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A sapequinha é rainha do Carnaval
COM MUITO SAMBA NO PÉ, A CARIOQUÍSSIMA LEXA SE DIVIDE ENTRE FOLIA NOS BLOCOS DE RUA COM PÚBLICO ENORME NO RIO E EM SÃO PAULO, DESFILE NA MARQUES DE SAPUCAÍ E LANÇAMENTOS DE NOVOS HITS QUE VÃO DO FUNK E AO POP
JACAREPAGUÁ está no sangue e na energia que percorre o corpo de Lexa. “É a minha casa, é onde eu pertenço”, conta a cantora nascida e criada na zona oeste do Rio de Janeiro. Decidida, a garota Léa nunca foi de desistir fácil. Trabalhou duro desde cedo, vivia entre as fornadas de pãezinhos de uma padaria do bairro, estudava matemática – era boa em exatas e até ensinava o irmão mais novo nas lições de casa – e sonhava alto. “Escutava música no trabalho, cantar sempre foi o meu maior desejo”, recorda.
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A carioca, que completa 28 anos neste mês, começou a carreira musical se apresentando em bailes funk no Rio. Ela bateu, literalmente, de porta em porta de produtores do gênero até ouvirem a sua voz. “Fazia show de graça para conseguir um espaço”, lembra.
O momento era promissor, Lexa cresceu e viu o funk ultrapassar as fronteiras de seu estado e conquistar o país inteiro. Antes dela, vieram outras mulheres do segmento, como Valesca e Tati Quebra Barraco. A última década consolidou o gênero como nacional. De norte a sul, MCs conseguem projeção e se tornam estrelas da música. Muitos – e muitas, principalmente! – vão além do funk e se destacam também no pop, no pagode, no samba e até em ritmos estrangeiros, como o reggaeton.
É justamente dessa fluidez de estilos e passeios por diferentes gêneros que a cantora colhe referências. “Minhas amigas, como Anitta e Perla, me inspiram, e sempre estou de olho nas divas internacionais, como Jennifer Lopez, Demi Lovato, Beyoncé e Rihanna.”
Foi com esse olhar aguçado que não demorou para Léa virar Lexa. Filha da produtora musical Darlin Ferrattry – hoje empresária da cantora – a mãe enxergou literalmente o X da questão e acrescentou a letra tão presente no nome “da ídola” para criar um artístico para a menina. “Minha família sempre me incentivou, eu já compunha minhas músicas com 9 anos de idade e minha mãe organizava minhas apresentações.”
Mas, mesmo com talento, era necessário ter um plano B: “É importante ter uma base, ter um lugar pra voltar, porque se não der certo, você tem que se planejar”, analisa. Com essa responsabilidade e comprometida com seu futuro, a carioca passou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aos 17 anos, em matemática, mas não concluiu o curso, já que aos 19 começava a deslanchar como cantora. “Tenho muito orgulho disso! Ainda estudo para ter controle da minha carreira.”
ANTES, DURANTE E DEPOIS DA FOLIA
Os hits “Sapequinha” e “Só Depois do Carnaval”, de 2018 e 2019, bombaram. Transitando entre o pop e o funk e com coreografias e refrões que grudam, Lexa começou a arrastar multidões em seus shows. “Ser sapequinha me define, podemos fazer o que quisermos como mulheres, e ainda com muita leveza e festa.”
E é no Carnaval que essa máxima é elevada a mil. Para ela, todos os estilos são bem-vindos e todos podem entrar na folia. “O samba sofreu muito preconceito lá atrás, assim como o funk sofre agora, mas estamos quebrando muitos paradigmas e tabus nos últimos anos”, reflete. Presente nas ruas e na Avenida, a cantora vive a maior festa do país muito antes do feriado começar. Ela se prepara fisicamente, treina e ensaia coreografias e letras.
Em 2017, Lexa fez sua estreia na Marquês da Sapucaí pela escola Unidos de Vila Isabel. Foi rainha de bateria da Agremiação Unidos de Bangu por dois anos seguidos e também desfilou como musa da
Mocidade Independente de Padre Miguel. Em 2020, seguiu na Avenida como rainha de bateria da Unidos da Tijuca – escola que também representa neste ano.
A Unidos da Tijuca, que celebra 91 anos de existência, é a quarta agremiação a se apresentar no domingo de Carnaval – no dia 19 de fevereiro – com o enredo "É onda que vai… É onda que vem… Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra", do carnavalesco Jack Vasconcelos. “Eu tenho certeza de que será um desfile lindo sobre algo muito brasileiro, terá muita representatividade”, diz.
Nas ruas, a cantora é responsável por um dos megablocos que circulam pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, neste mês. O Bloco da Lexa invade o Centro do Rio no dia 5, no pré-Carnaval – a cidade
Em sentido horário, Lexa ao lado de Anitta, Luisa Sonza e MC Rebecca; com uma jovem fã em seu bloco de rua; e com Pabllo Vittar em recente parceria espera receber mais de 5 milhões de foliões para festejar pelas ruas cariocas.
Já na capital paulista – que terá mais de 600 blocos antes, durante e depois do Carnaval – a cantora arrasta uma multidão no bairro da Barra Funda, no dia 12. Lexa ainda confirma presença em festas e blocos pelo país todo ao longo do mês. Afirmando o que muitos anseiam, a cantora enxerga uma festa sem precedentes se aproximando: “Gosto muito do Carnaval de rua e espero que este ano seja o maior de todos!”
Labo B
Quem festeja também precisa descansar. Amante das paisagens, das praias e do lifestyle carioca, Lexa aproveita os dias de folga para passear de barco pela Marina da Glória. “Já levei toda minha equipe para curtir o visual comigo”. Morando em São Paulo, em Alphaville, com o marido e cantor MC Guimé (agora na casa do BBB23), a cantora transita pela ponte aérea e adora sair para comer no Rio de Janeiro, que tem concentrado cada vez mais restaurantes interessantes, na sua visão.
Quando pode, ela ainda entra em um avião e viaja para longe. Londres, Disney, Japão, Paris, Roma, além de destinos nacionais, como Fernando de Noronha, estão na recente lista de férias e passeios que a cantora fez com as amigas e com o marido.
E a verve estudiosa ainda continua. Em 2020, Lexa concluiu o curso de Marketing e deseja aplicar os conhecimentos na própria carreira. “Sempre intercalei bem entre o grupo dos estudiosos e da bagunça!”, ri. “Fiz a graduação para poder entrar em reuniões com marcas e parceiros e falar de igual para igual, com propriedade”, enfatiza. Hoje, a cantora é sócia de uma farmácia de manipulação, de uma marca de roupas fitness e da empresa que administra a sua carreira artística. “Trabalho e desenvolvo ideias, é o que mais gosto de fazer, acho o Marketing encantador.”
Seguindo essa constância e desbravando novos horizontes, Lexa deseja ampliar as parcerias musicais neste ano. “Quero cantar estilos que ainda não experimentei”, antecipa. E é justamente esse comprometimento com o trabalho, além de enfrentar os riscos de se expor – seja no Youtube ou nas diferentes mídias sociais – que formam os principais conselhos da cantora para novos nomes do funk, para os quais sempre está atenta. “Normalmente não temos condição para mostrar nosso trabalho no início, mas hoje é preciso explorar as redes sociais e não desistir! Há espaço para muita gente brilhar ainda, acredito fortemente nisso.”
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