DA CIVILIZAÇÃO DO SEGREDO À CIVILIZAÇÃO DA EXIBIÇÃO1: A FAMÍLIA NA VITRINE
Maria Isabel Barros Bellini
A vida da criança era então considerada com a mesma ambigüidade com que hoje se considera a do feto, com a diferença de que o infanticídio era abafado no silêncio, enquanto o aborto é reivindicado em voz alta – mas esta é toda a diferença entre uma civilização do segredo e uma civilização da exibição (ARIÈS, 1981, p.18).
Introdução Vivemos em um mundo pleno de fenômenos contraditórios. Estão presentes em nosso cotidiano as diversas expressões da desigualdade social, a miséria, a concentração e abuso de poder, as guerras, o terrorismo, formas de aversão as diversidades (xenofobia, homofobia), ao mesmo tempo em que ganham espaço e visibilidade mundial os projetos de solidariedade, as descobertas fantásticas da medicina, os avanços tecnológicos, e uma preocupação com a preservação da natureza nunca dantes compartilhada. Ganham visibilidade o multiculturalismo, as mudanças tecnológicas radicais, a sofisticação no maltrato e a exploração sexual das crianças, a nova estrutura de trabalho e o fim do trabalho assalariado. Em meio a estes fenômenos, a família é um dos temas prioritários e sua importância tem o mérito de agregar interesses, seja profissionais, pessoais e/ou políticos. As possibilidades de compreensão são múltiplas, e o esquadrinhamento da família e suas relações não são conhecimentos dominados, mas um caminho construído no dia-a-dia. A construção desse conhecimento exige uma postura democrática, sensível e uma percepção global que rejeita a redução da família a uma instituição natural e concede uma importância fun1 O título do artigo foi inspirado no livro A história social da criança e da família (1981), de Phillipe ARIÈS.
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damental à qualidade das relações no mundo com ênfase na presença da afetividade nos processos de socialização. 1 Família diabolidealizada2 O individualismo moderno promove o recalque do caráter coletivo do que determina nossos atos – isto é justamente o que precisa ser recuperado para restaurar a confiança dos sujeitos no laço social, em relação ao qual somos todos ao mesmo tempo agentes e objetos (KEHL, 2000, p. 34).
Na sociedade contemporânea, circulam diferentes discursos sobre a família e sobre a qualidade dessas relações familiares. Alguns discursos mais freqüentes se referem a ela como desamparada, em crise, como espaço de destruição e de assassinatos psíquicos. Ao mesmo tempo, a família é referida como fonte de amor, porto seguro e lugar da construção da solidariedade, enfim, idealizada, idílica. Receptáculo de tantas contradições, a complexidade da família expressa, nas relações entre seus membros, o resultado de todo esse antagonismo, desenvolvendo no seu seio ações de disciplina e subordinação, de liberdade e diferenciação. Pode-se dizer que, na sua complexidade, a família como resposta a esses antagonismos cria mecanismos de flexibilidade, de criatividade e diversidade, mas também, em contrapartida, pode criar um conjunto de falsas autonomias. Morin estabelece essa reflexão no que se refere à sociedade. Afirma ele: Quanto mais uma sociedade é complexa, menos rígidas ou duras são as obrigações que pesam sobre os indivíduos e os grupos, de modo que o conjunto social pode se beneficiar das estratégias, iniciativas, invenções, ou criações individuais. Mas, numa situação extrema, o excesso de complexidade destrói qualquer obrigação, distendendo o laço social até o ponto em que a complexidade, em seu extremo, se dissolve na desordem (MORIN, 1997, p. 98).
Afirmações anônimas e cotianas em relação à família se repetem: “Família só em fotografia, ou nem em fotografia” ou “família só no Natal” são revelações do desconforto e da ambivalência existente nas relações familiares. São revelações dos diferentes olhares dirigidos a este grupo e que fomentam indagações sobre de que família final estamos falando. Construir conhecimento sobre a família é mexer com as próprias vísceras. Compreender as relações familiares é compreender como se expressam, suas raízes, idiossincrasias, é um processo de conhecimento e autoconhecimento. Abriga ambigüidades e polivalências e traz embutido um conjunto de possi2 Diabolidealizada é uma junção de duas expressões que se repetem nos discursos atuais sobre a família (da autora do artigo).
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bilidades e aprisionamentos. Tenta-se exaustivamente cativar em um conceito, o que absolutamente não pode ser encarcerado (BELLINI, 2002, p. 24). A história da família através dos séculos é grandiosa e sofreu transformações estonteantes, ao mesmo tempo em que permaneceu imutável em tantos talentos. As transformações atingiram não apenas a estrutura (pai/mãe/filhos), mas também a sua função em diferentes culturas e sociedades: Todas as culturas levam consigo histórias, crenças e maneiras de fazer coisas. Culturas são particularmente carregadas de significados. Vivenciamos praticamente todos os eventos mais íntimos de nossa vida dentro de uma cultura ou culturas. Dentro de nossas famílias ou grupos íntimos, aprendemos as regras e os meios aceitos de fazer as coisas. A vida pública é também determinada pelos significados criados por culturas (WALDEGRAVE, 2001, p. 25).
A família antiga tinha como missão primeira a conservação dos bens, a ajuda mútua, a proteção da honra e a prática de um ofício comum. O afeto não era importante, e ela volta-se para o externo. Os eventos exteriores eram mais significativos que a intimidade (ARIÈS,1981, p. 10). Nos séculos XVII e XVIII, observavam-se as seguintes orientações em relação à organização familiar. “Os deveres de um bom pai de família reduzem-se a três pontos principais: o primeiro consiste em aprender a controlar sua mulher. O segundo, em bem educar seus filhos, e o terceiro, em bem governar seus criados” (ARIÈS, 1981, p. 263). Para compreender a família, é necessário visitar a história e estar atento, estabelecendo um diálogo vigilante, rigoroso, acatando as mudanças nos diferentes momentos históricos. A escola tem ingresso na vida familiar a partir do século XVII, quando “substitui a aprendizagem como meio de educação. Isso quer dizer que a criança deixou de ser misturada aos adultos e de aprender a vida diretamente, através do contato com eles” (ARIÈS, 1981, p. 11). Isso modificou a organização familiar, e atingiu a sociabilidade, a expressão das emoções e dos instintos. Nos séculos XIX e XX, a criança tem um papel central e há o “recolhimento da família longe da rua, da praça, da vida coletiva, e sua retração dentro de uma casa melhor defendida contra os intrusos e melhor preparada para a intimidade” (ARIÈS, 1981, p. 23). A família constrói sua privacidade: os progressos do sentimento da família seguem os progressos da vida privada, da intimidade doméstica. O sentimento da família não se desenvolve quando a casa está muito aberta para o exterior: ele exige um mínimo de segredo. Por muito tempo, as condições da vida quotidiana não
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Maria Isabel Barros Bellini permitiram esse entrincheiramento necessário da família, longe do mundo exterior (ARIÈS, 1981, p. 238).
Essas mudanças tiveram determinações diversas desde a evolução da higiene e da medicina à tentativa de domesticação do operariado, esta última determinando “a imposição do modelo imaginário de família criado pela sociedade burguesa” (RAGO, 1997, p. 61), uma forma de regular e disciplinar as relações entre homens e mulheres. No Brasil, o receio da imigração e dos riscos trazidos pelos imigrantes, de doenças, dominação, degeneração da raça, fizeram com que a sociedade brasileira da época construísse um projeto de integração dos trabalhadores e de suas família num modelo tido como ideal. Neste projeto, a família era concebida como a peça mestra, e propunha-se “Um modelo imaginário de mulher, voltada para a intimidade do lar, e um cuidado especial com a infância, redirecionada para a escola ou para os institutos de assistência social que se criam no país [..]” (RAGO, 1997, p. 13). Buscava-se, então, instituir hábitos moralizados, costumes regrados, em contraposição às práticas populares promíscuas e anti-higiênicas observadas no interior da habitação operária, na lógica do poder significava revelar ao pobre o modelo de organização familiar a seguir (RAGO, 1997, p.61).
A família brasileira passa a estabelecer relações que se diferenciam das relações de outros grupos, impondo, a partir de então, uma característica muito significativa, a da privacidade: Nesta utopia reformadora, a superação da luta de classes passava pela desodorização do espaço privado do trabalhador de duplo modo: tanto pela designação da forma de moradia popular quanto pela higienização dos papéis sociais representados no interior do espaço doméstico que se pretendia fundar. A família nuclear, reservada, voltada para si mesma, instalada numa habitação aconchegante deveria exercer uma sedução no espírito do trabalhador, integrando-o ao universo dos valores dominantes (RAGO, 1997, p. 61).
A privacidade levou a família a um processo de interiorização, em que mesmo situações de violação de direitos são consideradas naturalizadas, e não é permitida a intrusão de outros. Nessas relações entre indivíduos, grupos, sociedade, durante o processo de desenvolvimento do qual a família é o primeiro agente, as origens das normas culturais que subjazem e orientam os comportamentos, crenças e a valoração do mundo (o que é bom, certo, errado, justo, pior etc.), produto do processo de construção cultural dessas mesmas sociedades, vão se perdendo na memória enquanto cons-
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truções, tornando-se inconscientes e, por conseqüência, naturalizadas (MACEDO, 2001, p. 41).
Ao estudarmos as relações familiares, inter-relacionamos com aspectos que abordaremos com um pouco mais de profundidades. São eles: s multiplicidade de discursos sobre/para a família; s centralidade das políticas públicas e do interesse acadêmico; s surgimento de novas tecnologias e mudanças nos padrões de comunicação e nas relações entre os homens; s impacto do processo de globalização e seus reflexos. 2 Ensaio sobre as multiplicidades: construções a respeito da família Que é feito de nossos sentimentos, num tempo em que eles ‘precisam’ tão avidamente ser plenamente falados e expostos? Que encanto extraordinário tem a esfera pública midiática, a ponto de por ela nos desfazermos de nossa intimidade? (FISCHER, 2001, p. 38).
2.1 Quanto à multiplicidade de discursos sobre/para a família Muitas vezes rotulada como em crise, com dificuldade de definir-se um conceito e determinar estruturas, a família sistematicamente gera discursos que lhe apregoam as virtudes tradicionais e que não mais estão presentes. Para Giddens, o que há é mais saudosismo do que convicção de que antigamente a vida em família fosse melhor: Há talvez mais nostalgia em torno do santuário perdido da família do que em qualquer outra instituição com raízes no passado. Políticos e ativistas diagnosticam rotineiramente o colapso da vida da família e clamam por um retorno à família tradicional (GIDDENS, 1999, p. 63).
Como produto dessas transformações, outros modelos de família, de inventividade de vínculos, começam a ser aceitos, e a família segue se modificando conforme o momento histórico e os impactos dos avanços tecnológicos. O espaço doméstico, antes percebido como uma extensão do útero materno, recebe, via telinha, um material a decodificar. Muitas vezes, os pais exercem papéis de simples espectadores sem interferir nas opções dos filhos, como seqüela de um discurso vago e prolixo sobre autoridade e autoritarismo paterno, que foi gestado após a experiência de relações de opressão vivenciadas por gerações anteriores e que reduziu a negação ou a exacerbação da importância da autoridade dos progenitores na criação dos filhos (BELLINI, 2002, p. 98).
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Observam-se discursos eloqüentes que fazem ameaças veladas à continuidade da família elegendo-a como principal causadora/mantenedora de patologias e destruidora das individualidades. Existe um discurso “caolho” e tendencioso, pois, ainda que [...] seja no seio da família e a partir de certas interações “patológicas” entre seus membros que as primeiras manifestações de família comparecem, decididamente não se pode afirmar que haja um protótipo de família que gere indivíduos violentos. Em corroboração a tal assertiva tem-se a constatação de que em determinadas famílias só um dentre vários filhos desenvolve tendências ao comportamento violento (OSÓRIO, 1999, p. 527).
Há uma exploração e até espetacularização da mídia a respeito de situações que envolvem famílias, denunciando ou divulgando novos estudos. O conteúdo desses discursos aponta modificações vividas pelas famílias: o trabalho feminino, as crianças cuidadas por outros membros que não a mãe, os recasamentos, as famílias reconstituídas. Lentamente, passa-se a construir o discurso dos perigos do lar e das relações de intimidade. E, assim, a “pequena família incestuosa que caracteriza as nossas sociedades, o minúsculo espaço familiar sexualmente saturado, onde somos criados e onde vivemos [...]” (FOUCAULT, 1997b, p. 65) está novamente sob vigilância. 2.2 Quanto à centralidade das políticas públicas e do interesse acadêmico A partir dos anos 1960, no Brasil, o interesse pela família ultrapassa mero dado estatístico e começa a ensaiar o interesse pelo cotidiano, pela qualidade das relações, e pela capacidade de reprodução de vida e de ideologias. Resulta disso um lucro econômico. Criam-se instituições para atendê-la, publicam-se livros, centros de estudo são organizados, elaboram-se disciplinas na escola, procedimentos de exclusão do agressor ou agredido são criados. Divide-se o controle do núcleo familiar, a partir de métodos de observação, instrumentos de registro. O interesse suscitado pelo tema nas últimas décadas revela que é fundamental um re-pensar a família em sua complexidade. Para Regina Mioto, a importância da família no contexto da vida social tem sido pautada cada vez mais devido à situação trágica “de sofrimento e abandono de milhares de crianças e adolescentes em todo mundo” (2004, p. 43). Ainda segundo ela, “as relações família e Estado têm sido objeto de estudo constante de especialistas em família nas diferentes áreas do conhecimento” (MIOTO, 2004, p. 42). Na construção de uma política que abarcasse a família a interferência do Estado têm priorizado três linhas de ação: “– legis-
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lação para regular as relações entre os membros da família; – políticas demográficas para incidir no incentivo ou controle da natalidade; e finalmente o que é descrito como – ‘difusão de uma cultura de especialistas nos aparatos policialescos e assistenciais do Estado destinados especialmente às classes populares’” (MIOTO, 2004, p. 45). Na profusão de estudos e de olhares sobre a família, indaga-se sobre a possibilidade de, ao invés de ser uma centralidade positiva, a família estar novamente sendo penalizada, e o que se tem concretamente verificado é “uma pauperização e uma queda crescente da qualidade de vida das famílias brasileiras [...].”(MIOTO, 2004, p. 46). Para Pereira, as respostas das políticas relacionadas à família no campo do bem-estar social apresentam duas concepções de pluralismo: Um seria o pluralismo liberal centrado na idéia da transferência de responsabilidades do Estado para a sociedade civil, através do processo de descentralização calcado na ótica da privatização [...] A outra concepção [...] pluralismo coletivista. Este prevê a participação da sociedade, porém não descarta a presença do Estado na provisão social. Trabalha com modelo institucional de políticas públicas, assentado no princípio da universalidade, e objetiva a manutenção e extensão de direitos (PEREIRA apud MIOTO, 2004, p. 47)
É uma discussão a ser adensada, envolve a todos: é polêmica, antagônica, complexa, dinâmica e fundamental. Trata-se de definir e criar condições concretas para que à família seja garantido o “direito de ser assistida para que possa desenvolver, com tranqüilidade, suas tarefas de proteção e socialização das novas gerações, e não penalizada por suas impossibilidades” (MIOTO, p. 57). Para isso, é necessário romper com concepções ultrapassadas e entender a família e sua reinvenção neste momento histórico não como fracasso, mas como uma resposta criativa, não buscando fragmentos e reproduções de um passado que, a própria história mostra, não foi tão glorioso para as relações familiares. Assim a família revitalizada, na relação com outros elementos da sociedade, cumpre a função que lhe é mais cara, de proteção e fortalecimento dos sujeitos nos seus processos de pertencimento, reconhecimento e diferenciação pois “somos sozinhos, perdidos, temos dor e uma imensa necessidade de amor. Todo o resto é construção artificial” (LÉVY, 2000, p. 39).
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2.3 Quanto ao surgimento de novas tecnologias e mudanças nos padrões de comunicação e nas relações entre os homens Em consonância com as transformações no interior da família, ocorreram as transformações no mundo das tecnologias. O advento do alfabeto, aproximadamente em 700 a.C., permitiu a construção do discurso escrito, separando a fala do autor. Essa evolução continuou desembocando no século XX com o filme, o rádio, a televisão e outros meios (CASTELLS, 1999). Evidências apontam que as tecnologias fomentam o isolamento, a cultura do espetáculo, a ausência do outro, a priorização do indivíduo, o autocentramento, “O sujeito vive permanentemente em um registro especular, em que o que lhe interessa é o engrandecimento grotesco da própria imagem. O outro lhe serve apenas como instrumento para o incremento da auto-imagem” (BIRMAN, 1999, p. 25). Ao visitarmos a história, aprendemos que a evolução da medicina e da higiene modificou a anatomia da família, uma das expressões se dá no interesse pelo corpo saudável, viril, harmonioso, escraviza homens, mulheres, crianças, jovens. A autoexaltação das individualidades choca-se frontalmente com os princípios que norteavam as relações humanas e em especial as relações familiares. A compreensão da família passa necessariamente pela compreensão das mudanças ocorridas na era da informação. Através da importância dada pelos órgãos de comunicação à família, percebe-se uma transformação no trato desse tema. A vida familiar deixa de ser segredo e passa a ser de domínio público através da mídia, o que cria interrogações sobre o efeito da mídia na construção dos sujeitos. Osório faz indagações neste sentido: “E que influência teria hoje a mídia? É ela reflexo dos anseios da sociedade ou formadora de suas opiniões e mobilizadora de seus atos? “(1999, p. 528-529). Paralelamente a isso, o espaço doméstico foi atingido sensivelmente, a organização familiar e as relações familiares foram invadidos por aspectos que dizem respeito a conforto, recursos técnicos, mobilidade, estilo de vida, organização na estrutura urbana, ou seja, há um outro fluxo na forma de organização dos espaços. Em função dessa nova ordem social, transformações significativas ocorreram nas relações familiares. A casa que, ao longo da idade média, foi moldada para ser o berço da sensibilidade humana, lugar da confidência, da intimidade, do sofrimento e da agonia, é na modernidade o local que abriga e desobriga às responsabilidades, transformando os conflitos em crises desprovidas de respaldo moral e ético. Além disso, a crescente condição de fragilidade, instabilidade e precariedade é acrescida de fatores que se inter-relacionam e se multiplicam, tais como: acesso à educação,
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incremento da pobreza, mudanças na configuração familiar, a ocupação do espaço urbano, transformação na intimidade, erotização do viver e individualismo da modernidade (KUYUMJIAN, 1998, p. 28).
As novas tecnologias provocaram uma alteração no viver e no conviver. Há outros elementos participando agora no cotidiano familiar através das propagandas, dos programas, da instauração de novas formas de lazer, das possibilidades de construir novas formas de viver a família. A questão mais importante talvez seja como garantir ao uso humanizado destas tecnologias um efeito hominizador. Desde a sociedade oral primária, todo um aparato tecnológico intelectual evidenciava-se como parte do cotidiano, sendo a palavra o artefato principal de então, a memória social. Esta tecnologia persiste até os dias atuais e se mantém vinculado à forma de viver cotidianamente, pois a maior parte das habilidades humanas transmitiu-se oralmente ou por imitação. Pierre Lévy refere uma nova cultura que vem sendo criada a partir de todo o crescimento tecnológico e aporta importantes conhecimentos sobre o cotidiano do cidadão, afirma ele: “Dominamos a maior parte de nossas habilidades observando, imitando, fazendo, e não estudando teorias na escola ou princípios nos livros” (1999, p. 84). 2.4 Quanto ao impacto do processo de globalização e seus reflexos Quanto a essa questão, é possível observar a facilidade com que se criam associações dos efeitos nocivos do processo intenso e ininterrupto da globalização e do avanço das novas tecnologias convivendo com análises que prevêem grandes sucessos e a solução para grandes impasses. A globalização, assim como acende as luzes de um futuro verdadeiramente extraordinário, com grande progresso da ciência, com o homem viajando cada vez mais longe na galáxia, também promove a devastação humana pela mesma avalanche que produz esses avanços. Na sociedade da palavra e da escrita, o alfabeto e a impressão tiveram seu papel fundamental de transmissores de formas de viver, pensar, conceber, construir conhecimento. Porém, vivemos na sociedade da rede digital ou da digitalização onde o conhecimento não é apenas transmitido oralmente ou através da escrita, e onde ele oscila dinamicamente, é utilizável, modificável e multiplicável. Diferentes saberes não são propriedades, são socializáveis e, quanto mais conhecidos e disponíveis, mais valorizados. Isso aponta para possibilidades e dificuldades: estímulo à criação e indisponibilidade quanto a situações já instituídas, e instabilidade e destruição, além de formas de subjetivação, de
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como os sujeitos, a partir de práticas e discursos, são produzidos e se produzem. Que relações estão associadas ao processo de globalização e a todas as suas conseqüências: desemprego, pauperização, exclusão, endividamento dos países pobres, acirramento das desigualdades sociais? Que possibilidades de construção de liberdade se associam ao incremento das tecnologias? Como é o uso dessas novas tecnologias e dos avanços da ciência? São formas mais sofisticadas de exclusão e de busca de raças perfeitas? Que sujeito está se construindo através dessa rede de relações? Especialmente, em um país como o Brasil, marcado por diferenças sociais tão significativas, que impacto terão esses avanços? As novas tecnologias constituem o processo de globalização e se tornam um poderoso elemento no aperfeiçoamento das formas de viver em família. Em diferentes partes do globo, grupos reivindicam direitos sobre iguais questões. O movimento gay tem seu dia comemorado nos Estados Unidos, Brasil e na Europa. Alterações climáticas são observadas no mundo e seus efeitos são de responsabilidade também da ação do homem sobre a natureza, determinando reestruturações e novas organizações. A tecnologia prevê ciclones, tornados e outras catástrofes naturais. [...] a globalização influencia a vida cotidiana tanto quanto eventos que ocorrem numa escala global [...]. Na maior parte do mundo, as mulheres estão reivindicando mais autonomia que no passado e ingressando na força de trabalho em grandes números. Esses aspectos da globalização são pelo menos tão importantes quanto os que têm lugar no mercado global. Eles contribuem para o estresse e as tensões que afetam os modos de vida e as culturas tradicionais na maior parte das regiões do mundo. A família tradicional está ameaçada, está mudando, e vai mudar muito mais (GIDDENS, 1999, p. 14).
De fato, as mudanças são muitas. Porém, é importante enfatizar que são tão positivas quanto negativas. Certamente, algumas parecem conter o detonador da grande explosão final, outras o sinal de promissoras experiências de solidariedade e afeto. No mundo globalizado, a mídia tem seu poder, porque, enquanto rede de informação, traduz, veicula e retém informações. A mídia é um lugar de democracia, mas também de autoritarismos, impõe conceitos, discute idéias. Permite opiniões, debates e determina fatos, constrói verdades. Fischer traz indagações a respeito dessas questões:
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Como se complementam ou entram em choque as conquistas de uma certa sociedade, em termos de suas relações políticas, jurídicas, econômicas, de gênero, geracionais, e as formas de sociabilidade construídas e veiculadas nos espaços da mídia? De que modo os sujeitos individuais se sentem de alguma forma representados ou excluídos nas narrativas televisivas? (FISCHER, 2001, p. 31).
Nestes “espaços de mídia”, como refere a autora, a informação não tem proprietário. Imediatamente, após sua transmissão, passa a ser do domínio de todo e qualquer cidadão que dela dispõe como quiser. Pode ser um instrumento de dominação e de socialização, uma arma para o bem e o mal, para a emancipação e a manutenção de poder. É a matéria-prima que fomenta novas práticas discursivas e não discursivas e pode consolidar espaços de liberdade e construir feudos. A informação tem como seu meio a mídia, que se constitui no veículo principal de argumentação e comunicação atual. O programa Big Brother Brasil, fenômeno de audiência, é um possível exemplo de exploração das relações pela mídia. Através do confinamento de um grupo de pessoas numa casa vigiada 24 horas por dia, em uma situação de disputa, aterrorizadas pelo medo de serem excluídas, o programa mobiliza intensamente o público e familiares, expõe intimidades, histórias pessoais, fantasias, estimula a competição, determina formas de agir e de ser relacionar. O telespectador – das mais diferentes faixas etárias e condições econômicas – interage, decide, é parte da disputa, vibra, sofre, esquece. Mas, no final, no corredor de saída dos excluídos, quem espera? A família, chorosa, feliz, continente, sempre presente, confiante. são modos de existências que [...] não apenas “refletem” o que ocorre na sociedade, mas se constituem eles mesmos como modos de vida produzidos no espaço específico da TV e da mídia de um modo geral (FISCHER, 2001, p. 19).
Nos antagonismos viscerais presentes nesse momento histórico, é possível refletir que, se os avanços tecnológicos permitem as denúncias, também permitem a criação, ou seja, o mesmo aparato mantém e fragmenta. A exposição das relações familiares em folhetins televisivos, comerciais e reportagens fomentam discursos sobre a fragmentação das relações afetivas, mas também dá visibilidade a maior flexibilidade nos papéis, maior horizontalidade entre os membros. 3 Família: escondida a olhos vistos “Tenho pais formidáveis que ainda se amam [...]. A gente vê que eles se amam porque os porta-retratos com as fotos do
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Maria Isabel Barros Bellini casamento e os cartões de felicitações ainda estão em cima do aparador, e eles já estão casados há sete anos” (HUSTON, 2008, p. 15).
Há futuro para a família? Quem poderia responder a essa indagação? É uma tarefa pretensiosa, onipotente, arrogante, louca, ou é uma aposta,3 uma tentativa de construção, uma referência? Essas dúvidas indicam a possibilidade de que o que está sendo indagado existe. A busca de resposta é aventura, “a aventura da vida é, em si mesma, uma história atropelada, com catástrofes que provocam extinções em massa entre as espécies e o surgimento de novas espécies” (MORIN, 2000a, p. 58). Essa aventura impõe desprendimento, disposição, organização de conhecimentos e construção de algo produtivamente humano, um conhecimento que tenha sentido para o homem. Que permita alimentar a família de elementos que acrescentem, que confiram um novo sentido, uma dimensão alteritária que contemple a existência do outro e conseqüente necessidade do outro. Este é o desafio, essa é a “dor e a delícia”. Para Morin, O homem talvez não se tivesse desenvolvido se não lhe fosse preciso responder a tantos desafios mortais, desde o avanço da savana sobre a floresta tropical até a glaciação das regiões temperadas. A aventura da hominização deu-se em meio à penúria e ao sofrimento (2000a, p. 58-59).
Acredita-se na capacidade do ser humano de construir sua própria história, determinar sua vida, construir seu cotidiano e escrever novas histórias, reinventar seu script, reinventar novas formas de relações afetivas, reinventar sua família. O que acena no horizonte são possibilidades tantas e, por vezes, tão antagônicas, que vão da insensibilidade automática à sensibilidade extremada, as quais compõem diferentes circunstâncias. Castells aborda essa questão ou essa multiplicidade de questões, e aponta que a dramaticidade das transformações sociais equipara-se às transformações que incidem nos avanços tecnológicos e econômicos, o que impõe uma “redefinição fundamental de relações entre mulheres, homens e crianças e, consequentemente, da família, sexualidade e personalidade “(CASTELLS, 1999, p. 22). Há perguntas, muitas, e igual número de respostas, pois a família, nas relações familiares, revive experiências, provoca fantasias, imaginações, tendências, potencialidades. Na busca de resposta ou de elaboração de novas indagações, diversos são
3 Aposta é a integração da incerteza à fé ou à esperança. A aposta não está limitada aos jogos ou aos empreendimentos perigosos. Ela diz respeito aos envolvimentos fundamentais de nossas vidas (MORIN, 2000, p. 62).
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os espaços de interlocução e diversos os elementos novos a serem injetados, introjetados, expelidos. Alguns autores entendem que as mudanças devem ser estruturais e devem garantir a democracia (GIDDENS, 1999, p. 87), a qual envolveria a “possível emergência de uma democracia das emoções na vida cotidiana. Uma democracia das emoções [...] é exatamente tão importante quanto a democracia pública para o aperfeiçoamento da qualidade de nossas vidas” (Idem, p. 72). Pensar a vida em família e revolucioná-la, encontrar o outro, lidar com a diferença, com a incerteza, com opostos, com a tendência ao centramento, configura um espaço “onde se desenrolam relações sociais, a família é uma instituição repleta de contradições, em que os aspectos objetivos e subjetivos se inter-relacionam em uma trama de emoções” (TEJADAS, 2007, p. 218), essa instituição que tem “seu lugar na cultura, portanto, como uma obra dos homens, como uma instituição que vem se transformando no curso da história, com implicações econômicas e sociais intervenientes” (Idem, p. 219). A família, por sua importância na vida dos sujeitos, pode permitir o reconhecer-se no outro, permitir a construção de relações criativas que incluam outras formas de prazer, de comunidade, como ponto de resistência, de desconstrução de identidades primárias, individualistas, recriando-as na relação familiar, no processo coletivo, construção de novas práticas com novas interações e novos saberes. O mundo contemporâneo, por sua dinâmica, pode possibilitar a criação de outras tantas relações intensas, democráticas, sentimentos que não são invenção e que assinalam uma nova dimensão nas relações familiares. Dimensão que, por sua intensidade e ineditismo, tem no seu âmago a possibilidade de romper com o “amortecimento de nossa capacidade de nos indignarmos diante da injustiça e da crescente indiferença coletiva ante a banalização da miséria e da família em nosso cotidiano existencial”, o que sinaliza o “exaurimento de nossa disposição a agir para tentar modificar esse estado de delinqüência institucionalizada em que vivemos” (OSÓRIO, 1999, p. 541). Num mesmo tempo histórico, em que tudo, a vida, a morte, as relações afetivas, parece ter se tornado experimental, televisual, espetacular, há a possibilidade de voltar-se para sentimentos que são construídos a partir de compromissos com a vida, com o respeito e a liberdade, o que forja uma nova confiança no laço social entre os sujeitos.
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Considerações finais Lá onde cresce o perigo, cresce também o que salva Hölderlin
Considerando o momento histórico e as transformações na sociedade, não é mais possível reiterar a idéia do poder estagnado. É fundamental construir outras maneiras de pensar as relações entre os sujeitos, e, em especial, as relações familiares. Em um movimento de contranitência em relação a uma sociedade que espetaculariza as tragédias, é necessário criar um redemoinho de idéias e possibilidades que venham a colorir esse mundo com diferentes matizes, revitalizando as relações familiares, a infância e a juventude, esculpindo nos blocos de pedras outras figuras, revendo responsabilidades e possibilidades. Culpabilizar a família por todas as tragédias e sofrimentos dos sujeitos é simplificador. É preciso criar antídotos para essas formas reducionistas de explicação das realidades, sendo um desafio “atribuir visibilidade e transparência a esses sujeitos de direitos: o seu modo de vida, cultura, padrões de sociabilidade, dilemas de identidade, suas necessidades, suas lutas pelo reconhecimento efetivo da cidadania, seus sonhos e esperanças, [...]” (IAMAMOTO, 2004, p. 265) É fantástico e arriscado pensar que a relação familiar possa conter um potencial de felicidade, pois a família está no banco dos réus. Relação familiar em que o sujeito faça suas escolhas experimente sua liberdade, construa outras práticas sociais em que um tenta completar no outro o que lhe falta, um afeto que não foi suficiente, uma possibilidade de ser continente. É necessária uma compreensão que inclua elementos outros que venham somar na busca de uma maior apropriação das relações familiares e da permanência dos sujeitos nestas relações, desconstruindo elementos, introduzindo outros. Essa compreensão aponta para as seguintes possibilidades: s construir novos conhecimentos a respeito da família cria a perspectiva dela viver suas relações de outras formas construindo um novo sujeito histórico, ativo, indagador, incansável, potencialmente criativo, destemido, singular e solidário, um sujeito que reconheça a sua precariedade e a necessidade do outro; s participar na recuperação da cidadania das famílias a partir de competências e não das vulnerabilidades, inserindo-as em políticas que se constituem em torno de redes sociais com o fortalecimento da vida comunitária, privilegiando o grupo familiar nas suas diferentes concepções e configurações múltiplas e não parceladas;
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s potencializar as relações familiares, alimentando-as de noções que tornam sua convivência uma experiência de prazer, amor; s re-encantar as relações familiares com leveza, cuidado, aliviando de premissas que tornam adultos criminosos por antecipação e mulheres e filhos vítimas por excelência. Com e a partir das mudanças constantes, contribuir para uma espécie de renascença na humanidade: “[...] não existem limites a priori para a eclosão de novos tipos de afetos, como tampouco existem limites para a produção de objetos ou de paisagens inéditas. Poder-se-ia mesmo falar de uma inventividade afetiva” (LÉVY, 2001, p. 108), transformando desde os espaços infinitesimais de nosso cotidiano até a macroestrutura, repensando as relações humanas em geral e as familiares em especial (BELLINI, 2002, p. 20). O futuro da família, em meio a mudanças, crises, novas configurações e evolução tecnológica, anuncia que esta pode se tornar um espaço por excelência na construção de relações de solidariedade, emergindo como um antídoto para o isolamento, narcisismo e individualismo. Algumas formas construídas pelas famílias trazem sofrimento, mas podem evoluir para formas acolhedoras, minimizando o sentimento de desamparo freqüente na experiência contemporânea tornando as relações interpessoais cada vez mais provisórias, mais voltadas para si e para o próprio prazer em detrimento do outro. Ainda que vivamos em uma sociedade plena de tecnologias, com todo potencial de criatividade voltado para o consumo, que antecipa e cria necessidades, e que disponibiliza “quase tudo” nos balcão por um preço, relações de qualidade não são encontrados na Internet nem em grandes magazines (BELLINI, 2002, p. 204). Este é um tensionamento constante enfrentado pela família quotidianamente pois a mesma sociedade que estimula o individualismo constrói projetos de solidariedade. É uma transformação, por vezes silenciosa, por vezes nem tanto, que reitera a concepção de direitos humanos e alimentar o sentimento de irmandade entre os sujeitos: “não se encerra numa raça, numa classe, numa elite, numa nação. Procede daqueles que, onde estiverem, o ouvem dentro de si mesmos, e dirige-se a todos e a cada um” (MORIN, 2000b, p. 175). É uma construção entre sujeitos livres em luta cotidiana e constante, tarefa é imensa e incerta. Não podemos nos subtrair nem à desesperança, nem à esperança. A missão e a demissão são igualmente impossíveis. Precisamos nos armar de uma “ardente paciência”. Estamos às vésperas não da batalha final, mas da luta inicial (MORIN, 2000b, p. 189).
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Maria Isabel Barros Bellini
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Maria Isabel Barros Bellini é natural de Ijuí/RS. É Assistente Social, graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Também é especialista em Saúde Mental, e mestre e doutora em Serviço Social, pela PUCRS. Atua como professora na FSS/PUCRS e é Coordenadora de Pesquisa na Escola de Saúde Pública/SES/RS. Também é coordenadora da Rede de Observatório de Recursos Humanos em Saúde/ROREHS/Ministério da Saude/OPAS. Algumas publicações da autora BELLINI, Maria Isabel Barros. A família como metáfora da fraternidade. In: Textos & Contexto. Perspectivas da produção do conhecimento em serviço social. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002, v.1, p. 66-76. BELLINI, Maria Isabel Barros; ANGNES, Decio Ignácio (Orgs.). Perfil profis-
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N. 90 N. 91 N. 92 N. 93 N. 94 N. 95 N. 96 N. 97 N. 98 N. 99 N. 100 N. 101 N. 102 N. 103 N. 104 N. 105 N. 106
Os índios e a História Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida – Profa. Dra. Maria Cristina Bohn Martins Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo – Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva Saberes populares produzidos numa escola de comunidade de catadores: um estudo na perspectiva da Etnomatemática – Daiane Martins Bocasanta A religião na sociedade dos indivíduos: transformações no campo religioso brasileiro – Prof. Dr. Carlos Alberto Steil Movimento sindical: desafios e perspectivas para os próximos anos – MS Cesar Sanson De volta para o futuro: os precursores da nanotecnociência – Prof. Dr. Peter A. Schulz Vianna Moog como intérprete do Brasil – MS Enildo de Moura Carvalho A paixão de Jacobina: uma leitura cinematográfica – Profa. Dra. Marinês Andrea Kunz Resiliência: um novo paradigma que desafia as religiões – MS Susana María Rocca Larrosa Sociabilidades contemporâneas: os jovens na lan house – Dra. Vanessa Andrade Pereira Autonomia do sujeito moral em Kant – Prof. Dr. Valerio Rohden As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 1 – Prof. Dr. Roberto Camps Moraes Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a partir da sociologia da ciência – MS Adriano Premebida ECODI – A criação de espaços de convivência digital virtual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso – Profa. Dra. Eliane Schlemmer As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 2 – Prof. Dr. Roberto Camps Moraes Futebol e identidade feminina: um estudo etnográfico sobre o núcleo de mulheres gremistas – Prof. MS Marcelo Pizarro Noronha Justificação e prescrição produzidas pelas Ciências Humanas: Igualdade e Liberdade nos discursos educacionais contemporâneos – Paula Corrêa Henning