Imagens, Símbolos e Identidades no Espelho de um Grupo Inter-Religioso de Diálogo
Adevanir Aparecida Pinheiro José Ivo Follmann (Organizadores)
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Reitor Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Vice-reitor Aloysio Bohnen, SJ Instituto Humanitas Unisinos Diretor Inácio Neutzling Diretora adjunta Hiliana Reis Gerente administrativo Jacinto Schneider Cadernos IHU Ano 4 - Nº 19 - 2006 ISSN: 1806-003X
Editor Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos Conselho editorial Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta – Unisinos Prof. MS Dárnis Corbellini – Unisinos Prof. MS Gilberto Antônio Faggion – Unisinos Prof. MS Laurício Neumann – Unisinos MS Rosa Maria Serra Bavaresco – Unisinos Esp. Susana Rocca – Unisinos Profa. MS Vera Regina Schmitz – Unisinos Conselho científico Prof. Dr. Agemir Bavaresco – UCPel – Doutor em Filosofia Profa. Dra. Aitziber Mugarra – Universidade de Deusto-Espanha – Doutora em Ciências Econômicas e Empresariais Prof. Dr. André Filipe Z. de Azevedo – Unisinos – Doutor em Economia Prof. Dr. Castor M. M. B. Ruiz – Unisinos – Doutor em Filosofia Dr. Daniel Navas Vega - Centro Internacional de Formação-OIT-Itália – Doutor em Ciências Políticas Prof. Dr. Edison Gastaldo – Unisinos – Pós-Doutor em Multimeios Profa. Dra. Élida Hennington - Unisinos- Doutora em Saúde Coletiva Prof. Dr. Jaime José Zitkosky – Unisinos – Doutor em Educação Prof. Dr. José Ivo Follmann – Unisinos – Doutor em Sociologia Prof. Dr. José Luiz Braga – Unisinos – Doutor em Ciências da Informação e da Comunicação Prof. Dr. Juremir Machado da Silva – PUCRS – Doutor em Sociologia Prof. Dr. Werner Altmann – Unisinos – Doutor em História Econômica Responsável técnico Dárnis Corbellini Revisão Mardilê Friedrich Fabre Secretaria Camila Padilha da Silva Editoração eletrônica Rafael Tarcísio Forneck Impressão Impressos Portão
Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos Av. Unisinos, 950, 93022-000 São Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.3590-8223 – Fax: 51.3590-8467 www.unisinos.br/ihu
Sumário
Apresentação................................................................................................................................
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Resumo........................................................................................................................................
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1 Situando a Pesquisa ..................................................................................................................
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2 Contexto Religioso do Grupo ......................................................................................................
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3 Imagens e Símbolos: Descrição e Análise ..................................................................................... 3.1 Imagens e mediações simbólicas no Espiritismo Kardecista, Brahma Kumaris e Santo Daime .. 3.2 Imagens e mediações simbólicas em quatro igrejas cristãs diferentes................................... 3.3 Imagens e meditações em Religiões de Matrizes Africanas e de Umbanda ............................ Considerações finais ................................................................................................................
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Referências...................................................................................................................................
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Entrevistas ...................................................................................................................................
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Autores ........................................................................................................................................
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Entrevistados ...............................................................................................................................
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Apresentação
Cadernos IHU, publicação do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, apresenta os resultados de mais um passo nos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, que consubstancia a Ação Social na Área das Religiões, uma das áreas coordenadas pela Diretoria de Ação Social e Filantropia da Unisinos. Estão diretamente envolvidos neste processo de pesquisa os líderes religiosos, integrantes do Grupo Inter-Religioso de Diálogo. O Caderno retrata um estudo sobre o uso das imagens nos locais de culto religioso nos quais os líderes integrantes do Grupo atuam normalmente. Trata-se de um “caderno especial”, apresentando um artigo intitulado Imagens, Símbolos e Identidades no Espelho de um Grupo Inter-Religioso de Diálogo, acompanhado de algumas imagens comentadas pelos próprios líderes em questão. O Caderno quer apresentar, assim, as variadas formas como são utilizadas as imagens e expressões simbólicas nos locais de culto religioso e templos das religiões nas quais os integrantes do Grupo InterReligioso de Diálogo atuam. As entrevistas foram realizadas nos locais de cada líder religioso e, ao mesmo tempo, foram registradas as fotos ou imagens expostas nas paredes dos diversos locais. Além das entrevistas e fotos/imagens registradas, também houve diversos momentos nas reuniões do grupo, nos quais se refletiu sobre os passos que estavam sendo dados e como a temática estava sendo trabalhada. Em cada um destes momentos, constataram-se ricas contribuições e também correções de rumo nas análises e interpretações. Esse trabalho também faz parte de uma pesquisa mais ampla de caráter cadastral desenvolvida nos municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre e que está ligada ao Programa de
Pós-Graduação em Ciências Sociais, sob a responsabilidade do Prof. José Ivo Follmann. Diversos resultados desta pesquisa já foram publicados em números recentes de Cadernos do CEDOPE e, depois, de Cadernos IHU. Diferentemente destes Cadernos, publicados sobre o “mundo das religiões nos municípios da região”, o presente número se destaca, tratando diretamente de locais de culto afetos aos próprios integrantes do Grupo Inter-Religioso de Diálogo, sem ter a pretensão de ser uma amostra representativa nem de abarcar a totalidade dos locais existentes. Assim sendo, o presente Caderno está em continuidade com o nº 17 Cadernos IHU, publicado neste ano sob o título “Estudando as Religiões: Aspectos da História e da Identidade Religiosos”, no qual se registraram palestras proferidas pelos líderes religiosos integrantes do Grupo, tratando de suas respectivas religiões. O grupo de líderes religiosos, denominado Grupo Inter-Religioso de Diálogo, é um dos projetos existentes dentro do Programa - Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC da UNISINOS. Integrados por líderes de 13 denominações religiosas diferentes, este grupo reúne-se mensalmente na Universidade, tendo como objetivos: 1) o conhecimento e o reconhecimento mútuos na diversidade de expressões religiosas locais; 2) o cultivo das diferentes identidades; 3) o diálogo inter-religioso. A análise e a redação do texto, que constituem o artigo central deste Caderno, são de responsabilidade de Adevanir Aparecida Pinheiro, mestre em Ciências Sociais Aplicadas, e José Ivo Follmann, doutor em Sociologia. As coletas de dados contaram com a participação da Débora Barbosa Bauermann, estudante de Psicologia e secretária do Programa GDREC, e de Cleide Olsson Schneider, pedagoga e teóloga, integrante do Grupo. Os
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demais líderes religiosos fizeram parte diretamente pelas entrevistas e nas discussões internas no Grupo, que, em muito, contribuíram nos esclarecimentos e no bom direcionamento do estudo. Infelizmente não é possível reproduzir a totalidade das imagens. Em cada uma das entrevistas anexadas ao artigo, foram reproduzidas aquelas imagens estritamente necessárias para um bom
entendimento do conteúdo, selecionadas com a contribuição de cada líder. O Caderno apresenta, num primeiro momento, o artigo de nossa autoria em colaboração com todo o Grupo, seguindo-se a apresentação sintética das entrevistas com os líderes religiosos, acompanhadas de algumas imagens. Os Organizadores.
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Resumo
O grupo inter-religioso de diálogo constituído de 13 líderes de denominações religiosas diferentes, funcionando com reuniões mensais de estudo, reflexão e prática do diálogo, após ter decidido realizar coletivamente uma “autopesquisa”, na qual um dos momentos principais foi a apresentação, em que cada um dos líderes participantes apresentou algumas imagens mais significativas de sua religião, resolveu aprofundar o processo mediante um levantamento fotográfico completo das imagens e símbolos visíveis (expostos) nos locais de culto ou templos de atuação principal dos mesmos líderes. O levantamento fotográfico foi acompanhado dos comentários explicativos dos líderes religiosos locais. A atenção principal na análise dos comentários centra-se nas questões das identidades religiosas e das orientações
de conduta, envolvidas na expressão gráfica. O trabalho resulta num instigante passeio pela diversidade religiosa local, iluminado pela atenção ao processo de identidade e sua conceituação sociológica (J.I.Follmann) e pela nova visita à concepção de continuum religioso (C.P.Ferreira de Camargo). O trabalho também está apoiado no conceito sociológico de religião trabalhado por F. Houtart e referencia-se à contribuições de M. Eliade sobre os simbolismos religiosos. Os sujeitos envolvidos na pesquisa são referência principal, e o estudo traz novos elementos sobre a importância das mediações simbólicas materiais na sua percepção. Palavras chaves: Religiões; imagens; símbolos.
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1 Situando a pesquisa
O presente artigo resulta de uma pesquisa sobre o uso das imagens e expressões simbólicas em locais de culto religioso e templos de diversas religiões atuantes na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ao mesmo tempo que retoma alguns dados de uma pesquisa cadastral, o estudo é construído com a participação de líderes religiosos integrantes de um grupo inter-religioso, denominado Grupo Inter-Religioso de Diálogo, que é um dos projetos dentro do Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, da UNISINOS. Com origem em 13 denominações religiosas diferentes, este grupo se reúne mensalmente na Universidade, tendo como objetivos: 1) o conhecimento e o reconhecimento mútuos na diversidade de expressões religiosas locais; 2) o cultivo das diferentes identidades; 3) o diálogo inter-religioso. Em diversos momentos da construção do diálogo entre esses líderes religiosos e outros participantes de suas denominações ou da comunidade acadêmica, sobretudo nos seminários Estudando as Religiões, ocorreram importantes explicitações de aspectos comuns e diferenciadores, que vieram sendo evidenciadas pelas narrativas de práticas sociais religiosas, de realização de atos celebrativos, de reflexões teológicas e de apresentação de imagens ilustrativas e símbolos. Em tudo isso, foram constatadas características inerentes aos processos de identidade religiosa, estando também envolvidas, em muitos casos, orientações e condutas esperadas dos seguidores. Assim sendo, a idéia de um trabalho coletivo de apresentação de fotos, imagens e estampas de objetos ou momentos simbólicos, que melhor representassem as religiões e contribuíssem para uma visualização mútua das identidades, teve fácil e entusiástica adesão de todos. Metodologicamente, após o entendimento de que isso ajudaria o próprio grupo a atingir os seus
objetivos, entrou-se em acordo de que cada um dos integrantes traria para o grupo algumas imagens (fotos ou figuras), as quais, no seu entender, melhor expressassem a identidade de sua religião. As imagens foram apresentadas e comentadas no grupo, em sessão em que cada um teve oportunidade de responder a perguntas e comentários dos demais. Após essa sessão, alguns líderes deram mais consistência, por escrito, ao seu comentário. O trabalho permanece com inevitáveis ambigüidades no que diz respeito ao alcance simbólico das imagens escolhidas. Ficou claro, com o primeiro passo metodológico, que existem imagens nas quais se espelha uma comunidade religiosa local, uma instituição religiosa ou, mesmo, uma percepção para além das fronteiras institucionais, como também existem imagens que sinalizam, simplesmente, para compreensões pessoais específicas. Essa ambigüidade faz parte do próprio processo de identidade e é um elemento preservado no grupo, sendo também assim tratado neste trabalho. Um segundo passo fez-se necessário e criou-se um consenso, no grupo, sobre a importância de uma equipe visitar cada local, registrando, com fotos, as principais expressões simbólicas ali existentes (imagens e gravuras expostas, cartazes, ornamentos, objetos ou detalhes materiais permanentes), gravando o comentário explicativo de liderança responsável, sobre o significado de todas essas exteriorizações. Esse segundo passo metodológico, por meio do qual se conseguiu acumular volumoso material fotográfico para o uso do grupo de líderes em seu processo de conhecimento mútuo, forneceu importantes elementos para que se pudessem apontar quais são as imagens e expressões simbólicas, que expressam a referência identitária central da religião presente no local e quais as que veiculam mais precisamente orientações para a conduta religio7
sa e moral dos seguidores. Foram colhidas também reflexões sobre a própria importância atribuída, dentro de cada religião, ao uso de imagens e mediações simbólicas.1 O texto é constituído de três momentos: I) Descrição do contexto religioso no qual os líderes integrantes do grupo vivem e atuam no seu dia-a-dia, com atenção especial à presença numérica de cada agrupamento de denominações dentro desse contexto, finalizando com uma sucinta descrição dos posicionamentos dos líderes religiosos sobre a importância do uso de imagens e mediações simbólicas. II) Identificação das denominações integrantes do grupo, com comentários descritivos e analíticos a respeito das “referências centrais” e das “orientações de conduta”,
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expressas no conjunto de imagens e símbolos coletados. III) Síntese conclusiva com indicações para possíveis avanços no estudo e sugestões de hipóteses, pela retomada de importantes contribuições construídas na história recente das ciências das religiões. Além de propor novas referências empíricas para a discussão do conceito de identidade2, a pesquisa baseou-se teoricamente no conceito de religião, trabalhado por François Houtart3, tendo presente reflexões de Mircea Eliade4 sobre a importância do simbolismo religioso. Também foi revisitado o conceito de continuum religioso, expresso em trabalho de Cândido Procópio Ferreira Camargo5.
Em alguns casos, foi necessário retornar à liderança para completar o seu comentário. FOLLMANN, J. Ivo. A Identidade como conceito sociológico. Revista Ciências Sociais Unisinos. São Leopoldo, v.37, .158, 2001, p. 43-66 HOUTART, François. Sociologia da Religião. Rio de Janeiro: Ática, 1992 (Nesta obra, que reproduz um curso desenvolvido pelo autor em Cuba, encontra-se, talvez, a sistematização mais sintética e clara sobre o seu conceito sociológico de religião, por meio de quatro componentes constitutivos: a) o corpo de crenças e representações, b) as práticas religiosas e expressões simbólicas (imagens, objetos, gestuais), c) a estrutura organizacional e d) a conduta ética, com suas respectivas orientações.) ELIADE, Mircea. Imagens e Símbolos: Ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. São Paulo: Martins Fontes, 2002. ELIADE, Mircea. Tratado de História das Religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1998. CAMARGO, Candido Procópio Ferreira de. Kardecismo e Umbanda. São Paulo, Pioneira, 1961 e Católicos, Protestantes, Espíritas. Petrópolis: Vozes, 1973.
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2 Contexto Religioso do Grupo
Em pesquisa realizada, recentemente, na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde em seis municípios já estudados (Cachoeirinha, Canoas, Esteio, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul),6 totalizando uma população de 1.050.347 habitantes, foi constatado que as pessoas que freqüentam semanalmente algum culto ou celebração religiosa somam um número aproximado de 291.336, ou seja, 28% da população. (Ver Tabela I.) Este número expressivo de aproximadamente 28% da população, semanalmente freqüentando algum local de culto ou templo, acrescentou um ingrediente quantitativo muito sugestivo aos ar-
gumentos de justificativa do estudo. Está-se lidando, de certa forma, com as representações visíveis de aproximadamente um terço da população residente no contexto pesquisado. As estatísticas aqui apresentadas, apesar de aparentemente fugirem do objeto do estudo, têm a função de ilustração, contextualização e fundamentação da sua pertinência. Como os seis municípios em questão são todos limítrofes e apresentam uma população relativamente semelhante, as pequenas discrepâncias percentuais devem ser atribuídas mais ao desempenho das lideranças religiosas e ao processo histórico do que a outros fatores.
Tabela I Número e percentual de pessoas com freqüência semanal a atos religiosos (cultos, missas, sessões...), segundo religiões, em relação à população existente em seis municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, RS, 2004. Município
Cachoeirinha
Canoas
Esteio
São Leopoldo
Novo Hamburgo
Sapucaia do Sul
Total
População Total
107.000
306.000
80.000
193.403
236.193
127.751
1.050.347
(Freqüências semanais)
(36.162)
(88.212)
(31.031)
(53.413)
(68.802)
(29.047)
(306.667)
Pessoas de freqüência semanal (freqüências – 5%)
34.354
83.802
29.480
50.743
65.362
27.595
291.336
Percentual dos freqüentadores semanais sobre a população local
32 %
27 %
37 %
26 %
28 %
22%
28%
População
Fonte: GDIREC, Instituto Humanitas Unisinos - IHU, UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2004. (Cadastros realizados no período de 1994-2004) (Observação: as freqüências semanais tendem a ser um pouco mais numerosas do que os freqüentadores semanais, uma vez que, em todas as religiões, dá-se o fenômeno da assiduidade mais intensa de alguns dos freqüentadores que comparecem mais de uma vez por semana. O dado colhido foi o das freqüências. Aplicamos um “redutor” de 5% para chegar mais próximo ao número de freqüentadores. Trata-se de um artifício estatístico baseado na observação empírica e na opinião de alguns líderes religiosos.)
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Trata-se de um Cadastro dos Locais de Culto Religioso e Templos que vem sendo realizado pela UNISINOS, sob a coordenação de Adevanir Aparecida Pinheiro e de José Ivo Follmann, que se constitui em importante base num Banco de Dados criado no Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, no Instituto Humanitas Unisinos – IHU. A pesquisa conta, ainda, com a participação de outras pessoas, professores, bolsistas e estagiários, conforme está registrado em diversas publicações feitas em Cadernos Cedope e Cadernos IHU, UNISINOS, São Leopoldo, RS.
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Tabela II Freqüência semanal a atos religiosos (cultos, missas, sessões...), segundo religiões, em municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, RS, 2004. Municípios Cachoeirinha Religião Afro e Umbanda (A) 4% Esp. Kardecistas (K) 3% Católica (ICAR) (C) 32% Pent. e NeoPentec.(P) 48% Protest. Históricas (H) 10% Diversas (D) 2% Total de freqüências semanais 36.162
Canoas
Esteio
13% 2% 48% 30% 6% 1% 88.212
11% 5% 30% 45% 7% 3% 31.031
São Leopoldo 12% 6% 26% 45% 5% 6% 53.413
Novo Hamburgo 4% 1% 26% 51% 13% 4% 68.802
Sapucaia do Sul 14% 1% 47% 32% 4% 2% 29.047
Fonte: GDIREC, Instituto Humanitas Unisinos - IHU, UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2004. (Cadastros realizados no período de 1994 a 2004).
No quadro comparativo entre as religiões, nos seis municípios em questão, desenhado na Tabela II, fica visível a acirrada disputa pelo maior número de freqüências semanais que se trava entre o meio religioso católico e o meio religioso evangélico pentecostal e neopentecostal. Em dois municípios, o número de freqüências semanais católicas puxa a frente e nos outros quatro municípios é o número de freqüências pentecostais e neopentecostais que ponteia. É conhecido que os municípios analisados são todos marcados por uma importante história católica e alguns também tiveram forte participação de igrejas do Protestantismo Histórico, mas, em todos eles, a expansão no meio pentecostal e neopentecostal é intensa, sobretudo nas últimas décadas. A tabela também aponta para uma interessante relação inversa entre as freqüências semanais em religiões de Matrizes Africanas e de Umbanda e as freqüências semanais em igrejas do Protestantismo Histórico. Chama, no entanto, a atenção que essa relação, em quatro dos seis municípios estudados, pende fortemente para o lado das Religiões de Matrizes Africanas e de Umbanda. Em dois municípios (Esteio e São Leopoldo), o número de freqüências semanais, no Espiritismo Kardecista, soma-se, de forma significativa, ao relativamente elevado índice de freqüências nos meios religiosos de Matrizes Africanas e de Umbanda.
A importância atribuída ao uso de imagens e expressões simbólicas, como mediação material, é variável, mas de certa forma muito convergente, apesar das práticas muito distintas. A este respeito as palavras de um líder de Religião de Matrizes Africanas e de Umbanda são as seguintes: “Nós sabemos que as pessoas se guiam pelos sentidos, elas precisam poder ver as imagens e cores, ouvir as músicas e os toques e sentir o movimento do ritmo e da dança. Isso faz parte da religião. Não dá para imaginar uma religião Africanista ou de Umbanda sem essas expressões simbólicas” (Pai N.). O líder da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, apesar de observar que a sua Igreja historicamente, neste ponto, esteve muito mais próxima do Protestantismo, para marcar uma distinção com a Igreja Católica Romana, disse que “vivemos num país onde a imagem, o colorido, os símbolos são muito valorizados popularmente, por isso a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil começa a ter a preocupação por recuperar a simbologia.” E para justificar melhor isso, acrescentou: “As imagens e expressões simbólicas, ao mesmo tempo que tornam o ambiente mais agradável e mais adequado à nossa cultura, têm também o sentido didático e pedagógico para ajudar as pessoas a fixar as verdades” (Reverendo J.). A idéia da importância didática das imagens e expressões simbólicas está muito presente na opi-
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nião dos líderes. “Trata-se, a rigor, de materiais didáticos” (Líder BK.). “O visual ajuda a ilustrar as histórias contidas na Bíblia” (Pastora C.). As imagens ou expressões simbólicas não fazem parte da essencialidade da religião. São mediações que ajudam a instruir, sobretudo os novatos. “A religião pode viver perfeitamente sem imagens. A imagem é importante para o novato. Ele precisa da referência. A imagem ajuda a instruir os seguidores novato.” (Líder Daimista). “Quem está iniciando precisa da mediação das imagens. Cultua imagens. Identifica-se nesses objetos, tem uma identificação de fé. As imagens dão a referência”(Mãe A.). Segundo a percepção de líder umbandista, “sem imagens de santos pode ter Umbanda, mas sem simbolismos não. Estes últimos são necessários. Os ideogramas representam a energia. São mediações necessárias para a identificação da linha energética” (Mãe A.). A importância das expressões simbólicas, apesar de despidas da “identificação energética”, é também considerada na Igreja Evangélica Assembléia de Deus. “A importância das expressões simbólicas está em estimular a fé. A pessoa olha para as expressões simbólicas e liga com o que elas querem expressar, por exemplo, a água simboliza a obra do Espírito Santo” (Evangelista C.). As imagens de santos mereceram muitos comentários específicos. Apesar de o líder católico entrevistado dizer que as imagens de santos têm a função de “lembrar um exemplo de vida de uma pessoa que assumiu a sua missão de cristão” (Padre J.), associando-se, assim, ao argumento das expressões simbólicas que ajudam a estimular a
fé e a prática da religião, existe a percepção em geral, no meio dos líderes, de que na tradição católica é usual o culto a imagens. Os líderes das outras igrejas cristãs, participantes da pesquisa, comentam isso com cuidado, baseando-se nas determinações claras dos textos bíblicos com relação a esse uso. O líder do Espiritismo Kardecista baseia-se nos mesmos textos bíblicos para rejeitar o uso religioso de imagens, sublinhando, inclusive, que o seu seguimento religioso dispensa qualquer tipo de mediação de símbolos materiais. Interrogado sobre as fotos e imagens existentes em espaços do local sob sua responsabilidade, disse: “Se existem fotos ou imagens, elas têm a finalidade de homenagear personalidades importantes” (Líder Espírita A.). No meio das religiões de Matrizes Africanas, foram colhidos dois comentários muito ilustrativos. Perguntado sobre imagens fixadas nas paredes de sua casa, um líder africanista assim se expressou: “Não existe uma identificação das imagens com as entidades. São simplesmente referências. Ninguém reverencia as imagens como tais. O Sagrado se encontra dentro do PeGê, onde estão os Ocutás. As imagens? Trata-se de ornamento, que ajuda a criar um ambiente” (Pai D.). Na mesma linha de raciocínio, outra líder africanista entrevistada complementa: “na Igreja, a imagem é o santo e para o, africano, o negro que veio da África, ele tinha o Ocutá dele escondido atrás dos altares. Na frente, estava o santinho, Nossa Senhora e outros santos, mas atrás, ele tinha o ocutazinho dele, que era ali, que ele zelava. Esse não tem imagem, é uma pedra” (Mãe D.).
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3 Imagens e Símbolos: Descrição e Análise
Na seqüência, são apresentados três quadros descritivos concernentes às imagens ou simbologias, que foram coletadas. Esses quadros poderão ajudar a dimensionar, de forma adequada e objetiva, a análise e os comentários que seguem. Os quadros retratam três grandes agrupamentos: 1) O Espiritismo Kardecista, o Movimento Brahma Kumaris e a Igreja Eclética Santo Daime; 2) A Igreja Evangélica Assembléia de Deus, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e a Igreja Católica, Apostólica, Romana; 3) O Templo de Umbanda Preta Velha Zimba do Congo, a Casa Africana Santo Antonio do Categeró, a Casa Social Africana Nossa Senhora da Conceição, a Sociedade Beneficente Ilê dos Orixás e a Associação Espírita de Umbanda Cacique Haitú e Templo de Umbanda. Os agrupamentos assim realizados, ao mesmo tempo que pretendem ajudar a visualizar aspectos sinalizadores de um continuum religioso, expresso pela utilização de imagens e expressões simbólicas, mostraram-se muito úteis na análise realizada das identidades e do sentido pedagógico na orientação de condutas. Na tentativa de organizar as imagens ou expressões simbólicas colhidas, foram destacadas
duas, com base nos comentários dos líderes: referência central e orientação da conduta.
3.1 Imagens e mediações simbólicas no Espiritismo Kardecista, Brahma Kumaris e Santo Daime Num primeiro agrupamento, estão as religiões em cujo referencial teórico a importância das imagens e expressões simbólicas materiais é, em geral, muito relativa ou, até, nula. O Quadro I relata as principais imagens ou expressões simbólicas colhidas com os líderes religiosos e respectivos locais de prática pública do Espiritismo Kardecista, de Brahma Kumaris e do Santo Daime. Trata-se de três seguimentos religiosos com características que claramente dispensam o uso da mediação imagética ou de outros símbolos materiais. Na Doutrina Espírita Kardecista, o móvel de tudo é a relação entre o plano material e espiritual realizada pela mediunidade ou o contato entre os espíritos. No movimento Brahma Kumaris, é o contato com o Ser da Luz, realizado por meio da meditação. No Santo Daime, é o recebimento da bebida sacramental e as mirações decorrentes, como experiência do Sagrado.
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Apresentados por líderes do Espiritismo Karde- Fotografados nos respectivos locais de culto e templos cista, Brahma Kumaris e Santo Daime O Círculo Espírita Francisco de Assis (junto com a Sociedade Espírita Amor à Verdade): duas imagens, reproduzindo as duas, em foto, as capas da coleção de livros de Allan Kardec.
Imagens ou objetos em destaque no Círculo Espírita Francisco de Assis (São Leopoldo): Ø Cristo; Ø Francisco de Assis; Ø Allan Kardec; Ø Alfredo Fröhlich; Ø a mesa; Ø diversas imagens de Francisco de Assis.
O Movimento Brahma Kumaris: quatro imagens com simbologias claramente identificadas: o ponto de luz (a essência, Deus); a flor de lótus (atitude); a família (somos uma grande família, filhos do mesmo Pai); e o relacionamento (o exemplo das coordenadoras internacionais, de mãos dadas).
Imagens ou objetos em destaque no Movimento Brahma Kumaris (São Leopoldo): Ø o ponto de luz; Ø a flor de lótus; Ø as coordenadoras internacionais; Ø a dança de Shiva (ornamental); Ø imagens representando o tempo, os ciclos e a árvore das religiões.
A Igreja do Culto Eclético da Fluente Luz Universal – Santo Daime: - três imagens, sendo uma a imagem de São Miguel Arcanjo (padroeiro da comunidade local), outra, um retrato tríplice, mostrando a sucessão dos Mestres e a terceira mostra as duas plantas, jagube e rainha (princípio masculino e feminino), que são a matéria-prima da bebida sagrada da religião.
Imagens ou objetos em destaque na Igreja do Culto Eclético da Fluente Luz Universal – Santo Daime (Picada Verão, Sapiranga): Ø símbolo do Cefuris com a cruz de Caravaca; Ø foto do Santo Daime (bebida sacramental) e foto das suas plantas originárias: jagube e rainha; Ø Mestre Irineu; Ø imagem de São Miguel; Ø fotos de momentos de celebração.
Quadro I: Imagens ou símbolos materiais apresentados por líderes do Espiritismo Kardecista, Brahma Kumaris e Santo Daime, integrantes do Grupo, e fotografados nos locais de culto e templos respectivos
No que diz respeito à “referência central”, destaca-se no Meio Espírita Kardecista, a Mesa onde se dá a relação entre o material e o espiritual e onde os espíritos se colocam em contato e os Livros de Allan Kardec, o codificador da doutrina. Segundo o líder entrevistado: “A mesa é referência central porque em torno dela se dá a comunicação entre o dois elementos (espiritual e material). Na verdade, o grande significado está nos médiuns em torno da mesa” (Líder Espírita). Para os seguidores do Brahma Kumaris, o Ponto de Luz, imagem retratada nas paredes, tem um sentido didático central, sinalizando para a concentração por meio da meditação que coloca o ser humano em contato direto com o Ser da Luz que é Deus. “O Ponto de Luz é a imagem que expressa a identidade da Filosofia Brahma Kumaris” (Líder BK). Já entre os Daimistas, a bebida sacramental Santo Daime e as suas representações imagéticas e gráficas, é o que ajuda a cultivar a identidade. “A referência central da doutri-
na é a bebida sacramental, ou seja, o Santo Daime” (Líder Daimista). A categoria “referência central” ainda pode ser apresentada, por meio de imagens e expressões simbólicas, nos três seguimentos religiosos, com algumas ilustrações relativas à instituição de poder. O Espiritismo Kardecista mostra imagens em homenagem a Jesus Cristo (exemplo de perfeição), a Allan Kardec (o codificador da doutrina), a Francisco de Assis (o patrono do local) e a Alfredo Fröhlich (o fundador do local). Na casa de Brahma Kumaris, existem expostas fotos ampliadas das coordenadoras internacionais, demonstrando grande fraternidade e integração familiar, sendo, sobretudo, fortes referências para os seguidores. Já no Meio Daimista foi apresentada uma fotografia, que mostra a sucessão de Mestres e Padrinhos através do tempo. São formas de visualizar uma certa hierarquia de mando na instituição. Os três meios religiosos aqui apresentados caracterizam-se pela ausência, nas imagens ou ex-
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pressões simbólicas, de “orientações da conduta ética” explícitas, mas em todas elas é notável uma grande busca de respeito com todos os seres vivos, de cultivo e de preservação da natureza. Apesar dessa não-explicitação, fazendo o líder no Meio do Espiritismo Kardecis sublinhar: “ninguém é obrigado a nada” (Líder Espírita), existe uma orientação implícita expressa nas imagens de Francisco de Assis e seu exemplo de integração fraterna com todos os seres vivos e na imagem de Jesus Cristo, como exemplo de perfeição. Elas falam por si. Da mesma forma, no Brahma Kumaris, é afirmado que “o que leva efetivamente uma pessoa a uma mudança de conduta não é a ajuda das imagens ou quadros e expressões simbólicas, mas a meditação, entrando em relação direta com Deus” (Líder BK). No entanto, todo o ambiente de ordem, de limpeza e de silêncio, que ajuda a encaminhar para a meditação, já é, por si, também, uma lição para o ordenamento da vida. No meio daimista, por sua vez, a referência à natureza e ao respeito, que a ela se deve, está explicitado de uma forma muito clara. Todo o ritual e os hinários são uma permanente orientação da conduta das pessoas. Os elementos da natureza e as pessoas são expressões de Deus. “O Santo Daime é reverenciado, assim como se reverencia o sol, a lua, as estrelas, como expressões de Deus” (Líder daimista). No Espiritismo Kardecista, existe um grande carinho e homenagem ao codificador da doutri-
na, ao patrono e ao fundador. Da mesma forma, no Brahma Kumaris, o fundador e as coordenadoras internacionais são personalidades de referência. No Santo Daime, destacam-se os exemplos de Mestre Irineu e de Padrinho Sebastião. Com base nessas considerações, pode-se concluir que, além das lições com relação a todos os seres vivos e à natureza, essas memórias e homenagens, explicitadas por imagens ou fotos, nas três religiões, demonstram uma “orientação de conduta ética”, de forma implícita.
3.2 Imagens e mediações simbólicas em quatro igrejas cristãs diferentes A Igreja Evangélica Assembléia de Deus, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e a Igreja Católica, Apostólica, Romana são as quatro Igrejas constituintes do segundo grande agrupamento no estudo. No Quadro II, encontra-se o rol das imagens e expressões simbólicas referentes a essas religiões, apresentadas pelos líderes do grupo provenientes delas ou colhidas nos seus respectivos locais de culto ou templos. No que diz respeito à utilização de imagens e expressões simbólicas, existe uma grande diferença interna entre as quatro igrejas em questão, mas nenhuma delas dispensa essas importantes mediações, como vimos anteriormente.
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Apresentados por líderes luterano, anglicano e ca- Fotografados nos respectivos locais de culto e templos tólico e da Assembléia de Deus A Igreja Evangélica Assembléia de Deus: cinco imagens representando símbolos caros à religião: a própria bíblia, o símbolo da cruz, a pomba, o fogo e o peixe, estando estes últimos três acompanhados de frases bíblicas, dando o significado do símbolo.
Imagens ou objetos em destaque na Igreja Evangélica Assembléia de Deus (Templo da Rua Bento Gonçalves, São Leopoldo): cartaz com o nome: JESUS; cartaz com a expressão: Jesus Liberta; a mesa dos agradecimentos e pedidos e o vaso dos agradecimentos e pedidos.
A Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil: três imagens, sendo a primeira a bíblia sagrada, a segunda, o espaço interno de um templo com pia batismal, ambão, altar e, centralizada na parede, uma grande cruz e a terceira, uma foto da pastora, participando de uma grande celebração inter-religiosa.
Imagens ou objetos em destaque na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (Paróquia do Imigrante, São Leopoldo): Ø o altar; Ø o Cristo na Cruz; Ø o púlpito; Ø velas; Ø pia batismal; Ø vitrais; Ø sino e órgão musical.
A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil: três imagens, sendo a primeira uma composição de fotos do Bispo de Cantuária, sede mãe da Igreja, em torno do símbolo do poder episcopal e as duas outras, fotos de grupos de fiéis e líderes da Igreja, reunidos na comunidade paroquial local.
Imagens ou objetos em destaque na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (Paróquia da Trindade, São Leopoldo): Ø o altar; Ø o púlpito; Ø o ambão e o genuflexório; Ø a cruz com Cristo ressuscitado; Ø a pia batismal; Ø a Credencia e o Sacrário; Ø a vela, Ø o estandarte; Ø pintura de Santa Ceia e Pintura do Cristo Ressuscitado; Ø oração do Pai Nosso.
A Igreja Católica, Apostólica, Romana: cinco imagens: uma foto do papa, uma composição de rostos de santos e santas, uma foto de gesto central da celebração da missa, uma estampa de Nossa Senhora e um quadro retratando o crucifixo.
Imagens ou objetos em destaque na Igreja Católica, Apostólica, Romana (Capela Universitária da UNISINOS, São Leopoldo): Ø a cruz missioneira; Ø as imagens de Antonio Vieira, de José de Anchieta e de Nossa Senhora da Conceição; Ø o presépio; Ø quadro da Santa Ceia; Ø o tabernáculo; Ø o ambão; Ø o crucifixo encimando o altar.
Quadro II: Imagens ou símbolos materiais apresentados por líderes de religiões cristãs, integrantes do Grupo, e fotografados nos respectivos locais de culto e templos.
Uma das “referências centrais” nas igrejas cristãs está na cruz. Essa imagem ou esse símbolo é apresentado de diferentes formas: na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, a bíblia sagrada e o nome de JESUS, são colocados em destaque, especificamente este último, ficando de certa forma a cruz como uma referência importante a mais. “Deus deu a JESUS um nome que está acima de todo o nome. Tudo o que fizerdes fazei-o em nome de Jesus. Este NOME pode ser considerado como o indicador do que é central na Igreja” (Evangelista C.). Na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a cruz ocupa o espaço central muito visível, tanto no templo visitado quanto na própria logomarca da Igreja. A bíblia
sagrada também é destacada como símbolo central. A vela acesa simboliza a luz do Espírito Santo. “O altar pode ser considerado como a expressão simbólica da IECLB. Nele está a representação da Trindade: Deus Pai, Criador da vida, presente na bíblia, que está sobre o altar; O Filho, Cristo, por meio da cruz que sempre está acima do altar; O Espírito Santo, por meio da luz da vela” (Pastora C.). O detalhe é que, em ambas as Igrejas, a cruz é apresentada sem a imagem do Crucificado. O líder da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil apresentou a imagem de uma cruz, com um Cristo Ressuscitado estilizado, que se encontra centralizada sobre o altar, no Templo. O altar é a referência central. A imagem do cruci15
fixo, ou seja, da cruz com o Crucificado, é mais comum na Igreja Católica, Apostólica, Romana. A cruz, (ou o Crucifixo, no caso católico), ocupa lugar central acima do altar das celebrações. No meio católico, ainda se fez um destaque especial com relação ao tabernáculo. “Todo católico quando entra na igreja, logo se dirige para onde está esse tabernáculo com a luzinha, ali ele sabe que tem a referência principal. É o tabernáculo que guarda a eucaristia” (Padre J.). Ainda no que diz respeito à categoria “referência central”, o líder católico apresentou uma foto do Papa e o líder episcopal anglicano apresentou foto do Bispo de Cantuária, como também fotos grupais de representantes da comunidade de sua atuação. A cruz missioneira e a imagem de jesuítas, que foram missionários, localizados no Templo católico visitado retratam também a preocupação por mostrar aspectos específicos do compromisso na missão cristã. O mesmo se pode dizer com relação à pintura da Santa Ceia, que ainda está inacabada na parede do Templo Episcopal Anglicano. Tanto na Igreja Evangélica de Confissão Luterana como na Igreja Evangélica Assembléia de Deus, não existe uma referência visível a um poder hierárquico externo, estando a referência de poder centrada na figura do Pastor. O destaque ao símbolo da Cruz (e do Altar), por um lado, e o destaque ao nome JESUS, por outro lado, têm a função de legitimar este poder diante da comunidade. Vê-se, assim, como, no meio cristão, existem formas diferenciadas no que tange à instituição de poder ou de mando na instituição. No que diz respeito às “orientações da conduta”, expressas em imagens ou expressões simbólicas, foram colhidos alguns comentários ilustrativos no meio dos líderes entrevistados. Segundo a líder luterana,
O representante na Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, comentando a imagem da Santa Ceia pintada na parede assim se expressou: “A pintura da Santa Ceia traz a lembrança do partilhar (compartilhar, lavar os pés, partir o pão etc), oportunizando a orientação permanente para uma conduta de maior partilha” (Reverendo J.). Dentro da mesma linha de raciocínio, o representante católico comenta uma expressão simbólica muito característica em sua Igreja: O presépio, que sempre aparece na época de Natal, tem como simbologia principal essa recordação da entrada de Deus na história da humanidade, uma característica muito especial para os cristãos, mostrando que Deus nasce no meio da pobreza, nasce identificando-se com os que estão excluídos da sociedade, os que estão vivendo à margem da sociedade, então, esse é um símbolo que sempre é uma chamada ética para os cristãos (Padre J.).
As expressões simbólicas que existem nos templos sempre ajudam a orientar a conduta. Quem está aberto para a mensagem do Senhor se deixa orientar. Segundo o representante da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, “todos estamos no caminho do aperfeiçoamento. Quem acha que já é perfeito, está morto” (Evangelista C.).
3.3 Imagens e mediações em Religiões de Matrizes Africanas e de Umbanda O terceiro agrupamento é constituído de quatro terreiros de Religião de Matrizes Africanas ou de Umbanda. No Quadro III, estão registradas as imagens ou expressões simbólicas trazidas ao grupo por seus líderes e de fotografias feitas nos seus respectivos locais de culto e templos. A atenção nas duas categorias, “referência central” e “orientação de conduta”, ajudou a identificar aspectos relativamente comuns presentes em todas as casas estudadas. Na Religião de Umbanda, é dado destaque central na identidade, às Linhas de Umbanda. Segundo a representante de um templo de Umbanda, “Aqui é onde estão concentradas as energias que coordenam todos os trabalhos na casa, que
as expressões simbólicas em geral não interferem na conduta das pessoas, mas elas auxiliam na reflexão sobre questões do cotidiano, da Igreja e da própria sociedade (da vida pessoal também). Esta reflexão pode levar à mudança de atitudes. Cartazes, portando símbolos, sempre visam a ajudar a reflexão sobre determinado tema (Pastora C.).
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coordenam todas as linhas, as fundamentais, que são as sete, e depois as auxiliares” (Mãe A.). No templo em questão, estão afixados na parede, de forma destacada, os símbolos das linhas: “são os símbolos que representam cada linha energética” (Mãe A.). Em alguns terreiros, vêem-se expostos quadros representando pinturas de orixás. Apesar de serem considerados puros ornamentos, em geral, esses quadros têm a ver com a própria identidade do local. “As imagens de Ogum, de Oxalá, espada de Ogum, imperial de Búzios e Xapanã fazem parte da simbologia central da identidade da casa” (Pai D.). Como já foi observado acima, para o religioso de Matrizes Africanas, a referência central não se encontra nas imagens, mas nos Ocutás, localizados no PeGê da casa.
Uma forma muito comum de sinalizar a referência central de identificação também se dá por meio da bandeira da casa ou, mais precisamente da bandeira do dono da casa. A líder da Sociedade Africana Santo Antonio do Categeró assim se manifestou: Esta é a bandeira do dono da casa, do Pai da Casa, que é uma Casa de Santo Antônio que representa o Bará, Casa de Bará Lodê. É a bandeira oficial da casa. É a bandeira do Pai que traz a cor vermelha. Em cima levando a cor rosa, Sociedade Africana Santo Antônio de Categeró, significando a Mãe, que é Obá. A chave, o desenho da chave, quer dizer que, Bará é o dono da Casa e da chave (Mãe D.).
Imagens e símbolos apresentados por líderes de Religiões Fotografados nos respectivos locais de culto e templos de Umbanda e Afro. O Templo de Umbanda Preta Zimba do Congo: cinco fotos, sendo a primeira referente ao altar do templo e as demais representando momentos de diferentes celebrações significativas, com destaque para os da beira do mar, banho de ervas e toque do tambor.
Imagens ou objetos em destaque na Templo de Umbanda Preta Zimba do Congo (Bairro Pinheiros, São Leopoldo): Ø diagramas expressando as linhas; Ø imagem da Preta Velha Zimba do Congo; Ø Iemanjá; Ø pretos velhos; Ø bruxas; Ø cigana (linha do Oriente); Ø dois Congás (um com detalhe de Padre Réus e outro de Padre Cícero).
A Casa Africana Nossa Senhora da Conceição: cinco fotos: a primeira retratando a Ialorixá, posando em frente ao PeGê (Quarto de Santo) e as outras quatro, retratando momentos celebrativos diversos, como a mesa da Ceia do Príncipe, a mesa de Beje, a festa dos Pretos Velhos (13 de maio) e, ainda, a mesa da Ceia de Cristo (sexta-feira da Paixão).
Imagens ou objetos em destaque no Associação Espírita de Umbanda Cacique Haitú e Templo de Oxum (São Leopoldo): Ø quadro do termo de posse; Ø o Congá da Umbanda e o PG africanista; Ø a pedra do assentamento de Xangô (no meio da sala); Ø máscaras e cocar; Ø Iemanjá; Ø pretos velhos; Ø S. Sebastião, S.Lázaro, S.Jorge e N.S.dos Navegantes.
A Sociedade Beneficente Ilê dos Orixás: cinco fotos, sendo uma referente ao quarto de Santo, uma mostrando o toque do tambor, duas evidenciando a simbologia das cores e uma apresentando o conjunto dos filhos e filhas de santo em obrigações.
Imagens ou objetos em destaque na Sociedade Beneficente Ilê dos Orixás (Bairro Imigrante, São Leopoldo): Ø as imagens de Oxalá, Ogum e Xapanã; Ø Congá de Umbanda; Ø pretos velhos, imperial de búzios e espada de Ogum.
A Casa Africana Santo Antônio de Categeró: três fotografias, sendo duas referentes a momentos da trajetória religiosa da própria Ialorixá e uma mesa de festa com crianças em homenagem a Nossa Senhora da Conceição.
Imagens ou objetos em destaque na Casa Africana Santo Antônio de Categeró (Bairro Feitoria, São Leopoldo): Ø a bandeira da casa e a bandeira do dono da casa; Ø a imagem de Ogum e a de Iemanjá; Ø os pretos velhos e o povo cigano.
Quadro III: Imagens ou símbolos materiais apresentados por líderes de Religiões de Umbanda e Afro, integrantes do Grupo, e fotografados nos locais de culto e templos respectivos
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Ainda no que diz respeito à “referência central”, nas religiões de Matrizes Africanas e de Umbanda, é importante destacar o ritual de Feitura, em que se registra a passagem da posse do “poder sagrado”. Isso em geral está visibilizado por alguma foto, certidão ou outro documento, dando conta da posse de chefia na religião. O poder se centra no Pai de Santo (Babalorixá) ou na Mãe de Santo (Ialorixá) ou, ainda, no caso específico da Umbanda, no sacerdote ou sacerdotisa local. Existe, em cada caso, uma referência espiritual específica, que confere um poder, que transcende as condições do líder religioso. Essa referência espiritual, em geral, passa a fazer parte da denominação religiosa do local e do líder. Em uma das casas pesquisadas, o líder religioso, comentou um documento afixado na parede, referente à sua posse, nos seguintes termos:
forma, a imagem de Jesus Cristo, no Centro Espírita como exemplo de perfeição, Ogum e a espada de Ogum estão em geral representadas como força defensora contra os males. “A espada de Ogum é utilizada para defender seus filhos e cortar todos os males e investidas inimigas” (Pai D.). Segundo a líder de Umbanda, em cada linha energética da Umbanda, encontra-se, uma maneira específica de orientação da conduta. A linha de caboclos ajuda, por exemplo, para a firmeza de propósitos, de conduta. A linha de pretos velhos ou de Yorimá (espíritos puros + maturidade) orienta para a conduta moral, ética. A linha infantil (Yori = espíritos puros) transmite alegria e leveza. As linhas auxiliares interagem com as sete linhas fundamentais (Mãe A.).
Referindo-se especificamente aos pretos velhos, outro líder complementa: “os nossos pretos velhos fazem isto, eles nos trazem todo esse benefício da sabedoria dos nossos antigos, dos nossos antepassados” (Pai N.).
Esse quadro é o de Posse da Chefia do Cacique Oxossi, da entidade que eu trabalho após o falecimento da minha mãe, a sucessão digamos, a minha sucessão na casa, foi feita pelo chefe da minha mãe, que foi a pessoa que aprontou a minha mãe, na Umbanda. Eu tive o privilégio de, a passagem da posse da casa para mim ser feita pela pessoa que aprontou a minha mãe na Umbanda e hoje já é falecida também” (Pai N.).
Considerações finais As categorias analíticas criadas para o estudo não pretendem dar conta de toda a riqueza expressa pelas imagens e mediações simbólicas coletadas. Poder-se-ia, por exemplo, estabelecer outra organização analítica, tomando como referência o âmbito de alcance ou o grau de universalidade da significação das imagens ou mediações simbólicas. Assim sendo, dever-se-ia falar em: • imagens ou mediações que portam uma simbologia de reconhecimento universal (por exemplo, a água, o fogo, a luz); • imagens ou mediações em torno das quais existe uma consensualidade de significados da parte de determinado grupo de religiões (por exemplo, a cruz, a bíblia, a Santa Ceia, a espada de Ogum); • imagens ou mediações que dizem respeito especificamente a uma determinada religião (por exemplo, o Papa, o Bispo de Cantuária, o Santo Daime);
Fica bastante claro que, na “referência central” dos terreiros, são referidos basicamente dois componentes: a feitura do líder, ou seja, as suas raízes e os orixás ou, no caso da Umbanda, as linhas que predominam. Foi o que fez o mesmo líder, acima citado, acrescentar: “Além do quadro das palavras de posse, são referências centrais, o Congá da Umbanda, o PeGê africanista e a pedra de assentamento de Xangô no piso no meio da sala” (Pai N.). Perguntada sobre se existe alguma intenção de ajudar a “orientação da conduta” das pessoas por meio das imagens e dos símbolos apresentados na casa, uma das líderes entrevistadas assim se expressou: “A imagem do Pai Oxalá reflete respeito, dignidade, auxilia na parte da religiosidade da pessoa. Temos como exemplo a lavagem da escadaria do Senhor do Bom Fim, que significa humildade” (Mãe D.). Ao lado do Pai Oxalá que aparece como referência e que lembra, de certa
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• imagens ou mediações vinculadas direta-
gens, que vai desde uma concessão ao novato, o qual em seu imaginário identifica imagem e santo, prestando-lhe culto, até o outro extremo, da imagem como uma simples homenagem a pessoas importantes e de referência, passando pelas diferentes formas de uso dela, como orientação de fé e de prática ou como ilustração didática. O estudo se concentrou, sobretudo, no que foi denominado de “referência central” da religião, explicitada nas imagens ou expressões simbólicas. No “mundo das religiões e das religiosidades”, as referências centrais ou os centros simbólicos foram se multiplicando ao longo da história. Trata-se de nomes, locais, imagens, objetos nos quais se concentra forte atenção simbólica. Poder-se-ia lembrar “Jesus”, “Oxalá”, “Mestre Irineu”, “Roma”, “Meca”, “Monte Carmelo”, “Madhuban”, “Jerusalém”, “Cruz”, “Bíblia”, “Espada de Ogum” etc. As reflexões de Mircea Eliade sobre os centros simbólicos religiosos, fizeram-se presentes neste estudo e despertaram para a ideação de hipóteses sobre as pequenas centralidades criadas em cada local de culto religioso ou templo, em que um determinado objeto, uma determinada imagem ou um determinado espaço, assumem uma intensidade simbólica maior do que os demais objetos, imagens ou espaços. Para além da ordem instituída em cada local de culto ou templo, reproduzindo o que é estabelecido por determinação superior ou por entendimento da liderança local, cada seguidor ou cada fiel tende a ter também as suas próprias referências centrais. Trata-se de mais um ingrediente fundamental no processo de identidade religiosa, enquanto sinaliza para a permanente costura feita pelo fiel ou seguidor entre a sua referência pessoal e o que está instituído ou impera no local. Se as imagens e símbolos se localizam no que François Houtart denominou de “práticas simbólicas”, que é o segundo dos quatro componentes de uma religião (na conceituação dele aqui adotada), e que são manifestações imediatas das “crenças e representações significantes” de uma religião (o primeiro componente), o trabalho, que aqui está sendo concluído, ajuda a reafirmar a presença da dimensão de “organização religiosa”
mente a uma determinada comunidade religiosa local (por exemplo, a disposição particular do PeGê, do Congá, do altar, da bandeira do dono da casa); • imagens ou mediações, que são carregadas de sentido para determinados líderes, fiéis ou seguidores dentro desta ou daquela religião (por exemplo, as guias, os santos de devoção). O processo de construção da identidade religiosa, além de estar, obviamente, pautada pelas “referências centrais” e pelas “orientações de conduta”, dá-se, também, numa permanente costura dos horizontes nos diferentes âmbitos de alcance das imagens e mediações simbólicas. O trabalho aqui concluído permanece com inevitáveis ambigüidades no que diz respeito ao alcance simbólico das imagens ou expressões simbólicas colhidas, cuja escolha, em grande parte, foi orientada pelo próprio líder religioso. Sempre haverá ambigüidades para a identificação dos diferentes alcances imagéticos. Assim como uma imagem ou expressão simbólica pode ser um simples espelho de uma comunidade religiosa local, de uma instituição religiosa ou então de uma percepção para além de suas fronteiras, ela pode estar também sinalizando, simplesmente, para compreensões pessoais específicas. As ambigüidades em nada diminuem as ricas contribuições, que foram colhidas e que estão expostas ao longo do texto, abrindo caminhos para importantes hipóteses de trabalho. A idéia de continuum desenvolvida por Cândido Procópio Ferreira de Camargo recebe, neste estudo, novas referências empíricas, no levantamento da imagética e da simbologia dos locais de culto de diferentes seguimentos. Alguns exemplos poderiam ser lembrados nesta conclusão. O que mais chamou a atenção é o do ALTAR. Existe aí um continuum muito claro que vai desde o extremo do Congá repleto de imagens e símbolos até o outro extremo da simples Mesa mediúnica, passando pelos altares das igrejas cristãs com maior ou menor despojamento simbólico. Outro exemplo que pode ser lembrado é o uso de ima19
(o quarto componente apontado por esse autor) e a presença da dimensão da “ética como referência religiosa” (o terceiro componente). Isso foi amplamente constatável, apesar das nuances diferenciadoras nas imagens ou expressões simbólicas dos três agrupamentos religiosos analisados. Para finalizar, deve-se sublinhar que um aprofundamento no estudo sobre as imagens ou expressões simbólicas utilizadas e cultivadas em cada uma das comunidades religiosas de responsabilidade dos líderes integrantes do Grupo Inter-Religioso de Diálogo, além de proporcio-
nar um avanço no próprio processo de diálogo, traz contribuições importantes para os estudos sobre a imagética religiosa e sua relação com os processos identitários. O estudo não está concluído, pois conseguiu, sobretudo, aguçar a curiosidade científica de seus autores. A pesquisa deverá continuar. Esta continuidade, além do retorno aos líderes, sujeitos do presente trabalho, buscará novas respostas em segmentos do público de fiéis e seguidores destes mesmos líderes.
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Referências
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SOUSA JR, Vilson Caetano (org.). Nossas Raízes Africanas. São Paulo: Centro Atabaque de Cultura Negra e Teologia, 2004.
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Entrevistas
1 ENTREVISTA n. 1: Igreja Católica, Apostólica, Romana – Unisinos – São Leopoldo, RS canonizado, ele é beato, mas para nós, jesuítas, é considerado como exemplo de vida. Imagem de Nossa Senhora e a imagem de São José: Esse quadro representa a vida em família, a união da família, é um exemplo para o católico. O quadro é de Nossa Senhora da Conceição: Foi talhado em madeira (como todos os outros desta capela) e foi escolhido assim porque originalmente a Universidade estava ligada muito à comunidade Nossa Senhora da Conceição, do Centro de São Leopoldo, o antigo Colégio Conceição (e a nossa residência dos jesuítas é Residência Conceição). Então nós temos toda uma tradição de cultivo a essa santa.
Presépio
As fotos e a entrevista foram realizadas em janeiro de 2006. O entrevistado foi José Ivo Follmann (padre), representante da Unisinos, e as fotos são da equipe do GDIREC.
O Presépio: Outro símbolo usado no catolicismo é o presépio. Ele aparece na época de Natal e tem como simbologia principal a recordação da entrada de Deus na história da humanidade, uma característica muito especial para os cristãos, assinalando que Deus nasce no meio da pobreza, identificando-se com os que estão excluídos da sociedade, os que estão vivendo à margem da sociedade. Esse símbolo é uma chamada ética para os cristãos.
Imagem da Cruz Missioneira: A cruz missioneira mostra a presença missionária dos jesuítas aqui no Brasil. Imagem de Antônio Vieira: Antonio Vieira teve presença missionária aqui no tempo do Brasil Colônia. Imagem de José de Anchieta: São três símbolos jesuíticos. O que se quer, com isso, é marcar a presença jesuítica; trata-se de uma capela de jesuítas. Referindo-se à imagem de José de Anchieta e a de outras imagens de santos: Na Igreja Católica, cultivam-se imagens de santos, não para adorá-las, mas como exemplos de vida. O católico é convidado a refletir sobre o testemunho de vida cristão que esses santos deram. O padre José de Anchieta não é ainda declarado santo, ele não é
O quadro da Ceia: Diz respeito diretamente ao que é celebrado na eucaristia, a última ceia do senhor. Entretanto, uma característica muito especial é o tabernáculo. O tabernáculo é a luzinha que está acesa do lado do altar. É característico do catolicismo, isso não se encontra em nenhuma outra igreja cristã, com exceção da Episcopal Anglicana e as católicas ortodoxas (se não me en-
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gano). Nós acreditamos na presença real do Cristo eucarístico para além da celebração eucarística, por isso se fazem as adorações ao Santíssimo, por isso se faz a procissão de Corpus Christi. Por exemplo, na Igreja Católica, faz-se a genuflexão diante do tabernáculo, o que também não existe nas outras igrejas. Quer dizer, todo católico quando entra na igreja, dirige-se para onde está o tabernáculo com a luzinha, ali ele sabe que tem a referência principal.
Cristo sofredor na cruz, mostrar o corpo de Cristo na cruz, mas nessa imagem há a mensagem revelada concretamente, assim como no presépio se manifesta concretamente como Jesus entrou na história, que foi numa situação muito limitada, numa gruta em Belém, numa cocheira, assim também, a morte dele foi violenta, numa cruz, num patíbulo. Há na nossa Igreja a preocupação por declarar como se deu concretamente a vida real de Jesus, como também um modelo, entra na mesma linha dos santos, que são modelos de vida. Cultivar modelos de vida.
O Tabernáculo: É o lugar onde se guarda a eucaristia. Existem também os momentos em que se faz a bênção do santíssimo e as adorações ao Santíssimo exposto.
O ambão: É o lugar onde está a Bíblia Sagrada. Ao lado do altar da celebração da eucaristia, se encontra o ambão. São dois grandes momentos celebrativos marcados assim espacialmente: o momento da palavra e o momento da eucaristia.
Imagem do Crucifixo: Algumas igrejas cristãs não gostam de aceitar tão claramente, mostrar o
2 ENTREVISTA n. 2: Casa da Brahma Kumaris, Centro de São Leopoldo, RS ser um ponto, a forma de Deus é luz, então, um ser de luz simboliza a alma humana como Deus. É uma imagem que costumamos ter nas salas, porque aqui também usamos essas salas para uma pequena reunião, uma pequena aula, e esse quadro está aqui para ajudar. Aqui se transforma num improviso, numa necessidade, como uma terceira sala de aula. Fotos/imagens: Meditações que acontecem na montanha próxima a Madhuban. Eu falei para vocês que nós costumávamos meditar, sempre os grupos que vão, nessa montanha. Dá para ver que lá embaixo tem uma grande descida e há pessoas meditando. Bem lá em baixo, existe uma planície, é o deserto que faz a parte da Índia e fronteira com o Paquistão. Mas dá para ir a pé da nossa sede em Madhuban e cada vez que vamos viajar, um grupo é convidado a fazer a meditação de fim de tarde.
Flor de Lótus (Pureza)
As fotos e a entrevista foram realizadas em novembro de 2005. A entrevistada foi a responsável pelo local, Aida Maria Glüer (coordenadora regional), e as fotos são da equipe do GDIREC. O quadro do ponto de luz: É um ponto de luz, que para nós é a simbologia da alma. Cada um de nós é um ser de luz. Dessa forma, conscientes de
Foto das três coordenadoras: Dadi Prakashmani, Dadi Gulzar e Dadi Janki que são as coordena-
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doras administrativas. Dadi Prakashmani é que tem o papel mais espiritual. Quem nos visitou mais recentemente foi Dadi Janki, que é a coordenadora do Ocidente, ela veio ao Brasil em setembro.
Deus. Mas se eu me posiciono junto à semente, a visão que eu tenho da árvore é de unidade. Olhando para as raízes da árvore vamos ter um sentimento de amor e de pertença de Deus.
Imagem do Shiva: Também veio da Índia como um elemento decorativo. É a dança de Shiva como eles chamam, mas são imagens próprias do hinduísmo, que não são exatamente as que usamos. Contudo, como achamos bonito, trouxemos para decorar.
Esse Quadro: Representa o que queremos alcançar como grupo inter-religioso, onde deveríamos estar não tão posicionados como seguidores de Abraão, de Cristo, de Buda... Todos os galhos tiveram essa idade do ouro e agora todos se ramificaram, essa ramificação é a idade do ferro de todas as religiões, não só da religião, mas de todos os pensamentos, políticos também. Alguns galhinhos da árvore da humanidade são ateus, os socialistas, os comunistas, eles também se ramificaram.
O quadro do Tempo: Em dois modelos: um lá dentro mais detalhando, onde damos cursos; e esse aqui é mais essência. Segundo o nosso conhecimento, o tempo é um fenômeno cíclico, aprendemos na cultura comum que o tempo é linear. Existe uma reta na qual o passado olha para trás, o presente é onde eu estou, e o futuro é essa reta distante infinitamente, e o conhecimento espiritual indica-nos que o tempo é um fenômeno cíclico. Passado, presente e futuro: quando o que é novo fica velho e o que fica velho se torna novo, repetidas vezes. O início deste marco é chamado Paraíso: o momento intermediário é o tempo dos fundadores religiosos; e o momento final dessa longa história é o momento atual chamado “idade da morte dos valores espirituais e idade das máquinas”, o ser humano louva a ciência e esquece de si, esquece de Deus, ele diz que seu melhor amigo é o cachorro, dog, ao invés de dizer o contrário, que seu melhor amigo é God e não dog. Está tudo virado, tudo invertido.
A Flor de LÓTUS: Para nós da Brahma Kumaris, ela significa essa possibilidade de viver de uma forma pura num mundo impuro. Alguns desafios para as pessoas parecem impossíveis, como se diz “é humanamente impossível”, porém eles só podem se tornar possíveis se sairmos dessa posição humana e nos aproximamos um pouco de Deus. A lótus cresce às vezes no lodo, mas ela tem uma película protetora que a deixa imaculada. Ela se mantém branca em meio à sujeira. Isso não significa se isolar do mundo. Ninguém da Brahma Kumaris vive em conventos. Nós somos desafiados a continuar com os nossos papéis. Complementação As imagens ou expressões simbólicas têm como finalidade mediar o conhecimento da Filosofia Brahma Kumaris. Trata-se, a rigor, de materiais didáticos. Não existe nenhuma conotação de culto. O que leva efetivamente uma pessoa a uma mudança de conduta não é com as imagens ou quadros e expressões simbólicas, mas com a meditação, entrando em relação direta com Deus. O Ponto de Luz é a imagem que expressa a identidade da Filosofia Brahma Kumaris.
A Árvore das Religiões: Esses três quadros aqui – ciclo, árvores e escada - apresentam a mesma filosofia, que é a história cíclica da humanidade. São três formas de representar a mesma imagem. Sobre a árvore, está o pessoal da Brahma Kumaris de branco, meditando aqui em baixo, a postura de estar em contato com a semente, que é
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3 ENTREVISTA n. 3: Igreja Céu de São Miguel na Associação Beneficente São Miguel – Santo Daime, Picada Verão, Sapiranga, RS nho Sebastião. A referência central da doutrina é a bebida sacramental, ou seja, o Santo Daime. Pintura de uma Miração: Detalhes da miração: aparecem Mestre Irineu tocando, com uma haste, Jurema das águas, a Rainha da Floresta, Virgem da Conceição, e outros seres encantados.... O Santo Cruzeiro: É o portal entre o mundo da matéria e o mundo espiritual, onde o Santo Daime atua. Quando alguém entra no templo, faz o sinal da cruz. O Cruzeiro é um objeto fundamental dentro do culto, mas fora disso é somente um objeto de reverência.
Cruz de Caravaca sobre a Estrela de Seis Pontas (Símbolo Central)
As fotos e a entrevista foram realizadas em janeiro de 2006. O entrevistado foi o dirigente responsável pelo local, Alancardino Vallejos (Fardado/ Daimista), e as fotos são da equipe do GDIREC.
Complementação Todo templo tem a casinha do Santo Daime, onde é guardada a bebida sacramental. Ela é simplesmente guardada. Está em repouso. Não é objeto de adoração. O Santo Daime é reverenciado, assim como se reverencia o sol, a lua, as estrelas, como expressões de Deus. As Divindades centrais do culto são Nossa Senhora da Conceição, que foi quem deu a doutrina ao Mestre Irineu; Jesus Cristo, como Redentor, que, na doutrina daimista, é Juramidã, e Deus, que é o Pai dos Pais, o Pai divino. A doutrina é eclética e tem, assim, também reverência com entidades da mata, dos rios e mares e de outras linhas religiosas. No Santo Daime, há pessoas de vários cultos.
Arcanjo Miguel: Um dos protetores da Doutrina. A Doutrina do Santo Daime trabalha com os Arcanjos: São Miguel, São Rafael e São Gabriel. Trata-se de entidades que se apresentam na formulação dos hinos. Símbolo do Cefuris: Centro Eclético da Fluente Luz Universal, Raimundo Irineu Serra: cruz de caravaca, estrela de seis pontas; falta o detalhe do crescente lunar, para a simbologia estar completa. A Cruz de Caravaca: É constituinte central do simbolismo do culto. Detalhe na foto: O padri-
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4 ENTREVISTA n. 4: Circulo Espírita Francisco de Assis – CEFA, Bairro São João Batista, São Leopoldo, RS nós criamos a perfeição ou o modelo de perfeição e também os nossos trabalhos de mesa e de conhecimentos. A foto da mesa: (Sala de trabalhos). Aqui se fazem especificamente todos os trabalhos mediúnicos e de comunicação, socorro espiritual, desobsessão e de possessão. Aqui se tem todo um ambiente de energia, e tudo é preparado só para este trabalho. Os quadros de São Francisco: (No escritório) Estes quadros são as pessoas que trazem. Temos também as fitas que algumas pessoas gravam. Dependendo do trabalho, há irmão que não quer deixar registrado. Estes quadros vêm de várias regiões, como Santa Catarina, Rio Grande. No dia das crianças, eles trazem para expor, às vezes tem mais de 200 obras expostas aqui. Existe uma tenda só para exposição de obras. Cada quadro de São Francisco expressa uma forma. Aqui é o Francisco e os quatro elementos; a terra, o abismo e o mundo espiritual, o umbral, e aqui é o cosmo no seu habitat. A idéia principal é que Francisco transmite a idéia dos quatros elementos. Hoje está se trabalhando a questão do abismo, já há várias produções sobre o abismo.
Imagem de Francisco de Assis (Patrono do Círculo)
As fotos e a entrevista foram realizadas em janeiro de 2006. Os entrevistados foram os responsáveis pelo local, Antônio Cazzuni Dias e Hélio Fröhlich (ambos médiuns espíritas), e as fotos são da equipe do GDIREC. Estes quadros são feitos e doados por pessoas de vários lugares. Na realidade, em nossa religião, não se usa nenhum tipo de imagens nas paredes. Os quadros que aqui estão foram colocados por uma opção preferencial nossa, aqui do CEFA, mas não que isso venha de uma opção da religião espírita. Nós optamos por colocá-los porque isso faz bem para as pessoas que vêm aqui e olham, e identificam-se, e gostam.
Complementação A mesa é referência central porque em torno dela se dá a comunicação entre os dois elementos (espiritual e material). Na verdade, o grande significado está nos médiuns em torno da mesa, onde se fazem especificamente todos os trabalhos mediúnicos e de comunicação, socorro espiritual, desobsessão e os trabalhos de possessão. Existe diferença entre a mesa do salão, que é para a difusão, da doutrina, e trabalhos públicos (oração, palestra e fluido-terapia, conhecida como passes) e a mesa da sala de comunicações, que tem a função de trabalhos mediúnicos (onde se dão as comunicações entre o elemento espiritual e o material). Com relação às imagens, a nossa
Quadros de Francisco de Assis: (com a oração, no salão). Aqui neste quadro se encontra toda nossa doutrina (A Oração da Paz). Nesta oração, está toda fundamentada a nossa doutrina, ela tem a essência da doutrina. O Quadro de Jesus: (No salão). Este quadro significa que a doutrina tem três pilares: ciência, filosofia e religião na visão moral. Nossa doutrina vem centrada nestes três pilares. Nós construímos os códigos morais por meio dos exemplos de Cristo da sua passagem... Da sua existência... Daí nós tiramos todos os códigos, desses códigos 26
posição é clara e provém do primeiro mandamento: não tereis outros deuses diante de vós, não fareis imagens talhadas e nenhuma figura de tudo o que está no alto no céu ou embaixo na terra. Se existem fotos ou imagens, elas têm a finalidade de homenagear o fundador (Alfredo Fröh-
lich), o patrono (Francisco de Assis), o codificador (Allan Kardec) e o exemplo de perfeição (Jesus Cristo). Estas fotos ou imagens encontram-se no salão dos trabalhos públicos.
5 ENTREVISTA n. 5: Templo da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Rua Bento Gonçalves, Centro de São Leopoldo, RS. nós. Tudo o que fizermos, devemos fazê-lo em nome dele. Por isso, no cartaz, também está escrito “Jesus liberta”, é aquele que nos fortalece. Jesus para esse povo é a válvula de escape. Em Isaías, 53 está escrito: “Jesus, levou sobre si todas as nossas enfermidades”. Ele é a porta e aí acharemos passagem para nossa liberdade. O Cartaz JESUS LIBERTA: Antigamente, na Palestina, nos templos bíblicos, encontravam-se, nos umbrais das portas, várias mensagens de libertação para o povo. Mensagens como ”Jesus vai te abençoar” ou “Jesus vai te salvar” etc... Mensagens para auxiliar aquele povo na sua libertação dos problemas cotidianos. Muitas vezes, nós não temos tempo de parar e olhar diretamente nos olhos das pessoas e ouvi-las e passar uma mensagem de paz para elas. São muitas pessoas, muita gente e não damos conta. Há muitas outras congregações, mas também muitas pessoas necessitadas... Queremos passar uma mensagem para atingir a todos. O Cartaz com a mensagem, já auxilia nisso... As pessoas já olham para aquele Cartaz e vêem um incentivo para elas...
O Nome de Jesus (Símbolo Central)
As fotos e a entrevista foram realizadas em janeiro de 2006. O entrevistado foi o responsável pelo local, Claudiano Pereira (evangelista), e as fotos são da equipe do GDIREC. Palavra JESUS: No alto da parede interna acima do altar. A confirmação desta palavra está na Bíblia em Mt 1, 9 - 10 quando diz que Deus deu o nome de Jesus Cristo, e este nome está acima de todos os outros nomes em baixo da terra e em cima dela. O nome de Jesus escrito lá em cima não quer dizer que estamos adorando este nome por adorar. Significa um destaque. O objetivo é destacar que tudo o que fizermos é em nome de Jesus. O famoso é Jesus. Na frente da Igreja também há uma placa grande com o nome dele. O nome Assembléia de Deus está escrito bem menor. Isso porque Jesus é o caminho, a verdade e a vida. O importante é lembrarmos o nome dele. Ele é o dono da nossa vida. Ele é o máximo para
A Mesa com os Agradecimentos: A Bíblia diz que a mesa é o lugar de agradecimento. Muitas vezes, não há como mostrar a fé para as pessoas, ela é abstrata. Lendo a Bíblia, elas já se animam. Conta-se que uma vez Paulo fazia as orações para as pessoas... Um dia orou sobre um lenço e deu para uma pessoa levar para outra pessoa doente e logo a pessoa ficou curada, o que ativou a fé da27
quela pessoa. Com isso, buscamos exercitar a fé das pessoas. È difícil ter fé. As pessoas são como Tomé. Têm dificuldade de acreditar sem ver. Pessoas com 30 ou 40 anos de idade ainda não conseguiram definir sua vida profissional. Têm crises psicológicas na vida. Temos que intervir na sua fé para ajudá-las. Elas também têm que querer. Temos que auxiliá-las nisso de algum modo. Por exemplo, pegar as carteiras delas e orar junto com elas para terem força e levantar sua auto-estima para irem em busca de emprego ou de trabalho.
Este NOME pode ser considerado como indicando o que é central na Igreja. O Altar ou púlpito, onde os ministrantes ficam durante os cultos, é um lugar de reverência dentro do templo, todo o templo é um lugar de reverência e adoração. Todos estão no caminho do aperfeiçoamento. Quem acha que já é perfeito, está morto. As expressões estão aí para exercitar a fé das pessoas. São mediações materiais que ajudam. Isso não é regra. Há ministros que podem ter outra maneira de ver. As expressões simbólicas são formas que se encontram para incentivar as pessoas a acreditarem. Por exemplo, na mesa de agradecimentos, elas levam fotos, carteiras de trabalho, peças de roupas, chaves de carro, para pedir a bênção ou para agradecer. Quando uma pessoa olha, por exemplo, para o cartaz “Jesus Liberta”, ela, que está no fundo do poço, vê que há uma solução em Jesus. Lembra a pessoa disso, animando-a. “Vinde a mim todos vós que estais atribulados e sobrecarregados, pois eu os aliviarei!”
Complementaçao A importância das expressões simbólicas está em estimular a fé. As pessoas olham para as expressões simbólicas e ligam com o que elas querem expressar, por exemplo, a água simboliza a obra do ES. Elas sabem disso pelos estudos bíblicos e ministrações em geral. Deus deu a JESUS um nome que está acima de todos os nomes. Tudo o que fizerdes fazei-o em nome de Jesus.
6 ENTREVISTA n. 6: Igreja de Cristo (do Relógio), Paróquia da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, Centro de São Leopoldo, RS As fotos e a entrevista foram realizadas em janeiro de 2006. Os entrevistados foram o Pastor em ministério no local, P. Walter Hoppe e a Pastora Cleide Olsson Schneider, e as fotos são da equipe do GDIREC. O altar: É significativo por causa do Cristo que convida e que recebe abençoando... Os luteranos, em si, não têm problemas com imagens. Todos os trabalhos em talhe da Igreja são trabalhos de um artista leopoldense de nossa comunidade. O púlpito: Nós não estamos usando, há um colega voluntário que está usando ainda, é o colega Carlos Dreher. Em si, se olhamos historicamente, o púlpito tem o seu lugar no iluminismo, então, o Pastor como “iluminado” fala à comunidade. Eu, normalmente, não gosto desse elemento,
Velas (Símbolo da Luz que Cristo)
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eu uso o púlpito de leitura porque há a questão da proximidade. Santo Agostinho, num discurso sobre a oratória, diz que o orador conversa com a sua comunidade, tem o aspecto do “olho no olho”, do conversar visualmente com a comunidade e no púlpito isso é um pouco difícil. Se a Igreja estivesse todos os domingos com as galerias também cheias, aí teria que se repensar, de fato, qual o lugar melhor para a pregação, se bem que eu tenho para mim que todo o culto tem o seu valor, e a pregação não deve ter um destaque especial, e sim toda a celebração deve estar bem pensada e também refletir o tema do domingo.
O Órgão Musical: A música faz parte da nossa tradição. A Reforma em si tornou-se popular através da música. Depois, grandes músicos da nossa história, Bach, por exemplo, foi músico de Igreja. Todas as músicas que ele fez praticamente foram músicas para os cultos, foram missas que ele escreveu para o culto da comunidade onde ele trabalhava, e a música dele é basicamente para órgão. A música tem um significado especial para as comunidades luteranas, pois é uma forma de louvar a Deus. O Sino: A torre tem a função, não de apontar para o céu, mas de guardar, de serem locais onde as pessoas ficavam para olhar a região, e os sinos eram tocados para observar os horários de oração (6h, 12h e 18h). Isso não é algo só islâmico, é nosso também. Além disso, avisavam que vinham tropas inimigas, ou que havia fogo. Eu creio que as igrejas na Alemanha têm as paredes mais fortes porque tinham a função de serem locais de refúgio. A vila toda entrava na Igreja, fechava a porta e “aqui ninguém mexe com a gente”. Os sinos têm a função de chamar as pessoas para o culto e para a oração. No entanto, cada comunidade desenvolveu, ao longo da história, formas de comunicação com a comunidade, por meio de diferentes batidas dos sinos.
O Cristo na Cruz: Na época da Paixão, a imagem do Cristo desaparece do altar e é colocada apenas uma cruz, essa é uma questão litúrgica. E ornamentamos com um galho limpo ou algo verde ou seco, somente. OS VITRAIS SÃO: Jesus recebendo as crianças: Para abençoá-las, talvez lembrando também o batismo. A comunidade é inclusiva, as crianças fazem parte da comunidade de Jesus. A Santa Ceia: O repartir o pão, Jesus com seus discípulos, com a sua comunidade; e no centro, o Cristo crucificado, abençoando a sua comunidade, talvez lembrando o sermão do monte ou o Cristo ascendido agora enviando seus discípulos, pode significar muitas coisas! No vitral, ele está abençoando também a comunidade que se reúne aqui. É interessante dizer que a comunidade, quando se reúne, não se reúne somente aqui. Quando a comunidade cristã se reúne aqui, ela também está se reunindo com a comunidade cristã que está nos céus e também em todos os lugares, ela não se resume a esta comunidade. Na Santa Ceia, este elemento é bastante vivenciado, quando a comunidade faz um semicírculo, a metade do círculo é visível, e a outra metade do círculo é invisível. É a comunidade que está nos céus participando deste momento também.
A Pia Batismal: É um símbolo importante para a comunidade já que traduz o momento em que a criança, ou pessoa recebe a bênção trinitária e passa a fazer parte oficialmente da comunidade. “Toda a comunidade é chamada a ajudar no crescimento daquela criança, especialmente no que diz respeito à fé cristã.” No batismo em nome, do trino Deus, nos é oferecida a graça de Deus que, nos faz seus filhos e suas filhas e nos motiva a viver em comunidade”. (Nossa Fé - Nossa Vida) A Luz (vela e lustre) da vela, por exemplo, simboliza a presença de Jesus como luz do mundo. O lustre desta igreja possui as figuras dos quatro apóstolos.
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Complementação
(nos vitrais etc.) têm como finalidade principal lembrar esta história do Deus conosco. O visual ajuda a ilustrar as histórias contidas na Bíblia. As expressões simbólicas em geral não interferem na conduta das pessoas, mas auxiliam na reflexão sobre questões do cotidiano, da Igreja e da própria sociedade (da vida pessoal também). Esta reflexão pode levar à mudança de atitudes. Cartazes, portando símbolos, sempre visam a ajudar a reflexão sobre determinado tema.
O altar pode ser considerado como a expressão simbólica da IECLB. Nele está a representação da Trindade: Deus Pai, Criador da vida presente na Bíblia que está sobre o altar; O Filho Cristo através da cruz que sempre está acima do altar; O Espírito Santo através da luz da vela. (No altar, existem em geral flores, que representam a vida e a continuidade da vida). O Deus da vida se fez presente na história da humanidade de muitas maneiras. As ilustrações
7 ENTREVISTA n. 7: Casa de Religião (Afro e de Umbanda) Ilê dos Orixás, Parque Imigrante, Bairro Feitoria, São Leopoldo, RS. religião africana, dono de todas as armas de guerra as quais utiliza para defender seus fiéis. Dentro do Ilê dos Orixás é o Orixá mais reverenciado por ser o Orixá de cabeça do diretor espiritual desta casa de religião. Ogum é muito temido por sua força e determinação em atingir seus objetivos, não teme nada e ninguém, enfrenta qualquer situação de peito aberto e defende os menos favorecidos. Congá de Umbanda: Local onde estão expostas imagens de Nossa Senhora das Graças e Sagrado Coração de Maria. Na Umbanda, representa a falange de Oxum, São Cosme e São Damião, protetores das crianças, os Pretos-velhos, escravos com espíritos elevados e de conhecimento grande em curas, simpatias, mandingas e benzeduras. Assim como nas Igrejas se faz referências a Deus no altar ou no santíssimo, também na religião afro se bate a cabeça reverenciando os orixás ali presentes.
Congá de Umbanda
As fotos e a entrevista foram realizadas em dezembro de 2005. O entrevistado foi o Babalorixá responsável pelo local, e as fotos são da equipe do GDIREC. A imagem de Oxalá: Orixá responsável pela administração de todos os outros Orixás, este é o Pai da criação, responsável pela paz, harmonia e a vida, dono da espiritualidade e da evolução do homem, na sua mão direita traz o “pachoro” (cajado) o qual simboliza sua função tão importante dentro do panteão africano.
Congá: Umbanda ou (altar). Oxalá no centro, sincretizado por Jesus Cristo, à sua direita Nossa Senhora Aparecida (Oxum), dona das águas doces, das riquezas, da união, das famílias e dos amores, à esquerda de Oxalá, Iemanjá, donas das águas salgadas, condutora dos pescadores e viajantes, dona dos pensamentos e das estrelas,
Orixá Ogum: Dono dos caminhos, das batalhas e das conquistas, o guardião de todas as casas de 30
também, sincretizada por Nossa Senhora dos Navegantes.
da para tal interpretação. É por meio deste jogo que se determinam todas as ações dentro da casa de religião.
Orixá Xapanã: Muitos adeptos das religiões afros têm ampla admiração por este orixá. Ele é o conhecedor e detentor de todas as magias, ele conhece todas as curas e os encantamentos. Suas epidemias e pragas são muito temidas. Traz sempre em sua mão uma vassoura de palha-da-costa para limpar o ser humano das cargas negativas, doenças e pragas. As pessoas que freqüentam a casa têm com ele uma identificação muito grande pelas curas das doenças e das enfermidades. Quem conhece tem nele grande fé de cura. É o orixá que, com a permissão de Oxalá, tem o domínio sobre a vida e a morte.
A Espada de Ogum: É utilizada para defender seus filhos e cortar todos os males e investidas inimigas, junto está o “agê”, instrumento sonoro utilizado com o tambor para dar ritmo aos cânticos em invocação às entidades. Observação: Percebe-se que são vários os símbolos/imagens, dentro do culto Afro, todos respeitados e reverenciados pelos seus fiéis e nunca desrespeitando o que não faz parte de nossa cultura, mas que, de certa forma, é importante para o nosso semelhante. Complementação
Falange de Pretos-Velhos: Considerada a falange mais evoluída dentro da Umbanda, pois foram as pessoas mais sofridas deste plano terreno, pedem sempre pela humildade, pelo perdão, pela prática do bem e da caridade. Têm uma enorme força vibratória através de suas rezas e magias. Os filhos da casa têm profundo respeito pelos pretos velhos. São imagens de antepassado que relembram o respeito aos mais velhos, a educação familiar, os anciões dos nossos antepassados. Muito do respeito existente hoje na religião afro, vem dos aprendizados dos pretos velhos.
As imagens de Ogum, de Oxalá, espada de Ogum, Imperial de Búzios e Xapanã fazem parte da simbologia central da identidade da casa. O Congá e Pretos Velhos são representações da Umbanda, também trabalhada na casa. Não existe uma identificação das imagens com as entidades. São simplesmente referência. Ninguém reverencia as imagens. O Sagrado se encontra dentro do Pegê, onde estão os Ocutás. (Os Ocutás são pedras vivas onde é feita a feitura do referido Orixá). Não existe nenhuma intencionalidade pedagógica na organização das imagens. São normalmente presentes recebidos de pessoas que conhecem o nosso trabalho e querem fazer um agrado. Trata-se de um ornamento que ajuda a criar um ambiente.
Imperial de Búzios: É uma guia, representando todos os orixás, é o oráculo do africanista. Através deste jogo (búzios), sabe-se a vontade dos orixás, os fatos futuros e os passados, só podendo ser utilizado pela pessoa preparada e autoriza-
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8 ENTREVISTA n. 8: Religião Afro e de Umbanda - Sociedade Africana Santo Antônio de Categiró - Mãe Dolores Senhorinha - Feitoria, São Leopoldo, RS. guerreiro, é Ogum, que luta por nós. As pessoas fazem pedidos, elas olham. Pessoas não-leigas na religião vêem o quadro e fazem um pedido para o quadro. Inclusive, estes de madeira foram promessas que as pessoas talharam em madeira e mandaram para cá. Presente para casa de promessas que fizeram em nome de Ogum, São Jorge, na Igreja Católica. São Jorge é da Igreja Católica, Ogum para o Afro e Umbanda. Ocutá: Na Igreja Católica, é o santo. Nós, africanos, tínhamos o Ocutá escondido atrás dos altares da Igreja. Na frente, estava o santinho, Nossa Senhora, mas atrás, estava o ocutazinho, por quem os africanos zelavam. Esse não tem imagem, é uma pedra. Então esse a gente não pode ter.
Ogum (São Jorge na tradição católica)
Imagem de Iemanjá: Como os negros, eles botavam o quadro de Iemanjá na frente, mas o ocutazinho da Mãe Iemanjá atrás, hoje para os católicos é Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora da Conceição. Então aquela Mãe, que estava ali atrás, que eles cultuavam era um orixá original da África.
As fotos e a entrevista foram realizadas em dezembro de 2005. A entrevistada foi a responsável pelo local, Dolores Senhorinha Dornelles (Yabalorixá), e as fotos são da equipe do GDIREC. Ogum Megê: O símbolo da bandeira pelo lado da Umbanda, mas levando o nome da casa Sociedade Africana Santo Antônio de Categiró e aí o Ogum Megê pela Umbanda. A espada é de Ogum. Essa é a identidade da Umbanda.
Os Caboclos: Os Pretos Velhos, os Cosme, os Bejê... A Cabocla Iemanjá, a Cabocla Iansã viram para o lado do caboclo Ogum. Como eu sou de Ogum Megê, é o Caboclo Ogum Megê. Isso representa o Africanismo e a Umbanda, junto é a mata.
Bandeira do Dono da Casa: Do Pai da casa. É uma casa de Santo Antônio, casa de Bará Lodê. Essa é a bandeira oficial da casa. É a bandeira do Pai, vermelha. Em cima levando a cor rosa, Sociedade Africana Santo Antônio de Categiró, significando a Mãe que é Obá. A chave, o desenho da chave, Bará é o dono da chave.
O Povo Cigano: Povo da estrada, povo do Oriente, povo da fartura, povo do dinheiro. Esses também trabalham, têm casa de religião que não cultuam Nação, não cultuam Umbanda, mas cultuam só o povo cigano. Na frente, fica a casinha dos Exus.
Imagem de São Jorge: Este quadro é um presente de pessoas devotas de São Jorge, que é um
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9 ENTREVISTA n. 9: Templo da Paróquia Santíssima Trindade, Igreja Episcopal Anglicana, Centro de São Leopoldo, RS. não tem imagem porque o Cristo está ressuscitado, ele não está preso na cruz. Mesmo assim, ela está sobre o altar principal da igreja. O Quadro do Cristo Ressuscito: É um Cristo que está se elevando, é uma imagem que um antigo pároco daqui tirou duma cruz que ele trouxe da África, era uma cruz pequenina e ele mandou ampliar. Imagem do Cristo ressuscitado: Nós temos um trabalho de artesanato da minha esposa que é estilizado, representando a ressurreição, saindo de dentro do túmulo. Imagem da Cruz (na imagem está esculpido um Cristo ressucitado)
A Tábua com os números dos hinos: Usamos dois hinários, o hinário antigo, que é o chamado Hinário Episcopal, que tem os hinos mais tradicionais, comuns, inclusive, outras igrejas evangélicas, a Igreja Luterana, têm muitos hinos comuns. Nesse hinário, tem 345 hinos. Nós temos o Laudate, que é um hinário mais contemporâneo. Além disso, nós usamos o nosso livro de oração comum, o nosso livro de rezar, que contém todos os ofícios: casamento, batizado, confirmação e as celebrações eucarísticas, as várias alternativas de celebração eucarística.
As fotos e a entrevista foram realizadas em novembro de 2005. O entrevistado foi o reverendo responsável pelo local, Jessé Castro Ramos, e as fotos são da equipe do GDIREC. O genuflexório: É onde nos ajoelhamos. Altar: Este nós chamamos de santuário, o santuário contém o altar, que é a mesa da eucaristia onde celebramos.
O Estandarte/Bandeira da Ordem das Filhas do Rei (Tipo: Bandeira): Esta Bandeira significa a ordem de mulheres da Igreja, mulheres negras, que tem por finalidade oração e serviço. Não é como a ordem normal das mulheres das igrejas, que é a UMEABI, é um departamento dentro da UMEABI, mas nem todas as UMEABIs a possuem, porque, além de Episcopal, ela é também ecumênica. Assim, em outros países, há mulheres de outras igrejas que também pertencem a esta ordem. Elas têm todo um cronograma de oração, de serviço, de visitações. É um trabalho especial. Como nós fundamos já há três anos aqui, criou-se um capítulo, ficou um estandarte delas, simbolizando o ministério destas mulheres.
O Púlpito: Que é o lugar da pregação; e à esquerda o átrio ou ambão, que é a mesa da palavra. Nós temos ali atrás a credência que é onde ficam os elementos a serem sagrados; reservamos no sacrário, onde guardamos os sacramentos consagrados, que levamos para os enfermos, vinho e hóstia consagrada, sangue e corpo de Cristo. O Sírio Pascal: Uma vela é acesa na Páscoa e fica acesa o ano todo, então, ela está bem gasta. Essa vela tem marcado o ano. A Cruz: Apresenta as chagas fincadas na cruz que seriam as chagas do Cristo. Então, essa cruz 33
Complementação
O quadro com a oração do Pai-Nosso: Na versão protestante, também foi doação de uma paroquiana, a minha sogra, é em ponto de cruz. É o Pai-Nosso conforme a versão que usamos no livro de oração comum.
A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil é de forte tradição protestante. Isso significa que ela faz pouco uso de imagens. Trabalha-se mais com expressões simbólicas, que acabam sendo imagens, mas é diferente das imagens de santo, crucifixo etc. Usa vitrais, reproduzindo cenas bíblicas ou cenas da tradição, como, por exemplo, a imagem do Bom Pastor... Outros simbolismos: na Paróquia da Ascensão em Porto Alegre e na Catedral Santíssima Trindade existem muitos vitrais. Atualmente se está trabalhando mais para resgatar o simbolismo em geral. Já existem ícones vindos da tradição ortodoxa. As pinturas do Cristo Ressuscitado e da Santa Ceia são estilizadas, lembrando o evento da Páscoa. Embora não se tenha a adoração ao Santíssimo, normalmente existe um local junto ao próprio altar, sinalizado com luz para guardar o pão e o vinho consagrados. A credência é o local onde estão os elementos a serem usados na celebração, pão, vinho, água etc. (O cálice e a patena normalmente já estão sobre o altar no início da celebração). Vivemos num país onde a imagem, o colorido, os símbolos são muito valorizados popularmente, por isso a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil começa a ter a preocupação em recuperar a simbologia. A Igreja veio para cá com uma característica bastante protestante, buscando diferenciar-se da Igreja Católica. As imagens e expressões simbólicas, ao mesmo tempo que tornam o ambiente mais agradável e mais adequado à nossa cultura, têm também o sentido didático e pedagógico para ajudar as pessoas a fixar as verdades. Por exemplo, a pintura da Santa Ceia traz a lembrança do partilhar (compartilhar, lavar os pés, partir o pão etc), oportunizando a orientação permanente para uma conduta de maior partilha.
O quadro da Santa Ceia: Numa versão diferente da do Da Vinci, em que os discípulos estão em torno da mesa e não posando para fotografia, e Jesus está de pé e de costas para nós. Ele ainda está inacabado, foi feito há sete anos atrás com lápis de cera, foi a Helena que fez. A eucaristia é a nossa festa principal na Igreja. Então entendemos que valia a pena tentar fazer uma lembrança disso na parede da igreja, mesmo que especulação, provavelmente eles estivessem sentados pelo chão. Isso é uma versão não pretende ser o retrato fiel da Santa Ceia, mas apenas uma lembrança que nos ajude a refletir sobre a importância do sacramento e da partilha na vida da Igreja. O coro musical e o órgão: Esses instrumentos acompanham os hinos da igreja e quando, eventualmente, vem um coral se apresentar, ele pode cantar lá em cima. Os vitrais: São símbolos cristãos. Essa forma de tesouras (no teto) foi colocada depois da reforma, mas a fachada se mantém ainda com as características originais, embora não tenha sido tombado pelo patrimônio ainda. Se um dia nós quisermos modificar isso, provavelmente vamos ter problema porque já é um prédio bastante antigo. Tentamos preservar pelo menos a fachada externa. A vela: Muitas igrejas levaram algum tempo para usar as velas no altar. Existe uma paróquia na nossa diocese que ainda hoje não usa velas na Igreja, em Cachoeirinha.
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10 ENTREVISTA n. 10: Templo de Umbanda Preta Velha Zimba do Congo, Jardim Imigrante, Bairro Feitoria, São Leopoldo, RS. dade, na Umbanda, é linha de bori. Aqui nós temos a linha de bruxas, são espíritos de bruxas, uma linha muito suave e tranqüila porque são espíritos milenares, muito sofridos, então, toda sessão realizada é com muita paz, muita tranqüilidade, muita sabedoria. A Linha do Oriente: São os Orís do oriente, os ciganos, uma linha de muita luz, muita harmonia, tendo como símbolo sacro Santa Sara. Na linha do oriente, nós temos a casa na chefia da cigana Zeneide. Isso é importantíssimo porque ela é o lugar-tenente da nossa fundadora, então, é uma linha muito forte na casa. Em seguida, nós temos a linha de Iori, representada na casa pelo Peão, que seria a entidade criança ou infantil que eu recebo. Aqui nós temos a linha de caboclos:
Detalhe de Congá de Umbanda (Oxalá)
As fotos e a entrevista foram realizadas em novembro de 2005. Os entrevistados foram os responsáveis pelo local, Águida Guiomar Pires e Elói Saldanha (Sacerdotisa e Cacique), e as fotos são da equipe do GDIREC. Hoje na casa nós trabalhamos com o total de quatorze linhas assentadas.
Imagem Pena Branca, o Índio Ubirajara peito de Aço, Cobra-Coral: Toda essa linha que realmente é o forte, é a firmeza da Umbanda. O quadro de Xangô: Representando a tábua da lei, os dez mandamentos, portanto, Moisés, no caso.
Pontos da Umbanda: Ao fundo, nós temos os sete pontos ou símbolos, nós chamamos de, “pontos da Umbanda”, são os símbolos que representam cada linha energética.
Quadro ou imagem de Oxalá: Na Umbanda, seria representado por Jesus Cristo, tanto é que não se incorpora Oxalá na Umbanda.
O Triângulo e a Cruz: Ao centro, nós temos o que representa a Umbanda, que é o círculo do “Triângulo e a Cruz”.
Imagem do Arcanjo Miguel: Considerado o Rei da Umbanda.
Quadro do símbolo da Casa “P.”: Aqui do lado direito, nós temos Ogum, Iemanjá, e o que representa toda a linha de Orimar na nossa casa, mais conhecido como “linha de pretos velhos”.
Imagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, um Índio: Linha de caboclo, é o fundador da Umbanda.
Imagem ou símbolo de Xangô e Oxossi: Aqui do lado esquerdo, nós temos toda a linha da mata.
Imagem da Preta Velha Zimba do Congo: Esta imagem tem mais de 30 anos, esta pequena. Aqui nós temos a linha das águas, representada na Umbanda por um dos quatro elementos, que é a água salgada e temos, dentro da linha das águas, a linha de Oxum.
A imagem da Cruz: Com o coração e as flores representando a linha de Iori, mais conhecida como a linha de Cosme e Damião, que, na reali35
Imagem de Santa Águida: Fui presenteada em São Paulo. E eu não conhecia esta imagem. Essa aqui é a linha de Ogum, a linha de defesa, aquele que abre os caminhos, aquele que traz uma situação mais definida de defesa Na Umbanda, é um caboclo, porque não se incorpora orixá, então, é um caboclo. Aqui nós temos a linha de Orimar, conhecida como a linha de Pretos Velhos pela sabedoria. Oriente é de onde ele veio, origem de toda a raça humana.
por um Babalorixá amigo. Temos uma linha de trabalho dentro dessa área, somente com cores, cromoterapia, o reiki, shiatsu, existe toda essa aplicação terapêutica. Complentação Pode-se imaginar a Umbanda sem imagens, mas tratando-se de pessoas introduzidas. As imagens e símbolos são importantes como referencial, porque a religião é sincrética. Quem está iniciando precisa da mediação das imagens. Cultua imagens. Identifica-se nesses objetos, tem uma identificação de fé. As imagens dão a referência. A pessoa vê, por exemplo, a imagem de Santa Bárbara e aí se identifica, encontra Iansã. Existe Umbanda possível sem imagens de santos. Os ideogramas sempre serão importantes. Sem imagens de santos pode ter Umbanda, mas sem simbolismo não. Estes últimos são necessários. Os ideogramas (os simbolismos) representam a energia. São mediação necessária para a identificação da linha energética. Em cada linha energética da Umbanda, encontra-se uma maneira específica de orientação da conduta. A linha de caboclos ajuda, por exemplo, para a firmeza de propósitos, de conduta. A linha de Pretos Velhos ou de Yorimá (Espíritos Puros + maturidade) orienta para a conduta moral, ética. A linha infantil (Yori = Espíritos Puros) transmite alegria, leveza. As linhas auxiliares interagem com as sete linhas fundamentais.
Imagem do padre Cícero: Temos ainda a linha de boiadeiros no Nordeste. Todas essas linhas são assentadas na casa, são linhas de trabalho, legião de espíritos que trabalhamos na casa. No Nordeste, o padre Cícero é muito conhecido. É motivo de muita fé de todo aquele povo da região e também de outros países, não é só no Brasil que existem devotos de padre Cícero. Imagem do Padre Reus: No Rio Grande do Sul, nós temos admiração pelo Padre Reus. Houve uma comunicação para ajudarmos na linha de boiadeiros ou tropeiros. Eu tive a graça de recebê-la, e hoje ele coordena esta linha nesta casa. Imagens ou Martin Pescador: Aqui nós temos a linha de marinheiros E a linha do fundo do mar, que é pouco conhecida ainda. São espíritos do fundo do mar, não estão sob o domínio de Iemanjá nem de Martin Pescador. É bem fundo do mar, aquela origem toda. O Congá: Assentamento na pedreira, com o Xangô e com a Mãe Oxum, que foi presenteada
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11 ENTREVISTA n. 11: Casa de Religião (Afro e de Umbanda) Associação Espírita de Umbanda Cacique Haitu Templo de Oxum, Pai Nilton da Oxum, Bairro Fião, São Leopoldo, RS Imagem de São Miguel Arcanjo: Essa imagem faz parte da falange de Xangô. Imagem de Nossa Senhora das Graças: Que é Oxum. Imagem de Nossa Senhora dos Navegantes: Que é Iemanjá. Imagem de São Jorge: Que é Ogum. Imagem de São Lázaro: Que é Omulu ou Xapanã Imagem de São Gerônimo: Que é Xangô Imagem de Cosme e Damião: Essa imagem é da falange de crianças.
Imagem de São Sebastião (Oxossi na Religião de Matriz Africana)
Imagem dos Pretos Velhos: Que seriam nossos escravos negros.
As fotos e a entrevista foram realizadas em dezembro de 2005. O entrevistado foi o responsável pelo local, Nilton Luís Rodrigues (Babalorixá), e as fotos são da equipe do GDIREC. A crença, a devoção, a fé nos santos da Igreja Católica, que através do sincretismo, que é a associação dos orixás com os santos. Isso nós encontramos no terreiro de Umbanda. Em se tratando especificamente de terreiro de Umbanda, encontramos as imagens:
Artefatos Indígenas: Símbolo de um cocar: Um adorno de cabeça. Na Umbanda, como esta casa é regida, digamos assim, por uma entidade de mata, existe todo um referencial ao povo indígena. Por isso termos aqui artefatos indígenas. Quadro de Iemanjá: A Rainha do Mar é a Mãe dos Orixás, a Mãe da Natureza, sendo ela um Orixá do elemento água. Sabemos que sem a água não há vida. É a água que traz a vida. Iemanjá é a Mãe dos Orixás, seria a Mãe da Natureza, a Mãe do Universo.
O Congá/Altar com as Imagens: Imagem do Senhor do Bonfim: È um Preto Velho na linha de Umbanda. A Cruz do Senhor Crucificado: Na Igreja Católica, sempre se tem a Cruz com o Cristo
Preto Velho: A falange de Pretos Velhos, a falange que nós trabalhamos dentro da Umbanda, é uma falange muito atuante dentro da prática da nossa religião com suas benzeduras. Quando eles
Imagem de São Sebastião: Para nós, da linha de Oxossi, é do povo das Matas.
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vêm, trazem-nos, falando de sincretismo, o poder da oração.
Mesmo as imagens sendo da religião católica, aprendemos todo o sincretismo, aprendemos a respeitar e, conhecendo essa história de cada santo, seguir os bons exemplos. Hoje nós já podemos assumir com clareza nossos orixás, não é mais necessário fazer uso das imagens católicas para ocultar nossos orixás. Uma das questões éticas que nós prezamos é o respeito por todas as imagens. Eu já tenho consciência de que posso usar as imagens dos orixás. No meu quarto, já tenho só as imagens e símbolos dos orixás. A nossa formação ética já vem desde nossas feituras. Desde os primeiros aprontamentos nós já recebemos todos os exemplos dos nossos orixás e o respeito que se deve ter com cada um. Nós também consideramos todas as situações presentes nessa sociedade, e o aprendizado ético precisa ser posto em prática, através dos bons costumes e dos bons exemplos vividos por nossos antepassados.
Quadro de posse da Chefia: Esse é símbolo do Cacique Oxossi, da entidade que eu trabalho após o falecimento da minha mãe, a sucessão, digamos, a minha sucessão da casa, foi feita pelo chefe da minha mãe que foi a pessoa que aprontou a minha mãe na Umbanda. Eu tive o privilégio de a passagem da posse da casa para mim ser feita pela pessoa que aprontou a minha mãe na Umbanda e hoje já é falecida também. Esses foram os termos, as palavras do Pajé Tupinambá, que era um índio, a entidade que trabalhava esta médium, proferidas na ocasião da passagem. Essa casa foi fundada em 1945 pelos meus pais. Foi a primeira casa de Umbanda na cidade de São Leopoldo. Complentação As imagens e toda a simbologia de origem africana significa para nós um referencial de fé.
12 ENTREVISTA n. 12: (Religião Afro) Casa Social Africana Nossa Senhora da Conceição, Bairro Mathias Velho, Rua Ponta Porá, Canoas RS. As fotos e a entrevista foram realizadas em março de 2006. Os entrevistados foram os responsáveis pelo local, Aida Martins de Lima e Antônio José de Lima Filho (Yabalorixá e Babalorixá), e as fotos são da equipe do GDIREC. Odé: Dentro da nação, Ode é o orixá que não deixa ninguém passar fome. Ele é o defensor da caça e protetor da mata. A grande preocupação desse orixá é não ver nenhuma pessoa com fome. Ele doa a sua vida nas caças para matar a fome de quem quer que seja. Na religião católica, é São Sebastião, na Umbanda é Oxóssi e na nação é Ode. Oxum: É uma mãe de grande coração. Ela chora quando vê uma mãe chorando. Para ela, as mulheres são as donas dos ventres. Ela passa para as pessoas muito amor, compreensão, paz. Procura
Imagem de Oxum (Nossa Senhora da Canceição na Tradição Católica)
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socorrer as pessoas que sofrem fisicamente e sentimentalmente.
filho, é trabalhado todo significado que aquele orixá tem na formação dele. As imagens têm um significado de respeito, aquela entidade é representada pela imagem visual. Portanto, é preciso explicar muito bem para a pessoa que participa a importância da imagem e quem ela representa para nós na religião. Os orixás são centrados no ocutá, que é representado por uma pedra. Na religião, ele tem todo um significado muito importante, desde a vivência dos escravos vindos da África. O ocutá é uma pedra viva na religião, por isso, existe um respeito ético muito profundo pelos orixás. Todos os orixás têm muita influência na formação dos filhos, e todos aprendem desde o início do aprontamento que as imagens e os símbolos acompanham todo aprontamento na vida dele, por isso, tudo é bem-estudado e bem-explicado, com muita ética e muito respeito. Nas religiões de matrizes africanas, tanto os símbolos quanto as imagens dos orixás têm um significado muito ético e espiritual na formação e aprontamento dos filhos.
Bedje: Na nação, esses orixás moravam no reinado. Eles foram decapitados com 26 anos de idade. Eram gêmeos e médicos das crianças. Por se dedicarem ás crianças das periferias pobres, o rei mandou decapitá-los, pois não gostava de atender os pobres. Muitas crianças morreram, mas outras eles puderam salvar. Por isso, muitos filhos, quando recebem esses orixás, usam bico, brincam muito imitam as crianças. Na religião católica, eles são Cosmo e Damião. Xapanã: Dono da peste, ou seja, das doenças de pele em geral. Quando se atende pessoas com doenças de pele é com ele que se busca ajuda. Esse orixá trabalha junto com Ossanhe que também cuida das doenças, mas Ossanhe é responsável pelas ervas, folhas. Já o orixá Xapanã é o responsável direto pela cura das doenças da pele. Complementação Na religião de matriz africana, as imagens são tratadas com muita ética. Quando se apronta um
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Autores
Adevanir Aparecida Pinheiro, nascida em Cambira, PR, em 1959. É mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2004, especialista na área da Família, Criança e Adolescentes, 2001 pela Universidade do Vale de Itajaí (Univali) e graduada em Serviço Social,1997, pela mesma Universidade, onde realizou trabalhos como agente dos Direitos Humanos – ADH. Desde 1999, é funcionária da Unisinos na função de coordenadora dos projetos e pesquisas do Programa Gestando o Diálogo Inter-Religioso e o Ecumenismo – GDIREC, como Grupo Inter-Religioso de Diálogo e o Projeto Cidadania e Cultura Religiosa afro-descendentes. Atua como assessora das práticas sociais religiosas e implementação da Lei de Assistência Social – LOAS nos locais de culto e templo religioso ligados aos líderes religiosos. É supervisora da pesquisa e cadastramento dos locais de cultos religiosos e templos na Região Metropolitana de Porto Alegre. Em parceria com o CONER e a 2ª CRE do município de São Leopoldo e com a Secretaria de Educação de Novo Hamburgo, assessora a capacitação e formação de professores na área de ensino religioso nas escolas estaduais e municipais na Região do Vale do Rio dos Sinos. Em 2000, organizou o projeto Estudantes e Comunidades Afros da Unisinos (ECAU). Atualmente, presta assessoria nas temáticas de culturas excluídas como a cultura afro-brasileira e indígena nas escolas públicas para professores e alunos e na Universidade.
Religião de costume ou religião de escolha? Mundo Jovem. Porto Alegre, p.2, 23, 2006. Impresso e <www.mundojovem.pucrs.br> O que dizer da morte? Mundo Jovem. Porto Alegre, p.2, 23, 2006. Impresso e <www.mundojovem.pucrs.br> Religião de costume ou religião de escolha? Mundo Jovem. Porto Alegre, p.2, 23, 2006. Impresso e <www.mundojovem.pucrs.br>.(co-autoria FOLLMANN, José Ivo) Imagens, Símbolos e Identidades no espelho de um “Grupo Inter-Religioso de Diálogo”. In: CONGRESSO DAS RELIGIÕES E RELIGIOSIDADE, 9, São Paulo, Faculdade Metodista de São Bernardo do Campo, v.1, 2006. (co-autoria FOLLMANN, José Ivo) Ouso de imagens em Locais de culto: Identidades, símbolos e mensagens. In: CONGRESSO DAS RELIGIÕES, Dourados, Mato Grosso do Sul, p.1-16, 2006.( co-autoria FOLLMANN, José Ivo) Religiões e Identidade. Boletim do Grupo de Negra, Est/IECLB, v.10, p.4-21, 2006. A utilização dos símbolos nas religiões. Mundo Jovem. Porto Alegre, p.2-23, 2005. Impresso www.mundojovem.pucrs.br (co-autoria FOLLMANN, José Ivo) José Ivo Follmann, nascido em Cerro Largo, RS, em 1947, Padre jesuíta, atuação profissional na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas. Doutor em Sociologia na Universidade Catholique de Louvain, UCL, Bélgica, 1994. Mestre em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade de São Paulo, PUCSP, 1984. Especialista em História Contemporânea,1979, Cooperativismo, 1977 e em Teologia Pastoral, 1975. É graduado em Sociologia, Filosofia e Teologia.
Algumas publicações Qual o sentido que as religiões dão para o trabalho? Mundo Jovem. Porto Alegre, p.2, 23, 2004. Impresso e <www.mundojovem.pucrs.br>
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On-Line, São Leopoldo, ano 4, n. 153, p.9-13, ago.2005. O Mundo das Religiões e Religiosidades: alguns números e apontamentos para uma reflexão sobre novos desafios. In: SCARLATELLI, Cleide; STRECK, Danilo; FOLLMANN, José Ivo (org.). Religião, Cultura e Educação. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2006. Práticas Sociais e Universidade. In: RAMIRES, Vera Regina; CAMINHA, Renato (org.). Práticas em Saúde no Âmbito da Clínica-Escola: a Teoria. São Paulo: Ed. Casa do Psicólogo, 2006.
Algumas publicações Igreja Católica: alguns apontamentos sobre a sua história, estrutura e identidade.Cadernos IHU, São Leopoldo, v. 17, p.40-6, 2006. Diálogo, Religiões e Identidades. Caderno Identidade (Boletim do Grupo de Negritude), São Leopoldo, v. 09, p.18-24, 2006. (co-autoria Adevanir Aparecida Pinheiro). O Desafio da transdisciplinaridade: alguns apontamentos. Revista Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 41, n. 1, p. 53-57, 2005. A Segmentação do Conhecimento é o Fruto Perverso da Modernidade – entrevista concedida à IHU
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Entrevistados
Antonio Cazzuni Dias, nascido Esteio, RS, em 1949, é diretor da Ana Terra Empreendimentos Empresariais, possuindo mais de 10 anos de experiência na área de projetos de engenharia elétrica industrial. É também vice-presidente do Círculo Espírita Francisco de Assis (CEFA) desde 1996.
Ossanha e Mãe Cucha da Oxum Demu, na Azenha, Porto Alegre, 1935. Ialorixá Africanista responsável pela Casa Africana Nossa Senhora da Conceição, em Mathias Velho, Canoas, RS. Antônio José de Lima Filho, nascido no Rio de Janeiro, em 1929, possui Ensino Médio Completo, formado na religião por Ermelina José Bonifácio de Freitas, conhecida como Nininha da Oxum Demo, em Porto Alegre, 1973. Babalorixá Africanista responsável pela Casa Africana Nossa Senhora da Conceição, em Mathias Velho, Canoas, RS.
Hélio Fröhlich, nascido em 1960, em Dois Irmãos, RS, é bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, 2000. Advogado e Presidente do Círculo Espírita Francisco de Assis (CEFA) desde 1995. Dejair Haubert, nascido em São Leopoldo, RS, em 1966,. possui Ensino Médio Completo e curso superior incompleto pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Formação Religiosa sob responsabilidade de Pai Nilton Luis Rodrigues, Babalorixá (Pai Nilton de Oxum), responsável pela Sociedade Beneficente Ilê dos Orixás no Bairro Feitoria - São Leopoldo, RS. É presidente da Associação Afro-Umbandista de São Leopoldo.
Dolores Senhorinha Dorneles, nascida em São Leopoldo, RS, em 1954, é Ialorixá. Possui Ensino Médio incompleto. É formada na Religião Africanista em 1978 na Casa Ilê de Ogum sob responsabilidade do Babalorixá Pai João de Deus Oliveira Ritter. Obteve feitura na Linha de Jejê e Jexá. É vinculada à Associação Afro-brasileira, Porto Alegre, RS (AFROBRAS) e à Associação Leopoldense de Cultos Umbandistas e Afro-brasileira - ALCUCAB. Atualmente, é responsável pela Associação Africanista Santo Antônio de Categeró em São Leopoldo, Bairro Feitoria.
Nilton Luís Rodrigues, nascido em São Leopoldo, RS, em 1959, possui Ensino Médio Completo. Formação Religiosa sob responsabilidade de Matilde Rodrigues, da Sociedade de Umbanda Cacique Haitu, na linha de Nação, Pai Luís Carlos de Oxum, da Sociedade Africanista Nossa Senhora do Rosário. Atualmente, é responsável pelo Templo de Oxum, em São Leopoldo e presidente da Associação Leopoldense de Cultos Umbandistas e Afro-brasileira (ALCUCAB).
Jessé Castro Ramos, nascido em Pelotas, RS, em 1961, é graduado em Teologia no Seminário Edmont Krisk, Porto Alegre, RS e revendo e reitor na Região de São Leopoldo, RS da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. Atualmente, é responsável pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil no Centro de São Leopoldo, RS. Adalberto Santos Dutra, nascido em Tucunduva, RS, em 1945, é bacharel em Teologia Pentecostal pela Faculdade de Educação Teológica FAETEL LOGOS, SP, 1976. É pastor presidente
Aida Martins de Lima, nascida no Rio de Janeiro, em 1933, é formada em Letras pela Escola das Normalistas (RJ) e na religião por Pai Patrício de
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da Igreja Evangélica Assembléia de Deus sob o registro de ordenação da Convenção das Igrejas e Pastores do Estado do Rio Grande do Sul (CIEPADERGS) e da Convenção Geral da Assembléia de Deus no Brasil (CGADB), vice-presidente da Convenção dos Pastores do Estado do RS e presidente do Conselho da Igreja da Região Sul.
que de Umbanda, formado por Dona Neuza da Preta Velha Maria Conga, Alegrete. É responsável pelo Templo de Umbanda, Pesquisa e Iniciação, Preta Velha Zimba do Congo, São Leopoldo, RS. Aida Maria Glüer, nascida em 1959. É médica pediatra pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. É coordenadora da Reginal Sul (RS, SC e PR) da Organização Brahma Kumaris e coordenadora admnistrativa da Organização Brahma Kumaris de São Leopoldo.
Alancardino Vallejos, nascido em São Leopoldo, RS, em 1950, é bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Juiz de Direito, hoje é aposentado, atua como advogado de causas trabalhistas. É dirigente da Igreja Céu de São Miguel (Santo Daime), filiada ao CEFLURIS.
Cleide Olsson Schneider, nascida em Blumenau, SC, em 1971. É bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia (EST), 1995 e Licenciada em Pedagogia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, 2002.
Águida Guiomar Pires, nascida em Caxias do Sul, RS, em 1951, é graduanda em Teologia na Escola Superior de Teologia (EST) e sacerdotisa de Umbanda. Atualmente, é responsável pelo Templo de Umbanda, Pesquisa e Iniciação, Preta Velha Zimba do Congo, São Leopoldo, RS.
Walter Hoppe, nascido em Presidente Getúlio, SC, em 1962. É bacharel e Teologia pela Escola Superior de Telogogia (EST), 1985. Exerceu pastorado na Tranzamazônica, Joinville, Alemanha, Curitiba e atualmente em São Leopoldo.
Elói Saldanha, nascido em Roca Sales, RS, em 1971, possui Ensino Médio Incompleto. É Caci-
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