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Globalização – mas como? Karen Gloy ano 4 - nº 59 - 2006 - 1679-0316


UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS Reitor Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Vice-reitor Aloysio Bohnen, SJ Instituto Humanitas Unisinos Diretor Inácio Neutzling, SJ Diretora adjunta Hiliana Reis Gerente administrativo Jacinto Aloisio Schneider Cadernos IHU Idéias Ano 4 – Nº 59 – 2006 ISSN: 1679-0316

Editor Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos Conselho editorial Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta – Unisinos Prof. MS Dárnis Corbellini – Unisinos Prof. MS Gilberto Antônio Faggion – Unisinos Prof. MS Laurício Neumann – Unisinos MS Rosa Maria Serra Bavaresco – Unisinos Esp. Susana Rocca – Unisinos Profa. MS Vera Regina Schmitz – Unisinos Conselho científico Prof. Dr. Adriano Naves de Brito – Unisinos – Doutor em Filosofia Profa. MS Angélica Massuquetti – Unisinos – Mestre em Economia Rural Prof. Dr. Antônio Flávio Pierucci – USP – Livre-docente em Sociologia Profa. Dra. Berenice Corsetti – Unisinos – Doutora em Educação Prof. Dr. Fernando Jacques Althoff – Unisinos – Doutor em Física e Química da Terra Prof. Dr. Gentil Corazza – UFRGS – Doutor em Economia Profa. Dra. Hiliana Reis – Unisinos – Doutora em Comunicação Profa. Dra. Stela Nazareth Meneghel – Unisinos – Doutora em Medicina Profa. Dra. Suzana Kilpp – Unisinos – Doutora em Comunicação Responsável técnico Laurício Neumann Revisão Mardilê Friedrich Fabre Secretaria Caren Joana Sbabo Editoração eletrônica Rafael Tarcísio Forneck Impressão Impressos Portão

Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos Av. Unisinos, 950, 93022-000 São Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.35908223 – Fax: 51.35908467 www.unisinos.br/ihu


GLOBALIZAÇÃO – MAS COMO? Karen Gloy

“Globalização” é momentaneamente a palavra-chave de nossa época, sendo usada por alguns, os que a apóiam, como palavra mágica, e por outros, os adversários, como fantasma e noção causadora de horror. Não há folhetim, não há congresso, não há contemporâneo bem informado que possa prescindir desse conceito. Entretanto, quase ninguém sabe exatamente de que, afinal, está falando e qual deve ser concretamente o aspecto da nova ordem mundial futura. Foi sobretudo a economia que se aproximou desse conceito. Sua tendência consiste em descobrir constantemente mercados novos, estruturar, passo a passo, uma rede de comercialização que abranja o mundo todo, espalhar os processos produtivos no mundo inteiro de acordo com o lucro, sair daqui, montar acolá. Empresas, bancos e seguradoras são fusionados e transformam-se em grandes corporações, o que está associado, por um lado, com uma administração mais enxuta e, por outro, com uma redução dos empregos em decorrência da racionalização. A economia está a ponto de instalar um sistema de poder global com aparelhos de comando central e estratégias operacionais no mundo todo, um sistema que não é mais dominado nem mesmo pela política. Atualmente é o mercado que dita as leis. Não é um sistema econômico qualquer que está globalmente na ofensiva, e sim o neocapitalismo, a saber, um mercado desenfreado em comparação com a intenção do fundador da economia liberal de mercado, Adam Smith, um mercado que exibe feições da forma de economia desregulamentada do capitalismo incipiente do século XIX. É um turbocapitalismo. O êxito da expansão global dessa forma ocidental de economia não teria sido possível sem as conquistas da ciência e da técnica e, hoje, da tecnologia. Para a veiculação de informações nós usamos rádio, televisão, telefone, fax, e-mail – as cotações da bolsa de Wall Street podem ser acessadas ao mesmo tempo, em todos os lugares do mundo –, para o transporte utilizamos automóveis, trens, aviões, para processos de trabalho recorremos a robôs, autômatos, computadores, etc. Nós transferimos trabalhos manuais para todo o tipo de máquinas, como batedei-


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ras, máquinas de lavar, secadoras, escadas rolantes etc., funções mentais para máquinas de calcular, escrever e falar, funções corporais para próteses como óculos, aparelhos de surdez, marcapassos etc. Justamente nos últimos 50 anos, o pensamento científico e técnico-ocidental empreendeu uma marcha triunfal mundial e também ocupou culturas que até agora lhe opunham decidida resistência e conseguiam manter sua autonomia, como as do leste da Ásia. A crença nas leis científicas, a confiança em sua validade e o êxito de sua aplicação prática são tão grandes que a ciência e a técnica tornaram-se uma religião secularizada. A globalização econômica e técnico-científica é acompanhada pelo processo de democratização. Enquanto na época da revolta estudantil, na década 60 do século passado, a alternativa socialismo ou democracia liberal ainda não estava decidida na América do Norte e na Europa e parecia tender para o marxismo e o socialismo real, por causa do colapso mundial do marxismo, a opção foi em favor da democracia. Historiadores e cientistas políticos como Fukuyama já falam da democracia como configuração histórica final para a qual o processo histórico já se encaminhaca. Embora haja retrocessos ou desdobramentos protelados por causa da ausência de base econômica, como nos países do leste da Ásia e da América do Sul, embora haja modelos heterogêneos de democracia, como a democracia comprável na Índia ou a democracia econômica vinculada à prosperidade econômica na América do Norte e na Europa, um processo de democratização geral parece ser irresistível e constituir, ainda que não esteja já completamente realizado em toda a parte, o ideal e o alvo de todos os estados modernos. Que se trate de fato de um ideal global já foi comprovado há mais de meio século (1951) em um simpósio da Unesco, no qual representantes de todos os matizes políticos, seja de estados democráticos ou não-democráticos, seja de países em desenvolvimento ou de ditaduras, afirmaram ser democráticos. Afinal, até as ditaduras costumam derivar sua pretensão de domínio da suposta vontade do povo. A democracia parece ser a descrição do ideal de todos os sistemas políticos e ordens sociais. O quarto ideal, que serve de orientação ético-jurídica, constitui o fundamento moral dos estados modernos e é ancorado em grau crescente nas constituições. São os chamados direitos humanos, desenvolvidos no Iluminismo europeu e formulados na Bill of Rights norte-americana de 1776 e na declaração francesa dos direitos humanos e dos cidadãos de 1789. Deles faz parte o direito à vida, à liberdade, à integridade e à segurança da pessoa; à propriedade, à educação, à livre escolha da profissão; ao tratamento igual perante a lei; à liberdade de pensamento; à liberdade de consciência; à liberdade religiosa; e outros mais. Sua observância é vigiada por organizações internacionais,


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como a Anistia Internacional e o Tribunal Europeu em Haia. Embora esse cânone seja repetidamente violado, até de modo crasso, ou seja, interpretado de maneiras diferentes, e mesmo que o maior Estado ocidental, os Estados Unidos, se esquivam atualmente, a cumpri-lo, não existe nenhum Estado moderno que não defenda esses direitos, ao menos de forma verbal e declamatória. Com esses ideais – mais exatamente ideologias, mais exatamente provenientes da forma de pensamento e do Iluminismo ocidentais – que determinam o mundo moderno, estão indicadas formas de domínio do mundo que podem ser chamadas de monomitos – mitos porque constituem os novos dogmas de fé, monomitos porque reivindicam validez universal. Entretanto, esses monomitos não estão livres de contestação. Da mesma maneira veemente como sua disseminação é promovida, ela é combatida, não tanto por causa de interesses próprios de estados nacionais, por causa de posturas conservadoras que queiram se aferrar ao tradicional e se fecham a toda e qualquer modernização, mas, principalmente, por causa de cosmovisões, padrões de pensamento e ação de outra espécie, noções jurídicas e sociais de outro tipo, que têm sua origem em outras culturas, inclusive de natureza religiosa. Por isso, impõe-se a pergunta sobre qual deverá ser o aspecto de uma ordem mundial futura na qual não pode faltar o conceito de justiça, que é uma suposição básica de toda ética que vise a garantir a paz mundial. Em minha opinião, podem-se conceber e explicitar brevemente três modelos, sem, contudo, ocultar seus problemas e dificuldades. 1) Toda a globalização representa a hipostasiação de uma determinada forma de vida, de uma ordem social específica, de um sistema econômico específico, de uma concepção igualmente específica de ciência e técnica, seja a forma de concepção ocidental que saiu vitoriosa do conflito entre Leste e Oeste – o American way of life, que atualmente é o candidato mais promissor da nova ordem mundial e, se preciso for, é imposto com violência e guerra, como no Afeganistão e no Iraque –, seja a forma socialista que foi vencida, ou ainda uma outra. E cada uma delas está associada a tendências de uniformização. A tendência à uniformidade pode ser constatada em todas as áreas: na arquitetura, na hotelaria e gastronomia, na indústria de entretenimento, no sistema de transporte, etc., quer estejamos nesta, quer estejamos naquela metrópole do mundo. Em Nova Iorque, Buenos Aires, Cingapura ou Frankfurt, em toda parte, nos deparamos com as mesmas silhuetas de edifícios, arranha-céus, construções de concreto armado, palácios de vidro de bancos, seguradoras e firmas, tristes guetos residenciais; com os mesmos quartos de hotel uniformes e totalmente climatizados; com


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a mesma e uniforme cozinha internacional, com os mesmos meios de comunicação, de transporte e tipo de diversão. Uma trama de estruturas internacionais uniformes se sobrepõe às peculiaridades culturais regionais e nacionais que surgiram no decorrer da história, faz recuar a pluralidade, heterogeneidade, especificidade e particularidade autóctone e causa desilusão por causa de sua uniformidade. Para a mesma direção estão voltados o processo de democratização global e a imposição de noções ocidentais da política. Eles têm um efeito semelhante, na medida em que reprimem ou até eliminam sistemas, constituições e concepções antropológicas de outra espécie, resultantes de outras culturas originárias, e fazem isso, como mostrou o passado mais recente no Iraque, de maneira violenta e belicosa. A democracia, introduzida originalmente por respeito ao indivíduo, degenera numa contagem de votos que só interessa, tendo em vista o próximo período legislativo, em que a pessoa só importa, quantitativamente, como voto. O indivíduo se degrada e passa a ser uma massa chamada ser humano – uma acusação que, já na Antiguidade, os críticos da idéia da democracia levantavam, não de todo sem razão. A plenitude da vida e a riqueza de possibilidades se perdem, e o resultado é a despersonalização e dessubjetivação. O mesmo se aplica à formulação de direitos universais que se baseiam numa única imagem do ser humano e tolhem a realização e o desenvolvimento de outras de cunho cultural e religioso diferente. A preparação da conferência da ONU sobre direitos humanos no ano de 1983 mostrou o quanto são vivenciados e denunciados por outras culturas como doutrina ocidental imperialista. As mesmas reservas são expressas por estados islâmicos em relação a noções básicas cunhadas pelo cristianismo. A disseminação dos valores ocidentais é, efetivamente, sentida como questionável e compreendida como um atropelamento de culturas e normas estranhas. O domínio mundial do paradigma das ciências humanas e da técnica – com seus critérios de racionalidade, seu método exclusivo de quantificação, seu procedimento de distanciamento e abstração aplicado na observação e no experimento – acarreta, tanto para o objeto quanto para o sujeito, não só uma objetivação, mas também uma perda da diversidade de formas de encontro e de relações com o ambiente. O fato de o objeto, no experimento científico e na observação, ser separado de seu entorno habitual e ser preparado e manipulado de acordo com critérios científicos específicos, sendo, portanto, preparado de maneira artificial, o degrada, transformando-o num objeto artificial, armado e distorcido. É possível aplicar o termo heideggeriano “armação” [Gestell] ao universo das ciências. E também a produção técnica de objetos documenta que a abundância de tra-


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balhos artesanais individuais está sendo substituída por produtos massivos uniformes, produzidos em série. A supremacia do método técnico-científico significa a exclusão de todas as outras formas de conhecimento e experiência, de todas as outras formas de acesso à natureza. O objeto perde suas qualidades, habitualidades e valores, e o sujeito perde suas formas de experiência sensoriais, emocionais e disposicionais. O domínio unilateral da racionalidade se associa, na autocompreensão do ser humano, com uma alienação em relação ao mundo, uma perda da plenitude da vida e uma desvinculação do mundo. Visto que o mesmo tipo de racionalidade, a saber, a razão instrumental, o comportamento estratégico, diferentemente da racionalidade orientada por valores – utilizando expressões cunhadas por Max Weber – também domina a economia, observamos nela a mesma anonimização, o mesmo aniquilamento do indivíduo em nome da luta pela sobrevivência, que se tornou autônoma e anônima. Em matéria alguma, o desprezo do indivíduo, a desconsideração de suas necessidades naturais, de seus vínculos historicamente formados, de suas tradições originárias é maior, assim como a adoração da riqueza anônima é mais marcante do que na economia. Não interessa o ser humano com suas necessidades naturais como ser físico-psíquico-espiritual; o que se cultiva são, pelo contrário, necessidades cada vez mais artificiais que mostram ser proveitosas para o capital, o que é feito por meio de uma publicidade crescentemente agressiva, e da invenção de métodos de manipulação sempre novos. As tendências da moda se sobrepõem. Produtos como jeans, por exemplo, são puídos por máquinas na própria fábrica, os designs de carros esportivos e de corrida tornam-se cada vez mais extravagantes. Sempre mais, sempre mais depressa, sempre mais alto – esta é a divisa ou o lema, sempre mais produção em espaços de tempo cada vez mais curtos, sempre mais vendas, sempre mais consumo em períodos de tempo cada vez menores. A curva que separa as ofertas sempre novas de seu consumo normal torna-se menor a olhos vistos. Pessoas são trocadas a bel-prazer, empurradas para lá e para cá, empregadas quando o mercado está em alta e demitidas quando ele está em baixa; hiring and firing [contratar e despachar] é, nos Estados Unidos e, em grau crescente também na Europa, o método usado para empregar e dispensar pessoas. E como o ser humano é causa de custos, é, na medida do possível, substituído por robôs e, com isso, privado de sua dignidade humana. Mobilidade e flexibilidade são as palavras mágicas da moderna política do mercado de trabalho. Com as tendências de uniformização dos monomitos modernos, tornam-se visíveis suas unilateralidades, debilidades e males. Há muito tempo, elas foram definidas por críticos da cultura mediante conceitos como alienação, enfraquecimento de


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identidade, perda de confiança, “desistoricização”, anonimização, massificação e outros semelhantes. O processo de arrancar o ser humano de seu entorno natural por meio do paradigma científico-técnico-econômico e a sua alienação com relação à sua própria história por meio das tendências de uniformização na moral, no direito, na sociedade, na economia e na vida, atuam em conjunto para construir monomitos poderosos e autônomos, que não são mais dominados e controlados por ele, mas que o dominam o e controlam. Uma crise de confiança e de identidade é inevitável. Ela é acentuada pela dinâmica civilizacional que se acelera constantemente, junto com suas ondas de inovação, e, por um lado, acarreta uma intensificação da complexidade e, por outro, uma mudança permanente de valores, uma relativização de formas e normas de vida em vigor. Torna-se inevitável uma desorientação geral, um relativismo total, aquilo que Jean Baudrillard, em seu diagnóstico negativo, descreveu como indiferenciação. Visto que aí o ser humano é ignorado não só como ser integral, mas também como diferente de outro ser humano, e visto que, além disso, aí se passa por cima do poder autônomo das culturas e religiões, a desintegração e o colapso internos dessa ordem monística do mundo estão programados por antecipação. O ser humano pode ser violentado durante certo tempo, mas não para sempre. A paz mundial não pode ser alcançada mediante a fogueira. Culturas e religiões, formadas ao longo de milênios, podem ser ignoradas durante um certo tempo, mas não a longo prazo. A uma certa altura, elas se manifestam e reivindicam seu direito, seja como exercício da religião, de interesses de estados nacionais, de reivindicações territoriais, seja como exigência de configurar sua própria vida. Além disso, a propensão humana à transformação não pode ser ignorada. 2) O segundo modelo é o do antagonismo de duas potências mundiais em pé de igualdade, do qual nos despedimos há pouco na condição de uma confrontação da chamada ordem social liberal do Ocidente e do socialismo coletivo do Leste e o qual, atualmente, está ressurgindo de outra maneira: no confronto entre o cristianismo e o islanismo ou sob a forma do conflito entre modernismo e tradicionalismo, liberalidade e fundamentalismo. Percebe-se aí imediatamente a representação simplista e dicotômica da realidade. Embora a Guerra Fria entre Leste e Oeste nos tenha brindado com a paz ao longo de décadas, na medida em que duas superpotências atômicas armadas até os dentes se confrontavam e defendiam suas pretensões territoriais e de poder de forma até grotesca (veja o Muro de Berlim e a Prisão de Spandau), continua sendo discutível se esse congelamento e essa paz de cemitério constituem o ideal. Apesar da paz aparente, os sistemas se encontravam constantemente numa situação de instabilidade total. René Thom


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transformou essas situações em fundamento de sua teoria da catástrofe. Tome-se a agressividade de um sistema como variável do estado de coisas reinante. Ela se encontra em dependência direta da aversão e raiva para com o sistema adversário, bem como do medo em relação a ele. Se a raiva aumenta, aumenta também a agressão, mas, ao mesmo tempo, aumenta o medo de uma possível represália, o que, no caso acima, significa o medo de um ataque atômico. O comportamento atinge, então, um estado em que ele se torna inteiramente instável, incontrolável e imprevisível, pois pode, de igual maneira, permanecer no temor ou passar para o ataque e o conflito armado. Mesmo que, atualmente, no conflito entre o cristianismo e o islamismo, entre o mundo supostamente esclarecido e moderno e o mundo supostamente tradicional e atrasado, entre o mundo ocidental hegemônico e o mundo oriental em situação de inferioridade, o estado de instabilidade se tenha descentralizado e passado para grupos terroristas que têm base local, mas operam no mundo todo, ainda assim, a estrutura permaneceu a mesma, isto é, impossível de prever e de controlar. 3) A terceira possibilidade consiste numa sociedade multicultural. Não nos moldes, porém, de mescla, de confusão, como é o caso dos Estados Unidos, que a levou a uma perda de identidade, ou nos moldes de uma indiferenciação das diversas culturas, religiões e formas de vida, como é o caso da Holanda, que, atualmente, acorda do sono da indiferença, confrontando-se com problemas inesperados a despeito de sua multiculturalidade supostamente exemplar, e, sim, nos moldes de convivência, de coexistência de comunidades plurais e heterogêneas com orientações jurídicas, econômicas, religiosas, etc., distintas, as quais se excluem, na medida em que são diferentes, mas se relacionam mutuamente e dependem uma da outra, na medida em que são coexistentes. Como isso é possível? O modelo material para tanto é fornecido pelos conhecimentos do século XX provenientes da lógica, da matemática, da física e da psicologia, que podem ser transferidos para a sociologia, a jurisprudência e a economia. Deve-se pensar, neste caso, por um lado, na teoria da relatividade especial de Einstein, que postula, em lugar da totalidade, a relação de diversos sistemas autônomos com tempos próprios, mas sem distinguir nenhum deles individualmente. Um exemplo mais claro, ainda, é fornecido pela teoria quântica, com a suposição da existência de uma natureza dupla da luz, a saber, uma natureza do campo e uma das partículas, que se excluem mutuamente e, não obstante, se relacionam uma com a outra, o que é articulado na relação de incerteza de Heisenberg. Segundo ela, não é possível uma constatação e medição simultaneamente exatas, ou seja, uma avaliação simultânea das duas. Apesar disso, ambas, são inseparáveis em relação à complementaridade, isto é, de uma dependência


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mútua, mas sem constituir uma nova unidade, uma terceira instância integradora. Complementaridade é a expressão que designa uma relação sem metanível e metateoria. Por fim, a geometria fractal, que dissolve o caráter inequívoco de nosso mundo rígido e fixo numa seqüência de manifestações de igual posição, igualmente sem uma unidade superior ou dominante, proporciona mais um exemplo. Como mostra o popular exemplo do novelo de lã, que, olhado de longe, parece ser um ponto de zero dimensões, chegando-se mais perto aparece como esfera tridimensional, e, mais perto ainda, apresenta-se como um fio unidimensional, e que, ao se entrar nele, parece ser uma coluna tridimensional, o objeto uno, que aparenta poder ser delimitado com segurança e parece fixo, desfaz-se numa multiplicidade de dimensões. De acordo com essas premissas, também uma ordem do mundo poderia ser concebida como coexistência de projetos de vida e de ação individuais. Esta é a teoria que Jean-François Lyotard propõe e sobre a qual reflete em seu livro Le différend [A disputa. Paris, 1983) e na qual baseia sua teoria da justiça. Ela não parte do consenso, da sujeição a um único paradigma universal, e sim da dissensão, da aceitação de paradigmas que, em, princípio, são diferentes e estão em pé de igualdade. Seu lema, que ele defende num ensaio intitulado “Resposta à pergunta: o que é pós-moderno?”, é o seguinte: “Guerra à totalidade, vamos testemunhar em favor do não-representável, vamos ativar as disputas [...];.” (In: WELSCH, Wolfgang. ed.), Wege aus der Postmoderne, Weinheim, 1988, p. 193-203, citação à p. 203). Neste ponto, entretanto, impõe-se a seguinte pergunta: Será que, de certa forma, a maior sensibilidade para o direito indivudual na luta competitiva com o direito do outro não programa conflitos antecipadamente e não torna mais débil a coexistência pacífica de paradigmas heterogêneos? A argumentação de Lyotard vai exatamente na direção contrária, isto é, no sentido de que a maior sensibilização para a injustiça cometida contra o outro – que resulta de sempre se estabelecer um só direito e, assim, de se excluir necessariamente outros direitos – leva justamente a uma maior tolerância ao se lidar com o outro. É preciso contrapor-se à unilateralização e absolutização de um determinado direito ou paradigma: na teoria, é preciso fazer isso tornando-se consciente da situação, expondo o mecanismo da injustiça e percebendo que não existe um sistema jurídico universal, uma metalinguagem abrangente, que a hegemonia de um determinado sistema sobre os outros produz, necessariamente, injustiça, que esse tipo de abusos e totalizações constitui o mal fundamental, razão pela qual se devem preservar a pluralidade de sistemas e seus limites; e na da prática, é preciso fazer isso ajudando o partido privado de voz e oprimido pelo sistema domi-


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nante a articular-se e obter seu direito, estando aberto para os argumentos de outros partidos e concedendo-lhes o direito de realização ou, ao menos, considerando tal possibilidade. A instância para tanto é a política. A idéia de uma política filosófica consiste em suportar e mediar a tensão entre a legalidade que tem de ser mantida pelo sistema dominante e as exigências legítimas de outra proveniência que até agora estavam suprimidas; consiste, portanto, em produzir um equilíbrio. Para todo comportamento que rompe o direito vigente podem-se aduzir motivos. Entretanto, que razões de um comportamento e uma ação até agora consideradas inaceitáveis serão tidas como aceitáveis no futuro e quais não? Em que novos argumentos, em que novas formas de argumentação, em que novo defensor de argumentos deve-se depositar confiança? A arte da política é superior a toda ética do entendimento, ou ao menos, deveria sê-lo. Ela não diz, com base em sua própria autoridade, o que deve ser, mas codifica o existente, aceitando-o provisoriamente, dentro de certos limites de tempo e espaço, como sensato ou razoável, e está aberta para o estranho que se articula, embora ainda não consiga se fazer compreender direito e não desfrute de aceitação geral. São esses três modelos que estão à disposição para uma nova ordem mundial. Para que a decisão por um ou outro não seja arbitrária e aleatória, para que ela não siga apenas coerções factuais, como o poder e a superioridade militar de um determinado sistema, para que ela não se limite a acompanhar, de maneira reflexiva, éticas desenvolvidas historicamente ou aceite, a título de experiência, este ou aquele sistema, mesmo correndo o risco do fracasso, mas para que esteja materialmente fundamentada, ela terá de levar em conta os dados objetivos prévios, a essência das coisas. E que papel desempenha nisso a filosofia? Para essa finalidade, eu gostaria de discutir duas variantes de filosofia nas quais se manifestam os efeitos de duas concepções diferentes: 1) filosofia como ciência de compensação e 2) filosofia como ciência de esclarecimento. A tese da compensação é, atualmente, uma das mais discutidas e controversas. Ela remonta a uma observação um tanto casual de Joachim Ritter, feita em sua palestra de 1961 intitulada A tarefa das ciências do espírito na sociedade moderna, segundo a qual às ciências do espírito, incluindo a filosofia, caberia – em termos de política cultural e em relação à sociedade moderna, caracterizada por ausência de história – uma atuação compensatória. Essa tese foi popularizada por Odo Marquard e Hermann Lübbe, alunos de Ritter, particularmente pelo seguinte dito espirituoso de Marquard: “Quanto mais moderno fica o


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mundo moderno, tanto mais inevitáveis tornam-se as ciências do espírito.”1 Originalmente, isso queria dizer que nosso mundo cunhado pelas ciências naturais e pela técnica nelas baseada, que determina não só nossa vida profissional, mas também nosso cotidiano, e estende-se às esferas mais privadas, estipulando até nossa forma de conhecimento – por meio de computadores e da Internet –, é inconcebivelmente unilateral, na medida em que, dentre a abundância e a riqueza da natureza com suas qualidades, suas habitualidades, sua carga de sentido e valores e sua força simbólica, separa apenas esferas e propriedades bem determinadas, a saber, aquelas que podem ser quantificadas e submetidas a leis matemáticas. Tudo o mais é excluído e ignorado. As ciências naturais são um processo coletivo que é determinado pelas necessidades da sociedade, atrás dos quais, por sua vez, se encontram interesses econômicos. Isso levou a uma enorme unilateralização e um atrofiamento, na medida em que as coisas concretas, individuais da natureza, incluindo o ser humano, são destacadas do nexo da totalidade da vida, são isoladas com relação a seu entorno, separadas de suas culturas de origem, de sua história e de sua nacionalidade, o que deixa um vazio e uma frustração que precisam ser compensados de outra forma, já que o ser humano não vive só de pão, não é apenas um ser material, mas um ser integral, físico-psíquico-espiritual, que tem necessidades emocionais, sensoriais, estéticas e metafísicas. Os déficits do mundo moderno, repetidamente apontados pelos críticos da cultura e da civilização: objetivação, alienação, “desistoricização”, desindividualização, fragmentariedade, fragilidade etc., precisam ser compensados. Essa tarefa tem, segundo Marquard, as ciências do espírito, incluindo a filosofia. A ausência de colorido, o desencantamento do mundo e a objetivação total deveriam ser compensados pela narração de “estórias de sensibilização”, a “desistoricização”, a perda de culturas de origem e de criação de identidade deveriam ser combatidas pela narração de “estórias de conservação”, e a desorientação e inconsistência deveriam ser compensadas pela narração de “estórias de orientação”. Essa análise poderia ser, mutatis mutandis, transferida para a sociedade multicultural, que, em cada uma de suas partes coexistentes, segue determinadas formas de pensamento e padrões de ação, determinados projetos de sentido, determinadas religiões e particularidades culturais e, com isso, exclui, automaticamente, outras. Conhecer essas outras, aprofundar-se nelas, poderia, porém, ser um enriquecimento da própria forma de 1

Odo MARQUARD. Über die Unvermeidlichkeit der Geisteswissenschaften, In: id., Apologie des Zufälligen: Philosophische Studien. Stuttgart, 1986, p. 98-116, citação à p. 105.


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vida, que sempre é unilateral. O encontro com o outro e a outra cultura poderia evidenciar a riqueza de facetas do mundo e de suas possibilidades e superar, dessa maneira, a fragilidade e fragmentariedade que são inerentes a toda cultura. Duas objeções foram feitas à tese da compensação. Por um lado, ela foi acusada de conservadorismo ou neoconservadorismo cultural e político. Diz-se que ela se conformou com a modernidade e suas conseqüências, déficits e carências – que, com relação às ciências naturais, em sua unilateralidade e, quanto à multiculturalidade social, em seu caráter diferenciado e fragmentário –, que ela fez as pazes com essa situação moderna e tenta apenas, nos moldes de justiça e estabilização, compensar, amortecer e aplainar as deficiências. Aí se visa, segundo esta objeção, à harmonia, ao equilíbrio, à estabilidade, e não, como pede a teoria da revolução, a uma mudança fundamental. E, por outro lado, expressa-se a crítica de que, neste caso, a filosofia ou as ciências do espírito estariam se metendo no papel de religiões substitutas, assumindo tarefas que, tradicionalmente, caberiam à teologia. Com isso, elas se entenderiam como continuação da antiga idéia européia da teleologia, conhecida a partir de Leibniz, que considerava, numa visão otimista, nosso mundo como o melhor de todos os mundos possíveis. Se aparecessem carências e déficits, sempre haveria compensações para eles. Entretanto, encarar a filosofia e a ciência do espírito como religião substituta com funções soteriológicas é, em minha opinião, uma concepção que não cabe à filosofia. Ela não dá respostas definitivas, não diz por onde se deve passar, ela nem sequer esclarece definitivamente e também não cria transparência completa, não dá predeterminações, normas e valores definitivos. A segunda forma da filosofia é a de ciência do esclarecimento. Se a filosofia é reflexão sobre coisas passadas, presentes e futuras, cabe-lhe a tarefa de analisar a situação cultural presente, incluindo a sociedade, a política, a economia, a ecologia e a ética, e, assim, torná-las transparentes, passíveis de avaliação e decisão. Devem-se submeter ao diagnóstico todos os problemas relevantes para a sociedade e a vida, desde a economia até a ecologia, desde o desnível entre os hemisférios Norte e Sul até o conflito entre Leste e Oeste, desde o fundamentalismo cristão até o fundamentalismo islâmico, desde o infarto do trânsito até o infarto do coração, desde a manipulação política até a manipulação genética. Não existe nenhuma área que pudesse e devesse se subtrair ao diagnóstico. O esclarecimento, porém, é uma das tarefas mais difíceis, pois a toda conscientização, a toda percepção resoluta está associada uma dissimulação. Descobrir é também cobrir, esclarecer é também ocultar. Como assim? Todo esclarecimento acontece com base em um determinado ponto de vista, sob determi-


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nadas condições e pressuposições que, no momento do esclarecimento, não estão explicadas a respeito de si mesmas e só podem ser tornadas transparentes num novo processo de esclarecimento, para o qual se aplica a mesma coisa, isto é, estar oculto para si mesmo e só poder ser elucidada num novo passo. Não existem ciência e conhecimento isentos de pressupostos e preconceitos. A ciência é um empreendimento coletivo e encontra-se num marco social, atrás do qual geralmente se ocultam interesses econômicos, que fazem só determinadas concepções de resultados serem efetivadas e outras não. Conhecimento e interesse é o título de um livro de Habermas sobre este assunto. O conhecimento sempre é guiado por interesses. A concatenação fatal de esclarecimento e irracionalidade, de desligamento de grilhões tradicionais e vinculação a novos grilhões, essa dialética do esclarecimento foi o grande tema da Escola de Frankfurt, particularmente de Adorno e Horkheimer, que levou à sua crítica da ideologia. Adorno apresentou a ambivalência da situação histórica do Esclarecimento, não-esclarecida a respeito de si mesma, que constitui a base de nossa modernidade e de que não gostaríamos de prescindir, a partir da figura mitológica de Ulisses, da epopéia de Homero, intitulada Odisséia, que, para poder resistir ao canto das sereias, precisa se fazer amarrar ao mastro do barco. Adorno vê aí o paradigma da auto-afirmação racional e da dissolução emocional da tentação. Em outras palavras, o pensamento e a ação racionais são comprados ao preço da supressão da natureza interna e externa. E é preciso conscientizar-se disso. O que se aplica à situação histórica do Esclarecimento pode ser transferido para toda a espécie de esclarecimento. Ele é o processo constante e infindável do auto-esclarecimento, isto é, do esclarecimento de suas próprias premissas não-esclarecidas. O marco, o recipiente em que isso acontece é a conversa, o diálogo modernos, o discurso, e isso quer dizer a conversa na acepção socrática do termo. Ela pressupõe abertura para a situação, para a questão a ser analisada e o parceiro de diálogo, para a outra coisa em sua alteridade e a outra pessoa em sua alteridade, ela requer a liberdade de questionar constantemente a si mesma, ganhar distância de si mesma para admitir novas opiniões. Essa abertura e liberdade, essa liberalidade e tolerância, não é uma aplicação e conseqüência de percepções teóricas, e sim o pressuposto para que uma conversação filosófica genuína seja bem-sucedida. Elas só podem ser adquiridas mediante exercício, educação, formação e exemplo. A formação, a autoconfiguração e o autodisciplinamento não são virtudes antiquadas, mas pressupostos de uma capacidade de escuta e reorientação genuína. É certo que a conversação filosófica não dá respostas definitivas. Só indica alternativas. Mas ganhando distância do coti-


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diano e da profissão, de hábitos raciocinativos e padrões de ação sedimentados e prediletos, ela oferece a possibilidade de encontrar outras formas de pensamento e ação e colocá-las à disposição, sem ter de se decidir por uma delas. Isso é considerado uma debilidade por algumas pessoas, especialmente por aquelas que anseiam ser desobrigadas de decidir e agir, invocando normas absolutas ou convenções que tenham um fundamento religioso e metafísico e, por conseguinte, reivindiquem normatividade, compromissividade absoluta. Contudo, num mundo demitologizado e desmetafisicizado, secularizado, tais compromissividades não podem mais ser aparentes. A suposta debilidade do diálogo mostra ser, neste caso, seu ponto forte, na medida em que, mediante a aclaração, ainda que parcial, a conversa tem uma função maiêutica, isto é, presta serviços de parteira, para refletir sobre o próprio pensamento e assumir decisões próprias que ninguém pode tomar por nós. O diálogo filosófico tem uma função catártica (caráter de purificação). Todo o mundo está familiarizado com a circunstância de sair de uma palestra, uma discussão centrada no conteúdo, um diálogo filosófico, sabendo mais do que quando entrou originalmente, mesmo que eles não tenham revelado resultados definitivos. Por conseguinte, o sentido e a finalidade da filosofia na vida consistem em ser um catalisador. Se se leva essa tarefa a sério, então é possível o consenso no sentido de um convívio multicultural também nos moldes de uma harmonia das discrepâncias e contradições, mas só, segundo a formulação de Lyotard, como ilha temporária em meio ao mar da dissensão.

[Tradução: Luís M. Sander]



TEMAS DOS CADERNOS IHU IDÉIAS N. 01 A teoria da justiça de John Rawls – Dr. José Nedel. N. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produções teóricas – Dra. Edla Eggert. O Serviço Social junto ao Fórum de Mulheres em São Leopoldo – MS Clair Ribeiro Ziebell e Acadêmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss. N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo – Jornalista Sonia Montaño. N. 04 Ernani M. Fiori – Uma Filosofia da Educação Popular – Prof. Dr. Luiz Gilberto Kronbauer. N. 05 O ruído de guerra e o silêncio de Deus – Dr. Manfred Zeuch. N. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construção do Novo – Prof. Dr. Renato Janine Ribeiro. N. 07 Mundos televisivos e sentidos identiários na TV – Profa. Dra. Suzana Kilpp. N. 08 Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho – Profa. Dra. Márcia Lopes Duarte. N. 09 Oligopólios midiáticos: a televisão contemporânea e as barreiras à entrada – Prof. Dr. Valério Cruz Brittos. N. 10 Futebol, mídia e sociedade no Brasil: reflexões a partir de um jogo – Prof. Dr. Édison Luis Gastaldo. N. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de Auschwitz – Profa. Dra. Márcia Tiburi. N. 12 A domesticação do exótico – Profa. Dra. Paula Caleffi. N. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roça: um jeito de fazer Igreja, Teologia e Educação Popular – Profa. Dra. Edla Eggert. N. 14 Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prática política no RS – Prof. Dr. Gunter Axt. N. 15 Medicina social: um instrumento para denúncia – Profa. Dra. Stela Nazareth Meneghel. N. 16 Mudanças de significado da tatuagem contemporânea – Profa. Dra. Débora Krischke Leitão. N. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: ficção, história e trivialidade – Prof. Dr. Mário Maestri. N. 18 Um initenário do pensamento de Edgar Morin – Profa. Dra. Maria da Conceição de Almeida. N. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro – Profa. Dra. Helga Iracema Ladgraf Piccolo. N. 20 Sobre técnica e humanismo – Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior. N. 21 Construindo novos caminhos para a intervenção societária – Profa. Dra. Lucilda Selli. N. 22 Física Quân tica: da sua pré-história à dis cussão sobre o seu con teúdo essencial – Prof. Dr. Paulo Henrique Dionísio. N. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a perspectiva de sua crítica a um solipsismo prático – Prof. Dr. Valério Rohden. N. 24 Imagens da exclusão no cinema nacional – Profa. Dra. Miriam Rossini. N. 25 A estética discursiva da tevê e a (des)configuração da informação – Profa. Dra. Nísia Martins do Rosário. N. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – MS. Rosa Maria Serra Bavaresco. N. 27 O modo de objetivação jornalística – Profa. Dra. Beatriz Alcaraz Marocco. N. 28 A cidade afetada pela cultura digital – Prof. Dr. Paulo Edison Belo Reyes. N. 29 Prevalência de violência de gênero perpetrada por companheiro: Estudo em um serviço de atenção primária à saúde – Porto Alegre, RS – Profº MS. José Fernando Dresch Kronbauer.


N. 30 Getúlio, romance ou biografia? – Prof. Dr. Juremir Machado da Silva. N. 31 A crise e o êxodo da sociedade salarial – Prof. Dr. André Gorz. N. 32 À meia luz: a emergência de uma Teologia Gay - Seus dilemas e possibilidades – Prof. Dr. André Sidnei Musskopf. N. 33 O vampirismo no mundo contemporâneo: algumas considerações – Prof. MS Marcelo Pizarro Noronha. N. 34 O mundo do trabalho em mutação: As reconfigurações e seus impactos – Prof. Dr. Marco Aurélio Santana. N. 35 Adam Smith: filósofo e economista – Profa. Dra. Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Araújo dos Santos. N. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emergente mercado religioso brasileiro: uma análise antropológica – Prof. Dr. Airton Luiz Jungblut. N. 37 As concepções teórico-analíticas e as proposições de política econômica de Keynes – Prof. Dr. Fernando Ferrari Filho. N. 38 Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial – Prof. Dr. Luiz Mott. N. 39 Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de capitalismo – Prof. Dr. Gentil Corazza N. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina – MS Adriana Braga N. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx – Profa. Dra. Leda Maria Paulani N. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação após um século de “A Teoria da Classe Ociosa” – Prof. Dr. Leonardo Monteiro Monasterio N. 43 Futebol, Mídia e Sociabilidade. Uma experiência etnográfica – Édison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leistner, Ronei Teodoro da Silva & Samuel McGinity N. 44 Genealogia da religião. Ensaio de leitura sistêmica de Marcel Gauchet. Aplicação à situação atual do mundo – Prof. Dr. Gérard Donnadieu N. 45 A realidade quântica como base da visão de Teilhard de Chardin e uma nova concepção da evolução biológica – Prof. Dr. Lothar Schäfer N. 46 “Esta terra tem dono”. Disputas de representação sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sepé Tiaraju – Profa. Dra. Ceres Karam Brum N. 47 O desenvolvimento econômico na visão de Joseph Schumpeter – Prof. Dr. Achyles Barcelos da Costa N. 48 Religião e elo social. O caso do cristianismo – Prof. Dr. Gérard Donnadieu. N. 49 Copérnico e Kepler: como a terra saiu do centro do universo – Prof. Dr. Geraldo Monteiro Sigaud N. 50 Modernidade e pós-modernidade – luzes e sombras – Prof. Dr. Evilázio Teixeira N. 51 Violências: O olhar da saúde coletiva – Élida Azevedo Hennington & Stela Nazareth Meneghel N. 52 Ética e emoções morais – Prof. Dr. Thomas Kesselring; Juízos ou emoções: de quem é a primazia na moral? – Prof. Dr. Adriano Naves de Brito N. 53 Computação Quântica. Desafios para o Século XXI – Prof. Dr. Fernando Haas N. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na Europa e no Brasil – Profa. Dra. An Vranckx N. 55 Terra habitável: o grande desafio para a humanidade – Prof. Dr. Gilberto Dupas N. 56 O decrescimento como condição de uma sociedade convivial – Prof. Dr. Serge Latouche N. 57 A natureza da natureza: auto-organização e caos – Prof. Dr. Günter Küppers N. 58 Sociedade sustentável e desenvolvimento sustentável: limites e possibilidades – Dra. Hazel Henderson


Cadernos IHU Idéias: Apresenta artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU. A diversidade dos temas, abrangendo as mais diferentes áreas do conhecimento, é um dado a ser destacado nesta publicação, além de seu caráter científico e de agradável leitura.


Karen Gloy iniciou a sua formação na Universidade de Hamburgo, concluindo o doutorado e a livre-docência na Universität Heidelberg. É professora de Filosofia e História das Mentalidades na Universidade de Lucerna (Suíça) e professora visitante na Universidade de Viena (Áustria).

Algumas publicações da autora Grundlagen der Gegenwartsphilosophie. Eine Einführung. Utb, 2006. Die Geschichte des ganzheitlichen Denkens. Das Verständnis der Natur. Komet, 2005. Die Geschichte des wissenschaftlichen Denkens. Das Verständnis der Natur. Komet, 2005. Unser Zeitalter – ein postmetaphysisches? Königshausen & Neumann, 2004. Wahrheitstheorien. Eine Einführung. Utb, 2004. Im Spannungsfeld zweier Kulturen. Königshausen & Neumann, 2002.


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