Pottermore - Muito além dos livros

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POTTERMORE MUITO ALÉM DOS LIVROS

Escritos por J.K. Rowling Organizados por Ana Carla Campos

PUC-Rio 2016


Todo o conteúdo de Harry Potter e os direitos de publicação e imagem do Pottermore pertencem a © J.K. Rowling Pottermore.com © Pottermore Limited Nomes, personagens e símbolos relacionados a Harry Potter são marcas registradas de © Warner Bros. Ent. Todos os direitos reservados

Os textos presentes nesse livro foram traduzidos pelas equipes dos seguintes sites: wickred.com.br opdiario.com potterish.com As artes digitais presentes nesse livro são obras dos artistas gráficos FlorentLlhams e Olly Moss, disponíveis em: florentllamas.deviantart.com ollymoss.com Toda a organização foi feita por Ana Carla Campos, como trabalho da disciplina “O livro na era digital” da PUC-Rio, no ano de 2016

Se você tem interesse em reproduzir esse livro, por favor dê os devidos créditos


“As histórias que mais amamos vivem em nós para sempre” J.K. Rowling


SUMÁRIO 1. Harry Potter e a Pedra Filosofal:

pág. 12

Rua dos Alfeneiros, número quatro

pág. 13

Medidas

pág. 14

Válter e Petúnia Dursley

pág. 16

Enredos fantasmas

pág. 20

Vestimenta

pág. 21

Sr. Olivaras

pág. 23

Núcleo das varinhas

pág. 25

Comprimento e flexibilidade das varinhas

pág. 27

Madeira das varinhas

pág. 29

Plataforma nove e três quartos

pág. 45

O Expresso de Hogwarts

pág. 46

Sapos

pág. 48

Professora McGonagall

pág. 50

Hatstall

pág. 57

O Chapéu Seletor

pág. 58

Grifinória

pág. 60

Lufa-Lufa

pág. 61

Salão Comunal da lufa-lufa

pág. 64

Corvinal

pág. 66

Sonserina

pág. 69

Professor Quirrell

pág. 72

Familiares

pág. 74

Matérias da Escola de Hogwarts

pág. 75

Os quarenta originais

pág. 76

Maldições e contra-Maldições

pág. 79

Espelho de Ojesed

pág. 80


Nicolau Flamel

pág. 82

O Livro Padrão de Feitiços, ano 1

pág. 83

Um guia de transfiguração para iniciantes

pág. 84

Mil ervas e fungos mágicos

pág. 85

As forças das trevas: um guia de auto proteção pág. 86 Pedra Filosofal

2. Harry Potter e a Câmara Secreta:

pág. 87

pág. 88

Tecnologia

pág. 89

Pó de Flu

pág. 91

A Família Malfoy

pág. 92

Estação King’s Cross

pág. 95

Gilderoy Lockhart

pág. 97

Sangue-puro

pág. 101

Pirraça

pág. 105

Fantasmas de Hogwarts

pág. 107

Poção Polissuco

pág. 110

Fantasmas

pág. 111

Câmara Secreta

pág. 113

3. Harry Potter e o Prisioneiro da Azkaban:

pág. 115

Guida Dursley

pág. 116

Nôitibus Andante

pág. 118

Sir Cadogan

pág. 120

Professor Kettleburn

pág. 122

Bicho-papão

pág. 124

Retratos de Hogwarts

pág. 126

Mapa do Maroto

pág. 128

Jogo de Bexigas

pág. 131


Dementadores e chocolate

pág. 132

Firebolt

pág. 133

Guardador do segredo

pág. 135

Lobisomens

pág. 136

Vira-Tempo

pág. 139

Feitiço Patrono

pág. 142

Remo Lupin

pág. 145

4. Harry Potter e o Cálice de Fogo:

pág. 156

Rede de Flu

pág. 157

Chaves de portal

pág. 159

Cores

pág. 161

História da Copa Mundial de Quadribol

pág. 163

Rugby escocês

pág. 168

Copa Mundial de Quadribol (1990-2014)

pág. 172

Corujas

pág. 175

Lago Negro

pág. 178

Penseira

pág. 180

Doenças e deficiências

pág. 182

Academia de Magia Beauxbatons

pág. 184

Instituto Durmstrang

pág. 185

Profeta Diário

pág. 187

5. Harry Potter e a Ordem da Fênix:

pág. 189

Dolores Umbridge

pág. 190

Testrálios

pág. 195

Sibila Trelawney

pág. 197

Videntes nomeadoras

pág. 200

MInistros da magia

pág. 201


Azkaban

6. Harry Potter e o Enigma do Príncipe:

pág. 210

pág. 213

Cokeworth

pág. 214

O Caldeirão Furado

pág. 215

Florean Fortescue

pág. 217

Caldeirões

pág. 219

Poções

pág. 221

Vampiros

pág. 223

Inferi

pág. 224

Draco Malfoy

pág. 226

Ordem de Merlin

pág. 233

Celestina Warbeck

pág. 235

7. Harry Potter e as Relíquias da Morte:

pág. 237

Feitiços de extensão

pág. 238

Alquimia

pág. 239

Espada de Gryffindor

pág. 241

8. Profeta Diário

pág. 243

Cerimônia de abertura desastrosa leva a perguntas sobre a segurança da Copa Mundial de Quadribol

pág. 244

Noruega vs. Costa do Marfim

pág. 236

Nigéria vs. Fiji

pág. 247

Brasil vs. Haiti

pág. 247

EUA vs. Jamaica

pág. 248

EUA vs. Jamaica

pág. 249

Liechtenstein vs. Chade

pág. 249

Liechtenstein vs. Chade

pág. 250


Liechtenstein vs. Chade

pág. 250

Bulgária vs. Nova Zelândia

pág. 250

Japão vs. Polônia

pág. 251

País de Gales vs. Alemanha

pág. 252

Brasil vs País de Gales

pág. 252

Bulgária vs. Noruega

pág. 253

EUA vs. Liechtenstein

pág. 254

Notícias de última hora

pág. 255

Retorno de Hans, o Agoureiro

pág. 255

Japão vs. Nigéria

pág. 256

Façam suas apostas com Ludo Bagman

pág. 257

EUA vs. Brasil

pág. 259

EUA vs. Brasil

pág. 260

Bulgária vs. Japão

pág. 261

Armada de Dumbledore reúne-se na final da Copa Mundial de Quadribol

pág. 262

Jogo pelo terceiro lugar

pág. 266

Top 10 coisas que todo fã de Quadribol precisa saber sobre a Copa Mundial de Quadribol de 2014

pág. 266

Final da Copa Mundial de Quadribol

pág. 267

9. Pottermore:

pág. 278

A família Potter

pág. 279

A pena de aceitação e o livro de admissão

pág. 282

10. Pottermore: Escolas de magia pelo mundo

pág. 284

Escolas de magia

pág. 285

Castelobruxo

pág. 286


Mahoutokoro

pág. 287

Uagadou

pág. 289

Escola de magia e bruxaria de Ilvermorny

pág. 291

10. Pottermore: História da magia na América do Norte

pág. 305

Século XIV - século XVII

pág. 306

Do século XVII em diante

pág. 308

A lei de Rappaport

pág. 311

A comunidade bruxa americana na década de 1920

pág. 314

Congresso mágico dos Estados Unidos (MACUSA)

pág. 317


PREFÁCIO Quando o Pottermore foi aberto para todo o público em abril de 2012, logo após a estreia do último filme de Harry Potter nos cinemas (Relíquias da Morte parte 2) o portal era bem diferente do atual. Os usuários cadastrados podiam fazer poções, treinar feitiços e disputar a taça das casas. Porém, o mais interessante era poder percorrer o trivia de cada um dos capítulos dos livros, que contava com resumos, ilustrações e, principalmente, novos textos escritos pela própria J.K. Rowling. Esses contavam com novidades e pensamentos da autora sobre partes e informações até então desconhecidas desse grande universo mágico, que não ficou restrito apenas aos sete livros da série. Contudo, em setembro de 2015 o site foi totalmente reformulado. As interações com o conteúdo pararam de existir, foi criado um layout mais colorido e organizado e, assim como novos contos foram lançados, muitos dos textos antigos também foram perdidos. Com o objetivo de juntar todas as histórias originais, tanto antigas como novas, organizei esse livro para que todo o fã da série Harry Potter, assim como eu, tenho acesso de forma simples e rápida a todos os textos. O livro está estruturado da mesma forma que o antigo portal: através dos livros. Então, percorrendo cada capítulo, você irá saber em que momento da história aparecem cada um dos novos conteúdos. Os textos que foram lançados já com o novo Pottermore, sem a função do trivia, estarão agrupados em capítulos por assuntos específicos. Os que não tem assuntos específicos estarão no capítulo apenas intitulado “Pottermore”. Já o capítulo “Profeta Diário” reúne todos os textos da cobertura da Copa Mundial de Quadribol, lançado quando ainda era possível fazer a leitura do jornal bruxo no antigo site. A inspiração para fazer essa coletânea veio do amor pelas histórias da J.K. Rowling. Quando pensei que deveria fazer esse livro sobre um tema que eu gostasse, pouquíssimas outras coisas me passaram pela cabeça. Depois de ter lido várias vezes os livros, visto várias vezes os filmes, ter acompanhado cada notícia, e até escrito eu mesma as minhas histórias, sei que Harry Potter faz parte do meu crescimento, além de ter me ensinado muitas lições e me proporcionado diversas coisas, como o amor pela leitura. Esse livro vai ter utilidade para mim, que saberei onde achar todas as histórias juntas quando quiser relê-las, e para você, que agora também tem a chance de saber um pouquinho mais sobre esse maravilhoso universo do mundo de Harry Potter.

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RUA DOS ALFENEIROS, NÚMERO QUATRO

O nome da rua onde os Dursleys moram é uma referência à planta mais suburbana, o alfeneiro, que cerca muitos jardins ingleses. Eu gostei da associação tanto com subúrbios tanto com encarceramento, com os Dursleys sendo tão auto-suficientes, de classe média, e tão determinados a manterem-se separados do mundo bruxo. O nome da área é “Little Whinging”, que soa, novamente, apropriadamente paroquial e satírico, já que “whingin” é um termo coloquial para reclamar e choramingar em inglês britânico. Apesar de eu descrever a casa dos Dursley como grande e quadrada, de acordo com o status de Tio Válter como diretor de uma companhia, sempre que eu escrevia sobre ela, eu inconscientemente visualizava a segunda casa em que morei quando criança, que, no oposto, era uma casa pequena, de três quartos, no subúrbio de Winterbourne, perto de Bristol. Eu me tornei consciente disso quando eu entrei na casa do número quatro da Rua dos Alfeneiros que havia sido construída nos Estúdios Leavesden, e me dei conta de que estava numa réplica exata da minha antiga casa, incluindo a posição do armário debaixo da escada e a localização precisa de cada quarto. Como eu nunca tinha descrito minha velha casa para o designer de sets, o diretor ou o produtor, essa foi uma das experiências esquisitas que adaptar Harry Potter para o cinema me trouxe. Por nenhuma razão específica, eu nunca gostei muito do número quatro, que sempre me pareceu um número duro e impiedoso, e foi por isso que o coloquei na porta de frente da casa dos Dursley. 13


MEDIDAS

Assim como bruxas e bruxos britânicos não usam eletricidade ou computadores, eles nunca usaram um sistema de medidas. Eles não seguem as decisões do governo trouxa, então quando o processo de metrificação (mudar para as medidas métricas) começou, em 1965, bruxas e bruxos simplesmente ignoraram a mudança. Bruxas e bruxos não tem aversão a cálculos trabalhosos, que eles podem, inclusive, fazer magicamente, então eles não acham inconveniente pesar em gramas, quilos e pedras, medir em polegadas, pés e milhas, ou pagar por bens em Nuques, Sicles e Galeões.

Quando o manuscrito de Harry Potter e a Pedra Filosofal foi aceito para publicação em Londres, o editor me disse que todas as medidas e pesos seriam mudados para o sistema métrico, que era o padrão de publicação. Eu me recusei a permitir esta mudança porque não havia razão lógica para fazer isso. Ainda assim, isso não deve ser tomado como um ato de rebeldia da autora. Eu não sou anti-europeia; muito pelo contrário, eu apoio totalmente a Inglaterra se tornar parte da Europa, e eu sou meio francesa. E eu não tenho nada contra o sistema métrico, que é muito mais lógico do que o imperial, e que com certeza faz as receitas muito mais simples. Mesmo assim, eu ainda acho que o antigo sistema é muito mais pitoresco e cheio de surpresas, e por 14


isso é mais apropriado para o tipo de sociedade que eu estava descrevendo. A decisão de manter o sistema imperial nos livros teve uma consequência inesperada, que foi o convite para a Associação Britânica de Pesos e Medidas. Como eu não concordo que a Inglaterra não deva usar o sistema métrico (como muitos membros da associação fazem), eu estava prestes a descartar o convite quando pensei em algo que me fez mudar de ideia. Eu sei que o que estou prestes a dizer não revela muito sobre minha personalidade, mas eu percebi o quanto isso iria agradar minha irmã Di, se eu aceitasse. Di nunca é tão engraçada quanto é brava, e já que seus muitos bichos de estimação odeiam os velhos adereços simplesmente porque odeiam, ou porque “meu-Deus-é-a-Inglaterra-e-nenhum-João-forasteiro-irá-me-dizer-como-medir” que é o que a organização representa. Quando minha adesão saiu na imprensa, ela explodiu de tanta satisfação, foi maior que a raiva. Eu não conseguia parar de rir para dizer que minha entrada foi apenas para incomodá-la. Isso a deixou quase incoerente de indignação, o que foi possivelmente mais engraçado. Francamente, eu duvido que alguém algum dia tenha tido tanta diversão gastando tão pouco.

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VÁLTER E PETÚNIA DURSLEY

A tia e o tio de Harry se conheceram no trabalho. Petúnia Evans, amargurada para a eternidade pelo fato de seus pais valorizarem mais sua irmã bruxa do que a valorizavam, deixou Cokeworth para sempre, para fazer um curso de digitação em Londres. Isso a levou para um trabalho em um escritório, onde ela conheceu o extremamente não-mágico, cabeça-dura e materialista Válter Dursley. Gordo e sem pescoço, esse executivo júnior parecia um modelo de masculinidade para a jovem Petúnia. Ele não apenas correspondeu seu interesse romântico, mas também era deliciosamente normal. Ele tinha um carro perfeitamente correto e queria fazer coisas extremamente ordinárias, e depois de levá-la em uma série de encontros sem-graça, durante os quais ele falava principalmente sobre ele e suas ideias previsíveis sobre o mundo, Petúnia sonhava com o momento em que ele colocaria um anel em seu dedo. Quando, no apropriado tempo, Válter Dursley propôs o casamento, muito corretamente, de joelho, na sala de estar de sua mãe, Petúnia aceitou sem piscar. A única coisa que poderia estragar seu momento era o que seu noivo pensaria da sua irmã, que estava em seu último ano na Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Válter conseguia desprezar até pessoas que usavam sapatos marrons com ternos pretos; o que pensaria ele de uma jovem que passava a maior parte de seu tempo vestindo longas vestes e conjurando feitiços, Petúnia mal conseguia pensar.

Ela confessou a verdade durante um encontro choroso, no carro es16


curo de Válter, enquanto eles observavam a loja onde Válter tinha acabado de comprar lanches depois de um filme. Válter, como Petúnia esperava, ficou completamente chocado; apesar disso, ele disse para Petúnia que nunca usaria contra ela o fato de que ela tinha uma irmã esquisitona, e Petúnia se jogou com tanta força para cima dele, com tanta gratidão, que ele derrubou seu enroladinho de salsicha. O primeiro encontro entre Lílian, seu namorado Tiago Potter, e o casal noivo correu mal, e a relação mergulhou de cabeça a partir daquele momento. Tiago ficou encantado com Válter, e fez o erro de demonstrar isso. Válter tentou ser superior a Tiago, perguntando que carro ele dirigia. Tiago descreveu sua vassoura de corrida. Válter supôs, em voz alta, que bruxos deveriam viver de auxílio-desemprego. Tiago explicou sobre Gringotes, e a fortuna que seus pais guardavam lá, em ouro puro. Válter não sabia dizer se ele estava sendo engraçadinho ou falando sério, e ficou enraivecido. A noite terminou com Válter e Petúnia saindo irritados do restaurante, enquanto Lílian chorava e Tiago (um pouco envergonhado) prometia consertar as coisas com Válter na primeira oportunidade. Isso nunca aconteceu. Petúnia não quis Lílian como dama de honra, porque estava cansada de ficar sob a sombra de sua irmã. Lílian ficou ressentida. Válter se recusou a falar com Tiago na recepção, mas o descreveu, de forma que Tiago pudesse ouvir, como “algum mágico amador”. Uma vez casada, Petúnia foi se tornando mais e mais como Válter. Ela amava sua casa quadrada no número quatro da Rua dos Alfeneiros. Ela estava segura de objetos que tinham comportamentos estranhos, de chaleiras que de repente começavam a tocar uma música quando ela passava ou longas conversas sobre coisas que ela não entendia, como “Quadribol” e “Transfiguração”. Ela e Válter decidiram não ir ao casamento de Lílian e Tiago. A última correspondência que recebeu deles foi o anúncio do nascimento de Harry, e depois de um olhar zombador, Petúnia jogou-o no lixo. O choque de encontrar o sobrinho órfão na porta um pouco mais de um ano depois foi, portanto, extremo. A carta que o acompanhava relatava como seus pais haviam sido assassinados, e pedia aos Dursley que o acolhessem. Ela explicava que, devido ao sacrifício que Lílian havia feito em dar sua vida pela de seu filho, Harry estaria salvo da vingança de Lord Voldemort desde que ele pudesse chamar o lugar onde o sangue de sua mãe ainda existia de lar. Isso significa que Rua dos Alfeneiros, número 4, era seu único santuário. Antes da chegada de Harry, Petúnia havia se tornado a mais determinada dos Dursley em suprimir qualquer conversa sobre sua irmã. Petúnia tinha alguns sentimentos latentes de culpa sobre a forma como ela havia 17


cortado Lílian (quem ela sabia, no fundo de seu coração, que sempre tinha a amado) de sua vida, mas eles se encontravam enterrados sobre ciúmes e amarguras consideráveis. Petúnia também tinha enterrado bem fundo dentro dela (e nunca confessado a Válter) que há muito tempo ela teve esperanças que também mostraria sinais de magia e seria convocada para Hogwarts. Lendo o conteúdo chocante da carta de Dumbledore, entretanto, a qual contava como Lílian havia morrido bravamente, ela sentiu que não tinha escolha a não ser acolher Harry e criá-lo ao lado de seu querido filho, Duda. Ela fez isso relutantemente, e passou o resto da infância do menino o punindo por sua própria escolha. A origem do desgosto de Tio Válter por Harry vem, em parte, assim como em Severo Snape, da semelhança de Harry ao pai que eles tanto detestavam. Suas mentiras para Harry sobre como os pais do menino tinha morrido foram baseadas em grande parte em seus próprios medos. Um bruxo das trevas tão poderoso como Lord Voldemort os assustou demais, e como cada assunto que eles achavam inquietante e desagradável, eles empurraram para trás de suas mentes e manteram a história de “mortos em um acidente de carro” tão consistentemente que eles quase conseguiram persuadir eles mesmo que era verdade. Apesar de Petúnia ter crescido perto de uma bruxa, ela é completamente ignorante sobre magia. Ela e Válter compartilham de uma ideia confusa de que, de alguma forma, eles conseguirão espremer a magia para fora de Harry, e em uma tentativa de jogar fora as cartas que chegam de Hogwarts no décimo primeiro aniversário de Harry, ela e Válter recorrem à velha superstição de que bruxas não podem atravessar água. Como ela viu frequentemente durante sua infância Lílian pular sobre pedras em riachos, ela não deveria ter ficado surpresa ao descobrir que Hagrid não teve dificuldades para cruzar o mar tempestuoso até a cabana sobre as pedras.

Válter e Petúnia foram chamados assim desde suas criações, e nunca tiveram um número de nomes experimentais, como tantos outros personagens tiveram. “Válter” é simplesmente um nome para o qual eu nunca liguei muito. “Petúnia” é o nome que eu sempre dei para personagens desagradáveis em jogos de faz de conta que eu brincava com minha irmã, Di, quando éramos bem jovens. De onde eu tirei esse nome, eu nunca tive certeza, até que recentemente um amigo meu me apresentou uma série de filmes sobre informações públicas que era exibida na televisão quando éramos jovens (ele 18


coleciona esse tipo de coisa e coloca em seu computador para desfrutar em seu tempo livre). Um deles era um animação na qual um casal sentava em um penhasco aproveitando um picnic e assistindo um homem se afogar no mar abaixo (o ponto do filme era, não se assuste – chamar o salva-vidas). O marido chamava sua esposa de Petúnia, e eu de repente me perguntei se não foi dali que tirei esse nome improvável, porque eu nunca encontrei uma pessoa chamada Petúnia, ou, até onde eu sei, lido sobre uma. O subconsciente é uma coisa bem estranho. A Petúnia do desenho era gorda e animada, então parece que tudo que eu peguei dela foi o nome. O sobrenome “Dursley” foi tirado da cidade homônima situada no Condado de Gloucester, que não fica muito longe de onde eu nasci. Eu nunca visitei Dursley, e eu espero que seja cheia de pessoas encantadoras. Foi a sonoridade da palavra que me atraiu, e não qualquer associação com o local. Os Dursley são reacionários, preconceituosos, de mente fechada, ignorantes e intolerantes; a maioria das minhas coisas menos favoritas. Eu queria sugerir, no último livro, que algo decente (um amor há muito esquecido mas ardendo vagamente pela sua irmã; a compreensão de que ela poderia nunca mais ver os olhos de Lílian novamente) quase saiu de Tia Petúnia quando ela disse seu adeus para Harry pela última vez, mas que ela não é capaz de admitir ou mostrar esses sentimentos há muito tempo enterrados. Apesar de alguns leitores quererem mais de Tia Petúnia durante essa despedida, eu ainda acho que a fiz se comportar de um jeito que é mais consistente com seus pensamentos e sentimentos durante os seis livros anteriores. Ninguém nunca pareceu esperar nada melhor do Tio Válter, então eles não ficaram decepcionados.

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ENREDOS FANTASMAS

Essa é uma expressão pessoal que não tem nada a ver com contos sobre os mortos. Durante os dezessete anos que eu planejei e escrevi os livros de Harry Potter (sem mencionar Quadribol através dos séculos, Animais fantásticos e onde habitam e Contos de Beedle, o bardo), eu gerei uma informação massiva sobre o mundo mágico que nunca apareceu nos livros. Eu gostava de saber essas coisas (o que foi uma sorte, visto que eu não conseguia parar minha imaginação) e muito frequentemente, quando eu precisava de um detalhe para colocar na história, já o tinha pronto por causa do pano de fundo que eu tinha desenvolvido. Eu também me pegava escrevendo histórias para personagens secundários (ou até mesmo terciários) que eram desnecessários para o que eu precisava. Foi mais complicado quando as histórias que eu tinha escrito para alguns personagens que seriam mais importantes tiveram que ser sacrificados pela história geral. Todas essas histórias eu nomeei “enredos fantasmas”, minha expressão pessoal para todas as histórias que não foram contadas mas que para mim chegavam a parecer tão reais quanto a “versão final”. Eu ocasionalmente estou conversando com um leitor e menciono uma parte de uma história fantasma; olhares confusos cruzam seus rostos, como se por um segundo estivessem se perguntando se pularam vinte páginas em algum lugar. Eu peço desculpas a qualquer um que eu tenha confundido dessa forma; o problema está, literalmente, na minha cabeça. 20


VESTIMENTA

De modo geral, os bruxos que convivem na comunidade trouxa devem se revelar uns aos outros se vestindo com cores como roxo ou verde, muitas vezes combinando. Seja como for, isso não passa de um código não-escrito, e ninguém é obrigado a concordar com isso. Muitos membros da comunidade mágica preferem se vestir com suas cores favoritas quando estão no mundo dos trouxas, ou adotam o preto como uma cor prática, especialmente quando viajam a noite. O Estatuto Internacional de Sigilo estabeleceu diretrizes claras sobre vestimentas para bruxos e bruxas quando estão em público “Quando estiverem no meio dos trouxas, bruxos e bruxas devem aderir inteiramente o padrão de vestimenta dos trouxas, e devem de aproximar o máximo possível à moda atual. As roupas devem ser apropriadas ao clima, a região geográfica e a ocasião. Nenhuma forma de auto-alteração ou ajuste deve ser usada na frente de trouxas.” Em despeito à estas claras instruções, contravenções de vestimenta se tornaram uma das infrações mais comuns do Estatuto Internacional de Sigilo desde que foi iniciado. As gerações mais jovens sempre tiveram maior conhecimento sobre a cultura trouxa em geral; Quando crianças, eles se misturam livremente com seus amigos trouxas; depois, quando eles iniciam sua carreira mágica, fica um pouco mais difícil se manter em contato com a norma de vestimenta dos trouxas. Bruxos e bruxas mais velhos geralmente estão por fora 21


do quão rápido a moda do mundo trouxa pode mudar; tendo usado calças psicodélicas boca-de-sino quando eram jovens, ficam indignados por serem levados à julgamento pela Suprema Corte dos Bruxos quinze anos depois por terem despertado a atenção em um funeral trouxa. O Ministro da Magia não é sempre tão rigoroso. Uma anistia de um dia foi anunciada quando as notícias do desaparecimento de Lord Voldemort e que Harry Potter havia sobrevivido à Maldição da Morte. A animação foi tão grande que bruxos e bruxas tomaram conta das ruas em suas vestes tradicionais, o que eles devem ter esquecido ou usado como uma forma de celebração. Alguns membros da comunidade mágica vão além de quebrar a cláusula de vestimentas do Estatuto de Sigilo. Um pequeno grupo auto-intitulado Ar Fresco Refresca Totalmente (AFRT)* insiste que as calças dos trouxas “impedem o fluxo de magia da fonte” e insistem em usar vestes em público, desrespeitando os insistentes avisos e advertências.** Mais raro ainda, alguns bruxos aderem a cômicas peças do vestuário trouxa, como anáguas usadas com um sombreiro e chuteiras de futebol.*** Mas em geral, a vestimenta dos bruxos não tem uma moda definida, embora pequenas alterações tenham sido feitas tanto nas vestes de gala quanto tradicionais. O padrão de vestimenta dos trouxas geralmente é de vestes lisas, usadas com ou sem o chapéu pontudo tradicional, que é sempre usado em ocasiões formais, como batizados, casamentos e enterros. As vestes das mulheres tendem a ser mais longas. As vestes dos bruxos parecem estar paradas no tempo, por volta do século XVII, quando eles tiveram que se esconder. A nostalgia com que eles continuam com essa forma ultrapassada de moda em relação às vestes pode ser vista como um apego aos velhos tempos, e um certo orgulho cultural. No dia-a-dia, até aqueles que detestam trouxas vestem uma versão de vestimenta trouxas, o que é inegavelmente mais prático, em comparação às vestes bruxas. Anti-trouxas sempre gostam de mostrar sua superioridade, deliberadamente adotando peças mais chamativas e elegantes em público.

* Presidente: Archie Aymslowe

** Hoje em dia, são considerados cultos pelos trouxas

*** Os trouxas acham que isso faz parte de algum desafio

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SR. OLIVARAS

Aniversário: 25 de setembro. Varinha: choupo-branco e fibra de coração de dragão, 23 centímetros, ligeiramente flexível. Casa de Hogwarts: Corvinal. Habilidade Especial: um incomparável conhecimento sobre varinhas. Linhagem: pai bruxo e mãe nascida trouxa. Família: um filho e uma filha (falecidos). Hobbies: nenhum; sua profissão é sua obsessão. A família Olivaras há muito tempo é associada com a profissão misteriosa de mestre de varinhas. Diz-se que o nome significa “Aquele que possui a varinha de oliveira”, o que sugere que os Olivaras chegaram na Inglaterra pelo Mediterrâneo (já que varinhas de oliveira não são nativas da região). O próprio Olivaras é indiscutivelmente o melhor fabricador de varinhas do mundo, e muitos estrangeiros viajam até Londres para adquirir uma de suas varinhas em detrimento daquelas que são oferecidas em suas cidades natais. O Sr. Olivaras cresceu envolvido com os negócios da família e sempre demonstrou ter um talento precioso. Ele gostava de improvisar os núcleos e a madeira das varinhas existentes, e desde seus primeiros dias ele tinha um único pensamento, quase fanático, de fazer a varinha perfeita.

Antes do Sr. Olivaras tomar posse dos negócios da família, os bruxos 23


usavam uma variedade de varinhas e núcleos. O cliente geralmente mostrava ao Mestre de Varinhas uma substância mágica a qual ele era ligado, ou tinha algum apreço, ou a que sua família era leal (como por exemplo o núcleo da varinha de Fleur Delacour). Sr. Olivaras, entretanto, era purista, e insistia que uma varinha realmente boa nunca seria aquela que foi feita apenas com os pelos de um Amasso escolhido pelo cliente (ou o talo de um Ditamno que uma vez salvou o pai de um bruxo de envenenamento, ou o pelo de um unicórnio encontrado durante as férias na Escócia) ao gosto do cliente. Ele acreditava que as melhores varinhas tinham o núcleo de substâncias mágicas imensamente poderosas, que deviam ser enclausuradas em madeiras especialmente selecionadas e complementadas, e o dono seria aquele a quem a própria varinha sentisse mais afinidade. Embora inicialmente tenha havido uma resistência substancial a esse modo de se escolher varinhas, logo ficou claro que as varinhas de Olivaras eram infinitamente superiores às de qualquer um que veio antes dele. Seus métodos para localizar madeiras e núcleos para as varinhas, uni-los e, depois, de encontrar o dono ideal, são segredos muito bem guardados e muito cobiçados por mestres de varinhas rivais.

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NÚCLEO DAS VARINHAS

Varinhas têm núcleos feitos de substâncias mágicas. As de Olivaras têm núcleos de pena de fênix, pelo de unicórnio ou fibra de coração de dragão. As seguintes observações sobre os três principais núcleos para varinhas usados pelo Sr. Olivaras são retirados de suas próprias anotações. “No começo da minha carreira, enquanto eu assistia o meu pai fazer varinhas e lutar com sub-padronizados materiais para núcleo como cabelo de Cavalo-do-Lago, eu concebi uma ambição em descobrir os mais finos núcleos e trabalhar apenas com eles quando chegasse minha hora de assumir o negócio da família. Isso eu fiz. Depois de muita pesquisa e experimentação, eu concluí que apenas três substâncias são capazes de produzir varinhas de qualidade suficiente para eu dar o ilustre nome Olivaras: pelo de unicórnio, fibra de coração de dragão e pena de fênix. Cada um desses materiais caros e raros tem sua propriedade mágica distinta. A seguir, represento um pequeno sumário de minhas pesquisas de cada um dos Núcleos Supremos. Os leitores devem ter em mente que cada varinha é composta de um corpo de madeira e um núcleo, e adquire a experiência de seu dono. As tendências de cada uma devem contrabalançar ou superar a da outra; então esta é apenas uma visão geral de um objeto muito complexo.”

Unicórnio

O pelo de unicórnio costuma produzir um tipo mais consistente de 25


mágica, que é menos sujeita a flutuações e bloqueios. Varinhas com núcleo de unicórnio geralmente são mais difíceis de utilizar para Artes das Trevas. São as varinhas mais confiáveis, e costumam manter uma forte ligação com seu primeiro dono, independente de ter sido um bruxo ou bruxa rígido. Outra desvantagem do pelo de unicórnio é que eles não fazem varinhas muito fortes (embora a madeira compense), pois podem gerar certa melancolia caso sejam muito maltratadas, o que significa que o pelo de unicórnio pode “morrer” e precisar ser trocado.

Dragão Como uma regra, fibra de coração de dragão produz as varinhas mais poderosas, e que são capazes de fazer os feitiços mais elaborados. Varinhas de dragão tendem a aprender mais rápido do que as feitas de outros objetos. Uma vez que tenha sido tomada de seu mestre, ela cria um forte vínculo de fidelidade com seu dono atual. As varinhas de dragão são melhores com Artes das trevas, embora ela não vá mudar por vontade própria. Esse também é, dos três núcleos, o mais inclinado a acidentes, sendo um pouco temperamental.

Fênix Esse é o mais raro dos núcleos. Penas de fênix são capazes de fazer uma grande variedade de feitiços, embora ela leve um tempo maior que as de dragão ou unicórnio para revelar isso. Elas mostram mais iniciativa, às vezes agindo por vontade própria, uma qualidade que muitos bruxos e bruxas não apreciam. Varinhas de pena de fênix são as mais críticas em se tratando de futuros donos, e as criaturas que elas escolhem são as mais independentes e destacadas do mundo. Essas varinhas são as mais difíceis de se personalizar, e sua fidelidade geralmente é algo difícil de se conquistar.

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COMPRIMENTO E FLEXIBILIDADE DAS VARINHAS

As anotações a seguir sobre o tamanho das varinhas e sua flexibilidade são a opinião do Sr. Garrick Olivaras, mestre de varinhas. “Muitos fabricadores de varinhas simplesmente combinam o comprimento da varinha com o tamanho de seu portador, mas esse é um método grosseiro e falho, porque não leva em conta muitas outras considerações importantes. Na minha experiência, varinhas maiores são para bruxos mais altos, mas também tendem a escolher pessoas com grande personalidade, e as que são mais dramáticas e espaçosas em relação a magia. Varinhas menores favorecem aos refinados e elegantes. De todo modo, nenhum aspecto isolado na composição de varinhas deveria ser considerado separadamente dos outros, e a madeira, o núcleo e a flexibilidade devem contrabalançar e complementar os atributos do comprimento da varinha. A maioria das varinhas está na faixa de 22 à 35cm. Embora eu já tenha vendido algumas varinhas muito pequenas e outras muito grandes (com mais de 38 cm), essas são raras exceções. Nesses casos, uma peculiaridade física determina o tamanho excessivo da varinha. Mas geralmente, as varinhas pequenas escolhem aqueles que tem alguma falha na personalidade, ou seja, algo neles está psicologicamente faltando (muitos bruxas e bruxos pequenos são escolhidos por varinhas grandes). A flexibilidade ou rigidez de uma varinha refere-se à capacidade de adaptação e complacência da varinha para mudar sua relação entre varinha 27


e possuidor – embora, deve-se lembrar, esse fato não deve ser considerado separadamente das outras características da varinha, como madeira, núcleo, comprimento ou a experiência de vida e o estilo da magia, tudo isso vai se combinar para tornar a varinha em questão única.”

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MADEIRA DAS VARINHAS

A seguinte descrição dos poderes e propriedades mágicas dos vários tipos de varinha de madeira foi retirada das anotações feitas ao longo da longa carreira do Sr. Garrick Olivaras, considerado o melhor mestre de varinhas do mundo. Como veremos, o Sr. Olivaras acredita que a madeira da varinha tem poderes quase humanos de percepção e preferência. O Sr. Olivaras inicia suas anotações sobre madeiras para varinhas da seguinte forma: “Cada varinha é única e para isso, ela depende das características particulares da árvore e da criatura da qual ela é feita. Mais ainda, cada varinha, a partir do momento em que encontra seu dono ideal, começará a aprender e ensinar seu parceiro humano. Para isso, as anotações a seguir dever ser vistas como informações gerais sobre cada tipo de madeira com os quais eu prefiro trabalhar, e não como uma descrição de uma varinha individualmente. Apenas uma minoria de árvores produz madeira de qualidade para a confecção de varinhas (só uma minoria de humanos podem fazer mágica). Foram necessários anos de experiência para saber quais tem essa dom, embora o trabalho se facilite quando se encontra um ninho de tronquilho nas folhas, pois estes nunca habitam árvores mundanas. As seguintes informações sobre os vários tipos de madeiras para varinhas devem ser vistas como uma introdução a esse estudo, que dura uma vida toda, e eu continuo a aprender com cada varinha que faço.” 29


Acacia (Acácia) Alder (Amieiro) Apple (Macieira) Ash (Freixo) Aspen (Álamo) Beech (Faia) Blackthorn (Espinheiro-negro) Black Walnut (Nogueira-negra) Cedar (Cedro) Cherry (Cerejeira) Chestnut (Castanheira) Cypress (Cipreste) Dogwood (Corniso) Ebony (Ébano) Elder (Sabugueiro) Elm (Olmo) English Oak (Carvalho inglês) Fir (Abeto) Hawthorn (Pilriteiro) Hazel (Aveleira) Holly (Azevinho) Hornbeam (Choupo-branco) Larch (Lariço) Laurel (Loureiro) Maple (Bordo) Pear (Pereira) Pine (Pinheiro) Poplar (Choupo) Red Oak (Carvalho vermelho) Redwood (Pau-brasil) Rowan (Sorveira) Silver lime (Tília) Spruce (Abeto vermelho) Sycamore (Sicômoro) Vine (Videira) Walnut (Nogueira) Willow (Salgueiro) Yew (Teixo)

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Acacia (Acácia) Um material bem incomum, que, de acordo com minhas descobertas, é capaz de criar varinhas trapaceiras que podem se recusar a produzir magia nas mãos de alguém que não seu próprio dono, além de reservar seus melhores efeitos para os bruxos mais talentosos. Essa sensibilidade faz dela uma varinha difícil de se utilizar e por isso mantenho apenas um pequeno estoque, destinado àqueles bruxos e bruxas suficientemente sutis, já que a acácia não é adequada para aquilo que conhecemos como magia exibicionista. Quando bem combinada, uma varinha de acácia mostra todo o seu poder, embora ela seja por muitas vezes subestimada, graças à peculiaridade de seu temperamedsadasdasdnto.

Alder (Amieiro) Amieiro é um tipo de madeira inflexível, embora eu tenha descoberto que seu dono ideal não pode ser teimoso ou obstinado, mas sim gentil, atencioso e simpático. Embora muitos tipos de madeira de varinha tenham relação com a personalidade de seu dono, o amieiro é atípico na medida em que procura uma natureza que é, se não precisamente oposta de sua própria, muito diferente em vários aspectos. Quando uma varinha de amieiro é colocada nas mãos certas, ela torna-se uma companheira magnífica e extremamente leal. De todos os tipos de varinha, o amieiro é mais eficiente com feitiços não-verbais, o que faz com que ele seja mais adequado aos bruxos e bruxas experientessadasdasdasd.

Apple (Macieira) As varinhas de macieira não são feitas em grande número. Elas são poderosas e funcionam melhor com pessoas ambiciosas, uma vez que esse tipo de madeira não se mistura muito bem com Magia Negra. É dito que o proprietário de uma varinha de macieira será muito amado e viverá por muito tempo e eu tenho notado que os clientes mais vaidosos se encaixam perfeitamente com ela. Uma habilidade incomum de conversar com outros seres mágicos em suas respectivas línguas é encontrada nos proprietários desse tipo de varinha, incluindo o célebre autor de Sereianos: Um Guia Completo de sua Língua e Costumes, Dylan Marwood.

Ash (Freixo) 31


A varinha de freixo é extremamente leal ao seu único mestre e não deve ser passada a frente por seu dono original, porque ela perde seu poder e suas habilidades. Essa tendência é extrema se seu núcleo for de unicórnio. Superstições antigas sobre as varinhas raramente podem ser comprovadas com um exame detalhado, mas eu descobri que a velha rima sobre varinhas de sorveira, castanheira, freixo e aveleira (sorveira fofoca, castanheira zumbe, freixo é teimosa e aveleira lamenta-se) faz algum sentido. Esses bruxos e bruxas que se encaixam com a varinha de freixo não são, de acordo com a minha experiência, obrigados a deixar de lado seus objetivos ou crenças. No entanto, o impetuoso ou muito confiante bruxo ou bruxa, que insiste em utilizar uma varinha de madeira prestigiada como essa, pode ficar desapontado com seus efeitos. O proprietário ideal talvez seja teimoso e certamente corajoso, mas nunca estúpido ou arrogante.

Aspen (Álamo) Álamo, um tipo de madeira de qualidade, branca, refinada e muito valorizada por todos os fabricantes de varinha por seu estilo que remete ao marfim e seu charme incomparável. O proprietário da varinha de álamo é geralmente um duelista de primeira, ou é destinado ser, já que esse tipo de varinha é frequentemente utilizado na magia marcial. Um infame e secreto clube de duelos do século XVIII, que chamava-se “The Silver Spears”, tinha a reputação de admitir apenas aqueles que possuíam varinhas de álamo. De acordo com minha experiência, os donos desse tipo de varinha são, em sua maioria, fortes de espírito e determinados, além de propensos a serem atraídos por missões; essa é uma varinha para revolucionários.

Beech (Faia) A verdadeira combinação para uma varinha de faia seria, se jovem, alguém muito sábio para sua idade e, se mais velho, alguém muito compreensivo e experiente. As varinhas de faia não funcionam bem com pessoas mesquinhas e intolerantes. Tanto bruxos como bruxas que tiveram uma varinha desse material mas que não obtiveram sucesso com ela (ou ainda tenham a cobiçado, visto que é bem valorizada), vinham com frequência à casa de fabricantes de varinha como eu, querendo saber o porquê dessa falta de poder. Já quando combinadas com as pessoas certas, as varinhas de faia são capazes de produzir feitiços raros e sutis jamais vistos em qualquer outro tipo de material, daí a sua reputação brilhante.

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Blackthorn (Espinheiro-negro) O espinheiro-negro, que é uma varinha muito incomum, tem a reputação - na minha opinião, merecida - de adequar-se melhor a um guerreiro. Isso não significa necessariamente que seu dono pratica as Artes das Trevas (apesar de que é inegável que aqueles que a utilizam vão adorar o poder que a varinha poderá lhes conferir); encontram-se varinhas desse tipo tanto entre Aurores, quanto entre os habitantes de Azkaban. É uma característica curiosa que o arbusto de espinheiro-negro, que ostenta espinhos perversos, produza as mais doces frutas mesmo após geadas duras, e as varinhas feitas desse material parecem precisar passar por algum perigo ou dificuldade para conectar-se de fato ao seu proprietário. Dada essa condição, essa varinha se tornará tão leal e fiel quanto espera-se de um servo.

Black Walnut (Nogueira-negra) Não tão comum quanto a varinha de nogueira padrão, a de nogueira-negra procura um dono dotado de bons instintos e forte de espírito. A nogueira-negra é uma madeira muito bonita, mas dominá-la não é uma tarefa nada fácil. Ela tem uma peculiaridade em especial, que é anormalmente propensa a arranjar confusões e perde seu poder dramaticamente se seu proprietário tentar se auto-enganar de alguma maneira. Se o bruxo ou bruxa é incapaz de ser honesto consigo mesmo ou com os outros, a varinha geralmente não funciona de maneira adequada e deve ser dada a outro usuário cuja personalidade seja adequada, para que ela readquira seu poder. No entanto, quando combinada com um proprietário sincero e dotado de auto-conhecimento, ela torna-se a mais leal e impressionante varinha de todas, com um toque especial de charme.

Cedar (Cedro) Sempre que encontro alguém que tem uma varinha de cedro, vejo força de caráter e uma lealdade incomum. Meu pai, Gervaise Ollivander, costumava dizer “você nunca vai enganar um dono cuja varinha é de cedro,” e eu concordo: esse tipo de varinha encontra-se onde há perspicácia e percepção. Eu iria além do que meu pai disse, no entanto, dizendo que eu nunca conheci algum proprietário de varinha de cedro com quem eu ousaria cruzar, especialmente se algum mal é feito para aqueles que eles amam. O bruxo ou bruxa que combina com esse tipo de varinha tem o potencial de ser um adversário perigoso, o que muitas vezes é um choque para aqueles que o desafiam sem 33


pensar.

Cherry (Cerejeira) Esse material muito raro confere um poder estranho para a varinha, sendo ela muito valorizada pelos estudantes da escola de Mahoutokoro, no Japão, onde aqueles que possuem uma varinha de cerejeira tem um prestígio especial. Os compradores de varinhas ocidentais devem tirar da cabeça a ideia de que a flor da árvore é feita para uma varinha meramente ornamental, pois essa varinha possui um poder letal, seja qual for o núcleo. Quando combinada com fibra de coração de dragão, a varinha nunca pode ficar nas mãos de um bruxo que não tenha excepcional controle sobre suas ações além de uma mente muito bem estruturada.

Chestnut (Castanheira) Essa é a madeira mais curiosa e multifacetada; ela varia muito em seu caráter, dependendo do núcleo, e pega uma grande parte das nuances da personalidade de quem a possui. A varinha de castanheira se atrai por bruxos e bruxas que são habilidosos em domar criaturas mágicas, por aqueles que possuem grande aptidão em Herbologia e os que são voadores natos. Entretanto, quando combinada com fibra do coração de dragão, ela pode adaptar-se melhor àqueles que são extremamente apegados à luxúria e coisas materiais e menos escrupulosos do que deveriam ser sobre como adquiriram essas coisas. Contrariamente, três diretores consecutivos da Suprema Corte dos Bruxos possuíram varinhas de castanheira com núcleo de unicórnio, porque essa combinação mostra uma predileção por aqueles preocupados com todas as formas de justiça.

Cypress (Cipreste) Varinhas de cipreste são associadas à nobreza. O grande fabricante medieval de varinhas, Geirant Olivaras, escreveu que sempre ficava honrado em combinar uma varinha de cipreste com alguém, já que ele sabia que estava encontrando uma bruxa ou bruxo que teria uma morte heroica. Felizmente, nestes tempos menos sedentos de sangue, os possuidores de varinhas de cipreste raramente são solicitados para sacrificar suas vidas, apesar de que, sem dúvidas, muitos deles fariam isso se necessário. Varinhas de cipreste encontram sua alma gêmea entre os bravos, corajosos e os que se sacrificam: aqueles que não têm medo confrontar as sombras de sua própria natureza ou de ou34


tros.

Dogwood (Corniso) Corniso é pessoalmente uma das minhas favoritas, e eu descobri que combinar uma varinha de corniso com seu dono ideal é sempre interessante. Varinhas de corniso são excêntricas e travessas; elas possuem uma natureza brincalhona e insistem em parceiros que podem prover a elas uma variedade de animação e diversão. Seria bem errado, no entanto, deduzir a partir disso que varinhas de corniso não são capazes de realizar magia séria quando invocadas para isso; elas têm sido conhecidas por realizar feitiços extraordinários sob circunstâncias difíceis, e quando combinadas com uma bruxa ou bruxo adequadamente inteligente e engenhoso, podem produzir encantamentos deslumbrantes. Um interessante ponto fraco de muitas varinhas de corniso é que elas se recusam a realizar feitiços não-verbais e são frequentemente bem barulhentas.

Ebony (Ébano) Essa varinha de madeira extremamente negra possui aparência e reputação impressionantes, sendo altamente recomendada para duelos e para Transfiguração. Ébano é mais feliz nas mãos daqueles com a coragem para serem eles mesmos. Frequentemente não-conformistas, altamente individuais ou confortáveis com o status de “estranhos”, os donos de uma varinha de ébano foram encontrados tanto nos escalões da Ordem da Fênix quanto nos dos Comensais da Morte. Na minha experiência, a combinação perfeita para a varinha de ébano é alguém que irá se agarrar firme em suas crenças, não importa a pressão externa, e que não será desviado nem ligeiramente de seus propósitos.

Elder (Sabugueiro) A madeira de varinha mais rara de todas, e com uma reputação de ser profundamente azarenta, a varinha de sabugueiro é mais complicada de ser dominar do que qualquer outra. Ela contém magia poderosa, mas se recusa a continuar com qualquer dono que não seja o superior em seu grupo de pessoas; é necessário um bruxo extraordinário para manter uma varinha de sabugueiro por um longo período de tempo. A velha superstição de “varinha de sabugueiro nunca prospera”, tem como base o medo da própria varinha, mas, na verdade, a superstição não tem fundamento, e os tolos fabricantes 35


de varinhas que se recusam a trabalhar com sabugueiro o fazem mais porque duvidam que serão capazes de vender seu produto do que pelo medo de trabalhar com ela. A verdade é que apenas uma pessoa incomum irá combinar-se perfeitamente com o sabugueiro, e na rara ocasião dessa combinação ocorrer, eu tenho certeza de que a bruxa ou bruxo em questão terá um destino especial. Um fato adicional que eu descobri durantes meus longos anos de estudo é que os donos de varinhas de sabugueiro quase sempre sentem uma afinidade poderosa com aqueles escolhidos pela sorveira-brava.

Elm (Olmo) A crença infundada de que apenas sangues-puros podem produzir magia a partir de varinhas de olmo foi sem dúvidas iniciado pelo dono de uma varinha de olmo procurando provar as credenciais de seu sangue, isso porque eu conheço combinações perfeitas de varinhas de olmo com nascidos trouxas. A verdade é que as varinhas de olmo preferem donos com presença, destreza mágica e uma certa dignidade natural. De todas as madeiras de varinhas, olmo, na minha experiência, é a que produz menos acidentes, o menor número de erros tolos e os encantamentos e feitiços mais elegantes; essas são varinhas sofisticadas, capazes de magia altamente avançada nas mãos certas (o que, novamente, a faz muito desejada por aqueles que adotaram a filosofia de sangue-puro).

English Oak (Carvalho inglês) Uma varinha para os tempos bons e ruins, ela é uma companheira tão leal quanto o bruxo que a merece. Varinhas de carvalho inglês demandam parceiros fortes, corajosos e fieis. Menos conhecida, é uma tendência dos donos das varinhas de carvalho inglês ter uma poderosa intuição, e, frequentemente, uma afinidade com a magia do mundo natural, com as criaturas e plantas utilizadas pelos bruxos, tanto para magia quanto para o prazer. A árvore de carvalho inglês é chamada de rainha da floresta do solstício de inverno até o de verão, e sua madeira deve apenas ser coletada durante esse período (azevinho se torna o rei quando os dias começam a encurtar novamente, e então sua madeira deve ser apenas coletada quando o ano vai acabando. Acredita-se que essa divisão seja a origem da velha superstição “quando a varinha dele é de carvalho e a dela é de azevinho, então se casar seria loucura”, uma superstição que eu acho infundada). É dito que a varinha de Merlin era de carvalho inglês (apesar de seu túmulo nunca ter sido encontrado, então isso não pode ser provado). 36


Fir (Abeto) Meu respeitável avô, Gerbold Octavius Olivaras, sempre chamava varinhas dessa madeira de “a varinha do sobrevivente”, porque ele tinha vendido ela para três bruxos que posteriormente passaram ilesos por um perigo mortal. Não há dúvidas de que essa madeira, vindo da mais elástica das árvores, produz varinhas que demandam resistência e força de vontade de seus verdadeiros donos, e que elas são ferramentas pobres nas mãos dos inconstantes e indecisos. Varinhas de abeto são particularmente adequadas para Transfiguração, e favorecem donos focados, com mente forte e, ocasionalmente, de comportamento intimidador.

Hawthorn (Pilriteiro) O fabricante de varinhas Gregorovitch escreveu que pilriteiro “faz uma varinha estranha e contraditória, tão cheia de paradoxos como a árvore que lhe gerou, cujas folhas e flores curam, mas cujos galhos cortados cheiram à morte.” Enquanto eu discordo de muitas das conclusões de Gregorovitch, nós concordamos sobre varinhas de pilriteiro, que são complexas e intrigantes em sua natureza, assim como os donos que melhor se adaptam a elas. Varinhas de pilriteiro podem ser particularmente apropriadas para magia curandeira, mas elas também são adeptas às maldições, e eu observei que, no geral, a varinha de pilriteiro parece mais confortável inserida em uma natureza em conflito, ou com uma bruxa ou bruxo passando por um período de perturbação. Pilriteiro não é fácil de dominar, no entanto, e eu apenas consideraria dar uma varinha de pilriteiro nas mãos de uma bruxa ou bruxo de comprovado talento, ou as consequências poderiam ser perigosas. Varinhas de pilriteiro têm uma peculiaridade notável: seus feitiços podem, quando mal manuseada, sair pela culatra.

Hazel (Aveleira) Uma varinha sensível, as de aveleira frequentemente refletem o estado emocional de seu dono, e funcionam melhor para um mestre que entende e consegue administrar seus próprios sentimentos. Outros devem ser bem cuidadosos ao lidar com uma varinha de aveleira se o seu dono recentemente ficou muito irritado ou sofreu uma decepção séria, porque a varinha irá absorver essa energia e liberar de forma imprevisível. Entretanto, os aspectos positivos de uma varinha de aveleira mais do que compensam eventuais desconfortos, isso porque ela é capaz de realizar magia extraordinária nas mãos 37


de alguém habilidoso, e é tão devota ao seu dono que frequentemente “murcha” (o que significa dizer que ela expele toda sua magia e se recusa a funcionar, comumente necessitando extrair o seu núcleo para ser inserido em outro revestimento se a varinha ainda for necessária) no fim da vida de seu mestre (entretanto, se o núcleo é de pelo de unicórnio, não há esperança; a varinha irá quase que certamente ter “morrido”). Varinhas de aveleira também possuem a habilidade única de detectar água no subsolo, e irão emitir baforadas de fumaça prateada em forma de lágrimas se passarem por nascentes escondidas e poços.

Holly (Azevinho) Azevinho é um dos mais raros tipos de madeira para varinha. Tradicionalmente considerado protetor, funciona melhor para aqueles que talvez precisem de ajuda para superar uma tendência a raiva e a impetuosidade. Ao mesmo tempo, varinhas de azevinho costumam escolher donos que estão frequentemente envolvidos em situações perigosas ou buscas espirituais. A varinha feita de azevinho é uma das que varia mais dramaticamente em sua performance dependendo do núcleo, e é uma madeira notoriamente difícil de juntar com pena de Fênix, já que a volatilidade da madeira conflita de maneira estranha com a indiferença da fênix. Entretanto, no caso incomum de tal par encontrar sua combinação ideal e funcionar, nada e nem ninguém deve ficar em seu caminho.

Hornbeam (Choupo-branco) Minha própria varinha é feita de choupo-branco e é com toda a modéstia que eu declaro que o choupo-branco seleciona como parceiro para a vida os bruxos ou bruxas talentosos com uma única e pura paixão, a qual alguns talvez chamem de obsessão (embora eu previra o termo “visão”), que quase sempre se realizará. Varinhas de choupo-branco se adaptam mais rapidamente que quase qualquer outra ao estilo de magia de seu dono e se tornam tão personalizadas tão rapidamente, que outras pessoas acharão extremamente difícil conjurar até mesmo os mais simples feitiços com ela. Varinhas e choupo-branco absorvem o código de honra de seu dono, seja ele qual for e se recusa a realizar atos - para o bem ou para o mal - que não se encaixem nos princípios de seu mestre. Uma varinha particularmente sintonizada a quem a usa e consciente.

Larch (Lariço) 38


Forte, durável e de cor quente, lariço tem sido considerada há tempos como uma poderosa e atrativa madeira para varinha. Sua reputação de instigar coragem e confiança no usuário tem assegurado que sua demanda sempre ultrapasse a quantidade em estoque. Essa varinha muito procurada é, entretanto, difícil de agradar em questão de donos ideais, e mais complicada de lidar que muitos imaginam. Eu acho que essa madeira sempre cria varinhas de talentos ocultos e efeitos inesperados, que é o que descreve o mestre que a possui. É comum o caso de o bruxo ou bruxa que pertence à varinha de lariço nunca se dar conta da extensão total de seus talentos consideráveis até ser escolhido por essa varinha. Mas então, juntos, os dois farão uma combinação excepcional.

Laurel (Loureiro) É dito que a varinha de loureiro não pode realizar um ato desonroso, embora na jornada pela glória (um objetivo não incomum para aqueles que são escolhidos por essas varinhas), eu soube de varinhas de loureiro que realizaram feitiços poderosos e, às vezes, letais. As varinhas de loureiro são algumas vezes chamadas de volúveis, mas isso não é justo. Elas parecem incapazes de tolerar proprietários preguiçosos e, caso isso ocorra, acabam sendo fácil e voluntariamente vencidas, escolhendo outro dono. Caso contrário, é uma varinha que se apega facilmente e para sempre ao primeiro dono escolhido, e, de fato, tem um atributo incomum e atraente que faz com que ela lance um raio de luz espontâneo se outro bruxo ou bruxa tentar roubá-la.

Maple (Bordo) Eu frequentemente percebo que aqueles que são escolhidos por uma varinha de bordo são, por natureza, viajantes e exploradores. Não são varinhas para ficar em casa e preferem ambição em seus bruxos e bruxas, se não sua magia fica pesada e sem brilho. Novos desafios e mudanças regulares de cenário fazem essa varinha literalmente brilhar, polindo-se enquanto cresce, junto com seu parceiro, em habilidade e status. Essa é uma bonita e desejável madeira e a varinha de bordo de qualidade tem estado entre as mais caras por séculos. Possuir uma dessas tem sido por muito tempo uma marca de status, devido a sua reputação de varinha de grandes realizadores.

Pear (Pereira)

Essa madeira de tom dourado produz varinhas de poderes mágicos 39


esplêndidos, as quais dão o melhor de si nas mãos dos de coração puro, dos generosos e dos sábios. Donos de varinha de pereira são, na minha experiência, normalmente populares e bem respeitados. Não sei de um caso sequer de uma varinha de pereira descoberta nas mãos de um bruxo ou bruxa das trevas. Varinhas de pereira estão entre as mais resilientes, e eu frequentemente observei que elas podem ainda apresentar uma marcante aparência de novas, mesmo depois de muitos anos de uso intenso.

Pine (Pinheiro) A varinha reta e granulada de pinheiro sempre escolhe um mestre independente e individualista que pode ser visto como solitário, intrigante e talvez, misterioso. Varinhas de pinheiro gostam de ser usadas criativamente e, ao contrário de algumas outras, se adaptam sem protestos a novos métodos e feitiços. Muitos fabricantes de varinhas insistem que varinhas de pinheiro são capazes de detectar e ter uma melhor performance com donos que estão destinados a longas vidas, e eu confirmo isso, já que nunca conheci pessoalmente um mestre de varinha de pinheiro que tenha morrido jovem. A varinha de pinheiro é uma das mais sensíveis à magia não-verbal.

Poplar (Choupo) “Se você busca integridade, procure primeiro entre os álamos”, era uma grande máxima do meu avô, Gerbold Olivaras, e minha própria experiência com varinhas de choupo e seus donos se encaixa exatamente com a dele. Aqui está uma varinha que se pode confiar, de consistência, força e poder uniforme, sempre mais feliz em trabalhar com um bruxo ou bruxa de visão moral clara. Existe uma velha piada envolvendo pequenos fabricantes de varinhas que diz que nenhuma varinha de choupo jamais escolheu um político, mas aqui eles mostram sua lamentável ignorância: dois dos ministros mais talentosos do Ministério da Magia, Eldritch Diggory e Evangeline Orpington, eram donos de ótimas varinhas de choupo feitas pelos Olivaras.

Red Oak (Carvalho vermelho) Você frequentemente ouvirá os ignorantes dizerem que carvalho vermelho é um sinal infalível de que o dono é temperamental. Na verdade, a combinação perfeita para uma varinha de carvalho vermelho é um dono de incomuns reações rápidas, tornando-a uma varinha perfeita para duelos. Menos comum que o carvalho inglês, eu acredito que seu mestre ideal seja veloz 40


no tato, tenha capacidade de raciocínio rápido e seja adaptável, frequentemente um criador de distintos feitiços com marcas únicas e um bom homem ou mulher para se ter ao lado em uma briga. Varinhas de carvalho vermelho são, na minha opinião, uma das mais belas.

Redwood (Pau-brasil) Varinhas de pau-brasil de qualidade estão em falta. Ainda assim, a demanda é constante, devido a sua reputação de trazer boa sorte a seus donos. Como geralmente é o caso no estuda das varinhas, o público geral vê a verdade ao avesso: varinhas de pau-brasil não são sortudas, mas são fortemente atraídas por bruxos e bruxas que já possuem a admirável habilidade de saírem bem-sucedidos de situações complicadas, de fazer a escolha certa, de tirar vantagem de catástrofes. A combinação desses bruxos ou bruxas com varinhas de pau-brasil é sempre intrigante e eu geralmente espero ouvir grandes feitos quando envio essa combinação especial para fora da minha loja.

Rowan (Sorveira) A madeira de sorveira tem sido sempre muito favorável para varinhas, porque tem reputação de ser mais protetora que qualquer outra e, na minha experiência, executa todo tipo de feitiço de defesa de forma especialmente forte e difícil de quebrar. É comumente citado que nenhum bruxo ou bruxa das trevas jamais teve uma varinha de sorveira e eu não consigo recordar uma única vez em que uma das minhas próprias varinhas de sorveira tenha ido para o mal no mundo. Sorveira é melhor colocada com os mente aberta e coração puro, mas essa reputação de virtude não deve enganar ninguém - essas varinhas são equivalente a qualquer outra, geralmente as melhores, e frequentemente superam outras em duelo.

Silver Lime (Tília) Esse tipo de madeira incomum e altamente atrativo estava na moda no século XIX. A demanda superou em muito a oferta e fabricantes de varinha inescrupulosos tingiram madeiras inferiores, na intenção de enganar compradores que acreditavam estar comprando tília. As razões para a desejo dessas varinhas englobam não somente sua aparência bela e incomum, mas também sua reputação perante videntes e legilimentes, uma vez que elas funcionam muito bem com pessoas que possuem essas habilidades misteriosas, que conferem um status considerável ao dono desse tipo de varinha. Quando 41


a demanda estava em seu auge, o fabricante de varinhas Arturo Cephalopos reivindicou que associar a varinha de tília à clarividência era “uma farsa circulada por comerciantes como Gerbold Olivaras (meu próprio avô), que haviam saturado seu estoque da loja com tília e esperavam trocar seu excedente”. Mas Cephalopos era desleixado e ignorante e ninguém, vidente ou não, ficou surpreso quando ele saiu dos negócios.

Spruce (Abeto vermelho) Fabricantes de varinha inabilidosos dizem que o abeto vermelho é uma madeira difícil de lidar mas, ao fazer isso, revelam sua própria tolice. É bem verdade que para se trabalhar com o abeto vermelho, se faz necessária uma habilidade particular, pois esse tipo de madeira produz varinhas que não são adequadas à pessoas impacientes ou ansiosas por natureza e se tornam potencialmente perigosas em mãos erradas. A varinha de abeto vermelho requer uma mão firme, porque costuma tomar decisões em relação à qual feitiço deve ser realizado. Entretanto, quando esse tipo de varinha encontra seu dono ideal - que, de acordo com a minha experiência, deve ser um bruxo corajoso e muito bem humorado - ela se torna uma ajudante magnífica, imensamente leal e capaz de produzir efeitos consideráveis e particularmente extravagantes.

Sycamore (Sicômoro) O sicômoro faz um estilo de varinha intrigante, ansiosa por novas experiências e que perde o brilho quando engajada em atividades mundanas. É uma peculiaridade dessa varinha entrar em combustão se deixada no “tédio” e muitos bruxos e bruxas, quando entram na meia idade, ficam desconcertados ao encontrá-la se desfazendo em chamas em suas mãos, enquanto pedem novamente a ela que ajeite seus travesseiros. Como deve ter sido deduzido, o dono ideal da varinha de sicômoro é curioso, aventureiro e cheio de vida e quando unida a tal mestre, ela demonstra uma capacidade de aprendizado e adaptação que lhe confere um legítimo lugar entre as madeiras mais caras do mundo.

Vine (Videira) Os druidas consideravam qualquer coisa que se assemelhasse à madeira como árvore e varinhas de videira tem uma natureza tão especial que eu fiquei feliz em levar essa antiga tradição à frente. Varinhas de videira estão entre os tipos menos comuns e fico intrigado ao notar que seus donos são 42


quase sempre bruxos e bruxas ambiciosos, que têm uma visão incomum e que frequentemente surpreendem aqueles que pensam que os conhecem. Esse tipo de varinha parece se atrair fortemente por pessoas de personalidade obscura e eu as considero mais sensíveis que qualquer outra quando se trata de detectar instantaneamente um possível dono. Fontes confiáveis afirmam que essas varinhas podem produzir efeitos mágicos diante da mera entrada de um provável dono em sua sala e eu observei duas vezes o fenômeno em minha própria loja.

Walnut (Nogueira) A varinha de nogueira é comumente oferecida, em primeira mão, à bruxos e bruxas de extrema inteligência, pois em nove de cada dez casos, o bruxo e a varinha se completam e fazem uma combinação ideal. Esse tipo de varinha é geralmente encontrado nas mãos de mágicos inventores e inovadores. A nogueira é uma madeira linda, dotada de uma versatilidade incomum. Uma nota de aviso, entretanto: embora alguns tipos de madeira de varinha sejam difíceis de lidar e por vezes resistam a realizar feitiços que não compactuam com sua natureza, a varinha de nogueira vai, uma vez subjugada, realizar qualquer tarefa que seu dono desejar, desde que este saiba como dominá-la. Isso torna-a uma arma letal nas mãos de um bruxo(a) inexperiente, já que a varinha e o bruxo podem sugar as energias um do outro de uma maneira nem um pouco saudável.

Willow (Salgueiro) O salgueiro é uma madeira incomum que possui o poder da cura e ao longo dos anos, notei que o dono ideal para esse tipo de varinha é um tanto quanto inseguro, por mais que tente esconder esse sentimento. Enquanto muitos compradores confiantes insistem em testar uma varinha de salgueiro (atraídos por sua bela aparência e sua legítima reputação de realizar magia não-verbal avançada), minhas varinhas têm selecionado proprietários de grande potencial, ao invés dos que acreditam ter pouco a aprender. Há um provérbio antigo em minha família que diz “aquele que tem grandes ambições, poderá alcançá-las mais rapidamente se tiver em mãos uma varinha de salgueiro.”

Yew (Teixo)

Varinhas de teixo estão entre os tipos mais raros e suas combinações 43


ideais são por muitas vezes incomuns e ocasionalmente notórias. A varinha de teixo é conhecida por dar ao seu dono o poder da vida e da morte o que pode, obviamente, ser dito de todas as varinhas e é dotada também de uma reputação temerosa no que se refere à duelos e maldições. Entretanto, não é correto dizer (como os que não entendem de varinhas costumam fazer) que aqueles que possuem esse tipo de varinha são mais suscetíveis a serem atraídos para as Artes das Trevas. O bruxo ou bruxa com o qual a varinha tem maior aptidão pode mostrar-se um protetor/defensor de seus iguais. Varinhas feitas dessas árvores mais antigas foram encontradas tanto na posse de heróis quanto na de vilões. Onde um bruxo é sepultado com uma varinha de teixo, esta geralmente faz brotar uma árvore guardiã para proteger o túmulo de seu mestre. O que é certo, de acordo com minha experiência, é que a varinha de teixo jamais escolheria um proprietário tímido ou inexperiente.

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PLATAFORMA NOVE E TRÊS QUARTOS

Ao escolher o número da plataforma oculta que levaria os jovens bruxos e bruxas para o internato, decidi que deveria ser um número entre aqueles das plataformas trouxas – portanto, era claramente uma fração. Isso levantou a interessante questão de quantas outras plataformas fracionárias jaziam entre todas as plataformas numeradas de King’s Cross, e eu conclui que haviam, provavelmente, algumas. Embora nunca tenha sido mencionado nos livros, gosto de pensar que é possível pegar uma versão do Orient Express para vilarejos bruxos na Europa continental (tente a plataforma sete e meio), e que outras plataformas podem ser abertas quando necessário, como por exemplo para grandes e exclusivos eventos como concertos de Celestina Warbeck (veja seu ingresso para detalhes). O número nove e três quartos se apresentou sem muito pensamento consciente, e eu gostei tanto que o peguei de primeira. É o três quartos que o faz diferente, é claro.

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O EXPRESSO DE HOGWARTS

Como sabemos dos primeiros relatos históricos, e das evidências de xilogravuras e gravuras, os alunos de Hogwarts costumavam chegar à escola de qualquer maneira que os agradasse. Alguns guiavam vassouras (uma proeza complicada quando se está carregando malas e animais de estimação); outros comandavam carrinhos encantados e, mais tarde, carruagens; alguns tentavam aparatar (constantemente com efeitos desastrosos, uma vez que o castelo e seus terrenos sempre foram protegidos com feitiços anti-aparatação), outros montavam uma variedade de criaturas mágicas. Apesar dos frequentes acidentes nesses vários meios de transportes mágicos, para não mencionar os avistamentos anuais de um grande número de bruxos voadores viajando para o norte por trouxas, continuou sendo dos pais a responsabilidade de conduzir seus filhos à escola, até a imposição do Estatuto Internacional de Sigilo, em 1692. Neste momento, tornou-se uma questão de urgência encontrar algum método mais discreto para transportar centenas de crianças bruxas de toda a Grã-Bretanha à sua escola secreta nas montanhas da Escócia. Chaves de portal foram, portanto, dispostas em pontos de coleta por toda a Grã-Bretanha. A operação causou problemas desde o início. Mais de um terço dos alunos não conseguiriam chegar a cada ano, tendo perdido seu horário ou sendo incapazes de achar o discreto objeto encantado que os transportaria para sua escola. Houve também o fato lamentável de que muitas crianças ficavam (e ficam) enjoadas ao usar uma chave de portal, e a ala 46


hospitalar ficava frequentemente lotada nos primeiros dias de todos os anos, enquanto alunos sensíveis superavam sua histeria e náuseas. Embora admitindo que as chaves de portal não eram a solução ideal para o problema de transporte escolar, o Ministério da Magia falhou ao tentar encontrar uma alternativa aceitável. Retornar para a viagem não regulamentada de antigamente era impossível, e uma rota mais segura para a escola (por exemplo, permitindo uma lareira que poderia ser uma entrada oficial por pó de Flu) foi fortemente combatida por sucessivos diretores, que não queriam que a segurança do castelo fosse violada. Uma solução ousada e polêmica para o tormentoso problema foi finalmente sugerida pelo Ministro da Magia Ottaline Gambol, que estava muito intrigado com as invenções trouxas e percebeu o potencial dos trens. De onde veio o Expresso de Hogwarts, exatamente, nunca foi provado conclusivamente, apesar de ser fato que existem registros secretos no Ministério da Magia detalhando uma operação em massa envolvendo cento e sessenta e sete feitiços de memória e a maior massa de feitiços de ocultamento realizada na Grã-Bretanha. Na manhã seguinte desses supostos crimes, uma reluzente máquina a vapor escarlate e carruagens surpreenderam moradores de Hogsmeade (que também não perceberam que tinham uma estação ferroviária), enquanto vários trabalhadores trouxas da estação de Crewe passaram o resto do ano lutando contra o sentimento desconfortável de que tinham se esquecido de algo importante. O Expresso de Hogwarts sofreu várias modificações mágicas antes do Ministério aprová-lo para uso escolar. Muitas famílias de sangue-puro ficaram indignadas com a ideia de seus filhos usarem transporte trouxa, o qual eles diziam ser perigoso, anti-higiênico e degradante; contudo, já que o Ministério decretou que os alunos que não pegassem o trem não frequentariam a escola, as oposições foram rapidamente silenciadas.

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SAPOS

Dentre os três animais aprovados e permitidos para os alunos terem de estimação em Hogwarts, o sapo é, e tem sido agora por muitos anos, de longe, o menos popular. Séculos atrás, em tempos de sede de sangue, quando esperava-se que jovens bruxas e bruxos arrancassem pessoalmente os olhos de salamandra que estavam usando em poções, eles traziam, rotineiramente, caixas de sapos para a escola para usar em poções e outros feitiços. Com o tempo, quando o Ministério da Magia introduziu a legislação a respeito da crueldade contra animais (subseções 13-29 referem-se inclusive a ingredientes e produção de poções), tais práticas foram gradualmente banidas. O sapo, nunca muito apreciado devido à sua própria aparência, apareceu gradualmente (vivo) com menos e menos frequência em Hogwarts, a menos que pulando e nadando solitário nos terrenos. Quando Harry chegou em Hogwarts, possuir um sapo de estimação não era nem legal, nem popular; na verdade, era algo embaraçoso. Trevo, o sapo de Neville, não tinha nada pra ser elogiado, exceto uma propensão para se perder, e quando ele finalmente fugiu para se juntar a seus irmãos no lago de Hogwarts, tanto o dono quando o animal sentiram uma sensação de alívio.

O sapo tem uma longa associação com feitiçaria, e muitas vezes acreditava-se ser um familiar. Ocupa um lugar especial em lendas antigas 48


sobre cura, particularmente (talvez no princípio homeopático de cura semelhante com semelhante) na cura das verrugas. Na Idade das Trevas, um sapo britânico poderia se considerar com sorte caso morresse de causas naturais, porque estava em perigo constante de ser cozido, reduzido a pó, esfolado ou amarrado em um saco ao redor do pescoço de um ser humano doente.

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PROFESSORA MCGONAGALL

Aniversário: 04 de outubro.
 Varinha: abeto e fibra de coração de dragão, 24 centímetros, rígida.
 Casa de Hogwarts: Grifinória.
 Habilidade Especial: animaga (distintamente identificada como um gato malhado cinza).
 Linhagem: Pai trouxa, mãe bruxa.
 Família: Elphinstone Urquart (marido), falecido. Sem filhos.
 Hobbies: bordar, corrigir artigos do Transfiguração, assistir Quadribol e torcer pelo Pegas de Montrose.

Infância Minerva McGonagall foi a primeira e única filha de um pastor presbiteriano escocês e de uma bruxa que estudou em Hogwarts. Ela cresceu nas Terras Altas da Escócia no começo do século XX, e apenas gradualmente foi perceber que havia algo estranho, tanto com suas próprias habilidades, quanto com o casamento de seus pais. O pai de Minerva, Reverendo Robert McGonagall, foi cativado pelo espírito elevado de Isobel Ross, que morava na mesma vila. Como seus vizinhos, Robert acreditava que Isobel frequentava um internato inglês para damas selecionadas. Na verdade, quando Isobel desaparecia de sua casa por meses, era para Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts que ela estava indo. 50


Sabendo que seus pais (bruxo e bruxa) discordariam de sua relação com o sério e jovem trouxa, Isobel manteve sua florescente relação em segredo. Ao atingir os dezoito anos, Isobel já estava apaixonada por Robert. Infelizmente, ela não tinha coragem para contá-lo o que ela era. O casal fugiu, deixando os dois pares de pais furiosos. Agora distante de sua família, Isobel não conseguia estragar o mar-de-rosas que era a lua-de-mel contando para seu encantado marido que ela se graduou em Hogwarts como a primeira da classe de Feitiços, nem que ela havia sido capitã do time de Quadribol. Isobel e Robert se mudaram para um presbitério na periferia de Caithness, onde a bela Isobel era capaz, surpreendentemente, de fazer o máximo com o pequeno salário de pastor. O nascimento da primeira criança do jovem casal, Minerva, trouxe tanto alegria quanto crise. Sentindo falta de sua família, e da comunidade mágica que ela abandonou por amor, Isobel insistiu em nomear sua filha recém-nascida com o nome de sua avó, uma bruxa incrivelmente talentosa. O nome estrangeiro causou suspeita na comunidade onde viviam, e o Reverendo Robert McGonagall achou difícil explicar a escolha de sua esposa para seus paroquianos. Além disso, ele ficou alarmado com o humor de sua esposa. Amigos afirmaram que as mulheres costumam ficar emotivas depois do nascimento de um bebê, e que Isobel voltaria ao seu estado normal em pouco tempo. Isobel, entretanto, se tornava cada vez mais distante, frequentemente se isolando com Minerva por dias a fio. Isobel mais tarde revelou que sua filha demonstrava pequenos, mas inconfundíveis, sinais de magia desde cedo. Brinquedos que foram deixados em estantes altas eram encontrados em seu berço. O gato da família fazia seus desejos antes mesmo dela falar. As gaitas de fole de seu pai podiam ser ouvidas ocasionalmente sendo tocadas sozinhas de cômodos distantes, um fenômeno que fazia a pequena Minerva gargalhar. Apesar de Minerva ser muito nova para lembrar daquela noite, suas consequências a deixaram com um amargo entendimento sobre as complicações que seriam crescer com magia em um mundo trouxa. Apesar do amor que Robert McGonagall sentia por sua esposa não ter diminuído depois de descobrir que ela era uma bruxa, ele ficou profundamente chocado por sua revelação e pelo fato dela ter mantido isso um segredo por tanto tempo. Mais ainda, ele, que se orgulhava de ser um homem correto e honesto, foi então arrastado para uma vida de sigilo que era muito estranha a sua natureza. Isobel explicou, em meio a soluços, que ela (e sua filha) eram ligadas ao Estatuto Internacional de Sigilo, e que eles deveriam esconder a verdade sobre si dos outros, ou enfrentar a fúria do Ministério da Magia. Robert também fraquejou com o pensamento de como os locais – que eram em sua maioria uma raça 51


austera, certinha e convencional – se sentiriam em ter um ministro com uma esposa bruxa. O amor triunfou, mas a confiança havia sido perdida entre seus pais, e Minerva, uma criança inteligente e observadora, viu isso com tristeza. Mais duas crianças, ambos meninos, nasceram, e ambos, com o tempo, revelaram habilidades mágicas. Minerva ajudou sua mãe a explicar para Malcolm e Robert Junior que eles não podiam exibir sua magia, e ajudou sua mãe a esconder de seu pai os acidentes e embaraços que a mágica deles às vezes causavam. Minerva era muito próxima de seu pai trouxa, cujo temperamento ela puxou mais do que de sua mãe. Ela via com dor o quanto ele lutava com a situação esquisita da família. Ela sentia, também, o esforço que sua mãe tinha para se encaixar no vilarejo trouxa, e o quanto ela sentia falta de estar com o seu tipo, e de exercitar seu considerável talento. Minerva nunca esqueceu o quanto sua mãe chorou, quando a carta de admissão para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts chegou no aniversário de onze anos de Minerva; ela sabia que Isobel estava soluçando não apenas com orgulho, mas também com inveja.

Carreira Escolar Como normalmente acontece quando o jovem bruxo ou bruxa vem de uma família que batalhou com sua identidade mágica, Hogwarts foi, para Minerva McGonagall, um lugar de libertação de alegria e liberdade. Minerva atraiu atenção incomum para si em sua primeira tarde, quando se revelou uma Hatstall. Após cinco minutos e meio, o Chapéu Seletor, que vinha oscilando entre as casas Corvinal e Grifinória, colocou Minerva na segunda. (Anos depois, essa situação foi assunto para uma brincadeira entre Minerva e seu colega Filius Flitwick, com quem o Chapéu Seletor teve a mesma confusão, mas resolveu numa direção oposta. Os dois chefes de casa ficaram encantados em pensar que, por aqueles momentos cruciais em suas juventudes, poderiam ter suas posições invertidas). Minerva foi rapidamente reconhecida como a estudante que mais se destacava em seu ano, com um talento particular em Transfiguração. Ao progredir na escola, ela demonstrou que havia herdado os talentos de sua mãe e o senso moral de ferro de seu pai. A carreira escolar de Minerva desencontrava por dois anos a de Pomona Sprout, mais tarde chefe da casa Lufa-Lufa, e as duas mulheres tiveram uma ótima relação tanto na época quanto anos mais tarde. 52


Ao final de sua educação em Hogwarts, Minerva McGonagall atingiu um recorde impressionante: notas máximas em seus NOMs e NIEMs, Monitora, Monitora chefe, e vencedora do prêmio Revelação Mais Promissora em Transfiguração. Com a orientação de seu professor inspirador de Transfiguração, Alvo Dumbledore, ela conseguiu se tornar uma animaga; sua forma animal, com suas marcas distintas (gato malhado, com a marca de um óculos quadrado em volta dos olhos) foi devidamente registrada no Registro de animagos no Ministério da Magia. Minerva era também, assim como sua mãe, uma talentosa jogadora de Quadribol, apesar de uma queda feia em seu último ano (uma falta durante um jogo Grifinória versus Sonserina que decidiria o vencedor da Copa) tê-la deixado com uma concussão, diversas costelas quebradas e um desejo que durou a vida toda de ver a Sonserina ser massacrada num campo de Quadribol. Apesar de ter desistido de Quadribol ao sair da escola, a professora inatamente competitiva desenvolveu mais tarde um grande interesse nas vitórias do time de sua casa, e manteve um olhar para talento em Quadribol.

Jovem Coração Partido Depois de se graduar em Hogwarts, Minerva retornou para casa para aproveitar o último verão com sua família antes de se mudar para Londres, onde lhe tinha sido oferecido um emprego no Ministério da Magia (Departamento de Aplicação de Leis Mágicas). Esses meses serviram para que Minerva passasse por uma das maiores dificuldades de sua vida, com apenas 18 anos, quando ela provou ser filha de sua mãe, apaixonando-se perdidamente por um trouxa. Foi a primeira e única vez que Minerva McGonagall perdeu a cabeça na sua vida. Dougal McGregor era o bonito, inteligente e engraçado filho de um fazendeiro local. Embora fosse menos bonita que Isobel, Minerva era inteligente e delicada. Dougal e Minerva compartilhavam o mesmo senso de humor, sabiam argumentar, e suspeitavam de algum segredo um no outro. Antes que qualquer um dos dois percebesse, Dougal estava ajoelhando em um campo lavrado, pedindo Minerva em casamento, e ela aceitou. Ela foi para casa com a intenção de contar a seus pais sobre seu noivado, mas descobriu que era incapaz de fazê-lo. Ela passou a noite inteira acordada pensando em seu futuro. Dougal não sabia o que ela, Minerva, era de verdade, da mesma forma que seu pai não soube nada sobre Isobel até que eles tivessem se casado. Minerva havia visto de perto o tipo de casamento que ela teria ao se casar com Dougal. Seria o fim de todas as ambições que ela tinha; 53


significaria uma varinha escondida, crianças obrigadas a mentir até mesmo para o próprio pai. Ela não se enganou pensando que Dougal McGregor a acompanharia até Londres, onde ela iria passar todos os dias trabalhando no Ministério. Ele estava pensando em herdar as terras do pai. No outro dia bem cedo, Minerva fugiu da casa de seus pais e foi até Dougal para dizer-lhe que ela havia mudado de ideia, e que não poderiam se casar. Tendo em mente de que se quebrasse o Estatuto Internacional de Sigilo em Magia ela perderia sua vaga no Ministério, ela não podia dar a ele nenhuma razão decente sobre sua mudança. Ela o deixou devastado, e partiu para Londres três dias depois.

Carreira no Ministério Embora sem dúvida seus sentimentos sobre o Ministério da Magia estivessem carregados pelo fato de ela recentemente ter sofrido uma crise amorosa, Minerva McGonagall não gostou muito de sua nova casa e seu ambiente de trabalho. Alguns de seus colegas tinham umas ideias anti-trouxas muito enraizadas, que, pela sua adoração por seu pai trouxa e seu amor por Dougal McGregor, ela achava deplorável. Embora seu chefe, o idoso Elphinstone Urquart, achasse que Minerva era uma funcionária talentosa e eficiente, ela estava infeliz em Londres e sentia falta da Escócia. Finalmente, depois de dois anos no Ministério, foi-lhe oferecida uma promoção muito prestigiosa, que ela recusou. Ela mandou uma coruja para Hogwarts, perguntando se não poderia ser considerada para o cargo de professora. A coruja voltou em questão de horas, oferecendo-a uma vaga no departamento de Transfiguração, sob o Chefe de Departamento Alvo Dumbledore.

Amizade com Alvo Dumbledore A escola deu as boas-vindas a Minerva McGonagall com prazer. Ela se jogou de cabeça no trabalho, provando ser uma professora rígida, porém inspiradora. Ter cartas de Dougal McGregor guardadas em uma caixa debaixo de sua cama – ela se dizia firmemente – era melhor do que ter sua varinha trancada lá. Ainda assim, foi um choque saber através de uma carta enviada por Isobel (no meio de outras notícias locais) que Dougal havia se casado com a filha de outro fazendeiro. Alvo encontrou Minerva aos prantos em sua sala de aula tarde da noite e ela contou toda a história a ele. Alvo ofereceu-a conforto e conselhos, e contou a Minerva algumas histórias de sua família que ela antes desconhecia. As 54


confidências trocadas aquela noite entre estas duas personagens intensamente reservadas e individuais formaram as bases para uma mútua estima e amizade duradoura.

Casamento Durante seus primeiros anos em Hogwarts, Minerva McGonagall continuou em termos de amizade com seu antigo chefe no Ministério, Elphinstone Urquart. Ele veio visitá-la durante suas férias na Escócia, e, para grande surpresa e constrangimento de Minerva, a propôs casamento na Casa de Chás Madame Puddifoot. Ainda apaixonada por Dougal McGregor, Minerva recusou. Elphinstone, ainda assim, nunca deixou de amá-la, tampouco de pedir sua mão de vez em quando, mesmo que ela continuasse a recusá-lo. A morte de Dougal McGregor, no entanto, embora traumática, pareceu libertar Minerva. Pouco depois da primeira derrota de Voldemort, Elphinstone, agora de cabelos brancos, novamente a pediu em casamento durante um passeio em volta do lago de Hogwarts. Desta vez Minerva aceitou. Elphinstone, agora aposentado, mal cabia em si de alegria e comprou um pequeno chalé em Hogsmeade para o casal, onde Minerva poderia ir facilmente ao trabalho todos os dias. Conhecida por gerações sucessivas de estudantes como “Professora McGonagall”, Minerva – sempre um pouco feminista – anunciou que manteria seu nome depois de casada. Tradicionalistas questionaram, “Por que Minerva recusou-se a aceitar um nome sangue-puro, e manteve o nome de seu pai trouxa? ”. O casamento (tragicamente curto, como devia estar destinado a ser) foi feliz. Apesar de não terem filhos, os sobrinhos de Minerva (filhos de seus irmãos Malcolm e Robert) frequentemente visitavam a casa. Este foi um período de satisfação para Minerva. A morte acidental de Elphinstone por uma mordida de Tentáculos Venenosos foi uma enorme tristeza para todos que conheciam o casal. Minerva, que não podia suportar viver sozinha em sua casa, embalou suas coisas depois do funeral de Elphinstone e voltou para seu quarto de pedra pavimentada no castelo de Hogwarts, acessível através de uma porta escondida na parede no primeiro andar. Uma pessoa sempre muito corajosa e reservada, ela sempre destinou todas as suas energias ao seu trabalho, e poucas pessoas – com exceção, talvez, de Alvo Dumbledore – chegaram a perceber o quanto ela sofreu. 55


Minerva era uma Deusa Romana da Guerra e da Sabedoria. William McGonagall é o pior poeta da história Britânica. Houve algo irresistível para mim sobre o seu nome e a ideia de que uma mulher tão brilhante pudesse ser parente distante do bobão McGonagall. Uma pequena amostra de seu trabalho vai dar um sabor da sua involuntária comédia. O texto abaixo foi escrito como parte de um poema que comemora um desastre de um trem Vitoriano: Bonita ponte ferroviária de Silv’ry Tay
 Ai de mim! Lamento muito dizer
 Que noventa vidas foram levadas
 No último sábado de 1879
 Que será lembrado por um longo tempo.

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HATSTALL

Hatstall é um termo arcaico em Hogwarts para qualquer aluno que o Chapéu Seletor leve mais de cinco minutos para sortear. Esse é um tempo excepcionalmente longo para o Chapéu deliberar, e ocorre raramente, talvez uma vez a cada cinquenta anos. Dos contemporâneos de Harry Potter, Hermione Granger e Neville Longbottom ficaram perto de se tornarem Hatstalls. O Chapéu Seletor levou quase quatro minutos para decidir se deveria colocar Hermione na Corvinal ou na Grifinória. No caso de Neville, o Chapéu estava decidido a colocá-lo na Grifinória: Neville, intimidado pela reputação da casa por bravura, pediu para ser colocado na Lufa-Lufa. O embate silencioso resultou em triunfo para o Chapéu. Os únicos Hatstalls verdadeiros conhecidos pessoalmente por Harry Potter foram Minerva McGonagall e Peter Pettigrew. A primeira fez o chapéu agonizar por cinco minutos e meio para saber se Minerva deveria ir para Corvinal ou Grifinória; o último foi colocado na Grifinória após uma longa deliberação entre a casa e Sonserina. O Chapéu Seletor, que é infamemente teimoso, ainda se recusa a aceitar que a sua decisão no caso deste último pode ter sido errada, citando a maneira pela qual Pettigrew morreu como prova (duvidosa).

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O CHAPÉU SELETOR

O famoso Chapéu Seletor de Hogwarts conta sobre seu próprio gênese em uma série de canções cantadas no começo de cada ano escolar. A lenda diz que o Chapéu pertenceu a um dos quatro fundadores, Godric Gryffindor, e que foi enfeitiçado em conjunto pelos quatro fundadores para assegurar que os estudantes fossem selecionados nas casas homônimas, de acordo com as preferências particulares de cada fundador. O Chapéu Seletor é um dos objetos encantados mais espertos que qualquer bruxo ou bruxa jamais virá a conhecer. Ele contém literalmente a inteligência dos quatro fundadores, pode falar (através de um rasgo no seu tecido) e é habilidoso em Legilimência, que torna-o capaz de olhar dentro da cabeça de quem o usa e adivinha suas capacidades ou humor. Ele pode até responder aos pensamentos de quem o está usando. O Chapéu Seletor é notório por se recusar a admitir ter feito um erro ao escolher a casa de um estudante. Na ocasião em que um sonserino se comporta de modo altruísta, quando um Corvinal falha um exame, quando um Lufa-Lufa se mostra preguiçoso, mas talentoso academicamente e quando um grifinório exibe ser covarde, o Chapéu sustenta rapidamente sua opinião inicial. Porém, se colocados na balança, o Chapéu cometeu pouquíssimos erros de julgamento através dos vários séculos em que vem trabalhando.

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O Chapéu Seletor não aparece nos primeiros planos de Hogwarts. Eu pensei em diversas maneiras diferentes para selecionar os alunos (porque eu sabia desde cedo que haveriam quatro casas, com diferentes qualidades). A primeira maneira era uma máquina elaborada à la Heath Robinson que faria todo tipo de coisa mágica antes de chegar a uma decisão, mas eu não gostei dela: parecia ao mesmo tempo muito complicada e muito fácil. Depois eu coloquei quatro estátuas dos fundadores no Hall de entrada, que ganhavam vida e selecionavam os estudantes da multidão em frente a eles enquanto a escola assistia. Essa era melhor, mas não estava certa ainda. Finalmente, eu escrevi uma lista das maneiras que as pessoas podem ser escolhidas: uni-duni-tê, pelo palito mais curto, pelo capitão do time, nomes de dentro de um chapéu – nomes de dentro de um chapéu falante – colocando um chapéu – o Chapéu Seletor.

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GRIFINÓRIA

Parabéns! Sou o monitor Percy Weasley, e estou encantado em recebê-lo na GRIFINÓRIA. Nosso emblema é o leão, a mais corajosa das criaturas; as cores de nossa casa são vermelho e dourado, e nossa sala comunal fica na Torre da Grifinória. Essa é, simplesmente, a melhor casa de Hogwarts. É onde os mais corajosos e mais ousados terminam – por exemplo: Alvo Dumbledore! Sim, o próprio Dumbledore, o maior bruxo do nosso tempo era um grifinório! Se isso não é suficiente para você, eu não sei o que é. Eu não vou te enrolar muito, já que tudo que você precisa fazer para descobrir mais sobre sua casa é seguir Harry Potter e seus amigos enquanto os levo até seus dormitórios. Aproveite seu tempo em Hogwarts – mas como você não o aproveitaria? Você se tornou parte da melhor casa da escola!

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LUFA-LUFA

Parabéns! Eu sou o monitor Gabriel Truman e estou muito feliz em recebê-lo na LUFA-LUFA. Nosso emblema é o texugo, um animal que frequentemente é subestimado, porque vive calmamente até que seja atacado, mas que, quando provocado, pode lutar contra animais maiores do que ele mesmo, incluindo lobos. As cores da nossa casa são o amarelo e o preto e nossa sala comunal está situada um andar abaixo do térreo, no mesmo corredor das cozinhas. Agora, há algumas coisas que você deveria saber acerca de Lufa-Lufa. Primeiro, vamos falar sobre um mito constante sobre o lugar, de que somos a casa menos inteligente. ERRADO. Lufa-Lufa é certamente a casa que menos se gaba, mas nós produzimos tantos bruxos e bruxas brilhantes como qualquer outra. Uma prova? Veja Grogan Stump, um dos mais populares Ministros da Magia de todos os tempos. Ele era um lufano, assim como eram os Ministros bem sucedidos Artemisia Lufkin e Dugald McPhail. E ainda temos a autoridade mundial em criaturas mágicas, Newt Scamander; Bridget Wenlock, a famosa aritmante do século XIII que primeiro descobriu as propriedades mágicas do número sete e Hengist de Woodcroft, que fundou Hogsmeade, a vila inteiramente bruxa, que fica bem próxima de Hogwarts. Todos lufanos. Então, como você pode ver, nós produzimos um número mais do que suficiente de bruxos e bruxas brilhantes, poderosos e audaciosos, mas só porque não saímos gritando isso, não recebemos o crédito que merecemos. Corvinos em particular acreditam que, qualquer descobridor fora do comum 61


deve ter vindo da casa deles. Eu tive um grande problema no meu terceiro ano por duelar com um monitor que insistiu que Bridget Wenlock tinha vindo da casa dele, não da minha. Eu deveria ter recebido uma semana de detenções, mas a professora Sprout me deixou escapar dessa com uma advertência e uma caixa de sorvete de coco. Lufanos são verdadeiros e leais. Não nos vangloriamos, mas ajudamos quando você está em perigo. Como o nosso emblema, o texugo, nós nos protegeremos, nossos amigos e família contra todo o perigo. Nada nos intimida. Porém, é verdade que Lufa-Lufa é um pouco pobre em uma área. Nós produzimos o menor número de bruxos das trevas do que qualquer outra casa da escola. Claro que você pensa em Sonserina como uma agitação de malfeitores, visto que eles nunca tiveram uma briga honesta e preferem trapacear a trabalhar duro, mas mesmo a Grifinória (casa com a qual nos damos melhor) produziu alguns personagens espertinhos. O que mais você precisa saber? Ah, sim, a entrada para a sala comunal está escondida em uma pilha de barris em um canto na ala direita do corredor das cozinhas. Dê um tapinha no segundo barril de cima pra baixo, no meio da segunda fileira, no ritmo de Helga Hufflepuff, e a tampa se abrirá. Nós também somos a única casa em Hogwarts com um dispositivo de repulsão a potenciais intrusos. Se baterem na tampa do barril errado, ou se o ritmo da batida for outro, o intruso será encharcado em vinagre. Você ouvirá sobre as outras casas e seus arranjos de segurança, mas acontece que em mais de mil anos a sala comunal da Lufa-Lufa e seus dormitórios nunca foram vistas por intrusos. Assim como os texugos, nós sabemos exatamente como nos esconder – e como nos proteger. Uma vez que você abriu o barril, rasteje pela passagem até entrar na mais confortável de todas as salas comunais. Ela é redonda e tem o teto rebaixado, parece sempre ensolarada e suas janelas circulares têm a vista da grama ondulante e dentes-de-leão. Há bastante cobre polido no local, muitas plantas tanto penduradas no teto, quanto posicionadas nos parapeitos das janelas. A diretora da nossa casa, Professora Pomona Sprout, é a chefe de Herbologia, e nos traz as espécies mais interessantes (algumas dançam e falam) para decorar a nossa sala – uma razão para sermos muito bons em Herbologia. Nossos sofás e cadeiras são estofados em preto e amarelo e nossos dormitórios são acessados através de portas redondas nas paredes da sala comunal. Lâmpadas de cobre projetam uma luz quente nos nossos quatro pôsteres, todos cobertos com mosaicos de 62


patchwork, e aquecedores de cama feitos de cobre estão pendurados nas paredes, para o caso de você estar com o pé frio. O fantasma de nossa casa é o mais amigável de todos: o Frei Gorducho. Você o reconhecerá bem facilmente. Ele é roliço, veste roupas de monge e é muito generoso se você estiver perdido ou em apuros. Acho que isso é quase tudo. Devo dizer que espero que alguns de vocês sejam bons jogadores de Quadribol. Lufa-Lufa não tem feito bonito nos torneios ultimamente.
Você provavelmente dormirá bem. Estamos protegidos de tempestades e ventanias nos nossos dormitórios. Nunca tivemos as noites perturbadoras que aqueles das torres já experimentaram. E mais uma vez: parabéns por se tornar membro da mais amiga, mais decente e mais tenaz de todas as casas.

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SALÃO COMUNAL DA LUFA-LUFA

O Salão Comunal da Lufa-Lufa tem sua entrada no mesmo corredor das cozinhas de Hogwarts. Passando pelo grande quadro de natureza morta que forma a entrada para a escada, uma pilha de barris grandes é encontrada, empilhados em um recuo sombrio de pedra no lado direito do corredor. O segundo barril a partir da base, no meio da segunda fileira, se abrirá se bater nele no ritmo de Helga Hufflepuff*. Como um dispositivo de segurança para repelir não lufanos, bater no barril errado, ou bater o número incorreto de vezes, resulta em uma das outras tampas estourar e encharcar o intruso em vinagre. Uma inclinada e terrosa passagem dentro do barril viaja um pouco para cima até que uma acolhedora, redonda, sala de teto baixo é revelada, uma reminiscência de uma casa de texugo. O quarto é decorado nas alegres, e semelhantes às de uma abelha, cores de amarelo e preto, enfatizadas pelo uso de uma altamente polida madeira cor de mel, para as mesas e as portas redondas que levam aos dormitórios dos meninos e das meninas (mobiliados com confortáveis estrados de madeira, todos cobertos com colchas de retalhos). Uma profusão colorida de plantas e flores parecem apreciar a atmosfera do Salão Comunal da Lufa-Lufa: vários cactos ficam em prateleiras de madeira circular (curvadas para encaixar nas paredes), muitos deles acenando e dançando a transeuntes, enquanto pratinhos de cobre para segurar plantas pendendo no meio do teto fazem com que ramos de samambaias e heras rocem no seu cabelo enquanto você passa debaixo delas. 64


Um retrato sobre a lareira de madeira (totalmente esculpida com decoração de texugos dançantes) mostra Helga Hufflepuff, uma dos quatro fundadores da Escola de Hogwarts, brindando a seus alunos com uma pequena taça de ouro com duas asas. Pequenas e redondas janelas no nível do chão, ao pé do castelo, mostram uma agradável vista da grama ondulando e de dentes-de-leão, e, ocasionalmente, de pés passando. Com as janelas baixas, não obstante, a sala parece sempre ensolarada. * A complexidade ou não da entrada para os Salões Comunais pode-se dizer que dá uma ideia muito aproximada da reputação intelectual de cada casa: Lufa-Lufa tem um portal imutável e requer batidas rítmicas; Sonserina e Grifinória têm portas que desafiam o possível participante quase igualmente, a primeira tendo uma entrada quase imperceptivelmente escondida e uma senha variável, a última tendo uma guardiã caprichosa e senhas que mudam frequentemente. De acordo com a sua reputação como a casa das mentes mais ágeis em Hogwarts, a porta para a sala comunal da Corvinal apresenta um novo desafio intelectual ou filosófico cada vez que uma pessoa bate nela. No entanto, não deve-se concluir do acima que alunos da Lufa-Lufa são idiotas ou incompetentes, embora tenham sido cruelmente caricaturados dessa forma de vez em quando. Vários cérebros excelentes surgiram da casa Lufa-Lufa ao longo dos séculos, estas boas mentes simplesmente aconteceram de estarem aliadas a excelentes qualidades de paciência, uma forte ética de trabalho e constância, todas as marcas tradicionais da casa Lufa-Lufa.

Quando inicialmente planejei a série, eu esperava que Harry visitasse todas as quatro salas comunais durante o seu período em Hogwarts. Chegou um momento em que eu percebi que nunca teria uma razão válida para entrar na sala comunal da Lufa-Lufa. Apesar disso, ela é tão real para mim quanto as salas das outras três casas, e eu sempre soube exatamente onde aqueles lufanos estavam indo quando eles atravessavam as cozinhas depois das aulas.

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CORVINAL

Parabéns! Sou o monitor Robert Hilliard, e estou encantando em recebê-lo na CORVINAL. Nosso emblema é a águia, que sobrevoa onde outros não conseguem escalar; as cores de nossa casa são azul e bronze, e nossa Sala Comunal é no topo da Torre da Corvinal, atrás de uma porta com uma aldrava encantada. As janelas em arco ambientadas em nossa circular sala comunal dão vista para o terreno da escola: o lago, a Floresta Proibida, o campo de Quadribol e as estufas de Herbologia. Nenhuma outra casa na escola possui paisagens tão belas. Sem querer se gabar, essa é a casa das bruxas e dos bruxos mais inteligentes. Nossa fundadora, Rowena Ravenclaw, prezava o saber acima de tudo – assim como nós. Diferente das outras casas, que possuem entradas escondidas para suas salas comunais, nós não precisamos de uma. A porta para a nossa sala comunal fica no topo de uma alta escada em espiral. Não há maçaneta, mas sim uma encantada aldrava de bronze no formato de uma águia. Quando você bater na porta, a aldrava vai te fazer uma pergunta, e se você a responder corretamente, poderá entrar. Essa simples barreira tem mantido todos fora, menos corvinos, por quase mil anos. Alguns primeiranistas ficam assustados em ter que responder às perguntas da águia, mas não se preocupe. Corvinos aprendem rápido, e em breve você apreciará os desafios que a porta lança. Não é incomum achar vinte pessoas em frente à porta da sala comunal, todos tentando encontrar a resposta do dia juntos. Essa é uma ótima forma de conhecer colegas corvinos de outros 66


anos, e aprender deles – embora seja um pouco irritante se você tiver esquecido seu uniforme de Quadribol e precise entrar e sair rapidamente. Aliás, eu te aconselharia a checar três vezes tudo que você precisa na sua mochila antes de sair da Torre da Corvinal. Outra coisa legal sobre a Corvinal é que nossos membros são os mais reservados – alguns podem até considerá-los excêntricos, mas gênios geralmente estão numa sintonia diferente das pessoas comuns, e ao contrário de algumas outras casas que poderíamos mencionar, nós achamos que você tem o direito de vestir o que quiser, acreditar no que quiser e dizer o que você sente. Nós não tentamos mudar pessoas que são diferentes; pelo contrário, nós as valorizamos! Falando de excêntricos, você vai gostar de nosso Chefe de casa, o Professor Fílio Flitwick. As pessoas geralmente o subestimam, porque ele é muito pequeno (achamos que ele é parte elfo, mas nunca fomos rudes o suficiente para perguntar) e tem uma voz esganiçada, mas hoje ele é o melhor e mais bem informado mestre de Feitiços do mundo. A porta de seu escritório está sempre aberta para qualquer corvino com um problema, e se você está realmente mal ele vai te dar esses deliciosos cupcakes pequeninos que ele mantém numa lata na gaveta da escrivaninha e os faz dançar uma dancinha para você. Na verdade, vale a pena fingir que você está mal só para vê-los dançar. A casa da Corvinal tem uma história lustrosa. A maioria dos melhores inventores bruxos esteve em nossa casa, incluindo Perpetua Fancourt, o inventor do lunascópio, Laverne de Montmorency, um ótimo pioneiro das poções do amor, e Ignatia Wildsmith, a inventora do pó de Flu. Dos famosos corvinos Ministros da Magia, está incluída Millicent Bagnold, que estava no poder na noite em que Harry Potter sobreviveu à maldição do Lorde das Trevas, e defendeu as celebrações bruxas por todo o Reino Unido com as palavras “Eu afirmo nosso direito inalienável à festa”. Houve também o Ministro Lorcan McLaird, que era um bruxo muito brilhante, mas preferia se comunicar soltando fumaça da ponta de sua varinha. Bem, eu disse que produzimos excêntricos. Na verdade, nós também fomos a casa que deu ao mundo bruxo Uric, o Excêntrico, que usava uma água-viva como chapéu. Ele é o final de muitas piadas bruxas. Quanto à nossa relação com as outras três casas: bem, você provavelmente já ouviu falar dos sonserinos. Nem todos são maus, mas você faria bem em ficar alerta até conhecê-los bem. Eles têm uma grande tradição de casa de fazer o que for preciso para ganhar – então fique esperto, principalmente em jogos de Quadribol e exames. 67


Os grifinórios, tudo bem. Se eu tivesse uma crítica, diria que os grifinórios tendem a ser exibicionistas. Eles também são bem menos tolerantes do que somos com pessoas que são diferentes; na verdade, eles são conhecidos por fazer piadas de corvinos que desenvolveram um interesse em levitação, ou os possíveis usos mágicos de meleca de trasgo, ou ovomancia, que – como você provavelmente sabe – é o método de adivinhações usando ovos. Grifinórios não possuem nossa curiosidade intelectual, enquanto que nós não vemos problema se você quiser passar seus dias e noites partindo ovos num canto da sala comunal e escrevendo suas previsões de acordo com a forma que as gemas caem. Na verdade, é provável que você encontre algumas pessoas para te ajudar. Quanto aos lufanos, bem, ninguém poderia dizer que não são boas pessoas. Na verdade, eles fazem parte do grupo de pessoas mais agradáveis da escola. Vamos apenas dizer que você não precisa se preocupar muito com eles quando o assunto é competição na época de exames. Acho que isso é quase tudo. Ah sim, o fantasma de nossa casa é a Mulher Cinzenta. O resto da escola pensa que ela nunca fala, mas ela conversa com corvinos. Ela é particularmente útil se você está perdido ou extraviou algo. Tenho certeza de que você terá uma boa noite. Nossos dormitórios são em torres fora da torre principal; nossas camas de dossel são cobertas em edredons de seda azul céu e o som do vento assobiando ao redor das janelas é muito relaxante. E de novo: parabéns em se tornar um membro da mais inteligente, mais bizarra e mais interessante casa de Hogwarts.

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SONSERINA

Parabéns! Eu sou a monitora Gemma Farley e estou honrada em recebê-lo na CASA SONSERINA! Nosso símbolo é a serpente, mais sábia das criaturas; as cores da nossa casa são verde esmeralda e prateado, e a entrada para nossa Sala Comunal encontra-se escondida nas masmorras. Como você verá, as janelas dão para as profundezas do lago de Hogwarts. É bem comum vermos a lula gigante passar – e, às vezes, até criaturas mais interessantes. Faz com que nós sintamos que nosso salão tem a aura de um misterioso naufrágio subaquático. Agora, há algumas poucas coisas que você deve saber sobre a Sonserina – e algumas que você deve esquecer. Primeiramente, vamos dissipar alguns mitos. Você deve ter ouvido rumores sobre a Sonserina – que todos fazemos Artes das Trevas, e que só vamos falar com você se seu bisavô foi um bruxo famoso, e besteiras do tipo. Bom, você não deve acreditar em tudo o que ouve de casas concorrentes. Eu não estou negando que nós produzimos nossa porção de Bruxos das Trevas, mas as outras três casas também – eles apenas não gostam de admitir. E sim, nós tradicionalmente tendemos a aceitar estudantes que venham de uma longa linhagem de bruxos e bruxas, mas nos dias de hoje você encontrará várias pessoas na Sonserina que tenham ao menos um parente trouxa. Aqui está um fato pouco conhecido que as outras casas não comentam muito: Merlin era da Sonserina. Sim, o próprio Merlin, o bruxo mais famoso 69


da história! Ele aprendeu tudo o que sabia nessa mesma casa! Você quer seguir os passos de Merlin? Ou você prefere sentar na antiga mesa daquele ilustre ex-lufano, Eglantine Puffett, inventor do Pano de Prato Auto-Ensaboante?

Acho que não.

Mas já basta sobre o que não somos. Vamos falar sobre o que nós somos, que é a mais legal e mais mordaz casa da escola. Nós jogamos para vencer, porque nos importamos com a honra e as tradições da Sonserina. Nós também somos respeitados por nossos colegas estudantes. É, uma parte desse repeito deve ser tingido pelo medo, por causa de nossa reputação sombria, mas quer saber? Pode ser divertido ter a reputação de andar do lado errado. Dê algumas dicas de que você tem acesso a uma biblioteca inteira de maldições, e veja se alguém vai querer roubar o seu estojo. Mas nós não somos maus. Somos como nosso emblema, a serpente: lustrosos, poderosos e frequentemente mal entendidos. Por exemplo, nós da Sonserina nos preocupamos com nós mesmos – o que não pode ser dito da Corvinal. Além de serem os maiores cê-dê-efes que você já conheceu, os corvinos são famosos por ajudarem um ao outro a tirar notas altas, enquanto nós da Sonserina somos irmãos. Os corredores de Hogwarts podem surpreender os imprudentes, e você se dará bem se tiver as serpentes ao seu lado enquanto anda pela escola. Até que se prove o contrário, uma vez que você se torna uma serpente, você é um dos nossos – você é da elite. Por que, você sabe o que Salazar Slytherin procurava em seus alunos escolhidos? As sementes da grandeza. Você foi escolhido por esta casa porque tem o potencial para ser ótimo, no sentido literal da palavra. Certo, você pode ver uma dupla de pessoas no Salão Comunal que talvez não pareçam destinadas a algo especial. Bom, guarde isso para você. Se o Chapéu Seletor os colocou aqui, há algo de bom neles, não se esqueça disso. E falando de pessoas que não estão destinadas à grandeza, ainda não mencionei os grifinórios. Olha, muitas pessoas dizem que sonserinos e grifinórios representam os dois lados da mesma moeda. Pessoalmente, eu acho que os grifinórios são apenas sonserinos descartados. Veja só, algumas pessoas dizem que Salazar Slytherin e Godric Gryffindor estimaram os mesmos tipos de alunos, então nós supostamente somos mais parecidos do que gostaríamos. Mas isso não significa que nos misturamos com grifinórios. Eles gostam de nos vencer quase tanto quanto nós gostamos de vencê-los.

Mais algumas coisas que você deve saber: o fantasma da nossa casa é 70


o Barão Sangrento. Se você for amigo dele, às vezes ele concorda em assustar as pessoas para você. Só não pergunte como ele se tornou sangrento: ele não gosta. A senha do Salão Comunal muda a cada duas semanas. Fique de olho no quadro de avisos. Nunca traga alguém de outra casa para nosso Salão Comunal ou lhes diga a senha. Nenhum intruso entrou lá por mais de sete séculos. Bom, acho que isso é tudo por ora. Tenho certeza de que você irá gostar dos dormitórios. Dormimos em antigas camas de quatro colunas, com cortinas de seda verde, e colchas bordadas com fios prateados. Tapeçarias medievais ilustrando as aventuras de famosos sonserinos cobrem as paredes, e lanternas de prata pendem do teto. Você dormirá bem; é muito calmante ouvir a água do lago bater contra as janelas de noite.

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PROFESSOR QUIRRELL

Aniversário: 26 de setembro.
 Varinha: amieiro e pelo de unicórnio, 22 centímetros, flexível.
 Casa de Hogwarts: Corvinal.
 Habilidade Especial: mestre em magia defensiva teórica, menos adepto da prática.
 Linhagem: mestiço.
 Família: solteiro, sem filhos.
 Hobbies: viajar e catalogar flores exóticas. O primeiro professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Harry é um jovem bruxo muito inteligente que fez um “Grande Tour” através do mundo antes de assumir seu posto como professor de Hogwarts. Quando Harry e Quirrell se encontram pela primeira vez, ele havia aderido ao turbante como uma peça diária de seu look. Suas veias ficavam tão obviamente visíveis na sua cara que se dizia que o turbante estava apertando demais sua cabeça, cheio de alho para se proteger contra vampiros. Eu via Quirrell como um menino talentoso porém delicado, que provavelmente era provocado por sua timidez durante os tempos de escola. Sentindo-se deslocado e tentando provar-se a si mesmo, ele desenvolveu um inicialmente experimental interesse pelas Artes das Trevas. Como muitas pessoas que se sentem insignificantes, até desprezíveis, Quirrell tinha um latente desejo de fazer o mundo notá-lo. 72


Quirrell partiu deliberadamente para encontrar o que tivesse restado do Lorde das Trevas, em parte por curiosidade, em parte por aquele desconhecido desejo por importância. No mínimo, Quirrell fantasiou que ele poderia ser o homem que rastreou Voldemort, mas na melhor das hipóteses, desenvolveria habilidades com Voldemort que assegurariam que ninguém nunca mais riria dele. Embora Hagrid estivesse correto em dizer que Quirrell tinha uma “mente brilhante”, o professor de Hogwarts era tão ingênuo quanto arrogante em pensar que ele seria capaz de controlar um encontro com Voldemort, mesmo com o Lorde das Trevas em estado debilitado. Quando Voldemort percebeu que o jovem tinha uma posição em Hogwarts, ele tomou posse imediata de Quirrell, que foi incapaz de resistir. Enquanto Quirrell não perdeu sua alma, ele tornou-se completamente subjugado por Voldemort, que causou uma mutação terrível no corpo de Quirrell: agora Voldemort estava na parte de trás da cabeça de Quirrell e dirigia seus movimentos, até mesmo forçando-o à tentativa de assassinato. Quirrell tentou resistir debilmente na ocasião, mas Voldemort era demasiado forte para ele. Quirrell é, na verdade, transformado em uma horcrux temporária por Voldemort. Ele ficou muito esgotado pela tensão física de lutar contra uma alma má muito mais forte dentro dele. O corpo de Quirrell manifestou queimaduras e bolhas durante sua luta com Harry, devido ao poder protetor que a mãe de Harry deixou em sua pele quando morreu por ele. Quando o corpo que Quirrell e Voldemort estavam compartilhando é horrivelmente queimado pelo contato com Harry, Voldemort foge bem a tempo de salvar a si mesmo, deixando Quirrell danificado e enfraquecido para colapsar e morrer.

Quirino era um deus romano sobre quem não há muita informação, embora ele seja comumente associado com a guerra – um indício de que Quirrell não é tão manso quanto parece. “Quirrell”, que é quase “esquilo” (em inglês, squirell) – pequeno, fofo e inofensivo – também sugere “estremecer” (em inglês, quiver), uma indicação ao nervosismo inato do personagem.

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FAMILIARES

O conceito de “familiares” existe no folclore britânico há centenas de anos. Familiares são animais (alguns chamam de espíritos com forma animal) que servem a uma bruxa de várias maneiras, como criados, mensageiros ou até mesmo espiões. Relatos históricos sobre bruxaria mencionam familiares; a tais animais são atribuídos dons sobrenaturais, e acredita-se que são demônios (ou o próprio diabo) disfarçados. Familiares, em seu sentido exato, não existem no mundo de Harry Potter. Apesar dos estudantes de Hogwarts terem permissão para levarem animais para a escola com eles, os gatos e ratos que vemos ali são, em geral, animais de estimação. Ironicamente, o animal que age como um familiar tradicional na série toda é a Madame Nora, que pertence ao único habitante não-mágico do castelo, Argo Filch. É verdade que corujas são enviadas como mensageiras na série, mas isso é no contexto de um altamente organizado serviço de correios, não diferente do pombo-correio dos trouxas.

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MATÉRIAS DA ESCOLA DE HOGWARTS

Todos os primeiranistas de Hogwarts devem cursar sete matérias: Transfiguração, Feitiços, Poções, História da Magia, Defesa Contra as Artes das Trevas, Astronomia e Herbologia. Aulas de voo (em vassouras) também são obrigatórias. Ao final de seu segundo ano em Hogwarts, os alunos devem escolher no mínimo mais duas matérias da seguinte lista: Aritmância, Estudo dos Trouxas, Adivinhação, Estudo das Runas Antigas e Trato das Criaturas Mágicas. Matérias altamente especializadas, como Alquimia, são algumas vezes oferecidas nos últimos dois anos, se houver demanda suficiente.

Uma lista de matérias ligeiramente diferente aparece nas minhas primeiras anotações. Herbologia se chama Herbalismo, Adivinhação é compulsória desde o primeiro ano, assim como Alquimia e uma matéria chamada simplesmente de “Bestas”, enquanto Transfiguração é chamada de “Transfiguração/Metamorfose”.

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OS QUARENTA ORIGINAIS

Dois dos meus pertences mais valiosos são um par de cadernos, que contêm meus primeiros rabiscos sobre Harry Potter. Muito do que está escrito neles nunca foi usado na série, embora seja surpreendente olhar a estranha linha de diálogo que posteriormente foi, palavra por palavra, para a publicação. Em um dos cadernos está uma lista de quarenta nomes de estudantes no ano de Harry (incluindo Harry, Rony e Hermione), todos distribuídos em casas, com pequenos símbolos ao lado de cada nome representando a ascendência de cada garota e garoto. Embora eu tenha imaginado que haveria consideravelmente mais de quarenta alunos de cada ano em Hogwarts, pensei que seria útil conhecer uma proporção dos colegas de Harry, e ter os nomes nas pontas dos dedos enquanto a ação estava ocorrendo na escola. Com o desenrolar da história, eu mudei a ascendência de alguns dos quarenta originais. Embora alguns nunca tenham aparecido nos livros, eu sempre soube que eles estavam lá; alguns tiveram o nome mudado após sua primeira criação; alguns saíram do fundo para ter suas próprias histórias secundárias (Ernesto Macmillan, Ana Abbott, Justino Finch-Fletchley), e um, Neville Longbottom, transformou-se em uma personagem muito importante. Agora é muito estranho olhar para a lista nesse pequeno caderno, um pouco manchado de água por algum contratempo esquecido, e coberto de leves rabiscos de lápis (sem dúvida trabalho de minha filha Jessica, criança na época), 76


e pensar que enquanto eu escrevia esses nomes, e redefinia-os, e colocava-os em casas, eu não tinha ideia de onde eles chegariam (ou para onde eles me levariam).

Eis aqui, então, os quarenta originais:

Abbott, Ana
 Bones, Susana
 Boot, Trevor
 Brocklehurst, Mandy
 Brown, Lilá
 Bulstrode, Emilia
 Corner, Miguel
 Cornfoot, Stephen
 Crabbe, Vicente
 Davis, Tracey
 Entwhistle, Kevin
 Finch-Fletchley, Justino
 Finnigan, Simas
 Goldstein, Antônio
 Goyle, Gregório
 Granger, Hermione – escrito a lápis, veja inscrição riscada, abaixo
 Greengrass, Queenie
 Hopkins, Wayne
 Jones, Megan
 Li, Sue
 Longbottom, Neville – escrito a caneta, veja inscrição riscada, abaixo
 MacDougal, Isobel [nome original: Katrina, riscado]
 Macmillan, Ernesto
 Malfoy, Draco – escrito a caneta, veja inscrição riscada, abaixo
 Malone, Roger
 Moon, Lílian [primeira indicação Luna Lovegood. Esse nome nunca foi usado, mas me deu uma idéia de uma garota sonhadora e visionária. Ela foi nomeada antes de eu decidir o nome da mãe de Harry]
 Nott, Teodoro
 Parkinson, Pansy
 Patel, Madhari
 Patel, Mati
 Perks, Sally-Anne
 Potter, Harry
 [Puckle, Hermione – riscado, nome mudado e reescrito, acima]
 [Puff, Neville – riscado, nome mudado e reescrito, acima]
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[Quirrell, riscado, subsequentemente usado em um professor]
 Rivers, Olívio
 Roper, Sophie
 [Sidebottom, Neville riscado]
 Smith, Sally [Georgina riscado]
 [Spungen, mudado para Spinks, Draco, tudo riscado, reescrito acima]
 Thomas, Gary
 Turpin, Lisa
 Weasley, Ronald
 Zabini, Blásio

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MALDIÇÕES E CONTRA-MALDIÇÕES

– O Feitiço das Cócegas: Aponte sua varinha diretamente para o seu inimigo e grite “Titillando!” 
– A Maldição Prende-Pernas: Aponte sua varinha diretamente para o seu inimigo e grite “Locomotor Mortis!”
 – O Feitiço do Corpo Preso: Aponte sua varinha diretamente para o seu inimigo e grite “Petrificus Totalus!”
 – O Feitiço da Língua-Atada: Aponte sua varinha diretamente para o inimigo e grite “Mimble Wimble!” – Maldição das Pernas Moles: Aponte sua varinha diretamente para o inimigo e grie “Locomotor Wibbly!”

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ESPELHO DE OJESED

O Espelho de Ojesed é um dispositivo muito antigo. Ninguém sabe quem o criou, ou como ele foi parar em Hogwarts. Uma sucessão de professores traziam de suas viagens artefatos interessantes, então ele pode ter chegado ao castelo desta forma casual, ou porque o professor sabia como funcionava e estava intrigado por ele, ou porque não o entendia e desejava pedir a opinião de seus colegas. O Espelho de Ojesed é um desses artefatos mágicos que parece ter sido criado em um espírito de diversão (inocente ou malévolo, é uma questão de opinião), porque enquanto ele é muito mais revelador do que um espelho normal, é interessante ao invés de útil. Só depois do Professor Dumbledore fazer modificações chaves no espelho (que foi deixado definhando na Sala Precisa por um século ou mais, antes do diretor trazê-lo para fora e colocá-lo para trabalhar) é que ele se torna um esconderijo soberbo, e o teste final para os impuros de coração. A inscrição do espelho (“Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn”) deve ser lida de trás para frente para mostrar o seu verdadeiro propósito.

As palavras de aviso de Alvo Dumbledore para Harry quando con80


versando sobre o Espelho de Ojesed expressam minhas opiniões. O conselho para “abraçar seus sonhos” é muito bom, mas há um ponto em que abraçar seus sonhos torna-se inútil e até mesmo prejudicial. Dumbledore sabe que a vida pode passar por você enquanto você está se apegando a um desejo que pode nunca ser – ou nunca deveria ser – cumprido. O anseio mais profundo de Harry é por algo impossível: o retorno de seus pais. Apesar do quão desesperadamente triste é ele ter sido privado de sua família, Dumbledore sabe que se sentar olhando para uma visão que ele nunca poderá ter só prejudicará Harry. O espelho é encantador e tentador, mas não necessariamente traz felicidade.

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NICOLAU FLAMEL

Nicolau Flamel era uma pessoa real. Eu li sobre ele em meus vinte anos, quando me deparei com uma das versões de sua história de vida. Ela contava como ele havia comprado um livro misterioso chamado “O Livro de Abraão, o Judeu”, que estava cheio de símbolos estranhos e que Flamel percebeu serem instruções sobre alquimia. A história conta que depois disso ele fez o trabalho de sua vida produzir a Pedra Filosofal. O Flamel real era um rico empresário e um notável filantropo. Há ruas em Paris com o seu nome e o de sua esposa, Perenelle. Lembro-me de ter um sonho altamente detalhado e excepcionalmente vívido sobre Flamel, vários meses após ter começado a escrever Pedra Filosofal, que foi como uma pintura renascentista ganhando vida. Flamel me levava ao redor de seu desordenado laboratório, que estava banhado em luz dourada, e mostrava-me exatamente como fazer a Pedra (eu gostaria de poder lembrar como fazê-la).

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O LIVRO PADRÃO DE FEITIÇOS, ANO 1

Feitiços se diferem de encantamentos de Transfiguração da seguinte maneira: um feitiço adiciona certas propriedades a um objeto ou criatura, enquanto a Transfiguração os transformará em algo completamente diferente. Os feitiços menores não são muito difíceis de quebrar e muitos deles, que você aprende enquanto um jovem bruxo, perderão o efeito em questão de dias ou até horas. Feitiços das Trevas são conhecidos como azarações e maldições. Esse livro não lida com feitiços desse tipo. Lapsos de concentração ao fazer um feitiço podem resultar em efeitos colaterais dolorosos – lembre-se do bruxo Barrufio, que disse “s” ao invés de “f ” e acabou no chão com um búfalo em cima do peito. Alguns feitiços serão ineficientes em grandes criaturas como trasgos, cuja pele repele tudo menos os feitiços mais poderosos.

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UM GUIA DE TRANSFIGURAÇÃO PARA INICIANTES

Quando transfigurando, é importante fazer movimentos firmes e decisivos com a varinha. Não agite ou rodopie sua varinha desnecessariamente, ou a Transfiguração será certamente sem sucesso. Forme uma clara imagem mental do objeto que você está querendo criar antes de tentar um feitiço de Transfiguração. Principiantes devem dizer o feitiço claramente. Bruxos de nível mais avançados não precisam dizer o feitiço em voz alta. Transfigurações incompletas são difíceis de acertar, mas você deve tentar. Deixar a cabeça de um coelho em um banquinho é irresponsável e perigoso. Diga “Peparifarge!” e o objeto ou criatura deve voltar ao seu estado natural. Criaturas maiores são difíceis de transfigurar, exceto por habilidosos e poderosos bruxos. Conheça seus limites.

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MIL ERVAS E FUNGOS MÁGICOS

Ditamno é uma poderosa erva de cura e restauração e pode ser ingerida crua para curar ferimentos artificiais.

Muco Flobberworm é um popular espessante de poções

Acônito é às vezes chamado de Poção Mata-Cão.

Moly é uma poderosa planta que pode ser digerida para neutralizar encantamentos. É uma planta preta com flores brancas.

O choro da mandrágora é fatal para qualquer um que o ouvir.

A Wiggentree é uma sorva mágica que protegerá qualquer um que estiver tocando seu tronco de criaturas das trevas. Nunca coma as folhas da árvore Alinquente (também conhecida como árvore Hiena). Essas folhas causam risada incontrolável.

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AS FORÇAS DAS TREVAS: UM GUIA DE AUTO PROTEÇÃO

Mordidas de lobisomem devem ser limpas cuidadosamente e magicamente, já que as presas de lobisomens são venenosas. No entanto, não há cura uma vez que você se tornou um lobisomem, então tente evitar ser mordido a qualquer custo. Evite Barretes Vermelhos, sombrias criaturas que parecem duendes que se espreitam onde sangue foi derramado e tentarão matar com porradas os negligentes. Os zumbis habitam apenas a parte sul da América. São um exemplo, assim como vampiros, de mortos-vivos e podem ser reconhecidos por sua cor acinzentada e seu cheiro podre. A feiticeira é uma criatura comedora de crianças que tem aparência humana, embora tenha tendência a possuir mais verrugas que a bruxa normal.

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PEDRA FILOSOFAL

Eu não inventei o conceito da Pedra Filosofal, que é uma substância lendária que já acreditaram ser real, e o verdadeiro objetivo da alquimia. As propriedades da “minha” Pedra Filosofal estão de acordo com a maioria dos atributos que os antigos atribuíam a ela. Acreditava-se que a Pedra transformava metais comuns em ouro, e também produzia o Elixir da Vida, que poderia torná-lo imortal. Alquimistas “genuínos” – os precursores dos químicos e físicos – tais como Sir Isaac Newton e (o real) Nicolas Flamel, procuraram, por vezes por toda suas vidas, descobrir o segredo de sua criação. A pedra é descrita como vermelha e branca nos muitos textos antigos em que ela aparece. Estas cores são importantes na maioria dos relatos da alquimia, e muitas vezes são interpretadas como tendo um significado simbólico.

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TECNOLOGIA

Quando você pode pegar qualquer livro, objeto ou animal com um balançar de varinha e a palavra “Accio!”; quando você pode comunicar-se com amigos e conhecidos por coruja, lareira, Patrono, Berrador, objetos encantados (como moedas), ou aparatar para visitá-los pessoalmente; quando seu jornal possui fotos que se movem e algumas vezes por dia objetos falam com você, a internet não parece um lugar particularmente emocionante. Isso não quer dizer que você nunca vai achar um bruxo ou bruxa usando a internet; digo meramente que geralmente eles estarão usando-a para matar uma singela curiosidade, ou para fazer pesquisa no campo de Estudo dos Trouxas. Embora eles não precisem de mundanos objetos domésticos, como lavadoras de louças ou aspiradores, alguns membros da comunidade mágica divertem-se com televisão trouxa, e alguns bruxos fuxiqueiros foram além, no início dos anos 80, começando a Corporação de Transmissão Britânica Bruxa, na esperança de que seriam capazes de ter seu próprio canal de televisão. O projeto foi banido logo no início, pois o Ministério da Magia recusou-se a aprovar a transmissão de material bruxo em um aparelho trouxa, que poderia (era pressentido) quase garantir sérias brechas no Estatuto Internacional de Sigilo em Magia. Alguns sentiram, e com justificativa, que essa decisão foi inconsistente e injusta, sendo que muitos rádios tinham sido legalmente modificados pela comunidade bruxa para seu próprio uso, transmitindo regularmente programas bruxos. O Ministério admitiu que trouxas frequentemente pegavam 89


partes de conselhos, por exemplo em como podar uma Tentácula Venenosa, ou como retirar da melhor forma um gnomo de um saco de repolho, mas argumentou que a população trouxa que ouve à rádios parecem no geral mais tolerantes, ingênuos, ou menos convencidos de seu próprio bom senso, do que os trouxas que assistem TV. Razões para essa anomalia são examinadas extensamente em A Filosofia do Mundano: Por Que os Trouxas Preferem Não Saber, do Professor Mordicus Egg. O Professor Egg argumenta convincentemente que, ao invés de acharem que estão alucinando, é mais provável que trouxas acreditem que tenham ouvido alguma coisa errada. Há outra razão para a maioria dos bruxos evitarem objetos trouxas, e essa é cultural. A comunidade mágica tem orgulho no fato de que não precisa de muitos (reconhecidamente geniais) objetos que os trouxas criaram para permitir que façam coisas que podem ser feitas tão facilmente com o uso de magia. Encher uma casa com secadores e telefones seria visto como uma admissão inadequação à magia. Há uma grande exceção para a geral aversão mágica à tecnologia trouxa, e essa seria o carro (e, numa menor extensão, motocicletas e trens). Antes da introdução do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia, bruxos e trouxas usavam o mesmo tipo de transporte diário: carroças puxadas por cavalos e barcos veleiros entre eles. A comunidade mágica foi forçada a abandonar os veículos puxados a cavalo quando eles se tornaram flagrantemente fora de moda. Não há sentido negar que os bruxos olhavam com inveja para os rápidos e confortáveis automóveis que começaram a encher as ruas no século XX, e eventualmente o Ministério da Magia comprou uma frota de carros, modificando-os com vários feitiços úteis e aproveitando-os muito bem, de fato. Muitos bruxos amam carros com uma paixão de criança, e houve casos de sangues-puros que afirmam nunca ter tocado um artefato trouxa, e ainda assim são descobertos tendo um Rolls Royce voador na garagem. No entanto, os mais extremos anti-trouxas evitam todos os transportes motorizados; o amor de Sirius Black por motocicletas irritou seus rígidos pais.

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PÓ DE FLU

Pó de Flu foi inventado por Ignatia Wildsmith no século XIII. Sua fabricação é rigorosamente controlada. O único produtor licenciado na Grã-Bretanha é a Floo-Pow, uma empresa cuja sede fica no Beco Diagonal, e que nunca atende pela porta da frente. Nunca foi relatada escassez de pó de Flu, nem se conhece ninguém que tenha sofrido com isso. Seu preço manteve-se constante durante cem anos: dois sicles uma colher. Cada casa de bruxos têm um estoque de pó de Flu, geralmente localizado em uma caixa ou vaso em cima da lareira. A precisa composição do pó de Flu é um segredo muito bem guardado. Aqueles que tentaram “fazer de sua maneira” não obtiveram êxito. Pelo menos uma vez por ano, o Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos relata o que eles chamam de uma lesão “Flualsa” – em outras palavras, alguém que jogou um pó caseiro na lareira e sofreu as consequências. Como irado Curador e porta-voz do St Mungus, Rutherford Poke disse em 2010: “É dois sicles uma colher, gente, por isso parem de ser miseráveis, parem de jogar pó de presas de Farosutil no fogo e parem de se soprar para fora da chaminé! Se mais um bruxo vier aqui com a traseira queimada, eu juro que não vou tratá-lo. São dois sicles uma colher! ”

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A FAMÍLIA MALFOY

O nome Malfoy vem do francês arcaico e se traduz por “má fé”. Como muitos outros progenitores de famílias da nobreza da Inglaterra, Armand Malfoy chegou à Britânia com William, O Conquistador, fazendo parte do exército que invadiu a Normandia. Tendo prestado serviços obscuros e desconhecidos (e provavelmente mágicos) ao Rei William I, Malfoy recebeu como prêmio a ilha de Wiltshire, tomada de seus antigos donos, aonde seus descendentes viveram por mais de dez séculos. Armand, seu ancestral muito astuto, possuía muitas das características que distinguem os Malfoy até os dias de hoje. Os Malfoy sempre tiveram a reputação, fomentada pelo seu sobrenome sugestivo, de uma família muito traiçoeira, sempre em busca de poder e riquezas onde quer que estes se encontrem. Apesar de seus valores sobre casamento apenas entre sangues-puros e sua crença genuína na superioridade dos bruxos sobre os trouxas, os Malfoy nunca deixaram de se congratular com a comunidade não-mágica quando necessário. O resultado é que eles são uma das famílias de bruxos mais ricas da Inglaterra, e há um rumor antigo (embora nunca tenha sido provado) que ao longo dos séculos a família tenha acumulado uma boa quantia de moeda trouxa e espólios. Por séculos, eles têm conseguido anexar as terras de seus vizinhos trouxas a sua propriedade em Wiltshire, e os favores prestados à realeza lhes rendeu tesouros trouxas e peças de arte numa coleção sempre em expansão.

Historicamente, os Malfoy sempre distinguiram entre os trouxas po92


bres e aqueles com riquezas e influência. Até ser imposto o Estatuto Internacional de Sigilo em Magia em 1692, a família Malfoy mantinha contatos ativamente com a alta roda do mundo trouxa, e diz-se que, em parte, a oposição deles ao Estatuto fazia menção ao fato de que eles perderiam esse estilo de vida tão proveitoso. Embora seja altamente negado por gerações posteriores, há uma ampla evidência que sugere que o primeiro Lúcio Malfoy fora um aspirante sem sucesso à mão da Rainha Elizabeth I, e alguns historiadores bruxos alegam que as recusas subsequentes da Rainha ao casamento foram resultado do mau agouro entre ela e o frustrado Malfoy. Com uma alta capacidade para autopreservação que comandou grande parte de suas ações nos últimos séculos desde que o Estatuto Internacional de Sigilo em Magia foi aprovado como lei, os Malfoy cessaram sua confraternização com trouxas, mesmo os bem-nascidos, e aceitaram que futuras oposições e protestos poderiam apenas distanciá-los do novo coração do poder: o recém-criado Ministério da Magia. Eles tiveram uma tremenda reviravolta e se tornaram os maiores apoiadores do Estatuto, maiores até que aqueles que o apoiaram desde o início, apressando-se em declarar que eles já possuíam leis próprias contra o contato (ou casamento) com trouxas. Sua riqueza substancial e a sua disposição asseguraram a eles considerável (e muito ressentida) influência no Ministério por gerações, embora nenhum Malfoy tenha aspirado o cargo de Ministro da Magia. Um ditado sobre a família Malfoy é: “Você nunca irá encontrar um Malfoy na cena de um crime, mas a varinha do culpado está repleta de digitais pertencentes à família”. Independentes e abastados, sem nunca necessitarem de trabalho para viver, eles sempre preferiram o papel de controlar o poder por trás do trono, deixando, felizes, o papel de palhaço para os outros, assim como a culpa por suas falhas. Eles financiaram muitas campanhas de seus candidatos favoritos, o que inclui (é o que se comenta) pagar pelo trabalho sujo de enfeitiçar seus oponentes. O autêntico desprezo dos Malfoy por todos os trouxas que não pudessem lhes oferecer joias ou influências, e pela maioria de seus parceiros bruxos, os guiou naturalmente em direção da doutrina dos sangue puro, o que pareceu ser sua principal fonte de poder inesgotável durante grande parte do século XX. A partir da imposição do Estatuto Internacional do Sigilo em Magia, nenhum Malfoy casou-se com um trouxa ou nascido trouxa. No entanto, a família parece ter evitado os perigos que se originam da prática do casamento interno (casamento entre parentes, com uma porcentagem tão pequena de sangues-puros que se tornaram enfraquecidos e instáveis), diferenciando-se de uma minoria de famílias fanáticas como os Gaunt e os Lestrange, e muitos 93


mestiços apareceram na árvore genealógica dos Malfoy. Malfoys notáveis de gerações passadas incluem Nicholas Malfoy, que se acredita ter despachado um locatário trouxa rebelde sob o pretexto de Peste Negra, apesar de ter escapado da censura do Conselho de Bruxos; Septimus Malfoy, que teve grande influência no Ministério pelos últimos oitocentos anos, muitos afirmando que o Ministro da Magia Unctuous Osbert não passava de seu cachorrinho; e Abraxas Malfoy, que se acredita largamente ter feito parte do grupo escuso que viu o primeiro Ministro nascido-trouxa (Nobby Leach) abandonar seu cargo prematuramente em 1968 (nada foi provado contra o Malfoy). O filho de Abraxas, Lúcio, ganhou notoriedade como um dos Comensais da Morte de Lord Voldemort, embora tenha evitado a prisão depois dos dois levantes de Voldemort. Na primeira ocasião, ele declarou ter agido sob o efeito da Maldição Império (muitos dizem que ele cobrou favores de ministro de Alto Escalão); na segunda ocasião, ele entregou evidencias contra seus parceiros Comensais da Morte e ajudou na captura de muitos seguidores de Voldemort que fugiram e se esconderam. Seu filho, Draco, foi salvo por Harry Potter durante a Batalha de Hogwarts, e atualmente vive nas residências da família em Wiltshire.

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ESTAÇÃO KING’S CROSS

Quando Ottaline Gambol confiscou um trem trouxa para ser o novo meio de transporte para os alunos de Hogwarts, ela também construiu uma pequena estação no vilarejo bruxo Hogsmeade: um adjunto necessário para o trem. O Ministro da Magia, no entanto, sentiu que a construção de uma estação para bruxos no meio de Londres iria ser um exagero, apesar da determinação notória dos trouxas de não perceber magia mesmo quando esta está explodindo diante de seus olhos. Foi Evangeline Orpington, Ministra de 1849-1855, quem achou a solução de adicionar uma plataforma escondida na recém construída estação (trouxa) King’s Cross, que seria acessível somente por bruxos e bruxas. No geral, isso tem funcionado bem, embora tenham acontecido pequenos problemas nos anos seguintes, como bruxas e bruxos que deixaram cair malas cheias de livros de feitiços que mordiam ou baços de salamandras por todo o chão polido da estação, ou então desaparecendo através da parede sólida um pouco alto demais. Geralmente há um número de funcionários do Ministério da Magia à paisana para lidar com qualquer lembrança inconveniente de trouxas que pode precisar ser alterada no início ou no fim de cada período escolar de Hogwarts.

King’s Cross, que é uma das principais estações ferroviárias de Lon95


dres, tem um significado muito pessoal para mim, porque meus pais se conheceram em um trem para a Escócia que partiu da estação King’s Cross. Por essa razão, e porque ela tem um nome tão lembrado e simbólico, e porque é, na verdade, a estação certa de partir quando se está indo para a Caledônia, eu nunca tive a mínima indecisão sobre a localização do portal que levaria Harry à Hogwarts, ou o meio de transporte que o levaria até lá. Dizem (embora não possa dizer a origem dessa história; é suspeitosamente vaga) que a estação King’s Cross foi construída ou no campo da última batalha de Boudicca (Boudicca foi uma antiga rainha britânica que liderou uma rebelião contra os romanos), ou no local de seu túmulo. Diz a lenda que sua sepultura está situada em algum lugar entre as plataformas 8 e 10. Eu não sabia disso quando dei o número a plataforma dos bruxos. A estação King’s Cross leva o nome de um monumento, agora demolido, para o rei George IV. Agora tem um carrinho de verdade emperrado pra fora de uma parede de King’s Cross, e isso me deixa muito orgulhosa toda vez que eu passo lá…

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GILDEROY LOCKHART

Aniversário: 26 de Janeiro. Varinha: cerejeira e corda de coração de dragão, 22 centímetros, levemente flexível. Casa de Hogwarts: Corvinal. Habilidades Especiais: habilitado em Encanto da Memória; desenvolvimento do sistema de tratamento capilar que envolve gemas de ovo de Occami, o qual garante “aprisionamentos de lustrosas iluminações” (os shampoos realmente funcionavam, mas eram muito perigosos e caros para serem produzidos para o mercado em massa). Linhagem: pai trouxa, mãe mágica. Família: duas irmãs trouxas, nenhum filho. Hobbies: autografar fotografias próprias, implacável autopromoção.

Início de Vida Nascido de uma mãe bruxa e um pai trouxa, com duas outras irmãs, Gilderoy Lockhart foi o único dos três filhos de seus pais a mostrar habilidades mágicas. Um garoto inteligente, bonito, ele era, sem embaraço, o favorito de sua mãe, e a compreensão de que ele era também um bruxo fez com que sua vaidade florescesse como uma erva daninha particularmente perniciosa.

Escola 97


A chegada do jovem Lockhart à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts não foi o triunfo que ele e sua mãe esperavam. De alguma forma, Lockhart não gostou do fato de que estaria em uma escola cheia de bruxas e bruxos, muitos deles mais experientes que ele. (Na verdade, não viu para ele uma entrada em Hogwarts como a experiência de Harry Potter, décadas depois. Ele imaginou excitados murmúrios de seus talentos mágicos espalhando-se pelos corredores, já que nunca lhe ocorreu que todo estudante de Hogwarts tivera experiências similares antes de ingressarem na escola). Na mente de Lockhart, ele já era um herói e gênio plenamente desenvolvido, e foi um choque enorme descobrir que seu nome era desconhecido, seus talentos não eram excepcionais e que ninguém ficou particularmente impressionado pelo seu cabelo naturalmente ondulado. Na verdade, os professores sentiram que ele tinha uma inteligência e habilidade acimas da média, e que, com trabalho duro, ele poderia fazer algo de si mesmo, mesmo que ficasse abaixo das ambições compartilhadas livremente com seus colegas (Lockhart disse a qualquer um que quisesse ouvir que obteria sucesso na produção da Pedra Filosofal antes de deixar a escola e que pretendia liderar o time inglês de Quadribol para a glória na Copa Mundial, antes de começar a dar duro para tornar-se o Ministro da Magia britânico mais jovem). Enviado para a casa da Corvinal, Lockhart foi rapidamente conquistando boas notas em seus trabalhos escolares, mas havia sempre uma pulga em sua natureza que o tornava cada vez mais insatisfeito. Se não fosse para ser o primeiro e melhor, preferiria não participar completamente. Cada vez mais, direcionou seus talentos para atalhos curtos e esquivos. Valorizava o aprendizado não por seu próprio bem, mas pela atenção que este lhe trazia. Ansiava prêmios e distinções. Pressionou o diretor para começar um jornal escolar, porque não achava nada melhor que ver seu próprio nome e fotografia na impressão. Nunca foi muito popular, embora tenha conquistada a atenção da escola através de repetidas e pretensiosas proezas temerárias. Recebeu uma semana de detenção por cravar, em letras de vinte metros de altura, sua assinatura no campo de Quadribol. Conseguiu criar uma projeção enorme e iluminada de seu próprio rosto, que enviara em direção ao céu à imitação da Marca Negra. Enviou a si mesmo, em certo ano, oitocentos panfletos do Dia dos Namorados, que causou uma aglomeração tão grande de corujas no Salão Principal que o desjejum teve que ser abandonado (muitas penas e fezes nos mingais).

Carreira Pós-Hogwarts

Quando Lockhart finalmente deixou Hogwarts, foi para um leve sus98


piro de alívio dos docentes. Seu nome logo foi ouvido de terras estrangeiras, onde suas façanhas começaram a ganhar uma crescente publicidade. Muitos de seus antigos professores começaram a sentir que o subestimaram por ele agora estar demonstrando tanta bravura e resistência em libertar vários lugares distantes de criaturas perigosas das trevas. A verdade é que Lockhart enfim encontrara sua verdadeira vocação. Nunca fora um bruxo ruim, só preguiçoso, e decidiu aprimorar seus talentos em uma direção: Encanto da Memória. Ao perfeiçoar este feitiço complicado, conseguiu alterar as lembranças de uma dúzia de bruxas e bruxos altamente talentosos e corajosos, permitindo-lhe levar o crédito pelas façanhas ousadas destes, tornando à Grã-Bretanha no final de cada “aventura” com um novo livro pronto para publicação, que recontava “seus” feitos de bravura, com uma riqueza de detalhes inventados. Dentro de uma década após a saída da escola, Lockhart alcançou com sua série de livros autobiográficos o estado de mais vendidos e uma reputação como um afugentador de calibre mundial contra as Artes das Trevas. Ainda recebeu a Ordem de Merlin, Terceira Classe, tornou-se um Membro Honorário da Liga de Defesa contra as Forças do Mal e – com sua boa aparência imaculada pelas muitas batalhas de vida e morte, travadas com dentes e garras, que alegou terem sido realizadas por ele contra lobisomens, espíritos agourentos e coisas do tipo – ganhou o Prêmio Sorriso mais Atraente da revista Semanário dos Bruxos nada menos que cinco vezes consecutivas.

Retorno a Hogwarts Muitos docentes estavam confusos quanto à razão pela qual Alvo Dumbledore escolheu convidar Gilderoy Lockhart para tornar a Hogwarts como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Embora fosse verdade que tinha se tornado quase impossível persuadir alguém mais a assumir o trabalho (o boato de que este estava amaldiçoada estava ganhando força tanto dentro quanto fora de Hogwarts), muitos professores lembravam-se de Lockhart como completamente detestável, independentemente de suas recentes realizações. O plano de Alvo Dumbledore, entretanto, era profundo. Acabou conhecendo dois dos bruxos cujos trabalhos de vida Lockhart tomara o crédito, e era uma das únicas pessoas a achar que sabia do que Lockhart era capaz. Dumbledore estava convencido de que Lockhart precisava apenas ser colocado novamente em um ambiente escolar normal para ser revelado como uma fraude. A Professora McGonagall, que nunca gostara de Lockhart, perguntou a Dumbledore sobre o que ele achava que os estudantes aprenderiam de um 99


homem tão vão e sedento de fama. Dumbledore replicou que “há muito a ser aprendido até de um mal professor: como não fazer, como não ser”. Lockhart não precisaria retornar a Hogwarts, dado o quão bem sua carreira de glória roubada estava progredindo, se Dumbledore não o tivesse feito oscilar com a promessa de Harry Potter sob sua cabeça faminta de fome (um ardil que Dumbledore repetiria quatro anos depois, quando outro professor precisara ser persuadido para tornar à escola). Sugerindo sutilmente que o ensinamento a Harry Potter seria o selo na fama de Lockhart, Dumbledore criou uma isca que Lockhart não pôde resistir. No tempo em que chegou à escola, as habilidades mágicas de Lockhart (uma vez muito boas) tornaram-se enferrujadas quase além do reparo. O único feitiço para o qual tinha habilidade efetiva era o Encanto da Memória, o qual vinha usando repetidamente por anos. Suas aulas rapidamente se tornaram uma farsa, já que foi revelando ser completamente inepto em tudo que afirmava, em seus livros, ser especialista. O acidente que custou a sanidade de Lockhart ocorreu no final de seu ano em Hogwarts, quando foi atingido por um feitiço de Encanto da Memória contrário que apagou para sempre seu passado. Desde então, passou a residir na ala da Enfermaria Jano Thickey do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos.

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SANGUE-PURO

O termo “sangue-puro” refere-se à família ou ao indivíduo sem sangue trouxa (não-mágico). O conceito é geralmente associado a Salazar Slytherin, um dos quatro fundadores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, cuja aversão a lecionar a qualquer um de ascendência trouxa levou eventualmente a uma ruptura com seus três colegas fundadores e à sua exoneração da escola. A discriminação de Slytherin com base na ascendência foi tida pela maioria dos bruxos da época como uma visão inusitada e sem fundamento. A literatura contemporânea sugere que os nascidos-trouxas não só eram aceitos, como, também, com frequência considerados especialmente talentosos. Eram chamados pelo nome afetuoso de “Magbobs” (há considerável discussão sobre a origem do termo, mas o mais provável é que seja porque, nesses casos, a magia “pintava” do nada ["bobbed up” out of nowhere, no original. A partícula bob viria, então, dessa expressão inglesa. O prefixo mag, presumivelmente, está relacionado à magia]). A opinião mágica sofreu certa guinada depois o Estatuto Internacional de Sigilo ter entrado em vigor em 1692, quando a comunidade mágica passou a se esconder voluntariamente em decorrência da perseguição pelos trouxas. Foi uma época traumatizante para bruxos e bruxas; os casamentos com trouxas caíram ao nível mais baixo de que já se teve registro, principalmente devido ao medo de que os casamentos mistos levariam à descoberta inevitável da bruxaria e, por conseguinte, a uma infração séria da lei bruxa*. 101


Sob tais condições de incerteza, medo e ressentimento, a doutrina do sangue-puro começou a arrecadar seguidores. Via de regra, os que a adotavam eram aqueles que mais energicamente se opunham ao Estatuto Internacional de Sigilo, defendendo, em vez disso, uma guerra aberta com os trouxas. Um crescente número de bruxos proclamavam que o casamento com trouxas não apenas implicava o risco duma possível quebra do novo Estatuto, mas também que tal ato era vergonhoso, antinatural e levaria à “contaminação” do sangue mágico.** Como o casamento trouxa/bruxo fora comum por séculos, aqueles que então se descreviam como de sangue-puro dificilmente teriam uma proporção maior de ancestrais bruxos do que os que não o faziam. Chamar-se de sangue-puro é mais preciso como declaração de intenção política ou social (“não vou casar com um trouxa e considero o casamento trouxa/bruxo repreensível”) que como declaração dum fato biológico. Uma série de trabalhos de validade questionável, publicados ao redor do século XVIII, baseados especialmente nos escritos do próprio Salazar Slytherin, fazem referência a supostos indicadores de status de sangue-puro, à parte a árvore genealógica. Os sinais mais comumente citados eram: indícios de habilidade mágica antes dos três anos, proeza precoce (antes dos sete) com vassouras, desgosto ou medo de porcos e daqueles que os criam (o porco é considerado com frequência um animal particularmente não-mágico e é notoriamente difícil de se enfeitiçar), resistência a enfermidades infantis, atração física fora do comum e aversão a trouxas – observável desde quando o sangue-puro é bebê -, o que supostamente demonstra sinais de medo e desgosto pela sua presença. Estudos sucessivos produzidos pelo Departamento de Mistérios provaram que essas supostas marcas distintivas do status de sangue-puro não têm qualquer base em fatos. Ainda assim, muitos de sangue-puro continuam a citá-las como evidência de seu próprio status superior dentro da comunidade bruxa. No início dos anos 1930, um “Diretório de Sangues-Puros” foi publicado em anônimo na Grã-Bretanha, listando as vinte e oito famílias verdadeiramente sangue-puras, conforme julgado pela autoridade desconhecida que escrevera o livro***, com “o objetivo de ajudar tais famílias a manter a pureza de suas linhas sanguíneas”. O chamado “Sagrados Vinte e Oito” é constituído pelas famílias: Abbott Avery 102


Black Bulstrode Burke Carrow Crouch Fawley Flint Gaunt Greengrass Lestrange Longbottom Macmillan Malfoy Nott Ollivander Parkinson Prewett Rosier Rowle Selwyn Shacklebolt Shafiq Slughorn Travers Weasley Yaxley Pouquíssimas dessas famílias deploraram publicamente sua inclusão na lista declarando que dentre seus ancestrais certamente havia trouxas, um fato de que não tinham vergonha. Muito indignada ficou a numerosa família Weasley, que, apesar de suas conexões com quase todas as velhas famílias bruxas na Grã-Bretanha, tinham orgulho de suas ligações ancestrais com muitos trouxas interessantes. Seus protestos legaram a essas famílias o opróbrio de advogadas da doutrinha do sangue-puro, e o epíteto de “traidor do sangue”. Ao mesmo tempo, um número muito maior de famílias protestou por não terem sido incluídas na lista dos sangue-puro. * Nas décadas e séculos subsequentes, o número de casamentos mistos começou a incrementar-se novamente até que se atingissem os níveis salubres atuais, e esse movimento não levou à propagação da descoberta da comunidade mágica oculta. O Professor Mordicus Egg, autor de A Filosofia do Mundano: Por Que os Trouxas Preferem Não Saber, aponta que trouxas apaixonados 103


geralmente não traem seus maridos ou esposas e que trouxas que deixam de estar apaixonados são ridicularizados pela sua própria comunidade quando dizem que seu antigo parceiro era um bruxo ou bruxa. ** Na verdade, é a proposição contrária que parece ser a verdadeira. Nas famílias que aderiram consistentemente à prática de casamentos dentre um grupo muito pequeno de bruxos e bruxas, há um alarmante índice de casos de instabilidade mental e física e de fraqueza.

*** Muito acredita-se que o autor seria Cantakerus Nott.

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PIRRAÇA

O nome poltergeist tem origem no alemão e pode ser traduzido livremente como fantasma barulhento, embora nem seja, estritamente falando, um fantasma de fato. O poltergeist é uma entidade invisível que move objetos, bate as portas e gera outros incômodos audíveis e cinéticos. Sua existência tem sido relatada em muitas culturas e ele tem uma forte relação com lugares onde morem pessoas jovens, especialmente adolescentes. As explicações para o fenômeno vão desde uma chave sobrenatural à científica. Era inevitável que surgisse um poltergeist num ambiente repleto de bruxos e bruxas adolescentes; também era de se esperar que esse poltergeist fosse mais barulhento, destrutivo e difícil de expulsar que aqueles que volta e meia frequentam as casas dos trouxas. Certamente, Pirraça é o poltergeist mais notório e problemático da história britânica. Ao contrário da grande maioria de seus colegas, Pirraça apresenta uma forma física, embora seja capaz de ficar invisível conforme lhe seja conveniente. Sua aparência reflete sua natureza, que, como concordam todos os que o conhecem, é uma mistura bem-lograda de humor e malícia. Pirraça lhe é uma boa alcunha, já que ele tem sido um estorvo para todos os zeladores de Hogwarts, de Hankerton Humble (selecionado pelos quatro fundadores) em diante. Embora muitos alunos e, mesmo, professores tenham uma afeição um quê perversa por Pirraça (sem sombras de dúvidas, ele dá certo sabor à vida escolar), ele é incuravelmente intrometido e geralmente cabe ao zelador da vez dar um jeito nas suas bagunças propositais: va105


sos quebrados, poções derramadas, estantes derrubadas e por aí vai. Aqueles que se assustam com qualquer coisa não gostam nada das manias de Pirraça, que incluem se materializar subitamente a dois centímetros dos seus narizes, esconder-se em armaduras e jogar objetos sólidos em suas cabeças nos intervalos entre as aulas. Da série de tentativas de remover Pirraça do castelo, nenhuma surtiu efeito. A última e mais desastrosa foi conduzida em 1876 pelo zelador Rancorous Carpe, que confeccionou uma armadilha elaborada, usando como isca uma seleta de armas que, a seu ver, seriam irresistíveis a Pirraça, e uma enorme redoma encantada, reforçada com vários Feitiços de Contenção, que ele pretendia lançar sobre o poltergeist assim que este estivesse a postos. Não apenas Pirraça rompeu facilmente a redoma gigante para sair, enchendo um corredor inteiro de cacos de vidro, como também escapou com várias espadas, balestras, bacamartes e um canhão em miniatura. O castelo foi evacuado enquanto Pirraça se divertia atirando a esmo pelas janelas e ameaçando a tudo e a todos com a morte. O impasse de três dias chegou ao fim quando a Diretora da época, Eupraxia Mole, concordou com assinar um contrato permitindo a Pirraça privilégios adicionais, tais como um mergulho semanal no banheiro masculino do térreo, a preferência do pão velho da cozinha por razões de mira, e um novo chapéu – a ser customizado por Madame Bonhabille de Paris. Rancorous Carpe se aposentou precocemente por motivos de saúde, e nenhuma tentativa subsequente de despojar o castelo de seu mais indisciplinado habitante foi jamais conduzida. Mas Pirraça reconhece algum tipo de autoridade. Embora, em geral, não se deixe impressionar por títulos e distintivos, ele se sujeita a restrições dos professores, concordando com permanecer fora de suas salas durante as aulas. Sabe-se também que ele demonstra afinidade com estudantes raros (notavelmente Fred e Jorge Weasley), e certamente teme o fantasma da Sonserina, o Barão Sangrento.

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FANTASMAS DE HOGWARTS

Hogwarts é o lugar habitado mais assombrado da Grã-Bretanha (e isso é contra forte concorrência, já que há mais notícias de fantasmas avistados e sentidos nessas úmidas ilhas que em qualquer outro lugar do mundo). O castelo é um lugar simpático aos fantasmas, já que os habitantes vivos tratam seus amigos mortos com tolerância e até afeição, mesmo que já tenham ouvido as mesmas recordações inúmeras vezes. Cada uma das quatro casas de Hogwarts tem seu próprio fantasma. A Sonserina dispõe do Barão Sagrento, coberto de manchas prateadas de sangue. A menos falante dos fantasmas é a Dama Cinzenta, bela e de cabelos longos. A casa da Lufa-Lufa é assombrada pelo Frei Gorducho, executado porque os clérigos anciões suspeitaram de sua habilidade de curar a varíola apenas tocando nos camponeses com uma vareta e por causa de seu pouco aconselhável hábito de tirar coelhos do cálice de comunhão. Embora seja, em geral, bastante afável, o Frei Gorducho ainda lamenta o fato de nunca ter sido promovido a cardeal. A casa da Grifinória é o lar de Nick-Quase-sem-Cabeça, que, em vida, fora o Sir Nicholas de Mimsy-Porpington. Um bocadinho esnobe e um bruxo menos habilidoso do que se imaginava, Sir Nicholas, em vida, orbitava a corte de Henrique VII até que sua tentativa tola de embelezar magicamente uma dama-de-honra fez com que brotassem presas na pobre moça. Sir Nicholas 107


teve sua varinha confiscada e foi executado incompetentemente, retendo sua cabeça dependurada por um pedacinho ínfimo de pele e tendão. Ele sofre dum senso de inadequação em relação aos fantasmas verdadeiramente sem cabeça. Outro fantasma notável de Hogwarts é a Murta-Que-Geme, que assombra um banheiro feminino pouco frequentado. Murta ainda era uma aluna de Hogwarts quando morreu, e escolheu voltar à escola perpetuamente, com o objetivo de curto-prazo de assombrar sua intimidadora arquirrival Olívia Hornby. Com o passar das décadas, Murta ganhou a reputação de fantasma mais infeliz da escola, podendo geralmente ser encontrada dentro dum dos boxes do banheiro, enchendo o local com seus gemidos e lamentos.

A inspiração para a Murta-que-Geme foi a presença frequente duma garota chorona em banheiros públicos, especialmente nas festas e discotecas da minha juventude. Isso parece não acontecer em banheiros masculinos, então me diverti colocando Harry e Rony num território tão desconfortável e não-familiar em Harry Potter e a Câmara Secreta e Harry Potter e o Enigma do Príncipe. O fantasma mais produtivo de Hogwarts é, é claro, o Professor Binns, o velho professor de História da Magia que um dia pegou no sono em frente à lareira da sala dos professores e simplesmente se levantou para dar sua próxima aula, deixando seu corpo para trás. Há alguns debates sobre se o Professor Binns já percebeu que está morto. Embora sua entrada na sala pelo quadro negro seja vagamente divertida para os alunos que a veem pela primeira vez, ele não se trata de um professor muito estimulante. A inspiração para o Professor Binns foi um professor velho na minha graduação, que dava todas as aulas de olhos fechados, se balançando para frente e para trás nos dedinhos do pé. Mesmo sendo um homem genial, que despachava uma quantidade imensa de informações úteis a cada aula, seu grau de desconexão com os alunos era total. O Professor Binns tem uma consciência mínima de seus alunos viventes, e fica atônito quando estes começam a lhe fazer perguntas. Na primeiríssima lista de fantasmas que escrevi para Hogwarts, incluí a Murta (de início, chamada “Wanda Chorosa”), o Professor Binns, a Dama Cinzenta (à época, denominada “a Dama Sussurrante”) e o Barão Sangrento. Também houve o Cavaleiro Negro, O Sapo (que largava ectoplasma por toda 108


a sua sala), e um fantasma que me arrependo de não ter usado: seu nome era Edmund Grubb, e as anotações ao lado do seu nome dizem: morreu no vão da porta do Salão Principal. De vez em quando, aborda as pessoas que estão entrando, por puro despeito. Fantasma vitoriano gordo. (Comeu frutinhas venenosas).

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POÇÃO POLISSUCO

É melhor deixar a Poção Polissuco, que é uma mistura complexa e demorada, para bruxas e bruxos qualificados. Ela permite que o consumidor assuma a aparência física de outra pessoa, desde que ele tenha obtido alguma parte do corpo desse indivíduo para adicionar à fermentação (isto pode ser qualquer coisa – unha cortada, caspa ou pior – mas é mais comum usar cabelo). A ideia de que um bruxo pode fazer mal-uso das partes do corpo de alguém é antiga, e ela existe no folclore e nas superstições de várias culturas. O efeito da poção é apenas temporário e, dependendo de como ela foi fabricada, pode durar qualquer tempo entre dez minutos e doze horas. Você pode mudar idade, sexo e raça tomando a Poção Polissuco, mas não espécie.

Eu me lembro de criar a lista completa de ingredientes para a Poção Polissuco. Cada um foi cuidadosamente selecionado. Hemeróbios (a primeira parte do nome sugere um entrelaçamento ou a união de duas identidades); sanguessugas (para sugar a essência de fora de um e de dentro de outro); pó de chifre de bicórnio (a ideia de dualidade); descurainia (outro indício de estar preso em outra pessoa); sanguinária (a mutabilidade do corpo ao ser alterado para outro) e pele de ararambóia picada (um corpo exterior descamado e um novo interior). O fato de Hermione, aos 12 anos de idade, ser capaz de fazer uma competente Poção Polissuco é a prova de sua notável capacidade mágica, pois é uma poção que muitas bruxas e bruxos adultos temem em tentar. 110


FANTASMAS

No mundo de Harry Potter, um fantasma é a silhueta tridimensional e transparente de um bruxo ou bruxa morto, mas que continua a existir no mundo mortal. Trouxas não podem voltar como fantasmas, e os bruxos e bruxas mais sábios escolhem não o fazer. São aqueles com “serviços não terminados”, quer em forma de medo, culpa, arrependimento ou evidente conexão com o mundo material, que se recusam a seguir para a próxima dimensão. Tendo escolhido uma imagem frágil da vida mortal, os fantasmas têm limites em relação ao que podem experimentar. Nenhum prazer físico os resta, e seu conhecimento e perspectiva permanecem no mesmo nível que atingiram enquanto vivos, de modo que ressentimentos antigos (por exemplo, em ter um pescoço incompletamente decapitado) continuam a causar dor depois de vários séculos. Por essa razão, fantasmas tendem, no geral, a ser péssima companhia. Eles são especialmente frustrantes em um assunto que fascina a maioria das pessoas: fantasmas não conseguem responder uma pergunta muito sensata a respeito de como é morrer, porque eles escolheram uma versão empobrecida da vida ao invés disso. Fantasmas podem atravessar objetos sólidos sem causar dano a si mesmos ou ao material, mas criam transtornos na água, no fogo e no ar. A temperatura cai imediatamente na proximidade de um fantasma, efeito intensificado se muitos se reunirem em um mesmo lugar. A manifestação deles também pode tornar chamas azuis. Se parte de um fantasma ou ele inteiro passar através de uma criatura viva, a última irá experimentar uma sensação 111


congelante, como se tivesse sido mergulhada em água gelada. Bruxos e bruxas são muito mais sensíveis ao que os trouxas chamam de atividade paranormal, e veem (e escutam) fantasmas claramente, enquanto trouxas provavelmente apenas sentem que um lugar assombrado é frio ou arrepiante. Trouxas que insistem que veem fantasmas em perfeito foco ou a) estão mentindo ou b) são bruxos se exibindo – e em flagrante violação do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia.

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CÂMARA SECRETA

A subterrânea Câmara Secreta foi criada por Salazar Slytherin sem o conhecimento de seus três companheiros fundadores de Hogwarts. Acreditaram, por muitos séculos, que a Câmara era um mito; no entanto, o fato dos rumores de sua existência persistirem por tanto tempo revela que Slytherin falou de sua criação e que os outros acreditaram nele, ou então tinham sido autorizados, por ele, a entrar lá. Não há duvida de que cada um dos quatro fundadores estava procurando carimbar a sua própria marca sobre a escola de magia e bruxaria que acreditavam que seria a melhor no mundo. Foi combinado que cada um construiria suas próprias casas, por exemplo, escolhendo a localização das salas comunais e dormitórios. Porém, apenas Slytherin foi mais longe e construiu o que era praticamente um quartel general pessoal e secreto dentro da escola, com apenas ele e seus convidados tendo acesso ao local. Talvez, quando ele construíra a câmara, Slytherin não queria nada mais do que um lugar no qual poderia instruir seus alunos em feitiços que os outros três fundadores poderiam reprovar (discordâncias surgiram cedo em torno do ensino das Artes das Trevas). Contudo, era claro – devido à grande decoração da câmara – que no momento em que Slytherin a terminou ele havia desenvolvido grandiosas ideias de sua própria importância para a escola. Nenhum outro fundador deixou para trás uma estátua gigante de si mesmo ou cobriu a escola em emblemas de seu próprio poder pessoal (as cobras esculpidas em torno da Câmara Secreta sendo uma referência aos poderes de 113


Slytherin como um ofidioglota). O que é certo é que no momento em que Slytherin foi forçado a sair da escola pelos outros três fundadores, ele decidiu que dali em diante, a câmara que tinha construído seria o lar de um monstro que só ele – ou seus descendentes – seria capaz de controlar: um basilisco. Além disso, apenas um ofidioglota seria capaz de entrar na câmara. Isto, ele sabia, manteria longe todos os três fundadores e todos os outros membros do corpo docente. A existência da Câmara Secreta era conhecida por descendentes de Slytherin e aqueles com quem eles escolherem compartilhar a informação. Assim, o rumor permaneceu vivo através dos séculos. Há uma clara evidência de que a câmara foi aberta mais de uma vez entre a morte de Slytherin e a entrada de Tom Riddle no século XX. Quando criada, a câmara era acessada através de um alçapão escondido e uma série de túneis mágicos. No entanto, quando o encanamento de Hogwarts se tornou mais elaborada no século XVIII (este foi um caso raro de bruxos copiando trouxas, porque até então eles simplesmente aliviavam-se onde é que estivessem, e faziam com que as evidências desaparecessem), a entrada para a câmara foi ameaçada, tendo então sua localização mudada para um banheiro proposto. A presença na escola naquele momento de um aluno chamado Corvinus Gaunt – descendente direto de Slytherin, e antecedente de Tom Riddle – explica como o alçapão simples foi secretamente protegido, para que aqueles que continuavam sabendo como acessar a entrada da câmara, mesmo depois que o encanamento ultramoderno tinha sido colocado no topo da mesma, continuassem podendo acessá-la. Rumores de que um monstro vivia nas profundezas do castelo também prevaleceram por séculos. Novamente, isto aconteceu porque aqueles que podem ouvir e falar nem sempre foram tão discretos quanto eles poderiam ter sido: a família Gaunt não poderia ter resistido de vangloriar-se de seu conhecimento. Como ninguém mais podia ouvir a criatura deslizando debaixo das tábuas ou, mais recentemente, através da canalização, eles não tinham muitos crentes, e ninguém até Riddle ousou libertar o monstro do castelo. Diretores sucessivos e amantes, para não mencionar uma série de historiadores, exploraram todo o castelo diversas vezes ao longo dos séculos, concluindo cada vez que a câmara era um mito. A razão para seus fracassos era simples: nenhum deles era um ofidioglota.

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GUIDA DURSLEY

Guida Eileen Dursley é a irmã mais velha de Válter Dursley. Embora não tenha nenhuma relação de sangue com Harry Potter, ele foi ensinado a chamá-la de “Tia Guida”. Guida é uma mulher grande e desagradável cujo maior interesse é criar bulldogs. Ela acredita em punição física e franqueza, que é o que ela chama de ser ofensivo. Guida é secretamente apaixonada por um vizinho chamado Coronel Fubster, que cuida dos cachorros dela quando ela não está em casa. Ele nunca se casará com ela, devido a sua personalidade verdadeiramente horrível. Essa paixão não correspondida abastece muito de seu comportamento desagradável com outras pessoas. Guida adora Duda, seu único sobrinho. Ela não sabe que Harry Potter, que mora com seus parentes, é um bruxo. Ela acredita que ele é a cria de dois vagabundos desempregados que largaram seu filho nas mãos de seus parentes trabalhadores, Válter e Petúnia. Os últimos, que morrem de medo da preconceituosa e sincera Guida descobrir a verdade, criaram essa impressão durante muitos anos. Quando Harry fica bravo com Tia Guida, que vinha insultando seus pais, e perde o controle de suas habilidades mágicas, ela infla como um dirigível. Dois membros do Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais foram enviados do Ministério da Magia para lidar com esse incidente e modificar a memória de tia Guida. Desse dia em diante, os Dursley não convidam mais 116


Guida para a casa deles enquanto Harry está na residência, e ele nunca mais a vê.

Eu me arrependi de fazer tia Guida uma criadora de bulldogs, já que agora eu sei que eles não são uma raça agressiva. Minha irmã tem um e ele é o cachorro mais amável e carinhoso que você poderia esperar conhecer. Por outro lado, eles parecem ser zangados, e em aparência apenas pareciam se adequar à tia Guida.

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NÔITIBUS ANDANTE

Para bruxas e bruxos que estão cansados do pó de Flu, que têm aparatação não confiável, que odeiam alturas ou que sentem medo ou náuseas pegando chaves de portal, há sempre o Nôitibus Andante, que aparece sempre que uma bruxa ou um bruxo em necessidade urgente de transporte estica o braço com a varinha para fora do meio-fio. Um ônibus de três andares, roxo, tem assentos durante o dia e camas à noite. Não é particularmente confortável, e eu gostaria de aconselhar contra o pedido de bebidas quentes, mesmo se oferecidas, porque o hábito do ônibus de saltar de um destino a outro em qualquer momento pode resultar em uma série de derramamentos. O Nôitibus Andante é uma invenção relativamente moderna na sociedade bruxa, a qual algumas vezes (embora raramente vá admitir isso) têm ideias através do mundo trouxa. A necessidade de uma forma de transporte que poderia ser usada de forma segura e discreta pelo menor de idade ou pelo doente vinha sido sentida por um tempo e muitas sugestões foram feitas (carros laterais em vassouras com forma de táxis, carregando cestos pendurados sob testrálios), todas elas vetadas pelo Ministro. Finalmente, o Ministro da Magia Dugald McPhail teve a ideia de imitar o relativamente novo “serviço de ônibus” dos trouxas e, em 1865, o Nôitibus Andante chegou às ruas. Enquanto alguns bruxos (principalmente sangues-puros fanáticos) anunciaram sua intenção de boicotar o que fora apelidado de “este esquema118


-trouxa ultrajante” na seção de cartas do Profeta Diário, o Nôitibus Andante se mostrou imensamente popular entre a maioria da comunidade e permanece lotado até hoje.

O Nôitibus Andante (“O Ônibus Cavaleiro” em uma tradução literal, do inglês “The Knight Bus”) foi assim nomeado porque, primeiramente, cavaleiro é o homônimo da noite, e há ônibus noturnos correndo por toda a Grã-Bretanha depois que os transportes normais param. Em segundo lugar, “cavaleiro” tem a conotação de vir para o resgate, de proteção, e isso pareceu apropriado para um veículo que é muitas vezes a condução de último recurso. O motorista e o condutor do Nôitibus Andante em “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” são nomeados em homenagem aos meus dois avôs, Ernest e Stanley.

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SIR CADOGAN

Aniversário: desconhecido. Varinha: (segundo a lenda) espinheiro-negro e bigode de trasgo, 23 centímetros, inflamável. Casa de Hogwarts: Grifinória. Habilidade especial: bravura insana. Linhagem: pai e mãe bruxos. Família: acredita-se que três esposas o deixaram, e há rumores de que ele teria dezessete filhos conhecidos. Antes de a comunidade bruxa ser forçada a se esconder, não era incomum para um bruxo viver na comunidade trouxa e manter o que hoje entendemos como trabalho trouxa. Acredita-se amplamente nos círculos bruxos que Sir Cadogan era um dos famosos Cavaleiros da Távola Redonda, embora pouco conhecido, e que ele conseguira esta posição através de sua amizade com Merlin. Ele certamente foi retirado de todos os volumes trouxas da história do Rei Arthur, mas as versões bruxas dos contos incluem Sir Cadogan ao lado de Sir Lancelot, Sir Bedivere e Sir Percivale. Estes contos mostram que ele é cabeça-quente e apimentado, e corajoso ao ponto da temeridade, mas um bom homem no fim das contas. O encontro mais famoso de Sir Cadogan foi com a Serpe de Wye, uma criatura dragônica que estava aterrorizando o ocidente do país. Em seu pri120


meiro encontro, a fera comeu o belo corcel de Sir Cadogan, mordeu sua varinha ao meio e derreteu sua espada e viseira. Incapaz de enxergar através do vapor que surgia de seu capacete derretendo, Sir Cadogan mal escapou com vida. No entanto, ao invés de fugir, ele cambaleou em um pasto próximo, pegou um pônei gordo, pequeno, que estava por lá, saltou em cima e galopou de volta para a serpe com nada além de sua varinha quebrada em sua mão, preparado para enfrentar uma corajosa morte. A criatura abaixou a cabeça assustadora para engolir Sir Cadogan e o pônei, mas a varinha fragmentada e em brasas perfurou a língua dela, fazendo com que as emanações gasosas subissem do estômago dela e causassem sua explosão. Bruxas e bruxos idosos ainda usam o ditado “Eu vou levar o pônei de Cadogan” para dizer “eu farei o melhor que puder em uma situação complicada”. O retrato de Sir Cadogan, que está pendurado no sétimo andar do Castelo de Hogwarts, o mostra com o pônei que ele montou para sempre (o qual, talvez compreensivelmente, nunca gostara muito dele) e retrata com precisão seu temperamento quente, o seu amor por desafios temerários e sua determinação para vencer o inimigo, venha o que vier.

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PROFESSOR KETTLEBURN

Aniversário: 22 de novembro. Varinha: castanheira e pena de fênix, 29 centímetros, flexível. Casa de Hogwarts: Lufa-Lufa. Habilidades especiais: conhecimento enciclopédico de criaturas mágicas, coragem. Linhagem: pai e mãe bruxos. Família: sem esposa, sem filhos. Hobbies: criaturas perigosas são seu trabalho e hobby. Silvano Kettleburn era o professor de Trato das Criaturas Mágicas em Hogwarts até o terceiro ano de Harry, quando foi substituído por Rúbeo Hagrid. Kettleburn era um homem entusiasta, por vezes imprudente, cujo grande amor pelas criaturas perigosas que estudava e cuidava fazia com que ferisse a si próprio e, às vezes, outros. Esse fato levou a nada menos que sessenta e dois períodos de licença médica durante o tempo em que trabalhou na escola (um recorde que não foi superado). Como Hagrid depois dele, ele estava propenso a subestimar os riscos na criação de Occamys, Grindylows e Caranguejos de Fogo; uma vez fez com que o Grande Salão pegasse fogo depois de encantar um Cinzal para que interpretasse a Minhoca em uma peça de “A Fonte da Sorte”.

Kettleburn era um homem amável e excêntrico, de modo que seu 122


contínuo emprego na escola era prova do quanto os alunos e funcionários gostavam dele. Ele terminou sua carreira com um único braço e meia perna. Quando se aposentou, Alvo Dumbledore o presenteou com membros mágicos de madeira que têm de ser substituídos regularmente, já que o habito de Kettleburn de visitar santuários de dragões em seu tempo livre significava que suas próteses frequentemente pegavam fogo.

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BICHO-PAPÃO

O bicho-papão é uma criatura que muda de forma, assumindo a aparência do que mais amedronta a pessoa que o encontra. Ninguém sabe como um bicho-papão realmente é sem ninguém o observando, embora ele continue existindo; geralmente dá sinais de sua presença ao zumbir, balançar ou arranhar o objeto no qual está escondido. Bichos-papões gostam de lugares confinados, mas também podem ser encontrados escondidos em bosques e lugares escuros. Quanto mais medrosa for a pessoa, mais suscetível será aos bichos-papões. Trouxas também sentem a presença deles e podem até chegar a vê-los brevemente, embora pareçam menos capazes de enxergá-los inteiros e geralmente se convencem que o bicho-papão foi um produto de sua imaginação. Como um poltergeist, um bicho-papão não está e nunca esteve vivo. É um dos estranhos não-seres que povoam o mundo mágico, para o qual não há equivalente no mundo dos trouxas. Bichos-papões podem desaparecer, mas mais bichos-papões inevitavelmente tomarão seu lugar. Como os poltergeists e os mais sinistros Dementadores, parecem ser gerados e sustentados por emoções humanas. O feitiço para derrotar um bicho-papão pode ser complicado, pois envolve a transformação da criatura em uma figura engraçada, para que o medo possa ser convertido em diversão. Se o lançador do feitiço conseguir rir alto do bicho-papão, esse desaparecerá no ato. O encantamento é “Riddikulus”, e a 124


intenção é forçar o bicho-papão a assumir uma forma menos perigosa e mais cômica. Bichos-papões famosos incluem o Velho Papão da Cantuária (os trouxas locais acreditavam que fosse um ermitão canibal que vivia numa caverna; na verdade era um pequeno bicho-papão que aprendeu a fazer muitos ecos); o Bicho-Papão Intimidador da Velha Londres (um bicho-papão que tomou a forma de um criminoso assassino que perambulava as ruas de Londres no século XIX, mas que podia ser transformado em um hamster com um simples feitiço); e o Papão Berrador de Strathtully (um bicho-papão escocês que se alimentara dos medos dos trouxas locais a ponto de se tornar uma sombra negra em forma de elefante com olhos brancos brilhantes, mas que Lyall Lupin do Ministério da Magia eventualmente prendeu em uma caixa de fósforos).

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RETRATOS DE HOGWARTS

Os retratos de Hogwarts podem falar e se mover de quadro em quadro. Comportam-se de acordo ao tema do retrato. No entanto, o grau pelo qual podem interagir com as pessoas ao serem observadas depende não somente da habilidade do pintor, mas também do poder da bruxa ou mago pintado. Ao fazer um retrago mágico, o artista bruxo ou bruxa fará uso de seus encantamentos para certificar-se que a pintura poderá se mover como de costume. O retrato poderá utilizar algumas frases favoritas do sujeito, além de poder imitar sua conduta em geral. Portanto, o retrato do Sir Cadogan sempre estará desafiando pessoas para lutar, caindo do seu cavalo e comportando-se com um tanto de desequilíbrio, já que é da forma que o sujeito se apresentou perante o pobre mago que teve que fazer seu retrato. Por outro lado, o retrato da Mulher Gorda continua a satisfazer sua paixão pela comida, bebida e segurança de ponta muito depois de ter falecido. Porém, nenhum destes retratos seriam capazes de ter uma conversação mais a séria em relação a aspectos mais complexos de suas vidas já que são literal e metaforicamente bidimensionais. Apenas são representações dos sujeitos vivos como percebidos pelo artista. Alguns retratos mágicos são capazes de interagir mais com o mundo real. Tradicionalmente, um retrato de um diretor ou diretora é feito antes de suas mortes. Uma vez o retrato estiver completo, o diretor ou diretora em questão o mantém guardado com cadeado e chave, visitando-o dentro do seu 126


armário (caso o deseje) para ensiná-lo a agir e comportar-se igual a eles, transmitindo todo tipo de memórias úteis e conhecimentos que podem ser compartilhados ao longo dos séculos com seus sucessores. O vasto conhecimento e introspecção contidos em alguns dos retratos de diretores e diretoras são desconhecidos para todos menos os incumbentes do escritório e os poucos alunos que têm notado, ao longo dos séculos, que a aparente sonolência dos retratos quando chegam visitantes ao escritório não é necessariamente genuína.

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MAPA DO MAROTO

Talvez nenhum aluno (até mesmo incluindo Harry Potter, Rony Weasley, Hermione Granger e Tom Riddle) tenha explorado o castelo e confins de Hogwarts tão completa e ilicitamente como os quatro criadores e colaboradores do Mapa do Maroto: Tiago Potter, Sirius Black, Remo Lupin e Pedro Pettigrew. Inicialmente, Tiago, Sirius e Pedro não estavam impelidos a explorar os arredores da escola à noite apenas por maldade (embora haja parte disso), mas também pela vontade de ajudar seu querido amigo Remo Lupin a suportar sua licantropia. Antes da invenção da Poção de Acônito, Lupin era obrigado a passar por uma transformação insuportável a cada lua cheia. Uma vez que sua condição foi descoberta pelos seus três melhores amigos, os mesmos procuraram a forma de fazer com que suas transformações fossem menos solitárias e dolorosas, o que fez com que eles aprendessem a tornarem-se animagos (não registrados) para poderem fazer-lhe companhia sem provocar danos a si mesmos. A habilidade de Sirius Black, Pedro Pettigrew e Tiago Potter de se transformarem em um cachorro, um rato e um cervo, respectivamente, permitiu a exploração dos confins do castelo à noite de forma despercebida. O interior do castelo, no entanto, foi mapeado com o passar do tempo com a ajuda da capa de invisibilidade de Tiago Potter. O Mapa do Maroto é o testemunho vivo de todas as habilidades mágicas avançadas dos quatro amigos, entre eles o pai, o padrinho e o professor favorito de Harry Potter. O mapa que criaram durante sua estadia em Hog128


warts aparenta ser um pergaminho em branco a menos que seja ativado pela frase: Juro solenemente que não vou fazer nada de bom, uma frase que no caso de três dos quatro criadores deveria ser entendido como uma piada. As más intenções das quais escreveram nunca foram denotadas como Magia Negra, mas sim como quebrar as regras da escola. De forma similar, a fanfarronice é evidenciada pelo uso de seus próprios apelidos no mapa (“Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas”). A mágica usada na criação do mapa é avançada e impressionante, incluindo o encantamento Homenum Revelio, permitindo ao possuidor do mapa rastrear os movimentos de cada pessoa no castelo, e o encantamento para sempre repelir (da forma mais insultuosa possível) a curiosidade do inimigo deles, Severo Snape. Embora as circunstâncias exatas com relação à perda do mapa por parte de seus criadores não sejam explicitadas nos romances de Harry Potter, é fácil concluir que eventualmente passaram do limite e foram encurralados por Argo Filch, provavelmente com a ajuda de Snape, o qual tinha cultivado uma obsessão para expor seu arquirrival, Tiago Potter, por transgressão. A obra prima do mapa foi confiscada durante o último ano de Sirius, Tiago, Remo e Pedro e nenhum deles conseguiu roubá-lo de volta do bem-preparado e desconfiado Filch. Em qualquer caso, suas prioridades mudaram durante os últimos meses na escola, onde se tornaram muito mais sérios e focados no mundo além de Hogwarts, onde Lord Voldemort estava ascendendo ao poder com sucesso. Pouco tempo depois, os quatro criadores do mapa seriam introduzidos na organização renegada dirigida por Alvo Dumbledore, a Ordem da Fênix, e o mapa da velha escola – não importa o quão engenhoso – não teria mais utilidade para eles, apenas seria uma parte do passado. Contudo, o Mapa do Maroto foi de vasto uso para os jovens gêmeos Weasley. A história da aquisição do mapa por parte de Fred e George é contada em Harry Potter o e Prisioneiro de Azkaban. Sua admiração por Harry Potter e a crença de que precisava de ajuda com o destino que ainda nenhum deles verdadeiramente entendia foi a razão pela qual o presentearam com o mapa, inconscientemente passando-o para o filho de um dos criadores. Subsequentemente, o mapa foi confiscado de Harry Potter por um Comensal da Morte disfarçado na escola, que o reconheceu como uma fonte provável de sua própria descoberta.

Mais tarde, o Mapa do Maroto tornou-se uma espécie de maldição 129


para sua verdadeira criadora (eu), já que permitiu que Harry tivesse demasiada liberdade de informação. Nunca mostrei Harry pegando o mapa de volta do escritório vazio do (suposto) Olho-Tonto Moody, e às vezes lamento não ter me aproveitado desse erro para me livrar do mapa. Porém, gosto do momento em que Harry observa o ponto de Gina movendo-se ao redor da escola em Relíquias da Morte. Em compensação, estou feliz de ter deixado o Harry recuperar o que já lhe pertencia.

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JOGO DE BEXIGAS

Jogo de Bexigas é um jogo de bruxo antigo parecido com o jogo de bolinha de gude; a principal diferença é que toda vez que alguém faz um ponto, a pedra vencedora esguicha um líquido fedido na cara do perdedor. Os jogadores começam o jogo com 15 pequenas e redondas bexigas cada (as bexigas são vendidas em saquinhos de 30) e o vencedor deve capturar todas as pedras de seu oponente. Embora sejam feitas mais comumente de pedra (como implica o nome), Bexigas também podem ser feitas de metais preciosos. Jogadores profissionais de Jogo de Bexigas compete em ligas nacionais e torneios internacionais, mas ele continua a ser um esporte minoritário no mundo mágico e não tem uma reputação muito “maneira”, algo que os seus devotos tendem a ressentir. Jogo de Bexigas é mais popular entre bruxos e bruxas muito novos, mas eles geralmente param de jogar quando crescem, se interessando mais por Quadribol. A Associação Nacional de Bexigas tentou campanhas de recrutamento como “Dê outra chance as Bexigas”, embora a escolha da imagem (atualmente o campeão mundial de Jogo de Bexigas, Kevin Hopwood, sendo esguichado com um olho cheio de gosma) tenha sido talvez uma má escolha. Bexigas tem uma popularidade limitada em Hogwarts com um ranking baixo entre atividades recreativas, muito atrás de Quadribol e até mesmo xadrez de bruxo. A mãe do Professor Severo Snape, Eileen Prince, foi presidente do clube de Jogo de Bexigas de Hogwarts no seu tempo de escola. 131


DEMENTADORES E CHOCOLATE

As propriedades energéticas do chocolate são bem conhecidas tanto no mundo trouxa como no mágico. Chocolate é o antídoto perfeito para qualquer um que tenha sido derrotado pela presença de um Dementador, seres que sugam a esperança e a felicidade de seus arredores. Apesar disso, o chocolate é apenas um remédio temporário. Achar modos de combater Dementadores – ou depressão – são essenciais para alguém se tornar permanentemente feliz. O consumo excessivo de chocolate não é bom nem para os trouxas, nem para os bruxos.

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FIREBOLT

No final do século XX, a companhia Nimbus Racing Broom dominou a concorrência. Os modelos Nimbus 2000 e 2001 superaram todas as outras vassouras de primeira classe juntas numa proporção três para um. Mal sabiam os designers da Nimbus que uma vassoura de corrida estava em desenvolvimento e, dentro de doze meses a partir de seu lançamento, os tiraria do primeiro lugar. Era a Firebolt, um projeto secreto desenvolvido por Randolph Spudmore (Filho de Able Spudmore de Ellerby e Spudmore, que produziu a Tinderblast em 1940 e a Swiftstick em 1952, ambas vassouras úteis, mas nunca atingiu grande popularidade). Um designer de vassouras habilidoso e inovador, Randolph foi o primeiro a usar ferro ornamental feito por goblins (incluindo apoio para pés, suporte e twig bands*), cujos segredos não são totalmente compreendidos, mas que parece conferir à Firebolt estabilidade adicional e poder em condições atmosféricas adversas, além de um suporte de pé antiderrapante especial que traz uma vantagem particular aos jogadores de Quadribol. O cabo é de ébano polido e a calda é de bétula ou aveleira, de acordo com a preferência pessoal (a bétula tem a fama de dar mais “glamour” em subidas elevadas, enquanto a aveleira é favorita daqueles que preferem direção sensível).

A Firebolt é uma vassoura cara e Harry Potter foi um dos primeiros a 133


ter uma. Continua sendo produzida em quantidades relativamente pequenas, em parte porque os trabalhadores goblin envolvidos no ferro ornamental patenteado são propensos a greves e paralisações ao menor sinal de provocação. * N/R: Twig bands são faixas que envolvem a cauda de uma vassoura, para que os ramos permaneçam juntos.

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GUARDADOR DO SEGREDO

O Feitiço Fidelius é extremamente antigo, mas ainda é usado hoje em dia. O feitiço envolve a ocultação de informações dentro de uma pessoa viva. A pessoa escolhida, ou a guardadora do segredo, é a única pessoa que dali em diante pode revelar o segredo para outros, mesmo que muitos já soubessem dele. Se o guardador do segredo compartilhar a informação oculta, a pessoa a quem ele ou ela confiou o segredo ficará obrigado pelo Feitiço Fidelius a não passar a informação a diante. O Feitiço Fidelius não é à prova de defeitos. Se o guardador do segredo quiser revelá-lo, ele poderá divulgar a informação a qualquer momento (mas o segredo não pode ser tirado do guardador do segredo por uso de força, feitiço ou tortura se o mesmo não desejar revelá-lo; o segredo só poderá ser revelado voluntariamente). Se o guardador do segredo morrer, as pessoas as quais ele ou ela confiou a informação vão se tornar guardadores do segredo. Isso pode envolver várias pessoas, as quais podem estar mais dispostos a compartilhar o segredo. De um modo geral, ser um guardador de segredo pode ser uma posição perigosa a se ocupar. É um feitiço tão grave e vinculante que poucos aceitariam facilmente. Apesar do fato do segredo só poder ser contado voluntariamente, muitos foram sujeitos a maldição Imperius e Cruciatus em uma tentativa de fazê-los compartilhar os seus segredos.

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LOBISOMENS

Há lobisomens no mundo todo e eles têm sido tradicionalmente párias nas comunidades bruxas das quais vêm; bruxas e bruxos que se envolvem na caça ou no estudo dessas criaturas se expõem a um risco de ataque maior do que o trouxa comum. No final do século XIX a autoridade britânica no assunto, Professor Marlowe Forfang, realizou o primeiro estudo compreensivo de seus hábitos. Ele descobriu que quase todos aqueles que ele conseguiu estudar e entrevistar tinham sido bruxos antes de serem mordidos. Ele também aprendeu com os lobisomens que trouxas têm um “gosto” diferente dos bruxos e que eles têm muito mais chance de morrerem devido aos ferimentos, enquanto bruxas e bruxos sobrevivem para se tornar lobisomens. As políticas do Ministro da Magia sobre lobisomens sempre foram confusas e ineficientes. Um Código de Conduta do Lobisomem foi desenvolvido em 1637, no qual os lobisomens deviam se registrar, prometendo não atacar ninguém e sim se trancar de modo seguro a cada mês. Como era de se esperar, ninguém assinou o Código, já que ninguém estava preparado para entrar no Ministério admitindo ser um lobisomem, um problema de que, mais tarde, o Registro de Lobisomem também sofreu. Por anos, esse Registro de Lobisomem, no qual todo lobisomem deveria colocar seu nome e dados pessoais, ficou incompleto e não confiável, porque vários novos lobisomens optaram por esconder sua condição para escapar da vergonha inevitável e do exílio. Os lobisomens têm sido colocados nas divisões de Monstro e Criatura do Departamento de Regulação e Controle de Criaturas Mágicas há anos, por136


que ninguém conseguiu decidir se um lobisomem devia ser classificado como humano ou besta. Em certo momento, o Registro do Lobisomem e a Unidade de Captura de Lobisomem estavam juntos na Divisão Monstro, enquanto, ao mesmo tempo, um gabinete de Serviços de Suporte ao Lobisomem foi criado na divisão de Criatura. Ninguém nunca se apresentou aos Serviços de Suporte, pelas mesmas razões que os poucos que um dia assinaram o Registro, e este foi eventualmente fechado. Para se tornar um lobisomem, é necessário ser mordido por um deles em sua forma lupina durante a lua cheia. Quando a saliva do lobisomem se junta com o sangue da vítima, a contaminação ocorre. Os vários mitos e lendas trouxas sobre lobisomens são, em sua maioria, falsos, embora alguns contenham partes da verdade. Balas de prata não matam lobisomens, mas uma mistura de prata em pó e ditamno aplicados em uma mordida fresca “selarão” o ferimento, impedindo que a vítima sangre até a morte (embora haja contos trágicos de vítimas que imploram para morrer em vez de viver como lobisomens). Na segunda metade do século XX, muitas poções foram desenvolvidas para amenizar os efeitos da licantropia. A melhor é a Poção de Acônito. A transformação mensal de um lobisomem é extremamente dolorosa se não for tratada e é geralmente precedida e sucedida por alguns dias de palidez e baixa resistência. Enquanto em sua forma lupina, o lobisomem perde totalmente seu senso humano de certo e errado. No entanto, é errado dizer (como algumas autoridades fizeram, notavelmente o Professor Emerett Picardy em seu livro Ilegalidade Lupina: Por que os Licantropos Não Merecem Viver) que eles sofrem de uma perda permanente de senso moral. Enquanto humano, o lobisomem pode ser tão bom ou gentil como qualquer outra pessoa. De modo alternativo, eles podem ser perigosos mesmo na forma humana, como no caso de Fenrir Greyback, que tenta morder e mutilar em sua forma humana e mantém suas unhas afiadas como garras com este propósito. Se atacada por um lobisomem que ainda está em sua forma humana, a vítima pode desenvolver certas características lupinas suaves como o gosto por carne mal passada, mas não será afetada por nenhum efeito de longo prazo. No entanto, qualquer arranhão ou mordida dado por um lobisomem deixará cicatrizes permanentes, não importando se ele ou ela estava em forma de lobo durante o ataque. Enquanto em sua forma animal, o lobisomem é quase indistinguível em aparência de um verdadeiro lobo, embora o focinho seja um pouco mais curto e as pupilas menores (em ambos os casos mais “humanos”) e a cauda 137


seja acolchoada em vez de cheia e peluda. A diferença real é no comportamento. Lobos genuínos não são muito agressivos, e o grande número de contos de fada representando-os como predadores loucos são agora vistos pelas autoridades bruxas como referências à lobisomens e não à lobos. É improvável que um lobo ataque um humano, a não ser em condições excepcionais. O lobisomem, por outro lado, tem humanos como objetivo quase exclusivo e apresenta pouco perigo a qualquer outra criatura. Lobisomens geralmente se reproduzem ao atacar não lobisomens. O estigma sobre os lobisomens tem sido tão extremo durante os séculos que bem poucos se casaram e tiveram filhos. Porém, quando lobisomens se casaram com parceiros humanos, não houve traço de sua licantropia ter sido passada a seus descendentes. Um aspecto interessante dessa condição é que se dois lobisomens se encontrarem e acasalarem durante a lua cheia (uma possibilidade improvável que só aconteceu duas vezes) o resultado do acasalamento será filhotes de lobo que lembram lobos de verdade em tudo exceto por sua inteligência anormalmente alta. Eles não são mais agressivos que lobos normais e não escolhem humanos para atacar. Uma ninhada foi solta uma vez, sob sigilo absoluto, na Floresta Proibida de Hogwarts, com a permissão gentil de Alvo Dumbledore. Os filhotes se tornaram lobos bonitos e inacreditavelmente inteligentes e alguns ainda vivem lá, o que deu origem a histórias sobre “lobisomens” na floresta – histórias que nenhum dos professores ou o guarda-caça desmentiu porque manter alunos fora da floresta é, na visão deles, muito desejável.

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VIRA-TEMPO

Apesar das numerosas fantasias trouxas sobre este tema, as viagens no tempo são possíveis apenas de forma limitada, inclusive no mundo mágico. Ainda que este tema esteja rodeado de grande segredo – o Departamento de Mistérios continua investigando-o – parece que a magia tem seus limites. Segundo o Professor Saul Croaker, que passou toda sua carreira no Departamento de Mistérios estudando magia temporal: “Nossas investigações têm nos mostrado que o período mais longo que se pode reviver sem que o viajante sofra sérios danos ou sem afetar o tempo é de umas cinco horas. Conseguimos encerrar encantamentos de reversão de uma hora, que são instáveis e devem ser contidos, em pequenas ampulhetas encantadas que podem ser penduradas no pescoço de uma bruxa ou de um bruxo e são giradas segundo a quantidade de horas que o usuário deseja reviver. Todas as tentativas de viajar de volta mais de algumas horas tiveram resultados catastróficos para o bruxo ou bruxa. Durante muitos anos, a razão pela qual os viajantes no tempo não sobreviviam às viagens a grandes distâncias seguiu sendo um mistério. Todas estas experiências foram abandonadas em 1899, quando Eloise Mintumble ficou presa durante cinco dias no ano 1402. Agora entendemos que seu corpo havia envelhecido cinco séculos durante sua viagem ao presente e havia ficado permanentemente danificado, morrendo no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos pouco 139


depois de conseguirmos resgatá-la. Além disso, seus cinco dias no passado causaram grandes alterações na vida dos que se encontraram com ela, mudando o curso de suas vidas tão drasticamente que pelo menos vinte e cinco de seus descendentes desapareceram no presente, se tornando “não-nascidos”. Finalmente, houve sinais alarmantes durante os dias que se seguiram ao resgate da senhora Mintumble, do qual o próprio tempo havia sido alterado por haver quebrado suas leis. A terça-feira depois de sua reaparição durou dois dias e meio, enquanto que a quinta-feira acabou em apenas quatro horas. O Ministério da Magia teve muitos problemas tratando de fazer com que estes fatos passassem despercebidos e desde então estabeleceram-se as leis e as penas mais estritas que se possa imaginar para os que estudam as viagens no tempo”. Inclusive o uso do limitado número de vira-tempos que o Ministério tem a sua disposição está rodeado de centenas de leis. Ainda que não sejam potencialmente tão perigosos como pular cinco séculos, usar de novo uma hora pode ter graves consequências e o Ministério da Magia exige as garantias mais estritas se permite o uso destes raros e poderosos objetos. A maior parte da comunidade mágica se surpreenderia se soubesse que os vira-tempos são usados, em geral, unicamente para resolver os problemas mais triviais de gestão de tempo e nunca são usados para propósitos melhores ou mais importantes porque, como nos diz Saul Coraker, “do mesmo modo que a mente humana não pode entender o tempo, tampouco pode compreender o dano que ocasionará brincar com suas leis”. Todos os vira-tempos existentes foram destruídos durante a luta no Departamento de Mistérios, três anos depois de que deram permissão à Hermione Granger para usar um em Hogwarts.

Entrei no tema de viagens no tempo em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban bem levemente. Mesmo que não me arrependa disso (o Prisioneiro de Azkaban é um dos meus livros favoritos da série), é verdade que criou muitos problemas para mim, porque afinal de contas, se os bruxos pudessem voltar atrás e resolver os problemas, onde ficariam minhas futuras tramas? Para minha própria satisfação, resolvi o problema em várias etapas. Primeiro, fiz com que Dumbledore e Hermione enfatizassem o quanto perigoso seria poder ver o passado, para recordar ao leitor que podia haver consequências imprevisíveis e perigosas, bem como soluções em viagens temporais. Segundo, fiz com que Hermione devolvesse o único vira-tempo que havia en140


trado em Hogwarts. Terceiro, destruí todos os vira-tempos restantes durante a batalha do Departamento de Mistérios, eliminando a possibilidade de poder reviver inclusive períodos curtos no futuro. Este é somente um exemplo das formas em que devemos ter cuidado com os eventos que são inventados quando escrevemos romances de mistério. Para cada benefício, há sempre uma desvantagem.

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FEITIÇO PATRONO

O feitiço Patrono é o mais famoso (e mais difícil) feitiço de defesa. O objetivo é produzir um guardião ou protetor branco-prateado, que toma a forma de um animal. A forma exata do Patrono não será aparente até o feitiço ser conjurado com sucesso. Um dos feitiços defensivos mais poderosos conhecidos no mundo bruxo, o Patrono pode também ser usado como um mensageiro entre bruxos. Como uma pura concentração protetora mágica de felicidade e esperança (a lembrança de uma única memória talismã é essencial para sua criação) é o único feitiço efetivo contra Dementadores. A maioria das bruxas e bruxos é incapaz de produzir Patronos e conseguir conjurá-lo é geralmente considerado um sinal de habilidade mágica superior. Alguns bruxos e bruxas podem criar um Patrono incorpóreo, que se assemelha a uma massa ou punhado de vapor prateado ou fumaça. Em alguns casos, uma bruxa ou bruxo pode optar por produzir um Patrono incorpóreo deliberadamente, se ele ou ela deseja disfarçar a forma que ele geralmente toma (Remo Lupin, por exemplo, tem medo de que seu Patrono corpóreo dê muito na cara). O Patrono incorpóreo não é um Patrono verdadeiro e por ele dar uma proteção limitada, não pode fornecer o poder defensivo do Patrono corpóreo, que tem a forma e o conteúdo de um animal. O Feitiço do Patrono é um dos encantamentos mais antigos e aparece em muitos relatos de magia primitiva. Apesar de uma longa associação com aqueles que lutam por causas grandiosas ou nobres (aqueles capazes de produzir Patronos corpóreos eram muitas vezes eleitos para altos cargos dentro 142


da Suprema Corte dos Bruxos e do Ministério da Magia), o Patrono não é desconhecido entre os bruxos das trevas. Embora exista uma crença generalizada e justificada que um bruxo que não é puro de coração não pode produzir um Patrono bem-sucedido (o exemplo mais famoso do feitiço ricocheteando é o do bruxo das trevas Raczidian, que foi devorado por vermes), poucas bruxas e bruxos de moral duvidosa conseguiram produzir com sucesso o feitiço (Dolores Umbridge, por exemplo, é capaz de conjurar um gato Patrono para se proteger de Dementadores). Pode ser que uma crença verdadeira e confiança no acerto das ações dessa pessoa pode fornecer a felicidade necessária. No entanto, a maioria desses homens e mulheres, que se tornam insensíveis aos efeitos das criaturas das Trevas, com os quais eles podem aliar-se, considera o Patrono como um feitiço desnecessário de ter em seu arsenal. Nenhum sistema confiável para prever a forma do Patrono de um indivíduo jamais foi encontrado, embora o grande pesquisador de encantos do século XVIII, Professor Catullus Spangle, estabeleceu alguns princípios que são amplamente aceitos como verdadeiros. O Patrono, afirmou Spangle, representa aquilo que é oculto, desconhecido, mas necessário à personalidade. “Pois é evidente”, ele escreve, em sua obra-prima “Encantos de Defesa e Dissuasão”: “… que um humano confrontado com um mal desumano, como o Dementador, deve contar com recursos que ele ou ela pode nunca ter precisado, e o Patrono é o eu-secreto desperto que está adormecido até que seja necessário, mas que deve ser agora trazido à luz…” Esta, diz Spangle, é a explicação para a aparência de Patronos em formas que seus conjuradores podem não esperar, pelas quais eles nunca sentiram uma afinidade particular, ou (em casos raros) até mesmo não reconhecem. Spangle é interessado sobre o assunto dessas bruxas e bruxos incomuns que produzem um Patrono que assume a forma de seu animal favorito. “É minha firme convicção de que tal Patrono é um indicador de obsessão ou excentricidade. Aqui está um bruxo que pode não ser capaz de esconder a sua auto essência na vida comum, que pode, de fato, desfilar tendências que outros podem preferir esconder. Seja qual for a forma de seus Patronos, você é aconselhado a mostrar respeito e, ocasionalmente, cuidado, a uma bruxa ou bruxo que produz o Patrono de sua escolha. ” A forma de um Patrono pode mudar durante o curso da vida de uma bruxa ou bruxo. Casos foram conhecidos da forma do Patrono se transformar devido ao luto, se apaixonar ou mudanças profundas no caráter de uma pes143


soa. Como a alteração do Patrono de Ninfadora Tonks de um jackrabbit (uma espécie de coelho) para um lobo (não um lobisomem), quando ela se apaixona por Remo Lupin. Alguns bruxos e bruxas podem ser incapazes de produzir um Patrono até que eles tenham sofrido algum tipo de choque psíquico. É normal, mas não inevitável, que um Patrono tome a forma de um animal comumente encontrado no país natal do conjurador. Dada a sua longa afinidade com os seres humanos, talvez não seja surpresa que entre os Patronos mais comuns (embora deva ser lembrado que qualquer Patrono corpóreo é altamente incomum) estão cães, gatos e cavalos. No entanto, cada Patrono é único como seu criador e até mesmo gêmeos idênticos são conhecidos por produzirem Patronos muito diferentes. Patronos extintos são muito raros, mas não desconhecidos. Estranhamente, dada a sua longa ligação com o mundo bruxo, Patronos corujas são incomuns. Mais raro de todos os Patronos possíveis são criaturas mágicas como dragões, fênixes e testrálios. Nunca se esqueça, porém, que um dos mais famosos Patronos de todos os tempos era um modesto rato, que pertencia a um jovem bruxo lendário chamado Illyius, que o usou para afastar um ataque de um exército de Dementadores sozinho. Enquanto um Patrono raro e mágico reflete, sem dúvida, uma personalidade incomum, não necessariamente ele será mais poderoso, ou terá maior sucesso defendendo seu conjurador.

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REMO LUPIN

Aniversário: 10 de março. Varinha: cipreste e pelo de unicórnio, 26cm, flexível. Casa de Hogwarts: Grifinória. Habilidades Especiais: excepcionalmente talentoso em Defesa contra as Artes das Trevas, lobisomem. Linhagem: pai bruxo, mãe trouxa. Família: Ninfadora Tonks (esposa), Ted “Teddy” Remo Lupin (filho).

Pais Remo Lupin era o único filho do bruxo Lyall Lupin e sua esposa trouxa Hope Howell. Lyall Lupin era um rapaz muito inteligente, porém tímido, que nos seus trinta anos tornou-se mundialmente conhecido como uma autoridade em Aparições Espirituosas Não-Humanas. Estas incluem poltergeists, bicho-papão e outras criaturas estranhas que, embora sejam às vezes fantasmagóricos na aparência e no comportamento, nunca estiveram vivos de verdade e continuam sendo algo misterioso até mesmo para o mundo dos bruxos. Em uma viagem investigatória em uma densa floresta galesa onde um bicho-papão particularmente cruel devia estar espreitando, Lyall conheceu sua futura esposa. Hope Howell, uma linda menina trouxa que trabalhava num escritório de seguros em Cardiff, tinha pego um caminho mal aconse145


lhado através do que ela acreditava ser um bosque inocente. Bicho-papão e poltergeists podem ser sentidos por trouxas, e Hope, uma pessoa particularmente imaginativa e sensível, estava convencida de que algo a estava observando por entre as árvores escuras. Eventualmente, sua imaginação se tornou tão ativa que o bicho-papão assumiu uma forma: um homem grande, mal encarado, indo em direção a ela rosnando e com as mãos estendidas na escuridão. Ao ouvir o grito dela, o jovem Lyall veio correndo por entre as árvores, transformando a aparição em um campo de cogumelos com um aceno de sua varinha. A aterrorizada Hope pensou, na sua confusão, que ele havia afastado seu suposto agressor, e as primeiras palavras dele para ela – “está tudo bem, era só um bicho-papão” – não fizeram nenhum efeito nela. Ao perceber quão bonita ela era, Lyall fez a sábia decisão de não falar mais sobre bichos-papões, ao invés disso concordou que era um homem muito grande e assustador, e que a única coisa sensata a fazer era ele acompanhar Hope até sua casa para protegê-la. O jovem casal se apaixonou, e nem a confissão envergonhada de Lyall, alguns meses depois, que Hope nunca esteve realmente em perigo, prejudicou o entusiasmo dela por ele. Para a alegria de Lyall, Hope aceitou seu pedido de casamento e se jogou animada para as preparações do casamento, completo com um topo de bolo de bicho-papão. O primeiro e único filho de Lyall e Hope, Remo João, nasceu depois de um ano do casamento. Um menininho feliz e saudável, ele mostrou sinais de magia cedo e ambos os pais imaginaram que ele seguiria os passos do pai, frequentando a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts no devido tempo.

Mordida Quando Remo tinha quatro anos, a quantidade de atividade das artes das trevas no país estava crescendo constantemente. Enquanto poucos já sabiam o que havia por trás dos ataques e aparições, a primeira ascensão de Lord Voldemort ao poder estava em progresso e os Comensais da Morte estavam recrutando todos os tipos de criaturas das trevas para se unir a eles na sua busca para derrubar o Ministério da Magia. O Ministério convocou os serviços das autoridades em criaturas das trevas – até aquelas tão inferiores como bichos-papões e poltergeists – para ajudá-lo a entender e conter a ameaça. Lyall Lupin estava entre os convocados para se unir ao Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, que ele aceitou com prazer. Foi aqui que Lyall ficou cara a cara com um lobisomem chamado Fenrir Greyback, que foi trazido para o interrogatório sobre a morte de duas crianças 146


trouxas. O Registro de Lobisomens foi mal conservado. Lobisomens eram tão desprezados pela sociedade bruxa que eles geralmente evitavam o contato com outras pessoas; eles viviam no que eles chamavam de blocos e faziam o possível para evitar que eles fossem registrados. Greyback, que o Ministério não sabia ser um lobisomem, alegou ser nada mais que um mendigo trouxa que estava totalmente surpreso por estar em uma sala cheia de bruxos, e aterrorizado pela conversa sobre as pobres crianças mortas. As roupas imundas de Greyback e a falta de varinha foram suficientes para convencer dois membros ignorantes e sobrecarregados de trabalho do comitê interrogatório que ele estava dizendo a verdade, mas Lyall Lupin não era enganado facilmente. Ele reconheceu alguns sinais reveladores na aparência e comportamento de Greyback e disse ao comitê que Greyback deveria ser mantido preso até a próxima lua cheia, que aconteceria somente vinte e quatro horas mais tarde. Greyback sentou em silêncio enquanto Lyall foi ridicularizado por seus colegas membros do comitê (“Lyall, você só se mete com bichos-papões galeses, é nisto que você é bom”). Lyall, geralmente um homem bem educado, ficou bravo. Ele descreveu lobisomens como “sem alma, malvados, que não merecem nada além da morte”. O comitê mandou Lyall se retirar da sala, o presidente do comitê pediu desculpas ao mendigo trouxa e Greyback foi solto. O bruxo que acompanhou Greyback para fora do interrogatório pretendia aplicar um Feitiço da Memória nele, para que ele pudesse esquecer que esteve dentro do Ministério. Antes que ele tivesse a chance de fazer isso, ele foi rendido por Greyback e dois cúmplices que estavam escondidos na entrada, e os três lobisomens fugiram. Greyback não perdeu tempo em compartilhar com seus amigos como Lyall Lupin tinha acabado de descrevê-los. Sua vingança contra o bruxo que pensava que lobisomens não mereciam nada além da morte seria rápida e terrível. Logo antes do aniversário de cinco anos de Remo Lupin, enquanto ele dormia tranquilamente em sua cama, Fenrir Greyback abriu a janela do quarto do menino à força e o atacou. Lyall chegou ao quarto a tempo de salvar a vida de seu filho, expulsando Greyback de sua casa com vários feitiços poderosos. Porém, dali em diante, Remo seria um pleno lobisomem. Lyall Lupin nunca se perdoou pelas palavras que ele disse na frente do Greyback no interrogatório: “sem alma, malvados, que não merecem nada além da morte”. Ele repetiu o que era a visão comum de lobisomens em sua 147


comunidade, mas seu filho era o que ele sempre foi – amável e inteligente – exceto pelo terrível período da lua cheia quando ele sofria uma transformação torturante e se tornava um perigo para todos à sua volta. Por muitos anos, Lyall escondeu a verdade sobre o ataque, inclusive a identidade do agressor, do seu filho, temendo a recriminação de Remo.

Infância Lyall fez de tudo para encontrar uma cura, mas nem poções nem feitiços puderam ajudar seu filho. Desta época pra frente, a vida da família foi dominada pela necessidade de esconder a condição de Remo. Eles se mudaram da vila para a cidade, deixando o instante que rumores do estranho comportamento do menino começaram. Bruxas e bruxos próximos perceberam o quão fraco Remo se tornava quando a lua nova se aproximava, sem falar dos seus sumiços mensais. Remo era proibido de brincar com outras crianças, no caso de ele deixar escapar a verdade sobre sua condição. Por consequência, e apesar de seus pais amorosos, ele era um garoto muito sozinho. Enquanto Remo era pequeno, sua contenção durante a transformação não foi difícil; um quarto trancado e vários feitiços silenciadores geralmente bastavam. Porém, à medida que ele crescia, seu ser lupino também crescia, e quando ele tinha dez anos, ele era capaz de derrubar as portas e esmagar as janelas. Feitiços ainda mais poderosos eram necessários para contê-lo e tanto Hope como Lyall ficaram magros com preocupação e medo. Eles amavam seu filho, mas sabiam que sua comunidade – já cercada por medo da crescente atividade das trevas ao redor deles – não seriam tolerantes com um lobisomem descontrolado. As esperanças que eles um dia tiveram do seu filho pareciam arruinadas, e Lyall educou Remo em casa, certo de que ele nunca seria capaz de pisar em uma escola. Pouco antes do aniversário de onze anos de Remo, ninguém menos que Alvo Dumbledore, Diretor de Hogwarts, chegou sem ser convidado na porta dos Lupin. Nervosos e amedrontados, Lyall e Hope tentaram bloquear sua entrada, mas de alguma forma, cinco minutos depois, Dumbledore estava sentado perto da lareira, comendo bolinho e jogando Pedras Cuspideiras com Remo. Dumbledore explicou aos Lupin que ele sabia o que tinha acontecido com seu filho. Greyback se gabava do que tinha feito e Dumbledore tinha espiões entre as criaturas das trevas. No entanto, Dumbledore disse aos Lupin que ele não via o porquê de Remo não ir à escola, e descreveu as preparações que ele fez para dar ao menino um lugar seguro e protegido para suas trans148


formações. Devido ao preconceito generalizado em torno dos lobisomens, Dumbledore concordou que para a própria segurança de Remo sua condição não deveria ser divulgada. Uma vez por mês, ele partiria para uma casa segura e confortável na vila de Hogsmeade, guardada por vários feitiços e somente alcançada por uma passagem subterrânea nas terras de Hogwarts, onde ele poderia se transformar em paz.

Escola Escolhido para a casa da Grifinória, Remo Lupin rapidamente fez amizade com dois meninos alegres, confidentes e rebeldes, Tiago Potter e Sirius Black. Eles foram atraídos pelo senso de humor tranquilo de Remo e uma bondade que eles admiravam, mesmo que eles mesmos nem sempre a possuíssem. Remo, sempre o amigo oprimido, foi gentil com o pequeno e meio lento Pedro Pettigrew, um colega da Grifinória, a quem Tiago e Sirius não teriam achado merecedor de sua atenção sem a persuasão de Remo. Logo, estes quatro se tornaram inseparáveis. Remo funcionava como a consciência do grupo, mas era uma consciência ocasional e falha. Ele não aprovava o incansável bullying sobre o Severo Snape, mas ele amava tanto Tiago e Sirius, e era tão grato pela aceitação deles, que ele nem sempre os enfrentava tanto como ele sabia que deveria. Inevitavelmente, seus três melhores amigos logo ficaram curiosos sobre o motivo de Remo ter que sumir uma vez por mês. Convencido pela sua infância solitária que seus amigos o abandonariam se soubessem que ele era um lobisomem, Remo inventava mentiras cada vez mais elaboradas para explicar suas ausências. Tiago e Sirius descobriram a verdade em seu segundo ano. Para o grande alívio de Remo, eles não só continuaram amigos como inventaram um método ingênuo de facilitar seu isolamento mensal. Eles também o deram um apelido que seguiriam com ele durante a escola: “Aluado”. Remo terminou sua carreira escolar como chefe de turma.

A Ordem da Fênix Na época que os quatro amigos deixaram a escola, a ascendência de Lord Voldemort estava quase completa. A verdadeira resistência a ele estava concentrada na organização secreta chamada Ordem da Fênix, da qual os quatro jovens faziam parte. A morte de Tiago Potter, junto com sua esposa Lílian, nas mãos de Lord Voldemort, foi um dos eventos mais traumáticos da vida já problemática 149


de Remo. Seus amigos eram mais importantes pra ele do que para outras pessoas, por que ele já tinha aceitado o fato de que a maioria das pessoas o trataria como intocável, e que não haveria a possibilidade de se casar e ter filhos. Ainda pior, dentro de vinte quatro horas ele tinha perdido também seus dois outros melhores amigos. Remo estava no norte do país a serviço da Ordem da Fênix quando ele ouviu a notícia horrível de que um deles assassinou o outro, e estava agora em Azkaban, um traidor para a Ordem e para os próprios Lílian e Tiago. A queda de Voldemort, uma fonte de alegria para o resto da comunidade bruxa, marcou o início de um longo período de solidão e infelicidade para Remo. Ele perdeu seus três amigos próximos e, com a Ordem dissolvida, seus colegas anteriores retornaram para a vida ocupada com suas famílias. Sua mãe estava morta agora, e enquanto Lyall, seu pai, ficava sempre encantado ao ver seu filho, Remo se recusou a pôr em perigo a existência pacífica de seu pai se retornasse a morar com ele. Remo vivia agora uma vida precária, arranjando trabalhos bem abaixo do seu nível de habilidade, sempre sabendo que ele teria que os deixar antes que seu padrão de passar mal uma vez por mês na lua cheia fosse notado pelos seus colegas de trabalho.

A Poção de Acônito Um avanço da comunidade bruxa deu esperança à Remo: a descoberta da Poção de Acônito. Apesar dela não impedir um lobisomem de perder sua forma humana uma vez por mês, ela restringe sua transformação para um lobo normal e sonolento. Sempre foi o pior medo de Remo que ele pudesse matar enquanto estivesse fora de si. Entretanto, a Poção de Acônito era complexa e os ingredientes muito caros. Remo não tinha chance de fazê-la sem revelar o que ele era, então ele continuou com sua vida solitária e viajante.

Retorno à Hogwarts Novamente, Alvo Dumbledore mudou o rumo da vida de Remo Lupin quando ele o localizou em uma casa arruinada e semi-abandonada em Yorkshire. Encantado ao ver o Diretor, Remo se animou quando Dumbledore o ofereceu uma vaga para professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Ele só se convenceu a aceitar quando Dumbledore explicou que haveria um estoque ilimitado de Poção de Acônito, cortesia do Mestre em Poções, Severo Snape. 150


Em Hogwarts, Remo se revelou ser um professor talentoso, com um talento raro com sua própria matéria e uma profunda compreensão de seus alunos. Ele era, como sempre, particularmente oprimido, e ambos Neville Longbottom e Harry Potter aproveitaram de sua sabedoria e bondade. Entretanto, o antigo defeito de Remo estava ativo. Ele tinha grandes suspeitas sobre um dos seus antigos amigos, um fugitivo conhecido, mas não as compartilhou com ninguém em Hogwarts. Seu desejo desesperado de pertencer e ser amado significava que ele não era nem tão corajoso nem tão honesto o quanto ele deveria ter sido. Uma combinação infortuna de circunstâncias surgiu, o que resultou na transformação de Remo em um lobisomem verdadeiro nos terrenos da escola. O rancor de Severo Snape, que nunca diminuiu pelo subsequente comportamento educado de Remo, fez questão de que fosse amplamente divulgado o que o professor de Defesa Contra as Artes das Trevas era. Remo se sentiu obrigado a se demitir e sair de Hogwarts mais uma vez.

Casamento Como Lord Voldemort novamente vinha ascendendo, a antiga resistência se reagrupou e Remo se viu mais uma vez parte da Ordem da Fênix. Desta vez, o grupo incluía uma Auror que era muito nova para fazer parte da Ordem na sua primeira encarnação. Inteligente, corajosa e engraçada, Ninfadora Tonks do cabelo rosa era uma protegida de Alastor “Olho-Tonto” Moody, o Auror mais resistente e velho de todos eles. Remo, sempre melancólico e solitário, primeiro se divertiu, depois se impressionou, e então foi golpeado seriamente pela jovem bruxa. Ele nunca tinha se apaixonado antes. Se tivesse acontecido em tempos de paz, Remo teria simplesmente se retirado para um novo lugar e um novo trabalho, para que ele não tivesse que enfrentar a dor de ver Tonks se apaixonando por um bruxo bonito e jovem do escritório de Auror, que é o que ele achava que aconteceria. Porém, eram tempos de guerra; eles eram ambos necessários na Ordem da Fênix, e ninguém sabia o que o próximo dia traria. Remo se sentiu justificado em ficar exatamente onde ele estava, mantendo seus sentimentos para si, mas secretamente se alegrando quando alguém o colocava com Tonks em alguma missão noturna. Nunca passou pela cabeça de Remo que Tonks pudesse corresponder aos seus sentimentos por que ele se acostumou em se considerar impuro e indigno. Uma noite quando eles estavam se escondendo fora da casa de um 151


Comensal da Morte conhecido, depois de um ano de uma amizade cada vez mais forte, Tonks fez um comentário inútil sobre um dos seus companheiros da Ordem (“Ele ainda é bonito, não é, mesmo depois de Azkaban? ”). Antes que ele pudesse se conter, Remo respondeu amargamente que ele achava que ela estava apaixonada pelo seu antigo amigo (“Ele sempre teve as mulheres. ”). Com isso, Tonks ficou brava de repente. “Você saberia perfeitamente por quem eu estou apaixonada, se você não estivesse tão ocupado sentindo pena de si mesmo para notar. ” A resposta imediata de Remo foi uma felicidade que ele nunca sentiu na vida, mas isso desapareceu na hora com uma sensação esmagadora de obrigação. Ele sempre soube que ele não poderia se casar e correr o risco de transmitir sua condição dolorosa e vergonhosa. Ele, portanto, fingiu não entender a Tonks, que definitivamente não a enganou. Mais esperta que Remo, ela tinha certeza que ele a amava, mas ele estava recusando admitir isso por causa de uma nobreza equivocada. Entretanto, ele evitou qualquer outra viagem com ela, mal falou com ela, e começou a se voluntariar para as missões mais perigosas. Tonks se tornou extremamente infeliz, convencida não somente de que o homem que ela amava nunca mais estaria disposto a passar seu tempo com ela novamente, mas também que ele preferia morrer a assumir seus sentimentos. Remo e Tonks juntos combateram Lord Voldemort e seus Comensais da Morte no Departamento de Mistérios, uma batalha que resultou na exposição pública do retorno de Voldemort. A perda do último dos seus amigos de escola durante esta batalha não ajudou a amenizar a crescente atitude autodestrutiva de Remo. Tonks só podia assistir em desespero enquanto ele se voluntariava para espiar pela Ordem, partindo para viver entre outros lobisomens e tentando convencê-los a se juntar ao lado de Dumbledore. Ao fazer isso, ele estava se expondo para possíveis represálias do lobisomem que mudou sua vida para sempre, Fenrir Greyback. Remo ficou frente a frente com ambos Greyback e Tonks em Hogwarts quase um ano depois, quando a Ordem confrontou com os Comensais da Morte dentro do castelo. Durante esta batalha, Remo perdeu outra pessoa que ele amava: Alvo Dumbledore. Dumbledore era adorado por todos os membros da Ordem da Fênix, mas para Remo, ele representou o tipo de bondade, tolerância e compreensão que ele não recebeu de ninguém no mundo exceto de seus pais e seus três melhores amigos, e ele foi o único homem a oferecer a ele uma posição dentro da sociedade normal dos bruxos. Após a luta sangrenta, inspirada pelo discurso de amor eterno de Fleur Delacour para Bill Weasley, que foi atacado por Greyback, Tonks fez uma co152


rajosa e pública declaração dos seus sentimentos por Remo, que foi forçado a admitir a força de seu amor por ela. Apesar do contínuo receio de que ele estava agindo de forma egoísta, Remo se casou com Tonks discretamente no norte da Escócia, com testemunhas tiradas da taverna local de bruxos. Ele ainda temia que o estigma ligado a ele infectasse sua esposa e não quis muito alarde em torno de sua união; ele alternava constantemente entre a euforia de ter se casado com a mulher dos seus sonhos e o terror do que ele poderia trazer sobre ambos.

Paternidade Dentro de poucas semanas do seu casamento, Remo percebeu que Tonks estava grávida e todo o medo que ele tinha veio à tona. Ele estava convencido que ele havia passado sua situação para uma criança inocente e que ele havia condenado Tonks a mesma vida que sua mãe, sempre se mudando, incapaz de se estabelecer, tendo que esconder seu filho cada vez mais violento da vista dos outros. Cheio de remorso e auto recriminação, Remo fugiu, deixando Tonks grávida, procurando por Harry e se oferecendo para acompanhá-lo em qualquer aventura que surgisse que desafiasse a morte. Para o choque e descontentamento de Remo, o Harry com dezessete anos não só recusou sua oferta, mas também ficou furioso e se sentiu insultado. Ele disse ao seu ex-professor que ele estava sendo egoísta e irresponsável. Remo respondeu com uma violência incomum e saiu da casa, refugiando-se em um canto do Caldeirão Furado, onde ele se sentou bebendo e fumando. No entanto, após algumas horas de reflexão, Remo foi forçado a aceitar que seu ex-aluno tinha acabado de ensiná-lo uma lição valiosa. Tiago e Lílian, Remo pensou, estavam juntos de Harry até que isso os tenha levado à sua própria morte. Seus próprios pais, Lyall e Hope, sacrificaram sua paz e segurança para manter a família junta. Amargamente envergonhado, Remo deixou a pousada e retornou para sua esposa, onde ele implorou pelo perdão dela e jurou que, aconteça o que acontecer, ele nunca mais a deixaria novamente. Pelo resto da gravidez de Tonks, Remo evitou missões para a Ordem da Fênix e fez de sua primeira prioridade proteger sua esposa e seu filho. O filho dos Lupin, Ted Remo (“Teddy”), recebeu o nome do sogro de Remo recém-falecido. Para o alívio e alegria de ambos os pais, ele não mostrou nenhum sinal de licantropia quando nasceu, mas herdou a habilidade de sua mãe de mudar sua aparência quando quisesse. Na noite do nascimento de Teddy, Remo brevemente deixou Tonks e seu filho à cargo de sua sogra, para que ele pudesse ir e encontrar Harry pela primeira vez depois de se enfrenta153


rem furiosamente. Lá, ele pediu a Harry que ele fosse o padrinho de Teddy, não sentindo nada além de perdão e gratidão para com a pessoa que o mandou para casa com a família que o deu sua maior felicidade.

Morte Remo e Tonks retornaram a Hogwarts para a batalha final contra Voldemort, deixando seu pequeno filho aos cuidados da avó dele. O casal sabia que se Voldemort ganhasse esta batalha, sua família certamente seria eliminada: ambos eram membros conhecidos da Ordem da Fênix, Tonks era uma mulher marcada aos olhos de sua tia Comensal da Morte, Bellatrix Lestrange, e seu filho era a verdadeira antítese de um puro sangue, tendo muitos parentes trouxas e um traço de lobisomem. Tendo sobrevivido a vários encontros com os Comensais da Morte e abrindo caminhos com muita habilidade e coragem por entre várias curvas apertadas, Remo Lupin teve seu fim nas mãos de Antônio Dolohov, um dos mais antigos, dedicados e sádicos Comensais da Morte de Voldemort. Remo não estava mais em condições primárias de luta quando ele correu para se juntar à luta. Meses de inatividade, utilizando principalmente feitiços de ocultação e proteção, atenuaram suas capacidades de duelar, e quando ele foi contra um duelista com a destreza de Dolohov, agora endurecido pela batalha depois de meses matando e mutilando, suas reações foram muito lentas. Remo Lupin foi premiado postumamente com a Ordem de Merlin, Primeira Classe, o primeiro lobisomem a receber esta honra. O exemplo de sua vida e morte contribuiu bastante para elevar o estigma sobre os lobisomens. Ele nunca foi esquecido por ninguém que o conheceu: um homem corajoso e gentil que fez o melhor que podia em várias circunstancias difíceis e que ajudou muito mais do que ele jamais tenha percebido.

Remo Lupin era um dos meus personagens favoritos de toda a série Potter. Eu me permiti chorar mais uma vez ao escrever este artigo, por que eu odiei mata-lo. A condição de licantropia (ser um lobisomem) de Lupin foi uma metáfora para aquelas doenças que carregam um estigma, como HIV e AIDS. Todos os tipos de superstições parecem rodear doenças transmitidas pelo sangue, provavelmente devido a tabus que cercam o próprio sangue. A comunidade bruxa é tão propensa à histeria e preconceito quanto a comunidade 154


trouxa, e o personagem de Lupin me deu a oportunidade de analisar estas atitudes. O Patrono de Remo nunca foi revelado nos livros de Potter, embora seja ele quem ensina a Harry a difícil e incomum arte de produzir um. É, na verdade, um lobo – um lobo normal, não um lobisomem. Lobos são orientados à família e não agressivos, mas Remo não gosta da forma de seu Patrono, que é um lembrete constante de seu sofrimento. Tudo lupino o desagrada, e ele frequentemente produz um Patrono não corporal intencionalmente, especialmente quando outros estão vendo.

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REDE DE FLU

Em uso há séculos, a Rede de Flu, ainda que seja um pouco desconfortável, tem muitas vantagens. Primeiramente, diferente das vassouras, a Rede pode ser usada sem medo de quebrar as leis do Estatuto Internacional de Sigilo. Em segundo lugar, diferente da aparatação, há muito pouco risco de sofrer danos graves. E por último, pode ser usada para transportar crianças, idosos e enfermos. Quase todos os lares de bruxas e bruxos estão conectados à Rede de Flu. Ainda que uma lareira possa ser desconectada usando um feitiço simples, para conectá-la é necessária a permissão do Ministério da Magia, o qual regula o serviço de Flu e evita que lareiras trouxas sejam conectadas por engano (ainda que se possam efetuar conexões temporárias em caso de emergência). Além das lareiras domésticas, há umas mil lareiras por toda a Grã-Bretanha conectadas à Rede de Flu, inclusive as do Ministério da Magia e as de várias lojas e hospedarias mágicas. As lareiras de Hogwarts não costumam estar conectadas, embora tenha havido ocasiões em que umas ou mais tenham sido adulteradas, normalmente sem o conhecimento dos funcionários. Ainda que geralmente sejam confiáveis, podem ocorrer falhas. Pronunciar o nome do destino de modo alto e claro ao entrar nas chamas Flu é às vezes difícil, devido às cinzas, ao calor e ao pânico. O caso mais famoso de desorientação acidental ocorreu em 1855 quando, depois de uma discussão particularmente desagradável com seu marido, a bruxa Violet Tillyman pulou 157


no fogo da sala de estar e gritou, entre lágrimas e soluços, que queria ir à casa de sua mãe. Várias semanas depois, sem panelas limpas na casa e com suas meias precisando urgentemente de lavagem, seu marido Albert decidiu que já era hora de que ela voltasse para casa, e foi à casa de sua sogra através da Rede de Flu. Para sua surpresa, ela declarou que Violet nunca chegou. Albert, um homem suspeito e um pouco valentão, enfurecido, invadiu e revistou a casa, mas parecia que sua sogra estava dizendo a verdade. Depois de uma campanha de cartazes e uma série de artigos no Profeta Diário, Violet ainda continuava desaparecida. Ninguém parecia saber onde ela estava e nem a tinha visto sair de nenhuma outra lareira. Durante vários meses depois de seu desaparecimento, as pessoas tinham medo de entrar na Rede de Flu, por receio de que simplesmente desaparecessem no ar. Entretanto, o tempo passou, as lembranças de Violet foram esquecidas e ninguém mais desapareceu, então a comunidade mágica continuou como de costume. Albert Tillyman voltou furioso à sua casa, aprendeu feitiços de limpeza e de reparos e nunca voltou a usar a Rede de Flu por medo de que lhe acontecesse o mesmo que à sua esposa. Não antes de se passarem vinte anos, após a morte de Albert, foi que Violet Tillyman ressurgiu. Devido à forma incoerente como falou ao entrar na Rede de Flu, ela não saiu pela lareira de sua mãe, mas pela de Myron Otherhaus, um atraente bruxo que vivia em Bury St Edmunds. Apesar de Violet estar imersa em lágrimas, coberta de cinzas e com o aspecto manchado, foi amor à primeira vista quando ela tombou de sua lareira, e Myron, Violet e seus sete filhos viveram felizes para sempre.

“Floo” (Flu) veio de flue (fumeiro), que você encontra em uma chaminé. Mas não me pergunte o que exatamente é o fumeiro, porque não sei. Apenas sei que existe, mas não tenho certeza de sua serventia. Eu precisava de uma forma na qual os bruxos e bruxas jovens pudessem viajar, porque eu havia criado o Estatuto Internacional de Sigilo, o que foi inconveniente, então imediatamente tornou-se muito difícil para eles poderem viajar, especialmente longas distâncias, por meios mágicos. Assim, pensei que eles precisavam de algo muito discreto e assim surgiu a Rede de Flu, que era uma forma de ir de casa em casa sem nunca ser visto pelos trouxas. Mas era divertido e engraçado fazê-la um pouco difícil de usar, de modo que pudessem facilmente cometer um erro e acabar em outro lugar.

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CHAVES DE PORTAL

Bruxos que não podem aparatar (desmaterializar-se e reaparecer à vontade), que desejem viajar durante o dia (o que significa que vassouras, testrálios, carros voadores e dragões são inapropriados), ou cujo destino não possui uma lareira (tornando o pó de Flu inútil) terão que recorrer ao uso de uma chave de portal. Quase todo objeto inanimado pode ser transformado em uma chave de portal. Uma vez encantado, o objeto transportará qualquer um que agarrá-lo a um destino previamente estabelecido. Uma chave de portal também pode ser encantada para levar aquele que a agarrar (ou aqueles que a agarrarem) somente num determinado momento. Desta forma, as chegadas e partidas de grande número de bruxas e bruxos podem ser escalonadas, permitindo que grandes eventos como a Copa Mundial de Quadribol aconteçam com poucas falhas de segurança. Quando o sigilo é fundamental e se planeja movimentar grandes massas, a chave de portal será um objeto qualquer, escondido em um lugar fora do comum, para que os trouxas que passem por ali pensem que se trata de alguma coisa jogada sem importância. Entretanto, ocorreram acidentes; dois trouxas que levavam seus cachorros para passear foram transportados acidentalmente a um show de Celestina Warbeck em 2003, porque seus cachorros saíram correndo com um tênis velho em Clapham Commom (deixando angustiada uma multidão de bruxas e bruxos, procurando desesperadamente pela chave de portal em um trecho de grama vazio, esperançosamente agarrando pacotes 159


velhos de batata frita e pontas de cigarro). Um dos trouxas inclusive foi convidado a subir no palco por Celestina, para cantar um dueto de “A cauldron full of hot, strong love". Apesar do feitiço de memória que lhe foi aplicado por um atormentado funcionário do Ministério parecer ter funcionado naquele momento, depois daquele dia, ele escreveu uma popular canção trouxa que tem uma estranha semelhança com o sucesso mundial de Celestina (a Sr. Warbeck não ficou muito contente). Todos concordam que a sensação de viajar com uma chave de portal é desconfortável, para não dizer completamente desagradável, e pode causar náusea, tontura e outros efeitos piores. Os curandeiros recomendam que os idosos, as grávidas e os enfermos evitem usar as chaves de portal. A sugestão de arranjar chaves de portal para o transporte de familiares irritantes salvou muitos Natais de famílias de bruxos.

O nome “Portkey” (chave de portal) vem do francês “porter” – transportar – e a palavra “key” (chave) no sentido de segredo ou truque. Eu não gosto de me gabar, mas eu tenho uma chave de portal verdadeira – a chave da cidade estadunidense de LaPorte – que me foi entregue por Emerson Spartz, o fundador do site de fãs Mugglenet.com.

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CORES

Bruxas e bruxos frequentemente apresentam-se uns aos outros em público usando roxo ou verde, geralmente combinando. Na Grã-Bretanha (e boa parte da Europa) roxo está associado à realeza e religião. Corantes roxos, por serem caros, eram usados somente por aqueles que podiam pagar por eles; anéis episcopais são tradicionalmente feitos com ametistas. Há muito tempo, no Reino Unido, o verde tem ligação com o sobrenatural. Superstições dizem que ele deve ser usado com cuidado, pois as fadas, supostamente, são possessivas a ele, por se tratar de sua cor apropriada. Não deve nunca ser usado em casamentos, pois está associado a infortúnio e morte. Verde é a cor da magia das trevas; da “Marca Negra”, da poção luminescente na qual Voldemort escondeu uma de suas horcruxes, de vários feitiços e maldições das trevas, e da casa da Sonserina. A combinação de roxo e verde, dessa forma, dá a ideia dos dois lados da magia: o nobre e o desprezível, o prestativo e o destrutivo. As quatro casas de Hogwarts têm uma ampla associação com os quatro elementos, e suas cores foram escolhidas de acordo com isso. Grifinória (vermelho e dourado) está ligada ao fogo; Sonserina (verde e prata) à água; Lufa-Lufa (amarelo e preto, representando trigo e o solo) à terra; e Corvinal (azul e bronze; céu e penas de águia) ao ar. Cores como a cor de pêssego e rosa salmão são claramente não mágicas, e, no entanto, tem tudo a ver com o gosto da Tia Petúnia. Por outro lado, rosa-choque, conforme demonstrado pelo gosto de Ninfadora Tonks, transmite uma atitude rebelde, do tipo “sim, tenho um pai trouxa e não tenho 161


vergonha disso”. As cores também fizeram parte da escolha dos nomes de Hagrid e Dumbledore, cujos primeiros nomes são Rúbeo (vermelho) e Alvo (branco), respectivamente. A escolha foi uma homenagem à alquimia, que é tão importante no primeiro livro do Harry Potter, onde “o vermelho” e “o branco” são componentes místicos essenciais do processo. O simbolismo das cores nesse contexto tem um significado místico, representando as diferentes etapas do processo alquímico (que muitas pessoas associam a uma transformação espiritual). O que afeta meus dois personagens, eu os nomeei pelas cores alquímicas para transmitir suas naturezas opostas, porém complementares: vermelho significando paixão (ou emoção); branco para ascetismo; Hagrid sendo grosseiro, caloroso e um homem natural, senhor da floresta; Dumbledore o teórico espiritual, brilhante, idealista e um tanto destacado. Cada um sendo um contraponto necessário para o outro, já que Harry procura por figuras paternas em seu novo mundo.

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HISTÓRIA DA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL

De acordo com o Guia Oficial da Copa Mundial de Quadribol - produzido pelo Comitê de Quadribol da Confederação Internacional dos Bruxos (CQCIB) e disponível em todas as livrarias bruxas de boa reputação, vendido pelo ridículo preço de trinta e nove galeões - o torneiro existe a cada quatro anos desde 1473. Assim como tudo que se diz sobre a competição esportiva bruxa mais importante do mundo, muitos discordam da veracidade dessa afirmação. Como somente times europeus competiram durante os séculos XV e XVI, puristas preferem datar o começo da Copa Mundial de Quadribol a partir do século XVII quando ela se tornou aberta a todos os continentes. Também existe um debate raivoso sobre a veracidade de alguns relatos históricos sobre o torneiro. Uma quantidade substancial de centros de análise pós-jogo sobre se a interferência mágica aconteceu e se ela fez, ou deveria ter feito, o resultado final discutível. O CQCIB teve o infeliz trabalho de regular essa competição anárquica e conflituosa. O livro de regras que aborda a permissão ou não de magia dentro dos limites do campo compreende dezenove volumes e incluem regras como “nenhum dragão pode ser introduzido no estádio, para nenhum proposito incluindo, mas não limitado, como mascote de times, treinadores ou aquecedor de copos” e “modificações de qualquer parte do corpo do juiz, tenha ele ou ela pedido ou não essa modificação, levará ao banimento permanente do time do torneiro e a possibilidade de prisão”. 163


Fonte de desentendimentos veementes, um risco para a segurança de todos que a ela comparecem e frequente foco de agitação e protestos, a Copa Mundial de Quadribol é ao mesmo tempo o evento esportivo mais excitante da Terra e um pesadelo de logística para a nação que o hospeda.

Estatuto do sigilo Um momento divisor de águas para a Copa Mundial de Quadribol foi a implementação do Estatuto Internacional do Sigilo em 1692, que tinha a intenção de ocultar a existência da magia e dos bruxos. A Confederação Internacional dos Bruxos (CIB) viu a Copa Mundial de Quadribol como um risco de enorme magnitude para a segurança, por conta do movimento massivo e congregação de tantos membros da comunidade bruxa. No entanto, após protestos em massa e acordos com a CIB, foi acordado que o torneio poderia continuar e um corpo de regulamentação, o CQCIB, seria criado para encontrar locais adequados; geralmente clareiras remotas, desertos e ilhas desertas; arranjar transporte para os espectadores (já que centenas de milhares geralmente comparecem às finais) e o policiamento dos jogos em si, uma tarefa que geralmente figura entre as mais mal agradecidas e difíceis do mundo bruxo.

Como o torneio funciona O número de países a participar com um time de Quadribol em cada Copa do Mundo varia de torneio em torneio. Onde a população bruxa é pequena, pode ser difícil levantar um time de tal envergadura, mas outros fatores como conflitos internacionais ou desastres podem interferir nos números. No entanto, nenhum pais pode inscrever um time em um prazo de doze meses após a última final. Os times são, então, divididos em 16 grupos, nos quais cada time joga com os demais por um período de dois anos até que dezesseis times vencedores sobrem. Durante a fase de grupos, a duração do jogo é de quatro horas apenas, a fim de prevenir a exaustão dos jogadores. Inevitavelmente, isso significa que alguns jogos de grupos não têm captura do pomo, mas são decididos apenas pela pontuação dos gols. Qualquer time que ganhar um jogo da fase de grupo, contabiliza dois pontos. Uma vitória com mais de 150 pontos de diferença, ganha um adicional de cinco pontos; com mais de 100 pontos, um adicional de 3 pontos na tabela e com uma vantagem de 50 pontos, 1 ponto adicional. No caso de empates nos pontos, o vencedor será o time que tive capturado o pomo mais vezes - ou com mais rapidez - durante as partidas. 164


Os 16 vencedores são escalados de acordo com os pontos que ganharam durante a fase de grupo. O time com mais pontos joga contra aquele que tiver menos pontos e assim por diante. Teoricamente, os dois melhores times que sobrarem jogarão entre si na final.

Os juízes são escolhidos pela CQCIB.

Torneios infames Nenhuma Copa Mundial de Quadribol está completa se não tiver controvérsias, mas algumas saem do sério. Alguns dos torneios mais infames estão listados abaixo.

Ataque da floresta assassina O medonho clímax da final de 1809, entre Romênia e Nova Espanha (atualmente conhecida como México) entrou para a história bruxa como a pior exibição de temperamento já mostrada por um jogador individual. Os companheiros de Niko Nenad ficaram tão preocupados com seu ataque de fúria durante as quartas de final e as semifinais que eles tentaram convencer o treinador de substituí-lo nas finais, aviso que, tristemente, foi ignorado pelo velho e ambicioso bruxo. Depois do jogo, o companheiro de time de Nenad, Ivan Popa (ganhador da Ordem de Mérito Internacional Bruxa, pelas suas ações que salvaram vidas durante a catástrofe) disse a uma entrevista internacional: “por semanas, vimos Niko bater na própria cabeça com a vassoura e tacou fogo em seus próprios pés, de frustração. Eu, pessoalmente, o impedi de estrangular dois juízes. No entanto, eu não tenho suspeitas sobre o que ele estava planejando fazer, se as finais não saíssem como ele esperava. Quero dizer, quem teria adivinhado? Você teria que ser tão louco quanto ele”. Precisamente quando e como Nenad planejou azarar uma floresta inteira nas fronteiras da Planície Siberiana Oeste é algo aberto a especulações. Embora tenha-se pensado que ele tivesse cúmplices entre fãs sem princípios e posteriormente fosse provado que ele pagou a bruxos das trevas locais somas substanciais. Depois de duas horas de jogo, Romênia estava atrás na pontuação e parecia exausta. Foi então que Nenad, deliberadamente, mandou um balaço para fora do estádio, em direção à floresta além do campo. O efeito foi instantâneo e assustador. As arvores ganharam vida, arrancando suas raízes do chão e marchando sobre o estádio, destruindo tudo em seu caminho, causando grandes danos e muitas fatalidades. O que deveria ter sido um jogo de Quadribol, se tornou em uma batalha entre humanos e arvores, a qual os bruxos ganharam depois de muitas horas de luta difícil. Nenad não foi preso, pois acabou morto por um 165


abeto particularmente violento.

O torneio que ninguém se lembra O CQCIB insiste que o torneio tem acontecido a cada quatro anos desde 1473. Essa é uma fonte de orgulho, provando que nada - guerras, adversidades de clima ou interferência trouxa - pode impedir que bruxos joguem Quadribol. Existe, no entanto, um mistério em volta do torneio de 1877. A competição foi indubitavelmente planejada: um local foi escolhido (O Deserto de Ryn, no Cazaquitão), o material de publicidade foi produzido, ingressos vendidos. Em agosto, no entanto, o mundo bruxo acordou para o fato de que ninguém se lembrava do que tinha acontecido no torneio. Nem mesmo aqueles que possuíam ingressos, nem os jogadores, podiam se lembrar de um único jogo. No entanto, por razoes que ninguém pôde entender, o batedor inglês, Lucas Bargeworthy estava sem a maioria dos dentes, os calcanhares do apanhador canadense Angelus Peel estavam virados para trás e metade do time argelino foi encontrado amarrado no porão de um pub em Cardiff. O que exatamente aconteceu - ou deixou de acontecer - durante o torneio nunca foi satisfatoriamente provado. As teorias oscilam entre um Feitiço da Memoria em Massa, executado pela Frente de Libertação dos Duendes (na época, muito ativa e atraindo um grande número de bruxos anarquistas), ou a fuga de um Cérebro Sarapintado, uma virulenta cepa da comum sarapintose, que causa confusão e perda de memória. Em todo caso, foi concordado que parecia apropriado relocar o torneio em 1878 e seguiu-se realizando a cada quatro anos, o que causa uma leve anormalidade na sequencia “a cada quatro anos desde 1473”.

Royston Idlewind e os Dissimuladores Em 1971, o CQCIB anunciou um novo Diretor Internacional, o bruxo australiano Royston Idlewind. Ex-jogador que tinha sido parte do time nacional vencedor da copa de 1966, ele foi, não obstante, uma escolha muito contestada para Diretor Internacional, devido às suas visões estreitas sobre o controle dos torcedores - uma postura sem dúvida, influenciada pelas muitas azarações ele sofreu como estrela do Austrália Chaler. A afirmação de Idlewinds, na qual ele considera os espectadores “a única coisa que eu não gosto no Quadribol” não rendeu a ele muitos fãs. Seus sentimentos se tornaram claramente hostis quando ele tentou trazer regulamentos draconianos, o pior de todos sendo a proibição expressa de todas as varinhas nos estágios, exceto aquelas carregadas pelos oficiais da CQCIB. Muitos fãs planejaram boicotar a 166


Copa Mundial de 1974 em protesto, mas como bancos vazios eram a ambição secreta de Idlewinds, sua estratégia não teve chance. O torneio mal havia começado e quando a euforia da torcida ia diminuindo, a aparição de “dissimuladores”, um inovador estilo de instrumento musical, avivava a partida. Esses objetos cilíndricos e coloridos emitiam altos gritos de suporte e baforadas de fumaça nas cores nacionais. Com o prosseguir do torneio, os dissimuladores se tornaram mais comuns, assim como os torcedores. Quando a final entre Síria e Madagascar chegou, os stands estavam lotados por um número recorde de torcedores, cada um carregando seu próprio dissimulador. Com a aparição de Royston Idlewind no box dos dignatários e oficiais de alta escala, centenas de milhares de dissimuladores emitiram ensurdecedores gritos e se transformaram em varinhas, as quais estavam sob um feitiço de desilusão o tempo todo. Humilhado pela ovação em represália à sua lei de estimação, Royston Idlewind se demitiu instantaneamente. Mesmo os que apoiavam os perdedores, Madagascar, tinham algo para celebrar durante o resto da noite.

Reaparição da Marca Negra Possivelmente a final mais infame da Copa Mundial dos últimos séculos foi a partida entre Irlanda e Bulgária, em 1994, que aconteceu em Dartmoor, Inglaterra. Durante as celebrações do pós-jogo, com a vitória da Irlanda, houve um surto de violência sem precedentes, quando apoiadores de Lord Voldemort atacaram seus companheiros bruxos, capturaram e torturaram trouxas locais. Pela primeira vez em catorze anos, a Marca Negra apareceu no céu, o que causou o alarme da comunidade e resultou em muitos danos entre os espectadores. O CQCIB censurou fortemente o Ministério da Magia depois do evento, julgando que os arranjos de segurança haviam sido inadequados, dada a existência de uma violenta tendência de sangue-puro no Reino Unido. Royston Idlewind emergiu brevemente de sua aposentadoria para dizer a seguinte frase ao Profeta Diário: “Banir as varinhas não parece tão estupido agora, não é”.

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RUGBY ESCOCÊS

A afeição do mundo bruxo pelo time Escocês de rugby é de todas a mais bizarra, pois uma parte substancial da sociedade bruxa nada sabe sobre esportes trouxas, que eles julgam como inerentemente maçantes e até mesmo bobos. No entanto, o time escocês de rugby tornou-se um meme bruxo - parte piada, parte genuíno interesse - que tem suas raízes no século XIX e é um conto ao mesmo tempo triste e motivador. A família bruxa de Buchanan viveu em um vilarejo nas fronteiras da Escócia por muitas gerações. Uma reputação de agressões e bebedeira, juntamente com seu tamanho prodigioso (as filhas sozinhas venceram o cabo-de-guerra do vilarejo desde que se tem notícia), mantiveram seus vizinhos a uma respeitável distância e ignorantes de suas habilidades mágicas. Um por um, conforme atingiram os 11 anos de idade, os filhos e filhas da família Buchanan desapareceriam para Hogwarts. O vilarejo fofocava que as enormes, selvagens crianças foram levadas para unidades de correção e até mesmo manicômios. Por volta de meados do século XIX a família Buchanan era composta por uma mãe que trabalhava demais, um pai feroz e onze crianças, mas mesmo assim, foi surpreendente que nenhum dos pais percebeu que o terceiro filho, Angus, era um aborto - um nascido bruxo sem poderes mágicos. O senhor Buchanan sempre se orgulhava em ostentar que esta anomalia jamais ocorreu na família. O velho bruxo orgulhoso foi além: um aborto em qualquer família era sinal de que eles estavam em desgraça e mereciam ser banidos. 168


Seus irmãos e irmãs eram muito afeiçoados a Angus, que era o maior e mais simpático de todos eles, então eles camuflaram sua condição na frente dos pais. A decepção começou de forma inocente, mas com a aproximação dele partir para Hogwarts, Angus e seus irmãos ficaram inconfortavelmente cientes de que eles não podiam continuar fingindo por muito tempo. Nenhuma carta de Hogwarts chegou com o nome de Angus, mas sua irmã Flora em pânico forjou uma, que manteve o disfarce para os pais por algumas semanas a mais. Tímido, bondoso e com medo de seu pai, Angus não pode pensar em outra alternativa senão encenar juntamente com seus outros irmãos. Eles visitaram o Beco Diagonal, onde eles compraram uma varinha e fingiram que ela o escolheu. Em um dia previamente combinado, seu irmão mais velho levou Angus a Hogwarts na garupa de sua vassoura, na expectativa desesperada de esperança que Angus seria admitido a ficar uma vez que chegasse lá, ou a escola talvez pudesse provocar alguma magia nele. Isso nunca aconteceu antes e não acontece desde então, mas Angus conseguiu manter seu disfarce até o Chapéu Seletor antes de ser desmascarado. Em puro desespero, ele se apresentou correndo na frente de uma garota cujo o nome foi chamado e colocou o Chapéu Seletor na cabeça. O horror do momento quando o chapéu anunciou gentilmente que o garoto abaixo dele possuía bom coração, mas nenhuma mágica, nunca seria esquecido por aqueles que o testemunharam. Angus tirou o chapéu e deixou o salão em lágrimas que corriam por seu rosto. A notícia da humilhação de Angus chegou até seus pais em uma revoada de corujas antes que eles chegassem em casa a pé. Ele foi recebido por seu pai humilhado, que barrou sua entrada, ordenando-lhe que nunca mais aparecesse a porta de casa de novo, e lançou feitiços contra Angus enquanto ele fugia. Sem ideia do que ele faria a seguir, sem família e dinheiro, o Angus de 11 anos andou para a capital, ocasionalmente pegando carona em carros. Em Edimburgo ele mentiu sobre sua idade e arranjou trabalho no campo. Para a surpresa de Angus, trouxas não eram nem um pouco tão ruins quanto seu pai e sua mãe sempre lhe disseram. Ele teve a sorte de ser adotado por um bondoso capataz e sua esposa que não tinham filhos biológicos, e por volta dos 18 anos, Angus se tornou um homem forte que era amado pela sua natureza doce e admirado pelos atributos físicos, mas nunca dividiu os estranhos segredos do passado. A primeira infância de Angus tinha sido gasta desviando de azarações praticamente todos os dias, o que explicou sua surpreendente agilidade para 169


um homem de seu tamanho. Ele encontrou grande prazer e orgulho no atletismo, e em breve se tornou adepto do rugby, um esporte trouxa relativamente novo. Anos ajudando seus irmãos a capturar pomos de ouro no jardim também fizeram dele um saltador nato. Em 1871 Angus se deparou representando seu país na primeiríssima partida internacional de rugby, que ocorreu em Edimburgo entre Inglaterra e Escócia. A emoção de Angus talvez possa ser imaginada ao ele adentrar o campo e ver todos seus dez irmãos e irmãs junto aos espectadores. Desafiando o desprezo de seu pai por todas as atividades trouxas e sua injunção contra ver Angus novamente, eles haviam se levantado para localizá-lo. Exultante, Angus pontuou em sua primeira tentativa. Escócia venceu a partida. A reunião com sua família causou em Angus uma reavaliação de seu relacionamento com as suas raízes bruxas e em 1900 ele publicou o mundialmente inovador bestseller Minha Vida Como um Aborto. Até este ponto, abortos haviam vivido nas sombras. Alguns se agarraram às margens do mundo bruxo, sempre se sentindo de segunda classe e tentando se encaixar; outros cortaram todos os laços e viveram inteiramente como trouxas, muitas vezes repudiando suas origens. Minha Vida Como um Aborto trouxe à tona a condição desses indivíduos, chamando a atenção do mundo bruxo. Assim, Angus Buchanan se tornou mundialmente famoso entre bruxos como também entre os trouxas, um feito até agora desconhecido. Bruxos de várias nacionalidades começaram a se interessar em vê-lo competir. Infelizmente, o cricket não encontrou grande simpatia da espécie mágica. Como chefe da seção de esportes do Profeta Diário escreveu em 1902: “um batedor inepto a voar para defender três varas em vez de um aro, enquanto um pomo sem asas é arremessado por eles contra as varas, é isso. Algumas vezes por muitos dias”. O rugby tinha um apelo maior. Bruxos não podiam evitar admirar a força e a coragem de trouxas comprometidos em um esporte tão brutal, sem recursos de desaparatar para fora do caminho, ou acesso a Esquelece para reparar ossos quebrados. Tem-se que admitir que existia uma pitada de sadismo na diversão dos bruxos. Quando Angus Buchanan morreu, ele foi homenageado tanto pelo mundo bruxo como trouxa, quase um feito único nos anais da história. Um exemplo brilhante de pessoa que fez o máximo com o que a vida lhe deu e emergiu triunfante, Angus era modesto para entender o impacto que ele causou. A Taça Angus Buchanan por Esforços Excepcionais é concedida em Hogwarts todos os anos e Minha Vida Como um Aborto está em sua 110 edição.

Quando o assunto é jogos e esportes bruxos (Quadribol, Trancabola, 170


Rachacrânio - oficialmente banido, mas praticado ilegalmente - corrida de vassouras, Bexigas e outros), os bruxos são naturalmente bravos partidários e apoiadores de seus países, mas é considerado degradante para bruxos apoiar qualquer outro time que não seja o escocês. Cerca de aproximadamente 150 anos desde que Angus Buchanan ajudou a ganhar a primeira partida internacional de rugby, discutir o rugby escocês se tornou um dos muitos disfarces para bruxos em frente a trouxas, e buscar estabelecer algum crédito. Espionagem de trouxas pode ser complicada, como o porquê de dois peruanos estarem tão interessados no time escocês, mas é unânime que é preferível isso a discutir Quadribol ou comparar o tamanho de suas varinhas em público. Logo após a morte de Angus, a União dos Apoiadores Bruxos do Rugby Escocês foi fundado em sua homenagem por seus fãs devotos. A UABRE, que existe até hoje, possui tanto membros escoceses como estrangeiros. Eles se encontram na véspera de toda partida do time escocês para um brinde à memória de Angus e antecipam oitenta felizes minutos assistindo trouxas saltarem uns sobre os outros na lama. O Estatuto Internacional do Sigilo da Magia expressamente proibiu bruxos de participarem de esportes trouxas, mas não há nada ilegal em apoiar lado a lado com um trouxa. Mas, a UABRE tem muitas vezes negado o persistente rumor que sua missão secreta é esgueirar um talentoso aborto em todo time escocês. Atualmente, suspeitas incluem Kelly Brown (possível prima de Lilá), Jim Hamilton (forte semelhança com Hagrid) e Stuart Hogg (sem comentários).

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COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL (1990-2014)

1990

Canadá 270, Escócia 240 Uma amarga decepção para a Escócia, cujo apanhador Hector Lamont não pegou o pomo por milímetros. Em uma entrevista após o jogo, Hector famosamente falou mal de seu pai (“Atarracado” Lamont) por não ter dado a ele dedos maiores.

1994

Irlanda 170, Bulgária 160 A ação em campo foi muito ofuscada pelos eventos ocorridos após a partida. A espetacular captura de pomo pelo jovem apanhador Vítor Krum foi suficiente para salvar a dignidade da Bulgária, mas não garantiu a vitória.

1998

Maláui 260, Senegal 180 Apenas a segunda final totalmente Africana. Com o alvoroço de 1994, a segurança nessa partida foi a mais forte de todas. Senegal quase se recusou 172


a jogar quando os mascotes do time (Yumboes) foram presos fora do estádio. Yumboes são um tipo de elfo doméstico africano e eles tomaram sua prisão razoavelmente bem, apenas roubando cada pedaço de comida ao alcance de até 16 km, como forma de vingança, e sumindo pela noite.

2002

Egito 450, Bulgária 300 Outra grande decepção para a Bulgária. Vítor Krum foi derrotado por pouco na caça ao pomo pelo ótimo apanhador egípcio, Rawya Zaghloul. Após a partida, um lacrimoso Krum anunciou sua aposentadoria.

2006

Burkina Faso 300, França 220 Uma vitória popular para a pequena nação africana, cujo apanhador Joshua Sankara foi prontamente nomeado Ministro da Magia da Burkina Faso. Dois dias depois ele renunciou, apontando que preferia jogar Quadribol.

2010

Moldávia 750, China 640 Uma partida furiosamente disputada que durou três dias e foi amplamente reconhecida como o melhor Quadribol visto nesse século. O pequeno país de Moldávia vem constantemente produzindo excelentes times de Quadribol e seus torcedores ficaram de coração partido pela equipe não ter se qualificado esse ano devido a um ataque de varíola de dragão em seu campo de treinamento.

Copa Mundial de Quadribol de 2014 A Copa Mundial de Quadribol desse ano promete ser emocionante como sempre. Os dezesseis países concorrentes são: Brasil, Bulgária, Chade, Fiji, Alemanha, Haiti, Costa do Marfim, Jamaica, Japão, Liechtenstein, Nova Zelândia, Nigéria, Noruega, Polônia, EUA e País de Gales. 173


Nigéria e Noruega entram no torneio como os mais bem colocados no ranking. Esse é o primeiro ano em que os EUA parecem ter uma possível chance de chegar à final. Muito interesse foi direcionado ao retorno do anteriormente aposentado Vítor Krum, que aos 38 anos é velho para um apanhador, mas que declarou que seu objetivo é “ganhar uma Copa do Mundo antes de morrer.” Liechtenstein causou séria chateação nas eliminatórias por ganhar o grupo em que estava a China, vice-campeã de 2010. O mascote da equipe de Liechtenstein é um agoureiro sombrio e enorme chamado Hans, que tem seu próprio fã clube. Além disso, nada fora do normal foi reportado. Rumores de que o Haiti usou Inferi para intimidar seus oponentes foram negados pela ICWQC como “maliciosos e sem base.” Acusações de que o apanhador polonês Bonawentura Wójcik é na verdade o famoso apanhador italiano Luciano Volpi, transfigurado, foram apenas desacreditadas quando Luciano Volpi concordou em fazer uma conferência de imprensa ao lado de Wójcik. A técnica do País de Gales, Guga Jones, anteriormente do Harpias de Holyhead, ameaçou “azarar a cara” do rival técnico brasileiro José Barboza quando ele chamou seus artilheiros de “bruxos sem talento”, um comentário que ele depois insistiu que foi tirado do contexto. nia.

Os jogos de abertura acontecerão mês que vem no deserto da Patagô-

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CORUJAS

As corujas são criaturas mágicas que muitas vezes são usadas ​​para entregar cartas e encomendas no mundo bruxo. Elas são conhecidas por sua velocidade e discrição, e podem encontrar o alvo mesmo sem ter o endereço. Os alunos do primeiro ano estão autorizados a trazer para a escola como animais de estimação. Na Grã-Bretanha há uma velha superstição de que é má sorte se ver um voo de coruja durante o dia, mas isso tem uma explicação clara: se bruxos saem do esconderijo para enviar mensagens para a luz do dia é porque está acontecendo algo terrível no mundo mágico. Então trouxas podem sofrer consequências desagradáveis sem nenhuma ideia da origem. Como uma ave de caça principalmente noturna, trouxas acreditam que as corujas são algo sinistro, mas ao longo dos séculos elas têm provado ser ajudantes leais e companheiras de bruxas e bruxos. Existem vários caminhos para a comunicação de longa distância mágica (Patrono, Pó de Flu, objetos encantados como espelhos ou até mesmo moedas), mas graças a sua lealdade e confiabilidade, as corujas ainda são o meio mais usado por mágicos em todo o mundo. As vantagens da utilização de corujas mensageiras são que elas trabalham no escuro (o que os trouxas têm uma aversão especial), têm uma visão noturna extremamente desenvolvida, são ágeis, furtivas e podem atacar se necessário. Há tantas corujas servindo os bruxos de todo o mundo que é razoá175


vel pensar que quase todas pertencem ao correio-coruja de um país ou de um bruxo específico. Seja porque elas possuem um inclinação inata para a mágica (assim como os porcos são conhecidos por serem naturalmente não-mágicos), ou porque gerações de seus ancestrais foram domesticados e treinados por bruxos e elas herdaram traços que tornam isso mais fácil, corujas aprendem muito rápido, e parecem prosperar em suas tarefas de rastrear e monitorar os bruxos a quem devem enviar as cartas. A associação mística entre o nome e o humano que o carrega foi compreendida a muito tempo por bruxas e bruxos de todas as culturas. Enquanto o processo permanece misterioso até para aqueles que treinam corujas para serem animais de estimação mágicos ou corujas mensageiras, os pássaros parecem ser capazes de fazer uma conexão entre o nome à pessoa, podendo rastrear a bruxa ou o bruxo destinatário, onde quer que ela ou ele esteja. Uma coruja não não precisa saber o endereço, embora os bruxos geralmente coloquem o lugar no envelope, na possibilidade da coruja ser interceptada e a carta cair em outras mãos. Caso um bruxo desejar não receber cartas (ou ser rastreado de qualquer forma), ele terá que recorrer a feitiços para se repelir, disfarçar ou mascarar, dos quais há uma grande variedade. É possível se proteger de todas as correspondências, ou de todos menos aquelas carregadas por uma coruja específica. Se um(a) bruxo(a) não quer ser contatado por um credor persistente, ou por um(a) ex-namorado(a), ele deve tentar um feitiço de mascaramento específico para aquela pessoa, mas essa estratégia é facilmente contornada, pedindo a outra pessoa para enviar a coruja. Em geral, é preciso de uma magia fortemente protetiva, e de uma disposição a renunciar muitos cartões de aniversário, para evitar a atenção do correio-coruja. Corujas treinadas são caras, e é bastante normal que uma família bruxa compartilhe uma única coruja, ou usem apenas corujas postais.

Meu amor e fascinação pelas corujas vem bem antes da minha primeira ideia de Harry Potter. Eu atribuo isso a uma coruja fofinha de brinquedo que minha mãe fez pra mim quando eu tinha seis ou sete anos, e eu adorei.<br Claro, as corujas são associadas a magia há muito tempo, e aparecem em muitas ilustrações antigas de bruxas e bruxos, sendo superadas apenas pelos gatos como a criatura mais mágica. A associação das corujas com sabedo176


ria foi estabelecida em tempos romanos, pois é o emblema de Minerva, deusa da sabedoria. As espécies de corujas nos livros de Harry Potter incluem a coruja-águia (grande, com crista e de olhar feroz, como a de Draco Malfoy); a coruja-anã (pequena, fofa, mas talvez não muito impressionante, como Pichitinho, a de Rony); e a coruja-das-neves, também conhecida como coruja-fantasma (a Edwiges, de Harry). Eu cometi alguns erros básicos ao descrever Edwiges. Primeiro, corujas da neve são diurnas (voam durante o dia). Segundo, elas são praticamente mudas, então os frequentes pios e cantos de aprovação e conforto emitidos por Edwiges devem ser entendidos como um sinal das suas habilidades mágicas. Terceiro, como incontáveis amantes de corujas bem intencionados e especialistas escreviam para mim no começo, corujas não comem bacon (Edwiges experimenta um pouco de bacon quando ela entrega as correspondências no café da manhã). Quando imaginei o Errol, a coruja velha, resignada e com trabalho excessivo da família Weasley, eu tinha em mente uma imagem que eu pensava que já tinha visto, que misturava um pássaro muito cômico, grande, fofo, cinza e de olhar aturdido, de uma espécie que eu nunca conheci. Na verdade, eu pensava se não seria uma fotografia ou se minha imaginação estivesse distorcendo a imagem. Foi com puro prazer, então, que eu fiz a minha primeira visita ao aviário nos estúdios de Leavesden, onde estavam filmando Harry Potter e a Pedra Filosofal, e vi uma série de corujas grandes, cinzas, fofas, de olhares aturdidos piscando pra mim, como uma cópia exata da imagem distorcida que eu achava que tinha sonhado. Todas elas estavam interpretando Errol, e elas são as Cinzentas.

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LAGO NEGRO

Parte da função dos terrenos de Hogwarts é ser como uma reserva natural para criaturas mágicas que têm dificuldade de viverem em áreas habitadas por trouxas. O Lago é cheio de criaturas que fariam um trouxa naturalista desmaiar de encanto  se o terror não o tomasse primeiro. Lá estão Grindylows (pequenos demônios da água perversos), sereianos (de uma forte descendência escocesa) e uma lula gigante, que é semi-domesticada e permite que os estudantes façam cócegas em seus tentáculos em dias ensolarados, quando ela se aquece na parte rasa.<br /> Lulas gigantes realmente existem, embora elas sejam criaturas mais misteriosas. Apesar de seus corpos extraordinários terem sido abatidos em todo o mundo, foi só em 2006 que uma lula gigante foi capturada em um filme de trouxas. Eu suspeito fortemente que elas têm poderes mágicos.

O Lago é o cenário para a segunda tarefa que os competidores do Torneio Tribuxo devem enfrentar em Cálice de Fogo, e também é a minha tarefa preferida. Eu acho que ela é satisfatoriamente assustadora. Eu gosto da diversidade de métodos empregados pelos competidores para respiraram embaixo d'água, e eu gostei de me infiltrar em profundezas de parte do terreno que eu 178


nunca tinha visto antes. No rascunho original de a Câmara Secreta, Harry e Rony caíam no lago com o Ford Anglia do Sr. Weasley, e encontravam os sereianos lá pela primeira vez. Naquela época eu tinha uma vaga noção de que o lago poderia levar a outros lugares, e que os sereianos poderiam ter um papel muito maior nos últimos livros do que eles tiveram, então eu achava que Harry deveria ser apresentado a ambos naquele estágio. De qualquer forma, o Salgueiro Lutador forneceu uma batida mais satisfatória, menos distrativa, e serviu a um propósito futuro em o Prisioneiro de Azkaban, também. O Lago Negro (que é realmente um lago escocês, aparentemente de água doce e cercado por terra) nunca se revelou como um portal para outros mares ou rios, embora a aparição do navio de Durmstrang de suas profundezas em o Cálice de Fogo aponta para o fato de que se você está viajando em uma embarcação encantada, você pode ser capaz de pegar um atalho mágico para outros canais.

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PENSEIRA

Uma Penseira é um objeto largo e raso feito de metal ou pedra, frequentemente decorado ou incrustado com pedras preciosas, carregada de poderosos e complexos encantamentos. Penseiras são raras, porque somente os mais avançados bruxos as usam, e porque a maioria dos bruxos tem medo de usá-las. O perigo percebido relacionado a uma Penseira é o seu poder sob uma memória ou pensamento. A Penseira é encantada para recriar memórias de forma que elas possam ser re-habitáveis, pegando cada detalhe guardado no subconsciente e recriando fielmente, dessa forma tanto o dono, ou (aqui mora o problema) uma segunda pessoa, é capaz de entrar na memória e se mover em volta dela. Inevitavelmente, aqueles com coisas para esconder, aqueles envergonhados de seu passado, aqueles desesperados para manter seus segredos escondidos, ou proteger sua privacidade, terão medo de um objeto como a Penseira. Ainda mais difícil que recriar as memórias, é usar a Penseira para examinar e selecionar algumas memórias e ideias, e muitos poucos bruxos tem a habilidade para isso. Alvo Dumbledore é visto usando a Penseira de Hogwarts desse jeito, notavelmente no capítulo trinta de Harry Potter e o Cálice de Fogo, quando ele adiciona pensamentos a Penseira e o rosto de Harry se vira para Snape; Dumbledore está se lembrando de esconder a conexão entre Snape e Harry (que Snape estava apaixonado pela mãe de Harry, e agora, apesar de imensa má vontade – honra – é obrigado a protege-lo). 180


Tradicionalmente, a Penseira de um bruxo ou bruxa, como sua varinha, é enterrado com ele, já que é considerado um artefato intensivamente pessoal; qualquer pensamento ou memória deixada dentro da Penseira é enterrado com seu dono, a menos que ele ou ela tenha pedido de outra forma. A Penseira de Hogwarts, no entanto, não pertence a nenhum indivíduo, mas a escola. Foi usada á muito tempo por diretores e diretoras, os quais deixaram para trás experiências de vida em forma de memória. Isso forma uma biblioteca inestimável de referências para o diretor ou diretora do dia. A Penseira de Hogwarts é feita de pedra entalhada em runas de saxões modificadas, o que marca o artefato como imensa antiguidade, anterior a criação da escola. Uma – sem fundamento – lenda diz que os fundadores descobriram a Penseira semi-enterrada no solo, no mesmo local onde decidiram erguer a escola. O nome Penseira (em inglês Pensieve) é um homônimo de pensativo (em inglês pensive), que significa profundamente, seriamente pensativo; mas também é um trocadilho, a parte “crivod" (em inglês “sieve”) do mundo em alusão à função do objeto que significa uma massa de pensamentos ou memórias.

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DOENÇAS E DEFICIÊNCIAS

Eu pensei cuidadosamente a respeito de doenças e deficiências logo no início da criação do universo de Harry Potter. Bruxos pegam resfriados? Poderiam eles curar doenças até então incuráveis para os trouxas? Haviam bruxos deficientes? Quais os limites da medicina bruxa, ou ela poderia curar toda e qualquer coisa? Algumas dessas perguntas tinham grande relevância para a história, uma vez que o tema da morte é recorrente em todos os livros de Harry Potter. Tendo decidido que a magia não seria mais poderosa do que a morte (mesmo a Pedra da Ressurreição não traz realmente os mortos de volta à vida), eu tive que pensar no que poderia matar um bruxo; que tipo de doença eles poderiam pegar; de que maneira poderiam se ferir e qual dos dois últimos poderia ser curado. Eu decidi que, em geral, bruxos teriam o poder de corrigir ou se sobrepor à natureza “comum”, mas não à natureza “mágica”. Portanto, um bruxo poderia pegar qualquer doença trouxa, mas também poderia curá-la por inteiro; ele sobreviveria tranquilamente à mordida de um escorpião que poderia matar um trouxa, embora talvez morresse se atacado por uma Tentacula Venenosa. Similarmente, ossos quebrados são acidentes não-mágicos, frutos de quedas ou brigas e portanto, podem ser consertados através da magia, enquanto as consequências de maldições ou Magia Negra podem ser severas, permanentes e até por a vida do bruxo em risco. Essa é a razão pela qual Gilderoy Lockhart, vítima de seu próprio desastroso Feitiço de Memória, perdeu a memória para 182


sempre; pelos Longbottoms ficarem eternamente incapacitados após serem magicamente torturados e é também a razão de Olho-Tonto Moody ter que andar com uma perna mecânica e um olho mágico, uma vez que seus membros originais foram irreparavelmente danificados em uma batalha. Pandora, mãe de Luna Lovegood, morreu quando um de seus próprios feitiços experimentais deu errado e Gui Weasley ficou eternamente traumatizado após seu encontro com Fenrir Greyback. Deste modo, é possível perceber que, embora os bruxos tenham uma certa vantagem em combater resfriados e todos os tipos de ferimento, eles têm que lidar com problemas que nós jamais enfrentaremos. O mundo trouxa não é apenas livre de perigos como o Visgo do Diabo e Explosivins. O Estatuto de Sigilo também os mantêm livres do contato com qualquer pessoa que possa passá-los Varíola de Dragão (como o nome indica, originalmente contraído por bruxos que trabalham diretamente com o Dente-de-Víbora Peruano), ou Sarapintose. A aflição de Remo Lupin era uma referência clara à doenças transmitidas pelo sangue, como o vírus do HIV, que carrega consigo um estigma. A poção que Snape fabrica é semelhante a um retroviral que impede a doença de tomar conta do corpo. O senso de “distanciamento” que a gestão de uma condição crônica pode impor ao paciente foi um ponto importante na construção do caráter de Lupin. Ao mesmo tempo, Olho-Tonto é o mais valente de todos os Aurores e um homem que sempre foi muito superior às suas deficiências significativas.

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ACADEMIA DE MAGIA BEAUXBATONS

Beauxbatons [Bo – batton] Acredita-se que está situada em algum lugar nos Pirineus, visitantes falam sobre a beleza de tirar o fôlego do castelo rodeado de jardins e gramados criados por mágica a partir da paisagem das montanhas. A Academia Beauxbatons tem um predomínio de estudantes franceses, apesar de espanhóis, portugueses, holandeses, luxemburgueses e belgas também serem em grande número (ambas Beauxbatons e Durmstrang possuem um número maior de estudantes que Hogwarts). Dizem que o castelo deslumbrante e o terreno desta escola de prestígio foram parcialmente fundados com ouro alquimista, já que Nicolas e Perenelle Flamel se conheceram em Beauxbatons em sua juventude, e uma fonte magnífica no meio do parque da escola, que parece possuir propriedades de cura e embelezamento, possui seus nomes. Beauxbatons sempre possuiu uma relação cordial com Hogwarts, apesar de sempre haver uma competição saudável em competições internacionais como o Torneio Tribruxo, no qual Beauxbatons venceu sessenta e duas vezes e Hogwarts sessenta e três. Além dos Flamel, ex-alunos famosos incluem Vicent Duc de Trefle-Picques, que escapou do Terror por conjurar um feitiço de ocultamento em seu pescoço, fingindo que sua cabeça já tinha sido cortada; Luc Millefeuille, o infame cozinheiro de pastelarias e envenenador de trouxas, e Fleur Delacour, que lutou na mundialmente famosa Batalha de Hogwarts e recebeu medalhas de bravura dos Ministérios da Magia francês e britânico. A Diretora Olímpia Maxime é (apesar de seus protestos ao contrário) meia-gigante; brilhante, elegante e inegavelmente inspiradora. 184


INSTITUTO DURMSTRANG

Durmstrang [Doorm – strang] Durmstrang já teve a pior reputação de todas as onze escolas de magia, embora isso nunca tenha sido totalmente merecido. É verdade que Durmstrang, que formou bruxos e bruxas realmente excelentes, por duas vezes em sua história teve no comando bruxos de reputação duvidosa ou com más intenções, e que possuiu um ex-aluno infame. O primeiro desses homens infelizes, Harfang Munter, assumiu a escola logo após a misteriosa morte de sua fundadora, a grande bruxa búlgara Nerida Vulchanova. Munter estabeleceu a reputação de Durmstrang de duelos e de todas as formas de magia marcial, que ainda hoje compreendem uma parte impressionante de seu currículo. O segundo período sombrio na história de Durmstrang veio com a diretoria de Igor Karkaroff, um ex-Comensal da Morte que abandonou seu posto com o retorno de Lord Voldemort do exílio, temendo a vingança deste. Karkaroff foi um homem egoísta e sem princípios que encorajava uma cultura de medo e intimidação entre os alunos, e muitos pais tiraram seus filhos de Durmstrang enquanto ele estava no poder. O ex-aluno que mais danificou a reputação de Durmstrang é Gerardo Grindelwald, um dos bruxos mais perigosos do século XX. No entanto, nos último anos Durmstrang tem passado por uma espécie de renascimento, tendo formado estrelas internacionais como o jogador de Quadribol Vítor Krum.

Apesar de acreditarem que Durmstrang esteja situada bem ao norte da 185


Europa, Durmstrang é uma das escolas mais secretas em termos de localização, então ninguém pode ter certeza. Visitantes, que têm de passar por feitiços de memória para apagar seu conhecimento de como chegaram lá, falam de campos e jardins vastos com paisagens incríveis, sem contar o navio grande, escuro e espectral que está ancorado em um lago de montanha atrás da escola, aonde os alunos mergulham no verão.

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PROFETA DIÁRIO

Há somente um jornal bruxo no Reino Unido, sem contar as publicações de pequena circulação como O Pasquim. O Profeta Diário, cuja sede está encontra-se no Beco Diagonal, é entregue diariamente por corujas em quase todas as casas bruxas do Reino Unido. O pagamento é efetuado colocando-se moedas em uma bolsa amarrada na perna da coruja entregadora. Ocasionalmente (quando alguma coisa particularmente interessante ou emocionante acontece, como o voo ilegal de um Ford Anglia por todo o Reino Unido) uma edição noturna do Profeta será feita às pressas. O Profeta não é uma fonte totalmente imparcial de notícias, e às vezes, infelizmente, mostra uma tendência sensacionalista melhor resumida pela repórter principal Rita Skeeter. Apesar de ostentar ser uma fonte independente de notícias, já foi influenciado mais que uma vez pelo Ministério (ou poder dominante) do dia para abafar algumas histórias. Uma indicação de sua motivação primordial pode ser encontrada em seu próprio nome: “Profeta”, sendo um homônimo de proveito (embora eu também tenha sido tomada pela ideia de um jornal bruxo alegando saber com antecedência as notícias que virão). Na maioria das vezes, os bruxos tendem a não exigir pontos de vistas alternativos sobre política em sua cobertura de notícias (o que não quer dizer, no entanto, que o Profeta não possua uma agenda política). Como uma comunidade pequena, estranha e ocasionalmente sitiada, bruxos são, em geral, interessados pelos mesmos tipos de histórias: os resultados da Liga de Quadribol, se alguém está com problemas por infrações no Estatuto Internacional 187


de Sigilo, que legislação irritante a Seção de Controle do Mau Uso de Artefatos trouxas inventou agora, e quando acontecerá o próximo show da Celestina Warbeck/As Esquisitonas. Parece provável que os bruxos continuarão a favorecer o antigo jornal impresso, mesmo com o mundo trouxa recorrendo cada vez mais à internet. Se os jornais trouxas tivessem fotografias em movimento, sua circulação poderia ser similarmente alegre.

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DOLORES UMBRIDGE

Aniversário: 26 de agosto. Varinha: bétula e fibra de coração de dragão, 20 centímetros. Casa de Hogwarts: Sonserina​. Habilidade especial: sua pena para castigos é sua invenção. Linhagem: mãe trouxa e pai bruxo. Família: solteira, sem filhos. Hobbies: colecionar todos os pratos ornamentais “Felino Feliz”, colocar babados em tecidos e em objetos inanimados, inventar instrumentos de tortura. Dolores Joana Umbridge era a mais velha e a única filha de Orford Umbridge, um bruxo, e Ellen Cracknell, uma trouxa, que também tinha um filho aborto. Os pais de Dolores não eram felizes em seu casamento, e ela secretamente desprezava ambos: seu pai por sua falta de ambição (ele nunca foi promovido, e trabalhava no Departamento de Manutenção Mágica no Ministério da Magia), e sua mãe, Ellen, por sua tolice, sujeira e linhagem trouxa. Orford e sua filha culpavam Ellen pela falta de habilidade mágica do irmão de Dolores, sendo que, quando Dolores tinha quinze anos, a família se separou ao meio, com Orford e Dolores ficando juntos, enquanto Ellen voltou ao mundo trouxa com seu filho. Dolores nunca viu seu irmão nem sua mãe novamente, nem nunca os mencionou, e, portanto, fingia para todos que conhecia que era uma sangue-puro.

Como bruxa formada, Dolores se juntou ao Ministério da Magia assim 190


que saiu de Hogwarts, conseguindo um emprego como estagiária, um cargo muito baixo na Seção de Controle do Uso Indevido da Magia. Mesmo aos dezessete anos, Dolores era crítica, preconceituosa e sádica, porém, sua atitude cuidadosa, seu jeito meloso com seus superiores, e a crueldade e furtividade com os quais ela recebia crédito pelo trabalho alheio logo fez com que fosse promovida. Antes dos trinta anos, Dolores havia sido promovida para Chefe de Seção, e foi apenas um pequeno passo dali para posições ainda mais altas na gerência do Departamento da Execução das Leis da Magia. Nessa época, havia persuadido seu pai a se aposentar cedo, e ao deixá-lo com uma pequena mesada, assegurou-se de que ele saísse de cena. Quando lhe perguntavam (geralmente colegas de trabalho que não gostavam dela) “você é parente daquele Umbridge que costumava esfregar o chão aqui?” ela punha o sorriso mais doce em seu rosto, ria e negava qualquer relação, dizendo que seu falecido pai havia sido um membro importante da Suprema Corte dos Bruxos. Coisas ruins aconteciam com quem perguntava sobre Orford, ou sobre qualquer coisa que Dolores não gostava de falar, e aqueles que não queriam contrariá-la fingiam acreditar em sua versão de sua ancestralidade. Apesar de seus melhores esforços para conquistar um de seus superiores (ela nunca se importou com qual deles fosse, mas sabia que seu próprio status e segurança seriam melhorados com um marido poderoso), Dolores nunca conseguiu se casar. Apesar de valorizarem seu trabalho duro e ambição, aqueles que a conheciam melhor achavam difícil gostar dela. Depois de um copo de xerez doce, Dolores era propensa a mostrar visões bem pouco ortodoxas, e até aqueles que eram anti-trouxas ficavam chocados com algumas das sugestões de Dolores, atrás de portas fechadas, do tratamento que a comunidade não-mágica merecia. Conforme ficou mais velha e rígida, e subiu mais dentro do Ministério, o gosto de Dolores por objetos femininos e infantis ficou cada vez mais pronunciado; seu escritório virou um lugar de babados e enfeites berrantes, e ela gostava de qualquer coisa decorada com gatinhos (apesar de achar os reais inconvenientemente bagunceiros). Quando o Ministro da Magia Cornélio Fudge ficou cada vez mais ansioso e paranoico sobre as intenções de Alvo Dumbledore de subjugá-lo, Dolores conseguiu chegar ao próprio coração do poder, ao atingir tanto a vaidade como os medos de Fudge, se apresentando como uma das poucas pessoas em quem ele podia confiar. O trabalho de Dolores como Inquisidora em Hogwarts deu total liberdade, pela primeira vez em sua vida, para seus preconceitos e crueldade. Ela não havia gostado da época de escola, pois havia sido esquecida em todas as posições de responsabilidade, e adorou a chance de voltar e exercer seu poder 191


sobre aqueles que não tinham (em sua visão) lhe dado o que ela merecia. Dolores tem fobia de seres que não são parcialmente, ou totalmente, humanos. Seu desgosto pelo meio-gigante Hagrid, e seu terror de centauros, revelam um horror do desconhecido e do selvagem. Ela é uma pessoa extremamente controladora, e todos que questionam sua autoridade e visão de mundo devem, em sua opinião, ser punidos. Ela adora subjugar e humilhar os outros, e, exceto em suas alianças, não há muita diferença entre ela e Belatriz Lestrange. O período de Dolores em Hogwarts acabou desastrosamente, pois ela passou por cima das permissões que Fudge havia lhe concedido, saindo dos limites de sua própria autoridade, levada por um senso fanático de auto-realização. Abalada, porém nada arrependida após o fim catastrófico de sua carreira em Hogwarts, ela retornou para um Ministério que estava em meio ao conflito devido à volta de Lord Voldemort. Na mudança de regimes que se seguiu à aposentadoria forçada de Fudge, Dolores pôde voltar à sua posição antiga no Ministério. O novo Ministro, Rufo Scrimgeour, tinha problemas mais preocupantes do que Dolores Umbridge. Scrimgeour depois foi punido por esse desvio, porque o fato de o Ministério nunca ter punido Umbridge por seus abusos de poder soou a Harry Potter como a comprovação de sua complacência e descaso. Harry considerou a permanência de Umbridge em seu emprego um sinal da corrupção essencial do Ministério, e se recusou a cooperar com o novo Ministro por causa disso (Dolores é a única pessoa, além de Voldemort, a deixar uma cicatriz física permanente em Harry, havendo forçado o garoto a cortar as palavras “Eu não devo contar mentiras” nas costas de sua própria mão durante as detenções). Logo Dolores estava adorando sua vida no Ministério mais do que nunca. Quando o Ministério foi tomado pelo Ministro fantoche Pio Thicknesse, e infiltrado pelos seguidores de Lord Voldemort, Dolores finalmente mostrou quem era. Julgada corretamente, por Comensais da Morte experientes, que ela tinha muito mais em comum com eles do que já teve com Alvo Dumbledore, ela não só continuou em seu posto como recebeu mais autoridade, tendo se tornado Chefe da Comissão de Registros de Nascidos trouxas, que efetivamente foi uma corte que prendeu todos os nascidos trouxas sob a acusação de que tinham “roubado” suas varinhas e sua magia. Foi enquanto estava no julgamento de outra mulher inocente que Harry Potter finalmente atacou Dolores no coração do Ministério, e lhe roubou a horcrux que estivera usando.

Com a queda de Lord Voldemort, Dolores Umbridge foi levada a jul192


gamento por sua cooperação entusiasmada com o regime dele, e considerada culpada pela tortura, aprisionamento e morte de várias pessoas (alguns dos nascidos trouxas inocentes que ela sentenciou a Azkaban não sobreviveram à sua provação).

Uma vez, há muito tempo, eu estudei uma certa matéria ou habilidade (estou sendo o mais vaga possível, por razões que irão se tornar óbvias), e ao fazer isso, tive contato com uma professora ou instrutora que não gostei logo de cara. A mulher em questão retornou minha antipatia com interesse. Por que nos atingimos tão instantânea, apaixonada e (pelo menos no meu lado) irracionalmente, eu honestamente não sei dizer. O que fica na minha mente é o gosto pronunciado dela por acessórios melosos. Eu me lembro com detalhes de uma tiara de lacinho de plástico cor de limão pálido que ela usava em seu cabelo curto encaracolado. Eu costumava ficar olhando esse lacinho, que seria apropriado para uma menina de três anos, como se fosse uma espécie de tumor repulsivo. Ela era uma mulher um pouco grande, e não exatamente jovem, e a tendência dela de usar babados onde (eu acho) não deveriam estar, e de carregar bolsas de mão muito pequenas, de novo como se tivessem sido tiradas de um guarda-roupa infantil, batia, acredito, com uma personalidade que para mim era o oposto de doce, inocente e ingênuo. Eu sempre tendo a ser um pouco cuidadosa quando falo desses tipos de fontes de inspiração, porque é enfurecedor ser mal compreendida de modos que podem causar muita dor a outras pessoas. Essa mulher NÃO ERA “a Dolores Umbridge real”. Ela não parecia um sapo, nunca foi sádica nem má comigo nem com mais ninguém, e eu nunca a ouvi expressar uma única opinião como a de Dolores Umbridge (de fato, eu nunca a conheci o suficiente para saber muito de suas visões ou preferências, o que torna o fato de eu não gostar dela ainda menos justificável). Porém, é verdade que emprestei dela, de um modo muito exagerado, o gosto pelo meloso e infantil nas roupas, e era daquele lacinho cor de limão de plástico que eu estava me lembrando quando imaginei o ornamento parecido com uma mosca na cabeça de Umbridge. Percebi mais de uma vez na vida que o gosto pelo meloso pode andar de mãos dadas com uma visão de mundo distintamente radical. Uma vez dividi uma sala com uma mulher que tinha coberto a parede atrás de sua mesa de fotos de gatinhos fofinhos; ela era a mais intolerante e maliciosa defensora da pena de morte com quem eu já tive o azar de dividir uma chaleira. A pai193


xão por tudo que é meloso parece presente onde há falta de conforto real ou caridade. Então Dolores, que é um dos personagens que eu mais desprezo, se tornou uma amálgama das características tiradas dessas, e de uma variedade de fontes. Seu desejo de controlar, de punir e de infringir dor, tudo no nome da lei e da ordem, são, eu acho, tão repreensíveis quanto o princípio franco de adoração do mal de Lord Voldemort. Os nomes de Umbridge foram escolhidos a dedo. “Dolores” significa dor, algo que ela sem dúvidas infringe em todos ao seu redor. “Umbridge” é uma variação de “umbrage” da expressão britânica “to take umbrage”, que quer dizer transgressão. Dolores se ofende por qualquer desafio à sua visão de mundo limitada; senti que o sobrenome dela combinava com a pequenez e rigidez de seu caráter. É difícil explicar “Jane”; me pareceu bom e que combinava entre os dois outros nomes dela.

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TESTRÁLIOS

Manifestando-se como cavalos pretos, esqueléticos e com asas de morcego, mas invisíveis para todos aqueles que nunca foram verdadeiramente tocados pela morte, os testrálios têm uma espécie de reputação macabra. Durante séculos, vê-los era tido como sinal de azar; eles foram caçados e maltratados por muitos anos, sua verdadeira natureza (que é bondosa e gentil) sendo amplamente incompreendida. Testrálios não são marcas de presságio maléfico, nem são de qualquer forma ameaças para humanos (apesar de sua aparência apavorante, sempre assustando os observadores que os veem pela primeira vez). Ser capaz de ver os testrálios é um sinal de que o espectador já testemunhou a morte e teve um entendimento emocional sobre o que ela significa. Não é de surpreender que se tenha levado muito tempo para se compreender propriamente seu significado, porque o momento preciso em que tal animal começa a aparecer varia de pessoa para pessoa. Harry Potter não foi capaz de ver testrálios por anos depois de sua mãe ter sido assassinada na sua frente, pois ele mal havia saído da primeira infância quando o assassinato ocorreu, portanto foi incapaz de compreender a própria perda. Mesmo após a morte de Cedrico Diggory, semanas se passaram antes da real importância de sua morte ter um impacto nele. Apenas nesse momento os testrálios que puxam as carruagens da estação em Hogsmeade para o castelo de Hogwarts se tornaram visíveis para ele. Por outro lado, Luna Lovegood, que perdeu sua própria mãe quando era nova, viu testrálios logo após o ocorrido, por ser muito intuitiva, 195


espiritual e não ter medo da vida após a morte. Por mais que tenham uma aparência ameaçadora, esses cavalos esqueléticos são emblemas de uma jornada para outra dimensão e recompensam todos aqueles em que neles confiam com fidelidade e obediência. Testrálios são nativos das Ilhas Britânicas e da Irlanda, apesar de já terem sido avistados em partes da França e da Península Ibérica; eles parecem ter uma conexão com bruxos que descendem dos povos celtas, amantes de cavalo. Outras partes do mundo têm seus próprios equivalentes de testrálios.

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SIBILA TRELAWNEY

Aniversário: 9 de março. Varinha: nogueira com pelo de unicórnio, 24 centímetros, muito flexível. Casa em Hogwarts: Corvinal. Habilidade especial: uma vidente apesar do dom ser imprevisível e inconsciente. Linhagem: mãe trouxa, pai bruxo. Família: casamento precoce terminou em ruptura imprevista quando ela se recusou a adotar o sobrenome Higglebottom. Sem filhos. Hobbies: praticar fazer profecias sobre morte na frente do espelho. Beber xerez. Sibila é a tataraneta da genuína vidente Cassandra Trelawney. O dom de Cassandra foi muito diluído nas gerações subsequentes, apesar de Sibila ter herdado mais do que ela sabe. Acreditando em parte em suas próprias mentiras sobre seu talento (já que ela é noventa por cento fraude), Sibila cultivou uma conduta dramática e gosta de impressionar seus alunos mais ingênuos com previsões sobre morte e desastres. Ela é talentosa nos truques de cartomante; ela leu com precisão o nervosismo de Neville e sua sugestionabilidade no primeiro ano, e conta a ele que ele está prestes a quebrar uma xícara, o que ele faz. Em outras ocasiões, estudantes ingênuos fazem o trabalho dela por ela: a Professora Trelawney conta a Lilá Brown que algo que ela está temendo irá acontecer a ela no dia dezesseis de outubro; quando Lilá recebe notícias 197


naquele dia que o coelho de estimação dela morreu, ela conecta isso instantaneamente com a previsão. Toda a lógica e bom senso de Hermione (Lilá não estava temendo a morte do coelho, que era muito jovem; o coelho não morreu no dia dezesseis, mas no dia anterior) são perdidos: Lilá quer acreditar que sua tristeza foi prevista. Pela lei das médias, as previsões da Professora Trelawney as vezes acertam, mas na maiorias das vezes ela está cheia de si e de fanfarrice. Contudo, Sibila experimenta raros flashes de genuína clarividência, que ela nunca consegue lembrar depois. Ela manteve seu cargo em Hogwarts porque revelou, durante sua entrevista com Dumbledore, que ela era inconscientemente dona de conhecimento importante. Dumbledore deu a ela abrigo em Hogwarts em parte para protege-la e em parte na esperança de que mais genuínas previsões viriam a seguir (ele teve que esperar muitos anos pela próxima). Consciente de seu baixo status com a equipe escolar do castelo, que eram quase todos mais talentosos que ela, Sibila gasta a maior parte de seu tempo separada de seus colegas, na sua torre abafada e abarrotada de objetos. Previsivelmente, talvez, ela desenvolveu uma confiança exagerada no álcool. A Professora Trelawney e a McGonagall são dos lados opostos; aquela em parte charlatã, manipuladora e grandiosa e esta intensamente inteligente, rígida e honrada. Apesar disso eu sabia que quando a estranha e não-hogwartiana Dolores Umbridge tentasse expulsar Sibila da escola, Minerva Mcgonagall, que criticou Trelawney em muitas ocasiões, mostraria a verdadeira gentileza de sua personagem e iria se juntar a defesa de Trelawney. Eu tenho certa pena sobre a Professora Trelawney, apesar de que eu a acharia enfurecedora na vida real, e eu acho que Minerva sentiu seu sentimento oculto de não ser boa o suficiente.

Eu criei histórias detalhadas para muitos dos membros da equipe escola de Hogwars (como o Alvo Dumbledore, Minerva McGonagall e Rúbeo Hagrid), algumas das quais foram usadas nos livros e algumas das quais não foram. De certo modo é conveniente que eu tivesse apenas tido uma vaga ideia do que havia acontecido a professora de Adivinhação antes dela aparecer em Hogwarts. Eu penso que a existência de Sibila antes de Hogwarts consistia de viajar através do mundo mágico, tentando negociar em cima da sua linhagem para manter empregos, mas desprezado qualquer um que ela achava que não oferecia o que ela considerava o status por ser uma vidente. Eu adoro sobre198


nomes da Cornualha, e nunca tinha usado nenhum até o terceiro livro da série, então é assim que a Professora Trelawney conseguiu o sobrenome de sua família. Eu não queria nomeá-la com nada cômico ou que sugeria algum truque, mas algo impressionante e atrativo. “Trelawney” é um nome muito antigo, sugere a confiança excessiva de Sibila na sua linhagem quando ela quer impressionar. Existe uma bela canção da Cornualha que tem esse nome (“The song of the Western Men”). O primeiro nome da Sibila (Sybill) é um homônimo de “Sibyl”, que era uma clarividente nos tempos antigos. Meu editor americanos queria que eu usasse “Sibyl” mas eu preferi minha versão, porque enquanto ela mantém a referência as majestosas clarividentes antigas, não é nada mais do que uma variação antiquada de “Sybil”. A Professora Trelawney, eu acho, não se qualificava como “Sibyl”.

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VIDENTES NOMEADORAS

Uma grande variedade de nomes é dada pelos pais bruxos aos seus filhos, sendo alguns deles o que podemos considerar como sendo nomes trouxas (por exemplo Tiago, Harry, Ronald), outros dando um sabor distinto da personalidade ou destino do portador (Xenofílio, Remo, Aleto). Alguns bruxos tem uma tradição de família para nomear seus filhos. A família dos Black, por exemplo, gosta de nomear sua descendência em homenagem a estrelas e constelações (o que muitos diriam que mostra a elevada ambição e orgulho deles). Outras famílias bruxas (como os Potters e os Weasleys) simplesmente escolhem os seus nomes favoritos para colocar nos seus filhos. Uma certa parte da sociedade mágica, no entanto, segue a antiga prática mágica de consultar uma vidente nomeadora, que (quase sempre por grande pagamento em ouro) vai prever o futuro da criança e sugerir um nome apropriado. Essa prática está se tornando cada vez mais rara. Muitos pais preferem deixar que ele ou ela encontre seu próprio caminho e não gostam (com uma boa razão) de receber dicas prematuras de aptidão, limitações ou, no pior dos casos, catástrofes relacionadas aos seus filhos. Mães e pais frequentemente ficam tolamente inquietos no retorno para casa após a visita a uma vidente nomeadora, desejando que não tivessem ouvido as previsões da vidente sobre o futuro e a personalidade da criança. 200


MINISTROS DA MAGIA

O Ministério da Magia foi formalmente estabelecido em 1707 com a nomeação do primeiro homem a receber o título de “Ministro da Magia”, Ulick Gamp*. O Ministro da Magia é democraticamente eleito, embora tenha havido tempos de crises nos quais o posto tenha simplesmente sido oferecido a indivíduos sem o voto popular. (Alvo Dumbledore já recebeu tal oferta, e recusou-a repetidas vezes). Não existe um limite fixo para o tempo de mandado de um Ministro, mas ele ou ela são obrigados a realizar eleições num máximo intervalo de 7 anos. Ministros da Magia tendem a durar muito mais do que Ministros trouxas. Genericamente falando, e apesar dos muitos lamentos e resmungos, a comunidade deles está atrás deles de um modo que é raramente visto no mundo trouxa. Isto é, talvez, devido ao sentimento, da parte dos bruxos, de que a menos que eles sejam vistos para administrar eles mesmos competentemente, os trouxas podem tentar interferir. O Primeiro Ministro trouxa não fez parte daqueles que nomearam o Ministro da Magia, cuja eleição é um problema apenas da comunidade bruxa. Todos os assuntos relacionados à comunidade bruxa na Grã-Bretanha são administrados unicamente pelo Ministro da Magia, e ele tem competência exclusiva sobre o seu Ministério. Visitas emergenciais para o Primeiro Ministro trouxa pelo Ministro da Magia são anunciadas através de um retrato de Ulick Gamp (o primeiro Ministro da Magia) que está pendurado no gabinete do Primeiro Ministro trouxa, no número 10, Downing street.

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Nenhum dos Primeiros Ministros trouxas chegou a por os pés no Ministério da Magia, por razões mais sucintamente resumidas pelo ex-Ministro, Dugald McPhail (mandado entre 1858 e 1865) : “o pequenino cérebro deles não conseguiria lidar com isso”.

Ulick Gamp

1707 até 1718 Anteriormente chefe da Suprema Corte, Gamp teve o oneroso cargo de policiar uma comunidade turbulenta e assustada, ajustando a imposição do Estatuto Internacional de Sigilo. Seu melhor legado foi fundar o Departamento de Aplicação das Leis Mágicas. _____________________________________________________________

Damocles Rowle 1718 até 1726

Rowle foi eleito sobre uma promessa de ser “duro com os trouxas”. Censurado pela Confederação Internacional dos Bruxos, ele foi finalmente forçado a sair do posto. _____________________________________________________________

Perseus Parkinson 1726 até 1733

Tentou aprovar uma lei que tornava ilegal o casamento com trouxas. Descaracterizou o humor do povo; a comunidade bruxa, cansada do sentimento anti-trouxa e querendo paz, votou para ele sair na primeira oportunidade que tiveram. _____________________________________________________________

Eldritch Diggory 1733 até 1747

Ministro popular que foi o primeiro a estabelecer um Programa de Recrutamento de Aurores. Morreu no escritório por varíola de dragão.

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Albert Boot

1747 até 1752 Simpático, mas incompetente. Demitido depois de uma má administrada rebelião de goblins. _____________________________________________________________

Basil Flack

1752 até 1752 Ministro com o tempo mais curto de serviço; demitido depois dos goblins unirem forças com os lobisomens. _____________________________________________________________

Hesphaestus Gore 1752 até 1770

Gore foi um dos primeiros Aurores. Com sucesso, derrotou inúmeras revoltas de seres mágicos, embora historiadores sintam que a sua recusa a contemplar programas de reabilitação de lobisomens, em última análise, levaram a mais ataques. Renovou e reforçou a prisão de Azkaban. _____________________________________________________________

Maximilian Crowdy 1770 até 1781

Pai de nove filhos, Crowdy foi um líder carismático que desemcaminhou vários grupos de sangues-puros extremistas que planejavam ataque aos trouxas. Sua misteriosa morte no escritório foi assunto de inúmeros livros e teorias da conspiração. _____________________________________________________________

Porteus Knatchbull 1781 até 1789

Foi chamado de modo confidencial em 1782 pelo Primeiro Ministro trouxa do dia, Lord North, para ver se ele podia ajudar na emergência da instabilidade mental do rei George III. O mundo deixou vazar a informação de que Lord North acreditava em bruxos, e ele teve que renunciar após um movimento de desconfiança. 203


Unctuous Osbert 1789 até 1798

Amplamente visto como muito influenciado por bruxos sangues-puros de riqueza e status. _____________________________________________________________

Artemisia Lufkin 1798 até 1811

Primeira Ministra da Magia do sexo feminino. Estabeleceu o Departamento de Co-operação e conseguiu com dificuldade e sucesso ter um torneio da Copa Mundial de Quadribol realizado na Grã-Bretanha durante o seu mandato. _____________________________________________________________

Grogan Stump 1811 até 1819

Ministro da Magia bastante popular, um fã apaixonado por Quadribol (Tutshill Tornados), estabeleceu o Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, e conseguiu administrar através de uma legislação sobre animais e outros seres, algo que tinha sido, por muito tempo, uma fonte de discórdia. _____________________________________________________________

Josephina Flint 1819 até 1827

Revelou-se com uma tendência anti-trouxa pouco saudável no gabinete; desprezava as novas tecnologias trouxas tal qual o telégrafo, o qual ela alegou interferir no bom funcionamento das varinhas. _____________________________________________________________

Ottaline Gambol 1827 até 1835

Uma ministra muito mais mente aberta, Gambol estabeleceu comitês para investigar o poder da mente dos trouxas, o qual parecia, durante esse período do império britânico, melhor do que os bruxos haviam creditado.

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Radolphus Lestrange

1835 até 1841 Reacionário que tentou fechar o Departamento de Mistérios, o qual o ignorou. Finalmente renunciou, devido a problemas de saúde, os quais foram alvo de rumores sugerindo tratar-se de sua incapacidade de lidar com as tensões do escritório. _____________________________________________________________

Hortensia Milliphutt 1841 até 1849

Introduziu mais legislações do que qualquer outro Ministro, muitos deles úteis, mas alguns desgastantes (chapéus pontudos e assim por diante), o que, em última análise, culminou na sua queda política. _____________________________________________________________

Evangeline Orpington 1849 até 1855

Uma grande amiga da rainha Victoria, a qual nunca imaginou que ela era uma bruxa, muito menos Ministra da Magia. Acredita-se que Orpington tenha intervindo magicamente (e ilegalmente) na guerra da Crimeia. _____________________________________________________________

Priscilla Dupont 1855 até 1858

Concebeu uma repulsa irracional pelo Primeiro Ministro trouxa, Lord Palmerston, numa extensão que causou tantos problemas (moedas se transformando em ovos de sapo nos bolsos de seus casacos, etc) que ela foi forçada a sair do cargo. Ironicamente, Palmerston foi obrigado a renunciar no mundo dos trouxas dois dias depois. _____________________________________________________________

Dugald McPhail 1858 até 1865

Um par de mãos seguras. Enquanto o Parlamento trouxa passou por um período de turbulência acentuada, o Ministro da Magia conheceu um 205


período de muito bem vinda calma. _____________________________________________________________

Faris “Spout-hole” Spavin 1865 até 1903

Ministro da Magia com mais longo tempo de serviço, e também o mais prolixo, ele sobreviveu a uma “tentativa de assassinato” (chute de um centauro que ressentia a brincadeira de Spavin de infamar o modo de andar dos centauros, fantasmas e anões, numa piada de bar). Compareceu ao funeral da rainha Victoria, com um chapéu e polainas de almirante, no ponto em que a Suprema Corte sugeriu, gentilmente, que era hora dele deixar o cargo (Spavin tinha 147 anos quando deixou o gabinete). _____________________________________________________________

Venusia Crickerly 1903 até 1912

Segunda ex-Auror a tomar posse e considerada tanto competente como simpática, Crickerly morreu num esquisito acidente de jardinagem (relacionado a mandrágoras). _____________________________________________________________

Archer Evermonde 1912 até 1923

Em posto durante a 1ª Guerra Mundial trouxa, Evermonde passou legislações emergenciais, proibindo bruxos e bruxas de se envolverem, para que não arriscassem infrações em massa do Estatuto Internacional de Sigilo. Milhares desafiaram-no, auxiliando trouxas onde eles pudessem. _____________________________________________________________

Lorcan McLaird 1923 até 1925

Um bruxo talentoso, mas um político improvável, McLaird era um homem excepcionalmente taciturno que preferiu comunicar-se em monossílabos e sopros expressivos de fumaça que ele produzia até o final de sua varinha. Retirado do cargo por pura irritação com suas excentricidades. 206


Hector Fawley 1925 até 1939

Sem dúvida votado por causa de sua marcada diferença com relação a McLaird, o exuberante e extravagante Fawley não levou suficientemente a sério a ameaça apresentada à comunidade do mundo mágico pelo Gerardo Grindelwald. Ele pagou com o seu trabalho. _____________________________________________________________

Leonard Spencer-Moon 1939 até 1948

Um ministro de som que subiu na hierarquia de ser o garoto do chá, no Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas. Supervisionou um grande período de conflitos internacionais entre bruxos e trouxas. Aproveitou uma boa relação de trabalho com Winston Churchill. _____________________________________________________________

Wilhelmina Tuft 1948 até 1959

Bruxa animada que presidiu um período de paz e prosperidade bemvindas. Morreu no escritório depois de descobrir, tarde demais, sua alergia a chocolate sabor aliquente. _____________________________________________________________

Ignatius Tuft 1959 até 1962

Filho de gente superior. A linha-dura que capitalizou a popularidade de sua mãe para ganhar a eleição. Prometeu instituir um programa controverso e perigoso de melhoramento dos Dementadores e foi retirado do cargo. _____________________________________________________________

Nobby Leach 1962 até 1968

O primeiro Ministro da Magia nascido trouxa, sua nomeação causou consternação entre a velho guarda (sangue-puro), muitos dos quais renunciaram cargos no governo em protesto. Sempre negou ter qualquer 207


coisa a ver com a vitória da Inglaterra na Copa Mundial de 1966. Deixou o cargo depois de contrair doença misteriosa (teorias de conspiração não faltam a respeito disso). _____________________________________________________________

Eugenia Jenkins 1968 até 1975

Jenkins tratou competentemente dos tumultos de sangues-puros durante marchas pelos Direitos dos abortos no final dos anos sessenta, mas foi logo confrontada com a primeira ascensão de Lord Voldemort. Jenkins foi logo afastada do cargo como inadequada para o desafio. _____________________________________________________________

Harold Minchum 1975 até 1980

Visto como um linha-dura, ele colocou ainda mais Dementadores em torno de Azkaban, mas foi incapaz de conter o que parecia ser a irresistível ascensão de Voldemort ao poder. _____________________________________________________________

Millicent Bagnold 1980 até 1990

Um Ministro altamente capaz. Teve que responder à Confederação Internacional dos Bruxos pelo número de violações do Estatuto Internacional de Sigilo sobre o dia e a noite seguinte à sobrevivência de Harry Potter do ataque de Lord Voldemort. Absolvido-se magnificamente com as palavras, agora infames: “Eu afirmo nosso direito inalienável à festa”, as quais recebeu aplausos de todos os presentes. _____________________________________________________________

Cornelius Fudge 1990 até 1996

Um político de carreira excessivamente amante da velha guarda. Sua persistente negação da contínua ameaça de Lord Voldemort, em última análise, lhe custou o emprego. 208


Rufo Scrimgeour 1996 até 1997

O terceiro ex-Auror a ganhar o cargo, Scrimgeour morreu no escritório nas mãos de Lord Voldemort. _____________________________________________________________

Pio Thicknesse 1997 até 1998

Omitido da maioria dos registros oficiais, já que ele estava sob a Maldição Imperius para todo o seu mandato, e, portanto, inconsciente de tudo o que ele estava fazendo. _____________________________________________________________

Kingsley Shacklebolt 1998 e ainda presente

Supervisionou a captura de Comensais da Morte e de simpatizantes de Voldemort após a morte do Lorde das Trevas. Inicialmente denominado como “Ministro zelador”, foi posteriormente eleito para o cargo. _____________________________________________________________ *Antes de 1707, do Conselho dos Bruxos foi o corpo de serviço mais longo (embora não o único) de governar a comunidade mágica na GrãBretanha. Após a instituição do Estatuto Internacional de Sigilo em 1692, no entanto, a comunidade bruxa precisava de uma estrutura de governo mais altamente estruturada, organizada e mais complexa do que eles tinham usado até então, para apoiar, regular e se comunicar com a comunidade na clandestinidade. Somente bruxos e bruxas que apreciaram o título de “Ministro da Magia” estão incluídas nessa entrada.

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AZKABAN

Azkaban existe desde o século XV e originalmente não era uma prisão. A ilha no Mar do Norte, na qual a primeira fortaleza foi construída, nunca apareceu em nenhum mapa, trouxa ou bruxo, e acredita-se que tenha sido criada ou ampliada por meios mágicos. A fortaleza que existia sobre a ilha era, originalmente, a casa de um feiticeiro pouco conhecido, que se apresentava como Ekrizdis. Extremamente poderoso, mas de nacionalidade desconhecida, Ekrizdis, que provavelmente era louco, era um praticante dos piores tipos de Magia Negra. Sozinho, no meio do oceano, ele atraía, torturava e matava navegadores trouxas, aparentemente por prazer, e somente quando ele morreu e os encantos de ocultação perderam a força, foi que o Ministério da Magia percebeu que a ilha e a construção existiam. Aqueles que entraram para investigar se recusaram a falar sobre o que eles haviam encontrado lá dentro, mas a parte menos assustadora era que o lugar era infestado por Dementadores. Muitas autoridades pensaram que Azkaban era um lugar maligno e seria melhor que fosse destruído. Outros tinham medo do que aconteceria se os Dementadores que infestavam a construção fosse privados de seu lar. As criaturas já eram fortes e impossíveis de matar; muitos temiam uma terrível vingança se tirassem deles o habitat que escolheram para prosperar. Todas as paredes do prédio pareciam ser banhadas de miséria e dor, e os Dementadores estavam determinados a se agarrarem a elas. Especialistas que estudavam 210


prédios construídos com e em torno de Magia Negra, afirmavam que Azkaban iria executar sua própria vingança sobre quem tentasse destruí-la. Assim, a fortaleza ficou abandonada por muitos anos, sendo um lar para a constante procriação de Dementadores. Uma vez que o Estatuto Internacional do Sigilo foi imposto, o Ministério da Magia sentiu que as pequenas prisões bruxas que existiam pelo país em várias cidades e vilas apresentavam um risco de segurança, porque tentativas de fuga de bruxos e bruxas levavam a barulhos, cheiros e espetáculos de luz indesejáveis. Uma prisão construída com propósito, localizada em algum lugar remoto das Ilhas Hébridas, era preferível, e os planos foram elaborados quando Damocles Rowle se tornou Ministro da Magia. Rowle era um bruxo autoritário, que alcançou o poder através de um programa anti-trouxas, tirando proveito financeiro da raiva sentida pela comunidade bruxa que foi forçada a se ocultar. Sádico por natureza, Rowle lutou pelos planos da nova prisão e insistiu em usar Azkaban. Ele alegava que os Dementadores vivendo ali eram uma vantagem: eles poderiam ser aproveitados como guardas, poupando ao Ministério tempo, problemas e despesas. Apesar da oposição de vários bruxos, entre eles especialistas tanto em Dementadores quanto em construções com histórias sombrias como a de Azkaban, Rowle seguiu com seu plano e logo alguns prisioneiros foram levados para lá. Eles nunca saíram. Se eles não eram loucos e perigosos antes de serem levados para Azkaban, rapidamente se tornaram. Rowle foi sucedido por Perseus Parkinson, que também era pró-Azkaban. Quando Eldritch Diggory assumiu o cargo de Ministro da Magia, a prisão estava operando há quinze anos. Não houveram fugas e nem quebra de segurança. A nova prisão parecia estar funcionando bem. Foi somente quando Diggory foi visitá-la que percebeu exatamente quais eram as condições lá dentro. A maioria dos prisioneiros estavam loucos e um cemitério havia sido criado para acomodar aqueles que morriam de desespero. De volta à Londres, Diggory estabeleceu um comitê para explorar alternativas para Azkaban, ou pelo menos para afastar os Dementadores como guardas. Especialistas explicaram a ele que a única razão pela qual os Dementadores estavam (em sua maioria) confinados na ilha era porque eles estavam sendo supridos constantemente com um abastecimento de almas da qual eles se alimentavam. Se fossem privados de prisioneiros, eles provavelmente abandonariam a prisão e iriam para o continente. 211


Apesar desse conselho, Diggory estava tão horrorizado com o que tinha visto dentro de Azkaban que pressionou o comitê para encontrar alternativas. Antes que eles pudessem tomar qualquer decisão, Diggory pegou varíola de dragão e faleceu. Daquela época até a de Kingsley Shacklebolt, nenhum ministro jamais considerou seriamente fechar Azkaban. Eles se tornaram cegos para as condições inumanas dentro da fortaleza, permitindo que ela fosse magicamente ampliada e expandida e raramente visitada, devido aos efeitos terríveis de entrar em um prédio povoado de Dementadores. A maioria deles justificava sua atitude apontando para o recorde da prisão em manter os prisioneiros trancados. Quase três séculos se passaram antes que o recorde fosse interrompido. Um homem jovem saiu clandestinamente da prisão quando sua mãe que o visitava trocou de lugar com ele, algo que os Dementadores cegos e sem amor não puderam detectar e nunca teriam suspeitado. Essa fuga foi seguida de outra, ainda mais geniosa e impressionante, quando Sirius Black conseguiu escapar sozinho dos Dementadores. A fraqueza da prisão foi demonstrada amplamente ao longo dos próximos anos, quando ocorreram duas fugas em massa, ambas envolvendo Comensais da Morte. A essa altura os Dementadores haviam se aliado a Lorde Voldemort, que lhes garantiu que atingiriam seus objetivos, e conquistariam a liberdade que até então não haviam experimentado. Alvo Dumbledore era uma das pessoas que há muito tempo desaprovava o uso dos Dementadores como guardas, não apenas pelo seu tratamento inumano para com os prisioneiros sob seus poderes, mas também porque ele previa a possibilidade da mudança de lealdade dessas criaturas sombrias. Com Kingsley Shacklebolt, Azkaban ficou livre dos Dementadores. Enquanto ainda é usada como prisão, os guardas agora são Aurores, que são alternados regularmente com o continente. Não houveram fugas desde que esse novo sistema foi introduzido.

O nome “Azkaban” deriva de uma mistura do nome da prisão de “Alcatraz”, que é o que os trouxas tiveram de mais semelhante, sendo localizada em uma ilha; e “Abaddon”, que é uma palavra hebraica que significa “lugar de destruição” ou “profundezas do inferno”.

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COKEWORTH

Cokeworth é uma cidade fictícia nas ilhas inglesas aonde Harry passa uma noite no Railview Hotel com sua tia, seu tio e seu primo Duda. O nome de Cokeworth é com a intenção de sugerir uma cidade industrial, e evocar associações de trabalho pesado e fuligem. Embora nunca seja explícito nos livros, Cokeworth é o lugar aonde Petúnia, Lílian e Severo Snape cresceram. Quando tia Petúnia e tio Válter estão tentando escapar das cartas de Hogwarts, eles viajam para Cokeworth. Talvez tio Válter tivera a vaga ideia de que Cokeworth era tão distintivamente não mágico e de que as cartas não os seguiriam até lá. Ele deveria ter sabido melhor; afinal a irmã de Petúnia, Lílian, se transformou em uma talentosa bruxa em Cokeworth. É portanto Cokeworth que Belatriz e Narcisa vão no início de Enigma do Príncipe, aonde elas visitam Snape na antiga casa de seus pais. Cokeworth tem um rio que o atravessa, evidência de ao menos uma grande fábrica na longa chaminé com vista para a casa de Snape, e muitas pequenas ruas cheia de casas de trabalhadores.

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O CALDEIRÃO FURADO

Algumas pessoas discutem que o pub mais velho em Londres é o White Hart na Alameda Drury; outras que é o Angel na Rua Bermondsey Wall, ou o Lamb and Flag na Rua Rose. Todas essas pessoas são trouxas, e todas elas estão erradas. O pub mais velho em Londres, como qualquer bruxo irá lhe dizer, é o Caldeirão Furado na Rua Charing Cross. O Caldeirão Furado estava ali muito antes da Rua Charing Cross ser planejada; seu verdadeiro endereço é o número um, Beco Diagonal, e acredita-se que foi ele foi construído em algum momento no começo do século XVI, juntamente com o resto da rua bruxa. Criado cerca de dois séculos antes da imposição do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia, o Caldeirão Furado era inicialmente visível aos olhos dos trouxas. Embora o pub seja, desde o início, um lugar para bruxos e bruxas se reunirem – tanto londrinos quanto estrangeiros que passavam o dia na cidade para comprar os últimos ingredientes ou equipamentos mágicos lançados – trouxas não eram expulsos ou mal recebidos, apesar de que algumas das conversas, sem mencionar os animais de estimação, faziam com que muitos clientes desprevenidos saíssem do pub sem terminar suas refeições. Quando o Estatuto de Sigilo foi imposto, o Caldeirão Furado, que havia se tornado uma grande instituição bruxa britânica, recebeu uma permissão especial para que pudesse continuar a funcionar como um porto seguro e refúgio para a comunidade bruxa na capital. Apesar de insistir em vários poderosos feitiços de ocultamento, e bom comportamento de todos os clientes, 215


o Ministro da Magia, Ulick Gamp, foi compreensivo em relação à necessidade dos bruxos de relaxarem devido aos novos desafios. Ele também concordou em dar ao proprietário do pub da época a responsabilidade de deixar as pessoas entrarem no Beco Diagonal através do seu quintal, uma vez que as lojas que se localizam além do pub também necessitavam de proteção mágica. Em honra ao apoio de Gamp ao pub, o proprietário criou uma nova marca de cerveja, A Velha Gregária de Gamp, cujo sabor era tão desagradável que ninguém jamais conseguiu beber uma pinta inteira (há um prêmio de cem galeões para qualquer um que esteja disposto a fazê-lo, mas ninguém obteve sucesso na tarefa ainda). O Caldeirão Furado enfrentou um de seus desafios mais difíceis no final do século XIX, com a criação da Rua Charing Cross, que requeria a demolição do pub por inteiro. O Ministro da Magia da época, o tedioso falante Faris Spavin, deu um melancólico discurso na Suprema Corte dos Bruxos explicando por que o Caldeirão Furado não poderia ser salvo desta vez. Sete horas mais tarde, quando Spavin se sentou depois de ter terminado seu discurso, foi-lhe apresentado um memorando por seu secretário, explicando que a comunidade bruxa tinha se mobilizado e realizado uma quantidade massiva de feitiços de memória (alguns dizem, até os dias atuais, que a Maldição Imperius foi usada em vários trouxas urbanistas, embora isso nunca tenha sido provado) e o Caldeirão Furado foi acomodado nos planos revistos para a nova rua. O Caldeirão Furado pouco mudou ao longo dos anos; ele é pequeno, sombrio e acolhedor, com alguns quartos acima do bar público para viajantes que vivem muito longe de Londres. É o lugar ideal para se pôr em dia com as fofocas do mundo bruxo caso você viva muito longe da vizinhança bruxa mais próxima.

A Rua Charing Cross é famosa por suas livrarias, tanto modernas quanto antigas. Por isso eu queria que esse fosse o local onde aqueles que conheciam o segredo pudessem entrar em um mundo distinto.

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FLOREAN FORTESCUE

Florean Fortescue, dono de uma loja de sorvetes no Beco Diagonal, é o protagonista de um enredo fantasma (uma narrativa que nunca chegou aos livros finais). Harry o conhece durante O Prisioneiro de Azkaban, onde descobre que Florean sabe muito sobre bruxos medievais. Mais tarde, Harry descobre que um ex-diretor de Hogwarts se chamava Dexter Fortescue.

Florean é um descendente de Dexter, e eu tinha originalmente planejado que ele fosse o condutor das pistas que eu precisava dar a Harry durante sua procura pelas Relíquias, e é por isso que estabeleci uma familiaridade logo cedo. Nessa época, eu imaginava que a mente histórica de Florean poderia ter muitas informações sobre assuntos diversos como a Varinha das Varinhas e o Diadema de Corvinal, tendo essas sido passadas para a família Fortescue por seu solene ancestral. Quando fui me aproximando do momento em que essa informação seria necessária, fiz Florean ser sequestrado, com o objetivo de que ele fosse encontrado por Harry e seus amigos. O problema foi que quando eu fui escrever as partes mais importantes de As Relíquias da Morte, decidi que Fineus Nigellus Black era um meio muito mais satisfatório de dar pistas. As informações de Florean sobre o Diadema 217


também me pareceram redundantes, já que eu podia dar ao leitor tudo o que ele ou ela precisava ao entrevistar a Mulher Cinzenta. No fim, eu acabei o sequestrando e o matando sem motivo. Ele não foi o primeiro bruxo a ser morto por Voldemort porque sabia demais (ou muito pouco), mas ele é o único que me deixa culpada, porque a culpa foi toda minha.

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CALDEIRÕES

Caldeirões já foram usados tanto por trouxas quanto por bruxos como recipientes para cozinhar, grandes e de metal, que podem ser suspensos sobre o fogo. Em tempo, pessoas mágicas e não-mágicas passaram a usar fogões; panelas passaram a ser mais convenientes e caldeirões passaram a ser de domínio unicamente dos bruxos e bruxas, que continuaram a preparar poções neles. Uma chama viva é essencial para o preparo de poções, o que faz o caldeirão o recipiente mais prático de todos. Todos os caldeirões são encantados para ficarem mais leves de se carregar, já que são mais comumente feitos de chumbo ou ferro. Invenções modernas incluem variedades de caldeirão como o auto-mexível e o desmontável, e recipientes de metais preciosos também estão disponíveis para o especialista ou aquele que quer aparecer.

Caldeirões tiveram uma associação mágica por séculos. Eles aparecem por centenas de anos em imagens de bruxas e também são onde os leprechauns supostamente guardam seus tesouros. Muitos contos do folclore e de fadas mencionam caldeirões com poderes especiais, mas nos livros de Harry Potter eles são uma ferramenta até que mundana. Eu cheguei a considerar em fazer a relíquia de Helga Hufflepuff um caldeirão, mas havia algo meio cômico e incongruente em fazer uma horcrux tão grande e pesada; eu queria que os 219


objetos que Harry tinha que achar fossem menores e mais fáceis de carregar. Entretanto, um caldeirão aparece nas quatro joias míticas da Irlanda (seu poder mágico era que ninguém fosse embora insatisfeito) e na lenda dos Treze Tesouros da Grã-Bretanha (o caldeirão de Dyrnwch, o gigante, cozinharia carne para os homens corajosos, mas não para os covardes).

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POÇÕES

É comum o questionamento se um trouxa conseguiria criar uma poção, se tivesse um livro de Poções e os ingredientes certos. A resposta, infelizmente, é não. Sempre é necessário algum elemento de trabalho com a varinha para preparar uma poção (adicionar meramente moscas mortas e asfódelo em uma panela sobre o fogo não vai te dar nada que não uma sopa com gosto desagradável, além de venenosa). Algumas poções produzem os efeitos de feitiços e encantamentos, mas algumas outras (por exemplo, a Poção Polissuco e a Felix Felicis) têm efeitos impossíveis de se alcançar de outra forma. De um modo geral, bruxos e bruxas escolhem o método que consideram mais fácil, ou mais satisfatório, para produzir o fim desejado. Poções não são para os impacientes, mas seus efeitos são difíceis de reverter por qualquer um que não um preparador de poções habilidoso. Esse ramo da magia carrega certo ar místico e, por conseguinte, status. Também tem o diferencial sombrio de manipulação de substâncias que são altamente perigosas. A ideia popular de um expert em poções na comunidade bruxa é a de alguém com personalidade contemplativa e controlada: Snape, na verdade, se encaixa perfeitamente no estereótipo.

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Química era a matéria que eu menos gostava na escola e eu a larguei assim que pude. Naturalmente, quando eu estava tentando decidir qual a matéria que o arqui-inimigo de Harry, Severo Snape, deveria ensinar, tinha que ser um equivalente bruxo. Isso torna estranho o fato de que eu acho a introdução da matéria por Snape bem interessante (“Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glórias, até a zumbificar…”), aparentemente parte de mim acha Poções tão interessante quanto Snape acha; e eu sempre me diverti criando poções nos livros e procurando ingredientes para elas. Muitos dos componentes dos vários preparos e libações que Harry tem que criar para Snape existem (ou já se acreditou que existiam) e tem (ou já se acreditou que tinham) as propriedades que eu dei a eles. Por exemplo, ditamno realmente tem propriedades de cura (e é um anti-inflamatório, mas eu não recomendaria que você se estrunchasse para testá-lo); um bezoar realmente é uma massa retirada do intestino de um animal, e já se acreditou que beber a água onde foi depositado um bezoar poderia curá-lo de envenenamento.

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VAMPIROS

Apesar dos vampiros existirem no mundo de Harry Potter, como mostrado pela literatura que Harry e seus amigos estudam em Defesa Contra as Artes das Trevas, eles não tem nenhum papel significativo na história. O mito do vampiro é tão rico, e tem sido explorado tantas vezes na literatura e nos filmes, que eu senti que tinha pouco que eu pudesse acrescentar a tradição. Em todo caso, o vampirismo é uma tradição do Leste Europeu, e na maioria das vezes eu tentava extrair da mitologia e folclore britânico, quando estava criando adversários para Harry. Além de menções, o único vampiro que Harry encontrou nos livros foi o Sanguini em Harry Potter e o Enigma do Príncipe, que faz uma aparição levemente cômica. Olhando para meus primeiros cadernos, no entanto, eu encontrei que na minha primeira lista de personagens, tinha um professor vampiro que eu esqueci chamado “Trocar”. Um Trocar (em português trocarte) é um objeto cirúrgico pontiagudo inserido em artérias ou cavidades para extrair fluídos corporais, então eu acho que seria um bom nome para um vampiro. Evidentemente eu não pensei muito nele como um personagem, já que ele desapareceu das minhas anotações bem cedo. Por um longo tempo houve o persistente rumor de fãs que Snape poderia ser um vampiro. Enquanto é verdade que ele tem uma palidez doentia, e algumas vezes é descrito como um grande morcego em sua capa preta, ele nunca realmente virou um morcego, nós vemos ele fora do castelo de dia, e corpos com marcas de perfuração no pescoço não aparecem em Hogwarts. Em resumo, Snape não é um Trocar reformulado. 223


INFERI

Um Inferius (plural: Inferi) é um cadáver que foi reanimado pela maldição de um bruxo das Trevas. Ele se torna um fantoche macabro e pode ser usado como um servo dispensável pelo bruxo das Trevas em questão. O sinal mais óbvio de que se está frente a um Inferius, em vez de um humano vivo, são os olhos brancos e anuviados. Os feitiços usados para reanimar um corpo humano são muito mais complexos do que aqueles usados, por exemplo, para fazer objetos inanimados voarem. O Inferius pode ser amaldiçoado para reagir letalmente se perturbado, para matar indiscriminadamente e realizar tarefas perigosas para seu mestre. Suas limitações são, entretanto, óbvias; ele não tem vontade e nem cérebro próprios e não será capaz de encontrar soluções para se livrar de problemas inesperados. Como um guardião ou guerreiro sem preocupação com a própria segurança, no entanto, ele tem muitos usos. Os Inferis que Harry e Dumbledore encontraram nas profundezas do lago em Harry Potter e o Enigma do Príncipe eram, quando vivos, em sua maioria, trouxas mendigos e sem teto que Voldemort matara para esse propósito durante sua primeira ascensão ao poder, embora alguns fossem os restos mortais de bruxos e bruxas que haviam “desaparecido” sem explicação. Preservados indefinidamente por Magia Negra, um Inferius só pode ser destruído por fogo, já que nenhum feitiço foi encontrado para tornar carne morta à prova de fogo. Inferi são, portanto, encantados por seu mestre para 224


evitar chamas.

Inferi têm muito em comum com zumbis, que são mencionados como criaturas separadas no mundo de Harry. Tive muitas boas razões para não querer chamar os guardiões do medalhão horcrux de “zumbis”. Em primeiro lugar, zumbis não são parte do folclore britânico, e sim estão associados aos mitos do Haiti e de partes da África. Mesmo que os estudantes de Hogwarts aprendam sobre eles, não esperariam encontrá-los andando pelas ruas de Hogsmeade. Em segundo lugar, embora os zumbis da tradição Vodu não possam ser nada além de cadáveres reanimados, uma tradição separada, mas relacionada, diz que o feiticeiro usa suas almas, ou uma parte de suas almas, para sustentar-se. Isso entrava em conflito com a minha história de horcrux, e eu não queria sugerir que Voldemort havia tido qualquer outro uso para seus Inferi do que guardar sua horcrux. Por último, zumbis foram representados e reinterpretados em filmes com tanta frequência nos últimos cinquenta anos que tiveram todo um conjunto de associações que eram inúteis para mim. Sou parte da geração “Thriller”; para mim, um zumbi vai sempre significar Michael Jackson em uma jaqueta vermelha brilhante. O nome Inferius foi uma brincadeira com “Inferus”, que em Latim significa “abaixo de”, mas com uma óbvia conotação de ser “menos” do que um ser humano vivo. “Inferi” significa o mundo subterrâneo.

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DRACO MALFOY

Aniversário: 5 de junho. Varinha: espinheiro e pelo de unicórnio, 25 centímetros, flexível. Casa em Hogwarts: Sonserina. Filiação: mãe bruxa, pai bruxo. Draco Malfoy cresceu como filho único na Mansão Malfoy, o magnífico casarão em Wiltshire que havia pertencido à sua família por vários séculos. Desde suas primeiras palavras, foi-lhe ensinado que ele era triplamente especial: em primeiro lugar, como bruxo; em segundo, como sangue-puro; e, por fim, como membro da família Malfoy. Draco foi criado em uma atmosfera de remorso pelo fracasso do Lorde das Trevas em dominar a comunidade bruxa; no entanto, ele era prudentemente lembrado de não comentar tais sentimentos fora do seleto círculo de família e amigos, “ou o papai pode se encrencar”. Na infância, Draco se associava principalmente com os filhos sangue-puro dos colegas ex-Comensais de seu pai. Por isso, ele chegou a Hogwarts já com um pequeno grupo de amigos, que incluía Teodoro Nott e Vicente Crabbe. Como qualquer criança da idade de Harry Potter, Draco ouvira histórias sobre O Garoto Que Sobreviveu enquanto crescia. Ao longo dos anos, muitas teorias tinham entrado e saído de circulação sobre como Harry sobrevivera ao que deveria ter sido um ataque letal, e uma das mais persistentes era a de que o próprio Harry era um grande bruxo das trevas. O fato de que 226


ele havia sido removido da comunidade bruxa parecia (aos mais sonhadores) complementar este ponto de vista, e o pai de Draco, o ardiloso Lúcio Malfoy, era um dos que apoiava fervorosamente a teoria. Era reconfortante pensar que ele, Lúcio, poderia ter uma segunda chance de dominar o mundo, caso este garoto Potter se provasse um novo – e melhor – campeão para os sangues-puros. Foi por isso que, sabendo que não estava fazendo nada que seu pai desaprovaria (e com esperança de trazer alguma novidade interessante para casa), Draco Malfoy ofereceu a Harry Potter um aperto de mão quando percebeu quem ele era no Expresso Hogwarts. A recusa de Harry à proposta de Draco e o fato de que ele já havia formado uma aliança com Rony Weasley, cuja família era considerada uma aberração pelos Malfoy, virou Draco contra Harry de imediato. Malfoy percebeu, corretamente, que as loucas especulações dos ex-Comensais, de que Harry Potter era o novo e melhorado Voldemort, eram completamente infundadas, e sua mútua animosidade se concretizou naquele momento. Muito do comportamento de Draco na escola era moldado a partir da pessoa mais impressionante que ele conhecia – seu pai – e ele religiosamente copiava o tratamento frio e desdenhoso de Lúcio com todos aqueles fora de seu círculo fechado. Tendo recrutado um segundo seguidor no trem para a escola (Crabbe já ocupava a posição antes de entrarem em Hogwarts), Malfoy, que fisicamente não impunha medo, usou Crabbe e Goyle como uma combinação de escudeiros e guarda-costas ao longo de seus seis anos letivos. Os sentimentos de Draco em relação a Harry sempre foram baseados, em sua maioria, na inveja. Mesmo jamais tendo buscado a fama, Harry era sem dúvidas a pessoa mais comentada e admirada da escola, e isso naturalmente mexia com um garoto que havia crescido acreditando que ocupava uma posição de quase realeza na comunidade bruxa. Além disso, Harry era mais talentoso voando com uma vassoura, habilidade na qual Malfoy tinha certeza de que ia superar os outros calouros. O fato de que o Mestre de Poções, Snape, apadrinhara Malfoy e detestava Harry era apenas um fraco consolo. Draco utilizou-se de diversas táticas sujas em sua eterna tentativa de irritar Harry, ou desacreditá-lo diante dos outros, incluindo (mas não limitando-se a) contar mentiras sobre ele para a mídia, produzir broches ofensivos para usar contra ele, tentar amaldiçoá-lo por trás e fantasiar-se de um dos Dementadores (aos quais Harry havia se mostrado particularmente vulnerável). Entretanto, Malfoy teve seus próprios momentos de humilhação nas mãos de Harry, obviamente no campo de Quadribol, e a inesquecível vergonha de ser transfigurado em uma doninha saltitante por um professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. 227


Enquanto muitos pensavam que Harry Potter, que assistira ao renascimento do Lorde das Trevas, era um mentiroso, Draco Malfoy era um dos poucos que sabia que Harry dizia a verdade. Seu próprio pai sentira sua Marca Negra queimar e voara ao reencontro do Lorde das Trevas, testemunhando o duelo no cemitério entre Harry e Voldemort. As discussões acerca destes eventos na Mansão Malfoy provocaram sensações conflitantes em Draco Malfoy. Por um lado, ele vibrava com o segredo do retorno de Voldemort e daquela que seu pai sempre descreveu como “a era dourada da família”. Por outro, os sussurros sobre como Harry tinha, uma vez mais, escapado das tentativas do Lorde das Trevas de matá-lo causavam novas pontadas de raiva e inveja. Mesmo que os Comensais da Morte detestassem Harry como obstáculo e símbolo, ele era considerado seriamente como adversário, enquanto Draco ainda era visto como um garoto colegial pelos Comensais que se encontravam na casa de seus pais. Ainda que estivessem em lados opostos da batalha iminente, Draco invejava o status de Harry. Ele se animava ao pensar no triunfo de Voldemort, vendo sua família sendo honrada em um novo regime, e ele próprio celebrado em Hogwarts como o importante filho do braço-direito de Voldemort. A vida escolar de Draco levou uma guinada brusca em seu quinto ano. Apesar de estar proibido de discutir em Hogwarts o que ouvira em casa, Draco sentia prazer em pequenos triunfos: ele era Monitor (e Harry não) e Dolores Umbridge, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, parecia odiar Harry tanto quanto ele. Ele tornou-se membro da Brigada Inquisitorial de Umbridge e fez de seu principal objetivo descobrir o que Harry e um grupo de alunos suspeitos estavam tramando, enquanto eles formavam e treinavam, em segredo, uma organização secreta, a Armada de Dumbledore. Porém, no exato momento de sua vitória, quando Draco havia encurralado Harry e seus colegas e tudo indicava que seria expulso por Umbridge, Harry escapou mais uma vez. Pior ainda, Harry conseguiu frustrar a tentativa de Lúcio Malfoy de matá-lo, e o pai de Draco foi capturado e mandado para Azkaban. O mundo de Draco havia entrado em colapso. De um lugar em que acreditava ser o ápice da autoridade e prestígio, seu pai foi tirado da casa de sua família e aprisionado, longe, na aterrorizante prisão bruxa guardada por Dementadores. Lúcio fora o exemplo e herói de Draco desde seu nascimento. Agora, ele e sua mãe eram párias entre os Comensais da Morte; Lúcio era um fracasso e estava desacreditado nos olhares do furioso Lord Voldemort. A existência de Draco havia sido super protegida até este momento; ele tinha sido um garoto privilegiado com pouco a incomodá-lo, tinha certeza de seu status do mundo e sua cabeça era cheia de preocupações fúteis. Agora, 228


com seu pai ausente e sua mãe indefesa e assustada, ele precisava assumir as responsabilidades de um homem. O pior estava por vir. Voldemort, buscando punir Lúcio Malfoy ainda mais pela falha na captura de Harry, exigiu que Draco completasse uma tarefa tão difícil que ele quase certamente fracassaria – e pagaria com sua vida. Draco deveria assassinar Alvo Dumbledore; como, Voldemort não se preocupou em dizer. Draco seria deixado à sua própria iniciativa e Narcisa adivinhou – corretamente – que seu filho havia entrado na armadilha de um bruxo desprovido de misericórdia e que não aceitava fracassos. Furioso com o mundo, que de súbito parecia ter se virado contra seu pai, Draco aceitou sua integração total aos Comensais da Morte e aceitou efetuar o assassinato que Voldermort ordenara. Neste estágio inicial, sedento por vingança e buscando melhorar a imagem de seu pai para Voldemort, Draco mal compreendia a tarefa que lhe havia sido designada. Tudo o que sabia era que Dumbledore representava tudo que seu pai aprisionado odiava; Draco conseguiu muito facilmente se convencer que ele também achava que o mundo seria um lugar melhor sem o Diretor de Hogwarts, que parecia sempre acolher e reanimar qualquer oposição a Voldemort. Servindo como um Comensal da Morte de verdade, Draco partiu para Hogwarts com um sentimento latejante de propósito. Gradualmente, entretanto, enquanto descobria que sua tarefa era muito mais difícil do que previra, e depois que ele quase matara duas outras pessoas no lugar de Dumbledore, a garra de Draco começou a fraquejar. Com a ameaça a ele e sua família nos ombros, ele começou a sucumbir à pressão. As ideias que Draco tinha de si mesmo e de seu lugar no mundo se desintegravam. Por toda a sua vida, ele endeusara um pai que militava pela violência e não tinha medo de usá-la, e agora que seu filho descobrira em si próprio um desgosto pelo assassinato, ele acreditava que era um fracasso vergonhoso. De tal forma que ele não conseguia se libertar de seus pensamentos: ele recusou diversas vezes a ajuda de Severo Snape, apenas por temer que Snape tentaria roubar-lhe a “glória”. Voldemort and Snape subestimaram Draco. Ele se provou um adepto da Oclumência (a arte mágica de repelir tentativas de leitura da mente), que foi essencial para o trabalho obscuro que havia assumido. Depois de duas investidas desastrosas contra a vida de Dumbledore, Draco teve sucesso em seu plano engenhoso de trazer um grupo inteiro de Comensais da Morte para Hogwarts, o que resultou, de fato, na morte de Dumbledore – mesmo que não pelas mãos de Draco.

Mesmo quando se viu cara-a-cara com um Dumbledore fraco e de229


sarmado, Draco não pôde executar o golpe de misericórdia porque, apesar de tudo, ele se sentiu tocado pela bondade e compaixão de Dumbledore para com seu assassino em potencial. Snape eventualmente deu cobertura à Draco, mentindo para Voldemort sobre Draco ter abaixado sua varinha antes de sua chegada à Torre de Astronomia; Snape enfatizou a habilidade de Draco ao introduzir os Comensais na escola e encurralar Dumbledore para que ele, Snape, o matasse. Quando Lúcio foi solto de Azkaban pouco tempo depois, a família foi permitida de voltar à Mansão Malfoy com vida. Contudo, eles estavam agora completamente desacreditados. Dos sonhos de pertencer ao mais alto status no novo regime de Voldemort, os Malfoys se encontravam na última casta de Comensais da Morte; elos fracos e fracassados, a quem Voldemort se dirigia com desprezo e ridicularização. A personalidade mudada, porém confusa, de Draco se revelou em suas ações no restante da guerra entre Voldemort e aqueles que o tentavam deter. Ainda que Draco não tivesse se livrado da esperança de levar a família de volta à sua posição privilegiada, sua inconveniente consciência o levou a tentar – a contra-gosto, talvez, mas discutivelmente da melhor forma que pôde dadas as circunstâncias – salvar Harry de Voldemort quando o garoto foi capturado e levado à Mansão Malfoy. Durante a última batalha de Hogwarts, no entanto, Malfoy fez mais uma tentativa de capturar Harry e, com isso, salvar o prestígio de seus pais (e possivelmente suas vidas). Se ele conseguiria de fato entregar Harry, isto é outra discussão; eu suspeito que, assim como sua tentativa de assassinar Dumbledore, ele teria achado a realidade de tirar a vida de outra pessoa muito mais difícil na prática do que na teoria. Draco sobreviveu à invasão de Voldemort à Hogwarts porque Harry e Rony salvaram sua vida. Depois da batalha, seu pai resistiu à prisão ao apresentar provas contra colegas Comensais da Morte, ajudando na captura de muitos dos seguidores de Voldemort que haviam fugido. Os eventos do fim da adolescência de Draco mudaram sua vida para sempre. Ele teve as crenças com as quais cresceu desafiadas da forma mais aterrorizante possível: ele experimentou horror e desespero, viu seus pais sofrerem por suas alianças, e testemunhou o declínio de tudo em que sua família acreditava. As pessoas que Draco foi criado para (ou aprendeu a) odiar, como Dumbledore, ofereceram-lhe auxílio e bondade, e Harry Potter lhe deu sua vida. Depois dos eventos da segunda guerra bruxa, Lúcio encontrou seu filho carinhoso como sempre, mas com a recusa de seguir a mesma velha linha sangue-puro. 230


Draco se casou com a irmã mais nova de um colega Sonserina. Astoria Greengrass, que passara por uma conversão similar (ainda que menos violenta e assustadora) de ideais sangue-puro para uma visão de vida mais tolerante, foi recebida como nora por Narcisa e Lúcio com certo desapontamento. Eles tinham esperanças sobre uma garota cuja família pertencia aos “Sagrados Vinte e Oito”, mas, como Astoria se recusava a criar seu neto Escórpio na crença de que trouxas eram escória, as reuniões de família era frequentemente carregadas de tensão.

Quando a série começa, Draco é, em quase todos os momentos, o arquétipo valentão. Com a crença inquestionável em seu status superior, que absorveu de seus pais sangues-puros, ele inicialmente oferece amizade a Harry já assumindo que a oferta foi feita apenas para ser aceita. A riqueza de sua família contrasta com a pobreza dos Weasley; isso também é uma fonte de orgulho para Draco, mesmo que os registros sanguíneos dos Weasley sejam indênticos aos dele próprio. Todo mundo reconhece Draco porque todo mundo já conheceu alguém como ele. Esse tipo de pessoa que acredita em sua própria superioridade pode ser irritante, risível ou intimidante, dependendo da circunstância em que se conhece a pessoa. Draco é bem-sucedido provocando Harry, Rony e Hermione de vez em quando. Meu editor britânico questionou o fato de Draco ser tão talentoso em Oclumência, o que Harry (com toda a sua habilidade produzindo um Patrono tão jovem) nunca dominou. Argumentei que era perfeitamente consistente com a personalidade de Draco que ele achasse fácil desligar emoções, colocar em compartimentos e negar partes essenciais de si mesmo. Dumbledore diz a Harry no final de Ordem da Fênix que é uma parte essencial de sua humanidade conseguir sentir tanta dor; com Draco, tentei mostrar que a negação da dor e a supressão de conflitos internos podem apenas levar à uma pessoa prejudicada (que é muito mais suscetível a prejudicar outras pessoas). Draco nunca percebe que se torna, para a melhor parte de um ano, o verdadeiro dono da Varinha das Varinhas. É dessa forma que ele não percebe, em parte porque o Lorde das Trevas é habilidoso em Legilimência e teria matado Draco em um piscar de olhos se tivesse um traço da verdade, mas também porque, não obstante sua consciência latente, Draco permanece sendo vítima de todas as tentações que foi ensinado a admirar – entre eles a violência e o poder. 231


Tenho dó de Draco, assim como sinto pena de Duda. Ser criado tanto pelos Malfoy quanto pelos Dursley seria uma experiência muito prejudicial, e Draco passa por provações terríveis como resultado direto dos princípios equivocados de sua família. Entretanto, os Malfoy têm uma salvação: eles se amam. Draco é motivado o bastante pelo medo de que alguma coisa aconteça com seus pais ou consigo mesmo, enquanto Narcisa arrisca tudo ao mentir para Voldemort no final de Relíquias da Morte, dizendo para ele que Harry está morto só para poder chegar até seu filho. Por tudo isso, Draco permanece uma pessoa de moralidade dúbia nos sete livros publicados, e já tive motivos o bastante para observar o quão nervosa fiquei com o tanto de garotas que se apaixonaram por esse personagem em particular (embora eu não desconte o encanto de Tom Felton, que interpreta Draco brilhantemente nos filmes e, ironicamente, é talvez a pessoa mais legal que já conheci). Draco tem todo o glamour obscuro do anti-herói; garotas são muito aptas a romantizar tais pessoas. Tudo isso me deixou com a desagradável posição de despejar o gélido senso comum nos devaneios das leitoras ardentes ao dizer a elas, por vezes de forma severa, que Draco não estava escondendo um coração de ouro sob todo aquele sarcasmo e preconceito e que não, ele e Harry não estavam destinados a terminar como melhores amigos. Imagino que Draco cresceu para conduzir uma versão modificada da existência de seu pai; independentemente rico, sem nenhuma necessidade de trabalhar, Draco habita a Mansão Malfoy com sua esposa e filho. Vejo em seus hobbies mais confirmações de sua natureza dupla. A coleção de artefatos das trevas remonta a história da família, mesmo que ele os mantenha em caixas de vidro e não os use. Entretanto, seu estranho interesse em manuscritos de Alquimia, a partir dos quais ele nunca tenta fazer uma Pedra Filosofal, aponta para um desejo de algo diferente de riqueza, talvez até o desejo de ser um homem melhor. Tenho expectativas altas de que ele criará Scorpio para ser um Malfoy muito mais amável e tolerante do que ele era em sua própria juventude. Draco teve muitos sobrenomes antes de eu escolher “Malfoy”. Por muitas vezes nos primeiros rascunhos ele é Smart, Spinks ou Spungen. Seu nome de batismo vem de uma constelação – o dragão – e o núcleo de sua varinha é de unicórnio, ainda. Isso foi simbólico. Existe, afinal – e sob o risco de re-acender fantasias insalubres – alguma bondade inextinguível no coração de Draco.

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ORDEM DE MERLIN

A Ordem de Merlin é um prêmio dado para bruxas e bruxos que realizaram grandes feitos para o mundo bruxo. Existem três níveis para o prêmio: Primeira Classe, Segunda Classe e Terceira Classe. A Ordem de Merlin (algumas vezes abreviada para O.M) é premiada pelo Wizengamot, uma organização que é mais antiga que o Ministério da Magia e, nos dias atuais, funciona como uma combinação de tribunal e parlamento. A Ordem inclui uma linda medalha dourada em uma fita verde (Primeira Classe), roxa (Segunda Classe) ou branca (Terceira Classe). A Ordem de Merlin, celebrando o bruxo mais famoso de seu tempo, tem sido dada desde o século XV. Lendas dizem que a fita verde, a qual a Primeira Classe usa, é para refletir a cor da casa de Merlin em Hogwarts. A Primeira Classe da Ordem é premiada “pelos atos de extraordinária bravura ou distinção” na magia, a Segunda Classe é premiada por “conquista ou esforço além do comum” e a Terceira Classe é dada para aqueles que “fizeram uma contribuição para nosso estoque de conhecimento ou entretenimento.” Como frequentemente acontece com tão cobiçados prêmios, os favoritos do Ministro da Magia que parecem receber a Ordem de Merlin, especialmente as classes mais altas, e mais frequentemente do que alguém esperaria. Enquanto ninguém discutiu quando Alvo Dumbledore recebeu a sua O.M. (Primeira Classe) por derrotar o bruxo das trevas Grindelwald, tiveram 233


muitos sussurros na comunidade bruxa quando Cornélio Fudge, Ministro da Magia, premiou a si mesmo uma O.M. (Primeira Classe) por uma carreira que muitos consideram menos que notável. Outro receptor menos digno para a mais alta classe da ordem inclui Arturo Black, o avô de Sirius Black, que acreditasse amplamente ter comprado o prêmio emprestando ao Ministro uma grande quantidade de ouro.

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CELESTINA WARBECK

Nascimento: 18 de agosto. Varinha: lariço, pena de fênix, 26 centímetros, flexível. Casa de Hogwarts: Grifinória. Habilidades especiais: habilidade de abafar um coro de Banshees, cozinhar extravagantemente e sapateado. Linhagem: pai bruxo, mãe trouxa. Família: se casou três vezes; um filho. Hobbies: viajar com estilo fabuloso, criar Crupes, relaxar em qualquer uma de suas oito casas. A sensação musical internacionalmente aclamada Celestina Warbeck (também conhecida como “A Cantora Feiticeira”) vem de Gales. Seu pai, um funcionário da Seção de Ligação com os trouxas, conheceu sua mãe trouxa (uma atriz falida) quando esta foi atacada por uma Mortalha-Viva disfarçado como uma cortina de palco. A extraordinária voz de Celestina era evidente desde cedo. Decepcionada ao saber que não havia nada como um palco para apresentações na escola de magia, a senhora Warbeck relutantemente consentiu com a inscrição de sua filha em Hogwarts, mas posteriormente bombardeou a escola com cartas que incentivavam a criação de um coral, um clube de teatro e aulas de dança para poder mostrar os talentos da filha. 235


Aparecendo com frequência em um coro de apoio a Banshees, os concertos de Celestina se tornaram justamente famosos. Três fãs devotos estiveram envolvidos em um desagradável acidente em que três vassouras engavetaram sobre Liverpool enquanto estes tentavam chegar à última noite de sua turnê, “Flighty Aphrodite”. Seus ingressos aparecem frequentemente no mercado negro a preços muito inflacionados (uma das razões pela qual Molly Weasley nunca viu sua cantora favorita ao vivo). Celestina tem, por vezes, emprestado seu nome e talento para boas causas, como a angariação de fundos ao Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos com a gravação do hino do União de Puddlemere “Beat black thoses bludgers, boys, and chuck that quaffle here“. Mais controversamente, Celestina também usou sua voz em prol de sua discordância contra o Ministério da Magia quando este tentou impor restrições sobre a forma como a comunidade bruxa foi autorizada a comemorar o Halloween. Algumas das músicas mais conhecidas de Celestina incluem “Heart right out of me” e “A cauldron full of hot, strong love“. Seus fãs são pessoas geralmente mais velhas, que gostam de seu estilo arrogante e de sua voz poderosa. O álbum “You stole my cauldron but you can’t have my heart“, lançado no final do século 20, foi um enorme sucesso mundial. A vida pessoal de Celestina tem fornecido muita forragem para colunas de fofocas do Profeta Diário. Um casamento precoce com um dançarino de apoio durou apenas um ano; Celestina então se casou com seu empresário, com quem teve um filho, e então o deixou e entrou num relacionamento com o compositor Irving Warble dez anos depois.

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FEITIÇOS DE EXTENSÃO

As malas de Hogwarts, assim como a maioria das bagagens bruxas, são feitas com encantamentos para aumentar ou expandir a capacidade. Esses feitiços não apenas aumentam as dimensões interiores dos objetos, como deixam as dimensões exteriores inalteradas e deixam o conteúdo mais leve. O Encantamento de Extensão (“Capacious Extremis!”) é avançado, mas submetido a um controle rigoroso, por causa de seu potencial uso inadequado. Teoricamente, uma centena de bruxos poderiam residir em um cubículo de um banheiro se eles fossem suficientemente hábeis nesse feitiço; o potencial para infrações do Estatuto Internacional de Sigilo é óbvio. O Ministério da Magia, portanto, decretou uma regra severa que encantamentos de capacidade não são para uso privado, apenas para a produção de objetos (como malas para escola e barracas familiares), os quais foram individualmente aprovados para serem manufaturados pelo devido departamento do Ministério. Ambos Sr. Weasley e Hermione Granger estavam agindo fora da lei quando encantaram, respectivamente, o interior do Ford Anglia e uma pequena bolsa de mão. O primeiro acredita-se que agora está vivendo selvagemente na Floresta Proibida em Hogwarts, e como o segundo não foi insignificante na derrota do maior bruxo das trevas de todos os tempos, nenhuma acusação foi feita.

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ALQUIMIA

Já acreditou-se que a alquimia (a busca pela Pedra Filosofal, a qual transformaria qualquer metal comum em ouro e daria ao seu dono a juventude eterna) fosse real e possível. Entretanto, a busca central da alquimia pode ser mais complexa, e menos materialista do que parece em um primeiro olhar. Uma interpretação das “instruções” deixadas pelos alquimistas é que elas são símbolos de uma jornada espiritual, levando o alquimista da ignorância (o metal comum) para o esclarecimento (ouro). Aparentemente houve um elemento místico para o trabalho que os alquimistas estavam engajados que separou a alquimia da química (da qual foi sem dúvida tanto descendente quanto precursora). As cores vermelha e branca são mencionadas várias vezes em textos antigos de alquimia. Uma interpretação é de que elas, assim como metal comum e ouro, representam dois lados diferentes da natureza humana que devem ser reconciliadas. Essa foi a inspiração para os nomes de Rúbeo (vermelho) Hagrid e Alvo (branco) Dumbledore. Esses dois homens, ambos imensamente importantes para Harry, parecem para mim representar dois lado de uma figura paterna ideal que Harry procura; o primeiro é afetuoso, prático e selvagem, enquanto o segundo é impressionante, intelectual e de certa forma imparcial. Embora existam livros sobre alquimia na biblioteca de Hogwarts, e eu sempre imaginei que seria estudado por alunos muito inteligentes em seus 239


sextos e sĂŠtimos anos, Hermione ignora a oportunidade de forma muito inusitada. Talvez ela sinta (como Harry e Rony certamente fazem) que, longe de desejar fazer uma outra Pedra Filosofal, eles ficariam felizes por nunca mais verem outra em suas vidas.

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ESPADA DE GRYFFINDOR

A espada de Gryffindor foi feita há um milênio por duendes, os ferreiros mais habilidosos do mundo bruxo, e é portanto encantada. Moldada a partir de prata pura, é cravejada por rubis, a pedra que representa a Grifinória na ampulheta que conta os pontos das casas em Hogwarts. O nome de Godric Gryffindor está gravado logo abaixo do punho. A espada foi feita de acordo com as especificações de Godric Gryffindor por Ragnuk, o Primeiro, o mais refinado dos duendes ferreiros, e portanto Rei (na cultura dos duendes, o governante não trabalha mais que os outros, mas de forma mais habilidosa). Quando ela foi finalizada, Ragnuk a cobiçou tanto que ele fingiu que Gryffindor a havia roubado dele, e enviou subordinados para roubá-la de volta. Gryffindor se defendeu com sua varinha, mas não matou os atacantes. Ao invés disso, ele os enviou de volta para o seu Rei enfeitiçados, para entregarem a ameaça de que se ele tentasse roubar Gryffindor novamente, o bruxo iria desembainhar a espada contra todos eles. O rei duende levou a ameaça a sério e deixou Gryffindor em posse de sua devida propriedade, mas continuou ressentido até sua morte. Essa foi a base para a falsa lenda do roubo feito por Gryffindor que persiste em algumas partes da comunidade de duendes, até hoje. A pergunta do porquê um bruxo precisaria de uma espada, embora perguntada frequentemente, é facilmente respondida. Nos dias antes do Estatuto Internacional de Sigilo, quando bruxos se misturavam livremente com 241


trouxas, eles usavam espadas para se defender com a mesma frequência com que usavam suas varinhas. Na verdade, era considerado anti-esportivo usar uma varinha contra uma espada trouxa (o que não quer dizer que nunca foi feito). Muitos bruxos talentosos também eram ótimos duelistas no sentido convencional, inclusive Gryffindor. Houve muitas espadas encantadas no folclore. A Espada de Nuadu, parte dos quadro tesouros lendários de Tuatha Dé Danann, era invencível quando desembainhada. A espada de Gryffindor deve algo para a lenda de Excalibur, a espada do Rei Arthur, que em algumas lendas deve ser retirada da pedra pelo devido rei. A ideia de aptidão para carregar a espada ecoa no retorno da espada de Gryffindor para membros merecedores da casa do seu verdadeiro dono. Muito como uma varinha mágica, a espada de Gryffindor parece ser quase consciente, respondendo aos apelos por ajuda dos sucessores escolhidos de Gryffindor; e, assim como uma varinha, parte de sua magia é absorver aquilo que a fortalece, o que pode posteriormente ser usado contra inimigos. Há uma grande alusão a Excalibur emergindo do lago quando Harry precisa mergulhar em um congelado na floresta para recuperar a espada em Relíquias da Morte (apesar da localização da espada ter sido na verdade devido a um rancoroso impulso por parte de Snape), já que em outras versões da lenda, Excalibur foi dada para Arthur pela Dama do Lago, e foi devolvida para o lago quando ele morreu. Dentro do mundo mágico, posse física não é necessariamente garantia de propriedade. Esse conceito é aplicado para as três relíquias da morte e também para a espada de Gryffindor.

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12 de Abril de 2014

CERIMÔNIA DE ABERTURA DESASTROSA LEVA A PERGUNTAS SOBRE A SEGURANÇA DA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL Da correspondente de Quadribol do Profeta Diário no deserto patagônico, Gina Potter. Nenhuma Goles atirada, nenhum pomo recuperado, mas a 427ª Copa Mundial de Quadribol já está envolvida em controvérsias. Magizoologistas reuniram-se no deserto para conter a confusão, e curandeiros atenderam mais de 300 pessoas em estado de choque e apresentando ossos quebrados e mordidas. O Conselho Mágico Argentino tem se esquivado das acusações de que a decisão de produzir uma cerimônia de abertura com o tema mascotes foi tola e inconsequente. Nas semanas que precederam a abertura, um impressionante lago ornamental foi criado no meio do deserto para acomodar o Dukuwaqa (um metamorfo entre tubarão/homem), mascote do time da República de Fiji. Os organizadores declararam que as mascotes que representavam os outros times participantes da primeira semana de partidas fariam parte de uma coreografia, anunciada como "uma magnífica exibição da diversidade do mundo magizoológico". A cerimônia começou de maneira suave, com gênios fluviais da Costa do Marfim dançando em formação sobre a superfície do lago. Somente quando as mascotes fijianas e norueguesas foram soltas, o desastre começou. 244


A presidente do Conselho Mágico Argentino, Valentina Vázquez, publicou a seguinte declaração: "Estando preparados para a chegada do fijiano Dukuwaqa, fomos pegos de surpresa quando a delegação norueguesa anunciou que eles também precisariam de espaço no lago para uma serpente aquática gigante, a Selma. Nós supusemos que os noruegueses trariam sua usual tropa de trasgos performáticos. Não estamos cientes de nenhum estudo que já tenha sido feito sobre a compatibilidade entre Dukuwaqas e Selmas, então o Conselho Mágico não pode assumir responsabilidade pelas infelizes consequências de colocá-los próximos um do outro." Em entrevista exclusiva ao Profeta Diário, o Diretor Consultor Magizoologista Rolf Scamander discordou: "O Dukuwaqa vive em um oceano morno, e a Selma em um lago de água congelante. O primeiro é um metamorfo que pode se transformar de peixe em homem, o último é uma serpente que devora carne humana e peixes. Você precisaria ter o cérebro de um Gira-gira para não prever um imediato banho de sangue se ambos fossem espremidos juntos em uma água levemente aquecida e salgada." Um banho de sangue foi precisamente o que ocorreu quando os dois monstros foram soltos no lago mágico por tobogãs de cristal gigantes. Tratadores fijianos e noruegueses mergulharam nas águas ferventes para conter seus respectivos mascotes, mas seus esforços foram atrapalhados em grande parte pelos Curupiras do Brasil (pequenos habitantes da floresta de cabelos vermelhos, cujos pés são virados para trás e que defendem outras criaturas que eles sentem estarem ameaçadas pelos seres humanos). Evidentemente acreditando que os tratadores queriam machucar o Dukuwaqa e a Selma, os Curupiras atacaram. Com o pânico tomando conta do estádio e sangue agora correndo livremente das veias de humanos e criaturas, talvez seja compreensível que as mascotes nigerianas, os Sasabonsams (criaturas vampirescas, com as pernas como piões) tenham enlouquecido. Enquanto eles giravam descontroladamente entre a multidão e os organizadores, o rumor que o time haitiano havia trazido Inferi como mascotes se provou verdadeiro. A multidão se pisoteava enquanto os Inferi se moviam livremente pelo estádio, tentando capturar e devorar qualquer um que tropeçasse. Regulamentações sobre o tamanho e a natureza das mascotes tem sido motivo de debate entre os níveis mais altos do A CICQB (Confederação Internacional do Comitê de Quadribol Bruxo) há um longo tempo. Uma moção 245


para restringir as mascotes a criaturas "herbívoras, menores que uma vaca e que não cuspam fogo" foi derrotada por uma esmagadora maioria em 1995. Torcedores de Quadribol pelo mundo se opuseram a qualquer interferência sobre o que eles enxergam como uma parte tradicional e colorida da Copa do Mundo. Contudo, muitos acreditam que a competição entre os times para trazer a mascote mais intimidante passou dos limites. O gerente do time norueguês Arnulf Moe defendeu sua decisão de trazer a Selma, que ele disse representar a "determinação de aço e a ferocidade dos jogadores noruegueses", e alegou que o Dukuwaqa mordeu primeiro. Um público recorde foi transportado por 10.000 chaves de portal ao coração do deserto da Patagônia para o fim de semana de abertura do torneio, e enquanto o Conselho Argentino foi amplamente elogiado pela impecável organização do transporte, o número recorde de ferimentos sofridos antes que o primeiro apito soasse foi certamente um vexame para os organizadores. O primeiro jogo do torneio acontecerá amanhã: Noruega VS. Costa do Marfim. 13 de Abril de 2014

NORUEGA VS. COSTA DO MARFIM Noruega 340 – Costa do Marfim 100

Os dois grandes favoritos do torneio deste ano jogaram hoje, e a Noruega não teve trabalho para vencer uma Costa do Marfim que não fez o seu frequentemente impressionante melhor durante o jogo. Da última vez que as duas equipes se enfrentaram, o jogo durou cinco dias. Hoje, o apito final soou em pouco mais de duas horas. A determinação e a disciplina da Noruega eram impressionantes dado o nível de hostilidade dos torcedores, muitos dos quais ainda carregavam curativos em decorrência do comportamento do mascote norueguês ontem. A partida foi paralisada duas vezes quando seguranças bruxos entraram no campo para descobrir a origem de azarações lançadas contra o celebrado atacante norueguês Lars Lundekvam. A atacante marfiniana Elodie Dembélé, de apenas 18 anos, marcou sete dos dez gols da Costa do Marfim. A apanhadora norueguesa Sigrid Kristoffersen superou sua adversária Sylvian Boigny na corrida pelo pomo, agar246


rando-o aos 128 minutos. 14 de Maio de 2014

NIGÉRIA VS. FIJI

Nigéria 400 – Fiji 160 Tenha pena do apanhador fijiano Joseph Snuka enquanto ele tenta justificar a perda do seu lado por doloridos 400 – 160 nas mãos dos favoritos do torneio, os nigerianos. No início da partida, os batedores fijianos Quintia Qarase e Narinder Singh não tinham a ferocidade de Aliko Okoye e Mercy Ojukwu, seus concorrentes nigerianos. Os balaços causaram sérios danos aos artilheiros de Fiji, que conseguiram marcar apenas 10 pontos durante a primeira hora, comparado aos 40 da Nigéria. Para o desnorteamento dos comentadores, a fúria dos torcedores de Fiji e os zombos dos da Nigéria, o apanhador Snuka escolheu capturar o pomo no 141º minuto, quando seu time estava perdendo de 400-10. Enquanto há precedência para um apanhador escolher pegar o pomo se isso for minimizar a margem de derrota (a ocasião recente mais famosa do caso sendo a captura de Vítor Krum em 1994), o concorrente de Snuka, Samuel Equiano, estava há uma boa distância quando o fijiano resolveu pegar o pomo do ar. Snuka já foi anteriormente chamado de egoísta por seus colegas de time e as ações de hoje farão pouco para mudar sua reputação. O único comentário do técnico e treinador de Fiji, Hector Bolobolo, foi "Eu vou matá-lo."

Nigéria enfrentará o vencedor da partida entre Japão e Polônia.

15 de Maio de 2014

BRASIL VS. HAITI

Brasil 100 – Haiti desqualificado (90 + captura ilegal do pomo) Uma das regras mais antigas do Quadribol foi violada na partida do Haiti contra o Brasil, resultando na primeira desqualificação do torneio.

A goleira haitiana Lenelle Paraison (uma de apenas três goleiras voan247


do nesse torneio) foi forçada a justificar sua escalação de novo e de novo durante as horas iniciais do jogo enquanto os artilheiros brasileiros Diaz, Alonso e Flores fizeram nada menos do que trinta ataques aos arcos. Que eles marcaram apenas dez gols é prova da agilidade e coragem de Paraison. Seu nariz foi quebrado duas vezes durante os primeiros sessenta minutos, uma vez por um feroz balaço jogado erroneamente por seu próprio colega de time, o batedor Jean-Baptiste Bloncourt. No outro lado do campo, o artilheiro estrela do Haiti, Clairvius Hyppolite, foi responsável por 80 dos 90 pontos marcados. Apesar da estreita liderança do Brasil na quarta hora, muitos sentiam que o lado haitiano estava se saindo melhor do que o brasileiro, quando Bloncourt cometeu seu segundo erro devastador. O apanhador haitiano Seeker Sylvian Jolicoeur estava há centímetros de capturar o pomo quando foi acertado por outro balaço mal mirado de Bloncourt e desmaiou. O pomo então voou dentro da manga Bloncourt, um raro mas não desconhecido acidente. "Apenas o apanhador pode pegar o pomo e se qualquer outro jogador o fizer a punição será a derrota de seu time" é um princípio martelado em qualquer aluno ou aluna que joga Quadribol, mas Bloncourt pareceu ter perdido a cabeça a esse ponto, tirando o pomo de suas vestes e segurando-o triunfantemente, como se esse ato compensaria os erros que cometera. Haiti foi instantaneamente desqualificado. O apanhador haitiano Jolicoeur está se recuperando bem. O batedor está no momento se escondendo em algum lugar não divulgado. nha.

Brasil enfrentará o vencedor da partida entre País de Gales e Alema-

16 de Maio de 2014

EUA VS. JAMAICA

EUA 240 – Jamaica 230 (sob investigação) Ainda mais controvérsia na Patagônia: o resultado do embate entre EUA e Jamaica está sob investigação devido ao repentino colapso de Kquewanda Bailey, goleira jamaicana, que caiu de sua vassoura pouco antes do artilheiro americano Quentin Kowalski marcar o nono gol dos EUA. Segundos depois o árbitro parou com sucesso a queda de Bailey com um rápido "Aresto Momentum". O apanhador estadunidense Darius Smackhammer pegou o pomo na frente do adversário jamaicano Shanice Higgins, resultando em uma vitória acirrada para os Estados Unidos. 248


O timing da repentina perda de consciência de Kquewanda foi tão conveniente que as autoridades estão examinando a possibilidade de interferência dos torcedores. Onióculos de todo o estádio estão sendo examinados para evidências documentadas. A CICQB declarou que não estará em posição de julgar a validade do resultado até amanhã. Uma emenda nas regras do Quadribol em 1849 estipula que se um membro da torcida realizar alguma azaração ou feitiço em um jogador, seu time automaticamente perderá a partida, independentemente de o time ter pedido ou aprovado a magia feita. 16 de Maio de 2014

EUA VS. JAMAICA

EUA 240 – Jamaica 230 (resultado confirmado oficialmente) Seguindo um inquérito sobre o repentino (e, como muitos acharam, suspeito) desmaio da goleira jamaicana Kquewanda Bailey num ponto crucial do jogo de ontem contra os EUA, agora é confirmado que Kquewanda está sofrendo de uma mordida infeccionada de um Sasabonsam (o vampiro mascote da Nigéria), obtida durante a cerimônia de abertura. Nenhuma intervenção da platéia foi descoberta e, portanto, os EUA passarão para as quartas de final, onde enfrentarão o vencedor da partida entre Chade e Liechtenstein. 17 de Maio de 2014

LIECHTENSTEIN VS. CHADE

Chade 140 – Liechtenstein 120 (em andamento) A partida mais longa do torneio até agora está em sua décima primeira hora e os jogadores deram uma pausa para um cochilo. As duas equipes parecem estar no mesmo nível, e cada ponto foram sofridos contra batedores que de ambos os lados estão demonstrando uma esplêndida precisão e poder. O pomo esteve ao alcance em três ocasiões, mas, em cada uma, balaços bem lançados impediram a captura. O homem do jogo até agora é sem dúvida o artilheiro liechtensteiniano Willi Wenzel, que foi atingido por dois balaços no início do jogo e ainda assim conseguiu marcar o terceiro gol da partida de uma distância de quase 55 metros.

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18 de Maio de 2014

LIECHTENSTEIN VS. CHADE

Liechtenstein 260 – Chade 250 (em andamento) Conforme o segundo dia dessa partida chegava ao fim, os jogadores estavam começando a demonstrar sinais de severa fadiga. O pomo ficou por cinco minutos literalmente pairando sob a sobrancelha esquerda do apanhador chadiano Jacques Miskine antes que ele percebesse, e mesmo assim a reação do jogador foi tão lenta que o pomo conseguiu escapar. Acredita-se que o artilheiro de Liechtenstein Otmar Frick tenha literalmente dormido sob sua vassoura antes da partida ser interrompida pela noite. Ainda que muito cedo para falar isso, esse jogo está se tornando um verdadeiro épico da Copa Mundial de Quadribol de 2014. 19 de Maio de 2014

LIECHTENSTEIN VS. CHADE Liechtenstein 470 – Chade 330

O fim, quando finalmente chegou, foi repentino e brutal. No terceiro dia da esgotante partida, e com Chade na liderança por poucos pontos, o exausto apanhador de Liechtenstein, Bruno Bruunhart, conseguiu pegar o pomo há centímetros da mão esticada de Jacques Miskine. Ambas as equipes se lamentaram e se abraçaram quando finalmente pousaram em chão firme. Todos estão agora recebendo tratamento médico.

Liechtenstein enfrentará os EUA nas quartas de final.

20 de Maio de 2014

BULGÁRIA VS. NOVA ZELÂNDIA Bulgária 410 – Nova Zelândia 170

O técnico da Nova Zelândia, Charlie Baverstock, se declarou "mais louco do que um cara que ficou preso em uma caixa de Fwoopers* depois de Dennis Moon ser expulso no 106º minuto. Essa perda foi sem dúvida um fator crucial para a derrota da Nova Zelândia de 410 a 170 para a Bulgária, que muitos sentiam que era sortuda de sequer ter se qualificado. 250


A colisão aérea entre os artilheiros Chasers Moon e Bogomil Levski pareceu acidental de muitas partes do estádio. No entanto, o árbitro Georgios Xenakis estava melhor posicionado e julgou que Moon havia causado a colisão deliberadamente. Quer Xenakis tenha sido ou não influenciado pelos rumores da briga de longa data entre Moon e Levski, sua decisão sem dúvida mudou a partida a favor da Bulgária. Duas vezes vice-campeões nos últimos 50 anos, a lado bulgariano atual mostrou lampejos de inspiração enquanto garantia um impressionante resultado contra os seis fortes neozolandeses. Dois jogadores Levski e Vulchanov tinham pais no time de 1994 que apresentou Vítor Krum para o mundo. Uma das manchetes da Copa do Mundo desse ano é, claro, a volta de Krum após aposentadoria. Aos 38 anos ele é o jogador mais velho da competição, e sofreu duras críticas por tomar lugar de um jogador mais jovem no que alguns chamaram de terreno "baboso". Entretanto, a captura de pomo feita por Krum na frente de Ngapo Ponika, de 19 anos, sem dúvidas mostrou traços de seu antigo brilho e encantou os torcedores da Bulgária.

Bulgária enfrentará a favorita Noruega nas quartas de final.

*Fwooper é um pássaro africano com penas de cores vibrantes, como laranja, rosa, verde limão e amarelo. Ouvir o canto de um fwooper enlouquece uma pessoa. 21 de Maio de 2014

JAPÃO VS. POLÔNIA Japão 350 – Polônia 140

Uma partida apertada e bem disputada de Quadribol resultou numa vitória muito merecida para o Japão, que emergiu vencedor com 350 pontos para os 140 da Polônia. A pontuação final não reflete o jogo dinâmico e espirituoso da Polônia, mas a inexperiência dessa equipe jovem ficou evidente quando eles foram colocados sob considerável pressão pelos veteranos batedores japoneses Hongo e Shingo (recentemente votados em segundo lugar como a melhor dupla de batedores de todos os tempos, ficando atrás apenas dos legendários Volkov e Vulchanov, do time da Bulgária de 1994). É necessário prestar atenção no apanhador polonês Wladyslaw Wolfke: um voador gracioso e corajoso, ele teve o azar de perder o pomo mais cedo na partida, e foi derrotado por pouco pelo talentoso Noriko Sato, aos 59 minutos.

O Japão enfrentará a favorita Nigéria nas quartas de final. 251


22 de Maio de 2014

PAÍS DE GALES VS. ALEMANHA País de Gales 330 – Alemanha 100

Alemanha versus País de Gales hoje deu o horrível lembrete dos perigos de ser apanhador. A Finta de Wronski é uma manobra perigosa onde o apanhador finge ter visto o pomo e faz um mergulho vertical, tentando fazer seu ou sua oponente imitá-lo, parando no último segundo e fazendo seu/sua oponente se espatifar. O apanhador alemão Thorsten Pfeffer tentou fazer a finta mortal com terríveis consequências, falhando em parar a tempo e colidindo com o chão na velocidade estimada de 96,5 km/h. Curandeiros encheram o campo e deram-no Esquelesce na hora. Pfeffer sobreviveu à partida e o técnico Franziska Faust depois disse para os repórteres reunidos que o jogador deve se recuperar completamente, apesar de ter quebrado a maioria dos ossos de seu corpo e acreditar no momento que é um periquito-australiano chamado Klaus. O apanhador galês Eurig Cadwallader pegou o pomo onze minutes após Pfeffer ser retirado do campo, mas nem os jogadores nem a plateia estavam em clima de celebração, e só depois de ouvir que Pfeffer sobreviveria que a técnica Guga Jones pronunciou-se como "satisfeita para caramba". Sua equipe enfrentará o Brasil nas quartas de final. 04 de Junho de 2014

BRASIL VS. PAÍS DE GALES Brasil 460 – País de Gales 300

A primeira quarta de final do torneio provou ser o jogo mais controverso até agora, um que começou com animosidade e terminou numa briga que fez a técnica do País de Gales, Guga Jones, ser retirada do campo por seus próprios batedores. A rixa Brasil-País de Gales começou no início da competição, quando o treinador brasileiro José Barboza alegadamente chamou os artilheiros do País de Gales de "bruxos sem talento" após alguns drinks com a veterana jornalista sem papas na língua, Rita Skeeter. Apesar de ter insistido que foi apenas uma brincadeira, isso não fez nada para diminuir a ira da treinadora galesa Guga Jones, que ameaçou azarar “sua cara fora”. A despeito da proibição da CICQB de "conversa fiada de treinadores" – que muitos acreditam que te252


nha sido criada com Guga em mente – Jones não desperdiçou oportunidades de desmerecer e insultar os brasileiros desde que descobriu que sua equipe os enfrentaria nas quartas de final. Ela foi até impedida de entrar no estádio usando uma camiseta onde se lia "DEVERIA TER SIDO O HAITI" (Brasil passou para as quartas de final quando o oponente Haiti foi desclassificado), portanto perdeu os primeiros dez minutos da partida, que foram notáveis pela ferocidade das jogadas e por três faltas brutais. Os artilheiros brasileiros Diaz, Alonso e Flores tiveram um sólido desempenho e deviam ser elogiados por manter a cabeça no lugar enquanto todo mundo estava perdendo a sua – no caso do goleiro Raul Almeida, quase literalmente. A crueldade do balaço jogado em sua direção pelo batedor galês Iefan Rice (a goles estava do outro lado do campo na ocasião) garantiu um pênalti ao Brasil e indiscutivelmente deveria ter resultado na expulsão de Rice. Todavia, o País de Gales não estava limitado à faltas. Poucos discordarão que a artilheira galesa Jackie Jernigan marcou um dos gols mais belos da competição de uma distância de quase 46 metros, enquanto é estimado que o batedor Darren Floyd impediu sozinho ao menos 170 pontos do Brasil. As chances do País de Gales foram finalmente destruídas por uma deslumbrante captura de pomo do apanhador brasileiro Tony Silva, que realizou um mergulho espetacular no 131º minuto da partida para garantir a vitória por deixa do nariz de seu oponente Eurig Cadwallader. Guga Jones está sob custódia essa noite por, no meio de um estádio lotado, ter tentado cumprir sua promessa de azarar a cara de Barbosa. Cuidadores reportam que a pele de Barbosa praticamente já cresceu de novo, e ele parece estar em ótimo espírito. Brasil enfrentará nas semifinais o vencedor da partida entre Liechtenstein e EUA. 06 de Junho de 2014

BULGÁRIA VS. NORUEGA Bulgária 170 – Noruega 20

Numa das maiores decepções da competição, a Bulgária, que muitos achavam que se qualificara por sorte, superou um dos favoritos da maioria. Noruega agora voa para casa se perguntando como as coisas deram tão errado tão rapidamente. Bulgária, que teve um primeiro jogo relativamente fácil após o time da Nova Zelândia ser reduzido para seis jogadores devido a uma expulsão, 253


mostrou boa forma assim que o apito soou. Nikola Vassileva foi responsável por ambos os gols da Bulgária no início da partida, mas Lars Lundekvan logo empatou para a Noruega. O fim veio quase sem aviso. A descida repentina de Krum para simplesmente um desvio de balaço e a apanhadora norueguesa Sigrid Kristoffersen não apenas falhou em marcá-lo, mas estava na verdade olhando para o outro lado quando Krum levantou sua mão direita para mostrar que garantira a vitória da Bulgária no 42º minuto. Poucos vão deixar de simpatizar com Kristoffersen, que voou diretamente para o chão e bateu sua cabeça nele até ser levantada pelo goleiro Karl Wang. Krum, que foi apontado por muitos jornalistas como muito velho e lento para competir aos 38 anos, foi do campo ovacionado pelos fãs. O técnico norueguês Oddvar Spillum, de coração partido, não tinha nada a declarar para os repórteres além de lágrimas e soluços. Não há dúvida de que essa foi uma copa profundamente azarada para a equipe geralmente maravilhosa da Noruega. Independente do quão irracional seja, muitos fãs culpam Selma, um monstro do lago norueguês que a equipe trouxe como mascote e que causou um banho de sangue na cerimônia de abertura. Selma está esta noite se escondendo em um lugar secreto. 08 de Junho de 2014

EUA VS. LIECHTENSTEIN

EUA 450 – Liechtenstein 290 Se os trouxas não notaram as celebrações ocorrendo atualmente na noite da Patagônia, assumidos que, além de não mágico, eles são tremendamente estúpidos. Os EUA passaram para as semifinais da Copa Mundial de Quadribol e, enquanto escrevo esse texto, oficiais argentinos estão se espalhando entre o acampamento dos torcedores e as acomodações dos jogadores para tentar conter o tipo de jubilação mais normalmente associada com a final. Os Estados Unidos não são historicamente considerados bons em Quadribol, sendo o único país a ter abraçado o (francamente esquisito) jogo de Trancabola. Hoje marca o amadurecimento dos EUA em uma grande potência do esporte mais popular do mundo. Embora alguns possam sugerir que Liechtenstein estava em desvantagem após um jogo épico de três dias contra Chade, a equipe entrou no está254


dio aparentando estar totalmente recuperada. O início da partida foi rápido e competitivo com posse de goles praticamente igual. O artilheiro estadunidense Quentin Kowalski recebeu elogios de todos os comentaristas por sua imaginação e hábeis rotações, apesar do galã de Liechtenstein Otmar Frick ("O Homem Rude de Ruggell") ter sido o que mais marcou pontos no jogo: 160. Grandes aplausos devem ir para o apanhador estadunidense Darius Smackhammer, que garantiu o lugar dos EUA em uma histórica semifinal no 148º minuto. Sua captura de pomo foi um risco que envolveu uma arrancada de quebrar o pescoço entre dois balaços e uma arriscada colisão com o robusto artilheiro de Liechtenstein Willi Wenzel para puxar o pomo que estava pairando perto do tornozelo esquerdo de Wenzel. Faíscas vermelhas, brancas e azuis estão no momento tão grossas no ar que é difícil enxergar e respirar. Um atormentado oficial de alto escalão do CICQB falou rapidamente com o Profeta Diário após a partida: “Se isso é o que eles fazem quando chegam às semifinais, imagina o que vamos enfrentar se passarem para a final. Estou pensando em contratar trasgos como seguranças.” 08 de Junho de 2014

NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA Animados torcedores estadunidenses celebrando o histórico triunfo de seu time nas quartas de final sequestraram Hans, a mascote de Liechtenstein. Hans, um grande e sombrio agoureiro (uma ave que prevê chuvas e parece um urubu), ganhou um grande número de fãs durante o torneio. O técnico de Liechtenstein, Ferdinand Jägendorf, lançou a seguinte declaração: “Das finden wir nicht lustig ("não vemos graça nisso"). 09 de Junho de 2014

RETORNO DE HANS, O AGOUREIRO A mascote de Liechtenstein está hoje de volta a seu curral customizado, mas não antes das negociações para seu resgate terem chegado a um nível alto. Fontes de alto nível podem confirmar que o Ministro da Magia de Liechtenstein e o Presidente do MACUSA (Congresso Mágico dos Estados 255


Unidos da América) trocaram concisas cartas acerca da localização de Hans, que foi sequestrados por entusiasmados torcedores dos EUA após sua vitória contra Liechtenstein nas quartas de final. “Nós estamos felizes em declarar que essa pegadinha terminou de forma amigável e harmoniosa,” anunciou o presidente Samuel G. Quahog, “e acreditem que Hans não sofreu nenhum dano em sua pequena aventura.” “Estamos muito contentes que os estadunidenses devolveram nossa amada mascote,” disse o ministro Otto Obermeier. “Magizoologistas estão no momento mantendo Hans sob severa observação em busca de enfermidades. Se alguma for descoberta nós com certeza vamos pressionar a CICQB para a desqualificação imediata dos EUA da Copa do Mundo.” Um atormentado oficial da CICQB respondeu: “Olha, ontem à noite tivemos que fazer Feitiços de Memória em 2000 trouxas vivendo na borda do deserto após as comemorações dos estadunidenses, e nem me deixe começar a falar sobre os aviões. Não vou falar para os estadunidenses que eles estão indo para casa. Não vou. Só alimente a ave com algumas fadas e me deixe em paz.” 10 de Junho de 2014

JAPÃO VS. NIGÉRIA Japão 270 – Nigéria 100

Uma Copa de Mundo cheia de surpresas forneceu mais uma hoje, com o segundo favorito do torneio saindo da competição se rendendo ao poder do lado japonês que teve um desempenho praticamente perfeito. Essa partida deve ser lembrada como Batalha dos Batedores, porque essas duas ótimas equipes de Quadribol deram uma aula magistral de como manejar um balaço. A precisão e criatividade das tacadas de Okoye e Ojukwu em um lado e Shingo e Hongo do outro ditaram a ação, demonstrando que batedores – tão frequentemente caracterizados como assassinos com bastões – podem ser artistas, também. O ponto de reviravolta da partida foi sem dúvida a tacada espantosamente poderosa de Hongo, que partiu fora a cauda da vassoura do apanhador nigeriano Equiano. Enquanto Equiano rodopiava fora de controle, Noriko Sato planou durante da ação para pegar o pomo no meio dos distraídos jogadores nigerianos preocupados em salvar seu colega. O Japão passou para a semifinal onde enfrentará a Bulgária. 256


Os nigerianos vêm voando na controversa Thunderbolt VII (uma competidora da série Firebolt) da qual muitos especialistas sentem que sacrificou segurança em prol da velocidade. Vassouras profissionais devem ser capazes de aguentar qualquer colisão com balaços e uma investigação já está em andamento. Rumores de que um pelotão de bruxos da Nigéria está no momento indo para a sede da Thunderbolt, em Manchester, na Inglaterra, não foram confirmados. 02 de Julho de 2014

FAÇAM SUAS APOSTAS COM LUDO BAGMAN A eliminação chocante de ambos favoritos, Noruega e Nigéria, deu aos apostadores muitos motivos para sorrir. Agora, Ludo Bagman, ex-batedor da Inglaterra e apostador entusiasta, considera as possibilidades dos semifinalistas ainda com chances de levantar o cobiçado troféu.

Brasil Brasil ganhou a Copa Mundial de Quadribol cinco vezes, mas os anos noventa e o início dos anos 2000 foram comumente considerados perdidos para esse, um dia, ótimo país no esporte. O técnico José Barboza revigorou o jogo nacional, trazendo jogadores jovens de todo canto do país. Com jogadores de uma idade média de apenas 22 anos, este é o time menos experiente restante do torneio. Vassouras: Varápidos Número total de gols nas duas primeiras partidas: 41 Tempo médio pela captura do pomo nas duas primeiras partidas: 131 minutos (somente uma captura, devido à captura ilegal do Haiti no primeiro jogo.) Jogador que mais se sobressaiu nas duas primeiras partidas: Alejandra Alonso (C) Classificação de Ludo: 9/1 Sua relativa inexperiência não tem dificultado a grande pontuação do Brasil até agora, mas esses jovens jogadores podem fracassar na medida em que a pressão aumenta. Eles têm muito talento, mas pode ser mais realista esperar uma vitória daqui a quatro anos?

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EUA Ninguém esperava a explosão dos EUA nas fases finais da Copa Mundial de Quadribol. Embora eles possam ter tido sorte na primeira partida, quando o colapso do apanhador da Jamaica os permitiu uma vitória, eles mostraram sua garra para vencer o bem-apessoado time de Liechtenstein nas quartas de finais. Poderia ser este o melhor momento dos EUA? Vassouras: Starsweeper XXI Número total de gols nas duas primeiras partidas: 39 Tempo médio pela captura do pomo nas duas primeiras partidas: 100 minutos Jogador que mais se sobressaiu nas duas primeiras partidas: Darius Smackhammer (S) Classificação de Ludo: 12/1 Embora impressionado pela escalação dos americanos contra Liechtenstein, espectadores de Quadribol experientes continuam descrentes que eles têm o que é preciso para levantar a taça. Sua principal fraqueza está na defesa. A goleira Susan Blancheflower deixou 23 gols jamaicanos passarem por ela na primeira partida, e os batedores Pringle e Picquery precisarão de uma melhor forma se eles quiserem vencer os talentosos jovens batedores do Brasil, Santos e Clodoaldo, na próxima partida.

Japão Era popularmente esperado que o Japão fosse bem nessa competição, mas o faro e a investida que demonstraram ao eliminar a Nigéria, favorita inquestionável, impressionou a todos que presenciaram a partida. Montando vassouras de corrida desenvolvidas em seu próprio país reveladas pela primeira vez no torneio, o Japão apresenta jogadores talentosos em quase todas as posições, mas é na defesa que eles são virtualmente intocáveis. As réplicas dos uniformes de Hongo e Shingo são agora as peças da mercadoria do torneio que vendem mais rápido. Vassouras: Yajirushi Número total de gols nas duas primeiras partidas: 32 Tempo médio pela captura do pomo nas duas primeiras partidas: 61 minutos Jogador que mais se sobressaiu nas duas primeiras partidas: Masaki Hongo (B) Shintaro Shingo (B)

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Classificação de Ludo: 4/1 O Japão deve ser agora o favorito da competição, eliminando oponentes com uma combinação de implacável eficiência e requintada arte.

Bulgária Ninguém esperava que a Bulgária passasse da primeira rodada. Apesar de eles terem chegado à final duas vezes nos últimos vinte anos, eles entraram na competição como os intrusos, a equipe se classificando por pouco. A escalação de Vítor Krum aos 38 anos foi altamente vista como um ato de consideração, não de mérito. Sorte pode ter sido uma parte da razão da vitória Bulgária contra a Nova Zelândia, mas quando a rápida captura de pomo de Krum mandou a favorita Noruega para casa, muitos comentadores foram forçados a engolir suas mordazes palavras. Vassouras: Firebolt Supreme Número total de gols nas duas primeiras partidas: 28 Tempo médio pela captura do pomo nas duas primeiras partidas: 88 minutos Jogador que mais se sobressaiu nas duas primeiras partidas: Vítor Krum (A) Classificação de Ludo: 50/1 A Bulgária está atraindo muito apoio internacional; parcialmente por seu status de vira-lata e parcialmente pelo carinho que os fãs de Quadribol de todo lugar têm pelo homem talentoso que nunca atingiu seu objetivo. Mas Krum e seus colegas realmente têm o que é preciso para vencer o Japão nas semis? A resposta, temo eu, é provavelmente não. 04 de Julho de 2014

EUA VS. BRASIL

EUA 120 – Brasil 100 Pela segunda vez neste torneio, parece que um jogo durará a noite toda – e além disso, provavelmente. Se uma palavra resume essa semifinal até agora, ela é: nervos. Erros por falta de cuidado rechearam a partida, sem dúvida porque um lugar na final significaria muito para ambos os lados. Os EUA já chegaram mais longe na competição do que em todas as suas tentativas anteriores, e 2014 marcará sua emersão como uma superpotência no esporte. Enquanto isso, o Brasil, anteriormente uma grande equipe que se perdeu nos últimos anos, está lutan259


do por sua primeira final desde 1982. As apostas estão altas e talvez não seja surpresa por que os jogadores estão mostrando sinais de nervosismo. Nós temos visto mais derrubadas de goles do que em qualquer outro jogo, com a artilheira estadunidense Mercy Wardwell tão frustrada por sua quinta perda que bateu sua cabeça repetidamente contra o cabo de sua vassoura até ser contida pelo apanhador Darius Smackhammer. No entanto, Wardwell não estava sozinha: até Fernando Diaz e Alejandra Alonso, dois dos melhores do Brasil, acabaram deixando a goles escorregar de seus dedos duas vezes cada. Vários balaços mal mirados acertaram os próprios companheiros dos batedores. Quando Lucas Picquery mandou o balaço na cara da goleira Susan Blancheflower na quarta hora do jogo, ela arriscou mais dano ao tentar pular na vassoura de Picquery para queixar-se com ele. Advertida pelo árbitro, Blancheflower foi a próxima a cometer um erro elementar quando se distanciou muito dos aros de gol, permitindo que Alonso passasse e marcasse um gol que deixou o Brasil dez pontos à frente, mas não por muito tempo. Quentin Kowalski marcou duas vezes enquanto a noite caia, dando aos EUA uma liderança apertada, mas este ainda é um jogo de ninguém enquanto a escuridão aumenta. 05 de Julho de 2014

EUA VS. BRASIL

Brasil 420 – EUA 310 Enquanto o sol nascia na Patagônia, duas cansadas porém determinadas equipes pareciam mais focadas e disciplinadas após uma noite esgotante. Aqui vimos a razão das duas terem passado para as semifinais. Dinâmicas jogadas de goles entre dois emocionantes trios de artilheiros poderia ter pendido o jogo para qualquer um dos lados, mas o goleiro brasileiro Raul Almeida fez toda a diferença, repetidamente repelindo investidas estadunidenses aos aros. Darius Smackhammer localizou o pomo na vigésima hora da partida, mas um par de balaços precisamente lançados, cortesia dos batedores brasileiros Santos e Clodoaldo, tiraram-no do curso. A torcida ascendeu como uma enquanto Smackhammer e o apanhador brasileiro Silva disputavam uma corrida, ambos deslizando até o punho de suas vassouras. Enquanto o par espiralava em direção ao chão, era inicialmente difícil ver quem havia triunfado – a 260


arrancada subsequente de Silva até o quadro de placar poderia ter sido suicida ou triunfante – mas foi rapidamente aparente que o Brasil ganhara. Uma semifinal épica terminou de forma eletrizante. Brasil enfrentará Bulgária ou Japão na final, enquanto os EUA jogará contra o perdedor para decidir o terceiro lugar. 06 de Julho de 2014

BULGÁRIA VS. JAPÃO Bulgária 610 – Japão 460

Um minuto antes de entrar em campo para a segunda semifinal desse ano, o batedor búlgaro me disse: "Fomos vira-latas durante todo o torneio. Não temos nada a perder e tudo a ganhar. Vamos dar tudo de nós lá fora." E ninguém poderia negar que eles deram. Se há alguma consolação para os japoneses, que vinham sido ótimos durante esse campeonato e que deram ao mundo bruxo dois novos ícones com os batedores Shingo e Hongo, é que eles participaram de um semifinal que viverá por muito tempo na memória; um dos maiores placares dos últimos anos e uma demonstração de Quadribol muito emocionante. Como esperado, Shingo e Hongo dominaram o início do jogo. Ele foi parado duas vezes para cuidadores assistirem a equipe da Bulgária, seis dos quais estavam com sangramento na cabeça com uma hora de pausa. E então veio uma demonstração tripla de esportividade que ninguém que presenciou esquecerá em breve. Com balaços ainda voando como bolas de canhão, Vulchanov deliberadamente posicionou seu corpo para proteger o apanhador Vítor Krum, que estava ferozmente atrás do pomo. Vulchanov foi jogado de sua vassoura, apenas para ser pego e salvo pelo apanhadora japonesa Noriko Sato. Vendo que Sato não tinha como pegar o pomo, Krum parou e não se aproveitou de sua vantagem momentânea. Krum, Sato e Vulchanov (depois de despertado) receberam aplausos de pé de todos os espectadores enquanto voltavam a jogar. Enquanto a defesa japonesa tem acertadamente sido elogiada de todos os cantos do mundo de Quadribol, o trabalho dos artilheiros Ryuichi Yamaguchi, Kimiko Kurosawa e Yoshi Wakahisa não devia ser subestimado. Pela oitava hora de jogo, os japoneses estavam duzentos e cinquenta pontos à frente. Apesar da desvantagem, os búlgaros encaravam tudo que Shingo e Hongo atiravam para eles. O jogo da Bulgária não era bonito, mas sua coragem não 261


podia ser duvidada. O pomo apareceu pela segunda vez e Krum correu contra Sato, tirando-a do curso, mas se recusando a capturá-lo. Era uma marca de fé na sua equipe e um forte contraste da infame captura da final de 94, quando ele terminou o jogo para poupar sua equipe de mais humilhação contra os irlandeses. Esse foi o ponto de virada na partida. A Bulgária aos poucos se igualava, finalmente chegando ao mesmo nível por pura persistência e notável melhora da defesa. Então, na décima hora, a extraordinária virada: Krum desempenhou um magnífico voo de desvio que fez Sato acreditar que Krum estava evitando a linha de visão de Hongo e, antes que a plateia ou seus companheiros percebessem o que estava acontecendo, ele capturou o pomo. O choque da plateia foi tão grande que houve 10 segundos de silêncio pelo estádio antes da torcida da Bulgária se atrever a comemorar. Suas celebrações continuam enquanto escrevo, mas apenas os de coração de pedra não simpatizariam com os japoneses, que agora enfrentam os EUA na partida para decidir o terceiro lugar do campeonato. 08 de Julho de 2014

ARMADA DE DUMBLEDORE REÚNE-SE NA FINAL DA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL Pela colunista de fofocas do Profeta Diário, Rita Skeeter. Há celebridades – e há celebridades. Nós vimos muitos rostos famosos do mundo bruxo agraciarem as arquibancadas aqui no deserto patagônico – ministros e presidentes, Celestina Warbeck, a controversa banda bruxa americana “Os Pomos de Asas Tortas” – todos causaram ondas de excitação, com membros do público implorando por autógrafos ou mesmo lançando Feitiços Ponte para alcançar as áreas VIP por cima das cabeças da multidão. Mas quando se espalhou pelo acampamento o rumor de que uma certa gangue de bruxos infames (não mais os adolescentes de rosto fresco que eram nos dias de glória, mas mesmo assim reconhecíveis) havia chegado para a final, a excitação foi além de qualquer coisa já vista. Quando a multidão saiu pisoteando, barracas foram derrubadas e criancinhas esmagadas. Fãs de todos os cantos do mundo correram para a área onde supostamente os membros da Armada de Dumbledore haviam acampado, desesperados acima de qualquer 262


medida por um vislumbre do homem que eles ainda chamam de O Escolhido. Foram oferecidas à família Potter e ao resto da Armada de Dumbledore acomodações na área VIP do acampamento, que é protegida por pesados encantamentos e patrulhada por seguranças bruxos. A presença deles assegurou uma enorme multidão ao redor da área restrita, todos com esperança de vislumbrar seus heróis. Às 15h de hoje eles tiveram seu desejo realizado quando, acompanhado por altos berros, Potter levou seus filhos Tiago e Alvo para visitar as acomodações dos jogadores, onde ele os apresentou ao apanhador búlgaro Vítor Krum. Prestes a fazer 34 anos, há alguns fios prateados nos cabelos do famoso Auror, mas ele continua a usar os característicos óculos redondos que alguns diriam ser mais apropriados a um menino sem estilo de 12 anos. A famosa cicatriz em forma de raio tem companhia: Potter apresenta um corte horrível acima da bochecha direita. Solicitações de informações sobre a procedência do corte meramente produziram a resposta normal do Ministério da Magia: “Nós não comentamos sobre o trabalho ultrassecreto do Departamento de Aurores, como lhe dissemos não menos que 514 vezes, Srta. Skeeter.” O que eles estão escondendo? Será que O Escolhido está envolvido em novos mistérios que um dia explodirão sobre todos nós, nos arrastando para uma nova era de terror e caos? Ou terá o seu ferimento uma origem mais humilde, que Potter está desesperado para esconder? Talvez sua esposa o tenha azarado? Estarão fendas começando a aparecer em uma união que os Potter estão determinados a promover como feliz? Será que significa alguma coisa o fato de sua esposa Ginevra ficar perfeitamente feliz em deixar seu marido e filhos para trás em Londres enquanto cobria este torneio? Está em julgamento se ela realmente tinha o talento ou a experiência necessários para ser enviada à Copa Mundial de Quadribol (temos a sentença – não!!!), mas, sejamos sinceros, quando seu sobrenome é Potter, portas se abrem, comitês esportivos internacionais se curvam e editores do Profeta Diário lhe dão tarefas maravilhosas. Como os fãs e seguidores devotos se lembrarão, Potter e Krum competiram um contra o outro no controverso Torneio Tribruxo, mas aparentemente não há ressentimentos, já que eles se abraçaram ao se encontrarem (o que realmente aconteceu naquele labirinto? A especulação dificilmente será suprimida pelo carinhoso cumprimento). Depois de meia hora de conversa, Potter e seus filhos retornaram ao acampamento, onde socializaram com o restante da Armada de Dumbledore até altas horas.

Na barraca ao lado estão dois dos mais próximos associados de Pot263


ter, aqueles que sabem tudo sobre ele e mesmo assim sempre se recusam a falar com a imprensa. Eles têm medo dele, ou será que têm medo de deixar seus próprios segredos escaparem, ofuscando o mito da derrota d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado? Agora casados, Ronald Weasley e Hermione Granger estiveram com Potter em quase todos os momentos. Assim como o resto da Armada de Dumbledore, eles lutaram na Batalha de Hogwarts e sem dúvida merecem os aplausos e os prêmios pela coragem entregues aos montes para eles por uma comunidade bruxa agradecida. Logo após a Batalha, Weasley, cujo famoso cabelo ruivo parece estar mais ralo, começou a trabalhar no Ministério da Magia ao lado de Potter, mas saiu apenas dois anos depois para co-gerenciar a loja de logros e brincadeiras mágicos de grande sucesso, “Gemialidades Weasley”. Estava ele, como declarou na época, “encantado em auxiliar meu irmão George com um negócio que eu sempre amei”? Ou estava cheio de viver à sombra de Potter? Será que o trabalho no Departamento de Aurores era demais para um homem que já admitiu que a destruição das horcruxes d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado “o sugou”? Ele não mostra sinais óbvios de doença mental à distância, mas não é permitido ao público chegar perto o suficiente para uma avaliação mais apropriada. Isso não é suspeito? Hermione Granger, é claro, sempre foi a femme fatale do grupo. Reportagens da época revelam que, enquanto adolescente, ela brincou com as afeições de Potter antes de ser seduzida pelo musculoso Vítor Krum, finalmente se contentando com o fiel ajudante de Potter. Depois de uma ascensão meteórica como Chefe do Departamento de Aplicação de Leis Mágicas, ela é agora cotada para ir ainda mais alto dentro do Ministério, e também é mãe de um filho, Hugo, e uma filha, Rose. Será que Hermione Granger é a prova de que uma bruxa pode ter tudo? (Não – olhem para o cabelo dela.) Há também aqueles membros da Armada de Dumbledore que recebem um pouco menos publicidade do que Potter, Weasley e Granger (eles ficam ressentidos por isso? Quase certamente). Neville Longbottom, agora um popular professor na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, está aqui na Patagônia com sua esposa Ana. Até recentemente o casal vivia sobre o Caldeirão Furado, em Londres, mas há boatos de que Ana não só voltou a estudar para ser curandeira, como se candidatou à vaga de enfermeira-chefe em Hogwarts. Fofocas maldosas sugerem que ela e o marido gostam mais de Uísque de Fogo Ogden’s Old do que gostaríamos para alguém que cuida de nossas crianças, mas sem dúvidas nós desejamos toda a sorte para ela na seleção. A última entre a alta cúpula da Armada de Dumbledore é, claro, Luna Lovegood (agora casada com Rolf Scamander, neto do celebrado magizoolo264


gista Newt). Ainda prazerosamente excêntrica, Luna tem circulado pela área VIP em robes compostos por bandeiras dos 16 países participantes. Seus filhos gêmeos estão “em casa com o vovô”. Será isso um eufemismo para “muito perturbados para serem vistos em público”? Certamente apenas a pessoa mais maldosa sugeriria que sim. Diversos outros membros da Armada estão aqui, mas é nesses seis que está focado o maior interesse. Aonde quer que haja uma cabeça ruiva, alguém poderia dar o educado palpite de que pertence a um Weasley, mas é difícil dizer se é de Jorge (rico co-gerente da loja “Gemialidades Weasley”), Carlinhos (cuidador de dragões, ainda solteiro – por quê?) ou Percy (Chefe do Departamento de Transportes Mágicos – é culpa dele que a Rede de Flu esteja tão ocupada!). O único fácil de reconhecer é Gui que, pobrezinho, tem uma terrível cicatriz devido a um encontro com um lobisomem e ainda assim, de alguma forma (encantamento? Poção do amor? Chantagem? Sequestro?), se casou com a inegavelmente linda (apesar de certamente burra) Fleur Delacour. O rumor é que veremos estes e outros membros da Armada de Dumbledore nas áreas VIP na final, adicionando brilho e pompa de um baile de gala. Vamos torcer para que o comportamento de dois dos seus seguidores mais novos não os envergonhe, inundando de vergonha o nome daqueles que antigamente trouxeram honra ao nome bruxo. Qualquer um hesitaria antes de invadir a privacidade de jovens, mas é fato que qualquer um próximo a Harry Potter se aproveita dos benefícios e deve pagar o preço do interesse público. Sem dúvidas Potter não gostará de saber que seu afilhado de 16 anos, Teddy Lupin – um meio-lobisomem com cabelo azul elétrico –, tem se comportado de maneira inapropriada para alguém da realeza bruxa desde que chegou ao acampamento VIP. Talvez seja pedir demais que o sempre-ocupado Potter controle melhor esse garoto rebelde, que foi deixado a seus cuidados por seus falecidos pais – mas não se pode deixar de imaginar o que acontecerá ao Mestre Lupin sem intervenção imediata. Enquanto isso, o Sr. e a Sra. Gui Weasley talvez gostariam de saber que sua linda, loira filha Victoire parece ser atraída a qualquer canto escuro onde o Mestre Lupin esteja. A boa notícia é que os dois parecem ter inventado um método para respirar pelas orelhas. Eu não consigo pensar em nenhum outro jeito que os permitisse sobreviver a períodos tão prolongados dando, como dizíamos quando eu era jovem, uns amassos. Mas não sejamos severos. Harry Potter e seus parceiros nunca se afirmaram perfeitos! E para aqueles que quiserem saber exatamente o quanto eles são imperfeitos, minha nova biografia “A Armada de Dumbledore: O Lado 265


Escuro da Deserção” estará disponível na Floreios e Borrões em 31 de julho. 09 de Julho de 2014

JOGO PELO TERCEIRO LUGAR Japão 330 – EUA 120

Foi rápido, sangrento e poucos discordarão de que foi brutal.

Japão, que muitos acharam que chegaria à final do campeonato, e os EUA, para que 2014 foi um ano de avanço, ambos tiveram uma ótima Copa do Mundo. Todos os 14 jogadores nesse jogo pelo terceiro lugar podem andar de cabeça erguida essa noite, embora para alguns – notavelmente a artilheira estadunidense Arsenia Gonzales, que levou dois balaços na cara do 34º minuto – isso será extremamente dolorido. Os EUA fizeram bem ao marcar doze gols no goleiro Todoroki, um estribilho herói dos japoneses que estava em ótima forma, enquanto os batedores Hongo e Shingo eram simplesmente impossíveis de parar. Do outro lado do campo, os artilheiros Yamaguchi, Kurosawa e Wakahisa passaram 18 gols pela goleira Susan Blancheflower antes da apanhadora japonesa Noriko Sato fazer um dos melhores mergulhos do campeonato. Zunindo por balaços e um amaranhado de artilheiros, ela capturou com sucesso o pomo por debaixo do calcanhar da estadunidense Mercy Wardwell, deixando Darius Smackhammer com sua vassoura enroscada na de Lucas Picquery. Uma vez no chão, os times se abraçaram em uma demonstração de esportividade de esquentar o coração. Desde então, chegou a nós a informação de que a equipe japonesa presenteou a equipe americana – da qual os torcedores famosamente sequestraram Hans o agoureiro, o mascote de Liechtenstein – com um Hoo-hoo (um pássaro fogo japonês).

Top 10 coisas que todo fã de Quadribol precisa saber sobre a Copa Mundial de Quadribol 2014 1) A Copa Mundial de Quadribol desse ano é a 427ª na história do campeonato, realizado a cada quatro anos. 2) Está acontecendo no Deserto da Patagônia, o maior deserto na Argentina (um bom lugar para manter milhares de visitantes bruxos escondidos de trouxas).

3) Uma multidão recorde foi transportada para a semana de abertura 266


do campeonato, utilizando 10.000 chaves de portal. 4) Quase 300 pessoas foram machucadas na "desastrosa" cerimônia de abertura, devido ao confronto sangrento entre diversos mascotes de equipes. 5) A maior partida do campeonato até agora foi entre Liechtenstein e Chade na primeira rodada, que durou três dias. 6) Brasil, EUA, Bulgária e Japão conseguiram passar para as semi-finais, com o Japão pegando o terceiro lugar. 7) O Brasil venceu a Copa Mundial de Quadribol cinco vezes desde que o campeonato teve início. 8) Ex-batedor da Inglaterra e apostador infame, Ludo Bagman criou seu próprio guia de classificação dos semi-finalistas. 9) Harry Potter, que em breve comemorará os 34 anos, vai estar na final da Copa Mundial de Quadribol 2014 com sua família e os amigos próximos, Rony Weasley e Hermione Granger. 10) A final é sexta-feira, 11 de Julho, às 14hs (horário oficial da Patagônia) – transmitida ao vivo pela Correspondente de Quadribol do Profeta Diário Gina Weasley e pela Correspondente de Fofocas Rita Skeeter, com os desdobramentos do evento. 11 de Julho de 2014

FINAL DA COPA MUNDIAL DE QUADRIBOL Brasil 60 – Bulgária 170

Cobertura ao vivo da correspondente de Quadribol Gina Potter e da correspondente de fofoca Rita Skeeter. Gina Potter O estádio está cheio e o barulho é ensurdecedor. Nós esperamos a chegada das mascotes de ambos os times, que farão um show antes da partida. Os búlgaros, claro, trazem seu celebrado grupo de dança de veelas, que constitui um grande motivo para a popularidade do time, ao menos com homens. Os Curupiras do Brasil já causaram grande confusão no campeonato, mas são simultaneamente populares, principalmente com crianças. Seguranças bruxos estão sob todo o perímetro caso ocorra algum problema.

Enquanto esperamos a performance de abertura, vamos nos lembrar 267


como esse times são e comparar estatísticas chave.

Goleiros Raul Almeida: Após um começo lento no campeonato, o brasileiro Almeida foi uma estrela na semifinal contra os EUA e é uma grande razão da equipe estar na final. No entanto, muitos acharam que o goleiro do Haiti no primeiro jogo o ultrapassou em desempenho, e Almeida sofreu uma forte pancada na cabeça na tumultuosa quartas de final com País de Gales. George Zdravko: Zdravko deixou 17 gols passarem contra a Nova Zelândia e não menos que 46 contra o Japão na semifinal. Fãs da Bulgária estão certos ao ficarem nervosos sobre as habilidades de Zdravko contra um trio de artilheiros que já provou seu talento.

Artilheiros Alejandra Alonso, Fernando Diaz e Gonçalo Flores: Ao trio brasileiro tem sido uma das alegrias do campeonato, emocionante de assistir e marcou 68 gols até agora. Gonçalo Flores emergiu como uma das estrelas de sua equipe, celebrado por fazer gols de fora da área. Stoyanka Grozda, Bogomil Levski e Nikola Vassileva: Embora menos espalhafatosos em estilo, as estatísticas não mentem: os artilheiros búlgaros marcaram 74 gols até agora nesse campeonato e têm ido – para a surpresa de muitos fãs e comentaristas – melhor que os concorrentes brasileiros.

Batedores Carlos Clodoaldo e Rafael Santos: Apesar de suas performances apagadas durante as duas primeiras partidas do torneio, os batedores brasileiros se redimiram espetacularmente durante a semifinal, quando seus esforços impediram o apanhador americano Smackhammer de pegar o pomo. Dimitar Draganov e Boris Vulchanov: Uma dupla competente, embora não brilhante, Draganov e Vulchanov mesmo assim mostraram grande coragem física durante o torneio. Vulchanov foi nocauteado ao proteger seu apanhador em um dos momentos mais memoráveis da semifinal Bulgária x Japão.

Apanhadores 268


Tony Silva: Silva capturou o pomo apenas duas vezes no torneio devido à desclassificação do Haiti na primeira rodada. Quando ele localiza o pomo, é rápido e preciso, mas questões sobre sua habilidade de localizar a famosa bola dourada devem ser levantadas, já que o tempo médio dele de captura neste torneio é de 10 horas e 44 minutos. Vítor Krum: Vítor Krum dispensa apresentações. O jogador mais velho do torneio tem sido um jogador de Quadribol de nível mundial desde sua adolescência. Embora antes da Copa Mundial muitos tenham-no criticado, ele é o maior responsável pela presença da Bulgária na final. Tempo médio de captura neste torneio: 5 horas e 56 minutos. Rita Skeeter As áreas VIP agora estão cheias. O presidente do Comitê Internacional da Copa Mundial de Quadribol (CICMQ), Mentor Metaxas, conversa com a presidente do Conselho Mágico Argentino, Valentina Vázquez, mas todos os olhos estão voltados para o box dois, onde a Armada de Dumbledore está sentada sob forte segurança, para evitar confusões com a multidão excessivamente empolgada. A família Potter – menos a mãe, Gina Potter, que está obviamente aqui na sala de imprensa comigo – foi presenteada com acentos premium na primeira fileira. Todos usam o vermelho da Bulgária, exceto o filho do meio, Alvo, que veste o verde do Brasil. Isso vai com toda a certeza fermentar as fofocas – que mensagem o jovem Alvo está nos mandando ao torcer para um time diferente do pai? Um time, não nos esqueçamos, que está competindo contra o do ex-rival de seu pai, agora amigo, Vítor Krum. Estaríamos testemunhando uma mostra muito pública e muito feia de rivalidade entre pai e filho? Minha colega, Gina Potter, que está sentada perto o suficiente de mim para ler tudo que minha pena de repetição rápida está escrevendo, me informa que Alvo é um grande fã do atacante brasileiro Gonçalo Flores. Essa, é claro, seria uma das possíveis explicações para essa estranha demonstração pública de discórdia familiar. Gina Potter A multidão faz barulho enquanto os portões abrem e os mascotes se reúnem! Primeiro a Veela bulgariana, vestida em vestidos translúcidos e dançando aos assombrosos acordes de música de harpa. O queixo de muitos homens caiu aqui no recinto dos jornalistas e, julgando pelo número de cadernos caídos, muitos também parecem ter perdido a sensação de seus dedos. 269


Rita Skeeter Na cabine VIP 2, Ronald Weasley parece ter virado catatônico. Eu acabo de ver a esposa Hermione Granger administrar um cotovelo afiado nas costelas? Gina Potter A aí vêm os curupiras com seus vibrantes cabelos vermelhos e seus pés invertidos. Fazendo muitas acrobacias, roubando chapéus dos fãs e criando uma confusão generalizada, o estádio está gostando muito de suas palhaçadas. Rita Skeeter É sempre encantador observar jovens aproveitando a cultura de outras nações bruxas. Infelizmente, o senhor Teddy Lupin e a senhorita Victoire Weasley parecem estar bem mais interessados no que estão dizendo um ao outro – retiro o que disse. Em o que alguns poderiam ver como um atrasado ato autoridade parental, o senhor Gui Weasley trocou de lugar com sua agora chateada filha e está direcionando a atenção dela para o campo. É com certeza um terrível desperdício não beber desse magnífico espetáculo que está acontecendo diante de nós, com as cores, a dança e sei lá mais o quê.

Harry Potter está coçando sua orelha.

Gina Potter A cerimonia de abertura conta com uma interessante formação em pirâmide das Veelas e Curupiras. Se vários pés virados ao contrário entraram nos olhos das Veelas, elas resistiram a tentação de se transformar em aterrorizantes pássaros parecidos com harpias, forma que deu a muitas crianças – eu inclusive – muitos pesadelos depois da aparição em 1994.

E ai vem os dois times – Brasil de verde e Bulgária de vermelho.

Rita Skeeter Quase toda a família Weasley está torcendo pelo Brasil. Certamente ninguém poderia esperar que Ronald torcesse pelo ex-namorado de sua esposa. Os dois filhos – Rose, que parece ter herdado o cabelo infeliz do pai, e Hugo que tem as madeixas armadas da mãe – estão de verde da cabeça aos 270


pés, mas Hermione Granger não está usando nada que indique para que time está torcendo. Será que ela espera em segredo que Krum finalmente ganhe a taça? Ou será que esse é o tipo de neutralidade diplomática que se poderia esperar de uma carreirista impiedosa cuja ambição a longo é prazo é sem dúvida ser Ministra da Magia? Gina Potter 00:00 – E eles partiram! 14 jogadores decolam para a final da 427ª Copa de Quadribol! Rita Skeeter 00:01 – Neville Longbottom já está em pé torcendo, embora nada tenha acontecido ainda. Ele está bêbado? Gina Potter 00:05 – A goles está na posse do Brasil, mas a defesa habilidosa de Draganov e Vulchanov tem os impedido de marcar até agora. Flores, Diaz e Alonso estão implacáveis, esquivando-se e virando-se enquanto tentam encontrar um caminho para ultrapassar os batedores búlgaros. Rita Skeeter 00:18 – Luna Lovegood parece estar distribuindo algum petisco aos seus amigos na área VIP. Alguns poderiam hesitar em aceitar alimentos de Lovegood, cujo apelido na escola, eu fui confiavelmente informada, era “Di-Lua”. Gina Potter 00:32 – Uma excelente interceptação pelo artilheiro búlgaro Levski e a Bulgária vai em direção ao gol – passe para Vassileva – ai! Até os brasileiros exclamaram em simpatia ali quando o balaço atingiu forte Vassileva no pescoço. Ela derruba a goles, que é pega por Flores. Brasil de novo com a posse de goles!

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Rita Skeeter 00: 33 – Neville Longbotton está rindo muito de algo que Harry Potter se inclinou para sussurrar para ele. O que é tão divertido? Para que tamanha demonstração de humor às vistas do público? Certamente Potter está ciente de que todos no estádio podem vê-lo? Não é um tanto elitista fazer piadas "internas" com amigos famosos enquanto as pessoas nos assentos baratos não podem ouvi-los? Gina Potter 00:37 – E o primeiro sangue é do Brasil com um gol espetacular de Flores! Rita Skeeter 00: 38 – Alvo Potter quase caiu da área VIP ao torcer pelo seu herói do Quadribol. Seu tio Ronald o segurou pelas vestes e o salvou do que certamente seria uma morte de significância internacional, espalhando novas histórias pelo mundo bruxo. O irmão Tiago ri entusiasmado (será que empurrou o irmão?). Harry Potter parece completamente despreocupado, simplesmente entregando ao seu segundo filho um dos quitutes de Luna Lovegood. Gina Potter 00:42 – Draganov e Vulchanov estão quebrando os artilheiros brasileiros com sucesso, impedindo o trio formidável de marcar um segundo gol, mas a Bulgária está dependendo demais na sua defesa e seu ultimo toque na goles resultou em uma soltada atrapalhada de Grozda. Não há sinal do pomo até agora. Rita Skeeter 00:54 – Harry Potter está comemorando todo balaço búlgaro bem-batido, enquanto seu suposto melhor amigo Ronald Weasley parece bater os dentes de desgosto. Hermione Granger está bocejando. Esteja ela demonstrando tédio, ou apenas exausta após a longa noite de barulhenta farra da Armada de Dumbledore na área VIP do acampamento, seus anfitriões argentinos só podem estar ofendidos com tanta falta de educação.

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Gina Potter 00:59 – Bogomil Levski passa pela defesa brasileira e empata! 10 para todos! Rita Skeeter 01:10 – O Chefe do Departamento de Transportes Mágicos, Percy Weasley, faz caretas enquanto assiste a partida. Ficando grisalho e careca, ele envelheceu consideravelmente desde a Batalha de Hogwarts (onde, claro, ele se tornou a personificação infeliz da frase "antes tarde do que nunca"). Oponentes políticos maldosos podem chamá-lo de “burocrata almofadinha”, mas outros dizem, no máximo, que ele "não é tão ruim uma vez que você o conhece". Gina Potter 1:23 – Uma repentina explosão de rápidos passes da goles resultou em uma série de gols do Brasil, cujos artilheiros estão se movimentando rapidamente pelo campo. Gonçalo Flores marcou mais duas vezes e Fernando Diaz uma, levando a pontuação a 40-10. A Bulgária está cometendo muitos descuidos e precisa entrar na ofensiva. O Brasil está parecendo muito mais forte nesse ponto. Rita Skeeter 01:31 – Carlinhos Weasley – ou “O Weasley Solteirão” como é conhecido – é um camarada forte que carrega várias queimaduras devido ao seu trabalho com dragões. Como sua cunhada Hermione "Tédio Bocejo" Granger, ele está prestando pouca atenção à partida, preferindo o que parece ser uma conversa muito interessante com Rolf Scamander, marido de "Di-Lua" Lovegood. O quanto deve ser difícil se casar com alguém da Armada de Dumbledore nós podemos apenas especular. Ninguém que testemunhou o evento se esquecerá um dia do choque no rosto de Scamander quando ele viu o vestido de casamento de Lovegood – arco-íris, paetês e uma tiara de chifres de unicórnio prateados, votado "O look mais horrendo do ano" pelos leitores da minha coluna regular no Profeta Diário. Lovegood e Scamander parecem estar de mãos dadas na área VIP, o que pode ser muito bem um jeito de Rolf tentar impedir sua esposa de colocar um de seus famosos chapéus para eventos especiais. 273


Gina Potter 1:43 – O POMO FOI VISTO! Com a pontuação em 50-20 (gols seguintes com um minuto de diferença de Alonso e Vassileva) um brilho dourado perto dos aros brasileiros levou Silva e Krum a uma disputa acirrada – Batedores e Artilheiros dispersos – Krum está na frente, mas não captura o pomo por pouco – enquanto o pomo sobe, ambos os apanhadores parecem estar cegos pelo brilhante sol da Patagônia – o pomo desapareceu de novo. Rita Skeeter 01:58 – Jorge Weasley, rico co-proprietário da loja de logros “Gemialidades Weasley”, tem apenas uma orelha. Essa deficiência não o impediu de se casar com a ex-namorada de seu falecido irmão, Angelina Johnson, ou de ter dois filhos com ela: Fred e Roxanne. Eles estão dando um show de união familiar na cabine. Porém, poucos se esquecerão dos recentes rumores de que – apesar do ouro abundante trazido por invenções como as Vomitilhas – Angelina foi se tornando insatisfeita com o casamento e recentemente deixou o lar do casal para – minha colega Gina Potter acaba de me informar que Angelina deixou o lar do casal para cuidar do pai doente. Muitos pensarão que essa história é provável. Enquanto isso, Teddy Lupin e Victoire Weasley se aproveitaram da falta de atenção dos adultos para encontrar lugares um ao lado do outro. Gina Potter 2:03 – Momentos após Diaz aumentar a liderança do Brasil – 60-20 – O batedor Santos acerta Vítor Krum fortemente na cabeça com seu taco. O juiz está examinando as imagens de omnióculos para ver se de fato houve uma falta. O jogo foi pausado. Rita Skeeter 02:04 – Um grande barulho vem da plateia, sem dúvida em resposta ao beijo escancarado que Ronald Weasley deu na bochecha de sua esposa. Esse ato de exibicionismo barato parece ter enojado os espectadores – minha colega, Gina Potter, acaba de me informar que a multidão fez barulho porque um dos jogadores sofreu um ferimento.

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Gina Potter 2:21 – Não houve falta! O juiz alemão Herman Junker conclui que Rafael Santos não teve intenção de golpear Vítor Krum na parte de trás do crânio com seu bastão. Krum sinaliza que está bem para jogar e a partida reinicia. Rita Skeeter 02.36 – A fria Hermione Granger não percebeu o ferimento do ex-namorado imediatamente, devido à má pensada demonstração pública de carinho instigada por seu marido, mas ela sutilmente começou a aparentar preocupação. O mesmo não pode ser dito de Neville Longbottom, que parece descrever efusivamente a maneira precisa como Krum suportou o sangramento nasal pelo bem de seu afilhado, Alvo Potter. Uma demonstração estranhamente desastrada do popular professor de Herbologia. Gina Potter 2:38 – Meros 3 minutos após o recomeço da partida, Krum e Silva voam repentinamente para cima – cinco mil omnióculos seguem o par em direção ao cegante sol argentino Rita Skeeter 02:39 – A Armada de Dumbledore parece agitada e tensa. Terá um deles ofendido seriamente os outros? Terão amargas feridas sido reabertas aqui, na frente de milhares de pessoas, onde todos esperavam apenas aproveitar um singular evento esportivo? Deveria a Armada de Dumbledore atrair tamanha atenção para eles mesmos quando – aparentemente – algo excitante está acontecendo no campo? Ou estarão eles usando isso como disfarce para liberar velhas disputas? Gina Potter 2:40 – Krum e Silva estão em uma disputa acirrada pelo pomo, o qual Silva viu primeiro – ele está 4 pés à frente de Krum enquanto os dois sobrem quase verticalmente.

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Rita Skeeter 02:41 – Todos estão de pé, incluindo os espectadores da área VIP – Harry Potter está gritando – se minha leitura labial estiver correta, Ronald Weasley está xingando Gina Potter

2:42 – Krum está chegado perto de Silva, mas será o bastante…?

Rita Skeeter 02:43 – Teddy Lupin acidentalmente deu um soco no nariz de sua namorada enquanto gesticulava – será que estamos prestes a presenciar um rompimento, ao vivo na Copa Mundial de Quadribol? Gina Potter

2:43 – Krum e Silva lado a lado

Rita Skeeter 02:44 – Teddy Lupin e Victória Weasley se agarraram de novo – eles não se importam mesmo com Quadribol? Será que eles deveriam ter ocupado esse valioso espaço do estádio, quando todos os olhos deveriam estar grudados no campo? Quando tantos bruxos e bruxas pobres simplesmente adorariam estar aqui? Gina Potter

2:45 – KRUM PEGOU O POMO! A BULGÁRIA GANHOU!

Rita Skeeter 02:45 – Eu não consigo ver a área VIP – Todo mundo está pulando pra cima e pra baixo

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Gina Potter A multidão está enlouquecida. Depois de duas horas e quarenta e cindo minutos no fervente sol argentino, a Bulgária ganhou a Copa Mundial de Quadribol e Krum atingiu a ambição de sua vida na terceira tentativa – parece que ele pode cair de sua vassoura – lágrimas correm por seu rosto – uma vitória muito popular aqui no deserto da Patagônia – mas muita compaixão pelo Brasil – eles lideraram quase o jogo todo e, no fim, foi Krum o apanhador que os derrotou. Uma maravilhosa mostra de espirito esportivo aqui, já que Silva e Krum se abaraçam. Rita Skeeter Ah, assim está melhor – as pessoas estão se acalmando, agora eu consigo ver a área VIP – bem, a Armada de Dumbledore parece aprovar a vitória, Harry Potter parece particularmente emocionado – com um sorriso determinado no rosto, Ronald Weasley disfarça sua inevitável irritação pelo ex-amante de sua esposa ser paparicado pelo mundo do Quadribol – o jovem Alvo aplaude, sem dúvida a mando de seu pai faminto por publicidade – minha colega, Gina Potter, está se aproximando de mim, sem dúvidas com outra tediosa correç... Gina Potter Rita Skeeter se encontra inexplicavelmente doente devido a o que alguns dizem ser uma azaração no plexo solar. Enquanto as celebrações continuam no aqui no deserto da Patagônia, nós do Profeta Diário esperamos sinceramente que você tenha aproveitado nossa cobertura da Copa do Mundo da Argentina. Na próxima semana a Liga Nacional de Bexigas vem para Birmingham! Mas honestamente… Não se dê ao trabalho.

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A FAMÍLIA POTTER

A família Potter é muito antiga, porém nunca esteve (até o nascimento de Harry Tiago Potter) nas linhas principais da história bruxa, contentando-se com uma sólida e confortável existência nos bastidores. Potter não é um sobrenome trouxa incomum e, por esta razão, a família não fazia parte da lista dos “Sagrados Vinte e Oito”; o autor anônimo desta lista supostamente definitiva de sangues-puros suspeitou que eles teriam surgido do que ele considerava ser sangue contaminado. Porém, a mágica família Potter teve nobres inícios, e alguns deles ficaram implícitos em “Relíquias da Morte”. No mundo trouxa, “Potter” é um sobrenome ocupacional, significa um homem que cria cerâmicas. A família bruxa dos Potters descende de um bruxo do século XII, Linfred de Stinchcombe, um homem local, excêntrico e bem-amado, cujo apelido, “o Potterer”, foi simplificado com o tempo para “Potter”. Linfred era um camarada vago e distraído, cujos vizinhos trouxas frequentemente o procuravam em busca de seus serviços medicinais. Nenhum deles percebeu que os poderes maravilhosos de Linfred para a cura de catapora e malária eram mágicos; todos o viam como um velho colega inofensivo e amável, cuidando de seu jardim com todas suas plantas engraçadas. A reputação de um excêntrico bem-intencionado coube bem a Linfred, porque atrás das portas ele podia continuar a série de experimentos que começou a base da fortuna da família Potter. Historiadores dão crédito à Linfred pela criação de vários remédios que evoluíram em poções ainda utilizadas hoje em dia, 279


incluindo a Esquelesce e a Poção Apimentada. As vendas de suas curas para bruxos e bruxas possibilitou-lhe deixar uma significante pilha de ouro para cada um de seus sete filhos após sua morte. O filho mais velho de Linfred, Hardwin, casou-se com uma linda jovem bruxa chamada Iolanthe Peverell, que veio da vila de Godric’s Hollow. Ela era a neta de Ignoto Peverell. Na falta de herdeiros homens, ela, a mais velha de sua geração, herdou a capa da invisibilidade de seu avô. Iolanthe explicou para Hardwin que era uma tradição em sua família manter a posse da capa em segredo, e seu novo marido respeitou seus desejos. A partir de então, a capa foi passada para o mais velho de cada nova geração. Os Potters continuaram casando com os seus vizinhos, de vez em quando trouxas, e vivendo no oeste da Inglaterra por várias gerações, cada um acrescentando aos cofres da família com o seu duro trabalho e, isso deve ser dito, pela marca tranquila de ingenuidade que caracterizou seu antecessor, Linfred. Ocasionalmente, os Potters chegaram até Londres, e dois membros da família se sentaram na Suprema Corte dos Bruxos: Ralston Potter, que foi membro de 1612 até 1652, e que era um grande apoiador do Estatuto do Sigilo (oposição em declarar guerra aos trouxas, como muitos membros militantes desejavam) e Henry Potter (Harry para os íntimos), que era um descendente direto de Hardwin e Iolanthe, e serviu na Suprema Corte de 1913 até 1921. Henry causou uma pequena desordem quando publicamente condenou o então Ministro da Magia, Archer Evermode, que havia proibido a comunidade mágica de ajudar os trouxas na Primeira Guerra Mundial. Seu posicionamento a favor da comunidade trouxa foi outro forte fator contribuinte na exclusão da família dos “Sagrados Vinte e Oito”. O filho de Henry chamava-se Fleamont Potter. Ele era chamado assim por causa do desejo incessável da mãe de Henry para que perpetuasse seu sobrenome de solteira, que de outra forma sumiria. Ele carregou este peso extraordinariamente bem; de fato, ele sempre atribuiu sua destreza em duelos ao número de vezes que ele teve de lutar com as pessoas em Hogwarts depois de fazerem brincadeiras com seu nome. Foi Fleamont quem quadriplicou o ouro da família, criando a Poção Capilar Alisante (“duas gotas domam o mais rebelde dos cabelos”). Ele vendeu a companhia e lucrou muito quando se aposentou, mas nenhuma riqueza compensaria ele ou sua esposa Euphemia pela falta de filhos. Eles tinham acabado de perder a esperança de ter um filho ou filha quando, para seu choque e surpresa, Euphemia descobriu que estava grávida e seu amado menino, Tiago, nasceu. 280


Fleamont e Euphemia viveram o suficiente para ver Tiago se casar com uma nascida-trouxa chamada Lílian Evans, mas não para conhecer seu neto, Harry. A Varíola de Dragão levou-os em poucos dias devido à idade avançada, e então Tiago Potter herdou a capa da invisibilidade de Ignoto Peverell.

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A PENA DE ACEITAÇÃO E O LIVRO DE ADMISSÃO

Em uma pequena torre trancada, nunca visitada por nenhum aluno de Hogwarts, fica um livro antigo que não foi tocado por mãos humanas desde que os quatro fundadores o colocaram lá ao terminar o castelo. Ao lado do livro, que é encapado em um descamante couro preto de dragão, há um pequeno potinho prateado de tinta e dele sai uma longa e desbotada pena. Esses são a Pena de Aceitação e o Livro de Admissão, e eles constituem o único processo pelo qual os alunos são selecionados para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Se alguém entende qual magia poderosa e duradora faz com que esse livro e essa pena se comportem de tal maneira, ninguém nunca confessou, sem dúvidas porque (como disse Alvo Dumbledore uma vez) isso poupa os funcionários de tediosas explicações para pais que ficam furiosos por seus filhos não terem sido selecionados para Hogwarts. A decisão do Livro e da Pena é definitiva e nenhuma criança jamais foi admitida sem seu nome ter sido inscrito nas páginas amareladas do livro. No momento preciso em que uma criança demonstra os primeiros sinais de magia, a Pena – que se acredita ter sido tirada de um Agoureiro – flutua para fora de seu potinho de tinta e tenta inscrever o nome daquela criança nas páginas do Livro (penas de Agoureiro são conhecidas por repelir tinta e o pote está sempre vazio; ninguém nunca conseguiu analisar o que exatamente é o líquido prateado que sai da Pena encantada). 282


Os poucos que assistiram ao processo (diversos diretores e diretoras apreciaram passar horas silenciosas na torre do Livro e da Pena, na esperança de flagrá-los em ação) concordam que a Pena pode ser considerada mais tolerante que o Livro. Um mero sopro de magia é suficiente para a Pena. O Livro, entretanto, frequentemente irá fechar, se recusando a ser escrito até receber evidências suficientemente dramáticas de habilidade mágica. Por esse motivo, no exato momento em que Neville Longbottom nasceu, a Pena tentou escrever seu nome e foi rejeitada pelo o Livro, que se fechou agressivamente. Nem mesmo a parteira que cuidou de Alice Longbottom percebeu que Neville conseguiu movimentar as cobertas para cima de si, deixando-as mais confortáveis instantes depois de nascer, assumindo que o pai dele havia embrulhado o bebê de forma mais segura. A família de Neville persistiu em não notar fracos sinais de magia nele e tanto seus desapontados tios-avós quanto o Livro velho e rigoroso não aceitaram que ele era verdadeiramente um bruxo antes de seus oito anos, quando ele sobreviveu a uma queda que deveria tê-lo matado. Na verdade, a severidade do Livro tem um propósito: seu histórico em manter abortos fora de Hogwarts é perfeito. Crianças não-mágicas nascidas de bruxos e bruxas ocasionalmente possuem alguma pequena áurea residual de magia, por causa de seus pais. Mas uma vez que a magia deles se esvai dessas crianças, se torna claro que eles nunca terão a habilidade de realizar feitiços. A sensibilidade da Pena, junto com a implacabilidade do Livro, nunca cometeram um erro.

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ESCOLAS DE MAGIA O número de países que têm a sua própria escola de magia é minúsculo se comparado ao daqueles que não têm. Isso porque a população bruxa da maioria dos países opta por uma educação domiciliar. Ocasionalmente, também, a comunidade mágica em um país é tão pequena ou tão remota que os cursos por correspondência acabam sendo a maneira com melhor custo-benefício de se educar os jovens. Existem onze escolas de magia há muito estabelecidas e prestigiadas pelo mundo, todas elas são registradas na Confederação Internacional dos Bruxos. Instituições menores e menos regulamentadas apareceram e desapareceram, são difíceis de controlar e raramente são registradas no Ministério apropriado (neste caso, eu não posso atestar o padrão de educação que elas podem oferecer). Qualquer pessoa que deseja saber se existe uma escola de magia aprovada em sua região deve enviar uma coruja ao Escritório da Educação da Confederação Internacional dos Bruxos. A localização exata de cada uma das seguintes escolas é guardada em sigilo. Não só porque as escolas temem ser perseguidas por trouxas, mas também por um triste fato que, várias vezes durante suas longas histórias, todas essas instituições foram atingidas pelos efeitos das guerras bruxas e hostilizadas por ambas as comunidades mágicas estrangeiras e locais (não é apenas na Grã-Bretanha que a educação de jovens bruxos tem sido alvo de pressão ou interferência do Ministério). Como uma regra geral, as escolas de magia tendem a se situar fora do litoral e em áreas montanhosas (embora existam exceções notáveis, como será visto), já que essas regiões são de difícil acesso aos trouxas e facilmente protegidas dos bruxos das trevas.

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CASTELOBRUXO [Cass – tell – o – broo – shoo] A escola brasileira de magia, que acolhe estudantes de toda a América do Sul, pode ser encontrada escondida na profunda mata tropical. O fabuloso castelo aparenta ser uma ruína para os poucos olhos trouxas que já o viram (um truque compartilhado com Hogwarts; a opinião sobre quem pegou a ideia de quem é dividida). Castelobruxo é um imponente edifício anguloso de pedra dourada, frequentemente comparado a um templo. Tanto a construção quanto os terrenos são protegidos por Caiporas, pequenos seres espirituais peludos que são extraordinariamente levados e astutos, os quais emergem sob o manto da noite para proteger os estudantes e as criaturas que vivem na floresta. A antiga diretora do Castelobruxo, Benedita Dourado, certa vez foi ouvida gargalhando com vontade em uma viagem de intercâmbio à Hogwarts quando o diretor Armando Dippet se queixou de Pirraça, o poltergeist. Sua oferta de mandar alguns Caipora à Floresta Proibida “para mostrar o que realmente é um problema” não foi aceita. Os estudantes do Castelobruxo usam vestes verde-claro e são especialmente avançados em Herbologia e Magizoologia; a escola oferece programas de intercâmbio bem populares para estudantes europeus* que desejam estudar a flora e fauna mágica da América do Sul. Castelobruxo produziu um grande número de ex-estudantes famosos, incluindo um dos mais famosos preparadores de poções do mundo, Libatius Borage (autor de, entre outros trabalhos, Estudos Avançados no Preparo de Poções, Contravenenos Asiáticos e Tenha a Sua Própria Fiesta Engarrafada), e João Coelho, capitão do mundialmente renomado time de Quadribol Rasa-árvores de Tarapoto. *Foi uma dessas viagens que os pais de Gui Weasley não puderam bancar, fazendo com que sua correspondente desapontada do Castelobruxo o mandasse algo desagradável pelo correio. 286


MAHOUTOKORO [Mah-hoot-o-koh-ro] Esta antiga escola japonesa tem o menor corpo estudantil das onze grandes escolas de magia e recebe alunos a partir dos sete anos (embora eles não embarquem até os onze). Sendo estudantes diurnos, as crianças bruxas vão e voltam para as suas casas todos os dias nas costas de um rebanho de pétreis gigantes. O ornamentado e requintado palácio de Mahoutokoro é feito de jade de gordura de carneiro e fica no ponto mais alto da “inabitada” (ou pelo menos os trouxas pensam assim) ilha vulcânica de Minami Iwo Jima. Os alunos são presenteados com vestes encantadas quando chegam, as quais crescem conforme o crescimento dos mesmos e mudam de cor gradualmente conforme o aprendizado dos seus usuários aumenta, começando em um rosa claro e se tornando (caso notas máximas sejam alcançadas em todas as matérias mágicas) douradas. Se as vestes ficarem brancas, isso é um indicativo de que o aluno traiu o código japonês dos bruxos e adotou práticas ilegais (que na Europa chamamos de Magia Negra) ou quebrou o Estatuto Internacional de Sigilo. “Ficar branco” é uma desgraça terrível, resulta na expulsão imediata da escola e um julgamento no Ministério da Magia japonês. A reputação de Mahoutokoro não está apenas no seu impressionante poder acadêmico, mas também na sua excelência com o Quadribol, que, reza a lenda, foi introduzido no Japão séculos atrás por um bando de alunos imprudentes de Hogwarts que foram soprados para fora de seu caminho durante uma tentativa de circunavegar o globo terrestre em vassouras totalmente inadequadas. Resgatados por um grupo de funcionários bruxos de Mahoutokoro, que estavam observando os movimentos dos planetas, eles permaneceram como convidados tempo o suficiente para ensinar aos colegas japoneses as regras 287


do jogo, uma atitude que eles viveram para se arrepender. Todos os membros do time de Quadribol japonês e do atual vencedor da Liga dos Campeões (o Toyohashi Tengu) atribuem seus poderes ao esgotante treinamento que receberam em Mahoutokoro, onde às vezes praticaram sob um mar turbulento em condições tempestuosas, forçados não apenas a ficar de olho nos balaços, mas também nos aviões da base aérea trouxa da ilha vizinha.

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UAGADOU [Wag-a-doo] Embora a África tenha um menor número de escolas de magia (para enteder melhor sobre como localizá-las, veja o parágrafo introdutório), há apenas uma que resistiu ao teste do tempo (pelo menos mil anos) e alcançou uma reputação internacional invejável: Uagadou. A maior de todas as escolas de bruxaria, ela recebe estudantes de todo o grande continente. O endereço sempre dado é “Montanhas da Lua”, onde os visitantes falam de um impressionante edifício esculpido na montanha e envolto de neblina, de modo que às vezes parece simplesmente flutuar em pleno ar . Grande parte (alguns diriam tudo) da magia originou-se na África, e os graduados Uagadou são especialmente bem versados em Astronomia, Alquimia e Auto-Transfiguração. A varinha é uma invenção europeia, e embora bruxos e bruxas africanos a adotaram como uma ferramenta útil no século passado, muitos feitiços são lançados simplesmente apontando o dedo ou através de gestos com as mãos. Isso dá aos alunos Uagadou uma linha resistente de defesa quando acusados de quebrarem o Estatuto Internacional de Sigilo (“Eu só estava acenando, nunca quis fazer o queixo dele cair”). Em um recente Simpósio Internacional de Animagia, a equipe da escola Uagadou atraiu a atenção da imprensa quando a sua exposição de transformação sincronizada causou um motim. Muitos bruxos e bruxas mais experientes e mais velhos se sentiram ameaçados por jovens de quatorze anos que poderiam se transformar à vontade em elefantes e guepardos, e uma queixa formal foi apresentada à Confederação Internacional dos Bruxos por Adrian Tutley (animago: rato do deserto). A longa lista de ex-alunos famosos produzidos pela Uagadou inclui Babajide Akingbade, que sucedeu Alvo Dumbledore como Independente Supremo da 289


Confederação Internacional dos Bruxos. Os alunos recebem o aviso de que conseguiram entrar no Uagadou por mensageiros dos sonhos, enviados pelo diretor ou diretora do dia. Os mensageiros do sonho aparecem para as crianças enquanto elas dormem e deixam um sinal, geralmente uma pedra inscrita, que é encontrado na mão das crianças quando elas acordam. Nenhuma outra escola emprega este método de seleção estudantil.

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ESCOLA DE MAGIA E BRUXARIA DE ILVERMORNY A grande escola de magia norte-americana foi fundada no século XVII. Está situada no pico mais alto do Monte Greylock, onde permanece escondida dos olhos não-mágicos graças a uma série de encantamentos poderosos que, às vezes, manifestam-se como um denso nevoeiro.

A origem irlandesa Isolt Sayre nasceu no ano de 1603 e passou a primeira infância no vale de Coomloughra, no condado de Kerry, na Irlanda. Ela descendia de duas famílias bruxas sangues-puros. Seu pai, William Sayre, era descendente direto de Morrigan, a famosa bruxa irlandesa, uma animaga cuja forma animal era um corvo. William apelidou a filha de “Morrigan” pela afinidade da menina, desde pequena, com todas as coisas da natureza. Essa fase da infância foi idílica, com pais que a amavam e ajudavam discretamente os vizinhos trouxas, produzindo curas mágicas tanto para humanos, quanto para animais. Aos cinco anos, Isolt ficou órfã quando um ataque à casa da família resultou na morte dos seus pais. Ela foi “resgatada” do fogo por Gormlaith Gaunt, uma irmã que vivia afastada de sua mãe, e que a levou para um vale vizinho – Coomcallee, ou “Ravina das Bruxas” – e lá a criou. Mas Isolt , ao crescer, logo percebeu que sua salvadora era, na realidade, sua sequestradora e a assassina dos seus pais. Instável e cruel, Gormlaith era uma fanática sangue-puro e acreditava que o zelo da irmã pelos vizinhos trouxas colocava Isolt em um caminho perigoso, que levaria ao casamento com um homem não-mágico. Acreditava que somente roubando a sobrinha 291


poderia recolocá-la no “caminho certo”: ser criada ciente de que, por ser descendente de Morrigan e Salazar Slytherin, deveria se relacionar apenas com bruxos de sangue puro. Gormlaith fez de si mesma o modelo que acreditava ser o ideal para Isolt obrigando a criança a assistir enquanto lançava maldições e azarações em qualquer trouxa ou animal que passasse perto demais da cabana onde viviam. A comunidade logo aprendeu a evitar o lugar onde Gormlaith vivia e, dali em diante, o único contato de Isolt com os aldeões, antes seus amigos, era quando ela ia brincar no jardim e os meninos atiravam pedras nela. Gormlaith não permitiu que Isolt ocupasse sua vaga em Hogwarts, quando a carta chegou, declarando que ela aprenderia mais em casa do que em um estabelecimento perigosamente igualitário, repleto de sangues-ruins. A própria Gormlaith, no entanto, estudara em Hogwarts e falava bastante a Isolt sobre a escola – muito mais para denegrir o lugar, sempre lamentando que os planos de Salazar Slytherin para a pureza da raça bruxa não tivessem se realizado. Para a menina, isolada e maltratada por uma tia que ela acreditava ser, no mínimo, meio louca, Hogwarts soava como um paraíso sobre o qual ela fantasiou durante toda a juventude. Durante doze anos, Gormlaith forçou a cooperação e o isolamento de Isolt, por meio de uma poderosa Magia Negra. Por fim, a jovem desenvolveu habilidade e coragem suficientes para escapar e roubou a varinha da tia, pois jamais tivera autorização para possuir uma. O único objeto que Isolt levou consigo foi um broche dourado, no formato de nó górdio, que havia pertencido à sua mãe. Isolt, então, fugiu do país. Temerosa da retaliação e do prodigioso poder de rastreamento da tia, Isolt primeiro mudou-se para a Inglaterra, mas não demorou para que Gormlaith viesse no seu encalço. Determinada a esconder-se de tal modo que sua mãe adotiva jamais a encontrasse, Isolt cortou os cabelos e, disfarçada de menino trouxa chamado Elias Story, zarpou para o Novo Mundo no Mayflower em julho de 1620. Isolt chegou à América com os primeiros colonizadores trouxas (na comunidade bruxa norte-americana os trouxas são chamados “não-maj”, a partir da expressão “não-mágico”). Ao chegar, ela desapareceu nas montanhas mais próximas, deixando seus companheiros de viagem acreditarem que “Elias Story” havia sucumbido aos rigores do inverno, como tantos outros. Isolt deixou a nova colônia em parte por temer que a tia a rastreasse, mesmo em um novo continente, mas também porque a viagem a bordo do Mayflower lhe deu a certeza de que uma bruxa não seria bem-vinda entre os puritanos. 292


Agora Isolt estava sozinha, em um país estrangeiro inóspito e, até onde sabia, era a única bruxa em centenas – senão milhares – de quilômetros. A educação parcial que Gormlaith lhe dera não incluía informações sobre os bruxos nativos americanos. No entanto, após várias semanas vivendo por conta própria nas montanhas, ela encontrou duas criaturas mágicas cuja existência até então ignorava. O esconde-esconde é um espectro noturno que habita as florestas e ataca criaturas humanoides. É capaz de esconder-se por trás de praticamente qualquer objeto e, como o nome sugere, ocultar-se perfeitamente de caçadores e vítimas. Os não-majs suspeitam de sua existência, mas não são páreo para seus poderes. Somente uma bruxa ou bruxo é capaz de sobreviver ao ataque de um esconde-esconde. O pukwudgie também é nativo americano: uma criatura pequena, de rosto cinzento e orelhas grandes, parente distante do duende europeu. É ferozmente independente e ardiloso, não gosta muito de humanos (bruxos ou não) e possui uma poderosa magia própria. Pukwudgies caçam usando flechas venenosas letais e adoram pregar peças nas pessoas. As duas criaturas haviam se encontrado na floresta: o esconde-esconde, que possuía tamanho e força incomuns, além de conseguir capturar o pukwudgie - que era jovem e inexperiente -, estava a ponto de estripá-lo quando Isolt lançou uma maldição que o fez fugir. Sem saber que o pukwudgie também era tremendamente perigoso para os humanos, Isolt o levou para seu abrigo improvisado e cuidou dele até que recuperasse a saúde. O pukwudgie declarou, então, que se sentia obrigado a servi-la até ter a oportunidade de pagar sua dívida. Considerava uma grande humilhação estar em dívida com uma bruxa jovem e tola o suficiente para sair andando à toa em um país estranho, onde pukwudgies e esconde-escondes podiam tê-la atacado a qualquer momento – e os dias de Isolt passaram a ser tomados pelas lamúrias do pukwudgie, que a seguia por toda a parte. Apesar da ingratidão do pukwudgie, Isolt o achava divertido e ficou feliz com a sua companhia. Com o tempo, entre eles desenvolveu-se uma amizade quase ímpar na história das respectivas espécies. Leal aos preceitos de seu povo, o pukwudgie jamais revelou seu nome; Isolt então o apelidou de “William”, o nome de seu pai.

A serpente chifruda

William começou a apresentar Isolt às criaturas mágicas com as quais 293


estava familiarizado. Eles saíam juntos para observar hodags cabeças-de-sapo caçando, enfrentaram um snallygaster dragônico e viram filhotes de pumaruna recém-nascidos brincando ao amanhecer. Para Isolt, a mais fascinante de todas foi a grande serpente chifruda do rio, com uma joia na testa, que vivia em um riacho próximo. Até mesmo seu guia pukwudgie tinha pavor da criatura, mas, para espanto dele, a serpente chifruda pareceu gostar de Isolt. O mais alarmante para William foi o fato de Isolt dizer que compreendia o que a serpente chifruda lhe dizia. Isolt achou melhor não falar com William sobre sua estranha sensação de ligação com a serpente, nem o fato de que ela parecia lhe dizer coisas. Passou a visitar o riacho sozinha e nunca contava ao pukwudgie aonde ia. A mensagem da serpente nunca mudava: “Enquanto eu não for parte da sua família, sua família está condenada”. Isolt não tinha família, a não ser que considerasse Gormlaith, na Irlanda. Não conseguia compreender as palavras enigmáticas da serpente chifruda, nem saber se estava imaginando a voz com a qual ele parecia falar com ela.

Webster e Chadwick Boot Isolt acabou reencontrando pessoas mágicas como ela graças a uma circunstância trágica. Certo dia em que ela e William procuravam alimento na floresta, um som horrendo não muito longe dali fez com que William gritasse para Isolt ficar onde estava e saísse correndo em meio às árvores, com a flecha envenenada de prontidão. Claro que Isolt não lhe deu ouvidos e, pouco depois, quando chegou a uma pequena clareira, deparou-se com uma cena horrível. O mesmo esconde-esconde que tentara matar William fora mais bem-sucedido com um casal de humanos ingênuos, que agora jaziam mortos no chão. Pior, havia ali também dois meninos gravemente feridos, esperando sua vez, enquanto o esconde-esconde se preparava para estripar seus pais. William e Isolt conseguiram cuidar sem dificuldades do esconde-esconde que, dessa vez, foi destruído. Contente com o feito daquela tarde, o pukwudgie voltou a colher amoras, ignorando os fracos gemidos das crianças no chão. Quando Isolt, furiosa, mandou que a ajudasse a carregar os dois meninos para casa, William teve um ataque de raiva. Os meninos, disse ele, já estavam praticamente mortos. Era contra as crenças de sua raça auxiliar humanos; Isolt era uma infeliz exceção porque havia salvado sua vida.

Indignada com a frieza do pukwudgie, Isolt disse que aceitaria a ajuda 294


com um dos meninos como pagamento de sua dívida. Os dois meninos estavam tão mal que ela temia aparatar com eles, por isso insistia em carregá-los para casa. De má vontade, o pukwudgie aceitou carregar o menino mais velho, cujo nome era Chadwick, enquanto Isolt carregava o caçula Webster para seu abrigo. Chegando lá, a furiosa Isolt disse a William que não precisava mais dele. O pukwudgie a encarou com raiva, depois desapareceu.

Os Garotos Boot e James Steward Isolt sacrificara seu único amigo por dois meninos que talvez não sobrevivessem. Felizmente ambos sobreviveram e, para sua alegria e surpresa, ela descobriu que os dois possuíam poderes mágicos. Os pais bruxos de Chadwick e Webster os haviam levado para a América em busca de uma aventura fascinante. A aventura terminou em tragédia quando a família se aventurou pela mata e encontrou o esconde-esconde. Boot supôs que a criatura fosse um simples bicho-papão e tentou ridicularizá-lo, o que provocou as terríveis consequências que Isolt e William testemunharam. Os meninos estavam em estado tão grave que Isolt não teve coragem de sair de perto deles nas primeiras semanas. Estava inquieta porque, na pressa de salvá-los, não dera um enterro decente aos pais das crianças. Quando achou que Chadwick e Webster pareciam bem para ficarem sozinhos por algumas horas, Isolt voltou à floresta com a intenção de criar túmulos que os meninos pudessem visitar um dia. Para sua surpresa, ao chegar na clareira encontrou um rapaz chamado James Steward. Ele também era do assentamento em Plymouth. Dando pela falta da família com a qual fizera amizade na viagem para a América, ele entrara na floresta para procurá-los. Enquanto Isolt observava, James terminou de marcar as sepulturas que havia cavado com as mãos e depois pegou as duas varinhas quebradas que ficaram caídas ao lado dos Boot. Franzindo a testa ao examinar o cerne de fibra de coração de dragão que sobressaía da varinha do Sr. Boot, ele a agitou de leve. Como costuma acontecer quando um não-maj agita uma varinha, ela o repeliu. James foi lançado através da clareira, bateu de costas em uma árvore e desabou no chão. Acordou em um pequeno abrigo de galhos e peles de animais, e descobriu que estava sendo cuidado por Isolt. Ela não pôde esconder sua magia em um espaço tão exíguo, principalmente porque estava preparando poções 295


para ajudar na recuperação dos garotos Boot e usando a varinha para caçar. Isolt pretendia usar o Obliviate e apagar a memória de James, assim que ele se recuperasse da concussão, e mandá-lo de volta para a colônia em Plymouth. Enquanto isso, era maravilhoso ter outro adulto com quem conversar, especialmente alguém que já gostava dos garotos Boot e ajudava a entretê-los enquanto se recuperavam dos ferimentos mágicos. James até ajudou Isolt a construir uma casa de pedra no topo do Monte Greylock. Como tinha sido pedreiro na Inglaterra, criou um desenho viável que Isolt transformou em realidade no período de uma tarde. Isolt a batizou de “Ilvermorny”, em homenagem à casa onde havia nascido e que fora destruída por Gormlaith. Ela jurava a si mesma usar o Obliviate em James todos os dias e, todos os dias, o medo que ele sentia da magia diminuía um pouco; até que, no final das contas, foi mais fácil admitirem que estavam apaixonados, casarem e pronto.

Quatro casas Isolt e James consideravam os garotos Boot seus filhos adotivos. Ela lhes contou as histórias de Hogwarts que conhecera por meio de Gormlaith. Os meninos desejavam frequentar a escola e sempre perguntavam por que não podiam todos voltar para a Irlanda, onde poderiam esperar por suas cartas. Isolt não queria assustá-los contando a história de Gormlaith. Em vez disso, prometeu que arranjaria varinhas (as dos pais deles não tinham conserto) e que eles teriam uma escola de magia bem ali na cabana, assim que completassem onze anos. A ideia conquistou a imaginação de Chadwick e Webster. A imagem que os meninos tinham de como deveria ser uma escola de magia era quase inteiramente baseada em Hogwarts, por isso insistiram em que deveriam existir quatro casas. A ideia de nomear as casas com seus nomes, já que eram os fundadores, foi rapidamente abandonada porque Webster achou que uma casa chamada “Webster Boot” não tinha nenhuma chance de vencer nada. Então cada um escolheu seu animal mágico preferido. O de Chadwick, um menino inteligente, mas bastante temperamental, era o pássaro-trovão, a ave capaz de criar tempestades quando voa. O do argumentativo e leal Webster era a pumaruna, uma criatura mágica de aparência felina, veloz, forte e quase impossível de matar. O de Isolt, claro, foi a serpente chifruda que ela ainda visitava e com a qual sentia uma estranha sensação de afinidade. Quando perguntaram qual era a sua criatura favorita, James ficou perplexo. Sendo o único não-maj da família, ele não sentia ligação com nenhuma 296


das criaturas mágicas que os outros haviam aprendido a conhecer tão bem. Por fim, escolheu o pukwudgie, pois as histórias que a esposa contava sobre o rabugento William sempre o faziam rir. Assim foram criadas as quatro casas de Ilvermorny e, mesmo que seus criadores ainda não soubessem, muito da personalidade de cada um passaria para as casas que haviam nomeado de modo tão casual.

O sonho O aniversário de onze anos de Chadwick estava chegando depressa e Isolt não tinha ideia de como arranjar a varinha prometida. Até onde sabia, a varinha que roubara de Gormlaith era a única na América. Ela não ousava dissecá-la para descobrir como era feita, e as investigações com as varinhas dos pais dos meninos apenas serviram para mostrar que a fibra de coração de dragão e o pelo de unicórnio há muito já haviam murchado e perecido. Na véspera do aniversário do menino, ela sonhou que ia até o riacho ver a serpente chifruda, a qual saía das águas e curvava a cabeça para que ela raspasse uma lasca do chifre. Acordou quando ainda estava escuro e tomou o caminho do riacho. A serpente chifruda estava lá, esperando por ela. A cobra levantou a cabeça, exatamente como no sonho, então Isolt pegou um pedaço do chifre, agradeceu, voltou para casa e acordou James, cujo talento com pedra e madeira já havia embelezado a cabana da família. Quando Chadwick acordou, no dia seguinte, deparou-se com uma bela varinha entalhada em freixo, contendo o chifre da serpente. Isolt e James haviam conseguido criar uma varinha de poder excepcional.

A fundação da Escola de Ilvermorny Quando Webster fez onze anos, a reputação da pequena escola na casa da família havia se espalhado. Agora contavam com mais dois meninos mágicos da tribo Wampanoag. Havia também uma mãe e duas filhas dos Narragansett interessadas em aprender técnicas de artesanato de varinhas em troca de ensinar um pouco do próprio conhecimento mágico. Todos receberam varinhas criadas por Isolt e James. Um instinto de proteção disse a Isolt que devia guardar os cernes de serpente chifruda apenas para ela e seus dois filhos adotivos. Ela e James aprenderam a usar vários outros cernes: pelo de pumaruna, fibra de coração do snallygaster e galhada de lebrílope. 297


Por volta de 1634, a escola domiciliar havia crescido mais do que Isolt poderia sequer imaginar um dia. A casa se expandia a cada ano que passava. Mais alunos haviam chegado e, mesmo a escola ainda sendo pequena, havia crianças suficientes para realizar o sonho de Webster: um campeonato entre as casas. Por outro lado, como a reputação da escola ainda não havia ultrapassado as tribos nativas da região e os colonos europeus, não existiam dormitórios. As únicas pessoas que ficavam em Ilvermorny à noite eram Isolt, James, Chadwick, Webster e as bebês gêmeas do casal: Martha, em homenagem à finada mãe de James, e Rionach, em homenagem à de Isolt.

A vingança de Gormlaith Mas a família feliz e ocupada não fazia ideia de que um grave perigo viria de longe. A notícia de que uma nova escola de magia estava funcionando em Massachusetts chegou ao velho país. Diziam os rumores que a diretora fora apelidada de “Morrigan” em homenagem à famosa bruxa irlandesa. Mas somente quando soube que o nome da escola era “Ilvermorny” Gormlaith pôde acreditar que Isolt havia conseguido viajar até a América sem ser detectada, casar-se – não com um nascido trouxa, mas um trouxa de fato – e abrir uma escola que aceitava qualquer um com um mínimo de magia. Ela havia comprado uma nova varinha na desprezível Olivaras para substituir a preciosa varinha que foi repassada por gerações, antes de ser roubada por Isolt. Determinada a não deixar que sua sobrinha soubesse de sua chegada antes que fosse tarde demais, Gormlaith, sem saber, imitou Isolt e disfarçou-se de homem para fazer a travessia para a América no navio Bonaventure. Perversa, viajou usando o nome de William Sayre, o pai de Isolt que assassinara. Gormlaith desembarcou na Virgínia e seguiu furtivamente para o Monte Greylock, em Massachusetts, chegando à montanha numa noite de inverno. Ela pretendia destruir a segunda Ilvermorny, matar os pais que lhe frustraram a ambição de manter o sangue puro da família, roubar as sobrinhas-netas – as últimas a carregarem no sangue a linhagem sagrada – e levá-las para a Ravina das Bruxas. Ao avistar a grande construção de granito que se destacava na escuridão do pico do Monte Greylock, Gormlaith lançou uma maldição que continha os nomes de Isolt e James sobre a casa; o feitiço os fez cair em um profundo sono encantado. Em seguida, pronunciou uma única palavra sibilante, na língua das cobras. A varinha que servira Isolt tão fielmente por tantos anos estremeceu sobre a mesa de cabeceira e ficou inativa. Durante todos os anos em que a usou, 298


Isolt jamais soube que tinha nas mãos a varinha do próprio Salazar Slytherin, um dos fundadores de Hogwarts, e que esta continha um fragmento do chifre de uma cobra mágica – neste caso, o basilisco. Seu criador havia ensinado a varinha a “dormir” quando ordenado, um segredo que fora transmitido através dos séculos a cada membro da família Slytherin que tomava posse dela. O que Gormlaith não sabia era da existência de dois ocupantes na casa que não haviam caído no feitiço do sono, pois não tinha conhecimento de Chadwick, agora com dezesseis anos, e de Webster, com catorze. Outro detalhe de que nunca poderia ter sabido era o que estava no coração das varinhas dos irmãos: o chifre da serpente do rio. Essas varinhas não ficaram inertes quando Gormlaith pronunciou a palavra na língua das cobras. Ao contrário, os cernes mágicos vibraram ao som da língua antiga e, pressentindo que seus amados mestres corriam perigo, começaram a emitir baixinho um acorde musical, exatamente como a serpente chifruda faz ao se sentir ameaçada. Os dois garotos Boot acordaram e pularam da cama. Chadwick, por instinto, olhou pela janela. Esgueirando-se pelas árvores em direção à casa estava a silhueta de Gormlaith Gaunt. Como qualquer criança, Chadwick tinha ouvido e compreendido mais do que seus pais adotivos sequer imaginavam. Talvez eles pensassem que haviam poupado os meninos da existência da assassina Gormlaith, mas estavam enganados. Quando pequeno, Chadwick entreouviu Isolt falando dos motivos que a levaram a fugir da Irlanda e, sem que ela e James percebessem, seus sonhos haviam sido assombrados pela figura de uma bruxa velha, andando sorrateira pelas árvores na direção de Ilvermorny. Agora seu pesadelo se tornava realidade. Depois de mandar Webster avisar os pais, Chadwick fez a única coisa que lhe pareceu razoável: correu para fora da casa ao encontro de Gaunt, para impedi-la de entrar no lugar onde sua família dormia. Gormlaith Gaunt não esperava encontrar um bruxo adolescente e, a princípio, o subestimou. Chadwick defendeu-se com maestria da maldição que ela lançou, e assim os dois começaram a duelar. Em poucos minutos, Gormlaith, embora mais poderosa do que Chadwick, foi forçada a aceitar que o garoto era talentoso e fora muito bem instruído. Mesmo enquanto lançava maldições na cabeça dele, na tentativa de subjugá-lo e empurrá-lo para dentro da casa, Gaunt o questionava sobre sua linhagem pois, afirmava, detestaria matar um sangue-puro com tanto talento. Enquanto isso, Webster tentava acordar os pais, mas o encantamento era tão forte que nem mesmo o som dos gritos e das maldições de Gormlaith 299


atingindo a casa os acordava. Webster então resolveu descer rapidamente e juntou-se ao duelo que se desenrolava diante da casa. Os dois juntos tornaram o trabalho de Gaunt mais difícil: os cernes idênticos, quando usados contra um inimigo comum, aumentavam em dez vezes o poder dos garotos Boot. Ainda assim, a magia de Gormlaith era forte e negra o suficiente para rivalizá-los. Nesse ponto, o duelo alcançou proporções extraordinárias: Gaunt gargalhava e prometia misericórdia se pudessem provar serem sangues-puros, mas Chadwick e Webster estavam determinados a impedi-la de alcançar sua família. Os meninos foram empurrados para dentro de Ilvermorny: paredes rachavam e janelas se estilhaçavam; ainda assim, Isolt e James dormiam. Até as menininhas, que dormiam no piso superior, acordarem e berrarem de medo. Isso foi o que rompeu o encantamento lançado sobre Isolt e James. Fúria e magia não puderam acordá-los, mas o terror nos gritos das filhas quebrou o feitiço lançado sobre eles. O casal, como a própria Gaunt, não tinha ciência do poder do amor. Isolt mandou James cuidar das meninas e correu para ajudar os filhos adotivos, com a varinha de Slytherin na mão. Somente quando a ergueu para atacar a odiosa tia ela percebeu que, apesar dos anos de serviço, a varinha era como um graveto quebrado que tivesse encontrado no chão. Com olhar de triunfo, Gormlaith fez Isolt, Chadwick e Webster recuarem pela escada, na direção do choro das sobrinhas-netas. Por fim, explodiu a porta do quarto onde James estava de pé à espera, pronto para morrer diante dos berços das filhas. Certa de que tudo estava perdido, Isolt chamou, mal sabendo o que dizia, pelo pai assassinado. Um grande estrépito soou e o luar que invadia o quarto foi bloqueado quando William, o pukwudgie, apareceu no parapeito da janela. Antes que Gormlaith soubesse o que havia acontecido, uma flecha venenosa já tinha perfurado seu coração. Ela soltou um berro apavorante que se fez ouvir por quilômetros. A velha bruxa havia se valido de todas as formas de Magia Negra, na tentativa de se tornar invencível, e todas essas maldições reagiram ao veneno do pukwudgie, fazendo com que se tornasse tão sólida e quebradiça quanto carvão, antes de se desintegrar em mil pedaços. A varinha da Olivaras caiu no chão e explodiu. Tudo o que sobrou de Gormlaith Gaunt foi uma pilha de poeira fumacenta, um graveto quebrado e uma fibra de coração de dragão carbonizada. William salvara a vida de todos. Diante da gratidão da família, ele apenas rosnou que há uma década Isolt nem se dava ao trabalho de pronunciar o nome dele, e que estava ofendido por ser chamado somente no momento em 300


que ela teve medo da morte iminente. Isolt teve a delicadeza de não dizer que tinha chamado por um William diferente. James adorou conhecer o pukwudgie de quem tanto ouvira falar e, esquecido de que pukwudgies detestavam humanos, apertou com força a mão do perplexo William e disse o quanto estava feliz de ter nomeado uma das casas de Ilvermorny em homenagem a ele. Acredita-se que essa pequena lisonja abrandou o coração de William, pois ele levou sua família de pukwudgies para a casa no dia seguinte e, reclamando o tempo inteiro, como de hábito, ajudou a reparar os danos que Gaunt havia causado. Depois anunciou que os bruxos eram estúpidos demais para se protegerem sozinhos, negociando um substancial pagamento em ouro para atuar como segurança particular/zelador da escola.

O legado de Slytherin A varinha de Slytherin permaneceu inativa após o comando dado por Gormlaith Gaunt na língua das cobras. Isolt não era ofidioglota mas, de qualquer maneira, não queria mais tocar na varinha, última relíquia de sua infância infeliz. Ela e James a enterraram em um local distante do terreno da escola. Um ano depois, uma espécie desconhecida de colubrina havia crescido no mesmo local onde a varinha fora enterrada. A árvore resistiu a todas as tentativas de cortá-la ou matá-la mas, muitos anos depois, descobriu-se que suas folhas possuíam propriedades medicinais poderosas. A árvore parecia ser uma prova viva de que a varinha de Slytherin, assim como seus descendentes dispersos, abrangia tanto a nobreza quanto a torpeza do mundo. E o melhor dele aparentemente havia migrado para a América.

O crescimento da escola A reputação de Ilvermorny continuou crescendo nos anos seguintes. A casa de pedra se transformou num castelo. Mais professores foram recrutados para atender à crescente demanda. Crianças bruxas de toda a América do Norte eram enviadas para estudar em Ilvermorny, que se tornou um internato. No século XIX, Ilvermorny já havia ganhado a reputação internacional de que desfruta hoje. Durante muitos anos, Isolt e James permaneceram como diretores da escola, sendo amados por muitas gerações de alunos como se fossem membros de suas próprias famílias.

Chadwick se tornou um bruxo extremamente talentoso e muito via301


jado. Escreveu os sete volumes dos Feitiços de Chadwick, textos de referência em Ilvermorny. Casou-se com uma curandeira mexicana chamada Josefina Calderon. A família Calderon-Boot continua a ser uma das mais importantes nos Estados Unidos até hoje. Antes da criação do MACUSA (Congresso Mágico dos Estados Unidos da América), o Novo Mundo carecia de uma instituição que zelasse pela ordem na comunidade mágica. Webster Boot se tornou o que agora seria conhecido como Auror de aluguel. Quando repatriava um bruxo das trevas especialmente asqueroso para Londres, Webster conheceu e se apaixonou por uma jovem escocesa que trabalhava no Ministério da Magia. Assim, uma parte da família Boot retornou ao seu país de origem. Os descendentes de Webster estudariam em Hogwarts no futuro. Martha, a gêmea mais velha de James e Isolt, era um aborto. Apesar de amada pelos pais e pelos irmãos, foi doloroso para Martha crescer em Ilvermorny sem ser capaz de usar magia. Ela acabou por casar-se com o irmão não-maj de uma amiga da tribo Pocomtuc e, desde então, passou a viver como uma não-maj. Rionach, a filha mais nova, lecionou Defesa Contra as Artes das Trevas em Ilvermorny por muitos anos. Ela nunca se casou. Existia um boato, nunca confirmado pela família, de que, ao contrário da irmã, Rionach havia nascido com a habilidade de falar a língua das cobras e decidiu não passar a herança de Slytherin para a próxima geração. O ramo americano da família não sabia que Gormlaith não era a última dos Gaunts e que a linhagem continuava na Inglaterra. Isolt e James viveram para além dos cem anos. Viram a cabana de Ilvermorny se transformar em um castelo de granito e morreram cientes de terem uma escola tão famosa que as famílias mágicas de toda a América do Norte imploravam para educar seus filhos lá. Contrataram funcionários, construíram dormitórios, ocultaram a escola dos olhos não-majs com encantamentos engenhosos. No final, a menina que sonhara estudar em Hogwarts havia ajudado a fundar sua equivalente norte-americana.

Ilvermorny nos dias de hoje Como era de se esperar de uma escola parcialmente fundada por um não-maj, Ilvermorny tem a reputação de ser uma das mais democráticas e menos elitistas de todas as grandes escolas de magia.

Estátuas de mármore de Isolt e James ladeiam as portas principais do 302


Castelo de Ilvermorny. Tais portas se abrem para um cômodo circular encimado por uma cúpula de vidro. Um balcão de madeira circunda o cômodo no andar superior. O espaço é vazio, exceto pelas quatro enormes esculturas que representam as casas: a Serpente Chifruda , a pantera Pumaruna, o Pássaro-trovão e o Pukwudgie. Enquanto o resto da escola assiste do balcão circular, os calouros entram enfileirados no saguão. Eles ficam de pé ao longo das paredes e, um a um, são chamados para se colocarem sobre o símbolo do nó górdio instalado no meio do piso de pedra. Em silêncio, a escola aguarda que uma das esculturas encantadas reaja. Se a Serpente Chifruda quiser o aluno, o cristal incrustado em sua testa se acenderá. Se a Pumaruna quiser o aluno, ela dará um rugido. O Pássaro-trovão indica sua aprovação batendo as asas e o Pukwudgie apontando sua flecha para o ar. Se mais de uma escultura demonstrar desejo de incluir o aluno em sua casa, a escolha é então da própria criança. Raramente – talvez uma vez em cada década – um aluno é convidado pelas quatro casas. Serafina Picquery, presidente do MACUSA entre 1920 e 1928, foi a única bruxa de sua geração a receber tal honra. Ela escolheu a casa da Serpente Chifruda. Costuma-se dizer que as casas de Ilvermorny representam o todo de um bruxo ou bruxa: a mente é representada por Serpente Chifruda; o corpo, por Pumaruna; o coração, por Pukwudgie; e a alma, por Pássaro-trovão. Outros dizem que Serpente Chifruda favorece os estudiosos, Pumaruna, os guerreiros, Pukwudgie, os curandeiros e Pássaro-trovão, os aventureiros. A Cerimônia de Seleção não é a única grande diferença entre Hogwarts e Ilvermorny embora, sob muitos aspectos, as escolas se pareçam. Assim que são alocados em uma casa, os alunos são levados a um grande salão onde escolhem (ou são escolhidos por) uma varinha. Até a anulação da Lei Rappaport em 1965, a qual exigia obediência estrita ao Estatuto de Sigilo, nenhuma criança podia ter uma varinha antes de ir para Ilvermorny. Além disso, as varinhas deviam ser deixadas em Ilvermorny durante as férias. Só ao completar dezessete anos de idade o bruxo ou bruxa tinha permissão para portar uma varinha fora da instituição. As vestes de Ilvermorny são nas cores azul e cranberry. As cores honram Isolt e James: azul por ser a cor favorita de Isolt e porque ela desejava ter entrado para Corvinal quando criança; cranberry em homenagem a James, que adorava uma boa torta de cranberry. Todas as vestes dos alunos são presas por um nó górdio dourado, em memória ao broche que Isolt encontrou nas ruínas da primeira Ilvermorny. 303


Vários pukwudgies continuam a trabalhar na escola até hoje, todos resmungões, todos insistindo em que não desejam viver ali. Ainda assim, todos continuam na escola misteriosamente, ano após ano. Uma dessas criaturas é bastante velhinha e atende pelo nome de “William”. Ele ri da ideia de ser o William original que salvou a vida de Isolt e James, salientando sabiamente que aquele primeiro William estaria com 300 anos, se ainda fosse vivo. Entretanto, ninguém jamais soube exatamente quantos anos um pukwudgie vive. William não permite que ninguém, além dele, cuide da estátua de Isolt na entrada e, todos os anos, no aniversário de sua morte, deposita flores-de-maio na tumba, algo que o deixa num especial mau humor, caso alguém tenha a indelicadeza de comentar.

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SÉCULO XIV – SÉCULO XVII Embora chamada de “Novo Mundo” pelos exploradores europeus que chegaram ao continente pela primeira vez, os bruxos já sabiam da existência da América muito antes dos trouxas (Nota: cada nacionalidade tem seu próprio termo equivalente a “trouxa”; a comunidade norte-americana usa a gíria “No-Maj”, ou não-maj, uma contração de “não mágico”). Os vários meios de viagem mágica, entre elas as vassouras e a aparatação, sem falar em visões e premonições, demonstram que mesmo comunidades bruxas distantes estavam em contato entre si desde a Idade Média. As comunidades mágicas indígenas da América do Norte, da Europa e da África já sabiam da existência uma da outra muito antes da imigração dos não-majs europeus no século XVII e já estavam cientes das várias semelhanças existentes entre suas comunidades. Algumas famílias eram obviamente “mágicas”, e a magia também aparecia inesperadamente em famílias que até então não possuíam qualquer ascendência bruxa conhecida. A proporção entre bruxos e não-bruxos parecia consistente nas populações em geral, assim como as atitudes dos não-majs, onde quer que tivessem nascido. Na comunidade indígena norte-americana, alguns bruxos e bruxas eram aceitos e até enaltecidos em suas tribos, ganhando reputação como xamãs por seu poder de cura ou como caçadores exímios. Outros, no entanto, foram estigmatizados pelas crenças da tribo, em geral sob a alegação de estarem possuídos por espíritos maléficos. A lenda indígena do “andarilho de peles” – uma bruxa ou um bruxo maligno, que pode se transformar no animal que desejar – tem fundamento em fatos. É uma lenda que cresceu em torno dos animagos indígenas, e os acusava de terem sacrificado parentes próximos para obter seus poderes de 306


transformação. Na verdade, a maioria dos animagos assumia formas animais para escapar de perseguições ou caçar para suas tribos. Tais rumores depreciativos costumavam ser inventados por xamãs não-majs, que às vezes fingiam possuir poderes mágicos e temiam ser descobertos. A comunidade bruxa indígena norte-americana era particularmente talentosa com magias envolvendo animais e plantas; suas poções, em especial, eram de uma sofisticação muito além do que se tinha conhecimento na Europa. A diferença mais notável entre a magia praticada pelos indígenas norte-americanos e os bruxos europeus estava na ausência de uma varinha. A varinha mágica foi criada na Europa. Varinhas canalizam a magia para tornar seu efeito mais preciso e poderoso, embora seja de conhecimento geral que a marca dos grandes bruxos e bruxas é a capacidade de produzir magia de altíssima qualidade sem usar nenhuma varinha. Os animagos e criadores de poções indígenas foram a melhor demonstração de que fazer magia sem varinha é um feito de alta complexidade, pois feitiços e transfigurações são muito difíceis sem ela.

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DO SÉCULO XVII EM DIANTE Quando os europeus não-majs começaram a emigrar para o Novo Mundo, mais bruxas e bruxos de origem europeia também vieram a se fixar na América. Eles, assim como os emigrantes não-majs, tinham diversos motivos para deixar seus países de origem. Alguns foram movidos pelo senso de aventura, mas a maioria estava fugindo: às vezes da perseguição dos não-majs, às vezes de algum outro bruxo, mas também das autoridades bruxas. Estes últimos procuravam se misturar com o crescente afluxo de não-majs ou se esconder entre a população bruxa indígena, que costumava acolher e proteger seus irmãos europeus. Entretanto, desde o princípio ficou claro que o Novo Mundo era um ambiente muito mais hostil para bruxos e bruxas do que o Velho Mundo. Havia três razões principais para isso. Primeiro, assim como os imigrantes não-majs, eles viviam em um país com poucos confortos, exceto pelo que eles mesmos tivessem construído. Em sua terra natal, bastava visitar o boticário para encontrar todo o necessário para o preparo de poções; agora, precisavam desvendar plantas mágicas desconhecidas. Nenhum artesão de varinhas havia sequer se estabelecido, e a Escola de Magia e Bruxaria de Ilvermorny, que um dia figuraria entre os maiores estabelecimentos mágicos do mundo, não passava na época de uma cabana rústica com dois professores e uma dupla de irmãos órfãos como alunos. Segundo, as atitudes dos imigrantes não-majs faziam parecer encantadoras as populações não mágicas da terra natal de grande parte dos bruxos. Como se não bastassem as guerras com a população indígena, o que foi um duro golpe para a unidade da comunidade mágica, os imigrantes, devido a suas crenças religiosas, também se tornaram profundamente intolerantes a 308


qualquer sinal de magia. Os puritanos adoravam trocar acusações de ocultismo ao mais ínfimo indício, por isso bruxos e bruxas do Novo Mundo agiam bem ao manterem extrema cautela. O último – e provavelmente mais perigoso – problema encontrado pelos bruxos que chegavam à América do Norte eram os Purgantes. Como a comunidade bruxa norte-americana era reduzida, dispersa e reservada, não possuía ainda nenhum mecanismo próprio para manutenção da ordem. Um vácuo que acabou preenchido por um grupo inescrupuloso de bruxos mercenários de muitas nacionalidades diferentes, que formaram uma temida e brutal força-tarefa comprometida em caçar não apenas criminosos, mas qualquer um que pudesse render algum ouro. Com o passar do tempo, os Purgantes se tornaram incrivelmente corruptos: distantes da jurisdição de seus governos mágicos de origem, muitos se entregaram ao autoritarismo e à crueldade de uma maneira injustificável pela missão assumida. Tais Purgantes apreciavam o derramamento de sangue e a tortura, e até mesmo traficaram outros bruxos. Os Purgantes se multiplicaram pela América no fim do século XVII, havendo nesse período indícios de que chegaram ao cúmulo de fazer crer que não-majs inocentes eram bruxos, pois assim recebiam recompensas dos membros crédulos da comunidade não mágica. Os famosos julgamentos das bruxas de Salém, em 1692-93, foram uma tragédia para a comunidade bruxa. Historiadores bruxos afirmam que, entre os chamados juízes puritanos, havia pelo menos dois Purgantes conhecidos, que se desforravam de desavenças criadas em solo americano. Alguns dos mortos eram de fato bruxos, ainda que absolutamente inocentes dos crimes de que foram acusados. Outros eram simples não-majs que tiveram o infortúnio de serem envolvidos pela histeria e sede de sangue em geral. Salém foi significativa para a comunidade mágica por razões muito além da trágica perda de vidas. Seu efeito imediato foi a fuga de bruxas e bruxos da América, fazendo também com que muitos outros desistissem de se estabelecer por lá. Tal fenômeno provocou variações curiosas na população mágica da América do Norte, se comparada à da Europa, Ásia e África. Até décadas recentes do século XX, havia menos bruxos e bruxas na população americana em geral do que nos outros quatro continentes. As famílias de sangue puro, que se mantinham informadas pelos jornais bruxos sobre as atividades dos puritanos e dos Purgantes, raramente partiam para a América. Isso significou uma porcentagem muito mais alta de bruxas e bruxos nascidos não-majs no Novo Mundo do que em qualquer outro lugar. Mesmo que tais bruxos e bruxas ainda procurassem casar e formar famílias inteiramente mágicas, a ideologia do sangue puro que permeou grande parte da história da 309


magia na Europa ganhou muito menos impulso na América. Mas talvez o efeito mais expressivo provocado por Salém tenha sido a criação do Congresso Mágico dos Estados Unidos da América em 1693, antecipando a versão não-majs em cerca de um século. Conhecido por todos os bruxos e bruxas daquele país pela sigla MACUSA (do nome em inglês, Magical Congress of the United States of America), foi a primeira vez em que a comunidade bruxa norte-americana se reuniu para criar leis próprias, estabelecendo efetivamente um mundo mágico dentro de um mundo não-maj, como na maioria dos outros países. A primeira tarefa do MACUSA foi levar a julgamento os Purgantes que traíram sua própria raça. Os culpados de assassinato, tráfico de bruxos, tortura e todos os demais atos de crueldade foram executados por seus crimes. Mas vários dos Purgantes mais notórios evadiram-se da justiça. Com mandados de prisão internacionais no seu encalço, eles desapareceram permanentemente dentro da comunidade não-maj. Alguns se casaram com não-majs e formaram famílias em que as crianças mágicas pareciam ser depreciadas em favor de filhos não-mágicos, para manter o disfarce do Purgante. Vingativos e segregados de seu povo, eles transmitiram a seus descendentes a convicção absoluta de que a magia era real e a crença de que bruxas e bruxos deveriam ser exterminados onde quer que fossem encontrados. O historiador de magia norte-americana Teófilo Abbot identificou várias dessas famílias nas quais a certeza e o ódio nutrido pela magia eram profundos. Acredita-se que as crenças e atividades antimagia dos descendentes das famílias dos Purgantes sejam em parte o porquê de os não-majs norte-americanos serem mais difíceis de enganar e ludibriar a respeito de magia do que qualquer outra população. O fato provocou grande repercussão na maneira como a comunidade bruxa norte-americana é governada.

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A LEI DE RAPPAPORT Em 1790, a décima quinta presidente do MACUSA, Emília Rappaport, promulgou uma lei destinada a segregar totalmente as comunidades bruxa e não-maj. A lei foi consequência de uma das mais graves quebras do Estatuto Internacional de Sigilo, que rendeu à instituição uma humilhante repreensão por parte da Confederação Internacional dos Bruxos. A questão foi ainda mais séria porque a quebra de sigilo teve origem dentro do próprio MACUSA. A catástrofe envolveu a filha do homem de confiança da presidente Rappaport, o Chanceler do Tesouro e Dragotes. O dragote é a moeda bruxa norte-americana e o Chanceler de Dragotes, como o título sugere, equivale ao Secretário do Tesouro Nacional. Aristóteles Twelvetrees era um homem competente, mas sua filha, Dorcas, tinha de néscia o que tinha de bonita. Foi uma aluna medíocre em Ilvermorny e, à época da ascensão do seu pai ao gabinete, vivia em casa sem praticamente realizar nenhuma magia, pois ocupava-se muito mais de roupas, penteados e festas. Certo dia, em um picnic da comunidade local, Dorcas Twelvetrees apaixonou-se perdidamente por um belo não-maj chamado Bartolomeu Barebone. Ela não fazia ideia, mas Bartolomeu era descendente de um Purgante. Ninguém na família dele era bruxo, mas a crença do rapaz na magia era forte e inabalável, tanto quanto a convicção de que todos os bruxos e bruxas eram malignos. Totalmente inconsciente do perigo, Dorcas presumiu que o educado interesse de Bartolomeu por seus “pequenos truques” era sincero. Levada pelas perguntas inocentes do amado, revelou o endereço secreto do MACUSA e de Ilvermorny, deu informações sobre a Confederação Internacional dos Bruxos e explicou como essas instituições protegiam e ocultavam a comunidade 311


bruxa. Tendo coletado tantas informações quantas conseguiu extrair de Dorcas, Bartolomeu roubou a varinha que ela teve a gentileza de lhe mostrar e exibiu o artefato a quantos jornalistas conseguiu encontrar. Depois reuniu vários amigos armados para perseguir e, em tese, matar todos os bruxos e bruxas da vizinhança. Bartolomeu ainda imprimiu folhetos com os endereços em que bruxos e bruxas socializavam e enviou cartas a não-majs proeminentes, alguns dos quais consideraram necessário investigar se havia de fato “reuniões malignas ocultas” ocorrendo nos locais descritos. Eufórico com a missão de expor a bruxaria nos Estados Unidos, Bartolomeu Barebone excedeu-se e disparou contra o que acreditou ser um grupo de bruxos do MACUSA, que na verdade não passavam de simples espectadores não-majs que tiveram o infortúnio de abandonar um prédio que estava sob vigilância. Felizmente não houve mortes, mas Bartolomeu foi preso e encarcerado pelo crime, não havendo qualquer envolvimento do MACUSA. Esse resultado trouxe enorme alívio para o MACUSA, o qual vinha enfrentando com dificuldade as sérias consequências da imprudência de Dorcas. Bartolomeu havia espalhado seus folhetos por toda parte. Alguns jornais lhe deram bastante crédito e imprimiram fotos da varinha de Dorcas, observando que “dava coices como uma mula” quando agitada. As instalações do MACUSA passaram a atrair tanta atenção que a instituição precisou mudar de endereço. Quando a presidente Rappaport se viu forçada a dar explicações à Confederação Internacional dos Bruxos em um inquérito público, não pôde afirmar com certeza que todos quantos compartilharam as informações de Dorcas haviam sido devidamente obliviados. O vazamento foi tão grave que seus efeitos se fizeram sentir por muitos anos. Embora muitos membros da comunidade mágica tenham feito campanhas para que Dorcas fosse condenada à prisão perpétua ou mesmo executada, ela passou apenas um ano presa. Completamente execrada e profundamente traumatizada, ela se deparou com uma comunidade bruxa bastante diferente quando foi libertada e terminou seus dias reclusa, na companhia apenas de seus mais queridos companheiros: um espelho e um papagaio. A imprudência de Dorcas levou à criação da Lei Rappaport, que impôs uma severa segregação entre as comunidades não-maj e bruxa. Os bruxos já não tinham mais permissão de estabelecer amizade ou casar-se com não-majs. As punições para quem se confraternizava com não-majs eram implacáveis. A comunicação deveria ser limitada ao necessário para a realização das atividades diárias. 312


A Lei Rappaport fortaleceu ainda mais as já abismais diferenças culturais entre as comunidades bruxas americana e europeia. No Velho Mundo, sempre houve certo grau de cooperação e comunicação veladas entre os governos não-maj e mágico. Nos Estados Unidos, o MACUSA agia inteiramente à parte do governo não-maj. Na Europa, bruxas e bruxos se casavam e eram amigos de não-majs; nos Estados Unidos, os não-majs eram cada vez mais encarados como inimigos. Em resumo, a Lei Rappaport conduziu a comunidade bruxa norte-americana, que já lidava com uma população não-maj extraordinariamente desconfiada, a um secretismo ainda maior.

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A COMUNIDADE BRUXA AMERICANA NA DÉCADA DE 1920 Os bruxos norte-americanos tiveram seu papel na Grande Guerra de 1914-1918, ainda que a esmagadora maioria de seus compatriotas não-maj ignorasse sua contribuição. Como havia facções mágicas em ambos os lados, seus esforços não foram decisivos, mas os bruxos conquistaram muitas vitórias ao impedirem a perda de vidas e derrotarem inimigos mágicos. Esse empenho conjunto não abrandou a posição do MACUSA quanto à confraternização entre não-majs e bruxos, e a Lei Rappaport persistiu. Na década de 1920, a comunidade bruxa norte-americana já estava acostumada a existir sob um grau de sigilo bem maior do que seus irmãos europeus e a selecionar sua cara-metade estritamente dentro de sua própria classe. A lembrança da catastrófica quebra de sigilo cometida por Dorcas Twelvetrees havia adentrado na gíria mágica, de modo que ser “um dorcas” era a gíria para uma pessoa incompetente ou idiota. O MACUSA continuou impondo punições severas a quem violasse o Estatuto Internacional de Sigilo. Também era mais intolerante do que os europeus diante de fenômenos mágicos como fantasmas, poltergeists e criaturas fantásticas, visto que esses animais e espíritos representavam um risco de alertar os não-majs sobre a existência da magia. Após a Grande Rebelião dos Sasquatches de 1892 (para mais detalhes, consulte o aclamado livro de Ortiz O’Flahert, O Último Levante do Pé-Grande), a base do MACUSA teve que ser realocada pela quinta vez em sua história, mudando de Washington para Nova York, onde permaneceu durante os anos 1920. A presidente do MACUSA nesse período foi Madame Serafina Picquery, bruxa de talentos famosos oriunda de Savannah. 314


Naquela época, a Escola de Magia e Bruxaria de Ilvermorny vicejava há mais de dois séculos e já era considerada um dos maiores estabelecimentos de educação mágica no mundo. Por conta da educação em comum, todos os bruxos e bruxas norte-americanos são exímios no uso de uma varinha. A legislação estabelecida no fim do século XIX teve por objetivo fazer com que cada membro da comunidade mágica dos Estados Unidos fosse requisitado a carregar uma “licença de porte de varinha”, uma medida para que toda atividade mágica fosse observada de perto e identificar, assim, os perpetradores pelas varinhas. Diferentemente da Grã-Bretanha, onde Olivaras era considerado imbatível, o continente norte-americano foi servido por quatro grandes artesãos de varinhas. Shikoba Wolfe, descendente da tribo Chocktaw, foi antes de mais nada famoso pelas varinhas de entalhe intricado que continham penas de cauda de pássaro-trovão – uma ave mágica norte-americana relacionada a fênix. As varinhas de Wolfe eram consideradas extremamente poderosas, ainda que difíceis de dominar, e muito apreciadas por bruxos habilidosos em Transfiguração. Johannes Jonker, um bruxo nascido de trouxas cujo pai não-maj era um habilidoso marceneiro, tornou-se um perfeito artesão de varinhas. Elas eram muito procuradas e facilmente reconhecíveis, pois costumavam ser incrustadas de madrepérola. Depois de experimentar muitos cernes, o material mágico preferido de Jonker passou a ser o pelo da pumaruna. Thiago Quintana causou repercussão no mundo mágico quando suas varinhas lustrosas e alongadas começaram a entrar no mercado. Cada uma continha uma única espinha transparente do dorso dos Monstros do Rio White, no Arkansas, e produzia feitiços fortes e elegantes. Os temores quanto à pesca predatória da criatura aplacaram-se quando se comprovou que apenas Quintana conhecia o segredo para atraí-los – um segredo que guardou com zelo até a morte, altura em que as varinhas com espinhas dos Monstros do Rio White deixaram de ser produzidas. Violeta Beauvais, a famosa artesã de Nova Orleans, se recusou por muitos anos a divulgar o cerne secreto de suas varinhas, todas feitas da madeira do espinheiro-branco. Com o tempo descobriu-se que elas continham pelo de rugaru, o perigoso monstro com cabeça de cão que perambulava pelos pântanos da Louisiana. Diziam que as varinhas de Beauvais eram tão dadas à arte das trevas quanto vampiros ao sangue. Ainda assim, muitos heróis bruxos norte-americanos daquela época entraram em batalha armada com uma varinha Beauvais, e sabia-se que a própria presidente Picquery possuía uma. 315


Ao contrário da comunidade não-maj na década de 1920, bruxos e bruxas tinham permissão do MACUSA para consumirem álcool. Muitos críticos dessa política argumentaram que isso colocava os cidadãos mágicos em evidência nas cidades cheias de não-majs sóbrios. Entretanto, a presidente Picquery, em um de seus raros momentos de descontração, alegou que ser um bruxo nos Estados Unidos já era uma situação dura demais. — A birita — como disse ela de forma memorável ao seu Chefe de Gabinete — é inegociável.

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CONGRESSO MÁGICO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA (MACUSA) Origens O Congresso Mágico dos Estados Unidos da América, conhecido por bruxas e bruxos norte-americanos pela sigla MACUSA (pronuncia-se ma – cu – za), foi criado em 1693, logo após a introdução do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia. Bruxos de todo o mundo haviam chegado a um ponto crítico. Eles acreditavam que poderiam ter vidas mais livres e felizes, se pudessem construir uma comunidade secreta paralela, com redes de apoio e estrutura próprios. O sentimento era especialmente forte na América, devido ao recente Julgamento das Bruxas de Salém. O MACUSA seguiu os moldes do Conselho de Bruxos da Grã-Bretanha, que antecedeu o Ministério da Magia. Representantes das comunidades mágicas de toda a América do Norte foram eleitos para o MACUSA para criar leis que, ao mesmo tempo, policiassem e protegessem a bruxaria norte-americana. O objetivo imediato do MACUSA era livrar o continente dos Purgantes, bruxos corruptos que caçavam outras pessoas mágicas para obter ganhos pessoais. O segundo grande desafio da justiça foi o número de bruxos criminosos que fugiu da Europa e de outras regiões do mundo para a América, justamente porque esta carecia de um sistema organizado para execução de leis, como havia em seus países. O primeiro presidente do MACUSA foi Josias Jackson, um bruxo belicoso que foi eleito para o cargo pelos demais representantes por ser con317


siderado rigoroso o bastante para lidar com as dificuldades do período pós Julgamento das Bruxas de Salém. Nos seus primeiros anos, o MACUSA não teve local fixo de encontro. As reuniões aconteciam em locais diferentes para evitar a detecção pelos não-majs.

Execução das Leis A prioridade imediata do presidente Jackson foi recrutar e treinar Aurores. Os nomes dos primeiros doze voluntários para o treinamento de Aurores nos Estados Unidos têm lugar especial na história da bruxaria norte-americana. Eles eram poucos e, mesmo diante de desafios tão grandes, estavam cientes de que talvez fosse necessário abdicar da própria vida para assumir aquele trabalho. Os descendentes desses bruxos e bruxas gozam de grande respeito nos Estados Unidos desde então. Os doze originais foram: Wilhelm Fischer Teodardo Fontaine Gondulfo Graves Roberto Grimsditch Mary Jauncey Carlos Lopez Mungo MacDuff Córmaco O’Brien Abraham Potter Bertilda Roche Helmut Weiss Caridade Wilkinson Dos doze, apenas dois sobreviveram até uma idade avançada: Caridade Wilkinson, que mais tarde se tornaria a terceira presidente do MACUSA; e Teodardo Fontaine, cujo descendente direto, Agilberto, é o atual diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Ilvermorny. Cabe destacar também Gondulfo Graves, cuja família continua sendo influente na política bruxa norte-americana, e Abraham Potter, cujo parentesco distante com o famoso Harry Potter seria descoberto séculos depois por ávidos genealogistas.

Desafios

A América continuou sendo um ambiente bastante hostil para a po318


pulação bruxa, principalmente por causa dos descendentes de Purgantes, que desapareceram para sempre na comunidade não-maj e mantiveram viva a desconfiança na magia. Ao contrário do que ocorreu na maioria dos países ocidentais, não houve cooperação entre o governo não-maj e o MACUSA. Inicialmente, foi erguido um edifício encantado nos Montes Apalaches para ser sede do MACUSA mas, com o tempo, a localização tornou-se inconvenientemente remota, sobretudo porque os bruxos, assim como os não-majs, reuniam-se cada vez mais nas cidades. Em 1760, o MACUSA foi transferido para Williamsburg, no estado da Virgínia, lar do exibido presidente Thornton Harkaway. Entre seus muitos interesses, o presidente Harkaway ficou conhecido pela criação de crupes — cães que lembram muito um jack russell terrier, exceto pela cauda bifurcada. A devoção dos crupes aos bruxos é inferior apenas à ferocidade diante de pessoas não-mágicas. Infelizmente, a matilha do presidente Harkaway atacou vários não-majs da região que depois não conseguiram fazer nada, senão latir nas 48 horas seguintes ao ataque. Essa violação do Estatuto de Sigilo levou Harkaway a deixar o cargo desacreditado (e talvez não seja coincidência que Williamsburg tenha sido a primeira cidade nos Estados Unidos a ter um hospital dedicado às doenças mentais. A observação de acontecimentos estranhos nos arredores da residência do presidente Harkaway pode explicar a admissão de não-majs que, na verdade, eram perfeitamente sãos). O MACUSA foi então transferido para Baltimore, lar do presidente Hábil Fleming, mas a deflagração da Guerra da Independência e a chegada do Congresso não-maj à cidade deixaram o MACUSA compreensivelmente agitado, fazendo com que fosse deslocado para um local conhecido como Washington nos dias de hoje. Foi lá que a presidente Elizabeth McGilliguddy presidiu o infame debate “País ou Classe?”, de 1777. Milhares de bruxas e bruxos de toda a América compareceram ao MACUSA para participar desse encontro extraordinário, no qual a Grande Câmara de Reunião teve que ser ampliada usando magia. A questão em debate era: a comunidade mágica devia maior lealdade ao país no qual fixara residência, ou à velada comunidade global de bruxos? Tinham eles a obrigação moral de ajudar os não-majs norte-americanos na luta de libertação dos trouxas britânicos? Ou isso, em suma, não era problema dos bruxos? Os argumentos contra e a favor da intervenção foram longos; a disputa tornou-se dura. Os pró-intervencionistas argumentavam que poderiam salvar vidas; os anti-intervencionistas, que os bruxos estariam arriscando a própria segurança ao se revelarem na batalha. Mensageiros foram enviados ao Minis319


tério da Magia em Londres para perguntar se pretendiam lutar. Receberam uma mensagem de quatro palavras: “Vamos ficar de fora”. A famosa resposta de McGilliguddy foi ainda mais curta: “É bom mesmo”. Ainda que, oficialmente, os bruxos e bruxas norte-americanos não tenham participado da batalha, houve várias circunstâncias extraoficiais de intervenção para proteger vizinhos não-majs, e a comunidade bruxa celebrou o Dia da Independência junto com o resto da sociedade norte-americana — mesmo que não necessariamente lado a lado. Uma das leis mágicas norte-americanas mais significativas entrou em vigor em 1790, quando o MACUSA aprovou um decreto obrigando a segregação total entre as comunidades bruxa e não-maj. A Lei Rappaport, que leva o nome da então presidente, Emília Rappaport, foi resultado de uma das piores violações do Estatuto Internacional de Sigilo da história, quando a filha do Chanceler do Tesouro e Dragotes de Rappaport e o descendente de um Purgante quase expuseram a existência da magia para o mundo todo. Com a aprovação da Lei Rappaport, o casamento e até mesmo a amizade entre bruxos e não-majs tornou-se ilegal nos Estados Unidos. A base do MACUSA permaneceu em Washington até 1892, quando uma imprevisível revolta da população de Pés-grandes provocou outra quebra de segurança. Os historiadores colocam a culpa da rebelião em Irene Kneedander, diretora da Sociedade de Proteção das Espécies Mágicas (Humanoides), cuja interpretação do próprio cargo consistia em atacar qualquer Pé-grande que “saísse da linha”. A chegada dos Pés-grandes a Washington exigiu obliviações em massa e grandes reparos na sede. O MACUSA precisava de um novo refúgio. Assim, ao longo de muitos anos, vários bruxos se infiltraram na equipe de construção de um novo prédio em Nova York. Quando o Woolworth Building foi concluído, pôde abrigar os não-majs e, quando ativado pelos encantamentos certos, também se transformar em um espaço para os bruxos. A única marca visível da nova localização secreta do MACUSA é a coruja entalhada na entrada.

O MACUSA na década de 1920 Como na maioria das outras instituições governamentais bruxas, o Departamento de Execução das Leis da Magia é o maior do MACUSA. A Lei Rappaport ainda estava em vigor na década de 1920 e vários escritórios do MACUSA não possuíam equivalentes no Ministério da Magia. Havia, por exemplo, uma subdivisão que cuidava da Confraternização Com Não-Majs e um escritório que emitia e verificava licenças de porte de varinha 320


que todo bruxo, cidadão ou visitante, deveria ter nos Estados Unidos. Uma diferença significativa entre os governos bruxos dos Estados Unidos e o do Reino Unido nessa época era a penalidade por crimes graves. Enquanto bruxas e bruxos britânicos eram enviados para Azkaban, os piores criminosos na América eram executados. Na década de 1920, a presidente do MACUSA foi Serafina Picquery, da cidade de Savannah. O Departamento de Execução das Leis da Magia era dirigido por Percival Graves, respeitadíssimo descendente de um dos doze Aurores originais.

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"Nenhuma história vive a menos que alguém queira ouvi-la. As histórias que mais amamos vivem em nós para sempre. Então, se você voltar pelas páginas ou pelo cinema, Hogwarts estará sempre lá para recebê-lo em casa" J.K. Rowling

Ana Carla Campos PUC-Rio 2016


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