Relatório de Custos de Produção de Cana-de-Açúcar, Açúcar, Etanol e Bioeletricidade no Brasil

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custos de produção

de cana-de-açúcar, açúcar, etanol e bioeletricidade no brasil

Fechamento da safra 2015/2016

Pecege


CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR, ETANOL E BIOELETRICIDADE NO BRASIL: FECHAMENTO DA SAFRA 2015/2016

Dezembro de 2016


SUMÁRIO EXECUTIVO .................................................................................................................. 3 1.

AMOSTRAGEM ......................................................................................................................... 5

2.

METODOLOGIA DE CÁLCULO DOS CUSTOS .................................................................. 6

3.

INDICADORES TÉCNICOS DE PRODUÇÃO ...................................................................... 8

4.

ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................................................................. 10 4.1 4.2 4.3

5.

CUSTOS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA ......................................................................................... 11 CUSTOS AGROINDUSTRIAIS.................................................................................................... 13 CUSTOS DE GERAÇÃO DE BIOELETRICIDADE .......................................................................... 15

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 16

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SUMÁRIO EXECUTIVO O Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (PECEGE) apresenta o 14º Relatório de Custos de Produção do Setor Sucroenergético em 2016, desenvolvido em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) através do Projeto Campo Futuro. O levantamento de fechamento da safra 2015/16 foi realizado nacionalmente e os dados foram agregados em três regiões: Centro-Sul Tradicional (SP e PR), Centro-Sul Expansão (MG, GO, MS e MT) e Nordeste (AL, PE, PB). Este relatório sintetiza os resultados da pesquisa iniciada em abril e concluída em agosto de 2016, período no qual as usinas, fornecedores de cana-de-açúcar e representantes de classe de todo Brasil puderam consolidar os custos e indicadores referentes à safra analisada. A coleta de informações com as usinas na safra 2015/16 está baseada na obtenção de dados confiáveis e adequados às metodologias de cálculo aplicadas na pesquisa. O processo de levantamento de dados foi realizado à distância e cada pesquisador do PECEGE foi responsável pelo relacionamento com um grupo de participantes da pesquisa, estabelecendo um cronograma para recebimento e validação de dados, analisando e interpretando todas as informações preenchidas de cada questionário, para que estas fossem agrupadas no banco de dados para elaboração dos modelos de custos regionais. Todos os questionários com boa qualidade de preenchimento foram utilizados para o desenvolvimento de resultados detalhados sobre os custos de cada usina. Desta forma, além deste relatório, cada empresa com tal nível de participação receberá um relatório de análise individual sobre sua empresa, assim como indicadores de benchmarking. O fechamento da safra 2015/2016 aponta que o aumento dos preços dos produtos industriais promoveu maior rentabilidade das usinas na região Centro-Sul, aliviando a constante pressão dos custos observados nos últimos levantamentos. Apesar disso, ainda há espaço para a melhora da rentabilidade, principalmente via melhora da produtividade agrícola. Espera-se que, com a melhor rentabilidade e tendência de manutenção de preços elevados, inicie um ciclo virtuoso para as próximas safras.

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1. Amostragem Como resultado da divulgação do levantamento deste ano, 101 agroindústrias, responsáveis pelo processamento de aproximadamente 252 milhões de toneladas de cana, preencheram os questionários da pesquisa de custos. A Tabela 1 apresenta, para as três regiões do levantamento, a representatividade da produção e o número de empresas participantes frente à população pesquisada, isto é, o total de moagem e usinas do Brasil para a safra 2015/16, enquanto a Figura 1 apresenta a distribuição das respostas dos questionários por subdivisão das regiões analisadas. Destaca-se a importante contribuição institucional dos sindicatos estaduais da indústria de açúcar e etanol para promoção da pesquisa.

Tabela 1 - Comparativo da amostra da pesquisa e a população pesquisada. REGIÃO Tradicional Expansão Nordeste TOTAL

MOAGEM (Milhões toneladas) AMOSTRA POPULAÇÃO 121 395 113 207 17 81 252 683

% 25% 35% 18% 37%

USINAS (Quantidade) AMOSTRA POPULAÇÃO 48 189 39 113 14 78 101 380

% 25% 35% 18% 27%

Fonte: Elaborado pelos autores com base em UNICA (2015), MAPA (2015).

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SP - Sertãozinho SP - Piracicaba SP - Jaú SP - Catanduva SP - Assis SP - Araçatuba

6.44% 6.85% 5.30% 11.52% 2.19% 9.23%

Figura 1 - Distribuição das usinas participantes da pesquisa por sub-região analisada. Fonte: PECEGE/CNA, 2016.

2. Metodologia de cálculo dos custos O cálculo dos custos de produção agroindustriais segue os procedimentos metodológicos desenvolvidos e descritos nos relatórios dessa série de pesquisa. As definições e premissas fundamentais reiteradas neste relatório são: a)

O “Custo Operacional Efetivo (COE)” refere-se à quantidade monetária efetivamente desembolsada nas atividades de produção diretas ao longo da safra, enquanto o “Custo Operacional Total (COT)” incorpora a esses custos as estimativas de custos de depreciações (segundo uma vida útil pré-determinada) de benfeitorias, de máquinas e equipamentos, a partir

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do montante de capital investido. Sendo assim, as depreciações estão alocadas, portanto, na segunda parcela da estrutura de custos, o COT. Por fim, o “Custo Total (CT)” adiciona ao COT a remuneração do capital e da terra, entendidos como custos de oportunidade. O agrupamento dos principais grupos de custos definidos acima para a aplicação da metodologia de cálculo de custo é sintetizado na Figura 2. Reitera-se que os custos de “formação de canavial” são classificados como investimentos depreciáveis a cada ano, ou seja, entram como componente de “depreciação”.

Figura 2 - Resumo do critério de alocação de custos agroindustriais. Fonte: PECEGE/CNA (2015).

b)

Para alocação dos custos de processamento agroindustrial da cana-de-açúcar entre custos do açúcar (cristal ou VHP) ou do etanol (anidro ou hidratado), adotou-se o critério de rateio da proporção de Açúcares Redutores Totais (ART) utilizados por cada produto. Os fatores de transformação definidos para a produção de uma unidade (t açúcar ou m³ de etanol) foram: açúcar branco 1,0474 t de ATR (Nordeste) e 1,0495 (Centro-Sul), açúcar VHP 1,0442 t de ATR (Nordeste) e 1,0453 (Centro-Sul), etanol anidro 1,5357 t de ATR e etanol hidratado 1,4575 t de

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ATR. Para cĂĄlculo da produtividade industrial, aos fatores de transformação sĂŁo adicionadas as “perdas industriais comunsâ€?, “rendimentos de fermentaçãoâ€? e “rendimentos de destilaçãoâ€?. c)

O valor de investimento industrial adotado foi de R$ 135,00 por tonelada de capacidade de processamento industrial. A premissa para investimento de cogeração foi de R$ 60,00 por tonelada de capacidade de processamento industrial. Para estimativa de depreciação utiliza-se o critÊrio da depreciação linear de 30 anos para o investimento em açúcar e etanol e 20 anos para cogeração. A taxa real de juros considerada Ê de 6% ao ano e o custo de oportunidade da terra Ê definido pelo valor praticado de arrendamento.

d)

As capacidades nominais de moagem consideradas foram de 3 milhĂľes de toneladas para as regiĂľes Tradicional e ExpansĂŁo e de 1,5 milhĂľes para a regiĂŁo Nordeste.

e)

O custo de produção por unidade de produto, isto Ê, reais gastos em cada tonelada de açúcar produzida ou R$/m³ de etanol, Ê estimado utilizando a eq. (1).

đ??śđ?‘˘đ?‘ đ?‘Ąđ?‘œ đ?‘˘đ?‘›đ?‘–đ?‘‘đ?‘Žđ?‘‘đ?‘’_đ?‘?đ?‘&#x;đ?‘œđ?‘‘đ?‘˘Ă§ĂŁđ?‘œ =

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(1)

Os indicadores de custos “pagamento CONSECANAâ€? e os “custos de embalagem dos produtos industriaisâ€? sĂŁo exceçþes que nĂŁo podem utilizar o critĂŠrio de transformação apresentado na eq. (1). Para resolver a primeira exceção, calcula-se um preço pago pela cana diferente para cada produto produzido. Ressalta-se que os custos de bonificação pagos pela cana seguem as premissas de cĂĄlculo da eq. (1). JĂĄ o custo de embalagem ĂŠ calculado dividindo o resultado calculado usando a eq. (1) pelo mix de produção de açúcar branco e alocando todo esses custos ao açúcar branco, enquanto os custos de embalagem sĂŁo nulos para os demais produtos.

3. Indicadores TÊcnicos de Produção

Os principais indicadores tĂŠcnicos agroindustriais empregados nos cĂĄlculos dos custos agrĂ­colas e industriais estĂŁo listados nas Tabela 2 e Tabela 3, respectivamente. As melhores condiçþes climĂĄticas resultaram na retomada da “produtividade da cana prĂłpriaâ€? para as regiĂľes Tradicional e

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Expansão com aumento 3% e 9%, respectivamente. Para região Tradicional, destaca-se que a irregularidade pluviométrica comprometeu o ganho potencial da produtividade. De maneira oposta, na região Nordeste, houve redução de 9% neste indicador. O aumento nos “preços de ATR” (Açúcares Totais Recuperáveis) e “valor do arrendamento”, foram gerais para todas as regiões, resultando em aumento expressivo no “preço de arrendamento”, o qual apresentou variação de 32% na região Tradicional, 36% na Expansão e 37% na região Nordeste com relação à safra anterior.

Tabela 2 - Principais indicadores de produção agrícola utilizados no modelo de custos para as usinas: regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste. Descrição Área de Produção de Cana Própria estimada¹ (ha) Porcentagem de área colhida na safra Porcentagem de área plantada² na safra Área Arrendada (ha) Produtividade (t/ha) Participação de Cana Própria³ Processamento total de cana (t) Número de cortes antes do replantio do canavial Participação de cana de ano e meio Participação de colheita mecanizada Participação de plantio mecanizado Utilização de mudas no plantio (t/ha) ATR cana processada (kg/t) ATR cana fornecedor (kg/t) ATR padrão (kg/t cana) Preço do ATR (R$/kg) Valor do Arrendamento (t/ha/ano) Preço do arrendamento (R$/ha ano)

Tradicional 23.646 89,0% 17,8% 79,0% 79,06 63,3% 2.627.695 5 62% 96% 62% 17,1 127,99 132,50 121,97 0,5552 20,4 1.383,64

Regiões Expansão 26.503 90,2% 18,0% 74,0% 85,83 76% 2.701.339 5 54% 100% 93% 17,5 130,47 132,59 121,97 0,5552 14,1 953,03

Nordeste 15.238 89,9% 18,0% 40,5% 56,02 63,0% 1.218.544 5 56% 14% 3% 13,1 129,26 131,09 114,09 0,7194 10,5 861,38

Fonte: PECEGE/CNA (2016). Notas:

1

Vide eq. (1) em arquivo de metodologia disponibilizado em www.pecege.esalq.usp.br/portal. Área teórica para a manutenção da área do canavial em equilíbrio. 3 Valor definido por premissa baseada em valores médios do histórico de pesquisas do PECEGE. 2

O mix dos produtos mostrou grande variação em relação à safra anterior. Houve aumento da participação do etanol hidratado e do açúcar branco, reflexo da redução dos estoques internacionais de açúcar e consequente melhoria nos preços. 9


Tabela 3 - Principais indicadores de produção industrial utilizados no modelo de custos para usinas localizadas nas regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste. Nível de utilização da capacidade instalada Perdas industriais Perdas industriais comuns Rendimento de fermentação Rendimento de destilação Produtividade Industrial Açúcar branco (kg/t cana) VHP (kg/t cana) Etanol anidro (L/t cana) Etanol hidratado (L/t cana) Produção eletricidade (KWh/t) Venda de Eletricidade (kWh/t) Mix Produção Açúcar Branco VHP Etanol Anidro Hidratado

Tradicional 87,6%

Expansão 90,0%

Nordeste 81,2%

9,0% 89,5% 99,0%

8,3% 90,0% 99,6%

9,6% 88,3% 98,3%

121,3 121,8 73,4 76,5 58,98 31,93

124,6 125,1 76,4 79,6 76,71 51,06

125,3 125,7 74,2 77,3 28,66 16,47

48,0% 48,5% 51,5% 52,0% 30,2% 69,8%

30,6% 30,8% 69,2% 69,4% 31,3% 68,7%

62,9% 39,9% 60,1% 37,1% 60,6% 39,4%

Fonte: PECEGE/CNA (2016).

4. Análise dos Resultados Os resultados e detalhamento dos custos agroindustriais das usinas são apresentados em três partes, a saber, i) custos de produção do departamento agrícola, ou seja, os custos de produção da cana própria; ii) custos agroindustriais agregados em reais por tonelada de cana-de-açúcar e por produto final (açúcar e etanol) e iii) custo de geração da bioeletricidade.

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4.1 Custos de produção agrícola A Tabela 4 apresenta os resultados finais de custos de produção de cana-de-açúcar produzidos pela própria usina, desagregando os principais grupos de custos constituintes do COE, COT e CT das duas regiões produtoras para a safra analisada. Tabela 4 - Custos de produção de cana-de-açúcar de usinas das regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste para o fechamento da safra 2015/16. Regiões Descrição

Tradicional R$/t R$/ha

Expansão R$/t R$/ha

Nordeste R$/t R$/ha

Mecanização

28,92

2.286,40

32,90

2.823,64 23,51 1.316,90

Mão-de-obra Insumos Arrendamentos Despesas administrativas Custo Operacional Efetivo (COE) Depreciações Formação do Canavial* Máquinas Benfeitorias Irrigação Custo Operacional Total (COT) Remuneração da Terra Remuneração do Capital Formação do Canavial Máquinas e implementos Benfeitorias Irrigação/Fertirrigação Custo Total (CT) * Sem depreciação de maquinário

6,09 7,76 15,54 3,48 61,78 19,71 16,91 2,23 0,18 0,39 81,50 4,13 7,02 5,23 1,34 0,22 0,23 92,65

481,79 613,38 1.228,47 274,78 4.884,83 1.558,53 1.336,98 176,39 14,61 30,56 6.443,37 326,69 554,82 413,12 105,83 17,53 18,33 7.324,88

3,30 8,17 9,11 4,48 57,96 19,91 17,51 1,90 0,10 0,40 77,86 3,19 6,88 5,38 1,14 0,11 0,24 87,93

283,53 701,41 781,81 384,21 4.974,59 1.708,65 1.502,89 162,97 8,19 34,59 6.683,24 274,20 590,14 461,77 97,78 9,83 20,76 7.547,57

22,11 10,27 6,93 5,30 68,11 24,42 22,28 1,34 0,13 0,67 92,53 10,17 8,15 6,79 0,80 0,16 0,40 110,85

1.238,51 575,20 388,14 296,96 3.815,71 1.368,10 1.248,32 74,83 7,49 37,46 5.183,81 569,72 456,54 380,18 44,90 8,99 22,48 6.210,08

Fonte: PECEGE/CNA (2016).

O custo total para a produção de cana-de-açúcar aumentou em relação à safra anterior em todas as regiões pesquisadas, fato que pode ser atrelado, principalmente, ao aumento dos custos com CCT, bem como ao aumento dos preços dos insumos.

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O aumento no valor do arrendamento e do maquinário, em todas as regiões pesquisadas, foram os principais fatores de impacto no COE. No entanto, a redução dos custos com depreciações e remuneração do capital para as regiões Tradicional e Expansão contiveram o aumento dos custos totais nessas regiões, os quais cresceram 4% e 1%, respectivamente. Por outro lado, no Nordeste, a elevação dos custos de depreciação e a maior remuneração da terra contribuíram para o aumento de 15% no CT. Os custos totais de produção de cana-de-açúcar da usina típica foram superiores ao preço potencial que seria pago pela cana própria, caso esta fosse remunerada pela respectiva quantidade e preço de ATR (Figura 3). 120 100

R$/t

80 60 40 20 0

Tradicional 11,15 19,71 61,78 71,06 92,65

RT+RC DEP COE Preço "potencial" CT

COE

DEP

Expansão 10,07 19,91 57,96 72,44 87,93 RT+RC

Preço "potencial"

Nordeste 18,32 24,42 68,11 92,99 110,85 CT

Figura 3 - Comparativo entre o custo de produção da cana própria e seu respectivo preço potencial para as regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste na safra 2015/16. Fonte: PECEGE/CNA (2016). Nota:

* RT- Remuneração da terra; RC – Remuneração do capital; DEP – depreciações.

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4.2 Custos agroindustriais Os resultados dos custos regionais agroindustriais são inicialmente apresentados em função dos custos por tonelada de cana (Tabela 5) e, em seguida, por tonelada de açúcar (Figura 4) e metro cúbico de etanol (Figura 5). Dentre os quatro produtos industriais, o açúcar branco permaneceu como o de melhor atratividade para o setor.

Tabela 5 - Custo de produção agroindustrial de processamento da cana (R$/t), por região. DESCRIÇÃO Matéria-prima COE Cana de fornecedores

Tradicional Expansão Nordeste 87,42 86,67 105,58 67,88 63,89 78,66 28,77

19,84

35,75

Pagamento CONSECANA

27,00

17,67

34,89

Bonificações

1,77

2,18

0,85

39,11

44,05

42,91

12,48 7,06 28,15 14,79

15,13 7,65 26,73 13,74

15,39 11,54 33,87 19,47

5,80

5,11

8,43

2,72

2,54

3,88

Químico

1,59

1,79

2,25

Eletrodos, combustíveis, lubrificantes e eletricidade

0,89

0,60

0,94

Embalagem

0,24

0,15

0,69

5,14 1,12 4,11 9,25 12,78 3,18 3,06 6,54 128,34

4,60 1,50 4,00 9,00 14,10 3,86 3,28 6,95 127,50

5,89 1,26 4,43 9,97 16,68 5,24 3,05 8,39 156,13

COE cana própria Depreciações Remuneração do capital e terra Industrial Operação industrial Mão-de-obra Insumos

Manutenção Administração Deprec. Custo de Capital Administrativo Mão-de-obra Insumos e serviços Capital de giro Custo Total Fonte: PECEGE/CNA (2015). Nota:

1

Agrupamento dos itens de custos com eletrodos de preparo e extração, combustíveis, lubrificantes e eletricidade.

13


R$/t açúcar

1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 RT+RC DEP COE COT CT Preço Margem

Tradicional 134,42 136,75 819,93 956,69 1.091,11 1.094,98 0,4%

Expansão BRANCO 133,61 153,49 762,91 916,40 1.050,01 1.067,05 1,6%

Nordeste

Tradicional

171,64 158,12 932,45 1.090,57 1.262,21 1.523,33 20,7%

133,88 136,21 784,67 920,87 1.054,76 987,30 -6,4%

Expansão VHP 133,07 152,88 734,97 887,85 1.020,92 979,08 -4,1%

Nordeste 171,13 157,64 907,75 1.065,39 1.236,52 1.186,35 -4,1%

Figura 4 - Custos, preços e margens do açúcar branco e VHP por região na safra 2015/16. Fonte: PECEGE/CNA (2015).

2.100

R$/m³ etanol

1.800 1.500 1.200 900 600 300 RT+RC DEP COE COT CT Preço Margem

Tradicional 222,12 225,97 1.296,33 1.522,31 1.744,42 1.557,69 -10,7%

Expansão ANIDRO 218,01 250,46 1.208,52 1.458,98 1.676,99 1.596,97 -4,8%

Nordeste

Tradicional

289,95 267,11 1.538,10 1.805,20 2.095,16 1.805,50 -13,8%

213,11 216,81 1.214,49 1.431,30 1.644,41 1.370,32 -16,7%

Expansão HIDRATADO 209,17 240,31 1.139,63 1.379,94 1.589,11 1.400,27 -11,9%

Nordeste 278,20 256,28 1.475,73 1.732,01 2.010,20 1.738,69 -13,5%

Figura 5 - Custos, preços e margens do etanol anidro e hidratado por região na safra 2015/16. Fonte: PECEGE/CNA (2015).

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4.3 Custos de geração de bioeletricidade Com produtividades elétricas de 58,98 kWh/t, 76,71 kWh/t e 28,66 kWh/t (Tabela 3), as usinas modelos das regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste apresentaram, variação de 0,8%, 6,9% e -1,2%, respectivamente. A Figura 6 apresenta as estimativas de custos da energia comercializada pelas usinas modelo de cada região. Na mesma figura também estão dispostos os

R$/MWh

preços médios, descontados dos impostos, informados pelas usinas de cada região.

360 320 280 240 200 160 120 80 40 0 RC DEP COE Preço eletricidade CT

Tradicional 77,23 51,49 7,63 212,07 136,36

COE

DEP

Expansão 62,64 41,76 7,34 203,87 111,74

RC

Nordeste 53,82 0,00 7,22 200,56 61,04

Preço eletricidade

Figura 6 - Custos de produção e preços do MWh nas regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste na safra 2015/16. Fonte: PECEGE/CNA (2016).

A Tabela 6 destaca a comparação da rentabilidade da cogeração em relação à moagem. A maior produtividade e comercialização de bioeletricidade da região Expansão refletiu em maior margem econômica, em R$/t de cana processada. Assim, espera-se que as usinas da região Expansão que comercializaram eletricidade tenham obtido melhor margem econômica que demais usinas da região.

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Tabela 6 - Descrição de receita, custos e margem da comercialização de energia elétrica medida em R$/t de cana processada para as regiões avaliadas na safra 2015/16: usinas típicas. Descrição Receita Custos Margem econômica

Tradicional R$ R$/t 17.681.842 11.369.079 6.312.763

6,77 4,35 2,42

Regiões Expansão R$ R$/t 26.553.074 14.553.777 11.999.297

10,41 5,71 4,70

Nordeste R$ R$/t 4.354.381 1.325.141 3.029.240

3,30 1,01 2,30

Fonte: PECEGE/CNA (2016).

5. Considerações Finais Os principais resultados do levantamento de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar, etanol e bioeletricidade para a safra 2015/16 são: i.

A recuperação da produtividade agrícola conteve o aumento de custos na região Centro-Sul, sendo que na região Tradicional a irregularidade das chuvas levou a resultados mais modestos que os observados na região Expansão;

ii.

Mais uma vez, os custos de cana produzida pela usina permanecem superiores aos preços potenciais em todas as regiões, destacando a vantagem das usinas que adquiriram mais cana de fornecedores;

iii.

Na safra 2015/16, as três regiões apresentaram margem positiva na comercialização de açúcar branco. Por outro lado, as três regiões não obtiveram margem com relação aos demais produtos industriais;

iv.

A presença de usinas com margens positivas em cada um dos produtos sugere que o setor tem práticas eficientes;

v.

As usinas que venderam eletricidade na safra 2015/16 obtiveram receitas adicionais que contribuíram para suavizar a deterioração da atratividades e resultados da produção de açúcar e etanol.

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Na safra 2015/16 três fatores contribuíram para o melhor desempenho econômico das usinas: melhora da produtividade agrícola (exceto Nordeste), aumento dos preços dos produtos industriais e cogeração de energia. Em um cenário otimista, a melhora da rentabilidade deve permitir o aumento nos investimentos e, por consequência, maior eficiência econômica do setor. Ademais, tanto usinas quanto fornecedores de cana podem se beneficiar com melhores acordos comerciais em relação à compra de cana-de-açúcar. Havendo a melhora de rentabilidade, a tendência é que as usinas adquiram maior parcela de cana de fornecedores, tão logo tenham maior capacidade de financiamento. A publicação do PECEGE/CNA sobre os custos de produção da cana-de-açúcar, açúcar, etanol e bioeletricidade reforça o compromisso do projeto em difundir indicadores, ferramentas e métodos de cálculo de custos, para isso, é imprescindível a participação efetiva das usinas brasileiras. Esperase que os resultados e análises apresentados no trabalho retribuam o apoio recebido dos participantes da pesquisa, que nesse momento, necessitam de boas informações e análises que possam apoiar às ações para melhoria nas suas práticas de gestão e planejamento.

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Universidade de São Paulo - USP Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ Departamento de Economia, Administração e Sociologia Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas - PECEGE Coordenação: DANIEL YOKOYAMA SONODA HAROLDO JOSÉ TORRES DA SILVA JOÃO HENRIQUE MANTELLATTO ROSA PEDRO VALENTIM MARQUES Equipe técnica: ALINE BIGATON ANA MARIA PEDRITA FERNANDES DE OLIVEIRA ANDRÉ FELIPE DANELON FLÁVIO HENRIQUE CAMPOS FRANCISCO AMARAL ALVES GUSTAVO BRESSAN LUIZ FERNANDO SANSIGOLO XAVIER OSCAR TANAKA RENATO FRANÇOSO RICARDO DE CAMPOS BULL RUAN RICHARD D’ARAGONE YEDDA MONTEIRO

PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar, etanol e bioeletricidade no Brasil: fechamento da safra 2015/2016. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2016. 18 p. Relatório apresentado à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) como parte integrante do projeto Campo Futuro. ISSN 2177-4358

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