até acordou mais cedo, tal era a ansiedade. Já na escola, juntou-se aos seus colegas e, com uma euforia incontida, entraram no autocarro rumo ao Museu. Chegaram à hora prevista e Lamecus posicionou-se no primeiro lugar da fila. Durante a visita observou cada recanto e pormenor daquele espaço. Colocou várias questões sobre tudo o que observou, desde os objetos que pertenceram aos bispos que por cá passaram, à arca tumular detalhada com imagens sobre a caça ao javali, às tapeçarias flamengas, à Capela de São João Evangelista até aos quadros de Grão Vasco, onde admirou especialmente o primeiro quadro, que mostrava um belo cavalo branco. Quando chegou a casa contou tudo aos pais, sentia-se orgulhoso, pois descobrira que o Museu da sua cidade tinha 18 itens considerados tesouros nacionais! Nessa noite teve dificuldade em adormecer, mas com alguma paciência... “Catrapum”, caiu para o lado num sono profundo. Entrou no Museu e, subitamente, um cavalo branco como a neve apareceu-lhe à frente. Ficou assustado, mas o cavalo prontamente o tranquilizou dizendo: -Então?! Pensava que querias ser meu amigo! Senti o teu olhar pousar demoradamente sobre mim quando a vossa turma observava os quadros de Grão Vasco, só que, naquela altura, não podia comunicar contigo… Foi assim que ele percebeu que aquele era o cavalo branco do quadro de Grão Vasco. -Claro que sim, mas tu és mesmo real? Quando olhava para ti, no quadro, quase te sentia vivo! Era arrepiante! -Segura a minha crina e já vais ver... Num relance, entraram no primeiro quadro de Grão Vasco, O cavalo explicou que aquele quadro falava da criação do Mundo, apresentando Deus com as mãos levantadas em ato de criação perante um grupo de animais, que tinha acabado de criar. Era tudo tão estranho! Conseguia ver tudo de tão perto! Uma ovelha, um elefante, um camelo… Então o cavalo levou-o a sobrevoar todos os cantos do Museu. Conseguia ver tudo de uma perspetiva diferente. Sentia as pernas a tremer, nunca tinha voado daquela maneira! Ouviram um barulho estranho. Era o segurança do Museu. Assustados, foram-se esconder. O cavalo voltou para a sua posição no quadro e o Lamecus saltou para dentro da arca tumular, deitando-se para se esconder. Após uns segundos, ouviu uma voz cavernosa e misteriosa que lhe soprava aos ouvidos: -Ouve lá, quem és tu, que tens a ousadia de entrar no meu leito de descanso eterno? -Desculpe, não a vi, não sabia que estava aqui! – desculpou-se, aterrorizado, saltando como uma mola.

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[im[ PROVÁVEIS -Não sabes que aqui jaz D. Teresa Anes de Toledo, terceira mulher do Conde Pedro Afonso, senhor das terras de Lalim, bem próximas de Lamego, e uma enorme figura literária? -Ss-sim! – titubeou - Já tinha ouvido falar disso, mas pensava que estudos recentes levantavam dúvidas relativamente à pertença do túmulo… -Dúvidas?! Pois, enquanto não for desalojada por esses estudos, sou eu que aqui estou! De novo, Lamecus começou a ouvir um barulho de passos que se aproximavam e, estarrecido, fugiu dali, subindo ao piso superior e passando pelas pinturas de Grão Vasco, em alvoroço. -Então, ainda aqui andas? – perguntou o cavalo estupefacto? -Sim, não consigo encontrar a saída e ouvi passos! -Sobe rapidamente, vou levar-te à saída! – disse o cavalo, saltando do quadro. E voando clandestinamente conduziu o seu amigo ao pátio de entrada. Lamecus tentou desesperadamente abrir a porta, mas estava trancada. Distinguiu o som de passos rápidos. Escondeu-se atrás de um balcão e ouviu a voz ofegante do vigilante, ao telefone. -Está? Sra. Diretora, aconteceu algo horrível. Roubaram um quadro de Gão Vasco! Eh… Sim, tenho a certeza! O quadro do cavalo não está lá… No sítio dele, está outro… Encolhido no seu esconderijo, Lamecus sentia o coração galopar. Entretanto, o cavalo regressara ao seu lugar. Em breve, começaram a chegar algumas pessoas: a Diretora do Museu, agentes da PSP. Enquanto o segurança relatava a ocorrência, a Diretora subiu ao andar superior e, após uns breves instantes, regressou declarando com estupefação: -Sr. José, o quadro lá está no lugar de sempre! Mas, afinal, o que é que se passa? Dirigiram-se todos ao local e… o quadro lá residia, impávido e indiferente ao tumulto instalado. E perante a perplexidade do segurança, a Diretora afirmou: -Sente-se bem, Sr. José? Creio que precisa de um bom dia de descanso para restaurar o cérebro! Lamecus, aproveitando o momento certo, saiu sorrateiramente e mal sentiu o ar fresco no rosto, abriu os olhos e viu o rosto da mãe, zangada, debruçada sobre a cama: -Então, Lamecus?! Levanta-te, depressa, vais chegar atrasado à escola!

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“HISTÓRIAS SECRETAS NO MUSEU DE LAMEGO” JOSÉ MIGUEL SILVA REBELO AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

O TEMPLO DE LATONA Jean van Roome Flandres, 1520 Lã e seda Antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 2 © Museu de Lamego

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Numa certa tarde eu e a minha turma fomos visitar o Museu de Lamego. Nesta visita vimos tudo o que havia para ver, ficamos lá até ao final do dia, foi uma tarde inesquecível em que a aprendizagem e o divertimento caminharam lado a lado, mas o melhor ainda estava por acontecer. Na final da visita, fui à casa de banho e, quando regressei, não vi ninguém. Aflito, corri para a porta de saída, mas estava trancada, tinha ficado fechado e sozinho dentro do museu! Fiquei apavorado, mas tentei manter a calma, pois pensei que iriam dar pela minha ausência e voltar para trás para me resgatar. Porém, o tempo foi passando e ninguém aparecia. Cheio de medo, encostei-me à porta de saída, muito encolhido e a chorar, pois estava apavorado, com frio e cheio de fome. Depois, fui caminhando pelo Museu, na expectativa de encontrar alguém. Comecei a imaginar que as obras de arte iriam ganhar vida e sentia-me só e indefeso. No meio de tantos pensamentos tenebrosos, dei por mim na sala das tapeçarias flamengas. Parei. Tinha a impressão de estar a ser observado, ouvia vozes, mas não conseguia ver ninguém. Subitamente, vi as personagens que estavam bordadas nos tapetes flamengos ganharem vida e saírem das tapeçarias. Era como se estivesse tudo a acontecer naquele momento e eu fizesse parte de tudo. A rainha Níobe corria, com um pau na mão, tentando atacar a rainha Latona e gritando: “Assassina! Mataste os meus filhos!” A rainha Jocasta clamava como uma louca pelo filho desaparecido. Édipo lutava ferozmente com sei pai, Laio, tentando matá-lo com uma espada. Eu fugia de um lado para o outro, procurando evitar aqueles acessos de violência. Uma Jovem aproximava-se anunciando “Eu sou a Força”; outra surgia de outro lado proclamando “Eu sou a Verdade!”. Algumas vozes femininas anunciavam: “Eu sou a Misericórdia!”, ”Eu sou a Paz!” “Eu sou a Justiça! Ora, vamos lá todos para o Julgamento! “Para o julgamento? Que julgamento? Para o julgamento deve ir ela, que matou os meus filhos!” “Para o julgamento do Paraíso!” Havia muitas pessoas estranhas e animais assustadores, queria fugir dali, mas não conseguia, as minhas pernas não se mexiam, o meu corpo não reagia com tanto medo. Encolhido, num canto da sala, eu observava, petrificado, aquelas cenas de terror. Imprevisivelmente, uma dama aproximou-se de mim e perguntou-me: “Quem és tu? Não te conheço! Que vestes tão estranhas! Que peça é essa que usas no rosto?” “É uma máscara por causa da pandemia” – esclareci. “Da pandemia?! É a peste! – disse ela afastando-se rapidamente – Ele tem peste! Fujam! Fujam!” – gritava alucinada. E todos se atropelavam para regressarem o mais rapidamente possível às respetivas tapeçarias de onde tinham saído. Estarrecido e incrédulo com tudo o que se estava a passar, fiquei pregado no canto em que me encontrava. O silêncio aumentava o medo e a solidão. Apetecia-me chorar, gritar, mas não me saía qualquer som. Pareceu-me ouvir um barulho quase impercetível, longínquo. Depois, um ruído mais forte.

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Algumas vozes. Saí do canto, corri pelas salas guiado pelo som das vozes que se tornavam cada vez mais nítidas. Reconheci a voz da minha mãe. E vi um grupo de pessoas, entre as quais se encontravam os meus pais, a minha professora, uma funcionária e a Diretora do Museu. Corri para eles e… -Ouve lá! – interpelou-me o meu amigo Luís, desconfiado – Mas isso é real? -Não me interrompas, Luís! Estou a viver isto intensamente!...

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“O MENINO E A TAPEÇARIA” MARTA ISIDORO FREIRE AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

ÉDIPO EM TEBAS Bernard van Orley (debuxo), Pieter Van Aelst (oficina) Flandres, 1525-1535 Óleo sobre madeira Proveniente do antigo retábulo da Sé de Lamego Inv. ML 14 © Museu de Lamego

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Um dia, um menino chamado Abel foi visitar o Museu de Lamego com os seus pais. -Chegámos ao museu de Lamego! - anunciou o pai do Abel com júbilo. Entraram e foram observando algumas peças que aguardavam pacientemente os olhares e a companhia dos visitantes, até que entraram na sala das tapeçarias. -Pai! Mãe! Olhem que tapeçaria linda! – exclamou o Abel. -É mesmo linda! - concordou a mãe do Abel. Os pais de Abel foram-se embora, mas o Abel ficou a apreciar a tapeçaria até que… -Olá, Abel! – saudou a tapeçaria. Abel ficou perplexo e observou: -T-tu acabaste de falar? Wow! Como sabes o meu nome? – gaguejou Abel. -Calma! Uma pergunta de cada vez! - respondeu a tapeçaria. -Ok! Ok! Como consegues falar? - perguntou Abel ainda confuso. -Eu sempre consegui falar, mas só o faço com algumas pessoas! Estou a falar contigo, porque acho que ainda não conheces a história do museu. -E como sabes o meu nome? - questionou Abel surpreendido. -Eu sei sempre o nome das pessoas que não sabem a história do museu. -Abel? Onde estás? – perguntou o pai preocupado. -São os meus pais. - elucidou Abel meio triste por ter de parar de falar com a tapeçaria. -Vamos, filho, estava muito preocupado! - confessou o pai com voz grossa. -Que pena!…- pensou o Abel Quando o pai se afastou, Abel e a tapeçaria despediram-se.

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-Adeus! - disse a tapeçaria com nostalgia – Fico com pena de não continuarmos a nossa conversa! -Eu depois volto! – prometeu o Abel. Abel e os pais dirigiram-se a outros espaços do Museu. -Irra! - resmungou a tapeçaria, irritada por não poder contar a história ao Abel. -Que lindo Museu! - comentou a mãe do Abel. Quando se dirigiam para o carro, Abel manifestou a sua deceção por não ter conseguido ver tudo. -Depois, vens aqui novamente e vês tudo melhor, Abel! – disse a mãe. Passado um dia, Abel revisitou o museu e foi a correr para junto da tapeçaria. -Olá, Abel, fico feliz por te ver de volta, aqui no museu! – exultou a tapeçaria. -Eu também estou! – comentou o Abel. -Posso contar-te a história do museu? - perguntou a tapeçaria. -Com todo o gosto! Só te agradeço! E a tapeçaria começou a contar… -Antigamente, o edifício onde está instalado o Museu de Lamego era a residência episcopal, mas depois tornou-se neste lindo museu, fundado no ano de 1917. Aqui moram os cinco quadros de Grão Vasco que restaram de uma série de vinte, encomendados pelo Bispo D. João de Madureira para a capelamor da Sé de Lamego. A linda fachada do museu foi feita com muito trabalho e por homens extraordinários! Eu cá sou uma tapeçaria Flamenga, faço parte de uma coleção que adornava as paredes do Paço Episcopal. De repente, alguém se aproximou e o Abel fingiu que estava a observar a tapeçaria. Mas, quando a senhora se afastou, o diálogo continuou. -Bem, continuando, temos o pátio que era um jardim esplêndido, mas continua a ser lindo, os painéis de azulejos, que integravam originalmente um conjunto de treze painéis e foram encontrados na segunda metade do séc. XX. E agora ,que eu saiba, só falta falar do Brasão, eram armas de D. Frei Luís da Silva Teles, um Bispo de Lamego.

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-Mas, não faltam as capelas? – observou o Abel. -Faltam, sim, obrigada por me lembrares! Falta a capela de Nossa Senhora da Penha de França, a primeira capela em talha dourada, em estilo barroco, proveniente do extinto Convento das Chagas, que o Museu de Lamego possui; a capela de São João Evangelista, a maior e mais valiosa de todas as que existiam no claustro do Mosteiro das Chagas e a capela de São João Baptista, toda revestida com pinturas religiosas e proveniente dos claustros do Mosteiro das Clarissas de Lamego. -Já é tarde, tenho de me ir embora! Gostei muito de saber tudo isto! Foi maravilhoso, obrigado! Vou escrever num papel para não me esquecer e poder contar a outros meninos!

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“O SONHO DO JAVALI” DIANA MARIA MORAIS GOUVEIA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

ARCA TUMULAR Portugal Séc. XIV Granito São João de Tarouca Inv. ML 559 © Museu de Lamego

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No Parque Biológico da Serra das Meadas, vivia um javali chamado Jorge. Ele adorava espreitar a paisagem que podia ser vista do alto da montanha. Apreciava o rio Douro a espreguiçar-se no vale da Régua; o monte São Domingos e a sua linda capela. Também gostava de observar muitas casas, ora juntas como um formigueiro, ora separadas como estrelas. Ouvia dizer que, ao longe, existiam as cidades de Chaves, de Vila Real e de Viseu, só que ele vivia encantado com a cidade de Lamego. -Jorge, porque é que Lamego te encanta tanto? – perguntou o cavalo Toni. -A cidade é tão bonita! Tem um enorme Santuário com um escadório monumental, tem igrejas belas e antigas, um castelo altaneiro e vigilante, um museu cheio de tesouros, um teatro esplendoroso e muitas fontes de água pura. – elucidou o javali. -Eu gosto da festa do 3 de maio porque tem corrida de cavalos!- atalhou o Toni. -Sabes, Toni, do que eu gosto mesmo em Lamego é do Museu. Gostava tanto de o ir visitar! É… um sonho meu! -Se queres saber mais sobre o Museu, fala com a coruja Margarida. De repente, no alto de um pinheiro, ouviram um pio seguido de uma gargalhada fininha. -Alguém falou no meu nome? Eu sou muito inteligente! Sei tudo sobre todos os museus do mundo: o Louvre em França, o Museu do Prado em Madrid, o Museu dos Coches em Lisboa e, claro, sou especialista no museu de Lamego. -Então conta lá! – pediram os dois animais ao mesmo tempo. -O Museu de Lamego foi fundado em 1917 e tem vindo a tornar-se famoso até os dias de hoje. No edifício do Museu já viveram bispos, como por exemplo Dom. Miguel. -E que sabes mais? – perguntava Jorge, extasiado. -Alguns objetos que fazem parte do Museu vieram do extinto Convento das Chagas e da Câmara Municipal de Lamego. O cavalo e o javali estavam com os olhos brilhantes de tanta sabedoria demonstrada pela coruja. -Tenho uma grande surpresa para nós os três! – anunciou a coruja, radiante - Vamos visitar o Museu no dia 18 de maio! -O quê?! Isso é verdade? Não, estás a brincar e isso… -Não, é mesmo verdade! Acreditem! – atalhou a coruja.

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-Porquê essa data? – inquiriu o javali. -É o Dia Mundial dos Museus. No ano de 2021 há uma grande novidade. -Diz! Diz! – gritaram os animais entusiasmados. -Os animais também podem entrar! -Uau! Uau! Viva! – exultavam o javali e o cavalo. Nesse dia de maio, os três animais entraram no museu e viram quadros de Grão Vasco, as vestes dos bispos, o mobiliário antigo, as tapeçarias… Eles gostaram muito das tapeçarias flamengas, mas adoraram a pintura “Criação dos animais”!... A partir desse dia, todos os animais têm direito a tirar uma foto à entrada do Museu de Lamego.

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“TAPEÇARIAS FALANTES NO MUSEU DE LAMEGO” MARGARIDA DA FONSECA SABENÇA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

ÉDIPO E A RAINHA JOCASTA Bernard van Orley (debuxo), Pieter Van Aelst (oficina) Flandres, 1525-1535 Lã e seda Antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 6 © Museu de Lamego

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No dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, decidi fazer uma visita ao Museu de Lamego. No meu caso, eu não precisava de nenhuma pessoa para me guiar, pois já tinha visitado aquele museu incrível várias vezes e ouvido muitas informações sobre as peças que lá moram. E lá estava eu, a rever as maravilhosas Tapeçarias Flamengas, quando ouvi umas vozes: algumas agudas, outras graves... Olhei para todos os lados, mas não vi ninguém. Estranho! Como essas vozes eram muito ténues, parei de exercer qualquer movimento e prestei, ainda, mais atenção. Depois de ficar muito tempo completamente imóvel, percebi que as vozes vinham do conjunto de quatro tapeçarias que narram a tragédia do rei Édipo. Aproximei-me delas, recordando a terrível história que elas nos contam e que eu já tinha ouvido. É curiosa esta forma de contar histórias, não é? Então, apercebi-me que as vozes vinham da tapeçaria que representa a coroação de Édipo como rei de Tebas e o casamento com Jocasta. Por instantes, até pensei que estava a sonhar, mas depois reparei que as vozes vinham exatamente do local onde estava a decorrer o casamento. Observei pormenorizadamente a tapeçaria. Vi, então, a rainha Jocasta que, para meu espanto, era muito nova, e o rei Édipo, sentado no trono, à sua direita. Próximo deles, dois homens, curvados, a levarem a coroa e o cetro real. Podem ver- se, também, dois arautos fazendo soar instrumentos de sopro e, no plano posterior esquerdo, o momento no qual Édipo defronta e decifra o enigma da Esfinge. Por fim, o sol já estava a desaparecer e parei de ouvir as vozes, então fui para casa, mas com a ideia fixa de, no dia seguinte, regressar ao museu para continuar a ver as maravilhosas Tapeçarias Flamengas e decifrar aquele enigma das vozes… Uma tapeçaria falante?! Quando cheguei a casa, não conseguia parar de pensar no episódio passado no museu, mas mantive-o em segredo, pois era algo tão insólito que até receava contá-lo… Na manhã seguinte, mal tomei o pequeno-almoço, peguei nas minhas coisas e dirigi-me ao museu. Quando entrei, tudo se mostrava normal até que comecei a ver umas luzinhas que pareciam pretender conduzir-me a algum lugar. Depois de seguir o rasto de luzes, apareceu uma porta. Parei, mas após uns breves minutos de hesitação, abri-a e entrei. A viagem foi um pouco desagradável, mas valeu a pena, porque, no final do trajeto, encontrava-se o sumptuoso palácio dos reis. Nesse momento, ainda estava um pouco confusa, mas ao mesmo tempo feliz, porque sempre quis conhecer o nosso passado, épocas e culturas diferentes. As pessoas usavam roupas muito estranhas, mas pareciam ser todas muito simpáticas. Como estava assombrada com tudo o que via, distraidamente, colidi com uns meninos que pareciam ser gémeos e da minha idade. Olhámo-nos com espanto, observando as diferenças existentes entre nós. Depois, conversámos, falámos um pouco de nós, das nossas épocas, vidas e costumes tão diferentes! Tornámo-nos amigos, eles mostraramme muitas coisas e falaram-me da sua vida, do seu quotidiano e eu ouvia-os deslumbrada! Contaram-me todos os episódios (alguns dos quais eu ainda não conhecia) que conduziram àquele casamento aberrante entre mãe e filho, o destino implacável que ninguém conseguiu evitar!

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Contudo, no final do dia, quando estava a tentar regressar à minha cidade, não consegui e fiquei em pânico! Porém, os meus novos amigos tranquilizaram-me e prometeram que me iam ajudar a sair de lá e a voltar para a minha casa. O tempo ia passando e não conseguíamos vislumbrar uma saída, até que um deles teve a ideia de ir perguntar ao rei, que era muito amigo deles. Quando chegámos junto do rei, este disse-nos que só havia um caminho para eu regressar, só que era muito perigoso para nós, então deu ordens a dois guardas para irem connosco e nos protegerem. Passámos por caminhos muito estreitos e perigosos até que, finalmente, encontrámos uma porta que me levaria de novo para a minha cidade. Custou-me um pouco deixar os meus amigos, mas também queria muito regressar à minha família, então tinha de voltar. No entanto, prometemos que voltaríamos a encontrar-nos, a cruzar épocas e fronteiras, fios de lã e seda habilmente trabalhados, para passarmos alguns momentos em alegre convívio. Depois disso, sempre que lá voltava, ia visitar os meus amigos. Nunca contei nada a ninguém, pois, quem acreditaria em histórias de tapeçarias falantes? Mas, afinal, não contam elas algumas histórias?

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“UM SONHO REALIZADO” LEONOR FERREIRA DOS SANTOS AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

CAPELA DE SÃO JOÃO EVANGELISTA Lamego. Portugal Século XVIII Madeira entalhada, dourada e policromada Proveniente do Mosteiro das Chagas de Lamego Inv. ML 123 © Museu de Lamego

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Lia vivia numa aldeia e gostava muito de ocupar o seu tempo livre a navegar nas redes sociais, até que um dia viu uma publicação que falava sobre a cidade de Lamego e os seus monumentos … Decidiu abrir o “post” e explorar. Ficou logo com uma certeza: Lamego é uma cidade de encanto, recheada de património arquitetónico, cultural e, acima de tudo, religioso, mas não foi isso que a encantou mais! Os seus olhos fixaram-se no Museu de Lamego, local onde se concentram amostras de todo o encanto da cidade, desde a sua criação até a épocas mais recentes. Como não morava na cidade e a idade ainda não era indicada para viagens a só, Lia foi pedindo aos seus pais uma visita em família a esse Museu, que tanto a encantara apenas com imagens, com a intenção de as comparar à realidade. No seu aniversário, eis que é surpreendida com um bilhete familiar para visitar o monumento, e lá foram até ao centro histórico da cidade de Lamego, para usufruir da tal visita. Era a concretização de um sonho! À chegada, a fachada do edifício já encanta, com traços do estilo barroco e com uma dimensão fora do vulgar, que lhes fez despertar a curiosidade sobre a quantidade de elementos museológicos que estarão no seu interior. Na entrada do Museu, é-lhes apresentada a Isabel, guia permanente do Museu de Lamego que iria tornar esta visita muito mais lúdica e explícita. Explicou que o edifício se dividia em várias salas com vários nomes e temas, dos quais destacou a sala das tapeçarias, sala da ourivesaria, sala arqueológica, sala dos azulejos, e até uma capela, a Capela São João Evangelista. À medida que se iam deslocando até às salas, Isabel foi dizendo que o Museu foi fundado em 1917 e que funcionou como Paço Episcopal, sendo um dos Museus que foi abrangido pela implantação da República e seus efeitos em 1911 (Lei de Separação do Estado das Igrejas). O mesmo possui coleções de pintura, tapeçaria, mobiliário, ourivesaria, paramentaria e meios de transporte, que faziam parte do recheio do antigo palácio, complementadas, mais tarde, por um conjunto de capelas revestidas em talha dourada, espécies arqueológicas, cerâmicas, gravura, desenho e fotografia. A guia também nosexplicou que dezoito peças à guarda do Museu de Lamego foram consideradas “Tesouro Nacional”, e alguns dos fatores que em 2006 levaram a essa atribuição foram a originalidade e a raridade. Mas há um leque muito mais extenso com exemplares datados entre o séc. I e o XX que permitem um percurso de descoberta sobre a evolução da cidade de Lamego e dos homens e mulheres que a habitaram ao longo dos séculos. A visita superou todas as espectativas, pois as peças são muito mais fantásticas no local do que as que estão disponíveis “online”, sejam elas apresentadas com ou sem “fotoshop”, talvez devido à organização, disposição das peças e envolvência, tudo isto aliado ao grande profissionalismo da guia Isabel. Sem dúvida que é um Museu com peças maravilhosas, de valor inestimável, com especial destaque para as Tapeçarias Flamengas, painéis de Grão Vasco e Arca Tumular…Quem visita esta bonita cidade não pode deixar de entrar neste lugar, pois ele é ótimo para quem gosta de cultura, conhecimento e arte. No regresso às aulas, Lia contou à sua diretora de turma a prenda que os pais lhe tinham oferecido e, devido ao seu entusiasmo, a professora agendou

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logo uma visita de estudo ao Museu de Lamego! E curiosamente, nesse ano, participou no concurso “Estórias (im)prováveis, promovido pelo Museu de Lamego, pela Biblioteca Municipal de Lamego e pela Rede de Bibliotecas de Lamego.

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“UMA VIAGEM NO TEMPO” FRANCISCO DA SILVA SANTOS FERNANDES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

O JULGAMENTO DO PARAÍSO Jean van Roome (debuxo) Flandres, c. 1520 Antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 1 © Museu de Lamego

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Eu e o meu amigo Diogo estávamos no Museu de Lamego, a apreciar a bonita tapeçaria “O Julgamento do Paraíso”, quando ouvimos: psiu, psiu, psiu “huc omnis judicandos homo reus est” (anda cá, todos têm de ser julgados)! Seguimos os “psiu” e fomos dar a uma porta, mas os “psiu” continuaram, então a porta abriu-se com o maior ranger que eu já ouvira durante a minha vida… Passado aquele momento de medo, vimos o interior de um tempo que parecia medieval, as pessoas andavam com espadas, escudos, arcos e flexas era tudo muito diferente… Chegamos à frente de uma bela e alta construção, que deduzimos ser um grande palácio, apareceu um homem majestosamente vestido e cheio de joias, virámos a cabeça e vimos uma coroa. Imediatamente, fizemos uma vénia e, de repente, o suposto rei falou: “Grata visitors!” Eu e o Diogo não percebíamos latim, então lembrei-me do meu telemóvel e pesquisei. Depois de algumas pesquisas,descobrimosquequeriadizer“Bem-vindos”… Fomos bem recebidos e ensinámos algumas palavras em português para podermos comunicar melhor. Esperamos não ter arruinado alguns momentos da magnífica história do Mundo!… Depois de um grande banquete, fomos a uma praça que se chamava: Vita bona, que quer dizer Vida boa. Havia uma grande animação: música, venda de armas medievais, comes e bebes e outros entretenimentos. Depois tocaram 14 badaladas todos ficaram em sentido. Ao meu lado estava o Diogo e o Rei exclamou: -Sit primo judicii! (Que comecem os julgamentos!) Então chegou um homem vestido de preto com uma peruca encaracolada e uma gola branca. O Rei disse-me que aquele senhor era um juiz, mas era ele o Rei, quem tomava a decisão final. O senhor juiz dava a sua opinião, mas era o Rei que dava o veredito final: assim, o réu era obrigado a ir para as masmorras do mundo ou para o Paraíso. Entretanto, assistimos a alguns combates acesos entre os vícios e as virtudes. De um lado, duas figuras femininas, a Força e a Justiça atacam um grupo entregue aos prazeres da música; do outro lado, duas figuras tambémfemininas, a Paz e a Misericórdia defendem o grupo e pedem perdão para a Humanidade. Passadas algumas horas, o meu receio crescia perante o que estava a ver e resolvi perguntar, com todo o respeito ao Rei: -Paenitet imus etiem judicandum? Non volo! (Desculpe, nós também vamos ser julgados? Não quero?)

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-Nemo non modo! Later… (Não, agora não! Mais tarde…) – respondeu o Rei com determinação. Mais tarde? Bem, comecei a não gostar muitoda situação e arrisquei: -Ego autem vade in domum tuam. (Tenho de ir para casa) -Sede a nice bene et trinus! (Fica bem e boa viajem) - disse o rei. -Passamos a porta e saímos, os nossos colegas ainda estavam lá. Em pezinhos de lã fomos ter com a nossa professora e ninguém reparou em nada…

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“VIAGEM AO PASSADO NO MUSEU DE LAMEGO” LEONOR FERREIRA DOS SANTOS AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

LAIO CONSULTA O ORÁCULO Bernard van Orley (debuxo), Pieter Van Aelst (oficina) Flandres, 1525-1535 Lã e seda Antigo paço episcopal de Lamego Inv. ML 4 © Museu de Lamego

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No dia 5 de abril de 2021, a nossa turma, acompanhada pelo professor de História e Geografia de Portugal, dirigiu-se ao Museu de Lamego. Quando chegámos lá, já estava um guia à nossa espera e nós, contentes e entusiasmados, iniciámos a visita. Primeiro, fomos a um espaço que tinha brasões e desenhos esculpidos em pedra, roupas de bispo, uma arca tumular e estátuas. Quando saíamos da sala, vi uma pessoa vestida com roupas de bispo iguais às da sala. Fui ter com o guia a correr, informando que havia um bispo a mexer nas pedras. Ele foi averiguar, mas o bispo não estava lá… Eu esfreguei os olhos e continuei a visita, achei que estava alucinar. Depois, fomos ver as pinturas do Grão Vasco, eram cinco pinturas e todas muito bonitas. Inicialmente, existiam vinte pinturas, que estavam na capelamor da Sé de Lamego, só que quinze estão desaparecidas. De repente, vi Grão Vasco, muito concentrado, a pintar outro quadro! Contei aos meus colegas o que tinha visto, mas eles olharam-me com estranheza e não acreditaram. Por último, fomos ver as Tapeçarias Flamengas, eram tapetes com desenhos que contavam histórias. O guia explicou que um dos tapetes contava uma história sobre um oráculo onde, certo dia, um rei se dirigira para saber o que o futuro lhe reservava e o oráculo fez uma previsão horrível. Foi-lhe dito que iria ser assassinado pelo seu filho e este iria casar com a sua mãe. Eu fiquei aterrorizado com a história! Subitamente vi um oráculo, ao vivo, onde se adivinhava o futuro das pessoas que o consultavam. Fiquei perplexo e atemorizado! Porque estaria eu a ver o passado? Primeiro, fui ter com o Grão Vasco e expus-lhe a minha preocupação, mas ele disse que não sabia a razão de eu estar a ver o passado. Contudo, pareceu-me pouco convincente, achei que ele estava tramando alguma coisa… De seguida, perguntei se podia ajudar na pintura “A criação dos animais” e ele permitiu. Contudo, por acidente, desenhei um rinoceronte. Grão Vasco, aborrecido, disse para parar porque um rinoceronte não fazia parte da biodiversidade de Portugal. Depois, fui à sala onde estava o bispo, muito ocupado, e apresentei-lhe a mesma questão, mas ele respondeu que não fazia a mínima ideia.De seguida fui para a sala das Tapeçarias Flamengas e perguntei às pessoas que estavam à espera de entrarem no oráculo se sabiam por que razão eu estava a ver o passado. As pessoas, enfadadas, respondiam: “Ó rapaz, aqui, prevê-se o futuro, não se fala do passado…” Já cansado deste mistério, preparava-me para ir ter com a minha turma, quando o bispo, apercebendo-se da minha inquietação, se dirigiu a mim informando-me que o Museu de Lamego tinha sido criado no dia 5 de abril de 1917, portanto estavam a comemorar o seu centésimo quarto aniversário e que aquelas recriações de situações passadas estavam inseridas nas atividades comemorativas. Surpreendido e invadido por um misto de emoções, fiquei, por momentos imóvel e emudecido. Depois, procurei a minha turma à qual me juntei. Alguns colegas, ao verem-me, perguntaram curiosos: “Por onde andaste?” Ainda a remoer os episódios vividos, retorqui: “Numa viagem ao passado!”

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“VISITA VIRTUAL” SARA FERNANDES SONNEMBERG AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

PAINÉIS DO ANTIGO RETÁBULO DA SÉ Vasco Fernandes 1506-1511 Óleo sobre madeira Proveniente do antigo retábulo da Sé de Lamego © Museu de Lamego

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A professora já nos tinha informado que, nos próximos dias, íamos visitar o Museu de Lamego e nós andávamos excitados. O Museu de Lamego é um edifício muito bonito, que se situa na parte central da cidade, ao fundo do jardim e da avenida que conduzem ao escadório da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios. Este antigo palácio foi o Paço Episcopal antes de se tornar museu. A curiosidade era tanta que já sonhava como seria esta visita com os meus colegas de turma, mas tudo parou, o maldito bicho Covid-19 mandou-nos para casa, em rígido confinamento, e a visita ficou adiada. Fiquei muito triste e todos os dias, em minha casa, em frequentes devaneios, eu visitava aquele museu! São oito da manhã e, como sempre, tenho que ir para a escola. -Sara, vamos lá acordar! - trovejou a minha mãe. -Ó mãe, hoje não me apetece nada ir para a escola! – lamuriei com voz ensonada. -Então hoje não tens a visita ao Museu? Estavas tão ansiosa! – lembrou a mãe. -E só me acordaste agora, mãe? – retorqui, levantando-me de um pulo. E lá fui eu para o museu. Quando cheguei à porta, fiquei encantada, com o belo edifício que vi. -É grande e bonito, este edifício! – exclamei. Entrei na receção do Museu e ouvi uma voz que vinha de uma enorme televisão, colocada na parede da receção, que cumprimentava todos os visitantes e desejava que a visita fosse do nosso agrado. -Seja bem-vindo ao Museu de Lamego! Como se chama? – perguntava a menina do ecrã virtual. -Eu chamo-me Sara, e venho com a minha turma visitar o Museu de Lamego. Mas estava à espera que esta visita fosse guiada por alguém! Quer dizer, uma pessoa que nos levasse a todos os espaços do museu, e não uma menina virtual. -Sara, isso era há uns anos atrás, agora, este Museu só tem visitas virtuais! Vamos, então, começar, por esta sala! – orientou a menina virtual.Entrámos e logo se acendeu outro ecrã onde apareceu, novamente, a menina virtual que nos disse: -Nesta sala, estão cinco das mais belas Tábuas pintadas por Grão Vasco, representadas por cinco painéis. Sara, sabes como se chamam estas cinco

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pinturas? – perguntou a menina virtual -A minha professora já me falou delas. São quadros de Grão Vasco – respondeu a Sara. -Então vou dizer-te o nome delas. Começou pelo primeiro, “Criação dos Animais”, “Anunciação”, “Visitação”, “Circuncisão” e “Apresentação no Templo”. Esta visita estava a ser uma grande aventura! Para além de todas as peças maravilhosas, a maior surpresa foi a menina virtual que me explicou tudo sobre a história deste Museu. Contudo, foi bizarro, quando, de repente, pensei. -Mas, onde andam os meus colegas e a professora? Afinal, ainda estava na minha caminha e, nesse dia, as aulas iam ser online…

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O SANTUÁRIO DE NOSSA SRA. DOS REMÉDIOS

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SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS © Museu de Lamego, Paula Pinto, 2021.

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“NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS, PROTEJA O SEU POVO!” LETÍCIA BENEDITA CARDOSO SILVA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO A

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Numa fria tarde de inverno, confinados por causa do vírus, eu e os meus pais saímos em direção ao Parque da Nossa Senhora dos Remédios, para irmos apanhar lenha. Uma equipa de voluntários procedia a limpezas na mata e era permitido recolher a lenha daí proveniente. Parecia que estávamos na Antártida, pois caíra chuva forte, que deixara o chão todo molhado e escorregadio. Já em casa, enquanto tirávamos os agasalhos, espreitei pela janela. Qual não foi o meu espanto, quando observei uma estrela cadente, parecidíssima com a estrela que os reis magos seguiram até encontrar o Menino Jesus. Fiquei espantada! Até porque apontava para a direção do Hospital de Lamego. Entretanto, chamaram para jantar, tendo, de seguida, ido dormir. A minha cabeça não parava de dar voltas. Por que motivo aparecera uma estrela tão especial no céu? A ideia mais óbvia era, no dia seguinte, tentar descobrir o que teria acontecido. Arranjava uma desculpa qualquer e … eu tinha de ir ao hospital! Quando acordei, o inverno tinha dado tréguas. Nessa manhã, algo de muito grave tinha acontecido! Não parávamos de ouvir as ambulâncias em direção ao Hospital, provenientes de vários pontos da cidade. Estávamos a tomar o pequeno-almoço, nem me passou sequer pela cabeça perguntar aos meus pais se podia sair, com aquela confusão…. Passou a manhã,… quando as peças do puzzle começaram a encaixar na minha cabeça. Já há algumas semanas que Lamego estava em risco extremamente elevado!... Muitos novos casos de infetados com o Covid-19 assombravam o concelho. A falta de respeito era visível e a irresponsabilidade era uma realidade: as pessoas saíam à rua para fazer coisas não essenciais, nas superfícies comerciais não cumpriam o distanciamento social necessário e usavam a máscara de forma incorreta… Ao início da tarde, a minha mãe autorizou-me a sair, com aquelas recomendações típicas de uma mãe galinha, agora ainda mais, dada a pandemia que aterrorizava e intimidava os mais cuidadosos. A minha casa ficava perto do hospital. Quando lá cheguei, encontrei uma enfermeira cansada, sentada num banco, no exterior do pavilhão de campanha aí instalado, banco esse perto da estrela cadente que tinha avistado. Fui ter com ela e perguntei-lhe: -Boa tarde. Sente-se bem? Está ali uma estrela cadente pendurada em plena luz do dia! Por acaso já deu conta como ela brilha? -Olá. Eu sou a Ana. Muitas perguntas tens tu para mim, uma enfermeira cansadíssima. Mas também tenho duas para ti. O que estás a fazer aqui? E quem és tu? -Ontem, avistei em casa uma estrela cadente igualzinha à vossa. Lembrei-me que vocês, profissionais de saúde, estão muito exaustos, pois têm-se verificado muitos novos casos nas últimas semanas. Decidi vir até aqui ver se precisam de ajuda. Sou a Maria, desculpe, nem me apresentei. -Sabes, as pessoas não têm cuidado. As medidas de segurança são insuficientes e nem são fiscalizadas. As pessoas fazem o que lhes apetece e estão

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longe de compreender a gravidade desta situação. -Tenho tanto medo do que ainda pode vir a acontecer - disse eu, a chorar. -Devia o presidente da Câmara Municipal impor alguma ordem nesta situação. É tão difícil falar com ele. Sou enfermeira dos cuidados intensivos, estou saturada…. - desabafou, num tom de desânimo. -Ana, já descansaste? Entra! - gritou uma voz que vinha do interior do edifício. -Bem, tenho de ir. O enfermeiro-chefe Joaquim espera por mim. Depois de falar contigo, sinto- me mais aliviada. Até breve! -Gosto de ajudar as pessoas. Não vou esquecer este momento - afirmei eu, enquanto a enfermeira me virava costas rumo ao serviço, a passo largo. Quando cheguei a casa, contei esta aventura à minha mãe que, de imediato, ofereceu-se para ir comigo tentar falar com o Senhor Presidente. Quem não arrisca, não petisca! -Até preferia que fosse já agora. Mas antes… Mãe, quero ir ao Santuário da Nossa Senhora dos Remédios, quero pedir-lhe proteção para todos nós. Tenho medo desta pandemia e preciso de apoio ... -Vamos desabafar com a nossa padroeira. De certeza que do alto da cidade abençoa o nosso caminho e eleva o nome de Lamego nos quatro cantos do mundo. Sempre ouviu as nossas preces, sobretudo as tuas. Tens o dom de atrair boas energias - sugeriu a minha mãe, Aurora, cheia de esperança. Fomos de carro, rapidamente chegámos ao Santuário. Abri o meu coração como se falasse com a minha melhor amiga, como se “ela” estivesse ali do meu lado. Próxima paragem: a Câmara Municipal. Com a ajuda de um amigo de longa data, o Sr. Nicolau, e com o coração repleto de fé, conseguimos chegar ao Sr. Presidente, a quem expus os meus receios, as minhas ideias, as minhas vontades! -Olá, minha menina. Gostei muito de te ouvir. Já estava a ponderar estabelecer medidas mais restritivas, devo proteger o nosso concelho, o nosso povo. Agora, vou passar à ação, porque nem imagino o sofrimento e o desgaste dos profissionais de saúde. Nessa mesma tarde, o Presidente falou na televisão e na rádio locais. Tinha anunciado novas medidas e afirmou que iria haver polícias a controlar as ruas e os supermercados. Rapidamente, a minha cidade passou a estar em risco moderado e os casos começaram a diminuir. Nossa Senhora dos Remédios, és GRANDE!

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“UM AMOR INESQUECÍVEL” GABRIELLE DIAS MARQUES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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Era em 1904 e faltava mais ou menos um ano para as obras da igreja de Nossa Senhora dos Remédios ficarem prontas. -É isso, Amélia? Não sei ao certo; sabes que sou péssima com datas. -É isso, sim! Meu pai e quase toda a minha família trabalharam nessa grande obra; confesso que não vejo a hora de realmente tudo ficar pronto. -Huuum! Acho que você irá arrepender-se do que acabou de dizer. -Eu vou o quê? -Esqueça! É melhor não se tocar no assunto novamente e retomar a história. Recapitulando, era 1904 e faltava um ano para as obras serem finalizadas. Os habitantes de Lamego e arredores não viam a hora de tudo ficar pronto. Amélia, uma jovem alta e bonita, era muito desejada por todos os homens de Lamego e chamava imenso a atenção devido à sua beleza, à sua pele morena, aos seus cabelos longos e ao jeito delicado e atencioso com que ela se dava com toda a gente. -Meu Deus! Essas obras demoraram muitos anos para serem concluídas. Começaram em 1750 e acho que terminaram por volta de 1905. Lembro-me das histórias que o meu avô contava quando chegava a casa. Ele não via a hora de as obras ficaram realmente prontas pois isso iria atrair várias pessoas para contemplarem e apreciaram o santuário. Não é que o avô dela realmente tinha razão? Quando as pessoas souberam que essa obra iria finalmente ficar pronta, não viam a hora de conhecer o santuário. Entre elas, estava o Joaquim. Joaquim era um francês esbelto e encantador. Muitas foram as pessoas que afirmavam que o rapaz tinha um rosto esculpido por um anjo. Esse jovem francês estava com viagem marcada para Lamego, pois, como era um devoto de Nossa Senhora dos Remédios, ele sentia a necessidades de contemplar o santuário. Igual a ele, também temos a Amélia. Isso realmente aconteceu, Amélia? – Sim! Até onde eu me lembro, estava muito ansiosa para visitar o santuário quando ficasse pronto. E ficou. Era uma obra magnífica, que demorou imenso tempo devido à sua complexidade. Muitos homens trabalharam lá. Um deles era muito rico e chamava-se Fernando. Nessa época, casamentos arranjados era o que mais existia. Não foi diferente com a nossa Amélia. O pai dela já havia falecido, mas deixou bem claro que ela tinha que casar-se com o Fernando.

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-Quem é Fernando, Amélia? Acho melhor ela contar para vocês! -Pois o Fernando! Ele realmente amava-me muito, mas eu não o amava tanto como ele a mim. Eles ainda não eram casados oficialmente, mas o rapaz morria de ciúmes da Amélia, já que ela era a mais desejada de Lamego. Por ser um homem poderoso, ninguém nunca se atreveu a chegar perto dela, pois todos tinham imenso receio. Porém, o francês nem sequer sabia da existência desse barão. Quando chegou à cidade, deparou-se com a grande construção e também com Amélia, quepasseava na avenida. Ficou tão espantado com a beleza dela que empalideceu e, não dando conta que existia uma pedra no seu caminho, acabou por tropeçar. Amélia viu-o cair e apressou-se socorrê-lo. Foi naquele preciso momento que Amélia encontrou o amor de sua vida; o encontro destas duas almas originou um dos amores mais extraordinários que eu já vi. Algo tão puro, ingénuo e verdadeiro que todos os que estavam a andar por aquela avenida sentiram a intensidade no olhar dos dois. -Por ser uma cidade pequena, em Lamego, os boatos correm à solta, rápido, rápido. Até demais, não é, Amélia? -Nunca me vou esquecer daquele momento! Sinto até que o meu coração parou de bater! E o que eu havia de dizer ao barão assim que chegasse a casa? Pois de certeza ele já deveria saber dessa história e iria tirar uma conclusão sobre esse assunto. Amélia estava a escrever um poema e na pressa deixou o papel cair e nem se deu conta disso. O francês tentou correr atrás da rapariga, mas observou o papel a voar e decidiu ir buscá-lo e lê-lo. O poema dizia assim: Um dia, gostaria de encontrar um amor inesquecível; um amor capaz de me fazer tão feliz que nunca iria ficar triste até nos momentos difíceis; um amor tão forte e tão intenso que não seria suficiente uma vida para o amar da maneira que ele deve ser amado. Então, eu iria encontrar-me com ele noutra vida. No dia da inauguração, imensa gente estava presente para subir o escadório e contemplar o santuário. No meio da multidão, estavam Amélia e Joaquim, com os olhos brilhando. Já tinha passado muito tempo desde aquele encontro quando a mulher esbelta percebeu o que era o amor, o amor de verdade na sua forma mais pura e inocente. Já tinha passado imenso tempo desde o dia que o Joaquim procurou a rapariga pela cidade inteira para lhe entregar o poema que ela não tinha finalizado. Ambos sabiam que tinham sido feitos um para o outro.

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-Espera! Lembrei-me dessa parte da história. Eu estava no santuário a observar o quanto Lamego era bonito visto de cima e ouvi o Joaquim a chamarme. Naquele momento, o meu coração parou de bater como da primeira vez; eu só sentia que deveria passar o resto da minha vida com esse homem. -Estás linda como sempre! Sinto que somos muito próximos de uma maneira que não consigo explicar; eu quero prender-me no teu amor. Se houver barreiras que impeçam o nosso amor, tentarei derrubá-las. Eu amo-te; tu es inoubliable, je t'aimerai pour toujours. Só que Fernando vigiava Amélia constantemente porque tinha ficado a saber que o Joaquim era apaixonado por ela. Ele aparece nesse momento e dispara contra o Joaquim. Amélia assusta-se e bate com a cabeça com demasiada força na parede. Ela desperta de um longo sonho e pergunta onde está o Joaquim e grita que o ama, pois nunca deixou claro o sentimento que tinha por ele. Ela ficou muito debilitada e acabou por ser internada, pois conversava consigo mesmo e cada dia que se passava esquecia-se das coisas. Em seguida, foi abandonada pelobarão que jurava amá-la. No período no qual ainda era jovem e estava lúcida, ela terminou o poema que o Joaquim tinha devolvido. “Antes de você ir embora da minha vida, havia algo que eu poderia ter dito. Tu és inesquecível; talvez noutra vida eu possa encontrar-te e nessa vida eu direi em voz alta que te amo com todas as minhas forças.” Amélia está agora noutro plano e pode finalmente encontrar-se com o amor da sua vida.

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O SOLDADO DESCONHECIDO

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SOLDADO DESCONHECIDO © Museu de Lamego, Paula Pinto, 2021.

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“ÚLTIMO ADEUS” PATRÍCIA SOFIA DIAS GONÇALVES AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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A 1ª Guerra Mundial Não foi só um abalo regional mas sim mundial Em Lamego Não há sossego Após a morte do Soldado Desconhecido O mundo ficou perdido Despediste-te da tua mãe Antes de partir Pobre mãe Já não te vai poder ver a sorrir Serás um anjinho Lembrado com carinho Vamos para a avenida Ver a tua despedida Nós todos Cantando Adeus, Adeus, Pequeno Soldado

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O TEATRO RIBEIRO CONCEIÇÃO

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TEATRO RIBEIRO CONCEIÇÃO © Museu de Lamego, Paula Pinto, 2021.

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“A GRANDE “A PAIXÃO” GRANDE PAIXÃO” MARIA CAROLINA FONSECA DA SILVA CARDOSO FERREIRA MARIA CAROLINA FONSECA DA SILVA CARDOSO FERREIRA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

CRIAÇÃO DOS ANIMAIS Vasco Fernandes 1506-1511 Óleo sobre madeira Proveniente do antigo retábulo da Sé de Lamego Inv. ML 14 © Museu de Lamego

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O edifício do Teatro Ribeiro Conceição foi inicialmente construído em 1727 com objetivo de ali funcionar o Hospital da Misericórdia. Mais tarde, no ano 1886, o Quartel do Regimento da cidade de Lamego sofreu um grande incêndio e a Misericórdia decidiu ceder o espaço ao Quartel. No ano seguinte, por azar, houve um incêndio no novo Quartel, ficando o imóvel reduzido a destroços. Em 1924, José Ribeiro Conceição decidiu comprar o edifício queimado pelas chamas, reconstruí-lo, mantendo a fachada setecentista, e transformá-lo num teatro que viria a ficar com o seu nome. Na inauguração do Teatro Ribeiro Conceição, a 2 de fevereiro de 1929, esteve presente a conceituada atriz Lucília Simões. A partir desta data, este edifício acolheu espetáculos de teatro, cinema, ópera, música, dança, tornando-se uma referência na vida cultural da região. Vários anos depois da abertura deste belíssimo espaço consagrado à arte e à cultura, foi apresentada uma peça de teatro onde contracenaram Eunice e Rui. Durante os ensaios, já se tinham criado crescentes afetos entre os dois atores, contudo, foi na representação da peça no Teatro Ribeiro Conceição que a paixão entre ambos despertou. Aquele local mágico fez explodir o amor que existia entre os dois e sentiram-se fortemente apaixonados. Após o espetáculo, Eunice e Rui tiveram que regressar a Lisboa, pois era lá que residiam. Decorrido algum tempo, no dia de aniversário de Eunice, Rui apareceu em casa com um bolo de aniversário que escondia uma surpresa. Chegada a hora de partir o bolo, Rui cortou uma fatia no local estratégico e colocou-a no prato de Eunice, depois, cortou outra para si. Subitamente, Eunice apercebeu-se que a sua fatia continha algo duro e estranho ao bolo econstatou, atónita e emocionada, que era um anel de noivado. Comovida, disse que aceitava o pedido de casamento. Começaram os preparativos da festa. Marcaram a data do casamento que decidiram realizar-se na Sé Catedral de Lamego. Ambos o desejavam, não poderia ser de outra forma, pois fora naquela cidade, mais precisamente no Teatro Ribeiro Conceição, que a sua paixão eclodira. O copo de água foi servido no átrio do Museu de Lamego. Havia muitas mesas redondas para os convidados, enfeitadas com laços de seda de várias cores, flores e velas. A mesa dos noivos estava deslumbrante, decorada com flores, velas e pérolas. Os noivos estavam muito felizes. No final do banquete, os noivos entraram num belíssimo coche do Museu de Lamego, que já se encontrava preparado para os transportar, e dirigiram-se para o Teatro Ribeiro Conceição, onde uma orquestra tocou e todos dançaram ao som da música naquele palco fascinante. Os noivos saíram mais cedo da festa, entraram no coche que os aguardava e percorreram a linda cidade de Lamego, encantados com o seu património cultural. Em 1989 o Teatro encerrou, todavia, a Câmara Municipal de Lamego adquiriu o Teatro e, em 1993 realizaram-se obras de reconstrução no edifício. A 23 de fevereiro de 2008, o Teatro Ribeiro Conceição foi inaugurado e reabriu as suas portas.

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O casamento de Eunice e Rui durou toda a vida e o Teatro Ribeiro Conceição foi sempre a grande paixão do casal.

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“FANTASMA À SOLTA NO TEATRO RIBEIRO CONCEIÇÃO!” LETÍCIA BENEDITA CARDOSO SILVA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 5º ANO

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Estávamos muito entusiasmados. Eu e a minha turma, a melhor da escola, íamos ver o Scooby, um filme, ao Teatro Ribeiro Conceição. Uma oferta do Diretor de Turma, por nos termos portado tão bem ao longo do ano letivo. Qual não foi a nossa surpresa quando o Professor entrou no ginásio, com uma cara muito triste, um olhar baixo, e disse-nos: -Lamento muito, mas …não há filme! O Teatro está encerrado. Passa-se alguma coisa muito estranha... Claro que ficámos muito desapontados. Instalava-se a desilusão total. -Mas alguém sabe o que se passa no Teatro? – resolveu arriscar a Lisa. -Não, vou tentar recompensar-vos de outra maneira. – disse o Professor.- Isso agora não interessa, vamos lá aquecer para treinar basquetebol. Tocou a campainha para irmos almoçar. Uma delícia de almoço: batatas fritas e carne grelhada. Alguma coisa que nos fizesse felizes. Depois de prepararmos os tabuleiros, sentámo-nos a conversar. -O que estará a passar-se no Teatro? – perguntou a Nono. -Não vos quero assustar. Algum fantasma… – murmurou a Lena, assustada. -Temos de descobrir! Mas não conseguimos entrar no Teatro, está fechado. – retorqui eu, tão intrigada, tal como as minhas amigas. Durante esta conversa, surgiu-me uma ideia. -Olhem lá, meninas, como amanhã é feriado e depois temos o fim de semana, podemos convencer o segurança a deixar-nos entrar! Queríamos tanto ver o filme!!… -É uma ótima ideia, mas como convencer os nossos pais? – interrogou a Nono, curiosa, como sempre. -Dizendo a verdade, claro. – concordámos todas. Devo esclarecer que tudo o que envolvesse “mistério” era connosco. As aulas tinham passado a voar. Terminada a aula de TIC, a Lisa informou em tom de ordem: -Meninas, amanhã vemo-nos às 9 horas, em ponto. No dia seguinte, acordámos todas muito bem-dispostas. O céu estava azul como o mar, e o sol quente e luminoso de verdadeiro estio. Por sorte, os

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2018-2019

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nossos pais disseram sim e saímos de casa ouvindo esta recomendação: “Tem cuidado e volta cedo”. Antes das nove, já lá estávamos todas e, com muitas conversas, conseguimos convencer o segurança. Uns doces pelo meio ajudaram um pouco! Todas nos assustámos quando vimos aranhas de plástico, um intenso foco de luz e um som saído dos bastidores, um “Uhhh Uhhhh”! Decidimos entrar e, qual não foi o nosso espanto ao ver um armário que, assombradamente, abria e fechava as portas! Num ápice, saiu de lá...um fantasma! -Ah! Ah! Fantasma! Fujam! Ah! Depois de grandes voltas, voltámos ao ponto de partida. E a Lisa exclamou: -Ele deixou um rasto. Podemos segui-lo. Vamos! Sem sombra de dúvida, ele tinha deixado pegadas. Mas não eram umas pegadas quaisquer. Eram pegadas de ténis. -Amigas, não é bem um fantasma… alguma pessoa mascarada de fantasma, isso sim. Vamos seguir! Fomos parar a um sítio muito estranho. Estava tudo uma bagunça! Papéis no chão, quadros partidos e tristes slogans a dizer “Não me tirem daqui.” “O Teatro é a minha casa”. “Tenho idade, sim, mas o emprego ainda não acabou”. “Não quero ir para a reforma”. Ficámos boquiabertas. Decidimos ir chamar o segurança e contar-lhe a nossa descoberta. -Bem conheço a letra. E sei quem era capaz de fazer isto.- informou o segurança. -Quem?- perguntámos em coro. -O senhor Gouveia, ele foi dispensado do trabalho por causa do limite de idade. Esta sempre foi a sua casa, a sua vida… E ele, que escutava discretamente atrás da porta, entrou na sala, dizendo: -Sim… Preparei esta partida, pois não quero ir para a reforma. Desculpem-me. -Acalmem-se, o Teatro vai reabrir, e o Sr. Gouveia continuará na nossa equipa.- assegurou o coordenador do Teatro, o Dr. Paulo, que se tinha juntado a nós. Ficámos todas tão contentes que a Lena gritava a alta voz: -A nossa turma vai ver o Scobby! Yupi!!Yupi!!! Scooby, dooby, doo...

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Regressámos a casa, eufóricas, partilhando com a família o que tínhamos descoberto. No dia seguinte, chegámos à escola e, em plena aula de Português, ficámos a saber da boa notícia: íamos ser recompensadas. O mistério do fantasma foi descoberto! Venham os próximos mistérios!

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“UM ROMANCE DEBAIXO DE LUZES” BEATRIZ MARQUES SILVA AGRUPAMENTO DE ESCOLA DE LATINO COELHO, 9º ANO B

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ESTÓRIAS

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Em 1727, Lamego preparava-se para um novo monumento, com a esperança de reavivar as tradições antigas. O monumento era o Teatro Ribeiro Conceição. Esta ideia nasceu de José Ribeiro Conceição, que teve a iniciativa de o construir. Uma menina que ficou entusiasmada com esta novidade foi Sara, que era uma amante de dança clássica, mas não tinha onde dançar. Duarte era um rapaz muito bem-parecido. Tinha o cabelo loiro e olhos verdes. Era muito tímido, mas bastante trabalhador. Ele também ficou empolgado, uma vez que andava há muito tempo a procurar emprego, para conseguir ajudar a sustentar a sua família, que era pobre. Conseguiu o emprego e começou a trabalhar sem parar. Quando o teatro começou a ganhar forma, Sara, filha de Manuel, um amigo do proprietário, visitava todos os dias o seu pai, para ver como estava a obra. Ela ficava espantada a cada dia que lá ia, porque o edifício estava cada vez mais bonito. Sempre que os operários faziam uma pausa, a rapariga dançava sem parar; parecia um cisne, bonito e reluzente. Certo dia, quando Sara estava a ensaiar, acidentalmente, caiu em cima de Duarte. Sara ficou tão envergonhada que parecia um pimento bem vermelho. Duarte reparou como ela estava e decidiu então abraçá-la para que ela se sentisse melhor. Naquele momento, o pai da rapariga entrou e disse-lhe que, se voltasse a aproximar- se da sua filha que o despedia. A partir daquele dia, tiveram que se encontrar às escondidas. Foi pena porque Duarte, ao contrário do que Manuel pensava, era um bom rapaz. Passados vários meses, finalmente Duarte ganhou coragem e pediu Sara em namoro, da forma mais carinhosa de sempre. Os anos passaram muito depressa e o teatro ficou concluído. Os dois apaixonados andavam tão felizes que achavam que nada os ia impedir de continuar juntos. Mas Manuel, como teve muito sucesso com o teatro, recebeu uma proposta de trabalho e, por isso, a família teria de deixar Lamego. Sara não ficou nada satisfeita, mas pensou que não se podia afastar do seu pai. A menina tinha que tomar a pior decisão do mundo: ir para outra cidade com Manuel ou ficar com o seu amado. Não foi nada fácil, porém acabou por fazer a sua escolha. O seu pai estaria sempre nos seus pensamentos, porém estava na altura de seguir o seu coração e, neste momento, quem reinava era Duarte.

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Conversa de Escrita Criativa, com Tiago Salazar, no Agrupamento de Escolas de Latino Coelho.

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FICHA TÉCNICA COORDENAÇÃO Alexandra Falcão Conceção e composição gráfica Helena Lemos Paula Pinto Fotografias Museu de Lamego © Museu de Lamego | 2021



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