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ideias
Os Cadernos IHU ideias apresentam artigos produzidos pelos convidados-palestrantes dos eventos promovidos pelo IHU. A diversidade dos temas, abrangendo as mais diferentes áreas do conhecimento, é um dado a ser destacado nesta publicação, além de seu caráter científico e de agradável leitura.
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Nanotecnologia e a criação de novos espaços e novas identidades
Marise Borba da Silva ano 8 - nº 139 - 2010 - 1679-0316
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS Reitor Marcelo Fernandes de Aquino, SJ Vice-reitor José Ivo Follmann, SJ Instituto Humanitas Unisinos Diretor Inácio Neutzling, SJ Gerente administrativo Jacinto Aloisio Schneider Cadernos IHU ideias Ano 8 – Nº 139 – 2010 ISSN: 1679-0316
Editor Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos Conselho editorial Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta – Unisinos Prof. MS Gilberto Antônio Faggion – Unisinos Profa. Dra. Marilene Maia – Unisinos Esp. Susana Rocca – Unisinos Profa. Dra. Vera Regina Schmitz – Unisinos Conselho científico Prof. Dr. Adriano Naves de Brito – Unisinos – Doutor em Filosofia Profa. MS Angélica Massuquetti – Unisinos – Mestre em Economia Rural Prof. Dr. Antônio Flávio Pierucci – USP – Livre-docente em Sociologia Profa. Dra. Berenice Corsetti – Unisinos – Doutora em Educação Prof. Dr. Gentil Corazza – UFRGS – Doutor em Economia Profa. Dra. Stela Nazareth Meneghel – UERGS – Doutora em Medicina Profa. Dra. Suzana Kilpp – Unisinos – Doutora em Comunicação Responsável técnico Antonio Cesar Machado da Silva Revisão Mardilê Friedrich Fabre Secretaria Camila Padilha da Silva Editoração eletrônica Rafael Tarcísio Forneck Impressão Impressos Portão
Universidade do Vale do Rio dos Sinos Instituto Humanitas Unisinos Av. Unisinos, 950, 93022-000 São Leopoldo RS Brasil Tel.: 51.35908223 – Fax: 51.35908467 www.ihu.unisinos.br
NANOTECNOLOGIA E A CRIAÇÃO DE NOVOS ESPAÇOS E NOVAS IDENTIDADES Marise Borba da Silva
Introdução Língua eletrônica, nariz eletrônico, Ipod nano, bolas de tênis que quicam duas vezes mais que bolas comuns, meias que não ficam malcheirosas, vidros autolimpantes (e que não molham), tecidos à prova de manchas e que repelem líquidos, vasos sanitários autolimpantes, nanoarroz, celular elástico dobrável que vira uma pulseira, detector de infarto e Alzheimer, esferas imantadas de plástico para extrair manchas de óleo do mar, carros cobertos por verniz que não sofre ação de riscos, CD/DVDs com capacidade de armazenar centenas de gigabytes de informação, pneus amarelos, azuis ou vermelhos, são apenas alguns dos recentes inventos da nanotecnologia. Se esta área de pesquisa para alguns desponta cheia de enigmas e temores, derivados e produtos nanotecnológicos, com poucas parafernálias, menores e com capacidades ímpares, acentuam sua presença no mercado, sem que se possa acompanhar a tempo seu progressivo desenvolvimento e ainda distantes da vida da maioria das pessoas. A multiplicidade de possibilidades que veio com a Física Quântica gerou certa angústia, derivada da abertura de imprecisão a que as pessoas de modo geral foram submetidas. Este acontecimento desbaratou todo cálculo e destreza, racionalmente projetados, abalando em muitos indivíduos as suas estruturas de apreensão dos fenômenos do mundo (levando em conta a condição limitante dos sentidos humanos) conformadas que estavam à dimensão destes fenômenos segundo padrões de escala já definidos e a incidência de detalhes captados. Com a nanotecnologia, a sociedade contemporânea se viu, então, às voltas com um novo grande paradoxo: ter que transitar da compreensão de um domínio tecnológico, situado entre grandezas de escala macro e micro e no qual comumente se faz determinados “cálculos” exigidos por atos ou políticas, para outro domínio cujas escalas de grandeza ultrapassam o alcance inteligível e em que tudo pode parecer ficção.
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Temos, de partida, um problema que julgo fundamental: de acordo com as cogitações consequencialistas em torno da nanotecnologia, condicionados que fomos a esperar por um fim iminente em toda ação humana e indiscutivelmente sempre primando pelos finais felizes, esta inovação emerge como a possibilidade de não apenas afetar toda a vida no planeta, mas também de alterar radicalmente a natureza humana. O “nanomundo” é, então, muitas vezes, magicamente colocado aos nossos olhos, ou também de modo disforme e caótico, a crermos inclusive que vivemos uma crise de identidade, advindo o novo sujeito que tem já várias denominações: “homem-máquina”, “pós-orgânico”, “pós-moderno”, “transumano”, “cybernetic organism”, “cyborg” e outras classificações do gênero. Apenas lembro que muitos dos temores e pré-visões vêm da confusão normal instalada sempre que se manifesta qualquer desenvolvimento humano, que promete algo realmente inovador. Há, então, uma questão importante colocada quando se fala em nanotecnologia: não se trata tão somente de distinguir os objetos de estudo, as técnicas utilizadas e os diferentes produtos que serão gerados, mas, sobretudo, é necessário saber o que significa trabalhar a essa escala. Ora, normalmente, qualquer grande desenvolvimento pode gerar grandes benefícios ou grandes malefícios, dependendo estritamente de quem se utiliza do conhecimento. É como uma inofensiva faca em meio a outros talheres: tanto corta o pão e a fruta quanto fere a carne e a alma humana. 1 Nanômetro: a dimensão que sempre existiu e confere identidade a coisas e seres Quando vamos ao mundo muito, muito pequeno – digamos, circuitos de sete átomos – acontece uma série de coisas novas que significam oportunidades completamente novas para design. Átomos na escala pequena não se comportam como nada na escala grande, pois eles seguem as leis da mecânica quântica. Assim, à medida que descemos de escala e brincamos com os átomos, estaremos trabalhando com leis diferentes, e poderemos esperar fazer coisas diferentes. Podemos produzir de formas diferentes. (FEYNMAN, 1959).1
De antemão, pude ter uma ideia do que representou o primeiro contato com a nanotecnologia para muitas pessoas com as quais conversei a respeito. Consegui, posteriormente, com a pesquisa realizada, delinear um quadro prévio sobre a enorme distância da grande maioria dos cidadãos brasileiros da nova
1 FEYNMAN, Richard P. Memória: há mais espaço lá embaixo. Revista Parcerias. CGEE, Brasília, n. 18, ago. 2004, p. 137-55.
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técnica, sobretudo, com relação aos seus parâmetros mensuráveis usuais para poderem na sua vida confrontar entre si magnitudes da ordem do nano, tão ínfimas, melhor dizendo, “invisíveis” até para os sentidos mais apurados. Na tentativa de situar melhor o que digo, para colocar a nanotecnologia em seu lugar e para conferir maior destaque ao seu distanciamento do mundo do vivido, considero que vale a pena recordar os parâmetros de medida. Posso afirmar com bastante convicção que boa parte das escalas diminutas não é muito “visualizada” em nossas ações corriqueiras, a não ser nos casos específicos em que dessas escalas precisemos para resolver um problema de ordem prática que exija um cálculo mais apurado ou em estudos que exijam certa precisão de dados e daí a necessidade de consultá-las. No Sistema Internacional de Medidas (SI), são usados múltiplos e divisões do metro, conforme é indicado na Tabela 1. Tabela 1: Ordem de grandezas: Múltiplos e submúltiplos do metro. ORDEM DE GRANDEZAS Múltiplos e submúltiplos do metro Unidade
Símbolo Relação com o metro
Fator pelo qual a unidade é multiplicada
Yottametro
Ym
1024
1 000 000 000 000 000 000 000 000 m
Zettametro
Zm
1021m
1 000 000 000 000 000 000 000 m
Exametro
Em
1018m
1 000 000 000 000 000 000 m
Petametro
Pm
1015m
1 000 000 000 000 000 m
Terametro
Tm
1012m
1 000 000 000 000 m
Gigametro
Gm
109m
1 000 000 000 m
Megametro
Mm
106m
1 000 000 m
Quilômetro
Km
103m
1 000 m
Hectômetro
hm
102m
100 m
Decâmetro
dam
101m
10 m
Metro
m
1m
1m
Decímetro
dm
10-1 m
0,1 m
Centímetro
cm
10-2 m
0,01 m
Milímetro
mm
10-3 m
0,001 m
Micrometro
µm
10-6 m
0,000 001 m
Nanômetro
Nm
10-9 m
0,000 000 001 m
Picometro
pm
10-12 m
0,000 000 000 001 m
Femtometro
fm
10-15 m
0,000 000 000 000 001 m
Attometro
am
10-18 m
0,000 000 000 000 000 001 m
Zeptometro
zm
10-21m
0.000 000 000 000 000 000 001 m
Yoctometro
ym
10-24m
0.000 000 000 000 000 000 000 001 m
Fonte: Wikipédia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Metro>.
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Sabemos bem que a unidade principal de comprimento é o metro, entretanto, existem situações em que essa unidade deixa de ser prática. Se quisermos, por exemplo, medir grandes extensões, como a distância da Terra em relação a determinado planeta, ela é muito pequena; no entanto, se quisermos medir extensões muito “pequenas”, como, por exemplo, o tamanho de um vírus, a unidade metro é muito “grande”. É importante notar, então, com base na Tabela 1, que a nanotecnologia, por vezes designada de “fabricação molecular” ou “nanotecnologia molecular”, engloba as pesquisas que trabalham com dimensões da ordem do nanômetro, sendo um nanômetro igual a 0,000001 milímetros, porém chamo a atenção para o fato de que, nas estruturas conhecidas como nanoestruturas, pelo menos uma das dimensões deve estar compreendida entre cerca de 1 e 100 nanômetros. O professor Oswaldo Luiz Alves (2004) alicerça esta constatação ao dizer que falar em nanoescala não implica apenas reportar-se ao pequeno, mas a um “tipo especial de ser pequeno” que é, no contexto da nanotecnologia, um “paradigma da maior importância”, orientando que nem tudo que tem dimensões nanométricas é, necessariamente, nanotecnológico. A nanotecnologia seria a aplicação de “nanoestruturas em dispositivos nanoescalares utilizáveis” (RATNER apud ALVES, 2004, p. 27). Situando ainda os comparativos entre a escala nanométrica e as demais, sobretudo, com relação às grandezas da megaescala (para cima) e as da nanoescala (para baixo), observo que a tecnologia, com a qual temos convivido na maior parte de nossas vidas, foi construída na escala humana, cujas proporções variam desde um centímetro até os vários quilômetros da linha do horizonte, tratando-se da escala em que percebemos o mundo. No que concerne às tecnologias de visualização macroscópica, nada de fato espanta tanto, nem mesmo a diferença de escala entre uma formiga e um elefante, pois considerados à medida usual dos sentidos podem ser inteligíveis e se tornarem o objeto de uma análise. Sabemos dizer facilmente que os elefantes são grandes e que as formigas são pequenas, e, se examinados numa escala maior esses dois animais, diz Lampton (1994), são basicamente do mesmo tamanho de acordo com algumas ordens de grandeza, não havendo diferença expressiva nos seus tamanhos, provavelmente. Ressalta o autor que a diferença de escala que existe entre ambos, formiga e elefante, é de cerca de quatro ordens de grandeza2 no máximo, o que considera insignificante. Entretanto, a extensão das magnitudes, mediante as quais nos orientamos comumente, varia aproximadamente do tamanho da formiga ao raio do horizonte. Vejamos isso em ordens de grandeza: 2 Vale lembrar que cada ordem de grandeza representa uma potência de dez.
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a) Formiga: cerca de 1 cm de comprimento ou 10-2 m; b) Horizonte cerca de 20 milhas à frente ou 3,2 x 104 m; c) Elefante: cerca de 10 pés de altura ou 3 m. O que acontece é que estamos acostumados em nossa vida diária com uma extensão de magnitudes que varia aproximadamente desde o tamanho de uma formiga ao raio do horizonte, conforme os valores apontados em torno de ordens de grandeza. O problema começa, então, quando se passa de um domínio a outro e se começa a fazer correspondências, sem que possamos recorrer ao que nos é tangível. Segundo Lampton (1994, p. 7), “Qualquer tecnologia que não se situa neste intervalo nos assombra. Oferecemos resistência para entendê-la. Ela parece mágica”. Isso é muito ruim, assegura o autor, porque os aspectos mais essenciais à vida e de nosso mundo acontecem fora desse macrointervalo, ou seja, no da microescala e da nanoescala. Logo, torna-se mais compreensível porque, quando nos defrontamos com tecnologias que não se situam na escala maior em que somos capazes de perceber quaisquer dispositivos de funcionamento, podemos ser mais facilmente induzidos ao erro ou ao medo daquilo de que a nossa escala humana não tem a “noção”, como é o caso do receio aos derivados nanotecnológicos que alguns manifestam. Além do fato de que também os efeitos quânticos entram em funcionamento nos processos nanotecnológicos, as propriedades da matéria em nanoescala diferem daquelas em grande escala devido, sobretudo, às maiores áreas exploráveis de superfície por unidade de volume na escala nanométrica. Ou seja, reduzindo-se o tamanho de uma partícula, aumenta a proporção da superfície sobre o volume, ou, quanto menor for a partícula, maior a área de superfície. Aumentando a área superficial, produz-se um material com novas características, determinadas pelas interações na interface, oferecendo propriedades únicas – como ocorre com a viscosidade, a tensão superficial etc. – e uma nova classe de material. Assim, propriedades que dependem mais da superfície do que do volume passam a contribuir de forma significativa para as propriedades do material que está sendo analisado3. Levando em conta que na mecânica quântica cada átomo ou molécula de alguma coisa agem como partículas interagentes e se encontram espacial e temporalmente numa região própria, particular e intersticial em comparação com regiões pertencentes a outras coisas mais exteriores, na escala de 0,1 a 100 nanômetros, algo novo acontece. Diferindo em vários pontos da física clássica e com base em princípios da física quântica, pode acontecer que as propriedades de um determinado material tornem-se melhoradas, e este passe a se comportar de modo que 3 PASA, André. E-mail recebido em 2 de março de 2007, às 4h29.
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novos tipos de propriedades, novos tipos de forças e de possibilidades sejam exibidos, capazes de alterar arranjos que a natureza teria produzido, ou mesmo o próprio homem. Assim também leis da física existentes no mundo, numa escala por nós estudada e com a qual estamos familiarizados, como a da gravidade, por exemplo, deixam de ter importância que tiveram até então, com o advento da nanotecnologia. O modo conforme os átomos e as moléculas se organizam em nanoescala determina a formação de novas propriedades mecânicas, ópticas, magnéticas etc. da matéria, que são a base de sua aplicação tecnológica; trata-se, pois, de um acontecimento relevante por se tornarem inteligíveis e sensíveis estruturas e propriedades da matéria, que não são vistas a olho nu nem em microscópios ópticos comuns, caracterizando uma complexidade de atributos novos, aparentemente impossível de ser entendida na escala humana, para as quais é exigida uma precisão que foge à experiência vivida (com base no metro, em centímetros, milímetros etc.). O que precisamos ter bem claro é que a escala de grandeza, tomada em sua particularidade nanométrica, sempre existiu, nós é que não dispúnhamos das condições para compreender que ela pudesse conferir visibilidade e sentido a espaços e a seres, que passaram a alcançar uma importância singular: a) os espaços, por possibilitarem uma identidade a quem neles vive (um vírus, por exemplo) ou neles pode viver (o homem em Marte) e a quem deles tem uma ideia (químicos, físicos, biólogos, engenheiros, geógrafos, sociólogos, antropólogos, economistas aptos a viver a grande experiência); e b) pelos atributos que conferem aos espaços e seres criados certa excentricidade e a possibilidade de novas experiências; c) os seres, por suas especificidades inerentes à sua interação ou imbricação íntima com estes espaços, em que sejam reconhecidos sinais de sua identidade e de outras tantas que podem ser conformadas, de modo a situar-se nesses acoplamentos, como diriam Maturana e Varela (2005), verdadeiros refúgios aos processos elaborativos de alternativas à continuação da vida e da existência. Pensar nas coisas desse modo pode não parecer algo de profundo interesse para alguém, mas vale dizer que à medida que um instrumento dispõe de magnitude e alcance em escalas ampliadoras, diferentes das que estamos habituados a usar, a avaliação visual torna-se mais objetiva, precisa e atenuadora dos pequenos pormenores. Diminui a distância com a fenomenalidade sensível, a consciência se aguça, e um mundo impensável ao humano de seres que poderiam passar pela nossa vida sem jamais serem conhecidos, sequer “imagináveis” por nós em sua dimensão, já se pode cogitar uma ideia de sua existência. Isso significa uma possibilidade ímpar de preencher algo que antes
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era apenas uma “mirada no vazio”, como acontece quando se pode visualizar as belas estruturas de cerca de 100 nm, que existem no interior de uma asa de borboleta, observada ao microscópio de força atômica ou no interior do DNA, de um átomo e de outros seres incomuns pelo seu tamanho, sem um elo com o tamanho que nossa escala humana alcança. O que pode ter soado como profecia, quando foi dito pelo físico norte-americano Richard Phillips Feynman, quanto à possibilidade de manipular e controlar coisas em escala atômica, arranjar os átomos da maneira que quiséssemos, podendo dispô-los um por um da forma desejada, deu lugar à realidade. Agora que o homem toca o coração da matéria e, átomo por átomo, pode chegar a construir moléculas sob a medida do nanômetro, o que impressiona nessa área do conhecimento em que cresce a amplitude de temáticas abordadas é a evidência de que quanto menor é o valor numérico da magnitude utilizada, mais se têm noções detalhadas dos objetos. Nas nossas expectativas “consequencialistas”, em geral, somos condicionados pela relação causa-efeito. Foi desse modo que se fortificou a ligação de efeito destrutivo entre a nanotecnologia e a emergência de um mundo pós-humano, tendo por base a manipulação da existência e a consequente previsão de desaparecimento do orgânico pelo domínio dos artifícios técnicos (FIMIANI et al., 2004). Também as técnicas mais recentes sobressaíram-se como condição de “fim da história”, de “fim do ambiente universo” e “fim do homem” (GALIMBERTI, 2003), culminando ainda na negação contemporânea da natureza humana e também na refutação da cultura como moldadora exclusiva da mente. Nada há de muito prazeroso nisso, tampouco há qualquer promessa de felicidade. Já constatei faz tempo, que a dualidade matéria-energia e a oposição entre orgânico e inorgânico, bipolaridades que estiveram muito presentes na minha formação na área das ciências biológicas, têm sido um grande empecilho para que entendamos a vida, a natureza, a nós mesmos. É possível o homem conceber-se como não sendo natureza? Como pode o homem pensar-se sem sais minerais, água, ar, elementos atômico-moleculares? Ora, não vamos para o trabalho, deixando em casa nosso inorgânico, tampouco deixamos para trás nossas nanopartículas celulares (mitocôndrias, DNA etc.). Do mesmo modo, quando vamos dormir, não desligamos nosso orgânico, ficando apenas nosso inorgânico em ação. O problema agora não é sair atrás do pós-humano ou pós-orgânico que virá ou já está aí para muitos. Penso que nunca fomos tão humanos quanto agora, demasiadamente humanos, como bradou Nietzsche. Admito que o homem cada vez mais se reconhece no mundo, nas coisas que faz. Como sugere
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Paul Valéry (apud NOVAES, 2007, p. 7): “O mundo moderno forma-se à imagem do espírito do homem”. Entendo, assim, que a nanotecnologia se vincula muito mais a uma lacuna cultural e social, imensa ainda quanto aos conhecimentos básicos da matemática para ultrapassar a cultura do metro e dominar o conhecimento necessário que permita decidir de forma sábia, consciente e com segurança o cotidiano em que vamos viver a escala nanométrica no seu projetar. Reporto-me às coisas e atos que constituem o domínio daquilo que não pode ser alcançado pelos nossos macrossentidos e, por isso mesmo, é dele dito muito pouco. Considero que uma tarefa tem sido lidar com a variedade incrível de seres vivos e objetos inorgânicos, de um grão de areia a uma galáxia, de um vírus a uma girafa; mas lidar com tipos de elementos diferentes que constituem a intimidade da natureza, necessários para produzir o mundo em que vivemos, a exemplo dos nanotubos e fulerenos, é da ordem do esotérico, não nos sendo, certamente, familiares do mesmo modo que nos situamos com relação ao mosquito da dengue ou a uma constelação. A situação muda completamente. Saber o que é fulereno é importante para entender a nanotecnologia, para que tenhamos uma ideia pelo menos que nos dê um indício de onde ela vem. Os fulerenos – terceira forma mais estável do carbono, após o diamante e o grafite, em que átomos de carbono formam pentágonos e hexágonos dispostos à semelhança de uma bola de futebol (como mostra a Figura 1), lembram as “cúpulas” ou “domos geodésicos” (abóbada hemisférica ou esferóide), criados pelo arquiteto Richard [“Bucky”] Fuller. Os “domos” são estruturas que se baseiam no fato de que, quando três triângulos se combinam de modo a formar uma pirâmide, cuja própria base é também um triângulo, forma-se um tetraedro. Podemos dizer que os conceitos geométricos estudados por Fuller sobreviveram ao seu criador de forma inesperada. Se forem juntados vários tetraedros para formar uma esfera, cortando-se a esfera ao meio, forma-se um hemisfério e revela-se, desse modo, uma “cúpula” ligada intimamente à nanotecnologia. Os fulerenos são o modelo de nanomaterial, geometria muito semelhante à das cúpulas de Fuller, de extraordinária resistência e de leveza excepcional, importante para a arquitetura, com o objetivo de criar abrigos versáteis, leves e flexíveis, ou máquinas de habitar, capazes de se modificarem conforme as necessidades de quem as habita. Exemplificamos com a estrutura biológica dos vírus, dos quasicristais (interessantes quando o assunto é a diminuição do atrito)4 e dos buckminsterfullerenos, demonstran4 Da mesma forma que os cristais normais, os quasicristais consistem em átomos que se combinam para formar estruturas geométricas, como triângulos, retângu-
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do que este arquiteto soube interpretar os “fundamentos geométricos da natureza”, indo muito além do que, talvez, ele mesmo pudesse prever. Os fulerenos inspiraram a grande simplicidade e versatilidade dos “origamis” de DNA do pesquisador Paul W.K. Rothemund, especialista em nanotecnología do California Institute of Technology, Pasadena, Califórnia, convertendo-o em uma revolução dentro da arquitetura à nanoescala. Paralelamente, chegamos a um tempo em que tantas e tantas indagações sobre a técnica estão nos colocando em contato com elementos da cultura e da arte, num aparente extremo de sua libertação, que consiste nos muitos e infinitos sentidos com que surgem e que aproximam as diferentes formas de “profano” e “sagrado”, admitem o “dissonante”, o “finito”, o “bem” e o “mal”, o “belo” e o “feio”, a “dor” e o “prazer”, tudo isso que existe no homem. Figura 1: Fulereno (Buckminsterfullerene)
Fonte: Schlumberger. (imagens trabalhadas pela autora). Disponível em: <http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.seed.slb.com/ pt/scictr/watch/fullerenes/images/c60.jpg&imgrefurl=http://www.seed. slb.com/pt/scictr/watch/fullerenes/begin.htm&h=198&w=200&sz=13&hl= pt-R&start=4&um=1&tbnid=71HXyNt_jZ9veM:&tbnh=103&tbnw=104 &prev=/images%3Fq%3Dfulereno%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26rlz %3D1T4ADBF_pt-BRBR236BR237%26sa%3DN>. Acesso em: 12 jan. 2008.
Este estado de acontecimentos, que vem de longe, mexeu tempo, espaço, dimensões, natureza e vida; mostra-nos que, além do aquecimento imperativo no campo do poder e dos interesses costumeiros, ainda ocorrem desenraizamentos de grande amplitude no sentido étnico, no ético e no estético (a exemplo do uso de nanopartículas na área da implantodontia, em que as pessoas procuram, além da saúde bucal, um sorriso mais perfeito, como é mostrado nas Figuras 2 e 3. Quanto aos aspectos étilos, pentágonos etc., que se repetem em um padrão. Mas, ao contrário do que acontece nos cristais, seu padrão não se repete a intervalos regulares. As ligas metálicas quasicristalinas, uma vez que, entre suas propriedades, combinam-se as propriedades de resistência à abrasão e ao calor das resinas antiaderentes com a condutividade térmica própria dos metais, são usadas em grande número de aplicações industriais, a exemplo das conhecidas panelas antiaderentes.
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cos, é necessário compreendê-los fora do moralismo ultrapassado, para o melhor convívio social e para embasar futuras propostas de ação social com base na origem, natureza e fundamentos das questões que marcam indiscutivelmente novos tempos. Figura 2: In-Ceram: Massa cerâmica de infiltração livre da utilização de metal, à base de nanopartículas de porcelana, que pode ser de zircônia ou alumina. Ela possui melhoria de resistência, acabamento, forma, contorno, polimento, qualidade, cimentação não adesiva, baixo grau de condutividade térmica, translucidez, pouco peso, estética etc. Minimiza ou mesmo exclui os problemas convencionais das próteses metalo-cerâmicas, tais como, bordas metálicas visíveis, retração da gengiva, deficiências nas ligas de metal e cerâmica, corrosão, intolerância aos metais, entre outros. Antes, as coroas eram feitas de macro e micropartículas.
Fonte: Acervo da pesquisadora. Colaboração do odontólogo e implantologista Jatir Moraes.
Figura 3: Dente antes e depois da instalação de implante com In-Ceram (sistemas cerâmicos mais utilizados para a construção de coroas).
Fonte: Acervo da pesquisadora. Colaboração do odontólogo e implantologista Jatir Moraes.
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Outros exemplos de desenraizamento já estão presentes em nossa vida faz tempo, mostrando imbricação entre orgânico e inorgânico, dentre os quais enfatizamos o instituir de novas disposições estéticas – excessivamente abstratas e absurdas algumas – e de identidades sui generis para os nossos olhos. Além da busca por novas experiências e busca pelo prazer, colocando entre a dor e o prazer uma tênue linha de distinção, chegaram até nossos tempos formas mais radicais de body modificatio, como os procedimentos que podem ser citados: afiar dentes, cortar a língua ao meio, implantar chifres, perfurar o corpo por joias de tamanhos variados, cores e formas e fazer a scarification. Tal como o branding, prática extremamente dolorosa (a mesma utilizada nas marcações do gado), que pode causar inúmeros problemas de cicatrização, a scarification, também conhecida como “a arte do queloide”, que consiste em fazer cortes profundos na pele, para que ela se abra e seja depositada em seu interior, no caso de pessoas muito claras, tinta utilizada para se fazerem tatuagens. Nas pessoas escuras, é colocado um alcaloide cinzento no interior do corte. Existem alguns indivíduos que se tatuam, cortando a pele com uma faca aquecida, para que já ocorra a cauterização durante o corte. Vale destacar que não se utiliza anestesia durante estes processos, que devem ser bastante dolorosos, como é possível imaginar. Segundo Klesse (1999, p.15), “tatuagem, piercings múltiplos, branding, cutting e escarificações são algumas das mais radicais, permanentes modificações corporais nesse contexto”. Também lembramos as próteses, das parafernálias cheias de pinos e parafusos, usados no corpo em caso de acidentes, por exemplo, entre muitos outros “estranhos dispositivos técnicos”, que chamaríamos de bodyphilos, dada sua afinidade com o corpo (ver Figura 4). Figura 4: Piercing colocado na língua e pinos metálicos infiltrados nas pernas, devido a acidente.
Fonte: Acervo da autora.
A aproximação com a arte, como techne, parece estar bem presente na trajetória que a nanotecnologia vem desenvolven-
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do, sobretudo como é evidenciado em trabalhos de artistas plásticos, a exemplo de Eduardo Kac e Nancy Nisbet. O primeiro, natural do Rio de Janeiro, é considerado um dos pioneiros em arte digital e biotecnológica, incluindo, em suas obras, experimentações com materiais biológicos e, recentemente, vem se dedicando à arte transgênica, unindo a engenharia genética à criatividade artística. A segunda, artista canadense, que trabalha com arte visual e fotografia, pesquisa os relacionamentos mediados pela tecnologia. Especificamente, Nancy investiga identidade: como algo pode mudar quando é representado online, e como o online pode mudar a identidade corporal. Seu trabalho mais expressivo é marcado pela implantação cirúrgica de dois microchips de “identidade” em suas mãos (uma inspiração a partir da guerra dos Estados Unidos e aliados contra o Iraque e seu clima de terror). Os microchips servem como marcadores de duas identidades distintas, rastreando cada versão enquanto online. Este projeto investigativo inclui a consideração das mudanças entre identidades de trabalho e jogo e também se aproxima de edições tecnológicas culturais de vigilância e privacidade, incorporando temas compartilhados com sociologia, psicologia e antropologia. Muito do trabalho da artista é considerado político, tecnológico e pessoal, especificamente, abordando os meios de comunicação em suas misturas de edições de poder, economia, e vigilância e suas influências culturais em divertimento/lazer, identidade e comunidade, cremos, e feito na ótica de procedimentos de colonização/domesticação, como forma de anular no outro sua identidade ou de poder controlá-lo, a exemplo da recente inserção de chips em presos para acompanhar suas tentativas de fuga e rebeldia. De modo geral, o “outro”, “o estrangeiro”, sempre representa um estranho, mesmo aquele que habita dentro de nós mesmos – o outro (de mim ou de outrem), ao modo do que percebemos por meio dos nossos cinco sentidos como coisas separadas. Esta separação na realidade não significa desligamento, o que fez Montaigne ver no homem um ser que traz consigo a inteira humana condição e similarmente Goethe afirmar que os homens trazem em seu interior não apenas a sua individualidade, mas a humanidade inteira, com todas as suas possibilidades. Inegavelmente, uma vez implantadas, as nanotecnologias passaram a ocupar um lugar central, por sua natureza molecular e próxima da capacidade de construir materiais e produtos com precisão atômica, ao configurarem um novo espaço e revolucionarem as noções, tempo, alteridade e comunidade, desenhando também objetivos, potências e usuários diferentes. Para elucidar essa projeção, reporto-me ao campo da comunicação e da informação, enormemente impulsionado pelo desenvolvimento dos nanochips em crescente expansão. Começo perguntando: Que relação se pode fazer entre um “pixel” e um “nanotubo” de car-
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bono (nanotubos são moléculas cilíndricas, formadas por átomos de carbono, cujo diâmetro é de um a três nanômetros e cujo comprimento de 1.000 nm)? Quanto à possível aproximação entre pixel (termo que vem da abreviação do termo em inglês pictures elements ou elementos da fotografia digital) e nanotubos, nada tem de extraordinário. Ora, vários pixels em sua “junção” formam uma imagem inteira. O pixel é então o que se considera o menor elemento em um dispositivo de exibição (como, por exemplo, um monitor de um computador), ao qual é possível atribuir-se uma cor. Esta unidade mínima de captura de luz, verdadeiras fotocélulas que conseguem transformar luz em sinais elétricos, sensibiliza um sensor de captura digital que, a exemplo do olho humano, é composto de milhões de pequenos sensores que capturam os pixels, logo os menores pontos que formam uma imagem digital. Cada um desses pontos possui a informação que determina sua cor. Na verdade, este conjunto de pontos é organizado no formato de uma matriz, sendo que esta matriz é que forma a imagem e determina a resolução desta imagem. Assim, é mediante este “mapa” constituído de muitos deles que se forma a imagem inteira. Atribui-se que os pixels têm o formato quadrado, correspondendo ao formato desses minúsculos sensores que capturam a luz. Explicando melhor, como cada pixel é capturado por um pequeno sensor quadrado, tem, portanto, o formato quadrado. Isso explica o que acontece quando ampliamos demais uma fotografia, nós a vemos realmente num aspecto de grãozinhos também quadrados. Com efeito, pode-se definir uma imagem fotográfica digital como uma ilusão de ótica pelo agrupamento muito coeso desses pixels, conjunto percebido como uma imagem sem arestas pela vista humana. Se agruparmos bastante esses pixels, a fotografia parecerá melhor e mais nítida; se espalharmos esses pixels (ampliando a foto), a imagem parecerá pior e menos nítida. Quanto mais ampliarmos a foto, melhor veremos os pixels e pior a qualidade da imagem; desse modo, quanto mais sensores existem num dispositivo, maior é a quantidade de pixels formada, maior é a resolução e também maior é o tamanho com que uma imagem pode ser ampliada sem que apareçam os contornos quadrados dos pixels que, se surgem para nosso olhar, fazem decair a qualidade do que vemos. Devido ao limite visual humano, com a perda visual da qualidade da imagem, ou seja, com menos pixels, percebemos que estamos sendo visualmente “iludidos”. Em outras palavras, quando se trata de pixel, tamanho é documento e, da mesma forma, quando se fala em nanotubos de carbono, tamanho é documento, também! É aí que podemos encontrar a relação entre um e outro (Ver Figura 5).
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Figura 5: Lápis com nanopartículas organometálicas adicionadas: ponta de grafite compacta ampliada, mostrando o pixel, e nanotubo de grafite.
Esta relação entre pixel e nanotubo está evidenciada na reportagem Antenas de nanotubos de carbono para telefones celulares e TVs, do site Inovação Tecnológica5: “Conjuntos de nanotubos também poderão processar dados de imagens em cada pixel, permitindo a melhoria das imagens de televisores”. Cada pixel é construído com nanotubos de carbono, que possuem dimensões nanométricas6. Numa combinação sofisticada e eficiente de uma série de dispositivos avançados com pixels e nanotubos de carbono, integrados ao microscópio, incorporar-se-ão tratamentos de imagens pela combinação de detectores mais sensitivos, obtendo-se imagens de dimensões significativas7, o que é extremante importante na obtenção de informação e análise de dados com base na observação de superfície de amostras e mesmo do interior de amostras transparentes.
5 Revista Diversa. Universidade Federal de Minas Gerais. Ano 5 – nº. 10 – outubro de 2006. Disponível em: <http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noti cia.php?artigo=010160040205>. Acesso em: 10 mar. 2006. 6 Para mais detalhes a este respeito, sugerimos a leitura do artigo Nanotecnologia: Viagem ao país dos “nanos”. Disponível em: <http://www.ufmg.br/diversa/10/ nanotecnologia.html>. Acesso em: 10 nov. 2006. 7 Indicamos um importante artigo a este respeito: Novas e originais nanoestruturas: origâmis de DNA, consta no site do LQES (Laboratório de Química do Estado Sólido). Disponível em: <http://lqes.iqm.unicamp.br/canal_cientifico/lqes_news/ lqes_news_cit/lqes_news_2006/lqes_news_novidades_756.html>. Acesso em: 20 nov. 2007.
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Paralelo a isso, tem sido citado o rendimento superior dos transistores elaborados com nanotubos de carbono, embora se considere que é bastante difícil produzir tais transistores em massa para a fabricação de nanochips informáticos. Mas, na prática, devido à possibilidade de extinção dos microchips e sua substituição por nanochips, como também aconteceu com os transistores no século XX, que substituíram as antigas e grandes “válvulas” de rádio e TV (que a geração mais nova pouco ou nem conhece), porque quanto menores mais poderosos são os processadores e menos energia é necessária para operá-los. A revolução informática em pauta disponibilizará uma capacidade de computação milhões de vezes maior num pacote nanoscópico. No entanto, não esqueçamos que a invenção de formas cifradas da linguagem numa dimensão mais ínfima, como é o caso da própria criptografia quântica, alterou a própria natureza do relacionamento interpessoal, com rumos que não seguem obrigatoriamente as rotas determinantemente traçadas, derrubando preconceitos infundados e ideias deturpadas sobre outros lugares, idades, sexo, raças, estilos de vida e credos. Quando se fala em nanocomputadores, o que abre caminhos para se pensar concretamente em androides, inteligência e vida consideradas artificiais, não se trata de algo absurdo. Mais precisamente, o que há é uma penetração na intimidade da natureza, numa dimensão nanoscópica, pela informação, pelo conhecimento molecular, a dispor-se já de uma rede inédita concentrada no desenvolvimento de novos materiais e de alternativas surpreendentemente inovadoras. Se relacionarmos este avanço sem precedentes aos atos de “hackeamento” (que na sua origem antecedem a dos computadores), desde que entendidos como um contínuo desenrolar de soluções imaginativas que quebram regras, de uma maneira que seja brilhante e extremamente imaginativa, teremos uma potencialização impensável no que se refere a este campo de ação. Penso em algo como significaram na história: a) o ato de descartar o espaço euclidiano, que provocou uma enorme transformação de dois conceitos basilares da física: o de “espaço” e o de “tempo”; b) o modo de agir do notável físico Richard Feynman, considerado um rebelde incorrigível, dentre outras coisas um dos pioneiros da nanotecnologia, ganhador do Prêmio Nobel de Física pelo seu célebre trabalho com o desenvolvimento da “eletrodinâmica quântica” e trabalho em projetos ousados (como o Projeto Manhattan, que desenvolveu a bomba atômica). Esta cultura tecnológica, segundo Castells (2002), herdada da ética dos hackers, de forma progressiva, foi sendo marcadamente determinada pela capacidade de manipulação da matéria e da informação em pequena escala, o que será acelerado mediante a introdução das nanotecnologias. Forçadamente novas tecnologias que exigem ações finas, como as de base “nano”,
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encontradas nos novos tipos de dispositivos de armazenamento em massa, baterias, microprocessadores, conexões entre computadores e ecrãs, também abrindo caminho a mais inovações, como a energia sem fios, a se tornarem acessíveis inicialmente a um restrito número de usuários, chegarão com o tempo a uma parcela maior da humanidade. Ficamos impactados diante de novos comportamentos dos corpos com os quais lidamos cotidianamente a partir do conhecimento emanado pelo comportamento de propriedades dessas pequenas unidades “invisíveis” da matéria, os átomos e as moléculas. Este estudo pode despertar e aguçar outros quanto ao modo de analisar a relação entre a nanotecnologia e a constituição de novos espaços, novas dimensões, novas identidades, trazendo sentido e provocação para que os projetos de cientistas contemplem preocupações e reflexões que se ocupem das mudanças do ser humano com suas representações, vínculos, sentimentos e novas formas de pensar em todas as fases da vida. Isso é necessário para que possam ser abertos espaços mais amplos, para que os cidadãos em geral melhor se situem, acompanhem o desenrolar das criações científicas e técnicas e tomem decisões sobre o que representa para si mesmos passar a conviver com uma tecnologia da ordem do bilionésimo – não mais do metro, do macro nem do micro – e tomarem nas mãos com mais firmeza e conhecimento seus próprios destinos. Referências ALVES, Oswaldo Luís. Nanotecnologia, nanociência e nanomateriais: quando a distância entre presente e futuro não é apenas questão de tempo. Revista Parcerias Estratégicas. CGEE, Brasília, n. 18, p. 23-40, ago. 2004. p. 9-21. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. CAROS AMIGOS. Pós-humano: o desconcertante mundo novo. São Paulo: Casa Amarela. Mensal. Ano XI, n. 36, nov. 2007, p 4-30. FIMIANI, M; KUROTSCHKA V. G.; PULCINI, E. Umano-post-umano: potese, sapere, ética nell’età globale. Rome: Riuniti, 2004. GALIMBERTI, U. Psiche e techne: L’uomo nell’età della técnica. Roma: Feltrinelli. KLESSE, Christian. Modern Primitivism: Non-Mainstream Body Modification and Racialized Representation. Body & Society, v. 5 (2-3), London: Sage Publications, 1999. p. 15-38. MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2005. NOVAES, Adauto. CAROS AMIGOS. Pós-humano: o desconcertante mundo novo. São Paulo: Casa Amarela. Mensal. Ano XI, n. 36, nov. 2007, p 6-7.
TEMAS DOS CADERNOS IHU IDEIAS N. 01 N. 02
N. 03 N. 04 N. 05 N. 06 N. 07 N. 08 N. 09 N. 10 N. 11 N. 12 N. 13 N. 14 N. 15 N. 16 N. 17 N. 18 N. 19 N. 20 N. 21 N. 22 N. 23 N. 24 N. 25 N. 26 N. 27 N. 28 N. 29 N. 30 N. 31 N. 32 N. 33 N. 34 N. 35 N. 36 N. 37 N. 38 N. 39 N. 40 N. 41 N. 42 N. 43 N. 44 N. 45 N. 46 N. 47 N. 48 N. 49
A teoria da justiça de John Rawls – Dr. José Nedel O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produções teóricas – Dra. Edla Eggert O Serviço Social junto ao Fórum de Mulheres em São Leopoldo – MS Clair Ribeiro Ziebell e Acadêmicas Anemarie Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Globo – Jornalista Sonia Montaño Ernani M. Fiori – Uma Filosofia da Educação Popular – Prof. Dr. Luiz Gilberto Kronbauer O ruído de guerra e o silêncio de Deus – Dr. Manfred Zeuch BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construção do Novo – Prof. Dr. Renato Janine Ribeiro Mundos televisivos e sentidos identiários na TV – Profa. Dra. Suzana Kilpp Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho – Profa. Dra. Márcia Lopes Duarte Oligopólios midiáticos: a televisão contemporânea e as barreiras à entrada – Prof. Dr. Valério Cruz Brittos Futebol, mídia e sociedade no Brasil: reflexões a partir de um jogo – Prof. Dr. Édison Luis Gastaldo Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de Auschwitz – Profa. Dra. Márcia Tiburi A domesticação do exótico – Profa. Dra. Paula Caleffi Pomeranas parceiras no caminho da roça: um jeito de fazer Igreja, Teologia e Educação Popular – Profa. Dra. Edla Eggert Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prática política no RS – Prof. Dr. Gunter Axt Medicina social: um instrumento para denúncia – Profa. Dra. Stela Nazareth Meneghel Mudanças de significado da tatuagem contemporânea – Profa. Dra. Débora Krischke Leitão As sete mulheres e as negras sem rosto: ficção, história e trivialidade – Prof. Dr. Mário Maestri Um itinenário do pensamento de Edgar Morin – Profa. Dra. Maria da Conceição de Almeida Os donos do Poder, de Raymundo Faoro – Profa. Dra. Helga Iracema Ladgraf Piccolo Sobre técnica e humanismo – Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Junior Construindo novos caminhos para a intervenção societária – Profa. Dra. Lucilda Selli Física Quântica: da sua pré-história à discussão sobre o seu conteúdo essencial – Prof. Dr. Paulo Henrique Dionísio Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a perspectiva de sua crítica a um solipsismo prático – Prof. Dr. Valério Rohden Imagens da exclusão no cinema nacional – Profa. Dra. Miriam Rossini A estética discursiva da tevê e a (des)configuração da informação – Profa. Dra. Nísia Martins do Rosário O discurso sobre o voluntariado na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – MS Rosa Maria Serra Bavaresco O modo de objetivação jornalística – Profa. Dra. Beatriz Alcaraz Marocco A cidade afetada pela cultura digital – Prof. Dr. Paulo Edison Belo Reyes Prevalência de violência de gênero perpetrada por companheiro: Estudo em um serviço de atenção primária à saúde – Porto Alegre, RS – Prof. MS José Fernando Dresch Kronbauer Getúlio, romance ou biografia? – Prof. Dr. Juremir Machado da Silva A crise e o êxodo da sociedade salarial – Prof. Dr. André Gorz À meia luz: a emergência de uma Teologia Gay – Seus dilemas e possibilidades – Prof. Dr. André Sidnei Musskopf O vampirismo no mundo contemporâneo: algumas considerações – Prof. MS Marcelo Pizarro Noronha O mundo do trabalho em mutação: As reconfigurações e seus impactos – Prof. Dr. Marco Aurélio Santana Adam Smith: filósofo e economista – Profa. Dra. Ana Maria Bianchi e Antonio Tiago Loureiro Araújo dos Santos Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emergente mercado religioso brasileiro: uma análise antropológica – Prof. Dr. Airton Luiz Jungblut As concepções teórico-analíticas e as proposições de política econômica de Keynes – Prof. Dr. Fernando Ferrari Filho Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial – Prof. Dr. Luiz Mott. Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de capitalismo – Prof. Dr. Gentil Corazza Corpo e Agenda na Revista Feminina – MS Adriana Braga A (anti)filosofia de Karl Marx – Profa. Dra. Leda Maria Paulani Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação após um século de “A Teoria da Classe Ociosa” – Prof. Dr. Leonardo Monteiro Monasterio Futebol, Mídia e Sociabilidade. Uma experiência etnográfica – Édison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leistner, Ronei Teodoro da Silva & Samuel McGinity Genealogia da religião. Ensaio de leitura sistêmica de Marcel Gauchet. Aplicação à situação atual do mundo – Prof. Dr. Gérard Donnadieu A realidade quântica como base da visão de Teilhard de Chardin e uma nova concepção da evolução biológica – Prof. Dr. Lothar Schäfer “Esta terra tem dono”. Disputas de representação sobre o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de Sepé Tiaraju – Profa. Dra. Ceres Karam Brum O desenvolvimento econômico na visão de Joseph Schumpeter – Prof. Dr. Achyles Barcelos da Costa Religião e elo social. O caso do cristianismo – Prof. Dr. Gérard Donnadieu Copérnico e Kepler: como a terra saiu do centro do universo – Prof. Dr. Geraldo Monteiro Sigaud
N. 50 N. 51 N. 52 N. 53 N. 54 N. 55 N. 56 N. 57 N. 58 N. 59 N. 60 N. 61 N. 62 N. 63 N. 64 N. 65 N. 66 N. 67 N. 68 N. 69 N. 70 N. 71 N. 72 N. 73 N. 74 N. 75 N. 76 N. 77 N. 78 N. 79 N. 80 N. 81 N. 82 N. 83 N. 84 N. 85 N. 86 N. 87 N. 88 N. 89 N. 90 N. 91 N. 92 N. 93 N. 94 N. 95 N. 96 N. 97 N. 98 N. 99 N. 100 N. 101 N. 102 N. 103 N. 104 N. 105
Modernidade e pós-modernidade – luzes e sombras – Prof. Dr. Evilázio Teixeira Violências: O olhar da saúde coletiva – Élida Azevedo Hennington & Stela Nazareth Meneghel Ética e emoções morais – Prof. Dr. Thomas Kesselring Juízos ou emoções: de quem é a primazia na moral? – Prof. Dr. Adriano Naves de Brito Computação Quântica. Desafios para o Século XXI – Prof. Dr. Fernando Haas Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na Europa e no Brasil – Profa. Dra. An Vranckx Terra habitável: o grande desafio para a humanidade – Prof. Dr. Gilberto Dupas O decrescimento como condição de uma sociedade convivial – Prof. Dr. Serge Latouche A natureza da natureza: auto-organização e caos – Prof. Dr. Günter Küppers Sociedade sustentável e desenvolvimento sustentável: limites e possibilidades – Dra. Hazel Henderson Globalização – mas como? – Profa. Dra. Karen Gloy A emergência da nova subjetividade operária: a sociabilidade invertida – MS Cesar Sanson Incidente em Antares e a Trajetória de Ficção de Erico Veríssimo – Profa. Dra. Regina Zilberman Três episódios de descoberta científica: da caricatura empirista a uma outra história – Prof. Dr. Fernando Lang da Silveira e Prof. Dr. Luiz O. Q. Peduzzi Negações e Silenciamentos no discurso acerca da Juventude – Cátia Andressa da Silva Getúlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado Novo – Prof. Dr. Artur Cesar Isaia Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria humanista tropical – Profa. Dra. Léa Freitas Perez Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexões sobre a cura e a não cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-1675) – Profa. Dra. Eliane Cristina Deckmann Fleck Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pereira dos Santos na obra de Guimarães Rosa – Prof. Dr. João Guilherme Barone Contingência nas ciências físicas – Prof. Dr. Fernando Haas A cosmologia de Newton – Prof. Dr. Ney Lemke Física Moderna e o paradoxo de Zenon – Prof. Dr. Fernando Haas O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade – Profa. Dra. Miriam de Souza Rossini Da religião e de juventude: modulações e articulações – Profa. Dra. Léa Freitas Perez Tradição e ruptura na obra de Guimarães Rosa – Prof. Dr. Eduardo F. Coutinho Raça, nação e classe na historiografia de Moysés Vellinho – Prof. Dr. Mário Maestri A Geologia Arqueológica na Unisinos – Prof. MS Carlos Henrique Nowatzki Campesinato negro no período pós-abolição: repensando Coronelismo, enxada e voto – Profa. Dra. Ana Maria Lugão Rios Progresso: como mito ou ideologia – Prof. Dr. Gilberto Dupas Michael Aglietta: da Teoria da Regulação à Violência da Moeda – Prof. Dr. Octavio A. C. Conceição Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul – Prof. Dr. Moacyr Flores Do pré-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e seu território – Prof. Dr. Arno Alvarez Kern Entre Canções e versos: alguns caminhos para a leitura e a produção de poemas na sala de aula – Profa. Dra. Gláucia de Souza Trabalhadores e política nos anos 1950: a idéia de “sindicalismo populista” em questão – Prof. Dr. Marco Aurélio Santana Dimensões normativas da Bioética – Prof. Dr. Alfredo Culleton & Prof. Dr. Vicente de Paulo Barretto A Ciência como instrumento de leitura para explicar as transformações da natureza – Prof. Dr. Attico Chassot Demanda por empresas responsáveis e Ética Concorrencial: desafios e uma proposta para a gestão da ação organizada do varejo – Profa. Dra. Patrícia Almeida Ashley Autonomia na pós-modernidade: um delírio? – Prof. Dr. Mario Fleig Gauchismo, tradição e Tradicionalismo – Profa. Dra. Maria Eunice Maciel A ética e a crise da modernidade: uma leitura a partir da obra de Henrique C. de Lima Vaz – Prof. Dr. Marcelo Perine Limites, possibilidades e contradições da formação humana na Universidade – Prof. Dr. Laurício Neumann Os índios e a História Colonial: lendo Cristina Pompa e Regina Almeida – Profa. Dra. Maria Cristina Bohn Martins Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o cristianismo – Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva Saberes populares produzidos numa escola de comunidade de catadores: um estudo na perspectiva da Etnomatemática – Daiane Martins Bocasanta A religião na sociedade dos indivíduos: transformações no campo religioso brasileiro – Prof. Dr. Carlos Alberto Steil Movimento sindical: desafios e perspectivas para os próximos anos – MS Cesar Sanson De volta para o futuro: os precursores da nanotecnociência – Prof. Dr. Peter A. Schulz Vianna Moog como intérprete do Brasil – MS Enildo de Moura Carvalho A paixão de Jacobina: uma leitura cinematográfica – Profa. Dra. Marinês Andrea Kunz Resiliência: um novo paradigma que desafia as religiões – MS Susana María Rocca Larrosa Sociabilidades contemporâneas: os jovens na lan house – Dra. Vanessa Andrade Pereira Autonomia do sujeito moral em Kant – Prof. Dr. Valerio Rohden As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 1 – Prof. Dr. Roberto Camps Moraes Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a partir da sociologia da ciência – MS Adriano Premebida ECODI – A criação de espaços de convivência digital virtual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem em metaverso – Profa. Dra. Eliane Schlemmer As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria Monetária: parte 2 – Prof. Dr. Roberto Camps Moraes Futebol e identidade feminina: um estudo etnográfico sobre o núcleo de mulheres gremistas – Prof. MS Marcelo Pizarro Noronha
N. 106 Justificação e prescrição produzidas pelas Ciências Humanas: Igualdade e Liberdade nos discur-
sos educacionais contemporâneos – Profa. Dra. Paula Corrêa Henning N. 107 Da civilização do segredo à civilização da exibição: a família na vitrine – Profa. Dra. Maria Isabel Bar-
ros Bellini N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos solidário, terno e democrático? – Prof. Dr.
Telmo Adams N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular – Prof. Dr. Celso Candido de Azambuja N. 110 Formação e trabalho em narrativas – Prof. Dr. Leandro R. Pinheiro N. 111 Autonomia e submissão: o sentido histórico da administração – Yeda Crusius no Rio Grande do Sul
– Prof. Dr. Mário Maestri N. 112 A comunicação paulina e as práticas publicitárias: São Paulo e o contexto da publicidade e propa-
ganda – Denis Gerson Simões N. 113 Isto não é uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra – Esp. Yentl Delanhesi N. 114 SBT: jogo, televisão e imaginário de azar brasileiro – MS Sonia Montaño N. 115. Educação cooperativa solidária: perspectivas e limites – Prof. MS Carlos Daniel Baioto N. 116 Humanizar o humano – Roberto Carlos Fávero N. 117 Quando o mito se torna verdade e a ciência, religião – Róber Freitas Bachinski N. 118 Colonizando e descolonizando mentes – Marcelo Dascal N. 119 A espiritualidade como fator de proteção na adolescência – Luciana F. Marques & Débora D. Dell’Aglio N. 120 A dimensão coletiva da liderança – Patrícia Martins Fagundes Cabral & Nedio Seminotti N. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos éticos e teológicos – Eduardo R. Cruz N. 122 Direito das minorias e Direito à diferenciação – José Rogério Lopes N. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de marcos regulatórios – Wilson Engelmann N. 124 Desejo e violência – Rosane de Abreu e Silva N. 125 As nanotecnologias no ensino – Solange Binotto Fagan N. 126 Câmara Cascudo: um historiador católico – Bruna Rafaela de Lima N. 127 O que o câncer faz com as pessoas? Reflexos na literatura universal: Leo Tolstoi – Thomas Mann –
Alexander Soljenítsin – Philip Roth – Karl-Josef Kuschel N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental à identidade genética – Ingo Wolfgang Sarlet N. 129 N. 130 N. 131 N. 132 N. 133 N. 134 N. 135 N. 136 N. 137 N. 138
& Selma Rodrigues Petterle Aplicações de caos e complexidade em ciências da vida – Ivan Amaral Guerrini Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade sustentável – Paulo Roberto Martins A philía como critério de inteligibilidade da mediação comunitária – Rosa Maria Zaia Borges Abrão Linguagem, singularidade e atividade de trabalho – Marlene Teixeira & Éderson de Oliveira Cabral A busca pela segurança jurídica na jurisdição e no processo sob a ótica da teoria dos sistemas sociais de Niklass Luhmann – Leonardo Grison Motores Biomoleculares – Ney Lemke & Luciano Hennemann As redes e a construção de espaços sociais na digitalização – Ana Maria Oliveira Rosa De Marx a Durkheim: Algumas apropriações teóricas para o estudo das religiões afro-brasileiras – Rodrigo Marques Leistner Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psíquico: sobre como as pessoas reconstroem suas vidas – Breno Augusto Souto Maior Fontes As sociedades indígenas e a economia do dom: O caso dos guaranis – Maria Cristina Bohn Martins
Marise Borba da Silva é graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC (1975). Mestrado em Educação, na linha da educação e trabalho, pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (1994) e doutorado pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da mesma universidade. Aposentou-se como professora do magistério público pela Secretaria de Estado da Educação, de Santa Catarina, em 1998. Atualmente, é professora em instituições universitárias dos estados de Santa Catarina e Paraná. Tem ampla experiência como pedagoga na área da Educação, na Biologia, na Educação a Distância, e, mais recentemente, em Nanotecnologia. Algumas publicações da autora: SILVA, M. B. Entender a materialidade do universo em sua plenitude solidária. IHU ON-LINE, v. 259, p. 28-31, 2008. Disponível e: <http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_tema_capa&Itemid=23&task= detalhe&id=1064>. Acesso em: 29 de maio de 2008. _______. Nanotecnologia e a criação de novos espaços e novas identidades. Madrid: CTS+I: Revista Iberoamericana de Ciencia, Tecnología, Socie dad e Innovación, v. 3, p. 7, 2006. Disponível em: <http://www.oei.es/revistactsi/numero7/articulo06.htm>. Acesso em 20 de julho de 2008. _______. A cibercultura, os hackers e o emergente campo da nanotecnologia. Revista Teknokultura. San Juan: Universidad de Puerto Rico, v. 4, p. 1-17, 2004. Disponível em: <http://teknokultura.uprrp.edu/volumenes_anteriores/Backup/rev_31_01_05/Teknosphera/portugues/a_cibercultura.htm>. Acesso em 20 de julho de 2008. _______. Nanotecnologia: considerações interdisciplinares sobre processos técnicos, sociais, éticos e de investigação. Revista de Ciências Sociais e Humanas Impulso. Piracicaba: UNIMEP, v. v. 14, p. 75-93, 2003. Disponível em: http://www.unimep.br/phpg/editora/revistaspdf/impulso35.pdf. Acesso em 20 de agosto de 2008. _______. Nanotecnologia: Novas questões éticas para o Brasil, dimensões legais e sociais numa abordagem interdisciplinar. Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas. Florianópolis: UFSC, v. 46, p. 1-17, 2003. Disponível em: <http://www.pos.ufsc.br/index.jsp?id= 41010037&page=arquivos/41010037/paginas/Cadernos_de_Pesquisa>. Acesso em: 20 de outubro de 2007.