TFG I | ECLODIR: A Requalificação do Espaço Cemiterial

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DIEGO OLIVEIRA

ECLODIR A REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO CEMITERIAL ENSAIO DE VILA NOVA CACHOEIRINHA



UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU ARQUITETURA E URBANISMO

TFG I - TRABALHO FINAL DE GRADAÇÃO

DIEGO OLIVEIRA DOS SANTOS ORIENTADOR: ROBERTO YOKOTA

ECLODIR A REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO CEMITERIAL ENSAIO DE VILA NOVA CACHOEIRINHA

São Paulo 2021


DEDICO às significativas percas, que me motivaram a encarar o processo desse trabalho com sensibilidade, amadurecimento em aceitar e respeitar a morte. Em memória, ao meu tio Edson ( 2001); a minha avó Cirene ( 2003); à minha irmã caçula Marina ( 2006); ao meu tio Luiz Antônio ( 2013), velados e sepultados no Cemitério Vila Nova Cachoeirinha e a todas vidas interrompidas pela pandemia.


AGRADECIMENTOS

Grandes foram as dificuldades durante os anos de facul-

Em um momento quase apocalíptico em que o mundo

dade, amenizados pelas amizades que passaram e as

se depara com tantas perdas por consequência da pan-

novas que chegaram, cada uma contribuindo a sua ma-

demia, estudar o espaço cemiterial se tornou um desafio

neira. Agradeço a todos os amigos de profissão, em es-

emocional e psicológico.

pecial Isabella e Vinícius, com quem dividi o processo de

Processo que se tornou possível de se realizar com apoio dos meus pais, Alessandra e Reinaldo; das minhas irmãs Amanda, Aline, Ariane, Ana, Alana e Andressa; da minha prima Katherine e minha tia Adriana, que acreditaram sempre em mim. A cada sorriso das minhas

construção de diversos trabalhos, sentimentos e noites em claro. A todos os incríveis professores que contribuiriam para meu aprendizado e formação, alimentando a razão de se pensar espaços na essência da arquitetura e urbanismo por uma olhar sensível e social.

sobrinhas Alice, Giovanna e Sophia que são minha razão

Por fim, a mim mesmo, por cada resiliência, e não ter

de lutar por um mundo melhor. E aos meus amigos que

desistido do meu sonho em meio a todas as dificulda-

seguraram sempre a minha mão, principalmente os fei-

des financeiras, que fizeram essa formação se estender

tos irmãos, Alvaro e Matheus.

por sete anos.



E-CLO-DIR verbo intransitivo Surgir; fazer ficar imediatamente visível; aparecer sem aviso.

“Reintroduzir a Morte nas nossas vidas é desmascarar a mentira da mitificação e mistificação. Humanizar, na dor e na serenidade esta realidade irrecusável, é um gesto de generosidade do historiador que nos estimula a enfrentar temores, frustrações e medos, na fórmula da esperança.” Philippe Aries. História da Morte no Ocidente.



RESUMO Entender a concepção da morte e sua relação com a sociedade, é compreender como os vivos lidam com o espaço cemiterial. Uma relação modificada ao longos dos anos, por diferentes interpretações ideológicas e religiosas da vida após a morte. O medo e enfrenta-la, escamoteou o tema por muitos anos, que vem sendo retomado mediante as questões da falta de espaço. O presente trabalho baseia-se na problemática do equipamento, desintegrado do contexto urbano do bairro de Vila Nova Cachoeirinha. O objetivo da fundamentação teórica é estruturar e justificar o projeto proposto, e naturalizar o tema no cotidiano da sociedade, do arquiteto e urbanista. O ensaio projetual possibilita a discussão dos espaços cemiteriais da cidade de São Paulo e a inquietação de torná-los evidentes e usuais Palavras chaves: Morte, Espaço Cemiterial, Equipa-

na contemporaneidade, submetendo os, a requalifi-

mento urbano, Parque Cemiterial,

cação.


L I S TA D E F I G U R A S Img.01 Arquitetura das Pirâmides do Egito

https://www.aarquiteta.com.br/blog/piramides-do-egito/ Acesso em: 04 abril, 2021

Img.02 O cemitério Père-Lachaise, em Paris, é o maior cemitério da França.

https://viajabi.com.br/cemiterio-pere-lachaise-animais-fantasticos-crimes-grindelwald/ Acesso em: 04 abril, 2021

Img.03 História do espaço cemiterial

Base José Belarmino https://issuu.com/ausenac/docs/tcc_jos__belarmino/6?ff Editado pelo autor

Img.04 Cemitério Mount Auburn

https://mountauburn.org/visit/enjoy-mount-auburn/ Acesso em: 04 abril, 2021

Img.05 Tipologias de Sepulturas

Clarissa Grassi e Felipe Fuchs Espaços de cemitérios e a cidade de São Paulo, Dissertação de Mestrado, pag.88

Img.06 Cemitério Highgate

https://www.magx.com/bizarre/highgate-cemetery-londons-great-victorian-cemetery.html Acesso em:04 abril, 2021

Img.07 e 08 Cemitério San Cataldo

Fotos de AntonioTrogu e Miscellamyous https://www.archdaily.com.br/br/01-45884/classicos-da-arquitetura-cemiterio-de-san-cataldo-aldo-rossi Acesso em:04 abril, 2021

Img.09 e 10 Cemitério Municipal de Finisterra

http://www.xn--csarportela-bbb.com/cementerio-municipal-de-fisterra

Acesso em:04 abril, 2021

Img.11 e 12 Cemitérios de São Paulo Mapas de Felipe Fuchs Editado pelo autor

Img.13 - 15 Religiões e Rituais Fúnebres

Denis Magalhães e IBGE. https://issuu.com/dddenis.magalhaes/docs/tcc_completo https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/sao-paulo/pesquisa/23/22107 Editada pelo autor

Img.16 Relação de sepultamento com tipos de solos Alberto Pacheco Cemitério e meio ambiente, Livre Docência.

Img.17 Mapa das Subprefeituras e Distritos de São Paulo Base de desenho, mapa digital de São paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Editado pelo Autor

Img.18 Localização da área de intervenção

Base de desenho, mapa digital de São paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Editado pelo Autor

Img.19 Divisão da Quadra em Lotes Sociais

Mapa fornecido pela SFMSP - Serviço Funerário do Municipio de São Paulo

Img. 20 Recorte do Bairro Vila Nova Cachoeirinha Base de desenho, mapa digital de São paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Editado pelo Autor

Img.21-28 Mapas de Leitura do Bairro


Base de desenho, mapa digital de São paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Editado pelo Autor

Img.29 Mapas de Mobilidade e Fluxos

Base de desenho, mapa digital de São paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Editado pelo Autor

Img.30-32 Fotos do Cemitério Google Street View Acesso dia 15 maio, 2021

Img.33 Leitura do Espaço Cemiterial

Base de desenho, mapa digital de São paulo http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/ Editado pelo Autor

Img.34 Corte Topográfico e esquemático Feito pelo Autor

Img.35 Planta das Salas de Velório do Cemitério Cachoeirinha Mapa fornecido pela SFMSP - Serviço Funerário do Municipio de São Paulo Editado pelo Autor

Img.36-45 Visita em campo Fotos do Autor

Img.46 Mapa Macroárea

Gestão Urbana https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/novo-pde-macroareas/ Acesso em: 31 maio, 2021

Img.47 Mapa Macroárea Gestão Urbana

https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/novo-pde-macroareas/ Acesso em: 31 maio, 2021

Img.48-49 Parque Cerejeiras

Crisa Santos Arquiteros https://www.archdaily.com.br/br/930860/cemiterio-memorial-parque-das-cerejeiras-crisa-santos-arquitectos Acesso em: 9 maio, 2021

Img.50-53 Nova Necropole

Bruno Reis https://lubru.arq.br/necropole-sao-paulo Acesso em: 9 maio, 2021

Img.54-55 Cemitério Minicipal de Nikaia

Leonidas Papalampropoulos, Georgia Syriopoulou https://www.leon-p-arch.net/former-cemetery-of-nikaia Acesso em: 10 maio, 2021

Img.56-60 Cemitério de Toquio

Jesus Donaire http://www.jesusdonaire.com/portfolio-item/death-the-city-tokyo-vertical-cemetery/ Acesso em: 10 maio, 2021

Img.61 Diagrama de Diretrizes Urbanísticas Base Geosampa, editado pelo Autor

Img.62-66 Fotos do Entorno Google Street View Acesso dia 15 maio, 2021

Img.67-68 Diagramas

Base Geosampa, editado pelo Autor

Img.69-71 Diagramas Autor


SUMÁRIO INTRODUÇÃO 14 METODOLOGIA 15

CAPÍTULO I

espaço cemiterial e a cidade de São Paulo

26

2. ESPAÇOS CEMITERIAIS E A

a morte e espaço cemiterial

16

1. A MORTE EM DIFERENTES PERÍODOS a morte como tabu

17

2. HISTÓRIA DOS CEMITÉRIOS

19

3. TIPOLOGIAS CEMITERIAIS um olhar arquitetônico e urbanístico

21

3.1. CEMITÉRIOS PARQUES 22 3.2. CEMITÉRIOS TRADICIONAIS 23 3.3. CEMITÉRIOS EDIFICADOS 24 3.4. CEMITÉRIOS CONTEMPORÂNEOS

CAPÍTULO II

25

CIDADE DE SÃO PAULO

27

2.1. CEMITÉRIOS DE SÃO PAULO

28

2.2. LEGISLAÇÃO 29 2.3. RELIGIÕES E RITUAIS FÚNEBRES

30

2.4. RESÍDUOS E QUESTÕES AMBIENTAIS

31

2.5. CREMATÓRIO 32 sepultamento como escolha, e não unica opção 2.6. FUNCIONAMENTO 33 2.7. USO DO ESPAÇO

34

sem desrespeito aos antepassados 2.8. PANDEMIA E O ESPAÇO CEMITERIAL

35


CAPÍTULO III

leitura e análise urbana

36

3. VILA NOVA CACHOEIRINHA - bairro

37

3.1. CEMITÉRIO DE VILA NOVA CACHOEIRINHA contexto 38 3.2. LEITURA E ANÁLISE

40

3.3. LEITURA DO ESPAÇO CEMITERIAL - atual

46

3.4. VISITA EM CAMPO 48 3.5. PARÂMETROS URBANÍSTICOS

50

CAPÍTULO IV

referências projetuais

diretrizes urbanísticas

58

5. PROPOSTA URBANA 59 5.1. OBJETIVOS 59 5.2. DIRETRIZES URBANÍSTICAS 60

CAPÍTULO VI o projeto

62

6.1. PROPOSTA - ESPAÇO CEMITERIAL

63

6.2. DIRETRIZES DO PARQUE CEMITERIAL

64

6.3. O PARTIDO 64 51

4.1. CEMITÉRIO MEMORIAL PARQUE DAS CEREJEIRAS

CAPÍTULO V

52

4.2. NOVA NECRÓPOLE - SÃO PAULO

54

4.3. CEMITÉRIO MUNICIPAL DE NIKAIA

56

4.4. CEMITÉRIO VERTICAL DE TÓQUIO

57

6.4. O PROGRAMA 65 6.4.1. NECESSIDADES 66 6.4.2. ESTUDOS PRELIMIARES

68

6.5. PRIMEIRO ENSAIO - velório

70

6.6. PRIMEIRO ENSAIO crematório e columbário

74

6.7. PRIMEIRO ENSAIO- cemitério vertical

78


INTRODUÇÃO Escamoteado por uma sociedade que teme falar e

seu entorno, e às vezes a única área verde no tecido

pensar sobre morte, os espaços cemiteriais, se tor-

urbano. Em uma escala menor, os espaços para ceri-

naram espaços relegados e pouco discutidos por

mônias fúnebres, não são acolhedores e confortáveis,

arquitetos e urbanistas, como espaço integrador da

dramatizando ainda mais a dor da perda, que serão

cidade. Falar sobre a morte e do seu espaço social e

tidos como memória

urbano, é também falar sobre a vida desses lugares que, por fim, são frequentados e direcionados aos vi-

Cercado por muros, o segundo maior cemitério da ci-

vos, como argumenta o arquiteto Felipe Fuchs.

dade, com 360.000 m², localizado no bairro da Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte de São Paulo, será o

Na cidade de São Paulo, os cemitérios inicialmente

objeto de estudo deste trabalho, com problemáticas

destinados às zonas periféricas, por serem pouco

ambientais, urbanas e arquitetônicas a serem anali-

ocupadas - baseado no preceito em separar o mundo

sadas, de modo a ressignificar o espaço, do medo à

dos vivos e dos mortos - passaram a fazer parte da

paz, amenizando a dor dos que em vida, se despe-

cidade devido ao seu crescimento, se tornando um

dem e visitam seus entes queridos.

espaço desolado, mal instalado, sem conexão com o

14


METODOLOGIA Para melhor compreensão desse objeto de estudo, o trabalho foi dividido em 6 frentes: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA, arguição sobre a relação da morte e o processo de evolução do espaço cemiterial no contexto histórico, introduzindo a SÍNTESE, pesquisas sobre o espaço cemiterial e a cidade de São Paulo, fomentando o CONTEXTO, leitura do recorte urbano do bairro envoltório a área de intervenção; e problemáticas que justificam o CONTEÚDO, análise da área de intervenção, complementado por estudos de casos e programas de necessidades que estruturam o tema e incitam o CONCEITO, diretrizes urbanísticas e arquitetônicas que estruturam o anteprojeto, e possibilitam os primeiros ENSAIOS.

15


CAPÍTULO I

- a morte e o espaço cemiterial


1 A MORTE EM DIFERENTES PERÍODOS a morte como tabu “ A morte, de tão presente no passado, de tão familiar,

seguia a dualidade dos dois mundos, que após a morte o individuo deveria declarar sua inocência, e se absorvido, retomaria o corpo. Sendo assim, a conservação do

vai se apagar e desaparecer. Torna-se vergonhosa e

corpo para sua reencarnação, se tornou um estilo de

objeto de interdição” (Ariès, 2012, p.84)

vida em influência da morte.

Mistério incompreensível, a morte segue a concepção

Diferentemente, na Antiguidade Clássica3 é notável uma

da vida e sua interrupção, um processo natural da exis-

mudança da relação com a morte, passando da pro-

tência humana. A inquietação com a morte sempre es-

ximidade ao afastamento, devido à idealização do fim.

teve presente em diferentes culturas, comportamentos

“Apesar de sua familiaridade com a morte, os antigos

sociais e no desenvolvimento das civilizações, sofrendo

temiam a proximidade dos mortos e os mantinham a

diversas alterações no seu significado, frente à relação

distância. Honravam as sepulturas — nossos conheci-

humana ao longo dos tempos. Paralelo ao entendimen-

mentos das antigas civilizações pré-cristãs provêm em

to da morte, está a forma de como lidar com a vida.

grande parte da arqueologia funerária, dos objetos encontrados nas tumbas. Mas um dos objetivos dos cultos

Na Antiguidade Oriental1, os egípcios com enorme

funerários era impedir que os defuntos voltassem para

identidade religiosa correlacionava o tema morte a uma

perturbar os vivos” (Ariès, 2012, p.41)

transição, pelo ideal da dualidade entre o corpo e alma, sendo o físico mortal uma morada da alma imortal. Re-

Condicionada a morte como finitude, o processo da

presentado pelo deus Osíris2, o julgamento dos mortos,

convivência com a morte teve diferentes momentos, ao

1

Antiguidade Oriental, refere-se aos marcos civilizatórios da história dos povos

se vingou e cortou o corpo de Osíris em oito pedaços, sendo apenas sete deles

que habitavam o leste europeu, sendo eles, os mesopotâmicos, os egípcios, os

encontrados, possibilitando ressuscita-lo. Devido à falta do oitavo pedaço, Osíris

persas, os fenícios e os Hebreus. Entre o período de 4000 a.C e 500 a.C.

ficou no submundo e assumiu o trono de Juiz dos Mortos, com a função de

2

julgar a vida após morte.

Osíris, é um deus Egípcio divino para deuses e vivos, pela sua relação com

a passagem da vida após a morte. Segundo a mitologia, o rei Osíris tinha um

3

Antiguidade Clássica ou Ocidental, é o período civilizatório, cultural e social da

irmão chamado Seth, que por inveja o aprisionou em um caixão, e o jogou no rio

Grécia Antiga e Roma Antiga no período de 800 a.C. até 476 d.C. Com enorme

Nilo, a fim de tomar o trono. Após Osíris ser resgatado pela sua irmã Ísis, Seth

influência na Europa, norte de África e Ásia ocidental.

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decorrer da Idade Média4. Um desses momentos foi ro-

mais dramático. A ritual fúnebre começa a transcender a

mantizado por presságios e sonhos, fazendo da morte

morte, a partir do século XVIII, mediante a evocação da

um acontecimento com anunciação, possibilitando ao

lembrança dos mortos, a visitação aos túmulos passa

moribundo se preparar para o seu próprio funeral. No

se tornar hábito.

culto ao moribundo — considerado um ato público, o corpo passa a ser exposto, no intuito de receber as últi-

A partir do século XIX, a familiaridade e anunciação da

mas homenagens e eternizar a memória e honra, fomen-

morte toma outro sentido, o de neutralização e oculta-

tando o luto.

ção. Mediante ao avanço da medicina, além da luta contra morte na tentativa de cada vez mais afasta-lá, o con-

“A antiga atitude segundo a qual a morte é ao mesmo tempo familiar e próxima, por um lado, é atenuada e

tato das pessoas com o moribundo também é afetado.

indiferente, por outro, opõe-se acentuadamente à nos-

As pessoas, com o sentimento de serem imortais, criam

sa, segundo a qual a morte amedronta a ponto de não

um mecanismo psicológico de defesa, e passam a evitar

mais ousarmos dizer seu nome. (Ariès, 2012, p.40).

o contato com pessoas doentes, de modo a ocultar a realidade da sua vulnerabilidade existencial. A morte fica

A preocupação com a morte, sempre esteve relacionada ao que acontece posteriormente a ela. Com ascensão do Cristianismo, a partir do século XII, a ideia do juízo final5 passa a ter grande influência no modo de viver

cada vez mais difícil de ser compreendida e aceita, e as pessoas evitam cada vez mais pensar em seu próprio fim, sentimento que permeia na contemporaneidade. Escamoteado, a morte passa a ser um tabu.

na sociedade, e a morte começa a ter um significado

4

6

com início no século V e finalização século XV.

e fluídos internos e aplicando produtos químicos para prevenir a sua decompo-

5

sição.

Idade Média, é o período intermédio entre a Antiguidade e a Idade Moderna,

18

Juízo Final, é o julgamento final feito por Deus sobre todas as nações. Segundo

Embalsamento, é uma técnica de preservação de cadáveres, retirando órgãos

o Cristianismo, ocorrerá a ressurreição dos mortos e a segunda vinda de Jesus

7

Cristo, passando a dividir as almas em dois mundos, os salvos irão para o para-

xando apenas o coração, pois os egípcios acreditavam que ele era o centro

íso, e os condenados ao inferno.

da inteligência e a força da vida dos homens. Alguns órgãos eram guardados

Mumificação, o processo começava com a remoção os órgãos internos, dei-


1.2 HISTÓRIA DOS CEMITÉRIOS Coincidente ao significado da morte e a sua relação ao longo dos anos, têm-se paralelamente, os diferentes rituais fúnebres e destinações do corpo de

Img.01 Arquitetura das Pirâmides do Egito

acordo com as religiões, culturas e classes sociais.

passa a ser o principal método de destinação entre

Os egípcios, envoltos ao sentimento da imortalidade

os gregos, no ideal do cadáver propiciar doenças, e

do espírito e veneração dos mortos, desenvolveram

impedi-lo de retomar a vida. O método que se esten-

técnicas para conservação do corpo, como o embal-

dia até 300 d.C., com a chegada do Império Cons-

samento

tantino

6

e posteriormente a mumificação . Após 7

10

e a introdução do cristianismo, passou a

passar por esses rituais fúnebres, os corpos eram

ser caracterizado como pagão, mediante a crença

destinados a diferentes túmulos, de acordo com a

da ressurreição no dia do juízo final, tornando a inu-

camada social. A riqueza dos faraós e da nobreza,

mação a principal forma de sepultamento. O sepulta-

possibilitava a construção de túmulos mais elabora-

mento dos corpos e cinzas, eram feitos em locais afas-

dos, como as mastabas, hipogeus, e a arquitetura

tados das cidades, surgindo assim o primeiro conceito

das grandiosas pirâmides, que resistem e servem

de cemitério, do grego koimeterion, com o significado de

como inspiração ainda hoje.

dormitório, local de repouso, a metáfora do sono eterno.

No ocidente, a finalidade do corpo seguia o conceito

“O aspecto da maior parte dos cemitérios ocidentais

do fim, o sepultamento sem sua preservação. Por

como conhecemos hoje tem origem na concepção

volta de 800 a.C., além da inumação 8, a incineração9

cristã de preservar e repousar os corpos após a morte à espera da ressurreição” (Fuchs, 2019. p.37)

em vasos e o corpo colocado em um composto mineral, para desidratação das

9

células, as cavidades vazias do corpo eram preenchidas com ervas aromáticas

zas em uma urna e as depositava em um túmulo.

e fechada. Finalmente o corpo era envolvido em faixas de linho, e depositado na

10

sepultura.

berdade ao Cristianismo no Império Romano. Destacou-se também pela série de

8

Inumação, consiste na colocação de cadáver em sepultura, jazigo ou local de

Na incineração, o cadáver dentro de uma pira, onde depois se recolhia as cin-

Império Constantino (272 d.C. - 337 d.C.), foi o primeiro imperador a dar li-

reformas administrativas, militares e religiosas realizadas durante o seu reinado.

decomposição natural, em que a urna possui contato direto com à terra.

19


Durante a Idade Média a Igreja Católica se tornou uma

repudiada, e sua aceitação só acontece em uma idade

autoridade soberana, com controle politico, social e cul-

avançada. Contexto que muda o significado dos cemité-

tural sobre a sociedade. Nesse período, o corpo passa

rios, deixando se ser um espaço abençoado e sagrado.

a ser sepultado nas proximidades dos recintos sagrados, capelas e igrejas, quanto mais perto dos lugares

Paralelamente, a relação com o espaço cemiterial pas-

sagrados, como os altares e as relíquias, maior seria a

sa a mudar mediante as questões higienistas do século

garantia da salvação e a destinação das almas para o

XIX, introduzidas pelo avanço da medicina e crescimen-

paraíso. Devido o crescente número de mortos, o espa-

to das cidades. O sepultamento nas igrejas passa a ser

ço nessas proximidades passaram a ser insuficientes,

proibido, na justificativa de que os cemitérios propaga-

desse modo, foi estabelecida uma divisão dos locais de

riam pestes e epidemias, assim obrigando as cidades a

acordo o poder social e econômico, possibilitando aos

destinar um lugar para os mortos nas zonas periféricas,

ricos o sepultamento no interior das igrejas mediante ao

afastado dos centros urbanos. “Quanto à localização

pagamento de taxas e aos pobres, o seu entorno.

ideal, ela teria que cumprir alguns requisitos, como um afastamento mínimo da zona urbanizada e de fontes

Até o século XVIII, a proximidade das pessoas com os

d’água, além de uma implantação em terrenos altos e

corpos enterrados se torna comum, e o espaço cemi-

arejados, onde os ventos não soprassem sobre a cida-

terial se confunde com a igreja passando a ser um lugar

de. Em torno deles deveriam ser construídos muros para

frequentado, não havendo uma segregação do mundo

evitar a entrada de animais e de saqueadores” (Fuchs,

dos vivos e dos mortos. “A partir do século XVIII, co-

2019. p.46).

meçou a ganhar lugar uma concepção judicializada da morte, baseada na ideia de que no instante derradei-

Pré-História

Egito A -Sepulta mastaba -Pertenc

ro será tomada uma decisão suprema sobre o destino da pessoa. Dessa forma, a angústia de ser julgado e o medo de ser preterido do livro da vida transformaram a morte... em um evento apavorante” (Fuchs, 2019. p.43). Na incerteza da salvação, a morte passa a ser temida e 20

Antiguid

-Sepultamento em cavernas; -Pertences junto ao morto; -Crença na imortalidade. Img.03 História do Espaço Cemiterial


1.3 TIPOLOGIAS CEMITERIAIS um olhar arquitetônico e urbanístico

corpos são entregues à pureza da natureza. Em 1804, é fundado o maior cemitério da cidade de Paris, Père-Lachaise, com espaços de jardins, abastecidos de

Em quanto as problemáticas do cemitério eram resolvi-

árvores, plantas de várias espécies e sepulturas orna-

das, o afastamento dos centros urbanos, gerou outras

mentais. Na segunda metade do século XIX, o culto aos

questões, devido à dificuldade dos familiares em visitar

mortos transcende as igrejas cristãs, configurando-se

o túmulo de seus entes queridos. Na sociedade, a cultu-

como um culto laico, feito por outras religiões. O modelo

ra do culto e veneração aos mortos surge influenciando

se tornou referencia entre outros cemitérios da cidade e

o método de sepultamento. Os túmulos são dispostos

posteriormente nos Estados Unidos, se aproximando

individualmente ou em famílias e organizados de modo

da configuração de cemitério que temos hoje.

a facilitar a demarcação e o seu encontro, se tornando uma espécie de morada dos mortos, onde os familiares passam a “visitar o túmulo de um ente querido como se vai à casa de um parente ou a uma casa própria, cheia de recordações” (Ariès, 2012, p.77). Os espaços cemiteriais passam a ser planejados como locais de paz, reflexão da morte e memória dos que se foram, longe da poluição e corrupção das cidades, os

dade

Idade Média

Século XVIII e XIX

Atualidade

-Afastamento dos cemitérios por questões higienistas; -Surgimento das tipologias dos cemitérios Tradicional e Parques.

Antigo amento em Pirâmides, as,hipogeus ; ces junto ao morto.

Grécia Antiga Sepulturas fora da cidade.

Img.02 O cemitério Père-Lachaise, em Paris, é o maior cemitério da França.

Sepultamento dentro e no entorno mediato as igrejas

- Morte como Tabu, a partir do século XX; - O espaço cemiterial junto a cidade, devido a expanção urbana.

21


1.3.1 CEMITÉRIOS PARQUES

tilos, de modo a evitar a poluição visual e evidenciar a paisagem natural. Mediante o crescimento das cidades

Conceito criado nos Estados Unidos com influência fran-

ao redor do cemitério, Mount Aurbun se tornou um lugar

cesa, os cemitérios inicialmente rurais se qualificam por

de refúgio das cidades, os habitantes passaram a ir nes-

projetos paisagísticos, construídos “de modo a suavizar

ses espaços para fugir do caos urbano, em busca do ar

a relação com a morte e induzir os seus visitantes a um

fresco da natureza.

estado reflexivo que visava funcionar como um lembrete da mortalidade humana” (Fuchs, 2019. p.54). O princi-

Contrapondo a principal justificativa higienistas que ba-

pal percursor desse conceito de cemitérios parques foi

niam os cemitérios dos centros urbanos, o que era para

fundado próximo à cidade de Boston no ano de 1831, o

ser um espaço de reflexão e paz, ser tornou uma área

Cemitério de Mount Aurbun.

de entretenimento e passeio, ultrapassando as questões fúnebres. Na configuração de lugares abertos e

Caracterizado por espaços livres não edificados, o ce-

com expressivo contato com a natureza, em muitas ci-

mitério parque é composto por jazigos subterrâneos

dades os espaços cemiteriais antecederam a finalidade

forrados por gramados, os caixões são sepultados em

dos primeiros parques, se tornando referência projetual,

túmulos individuais ou familiares (Img. 05), identificados

exemplo o refúgio do Central Park em na intensidade

por lápides ou pequenas cruzes. Ao longo do cemitério

urbana de Nova York.

são encontradas esporádicas estátuas de diferentes esImg.04 Cemitério Mount Auburn

22

Img.05 Tipologias de Sepulturas

JAZIGO INDIVIDUAL

JAZIGO FAMILIAR

SEPULTURA

ORATÓRIO

ESTELA


1.3.2 CEMITÉRIOS TRADICIONAIS

túmulos subterrâneos de diferentes tipologias arquitetônicas e monumentais — sepulturas, oratório, estela,

Opondo-se a esse movimento, na França, Portugal e

jazigo monumento, túmulo verticalizado, jazigo capela e

Itália, Père-Lachaise influencia outra vertente de espa-

mausoléu (Img. 05), compondo a paisagem do espa-

ços cemiteriais no século XIX. Projetados com o objetivo

ço livre e edificado, junto aos monumentos, estátuas e

de organização e setorização dos espaços, os adeptos

esculturas, fazendo os cemitérios serem reconhecidos

defendiam que o paisagismo não deveria descaracte-

imediatamente.

rizar os cemitérios, mas o compilado de arquitetura,

Assim como no século XVIII, os corpos eram sepulta-

esculturas e paisagismo, deveriam juntos evidenciar a

dos nas igrejas de acordo com seu poder econômico,

sua função de memória. Apesar de Laico, o cemitério

no século XIX essa segregação e desigualdade é ainda

tradicional tem grande herança católica, na tentativa de

mais clara. As classes mais altas construíam grandiosos

tornar o espaço dos mortos em santo, uma extensão

monumentos fúnebres, em quanto as classes mais bai-

da igreja, uma vez que os mortos, dela foram tirados.

xas se limitavam a túmulos simples e rotativos. Ter um

A representação dos túmulos como santuários, se torna a principal característica dos cemitérios tradicionais, estimulando o projeto de construções funerárias mais robustas e elaboradas. O sepultamentos são feitos em

túmulo bem localizado, passou a ser um sinônimo de prestígio, exaltando os poderes econômicos do indivíduo ou da família, e se tornando em um espaço elitizado (Fuchs, 2019. p.65) Img.06 Cemitério Highgate

JAZIGO MONUMENTO

JAZIGO VERTICAL

JAZIGO CAPELA

MAUSOLÉU

23


1.3.3 CEMITÉRIOS EDIFICADOS

Aldo Rossi defendia que “as construções dos mortos não são diferentes das dos vivos”, desse modo, os ce-

O crescimento urbano gerou diversas questões antes

mitérios edificados são considerados um conjunto habi-

não pensadas e problemáticas a serem resolvidas, den-

tacional dos mortos.

tre elas a falta de espaço. Nos espaços cemiteriais, o conceito de sepulturas conjuntas ou jazigos familiares

A verticalidade dos cemitérios, é identificado pelo sepul-

cresceu como resolução da ocupação espacial em re-

tamento organizado em gavetas individuais sem contato

lação ao crescente número de mortos. Esse conceito

com à terra, compondo andares tipos que sobrepostos

de sepultamento, deu origem ao sepultamento acima do

formam o edifício. Em função da descomposição dos

solo, os túmulos verticalizados compostos por gavetas,

corpos, é configurado uma estratégia de tubulação.

e posteriormente a construção de edifícios designados

possibilitando a saída de gases originários desse pro-

a essa função.

cesso. A circulação horizontal dessas construções é através de corredores, e a circulação vertical por esca-

Modelo criado no final do século XX, os cemitérios edificados foram projetados em diferentes lugares e com concepções arquitetônicas distintas. Um dos primeiros modelos que se tornou uma grande referência na arquitetura, foi projetada pelos arquitetos Aldo Rossi e Gianni Braghieri na Itália em 1978, o Cemitério San Cataldo. Img.07 e 08 Cemitério San Cataldo

24

das e elevadores.


1.3.4 CEMITÉRIOS CONTEMPORÂNEOS

metral ao oceano atlântico, o cemitério é composto por cubos de granito alocados de maneira a contemplar a

Escamoteado por arquitetos e urbanistas em maior par-

vista do mar, junto ao sutil som das ondas e do ventos.

te do século XX, a preocupação na elaboração dos es-

A intenção do arquiteto César Portela, é dada na pureza

paços cemiteriais volta e ser pauta no final do século.

das formas a se mesclar em diferentes estações, uma

Os arquitetos passam a olhar os cemitérios com cui-

simbologia de pertencimento a natureza e dialogo entre

dado e atenção aos detalhes. A configuração e reconfi-

céu, terra e mar.

guração desses espaços, são baseadas no contexto e comunicação do lugar e da paisagem, no processo da

Img.09 e 10 Cemitério Municipal de Finisterra

sociedade em que estão introduzidos, diante suas necessidades e costumes (Fuchs, 2012. p.164-165). O amplo movimento dos cemitérios contemporâneos não segue uma padronização ou modelo determinante, permitindo uma diversidade projetual em concepções arquitetônicas e urbanísticas distintas. De forma dinâmica, esses espaços apresentam propostas arquitetônicas para favorecer a experiência de seus visitantes, de modo a valorizar as caraterísticas do local conceituada através de percussos. Paralelo à relação da sociedade com a morte, o sepultamento deixa de ser a única possibilidade de destinação dos corpos, devido o impulsionando da ideia de cremação. Um exemplo da relação projeto e paisagem é compreendido no Cemitério Finisterre, localizado em Corunha, provincia da Espanha. Inserido em uma montanha peri25


CAPÍTULO II

- espaços cemiteriais e a cidade de São Paulo


2 ESPAÇOS CEMITERIAIS E A CIDADE DE SÃO PAULO

para áreas menos densas, zonas periféricas do centro urbano. Esse distanciamento, dificultou a visitação dos familiares aos cemitérios, rompendo o elo entre as ge-

Na cidade de São Paulo os primeiros rituais fúnebres

rações, o culto a memória dos mortos, e consequente-

e formas de sepultamento ocorreram em áreas abertas

mente a morte passa a ser escamoteada. Em meados

e aleatórias. Ao decorrer do tempo começaram a ser

do século XX, com influência protestante começam a

designados espaços específicos para finalidade dessa

ser implantados os primeiros Cemitérios Parques (3.1).

atividade, exemplo o Cemitério dos Aflitos no bairro da

Fundado em 1949, o maior cemitério da cidade nesse

Liberdade, em uso dentre o período de 1775 a 1858,

modelo, o Cemitério da Vila Formosa.

destinado a escravos e pobres. Mediante os ideais higienistas, os espaços cemiteriais começam a ser regu-

Devido à explosão demográfica e expansão urbana da

lamentos, fundando em 1858 o primeiro cemitério pú-

segunda metade do século XX, os cemitérios das zonas

blico da cidade, o cemitério da Consolação, implantado

periféricas novamente se fundem ao tecido urbano. Ape-

em uma área considerada periférica na época. Apesar

sar dessa proximidade espacial, houve a repulsa física e

da regulamentação tirar do domínio da igreja a admi-

presencial da população. Os muros dos cemitérios se

nistração desses espaços, a construção dos cemitérios

tornaram barreiras, desolando o espaço e não integran-

tiveram total influência dos preceitos religiosos cristãos,

do a cidade. Na década de 90, os cemitérios parques

sendo criados diversos Cemitérios Tradicionais (3.2).

começam se tornar espaços marginalizados, pelo uso de drogas e atos sexuais, devido aos seus muros gera-

Com o crescimento populacional do século XX os es-

rem privacidade no seu interior, durante a noite. Hoje, os

paços cemiteriais se fundiram ao tecido urbano. Desse

cemitérios parques não seguem sua função, apesar de

modo, foram retomadas as preocupações higienistas e

serem muitas vezes a única massa verde no tecido urba-

sanitárias, ocasionando no muramento e no afastamen-

no, se tornaram espaços inflexíveis, pouco confortáveis

to dos novos espaços cemiteriais, sendo direcionados

para visitação e refugiu do caos urbano.

27


2.1 CEMITÉRIOS DE SÃO PAULO nomes e tipologias Img. 11 e 12 Cemitérios de São Paulo (Fuchs, editado pelo autor)

7

8 9

12 13

10 11

14 16

15

19 18 37 38

2 5 64 1 3

24

2322 26 27

39

20

CEMITÉRIOS

17

PARQUES TRADICIONAIS

25

21

41

40

28

CEMITÉRIOS

PÚBLICOS PRIVADOS

34 35

LESTE

36

NORTE

CENTRO

33

31 32

28

1 2 3 4 5 6

DA CONSOLAÇÃO DOS PROSTETANTES ORDEM NOSSA SENHORA DO CARMO DO ARAÇA DO REDENTOR SANTÍSSIMO SACRAMENTO

7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

DOM BOSCO GETHSEMANI ANHANGUERA PARQUE DO JARAGUÁ PARQUE CANTAREIRA PARQUE DOS PINHEIROS HORTO FLORESTAL DO TREMEMBÉ DE VILA NOVA CACHOEIRINHA DA FREGUESIA DO Ó DE SANTANA - CHORA MENINO

17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

QUARTA PARADA DA PENHA DA SAUDADE DO LAJEADO SÃO PEDRO DA VILA FORMOSA I DA VILA FORMOSA II DE ITAQUERA - VILA CARMOSA DO CARMO DA VILA MARIANA

SUL

30

27 28 29 30 31 32 33 34 35 36

ISRAELITA DA VILA MARIANA DO MORUMBI SÃO LUÍS SANTO AMARO CONCONHAS CAMPO GRANDE MEMORIAL PARQUE DAS CEREJEIRAS PARQUE DOS GIRASSÓIS DE PARRELHEIROS COLÔNIA

OESTE

29

37 38 39 40 41

DA LAPA SÃO PAULO ISRAELITA DO BUTANTÃ DA PAZ GETHSAMANI DO MORUMBI


2.2 LEGISLAÇÃO A administração dos espaços cemiteriais foi dada em paralelo a sua interpretação de uso e importância para cidade. Após a regulamentação dos cemitérios, os cuidados dos espaços saem do domínio da igreja e pas-

SEÇÃO VI - DOS CEMITÉRIOS Art. 282. Os cemitérios municipais integram o Sistema de Áreas Protegidas, Áreas Verdes e Espaços Livres. Parágrafo único. O Município deve elaborar o Plano Municipal de Serviço Funerário, definindo uma estratégia para o setor e as ações a serem realizadas nos cemitérios municipais.

sam por diversas diretorias e secretarias. De acordo com Fuchs, inicialmente administrado pelo Inspetoria dos Jardins Públicos e posteriormente chamado de Di-

Art. 283. O Plano Municipal de Serviço Funerário deve se orientar pelas seguintes diretrizes: I - requalificar as áreas dos cemitérios na perspectiva de ampliar

retoria de Jardins e Cemitérios, os cemitérios por muitos

as áreas livres e as áreas verdes destinadas ao lazer da popula-

anos foram identificados como espaços de estar públi-

ção;

co, com as mesmas características de jardins e parques.

II - executar a manutenção e conservação, bem como reformas

Na segunda metade do século XX, os cemitérios come-

necessárias, das áreas edificadas e tumulares dos cemitérios e crematórios, objetivando a melhoria da qualidade espacial e da

çam a ser desmembrados do departamento de Jardins

infraestrutura existente;

e Parques, sendo criado a Serviço Funerário Municipal

III - estimular a pesquisa e o registro das obras e monumentos

(SFMSP) um departamento da Secretaria de Obras, jun-

tumulares que apresentem valor histórico, artístico, cultural, ar-

to aos piscinões, pontes, tuneis e viadutos. Consequente a categorização dos cemitérios e sua ad-

quitetônico e científico, com o objetivo de promover a sua conservação e restauro; IV - planejar e executar a implantação de cemitérios verticais e crematórios públicos e privados nas diversas regiões do Municí-

ministração, esses espaços foram se tornando espaços

pio, visando ampliar a capacidade do atendimento e liberar áreas

desolados da cidade, usados para uma única função.

municipais para recreação e lazer;

Com base nesse questionamento, entra pela primeira vez em pauta no Plano Diretor Estratégico (PDE) em

V - planejar e executar a implantação de crematórios públicos para animais domésticos; VI - estimular a criação de cemitérios e crematórios privados para

2002, a inclusão dos cemitérios no Sistema de Áreas

animais domésticos.

Verdes do Município, ganhando força no PDE de 2014,

Parágrafo único. As diretrizes previstas nos incisos IV, V e VI, a

nas seguintes clausulas:

serem regulamentadas por leis específicas, poderão ser implementadas por meio de parceria com a iniciativa privada.

(Prefeitura de SP, 2014, p. 127-128) 29


2.3 RELIGIÕES E RITUAIS FÚNEBRES

cidade. Para muitas crenças a morte interpretada como finitude, e entendida por outras como processo evoluti-

A compreensão dos espaços cemiteriais, em seu uso

vo do espírito. Questões que impactam na destinação

e função é dada pela interpretação da relação com a

do corpo, o culto à morte, o luto e posteriormente a

morte e o culto à morte nas mais influentes religiões da

memória.

RELIGIÕES Afro-brasileiras 138.558 pessoas (Ubanda e Cambomblé)

Budismo 75.075 pessoas

Catolicismo 6.593.342 pessoas (Apostólica e Ortodoxa)

Espiritismo 531.822 pessoas

Judaísmo 43.610 pessoas

Protestantismo 2.738.931 pessoas (Evengélica, Cristãs e Testemunha de Jeová)

RELAÇÃO COM A MORTE Acreditam na reencarnação, aos bons espíritos voltem em outros corpos, e aos maus ficam presos nesse plano.

Há diversos rituais de acordo com as subdivisões da religião, para o velório é comum as pessoas irem vestidas de branco, ritual feito em um terreiro e sepultado em cemitérios. Não sendo permitido a cremação.

Reencarnação, seja como humano ou animal. Destino definido pela sua conduta em vida.

Dentre os diferentes ritos, o sepultamento é o mais comum, seguido pela cremação. O sentimento do luto é substituído pela reflexão e boa energias aos mortos.

Creem na morte como finitude na terra, e passagem para outro plano, o céu ou o inferno.

Com a liberação da cremação na religião, o corpo após velado pode ser cremado ou sepultado. A cultura do luto é evidenciada através da vestimenta pretas, da homenagem da missa de sétimo dia, e visitação dos túmulos no dia de finados.

O espirito como hóspede do corpo, que evolui no processo de reencarnação.

Com semelhanças entres o catolicismo e o protestantismo, se difere na ausência de flores e velas. O luto não faz parte da cultura religiosa, para manter energias positivas para benefício dos familiares e o destino do falecido.

Há duas vertentes, a primeira acredita na reencarnação e a segunda na ressurreição, ambos tem como destino o encontro com Deus.

Há diversos rituais de preparação do corpo, o ritual funerário é muito breve. O corpo é sepultado apenas envolto por uma mortalha sem caixão, sem permissão para a cremação. O luto é comum por um ano, e família fica reclusa na primeira semana (Shivá).

Crença similar ao catolicismo e islamismo, com a ideologia de purgatório e juízo final de Deus.

O culto fúnebre voltado a famílias, como apoio de amigos e conhecidos. Sem características marcantes do catolicismo, como cruz e velas. Não há prática do luto, visto que o falecido partiu para uma vida eterna no paraíso.

Img.13 - 15 Religiões e Rituais Fúnebres (Denis Magalhães e IBGE. Editada pelo autor)

30

RITUAL FÚNEBRE

CREMAÇÃO X SEPULTAMENTO Budismo

Espiritismo

Afro-brasileiras Espiritismo Budismo Protestantismo

10.121.338 pessoas

7.200.239 pessoas

Judaismo Catolicismo

Catolicismo

Nota-se que o sepultamento tem grande influência por pessoas católicas, podendo ser adeptas a cremação.

LUTO X REFLEXÃO Judaismo Afro-brasileiras

Budismo Espiritismo

6.636.952 pessoas

Catolicismo

3.484.386 pessoas

Protestantismo

O espaço cemiterial em grande parte é usado por católicos, no sentimento de luto e memória. Desse modo, visitam os tumulos.


2.4 RESÍDUOS E QUESTÕES AMBIENTAIS

Segundo o Serviço Funerário do Município de São Paulo —SFMSP, os sepultamentos realizados nos dois maio-

Os debates higienistas e sanitaristas ao longo da história

res cemitérios do município, cemitério da Vila Formosa

dos espaços cemiteriais, permeiam os dias atuais com

e de Vila Nova Cachoeirinha, não são executados em

maior potencialidade devido às problemáticas e impac-

áreas com lençol freático raso. Ainda assim, no ano de

tos ambientais, independente da forma como o corpo

2010 junto a Companhia Ambiental do Estado de São

é destinado. Nas formas mais comuns de destinação,

Paulo —CETESB, começou o processo de fiscalização,

— o sepultamento e a cremação, o processo decom-

de modo, a acompanhar e evitar a contaminação do len-

posição do corpo gera impactos de diferentes modos e

çol freático e descontaminar a superfície do solo.

proporções, influenciando diretamente a relação do uso desses espaços.

Img.16 Relação de Sepultamento com tipo de solo

Após a morte, iniciam-se os estágios de decomposição dos tecidos e o corpo começa a passar pelo processo de putrefação. Durante esse estágio o corpo sofre uma transformação dos tecidos em gases tóxicos ao ar e posteriormente em líquidos conhecidos como necrochorume — um líquido-viscoso de cor acinzentada, “composta por 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas degradáveis” (PACHECO, 2000). No sepultamento por inumação, devido à urna ser depositada em um tumulo subterrâneo com contato direto com à terra, as substâncias orgânicas tó-

O cemitério do Cachoeirinha e Vila Formosa, estáriam na

xicas, se torna um fator de contaminação do solo e pos-

situação A e C, variação devida a dimensão do terreno.

sivelmente do lençol freático, dissipando-se no entorno imediato do cemitério e afetando os recursos hídricos e a saúde da população. 31


2.5 CREMATÓRIO sepultamento como escolha, e não unica opção

feitura de São Paulo, em 2015 foram cremados 9.170 enquanto em 2020 numero de incineração subiu para 12.227 corpos.

O processo natural de decomposição pode ser substituído pela incineração, nele a matéria é transformada

Apesar da cremação não ser aceita por algumas reli-

em cinzas evitando a emissão de gases e líquidos. No

giões, dentre as três que são aceitas, abrangendo

processo de cremação, o corpo entra em combustão

7.200.239 pessoas conforme Religiões e Rituais Fúne-

emitindo uma pequena quantidade de dióxido de car-

bres (7), o processo é pouco realizado por falta de co-

bono (CO2), gás poluente à atmosfera. Sendo assim, “o

nhecimento do procedimento e por questões financei-

procedimento ocorre a temperaturas de 900 °C, com

ras. No cemitério da Vila Alpina, uma cremação custa

duração de duas horas e captura os gases liberados

em média R$ 4.500,00, enquanto o sepultamento em

pela queima. Dessa forma, a cremação é a solução pós-

São Paulo em média custa R$ 2.500,00. O encareci-

tuma de menor impacto ambiental, pois não gera resí-

mento do serviço é consequência da pouca oferta, ten-

duos convencionais com potencial de contaminar o am-

do apenas dois no municipio: Crematório Vila Alpina e o

biente, tanto no solo quanto na atmosfera” (KEMERICH

Crematório Morumbi.

et al., 2012b). Facilitar o acesso a informação e ao processo, significa O processo de incineração surge no ocidente cerca de

romper com tabu da cremação, e gerar de forma de-

800 a.C, passando por diferentes momentos de acei-

mocrática a oportunidade da escolha pelo sepultamento

tação e não aceitação na sociedade, por questões re-

não como unica opção, tendo possibilidade da crema-

ligiosas e culturais. Em 1974 foi construído o primeiro

ção. Mediante a essa oportunidade, tenderá a resolver

crematório municipal de São Paulo e o primeiro do Bra-

as questões de espaço, por consequência da compac-

sil, conhecido por Vila Alpina, localizado na zona leste. A

tação do volume do corpo em cinzas e ambientais, de

procura pela cremação tem aumentado paralelamente a

modo a não contaminação do solo.

falta de espaços nos cemitérios. De acordo com a pre32


2.6 FUNCIONAMENTO Após a cerimônia de despedida e ritual fúnebre, o corpo

to sepultamento, a família pode requerer que se faça a

é destinado ao sepultamneto ou a cremação, em dife-

exumação de um dos que já estão sepultados no local,

rentes procedimentos.

desde que o corpo a ser exumado tenha mais de três anos de sepultamento.” (SFMSP, 2020). A construção,

Sepultamento A dinâmica da destinação e do uso do espaço cemite-

manutenção e limpeza dos túmulos de concessão, são de responsabilidade dos concessionários.

rial em sua função, é divida em túmulos públicos e privados a uma determinada família. Os túmulos públicos,

Cremação

mediante a demanda, passa por um processo rotativo,

O processo de cremação exige que o corpo permaneça

"sendo que após três anos (adultos) e dois anos (crian-

conservado em câmaras refrigeradas, no período mí-

ças de até seis anos) a exumação deverá ser providen-

nimo de 24 horas e máximo de 48 horas, conforme a

ciada e os despojos serão colocados em ossuário a ser

legislação. Após refrigerado, o corpo junto ao caixão é

adquirido ou locado pela família ou em ossuário geral

designado ao forno e exposto a chamas e temperaturas

ou comunitário.”(SFMSP, 2020). A manutenção do es-

entre 1000 e 1400ºC, transformando o corpo em cinzas,

paço em grande parte é da SFMSP, sendo atribuídas as

podendo levar até 3 horas para incineração total.

funções de limpeza e conservação das áreas comuns, como capelas, salas de velórios e administração

O Ato de cremar vai além do forno, pois segue pela preparação das cinzas que deve ser entregue a família e até

Os túmulos privados por concessão, são obtidos pelo

10 dias. De modo a ser destinada de diferentes manei-

Serviço Funerário do Município de São Paulo — SFMSP.

ras, de acordo com o ritual e crença da família, como

Dessa forma, quando o sepultamento for em um tu-

por exemplo, o armazenamento em columbários ou em

mulo de concessão, o procedimento é dado pela dis-

sua própria casa, e até a dispersão das cinzas em locais

ponibilidade do espaço.” Quando todas as gavetas de

simbólicos à família.

um jazigo estão ocupadas e há necessidade de pron33


2.7 USO DO ESPAÇO sem desrespeito aos antepassados A relação da morte como tabu e a divisão entre o mundo

espaço fúnebre junto a vivência humana, como a apre-

dos vivos e dos mortos, teve consequência no uso do

sentação de filmes no cinetério e pedaladas para explo-

espaço cemiterial. Considerado como sagrado por uma

ração da área. Apesar da resistência de algumas pesso-

parcela da população, o uso do espaço enfrenta uma

as, as experiências proporcionadas por essas atividades

resistência. De acordo com Fuchs, por mais que o espa-

tiveram uma boa receptividade do público, tornando o

ço dos cemitérios parques sejam considerados espaços

programa parte do roteiro cultural da cidade e modelo

livres de edificações, na consciência das pessoas, isso

para outros cemitérios.

não se aplica. Nota-se que a indicação do sepultamento de alguém no solo muda o comportamento das pesso-

Reconfigurar e integrar o espaço cemiterial na cidade é

as, e as fazem desviar para não desrespeitar o falecido.

um papel dos arquitetos e urbanistas. De modo, a analisar o espaço através do olhar sustentável e ambiental,

No Intuito de promover a integração desses espaços ao

qualificar a ambiência e experiência do lugar e propor-

contexto urbano e o seu entorno mediato, foi implanta-

cionar o uso desses espaços de outras formas, sem

do em 2014, o programa Memória & Vida no cemitério

desrespeitar o objetivo principal, de reflexão e memória.

da Consolação, com objetivo de usar o espaço cemite-

Romper com o muro da divisão do mundo dos vivos e

rial para outros fins além do luto e da memória. Ativida-

dos mortos. Afinal, esses espaços foram feitos para os

des culturais e parcialmente esportivas foram adotadas,

vivos em memória dos mortos.

criando um elo de valorização arquitetônica e cultural do

34


2.8 PANDEMIA E O ESPAÇO CEMITERIAL A crise pandêmica mundial causada pelo coronavírus

meados de março de 2021, a solução adotada pela pre-

(COVID-19) no ano de 2020, se estende no Brasil, em

feitura no cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, seguiu

uma segunda onda no primeiro semestre 2021. De for-

pela exumação total de uma das quadras do cemitério,

ma acelerada e elevando ainda mais a curva do cres-

liberando 1056 vagas. Ainda assim no dia 31 de março

cente número de vítimas até o momento (abril de 2021).

foram suspensos provisoriamente os sepultamentos por

Em São Paulo, o número de pessoas contaminadas e

falta de vagas, sendo necessario mais exumações.

consequentemente de óbitos, gerou calamidade no serviço de saúde pública e no serviço funerário. De acor-

Mediante a essa demanda, o governo começa a estudar

do com o site SUS analítico, a região metropolitana de

a possibilidade da verticalização e uso da cremação para

São Paulo no mês de março e abril, atingiu o número de

suprir a destinação dos corpos. O Crematório da Vila Al-

8650 casos e 318 óbitos em um dia, e uma média móvel

pina que antes cremava em média 30 corpos, durante a

de 4070 casos e 194,57 óbitos por dia.

pandemia passou a cremar 42, com o limite de 48. Em março de 2021, o único crematório público do município

O elevado número de óbitos ocasionou no colapso do

passa a sofrer com o impacto do crescente número de

espaço cemiterial, os 22 cemitérios públicos do municí-

mortos, sendo necessário a instalação de contêineres

pio de São Paulo passaram a ser insuficientes para de-

refrigerados para armazenamento de 90 corpos aguar-

manda de corpos a serem sepultados. Desse modo, a

dando serem cremados. Dessa necessidade, o governo

superlotação e falta de espaço, exigiu da Prefeitura e do

começa a negociar com os 6 crematórios da região me-

Serviço Funerário medidas para alocar os corpos. Em

tropolitana, a possível destinação

35


CAPÍTULO III

- leitura e análise urbana


3 VILA NOVA CACHOEIRINHA - bairro ração da associação Nipo Brasileira. De acordo com o

SUBPREFEITURA Casa Verde Cachoeirinha

Img. 17 Mapa das Subprefeituras e Distritos de São Paulo

jornal local, Gazeta da ZN, os primeiros indícios de ocupação do bairro ocorreu por volta de 1600 pela exploração dos bandeirantes no interior do país, onde faziam uso do espaço para se refrescar, devido à presença de uma importante cachoeira, localizada no atual Hospital Maternidade, dando origem ao nome do bairro.

DISTRITO

O desenvolvimento intensificado do bairro ocorreu na década de 50, influenciada pela implantação da primeira casa comercial no ano de 1944 e posteriormente por outros comércios e serviços, categorizando-se um polo

Brasilandia Cachoeirinha

comercial, o Largo do Japonês. Nesse período começa a ser realizado o parcelamento do solo, demarcando as vias e lotes. Por consequência do crescimento po-

Freguesia do Ó Limão

pulacional da segunda metade do século XX, em 1968 foi fundado o cemitério da Vila Cachoeirinha, o Hospital Geral e o Hospital Maternidade Escola em 1972, e o Terminal de ônibus em 1991. De acordo com Infocida-

Localizado no Distrito Cachoeirinha e subprefeitura Casa

de no ano de 2010, no distrito da Cachoeirinha residem

Verde - Cachoeirinha, o bairro da Vila Nova Cachoeirinha

143.523 habitantes. O polo comercial do Largo do Ja-

foi fundado oficialmente em 5 agosto de 1933, data

ponês abrange serviço para os distritos vizinhos conec-

considerada pela Câmera Municipal mediante a inaugu-

tados por 31 linhas de ônibus do Terminal Cachoeirinha.

37


3.1 CEMITÉRIO DE VILA NOVA CACHOEIRINHA - contexto Fundado em 1968 pela prefeitura de São Paulo para su-

Img. 18 Localização da área de intervenção

DISTRITO

Terminal de Ônibus

Hospital/ UBS Brasilandia Cachoeirinha

prir a necessidade da crescente população da região da

Hospital Maternidade

zona norte, antes sepultados no cemitério da Freguesia do

Subprefeitura

Ó e no cemitério da Vila Formosa. A área destinada ao cemitério de Vila Nova Cachoeirinha foi alocada de forma estratégia, próximo a Avenida Inajar de Souza, principal co-

Freguesia - Brasilândia Freguesia do Ó

CCJ

Limão

Centro Cultural da Juventude

Casa Verde

Escolas

nexão com a Marginal Tietê. Considerado o segundo maior cemitério do município de São Paulo, com 360.000 m², se destaca no tecido urbano por uma grande massa verde no distrito do Cachoeirinha. Influenciado pela concepção do espaço cemiterial do sé-

COHAB

culo XX, o cemitério Cachoeirinha foi projeto na tipologia dos Cemitérios Parques (3.1). Apesar da área livre propiciar um respiro para localidade, o espaço cemiterial se desola do entorno através de seus extensos muros dificultando qualquer relação e uso para a cidade, seguindo apenas a função do sepultamento. COHAB

A quadra do cemitério com 608.800m² empossada pela prefeitura em 1965, foi subdividida em lotes sociais que propiciassem moradia e serviço a população. Desse modo, o entorno do cemitério é marcado pela presença dos importantes hospitais desde 1972, e pela Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB) em 1986. 38

Img. 19 Divisão da Quadra em Lotes Sociais


NTI

NTO

P. C A

Img. 20 Recorte do Bairro Vila Nova Cachoeirinha

DIO

ADA PI

AV. DE

SAM

AV. P AR

PAI O

LARGO DO JAPONÊS AV E

NID

AI

MI

RIM

IT AB

ER A

BA

Terminal de Ônibus

AV EN I

DA

CCJ- Centro Cultural da Juventude ANCO

MARCELINO BR

OS

AV EN I

DA

R

DE

IO

UN

P. E

AVEN

AJ

LIO

IDA

DO

CA

RL

CEMITÉRIO

EN

INAJ

AM

RU

AR D

E SO

UZA

AVENIDA JOÃO

Hospital Maternidade BOI MALHADO (COHAB)

UBS - Vl. Espanhola Hospital Geral

BREU

NTOS A

DOS SA A JOÃO

AVENID

39 0

100

200

300


3.2 LEITURA E ANÁLISE entorno SARA - 1930

VASP CRUZEIRO - 1954

Em 1954, o parcelamento do solo começa a se con-

40

Mapa de 1930 mostra as curvas de nível pouco modi-

solidar, e se aproximar da atualidade. As divisões das

ficadas, as primeiras vias, esporádicas divisões de par-

quadras são definidas pela topografia e a ocupação é

celamento de quadras e pouca ocupação no bairro do

influenciada pelas áreas menos ingrimes e os principais

Cachoeirinha e os bairros vizinhos.

comércios. Nota-se os meandros do rio Cabuçu.


Img. 21-24 Mapas de Leitura do Bairro

CHEIOS E VAZIOS - ATUAL

SISTEMA VIÁRIO

Edificações

Via Arterial

Cobertura Vegetal

Loteamento irregular

Via Coletora

Quadra Viária

Quadras Viárias

Via Local

Ciclovia no canteiro central

Atualmente o rio se tornou um córrego canalizado, o

O vazio do bairro é dado pelo espaço cemiterial e con-

bairro possui suas quadras viárias definidas e uma ocu-

templado pela cobertura vegetal, considerada a única

pação do solo densa. As edificações preenchem os

massa arbórea da localidade.

bairros, dificultando grandes vazios, exceto a área do

O sistema viário possui 4 vias arteriais que possibilitam

cemitério, que também vem sendo ocupada, por lotea-

o acesso ao terminal de ônibus. Perimetral ao cemitério

mento irregulares.

possui viam coletoras de acesso aos bairros. 41


ZONEAMENTO

USO PREDOMINANTE DO SOLO

ZC - Zona de Centralidade

ZOE

Comercial

ZM- Zona Mista

ZEU

Residecial/ Comercio e Serviço

ZEIS2

ZEIS1

Residencial/ Indústria e Armazéns Resid. Vertical Médio/Alto Padrão Resid. Horizontal Médio Padrão Resid. Horizontal Baixo Padrão

Com predominância em Zona Mista, o bairro é caracte-

Sem Predominancias

rizando por baixa densidade construtiva e populacional.

42

As quadras imediatas à Av.Inajar de Souza, estão orien-

Um bairro fortemente residencial horizontal de baixo e

tadas ao eixo de estruturação e transformação para

médio padrão, comercio, serviço e indústria local nas

promover densidade construtiva e qualidade paisagísti-

áreas mistas (laranja). A centralidade do bairro é dada

ca. Áreas de Zeis 1 e 2, destinadas ao Interesse Social

pela área comercial, com oferta de lojas e serviços para

e o Cemitério, ocupação especial.

o bairro do Cachoeirinha e os bairros vizinhos.


Img. 25-28 Mapas de Leitura do Bairro

GABARITO

DENSIDADE DEMOGRÁFICA

Até 2 Pavimentos

Até 100 Hab/Ha

3 - 6 Pavimentos

101 - 150 Hab/Ha

7 - 10 Pavimentos

151 - 200 Hab/Ha

11 - 20 Pavimentos

201 - 300 Hab/ha

Acima de 21 pavimentos

Acima de 300 Hab/ha

Por consequências das edificações de baixo gabarito, a Caracterizado pela sua horizontalidade, o recorte em

quantidade de habitantes por hectare se mantém em até

análise tem predominância em edificações de baixo ga-

200, exceto nas áreas com habitações verticalizadas que

barito, de 1 a 2 pavimentos, chegando em até 6 pavi-

por serem mais altas, chega em até 300 Hab/Ha. Desse

mentos.

modo, é um bairro com média densidade demográfica. 43


MOBILIDADE E FLUXOS

44

Corredor de Ônibus

Ciclovia

Faixa de Ônibus

Pontos de Ônibus

Img. 29 Mapas de Mobilidade e Fluxos

Fluxo de pessoas

0

100

200

300


Img. 30 Terminal de Ônibus Cachoeirinha

Devido a crescente ocupação populacional e construtiva da segunda metáde do século XX, o bairro ainda passa por um processo de desenvolvimento e reparo urbano. Apesar da ausencia do sistema de Metrô, a área é alimentada por uma ampla rede de transporte publico viário. Durante a gestão do prefeito Fernando Haddad no ano de 2016, foi entregue 14,6 km de corredor de ônibus, conec-

Img. 31 Largo do Japonês

tando o Terminal de Ônibus Cachoeirinha à bairros centrais, findando no Largo do Paissandu. Trajeto que obtém cerca de 201 mil pessoas diariamente, pela qualidade das vias e agilidade em tempo, percurso que antes levava 1h10, atualmente é realizado em 30min. Junto ao corredor, foi requalificado o canteiro central de toda Av. Inajar de Souza, implantando 3 km de ciclovia e 2,9 km de pista de caminhada e uma densa cobertura vegetal. Img. 32 Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha

Segundo a SPtrans no terminal Cachoeirinha, desembarcam 50 mil pessoas por dias, se tornando um polo com intenso fluxo de pessoas, unido ao Largo do Japonês, e ao eixo comercial da Av. Parada Pinto, através da demanda de comércios e serviços. Outros importantes polos de fluxos de pessoas no bairro estão envoltos aos serviços de saúde do Hospital Geral, Hospital Maternidade e UBS da Vila Espanhola, além dos equipamentos de educação. 45


3.3 LEITURA DO ESPAÇO CEMITERIAL - atual PRINCIPAL ACESSO CAPELA VESTIÁRIO/REFEITÓRIO VELÓRIO/ADMINSTRAÇÃO

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION ACESSO FECHADO

745

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

750

755 760 770

780

Img. 33 Leitura do Espaço Cemiterial

781

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

10,14%

35m

SEPULTURAS

RUA

RUA

VELÓRIO

CAPELA

12m

SEPULTURAS

15% 80m

345m

OSSUÁRIOS

SEPULTURAS

CONCESSÃO CAPELA VELÓRIO SEPULTURAS

1:7500

Quadras de Sepulturas; Quadras de Concessão; Muro de Ossuários.

ENTRADA

OSSUÁRIOS

Principal Percurso de pedestres ao cemitério; Acesso ao Cemitério;

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

OSSUÁRIOS

Leste

AVENIDA

46

Principal

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT

Oeste

E I X O S

COHAB

Img. 34 Corte Topográfico e esquemático


Img. 35 Planta das Salas de Velório do Cemitério Cachoeirinha

ESTACIONAMENTO

CARGA E DESCARGA

ACESSO AO VELÓRIO

ACESSO AO CEMITÉRIO

1:400

Salas de Velórios

Administração/ Atendindimento

Barracas de Café e Lanches

Sanitários/ Vestiários

DML/ Depósito/ Apoio

Saídas do Velório para o Cemitério

O espaço do Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, com

do eixo principal são 12 rotativas, com sepultamentos

360 000 m² em área, será divido nesse trabalho em 3

públicos.

eixos — oeste, principal e leste, para melhor entendimento e análise:

O eixo leste não tão frequentado, é demarcado por quadras com desenho mais irregulares devido à declivi-

A entrada no cemitério é através do eixo principal,

dade mais acentuada, e grandes espaços livres, forrado

categorizado por ser a parte construída e o espaço dos

por uma cobertura vegetal. Composta por 4 quadras de

rituais fúnebres de despedida. Implantado administra-

concessão, 15 quadras rotativas, sendo 2 infantis.

ção, apoio (depósito, refeitório e vestiários), atendimento, 11 salas de velório, a sala do velorista e no topo do

De acordo com SFMSP, em média são velados 10 cor-

terreno entre os eixos oeste e leste, está a capela.

pos por dias e 3650 por ano e sepultados 12 corpos por

No eixo oeste, foram setorizadas quadras para se-

dia e 4300 no ano. O espaço cemiterial tem capacidade

pultamentos com carácter jardim, e uma declividade de

para destinar 49.167 restos mortais, em 21.332 sepul-

10,14% voltado para Av. Deputado Emílio Carlos. Com-

turas, 6.764 concessão e 21.071 ossuários. E recebe

posto por 15 quadras de concessão, o esse eixo é o

em média de 10.500 visitantes por mês, principalmente

mais frequentado por visitantes, de modo a preservar

em datas celebrativas, como o dia 2 de novembro em

área dos jazigos familiares. A quadras mais afastadas

memória aos Finados. 47


3.4 Img. 36 Portão Principal de acesso ao Cemitério

Img. 38 Via Interna e Muro composto por Ossários

VISITA EM CAMPO

Img. 37 Ossários

Img. 39 Vista jazigos de concessão e vista urbana. Img. 40 Capela. Img. 41 Cruzeiro. (Da direita pra essquerda)

48


Img. 42 Fachada Velório Img. 43 Circulação paras salas de velório Img. 44 Salas de velório Img. 45 Acesso ao cemitério

49


3.5 PARAMETROS URBANÍSTICOS ZOE - ZONA DE OCUPAÇÃO ESPECIAL O local de estudo está inserido em uma área denominada ZOE, conforme o plano diretor da cidade de São Paulo: Art. 15. As Zonas de Ocupação Especial (ZOE) são porções do território que, por suas características específicas, necessitem de disciplina especial de parcelamento, uso e ocupação do solo. § 1º Os perímetros de ZOE terão parâmetros específicos de parcelamento, uso e ocupação do solo adequados às suas especificidades e definidos por Projeto de Intervenção Urbana, aprovado por decreto, observados os coeficientes de aproveitamento estabelecidos por macroárea conforme Quadro 2A da Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014 – PDE.

(Prefeitura de SP, 2014, p. 26)

O bairro de Cachoeirinha está localizado em um Macroárea DE REDUÇÃO DA VUNERABILIDADE, desse modo segue os seguintes parâmetros construtivos: coeficiente de aproveitamento mínimo 0,3, básico 1 e máximo 2; gabarito da edificação 28 metros e com número máximo de pavimentos, térreo e mais 8.

Img. 46 Mapa Macroárea


CAPÍTULO IV - referências projetuais


4.1 CEMITÉRIO MEMORIAL PARQUE DAS CEREJEIRAS Crisa Santos Arquitectos

0 10 20

50

100

Arquitetos: Crisa Santos Arquitectos Localização: Jardim Angela, São Paulo - SP Ano: 2018 - Construído Projeto referencia na cidade de São Paulo, conta com 300.000 m² de requalificação do cemitério em parque, adotando a neurociência como premissa de arquitetura

Img. 47 Planta Parque cerejeiras

9

causadora de sensações e percepção. O Parque das Cerejeiras composto por esculturas, obras de artes e espaços destinados ao ritual fúnebre, são contempladas pela natureza e projetado partindo da concepção

8

12

10

7

17

1

dos que ficam e não somente dos que partem, de modo a possibilitar ao espaço, o convívio e dialogo direto com

14

Q 4

a comunidade do Jardim Angela e o entorno mediato. 19

Ao passar pela portaria e entrar no parque, nota-se que

3

2

Eixo de Despedida

o espaço se divide em 3 eixos, o de despedida, o de

Eixo Memorial Parque

sepultamento (jazigos) e o do Memorial Parque. Essa

Quadras de Jazigos

Eixo Sepultamento Salas de Velório

divisão permite que o visitante, utilize do espaço como

1

Percurso

um percurso da despedida à memória, ou até mesmo em visitas isoladas em cada equipamento, esse ultimo se tornou um diferencial por romper o tabu do espaço cemiterial e incentivar o uso dos moradores do entorno, como um respiro, um refúgio do caos urbano e permitir um contato direto com a área verde. 52

1. Portaria 2. Praça da Eternidade/ Columbário 3. Velório 4. Capela 5. Aquário 6. Sala de Velórios 7. Velório Jardim

8. Orquidário 9. Sanitários 10. Mirante 11. Trilha Ecológica 12. Copa/ Vestiários/ Depósito Q. Quadras dos Jazigos 14. Anfiteatro

5


Img. 48 - 49 Parque Cerejeiras

2

16 15

5

Q

QUADRAS DE JAZIGOS

Formada por sinuosas chapas de aço em

A horizontalidade da ocupação como ce-

movimento espiral, a praça remete a reflexão

mitério, gera liberdade visual e de trajeto

das etapas da vida: o nascimento, a adoles-

pela quadra, sem a presença demarcada

cência, a fase adulta, a fase da maturidade e

de caminho a seguir. Ainda assim o res-

o ritual de passagem.

peito e memória ao sepultado é dado pela presença de das lápides horizontais.

15 7 6

PRAÇA DA ETERNIDADE

12

VELÓRIO JARDIM Na justIficativa do contato com a natureza

4

CAPELA

acalmar a alma, existe a possibilidade do ve-

O ponto de fuga se dá no altar com uma

lório na área externa. Uma arquitetura deli-

marcada presença da luz. O ambiente are-

cada dada por um arco vazado em madeira,

jado com forro minimalista em madeira, re-

um altar em pedra, e sinuosos bancos.

metendo ao externo, a natureza.

15. Café 16. Floricultura 17. Vendas 18. Administrativo 19. Borboletário

53


4.2 NOVA NECRÓPOLE - SÃO PAULO Bruno Reis Arquiteto: Bruno Reis

EMBALSAMENTO

Local: São Paulo-SP

O RR CA O S IO ES ÁR AC NER FU

Ano: 2015 - Não Construído

RECEPÇÃO DE CORPOS PREPARO ADM

O projeto proposto é o redesenho e implantação de um

RETIRADA SALA DE CREMAÇÃO

parque no atual Cemitério São Paulo Cardeal, localizado na Rua Cardeal Arcoverde, em Pinheiros. A verticaliza-

CERIMÔNIA

ção do cemitério, é analisado como uma solução espacial e de integração com meio urbano. Ao desenvolver a volumetria o arquiteto divide em base e torre. O crematório é idealizado na base no intuito de propiciar a inserção da torre na declividade de 12% do terreno e é visto como um eixo de transição entre o parque e a torre. A torre suspensa por pilotis, é destinada ao cemitério ver-

A planta do piso superior foi escolhida para análise, de

tical e ossários no topo, abrigando toda parte de ritual

modo a comprender os acessos, dinâmica de funciona-

fúnebre, de velório e culto a morte.

mento e fases do crematório: 1.o corpo é recepcionado; 2.embalsado; 3. velado na cerimônia; 4. cremado ou 5. armazenado na câmara fria por até 48 horas e 4.cremado; 6. preparo da urna e 7. retirada da urna. Ao visitante, esse piso contempla a recepção, as ceri-

54

Img. 50 Pespectiva

mônias de cremação e capela, além de todo patio mirante ao lago.


CAPELA

CÂMARA FRIA

CHEGADA VISITANTE RECEPÇÃO

PAV. TÚMULOS

ACESSO VEICULOS

PISO SUPERIOR TÉRREO

PLANTA PISO SUPERIOR

CORTE

PLANTA TIPO PAV. 3-6 Tumulos Circulação Vertical

Img. 51 -53 Desenhos técnicos

55


4.3 CEMITÉRIO MUNICIPAL DE NIKAIA Papalampropoulos Syriopoulou - Architecture Bureau Arquitetos: Leonidas Papalampropoulos, Georgia Syriopoulou Localização: Nikaia, Grécia Ano: 2016 - Não Construído O ensaio da requalificação do espaço do antigo ce-

7

8

6 2

5

3

1

mitério grego, tem como partido oferecer no vazio

4

do tecido urbano um parque com espaços para eventos no âmbito publico. A concepção do projeto é dada através de funções permanentes e temporárias.

1. Igreja 2. Espaço para eventos 3. Café/Restaurante 4. Playground

5. Ponto de Reciclagem 6. Memorial 7. Escola 8. Lago

Permanentes Temporária

As permanentes são espaços que ofertam servipresença física do cemitério, o respeito a memória do lugar é representada pelo memorial em conjunto com a massa verde, se tornando um refúgio da cidade, um espaço de estar e reflexão.

CONCERTO

FESTIVAL

TORNEIO

PARQUE DE DIVERSÕES

E as temporárias são as possibilidades de diferentes usos e eventos no eixo principal, como concerto, festival, torneio e parque de diversões. Proposta que transforma o local em um espaço público ativo. 56

Img. 54 -55 Ilustrações Cemitério Munipal de Nikaia

ços ao entorno diariamente, apesar não ter mais a


4.4 CEMITÉRIO VERTICAL DE TÓQUIO Jesús Donaire Arquiteto: Jesús Donaire Local: Tóquio, Japão Data: 2016 - Não Construído Na concepção contemporânea de pensar os espaços cemiteriais, esse projeto fez parte do concurso para solucionar a problemática de espaço da cidade de Tóquio.

CIRCULAÇÃO

O arquiteto justifica, “arquitetura enquadra a natureza e pertence aos nossos corpos. Natureza é a coexistência de Terra, Ar, Fogo, Água e Éter (Vazio na cultura Japonesa)”. A estrutura é composta de forma poética por pilares de aços, que remetem a uma floresta de bambu em que permeia a luz, e se integra ao entorno por seus reflexos. OSSUÁRIOS Img. 56 - 60 Ilustrações Cemitério de Toquio

57


CAPÍTULO V - diretrizes urbanísticas


5 PROPOSTA URBANA A leitura do recorte urbano e as problemáticas provo-

Robert, “os bairros bem planejados inspiram seus mo-

cam não somente a requalificação do objeto desse estu-

radores, ao passo que as comunidades mal planejadas

do, em uma pequena escala arquitetônica e urbanística,

brutalizam seus cidadãos” (Jahn Gehl, 2013)

mas também apresenta a potencialidade de requalificação social, urbana e ambiental da sua envoltória, o bair-

Apesar da presença de áreas verdes e livres, os 2.280

ro da Vila Nova Cachoeirinha.

metros de muro que cerca o cemitério, dificulta e a caminhabilidade e torna ineficiente qualquer espaço de lazer.

Há vida nesse lugar, mas de que forma ela é apresen-

Nota-se que esse perímetro tem a característica de es-

tada? Esse pergunta é reflexo da deficiência urbana em

paços residuais de descarte de lixo orgânico e entulho,

dialogar o espaço cemiterial com o entorno, uma cultura

sem função, que serviu para ocupações irregulares de

de desolamento. Por consequência o entorno mediato

famílias que realmente necessitam de um espaço para

começa a ser construído sem planejamento, autocons-

moradia, e até mesmo de pessoas em situação de rua

trução e ocupação, gerando e impactos ambientais e

que improvisam barracas.

sequelas na qualidade de vida. De acordo com Richard

5.1 OBJETIVOS: HABITAÇÃO - Atender a população em situação de vulnerabilidade social; AMBIENTAL - Requalificação e recuperação ambiental; RESÍDUOS SÓLIDOS - Eliminar os materiais descartados em locais públicos; ESPAÇOS PÚBLICOS - Qualificar e implantar espaços de permanências de estar e lazer; EQUIPAMENTOS PÚBLICOS - Promover equipamentos de educação, de lazer e esportes; SEGURANÇA - Qualificar a segurança pública. 59


5.2 DIRETRIZES URBANÍSTICAS SUBPREFEITURA

CENTRO CULTURAL

EQUIPAMENTO DE ESPORTE

ENSINO FUNDAMENTAL II E MÉDIO

Img. 61 Diagrama de Diretrizes Urbanísticas

1

MATERNIDADE

5

HOSPITAL

3

2

4

UBS EDUCAÇÃO INFANTIL

Habitacional Recuperação Ambiental Espaços livres, de estar e lazer Equipamentos a requalificar Equipamentos a implantar Cemitério Imagens

60

1

22


HABITAÇÃO

RESÍDUOS SÓLIDOS

EQUIPAMENTOS PÚBLICOS

Regularização fundiária de parte

Promover pontos de coleta, trata-

Qualificar a relação dos Hospitais,

dos lotes irregulares; Desenvolver

mento e destinação dos resíduos

instituições educacionais e cultu-

programas para pessoas em situa-

sólidos, em uma dinâmica que faça

rais existentes ao entorno, implan-

ção de rua e habitações para todo

parte do cotidiano da população e

tar um centro esportivo e social,

população local, de modo a não

não de forma isolada.

que atenda a população local e en-

removê-los do perímetro, já identi-

voltória.

ficado como ZEIS1.

AMBIENTAL

ESPAÇOS PÚBLICOS

SEGURANÇA

Realocar a população presente nos

Ofertar e qualificar os espaços li-

Melhorar a segurança das áreas

loteamentos irregulares; Aumentar

vres públicos, e destina-los a per-

existentes e implantar nos novos

e recuperar a cobertura vegetal;

manência da polução local e envol-

usos e equipamentos: Cemitério;

Implementar o tema sustentabilida-

tória, em diferentes usos: reflexão,

Equipamentos e Espaços Públicos;

de e preservação ambiental junto a

esporte, estar e lazer. Possibilitar a

e nos percursos de caminhabilida-

população e seus lotes; Qualificar a

relação do entorno ao Cemitério.

de.

caminhabilidade nas áreas ambientais, envoltória ao cemiterio. Img. 62 - 66 Fotos do entorno

3

4

5 5

61


CAPÍTULO VI - o projeto


6.1 PROPOSTA - ESPAÇO CEMITERIAL Após a Leitura do Espaço Cemiterial (3.3), o entendimento é dado por uma cidade com diferentes setores. Desse modo, a área do cemitério foi divida em

Img. 67 Diagrama- Proposta Parque Cemiterial

eixos, mediante as suas características e consequentemente suas propostas.

EIXO 1

EIXO 1

Memória e despedida, o principal eixo de visitação, possui atualmente um per-

EIXO 2

curso fúnebre a ser preservado: Portão EIXO 3

principal; Salas de velório e Capela. A re-

EIXO 4

qualificação desses ambientes, de modo a ressignificar e amenizar a dor dos que perdem seus entes queridos; Implantar um cremátorio, como direito a destinação do corpo após a morte.

EIXO 2

EIXO 3

EIXO 4

Marcada pela presença de jazigos públi-

Túmulos públicos a serem realocados

Considerado o fundo do cemitério, uma

cos, esse eixo possui potencial de estar,

para o cemitério vertical que será im-

área pouco frenquetando por visitantes.

lazer e reflexão. A proposta é a remoção

plantado no mesmo local. O verticaliza-

Devido a proximidade com o setor ha-

dos túmulos e redesenhar o espaço para

ção possibilitará os diferentes usos no

bitacional, das Diretrizes Urbanísticas

um parque com diferentes usos, intrega-

espaço cemiterial, resolvendo as proble-

(5.2), essa aréa será destinada a uma

do ao entorno

máticas ambientais de recuperação e de

praça local, como meio de transição es-

espaço.

paço cemiterial e habitacional.

63


6.2 DIRETRIZES DO PARQUE CEMITERIAL A requalificação do espaço cemiterial, tem como objetivo torna-lo parque em toda extensão do terreno. Com o intuito de preservar a memória do local, as diretrizes projetuais encaminham para um parque de sociabilidade e vivência,

EQUIPAMENTO ESPORTIVO

além de gerar um espaço de refúgio e reflexão. A primeira e mais significante diretriz que norteará o projeto é a subs-

PARQUE

tituição de todo o muro perimetral a área por uma delimitação vazada, que proporcione a interação visual e caminha-

REABERTURA DA ENTRADA

bilidade do entorno.

6.3

O PARTIDO Tomando como premissa a implantação e redesenho do parque no contexto urbano, o eixo 1 será tratado como primeira fase desse projeto, de modo simular a realidade e estruturar o funcionamento do cemitério, antes da remoção os túmulos a dar espaço ao parque. O primeiro eixo identificado como memória e despedida, será divido em 4 edifícios com diferentes funções e atividades: velar, prestar culto, despedir, sepultar e cremar. Apesar dar distintas abordagens da morte, os edifícios seguirão como partido comum a relação com parque, não privando apenas aos enlutados mas incentivando o uso e contato com a morte por todos os visitantes.

64

RECUPERAÇÃO A REMOÇÃO DE TODO MURO


6.4 O PROGRAMA O programa foi formado com base nas referências projetuais, estudos de casos, e na regulamentação do recém-falecido prefeito da cidade de São paulo, Bruno Covas ( 16 mai. 21), através do decreto Nº 58.965, 25 de setembro de

Img. 68 Diagrama Diretrizes Parque Cemiterial

2019. Que define no: Art. 1º: “A construção, o funcionamento, a utilização, a administração, a delegação dos serviços e a regulação e fiscalização dos cemitérios públicos e particulares, bem como da execução dos serviços funerários, cemiteriais e de cremação no âmbito do Município de São Paulo…” Art. 22º: Os serviços cemiteriais compreendem a execu-

VELÓRIO

ção dos serviços de: I - sepultamento; CAPELA

II - exumação;

CREMATÓRIO

III - instalação e manutenção de velórios; PRAÇA LOCAL COLUMBÁRIO CEMITÉRIO VERTICAL

AMBIENTAL

IV - vigilância; V - manutenção de ossuário e columbário; VI - ajardinamento, limpeza, conservação, e manutenção de túmulos e jazigos;

(Prefeitura de SP, 2019) Visar a funcionalidade e necessidades de cada ambiente, é um processo determinante para metodologia e desenvolvimento do projeto, como expressão arquitetônica. O programa de necessidade, abrange o setor SOCIAL: recepção, atendimento, café e floricultura; ATIVIDADE: capela, velório, crematório e cemitério vertical; ADMINISTRATIVO e o setor de SERVIÇOS: infraestrutura de apoio e técnica. 65


6.4.1 NECESSIDADES -

11.000m²

Área Parcial (m²)

RECEPÇÃO

234

1 Hall/Saguão de Entrada

88

90

1 Recepção/ Informações

12

12

1 Sala de Espera

7,5

10

1 Atendimento

12

12

1 Café/ Lanchonetes

58,33

60

2 Sanitários

25,375

50

FLORICULTURA

60

1 Loja

30

30

1 Sala de confecção de coroas

15

15

1 Depósito

15

15

CAPELA

100 1 Sala auxiliar

15

15

1 Salão

85

85

VELÓRIO

802

25 Salas de Velórios

25

625

30,45

122

1 Sala de Espera do Corpo

42

40

1 Sala Velorista

15

15

4 Sanitários

CREMATÓRIO

740

2 Salão Ecumenico

200

1 Cinerário

100

-

30

60

180

70

350

1 Sala de controle

10

10

1 Sala de Processamento de cinzas

20

20

3 Sala Câmara Fria 1 Sala do Forno/ Incineração

5 fornos

1 Sala de preparo

50

CEMITÉRIO VERTICAL

66

Área Total (m²)

8.467

5000 Túmulos verticais

0,83

4.167

2000 Túmulos verticais intantis

0,5

1.000


48000 Ossuários

0,25

2.000

30000 Columbário

0,25

1.250

1 Sala de exumação

50

ADMINISTRAÇÃO

212

1 Sala Diretoria

9

10

2 Sala de Gerências

12

24

2 Apoio administrativa

24

48

1 Arquivo

15

15

1 Almoxarifado

15

15

2 Sala de Reuniões

30

60

2 Sanitários

5,8

20

1 Copa

10

10

1 Sala de Descanso

10

10

INFRAESTRUTURA

245

1 Tanatório

30

30

1 Sala de Tanatopraxia

30

30

1 Sala de Tanatoestetica

30

30

1 Depósito de Urnas

80

80

1 Depósito Materiais de Limpeza

15

15

1 Depósito Materiais e Ferramentas

30

30

1 Depósito de Lixo

15

15

1 Lavanderia

15

15

3 Sala funcionários

15

45

1 Vestiário

40

40

INFRAESTRUTURA TÉCNICA

140

1 Reservatório de água

30

30

1 Sala de Internet

10

10

1 Sala de Controle

10

10

1 Gerador

30

30

1 Sala de máquinas refrigeradores

30

30

1 Sala de gás

20

20

1 Sala de Recebimento dos Caixões

10

10

1 Carga e descarga Estacionamento 67


6.4.1 ESTUDOS PRELIMIARES 11.000m² A setorização do programa de necessidade, da lugar a

matório, o columbário e o cemitério vertical; e ao funcio-

divisão por blocos edificáveis respectivos as áreas de

nários, da administração, são acessas a micrestrutura

cada ambiente. Gerado pela compreensão do espaço,

de apoio e técnica.

o percurso do parque cemiterial parte da Hall principal,

O mais expressivo em dimensão de volumetria, será o

presentes a recepção, café e floricultura, deles os visi-

cemitério vertical, que alocará os ossários removidos do

tantes são direcionados para a capela, o velório, o cre-

muro perimetral, além de brigar sepulturas rotativas. Img. 69 Estudo Programático

4 TUMULOS ADULTOS

TUMULOS ADULTOS

TUMULOS INFANTIS

TUMULOS INFANTIS

OSSUÁRIOS

OSSUÁRIOS

CEMITÉRIO VERTICAL

APOIO AO CEMITÉRIO

3

COLUMBÁRIOS COLUMBÁRIOS APOIO/ CEMITÉRIO E CREMATÓRIO

CULTO FÚNEBRE

CREMATÓRIO SALÃO ECUMÊNICO APOIO AO VELÓRIO

ÁREA SOCIAL ADMINISTRATIVO

68

VELÓRIO

APOIO AO CREMATÓRIO CREMATÓRIO SALÃO ECUMÊNICO CAPELA ECUMÊNICA APOIO AO VELÓRIO VELÓRIO

SANITÁRIOS

ADMINISTRAÇÃO

INFRAESTRUTURA

HALL/RECEPÇÃO/ATENDIMENTO

INFRAESTRUTURA

INFRAESTRUTURA

INFRAESTRUTURA TÉCNICA

INFRAESTRUTURA TÉCNICA

FLORICULTURA HALL/RECEPÇÃO/ATENDIMENTO INFRAESTRUTURA INFRAESTRUTURA/ TÉCNICA

2 1


FLUXO PROGRAMÁTICO Img. 70 Fluxo Programático RECEPÇÃO INFRAESTRUTURA

CAFÉ

ADMINISTRAÇÃO

VELÓRIO

FLORICULTURA

INFRAESTRUTURA TÉCNICA

CREMATÓRIO

CAPELA

COLUMBÁRIO

CEMITÉRIO VERTICAL SEPULTURAS OSSÁRIOS

Img. 71 Volumetria Base

VOLUMETRIA por m² 1

RECEPÇÃO/ ADIMINISTRAÇÃO E VELÓRIO (1.793 m²)

3

2 CREMATÓRIO E COLUMBÁRIO (1.990 m²)

CAPELA (100 m²)

4

CEMITÉRIO VERTICAL ( 7.167 m²)

69


6.5 PRIMEIRO ENSAIO - velório

VISTA

PÁTIOS

ILUMINAR

RECUAR

O projeto se desenvolve através da percepção do visitante

ao edifício, facilitando o acesso ao subsolo e a dinâmica

ao ambiente, desse modo, é fundamentado pelo acolhi-

de passagem das urnas fúnebres (Diagrama 2). Significan-

mento dos enlutados, com intuito de a amenizar a dor da

te para o projeto, o subsolo abriga toda infraestrutura e

perda. Nessa premissa o redesenho do espaço de des-

área técnica do edifício. Devido ao fluxo de funcionários, foi

pedida, parte da comunicação visual direta ao entorno,

desenhado um rasgo no pátio leste para entrada de luz e

evidenciando o contraste urbano, entre edificações e arbo-

ventilação no subsolo (Diagrama 3).

rização. A fachada foi articulada com recuos que proporcionam uma praça fronteiriça, área de transição e chegada ao local (Diagrama 1), e possibilitam espaços de permanências interno e externo ao equipamento, preservando grande parte da vegetação existente. O Hall de entrada é o ponto central do projeto, a partir dele são distribuídos os serviços e setores leste e oeste do edifício, acessados por intermédio da circulação aberta aos dois pátios de reflexão (Diagrama 1), e conectando as salas de despedidas. As 24 salas modulares de 5 m x 7,5 m, e foram alocadas para fachada sudoeste, com vista para o parque cemiterial. No final da circulação horizontal, estão os núcleos extremos 70

SALAS DE VELÓRIO SERVIÇOS COMERCIAIS ADMINISTRAÇÃO APOIO AOS FUNCIONÁRIOS ÁREA TÉCNICA INFRAESTRUTURA


DIAGRAMA 1 PÁTIO LESTE

DIAGRAMA 2 PÁTIO OESTE

DIAGRAMA 3

CIRCULAÇÃO VERTICAL

ACESSO FUNERÁRIO ACESSO HALL

PRAÇA FONTEIRIÇA

ACESSO FLORICULTURA

NORTE

ÂNGULO PERSPECTIVA

IMPLANTAÇÃO 1/1000

71


785

784

783

A 3 782

C 1 6

2 4

5

C

B

781

TÉRREO 1/750

780

779

CORTE AB 1/500 72


Recepção

2

Café

3

Floricultura

4

Atendimento

5

Doca

6

Salas de Velório

7

Sanitários

C

TÉRRO

1

1 A

10

9

B

Lanchonete

9

Sala Velorista

1 PAV

8

7

8

6

10 Administração

C Dormitório

12

Lavanderia

13

Vestiário

14

Refeitório

15

Câmera Fria

16

Tanatopraxia

17

Tanatoestética

18

Tanátório

19

Depósito de Caixão

20

Lixo

21

Depósitos

22

Área técnica

23

Reservatório

24

Gerador

1PAVIMENTO

1/750

SUBSOLO

11

CORTE CC 1/500

C

24

16

17

15

18

11

12

A

23

22

21

SUBSOLO 1/750

20

14

13

19

B

C

ÁREA DA SUBQUADRA

3698,18 m²

TO

1650,58 m²

taxa de ocupação

44,63%

TP

838,83 m²

taxa de permeabilidade

22,68%

CA

3154,4 m²

coeficiente de aproveitamento

0,85

73


6.6 PRIMEIRO ENSAIO crematório ILUMINAR

DISTRIBUIR

VISTA

Seguindo o eixo de despedida e memória, o crematório

ÂNGULO PERSPECTIVA

foi implantado no segundo ponto mais alto do parque, percurso seguido pelo velório. Além da dinâmica do culto e posteriormente incineração, o crematório possui acesso independente no parque. A experiência e vivência são os pontos conceituais do projeto, identificada em toda caminhabilidade até a chegada ao edifício. CREMATÓRIO

COLUMBÁRIO

SALAS DE CERIMÔNIAS ÀREA SOCIAL

IMPLANTAÇÃO 1/1000 74

APOIO AOS FUNCIONÁRIOS ÁREA TÉCNICA INFRAESTRUTURA


DIAGRAMA 3

PÁTIO

DIAGRAMA 2

DIAGRAMA 1

CIRCULAÇÃO VERTICAL ZENITAIS

ACESSO FUNERÁRIO ACESSO VISITANTE

ACESSO AO COLUMBÁRIO

NORTE

O pátio frontal (Diagrama 1) é delimitado como portal de

rimônia segue o ritual do sepultamento, nelas o caixão

transição entre o externo e interno, uma extensão re-

são colocados sobre altares que se abrem e conduzem

cepção que distribui os ambientes. O partido do projeto

o caixão ao subsolo, para a sala cremação. O subso-

são as salas cerimoniais expostas para o oeste, deleite

lo abriga todo programa de apoio e infraestrutura, área

visual do parque. As salas cerimoniais são atribuídas à

iluminada pelo rasgo zenital que atravessa os dois pavi-

última despedia — após velado ou não, essa rápida ce-

mentos (Diagrama 3).

75


775 774 773

A 772

1

771

10

2

B

770

3

769

1

768 767 766

7 4

B

9 5

A 765

TÉRREO 1/500

CORTE AA 1/500 76

CORTE BB 1/500


12

14

16

11 Fornos 12 Preparação de urnas 13 Sala de Controle 14 Vestiário 15 Refeitório 16 Lixo 17 Câmara Fria 18 Área técnica 19 Reservatório 20 Gás 21 Depósitos

SUBSOLO

Loja urnas Recepção Salão de Cerimônias Estar Café Chaminé Sanitérios Retirada de urnas Lanchonete Doca

TÉRRO

SUBSOLO 1/500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

13 15

PRIMEIRO ENSAIO - columbário

11 17

21

A permeabilidade do edifício encaminha ao columbário, espaço designado para o armazenamento das cinzas. Esse por sua

20

19

18

vez, possui uma volumetria herdada do estilo High tech, com sistema estrutural treliçado, que sustentam as lages em diferentes níveis do edifício, com apoio de pilares internos, mas sem a presença paredes. O conceito de edifício monumento, promove experiências e diferentes sensações que o espaço

CIRCULAÇÃO

passa proporcionar pela sua flexibilidade visual.

FACHADA ESTRUTURAL

ACESSO VISITANTE

DISPOSIÇÃO DAS URNAS 77


6.7 PRIMEIRO ENSAIO cemitério vertical SEPULTAR

DIVIDIR

RECUAR

ILUMINAR FRUIR

O edifício cemiterial, vem como resolução da compactação do espaço. A volumetria foi pensada de modo a se integrar com a paisagem urbana. Devido a grande área necessária para suportar a demanda de sepulturas e ossários, os 8 pavimentos do edifício foi divido em dois assegurando a concepção do sepultamento, foram alocados ao subsolo uma parte com todas as sepulturas, e a outra metade com ossários, deslocado do térreo, tornando-o permeável. O percurso principal de chega ao edifício se da pelo eixo do portão com passagem pela capela ecumênica. No térreo, a recepção distribui os acessos aos pavimentos superiores e inferiores. Além de criar um grande pátio de vivência e mirante para o entorno. No subsolo possuirá um pátio de reflexão, para os visitantes aos túmulos, a grande abertura zenital iluminará todo ambiente.No edifício, os pátios se dão por intermédio de recuos e respiros à volumetria, de modo a tornar um edifício sustentável. 78

RECEPÇÃO OSSÁRIOS SEPULTURAS ÁREA TÉCNICA


DIAGRAMA 1

DIAGRAMA 2 CIRCULAÇÃO

DIAGRAMA 3 NORTE

PÁTIOS

MIRANTE

ACESSO VISITANTE

CAPELA

CEMITÉRIO VERTICAL

IMPLANTAÇÃO 1/1000 79


781

779

780

B

778

A 777 776 775

1 774 773

A

772

2

B

CORTE AA 1/750 80

TÉRREO 1/750


6

3

4

1PAVIMENTO 1/750

Recepção Mirante/ Café

3 4

Ossuários Pátio elevado

5 6

Sepulturas Infraestrutura

SUBSOLO 1 PAV

1 2

TÉRRO

5

SUBSOLO 1/750

CORTE BB 1/750 81


82


83


84


CONSIDERAÇÕES FINAIS O tabu da morte e repudio ao espaço cemiterial, foram tratadas nesse trabalho através dos levantamentos históricos da relação com a sociedade, e as problemáticas que essa cicatriz causou ao tecido urbano. Com objetivo e processo de ressignificação espacial e cultural. Nesse preceito, o Trabalho Final de Graduação — TFG, abordou temas e discussões a defender e justificar as possibilidades de requalificação. Desse modo os estudos de casos evidenciam outras formas de usabilidade do espaço, na defesa de acolhimento e aceitação do processo natural da morte. As diretrizes urbanísticas, serviram como reparo as cicatrizes do desolamento do espaço cemiterial, seguindo pela defesa da implantação de um parque urbano e memorial. Os ensaios volumétricos propostos pensando com cuidado em integrar e relacionar o tema a morte, ao parque e consequentemente ao entorno. Trabalho esse, que tem um ardo processo em frente, disseminando o conceito e defesa da possibilidade de vivência e rompimento do que foi nomeado mundo dos vivos e mortos. 85


86

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