A exposição Time Lapse reúne as obras de Iolanda Teixeira e Alexina, duas artistas cujas pesquisas convergem na exploração da temporalidadepormeiodetécnicasdiversase materiais inovadores. Alexina utiliza a vitrofusão para criar composições que promovem a interação entre elementos naturaiseartificiais,enquantoIolandaTeixeira transita entre o tangível e o efêmero, reinterpretando a tradição e a cultura com ousadia e uma perspectiva contemporânea. Essaconfluênciadeabordagensresultaemum enredo onde o tempo é desconstruído, revelando camadas de memória, identidade, protestoetransformação.
Alexina emprega vidro e materiais reaproveitados para construir narrativas visuais que dialogam com a permanência e a fragilidade. Obras como “Shipwreck” e “Secret Tree” integram pedaços de embarcações abandonadas e troncos de árvores, simbolizandoacoexistênciadoefêmerocomo eterno. Por sua vez, Iolanda Teixeira captura momentos fugazes da existência humana em composições como “Calçada” e “AmáliaEstranha Forma de Vida”, nas quais o uso vibrante de cores e as referências à cultura portuguesa transformam o familiar em uma provocação estética que atravessa fronteiras temporaisegeográficas.
Juntas, as artistas oferecem ao espectador uma experiência imersiva que convida à reflexão sobre as interseções entre passado, presente e futuro, destacando também questões urgentes como a preservação ambiental e os desafios enfrentados pelas mulheres na construção da sociedade. Time Lapse celebra a arte como uma ferramenta de questionamento e reinvenção, onde cada obra se torna um portal que conecta histórias individuais e coletivas, moldando nossa compreensão de tempoeespaço.
Adriana Scartaris
Curadora São Paulo, 4 de dezembro de 2024
UM ELÉTRICO CHAMADO DESEJO
A obra Um Elétrico Chamado Desejo de Iolanda Teixeira convida o espectador a uma viagem sensorial que ultrapassa o cotidiano Com uma abordagem visual vibrante, a artista reinterpreta o bonde amarelo, símbolo icônico de Lisboa, transformando-o em uma metáfora da passagem do tempo e das jornadas pessoais. Suspenso entre o tangível e o etéreo, o elétrico parece flutuar sobre as ruas lisboetas, conectando o espectadoraumespaçoondememórias,desejoserealidadessesobrepõem.
A composição se destaca pela paleta de cores intensas, onde os verdes e amarelos saturados criam um diálogo visual dinâmico e quase onírico. O amarelo, cor predominantedoelétrico,evocavitalidadeenostalgia,enquantooverde,quedominao cenário, sugere renovação e efemeridade. O contraste entre os elementos estáticos das ruas e a energia do movimento do bonde propõe uma reflexão sobre o equilíbrio entrecontroleeliberdade,passadoefuturo.
A escolha de sobreposições, distorções e a luminosidade quase sobrenatural que conecta o elétrico aos trilhos conferem à obra uma qualidade transcendente. Este detalhe não apenas intensifica a narrativa visual, mas também reforça a dualidade entre o mundano e o sublime. Através dessa tensão, Iolanda provoca uma reflexão sobre os caminhosque percorremose aqueles que desejamostrilhar, questionandose somoscondutoresdenossasjornadasoumerospassageirosdotempo.
Um Elétrico Chamado Desejo propõe uma celebração da transformação e da complexidadedaexistência.Aoultrapassaraiconografialisboeta,aobrasetornauma metáfora universal das buscas humanas, conectando tradição, movimento e inovação de maneira fluida e impactante. Iolanda Teixeira convida o espectador a embarcar em suaprópriaviagemdeintrospecção,ondeotempo,comoobonde,jamaispara.
Um elétrico chamado Desejo Pintura digital sobre acrílico 1/5
150 x 85cm
«CALÇADA» é para PISAR... (?)
Aobra“CALÇADA”éparaPISAR...(?),deIolandaTeixeira,apresentaumasínteseousada entreourbanoeofeminino,emumacomposiçãoquequestionaeprovoca.Inspiradana calçadaportuguesa,omosaicodepedras,umsímbolodaidentidadeculturaldeLisboa, ganha nova significação ao se fundir ao corpo feminino, ressignificando o espaço públicoearelaçãoentreacidadeeoindivíduo.
A escolha do mosaico como elemento central traz consigo a tradição e a memória coletiva, enquanto sua aplicação ao corpo feminino denuncia e subverte narrativas históricas de objetificação. As curvas que formam o padrão da calçada sobre o corpo são tanto homenagem quanto crítica, propondo um diálogo entre pertencimento e autonomia. O número “187”, estrategicamente posicionado, adiciona uma camada simbólicaàobra,sugerindoumconfrontocomquestõesdeopressãoecontrolesocial.
A paleta de cores vibrantes – predominando o amarelo e o rosa – reforça a força e a energia da composição. O amarelo, comumente associado à luz e ao otimismo, contrasta com o rosa, que ressignifica a ideia de fragilidade ao emergir como símbolo de empoderamento. A obra equilibra a materialidade concreta das pedras com a abstração cromática, criando um universo visual que desafia as percepções tradicionaisdefeminilidadeeespaçourbano.
Ao observar “CALÇADA” é para PISAR... (?), o espectador é convidado a refletir sobre as dinâmicasdepoderquepermeiamocorpoeoespaçopúblico.IolandaTeixeirautilizaa arte como ferramenta para reconfigurar narrativas e explorar a complexidade das relações entre memória, identidade e transformação. É uma celebração crítica da mulher e de sua força, inserida em um contexto que mistura tradição e contemporaneidade.
AdrianaScartaris
“CALÇADA” é para PISAR... (?)
Pintura digital sobre tela 1/5 140 x 146cms
BETTE DAVIS - Você nunca será mais feliz do que você espera
«Na obra Bette Davis, Iolanda Teixeira revisita a figura icônica da atriz com uma abordagem que vai além do retrato tradicional. A composição é marcada por uma duplicaçãoinquietantedaimagem,umjogodereflexosqueevidenciaacomplexidadeeas camadas da personalidade pública e privada da artista retratada. Com três olhos que emergemderostossobrepostos,aobradesafiaoespectadoraexplorarascontradiçõese dualidadesquepermeiamaidentidade
O fundo negro, minimalista, atua como um espaço negativo que elimina qualquer referênciaaocontextoexterno,centrandotodaaatençãonafigura.Estevazioamplificaa forçadoretrato,aomesmotempoemquesublinhaaatemporalidadedeBetteDaviscomo umíconecultural.Ascoresvibrantes,quesesobrepõemàfacedaatriz,contrastamcoma escuridão,sugerindocamadasemocionais,introspectivaseatémesmopsicológicas.
A justaposição entre o rosto duplicado e as tonalidades vivas sugere um diálogo entre o real e o imaginário, entre o peso de ser uma figura pública e a vulnerabilidade de uma vida interiorescondida.Aescolhacromática,quevaidetonsquentesamatizesfluorescentes, confere uma aura quase surreal à obra, ao mesmo tempo em que sugere a energia e a intensidadedaatrizemsuavidaecarreira.
Bette Davis é uma interpretação artística que não apenas celebra a figura icônica, mas também convida o espectador a refletir sobre as camadas e narrativas que moldam a identidade. Através de sua composição ousada e do uso de cores e formas desconcertantes, Iolanda Teixeira transforma a imagem da atriz em um espelho multifacetado da condição humana, onde o público e o privado coexistem de maneira intrincadaereveladora.
AdrianaScartaris
BETTE DAVIS
Você nunca será mais feliz do que você espera Pintura digital sobre acrílico 1/5 101 x 90cm
A obra Rouge de Iolanda Teixeira é uma celebração visual e conceitual da feminilidade em sua multiplicidade, construída a partir de uma colagem rica em referências e camadas. Dominada pelo vermelho intenso, a composição explora o poder simbólico dessacor,associadaàpaixão,força,amorerevolução.Aescolhacromáticacriaumfio condutor que conecta as diversas imagens femininas presentes na obra, transformandoacolagememummosaicopulsantedeidentidadesenarrativas.
Noprimeiroplano,destacam-sefigurasemblemáticascomoGraceJones,cujaatitude desafiadora simboliza resistência e empoderamento. Essa escolha, juntamente com outras representações femininas, convida o espectador a refletir sobre a diversidade de experiências e a complexidade da identidade feminina. A justaposição de figuras icônicascomelementosabstratoscriaumatensãoentreoreconhecimentoeoenigma, entreahistóriapessoalecoletiva.
O vermelho, além de transmitir energia e intensidade, serve como veículo de crítica social, questionando as lutas e conquistas das mulheres ao longo do tempo. A montagem, com suas sobreposições e cortes estratégicos, reforça a ideia de fragmentação e reconstrução, como se cada elemento trouxesse um pedaço da experiência feminina universal. O contraste com áreas de azul em segundo plano adicionaequilíbrioàcomposição,sugerindoumaprofundidadequevaialémdovisível.
Rougeéumaobraqueultrapassaosimplesimpactoestético,oferecendoumespaçode diálogo sobre identidade, resistência e transformação. Através de sua composição densa e simbólica, Iolanda Teixeira revela a força visceral e a beleza multifacetada das mulheres,criandoumanarrativavisualqueétantocelebraçãoquantomanifesto.
AdrianaScartaris
ROUGE
Pintura digital sobre acrílico 1/5 150 x 85cm
CARMEN - Despida do mito, vestida de paz
Na obra Carmen: Despida do Mito e Vestida de Paz, Iolanda Teixeira subverte a figura icônica de Carmen Miranda, retirando os adereços exuberantes e colocando a artista em um contexto que destaca sua essência e humanidade O retrato explora um sorriso sereno e genuíno, emoldurado por uma paleta de cores vibrantes e fluídas que, em contrastecomafiguracentral,transmitejuventude,vitalidadeeintrospecção.
Aausênciadeadereçosedeumcenárioidentificávelredirecionaoolhardoespectador paraasimplicidadedorostodeCarmen.Essaabordagemdespojadarevelaamulherpor trás da personagem, enfatizando a força e a sinceridade de sua expressão. O uso de tons fluorescentes, como os rosa, azul e verde, cria um ambiente etéreo, transformandoafiguraemumarepresentaçãodepazinterioreatemporalidade
A composição é marcada por um equilíbrio entre simplicidade e complexidade. EnquantoaimagemdeCarmenédireta,osefeitoscromáticoseascamadasluminosas que a circundam adicionam profundidade e dinamismo, sugerindo um diálogo entre passado e presente. Essa dualidade entre a imagem histórica e sua reinvenção contemporânea reflete o objetivo de Iolanda em ressignificar narrativas culturais e pessoais.
Carmen:Despida do Mito e Vestida de Paz é uma obra que subverte a celebraçãode um ícone. Ela propõe uma reflexão sobre a construção e desconstrução de mitos, destacando a humanidade e a autenticidade de figuras historicamente idealizadas. IolandaTeixeiraofereceaoespectadorumaCarmeníntimaeuniversal,conectandosua históriacomumsentimentodepazqueecoaemtodosnós.
Adriana Scartaris
CARMEN
Despida do mito e vestida de paz
Pintura digital sobre acrílico 1/5 107 x 90cm
AMÁLIA - Estranha forma de vida
Na obra Amália: Estranha Forma de Vida, Iolanda Teixeira presta uma homenagem poética à rainha do Fado, Amália Rodrigues, capturando sua intensidade emocional e sua ligação visceral com a música. A composição equilibra o retrato introspectivo da fadistacomapresençavibrantedeumaguitarraportuguesa,símboloicônicodoFadoe desuasraízesculturais.
O fundo negro minimalista isola os elementos principais, conferindo à obra uma atemporalidade que ressalta tanto a figura de Amália quanto o instrumento. O rosto da fadista, banhado em cores fluorescentes e matizes caleidoscópicos, sugere emoção e transcendência.Suaexpressãodeolhosfechadosecabeçalevementeinclinadaevoca uma entrega plena ao ato de cantar, conectando o espectador à profundidade emocionaldoFado.
A guitarra portuguesa, rica em detalhes, contrasta com a abstração cromática do retrato de Amália. Este diálogo entre o tangível e o efêmero reflete a dualidade entre a materialidade da música e a intangibilidade das emoções que ela desperta. As cores intensas, como rosa, amarelo e azul, não apenas conferem dinamismo à obra, mas tambémcriamumaponteentreatradiçãoeaexperimentaçãocontemporânea.
Amália: Estranha Forma de Vida é retrato da celebração da influência cultural e emocional de Amália Rodrigues. Iolanda Teixeira transforma a fadista em um símbolo atemporal de resistência, autenticidade e paixão artística, convidando o espectador a seconectarcomaprofundidadedoFadoecomauniversalidadedesuasemoções.
AdrianaScartaris
AMÁLIA
Estranha forma de vida
Pintura digital sobre acrílico 1/5
150 x 86,5cm
CARMEN - Chica Chica Boom Chic
Na obra Carmen: Chica Chica Boom Chic, Iolanda Teixeira revisita a icônica figura de Carmen Miranda, afastando-se dos estereótipos que a cercam para destacar sua autenticidade e alegria. A artista nos apresenta Carmen em um momento íntimo de trabalho, segurando um microfone e exibindo seu característico sorriso vibrante, em umretratoquecelebrasuaessênciaenquantoperformeremulher.
O fundo negro e a iluminação que irradia da figura de Carmen criam um contraste poderoso, colocando-a no centro das atenções, como uma estrela que brilha além do palco. A paleta cromática, marcada por tons quentes como amarelo e rosa, sugere energia, vitalidade e entusiasmo, traduzindo a personalidade contagiante da artista. A sobreposiçãodecamadascoloridasadicionadinamismoemodernidade,conectandoo retratoaopresenteenquantopreservasuaatemporalidade.
A simplicidade da cena – Carmen com o microfone, livre de adereços extravagantes –ressignifica sua imagem. Aqui, ela não é apenas a personagem estilizada dos filmes e dospalcos,masumamulherdedicadaàsuaarte,capturadaemummomentoquerevela sua verdade interior e paixão pelo que fazia. Essa representação despojada nos aproximadeCarmen,humanizando-asemperdersuaauradegrandeza.
Chica Chica Boom Chic é um tributo à mulher por trás do mito, que reafirma sua relevância cultural e artística. Por meio de uma estética vibrante e uma composição que mistura o cotidiano com o sublime, Iolanda Teixeira nos convida a redescobrir Carmen Miranda em sua essência: uma artista completa, cuja energia e autenticidade continuamainspirargerações.
AdrianaScartaris
CARMEN
Chica Chica Boom Chic
Pintura digital sobre acrílico 1/5
150 x 86,5cm
BOWIE CAMALEÃO - Normalmente não concordo muito com o que eu digo
A obra Bowie Camaleão de Iolanda Teixeira encapsula a essência multifacetada de David Bowie, uma das figuras mais emblemáticas da cultura pop. O título, inspirado em uma frase irônica do artista, já sugere a complexidade e a autocontradição que marcaram sua carreira e personalidade. A composição visual reflete essa dinâmica, mesclando camadas de imagens, textos e cores em um mosaico que captura tanto o enigmaquantoatransformaçãocontínuadeBowie.
O fundo é uma fusão de tons suaves e vibrantes, como rosa e azul, que rompem com as associações convencionais de gênero e reforçam a identidade camaleônica do artista. As letras e grafismos sobrepostos adicionam textura e profundidade, evocando a experimentação e a inovação que definiram sua obra. A sobreposição quase abstrata das camadas cria um senso de movimento, remetendo à constante reinvenção de Bowieaolongodesuacarreira.
O rosto de Bowie emerge da composição como uma presença quase espectral, um reflexo de sua capacidade de transcender rótulos e moldar sua própria identidade. Os traços são difusos, quase efêmeros, destacando o caráter fluido de sua personalidade e sua resistência a qualquer tipo de definição estática. A justaposição entre o claro e o obscuro simboliza a dualidade do artista: a figura pública carismática e o indivíduo introspectivoeenigmático.
BowieCamaleãocelebraaliberdadecriativaeacoragemdedesafiarnormas.Pormeio de uma estética que mescla abstração e figuratividade, Iolanda Teixeira traduz a essência de David Bowie como um símbolo de transformação, autenticidade e resistência, convidando o espectador a refletir sobre a beleza das contradições que nostornamúnicos.
AdrianaScartaris
BOWIE CAMALEÃO
Normalmente não concordo muito com o que eu digo Pintura digital sobre tela 1/5 60 x 43cm
Green Rocks
AobraGreenRocks,deAlexina,exploraainteraçãoentreonaturaleoartísticopormeio de um uso inovador da técnica de vitrofusão. Composta por fragmentos de vidro em tons de verde e cinza, organizados sobre uma base fluida, a peça evoca uma paisagem fragmentada, como se fosse um recorte de formações rochosas reinterpretadas em umcontextocontemporâneo.
A escolha do verde como tonalidade predominante conecta a obra ao mundo natural, simbolizandovida,renovaçãoe equilíbrio. A irregularidade dos fragmentos de vidro e a variação de transparências criam uma textura rica e dinâmica, que muda de acordo com o ângulo de observação e a incidência de luz. Este jogo entre opacidade e brilho remete à imprevisibilidade e à complexidade do mundo natural, reforçando a ideia de transformaçãocontínua.
A base fluida em que os fragmentos repousam parece dissolver as fronteiras entre materialidade e abstração, sugerindo um movimento sutil e constante. O contraste entre as formas angulosas dos pedaços de vidro e a suavidade da base cria um equilíbriovisualquedialogacomacoexistênciadeforçasopostasnanatureza–rigidez efluidez,permanênciaemudança.
Green Rocks representa de elementos naturais e propõe uma reflexão sobre como a arte pode reinterpretar e recriar o mundo ao nosso redor. Alexina utiliza a vitrofusão não apenas como técnica, mas como linguagem, convidando o espectador a contemplar a beleza e a fragilidade intrínsecas da natureza em sua forma mais essencialereinventada.
AdrianaScartaris
Green Rocks”
Materiais - Vidro Bullseye e folha de prata sobre madeira de mogno Técnica – Vitrofusão 36x25x6 cm
Materials - Bullseye glass and silver leaf over mahogany wood Technique – Fusing glass
Icarus Fall
AobraIcarusFall,deAlexina,apresentaumainterpretaçãocontemporâneaesimbólica do mito de Ícaro, utilizando materiais como vidro fundido, ferro e madeira reaproveitada.Comumacomposiçãoquecombinaformasestruturaisefragmentadas, a peça transmite movimento, queda e transformação, evocando a narrativa clássica comumaabordagemquemisturapesoeleveza,forçaevulnerabilidade.
O ferro, com sua aparência robusta e trabalhada, cria uma trama que sugere tanto aprisionamento quanto proteção, enquanto as peças de vidro em tons quentes, como laranjaevermelho,remetemaofogoeàintensidadedosolquelevouàquedadeÍcaro.A basedemadeirareaproveitada,comsuastonalidadesterrosasetexturaorgânica,atua comoumcontrapontoàdurezadometal,estabelecendoumdiálogoentreohumanoeo natural,omíticoeoterreno.
As linhas cruzadas e sobrepostas criam um dinamismo visual que simula o movimento da queda, enquanto os espaços vazios entre os elementos estruturais sugerem fragilidade e passagem. Essa justaposição entre o sólido e o vazio simboliza a tensão entre aspiração e limite, uma das marcas do mito de Ícaro e um tema recorrente na condiçãohumana.
Icarus Fall transcende a narrativa clássica e a reinterpreta em um contexto contemporâneo, refletindo sobre as consequências da ambição e a busca por transcendência. Alexina convida o espectador a explorar as camadas simbólicas e materiais de sua obra, que dialogam com o mito, com a natureza e com o poder transformadordaarte.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float e chapa de ferro sobre várias madeiras reaproveitadas e tintas acrílicas
Técnica – Vitrofusão
110x100 cm
Materials - Float glass and iron sheet over various reused wood and acrylic paints
Technique – Fusing glass
In Green
A obra In Green, de Alexina, traz da natureza e sua conexão com a arte utilizando a técnicadevitrofusãoparacriarumapeçaqueapresentapaisagensorgânicaseformas topográficas Composta por tons variados de verde e branco, a obra combina transparência e opacidade, simulando a profundidade e as texturas encontradas no mundonatural.
Os tons de verde predominam na composição, simbolizando vida, renovação e harmonia, enquanto o branco introduz um contraste sutil, remetendo à pureza e ao equilíbrio. Os elementos granulados, estrategicamente posicionados, criam uma textura rica e tátil que remete a terrenos irregulares ou coberturas vegetais, estabelecendoumaforteconexãovisualcompaisagensnaturais.
A composição é fluida e curvilínea, sugerindo movimento e continuidade, como um fragmentodeumapaisagemcapturadoemsuaformamaisessencial.Ainteraçãoentre o vidro translúcido e os detalhes texturizados adiciona profundidade e dinamismo à obra, criando uma experiência visual que varia conforme a luz e o ângulo de observação.
In Green vai além de sua materialidade ao propor uma reflexão sobre a relação entre o homem e a natureza. Alexina utiliza a arte como um meio de destacar a beleza e a fragilidadedosecossistemas,convidandooespectadoracontemplaraimportânciada preservação e do cuidado com o mundo ao nosso redor. A peça encapsula uma narrativa de equilíbrio e respeito, representada por meio de sua estética harmoniosa e detalhada.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float e alumínio Técnica – Vitrofusão 40x40 cm
Materials - Float glass and aluminum Technique – Fusing and slumping glass
Lines of Fire I e II
As obras Lines of Fire I e Lines of Fire II, de Alexina, capturam a intensidade do fogo como força simbólica de transformação e renovação. Utilizando uma combinação de vidro fundido, cobre e madeira, as composições evocam paisagens flamejantes em umainterpretaçãoabstrataqueremeteàenergiacriadoraedestrutivadaschamas.
As linhas irregulares de cobre e vidro, que se alternam em tons quentes de laranja e vermelho, sugerem o movimento do fogo, criando uma narrativa visual que transmite dinamismo e força. A textura granulada de alguns elementos contrasta com a suavidadedovidroeobrilhometálicodocobre,ampliandoapercepçãotátildasobras. O fundo escuro, tingido por nuances esverdeadas, estabelece um contraponto que enfatiza as formas e cores vibrantes, remetendo ao impacto do fogo sobre a paisagem natural.
A disposição das linhas em padrões horizontais e verticais sugere organização e caos simultaneamente, refletindo a dualidade do fogo como elemento que destrói para recriar. A interação entre os materiais reforça a ideia de coexistência de opostos: solidezefluidez,forçaefragilidade,caloreresfriamento.
Lines of Fire I e II são um testemunho da habilidade de Alexina em manipular materiais para criar composições que dialogam com forças primordiais. Ao evocar o fogo, a artistaconvidaoespectadorarefletirsobretransformação,regeneraçãoeainteração constanteentrehumanidadeenatureza.Essasobrassãoumacelebraçãodaforçavital queimpulsionamudançasemoldanossomundo.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float, pasta de vidro, chapa de cobre e folha de cobre sobre madeira e tintas acrílicas
Técnica - Vitrofusão 88x88 cm
Materials - Float glass, copper plate and copper foil on wood and acrylic paints Technique – Fusing and slumping glass
Liquid Fire
AobraLiquidFire,deAlexina,éumarepresentaçãovisualdafluidezedaintensidadedo fogo, reinterpretada por meio da técnica de vitrofusão em uma composição que une vidroemadeira.Apeçacombinaavivacidadedascoresquentes–predominantemente vermelhoeamarelo–comatexturaorgânicaerobustadamadeira,criandoumdiálogo simbólicoentreelementosnaturaisemtransformação.
O vidro fundido se espalha sobre o tronco de madeira como se fosse lava incandescente, evocando o poder destrutivo e renovador do fogo. A transparência do material adiciona uma sensação de movimento contínuo, como se as chamas estivessem em constante fluxo. Esse efeito dinâmico é reforçado pelas nuances cromáticasquetransitamentreovermelhovibranteeoamarelodourado,capturandoa energiaprimordialdofogo.
A madeira, com suas texturas e marcas naturais, atua como um contraponto à fluidez do vidro, representando a solidez e a permanência.O contraste entre os dois materiais sugere o impacto do fogo sobre a natureza – ao mesmo tempo que destrói, ele molda, transformaecrianovasformasdevida.
Liquid Fire é uma obra que encapsula o ciclo da destruição e renovação, destacando a conexão simbiótica entre os elementos. Alexina traduz a força do fogo em uma linguagem visual que combina intensidade e delicadeza, convidando o espectador a contemplar a beleza e a potência da transformação. A obra é um testemunho do equilíbrio entre fragilidade e resistência, tão presente nos fenômenos naturais quanto nacondiçãohumana.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float e tronco sobre madeira Técnica - Vitrofusão 50x50x12 cm
Materials - Float glass and tree trunk on wood Technique – Fusing and slumping glass
Liquid Fire
A obra Lunar Sea, de Alexina, é um tríptico que explora a vastidão e a serenidade das paisagens lunares em uma composição abstrata e minimalista. Utilizando a técnica de vitrofusão, a artista combina tons suaves de bege, branco e preto, criando um diálogo visualqueremeteàsuperfíciedaLuaeaoreflexodeseusmaresimaginários.
As três partes do tríptico se complementam, formando uma paisagem contínua que alterna entre a solidez e a fluidez. A textura ondulada do vidro no plano inferior evoca a superfície irregular e marcada da Lua, enquanto a seção superior preta e lisa sugere o infinito do espaço. A linha que separa os dois planos é curva e orgânica, como uma fronteirafluidaentreotangíveleoetéreo.
A escolha de cores e texturas transmite calma e introspecção, ao mesmo tempo que sugere mistério e exploração. Os detalhes sutilmente pontuados na superfície inferior lembram fragmentos de rochas ou crateras, reforçando a conexão com o imaginário lunar. A repetição do formato em três partes cria um ritmo visual que convida o espectador a percorrer cada painel, explorando nuances e variações dentro da composiçãounificada.
Lunar Sea é uma reflexão poética sobre os ciclos, a quietude e a beleza austera das paisagens celestiais. Alexina transporta o espectador para um espaço contemplativo, onde a arte e a ciência se encontram, inspirando reflexões sobre a imensidão do universo e a nossa relação com ele. A obra equilibra delicadeza e profundidade, propondoumdiálogoentreoconhecidoeodesconhecido,ohumanoeocósmico.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float sobre madeira e tintas acrílicas
Técnica - Vitrofusão
75x38 + 75x41 + 75x38 cm
Materials - Float glass on wood and acrylic paints
Technique – Fusing glass
Secret Tree I e II
As obras Secret Tree I e Secret Tree II, de Alexina, são interpretações poéticas da natureza, transformando árvores em formas artísticas abstratas que convidam o espectador a refletir sobre a conexão entre o mundo natural e o humano Combinando vidro fundido, elementos granulados e uma paleta cromática vibrante, as peças capturamaessênciadavegetaçãoenquantotranscendemsuamaterialidade.
Os troncos, representados em azul, verde e amarelo, possuem texturas contrastantes que realçam a interação entre solidez e fluidez. O azul, composto por fragmentos granulados, sugere rigidez e força, enquanto o vidro verde, marcado por padrões internos,evoca o dinamismoe a vitalidade da natureza.A presençado amarelo reforça a luminosidade e a energia da composição, como um fio condutor que une os elementos.
A disposição das formas sobre um fundo neutro permite que as cores e texturas se destaquem, enquanto os contornos irregulares e sobreposições criam um senso de movimento, como se as árvores estivessem em constante transformação. A variação entreosdoistrabalhosrevelaumanarrativaemevolução,permitindoqueoespectador contemplediferentesperspectivasdeumamesmatemática.
Secret Tree I e II são metáforas visuais sobre crescimento, resiliência e renovação.
Alexina traduz a essência da natureza em uma linguagem artística rica e simbólica, convidandoàcontemplaçãodesuasnuanceseaoreconhecimentodabelezaintrínseca nasformasmaissimpleseessenciaisdavida.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float, pasta de vidro e latão sobre madeira e tintas acrílicas
Técnica - Vitrofusão 104x90 cm
Materials - Float glass, glass paste and brass on wood and acrylic paints
Technique – Fusing glass
Shipwreck
A obra Shipwreck, de Alexina, é uma composição que evoca os vestígios de um naufrágio, transformando madeira reaproveitada e vidro fundido em uma narrativa visual rica de simbolismo Utilizando materiais desgastados e fragmentos vítreos em tonsdeazul,aartistarecriaamemóriadomaredashistóriasqueeleguarda,refletindo sobreoimpactodotempoeafragilidadedaexistênciahumanadiantedanatureza.
As peças de madeira, com suas texturas e marcas de desgaste, sugerem destroços de embarcações, enquanto os fragmentos de vidro azul representam as ondas do mar, criando um contraste entre rigidez e fluidez. A paleta de cores, dominada por tons terrosos e aquáticos, reforça a conexão com o ambiente marinho, enquanto os vestígios de tinta nas superfícies de madeira sugerem um passado vibrante, agora diluídopelaaçãodotempoedaságuas.
A organização dos elementos na composição transmite dinamismo e desordem, simulando o caos deixado pelo naufrágio. As linhas irregulares e sobreposições refletem a imprevisibilidade do mar, enquanto o equilíbrio visual entre os materiais enfatizaa interaçãoentre o naturale o humano. A escolhade materiais reaproveitados confere à obra uma dimensão ética, chamando a atenção para a preservação do meio ambienteearessignificaçãodeobjetosdescartados.
Shipwreck vai além da representação de destroços; é uma reflexão poética sobre perda, memória e renascimento. Alexina transforma os vestígios de um evento trágico em uma obra que celebra a beleza da resiliência e da transformação, convidando o espectador a contemplar as histórias ocultas nos detalhes e a força criativa que emergedoquefoideixadoparatrás..
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float e pedaços de embarcações abandonadas sobre madeira Técnica - Vitrofusão 100x100 cm
Materials - Float glass and pieces of abandoned boats on wood Technique – Fusing glass
Wind Footprints in the Sand
A obra Wind Footprints in the Sand, de Alexina, captura a delicadeza das marcas efêmeras deixadas pelo vento em uma paisagem arenosa. Utilizando a técnica de vitrofusão,aartistarecriaatexturaonduladadaareia,compondoumblocotranslúcido que transmite serenidade e introspecção. A inclusão de elementos naturais, como pequenas pedras e um galho seco, adiciona profundidade narrativa, conectando o trabalhoàsimplicidadeeàbelezadanatureza.
O vidro translúcido que forma a base evoca a ideia de camadas temporais, como se cada nível guardasse a memória de um momento passado. A superfície ondulada, rica emdetalhes,refleteomovimentodovento,destacandoainteraçãoentreoselementos naturais e o tempo. O contraste entre a transparência do vidro e a textura granular da "areia" cria uma dualidade entre o permanente e o transitório, instigando o espectador acontemplarafragilidadedaquiloqueéfugaz.
Os pequenos objetos inseridos na composição – pedras e um galho – pontuam a obra com uma narrativa simbólica, sugerindo rastros de vida e presença humana. A simplicidade desses elementos contrasta com a complexidade do vidro moldado, enfatizandoacoexistênciadeforçasnaturaisetoquessutisdaintervençãohumana.
WindFootprintsintheSandéumaobraqueultrapassasuamaterialidade,convidandoo espectador a refletir sobre o impacto do tempo e da natureza em nossa percepção do mundo. Alexina utiliza sua habilidade técnica para transformar o ordinário em extraordinário, criando um diálogo visual entre a calma da paisagem natural e a profundidadedasemoçõeshumanas.
AdrianaScartaris
Materiais - Vidro float e areia da praia Técnica - Vitrofusão 22x20x6 cm