GRATUITA · n .º 7 publicação periódica
Sociedade
PORQUE FALHOU a propoSição 19
Nações unidas
novo paradigma para as drogas em discussão Viagens
Etnobotânica
SPANNABIS 2011
Leonurina LEÃOZINHO DA PRADARIA
a grande feira de BARCELONA Genética
CRITICAL+ CRITICAL JACK ‘segunda geração’ de autoflorescentes Saúde CORNER_AFOLHA.pdf 1 16-9-2011 17:04:54
Crónicas do Cannabistão
Haxixe Gourmet
como FAZER umA EXTRACÇÃO CASEIRA
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
Sementes de cânhamo; Canábis e o sonho; Canábis E PSICOSE CONHEÇA Os estudos mais recentes
também
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Sumário
a abrir A Folha está de volta! Depois de um processo de restruturação, estamos de regresso com o número 7, que já conta com 40 páginas e estrutura de distribuição ampliada! Desde a última edição, A Folha cresceu, o mundo fartou-se de girar e muita tinta correu.
O ano de 2011 germinou praticamente com a Spannabis, uma das Feiras Canábicas Internacionais mais importantes da Europa. A Folha esteve presente para se dar a conhecer, estabelecer parcerias, registar os pontos altos e sentir o pulso ao movimento para trazer as últimas novidades do mundo canábico, numa reportagem a não perder.
Em Maio, mais de 200 cidades saíram à rua em todo o mundo para reivindicar a normalização da planta da canábis. Em Portugal, foram Porto, Lisboa, Coimbra e Braga a marchar pela regulamentação do mercado e pelo direito ao auto-cultivo, recordando que não sendo a cura, pode ser um bom xarope para a crise.
Capa
O Homem Folha vive! YOUTH ONE em acção imagem por Zakahia Tz
ATUALIDADE
6 [actualidade] 9 [opinião] 12 [aventuras dos
nossos leitores]
falhou 14 Porque a Proposição 19
EVENTO
16 Spannabis 2011
GENÉTICA
20 Automáticas
de 2.ª geração
23
Num Portugal em crise crónica, uma geração à rasca mostrou uns dentes que se julgavam inúteis. Mas não, afinal acabou por mudar de atitude. O FMI apertou, reduziram-se orçamentos, extinguiram-se institutos. Cortar a direito? Em tempos de crise é quase sempre por linhas tortas... Entre os Institutos em vias de extinção está o Instituto da Droga e da Tóxico-dependência. A equipa do IDT, liderada por João Goulão, deverá perder a autonomia e ser integrada no Sistema Nacional de Saúde. Resta saber que continuidade haverá para processos tão delicados como os programas de substituição com metadona. Esperamos que haja bom senso por parte da administração central e que se continue a dar a este Instituto as condições para prosseguir a política de prevenção e redução de danos que tantos louros grangeou a Portugal nos últimos anos – mais detalhes na secção de notícias. Na próxima edição faremos por trazer o Dr. João Goulão às nossas páginas, dando-lhe todo o tempo de antena que necessite para traçar o estado-da-nação ex-IDT e apresentar a sua visão sobre várias matérias relevantes. Na nossa vizinha Espanha, a mudança de governo é mais que previsível; a ver vamos como lidam nuestros hermanos com o novo Governo do Partido Popular, pródigo na elaboração de leis de amarga memória para a comunidade canábica. Em Portugal, mantém-se a injustiça de criminalizar o cultivo, mesmo que exclusivamente para consumo pessoal. Para quando a proposta de alteração de lei ou o decreto que descriminalize não só o consumidor, mas também a sua planta? Politicamente seria de esperar que uma proposta deste cariz venha de um partido de esquerda. No entanto, a realidade por vezes ultrapassa o imaginável, e é com muito prazer que trazemos a esta edição D. Duarte de Bragança, que talvez por não ser político – os reis não vão a votos de quatro em quatro anos –, tem uma visão bastante mais lúcida e desassombrada do que muitos poderiam imaginar. Passos Coelho foi lider da JSD e nesses tempos advogava a legalização. Agora que é primeiro ministro, veremos se mantém a parada, perdão, palavra. João Maia < joao.maia@a-folha.com >
TRADIÇÃO ETNOBOTÂNICA
CRÓNICAS DO CANNABISTÃO
Haxixe Gourmet
35 Leonurina
como fazer uma extracção caseira
22 A importância do Acolchoado 28 Escolher o Substrato adequado
SAÚDE
31 Sementes de Cânhamo 32 Canábis e Sonho 34 Canábis e Psicose
38
[locais onde reservar] [ficha técnica]
não FAZ SENTIDO PROIBIR ADULTOS de fumarem Duarte Pio de Bragança Figura maior da herança monárquica portuguesa
Tenho uma opinião que talvez possa ser considerada polémica. Há uma lei que
nunca ninguém conseguiu mudar. É a lei da oferta e da procura. Enquanto houver procura, vai sempre haver oferta e enquanto houver pessoas que queiram consumir droga, haverá sempre quem a venda. Por isso, o problema terá de ser resolvido a nível do consumidor. Um adulto que queira consumir drogas leves – e isso não influencie de modo nenhum os adolescentes a consumi-las –, não vejo como se possa proibir. Não faz sentido proibir adultos de fumarem marijuana, acho eu. No entanto, admito o outro lado do problema, ou seja, se hoje quase é
proibido o uso do tabaco é porque o tabaco faz mal aos mais jovens. Será que com a legalização do consumo de marijuana é possível evitar que ela seja consumida por adolescentes, a quem efectivamente faz muito mal? O mesmo problema põe-se para o álcool. Penso que mais cedo ou mais tarde vai ser autorizado o consumo controlado de marijuana.
actualidade
A FOLHA
actualidade/internacional 7
6
O SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e Dependências terá competências alargadas Depois da audição do Ministro da Saúde no Parlamento, na qual Paulo
Macedo anunciou um corte de 30% no número de dirigentes do ministério. Fonte da tutela confirmou a redução do número de organismos afectos ao ministério de 22 para 15, seis deles por via de uma fusão. O Instituto da Droga e da Toxicodepência (IDT) e o Instituto Português do Sangue foram dados como dois dos organismos a extinguir ou fundir pelo Plano de Redução e Melhoria da Administração Central (PREMAC) que atingiu todos os ministérios. João Goulão, presidente do IDT, lamentou “a incorrecção da notícia” inicial, garantindo ter recebido da tutela um comunicado a desmentir a extinção do organismo a que preside. Goulão também desmentiu ao Diário
MALFEITORES DE L.A. SÃO RESPEITADORES
ESTATÍSTICAS FALARÃO POR SI
IDT VAI MUDAR DE NOME
de Notícas a integração do Instituto da Droga e da Toxicodependência noutro qualquer organismo. De acordo com fonte do Ministério da Saúde, o SICAD vai «desenvolver trabalho no âmbito de intervenções, tais como investigação e prevenção, nas áreas dos diferentes comportamentos aditivos e das dependências, para lá daquilo que diz respeito às drogas ilícitas, reflectindo o que já se passa em relação ao álcool», passando a depender directamente da Administração Directa do Estado. Entre os organismos extintos está a estrutura de controlador financeiro, que é comum a todos os ministérios, e que no caso da Saúde, tinha como função acompanhar o Orçamento do Serviço Nacional de Saúde.
ESTUDO DEMONSTRA
Consumidores de cannabis menos propensos à obesidade Apesar de muitas pessoas sentirem maior apetite após consumirem
[Fontes: Sol, Diário de Notícias] O Dr. João Goulão continuará o bom trabalho desenvolvido
PROJECTO DE LEI APROVADO
Grécia despenaliza consumo de drogas em pequenas quantidades A Grécia vai despenalizar o consumo e a posse
“O direito grego deve estar harmonizado com a legislação europeia e a pessoa que é detida com pequenas quantidades reguladas para o seu consumo individual não será considerada criminosa”. Miltíades Papaioanou, ministro da justiça
“em pequenas quantidades” de todas as drogas. Esta medida foi confirmada em concelho de ministros, na sequência de um novo projecto de lei. O ministro da justiça grego Miltíades Papaioanou acrescentou também: “O direito grego deve estar harmonizado com a legislação europeia e a pessoa que é detida com pequenas quantidades reguladas para o seu consumo individual não será considerada criminosa”. Papaioanou declarou que estas “pequenas quantidades” serão definidas em debate no parlamento grego, e antes da elaboração da norma por parte de uma comissão parlamentar especial e especialistas na questão. O projecto de lei foi prontamente aprovado em concelho de ministros. “O uso de estupafecientes é uma enfermidade e não um crime” concluiu Miltíades Papaioanou. Segundo a legislação penal grega, uma das mais severas, o consumo de drogas e a sua posse para consumo próprio, ainda que em pequenas quantidades, é punível com até cinco anos de prisão. Aqui está uma forma de reduzir os recursos que o Estado desperdiça anualmente com presos não-violentos, na cauda do exemplo que Portugal deu ao mundo há dez anos atrás e da forte tendência que tem sido debatida nas Nações Unidas (pormenores nas próximas páginas). [Fonte: El Mundo]
cannabis, os utilizadores da droga correm menos riscos de desenvolverem obesidade do que não utilizadores O estudo surpreendeu os cientistas, que esperavam resultados contrários. Os investigadores não conseguem explicar os motivos dessa relação entre a obesidade e a droga, mas desenvolveram algumas hipóteses. Uma explicação é que consumidores de canábis podem apresentar outros comportamentos que reduzam os riscos do aparecimento da obesidade. Outra possibilidade é que essas pessoas tenham hábitos de alimentação e actividades físicas que os mantenham em forma. Existe também a hipótese de que um componente da canábis ajude no emagrecimento. Caso confirmada, essa hipótese pode dar origem a novas pesquisas e possibilidades de uso da droga. O componente poderia ser utilizado como um medicamento. [Fonte: Diário Digital]
Policia de Nova Iorque recebe instruções para acabar detenções por posse “à vista pública” philip smith • Drug War Chronicle » Issue #702 stopthedrugwar.org
Nova Iorque pode em breve perder parte da infame reputação que lhe é atribuida: capital mundial das apreensões de marijuana em público. O Comissário da polícia Ray Kelly emitiu uma ordem interna dirigida à polícia de Nova York, informando os agentes de que já não podem prender pessoas por “posse de marijuana à vista do público”, se a marijuana não estiver à vista do público antes de os agentes revistarem o suspeito, ou se esta tiver sido posta à vista do público por um pedido de esvaziar os bolsos ou intervenção directa dos agentes. Embora o estado de Nova Iorque tenha descriminalizado a posse de pequenas quantidades de canábis, era prática corrente da polícia de NY deter pessoas na rua – maioritariamente jovens afro-americanos –, revistando-os, ou ordenando que esvaziassem os bolsos, e depois multá-los por posse à vista do público. Contráriamente à simples posse de canábis, um delito punido apenas através de multa, a “posse à vista do público” é um crime que dá direito a prisão, e que tipicamente acaba com um dia inteiro passado na prisão antes que o arguido possa ir a julgamento. A administração da cidade de Nova Iorque e a polícia da mesma cidade, usaram e abusaram da prática, o que resultou em dezenas de milhares de prisões efectuadas anualmente por esse delito, durante os últimos anos. Esta política, que teve início durante a administração do então presidente da câmara Rudy Juliani, teve continuidade já sob a administração de Michael Bloomberg, que ficou famoso ao admitir publicamante ter fumado canábis e ter disfrutado quando o fez. Foram alguns membros da assembleia municipal, juntamente com representantes do estado de NY, que reivindicaram o fim desta prática, através de um projecto de lei bipartidário para descriminalizar a posse de pequenas quantidades de canábis “à vista do público”, recentemente introduzido em Albany.
A FOLHA
“Foram levantadas questões sobre o processamento de várias detenções por posse de marijuana”, escreveu Kelly no comunicado interno entregue aos comandantes esta semana. “A questão está em saber se as circunstâncias em que alguns membros da polícia apreenderam pequenas quantidades de Marijuana (...) a indivíduos em local público realmente justificam a acusação de posse criminosa de canábis em quinto grau.” “As circunstancias específicas em questão incluem ocasiões em que os agentes apreendem marijuana no seguimento de uma acção de revista, ou depois de ordenarem às pessoas que esvaziem os bolsos e outras bolsas/caixas fechadas. Um indivíduo que seja compelido por um agente a ter um comportamento que resulta na mostragem pública da marijuana não pode ser acusado desse crime. Tais circunstâncias podem constituir a violação do estatuto da descriminalização, e não a posse de marijuana à vista do público, uma contravenção de classe B.” “Para suportar a acusação (sob o estatuto “à vista”), de posse de marijuana, deve ser uma acção tomada por vontade do suspeito. Assim, os agentes de serviço não podem acusar os indivíduos de “posse de marijuana à vista do público” se a marijuana tiver sido apreendida e/ou vista em público por ordem do agente.” Agora é ver as estatísticas de prisões por consumo descer em Nova Iorque.
Relatório rigoroso demonstra baixa na criminalidade perto dos dispensários de canábis medicinal Os dispensários com prateleiras cheias de dispendiosa erva, registadoras a tilintar e transbordar de dinheiro e alguma clientela mais interessada na “moca” do que na melhoria do estado de saúde – são muitas vezes vistos como polos de criminalidade, numa perspectiva reforçada pela ocorrência pontual de alguns assassinatos. No entanto, um relatório elaborado pela Rand Corp. chegou a uma conclusão surpreendente: a realidade é precisamente a inversa. Neste estudo sobre o crime perto de dispensários de Los Angeles – que os investigadores consideram como o mais rigoroso e independente dentro do seu género – o think tank situado em Santa Mónica teve oportunidade de verificar que de facto o crime aumentou junto a centenas de dispensários que foram origados a fechar no verão passado. “A ilação que extraíría do resultado do estudo seria que deve haver um bocadinho menos de medo por haver dipensários”, afirmou Mireille Jacobson, a economista especializada em saúde que liderou o estudo. “Esperemos que esta descoberta introduza um pouco de visão científica na discussão.” Os investigadores compararam os dez dias anteriores à implementação da portaria sobre a canábis medicinal que teve lugar dia 7 de Junho de 2007, com os dez dias seguintes, durante os quais estiveram encerrados mais de 400 dispensário ilegais, ainda que durante um periodo breve. Registaram um aumento de criminalidade na ordem dos 59% num raio de cerca de 500 metros à volta de um dispensário encerrado, comparando com a criminalidade registada num raio idêntico mas à volta de um dispensário aberto, e um aumento de 24 % num raio de cerca de um quilómetro. O gabinete da procuradoraria, que tinha argumentado em tribunal que o número de dispensários precisava de ser cortado de forma a lidar com uma “criminalidade bastante documentada”, classificou as conclusões do relatório como “altamente suspeitas e duvidosas”, afirmando que eram baseadas em “suposições erradas, dados conjecturais irrelevantes, medições não verificadas e resultados incompletos.” O gabinete contestou particularmente a ideia de que os dispensários fecharam realmente no dia 7 de Junho de 2010 e que tenham estado encerrados durante pelo menos 10 dias. Além disso, apresentou a sua própria interpretação para as causas que provocavam o aumento da criminalidade: lutas internas entre membros dos colectivos, aumento do tráfico, e insatisfação dos clientes por encontrarem os dispensários fechados. A procuradora Jacobson afirmou que a Rand não assumiu que os dispensários tivessem fechado exactamente naquela data, e acrescentou que se houvesse mais a encerrar antes ou depois dessa data, só significaria que a criminalidade tinha aumentado mais do que o relatório verificou. Os investigadores da Rand não tentaram extrair conclusões sobre a origem do aumento do crime, mas adiantaram a hipótese de que os dispensários podem aumentar a segurança nas suas áreas circundantes devido ao emprego de câmaras de video-vigilância e de guardas, ao aumento de tráfego pedonal nocturno, à substituição do tráfico de rua e ao aumento das rondas policiais. Numa revisão das estatísticas criminais de 2009 pedida pelo chefe da LAPD Charlie Beck, a polícia de Los Angeles verificou que a probabilidade de os dispensários serem assaltados era muito menor do que no caso dos bancos. O comandante Andrew Smith, porta voz do departamento, afirmou que a LAPD ainda não tinha revisto o relatório, mas que o faria em breve. O relatório da Rand faz notar que outros departamentos de polícia em Denver e Colorado Springs, também estudaram a criminalidade em redor dos dispensários e não encontraram provas de que estes atraíssem o crime. John Hoeffel, Los Angeles Times < http://drugsense.org/url/pQMXV7bm >
actualidade/internacional
actualidade A FOLHA
8
Fernando Henrique Cardoso, chair da Global Commission on Drugs
Cannalytics
Evoluir para TRATar
Propriedades anti-tumorais dos canabinóides na ribalta dos media mainstream
por Pedro Mattos
Se estivermos atentos, de dia para dia, e enquanto Humanidade, podemos assistir a desenvolvimentos, aperfeiçoamentos e conquistas que partem apenas do nosso engenho de criar e descobrir. Verificam-se em tudo à nossa volta. Tecnologia, indústria, e até na ciência e na medicina; dos computadores aos alimentos que compramos pré-embalados no supermercado. É impossível questionar a validade do canábis enquanto planta medicinal, mesmo que se continue a proibir e optar por outros caminhos. Mas serão as propriedades e potencialidades dos canabinóides totalmente conhecidos?
Na edição n.º 3 d’A Folha revelámos o Sr. Rick Simpson e a sua história, juntamente com a do remédio com o qual alegadamente teria tratado gratuitamente mais de mil pessoas doentes de cancro. Outros tomariam mais tempo a revelar a história do canadiano de meia-idade nas suas páginas, e posteriormente esses mesmos colocariam em causa a sua veracidade, pelo facto de não haver sustentação científica “palpável” a corroborar os resultados descritos. Por essa altura, um estudo europeu realizado por vários cientistas (a maioria espanhóis), também puxava o enfoque para a questão anti-tumoral, descrevendo os resultados demonstrados através de células humanas em rato de laboratório. Outros estudos se vão seguindo, oriundos de institutos, e núcleos de investigação internacionais, sendo suas as evidências postas a descoberto gradualmente. Quando publicámos a extensa conversa com Rick Simpson, já as autoridades canadianas estariam a postos para voltar a invadir a sua casa. Isto, independentemente do mesmo ter tratado familiares destas mesmas forças policiais, ou sempre haver revelado as suas acções e ofertado a totalidade do que extraía da terra e convertia em remédio. Rick enfrentou o sistema mais do que uma vez em tribunal e a opinião pública canadiana foi-lhe granjeando apoio crescente – o perfil da ameaça. Numa terceira incursão policial, o desfecho inevitável seria o aprisionamento do idoso senhor, mas alguém o terá advertido e Rick optou por partir, rumando à Europa, onde deu algumas conferências e ainda se encontra exilado. A visibilidade internacional de Rick Simpson tornou-se crescente quando foi criada a organização Phoenix Tears e disponibilizado o vídeo “Run From the Cure”. Neste filme semi-amador, Simpson, juntamente com alguns amigos próximos, descreve os alegados efeitos do expesso óleo que concentra as propriedades das flores da planta do cânhamo, bem como o seu processo de produção, toma, e o que sucedeu àqueles que alegadamente o tomaram – contado pela voz dos próprios em várias tonalidades. Vejamos agora uma outra referência, esta inquestionável pois institucional, observando novamente o aspecto tempo. Em 7 de Outubro de 2003, é oficializada com o número 6630507, a patente que já vinha em registo desde Abril de 1999,
“Canabinóides como antioxidantes e neuroprotectores”, pelo Department of Health and Human Services sito em Washington, DC. Após a efectivação deste processo poderá ser finalmente concretizada (negociada) a consequente aplicação indústrial/farmacológica, dando origem a um novo fármaco*. Isto claro, decorrendo também o tempo normal exigível à série adicional de testes rigorosos pré e pós-produção e toda a elaboração de patentes para a protecção de trademarks do novo medicamento, e outras certificações obrigatórias de salubridade e segurança. Na extensa patente 6630507, de 2003, os inventores Hampson, Aidan J., Axelrod, Julius, Grimaldi e Maurizio eternizam o seguinte:
Mini laboratório vendido em kit permite obter uma “impressão digital” dos canabinóides presentes numa amostra de erva ou haxixe O anteriormente denominado Cannalyse, agora Cannalytics, é um kit de teste fabricado pela empresa holandesa Alpha Nova Diagnostics que permite a qualquer um efetuar uma cromatografia planar, também chamada de camada fina, ou TLC (do inglês Thin Layer Chromatography) a amostras de erva ou haxixe. O resultado do teste permite identificar e quantificar os canabinóides presentes na amostra como THC, THCV, CBC, CBD, CBG, CBN e CBND. Tal pode ser de grande utilidade para criadores, cultivadores e consumidores (especialmente consumidores medicinais). Com os resultados do teste, os criadores podem selecionar plantas de acordo com o seu perfil farmacológico, quantificar os resultados de um cruzamento e fazer controlos de qualidade. Já os cultivadores, para além de controlos de qualidade, podem usar o teste para determinar o momento ideal da colheita. Para o teste basta uma amostra de 100 mg que pode ser retirada sem afetar as plantas. O resultado também indica as quantidades dos ácidos de cada um dos compostos mencionados permitindo ter uma ideia da frescura da amostra. Com isto o cultivador pode determinar
“Verificou-se que os canabinóides têm propriedades anti-oxidantes não relacionados com o antagonismo do receptor NMDA. Estas novas propriedades descobertas tornam os canabinóides úteis no tratamento e profilaxia de uma vasta lista de doenças associadas ao processo de oxidação, tais como a isquemia e doenças inflamatórias e auto-imunitárias relacionadas com o envelhecimento. Os canabinóides revelam-se também particularmente úteis como neuro-protectores, limitando danos neurológicos resultantes de casos graves de isquemias, tais como derrames e traumatismos, ou ainda no tratamento de doenças neuro-degenerativas, como Alzheimer, Parkinson ou ainda demência causada por HIV. O uso de canabinóides não psicotrópicos, tais como o Canabidiol, é particularmente vantajoso porque evita a toxicidade que se encontra nas altas doses de canabinóides psico-activos, algo muito útil no método da presente invenção.” O tempo foi um factor determinante para o próprio Simpson que, só após acompanhar o processo terminal de familiares, e quase o seu, relembrou uma entrevista radiofónica que escutou em meados da década de 70, em tom e contexto inadequados. Nem Rick Simpson teria pensado mais no assunto, nem a informação continuaria a ser veiculada – para não falar na aplicação concreta e evolução do conhecimento científico de então no processo curativo dos milhões que entretanto poderiam dele ter beneficiado. Em tempos posteriores à publicação da reportagem, tivémos a oportunidade de usufruir de registos menos amadores que “Run from the Cure”, criado por um núcleo apaixonado de cidadãos e alegadamente sobreviventes. Vídeos como “What if Cannabis Cured Cancer?”, possuem uma componente científica de base, e as declarações corajosas de médicos oriundos de vários campos tornam-na palpável. Estes profissionais de saúde, alguns professores, e sumidades no seu ramo da ciência, colocam pedras na engrenagem. Voluntariamente respondem a entrevistas e colocam depoimentos no youtube. Assim será difícil o assunto voltar a morrer. Até prova cabal, há quem diga. Para a ciência (e indústria) instituída tomar como fundamentado e aceite, e concretizado por fim ao serviço da Humanidade, necessita desta prova cabal, observada e registada em pelo menos 100 sujeitos com idêntica patologia. O tempo representa vidas humanas, sofrimento imensurável e danos irreparáveis. Todavia, a história prova-nos que num plano maior a evolução foi sempre inevitável – desde o início dos tempos. Podemos continuar atentos, e de vez em quando ler “Um estudo recente indica que...” – estudos que serão apenas isso, até que surja um novo paradigma, livre e imune aos lobbies. Pode vir de um país mais exótico, não ocidental, e por isso mesmo distante dos grandes círculos de influência, tentáculos da grande finança organizada. Podemos especular muita coisa, mas há algo que sabemos não ser especulativo: É impossível patentear uma planta! A indústria farmacêutica factura com os “segredos” que regista e pode replicar, tal como qualquer outra. Feliz aquela [Bayer] que patenteou a casca do Salgueiro pois a Aspirina dá imenso jeito. Se ao ver se crê, aqui fica um exemplo de amor incondicional, rebeldia e superação. Informação do canal de tv informativo KXLY, coroa da plataforma de media norte-americana com o mesmo nome, integrada por sua vez no grupo Morgan Murphy Media.
*O fármaco britânico Sativex foi pioneiro, e encontra-se disponível nas farmácias de vários países.
Líderes mundiais afirmam que guerra à droga fracassou
quando estão completos os processos de secagem e cura, durante os quais os ácidos se decompõem. Os consumidores, por seu lado, podem traçar o perfil das variedades que preferem. Assim, os consumidores medicinais podem estabelecer uma relação entre o perfil de canabinóides e os sintomas em que atuam, recolhendo informação que ajudará a escolher as varieades mais adequadas. O único aspecto negativo a salientar é o preço. O kit mais pequeno, que dá para 20-25 testes, custa por volta de 120€, o que dificulta a compra por parte de pessoas singulares. Por outro lado, organizações como clubes de consumidores ou cultivadores, comprando em maiores quantidades, podem reduzir o custo para 3€ por teste. Também é possível a quem tenha conhecimentos de química reunir os reagentes e materiais necessários de fornecedores especializados e construir o seu próprio kit a um preço potencialmente inferior. Recursos: Method for the detection of a cannabinoid, detection kit, and developing solvent (patente). Ronald Johannes Glas.; http://www.google.com/patents/ about?id=Ou2WAAAAEBAJ
< http://cannalyticssupply.com >
Rapaz de 2 anos com tumor cerebral “foi curado” depois de ter sido tratado secretamente com marijuana medicinal pelo seu pai Um pai desesperado, cujo filho sofria dum tumor cerebral, revelou que lhe tinha dado óleo de canábis para lhe aliviar as dores, sendo que parece que fez uma remissão total. Cash Hyde, conhecido como Cashy, era bebé perfeito e saudável quando nasceu em Junho de 2008, mas ficou doente pouco antes de completar o seu segundo aniversário. Primeiro, foi mal diagnosticado com uma febre glandular, até que aos seus pais Mike e Kalli, de Missoula no Estado de Montana, foi dada a devastadora notícia que ele tinha um sério tumor cerebral. A criança teve que passar por um difícil tratamento de quimioterapia para reduzir o crescimento do tumor, que teve efeitos secundários dramáticos, incluíndo convulsões e uma infeção sanguínea. Aos pais desesperados foi-lhes dito que era provável que ele sucumbisse à doença devido à gravidade da sua condição. Após um ciclo de forte dose de quimioterapia, Cash estava tão fraco que não conseguia levantar a cabeça nem comer qualquer tipo de comida sólida, isto durante 40 dias. Foi por esta altura que Mr. Hyde decidiu agir e experimentar a marijuana como medicamento para ajudar o seu jovem filho. Os doutores que tratavam Cash recusaram-se sequer a discutir esta opção mas o pai procurou e encontrou noutro sítio a autorização e então secretamente administrou ao seu filho através do tubo pelo qual era alimentado. O pai disse também aos médicos para pararem de dar a Cash o cocktail de drogas anti-náusea que ele vinha tomando, apesar de nunca lhes ter dito o que estava a fazer. O Sr. Hyde disse ao canal KXLY que o seu filho começou a sentir-se melhor imediatamente. Declarou: “Ele não comia nada há 40 dias, e foi verdadeiramente incrível vê-lo dar uma dentada num pedaço de queijo. Isto mostrou-me que ele queria viver”. Ele acredita que foi o óleo de canábis que ajudou o seu filho durante a quimioterapia. Cash foi declarado curado do cancro pelos médicos. O rapaz está de volta a casa a viver a vida típica de alguém da sua idade, brincando com Colty, o seu irmão mais velho [ver foto acima]. A marijuana para fins medicinais é legal em alguns estados [americanos] incluindo Montana, mas o seu uso em crianças é pouco compreendido e bastante raro. O governo federal dos Estados Unidos não reconhece a legalidade do uso desta droga para razões médicas e frequentemente colide com as leis estaduais sobre este assunto. O Sr. Hyde disse à KXLY: “É muito controverso, é muito assustador. Mas, não há nada mais assustador que perder um filho”.
http://youtu.be/tmviQBB5DHs
[Daily Mail, UK - publicado em 04.05.11]
Relatório internacional evidencia o aumento global do consumo das drogas-duras, e traz a debate qual a solução adequada para os países lidarem com a questão das substâncias psicotrópicas “A guerra contra os narcóticos fracassou, com consequências devastadoras para indivíduos e sociedades pelo mundo fora”. A conclusão é da Comissão Global sobre Política de Drogas, composta por 19 personalidades da liderança política, económica e intelectual. Esta comissão integra o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan, e o ex-presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, que declarou: “Cinquenta anos após o início da Convenção Única sobre Entorpecentes, e 40 anos depois do presidente Nixon lançar a guerra global às drogas, as reformas fundamentais nas políticas de controlo nacional e mundial de drogas são urgentes”. O relatório traz também dados inequívocos que provam este falir de estratégia: aumento de consumo de opióides nos 34,5%, cocaína 27% e canábis 8,5%, de 1998 a 2009.
O debate nas altas esferas foi reacendido, precisamente o fundamento por detrás da criação deste colectivo de notáveis. “Os narcóticos constituem um mercado bilionário e globalizado, com 300 milhões de utilizadores estimados e uma receita anual de 320 biliões de dólares, a adopção de novas políticas é necessária e tem que ser sincronizada entre países”. O grupo defende portanto um esforço internacional concertado para combater organizações criminosas internacionais em vez de pequenos infractores não-violentos. A Comissão Global sobre Política de Drogas explica como, referindo que os governos devem incentivar modelos de regulamentação legal de drogas, para assim concentrarem esforços no crime organizado e melhor garantirem a saúde e a segurança dos seus cidadãos. Os governos não devem,
portanto criminalizar e estigmatizar os utilizadores de drogas “que não causam mal a outros”, dando assim prioridade a um tratamento mais humano, uma vez que se trata de um problema de saúde pública e não de segurança. A Comissão lembrou ainda que a descriminalização não gera necessariamente um aumento no consumo das drogas, como ficou demonstrado em países como Holanda e Portugal, e como comprovam os dados referentes ao canábis. Os factos e argumentos desta comissão são vários e persuasivos. Em 1980, 10% do orçamento do estado da Califórnia ia para as universidades e 3% para as prisões, enquanto que em 2010 quase 11% foram para as prisões e só 7% para a educação superior. O cidadão vai pagando. < http://www.globalcommissionondrugs.org >
“a descriminalização está definitivamente em cima da mesa nas
Nações Unidas”
O activista Jorge Roque* a reportar para o mundo, directamente da ONU, na Califórnia. Tradução de Jorge Bruto Caros companheiros, Após este diálogo em Oakland, Califórnia, tenho a sensação que a descriminalização está definitivamente em cima da mesa nas Nações Unidas. De facto, neste modelo de debate, a sociedade civil e responsáveis pelas decisões da política internacional estão juntos, de maneira a que todas as partes interessadas neste processo contribuam para a sua decisão, para uma melhor lei. Isto é de enorme importância. Conversando com o Comissário Prasada Rao, concordamos que isto é democracia a funcionar, porque embora sendo o melhor sistema, a verdade é que a democracia é a ditadura das maiorias sobre as minorias, e quando as minorias têm oportunidade de ser ouvidas, como agora, e contribuirem para a criação de novas e melhores leis, assistimos a um incrível avanço para a democracia do séc. XXI. Este evento foi organizado comissão global do programa de desenvolvimento das Nações Unidas. Como aconteceu com o HIV, foi o diálogo com as nações do terceiro mundo e países ricos, com o propósito inovador de realmente discutir com todas as partes envolvidas o controlo do HIV, que deu origem a resultados concretos. Desta vez, este novo debate, realizou-se em Oakland, Califórnia, e juntou todas as partes interessadas na matéria. Estavam presentes membros de todos os governos, comissários das Nações Unidas e representantes de organizações da sociedade civil que condenam fortemente a criminalização do sistema que controla o sexo e as drogas no nosso tempo. Assistiu-se também à grande contribuição da congressista Barbara Lee, dos comissários Stephen Lewis e JBR Prasada Rao, bem assim como à reflexão de Jeffrey O’Malley, director do programa de desenvolvimento das Nações Unidas para o HIV. Mesmo sendo as drogas e o sexo duas realidades diferentes, a verdade é que várias vezes se cruzam, e mais que tudo sofrem as cruéis consequências da criminalização. Talvez seja por isto que estas duas minorias recebem tanta importância; várias minorias juntas significam um considerável número de votos. Seja como for, este diálogo foi moderado de uma forma brilhante por uma jornalista da BBC que fez um grande trabalho. Pela primeira vez na minha vida, vi um jornalista a chorar no fim e a perguntar “como é que os países desenvolvidos podem ser tão cruéis e não mudarem a criminalização?”. A existencia de tantos exemplos de vidas torturadas pela criminalização do sexo e das drogas, fez com que todos os governos e representantes das Nações Unidas acreditem que criminalizar é destruir vidas. Esta é a importância das pessoas mostrarem e assumirem os seus comportamentos com responsabilidade social e soluções inteligentes. Claro que eles já sabiam que criminalização é um desastre, e até o congressista norte-americano Tim MacDermott explicou à sala que
todos os obstáculos tinham apenas um nome, dinheiro. Isto não altera o facto dos líderes poderosos olharem e procurarem uma solução melhor, sabendo que estas vidas destruídas não têm valor para eles. Ainda assim, ao menos sabem que estão tramados se não agirem; os países ricos já não são o que eram com o seu enorme deficit público. O Estado não pode continuar a proteger as ricas indústrias farmacêuticas e de armamento em troca de um enorme buraco nas contas públicas. Eles agora precisam de “poupar dinheiro”, e também de pessoas saudáveis e vivas para ganharem eleições. Precisam de um sistema justo para as drogas e para o sexo que salve pessoas e que custe menos, e isso começa com a descriminalização! Eu espero a legalização, mas o primeiro passo é sempre o mais difícil.
Metade do debate (e de incentivo a este) foi sobre um pequeno país chamado Portugal, onde esses loucos se atreveram a descriminalizar todas as drogas criando uma nova perspectiva para todos os outros países.
O sistema não funcionava, pelo que tiveram que arranjar uma nova solução, mas uma que não passasse pela prisão ou por rotular os toxicodependentes como criminosos, e os dados científicos de dez anos de descriminalização nesse pequeno país mostraram que o HIV caiu para cerca de metade. Isto veio alterar todos os dogmas, e obviamente que as pessoas inteligentes sabem que contra factos não há argumentos. Para acabar, gostava de dizer que o nosso trabalho como defensores da legalização das drogas e o dos nossos colegas que defendem a legalização do sexo, têm vindo a atingir as instituições políticas, mas as coisas não mudam se a opinião pública não acreditar. O nosso maior esforço deve ser concentrado na forma de mudar a opinião pública e dissipar o seu profundo tabu acerca das drogas. Esta mudança será conseguida com a ajuda de figuras públicas. Não com políticos (porque estes não se arriscam a perder votos), mas com figuras que tenham maior importância na mentalidade pública, como grandes artistas ou outros em que as pessoas confiem. A jornalista da BBC ajudou-nos a compreender o porquê dos media não cobrirem o nosso trabalho, apontando para ideias relacionadas com para quem trabalham os media. Isso é algo para o qual devemos dirigir as nossas energias, porque agora é altura de o fazer.
Hasta la vitoria, Compañeros!
*Jorge Roque é jurista e membro do Conselho Executivo da Encod; membro da Inpud, e Presidente da Ong A Diferença Real < jorgeroque@encod.org >
Imagens da Marcha Global da Marijuana, Lisboa 2011 < www.mgmlisboa.org >
sugestões: produtos
arte urbana
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A FOLHA
Espaço destinado a divulgação promocional / institucional
Na edição anterior revelámos a ponta do iceberg e nesta trazemos o brutal resultado final da obra de YOUTH ONE, veterano nestas artes por cá e que muito nos honrou. O local escolhido foi o Hall of Fame do Elevador da Glória, a caminho do Bairro Alto em Lisboa, mas vamos andar por aí... O convite e apoio partiu da Dedicated Store. A imagem foi captada pela objectiva de Zakahia Tz. – Sincero obrigado a tod@s.
SWEET SEEDS MÃOS LARGAS
Concurso de cultivo regressa com 17mil em prémios Growshop • Bazar Headshop • Smartshop
A cena canábica na nossa vizinha Espanha continua a crescer a um ritmo alucinante e, para onde quer que olhemos é fácil encontrar provas disso mesmo. Desta vez é exemplo disso o já famoso banco de sementes espanhol Sweet Seeds, que oferece mais de 17 mil euros em prémios nos concursos de diários de cultivo que decorrem nos forums CannabisCafe (Espanha) e UK420 (Reino Unido), pelo terceiro ano consecutivo.
YOUTH ONE em acção, abstraído de tudo excepto a sua arte Já com mais de 200 concorrentes, mas ainda com inscrições abertas (consulta as bases*), o banco oferece mais de duas mil sementes a concorrentes que desejem publicar um diário de cultivo nos forums anteriormente mencionados. No final, os concorrentes que publicarem os diários de cultivo com melhores fotos, produtividade, qualidade dos métodos utilizados, entre outros parâmetros cuidadosamente avaliados, ganham uma viagem a Amsterdão onde vão receber uma taça na célebre HighLife CannabisCup. Para muitos trata-se de um sonho tornado realidade.
Rua Passos Manuel, n.º 219 • C. Com. Invictos - Loja 13 4000-385 Porto - Portugal
(Nota: O lixo não ficou no chão!)
Telf.: +351 912 638 486 / +351 222 081 068 O Sr. Folha ainda invisual
porto@planetasensi.com
Mas não é tudo... Para além de um fim de semana com tudo incluído e alojamento num hotel de 4-5 estrelhas no centro da mais conhecida cidade canábica, o vencedor do concurso recebe também três mil euros em dinheiro. Como se não bastasse, até mesmo os concorrentes que não consigam ganhar a viagem, podem ganhar todos os meses 500 euros, caso sejam agraciados com o título de cultivador do mês. São, portanto, mil euros por mês, durante 8 meses, atribuídos a dois dos concorrentes com base numa votação pública em que qualquer utilizador dos forums pode participar, votando. Mais do que levar três ou quatro cultivadores à HighLife Cup 2012, este concurso serve para aproximar colegas que partilham um profundo interesse por este hobby, já que o fair play demonstrado em anos anteriores permite concluir que o maior mérito desta iniciativa é facilitar o intercâmbio de ideias e métodos aplicados no cultivo desta maravilhosa planta. No final é natural que alguns acabem por destacar-se pelas suas qualidades como fotógrafos ou como cultivadores, mas no final todos ficam a ganhar com uma doce colheita e uma mão cheia de novos amigos. Oxalá as leis do nosso país nos permitissem fazer o mesmo, pois desde que em Agosto de 2003 o então primeiro ministro Durão Barroso decidiu (sem nos consultar) tornar a semente ilegal, tudo o que de “Sweet” poderiamos retirar deste mercado em Portugal, passou para o outro lado da fronteira. Em Espanha há hoje em dia largas dezenas de bancos de sementes, que pagam impostos e dão emprego a milhares de pessoas, deixando o português na posição de cliente que apenas pode cheirar o bom trabalho desenvolvido pelos breeders espanhóis. De qualquer forma não deixem de visitar este concurso, pois já que não os podemos vencer... juntemo-nos a eles! *consulta as bases, regras e prémios deste concurso nos subforums Sweet Seeds em www.cannabiscafe.net ou www.uk420.com
plagron RENOVA IMAGEM
Alguns golpes pareciam de improviso
Mais informação melhores resultados
Alguns convivas e praticantes aprenderam com o mestre Feito ininterruptamente em meia tarde. Hail YOUTH ONE!
Quem domina pode brincar assim
Como parceiro para melhor crescimento, floração e colheita, a Plagron decidiu renovar a apresentação dos seus produtos e já introduziu as novas embalagens em todas as Growshops da Europa. A antiga e reconhecida embalagem Palgron mudou agora para um design inovador. Claramente o novo design, poderá não ser tão apelativo para cultivadores, mas a historia por trás desta renovação não deixará os seus clientes menos satisfeitos. A Plagron dará agora aos seus utilizadores a possibilidade de melhorar as suas plantações assim como colheitas.
Este processo consiste em 100 novas apresentações nas cinco linhas de produtos, apelidadas de: 100% BIO, 100% TERRA, 100% COCO, 100% HYDRO e aditivos Plagron UNIVERSAL. No design, assim como na sua composição, as novas linhas ajudarão os cultivadores a melhorarem resultados, através de nova e mais estruturada informação contida nas suas embalagens. O objectivo da Plagron é ser uma marca que os cultivadores usem e consultem para obter melhores colheitas. < www.plagron.com >
NOVO BLOG SUMARENTO
“O Canna Roots tem o intuito de apoiar todas as causas relacionadas com a cultura cannábica” A Folha vive em todos os que a lêem, mas aqui brilhou
O factor equilíbrio também é importante
Embora ainda jovem, o blog Canna Roots possui uma abrangência, actualidade e relevância de conteúdos que o fazem merecer a nossa recomendação, e incentivo. Aqui fica a sugestão para os nossos leitores. < www.cannaroots.eu >
aventuras dos leitores PARTILHA A TUA COLHEITA! a.folha.pt@gmail.com
Concurso de fotos “CULTIVO EM PORTUGAL” CannabisCafe – A Folha
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“Critical Jack, da Dinafem, produzindo secreções de resina (Não sei que tipo de resina, aquilo não é só THC, tem açucares, provei e é doce e frutado, podem ser açucares e terpenos.) Lisboa,” Anónimo de bom palato
4 A qualidade das imagens é condicionada pelos originais submetidos online.
Conforme prometido, aqui fica o resultado da eleição da melhor imagem do mês, exercido pelos utilizadores do fórum CannabisCafe na primeira metade do ano, e apadrinhado pelo Sr Folha. O CannabisCafe é o forum de referência para a cultura canábica ibérica e lusófona, nele podemos encontrar um manancial de informação e portas para um universo vastíssimo de artigos, novidades fresquinhas e figuras actuantes.
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< www.cannabiscafe.net >
5
1 Gerrilla Gusto (Fev.)
Micro 55, por JoshHome
2 Cream Caramel
(Mar.) Tricomas, por Tommy
6
G
3 Jack Herer
(Abr.) Jack
H., por Bandolero
4 Misc
(Maio) Terraço
2010, por Picas100
5 NYC Diesel
(Jun.) Diesel, por
Chulye
6 Super Skunk
(Jul.) Microclone, por Afrito78
A Folha e o CannabisCafe continuarão atentos às melhores imagens de “Cultivo em Portugal”
AK47 Av. Mouzinho de Albuquerque Galerias Euracini 2, Loja 3G 4490-409 Póvoa de Varzim correio@ak47bob.com • www.ak47bob.com Tel: 252 638 401 Big Buds C. C. Newark • Rua Alfredo Cunha, 115 Lojas 53 a 57 • 4450-023 Matosinhos info@big-buds.com · www.big-buds.com Tel: 229 370 737 / Tm: 911 148 797
A Loja da Maria Rua Heróis da Grande Guerra, 5 The Art of Joint 2500-244 Caldas da Rainha Jardins à Maneira Rua de S.Roque da Lameira, n.º 839 caldas@alojadamaria.com Rua Sto Adrião Nº110 • 4715-248 Braga 4350 Porto Bio Folha Rua Marcos de Portugal, 65 Tel/Fax: 253 215 299 Tel: 225 100 455 / Tm: 916 747 162 Av. 12 de Julho 1200-257 Lisboa jardins.a.maneira@sapo.pt info@theartofjoint.com Quinta dos Serves Lj 4 - Ferreiras lisboa@alojadamaria.com www.jardinsamaneira.com Rua de Moçambique, nº 147 - loja 8 8200-559 Albufeira C. C. de Cedofeita, Loja 21 • 4000 Porto C.C. Liceu • 4430 Vila Nova de Gaia biofolha@hotmail.com porto@alojadamaria.com Planeta Sensi Tel: 223 752 335 / Tm: 936 319 555 www.biofolha.pt R. da Alegria, 47 • 3000-018 Coimbra C. C. Invictos, Loja 13 gaia@theartofjoint.com Tm: 939 230 615 / 939 230 612 coimbra@alojadamaria.com R. Passos Manuel, 219 - 1 Piso • 4400 Porto www.theartofjoint.com info@alojadamaria.com • www.alojadamaria.com Info@planetasensi.com • www.planetasensi.com Tm: 91 667 0668 Tm: 962 398 699 / 913 288 085
opinião/sociedade A FOLHA
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O falhanço da ‘Proposition 19’, Legalizar canábis na Califórnia
– o que aconteceu e porquê. A poeira assentou desde que falhou a Proposition 19 na Califórnia e podemos ver agora com mais clareza porque falhou. A legalização de ‘cannabis medicinal’ começou há 15 anos atrás, quando a população do Estado da Califórnia votou, por maioria, a favor da criação da lei. Normalmente, as leis são feitas pelos legisladores mas, na Califórnia, temos um processo a partir do qual qualquer pessoa pode propor uma lei e, com um número suficiente de votos submetidos por petição, a lei pode ser votada pelos eleitores do Estado nas eleições gerais seguintes. Se passar, torna-se lei, tal como é definido pela Constituição do Estado da Califórnia. Por Lawrence Brooke* A Proposição 215 tornou-se lei em 1996 mas, ao princípio, era como se não existisse. O cumprimento das leis federais e estatais levaram à continuação dos processos contra ‘cultivadores e utilizadores de cannabis medicinal’. Com o passar do tempo, alguns casos seguiram o seu curso nos tribunais, e as decisões judiciais e os precedentes começaram a clarificar a lei. Com decisões judiciais de muitos tribunais, ao longo de muitos anos, a legalização do cannabis para uso ‘medicinal’ tornou-se uma realidade. Comunidades locais redigiram estatutos específicos para definir a lei com mais precisão. Por exemplo, em Sonoma County, um paciente ou ‘profissional de saúde’ certificados podem cultivar até 30 plantas numa área de cerca de 3 metros quadrados... por paciente. Os nosso tribunais locais, ministério público e polícia respeitam e aplicam este estatuto. O governo federal continua a processar porque a lei federal não foi alterada. Isto criou uma tensão enorme entre as agências de segurança pública federais e locais e com ‘nós, o povo’ [we the people] que criámos, testámos e refinámos leis, regulamentos, impostos e penalizações locais para a cannabis medicinal. Conseguimos uma clareza notável na Califórnia no que respeita à marijuana e às leis e penas, escritas pelo povo e para o povo. Com a chegada de um declínio económico traumático, particularmente desde 2008, nós, o povo, começámos a tomar atenção aos gastos elevados de governação, às ineficiências e à injustiça que pode levar à marginalização de certos grupos sociais. Já há muito tempo que se tornou claro que as penas relacionadas com marijuana são francamente desproporcionadas em relação ao crime. Creio que impostos altos, numa época de declino económico na qual muitas pessoas estão a perder os seus empregos e as suas casas, é o principal fator de mudança. Em 2009, quase 800 000 pessoas nos Estados Unidos foram presas e julgadas devido ao Cannabis. Os custos são enormes, as penas não modificaram o comportamento das pessoas e a injustiça é grotesca. O custo para a sociedade com as forças da Lei, incluindo polícia, tribunais e prisões, o apoio a famílias destruídas e a perda de cidadãos notáveis, estudantes ou trabalhadores, transformados em prisioneiros por uso de cannabis, tornaram a situação insustentável. Leis más, incluindo as proibições sobre o cannabis, são claramente draconianas e simplesmente indefensáveis. Os Californianos viram a verdade dos fatos há muito tempo atrás. Em muitas situações somos pioneiros mundiais nas tendências sociais, pelo que esta série de eventos é simplesmente lógica. A cannabis foi usada medicinalmente durante milhares de anos; só nos últimos 70 anos é que foi tornada ilegal. Chegámos a
um ‘ponto de viragem’ a partir do qual já não toleraremos polícias a arrombar portas e a prender pessoas por causa da cannabis. À medida que os relatos de médicos e pacientes são disponibilizados, começamos a compreender a verdade relativa ao valor da cannabis medicinal e ao carácter cada vez mais obtuso das leis que a proíbem. O presidente Obama reconheceu que a mudança estava ao alcance, pelo que aconselhou o Justice Department [equivalente ao nosso Ministério da Justiça] a respeitar as leis estatais, usadas em 15 Estados, que legalizam a marijuana medicinal. A pergunta mantém-se: porque falhou a Proposição 19? Uma série de eventos que decorreram na Califórnia antes das eleições influenciaram os eleitores. Os locais de distribuição em Los Angeles proliferaram em tão grande número que os jornalistas mantiveram a história do ‘crescimento de Cannabis fora de controlo’ como tema de capa. Os produtores começaram a produzir muita mais marijuana e a quantidade disponível multiplicou-se. Os gangues mexicanos criaram grandes plantações nas florestas nacionais, causando grandes estragos ecológicos. Agentes da autoridade tentaram aplicar a lei federal mas não tinham a cooperação dos agentes estatais. Os ‘federais’ perseguiam os grandes produtores e a situação foi ficando cada vez mais caótica. Dezenas de milhões de dólares estavam a ser trocados num comércio desregulado e não-taxado; muito desse dinheiro ia para gangues criminosos. Tudo isto aparecia nas notícias nos dias anteriores à eleição, levando os eleitores a ver muita agitação sobre este tema. Ao mesmo tempo, grandes produtores comerciais e um número incontável de pequenos produtores estavam a ganhar muito dinheiro. Geralmente não pagavam impostos e estavam muito contentes com o status quo. A última coisa que queriam era mudança. Regiões inteiras estavam a lucrar imenso com o comércio de cannabis. A Proposição 19 perdeu por cerca de 7%, tendo os produtores contra ela e o resto da população com dúvidas. Por exemplo, para colocar as coisas em perspectiva, a candidata republicana para o lugar de Governador da Califórnia, Meg Whitman, gastou mais de 140,000,000 dólares na tentativa de ganhar as eleições e ficar com o cargo que agora pertence a Arnold Schwartznegger. Ela perdeu, enquanto que a Proposição 19 ganhou mais votos que ela. Tendo em conta os eventos que se desenrolaram, é uma declaração fantástica, a do povo da Califórnia, o Estado mais povoado e economicamente poderoso dos Estados Unidos: milhões de pessoas
votaram a favor da legalização da marijuana para uso pessoal e do direito a cultivá-la. A legalização da marijuana medicinal passou no Estado de Arizona em 2010 e ficou muito próxima noutras eleições noutros Estados americanos. É uma mudança na maré social e os políticos de todo o mundo deviam estar atentos a esta onda que se aproxima deles; é, em muitos sítios, um tsunami no qual as pessoas, desiludidas com os seus políticos, podem ver a dissonância entre as leis e as penas. Mais uma vez, os políticos californianos aprenderam com o povo e prepararam a mudança. O senador estatal californiano Mark Leno escreveu a proposta SB 1449 que descriminaliza a posse de uma onça [cerca de 28 gramas] de marijuana em pessoas acima de 21 anos de idade. Uma pessoa já não pode ser presa por possuir esta quantidade de cannabis; é-lhe apenas passada uma multa de 100 dólares, como se de uma multa de trânsito se tratasse. O senador Leno disse que isto pouparia uma fortuna em custos relativos à segurança pública e prisões, ao mesmo tempo que impediria as pessoas de ganharem cadastro. O governador Schwartzenegger, republicano, rectificou a SB 1449, tornando-se efectiva como lei a 1 de Janeiro de 2011. Para que fique claro, desde que, há 15 anos, a cannábis foi legalizada para uso medicinal, não existiu uma mudança reconhecível nos resultados escolares, performance laboral, acidentes de viação, entradas em hospital por uso de cannabis ou qualquer outro efeito secundário identificável que seja claramente danoso para a sociedade. Médicos e pacientes, os verdadeiros pioneiros da legalização da cannabis, reportaram uma grande redução no sofrimento dos pacientes. A cannabis funciona muito bem como uma ajuda medicinal para muitos dos que seguem as recomendações dos seus médicos. Isto constitui prova adicional de que as leis que transformam cidadãos em criminosos não têm mérito. O dano causado às pessoas por más leis e excessos da governação provou ser baseado na ignorância, no preconceito e na desonestidade. Os governos de todo o mundo seguem um padrão de mentiras relativas aos perigos da cannabis para racionalizar o tratamento draconiano dos seus cidadãos. Durante muito tempo, as massas assustadas e ignorantes marchavam ao som do apelo à criminalização das pessoas, mas à medida que os eventos mudaram e os factos tornaram-se inegáveis, a mudança chegou. As pessoas já não tolerarão pagar impostos que criminalizam os seus vizinhos ou os seus filhos. Outra Proposição destinada a legalizar o uso pessoal de cannabis está neste momento a ser escrita, para ser apresentada nas próximas eleições. Em breve, a marijuana usada por todas as pessoas será legal na Califórnia. Podemos esperar, como consequência, uma melhoria da nossa economia, mudanças governativas - à medida que alguns políticos vão sendo afastados por falta de votos - e um número muito menor de prisioneiros. A mudança chegou à Califórnia e chegará ao resto do mundo civilizado, à medida que as pessoas de todo o mundo defrontam as leis inadequadas e os políticos que as criaram. * Lawrence Brooke, fundador da General Hydroponics Inc.; co-inventor do Transdermal Cannabinoid Patch - patchtek.com
A mudança chegou à Califórnia e chegará ao resto do mundo civilizado, à medida que as pessoas de todo o mundo defrontam as leis inadequadas e os políticos que as criaram.
[A Folha não é responsável pelo uso que é dado à informação contida nas suas páginas. Apelamos aos nossos leitores que sejam responsáveis e respeitem a lei do seu país.]
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A FOLHA
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As Conferências Como é habitual fez parte da programação da Spannabis um ciclo de conferências com personalidades que se destacam em temas relacionados com a canábis. Nestas, foi apresentada muita informação relevante tanto a nível legal, como medicinal, científico, histórico e activista, abarcando também a área das técnicas de cultivo. Aqui fica um resumo de algumas das exposições mais interesantes. A primeira Conferência deste ciclo foi “Evoluir a microvida à nossa volta” por Josep Saurì. Pep Saurì, como é conhecido, é um técnico da MICROevolució, uma empresa catalã que comercializa soluções “vivas”, baseadas em microrganismos, que visam substituir os produtos tóxicos usados em limpeza, tratamento de água, agricultura e muitas outras aplicações. Após uma introdução onde explicou à audiência o que são os microrganismos e o papel que desempenham no planeta Terra e no corpo humano, Pep revelou de que forma podem ser usados para nosso benefício. Para Pep, o segredo é o equilíbrio; num ambiente saudável, 10 a 15% dos microrganismos são patogénicos, 70 a 80% são neutros e 10 a 15% são benéficos. O que as soluções microbiológicas fazem é introduzir organismos neutros e benéficos, de forma a que gradualmente o ambiente se reequilibre. A presença dos microrganismos neutros é tida como basilar, pois permite manter as restantes populações estáveis, impedindo, por exemplo, que os patogénicos se multipliquem em demasia. A solução-mãe, isto é, a mistura básica para trabalhar em vários setores e que contém os microrganismos a introduzir, é constituída por bactérias ácido-lácticas, leveduras e bactérias fitotrópicas. Esta solução pode depois ser refinada consoante a aplicação. A Pep Saurí seguiu-se o já habitual Massimiliano Salami, que desta vez apresentou uma palestra intitulada “Uma praga de alto risco, as moscas do solo” onde expôs dicas muito úteis a qualquer canabicultor. No seu registo brincalhão, e para uma audiência lotada, o “Dr. Grow” apresentou este fitófago que se alimenta de pêlos radiculares enquanto no estado larval, e sobre o qual o leitor pode consultar mais informação no artigo sobre pragas presente na edição n.º 4 d’A Folha. Estranhamente, a mosca do solo só é considerada uma praga no cultivo de interior. Em exterior, a riqueza do solo proporciona às larvas matéria orgânica que preferem em
Barcelona voltou a transformar-se, por três dias, na capital mundial do cânhamo, realizando-se pela oitava vez a incontornável feira Spannabis que, a três horas do seu encerramento, registava já uma afluência superior a 18 mil visitantes. Como não podia deixar de ser, A Folha esteve presente, registando algumas impressões, curiosidades, e imagens. Na bagagem também trazemos aquele que foi um ponto alto das várias conferências realizadas: as reflexões de Luís Hidalgo sobre o panorama actual dos Clubes Sociais de Canábis, e a evolução da cultura canábica no país vizinho, que conta já com mais de 600 empresas especializadas de pequeno e médio porte, várias publicações regulares e três feiras internacionais, em Madrid, Málaga e Barcelona, esta última a mais imponente. Por Alexandre de Menezes, Pedro Mattos e João Maia Animação, ambiente descontraído, os principais traders, lendas-vivas como Howard Marks, ao vivo a cores e musical, ou Lawrence Brooke, que em segundos nos disponibilizou via iphone o artigo anterior enquanto brindavamos ao futuro com champagne francês – os atractivos são imensos, distribuindo-se por centenas de stands, alguns com vários pisos ou galerias privadas. Quem vai, já sabe que pode esperar três dias de intensidade inebriante, uma boa aventura em BCN, e sempre algo novo e surpreendente para aprofundar. Mais um porrito no stand da nossa casa de sementes predileta, oportunidades a preço simpático e até amostras grátis que infelizmente não se podem trazer no avião. A demonstração detalhada do funcionamento de um novo sistema hidropónico, vendido praticamente a preço de custo, tornam difícil deixá-lo ficar.
No exterior bares e tiendas de comes e bebes complementavam o que poderia não se encontrar nos espaços de influência marroquina no interior do recinto, que ainda assim permitiram a prova de iguarias típicas da doçaria dos desertos, chás de puta madre e café à homem. “O que mais nos apraz é comprovar que umas das nossas metas principais, a da normalização, cada vez está mais próxima, uma vez que a tranquilidade foi a tónica geral durante todo o fim de semana”, declarou Raúl del Pino, director de comunicação do certame, e resume bem o patamar a que a civilidade e cultura canábica já chegaram em Espanha. Algumas curiosidades mantém-se por satisfazer. Sistemas de iluminação LED actuais não se encontravam ainda disponíveis para análise, mas no geral o balanço foi bastante positivo, e seguramente voltaremos a encontrar-nos em Cornellà para a Spannabis 2012.
detrimento das raízes. Descrito o invasor, Salami passou a explicar como é possível controlá-lo. Sendo contra o uso de pesticidas, passou diretamente ao controlo biológico, em que se usa o nematóide Steinernema feltiae. De seguida, introduziu o controlo parabiológico em que se aplicam técnicas que visam dificultar a vida da praga. Duas delas, com bons resultados, consistem em reduzir a humidade do substrato ao podar as ramas inferiores (que também facilita a circulação de ar, minora outros riscos e concentra força de crescimento nos ramos superiores) e regar menos frequentemente, impedindo o desenvolvimento dos ovos e larvas que se depositam na humidade dos primeiros centímetros do substrato e, claro, colocar fitas pegajosas amarelas à altura do substrato para capturar os adultos. Para além destas técnicas já conhecidas e descritas na literatura, Salami revelou uma nova que consiste no uso de minhocas vermelhas californianas (Eisenia fetida) numa concentração de 5-20 minhocas por cada 10L de substrato. Estas alimentam-se do material em decomposição que se encontra no solo, sem nunca destruírem as raízes saudáveis, e dando algum combate à proliferação de larvas de mosca do solo. O húmus da minhoca vermelha, por si só, evita o aparecimento desta praga. É benéfico juntar algum estrume ao substrato, de forma a suplementar o alimento das minhocas, e tendo-se ter o cuidado de não aplicar fertilizantes minerais pois podem matá-las. A fechar tivemos Luis Hidalgo com “2001-2011 Evolução da cultura canábica em Espanha: Uma década de cultivo alegal” refletindo sobre o que deu origem à explosão da cultura canábica em Espanha e o caminho que ainda há a percorrer para a normalização da canábis. Devido à semelhança com o panorama português e em particular a problemática dos Clubes Sociais de Canábis, cada vez mais numerosos Espanha fora, e a dar os primeiros passos em Portugal, publica-se o artigo textual desta conferência, gentilmente disponibilizado pelo autor em especial para as nossas páginas.
Espanha 2001-2011 uma década de cultivo alegal Resumo da conferência dada por Luis
Hidalgo na Spannabis 2011
Domingo pela manhã. Tomo um bom duche e vou apaziguar a mente e o corpo, após a festarola de ontem à noite, a um dos Clubes Sociais de Canábis que funcionam na minha cidade. Lá, tomarei um bom café, acompanhado, com total liberdade, por um dos ricos cigarros de canábis que me correspondem no cultivo coletivo do Clube, enquanto leio o jornal ou jogo uma partida de xadrez com algum amigo.
Ainda me lembro quando tinha que descer até ao parque para comprar haxixe marroquino adulterado, a preço de ouro, e ir-me embora a correr para evitar polícias à caça do consumidor pouco precavido, para o multarem. A verdade é que isto não foi há assim tanto tempo; apenas alguns anos separam estas duas formas de consumo tão diferentes e afastadas na forma e no conceito: o “orientanço” subversivo em bairros marginais de “material” usualmente adulterado, por um lado, e por outro o modelo atual de Clube Social de Canábis que se está a estabelecer por todo o território espanhol, onde o utilizador dispõe de um espaço lúdico-cultural no qual pode consumir e ter acesso a canábis de qualidade, a um preço muito razoável.
O nascimento da canabicultura Para compreender uma evolução tão rápida como a que se está a desenvolver em Espanha, relativamente à regulação e normalização do cultivo e consumo de canábis e derivados, é necessário olhar para o passado, visto que um dos fatores que permitiram chegar à situação atual - talvez até o mais importante – é nada mais nada menos que a explosão da canabicultura “caseira” para autoconsumo, auspiciada pelo aparecimento e consolidação de um grémio especializado nessa prática: as growshops. Falamos de lojas onde se pode adquirir tudo aquilo que é necessário para o cultivo de canábis (ou qualquer outra espécie vegetal) tanto em exterior como “indoor”, isto é, dentro de um espaço fechado, com luzes artificiais e condições ambientais controladas, normalmente no domicílio da pessoa que cultiva. Isto remonta ao fim do séc. XX, como se de uma mudança de ciclo se tratasse. Até ao ano 2000, não podemos dizer que existia uma verdadeira cultura canábica em Espanha, apesar de já existirem, antes dessa data, associações sem fins lucrativos para o estudo da canábis em praticamente todas as regiões do país e nas principais cidades. Algumas já tinham praticado, por mote próprio, um ou outro cultivo partilhado, com resultado nefasto a nível legal, pois eram invariavelmente confiscados. Os responsá-
veis da associação eram imputados por delito contra a saúde pública, mas acabavam posteriormente por serem absolvidos, ou no máximo condenados a pagar uma sanção administrativa sem consequências de maior. Por outro lado, aqui sempre se cultivou, mas eram quase sempre raças mais ou menos “canhamizadas”, cultivadas por alguns “velhos hippies”. A chegada da internet e da rede global a nível massivo permitiu o acesso às genéticas que se cultivavam na Holanda e que eram vendidas nas suas famosas coffeeshops. Antes disso, no final dos anos 90, era preciso enviar dólares dentro de um envelope a uma morada holandesa para que fossem enviadas sementes. A maioria das vezes não chegavam, mas algumas atingiam o destino, da mesma maneira que também eram trazidas por quem viajava a Amsterdão, o paraíso canábico daqueles tempos. Com a mudança de século podemos dizer que começou o “boom” do autocultivo, iniciado com o aparecimento do primeiro banco de sementes espanhol, Cannabiogen, no qual tive a honra de participar, formando parte da equipa original que o cuidou, durante o nascimento e adolescência, apesar de me ter visto fora do projeto uns anos mais tarde por diversas circunstâncias. Paralelamente, começaram a surgir growshops por todo o lado; nelas, podia-se adquirir tudo o que faz falta para cultivar canábis, incluindo as sementes de
Mas então, se as sementes de canábis narcótico não se podem consumir nem se podem germinar, visto que o seu cultivo não está autorizado, como podem ser vendidas, sem problemas legais, nas growshops? Por um detalhe técnico; elas são comercializadas para colecionismo, como se pode ler nos catálogos de bancos de sementes e nas páginas de internet que as disponibilizam. São exclusivamente para adultos e é expressamente proibida a sua germinação, sendo responsável, em qualquer situação, o utilizador final, do destino a ser dado a essas sementes. No âmbito do colecionismo não existe regulação ou proibição a respeito, além de que as sementes de canábis, em Espanha, não são consideradas droga porque não contêm sequer vestígios de THC, o canabinóide fiscalizado pela Convenção Única de Viena de 1961. Desta maneira, enquanto não seja criada uma lei que regule a venda deste produto no âmbito do colecionismo, a dita venda encontra-se num estado alegal, mas no qual se pagam os impostos correspondentes aos produtos desta categoria (colecionismo) e se fatura legalmente entre empresas legais.
alta qualidade que antes só se podiam conseguir na Holanda. Pouco tempo teve que passar para que as pessoas, cansadas da baixa qualidade e preços abusivos do mercado negro e da possibilidade de ser multado, num controlo aleatório, por posse de canábis na via pública (mesmo não estando a consumir), começassem a fazer as suas próprias plantações caseiras para cobrir o autoconsumo, uns por razões médicas e outros por puro prazer lúdico.
Quantas plantas podem ser cultivadas? Segundo o Artigo 368 do Código Penal espanhol, quem execute atos de cultivo, elaboração ou tráfico, ou de outro modo promovam, favoreçam ou facilitem o consumo ilegal de drogas tóxicas, estupefacientes ou substâncias psicotrópicas, ou as possuam para esses fins, serão castigados com penas de prisão entre três e nove anos, e multa equivalente ao triplo do valor da droga objeto de delito, se se tratar de substâncias ou produtos que causem danos graves à saúde, e de prisão entre um a três anos e multa de valor equivalente ao dobro, nos restantes casos. Por outro lado, uns anos após a assinatura da convenção acima referida, o governo aprovou a Lei 17/1967 sobre estupefacientes, na qual se estabelece que a posse de substâncias estupefacientes especificadas nessa convenção só poderia ser considerada legal se for previamente concedida uma autorização administrativa emitida pela Agencia Española del Medicamento (Agência Espanhola do Medicamento). Esta lei, no entanto, não contempla sanções sobre a posse quando se trata de pequenas quantidades. Passaram mais uns anos e, já em democracia, aprovou-se a Lei Orgânica 1/1992 de Protección de la Seguridad Ciudadana (Proteção de Segurança do Cidadão) – também chamada de ‘Ley Corcuera’ pelo apelido do ministro que a propôs – que castiga com multas, confiscação e outras medidas possíveis, a posse ou consumo de qualquer quantidade de drogas ilegais em lugares públicos. Podemos ver, na caixa da página seguinte, o texto dos dois artigos mais importantes para o nosso caso, o 25 e o 28. Tendo em conta o exposto, é bom que tenhamos bem claro o facto de que no território espanhol NÃO é legal o cultivo de canábis narcótico sem autorização expressa da Agencia del Medicamento e até do Instituto Nacional de Toxicología. Sem esta autorização, o cultivo de uma só planta de canábis é tecnicamente ilegal, salvo por um matiz que veremos mais adiante. Ilegal é, também, qualquer relação com o canábis narcótico, exceto no âmbito pessoal e estritamente privado. Ora, é no mínimo surpreendente, portanto, o facto de ter explodido o autocultivo, num ambiente tão aparentemente hostil a tudo o que seja relacionado com canábis, por um lado, e por outro, em tempos mais recentes, tenham aparecido os denominados Clubes Sociais de Canábis (CSC), nos quais se pode consumir “livremente” o canábis, seja próprio, seja o do Clube. Além disso, existem, desde há vários anos, os denominados Campeonatos Canábicos, organizados pela grande maioria das associações existentes desde antes da criação dos primeiros CSC, nos quais os cultivadores apresentam amostras do resultado dos seus cultivos para serem “catadas” e julgadas por outros canabicultores, por forma a premiar as melhores em categorias como indoor, outdoor ou cultivo biológico. Nestes campeonatos reúnem-se um bom número de consumidores de canábis, munidos do respetivo material para fumar e, salvo exceções pontuais, nunca existiram problemas com a lei.
Legal, ilegal e alegal Comecemos com o caso das sementes de canábis à venda pela internet e em lojas especializadas. Aqui existem várias frentes, ganhas, em parte, pela administração. Por um lado, para se poder vender sementes – de qualquer tipo – destinadas ao cultivo e/ou consumo humano, estas têm que estar certificadas pelo organismo regulador correspondente (dependente do Ministério da Agricultura); para conseguir essa certificação, as sementes devem cumprir certos requisitos. Para poder cumprir ditos requisitos são necessários meios que não estão ao alcance dos criadores de canábis narcótico, isto é, o facto de não serem concedidas as autorizações que legalizem o seu cultivo para a produção de grão, por um lado, e o fechar da possibilidade de se aproximar dos mínimos exigidos para a certificação de uma variedade comercial (plantações de 5.000 ou mais plantas, por exemplo).
O princípio do Futuro Podíamos dizer que o primeiro passo desta corrida em direção a uma possível normalização do cultivo de canábis para autoconsumo foi o ‘Relatório Catania’, ou Recomendação do Parlamento Europeu, destinada ao Conselho Europeu, sobre a estratégia da UE em matéria de luta contra a droga, no ano de 2004, no qual se torna evidente que a atual estratégia de proibição é obsoleta e inútil. Ao mesmo tempo, este relatório promove uma atualização relativa à prevenção e redução de riscos no consumo de substâncias ilícitas e mais em concreto do canábis, sobretudo a nível medicinal. Contudo, em Espanha, o busílis da questão centra-se num relatório jurídico elaborado por Juan Muñoz Sanchez y Susana Soto Navarro (R.I.P.), ambos professores da Faculdade de Direito da Universidade de Málaga mas também membros do Instituto de Criminologia.
Alguns dos ilustres conferencistas presentes no evento, partilhando os mais recentes desenvolvimentos das suas pesquisas.
< alegal é um termo semi-instituído (não aparece nos dicionários); significa nem legal nem ilegal. >
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Espanha 2001-2011 uma década de cultivo alegal (cont.) adultos de uma substância milenária como é o canábis narcótico. Detalhemos, portanto, o funcionamento básico de um CSC: para começar, e para todos os efeitos legais, os CSC são registados como uma Associação Sem Fins Lucrativos. Para tal, utiliza-se o modelo padrão de estatutos no qual se modificam algumas - poucas - partes, como por exemplo os objetivos e fins da associação, o seu regulamento interno, e, claro, os componentes da administração. Resumidamente, podemos dizer que se trata de facilitar um espaço fechado, de acesso exclusivo a adultos já previamente consumidores de canábis, seja por motivos médicos ou de outro tipo. Neste espaço desenvolvem-se também atividades e sessões informativas relativas à planta, ao seu cultivo, derivados, etc., mas também sobre prevenção de riscos e consumo responsável. Até aqui nada diferencia os CSC de uma associação canábica tradicional, pois até o cultivo partilhado, uma característica de alguns CSC, já É nobre a coragem dos activistas que lutam nas ruas pela Causa Verde, como este jovem da Associação ARSEC era feito antes da existência destes clubes. A difede Málaga. Ajuda a compreender no que assenta parte do desenvolvimento do panorama canábico espanhol. rença fundamental reside no facto de, estando uma pessoa no interior das instalações do clube, além de poder O relatório jurídico foi encarregue, por parte do Comissariado para consumir o que traz de casa (apenas canábis) também se pode a Droga da Andaluzia, de verificar a legalidade do uso terapêutico aceder a canábis fornecida pelo próprio clube, enquanto “enda canábis para mitigar os sintomas de certas doenças, bem como tidade”. Devido ao caráter ativista dos primeiros CSC e como confirmar a viabilidade legal de criação de lugares ou espaços onde medida fortalecedora da fuga ao narcotráfico e ao mercado se pudesse adquirir e consumir dita substância e seus derivados, negro, este canábis que se fornece em exclusividade aos sócios tanto por motivos de saúde como puramente lúdicos. deveria proceder de um cultivo realizado pelo próprio CSC, e A partir deste relatório, e do “dogma” posterior emitido pelo no qual participam os sócios que assim desejarem. Este é o Fiscal Sequeros-Sazatornil, no qual se especifica claramente que só modelo original e, na nossa modesta opinião, aquele que está deveriam considerar-se delitos as atuações que estejam destinadas destinado a prevalecer sobre as diferentes variações que se ao tráfico ilegal de forma clara e fidedigna, diferentes associações, estão a produzir na atualidade e que, apesar de se ajustarem como Ganjazz ou Pannagh, com Martín Barriuso (Presidente da Feao Relatório Muñoz-Soto, separam-se desta filosofia inicial deración de Asociaciones Cannaábicas - FAC) na liderança, iniciam mais purista. uma aplicação prática e propõem um modelo básico mas muito bem definido do que seriam os primeiros CSC, que levam a cabo Outras formas de funcionamento cultivos partilhados e continuam no ativo na atualidade. Também Ao início comentávamos o facto de o consumo privado ser não nos devemos esquecer do RCN/NOK, primeiro e único partido o único permitido atualmente por lei, e que os cultivos partilegal e registado, cujo único fim é a normalização do autocultivo. lhados cujo destino final sejam os sócios de um CSC, sendo Desde então até aos dias de hoje, e sempre nesta situação estritamente ilegais, são suscetíveis de serem permitidos ou relativamente alegal, como veremos, surgiram e vão surgindo inuautorizados (algo que nunca sucedeu, até aos dias de hoje), meráveis CSC por toda a geografia espanhola, aplicando alguns ou pelo menos absolvidos de acusações criminais no caso de estritamente o modelo das FAC e outros adicionando variações serem confiscados, graças ao Relatório Muñoz-Soto. substanciais, como o facto de se adquirir, por algum meio, o maSegundo o modelo inicial, aplicado pelos Clubes e Associaterial que os sócios declaram que vão consumir, em vez de o obter ções federados na FAC (Federação de Associações Canábicas), através de um cultivo partilhado e declarado às autoridades. Tame, nas palavras do seu presidente, Martín Barriuso, “o funcionabém há clubes que optam por ter o cultivo na sede do mesmo, para mento dos CSC deverá basear-se na transparência e na gestão assim evitar o transporte. democrática, e nunca terá como objetivo o lucro pessoal dos O modelo original promotores. Os CSC são uma nova forma organizativa, dirigida ao autoabastecimento e à criação de um mercado em circuito Tendo em conta que o leitor já tem uma ideia sobre qual é a fechado cujas regras de funcionamento se assemelhem às de situação [em Espanha], passamos a abordar a fundo a questão dos uma cooperativa de consumo”. Segundo estas premissas, para Clubes Sociais de Canábis, tema interessante que - quem sabe um estarem dentro destes parâmetros, ditos clubes ou associações dia - pode vir a ser aplicado em Portugal, seguindo as fórmulas deveriam ser compostas por consumidores prévios de canábis, aplicáveis à sua legislação e aproveitando as experiências, acertos com o objetivo de garantir os direitos dessas pessoas que, e erros a partir da análise dos Clubes Sociais de Canábis espanhóis noutra situação, se encontram num ambiente legal repressivo, e nas suas diferentes formas e as bases jurídicas nas quais assentam de promover o debate e a mudança social para a normalização os seus pilares, que não são outras que aqueles que justamente completa da planta da canábis. A partir daqui, também terá defendem como um direito civil o consumo em privado e entre
como função garantir o abastecimento dos seus membros com produtos de qualidade. Contudo, existem outros modelos de funcionamento que, em princípio, são essencialmente tão ‘ilegais’ como o modelo proposto pela FAC e que também teriam cabimento no conceito de circuito fechado de consumo por parte de utilizadores de canábis, apesar de, em princípio, se registarem legalmente como associações. Por exemplo, há quem proponha ter o cultivo do clube nas mesmas instalações onde este se encontra, de maneira a que não haja a necessidade de transportar nada através de lugares públicos entre um sítio e outro, o que ocorre nos cultivos partilhados de exterior, onde mais tarde ou mais cedo haverá que transferir para o local do clube a colheita produzida, violando assim a legislação vigente. Outros, por seu turno, decidem não realizar cultivo partilhado mas antes adquirir, por algum outro meio, o material que os membros do clube vão consumir, com uma margem mínima de diferença em relação ao preço de compra, margem essa sempre destinada a cobrir os diversos gastos do clube. Este sistema é controverso e gera sempre uma certa polémica entre os setores ativistas mais radicais, visto que - segundo estes - não fomenta o desaparecimento do mercado negro, mas a verdade é que, quando é preciso defender o seu funcionamento perante um juiz, não existe diferença no facto do
Atrás, a imponente e mágica entrada que dava acesso ao enorme recinto de Cornellá de Llobregat, já nos últimos momentos do evento. Em baixo, uma concorrente em prova, enrolando o mais rápido que lhe foi possível um saboroso porrito; O stand da empresa Canna foi um dos mais interessantes e amplos do recinto, com vários microscópios onde era possível aos visitantes analizar pormenores cristálicos apetitosos e várias pragas, feias e temíveis.
Extracto da ‘Ley de Seguridad Ciudadana deL 1992 “El Corcuerazo”’ [nota do tradutor: A tradução que se segue, tentando ser o mais fidedigna possível, não passa de uma tradução livre, não podendo, portanto, servir como indicadora do espírito da lei original, em espanhol.]
Artigo 25 1. Constituem infrações graves à segurança dos cidadãos o consumo em locais, estabelecimentos, vias, estabelecimentos ou transportes públicos, bem como a posse ilícita, mesmo que não destinada ao tráfico, de drogas tóxicas, estupefacientes, ou substâncias psicotrópicas, sempre que não constitua infração penal, bem como o abandono nos sítios mencionados de utensílios ou instrumentos utilizados para o seu consumo. 2. As sanções impostas por estas infrações poderão ser suspensas se o infrator se submeter a um tratamento de desintoxicação num centro ou serviço devidamente acreditado, na forma e no tempo que determine por regulamento. Artigo 28 As infrações previstas no artigo 25 poderão ser sancionadas, além do mais, com a suspensão da carta de condução de veículos a motor por três meses e pela confiscação da licença de armas, procedendo-se de imediato à confiscação das drogas tóxicas, estupefacientes ou substâncias psicotrópicas. Esclarecimento “A Ley de Seguridad Ciudadana [Lei de Segurança Cidadã] não se pode aplicar no interior do espaço de uma associação, visto que são recintos privados, mas qualquer pessoa que abandone o local com haxixe ou marijuana estaria a infringir esta norma, cujas sanções económicas vão de 300 a 6000 Euros. No caso do transporte de material para a associação, se este é intercetado pela polícia, o mais provável é que o confisquem, um risco a ter muito em conta aquando da planificação da logística.” (Extraído do relatório da FAC sobre a criação de CSC).
Os sistemas de vaporização são cada vez mais um must nestes eventos. Este processo de consumo é totalmente inóquo e baseia-se no vapor de água para libertar as propriedades da planta. Muitos puderam fazer um test-drive livremente após aguardarem na fila a sua vez.
consumo ser privado e entre adultos, independentemente de onde provenha a substância, questão que reabre o debate sobre a incongruência de se poder consumir mas não comprar ou produzir. Para terminar, também existiria a possibilidade de criar clubes privados nos quais o lucro fosse um fim, de uma maneira similar às coffeeshops holandesas mas muito mais restritiva, na medida em que as quantidades de canábis a receber pelos sócios seriam limitadas e controladas, e sempre em ambiente de acesso privado, podendo até restringir-se o consumo do material ao interior do local, impedindo a saída de canábis das instalações do clube. Como não poderia deixar de ser, tudo agravado com impostos que iriam diretamente para os cofres do Estado. Conclusões É bastante complicado fazer algum tipo de previsão relativa ao futuro imediato e a médio prazo sobre o destino, a evolução e consolidação dos CSC. Parece evidente que se se quer entrar plenamente na legalidade é imprescindível que a sua regulação se reflita a nível estatal em forma de lei aprovada e referendada pelo
Congreso de los Diputados [equivalente espanhol à Assembleia da República portuguesa]. Entretanto, tudo dependerá do critério dos juízes que julguem cada caso concreto, e da interpretação da lei que considerem adequada. Poderia parecer que, até agora, tem havido uma certa passividade em relação às atuações contra os CSC por parte do Estado, mas esse cenário está a mudar, pois nos últimos tempos têm sido detidas algumas administrações de vários CSC, ficando os seus membros imputados pelos respetivos delitos contra a saúde pública. Como é óbvio, se as sentenças forem favoráveis, assistiremos a um avanço considerável para a consolidação legal destes clubes, enquanto que uma situação oposta poderá levar à sua rápida eliminação em todo o território espanhol. Seja como for, e apesar da iniciativa dos CSC significar uma tomada de posição frente ao Estado, em matéria de cultivo e consumo de canábis para uso privado, seria talvez importante manter também uma atitude ativista visível noutras frentes, aplicando fórmulas que permitam o cultivo a pequena escala de maneira legal, como por exemplo o sistema de adoção de utilizadores medicinais
que não podem cultivar por qualquer razão, como sucede em vários Estados dos EUA, ou inclusivamente de utilizadores lúdicos, como se propõe no México.
A verdade é que existe uma certa corrente internacional a favor da regulação e normalização da produção e uso de canábis narcótico e seus derivados, e que, em certa medida, a Europa depende do que suceda nos Estados Unidos, relativamente a esta matéria. Tendo em conta isto, há que esperar... Bons Fumos.
Luís Hidalgo
Critical+
Genética
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Auto
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Na edição número 5, abordámos o conceito semi-revolucionário das plantas autoflorativas de canábis, luminoresistentes, com a genética Sweet Afgani Delicious, da casa espanhola Sweet Seeds. Desta feita, o Homem Folha bateu à porta da respeitada Dinafem Seeds, que nos ajudou a compreender o ponto a que chegou nas suas investigações. A “Segunda Geração de autoflorescentes” Dinafem, mantém apenas os traços tecnicamente uteis da Landrace original, e dá nova roupagem ás já familiares Critical+ e Critical Jack.
Critical+ Critical Jack Autoflorativas Até há pouco tempo, as variedades autoflorescentes careciam de sabor e aroma, o que levava muitos cultivadores a não se inclinarem por essa opção. A partir das primeiras autoflorescentes comerciais foram criadas novas linhas, mais produtivas, saborosas e potentes. Estas novas autoflorescentes melhoradas são aquilo a que chamamos de 2.ª geração. rocesso de gestação P de autoflorescentes São necessárias 6 gerações para criar uma variedade autoflorescente, feminizada e estável. Começaremos pela origem, usan-
do uma genética autoflorescente e outra que não tem esta caraterística na sua genética, mas que queremos incorporar à nova linha (como, por exemplo, sabor, produção, resistência, etc.). Faz-se uma primeira geração, cruzando estes materiais iniciais para obter as sementes que usaremos na segunda geração. O resultado da 1.ª fase é um híbrido que ainda não é autoflorescente, mas já contém na sua genética o gene recessivo da autofloração, ou seja, a capacidade de autofloração já está incorporada no seu código genético, mas ainda não se manifesta ativamente.
Critical Jack Auto
Com a segunda geração, selecciona-se os cruzamentos entre os melhores machos e fêmeas que obtivemos com a primeira hibridação, obtendo novamente sementes que ainda não manifestam a capacidade autoflorescente. Necessitamos avançar para uma terceira geração para obter até 25% de sementes autoflorescentes e assim sucessivamente até que aproximadamente 70% das sementes já são autoflorescentes como resultado da quarta geração, ou ciclo de vida, e normalmente arredondar-se-à até aos 100% numa quinta fase de cruzamento e seleção final. Assim sendo, necessitamos 5 fases completas de trabalho para obter sementes de uma nova linha de autoflorescentes. Neste processo, a chave é a seleção, o que implica muitas horas de observação e estudo detalhado das plantas. Selecionar as melhores caraterísticas é, por vezes, um golpe de intuição e sorte, mas fazê-lo bem feito requer anos de experiência e estudo especializado de botânica da canábis. Desta maneira, conseguimos detetar as caraterísticas genéticas que queremos que se fixem na nova variedade. Se queremos melhorar o sabor, a presença e forma das cabeças, ou aumentar a psicoatividade, teremos que ir apurando o engenho durante estas 5 fases de trabalho. Deste processo resultam sementes que incorporaram tanto a capacidade 100% autoflorescente como as melhores caraterísticas híbridas da nossa seleção. Se, para lá disto, queremos que estas sementes sejam
feminizadas, necessitaremos uma sexta fase de trabalho adicional. Provaremos, claro, o que obtivemos do nosso trabalho antes de o mostrar a quem quer que seja. Para tal, necessitaremos de outro ciclo completo de vida, para saber de antemão se o resultado se aproxima do que procurávamos.
Resultados das autos Dinafem A Critical+ auto oferece cabeças de qualidade desconhecida em automáticas anteriores, com um sabor frutado extremo, com matizes de laranjas doces, uma herança clara da Critical+. Para fumadores e cultivadores que estejam cépticos, a Critical+ autoflorescente convencerá todos os que nunca tenham provado uma automática. A Critical+ autoflorescente é de potência média, com um efeito característico, relaxante e algo sedativo, devido à presença média-alta de CBD (característica da genética ruderalis) que equilibra a composição dos principais canabinóides. Quanto à Critical Jack auto é a combinação da nossa melhor linha de autoflorescentes com a Critical Jack. Esta variedade só necessita de dois meses e uma semana, desde o nascimento da semente até completar o seu ciclo vital, surpreendendo-nos com cabeças sólidas, totalmente cobertas de resina de grande tamanho. Em condições apropriadas – muita luz, ar temperado e substrato adequado - chega a um metro de altura. Tem um sabor doce, muito intenso, com notas cítricas e incenso.
São necessários cinco ciclos/fases completas de trabalho para obter sementes de uma nova linha de autoflorescentes
[A Folha não é responsável pelo uso que é dado à informação contida nas suas páginas. Apelamos aos nossos leitores que sejam responsáveis e respeitem a lei do seu país.]
crónicas do cannabistão
cultivo de exterior
A FOLHA
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A importância do acolchoado Em cultivo de exterior sob o sol tórrido do verão um dos principais problemas do canabicultor é a rega. Nos dias mais quentes pode ser necessário regar as plantas várias vezes ao dia o que implica um dispêndio de tempo e água, ambos recursos escassos principalmente num cultivo tipo guerrilha. Uma forma de reduzir a evaporação de água do solo salvando preciosos litros de água e reduzindo a frequência das regas é aplicar uma camada de acolchoado.
mandalaseeds.com
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Haxixe Gourmet O Haxixe
é obtido através da colheita e processamento da resina (tricomas) presente nas flores e algumas folhas das plantas de canábis. As formas de fazê-lo variam consoante a geografia e as culturas que deste tempos remotos descobriram as suas propriedades medicinais e inebriantes.
Por Alexandre de Menezes
O acolchoado é uma cobertura protetora do solo com
materiais orgânicos ou inorgânicos utilizada em agricultura e jardinagem para o beneficio das plantas. Mesmo quando a excessiva evaporação não é um problema o acolchoado traz outras vantagens como impedir o crescimento de ervas daninhas e a germinação das suas sementes, estabilizar a temperatura do solo, reduzir a erosão e compactação, criar um ambiente onde se desenvolvem organismos benéficos como minhocas, insetos e bactérias e, no caso de material orgânico, fornecer nutrientes à medida que se decompõe. Em latitudes altas o acolchoado pode ser uma vantagem no final da floração. Ao isolar as raízes do frio outonal consegue prolongar a vida das plantas permitindo que variedades de floração longa sejam colhidas na altura devida. Da mesma forma permite aos cultivadores de variedades autoflorescentes iniciar o cultivo em exterior mais cedo na primavera.
Materiais Os melhores acolchoados consistem em materiais soltos que deixam a água escorrer através de si até ao solo e também permitem a troca gasosa entre a atmosfera, o solo e as raízes. A escolha do material indicado depende de vários fatores como disponibilidade, custo, aparência, esterilidade, combustibilidade e o efeito que tem no solo (e.g. reações químicas e influencia no pH, ritmo de decomposição e libertação de nutrientes). Em guerrilha o fator aparência é muito importante, qualquer acolchoado a utilizar deve ser similar ao meio envolvente de forma a evitar deteções. Muitas vezes a melhor opção é utilizar as folhas caídas das árvores que cresçam nas redondezas. A caruma de pinheiro deve ser evitada pois a sua decomposição torna o solo demasiado ácido mesmo para a canábis. Também podem ser utilizadas aparas dos ervas circundantes contudo estas podem trazer consigo sementes indesejadas. FONTES · Impact of Mulches on Landscape Plants. Center for Landscape and Urban Horticulture. · University of California Cooperative Extension - Central Coast & South Region. http://groups.ucanr.org/CLUH/files/56946.pdf · Why Mulch? WorldSeedSupply. http://worldseedsupply.org/blog/?p=105 · Mulching Materials. Urban Food Garden. http://www.urbanfoodgarden.org/main/vegetable-patch-management/mulch---vegetablepatch-management/mulch-materials---vegetable-patch-management.htm · What are the Benefits of Mulching? 420 Magazine Forums. http://www.420magazine.com/forums/how-growmarijuana/71735-what-benefits-mulching.html · Mulch. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/ wiki/Mulch · Acolchoado. Wikipedia PT. http://pt.wikipedia.org/wiki/Acolchoado Todos os sites foram consultados entre 20/06/2011 e 22/06/2011.
A melhor escolha para acolchoados destinados à canabicultura são as aparas de luzerna, ervilheiras ou faveiras. São fáceis e baratas de obter na época do plantio em exterior, principalmente as últimas duas. Basta falar com um hortelão que, após a apanha das vagens, de certo ficará satisfeito por lhe removerem a palha do terreno. Raramente trazem sementes de ervas daninhas e à medida que se decompõem libertam nitrogénio para o solo e não alteram o seu pH. No entanto, depois de recolhida, a palha seca deve ser desfeita em aparas o que requer alguma mão-de-obra. Para além disso, por se decompor rapidamente, este tipo de acolchoado pode ter que ser reposto durante a época de cultivo. As lascas de cascas de árvores como o pinheiro são muito utilizadas em jardinagem e também constituem um bom material para acolchoado. São inertes e decompõem-se muito lentamente sendo improvável que alterem o pH do solo durante a curta época de crescimento de uma planta anual como a canábis. Já o uso de lascas de madeira é desaconselhado pois retira nutrientes do solo à medida que as bactérias tentam decompor a sua forte estrutura de celulite.
Muitos outros materiais como pedaços de jornal ou papelão, palha de gramíneas, lã, composto, seixos e gravilha podem ser utilizados. Devem ser evitados materiais compactos ou que compactem ao cabo de algumas regas como é o caso das aparas de relva. O uso de plástico ou borracha, mesmo pneus reciclados, é desaconselhado pois tem um grave impacto ambiental aquando da produção e principalmente no desmantelamento pois não se degrada.
Como aplicar A altura de acolchoado a aplicar varia entre 2 a 8 cm consoante a sua granularidade. Para materiais finos deve ser usada uma altura menor e para materiais grossos uma altura maior. É necessário encontrar o ponto em que o isolamento cumpre o seu objetivo mas não sufoca as raízes. Deve ser deixada uma área circular com 10-15 cm de diâmetro livre de acolchoado junto à base de cada planta. Tal evita que o caule apodreça em condições atmosféricas húmidas.
Em guerrilha o fator aparência é muito importante, qualquer acolchoado a utilizar deve ser similar ao meio envolvente
Extração caseira de haxixe
Dos famosos Charas do Nepal, Índia e Paquistão, ao popular haxixe marroquino, as técnicas e filosofias de extração variam muito com os costumes e a própria cosmovisão de cada cultura. Estas diferentes técnicas de extração e preparação, bem como as diferentes variedades de plantas utilizadas durante o cultivo produzem produtos finais com apresentações, aromas, consistências, tipos de efeito e potências diferentes. À vasta panóplia de técnicas tradicionais de produção já existentes, juntam-se ainda as mais recentes tecnologias de extração desenvolvidas em países como os EUA e a Holanda que elevam os níveis de pureza a quantidades que permitem diferentes utilizações recreativas, espirituais e medicinais. Em Portugal os consumidores de haxixe dependem maioritariamente do tráfico ilegal proveniente das produções marroquinas que tem uma qualidade média no mínimo duvidosa, e para fumar bom “haxe”, ou há um contacto especial que de vez em quando arranja um “bom mel”, ou se tem que ir a Marrocos “beber diretamente da fonte”, e por vezes a qualidade não corresponde às expectativas dos verdadeiros apreciadores. Hoje em dia, no entanto, já é possível fazer haxixe caseiro de alta qualidade em Portugal. E não é preciso ser um cientista louco para conseguir extrair pequenas quantidades de haxixe de alta qualidade a partir dos restos de um pequeno cultivo doméstico. Na verdade, as folhas recortadas das cabeças durante a manicura, bem como as cabeças residuais de qualidade inferior das ramas inferiores podem providenciar algumas gramas de haxixe de altíssima qualidade, tanto em sabor como em potência, com a garantia de não ter sofrido qualquer tipo de adulteração durante o processo de elaboração típico do mercado negro. Além disso, esta é uma ótima forma de reciclar alguns sub-produtos do cultivo que de outra forma seriam deitados ao lixo. TIPOS DE EXTRACÇÃO
Extracção a seco e Extracção com água
Extracção a seco A extração a seco pode ser efectuada recorrendo a duas técnicas principais: charas e filtragem com redes. Charas Começamos pela técnica mais básica, similar à utilizada nalgumas zonas da Ásia na produção de haxixe, em que não há lugar a filtragens. Nos países asiáticos as charas são obtidas através da fricção das flores das plantas entre as mãos, que ficam cobertas de uma pasta resinosa composta de tricomas e pequenos fragmentos de folhas [imagem em baixo]. É um processo que envolve alguma sensibilidade para não danificar as flores e folhas, sendo por essa razão tradicionalmente exercido por mulheres e crianças de mãos mais delicadas. A resina acumulada nas mãos é raspada, prensada e moldada à mão na forma de pequenas bolas ou barras. Para a produção de charas são utilizadas plantas que crescem silvestres em grande campos nos vales do Nepal e da Índia. Não é um método muito aconselhável para utilizar em cultivos domésticos, mas curiosamente, queiramos ou não, geralmente acabamos por produzir um pouco durante a fase de corte e manicura. Assim sendo, devemos aproveitar ao máximo o desperdício que ficaria nas mãos, tesouras, etc. A primeira coisa a fazer é adquirir uma luvas finas de latex sem pó de talco, à venda em qualquer farmácia. Essas luvas utilizam-se durante todo o processo de corte e manicura das plantas. Neste caso retira-se a maioria das folhas possíveis à mão, separando desde já as que contêm resina para
um saco de plástico separado onde ficarão armazenadas no congelador para posteriormente se proceder à extração de haxixe. Durante todo o processo de manicura até acabar de colocar as plantas no local de secagem, as luvas estarão sempre presentes. Durante a manipulação das plantas exercemos involuntariamente uma técnica semelhante à da recoleção para charas. Os cristais de resina vão-se acumulando nas luvas até atingir quantidades suficientes para um ou dois charros. Para retirar os cristais das luvas de forma limpa e fácil recorremos à seguinte técnica: 1. Tiram-se ambas as luvas deixando-as do avesso, com o lado dos cristais voltado para dentro. 2. Colocam-se as luvas no congelador e aguarda-se durante algumas horas, dependendo da quantidade. Se for muito elevada, deve-se aguardar até ao dia seguinte. 3. Estende-se algumas folhas de jornal no chão cobrindo 1 m2 para poder recolher as migalhas de charas que caírem. 4. Pega-se na luva, volta-se a pôr do lado direito (com os cristais para fora), e sopra-se para o interior da luva, enchendo-a como se fosse um balão. A resina que endureceu com a baixa temperatura do congelador soltar-se-à facilmente em pedaços quebradiços e cai sobre o jornal. 5. Recolhem-se todos os fragmentos, juntam-se e amassa-se continuamente com as mãos até conseguir uma bola uniforme. Uma vez atingida esta fase está pronta a ser consumida. Geralmente não é um haxixe de alta potência mas tem a vantagem de em norma ser bastante aromático, pelo que deve ser consumido puro num cachimbo, embora para quem prefira também possa ser misturado com tabaco e enrolado. Filtragem com redes Instrumentos de extração a seco: Hash Shaker, Pollinator, telas, peneiras, etc. Todas as técnicas de extração a seco exceto as charas
As folhas recortadas das cabeças durante a manicure, bem como as residuais de qualidade inferior das ramas inferiores podem providenciar algumas gramas de haxixe de altíssima qualidade
Da Esquerda para a direita: Filter Mesh (malhas de extracção a seco); Polinator, sistema semi-profissional de extracção a seco; máquina de extracção com água
crónicas do cannabistão
A FOLHA
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baseiam-se na filtragem dos cristais através de uma rede. As técnicas variam mas o conceito é o mesmo da milenar peneira de padeiro. Neste caso, em vez da farinha, a rede filtra os cristais da restante matéria verde, sejam cabeças ou folhas. Para tal utilizam-se redes com espaçamentos entre linhas e padrões de intersecção específicas para deixar passar os tricomas, mas para reter os restos de folhas e matéria vegetal oriunda das cabeças. Variedades de plantas diferentes cultivadas em condições diferentes produzem tricomas de tamanhos diferentes, pelo que os fabricantes de produtos dedicados à extração oferecem conjuntos com várias conjugações de malhas, cada uma com um espaçamento entre linhas diferente. A unidade de medida desse espaço é o mícron (µ), plural micra que corresponde à milésima parte do milímetro. Em extração a seco, as malhas devem ter em média um espaçamento entre 50 e 150 µ, se bem que é possível encontrar redes de 25 a 220 µ. Para realizar este tipo de extração é necessário adquirir estas redes de filtragem, que se vendem em growshops e comércios especializados em serigrafia. O ideal é congelar as cabeças e folhas durante alguns dias antes da extração porque os cristais ficam mais duros, soltam-se mais facilmente e não ficam tão pegajosos, facilitando muito toda a manipulação durante o processo. A técnica de filtragem por rede é a mesma utilizada originalmente pelos cultivadores de Marrocos e de alguns países do Médio Oriente*. 1. Coloca-se um recipiente como um balde ou alguidar sobre uma superfície estável. 2. Tapa-se o topo com uma rede que se fixa bem esticada recorrendo a elásticos ou arames enrolados como braçadeiras. 3. Sobre estas redes colocam-se os ramos com as cabeças depois de secos, e tapa-se com um plástico ou oleado que se prende com uma corda ou arame à borda exterior do balde ou alguidar. 4. Sobre este oleado bate-se suavemente de forma ritmada, repetida e uniformemente sobre toda a superfície da tampa, durante alguns minutos. Quanto menos tempo se bater melhor será a qualidade, porque as folhas não se pulverizam e passam apenas os cristais. Quanto mais vezes se bater, mais quantidade sairá, mas conterá restos de matéria verde que prejudicam o sabor e o efeito. 5. Retira-se os ramos utilizados, substituindo-os por ramos novos. Ao cabo de algumas batidas no fundo do recipiente teremos uma quantidade de um pó branco amarelado. 6. Introduz-se este pó num plástico, prensa-se, amassa-se e molda-se. Se o pó (cristais) já estiver um pouco degradado, como é no caso de Marrocos, devido ao processamento tradicional, terá uma cor amarelo-acastanhado. Extractores de rede portáteis Para quem tem um pequeno cultivo, existem produtos à venda nas growshops destinados a fazer extração a seco de pequenas quantidades por filtragem com rede. Há alguns portáteis, de dimensões reduzidas (aprox. 20 x 8 cm), simples de utilizar, economicamente acessíveis e relativamente eficazes. Têm nomes como Hash Shaker, Secret Shaker, etc.
xtractores de rede E semi-profissionais A marca original que lançou no mercado o primeiro aparelho foi a Pollinator. Trata-se de um sistema de tambor constituído por um cilindro forrado por rede de extração, no interior do qual se introduzem as cabeças e folhas, e que vai rodando à semelhança do tambor de uma máquina de lavar. Esse movimento provoca, através da gravidade e da ligeira centrifugação, o desprendimento dos tricomas que passam pela rede e se acumulam no reservatório de recoleção dos cristais. Segundo a mesma lógica da extração por rede, quanto mais rápido e durante mais tempo tempo rodar o material no cilindro, menor será a qualidade final do produto. Estas máquinas não são extremamente caras e possibilitam a extração de quantidades razoáveis de pólen com excelente sabor e aroma. Existem alguns fabricantes que produzem vários tamanhos e versões que costumam vir equipadas com redes de micras diferentes, para o utilizador adaptar ao tipo de tricomas da sua produção. Sendo menos produtivo que a extração com água, este método é preferido por muitos devido à excelente qualidade aromática comparado com a maioria dos haxixes de extração a água.
Extracção COM ÁGUA A extração com água é relativamente recente e teve origem na Califórnia. De facto, foi apenas no final da década de 1990 que esta técnica foi difundida de forma generalizada através do célebre livro “Hashish” da autoria de Robert Connel Clarke. Esta técnica de extração produz um tipo de haxixe de altíssima qualidade e grau de pureza, comercializado nas coffeeshops de Amsterdão e nos dispensários medicinais americanos sob nomes como BubbleHash, Waterhash, ou curiosamente Neederhash. Já ganhou inclusivamente vários Cannabis Cups nas variantes de haxixe, tendo sido mesmo criadas em competições uma nova categoria de concurso especificamente para este tipo de haxixe. Mas afinal, o que tem de especial este tipo de haxixe? O segredo está na técnica de extração que revolucionou as mentalidades ao utilizar água. A ideia ori-
9. Depois de 15 minutos desliga-se a máquina para deixar repousar durante igual período de tempo. Este repouso de 15 minutos serve para os tricomas poderem assentar no fundo das malhas. 10. Passado o repouso de 15 minutos repete-se a sessão de 15 minutos de centrifugação e deixa-se repousar durante outros 15 minutos. 11. Findo o repouso, começa por retirar-se o primeiro saco, que é o que tem os restos vegetais. Desaperta-se do topo do balde e espreme-se o resto de água. 12. De seguida passa-se ao primeiro saco com tricomas: desaperta-se do balde com cuidado para não remexer muito o fundo do saco, e levanta-se o saco com cuidado, abanando-o para os lados muito suavemente de maneira a desobstruir a malha e concentrar os tricomas no centro do fundo do saco à medida que este se aproxima da superfície da água. 13. Espera-se que toda a água escorra pelo fundo do saco.
ginal era arrefecer os cristais até uma temperatura suficientemente fria para os tornar sólidos e fazê-los precipitar para o fundo do recipiente, logrando desta forma uma separação física. O facto de a extração ser feita dentro de água trouxe ainda mais vantagens: a quantidade de matéria verde que se parte e fragmenta contaminando a resina com pequenos resíduos é muito inferior na água, uma vez que as folhas e cabeças estão amolecidas e flexíveis. Mesmo a clorofila que se solta dessa matéria acaba por se dissolver na água e ser separada dos cristais. Desta forma consegue-se um produto com alta concentração de canabinóides, que ao ser queimado praticamente não deixa resíduos e permite, pela alta concentração de canabinóides, reduzir as doses de consumo e os efeitos secundários decorrentes da combustão de substâncias residuais.
Extração a água passo a passo
O primeiro passo é congelar o material verde destinado à extração. O material a utilizar são as folhas da manicura e as pequenas cabeças residuais das ramas inferiores. Quanto melhor for a qualidade do produto introduzido, melhor será a qualidade final. Todos os paus, ramos ou objetos pontiagudos suscetíveis de romper os sacos devem ser removidos nesta fase. Para congelar o material selecionado basta introduzi-lo no congelador no interior de um saco de plástico bem fechado. Para levar a cabo uma extração caseira de waterhash, precisamos dos seguintes itens: • Balde redondo com capacidade mínima de 8-10 L • Batedeira de bolos eléctrica • 5 a 10 Kg de cubos de gelo • Sacos com redes de extração • Rolo de papel absorvente (de cozinha) • Termómetro Para proceder à extração, utiliza-se a seguinte técnica: 1. Coloca-se o balde no chão ou numa superfície estável pouco elevada. 2. Introduz-se o primeiro saco de extração no balde vazio começando sempre pelo que tem a malha mais fina. O saco deve ser bem preso ao balde com ajuda dos cabos de aperto com que vêm guarnecidos. 3. Colocam-se os seguintes sacos de extração, sempre por ordem da malha mais fina para a mais grossa, tendo o cuidado de verificar se estão bem presos ao balde para não se soltarem durante a fase de centrifugação. Deve sempre deixar-se um mínimo de três dedos de distância entre o fundo de cada saco. 4. Introduz-se água fria até 1/3 da altura do balde. 5. Introduz-se aproximadamente duas mãos cheias de matéria verde e um pouco de gelo e mexe-se calmamente. Deve haver espaço para a erva poder circular facilmente pelo balde. 6. Adiciona-se gelo até a água atingir metade da altura do balde. 7. Mede-se a temperatura com o termómetro. Esta deve
*Curiosamente parece que a técnica de extracção de haxixe é originária da Grécia que era o maior produtor de haxixe até às primeiras proibições da ONU nos anos de 1920 e 1930. Daí a técnica foi exportada para o Líbano e países vizinhos que continuaram a satisfazer a procura de haxixe dos egípcios. Só nos anos 1960 e 1970, quando o consumo de haxixe se popularizou na Europa é que os hippies levaram a técnica para Marrocos onde tradicionalmente se fumava kief, que são os topos das plantas triturados e misturados com tabaco preto.
estabilizar entre 1,5 e 4 ºC. Se for necessário junta-se mais gelo. Deve ter-se cuidado com a quantidade de gelo e o nível de água no balde, porque o gelo derrete durante o processo e aumenta o nível da água. Depois de introduzida a matéria verde, é complicado retirar o excesso de água. 8. Liga-se a batedeira. Esta deve ser regulada para a velocidade mais baixa. O objetivo não é desfazer os restos verdes tipo batido, mas criar um remoinho na água que faça a matéria verde andar à volta sem ser muito ofendida pelas varetas da máquina. Em cima: cristais em secagem, primeira extracção 25 micras Em baixo: close-up de cristais recém-extraídos
Quando acabar de escorrer, vê-se uma substância pastosa de cor acastanhada com a aparência de uma areia muito fina. 14. Envolve-se a pasta pelo exterior da rede com papel absorvente, espremendo suavemente, sem aplicar demasiada pressão porque fará com que fique humidade
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aprisionada na resina, o que tornará o processo de secagem mais difícil. Basta dobrar a rede e envolver a dobra com papel absorvente sem exercer pressão. Utiliza-se sempre papel seco até que a pasta já não molhe o papel. Nesta altura a pasta deve estar suficientemente enxuta. 15. Com a ajuda de uma colher ou outro material não cortante, retira-se a pasta da rede e coloca-se sobre uma folha de cartão canelado num recipiente previamente preparado e identificado, onde ficará a secar. É preferível utilizar cartão canelado porque é mais resistente que o papel e tem muito boa capacidade de absorção. O papel iria ensopar e tornaria muito difícil retirar a resina sem trazer resíduos de papel. Repete-se o procedimento com os sacos seguintes, e se
desejar no final pode voltar a utilizar a mesma matéria vegetal para uma segunda extração. A segunda extração não tem a mesma qualidade da primeira, mas ficará surpreendido com a quantidade de cristais que conseguirá juntar e que tinham escapado à primeira filtragem. 16. Imediatamente após a extração prossegue-se com o processo de secagem. Para tal pica-se o haxixe com a ajuda de uma lâmina ou um cartão, de forma a abrir
Extração caseira de haxixe A FOLHA
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a pasta de cristais em pequenos grãos e libertar restos de humidade que possam ter ficado aprisionados no seu interior. De 15 em 15 minutos deve-se picar um pouco mais, repetindo o processo durante uma ou duas horas. A pasta deve ser fragmentada em grãos cada vez mais pequenos até obter um pó o mais fino possível. Certas pastas são tão pegajosas que é impossível obter um pó mas quanto mais soltas estiverem mais eficiente e rápida será a secagem. 17. Este processo pode levar algumas horas ou até dias se o ambiente for muito húmido, mas é importante ter paciência, porque o haxixe húmido acaba por ficar
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Existem máquinas fabricadas especialmente para fazer este processo com temporizadores, sacos e acessórios incorporados à venda nas growshops. São conhecidas por Bublleators e trazem todos os items necessários para proceder a uma extração caseira [foto]. No entanto, pode-se perfeitamente fazê-lo recorrendo à técnica que descrevemos. Por uma razão de comodidade, muitos cultivadores utilizam uma tábua com um furo redondo no centro apoiada nas margens do balde para apoiar a batedeira durante cada 15 minutos de actividade. No final da extração, não se deve deixar secar completamente os restos da pasta de haxixe que não conseguimos retirar da rede de extração. Se se deixar secar, a rede ficará entupida e a capacidade de filtragem e quantidade de haxixe extraído será cada vez menor. Para prevenir que tal aconteça, devem-se pôr as redes de extração de molho num balde com álcool, de preferência isopropílico (vende-se por encomenda nas farmácias), para não deixar resíduos nas redes. Esta prática aumenta muito o tempo de vida das malhas de extração e a qualidade do produto da mesma. Neste momento, se aproximar uma chama a cerca de 1 cm de distância será suficiente para começar a borbulhar. Está então pronto
omo armazenar o haxixe C sem ESTE perder qualidades? O haxixe é um concentrado dos principais canabinóides presentes nas plantas: THC, CBD e CBN. Tal como vimos no capítulo sobre a colheita, estes canabinóides degradam-se na presença de fatores específicos, tais como: luz, humidade, ar e calor. Guardar o haxixe num recipiente hermético, num local fresco e escuro será o ideal. Durante o inverno dentro de um armário é suficiente, mas no verão convém utilizar o frigorífico ou mesmo o congelador. Para os apreciadores de haxixe que se preocupam com a qualidade, a pureza, o aroma e sabor, esta é uma forma de poder degustar haxixe gourmet produzido em solo nacional, sem recorrer ao tráfico e tendo a certeza de que a constituição do produto não foi adulterada com vista ao aumento do lucro. Além disso, a quantidade de haxixe passível de extrair a partir de uma plantação para autoconsumo é muito limitada, o que praticamente põe de lado a possibilidade de produção com fins comerciais ilícitos, reservando-se o produto quase exclusivamente para consumo próprio.
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Autofloreciente: 100% THC: 18% CBD: 1,4% CBN: 0,4% Prod. Interior: 400-500 g/m2 Prod. Exterior: 40-100 g/planta. Floración Interior: 5 semanas. Cosecha Interior / Exterior: 8 semanas desde la germinación. Altura: 40-90 cm. 3uds. 22€ / 5uds. 36,50€ / 10uds. 73€
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– Pois venham as pastilhas! – Há hachisch em bolo... – Pois venham os bolos! – Há hachisch em geleia... – Então, venha a geleia! Jonas Ali encolheu os ombros – e o olhar que nos lançou era cheio dum infinito desdém... Em O Egipto, Eça não volta a referir o haxixe; mas relata como, durante a sua estadia no Cairo, participou com Redondo em duas sessões de fumo de narguilé, cujo efeito, explica, é mergulhar o consumidor “naquele estado a que os árabes chamam ‘kiéf’. “[O] cérebro vazio de ideias e cheio de sonhos, abismámo-nos longo tempo naquele doce enlevo, no kief – no divino, mole, voluptuoso, inerte, pacífico kief!, escreve Eça, que refere ainda “visões em que nos julgávamos Califas, comendo manjares admiráveis entre danças de escravas”. Embora Eça de Queirós não explicite qual a substância que fumou no narguilé, tratava-se obviamente de kif, as inflorescências secas da cannabis. Sendo o menos potente dos preparados, psicoactivos de cannabis, o kif não fora proibido no Egipto junto com o haxixe, razão por que Eça pôde iniciar-se tranquilamente nos estados alterados
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*A venda de haxixe fora proibida no Egipto um ano antes da visita de Eça.
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de consciência em lugares públicos do Cairo. Certas dúvidas quanto ao seguimento desta história são esclarecidas pelo escritor Jaime Batalha Reis, amigo de Eça de Queirós, na introdução que escreveu em 1903 à obra deste Prosas Bárbaras: Na Primavera de [1870], estávamos uma tarde – o Antero de Quental e eu – na casa que então habitávamos a S. Pedro de Alcântara quando entrou o Eça de Queiroz, chegado havia pouco, do Oriente, mas que ainda não víramos”. E, continua Batalha Reis, ao pôr os amigos a par da viagem, Eça “[a]nalisou, minuciosamente, as sensações que lhe dera, o uso do haschisch, e as visões fantásticas que nos preparava – porque ele e o Conde de Redondo haviam-nos trazido haschisch misturado a geleia, a bolos e a pastilhas que se fumavam em cachimbos especiais”. Em resumo: não só Eça de Queirós e o Conde de Redondo satisfizeram no Cairo o desejo de experimentar o haxixe, como se entusiasmaram com os resultados a ponto de assumirem a responsabilidade moral e material de “iluminar” com cannabis o círculo intelectual que frequentavam – o qual, saliente-se, passaria à história como a geração de ouro das letras portuguesas.
Autofloreciente: 100% THC: 18% CBD: 1,1% CBN: 0,5% Prod. Interior: 400-500 g/m2 Prod. Exterior: 20-60 g/planta. Floración Interior: 5 semanas. Cosecha Interior / Exterior: 2 meses desde la germinación. Altura: 70-80 cm.
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Primera evolución de la genética Speed Devil, desarrollada durante las temporadas 20092010. En esta versión, se ha aumentado la media de tamaño de las plantas que se sitúa entre 70 y 80 cm. Mayor formación de cristales de resina y aroma mucho más intenso, dulce y almizclado que recuerda a levaduras y queso.
Eça de Queirós: “Pois venha o Hachisch!” No final de Outubro de 1869, Eça de Queirós, então com 23 anos, partiu com um amigo, o Conde de Redondo, para uma viagem ao Egipto e à Palestina. Quanto ao Egipto, o futuro romancista registou as suas impressões em notas (postumamente coligidas num volume intitulado O Egipto: Novas de Viagem), cuja leitura torna claro que os dois jovens portugueses estavam apostados em aproveitar a ocasião para experimentar o haxixe, o qual no século XIX consubstanciava muito do fascínio exercido pelo exótico Oriente – e, em Portugal, poucos estariam tão a par como Eça das loas que em França cantavam aos “paraísos artificiais” os seus ídolos Gautier, Baudelaire e de Nerval, notórios membros do “Club des Haschischins”. Assim, em O Egipto, ao relatar uma visita aos bazares do Cairo, na companhia de Redondo e um guia local, Eça de Queiróz escreve sem rodeios: Fomos apenas uma vez ao bazar das drogas: procurávamos hachisch. – Hachish? – disse-nos Jonas Ali [o guia] – mas é proibido”* – Mas deve-o haver... sobretudo sendo proibido! – Em primeiro lugar – respondeu ele gravemente – há três qualidades de hachisch: há hachisch em pastilhas...
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Primera evolución de la genética Big Devil. Variedad autofloreciente y feminizada de talla alta, como respuesta a la demanda de nuestros clientes que solicitaban autoflorecientes de mayor porte hemos seleccionado esta genética que alcanza una altura de 1-1,5 m. Más productiva y más aromática que su anterior versión, cogollos resinosos y compactos con numerosas ramas laterales. Aromas dulces e inciensados con toques de Skunk.
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com um sabor desagradável, custa a arder e perde muita potência. Para a matéria prima de luxo que se tem nas mãos, trata-se de saber esperar. 18. Quando os cristais tiverem a aparência de uma areia seca muito fina, podem começar a ser prensados e moldados à mão. Se preferir, pode envolver o pó num plástico e esfregá-lo numa superfície áspera como umas calças de ganga. A fricção aquece ligeiramente a resina e esta começa a ficar mais escura, mais coesa e a tomar forma. 19. Amassa-se com a ajuda da palma da mão e dos polegares, até esta adotar uma consistência muito maleável e ligeiramente pegajosa. Uma vez moldável, deve-se continuar a moldar e amassar durante 15 a 30 minutos.
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Com a revelação da faceta haschaschin de Eça de Queirós, a bola fica seguramente no campo dos que consideram que a apetência por estados alterados de consciência, como os proporcionados pela cannabis, merece o cárcere ou, mais civilizadamente, a intervenção de uma Comissão de Dissuasão da Toxicodependência....
Luís Torres Fontes, com João Carvalho em “Uma Breve História da Cannabis em Portugal”, apêndice à edição portuguesa de “O Rei Vai Nú” – Jack Herer, edição Via Optima
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cultivo de interior
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À procura do
O substrato é uma questão de escolha técnica de acordo com o método de cultivo que utiliza, e é também uma questão ética, quando estão em causa o meio ambiente e o comércio justo.
substrato adequado Terceira parte Desde os anos 50 que a indústria das estufas, na sua busca por mais eficiência e melhores resultados, começou a substituir o solo por “substratos”. Por que motivo se deve substituir o solo? Uma das respostas evidentes seria para evitar as pragas e doenças naturais do solo. A outra é a substituição de um meio pesado - e por vezes difícil de limpar e eliminar - por um material leve, fácil de lavar e de reciclar. Mais importante ainda: para garantir um ambiente radicular limpo, neutro e bem arejado. Por Noucetta Kehdi, GHE
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arejado, ao utilizar a fibra em pedaços esta começará eventualmente a compactar-se, eliminando o espaço arejado que as suas raízes necessitam para se desenvolverem. É por esta razão que os produtores misturam, por vezes, pedras de argila ou perlite às suas lascas de coco. A fibra de coco é um produto típico, onde o comércio justo tem de ser respeitado. Os processos de fabrico na maioria dos países incluem o trabalho infantil e/ou compensações muito pobres para os agricultores. Esta é uma questão fundamental que nós, nos países ricos, devemos começar a abordar com seriedade.
noucetta@wanadoo.fr >
A hidroponia é muitas vezes compreendida
como uma técnica de cultivo que apenas utiliza água, sem qualquer substrato. Isto é verdade na NFT (Técnica do Fluxo Laminar de Nutrientes) ou na aeroponia, que não utiliza qualquer meio, ou utiliza apenas o suficiente para actuar como suporte da planta. Contudo, os produtores que trabalham com irrigação por gotejamento, NFT em canal profundo, ou vazante e fluxo, utilizam mais ou menos substrato, dependendo do sistema de cultivo que escolheram. Hoje em dia o mercado oferece uma enorme variedade de substratos e pode ser difícil para os principiantes determinar os meios que se adaptam melhor ao seu módulo hidropónico. O que procuramos quando escolhemos um substrato? 1. Neutralidade (sem incidência nos níveis de pH da solução nutritiva); 2. Capacidade de retenção da água; 3. Rácio água/ar; 4. Aeração e drenagem; 5. Capacidade de permuta iónica (acção estabilizadora); 6. Pureza; 7. Estabilidade da matéria orgânica; 8. Facilidade de escoamento; 9. Perigos ambientais e para a saúde pública.
Outro aspecto essencial para recordar é a estreita relação entre o meio e os ciclos de irrigação aplicados. Os substratos como a lã mineral de rocha ou cubos de suporte irão reter mais humidade do que a fibra de coco e muito mais do que as pedras de argila. Com uma recirculação contínua e sistemas hidropónicos profundos, como por exemplo o AquaFarms ou o Flo-Gros é aconselhável usar argila porque não necessitam de uma retenção de água muito elevada. Se decidiu substituir as pedras de argila por, suponhemos, lã mineral, então o seu ciclo de irrigação deve ser reduzido para irrigar durante cinco minutos a cada hora. 1. A lã mineral é produzida pela fusão de basalto puro a temperaturas extremamente altas (+/- 1500° C). A massa de rocha líquida é girada por centrifugação para formar fibras quando arrefecer. Este é um dos substratos mais utilizados até agora. Foi, e muitas vezes
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ainda é, amplamente utilizado nas estufas até que se tornou um perigo para o meio ambiente, suficientemente grave para criar uma regulamentação nova relativa à sua utilização e eliminação. A lã mineral é um material muito bom e satisfaz a maioria das características de um bom substrato. É apresentada sob várias formas, como cubos de todos os tamanhos, placas e pedaços desfiados e tem múltiplas vantagens, incluindo a neutralidade, a boa aeração e a boa capacidade de retenção da água. Porém, a lã mineral tem um grande inconveniente: não é ecológica. É prejudicial à sua saúde, especialmente quando está seca. As partículas finas que se libertam dos cubos ou placas entram no ar que respiramos e acumulam-se nos tecidos dos pulmões. A lã mineral também é prejudicial para o meio ambiente, criando um sério problema de eliminação visto que não se decompõe facilmente. Após a sua utilização, é geralmente deitada fora com o lixo em aterros e não se decompõe, poluindo fortemente os nossos solos. A lã mineral é muitas vezes utilizada nos sistemas de gotejamento ou de vazante e fluxo, mas está a ser substituída por outros substratos amigos do ambiente como a fibra de coco e as pedras de argila. 2.
Pedras de argila expandida são as bolinhas que se vêm frequentemente nos vasos de plantas que decoram os bancos e as entradas dos hotéis. São bolinhas de barro cozido a alta temperatura para se expandir e se tornar poroso, fornecendo uma estrutura estéril e leve que retém consideravelmente o oxigénio e a humidade para umas raízes saudáveis. As bolinhas ou pastilhas podem ter vários tamanhos e vão dos 2 mm até aos 24 mm de diâmetro. Os tamanhos mais pequenos têm alguma capacidade capilar, enquanto os maiores são mais notáveis pela sua drenagem rápida. A melhor combinação para hidroponia em regos profundos é uma mistura de pastilhas pequenas e grandes (4/8 – 8/16) para obter o ambiente radicular mais adequado. Quando as obtemos num fabricante fidedigno, as pedras de argila são neutras (pH próximo de 7.0) e não afectam o nível do pH da solução nutritiva. São fáceis de limpar após a colheita. Podem ser fervidas em água em pequenas quantidades. Em quantidades maiores, podem ser mergulhadas durante a
Substratos como a lã mineral de rocha ou cubos de suporte, irão reter mais humidade do que a fibra de coco e muito mais do que as pedras de argila
noite numa solução fortemente ácida (4,0) ou em cloro, e muito bem lavadas no dia seguinte. Claro que as pode voltar a utilizar as vezes que necessitar. São naturais e amigas do ambiente. São totalmente recicláveis: quando já não necessitar delas pode deitá-las fora no jardim ou misturá-las nos vasos das suas plantas para dar mais leveza ao solo. As pedras de argila têm pouca capacidade de retenção de água em comparação com outros substratos. Não podem ser utilizadas com todos os sistemas de cultivo, mas são adequadas aos regos profundos, sistemas de cultivo de irrigação constante como todos os sistemas “Hidro”. Alguns produtores misturam-nas com outros substratos para melhorar a drenagem e adicionar a capacidade de permuta iónica da lã mineral ou de meios orgânicos como a fibra de coco.
4.
A perlite é derivada de rochas vulcânicas esterilizadas, especialmente seleccionadas para a utilização na horticultura. É excelente para aumentar a aeração, melhorar a drenagem e reduzir a compactação na raiz. A sua decomposição é extremamente lenta e pode ser utilizada em grandes quantidades. Na hidroponia a perlite será utilizada na irrigação de gotejamento e é apresentada em embalagens de plástico como a lã mineral e a fibra de coco.
Alguns produtores misturam-na com outro substrato como, por exemplo, o miolo solto de coco para melhorar a drenagem e a aeração. 5. A vermiculite é mica inchada, aquecida e expandida. Possui uma grande quantidade de humidade e fornece acção capilar na zona da raiz. Possui uma excelente capacidade de permuta iónica. Mas a vermiculite, como a perlite, não é utilizada muitas vezes em hidroponia, principalmente por causa da sua má aeração. Ambos os substratos são melhores para germinar sementes ou para os cortes de raiz nas unidades existentes de propagação hidropónica. Para uma maior eficiência podem ser utilizadas misturadas entre si ou com outros substratos.
droponia. A lã mineral, as pedras de argila, a fibra de coco, a perlite e a vermiculite são os mais difundidos. Outros, como as pedras de lava, a turfa de esfagno e até mesmo a areia, cascalho ou cascas de árvore, podem ser também utilizados. Hoje em dia, os produtores trabalham cada vez mais sem qualquer substrato, como na aeroponia ou NFT. E em alguns países pobres onde os jardineiros hidropónicos não têm as mesmas escolhas ou meios que nós temos aqui, usam restos de plástico e outros resíduos inertes como meio, e também obtêm colheitas excelentes.
O substrato é uma questão de escolha técnica de acordo com o método de cultivo que utiliza, e é também uma questão ética, quando estão em causa o meio ambiente e o comércio justo. Esta não é uma descrição exaustiva de todos os substratos disponíveis hoje em dia no mercado da hi-
3. A fibra de coco foi introduzida há um tempo nas estufas como substituta da lã mineral, quando foi necessária uma substituição rentável. É um subproduto do processo de descascar o coco, produzida principalmente por países de clima tropical com grandes plantações de coqueiros. Tem várias configurações: •A tradicional consiste em blocos rígidos, ou lascas em sacos plásticos que se expandem tremendamente quando molhadas. Esta última tem uma excelente retenção de água e capacidade de permuta iónica, e é suficientemente estável para não se decompor muito rapidamente •A s placas de fibra de coco são outro substrato tradicional e extremamente eficiente. Fácil de usar, muito eficiente, ecológico. •A s últimas são apresentadas em pequenas pastilhas numa bolsa de gaze, substituindo vantajosamente os cubos de turfa. Há vários parâmetros a ter em conta ao escolher o seu substrato de coco: teor de sódio, aeração e capacidade de drenagem e ainda meios de produção. A qualidade da fibra de coco depende das condições em que foi produzida (local) e do processamento da fibra, dado que deve ser separada e normalmente é limpa de sais (da água salgada). A maioria dos substratos de coco é proveniente de áreas costeiras e contém sódio em quantidades que podem ser prejudiciais às plantas. Hoje em dia, os produtores dissolvem os sais e obtêm resultados razoavelmente bons. Outro parâmetro é a capacidade de drenagem do substrato. Mesmo que o seu substrato seja bom e bem
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saúde/nutrição
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Cannabis sativa
a crescer livremente no Vale de Langtang Khola, na cadeia montanhosa dos Himalaias, norte do Nepal próximo da fronteira com a China (Tibete)
As sementes de cânhamo têm vindo a ser consumidas pela humanidade (e pelos animais) durante séculos. Populações inteiras, sobretudo na China, sobreviveram em épocas de fome devido a estas sementes.
Benefícios do cânhamo na alimentação As sementes de cânhamo
têm uma proporção de ómega 3 e 6 ideal para a saúde humana. São igualmente ricas em minerais e em aminoácidos essenciais, o que as torna numa fonte completa de proteínas, facto particularmente valioso para a população vegetariana e vegana. Pela sua riqueza nutricional, podem mesmo ser consideradas um super alimento da natureza. O consumo do óleo e das sementes de cânhamo é ideal para pessoas com baixo nível de ácidos gordos essenciais, bem como para atletas e crianças. As sementes de cânhamo inteiras (com casca) são óptimas para fazer leite de sementes de cânhamo, para germinados ou moídas para usar em receitas com farinha. Por sua vez, as sementes descascadas são ideais para povilhar massas, saladas, arroz, para enfeitar sobremesas ou para comer simples. O óleo de cânhamo tem um sabor suave e é ideal para temperar saladas. Devido ao seu elevado índice em ácidos gordos essenciais, não deve ser aquecido, pois estes serão destruídos pelo calor. No entanto, pode ser adicionado a todos os alimentos retirados do calor, para melhorar o seu sabor e índice nutritivo.
Por Cristina Rodrigues
Uma das maneiras mais simples de consumir cânhamo é em batidos. Basta misturar, num liquidificador, sementes de cânhamo orgânicas (inteiras ou descascadas) com fruta e um pouco de sumo. Uma outra forma de aproveitar toda a riqueza nutricional do cânhamo é confeccionar leite das suas sementes. A receita é simples: 1. Coloque as sementes de molho durante 24 horas com algumas amêndoas orgânicas. 2. Escorra, passe por água e misture num liquidificadora com um pouco de água. 3. Coe com um pano ou um passador e está pronto a consumir. Pode ser conservado durante 48h no frigorífico. Existem também já máquinas que permitem confeccionar o leite de cânhamo (assim como de outras sementes e frutos secos) de forma mais rápida (cerca de 2 minutos) e prática. Para aproveitar a riqueza nutricional do cânhamo, começam a aparecer no mercado alimentos confeccionados a partir das suas sementes. Uma das novidades são barras energéticas à base de sementes de cânhamo e frutos, que constituem uma excelente fonte de proteínas (cerca de 12g/100g) e um alimento bastante energético (396kcal/100g). Ácidos gordos essenciais:
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www.centrovegetariano.org >
Os ácidos gordos essenciais são assim chamados pela sua necessidade na saúde humana e pelo facto de o nosso corpo não os conseguir produzir sozinho, devendo obter-se nos alimentos consumidos. Estas gorduras são também conhecidas como ómega 3 (ácido alfa linoleico) e ómega 6 (ácido linoleico) e estão disponíveis em sementes (de abóbora, sésamo, linhaça, cânhamo, girassol), frutos secos (nozes, amêndoas) e no óleo dos peixes gordos. Embora seja comum promover-se o peixe como uma boa fonte de ácidos gordos essenciais, devido à contaminação das águas, o peixe é cada vez menos saudável e apresenta muitas vezes elevados índices de mercúrio. Fontes preferíveis são, sem dúvida, as sementes (ou o seu óleo, como por exemplo, o de girassol ou de soja) e os frutos secos. Além disso um bom equilíbrio entre a quantidade de ómega 3 e de ómega 6 é muito importante, pois demasiado ómega 6 pode ter efeitos prejudiciais. As sementes de cânhamo neste aspecto são a melhor alternativa, pois têm a proporção ideal. Os ácidos gordos beneficiam o corpo em muitos aspectos, mas dois deles são evidentes: as células e o cérebro. Protegem as membranas celulares e mantêm o fluído celular, importante para manter a pele saudável e cicatrizar feridas. Além disso, o nosso cérebro é constituído por 60% de gordura, sendo que mais de 1/3 desta é constituída por ácidos gordos.
Foto: Tommy G
As sementes de cânhamo proporcionam um alimento de alta qualidade a baixo custo para pessoas e animais. Contêm 20-25% de proteína, 20-30% de hidratos de carbono, ácidos gordos essenciais, 10-15% de fibra insolúvel, vitaminas (incluindo caroteno) e minerais como fósforo, magnésio, enxofre e cálcio. Contêm ainda uma quantidade não desprezável de ferro e zinco, sendo este último um importante co-factor enzimático no metabolismo dos ácidos gordos nos seres humanos.
Consequentemente, a qualidade das gorduras é importante para uma função apropriada do cérebro. A falta destas gorduras foi já associada a dificuldades de aprendizagem e a problemas de comportamento em crianças. Vários estudos têm comprovado que evitar as gorduras saturadas (provenientes da carne, lacticínios, óleo de palma e óleo de coco) e hidrogenadas (incluídas em margarinas, manteigas, biscoitos, bolachas, bolos e comida pré-confeccionada) e preferir gorduras ricas em ómega 3 e 6 diminui a incidência de doenças cardiovasculares e o nível de colesterol.
Foto: Vladimir Wrangel
Na China, no cinema, ainda se podem comprar sementes de cânhamo tostadas, da mesma forma que no Ocidente se encontram pipocas
saúde
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rante a noite, a eficácia do sono (que é a percentagem de tempo que uma pessoa passa na cama a dormir – o tempo gasto em dar voltas não é contemplado nesta variável) ou o despertar depois do início do sono. Todas estas variáveis são alteradas tanto pelo consumo de canábis como pela sua interrupção, se bem que, como já foi dito, a variabilidade dos efeitos depende de todos os fatores acima mencionados.
Sonharão os ganzados com ovelhas verdes?
Canábis e sono
Uma dose alta de THC, tomada nas duas horas anteriores à dormida, por pessoas que não estão acostumadas, parece alargar a latência de início do sono, enquanto que uma dose baixa ingerida entre as duas a três horas antes de ir para a cama parece diminuir dita latência. Isto seria correspondente a fumar marijuana entre 30 a 45 minutos antes de ir dormir se bem que, mais uma vez, isto é para THC puro, e a marijuana e o haxixe levam outros canabinóides, sobretudo CBD, o principal modulador do efeito final. O THC também incrementa a fase 4 do sono, ao mesmo tempo que diminui a 3. Além disso, há um incremento profundo do sono REM na totalidade da duração, na densidade (que é a frequência de movimentos oculares por minuto) e na latência de início, que se alonga. Este quadro é coerente com o que é reportado por muitos consumidores: após um consumo agudo antes de ir dormir, há uma maior facilidade para adormecer e a qualidade do sono melhora, embora o efeito sedativo do canábis possa perdurar durante a manhã.
Um dos principais problemas que nunca se menciona, mas que pode ser a causa principal da falta de cumprimento da medicação, por parte de um paciente, ou diretamente da substituição dos medicamentos de prescrição para a automedicação, é o efeito que os fármacos têm sobre a arquitetura do sono. Refiro-me especificamente às maneiras possíveis de afetar o sono em qualquer das distintas fases que se atravessa ao longo de uma noite de repouso. Por José Carlos Bouso < jcbouso@gmail.com >
muitos utilizadores de canábis (mais de 70%) manifestam alterações do sono quando interrompem bruscamente o consumo Este problema é especialmente sentido por doentes crónicos. A qualidade de vida depende, mais do que se costumava pensar, da quali-
dade do sono, e o seu desequilíbrio pode derivar, num curto prazo, em problemas emocionais (como ansiedade, depressão ou irritabilidade), físicos (cansaço, letargia, fadiga) e cognitivos (problemas de memória, atenção, concentração, etc.), que podem tornar-se crónicos se não se prestar atenção às suas causas. Assim sendo, um dos critérios que normalmente deve cumprir um fármaco para ser considerado seguro, antes de ser comercializado, é o de ter potenciais benefícios terapêuticos que compensem os riscos derivados dos efeitos de dito fármaco sobre a arquitetura do sono. Como tantos outros medicamentos, o canábis tem efeitos sobre o sono: conhecer ditos efeitos é a melhor forma de aproveitar o seu potencial terapêutico, minimizando a probabilidade de abandono. São conhecidos alguns dos efeitos que os consumidores costumam referir do canábis sobre o sono. Muitas pessoas com insónia manifestam poder dormir bem graças ao uso de canábis. No entanto, outras pessoas reportam um adiantamento do momento de despertar, apesar de lhes facilitar o início do sono. A maioria refere que deixa de sonhar com o consumo prolongado. Além disso, muitos utilizadores de canábis (mais de 70%) manifestam alterações do sono quando interrompem bruscamente o consumo. Neste grupo, a maioria (de novo, mais de 70% destes 70%) socorrem-se do álcool ou de benzodiazepinas para paliar essas alterações ou voltam a consumir como remédio final. É ainda habitual que os consumidores manifestem ter sonhos muito intensos e estranhos nos dias a seguir ao início de uma abstinência. Apesar de todas estas manifestações subjetivas referidas pelos consumidores, estranha-se a escassa investigação que existe atualmente sobre os efeitos do canábis na arquitetura do sono, tanto quando se consome habitualmente como quando se interrompe o consumo. Além disso, os estudos publicados são muito heterogéneos, o que torna difícil tirar conclusões claras. Tal dificuldade deve-se, por exemplo, a fatores como o uso, na maioria dos estudos realizados, de THC puro por via oral em vez de planta fumada, que é o método mais habitual entre os consumidores. Existe também uma enorme variabilidade entre os estudos publicados, no que concerne à combinação de canabinóides, às doses utilizadas e aos momentos de administração durante o dia. Os efeitos do canábis sobre
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o sono dependem, aparentemente, da dose ingerida, da diferente proporção de canabinóides (o THC e o CBD, por exemplo, têm efeitos diferentes entre eles, que variam além do mais em função da dose e, para complicar ainda mais, a sua combinação tem efeitos diferentes de cada um dos compostos por separado) e da hora do último consumo. Os efeitos também são diferentes conforme o consumo seja habitual, ocasional ou esporádico. Todos estes fatores influenciam o momento do sonho, pelo que por vezes os resultados entre estudos não são só inconsistentes mas também contraditórios. Trataremos, no entanto, de oferecer um mapa dos efeitos gerais, sabendo que não há um território bem definido, e remeter o leitor interessado a estudos mais exaustivos. Primeiro, vejamos em que consiste o sono, desde um ponto de vista fisiológico. O sono normal de um adulto médio costuma decorrer durante a noite; tem uma duração entre 7 e 10 horas, dependendo da sorte que se tenha com as obrigações sociais, laborais e familiares. As duas fases mais conhecidas pelas quais atravessamos, ao longo da noite a dormir, são a fase REM (de Movimento Rápido dos Olhos - Rapid Eye Movement - também denominado sono paradoxal, devido ao facto da atividade cerebral ser similar à que se tem em estado de ativação durante a vigília) e a NREM (No-REM, ou de ondas lentas). É na fase REM que se geram a maioria dos sonhos. Durante essa fase, produz-se a consolidação das aprendizagens realizadas durante o dia, pelo que é essencial para o funcionamento adequado das capacidades intelectuais. O sono de ondas lentas tem, por sua parte, quatro fases: 1, 2, 3 e 4, que se diferenciam na profundidade do sono: à medida que se avança nas fases, o sono torna-se mais profundo e fica mais difícil acordar. É durante o sono NREM que descansamos mais e se repara o organismo dos esforços diurnos. Durante as 6-8 horas que um adulto médio dedica a dormir, a primeira metade do sono é composta sobretudo por fases NREM; na segunda metade abunda o sono REM, pelo que é habitual acordar a meio de um sonho ao final da noite. Existem vários ciclos de sono NREM-REM ao longo da noite; geralmente entre 4 e 5. Outras variáveis que influenciam a arquitetura e a qualidade do sono são o tempo que se demora a adormecer desde que nos deitamos (supondo, claro, que a única intenção, ao chegar à cama, é dormir), o tempo total de sono usufruído du-
Quando se produz um consumo diurno repetido de canábis, produz-se também uma diminuição do sono de ondas lentas, tal como do sono REM, que se mantém no tempo enquanto se mantém o consumo, sem expandir-se. Esta pode ser a razão principal da dificuldade de muitos consumidores habituais de se levantarem pelas manhãs, tal como da dificuldade de se lembrarem dos seus sonhos. Este efeito, contudo, não é generalizado a todos os consumidores. Algo que ainda está pendente de vir a ser estudado é se o possível efeito sobre a aprendizagem que tem, para algumas pessoas, o consumo diário de canábis, se deve ao efeito deste sobre o hipocampo (uma estrutura implicada nos processos de memória), ou se devido a existir uma menor quantidade de sono REM as aprendizagens diurnas consolidam-se pior, ou uma mistura das duas coisas. No caso da utilização de canábis com fins terapêuticos, no entanto, estudos com Sativex descobriram que um ajuste bem feito das doses dos pacientes evita a alteração da arquitetura do sono, podendo no entanto persistir alguma sonolência matutina. Assim sendo, o consumidor deve aprender a modular estes consumos, obtendo aquilo que é mais benéfico (aumento da fase 4, o sono reparador) e prevenindo o que é mais prejudicial (diminuição da fase REM).
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Por fim, quando se produz uma interrupção brusca no consumo continuado, primeiro pode aparecer um efeito brusco de ricochete do sono REM – a razão pela qual aparecem sonhos intensos e estranhos – que pára uns dias depois e, por um período de tempo que pode durar até 3 semanas, o tempo total de sono, a sua eficácia e a quantidade total de sono REM diminuem progressivamente, enquanto que o despertar depois do início do sono alonga-se. Três semanas depois, este processo normaliza-se, sendo portanto esta a forma que tem o organismo de voltar à sua atividade cerebral quotidiana. Seja como for, o que é mesmo claro é que são necessários mais estudos para conhecer as implicações do consumo de canábis sobre o sono, visto que a maioria das investigações, além de escassas e pouco consistentes, datam dos anos 70. Hoje em dia existem tecnologias e metodologias mais modernas que deveriam ser implementadas para estudar este tema verdadeiramente apaixonante. FONTES · http://www.freidok.uni-freiburg.de/volltexte/6013/pdf/Dissertation_Thomski.pdf · http://www.scribd.com/doc/43672361/Cannabis-Pain-and-Sleep-Lessons-from-Therapeutic-Clinical-Trials-of-Sativex%EE%80%80-a-Cannabis-Based-Medicine · http://safeaccess.ca/research/pdf/Nicholson_CBME_Sleep.pdf · http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20685163
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tradição etnobotânica
saúde
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Canábis e Psicose: que novidades existem?
Esta associação entre episódios psicóticos e o consumo de cannabis demonstrou ser independente de fatores como a idade, o sexo, o estatuto socioeconómico, uso de outras drogas, desenvolvimento urbano ou rural e traumas de infância. Um ajuste adicional, onde foi tido em conta a existência de outras patologias psiquiatras, também não provocou alteração nos resultados. Os autores concluem que o uso de cannabis é um fator de risco para o desenvolvimento de sintomas psicóticos, e que o uso contínuo de cannabis pode aumentar o risco de padecer de um distúrbio psicótico, devido ao impacto que este consumo causa na persistência dos sintomas que normalmente são transitórios em indivíduos jovens, e que formam parte do desenvolvimento psicosocial. Como todos os estudos, este também apresenta algumas limitações que me parecem importante comentar. A primeira reside no facto de nos encontrarmo-nos perante uma população de uma nacionalidade determinada. Se parecer ficar demonstrado, na população alemã, a importância do uso de cannabis para o posterior desenvolvimento de sintomatologia psicótica, o mesmo não parece acontecer em países onde o consumo de cannabis não é ilegal, como Marrocos ou Jamaica, onde estudos epidemológicos não conseguem encontrar uma maior prevalência de patologia psicótica que noutros países do mundo. Cada país tem as suas leis, os seus costumes e os seus padrões de consumo de substâncias. Por esse motivo, os resultados não são extrapoláveis a outros países, pelo menos de uma forma rigorosa. Coloquemos como exemplo a situação que vive atualmente Espanha, onde a multiplicação dos clubes de cannabis implicará, muito provavelmente, uma redução dos fatores de stress que poderiam potenciar a aparição destes sintomas psicóticos. Não devemos esquecer, por outro lado, que é na adolescência que se produzem um maior número de sintomas psicóticos autolimitados, que por outro lado são importantes e necessários para um bom desenvolvimento psicológico do indivíduo. Este estudo demonstra que o consumo contínuo de cannabis nesta etapa da vida pode “perpetuar” estes sintomas, desencadeando um episódio psicótico que pode derivar num quadro psicótico clinicamente bem estabelecido.
por Masta dhteam
Resumindo, podemos dizer que este estudo fornece novas provas que desaconselham o uso de cannabis durante a adolescência e que aconselham um uso moderado, em vez de impulsivo, sobretudo quando já tenham existido distúrbios psicológicos anteriormente. Javier Pedraza Valiente, Médico
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leonurina
A leonurina é o principio ativo presente nas espécies Leonotis leonurus, Leonotis nepetifolia e Leonurus sibiricus. O seu efeito é relaxante, por vezes comparado a baixas doses de canábis. A espécie mais conhecida, a Leonotis leonurus é nativa da África do Sul onde é usada como inebriante e planta medicinal pelas tribos locais. Por Alexandre de Menezes
Leãozinho da pradaria Descrição botânica
A Leonotis leonurus conhecida na África do Sul por wilde dagga (canábis silvestre) ou Lion’s Tail (cauda de leão) é originária das províncias Este e Oeste do Cabo, Kwazulu-Natal e Mpumalanga mas já se naturalizou nos estados americanos da Califórnia e Havai e na Austrália. Cresce na orla de florestas, em encostas rochosas, leitos de rios e pradarias de ervas altas. É um arbusto perene que atinge 2-3 m de altura e 1,5 m de largura. Tem um tronco inferior lenhoso e caules superiores castanho pálido e densamente pubescentes. As folhas são lanceoladas, de cor verde viva na face superior e pubescentes na inferior, medem 5-10 cm de comprimento com 1-2 cm de largura e são serrilhadas nas bordas. A inflorescência dá-se em verticilos que aparecem ao longo do caule normalmente espaçados em 25 cm e aglomerando 3 a 11 flores. O cálice é tubular com 12-16 mm de comprimento e 4 mm de diâmetro. A corola é tubular com 40-49 mm de comprimento, de cor laranja, vermelha, amarela ou branca e coberta com pelos da mesma cor. A floração ocorre no final da Primavera e no Outono. O fruto é constituído por 4 sementes subcompridas, castanhas e com 5-6 mm por 1,5-2 mm. A Leonotis nepetifolia é conhecida por klip dagga e Lion’s Ear (orelha de leão) em inglês. É endémica da África tropical e subtropical e do sul da Índia mas já se naturalizou noutros pontos do globo como as
regiões sul da América do Norte, Austrália, América do Sul e Havai, sendo considerada uma praga nestas duas últimas regiões. É uma planta anual que vive 3 a 4 meses mas que se torna invulgarmente alta chegando a atingir 3 m na sua época de crescimento. O caule tem secção de forma quadrangular e deste nascem folhas em pares opostos entre si. As folhas são cordadas1 e levemente serrilhadas nas bordas atingindo até 15 cm de largura por 20 cm de comprimento. A sua inflorescência dá-se em densos verticilos de forma esférica com 5-10 cm de diâmetro e espaçados de 20-30 cm ao longo dos caules. Os verticilos envolvem completamente os caules parecendo que estes crescem a partir do seu centro. Os cálices são tubulares com 1 cm de comprimento e terminam num ápice pontiagudo. Destes cresce uma corola tubular com 2,5 cm de comprimento, curvada para baixo e de cor normalmente laranja mas que também pode ser vermelha, branca ou violeta. Junto às inflorescências podem crescer folhas de forma lanceolada com as bordas serrilhadas. A floração ocorre no fim do Verão e inicio do Outono. Cada flor quando polinizada dá origem a 4 sementes triangulares, castanhas e com 2-3 mm por 1-1,5 mm. A Leonurus sibiricus, conhecida por Siberian Motherwort e Honeyweed (inglês), ich-mau-thao (vietnamita), mahjiki (japonês) e marihuanilla (espanhol), é nativa do sul da Sibéria, Mongólia, China, Coreia,
As flores e folhas destas plantas têm um moderado efeito sedativo, descrito como similar a uma baixa dose de canábis
Japão e Vietname, locais onde cresce em pradarias rochosas ou arenosas ou em pinhais. Também se naturalizou nas regiões costeiras do Brasil, no México e noutros pontos do continente americano. A L. sibiricus é uma planta herbácea anual ou bienal. Cresce verticalmente usualmente apenas com um caule, ficando com uma forma de pinheiro. Atinge em média 20-80 cm de altura mas pode chegar aos 2 m quando as condições são propicias. Os caules são quadrangulares e geralmente cobertos por pelos finos. Tem folhas basais2 com um longo pecíolo e de forma oval-cordada que caem quando a planta entra em floração. Estas e todas as restantes folhas (de pecíolos mais curtos) têm lóbulos pronunciados
e margens serrilhadas. As flores agrupam-se em verticilastros3 ao longo da metade superior do caule formando densas e belas inflorescências. São séssis4 com um cálice de forma tubular-campanulada medindo 8 mm de comprimento do qual pende uma corola branca, cor-de-rosa ou vermelho-violeta. A corola é um tubo com 12 mm de largura que se divide na ponta em 2 lábios sendo o superior oblongo e mais comprido que o inferior. A floração dá-se entre Julho e Setembro no hemisfério norte, contudo em climas sem Inverno rigoroso a floração pode-se prolongar e durar mesmo o ano inteiro. As sementes são castanhas e de forma algo triangular com 2-2,5 mm por 1-1,5 mm sendo produzidas em grande número. Leonotis leonurus em floração
Foto: Alexandre de Menezes
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Princípio activo:
Fonte: conabio.gob.mx
nósticos de vários distúrbios mentais de acordo com as definições e critérios do ICD-10 (Classificação Internacional de Doenças, 10.ª versão) e o DSM-IV (Manual Diagnóstico de Doenças Mentais, 4.ª versão), bem como informação sobre frequência, duração e intensidade dos sintomas, e desenvolvimento psicossocial. Entre os sintomas mais importantes a rastrear incluem-se, por exemplo, mania da perseguição, interferência no pensamento, alucinações auditivas e fenómenos passivos. Os psicólogos colaboradores no estudo convidavam os participantes a ler uma lista de sintomas e perguntavam-lhe se já tinham sentido este tipo de experiências, bem como a altura em que estes apareceram. As respostas eram catalogadas como sintomas presentes ou ausentes. Para estabelecer a existência de exposição aos efeitos da cannabis, utilizava-se a pergunta: Tomaste cannabis 5 ou mais vezes na tua vida? Para estabelecer o padrão de consumo contínuo, utilizava-se um barómetro de 1 a 5 pontos, no qual 1 é “menos de um consumo por mês” e 5 é “quase todos os dias”. Para definir o consumo de cannabis entre o primeiro e o segundo período utilizou-se a pergunta “Quantas vezes consumiu cannabis desde a última entrevista?”. Os resultados do estudo demonstram que, em indivíduos que nunca tinham padecido de sintomas psicóticos e que nunca tinham consumido cannabis, o início do seu consumo até aos 3,5 anos do início do estudo aumentava o risco de padecer de sintomas psicóticos no período compreendido entre os 3,4 e os 8,4 anos após o início do estudo. Além disso, o uso contínuo de cannabis durante o primeiro período incrementava o risco de sofrer sintomas psicóticos persistentes durante o segundo período. Assim sendo, segundo este estudo também, o risco de padecer de cancro de pulmão por fumar um cigarro de canábis por dia é equivalente ao risco de alguém que fume 20 cigarros de tabaco por dia. Por outro lado, a aparição de sintomas psicóticos ao longo do primeiro período foi de 31% em consumidores, contra 20% nos não consumidores. Ao longo do segundo período, estes valores foram de 14% em consumidores e de 8% em não consumidores.
Medical Journal, aparece um estudo interessante intitulado “Uso contínuo de cannabis e risco de incidência e persistência de sintomas psicóticos: estudo de seguimento de um coorte [grupo] durante 10 anos”. Muito se tem dito e escrito sobre a relação entre cannabis e psicose. Neste artigo pretendemos analisar o conteúdo deste último estudo, bem como o que aporta a este tema controverso. O que torna este estudo particularmente interessante é o fato de se tratar de um seguimento ao longo de 10 anos, o que fornece muita mais credibilidade aos resultados, pois não estamos a estudar a realidade de um grupo de indivíduos num momento pontual das suas vidas, mas estamos antes a analisar variáveis ao longo de muitos anos, o que nos dá uma visão muito mais completa e ajustada à realidade. O objetivo principal deste estudo foi, por um lado, determinar se o uso de cannabis na adolescência determina o risco de padecer episódios psicóticos e, por outro, estudar a incidência e persistência de expressões sub-clínicas de psicose na população em geral. Quando falamos de expressões sub-clínicas referimo-nos a uma sintomatologia psicótica abaixo do nível necessário para realizar um diagnóstico clínico completo. Foram estudados, em total, 1923 indivíduos alemães com idades compreendidas entre os 14 e os 24 anos, pertencentes à população geral. Inicialmente foram incluídos 2210 indivíduos, mas a perda de informação sobre consumo e sintomas reduziu este número em 287. O uso de cannabis e os sintomas psicóticos foram analisados no início do estudo, ao ano 1,6, aos 3,5 e aos 8,4 anos do início do estudo, que em total durou 10 anos. Foi aplicada a versão de Munique da Entrevista Diagnóstica Composta Internacional (M-CIDI) [Composite International Diagnostic Interview]. Este tipo de entrevista inclui sintomas, síndromes e diagnósticos de várias distúrbios e diag-
Foto: Maria Joana
No último número da conceituada revista British
Por Dr. Javier Pedraza Valiente questões médicas podem ser-lhe remetidas através do e-mail: doctor.valiente@a-folha.com
Inflorescências secas de Leonotis nepetifolia nos Camarões
Foto: Martin Cheek; Fonte: Royal Botanic Garden, England
Leonurina
ESTUDO REALIZADO EM 10 ANOS
A FOLHA
tradição etnobotânica
A FOLHA
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Está presente nas três plantas o alcalóide leonurina que se pensa ser o responsável pelo seu efeito psicotrópico. Contudo todas sintetizam outros compostos de possível atividade psicotrópica e que podem ser os responsáveis pelos diferentes efeitos produzidos por cada espécie. Para além da leonurina na L. leonurus também se encontram os diterpenóides marrubiina e leonitina. Da L. nepetifolia foram extraídos os compostos leonotina, leonotinina, metoxinepetaefolina, nepetaefolina, nepetaefolinina, nepetaefolinol, nepetaefurano e nepetaefuranol. Já a Leonurus sibiricus contem cicloleonurinina, leoheterina, leuronurina, leonuridina e os diterpenóides leosibiricina, leosiberina e o seu isómero isoleosiberina. Na L. leonurus e L. nepetifolia os princípios ativos encontram-se presentes em maior concentração numa resina segregada por tricomas nas partes aéreas da plantas
Pétalas secas de Leonotis nepetifolia
Fonte: WorldSeedSupply
Princípios ativos
Fonte: tranceplants.net
Fonte: Grasscity.com
Quando fumadas as flores e folhas destas plantas têm um moderado efeito sedativo a nível muscular e no sistema nervoso central, descrito como similar a uma baixa dose de canábis. Porém o efeito é muito menos forte que o da canábis e descrito como mais relaxante e sedativo do que cerebral e sem aumento percetível da criatividade. Alguns consumidores reportam que o efeito também inclui uma ligeira euforia e estimulação, sensação de cabeça nas nuvens, alterações da perceção visual, maior apreciação táctil de objetos macios e que reduz a fadiga. Em altas doses os efeitos sedativos podem-se tornar muito pronunciados.
Pétalas secas de Leonotis leonurus
As flores e folhas secas de L. leonurus e L. nepetifolia podem ser utilizadas para preparar um chá ou então fumadas (folhas e flores). Na Leonurus sibiricus a maior concentração está presente nas folhas. A leonurina tem potencial terapêutico como acelerador da recuperação do útero no pós-parto e como tratamento para menstruação irregular, hemorragias uterinas e dismenorreia (dores menstruais agudas).
Riscos para a Saúde Existem relatos que estas plantas podem induzir tonturas, náuseas, diarreia e suores. A L. sibiricus podem também aumentar a sensibilidade da pela à luz. O seu consumo deve ser evitado por grávidas pois atuam como emenagogos7 e podem provocar contrações uterinas. Potencial de dependência: Alto Existem relatos de que a leonurina, quando utilizada regularmente, pode causar tanta dependência quanto a nicotina.
Dosagem e Administração
O consumo tradicional de Leonurus sibiricus de forma a induzir efeitos psicotrópicos foi apenas observado em Chiapas no México. Para tal as folhas são colhidas enquanto a planta está em floração, secas e fumadas num cachimbo ou então enroladas num cigarro. Tipicamente 1 a 2 g de folhas secas é suficiente para um cigarro. As folhas e flores também podem ser secas e utilizadas na preparação de chá.
As flores e folhas secas de L. leonurus e L. nepetifolia podem ser utilizadas para preparar um chá ou então fumadas. O fumo tem um cheiro pungente mas o sabor não é desagradável, contudo é irritante para a garganta e pulmões. É usual fumar apenas as flores pois estas são mais suaves e contêm uma maior concentração de leonurina. As flores de L. nepetifolia são tidas como mais suaves e potentes que as de L. leonurus. Existem também relatos de sucesso ao mascar as folhas resinonas e flores mantendo a saliva na boca de forma a absorver os compostos ativos pelas mucosas bucais. Para estas duas plantas uma dose fumada ronda 0,5-1 g de flores secas e o seu efeito perdura normalmente por 15-30 minutos. Na preparação de chá são utilizadas 20-30 g das partes aéreas produzindo efeito ao cabo de 30 minutos e que perdura por 1 hora. Estes valores temporais são aproximados e podem ser influenciados por diversos fatores como, por exemplo, os conteúdos do estômago aquando da ingestão. O efeito do chá é tido como mais sedativo que fumar o que torna fumar a forma de administração preferida para uso recreativo. Os efeitos do material não processado (folhas e flores) é leve, como tal para os potenciar podem-se fazer extrações. Estas normalmente utilizam um solvente polar como o álcool etílico. Contudo por a secreção de leonurina ser feita por tricomas na L. leonurus e L. nepetifolia há relatos de sucesso com o uso da técnica de extração de haxixe
Foto: Maria Joana
Foto: Maria Joana
Partes aéreas secas e moídas de Leonotis sibiricus
Efeitos
A FOLHA
Inflorescências de Leonurus sibiricus
-la em vasos de grande volume (> 10 L) só em solo atingirá todo o seu esplendor. Com um substrato rico e espaço adequado para as raízes raramente precisará de fertilização. Pode-se aplicar um fertilizante para crescimento vegetativo no inicio da Primavera quando a planta retomar o seu crescimento e um fertilizante para floração quando aparecerem os primeiros sinais de floração. Em solo é preferível utilizar fertilizantes orgânicos pois os fertilizantes minerais tendem a ser prejudiciais para alguns organismos benéficos. Quando se cultiva em vasos será necessário fertilizar mais frequentemente, normalmente uma vez por mês, porém tal não é uma regra devendo-se ficar atento aos sinais da planta e fertilizar apenas quando se detetar uma deficiência. Prospera em locais com exposição solar direta durante todo o dia mas consegue se adaptar a sombra ligeira contudo tal diminuirá a sua produção de resina. São de evitar locais sombrios pois poderá nem florir nestes. Em interior é possível cultivá-la sob lâmpadas HPS, contudo tal prática não é corrente. Quando estabelecida é resistente à seca e prefere solos secos. Deve ser regada esporadicamente mas com muita água. É resistente à geada mas não sobrevive a temperaturas inferiores a -6 ºC. Dá uma planta
com água também utilizada para a canábis. O resultado destas extrações é um material resinoso que se pode utilizar para fazer chá ou misturar com material para fumar, por exemplo as próprias flores destas espécies. Em África onde o clima tórrido potencia a produção de resina esta é recolhida diretamente das folhas de L. leonurus.
Cultivo
A Leonotis leonurus pode ser propagada através de sementes, podas e divisão. Caso se usem sementes estas devem ser semeadas em interior num local com temperatura amena (~ 20 °C) e bem iluminado no fim do Inverno. Desta forma as plantas podem crescer durante toda uma época antes do Inverno voltar. Devido a requisitos de espaço e exposição solar a cauda de leão é melhor cultivada em exterior. Assim as plântulas germinadas em interior devem ser gradualmente aclimatizadas a um local com exposição solar direta e mais tarde transplantadas. As podas enraízam bem em qualquer altura do ano mas para potenciar o crescimento devem ser tiradas no inicio da Primavera. A propagação através de divisão consiste em separar caules secundários que crescem a partir da base da planta de modo a que estes tragam raízes e possam ser transplantados. A cauda de leão prefere substratos ligeiramente alcalinos constituídos por aluvião (limo) que drenem bem e com uma quantidade generosa de composto ou estrume adicionado. Apesar de ser possível cultivá-
ornamental espetacular principalmente se podada no fim do Inverno. Para promover a ramificação e aumentar a produção de flores poda-se a ponta dos caules quando estes atingirem 15-23 cm de comprimento. As suas flores têm um leve cheiro a crisântemo e devido à sua profusa produção de néctar atraí muitos polinizadores como abelhas, borboletas e colibris. A Leonotis nepetifolia por ser uma planta anual é normalmente propagada através de sementes mas também se podem usar podas. Tal como para a L. leonurus semeia-se em interior no fim do Inverno para potenciar o crescimento. Os restantes requisitos para o seu cultivo (solo, luz e rega) são também similares aos da L. leonurus à exceção do seguinte: - Não é resistente à geada. - Requer rega um pouco mais frequente. - Por ter um sistema radicular superficial é possível cultivá-la em vasos. Estes devem ser mais largos que fundos e ter mais de 10 L. Neste caso, por falta de apoio para as raízes, poderá ser necessário suportar os compridos caules da planta com varas para evitar que se dobrem. Em estufa ou regiões com um Inverno ameno é possível cultivar a orelha de leão como um planta perene. Para tal deve ser
Flores de Leonurus sibiricus
podada no fim do Outono quando a temperatura e luminosidade descem e voltará a crescer na Primavera. Porém pela alta taxa de germinação é mais fácil cultivar a partir de semente todas as novas épocas. Muitas vezes as sementes que caiam ao chão germinarão no ano seguinte, criando uma população autosustentável. Quando em floração a L. nepetifolia torna-se um verdadeiro polo para os polinizadores, principalmente colibris. As flores e folhas de L. leonurus e L. nepetifolia devem ser colhidas no pico do Verão quando a produção de resina atinge o ponto máximo. As folhas a colher da L. nepetifolia devem ser apenas as que crescem junto às inflorescências pois são as únicas que apresentam resina. Nunca se deve apanhar mais de 1/3 das folhas da planta de forma a permitir que esta recupere rapidamente. A L. sibiricus pode ser propagada através de sementes ou podas. As suas raízes são curtas e carnudas crescendo bem em vasos desde que estes sejam mais largos que altos. Gosta de solos ricos e bem drenados e de locais com exposição solar direta. As suas raízes segregam um composto chamado leonitina que tem um efeito alelopático8 noutras plantas podendo ser positivo ou
As flores e folhas de L. leonurus e L. nepetifolia devem ser colhidas no pico do Verão quando a produção de resina atinge o ponto máximo
negativo. Positivo quando potencia o crescimento de outras plantas como acontece com espécies dos géneros Brassica e Zea. Negativo quando retarda o crescimento de ervas como acontece com as Axonopus e Paspalum. Para uso enteogénico as suas folhas devem ser colhidas e secas quando a planta entra em floração. As flores também podem ser colhidas e usadas na preparação de chá. Quando em flor a L. sibiricus atraí muitas abelhas sendo por isso utilizada em apicultura. As três espécies são extremamente fáceis de cultivar e raramente precisam de cuidados para além da rega. Ainda assim a Leonurus sibiricus e Leonotis nepetifolia são susceptíveis a pulgões. A orelha de leão terá-os principalmente nas inflorescências. Podem ser combatidos com lavagens usando sabão potássico e juntando óleo de neem à agua de rega. Durante períodos muito húmidos ou de chuva as três espécies são susceptíveis a fungos, principalmente botrytis. Estes ocorrem nas inflorescências onde a água se acumula e podem alastrar a toda a planta. Para os evitar podem-se retirar as inflorescências das plantas no inicio das chuvas. Se for preferível mante-las, por exemplo para produção de semente, pode aplicar-se calda bordalesa na prevenção e tratamento dos fungos. Esta calda consiste numa solução aquosa de 0,1 partes de sulfato de cobre e 0,1 partes de cal para 10 partes de água, em
Foto: Alexandre de Menezes
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Leonotis nepetifolia em crescimento vegetativo
Cotilédones de Leonotis Nepetifolia
Leonurus sibiricus em crescimento vegetativo
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tradição etnobotânica
A FOLHA
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Os KhoKhoi e San fumam-na para promover euforia e exuberância unidades de massa (ver “Preparo e uso da calda bordalesa “ nas fontes para guia de preparação).
Tradição Etnobotânica
A L. leonurus é utilizada como inebriante e planta medicinal pelos povos nativos da sua região endémica, a África do Sul. Os KhoKhoi e San fumam-na para promover euforia e exuberância. Usam as folhas resinosas, a resina extraída destas e os brotes florais que são fumados sozinhos ou misturados com tabaco. Os KhoiKhoi introduziram-na aos colonos europeus como uma valiosa planta medicinal. Este povo prepara uma infusão com os caules, folhas e flores para aplicação tópica que é usada no tratamento de erupções cutâneas (incluindo lepra e eczema) e de picadas de vários animais como cobras, escorpiões, abelhas e vespas. Outra prática é juntar os caules à água do banho para aliviar dores musculares e comichões. Os Zulu e os Xhosa preparam uma infusão forte com as folhas e usam-na como mezinha para afastar cobras espalhando-na ao redor de suas casas. Utilizam também uma tintura da casca da raiz internamente como antídoto para as picadas de cobra. Estes dois povos bebem o chá preparado com as flores para o tratamento de tosse, constipações, gripe, icterícia, asma cardíaco, hemorroidas, dores de cabeça, infeções no peito, bronquite e epilepsia. A cauda de leão é também empregue no tratamento de animais. Os Tswana, Zulu e Xhosa fazem uma forte infusão com as partes aéreas para usar como enema em ovelhas, cabras, vacas e por vezes humanos. Este enema é aplicado para tratar problemas respiratórios mas a infusão também é usada externamente em gado e cães para lavar feridas, arranhões, mordidas e picadas. A L. leonurus é também usada na etnomedicina tailandesa e tem uma longa história de uso como planta ornamental que data de 1663 em jardins europeus.
As flores de L. sibiricus são utilizadas em rituais de devoção como oferenda pelos Hindus em Assam, sendo conhecidas por pujas. Na Medicinal Tradicional Chinesa a planta é utilizada como emenagogo, vasodilatador, diurético e para tratar hemorragias pós-parto. Também é usada para tratar perda de potencia nos homens. É mencionada no Shih Ching (o Livro das Odes escrito entre 1000 a 500 a.C.) e mais tarde ocasionalmente louvada como planta medicinal noutros antigos textos chineses. Em Chiapas no México, as culturas nativas fazem um chá com as raízes para ajudar na menstruação e acalmar outros problemas do sistema reprodutivo feminino. Nesta região também é fumada como substituto da canábis. Já no estado de Veracruz do mesmo país é usada na magia popular. Na cultura ocidental encontra uso como planta ornamental e em apicultura. Para além disso os rebentos jovens podem ser comidos como verdura..
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Inflorescência de Leonurus sibiricus
FONTES · Plants of the Gods, Their Sacred, Healing, and Hallucinogenic Powers. Schultes, Hofmann, Rätsch. · Pharmacotheon. Jonathan Ott. · Psychoactive Substances Manual. Sinead O’ Mahony Carey. · Growing the Hallucinogens. Hudson Grubber. · Leonotis leonurus Wiki. Drugs Forum. http://www.drugs-forum.com/forum/showwiki.php?title=Leonotis_leonurus · Leonotis leonurus Vault. Erowid. http://www.erowid.org/plants/ leonotis_leonurus · Morfologia floral – angiospérmicas. Carlos M. G. Reis. http://docentes.esa.ipcb.pt/lab.biologia/disciplinas/botanica/morfologia.html · Sessility (botany). Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Sessility_(botany) · Leonurus sibiricus. PsyquayNbotanist. http://psyquaynbotany.blogspot.com/2010/10/leonurus-sibiricus.html · Leonotis leonurus. Sharon Turner. Witwatersrand National Botanical Garden. http://www. plantzafrica.com/plantklm/leonotisleon.htm · Leonotis leonurus Herba.http://www.sahealthinfo.org/traditionalmeds/monographs/leonotisherba.htm · Lion’s Tail. Philippe Faucon. http://www.desert-tropicals.com/Plants/ Lamiaceae/Leonotis_leonurus.html · Leonotis nepetifolia. Floridata. http://www.floridata.com/ref/l/leon_nep.cfm · Leonotis nepetifolia (Klip Dagga) Guide.Kada’s Garden. http://www.kadasgarden.com/Pnepetifolia. html · Leonurus sibiricus. Ana María Hanan Alipi, Juana Mondragón Pichardo, Heike Vibrans. Malezas de México. http://www.conabio.gob.mx/malezasdemexico/lamiaceae/leonurus-sibiricus/fichas/ficha.htm · Structural Studies on Three Plant Diterpenoids from Leonotis nepetaefolia. · Traditional/Folk Use for Wild Dagga. I am Shaman. http://www.iamshaman.com/dagga/folkuse.htm · The Leonurine and its preparation. Anhui New Star Pharmaceutical Development Co. http://www.newstar-chem.com/english/display.asp?id=208 · Leonurus sibiricus - Siberian Motherwort. Drugs-Forum. http://www.drugs-forum.com/forum/showthread. php?t=150605 · Chinese Medicinal Plants. one garden. http://www.one-garden.org/seedbank/index.html#seed939 · Wild Dagga / Lion’s Tail (Leonotis Leonurus) Experiences. Drugs-Forum. http://www.drugs-forum. com/forum/showthread.php?t=4749 · Preparo e uso da calda bordalesa. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustententado, Porto Alegre, v.2, n.2, abr./jun. 2001 . http://www.emater.tche.br/docs/agroeco/revista/ ano2_n2/revista_agroecologia_ano2_num2_parte10_dica.pdf Todos os sites foram consultados entre 18/02/2011 e 15/05/2011.
Glossário 1. cordada [botânica] – diz-se das folhas em forma de coração estilizado 2. folhas basais [botânica] – folhas que crescem na base de uma planta herbácea, normalmente diferentes em forma e tamanho das folhas que crescem nos caules verticais de floração 3. verticilastro [botânica] – inflorescência contraída, de eixos curtos, ficando as flores muito aglomeradas na axila de duas folhas ou brácteas opostas. Frequente em espécies da família Labiateae. 4. séssil [botânica] – (significa “sem talo”) é uma característica das plantas cujas flores ou folhas crescem diretamente do caule ou pedúnculo5, não tendo pecíolo ou pedicelo6 5. pedúnculo [botânica] – haste de uma inflorescência ou fruto, onde no caso de ser ramificado se ligam vários pedicelos 6. pedicelo [botânica] – haste que suporta uma flor individual sendo a última divisão de um pedúnculo ramificado 7. emenagogo [farmacologia] – medicamento ou remédio à base de ervas que estimula o fluxo sanguíneo na área pélvica e no útero. Utiliza-se para provocar abortos ou para estimular o fluxo menstrual quando está ausente por outras razões que não a gravidez como distúrbios hormonais. 8. alelopatia [botânica] – capacidade das plantas produzirem substâncias químicas que, libertadas no meio ambiente, influenciam de forma favorável ou desfavorável o desenvolvimento de outros organismos
Foto: Alexandre de Menezes
A L. nepetifolia é conhecida na Trinidad e Tobago como shandilay e das suas folhas faz-se um chá utilizado medicinalmente no tratamento de febre, tosse, prolapso uterino e malária.
CENTRO / SUL / INSULAR COIMBRA Cognoscitiva, R. Antero de Quental, C.C. Avenida - 6.º piso; Magic Mushroom, Rua Antero de Quental n.º 242 POMBAL Funtastic, Pombal Shopping, Loja 2, R. Sta. Luzia 24 LEIRIA Cognoscitiva, R. Barão Viamonte, n.º 76 MARINHA GRANDE Or Tattoo, R. Álvaro Coelho n.º 19 VILA FRANCA DE XIRA City Bar, Trav. Espírito Santo N.º 10 LISBOA Alkimia, R. das Pedras Negras, n.º 61A; Atomic Tattoo, R. Alegria 27; Bana, Praça da Figueira, n.º 1 D; Carbono, R. Telhal, 6B; Cave, R. Luciano Cordeiro 49B; Cognoscitiva, R. Bem Postinha 19B; Dedicated, R. Glória n.º 69, Restauradores; Groovie Records, R. Fanqueiros 174, 1.º Esq.; Magic Mushroom, R. do Cais de Santarém, n.º 26 r/c, Alfama; Mongorhead Comics, R. Alegria n.º 32/ 34; Triparte, R. Prata n.º 88 BAIRRO ALTO Magic Mushroom, R. Luz Soriano 29 + R. Atalaia 114; Queen of Hearts Tattoo, R. Luísa Todi 12-14; Tribal Urbano, R. da Madalena 232; Waves & Woods, Trav. Queimada 36 ODIVELAS 893 Tattoos, Av. D. Dinis 68B, C.C. Oceano CARCAVELOS Bana, Estrada de Sassoeiros, Lt. 3 Dto. AMADORA Carbono, R. Elias Garcia 241, Galerias S. José - Piso 1 QUELUZ HardCore Tattoos, C.C. Queluz, Loja 1 SINTRA Bang Bang Tattoo, Av. Heliodoro Salgado 104 ALMADA Cognoscitiva, Rua Ilha de S. Tomé, nº 2, Cova da Piedade AMORA White Dragon, R. Movimento das Forças Armadas n.º 28 COSTA DE CAPARICA Pedrada Tattoos, Av. General Humberto Delgado n.º 35 - 1.º piso MOITA Zooniverso, Largo do Mercado Municipal, Loja 1 BARREIRO Alburrica Bar, R. Almirante Reis n.º 68A; Espaço Chapelaria, Associação Cultural SETÚBAL Rebento Verde, Estr. de Palmela, 35 A (Urbisado); TattDrago, R. Paula Borba n.º 20 - 1.º PORTIMÃO Magic Mushroom, Av. Tomás Cabreira, Ed. Algarve Mor, lj. 5, B Praia Rocha ALBUFEIRA Bio Folha, Av. 12 de Julho, Quinta dos Serves Lj. 4 - Ferreiras LAGOS Cool It Tattoo, Trav. do Cotovelo 2 - Loja B; Esperança Verde, Trav. do Cotovelo 2-1; Rockstar Shop, R. Cândido dos Reis n.º 137 QUARTEIRA Downtown Tattoo, R. Vasco da Gama, loja 1A FARO Bee Nature, R. Ataíde Oliveira, C.C. Al-Gharb FUNCHAL Anatomic Tattoo, R. Ferreiros 240 PONTA DELGADA Banana Art Factory, R. Mercadores 84 ESPANHA AYAMONTE Cognoscitiva, c/ Jose Perez Barroso n.º 40 CADIZ Hypersemillas, Algeciras Guipuzkoa La Mota, c/ Portuetxe, 83, San Sebastián Madrid AMEC (Asoc. Madrileña de Estudios sobre Cannabis), c/ Salitre, 23, bajo; Houseplant Central, c/La Palma 42; Plantamania, c/ de La Hierbabuena N12; Private Cannabis Club, Rest. El Jarama, c/ Guillermo Mesa, 2, Paracuellos de Jarama MURCIA Kaya Growshops, S.L., c/ Simón García, 36; Kaya Growshops, S.L., Villanueva del Segura, Nave 5, Molina de Segura SEVILLA El Buda, Av. Andalucia 164, Estepa; NORML España, c/ Adriano, 39-9 VALÉNCIA Sweet Seeds, c/ Dr. Nicasio Benlloch n.º 36–38 GALIZA A CORUÑA Diosa Planta SL, c/Galilei, 48 OURENSE Viva Maria, c/Camino Caneiro Pontevedra Viva Maria, c/Santa Clara 3 Santiago de Compostela Viva Maria, c/Rosalia de Castro 116 Tuy Voodoo Trading - ctra. Tuy, La Guardia Vigo A.V.E. María – Asoc. Viguesa de Estudos da Maria, c/ Pizarro, 37, 5.º A; Viva Maria, Ronda de Don Bosco 50; Viva Maria, Genaro de la Fuente 58; Viva Maria, Calle Fragoso 45 Villagarcia Viva Maria, c/Cervantes 10 BRASIL Estamos nos infiltrando. Lista com alguns locais nas principais cidades brevemente. Fique atento ao nosso site, ou envie email para assinar@a-folha.com
Chegamos a outros locais e eventos de forma ocasional. Esta lista será permanentemente actualizada.
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A Folha N.º 7
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Director: João Maia Coordenador e Editor: Pedro Mattos Produtor: Joaquim Pedro Co-Editor e Revisor técnico: Alexandre de Menezes Revisor gráfico: Pedro Rodrigues Colaboradores: Cristica Rodrigues [Centro Vegetariano]; Javier Pedraza Valiente [médico]; Jorge Bruto [linguísta]; Jorge Roque [activista/jurista]; José Carlos Bouso [médico investigador]; Lawrence Brooke; Noucetta Kehdi; Luis Hidalgo; Tommy G.; Youth One; Zakahia Tz [imagem] Grafismo: JPsafasempre Logo: Boopsie Cola Sr. Folha: ilustrado por Ricardo Campos Tiragem = circulação (2011): 15.000 unidades Impresso em Portugal. Entra em contacto. Partilha ideias. Faz A Folha chegar à tua terra!
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