SALVIA DIVINORUM AS FOLHAS DE DIVINAÇÃO
publicação periódica
GRATUITA · n .º 6 - PRIMAVERA 2011
Etnobotânica
Crónicas do Cannabistão
COLHEITA, secagem, manicure e conservação o que está na sua água?
Genética
Kalichakra Sociedade
LEIS E POLÍTICA
DE DROGA NO BRASIL Saúde
EDIÇÃO ESPECIAL
Canábis, tabaco e cancro de pulmão
COMO CRIAR um CLUBE SOCIAL de CANÁBIS UMA INICIATIVA DOS CIDADÃOS PARA UM MERCADO LEGAL EM PORTUGAL
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a abrir O mundo está em mudança. O véu cada vez mais fino da influência Norte Americana nos países árabes tornou transparentes realidades sociais que provocam na actualidade importantes movimentações civis de gerações inteiras que se cansaram de ter que engolir realidades desfazadas da modernidade com que aprenderam a olhar-se a si próprios, aos seus governantes e aos seus países. Em contexto de crise, há casos em que as lideranças perdem algum poder, o que permite à sociedade civil pressionar e avançar. No meio da crise, foram abrindo pela Europa fora Clubes Sociais de Canabis. Altamente contagiante, a ideia de se avançar através destas organizações privadas da sociedade civil como alternativa à lenta e semi-faraónica tarefa de alterar legislações nacionais e internacionais contra o interesse de todo o tipo de lóbies, propagou-se pela Europa. Depois de Espanha e Bélgica, a Alemanha também já conta com uma associação de consumidores de canábis, onde se pode socializar, informar-se, adquirir e consumir canábis legalmente. Em vez de coffee-shops, associações locais onde os consumidores medicinais e lúdicos se registam e afiliam, podendo encontrar quantidades limitadas de canábis e derivados não adulterados, com a qualidade e preços controlados. Nesta edição apresentamos um manual detalhado com os passos para criar um clube social de canábis em Portugal. Porque, tal como vimos no Egipto, se os políticos não acompanham as mentalidades, avança a sociedade civil.
Sumário
ESSENCIAL NESTA EDIÇÃO
ATUALIDADE
5 12 [opinião]
Manual para criar um Clube Social de Canábis em Portugal
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[curtas]
O Imperialismo Ocidental das Drogas por Jorge Roque
SOCIEDADE
Leis e Política de droga no Brasil
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Em Portugal, o activismo pró-legalização prepara já várias acções de rua em Lisboa e Porto para exprimir os argumentos políticos, económicos, sanitários e ecológicos, entre outros, a favor da regulamentação legal do consumo e do cultivo de canábis, e contestar a actual política anti-proibicionista que cada vez tem menos retorno mediático e proveito político no meio da tempestade de escândalos ecconómicos e políticos que preenchem os telejornais. Assim, está marcada uma manifestação em frente à Assembleia da República para sexta-feira dia 22 de abril, e ainda a já tradicional Marcha Global da Marijuana que junta anualmente vários milhares de portugueses que marcham pela legalização do consumo e do cultivo de canábis. Este ano está já confirmada em Lisboa e no Porto para o dia 7 de Maio. Não falte !
Global da Marijuana 2011 7 Marcha Lisboa e Porto - 7 Maio
TRADIÇÃO ETNOBOTÂNICA
por Sergio Vidal
CRÓNICAS DO CANNABISTÃO
SAÚDE
Colheita
cuidados a ter, quando cortar, manicure, secagem e cura
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25 Salvia Divinorum
O que está na sua água?
Canábis e Cancro de Pulmão GENÉTICA
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Kalichakra esposa do Lorde Shiva
Na Califórnia, depois do mediático e controverso referendo sobre a legalização da canábis em que a população a favor do “Não” venceu por escassos pontos percentuais, a consciência de que se trata de uma questão de tempo é geral e o debate passou para um segundo nivel: perante a possibilidade da legalização, é mais que provável a entrada neste mercado das grandes corporações entre as quais as grandes tabaqueiras, o que tem provocado o receio dos pequenos produtores, retalhistas e consumidores, que temem o estabelecimento de monopólios sobre licenças de produção, e ainda a perda do controlo sobre a qualidade e o preço. Neste momento, a questão já não é quando se vai legalizar, mas como se vai legalizar. Algo sobre o qual se deveria estar a trabalhar em Portugal. Nesta edição lançamos o mote.
A Folha alcança o número 6 justamente no início da Primavera. Na altura das sementeiras lançamos à sociedade portuguesa sementes para a mudança que pode germinar com os Clubes de Consumidores de Canábis. Uma informação que pode permitir que um pequeno passo civil que possa ter efeitos mais pragmáticos e contundentes do que muitas vontades políticas. João Maia
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[humor]
[locais onde reservar] [ficha técnica]
Easy Rider ainda voa baixinho
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ENCOMENDE JÁ não deixe esgotar!
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John Joseph “Jack” Nicholson actor
A lenda de Hollywood, quebrou recentemen-
te o seu prolongado silêncio acerca da marijuana. Numa entrevista ao Daily Mail, o actor de 73 anos afirmou que ainda fuma erva: “Não costumo dizer isto publicamente, mas conseguimos ver que é algo curativo. A indústria dos narcóticos é também enorme. Financia terrorismo e, no caso dos Estados Unidos, os gangues. Mais de 85% dos homens encarcerados na América estão na prisão por crimes relacionados com drogas. Cada um, custa 40 000 dólares por ano. Se de facto estivessem preocupados com a Economia, existiria uma discussão racional sobre a legalização”. O vencedor de três Óscares que ganhou fama inicialmente com os seus papéis em Easy Rider e Five Easy Pieces, disse que já não se diverte à maluca como antigamente. “Ao contrário da opinião generalizada, por mais que me refastelasse, cuidava sempre de mim próprio”. Nicholson explica: “Já acordei em árvores, já acordei quase à beira de precipícios, mas sempre soube como cuidar de mim. Fiquei acordado até tarde mas também dormi até tarde.
Sempre achei importante tomar conta de mim. Houve sempre uma disciplina dentro da minha estrutura de festança. Nunca deixei uma câmara à espera.” “A minha vida mudou”, disse ainda. “Já não gosto tanto das coisas que antes adorava. Já não vou para discotecas, já não gosto de ir a bares. Já não saio todo impulsivo, à procura de mulheres; tornou-se um jogo que já não merece o esforço. As últimas três vezes que estive em Nova Iorque a filmar não saí do quarto de hotel uma só noite. As pessoas não acreditam, mas é verdade. Acabas por ajustar a tua vida às tuas circunstâncias, e posso passar muito tempo sozinho. Acho que sou um ser social, mas os meus amigos estão sempre a dizer-me que devo sair mais”.
atualidade SPOILER ALERT!
< http://youthone-graffiti.blogspot.com > < www.dedicated-store.com >
Homem Folha, Dedicated Store e YOUTH ONE preparam-se para tomar Lisboa de assalto! Um assalto implacável à feiura e ao grotesco que grassa por infinitas paredes do nosso país. Chegou o momento do Homem Folha sair do armário, e com os seus amigos ajudar a tornar a cidade mais interessante, e bela.
O local ainda é secreto! Será reve-
lado na próxima edição, juntamente com uma foto-reportagem da epopeia, em local de passagem frequente e atracção turística. O Homem Folha dispensa apresentações aos leitores habituais d’A Folha, pois é a sua mascote. Em relação à Dedicated Store, que já é o ninho, o writer’s bench cá da praça, tal como em New York do fim dos anos 70. Será também um local de interesse para quem procura uma fuga rebelde à normalidade, ideias
diferentes, texturas, muita cor, sempre utilizando a criatividade como veículo para a livre-expressão. Localiza-se bem no centro da cidade alfacinha. YOUTH ONE é o nome de guerra de um dos writers tugas pioneiros. Agora artista plástico, gráfico, criativo multifacetado. O homem que carrega a palavra amor ao peito, irá ajudar o Sr. Folha a sair do armário e passear pela cidade nos olhos dos milhares que irão contemplar a sua arte ao longo de uns 10 metros de parede-tela.
Provocativo, egocentrado, anárquico, marginal, o graffiti não pode ser reduzido a categorizações simples. Cada vez mais o “vândalo” de ontem é o artista de hoje; a cultura visual educa-se e o público é permeável ao que lhe toca os sentidos.
O objectivo é provocar o pensamento, formar consciências, surpreender as massas, rumo a uma mudança. – Há que tirar partido do momento e marcar a sociedade de todas as formas possiveis.
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PORTO Rua Passos Manuel, n.º 219 • C. Com. Invictos - Loja 13 4000-385 Porto - Portugal Telf.: +351 913 288 085 / +351 222 018 293 / +351 962 398 699 info@planetaseni.com • porto@planetasensi.com
atualidade
A FOLHA 6
CENSURA NO CIBER-ESPAÇO
A Folha tentou, mas o Facebook não deixou O Homem Folha, resistente às modas, só recentemente procurou construir uma página para A Folha no espaço cibernético do tipo rede-social acima referido. Durante umas três semanas, partilhámos e recebemos informação importante e contactos para distribuição em novas cidades, dos nossos então quase 300 amigos. Qual não foi o nosso espanto, quando ao tentar aceder para introduzir mais imagens exclusivas na pasta de Genética, damos com a nossa conta banida. Efectuadas as tentativas de contacto do protocolo para tentar obter uma explicação, o resultado foi nulo. Após rápida pesquisa, encontramos no blog da MGM Lisboa. uma notícia do Los Angeles Times sobre uma situação semelhante. Na altura decorria a campanha pró-legalização nos Estados Unidos, e a organização Just Say Now utilizava em força a plataforma de rede-social. Uma das suas campanhas, End the War of Marijuana, continha uma folha de canábis e um apelo aos amigos de face para rogarem ao presidente Obama a revisão dos regulamentos – 38 milhões de apelos. Claro que a Just Say Now, como A Folha, acusou o Facebook de censura e impedimento de expressar opiniões políticas em liberdade. “Isto é injusto e inaceitável”, reagia a organização Just Say Now em comunicado. Como bons activistas que são, utilizaram o revés da melhor forma, e através da própria rede social fizeram por obter o apoio necessário para pressionar o Facebook a mudar as suas regras. Pelo menos tiveram retorno da porta-voz do gigante, Annie Ta, que invocou as politicas da empresa como contrárias à promoção de drogas ou de tabaco. Compreensível, sendo o cultivo de canábis considerado crime federal nos EUA, e menores acederem facilmente a conteúdos seleccionados. Incompreensível quando permanecem muitas outras páginas de utilizadores com temáticas semelhantes, e muita outra verdura para apreciar de forma lasciva!
Nem tudo se esvaiu
Para reatar alguns contactos importantes o nosso aborrecido editor criou uma conta pessoal – “para uso sem espalhafato e 0 spam; facilitante de comunicação, partilha de experiências e materiais com os leitores, em especial os de paragens mais longínquas como Espanha ou Brasil”. Assim sendo, agradecemos que aqueles que já estavam em contacto adicionem pedro.mattos ao vosso book de faces. Podem também considerar a página da instituição A Folha de Cânhamo digna do vosso agrado. Se é que isso realmente serve para alguma coisa.
info@a-folha.com MAIS NOVIDADES d’A FOLHA
Brasil entra em campo
Embora as despesas de envio sejam proibitivas (mais de 1 euro por exemplar em correio aéreo) para uma distribuição tão numerosa como em Portugal, Galiza e centros nevrálgicos de Espanha, iremos enviar um número restrito de exemplares para locais nas principais cidades, que passarão a estar listados também no nosso site, em mapa, e na revista impressa. Mesmo que não existam já exemplares nestes locais para aquisição, haverá sempre uma cópia que pode ser consultada, se você quiser sentir A Folha como uma experiência física. Todavia, se o seu desejo de possuir a sua revista-real é realmente imenso, o que se segue é do seu especial interesse:
Assine A Folha!
Esta é outra ideia à qual o Homem Folha não estava tão receptivo, mas com a fasquia da regularidade, finalmente estamos aptos e a preparar no nosso sítio um sistema simplificado para receber o pagamento das despesas de envio e embalagem dos nossos exemplares. Não é justo que os nossos leitores fieis esperem até nos ter em suas mãos. Com este sistema o nosso assinante receberá a revista poucos dias após ela sair da impressão, não se submetendo à ditadura do número de exemplares disponível por tempo incerto nos locais habituais de aquisição. INTERESSA-TE? Fica atento ao nosso sítio, ou envia desde já um email para assinar@a-folha.com – na resposta virá a forma de obteres a(s) tua(s) cópia(s). Nota: Os dados recebidos serão mantidos em segurança e destruídos após o término do tempo de assinatura – jamais serão cedidos a terceiros.
Downloads a subir
Todas as nossas edições continuam a estar disponíveis para download/consulta no nosso sítio, ou em alternativa no sistema issuu. Os conteúdos da revista são idênticos em ambos os locais, mas dormimos melhor sabendo haver backup do que é mais importante, e que nunca deixará de ser possível A Folha ser lida. O issuu tem alguns actractivos, como milhares de outras publicações gratuitas do foro artístico ou activista. Outra ferramenta interessante permite-lhe a tradução automática de artigos para uma míriade de dialectos, incluindo asiáticos. Quanto ao sítio da revista, nele foi já implementada uma janela-twitter que vai debitando alguma informação que ajudará a fazer saber onde se encontram disponíveis mais exemplares, onde colaboradores nossos darão conferências, em que eventos iremos estar representados, ou a mera sugestão de uma aplicação para acompanhar o ciclo da lua.
ISTO TAMBÉM INTERESSA
Street-Team A Folha: representa-nos na tua zona! Aquilo que na prática já é uma rede-de-amigos real, que nos permite altruisticamente chegar a vários dos locais onde A Folha vai estando disponível, assume agora o nome pomposo de Street Team. Se tens um pouco de tempo, forma de te transportares a ti e a umas centenas de exemplares d’A Folha (vários quilogramas), poderás ser o receptor de uma quantia acima das 150 revistas, para encaminhar aos locais próximos de maior interesse. Importante: Têm que ser locais onde a publicação seja aceite em viva voz por algum responsável, como algo destinado a adultos com um conteúdo e mensagem específicos. Estes locais poderão ser referenciados na nossa lista, disponível no site [com mapa interactivo facilitador], e na própria revista impressa, para os leitores saberem onde se dirigir.
Interessa-nos em particular reforçar a zona norte e centro interior do país. Cidades como Covilhã, Guarda, Castelo Branco, Beja, Évora, Elvas, Torremolinos,... todos os contactos são bem-vindos. Como contrapartida o Homem Folha assume as despesas de deslocação para entrega de exemplares, e facultará iguarias de uma ainda imaginária, mas futuramente não-virtual, linha de merchandising, conteúdos documentais exclusivos, amostras promocionais de nutrientes, catálogos e outros. Agora é a tua vez de participar! Agita as consciências dos teus conterrâneos, e faz terrorismo-informativo ao mais alto nível! Não custa muito deixar alguns exemplares em locais de passagem, e pode fazer uma enorme diferença. No consultório do dentista e no cabeleireiro fazem sempre o maior sucesso!
issuu.com/a-folha a-folha.com
informação de referência sobre canábis em língua portuguesa
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OBRIGATÓRIO IR!
MAIS UMA ESTREIA
Marcha Global da Marijuana 7 de Maio, Lisboa e Porto A Marcha Global da Marijuana é uma manifestação anual realizada no primeiro sábado de Maio por todo o mundo. Em 1999, a Million Marijuana March em Nova Iorque deu o mote e rapidamente o evento se internacionalizou, chegando actualmente a mais de 300 cidades. Dana Beal é um dos activistas mais influentes deste movimento e encontra-se actualmente preso por posse de canábis. Em Portugal, o movimento pela legalização da canábis era quase inexistente até que a Marcha Global da Marijuana arrancou com uma concentração em 2006 na cidade de Lisboa, no Largo Camões. Organizada por um punhado de pessoas, esta iniciativa foi muito importante para que muitas outras (onde se destacam activistas pelo direito ao cultivo para consumo próprio), interessadas na luta pela legalização da canábis em Portugal, se conhecessem e juntassem. Após uma breve intervenção do porta-voz da MGM Lisboa, Pedro Pombeiro, que criticou a política proibicionista defendendo as vantagens da legalização da canábis, os manifestantes marcharam pelo Bairro Alto gritando palavras de ordem, juntando centenas de pessoas pelo caminho e distribuindo um panfleto que seria a base do manifesto da MGM Lisboa. Estavam lançados os alicerces para um movimento que viria a crescer exponencialmente nos próximos anos. Em 2007 foi a vez de se juntar a cidade do Porto, a partir da Praça do Marquês. Construiu-se um manifesto, que tem actualmente como subscritores a JSD, a JS, o BE, Miguel Guedes, Miguel Portas, Vitorino Salomé, Jamila Madeira, Mário Tomé, Pacman, Daniel Oliveira, entre outros. Em 2008 foi a vez da cidade de Coimbra aderir com uma concentração no Largo da Portagem e em 2009 Braga, no Arco da Porta Nova. Em 2010 realizaram-se igualmente iniciativas em todas estas cidades. No âmbito da divulgação da MGM Lisboa, a Com.Maria (comissão organizadora) tem levado a cabo uma série de iniciativas, tais como conferências, festas, distribuições de panfletos, debates, projecção de filmes, bem como participações em programas de TV e rádio. Desde 2006, a MGM Lisboa já participou em iniciativas que tiveram lugar em diversas universidades, escolas secundárias e espaços associativos.
A FOLHA
Actualmente, a MGM Lisboa começa com uma concentração no Jardim Mãe D’Água e segue em direcção ao Largo Camões com sons de reggae, faixas e pancartas com frases pela legalização, nas quais se destaca “Abaixo a hipocrisia, legalizem a Maria”. Em Portugal, a legislação relativa à canábis é claramente proibicionista: a prova disso é um sistema prisional onde a maioria dos presos foi condenado em processos relacionados com drogas. O consumo de canábis, apesar de descriminalizado, continua a ser perseguido e penalizado. Nesta guerra contra as drogas que é uma guerra contra pessoas, as principais vitimas são sobretudo os mais pobres e os mais jovens, grupos que pela sua condição social estão no centro da repressão policial. Constatamos que a proibição não é do interesse público pois põe em risco a saúde dos cidadãos, fomentando o mercado negro e a adulteração dos produtos, e retira ao Estado milhões de euros em impostos. A experiência mostra-nos que o uso de canábis não é uma grave ameaça nem para os consumidores, nem para a sociedade. Por isso o Estado não pode continuar a limitar a liberdade individual e a perseguir os consumidores. Existem tantas utilizações com grandes vantagens sociais e económicas, desde a medicina à alimentação, passando pela produção de fibras, pasta de papel, energias alternativas e, claro, o uso relaxante e recreativo, que é incompreensível, e até absurdo, que se mantenha a proibição de uma planta com tamanho potencial. A legalização é um passo muito importante que beneficiará as pessoas, a sociedade e o ambiente. COM.Maria Comissão Organizadora da Marcha Global da Marijuana de Lisboa marchaglobalmarijuana@gmail.com
www.mgmlisboa.org
Construiu-se um manifesto, que tem como subscritores a JSD, a JS, o BE, Miguel Guedes, Miguel Portas, Vitorino Salomé, Jamila Madeira, Mário Tomé, Pacman, entre outros
Eastside Growers Eis o primeiro Clube Social de canábis da Alemanha Os Eastside Growers são, nas suas próprias palavras,
um colectivo de pessoas adultas que usufruem do seu direito a fumar canábis e “cultivar a sua própria”. Para esse efeito, criaram um cultivo colectivo com nove famílias diferentes de canábis, que podem ser seguidas no website (em alemão), bem como todas as genéticas cultivadas anteriormente.
“Acreditamos que é nosso direito consumir canábis e cultivá-la sob a nossa própria responsabilidade.” E continuam: “Não somos cultivadores comerciais. Todo o Eastsider tem uma profissão – por vezes numa posição de liderança – uma família, amigos e hobbies. Praticamos o cultivo para o nosso próprio uso no nosso tempo livre. Pagamos a conta de electricidade dos nossos bolsos; as instalações electricas foram verificadas por pessoal qualificado.” Este Clube Social em Berlim optou por efectuar o seu cultivo numa casa privada, para que em caso de incêndio devido a um eventual curto-circuito não possam haver danos exteriores. Curtos mas determinados, os Eastside Growers declaram: “Não vendemos erva. Não compramos erva. Não vendemos sementes, nem compramos sementes. Não vendemos clones, nem os compramos. Não damos erva a pessoas que não conheçamos e nunca a menores. Não levamos erva a amigos – fumamos no nosso local próprio e entre nós. Não aceitamos erva de outras pessoas ou grupos que não conheçamos. Todas as perguntas nesse sentido, que recebamos como comentário no nosso website, serão apagadas e a pessoa que que as colocar será banida do site!” Fonte: ENCOD < www.eastside-growers.com >
imagens sublimes
SeedFinder
Concurso de fotos “Cultivo en Portugal”
Motor de busca de variedades e base de dados de genética, é uma ferramenta poderosa disponível gratuitamente
CannabisCafe – A Folha Ausente desta edição, mas não do pen-
samento, a página do leitor não só irá voltar como irá crescer. Para o efeito iremos iniciar uma interessante cooperação com o fórum de referência CannabisCafe e os seus moderadores nacionais. A primeira fornada das melhores imagens do mês do concurso de fotos online será publicada já na próxima edição. Neste concurso, a foto vencedora é uma escolha que fica sempre na mão dos utilizadores do fórum, porque além de votar nas fotos finalistas também serão eles a nomeá-las. Desta forma convidamo-vos a visitar o fórum para ver as fotos e saber como participar. Premiando o vencedor de cada mês com a honra de ver a sua foto publicada na nossa ilustre revista adivinhamos uma qualidade fotográfica ao mais alto nível. Registem-se e abram as portas de um universo vastíssimo. < www.cannabiscafe.net > BLACK JACK AUTO
O site SeedFinder.eu é um verdadeiro canivete-suíço para todo o cultivador ou consumidor de canábis. O seu principal objectivo é coleccionar e uniformizar informação sobre as milhares de variedades de canábis existentes no mundo. Toda a informação que se encontra espalhada pela internet é condensada numa base de dados gerando um perfil individual para cada variedade. Neste perfil pode-se consultar informação sobre cultivo, sabor, aroma, efeito, propriedades medicinais, linhagem, fenótipos e ainda fotografias e opiniões. O motor de busca é bastante poderoso permitindo pesquisar variedades por características como tempo de floração, genética e criador. Ligada com a primeira encontra-se uma base de dados com lojas permitindo adquirir sementes ao melhor preço. Existe também uma ferramenta de informação geográfica em que sobre o mapa mundo se
encontram assinaladas as localizações aproximadas de vários cultivos feitos em exterior. Cada ponto incluí dados sobre a variedade, momento e quantidade da colheita e outras impressões do cultivador permitindo escolher as variedades mais adequadas a cada clima. O SeedFinder é especialmente interessante para quem faz os seus próprios cruzamentos ou se interessa pela genética do género Cannabis. É possível consultar árvores genealógicas que vão desde as landrace endémicas de cada região até aos últimos híbridos das casas de sementes, descobrindo as linhagens e cruzamentos de sucesso. Esta informação pode ser apresentada em mapas
dinâmicos [ver foto] que permitem uma navegação rápida e intuitiva. Toda a informação é gerada com o contributo da comunidade tendo cada perfil de variedade ligações para discussões relacionadas em mais de 36 comunidades online dedicadas à canábis. Se já cultivou ou experimentou uma dada variedade pode preencher um questionário sobre a mesma dando o seu contributo para completar o perfil desta. O único aspecto negativo que salientamos é não estar disponível em Português. Contudo podendo-se escolher entre Inglês, Alemão, Francês e Espanhol e ao mostrar muitos dos dados graficamente de certo que será fácil encontrar a informação desejada.
GOSTAM POUCO, GOSTAM
Aumenta o número de vacas holandesas que comem cânhamo O número de produtores de lacticínios holandeses que alimentam as suas vacas com fibra da cânhamo está a aumentar este ano após uma série de experiências positivas. No norte da Holanda já ninguém se surpreende com os vastos campos de plantas do cânhamo, que totalizam uma área estimada de 2000 hectares. Os produtores usam o cânhamo como fibra para a produção de produtos têxteis. Em Brabant, as pessoas são surpreendidas, pois as plantas do cânhamo são confundidas com as da sua prima, a canábis. O cânhamo é uma alternativa à palha e é usado em conjunto com o pasto ou
milho que as vacas comem. O suplemento de fibra é necessário para a contracção do rúmen (primeiro estômago do animal), por forma a estimular e melhorar a digestão. As vacas que comem cânhamo dão um pouco mais de leite e são especialmente saudáveis. A desvantagem é que parece que não gostam muito do sabor. A longo prazo, a esperança de vida aumenta, incrementando a eficácia. Além disso, o cultivo de cânhamo é barato, simples e durável.
Foto: Tommy G
As vacas que comem cânhamo dão um pouco mais de leite e são especialmente saudáveis
As vacas não podem ficar intoxicadas com a sua nova dieta pelo facto destas plantas terem um máximo de 0,2% de THC. “Seria necessário fumar 8 hectares de cânhamo para [um humano] ter moca”, afirmou um porta-voz da Agrifirm, uma cooperativa holandesa. Em 2005, vários países europeus impediram o uso de cânhamo como alimento para os animais, por terem medo que vestígios do THC pudessem passar para os productos lácteos. Não há provas de que tal tenha acontecido. Aqui fica uma sugestão do Sr Folha: Queijo amanteigado de vaca alimentada com cânhamo. Pode vir THC.
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evolução
A FOLHA
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Manual para criar um Clube Social de Canábis em Portugal UMA INICIATIVA DOS CIDADÃOS PARA UM MERCADO LEGAL DE CANÁBIS tubbypaws.blo gspot.com
Clubes Sociais de Canábis são associações de cidadãos que organizam o cultivo de uma quantidade limitada de canábis para satisfazer as suas necessidades pessoais. Estabelecem um circuito fechado de produção, distribuição e consumo, de acordo as com normas legais que são vigentes no país. Neste momento (Janeiro de 2011), estão a operar legalmente vários Cannabis Social Clubs em Espanha e Bélgica. Pode haver possibilidades de se estabelecer um clube em qualquer país no qual o consumo de canábis esteja despenalizado. As convenções internacionais sobre drogas não incluem a obrigação aos países de proibir o consumo e cultivo de canábis para consumo pessoal. Por esta razão, os países signatários podem despenalizar o consumo e regulamentar o cultivo para consumo pessoal sem temor a sanções internacionais. Essas medidas formam o fun-
damento de uma política racional de Redução de Danos, mas são insuficientes. O cultivo para o uso pessoal não consegue satisfazer a enorme procura, porque muitas pessoas não têm acesso, tempo, espaço, ou meios para desenvolver o seu próprio consumo. Não contém automaticamente garantias contra os riscos inerentes ao mercado negro, ou a sua inviabilização efectiva. Para minimizar estes riscos, requer-se um sistema mais desenvolvido de produção e distribuição, onde o controlo de qualidade esteja assegurado e o propósito comercial seja totalmente removido da equação.
A solução mais racional é a colectivização do cultivo para o consumo pessoal. Os consumidores adultos que não querem cultivar por si próprios podem formar associações sem fins lucrativos com o propósito de obter um acesso legal, seguro e transparente do canábis para os seus sócios. Implementa-se, assim, um modelo para um mercado regulamentado, no qual a oferta estará sempre controlada pela procura, i.e., a produção limita-se a uma quantidade estabelecida como necessária para satisfazer as necessidades do consumo pessoal dos sócios.
Como criar um CSC em Portugal
pessoal dos sócios adultos, e de promover uma alternativa legal, segura e transparente ao mercado ilegal. Se as autoridades não respondem indicando que irão perseguir a iniciativa, é tempo para passarmos ao segundo passo.
Começar a cultivar! Estabelecer o montante necessário para o consumo pessoal dos membros e organizar a produção colectiva deste numa plantação colectiva. Assegurar que o cultivo se faz de forma orgânica, que há uma boa variedade de plantas, de modo que os sócios possam eleger sempre entre espécies diferentes, com propriedades específicas, decidindo qual a mais conveniente para a sua condição de saúde/ tipo de consumo. Assegurar que as pessoas que trabalham na plantação ou no transporte de plantas e/ou de canábis estão sempre na posse de documentos que explicam a maneira como funciona a associação e referem os seus antecedentes legais. Nestes documentos devem constar que a canábis se cultiva apenas para os sócios que podem ser identificados pelos documentos oficiais (B.I., etc.). Estes documentos serão de extrema importância para evitarem a perseguição das pessoas mais envolvidas na Associação, no caso de as Autoridades decidirem intervir. Dependendo da legislação de cada país, a distribuição e o consumo da colheita poderão ter local no clube. [Em Portugal nunca o consumo deverá ser efectuado no próprio Clube.]
O PLANO DOS QUATRO PASSOS Apresentado pela ENCOD em 2010, adaptado à realidade jurídica portuguesa.
Ao planificar a criação de um Clube Social de Canabis o propósito deve ser evitar qualquer confusão com o mercado ilegal. Um CSC não só deve parecer legal, como também o deve ser na realidade e os seus integrantes devem poder demonstra-lo num eventual julgamento. Por isso é elementar uma disciplina rígida na administração e organização do Clube. Cada Clube necessita de sócios que participem activamente na sua organização de várias formas e com diferentes responsabilidades. As regras devem ser claras e simples, e monitorizadas de maneira democrática. É uma excelente ideia contactar um advogado que possa dar conselhos sobre os passos a tomar e eventualmente preparar a defesa legal. Caso seja necessário. Antes de dar o primeiro passo, verifique o enquadramento legal para o consumo de canábis no seu país. Se o seu consumo não é considerado um crime e a posse de uma pequena quantidade de canábis para o consumo pessoal não levar a perseguição criminal [caso de Portugal] deverá ser possível organizar uma defesa legal para um Clube Social de Canabis com sucesso, baseada no argumento de que quando as pessoas têm o direito a consumir, terão que ter o direito a cultivar para consumo próprio.
1.º PASSO
APRESENTAÇÃO PÚBLICA DA INICIATIVA
O primeiro passo é a apresentação pública da iniciativa de criar um Clube Social de Canabis, mediante uma conferência de imprensa ou uma acção pública. O melhor é envolver uma personalidade célebre (um político ou artista) a fim de obter a cobertura dos media e para, que no caso de assumidamente estarem na posse de sementes, plantas ou quantidades pequenas de canábis durante a apresentação, reduzirem o risco de serem perseguidos. Na apresentação, deverá clarificar-se que o único objectivo do clube é apenas cultivar para o consumo
2.º PASSO
CRIAÇÃO DO CLUBE
O próximo passo é a criação oficial do Clube Social, como Associação de consumidores e produtores, que cultivam colectivamente a quantidade de canábis necessária para o seu consumo pessoal através de um circuito fechado. Criar um comité executivo, incluindo pelo menos um presidente, um secretário e um tesoureiro e instalar um processo de decisão transparente e democrático, de modo que todos os sócios sejam conscientes dos passos mais importantes que a organização dá, o estabelecimento da organização financeira, etc. Nos estatutos, deve constar o propósito da Associação: evitar os riscos relacionados ao consumo de canábis provocados pelo mercado ilegal (adulteração, incentivo à criminalidade organizada, etc.). Também se podem referir ao objectivo de pesquisar a planta do cânhamo e as formas mais ecológicas e sãs de a cultivar, assim como a promoção de um debate social envolvendo a afirmação legal do canábis e dos seus consumidores – em particular aqueles com necessidades não contempladas pelo Sistema Nacional de Saúde. É possível obter da Encod estatutos de clubes já existentes em Espanha ou Bélgica para os utilizarem como exemplo. Os estatutos devem ser registados e aprovados devidamente pelas autoridades competentes [ver caixa: como criar uma Associação]. Será então a altura de começar a permitir a adesão de sócios, assegurando de que estes já são consumidores de canábis, ou então de que possuem uma condição médica reconhecida, na qual o consumo de canábis não é um dano, mas pelo contrário, benéfico. Um profissional de saúde devidamente qualificado/ contextualizado poderá atestar, ou confirmar esta opção de tratamento do seu paciente, isto impedirá que os mais jovens utilizem os CSC para experimentarem o canábis, o que poderia ser entendido como apologia do consumo – algo que queremos evitar.
3.º PASSO
PROFISSIONALIZAR O CLUBE
Com o tempo, a quantidade de sócios crescerá e a organização da produção, o transporte, os pagamentos, etc. necessitarão de ser mais profissionais. A fim de facilitar à associação o controlo das plantas, é melhor optar por ter várias plantações de pequena escala. Cada clube pode ter as suas próprias regras que complementem os estatutos e sejam apropriadas ao uso local do clube; que refiram o pagamento de contribuições dos sócios de acordo com o bom espírito do clube. Por exemplo afixar em local visível a proibição de dispensar/vender o canábis produzido pelo clube a pessoas que não são sócios, especialmente a menores. Para evitar problemas e mal entendidos é melhor informar as autoridades do facto do clube estar a cultivar canábis colectivamente. Alguns clubes fazem-no com uma mensagem às autoridades legais na sua região, no escritório da polícia mais próxima, ou à autarquia local, outros somente enviaram um comunicado de imprensa. O facto de ser uma associação sem fins lucrativos não significa que não possam existir transacções comerciais. Produzir canábis de boa qualidade e de
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forma segura e sã requer trabalho, que deverá ser remunerado. Operar como Associação, implica que se realizem despesas e as pessoas que a operam deverão ser também remuneradas. O estabelecimento do preço deverá fazer-se de uma forma transparente e democrática. As despesas incluídas podem ser: aluguer de espaços, água, electricidade, materiais, salários, despesas de escritório, gasolina e despesas gerais da associação. Estes são divididos pela quantidade de canábis cultivado pelo clube o que resultará no preço por grama. Em Espanha e Bélgica, foi possível chegar a um preço dentre 3 e 4 euros por grama. A maioria dos clubes trabalham com orçamentos anuais, de modo que este preço pode ser adaptado a cada ano. Em outros casos isso pode ter que se adaptar a cada colheita (3 a 4 meses).
Os benefícios que se produzem utilizam-se para a associação. A primeira decisão que se pode tomar caso se produzam mais benefícios do que o necessário para os objectivos da associação é reduzir a contribuição anual dos sócios. As transacções financeiras devem ser sempre documentadas (pagamentos, receitas, despesas sempre com facturas, ou com recibos). Isso é importante para mostrar num eventual julgamento que o clube não está envolvido em nenhuma actividade ilegal. Também ajuda a assegurar a transparência financeira da organização. É uma boa ideia estabelecer um mecanismo para o controlo externo da organização, a cargo de alguém que não seja sócio e tenha a capacidade de julgar se os métodos utilizados cumprem com as normas que possam ser aplicadas.
FORMar uma Associação
A Direcção e o Conselho Fiscal deverão ser constituídos por um número ímpar de elementos, dos quais um será o presidente. 2. Projecto de Estatutos: Na reunião informal devem elaborar um projecto de estatutos, que são as regras que a sua Associação terá que cumprir no futuro. Há vários modelos base de estatutos disponíveis online, que pode adequar à sua Associação. 3. Escolha do Nome para a Associação: Para que a sua Associação seja reconhecida tem que lhe dar um nome. Escolha vários nomes possíveis pois terá que ir ao Registo Nacional de Pessoa Colectiva para que seja verificado se nenhum desses nomes já foi atribuído. 4. Assembleia Geral: Agora que já tem o seu projecto de estatutos e o nome da sua Associação, convoque uma reunião com todos os elementos do grupo, a qual será a primeira Assembleia Geral. A assembleia deverá ser participada pelo menos por 20 associados. É nesta altura que deverão ser eleitos os elementos dos órgãos sociais (Assembleia Geral, Direcção e Conselho Fiscal). Atenção que deverá ser elaborada uma acta desta assembleia, assinada por todos os elementos presentes, pois será necessária para a legalização da associação. O projecto dos estatutos tem de ser aprovado obrigatoriamente em Assembleia Geral. Os estatutos consideram-se aprovados por maioria simples, ou seja, 50% mais um dos associados fundadores presentes tem de votar a favor. As decisões tomadas na reunião ficam registadas num Livro de Actas. Este documento pode ser constituído por folhas soltas numeradas sequencialmente e rubricadas pelos representantes do órgão a que pertence. Cada um dos órgãos deve ter um Livro de Actas próprio e por cada reunião deve ser elaborada uma acta. O Livro de Actas deve respeitar um termo de abertura e tem de ser apresentado num Serviço de Finanças a fim de ser pago o respectivo imposto de selo.
Qualquer conjunto de pessoas que se reúna com interesses comuns pode constituir uma associação. Muitas vezes, grupos de moradores, pessoas da mesma profissão, colegas de actividades recreativas e culturais ou amigos com projectos comuns encontram na criação duma associação a forma de se fazerem representar publicamente. Normalmente, estas organizações são desenvolvidas sem fins lucrativos e quando os sócios pretendem ter lucro económico optam antes pela criação de uma sociedade. Fonte: Portal do Cidadão
Eis simplificadamente como avançar com a constituição de uma Associação pelo método tradicional, ou seja, sem recorrer à iniciativa Associação na Hora. [www.associacaonahora.mj.pt] 0. Reunião informal: Reúna-se com um grupo de amigos, com o mesmo objectivo ou interesse, e comecem a pensar sobre o que pretendem para a vossa associação. 1. Órgãos da Associação: Uma Associação é constituída por três órgãos: A Assembleia Geral, dirigida por uma Mesa, composta por elementos eleitos para o efeito podendo ser: um presidente, um vogal e um secretário. – Este é o órgão máximo da Associação, competindo-lhe, entre outras, a aprovação do plano de actividades, a aprovação e a literação dos estatutos, a aprovação do relatório de actividades. A Direcção, composta no mínimo por três elementos, podendo ser: um presidente, um secretário e um tesoureiro. Este é o órgão executivo e tem como função a gestão da Associação. O Conselho Fiscal é formado no mínimo por três elementos, podendo ser: um presidente, um secretário e um redactor. A este órgão compete essencialmente o controlo de contas da Associação.
A FOLHA
PASSO QUATRO LOBBY PARA UMA REGULAÇÃO LEGAL DOS CLUBES SOCIAIS DE CANÁBIS E DO AUTO-CULTIVO NO NOSSO PAÍS Uma vez que um CSC esteja a funcionar propriamente, o que falta é apenas convencer as autoridades políticas e legais para que instalem um enquadramento legal para clubes, com respeito a licenças, impostos e controlo externo. Na maioria dos casos, os políticos, juristas, juízes ou polícias simplesmente não sabem como começar uma regulação de um mercado legal de canábis. Na realidade isso pode apoiar o processo: os modelos propostos pelos consumidores podem mesmo ser facilmente aceites.
A convocação da Assembleia Geral deve ser feita pela Administração pelo menos uma vez por ano para aprovação dos balanços, embora os estatutos possam estabelecer mais reuniões obrigatórias e mesmo determinar as suas datas. 5. Pessoa Colectiva: Com a acta da Assembleia Geral, os Estatutos e os Bilhetes de Identidade dos elementos dos corpos sociais, diriga-se ao Registo Nacional de Pessoa Colectiva e inscreva a sua associação para a atribuição do número fiscal. Deve ainda requerer um certificado de admissibilidade de firma ou denominação, pois irá ser necessário para o passo seguinte. 6. Fazer a Escritura Pública: Tendo cumprido todos os passos anteriores, os fundadores devem ir até ao Cartório Notarial da área onde se situa a sede da associação. Eis a documentação a apresentar: Certificado de Admissibilidade; Documentos de identificação de todos os sócios eleitos para os órgãos; Estatutos aprovados; Acta da Assembleia Geral que aprovou os estatutos. De acordo com o artigo 158.º do Código Civil, apenas as associações constituídas por escritura pública gozam de personalidade jurídica. Celebrado o acto, o notário deve comunicar oficiosamente a constituição da Associação ao Governo Civil e ao Ministério Público e enviar os estatutos para publicação em Diário da República. 7. Pedido de Cartão de Pessoa Colectiva: O passo seguinte é requerer o Cartão da Empresa ou o Cartão de Pessoa Colectiva, o novo documento de identificação múltipla das pessoas colectivas e entidades equiparadas que contém o NIPC - Número de Identificação de Pessoa Colectiva (em geral, corresponde ao NIF - Número de Identificação Fiscal) e o NISS - Número de Identificação da Segurança Social. 8. Entregar Declaração do Início da Actividade: Por último, a Associação deve entregar a declaração do início da actividade presencialmente, na Repartição de Finanças da área onde fica a sede social da entidade, e assim regularizar a sua situação com o cumprimento das obrigações fiscais.
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opinião A FOLHA
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O imperialismo ocidental das drogas Vivemos numa época onde as drogas que são produzidas nos países ocidentais são permitidas, enquanto as originárias de países não-ocidentais são proibidas. O Álcool é anunciado como uma grande droga em todo o mundo, enquanto a publicidade e campanhas de marketing para o tabaco fazem com que todos esqueçam que o cancro de pulmão é uma das mais importantes causas de morte relacionadas com droga. por Jorge Roque* A Saúde nunca teve nada a ver com as políticas de droga. Os países ocidentais têm sido capazes de controlar a legislação global de tal forma que apenas as suas drogas devem ser legais e as drogas de diferentes países ou culturas devem ser proibidas. O álcool é a droga ocidental que causou maiores desastres na América, onde comunidades locais foram completamente destruídas por esta “água de fogo “. Muitos tornaram-se viciados, continuando a beber o dia todo, mas as autoridades nunca decidiram controlar ou proibir na altura essa substância. Há um século e meio, as guerras do ópio foram travadas para obrigar os chineses a consumir o ópio das colónias britânicas na Índia. Hoje em dia, as drogas são proibidas na sequência de um imperativo económico, para limitar a oferta e aumentar o preço. As organizações criminosas sabem muito bem como tirar proveito destas políticas ingénuas. Este mês, fomos confrontados com a notícia de que vários países ocidentais fizeram uma reclamação contra a proposta pelo governo boliviano para acabar com a proibição do consumo tradicional da folha de coca. Estes países temem que se for permitido ao povo boliviano mastigar as folhas de coca, eles vão ter que parar a erradicação dos campos de coca. Mas por que não perseguem as indústrias que produzem precursores quimicos ou outras substâncias que são fundamentais para a obtenção de cocaína a partir da folha de coca? Porque estas indústrias estão localizadas no mundo ocidental e não querem fazer com que estas percam dinheiro e enviem as pessoas para o desemprego. O ataque à folha de coca é um acto de racismo e desrespeito às tradições culturais, crenças e religião. Os países ocidentais só entenderiam isso se vissem o seu vinho, as vinhas, ou campos de tabaco a serem fumigados por países estrangeiros. Quando as drogas se tornaram proibidas, esta política parecia ser uma forma de controlar mentes criminosas e subversivas. Claro que não podemos dizer que a política é que coloca a droga na boca e nas veias das pessoas, mas assim que a proibição apareceu, alguns espertalhões analisaram a situação e encontraram uma maneira de obter
Os países ocidentais só entenderiam se vissem o seu vinho, as vinhas, ou campos de tabaco a serem fumigados por países estrangeiros lucro e manipular o sistema. Os países ocidentais apresentam-se como vítimas dos países produtores de drogas e dos traficantes de drogas que têm sido capazes de pular os muros bem altos e venderem drogas a pessoas inocentes. Mas a verdade é muito diferente. Os países ocidentais são os criadores das convenções das Nações Unidas. Eles são os responsáveis pelo facto de os países produtores de drogas aplicarem a pena de morte por droga, porque estes sofreram inúmeras e fortíssimas pressões dos países ocidentais por não fazerem mais para impedir a exportação de drogas desde os seus países. Eles são responsáveis pelo “genocídio cultural”, as tentativas de destruir a cultura milenar da folha de coca, fazendo crer às pessoas que é mais fácil perseguir uma cultura ancestral na América do Sul, do que impedir que as empresas químicas euro-americanas percam dinheiro! Talvez seja tempo para nós, activistas, pararmos de lutar por uma determinada substância e lutar por uma “Nova Cultura de Drogas “. Poderíamos alegar pertencer a uma nova tribo que é uma minoria neste mundo, mas que existe em todos os países deste planeta, não uma tribo ligada por interesses religiosos ou económicos, mas uma tribo impulsionada pela cultura do idealismo e com certeza muito diferente da maioria, mas uma tribo que acredita no seu próprio estilo de vida e que lutará por isso até ao fim!
*Membro do Conselho Executivo da Encod; Presidente da Ong A Diferença Real < jorgeroque@encod.org >
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opinião/sociedade A FOLHA
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As Leis e Políticas sobre drogas no Brasil O Brasil é mesmo um país de imensas desigualdades e contradições inusitadas. Quando o tema é políticas sobre drogas, isso fica ainda mais explícito. Em 2001, o país mostrou os primeiros sinais de mudanças sobre o tema. O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso assinou parceria com o de Portugal para, juntos, implantarem uma política de descriminalização dos utilizadores. Portugal fê-lo, mas o Brasil recuou. Cardoso vetou quase todos os itens da Lei, tornado-a inútil e inaplicável. Só em 2006, no governo de Lula, a Lei 11.343 estabeleceu que as pessoas que portam ou cultivam drogas para uso pessoal já não podem ser presas. Por Sergio Vidal* No entanto, além de manter o uso com estatuto de crime, a Lei ainda é pouco aplicada devido à forma como está redigida. Não houve nenhum tipo de preparação para que policiais, delegados, juízes e outros operadores da Lei tivessem uma orientação de como tratar os casos. Muitos utilizadores que cultivam a sua própria canábis têm sido presos, acusados de tráfico, por exemplo, e a criminalização dos movimentos sociais que lutam pela legalização persiste até hoje. Por outro lado, a partir de 2006, houve um aumento do número de utilizadores dispostos a se organizar para lutar pelos seus direitos. Em 2007, as Marchas da Maconha começaram a ganhar expressão em diversas cidades em todo Brasil. No entanto, com o crescimento do movimento, em 2008, setores conservadores da sociedade conseguiram proibir o evento na maior parte do país. Em 2009, o movimento fortaleceu em diferentes cidades e conseguiu ganhar na Justiça o direito a realizar a manifestação na maioria delas. A cada ano o país tem assistido ao crescimento de coletivos anti-proibicionistas, que têm organizado debates, manifestações públicas e outros tipos de intervenção em prol da legalização. A própria Lei 11.343, que entrou em vigor em 2006, passou a prever que o Estado pode emitir autorização para estabelecimentos cultivarem maconha para fins médicos ou científicos. No entanto, não há registo de nenhum caso de instituição que tenha sequer feito o requerimento para tal atividade, que provavelmente seria negado.
Deputado Paulo Teixeira negociando com a polícia a realização da Marcha da Maconha em São Paulo / Maio de 2010. Fonte: Hempadão.com
sem armas e com pouca quantidade de drogas. Em outras palavras, a tese de que o comércio de drogas é feito por grandes atacadistas, armados até os dentes e articulados em grandes grupos não pode mais se sustentar de forma fácil. São mais de 40.000 pessoas nessa situação hoje em dia, convivendo em penitenciárias em contato direto com os mais variados tipos de criminosos. Hoje, as penas para um adulto que venda drogas para outro adulto são tão ou mais severas que aquelas destinadas a estupradores, homicidas e sequestradores. Uma análise superficial leva a crer que é o próprio Estado Brasileiro, através da sua Lei, que pune de forma exarcebada os comerciantes de drogas, que está a empurrar o negócio para a mão dos criminosos violentos. Ao abrir mão da regulamentação e igualar as penas para crimes de natureza tão diversas, o Estado estimula a captação desses pequenos traficantes por grupos de criminosos, dando-lhes ainda o monopólio da exploração dessa forma de arrecadar dinheiro.
É o próprio Estado Brasileiro, através da sua Lei, que pune de forma exarcebada, que está a empurrar o negócio da droga para a mão dos criminosos violentos
outro lado, o governo de Lula (2003-2010), que antes de ser eleito defendia a legalização da maconha e o fim das políticas proibicionistas, não avançou muito na questão. Apesar de retirar a pena de prisão para os utilizadores, o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) não fez muitos esforços para modificar a realidade sobre o tema. Também foi durante o governo Lula que as Marchas da Maconha foram criminalizadas e impedidas de acontecer em todo país. Apesar disso, o movimento antiproibicionista brasileiro tem o apoio de alguns políticos ligados à esquerda, como o Deputado Paulo Teixeira, atual líder do PT na Câmara e do ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, também do PT, atualmente Deputado Estadual no Rio de Janeiro. Isso nos revela quão complexa é a questão das drogas no Brasil. Não apenas diferentes atores de um mesmo partido ou força política podem ter opiniões variadas em relação ao tema, como a mesma pessoa muda o discurso, de acordo com a posição política que ocupa num determinado momento. O mais recente caso de contradições nessa área ocorreu em Janeiro desse ano quando Pedro Abramovay, um jovem advogado de ideias progressistas, foi deposto antes mesmo de assumir o cargo de Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, para o qual havia sido convidado pela presidenta eleita em 2010, Dilma Rousseff (PT), por defender numa entrevista o fim da prisão para os “pequenos traficantes”.
Ainda mais contradições O Conselho Nacional de Política sobre Drogas (CONAD) também admitiu, em 2009, que a canábis tem usos medicinais e decidiu que deveria ser enviada à ONU uma petição para que fosse retirada da Lista IV da Convenção Única de Entorpecentes. No entanto, as contradições continuaram. A petição não foi enviada, e a Lei continuou a ser desrespeitada. Apesar da Lei da droga no Brasil vetar pena de prisão para utilizadores que cultivam, em 2010 foram vários os casos de cultivadores que só foram soltos após a intervenções de grupos de ativistas ligados aos movimentos da Marcha da Maconha [marchadamaconha.org] e do Growroom [growroom.net], entre outros, que conseguiram provar que os cultivos não seriam destinados à venda. Encarceramento em massa Se, por um lado, as penas para os utilizadores foram diminuídas e hoje é vetada prisão, para os traficantes a situação piorou. A Lei 11.343 aumentou as penas, que hoje podem ficar entre 5 a 15 anos de prisão. Isso tem gerado um superlotamento dos presídios, agravando os problemas do já deteriorado sistema penitenciário brasileiro. Um estudo realizado sob encomenda do Ministério da Justiça, publicado em 2009, revelou que houve um aumento do número de prisões dos chamados “pequenos traficantes”. A pesquisa conclui que mais da metade dos acusados de tráfico foram presos sozinhos,
Contradições à direita e à esquerda
*Sergio Vidal é antropólogo, escritor e activista. [Autor do livro “Cannabis Medicinal – Introdução ao Cultivo Indoor”] < sergiociso@yahoo.com.br > < www.cultivomedicinal.com.br >
Hoje o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é conhecido mundialmente por ter criado a Comissão Latino-Americana Drogas e Democracia [drogasedemocracia.org], formada por intelectuais e outros ex-presidentes como César Gaviria (Colômbia) e Ernesto Zedillo (México). Tal Comissão vem defendendo a descriminalização da maconha e atacando as atuais leis sobre drogas de cunho proibicionista. Henrique Cardoso também tem encabeçado a formação de uma Comissão mundial, nos moldes da Latino-Americana, para defender as mesmas ideias em âmbito global e denunciar os erros de se manter o proibicionismo como foco das políticas sobre drogas. No entanto, como vimos, durante o seu governo (1995-2002), não teve coragem suficiente para fazer as mudanças que hoje defende e nem sequer cumpriu o acordo que havia realizado com Portugal, no que concerne à descriminalização dos utilizadores. Por
O primeiro em língua portuguesa Em Dezembro de 2010 foi publicado no Brasil o primeiro manual de cultivo de canábis medicinal. Na introdução da obra, há uma explicação de como um estabelecimento pode fazer o requerimento para conseguir autorização legal para o cultivo.
[A Folha não é responsável pelo uso que é dado à informação contida nas suas páginas. Apelamos aos nossos leitores que sejam responsáveis e respeitem a lei do seu país.]
Genética
A FOLHA
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A Mandala Seeds é uma casa com uma postura underground, mas a diversidade e qualidade genética que a distinguem capturaram a nossa atenção, sobretudo com os resultados da sua Satori em terras lusas. Forte componente landrace, eficiência na absorção de nutrientes, menor necessidade de iluminação, odor reduzido, resistência a pragas, fungos e térmica, são argumentos que nem todos os bancos de sementes priorizam. Além de variedades para cultivo em interior, a Mandala tem vindo a adaptar landraces, criando genéticas únicas que em exterior permitem um bom rendimento em climas difíceis como o nórdico, ou o equatorial. Para esta edição, o Homem Folha convidou a simpática Jasmin a partilhar uma das iguarias que desenvolveu recentemente, que é afinal o melhoramento da clássica Kalichakra. A avaliação será feita posteriormente, e convidamos também os nossos leitores a enviarem as suas experiências com esta variedade. Dentro de uns meses publicaremos o resultado da avaliação colectiva e experiências de cultivo.
Kalichakra História
A Kalichakra obteve o seu nome a partir da deusa Indiana Kali (uma esposa do Lorde Shiva, o fumador de ganja). Combina genéticas landrace únicas do Sul da Índia e do Triângulo Dourado (Burma, Vietname, Laos e Tailândia). Nesta nova edição, a genética foi melhorada. Entre as novas caraterísticas está um melhoramento na homogeneidade, de modo a não haver tanta variação entre plantas. Isto simplifica em grande parte a selec-
ção de uma boa planta mãe mesmo entre um número reduzido de fêmeas. Quem já cultivou a Kalichakra no passado irá reparar que esta agora tem uma aparência mais sativa. Isto aumentou a sua resistência a fungos, tornando-a uma cultura boa para climas tropicais. Para além disso o rácio cálices-folhas é muito alto. As cabeças são muito apelativas não só esteticamente mas também para uma colheita rápida e fácil. Quando cultivada em exterior, estas características são cruciais para poupar tempo.
O baixo nível de odor permite um cultivo discreto em interior, sendo desnecessário o uso de dispendiosos filtros de carbono Outra nova caraterística é o baixo nível de odor que permite um cultivo discreto em interior, sendo desnecessário o uso de dispendiosos filtros de carbono activo. Como tal, esta é uma “variedade furtiva”, uma boa alternativa para a popular White Satin da mesma casa que já não se encontra disponível.
Descrição A Kalichakra produz cabeças gordas e cónicas que usualmente resultam em torres de cálices. O rácio cálices-folhas é excepcionalmente bom, tornando a colheita rápida e fácil. O fenótipo com uma cabeça longa a dominar a planta é a escolha acertada para um alto rendimento e pode ser usado para planta mãe ou cruzamentos. Com quatro semanas de crescimento vegetativo em interior sob 400W HPS/ m2, em substrato de qualidade, as plantas ficam em média com 100-120 cm de altura e mais de metade tende a crescer por volta de 100cm. A altura da planta pode ser facilmente controlada por um ciclo vegetativo mais curto ou podando o caule principal. As plantas crescem num estilo sativa típico: com a forma de uma árvore de Natal e espaço médio a longo entre nós. Al-
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gumas precisarão de suporte no fim da floração para segurar as pesadas cabeças caso não tenham sido podadas ou não estejam apertadas como num SOG [Sea of Green]. Para maximizar a produção e fortalecer os ramos superiores, pode ser útil remover os ramos nos 2-3 internós inferiores, em plantas cultivadas a partir de sementes, antes de mudar para o ciclo luminoso 12/12. Apesar de ser possível colher após 68 dias, algumas plantas vindas de semente podem ainda desenvolver cabeças mais gordas durante uma semana extra (os clones tendem a estar prontos mais cedo). Pode-se reduzir o fotoperíodo em uma hora antes da colheita para acelerar a floração, porém compensa ser paciente.
Interior A Kalichakra é surpreendentemente adaptável, fácil de cultivar, e uma boa escolha para jardineiros inexperientes. As plantas mães dão um abundante número de podas. Os clones resultantes podem ser colocados em floração cedo para cultivar plantas mais pequenas, numa mesa de hidroponia ou armário, ou para diminuir o tempo de floração. Em hidroponia, pode-se esperar um crescimento rápido e com suplemento de CO2 terá uma colheita enorme (não se esqueça de aumentar a EC da solução de nutrientes quando usar CO2). Contrariamente às sativas típicas, a Kalichakra cresce muito bem em interior e já deu provas de uma performance satisfatória mesmo com pouca luz. A edição anterior tinha uma incrível capacidade para florir com pouca luz mas claro que a produção seria igualmente reduzida. A Mandala não espera que esta nova edição seja tão flexível mas se tiver uma lâmpada HPS de 150-250 W vale a pena testar. A Kalichakra responde bem a treino e pode criar uma grande cabeça principal (cola) com a distribuição de luz homogénea. Porém, devido ao seu padrão de crescimento arejado a luz atravessa as cabeças superiores e chega a todos os rebentos em floração. Como tal, não é necessário atar a planta a não ser que inesperadamente haja problemas com a altura ou use uma fonte de luz fraca. A Mandala recomenda esta variedade para SCROG e quase todas as plantas facilmente cabem num SOG, apesar do seu crescimento ramificado.
Exterior Como anteriormente mencionado, esta sativa tem uma boa resistência aos fungos. Até 45° N a Kalichakra consegue obter um alto rendimento e é uma das melhores variedades para zonas quentes, quentes-temperadas e tropicais. Em climas nórdicos a Mandala aconselha o cultivo em estufas. Os resultados e tempo da colheita irão depender do clima e dos cuidados prestados à planta.
Aroma, sabor e efeito O aroma nesta nova edição mudou do anteriormente predominante herbal-incenso e chá inglês para um aroma mais doce. Um sabor doce e mentolado acompanha a maioria das cabeças fragantes. A moca é suave e começa gradualmente. É especialmente apropriada para pessoas sensíveis a um alto ritmo cardíaco ou a ansiedade. A potencia é comparável à canábis medicinal de alta qualidade e a Kalichakra tem uma longa reputação entre utilizadores
A FOLHA
É uma boa opção para fumar durante o dia para todo o tipo de actividades, mas também ajuda a descontrair e relaxar quando tal é apetecível medicinais para um amplo espectro de usos. A Kalichakra pode criar um efeito de boa disposição muito positivo que dá uma visão mais colorida à vida. Uma sensação quente e relaxada no corpo é usual, em conjunto com o efeito funcional e social.
É uma boa opção para fumar durante o dia, para todo o tipo de actividades, mas também ajuda a descontrair e relaxar quando tal é apetecível. Podia ser chamada uma “canábis yin-yang equilibrada”, que une o melhor dos dois mundos (indica e sativa)
Kalichakra
mandalaseeds.com
crónicas do cannabistão
A FOLHA
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COLHEITA
A colheita
é literalmente o momento em que “colhemos” os frutos do trabalho e da dedicação durante a fase de cultivo. Por mais simples que pareça o acto de cortar, tem mais que se lhe diga que decepar uma planta, armado com uma tesoura, faca ou serrote.
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Tricomas leitosos numa Black Jack Auto
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A Colheita é uma arte que se aprende com a experiência, e a hora H deve ser escolhida com ponderação. A sua influência sobre o produto final não deve ser menosprezada no que toca a variáveis como apresentação, rendimento, sabor, aroma e efeito.
Cuidados pré-colheita Os preparativos para a colheita começam antes do corte propriamente dito e envolvem vários cuidados.
Outras dicas pré-colheita Cabeça com Em cultivos de exterior, Botrite não se deve deixar a planta apanhar chuva ou humidades relativas muito altas nas últimas duas semanas de floração. Se for necessário, devem passar-se os vasos para um local abrigado da chuva. Se tal não for possível é preferível colher uns dias antes do ideal do que arriscar a que as primeiras chuvas de Outono apanhem as cabeças no final da maturação Quando tal acontece, aumenta muito a probabilidade de infestações por fungos como o botrite, capaz de devastar a colheita em apenas alguns dias. Deve deixar-se secar bem o substrato antes do momento do corte, de modo a reduzir a percentagem de água na planta e facilitar a secagem.
Colheita Quando cortar?
Para saber quando colher, existem vários indicadores tradicionais: Um é a percentagem de pistilos brancos e castanhos, que deve ser de 70 a 75% de pistilos castanhos para 25 a 30% de pistilos brancos no momento do corte. A dureza da
Como é que a colheita afecta o efeito (moca)?
Quando a maturação dos cristais ultrapassa este ponto de aparência transparente/leitosa, estes começam a ficar de cor
Foto: Tommy G
A percentagem de pistilos brancos e castanhos, deve ser de 70 a 75% castanhos para 25 a 30% de pistilos brancos no momento do corte
Foto: Tommy G
Lavagem Para garantir que a fertilização utilizada na rega não se nota no sabor a planta deve ser submetida a uma dieta final exclusivamente a água durante 1-2 semanas antes do corte. Na última semana, rega-se lentamente apenas com água, mas no dobro da quantidade de rega habitual, até que a água com que regamos saia abundante e limpa pelos orifícios de escoamento do vaso. Alguns cultivadores adicionam complexos de enzimas para facilitar a degradação dos restos de raízes mortas e nutrientes residuais da terra. Outros, porém, utilizam nutrientes comerciais específicos para esta última fase - geralmente constituídos por melaços com o objectivo de “adoçar” o sabor e aroma do produto final. Seja qual for a preferência, torna-se importante compreender o estado de desenvolvimento da planta para começar a lavagem no momento indicado. Podemos tentar orientar-nos pela previsão de tempo de maturação indicado pelo fabricante de sementes, mas devemos lembrar-nos que as plantas são seres vivos que reagem de forma diferente consoante o contexto em que crescem, e que não devemos fiar-nos com-
pletamente nas previsões dos fabricantes. Uma boa dica para saber quando iniciar a lavagem é quando 60% dos pistilos passaram da cor branca a acastanhada.
cabeça, que atinge o seu ponto máximo quando está madura, é outro dos possíveis indicadores. No entanto veremos que existem métodos mais rigorosos para avaliar e decidir o momento específico em que devemos cortar uma planta. De facto, investigações recentes demonstraram que mais do que no grau de maturação da planta propriamente dita, devemos concentrar-nos no grau da maturação dos tricomas. Os tricomas são as pequenas glândulas esbranquiçadas de resina, redondas e pegajosas que cobrem as flores (cabeças) durante a floração e a maioria das folhas que as rodeiam. Afinal, é ali que estão os principais canabinóides psicoativos presentes na canábis: o CBD, que descarboxila e se degrada no famoso THC, e ainda o CBN, que resulta da degradação do THC. Assim, observando estes cristais podemos controlar melhor o seu grau de maturação, que influenciam a qualidade e o efeito do produto final. Estas glândulas de resina cristalizada podem ser observadas com o auxílio de pequenas lupas ou microscópios de bolso. Quando vistas com o auxílio de uma lente, as cabeças das plantas aparecem cobertas de pequenos cristais com a forma de chupa-chupas: um pequeno bastão com uma esfera no topo. Estes “chupa-chupas” são os tricomas. Antes de estarem maduros, têm uma cor transparente cristalina, mas com o passar dos dias adquirem um tom esbranquiçado e o seu interior observa-seleitoso e com uma aparência mais translúcida. Seguidamente amadurecem e passam para côr ambar, e por fim, castanho. Teoricamente, é quando se encontram esbranquiçados/ translúcidos que apresentam maior concentração de THC, mas segundo os “connoisseurs”, a percentagem ideal será de 60% dos cristais de côr translúcida/esbranquiçada e 40% de cristais de côr âmbar, antes de ficarem castanhos.
Foto: Tommy G
Pistilos maduros em evidência nesta Black Jack
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Foto: Tommy G
Tricomas nas 3 fases: verdes, maduros-leitoso, e demasiado maduros (castanho), numa Black Jack Auto em cultivo de interior
Colheita e Produtividade
Estigmas ainda verdes de Black Jack Auto, em baixo alguns tricomas jovens
Uma colheita precoce provoca perda na produção; uma colheita tardia incrementa a quantidade de produto final. Do ponto de vista exclusivamente da produtividade, se o objectivo da plantação se destina à extração de haxixe ou à produção de cabeças em quantidade, devemos optar por uma colheita mais tardia. A produção de cristais durará mais tempo, bem como o aumento da massa das cabeças, mas grande parte do THC ter-se-à degradado. Muitos cultivadores usam técnicas de stress para tentar aumentar a produção e a quantidade de resina nos últimos dias antes da colheita. Uma das mais populares é o prolongamento da última noite por 72 horas. Aparentemente, manter a planta em escuridão total durante esse tempo estimula a produção de THC. Seja qual for o momento que considerarmos indicado para colher, ele vai chegar. E quando chegar devemos estar preparados, porque se trata do princípio das próximas etapas: Manicure e Secagem.
Manicure
Quando falamos em manicure vêm-nos à cabeça imagens das nossas avós e daquelas senhoras que passavam tardes rodeadas de catálogos às cores de vernizes para unhas, limas e tesouras de formas esquisitas, a tratar das unhas, calos e peles, sempre com toda aquela dedicação, minúcia e paciência que sempre achámos fútil e que nunca julgámos capazes de dedicar a algo. Pois é, chegou a nossa vez. Em vez de unhas, calos ou peles, felizmente são flores de canábis. E não são dez, são dezenas ou centenas de pequenas ou grandes cabeças a que se devem retirar a maioria das folhas grandes e médias que sobressaem fora da zona dos cálices, deixando as cabeças despidas ao máximo de folhas. Antes de começar, o ideal é ir a uma farmácia comprar umas luvas finas de latex. A manipulação das ramas e cabeças vai deixar os dedos impregnados de resina que deste modo ficará colada às luvas e será reaproveitada mais tarde sob a forma de “Charas” caseiro. Assim, para começar seleccionam-se e separam-se dois tipos principais de folhas: as grandes, geralmente sem resina e que não são aproveitadas para extração de haxixe e podem ser deitadas fora ou utilizadas para fazer compostagem caseira, e as folhas pequenas, mais próximas das cabeças, parcialmente cobertas de tricomas, que são a principal matéria prima para a elaboração do haxixe caseiro [artigo na próxima edição]. Estas folhas devem ser postas a secar e em seguida guardadas no congelador, sendo retiradas apenas para a extração. Uma minoria dos cultivadores congela as folhas ainda verdes, antes de secá-las e utiliza-as assim para extração de haxixe. Embora também funcione, segundo alguns sibaritas o sabor não fica tão delicado. Alguns cultivadores preferem pôr as plantas inteiras a secar, sem fazer manicure, mas a maioria opta por fazê-la com as plantas ainda verdes, essencialmente por uma questão de comodismo. As folhas ainda estão tesas, o que facilita o trabalho de corte das folhas grandes e recorte das que sobressaem das cabeças.
Foto: Tommy G
âmbar, e com o decorrer dos dias vão escurecendo ainda mais. Este processo está relacionado com a degradação do THC – responsável pelo efeito psicotrópico mais excitante – em CBN, um composto responsável por um efeito psicotrópico mais sedativo e relaxante do que propriamente excitante. Assim, se desejar um efeito mais eufórico deve colher as plantas quando a maioria dos cristais estão transparentes/leitosos, mas, se pelo contrário, deseja um efeito mais relaxante e sedativo, deve colher a planta alguns dias mais tarde, quando a aparência dos tricomas adquire um tom mais âmbar/acastanhado. Durante o seu processo de amadurecimento, os cristais também vão alterando subtilmente a sua forma. Ao início o “chupa-chupa” está recto, com a cabeça no topo, mas à medida que vão amadurecendo, a cabeça começa a decair para um lado, dando a impressão de que o cristal está a murchar. Neste momento os cristais já se encontram com cor de âmbar e começam a chegar ao limite de amadurecimento, a partir daqui uma parte considerável do THC começa a degradar-se em CBN, e o efeito será cada vez mais sedativo. Muitas vezes as plantas não amadurecem todas ao mesmo ritmo e de modo uniforme. Por vezes plantas da mesma variedade acabam primeiro que outras, e por vezes existem ramas na mesma planta em que os cristais apresentam graus diferentes de maturação. Nestes casos, o aconselhável é começar a colher as ramas progressivamente à medida que vão ficando maduras. Em cultivos de interior com luz artificial, o amadurecimento começa do topo para baixo, mas em exterior pode variar. Em qualquer dos casos, o melhor é recorrer a uma lupa ou microscópio de bolso e analisar a cor dos tricomas.
Outros ainda retiram apenas a maioria das folhas grandes nesta primeira fase, deixando algumas folhas médias para protegerem as flores e os cristais da luz e do pó durante a fase de secagem, optando pela parte de manicure mais minuciosa junto às cabeças para mais tarde. De facto, a decisão de deixar mais ou menos quantidade de folhas também depende do tipo de clima a que se está sujeito. Em climas áridos ou muito secos o ideal é deixar o máximo de matéria verde (folhas) possível até à manicure, de modo a refrear a velocidade de secagem, contribuindo as folhas para manter alguns níveis de humidade durante mais tempo e impedir que as flores fiquem ressequidas em um ou dois dias. Em zonas com climas muito húmidos, pelo contrário, o ideal é retirar logo o máximo de folhagem possível para acelerar a secagem e prevenir acumulações de humidade que leve ao aparecimento de fungos. A Humidade Relativa ideal para o espaço de secagem é de 50 a 60%. A parte mais minuciosa da manicure é bastante trabalhosa. É um trabalho de paciência demorado, que se faz geralmente recorrendo a tesouras de ponta afiada. Existem nas growshops tesouras específicas com mola interna, o que poupa esforço, horas, e por vezes caimbras e dores musculares nas mãos resultantes do movimento de corte repetitivo. É um pequeno investimento, custam geralmente entre 5 e 10€, mas facilitam imenso o trabalho.
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Máquinas de manicurar
No sentido de poupar este rg y. c o m trabalho minucioso e repett e re n e w w w.c u titivo, por vezes feito em grande escala, surgiram várias marcas no mercado que idealizaram e comercializam máquinas de manicure. Desde as manicuradoras manuais de tambor (Handy-trimmer, Tumble Trimmer, etc.) – semi-profissionais, que custam um par de centenas de euros, e que funcionam razoavelmente bem, tendo a vantagem de serem capazes de processar uma quantidade não desprezível sem necessidade de electricidade – muito útil para cultivos de exterior; até modelos industriais holandeses ou americanos capazes de manicurar plantas inteiras em menos de um minuto com uma qualidade mais que aceitável pelo valor de vários milhares de euros. Existe uma vasta oferta de acessórios para facilitar este trabalho. Existem vários modelos e marcas, umas com tesouras automáticas ligadas a tubos de aspirador que sugam as sobras das cabeças para um contentor onde se recuperam para extração de haxixe com recurso a água. Outros modelos são compostos por mesas com grelhas de altura regulável, sob as quais giram lâminas rotativas que fazem as cabeças rodar e lhes vão retirando e armazenando as folhas “em excesso” para posterior extração. Qualquer destes tipos de máquinas são úteis apenas em casos de produções profissionais ou de colheitas de exterior, que por vezes atingem dimensões imprevistas e copiosas. Na verdade, em pequena escala (na óptica do cultivador-consumidor), esta tarefa faz-se perfeitamente na companhia de alguns amigos próximos que ficarão bastante felizes por poder partilhar umas noites bem passadas em troca de um pouco de ajuda. Quanto mais apurada for a manicure menos folhas devem sobrar ao redor das cabeças. De facto, as folhas pioram o sabor, e quanto menos houver melhor. Algumas pessoas preferem retirar as pequenas folhas apenas no momento do consumo, porque até lá protegem os cristais de luz, golpes e outros factores agressivos.
Secagem
Foto: Tommy G
Depois de colhidas, as plantas têm que ser secas lentamente de maneira a perder a água que ainda conservam nas células de forma progressiva e homogénea. Bem feito, este processo deve durar entre 12 dias e um mês – dependendo das condições climatéricas – e permite eliminar várias substâncias residuais como as clorofilas que alteram e pioram o sabor da erva. Para além do sabor, a secagem permite também a descarboxilação gradual do canabinóide mais abundante, o ácido tetrahidrocanabinólico (THCA), para o psicotrópico THC. É possível descarboxilizar rapidamente o THCA com uma temperatura de 106 ºC, mas a água evapora a apenas 100 ºC. Assim, consumir a erva verde (ainda húmida) tem duas desvantagens: por um lado, a maior parte do THC ainda está sob a forma não psicotrópica THCA e mesmo durante a combustão este não se converte em THC devido à presença da água.
A secagem deve ser gradual e em ambiente controlado, porque se for demasiado rápida ou lenta, essa falha terá as suas consequências na potência, sabor e aromas finais, sobretudo nos casos de secagem demasiado rápida, em que as clorofilas não se degradam e o produto final tem um sabor parecido com “palha”, arranhando ao inspirar. Uma vez cortadas e manicuradas de acordo com a preferência de cada um, as plantas inteiras ou ramos pré-cortados penduram-se de cabeça para baixo num local escuro – porque a luz degrada o THC – e arejado, com pouca humidade, para prevenir o aparecimento de bolores nas cabeças. Existem também umas estantes verticais de rede em que se podem colocar os ramos na horizontal sem danificar as cabeças. Estas redes vendem-se nas growshops e outras grandes superfícies. Outra possibilidade é construir um armário de secagem improvisado com um caixote grande de cartão, que se coloca ao alto. No topo do mesmo fazem-se pequenos furos de 15 em 15 cm de um lado e de outro, de forma a poder esticar vários fios paralelos, construindo uma estrutura semelhante a um pequeno estendal de roupa. Nestes fios penduram-se os ramos de cabeça para baixo. O cartão ajuda a absorver a humidade em zonas mais húmidas. A temperatura da zona de secagem deve estar entre 12 e 20 ºC, e a humidade relativa entre 50 e 60%. O ideal é utilizar um ventilador de baixa potência para fazer circular um pouco o ar na sala de secagem. Se necessário, devem utilizar-se desumidificadores para retirar excessos de humidade. Nestas condições, a secagem deve levar um mínimo de duas semanas e o máximo de quatro, findas as quais os ramos das plantas devem estalar e quebrar ao ser dobrados ao meio. Chegados a este ponto, pode-se iniciar o processo de cura. Existe ainda outro meio de secagem que consiste na utilização de gelo seco. O gelo seco é dióxido de carbono na forma sólida. No entanto, contrariamente à água, à temperatura e pressão atmosféricas, o CO2 não passa pela fase líquida entre as fases sólida e a gasosa. Do estado sólido passa directamente ao estado gasoso, através de sublimação. Para secar com técnica de gelo seco, colocam-se barras de gelo seco dentro de um compartimento isotérmico como um caixote de esferovite ou uma geleira de campismo, e vão-se intercalando camadas de gelo seco e de ramas até encher a caixa. Quando o gelo tiver desaparecido restam apenas as cabeças sem vestígios líquidos. Repetir o processo uma vez por dia durante vários dias até a secagem ser satisfatória. Este fenómeno permite realizar secagens em zonas de humidades elevadas a temperaturas muito baixas, mas deixa uma marca característica no sabor final.
Cura
O processo de cura consiste no armazenamento em frascos de vidro ou outros recipientes herméticos. No início são abertos diariamente para respirar por breves minutos ou mesmo segundos. Este processo repete-se diariamente por alguns dias, e depois o frasco permanece fechado. No entanto, é essencial que as cabeças estejam secas antes de iniciar este processo. Se quando se abre o recipiente sentirmos que o interior do recipiente está ligeiramente húmido, é porque ainda não está bem seca; se sentirmos calor no interior do recipiente, a erva pode ter começado a fermentar. Neste caso retira-se as cabeças do recipiente e deixa-se ao ar num local arejado e seco.
O objectivo da cura é completar e uniformizar o processo de secagem em todas as cabeças e flores independentemente do seu tamanho. Este processo cria as condições necessárias para uma secagem perfeita através da degradação lenta e progressiva de clorofilas e compostos verdes, permitindo o refinar das qualidades organolépticas, cujos diferentes matizes se vão revelando sucessivamente à medida que o tempo de cura avança, até atingirem o seu requinte máximo alguns meses mais tarde, antes de começarem a perder qualidades. O tempo necessário para atingir este ponto depende da humidade, da temperatura da secagem e das condições de armazenamento, mas geralmente ao fim de um a dois meses de cura já podemos ter uma ideia aproximada da qualidade final do produto. É apenas após este processo que as flores secas e curadas refinam as suas qualidades organolépticas – sabor e aroma – e as psicotrópicas se manifestam ao máximo.
Armazenamento
Existem várias formas de armazenar as flores depois de manicuradas, secas e curadas. A forma clássica é também provavelmente a mais eficiente: guardar as cabeças em frascos de vidro herméticos. Os frascos devem guardar-se num local fresco e seco e ser de côr castanho escuro ou azul para filtrar a luz; caso sejam transparentes, é suficiente guardá-los longe da luz. Outra técnica é a conservação por vácuo. Esta técnica funciona relativamente bem, embora o plástico seja poroso e acabe por transpirar e possa adquirir odores. Necessita uma máquina de vácuo com termoselagem, semelhante às utilizadas para fechar sacos de congelados em casa. É essencial verificar se não existem buracos no saco. Após embalado, o saco pode guardar-se no frigorífico ou num local escuro, fresco e seco. Frigorífico e congelador: esta é uma técnica popularizada recentemente que permite conservar a colheita durante vários meses mantendo qualidades como aroma e sabor. No entanto, é essencial que as embalagens – sacos, frascos ou tupperwares – estejam perfeitamente selados de modo a não absorver humidade e cheiros do congelador e frigorífico. Esta técnica consiste simplesmente em colocar os recipientes no frigorífico ou congelador e, segundo os seus apologistas, permite armazenar amostras durante um ou dois anos sem alteração muito significativa de aroma e sabor, embora se note uma alteração de efeito, tornando-se mais sedativo, com perda de parte do efeito excitante e incremento do efeito relaxante.
Lembre-se: uma secagem apressada retira aroma, sabor e potência ao trabalho de vários meses. A paciência compensa!
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crónicas do cannabistão
A FOLHA
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O que está na sua água? Segunda parte Por Noucetta Kehdi, General Hydroponics Europe <
noucetta@wanadoo.fr >
No cultivo sem solo e em solo, a água é o factor principal. No solo, as bactérias decompõem a matéria orgânica em elementos nutritivos que as plantas absorvem, mas apenas na presença de água. Sem água não há absorção e as plantas morrerão.
mais adequado para transportar os elementos essenciais de que as plantas precisam para florescer. É por isso que a qualidade da água que utilizamos é de uma importância extrema. Esta varia de fonte para fonte. De modo geral, as pessoas usam a água municipal da torneira, ou de um poço ou lago quando vivem no campo. Cada fonte de água tem problemas distintos e as qualidades da água são medidas por várias propriedades que afectam o crescimento e a saúde das plantas. Para o profissional qualificado, a gestão nutricional representa uma oportunidade para promover o crescimento das plantas. Para o novato, representa um desafio a enfrentar. Este texto interessará aos mais avançados, assim como aos que cultivam por passatempo, uma vez que explica as condições principais para uma operação hidropónica bem gerida. Escusado será dizer que a água de qualidade e a gestão dos nutrientes é essencial também no solo, se deseja obter qualidade. Independentemente da categoria a que pertencer, a gestão da qualidade da água é uma tarefa muito fácil quando sabemos quais são as questões a serem tratadas. Na hidroponia é importante saber o que está na nossa água. A resposta mais completa resulta de uma análise feita por um laboratório ou, se estiver num sistema municipal de distribuição de água, ligue para o departamento da qualidade da água e solicite uma cópia da sua análise mais recente. Se tiver dificuldades em interpretá-la, o seu fornecedor, o fabricante dos seus nutrientes, ou as secções “FAQ” (Perguntas Frequentes) das revistas irão ajudá-lo com comentários e conselhos. Existem vários factores essenciais a reter quando se utiliza a água como substrato: 1. Sais solúveis e Condutividade Eléctrica (CE); 2. Dureza da água e pH; 3. Oxigenação e temperatura da água; 4. Métodos de filtração, chuva e águas purificadas. De um modo geral, e em simultâneo com a qualidade original da sua água, deve verificar regularmente a sua solução, pois há vários factores que interferem para modificar a sua qualidade. O que quer alcançar é uma solução bem equilibrada e nutritiva, com a quantidade correcta de sais minerais dissolvidos para que a sua planta receba nas quantidades certas todos os elementos que necessita. Deverá controlar todos os parâmetros que poderão induzir deficiências ou excessos e, pior, toxicidades. Para isto, necessita de duas ferramentas essenciais para hidroponia: CE digital e medidores digitais de pH - ou um teste indicador líquido de pH [imagem do
“Spring” por DECHA
Claro que a água é o ingrediente principal na hidroponia. Na verdade, é o vector
Teste Indicador Líquido de pH com capacidade para ~500 medições
kit de testes pH em cima]. É sempre aconselhável ler as instruções do fabricante antes da utilização.
AIS SOLÚVEIS S e CONDUTIVIDADE ELÉCTRICA (CE)
A quantidade de sais solúveis na água é medida pela Condutividade Eléctrica. São os sais dissolvidos que permitem que a água conduza electricidade. (A água pura não tem condutividade porque não tem sais condutores). É importante saber que esta leitura não lhe dirá tudo o que existe na sua água: alguns elementos, como o magnésio por exemplo, oferecem uma condutividade muito fraca e são praticamente invisíveis aos medidores de condutividade. No entanto, irá indicar se o nível geral de sais é suficiente, e isso é basicamente a informação que geralmente precisa. Não é raro encontrar níveis elevados de sais na água de um poço ou na água de abastecimento público. A maioria das águas indica uma CE de 0,5 a 0,8 mS/m. Em algumas cidades os níveis poderão ser muito maiores. O carbonato de cálcio e o carbonato de magnésio são alguns dos ingredientes mais comuns, geralmente encontrados na água. Sendo o cálcio e o magnésio nutrientes importantes para as plantas, a água com níveis razoáveis desses elementos pode ser boa para o cultivo hidropónico. No entanto, mesmo uma coisa boa pode-se tornar num problema se os níveis forem demasiado elevados, sendo que o excesso de alguns elementos pode fazer com que outros elementos importantes na solução se “bloqueiem” e se tornem indisponíveis. Por exemplo, o excesso de cálcio pode ligar-se ao fósforo para fazer fosfato de cálcio que não é solúvel e, consequentemente, não está disponível para a cultura. A solução é começar com água de qualidade e adicionar a combinação certa de nutrientes para garantir sempre que a sua solução não excede a tolerância da planta aos sais dissolvidos. Se tiver dúvidas, lembre-se que é sempre melhor aplicar pouco do que demasiado. Dependendo da sua diversidade e do seu ciclo de vida, as plantas absorvem melhor ou pior o fertilizante. Quanto mais rápido crescem, melhor absorvem a solução nutritiva. Como as plantas consomem nutrientes e água, a concentração de nutrientes muda no reservatório, pelo que é importante verificar regularmente os seus níveis de CE. Regular a CE para obter os níveis correctos é uma tarefa bastante simples. Encontra geralmente uma tabela de aplicações completa no rótulo dos fertilizantes, assim
A maioria dos abastecimentos de água das cidades contém carbonato de cálcio adicionado para elevar o pH da água e evitar a corrosão dos canos
como as indicações sobre a gestão dos nutrientes, com as instruções de todos os sistemas de cultivo hidropónico de qualidade.
DUREZA da ÁGUA e PH
A dureza da água é definida como uma medida do conteúdo da água em cálcio e magnésio. pH é a abreviação de “potencial hidrogeniónico” e refere-se aos iões de hidrogénio carregados positivamente (H+) em relação aos iões hidroxilos, carregados negativamente (OH-). A escala de pH vai de 0 a 14, sendo 7 neutro (número igual de H+ e OH-). De um modo geral, a água dura tem um pH alto e a água macia tem um pH baixo. Algumas marcas de fertilizantes oferecem fórmulas nutritivas para água dura e macia para melhor se adaptarem à sua água. Normalmente, as águas dos poços tendem a oscilar no pH e na CE visto que o lençol freático sobe e desce ao longo das estações, mas, em geral, terão sempre presentes os mesmos minerais. Mesmo as águas de abastecimento público podem oscilar ocasionalmente, embora muito menos do que as dos poços. Na maioria das vezes, as águas de abastecimento público indicarão um intervalo de pH de 8 a 9 [em Porugal rondam os 6,5 a 8] que é demasiado elevado para as suas plantas, dado que a maioria delas cresce dentro de um intervalo de pH que varia entre os 5,2 e os 6,5. Porque é tão importante ter o pH correcto? O pH afecta directamente a disponibilidade da maioria dos elementos, especialmente dos micronutrientes. Um pH muito baixo pode resultar num aumento da disponibilidade de micronutrientes que pode levar a um efeito fitotóxico em algumas espécies de plantas. Um pH muito alto bloqueará alguns elementos que se tornam indisponíveis para as plantas: Problemas associados ao pH “fora do intervalo”: Efeitos do pH baixo: Toxicidade no ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu). Deficiências em cálcio (Ca), magnésio (Mg). Efeitos do pH alto: Deficiências em ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), Boro (B). Por exemplo, se o pH for muito alto, o ferro pode ficar indisponível. Embora a sua solução de nutrientes possa ter um teor de ferro ideal, as suas plantas podem não conseguir absorvê-los, resultando numa deficiência de ferro. As folhas das plantas tornam-se amareladas e enfraquecidas. Por outro lado, nutrientes hidropónicos de alta qualidade para plantas contêm quelatos que são concebidos para assegurar a disponibilidade do ferro em
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Quando está calor, as plantas transpiram muita água e verá que a CE tem tendência a subir. Nessa fase, recomenda-se encher o reservatório com água (com o pH ajustado) para levar a CE de volta a níveis razoáveis
Raiz de planta exótica num sistema hidropónico RainForest
intervalos de pH superiores. Consequentemente, as suas plantas crescerão razoavelmente bem, mesmo com níveis mais elevados de pH. Contudo, um pH elevado pode danificar as plantas de muitas outras formas. Deste modo, a melhor maneira de lidar com o ajuste do pH é regular o pH da sua água, acrescentar nutrientes, deixar repousar por um tempo para estabilizarem e depois voltar a testar e regular novamente o pH.
com segurança que o pH oscile entre os 5,5 e os 7,0, sem ter de regular. Na verdade, despejar constantemente produtos químicos no seu sistema para manter um pH ideal de 5,8 a 6,0 pode causar muitos danos. É normal que o pH oscile por um tempo, e depois suba novamente. Esta mudança é uma indicação de que as suas plantas estão a absorver adequadamente os nutrientes. Regule o pH apenas se se desviar demasiado. Os medidores de CE e de pH são bastante precisos (quando calibrados correctamente) e rápidos, mas são um pouco sensíveis à temperatura e não dão a mesma leitura em temperaturas diferentes, embora alguns deles incluam uma Compensação Automática da Temperatura, que corrige a leitura. Portanto, é ideal manter o ambiente o mais estável possível. Os valores de pH e CE valem apenas pela última calibração. Calibre os medidores regularmente porque têm oscilações. Embora o medidor de CE seja essencial, o medidor de pH pode ser substituído pelos testes indicadores líquidos de pH, que são mais baratos e de confiança. De facto, quando não tiver a certeza sobre o seu medidor de pH digital, pode sempre voltar a confirmar com o teste indicador líquido de pH visto que este não se altera. De qualquer modo, para evitar as acumulações de sal e invasão de patogénicos é aconselhável mudar regularmente a sua solução nutritiva. Mais ou menos frequentemente, dependendo das suas plantas serem rebentos jovens ou plantas adultas, e depois voltar a testar e regular novamente o pH.
TEMPERATURA
Por que razão deve regular-se o pH antes e depois? Adicionar os nutrientes num pH bem ajustado permitirá que os preciosos quelatos não se decomponham. Ajustá-lo novamente sempre que necessário, permite-lhe garantir que as suas raízes irão usufruir de uma solução mais harmoniosa e completa de nutrientes, um ambiente onde sabemos que elas se irão desenvolver. Como para a CE, regular os níveis de pH é uma tarefa bastante simples: Quando o nível é tão baixo que a sua solução é demasiado ácida. Tem de adicionar uma base para aumentar o pH. Pode ser útil saber que a água da torneira normal tem um nível de pH alto o suficiente para que, ao adicionar um pouco, possa elevar o seu pH quase de graça. Contudo, quando se trabalha com filtração por Osmose Inversa é altamente recomendável usar um produto de qualidade para aumentar o pH. Quando o nível é muito elevado, é demasiado alcalino e terá de adicionar ácido para baixar o pH. Qual o ácido que se deve utilizar? Existem muitas marcas no mercado, visto que é um produto bastante simples de fabricar. Geralmente são o resultado de uma alta concentração diluída de ácido nítrico ou fosfórico que pode ser usada tanto para o cultivo como para as fases de florescimento da vida da sua planta. Existem outros ácidos que são formulações equilibradas com estabilizadores acrescentados que irão regular o seu pH, enquanto o estabilizam simultaneamente. Utiliza-se o mesmo frasco durante todo o ciclo de vida da planta. À medida que as plantas vão crescendo, verifique regularmente os níveis de CE e de pH. Pode permitir
A temperatura da água é outro factor importante, se a sua solução está muito fria. Se está demasiado quente, as mesmas sementes não germinarão, os rebentos não criarão raízes e as plantas crescerão lentamente. A maioria das plantas prefere uma temperatura na zona da raiz entre os 18 e os 27 °C, mais fresco para as culturas de inverno, mais quente para as culturas tropicais. Ao adicionar água ao seu reservatório, é aconselhável permitir que chegue à mesma temperatura da água no reservatório. Lembre-se de que as raízes das plantas se desenvolveram num ambiente de solo onde as mudanças de temperatura ocorrem lentamente, temperadas pela massa térmica da Terra. As plantas não gostam de mudanças de temperatura rápidas, especialmente na zona da raiz! Solubilidade do Oxigénio e Temperatura Uma das palavras-chave em hidroponia é “oxigenação”. Geralmente, um bom sistema hidropónico proporciona a melhor quantidade de oxigénio na sua solução, graças à sua bomba e vários outros “truques do fabricante”. No entanto, é imperativo saber que a temperatura influencia o teor de oxigénio da sua solução. Abaixo apresentam-se alguns números do nível de saturação da água com o oxigénio em mg/l de O2 a temperaturas diferentes: Graus ºC Saturação O2 Graus Cº Saturação O2 10 11,36 22 8,85 14 10,39 26 8,22 18 9,56 30 7,67
A FOLHA
Medidor digital de CE
Como poderá verificar, quanto mais alta a temperatura, menos oxigénio haverá na solução. E sem oxigénio, apesar das raízes estarem em contacto com água, a sua planta irá asfixiar e afogar-se. Sem oxigénio prosperam todos os tipos de doenças e agentes patogénicos, incluindo o temido Pythium. Portanto, certifique-se que mantém sempre a água à temperatura ambiente, o mais próximo possível de 18 a 22°C.
MÉTODOS de FILTRAÇÃO, CHUVA e ÁGUAS PURIFICADAS
Algumas águas podem conter mais ou menos contaminantes; às vezes altos níveis de elementos tóxicos como o excesso de sais, sulfuretos, cloro, fluoreto ou até mesmo metais pesados. A maioria das águas de abastecimento público contém cloro. Embora pequenas quantidades de cloro oxidante possam ter efeitos benéficos em algumas plantas, a cloragem frequente ou excessiva deve ser reduzida, o que é bastante fácil. Basta encher um recipiente com água da torneira, e deixar repousar por 24 horas. O cloro evapora-se durante a noite. Porém, a maioria dos contaminantes não são tão fáceis de remover. Neste caso é necessário purificar ou substituir a sua fonte de água. Foram desenvolvidos uma variedade de métodos: – A forma mais fácil é cortar a sua água da torneira com água purificada ou da chuva. Em pequenos recipientes esta é uma tarefa económica e simples. – A destilação também é uma ideia. Excepto no que respeita à mais avançada tecnologia de destilação multiestágios encontrada em instalações de grande porte, é bastante ineficiente energeticamente. Além disso, a destilação produz um produto que para as nossas finalidades é desnecessariamente puro. – A osmose inversa é um método excelente, mas um pouco caro, embora já existam no mercado muitos sistemas a uma escala pequena. Com a osmose inversa (OI) pode conseguir água totalmente pura. Uma desvantagem para a filtragem OI é a percentagem de água pura obtida versus a quantidade de água da torneira ou água do poço original. Esta proporção é de facto bastante elevada. Água pura não é recomendada para as plantas e muitas vezes aconselha-se misturá-la com água “normal”, ao rácio de 2/3 de água pura com 1/3 de água normal. Esta é uma excelente maneira de reduzir o desperdício. As águas residuais remanescentes ainda podem ser usadas para a irrigação de plantas ao ar livre, a lavagem do carro ou outras tarefas domésticas. Há ainda muito a dizer sobre a água e a hidroponia. Estes quatro parâmetros básicos são tudo que precisa seguir para obter plantas saudáveis e belas culturas. Se começar a plantar com este método perceberá que a água como único ambiente é um substrato muito eficiente. Obviamente, é preciso ter as ferramentas certas e informações à mão. Logo que o tiver, siga as instruções e prepare-se para se surpreender. Contudo, compreender a água enquanto planta no solo também é importante, pois nada substitui uma água de boa qualidade e, uma solução nutritiva equilibrada é a chave para o sucesso onde quer que plante. .
Não é seguro enviar ácidos pelo correio, mas existem ácidos em pó que se mantêm inofensivos enquanto secos e podem ser enviados sem perigo para onde quiser
saúde
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TRÊS ESTUDOS EM CIMA DA MESA
Canábis e Cancro de Pulmão
Por Dr. Javier Pedraza Valiente questões médicas podem ser-lhe remetidas através do e-mail: doctor.valiente@a-folha.com
Documento n.º 3
Apareceu recentemente, na imprensa científica,
um artigo que demonstra a capacidade do fumo de canábis para provocar alterações no ADN humano, o que supostamente lhe daria, à canábis, a potencialidade de desenvolver cancro de pulmão. Estas descobertas localizam-se a nível molecular, centrando-se este estudo no acetaldeído, composto que já demonstrou em diversos estudos o seu potencial para provocar estas alterações a nível do ADN. É óbvio que qualquer substância que se fume provoca compostos na sua combustão que não serão propriamente saudáveis para o ser humano. Por outro lado, os níveis de cancro de pulmão não são mais elevados em países com consumos culturais de cannabis, como Marrocos ou Jamaica. Estes resultados obtêm-se sempre a nível laboratorial, em condições muito controladas, o que não permite extrapolar os resultados no nosso dia-a-dia. Fazendo uma revisão bibliográfica, escolhi três documentos com resultados díspares, visto que só se consegue um ponto de vista objectivo se se analisar o assunto a partir de diferentes ângulos:
Documento n.º 1 Investigadores da Nova Zelândia realizaram um estudo no qual descobriram que fumar canábis é tão tóxico como fumar tabaco, e que o risco de que se desenvolva um cancro depende da quantidade e do tempo que se fuma. A Nova Zelândia tem um grupo significativo de população que fuma canábis e não fuma tabaco, pelo que foi um país ideal para avaliar a relação entre padecer de cancro de pulmão e fumar canábis. O estudo foi publicado recentemente na revista “European Respiratory Journal”. Os investigadores estudaram 403 pessoas com idade igual ou inferior a 55 anos. 79 delas tiveram cancro de pulmão e foram comparadas com as 324 restantes, que não padeceram de cancro. Identificaram-se os principais factores de risco relativos ao cancro, nomeadamente historial de hábito tabagístico, historial familiar, tipo de trabalho, ingestão alcoólica e consumo de canábis. A amostragem dividiu-se em quatro grupos: aqueles que fumavam somente canábis, os que fumavam só tabaco, os que fumavam ambas as substâncias e os que não fumavam nenhuma das duas. Aos pacientes que tinham fumado mais de vinte “charros” foi-lhes perguntado a que idade começaram a fumar, se fumavam de forma regular e porque tinham escolhido fumar esta substância. Os investigadores tinham descoberto previamente que a canábis continha duas vezes mais quantidade de material cancerígeno do que um cigarro normal. Os charros de canábis são fumados geralmente sem filtro, e estes fumadores geralmente inalam com mais força e durante mais tempo, quando comparados com os fumadores de cigarros de tabaco, o que torna os charros mais prejudiciais. Além disso, costumam absorvem cinco vezes mais monóxido de carbono que com o cigarro convencional, apesar de ambos conterem concentrações similares de monóxido de carbono. O risco de cancro de pulmão nos fumadores de canábis (aqueles que fumavam pelo menos um charro por dia durante 10 anos, ou dois charros cada dia durante 5 anos) foi 5,7 mais alto que nas pessoas que nunca tinham fumado canábis.
(...)preferir o consumo de marijuana sem misturar com tabaco para evitar a interacção/potenciação dos efeitos prejudiciais de ambas as substâncias Os autores concluíram que os efeitos a longo prazo de fumar canábis causam um aumento de 8% no risco de padecer de um cancro de pulmão por cada dia que se fume um charro de cannabis. Assim sendo, segundo este estudo, o risco de padecer de cancro de pulmão por fumar um cigarro de canábis por dia é equivalente ao risco de alguém que fume 20 cigarros de tabaco por dia. Os autores propõem a necessidade de incluir nos programas de saúde pública campanhas activas de desabituação tabagística, onde se inclua também a canábis.
Documento n.º 2 Um estudo bastante amplo levado a cabo pela International Cannabinoid Research Society sobre a associação entre fumar canábis e cancro de pulmão, apresentado pela primeira vez no congresso de 2005 da entidade acima referida, foi agora apresentado no congresso da American Thoracic Society, realizado em San Diego, provocando uma grande repercussão nos meios de comunicação social. No estudo participaram 611 pacientes com cancro de pulmão e 1040 controlos sãos, bem como 601 com cancro na região aero-digestiva da cabeça e do pescoço, não se encontrando nenhum aumento do risco para o desenvolvimento do cancro de pulmão com a canábis, inclusivamente após um uso prolongado e intenso. “Acreditávamos que um historial de alto consumo de marijuana (entre 500 a 1.000 utilizações) aumentaria o risco de cancro após anos ou décadas de exposição à marijuana”, disse à Scientific American o principal responsável do estudo, o Dr. Donald Tashkin, da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Viram, no entanto, que até as pessoas que fumaram mais de 20.000 charros ao longo da sua vida também não tinham aumento de risco de padecer de cancro de pulmão. Fontes: Scientific American de 24 de Maio de 2006; Morgenstern H, et al. Marijuana use and cancers
of the lung and upper aerodigestive tract: results of a case-control study. Apresentado no Congresso sobre Cannabinóides da ICRS, 24-27 de Junho 2010, Clearwater, EUA.
O fumo de canábis não é tão carcinogénico como o fumo de tabaco. No resumo de um artigo publicado na revista científica Harm Reduction Journal, o Dr. Melamede da Universidade de Colorado, em Colorado Springs, EUA, apontou o facto de que, apesar do fumo de tabaco e de canábis serem quimicamente muito semelhantes, as provas sugerem que os seus efeitos são muito diferentes, e que o fumo de canábis é menos carcinogénico do que o fumo de tabaco. Os efeitos farmacológicos do fumo de tabaco e da canábis são diferentes por vários motivos, sendo o principal a existência de nicotina no fumo de tabaco, o qual não ocorre com o fumo produzido pela combustão de canábis onde, pelo contrário, encontramos THC. O potencial carcinogénico do fumo vê-se incrementado pela presença de nicotina, e reduzido pela presença de THC. O fumo do tabaco e da canábis contêm os mesmos componentes carcinogénicos e, dependendo de que parte da planta se fume, o fumo da canábis pode inclusivamente conter mais, mas enquanto que a nicotina demonstrou activar esses componentes carcinogénicos, o THC demonstrou inibilos nas células de ratos. O THC também demonstrou possuir efeitos protectores, para os humanos, contra os carcinogénicos presentes no fumo. A nicotina e o THC podem actuar em mecanismos celulares similares, apesar de actuarem a nível de receptores diferentes para activar esses mecanismos. As células dos pulmões e das vias respiratórias possuem receptores para a nicotina, mas tal não acontece para o THC. Isto explica o porquê da falta de associação entre fumar canábis e desenvolver cancro de pulmão. A canábis também demonstrou a sua eficácia na eliminação de células cancerígenas e na redução do crescimento de tumores, em parte reduzindo a formação dos vasos sanguíneos que levam os nutrientes à massa tumoral. Contudo, “os efeitos dos canabinóides são complexos e por vezes contraditórios”, adverte o autor do estudo. Além do mais, a canábis é frequentemente fumada com tabaco, pelo que os efeitos de ambas as substâncias podem interactuar de diferentes formas. Fonte: Cannabis and Tobacco Smoke are not Equally Carcinogenic Robert J Melamede - Harm Reduction Journal, in press
Documentos que diferem nos seus resultados, mas que deixam claro várias coisas. Primeiro,
que o fumo do tabaco é mais prejudicial para a saúde que o fumo da canábis, visto que para o primeiro existem estudos controlados que demonstram o seu potencial danificador, e para o segundo não existem estudos com resultados similares. Segundo, o fumo de canábis contém THC, substância que demonstrou o seu potencial para eliminar células cancerígenas (incluindo linhas celulares de cancro de pulmão). Por último, uma recomendação clara para os utilizadores de canábis: “Preferir o consumo de marijuana sem misturar com tabaco para evitar a interacção/potenciação dos efeitos prejudiciais de ambas as substâncias”. Javier Pedraza Valiente, Médico
tradição etnobotânica
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Salvia Divinorum Princípios activos: salvinorina A
Foto: Meneer Cactus, Erowid
Conhecida por ska María pastora no México, de onde é originária, e no ocidente por salva dos profetas (do inglês seer’s sage) ou simplesmente por salvia, é uma planta enteogénica usada tradicionalmente pelos Mazatecas1 nos seus rituais xamânicos de cura e divinação. Por Alexandre de Menezes
As folhas de divinação Descrição botânica
A Salvia divinorum é uma planta semi-tropical perene endémica apenas das florestas nubladas entre 300 a 1800 m de altitude na Sierra Mazateca em Oaxaca, no sul do México. Pertence ao género das salvas (Salvia) e à família das mentas (Lamiaceae). Cresce em locais sombrios e húmidos, sob a canópia de pequenas árvores e arbustos, normalmente junto a leitos de rios onde o solo é escuro e fértil. Sem suporte, atinge apenas um metro de altura pois os seus caules verdes, quadrados, ocos e com as laterais em cunha dobram-se ou partem-se com o peso da planta. As folhas são ovais, de cor verde esmeralda, por vezes serrilhadas nas bordas e atingem entre 10 a 30 cm de comprimento. O pecíolo destas é inexistente ou muito curto. Raramente entra em floração mas quando o faz tal ocorre entre Setembro e Maio no seu habitat natural. A inflorescência tem 30 cm de comprimento e desta pendem pequenas flores com 3 cm de comprimento arranjadas em verticilos2. As flores são brancas, curvas, cobertas de pelos e seguras por um cálice violeta. A produção de sementes nunca foi observada no seu habitat natural propagando-se neste através de reprodução vegetativa. Quando os caules dobrados ou partidos tocam no solo húmido produzem raízes nos nós e internós gerando uma nova planta que é clone da anterior. Em locais muito húmidos
os caules chegam a criar raízes mesmo antes de caírem ao chão. Em cultivos ocidentais, já gerou sementes com ou sem a ajuda de polinização artificial; contudo a maioria destas revelou-se inviável. Devido a estas dificuldades, a propagação por semente é rara, sendo a maioria das plantas existentes clones de exemplares recolhidos na Sierra Mazateca. Existem pelo menos três variedades distintas da planta: - Bunnell, recolhida em 1962 por Sterling Bunnell mas que é mais conhecida por Wasson-Hoffman devido a uma atribuição errónea. É a variedade mais distribuída. - Blosser ou Palatable, recolhida de
A salvinorina A é a substância psicadélica natural mais potente descoberta até à data, com uma dose activa de 200 µg quando fumada
Huautla de Jiménez em 1991 por Bret Blosser e que deriva o seu nome do facto das suas folhas serem menos amargas que as da variedade Bunnel (tal pode ser devido às condições de cultivo e não a uma diferença genética). - Cerro Quemado, recolhida por L. J. Valdés III nos anos 90 perto de uma aldeia no México com o mesmo nome. Existe ainda um conjunto de outras variedades, a maioria delas clones de plantas cultivadas a partir de semente pelo etnobotânico e farmacologista Daniel Siebert. As origens da S. divinorum são desconhecidas. Especula-se que tanto possa ser uma espécie selvagem nativa da região como uma espécie cultivada e seleccionada pelos Mazatecas ou ainda uma espécie cultivada por outro grupo indígena e só mais tarde introduzida na região (como sugere algum folclore Mazateca). Também ainda não se determinou se é um híbrido ou uma variedade cultivada e modificada pelo ser humano.
Efeitos A Salvia divinorum é um psicadélico muito intenso e de curta duração, principalmente quando fumada em extractos. Produz efeitos únicos, difíceis de descrever por comparação com outras plantas/substâncias psicotrópicas ou outras formas de alterar a consciência (meditação, sonhos lúcidos, privação sensorial, etc.). Durante o pico dos efeitos, os fenómenos mais comuns são:
- fortes alucinações visuais, normalmente em duas dimensões, em que se vêem formas geométricas não-euclidianas descritas como túneis, cobras ou minhocas; - as alucinações tornarem-se ambientes imersivos 3D visitando uma outra dimensão ou realidade alternativa; - reviver memórias passadas; - sobreposição de realidades, como a sensação de estar em vários locais ou em vários momentos ao mesmo tempo; - fundir-se ou tornar-se num objecto inanimado; - sensação de movimento como voar, flutuar ou rodopiar, normalmente caracterizado como viajar num túnel a alta velocidade; - sentir-se manipulado por forças exteriores como que imerso num campo de forças, comparado também a estar debaixo de água ou soterrado; - sensação de sair do corpo (OBE do inglês out-of-body experience), podendo deslocar-se livremente pelo espaço e tempo; - perda da noção de individualidade sentindo-se parte de um todo maior (morte do ego); - sentir uma presença ou ter contacto com alguma entidade. Após o pico dos efeitos passar, nas primeiras experiências surgem normalmente ataques de riso incontroláveis. Apesar da enorme diversão, esta é considerada uma forma de fugir à enorme quantidade de informação com que se é bombardeado. Nas experiências seguintes os ataques de riso tendem a desaparecer dando lugar a um estado mais calmo de introspecção e contemplação acompanhado por um sentimento de paz interior. Durante esta fase deve-se tentar assimilar e tirar algum sentido da experiência, o que pode revelar soluções para alguns problemas pessoais. Este momento de retorno à realidade é também caracterizado por: - um sentimento de profundo conhecimento; - aumento da apreciação estética e sensual; - súbitas vagas de inspiração artística; - sensação de que tudo parece irreal; - pensamentos acelerados; - sensação de leveza, como que estando a flutuar. A S. divinorum também actua como um oneirogénico. Quando se adormece sob o seu efeito ou pouco tempo após este ter passado é normal ocorrerem sonhos muito vividos que por vezes se transformam em sonhos lúcidos.
tradição etnobotânica
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Princípios activos O composto activo da S. divinorum é o terpenóide3 salvinorina A, presente em concentrações de 0,18% no material seco da planta em conjunto com quantidades vestígiais de salvinorina B, outras salvinorinas e compostos relacionados apelidados de divinatorinas e salvinicinas. Tal como acontece em muitas plantas psicotrópicas estes compostos são sintetizados e excretados em tricomas que neste caso se encontram por baixo da cutícula4 nas folhas. Assim a concentração de salvinorina A é maior nesta parte da planta, onde atinge em média 2,45 mg/g de folhas secas (John Gruber). A salvinorina A é única entre todas as substâncias psicadélicas tendo gerado um enorme interesse por parte da comunidade cientifica aquando da sua descoberta. Para além de não conter átomos de nitrogénio (azoto) não sendo portanto um alcalóide também não exerce qualquer efeito sobre o receptor de serotonina 5-HT2A, o principal alvo dos psicadélicos clássicos como LSD, mescalina e DMT e responsável pelo seus efeitos. A salvinorina A actua como um potente agonista no receptor opióide kappa e também como agonista parcial no receptor de dopamina D2. De entre todos os terpenóides presentes na S. divinorum apenas a salvinorina A apresenta afinidade pelo receptor opióide κ não existindo evidência que os demais contribuam para os efeitos da planta. A salvinorina A é a substância psicadélica natural mais potente descoberta até à data com uma dose activa de 200 μg quando fumada. Esta substância e várias outras sintetizadas a partir dela têm poten-
cial terapêutico no tratamento da depressão e toxicodependência. Uma substância derivada chamada herkinorina, que actua como agonista no receptor opióide μ, aparenta ser um opióide analgésico que não provoca tolerância e dependência física.
Riscos para a saúde A salvia tem uma toxicidade muito baixa. Ainda não foi determinada a dose letal para o seu principio activo (salvinorina A) e crê-se ser muito elevada. A maioria dos utilizadores não sente qualquer tipo de ressaca ou efeitos negativos após o seu uso. Contudo, algumas pessoas podem ter insónias, tornarem-se facilmente irritáveis ou desenvolver uma leve dor de cabeça após os efeitos passarem. Os efeitos secundários conhecidos são: alteração da temperatura corporal, aumento da excreção de suor e, em doses elevadas, perda da coordenação motora. Devido à incapacidade de controlar os músculos e manter o equilíbrio, os utilizadores podem sofrer quedas sendo importante permanecerem sentados ou deitados durante a experiência. Algumas pessoas, quando em estados profundos de transe e dissociação induzidos por altas doses, podem levantar-se e deslocar-se inconscientemente. Como tal é importante haver um acompanhante (sitter em inglês) que olhe pelo psiconauta e impeça que este embata contra objectos perigosos. Este acompanhante deve assumir uma atitude passiva e apenas restringir fisicamente o utilizador em ultimo recurso, quando este estiver na iminência de fazer algo que prejudique a sua integridade física ou a de outros. Até lá, deve deixar o psiconauta
vaguear livremente, avisando-o verbalmente quando se aproximar de algo perigoso. Quando as folhas são fumadas, alguns utilizadores sentem irritação na garganta e pulmões tal como é usual com esta forma de administração para todas as substâncias. O efeito da salvia na gravidez e amamentação ainda não foi estudado, devendo o consumo ser evitado durante as mesmas. Para além dos efeitos físicos directos, e como acontece com todas as substâncias psicadélicas, podem ocorrer experiências negativas caracterizadas por sentimentos de confusão, loucura, terror e pânico normalmente conhecidas por bad trips (ver Glossário em A Folha #3 ou online no site). Nestas ocasiões a presença de um acompanhante também é importante pois pode dar apoio emocional. Após o pico dos efeitos ter passado, o acompanhante pode ainda ajudar o psiconauta a assimilar a má experiência tentando perceber quais os seus temas e porque ocorreu. Este tipo de experiências ocorre principalmente com utilizadores pouco experientes ou com algum tipo de distúrbio emocional pré-existente. Assim sendo, e como com todas as substâncias, é importante começar por uma dose baixa e aumentá-la gradualmente. Deve-se também ter especial atenção ao local, ocasião e estado de espírito (set and setting em inglês) antes de consumir salvia. Devido aos seus efeitos profundos, a salvia não deve ser tomada em festas ou qualquer situação em que haja muito movimento. Há que escolher um local calmo e em que não ocorram distúrbios durante a duração do efeito.
Para além das descritas acima, também se devem tomar outras precauções aplicáveis para todos os compostos psicadélicos: - Não conduzir. - Não operar máquinas. - Abster-se do uso se possui algum problema emocional ou psicológico. - Indivíduos com casos de esquizofrenia na família, ou de doenças mentais adquiridas em idade jovem, devem ter cuidado extremo com o uso de substâncias psicadélicas, pois estas são conhecidas impulsionadoras de estados psicológicos ou mentais latentes. - Não misturar com inibidores de MAO, álcool ou outras drogas. Potencial de dependência: Baixo Não são conhecidas ocorrências em que a S. divinorum tenha gerado dependência física ou mesmo psicológica. Como acontece com todos os psicadélicos, a possibilidade de criar dependência psicológica é limitada por vários factores tais como a profundidade emocional, espiritual ou religiosa da experiência, a ocorrência de experiências desagradáveis e a impossibilidade de funcionar socialmente quando sob o efeito.
Dosagem e administração Tradicionalmente, os Mazatecas desfazem entre 20 a 80 pares de folhas frescas recolhendo o seu suco o qual misturam com água e bebem durante as suas cerimónias de cura de forma a induzir visões. Por vezes, optam por as mascar lentamente durante meia hora, engolindo-as gradualmente.
Daniel Siebert e outro investigador conhecido por Sage Student criaram uma escala experimental de 6 níveis com base nas letras da palavra SALVIA que mostra os seus diferentes efeitos à medida que se aumenta a dose. Os três últimos níveis correspondem a experiências em que o psiconauta perde totalmente o contacto com a realidade (break through experiences em inglês). Nível 1, S – efeitos SUBTIS Relaxamento e apreciação sensual. Estes efeitos ligeiros são úteis para meditação e podem facilitar o prazer sexual. Nível 2, A – percepção ALTERADA Cores e texturas tornam-se mais pronunciadas contudo não ocorrem visões. Apreciação de música é potenciada. O espaço pode parecer ter mais ou menos profundidade que o habitual. Pensamento torna-se menos lógico e mais brincalhão. Podem-se notar dificuldades com a memória de curto prazo. Nível 3, L – estado visionário LIGEIRO Visuais de olhos fechados com imagens nítidas, normalmente em 2D. De olhos abertos ocorrem efeitos mas são vagos e passageiros. Os fenómenos são similares àqueles que algumas pessoas experimentam durante o estágio hipnagógico enquanto adormecem. Neste nível as visões são interessantes mas não são confundidas com a realidade. Nível 4, V – estado visionário VÍVIDO Visões tornam-se cenários tridimensionais complexos e realísticos com possíveis alucinações auditivas. De olhos abertos é possível manter algum contacto com “Hello”, de Mark P. Maxwell < http://mpmaxwell.com >
a realidade mas de olhos fechados esta pode ser totalmente esquecida entrando-se num mundo fantástico, o mundo dos xamãs. Neste pode-se viajar no espaço-tempo sem restrições, ter contacto com seres, viver fantasias e outros fenómenos. Nível 5, I – existência IMATERIAL Possível perca da noção de ter um corpo. Mantém-se a consciência retendo a lucidez em alguns pensamentos contudo fica-se completamente envolvido pela experiência interior perdendo o contacto com a realidade. A noção de individualidade dissipa-se dando origem a uma sensação de consolidação com o divino ou com uma mente universal. Podem ocorrer bizarras fusões com objectos inanimados (reais ou imaginários). Nível 6, A – efeitos AMNÉSICOS Perca da consciência ou pelo menos impossibilidade de relembrar os acontecimentos que ocorreram tanto no mundo fantástico como na realidade consensual. Este profundo estado de transe não é desejável pois, sem memória, o individuo não consegue retirar aprendizagens da experiência. Algumas pessoas podem cair, permanecer imóveis ou ir de encontro a objectos.
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A FOLHA
Salvia Divinorum, extracto 5x
Folhas secas
Fumar torna o efeito muito mais rápido e intenso, descrito por vezes como ser “instantaneamente catapultado para outra dimensão”
Folhas (mascado ou sublingual) Nível Qt. frescas Qt. secas Leve 10 g 2 g Médio 30 g 6 g Alto 50 g 10 g Para fazer o maço, também se pode utilizar folhas secas que para além de serem menos amargas podem ser armazenadas por longos períodos de tempo sem perca de
potência (a salvinorina A é um composto muito estável). Antes de serem enroladas e mascadas, as folhas secas são hidratadas, colocando-se as mesmas dentro de um pequeno recipiente com água fria durante 10 minutos. Existem no mercado tinturas alcoólicas para administração sublingual com diversas concentrações de salvinorina A, devendo-se seguir as indicações de dosagem indicadas no rótulo. Contudo, a duração dos efeitos será similar à apresentada na tabela acima. As folhas secas também podem ser fumadas em cachimbos sendo esta a forma de administração mais comum no ocidente. A temperatura necessária para libertar a salvinorina A das folhas é bastante elevada (por volta de 240 ºC) pelo que tal é necessário aplicar constantemente uma chama sobre as mesmas enquanto se inala. É preferível utilizar um isqueiro de tocha cuja chama atinge temperaturas superiores aos convencionais. A salvinorina A é rapidamente metabolizada pelo corpo sendo necessário consumir toda a dose num período de 2 a 3 minutos para atingir o efeito desejado. Assim, devem ser feitas no máximo três inalações, as quais devem ser lentas e profundas enchendo bem os pulmões com fumo e aguentado este durante 30 segundos para permitir uma boa absorção. Fumar torna o efeito muito mais rápido e intenso, descrito por vezes como ser “instantaneamente catapultado para outra dimensão”, como tal a presença de um acompanhante é aconselhada e o psiconauta deve preparar-se previamente para a viagem em que vai embarcar. Na tabela seguinte (Fonte: Erowid) apresentam-se doses e intervalos de duração aproximados para o consumo de folhas de S. divinorum quando fumadas.
Folhas secas (fumadas) Quantidade Nível Leve 250 mg Médio 500 mg Alto 750 mg Nota: Como é regra nestas tabelas, indica-se o período de tempo até ao qual cada nível de efeito se pode estender, contado a partir do momento em que foi tomada a dose.
Muitos utilizadores preferem utilizar cachimbos de água ou bongos para fumar salvia pois, ao arrefecerem o fumo, permite inalar quantidades maiores de uma só vez, evitando repetir inalações. Mesmo assim, muitas pessoas não conseguem atingir os efeitos desejados, podendo optar pelo uso de folhas fortificadas, também conhecidas como extractos. Estes são normalmente designados por um número seguido de um x (e.g. 5x, 10x, 20x). Por exemplo para 5x isto significa que a quantidade de salvinorina A presente em 5 g de folhas foi concentrada em apenas 1 g, sendo o extracto 5 vezes mais potente que as folhas não processadas. Desta forma inala-se muito menos fumo o que torna mais fácil atingir o efeito desejado e reduz o impacto negativo na saúde das vias respiratórias. Devido a esta concentração, é necessário ser cauteloso no uso de extractos, medindo cuidadosamente a dose e começando sempre por uma dose pequena. Para obter uma aproximação à dose a tomar, pode-se dividir as quantidades da tabela anterior pela potencia do extracto. Há que notar que extractos com a mesma designação podem ter potencias diferentes pois tal depende da potência das folhas utilizadas na sua preparação. Porém, actualmente a maior parte do
extractos vendidos estão estandardizados. Isto significa que a quantidade de salvinorina A infundida nas folhas é medida e ajustada, resultando em lotes consistentes entre si. A salvia é um dos enteógenos cuja intensidade dos efeitos mais varia de individuo para individuo. Existem pessoas que precisam de grandes doses de extractos para sentir algo e outras que facilmente são catapultadas por pequenas quantidades de folhas não processadas. Como tal convém salientar a importância de começar por uma dose baixa que deve ser aumentada gradualmente. Pelo facto da salvinorina A não criar tolerância isto torna-se mais fácil pois é possível estender ou amplificar uma experiência simplesmente ingerindo mais, sem necessidade de esperar um grande intervalo de tempo.
Fonte: Daniel Siebert, sageseeds
Ambas as formas podem ser desagradáveis para muitas pessoas devido ao sabor amargo das folhas. Para além disso, são muito ineficientes pois a salvinorina A é destruída no sistema gastrointestinal e apenas uma pequena parte é absorvida após ser engolida. Como tal, à medida que o uso de S. divinorum se espalhou no ocidente, foram desenvolvidas formas de administração mais eficazes. A técnica do maço baseia-se no método tradicional de mascar as folhas mas requer que estas sejam mantidas o máximo de tempo possível na boca de modo a que o principio activo seja absorvido através da mucosa oral. Para tal, faz-se um maço com as folhas, enrolando-as num formato esférico ou cilíndrico, mete-se este na boca e masca-se lentamente, mastigando apenas uma vez a cada 10 segundos. Nos intervalos o maço deve ser posto debaixo da língua. As folhas e os sucos resultantes devem ser cuspidos apenas passada meia hora. Esta forma de administração alonga a duração dos efeitos tendo estes uma escalada e declínio graduais. Na tabela abaixo (Fonte: Erowid) apresentam-se doses e intervalos de duração aproximados para o consumo de folhas de S. divinorum quando mascadas.
Fonte: Ideris, Eorwid.com
Fonte: Erowid
Fonte:Jupe, sageseeds
Detalhe da inflorescência
Cultivo
Propagação A S. divinorum pode ser propagada por clones ou sementes. Contrariamente ao descrito na literatura mais antiga a salvia produz sementes e já vários cultivadores (Daniel Siebert, Brent Lindberg, Jon Hanna entre outros) conseguiram criar plantas adultas a partir delas. Contudo esta é uma tarefa difícil por três factores: reduzida produção de sementes, baixa taxa de germinação e baixa taxa de sobrevivência das
tradição etnobotânica
A FOLHA
María Sabina, a curandeira mazateca que introduziu R. Gordon Wasson à S. divinorum
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Substrato No habitat natural, o solo onde a S. divinorum cresce tem uma grande quantidade de material orgânico que ao se decompor torna o pH ligeiramente ácido. Como tal, deve ser utilizado um substrato rico, ligeiramente ácido (pH entre 6,1 e 6,6) que seja leve e drene muito bem pois esta planta é algo susceptível ao apodrecimento da raiz. Em vasos pequenos, com menos de 1 L, utiliza-se directamente um substrato comercial rico. Contudo, para vasos maiores em que a água tem mais dificuldade em drenar, uma boa fórmula é 2 partes de substrato escuro e rico para 1 parte de argila expandida. Outra fórmula adequada é: - 1 parte de pasto seco - 1 parte de composto - 1 parte de areia grossa - ½ parte de estrume - 3 partes de substrato rico Também para evitar o apodrecimento da raiz, ao transplantar, deve-se aumentar o tamanho dos vasos gradualmente, evitando passar para vasos demasiado grandes em relação ao anterior, de modo a que não se acumule muita água no substrato não ocupado pelas raízes.
plântulas. A melhor aposta para tentar germiná-las é utilizar a técnica do guardanapo, em que as sementes são colocadas dentro de um tupperware com a tampa a cobrir apenas metade da abertura e envoltas por um guardanapo húmido. Pode-se utilizar água oxigenada para humedecer o guardanapo de forma a evitar o aparecimento de fungos e borrifar as sementes com uma solução de ácido giberélico para tentar aumentar a taxa de germinação. Após germinarem, o que ocorre dentro de 2 a 4 semanas, plantam-se a 2-3 mm de profundidade em pequenos vasos que devem ser regados a partir do fundo ou usando um borrifador para evitar deslocar as sementes. Para a maioria dos cultivadores, o melhor é começar por clones. Para os obter de uma planta mãe basta cortar o caule imediatamente acima de um nó ficando com uma poda com pelo menos dois nós. Removem-se as folhas do nós inferiores da poda e coloca-se a mesma dentro de um recipiente com água num local bem iluminado mas sem luz solar directa ou sob lâmpadas fluorescentes. O nó superior e as folhas deverão ficar acima do nível da água. A água deverá ser mudada de 2 em 2 dias para evitar apodrecimento. A salvia enraíza muito facilmente produzindo raízes ao cabo de 2 ou 3 semanas. De forma a propiciar melhores condições para enraizamento, os recipientes com as podas podem ser colocados dentro de uma mini-estufa com humidade relativa perto de 100% bastando para tal borrifar as paredes da mesma regularmente com água. Quando as raízes tiverem 1 cm de comprimento, os clones estarão prontos a ser transplantados. Plântula a germinar
Fonte: Daniel Siebert, sageseeds
Rega A rega é feita apenas após 1 cm da superfície do solo secar e com água com o pH ajustado entre 6,1 e 6,6. Quando as plantas mostrarem sinais de deficiência de nutrientes e já não for possível transplantar para um vaso maior, dá-se um fertilizante de crescimento vegetativo, com um valor elevado de nitrogénio (N). Em alternativa, coloca-se húmus de minhoca sobre o substrato e rega-se por cima.
ar caem e acumulam-se sobre as folhas e caules produzindo condições para o apodrecimento destes. É preferível borrifar apenas as paredes da estufa e esperar que a água se evapore. Porém a salvia pode ser aclimatizada a climas mais áridos podendo mesmo prosperar nestes. Para tal basta começar por retirar a planta da estufa uma hora por dia e aumentar este tempo gradualmente até que ao fim de duas semanas passe as 24 horas no exterior. A S. divinorum tolera temperaturas entre 5 e 37 ºC, mas fora do intervalo ideal acima mencionado o seu crescimento será retardado. Temperaturas inferiores a 0ºC congelarão a raiz matando a planta; deve também ser abrigada da geada.
Temperatura e humidade Nas florestas nubladas onde a S. divinorum é endémica a temperatura situa-se entre 16 e 21°C e a humidade relativa ronda quase sempre os 100%. Estas são as condições ideais para o seu cultivo e que podem ser reproduzidas em estufas com o uso de humidificadores mas não esquecendo uma boa ventilação de forma a evitar apodrecimento e crescimento de fungos. Borrifar directamente as plantas não substitui uma humidade relativa elevada. As gotas de água produzidas pelos borrifadores são demasiado grandes e ao invés de permanecerem no
Luz A salvia cresce melhor em exterior num local bem iluminado mas que não apanhe mais de 1 hora de luz solar directa. Caso não se encontre tal local pode-se filtrar a luz do sol com redes ou de preferência colocando-a por baixo da canópia de outras plantas como acontece no seu habitat natural. Em interior dá-se bem perto de uma janela orientada a sul mas num local onde não incida luz solar directa. Como suplemento ou mesmo como única fonte de luz a S. divinorum adora lâmpadas fluorescentes com espectro de luz do dia (6500K) ou lâmpadas MH (do inglês metal halide, haloge-
nuros metálicos), pois ambas emitem luz com principal incidência no espectro azul. Lâmpadas HPS (do inglês high pressure sodium, sódio em alta pressão) devido ao seu espectro amarelo/avermelhado tentem a tornar as plantas compridas e com pouca folhagem. Para maximizar a produção de folhas 18 horas de luz diárias parecem ser o ideal. Se o período de escuridão for igual ou superior a 13 horas a salvia entra em floração o que é inadequado para o seu uso como enteógeno pois a planta direcciona a sua energia para a produção de flores em detrimento das folhas que são a parte colhida e consumida. Em condições de alta luminosidade as folhas tendem a ficar com um tom mais claro e com uma textura similar a pele de crocodilo; apesar de não ser ideal tal parece não afectar a sua potência. Hidroponia Esta planta desenvolve-se bem em hidroponia mesmo em sistemas simples como o Deep Water Culture (ver A Folha nº 3 para mais detalhes) e cresce abundantemente em aeroponia. Para preparar a solução necessária a estes sistemas utilizam-se nutrientes para crescimento vegetativo aplicando doses similares às da alface ou outras plantas folhosas. A EC (electro-conditividade) da solução deve ser mantida entre 1,6 e 2,4 mS/m, o pH entre 5,5 e 6,0 e a temperatura entre 18 e 21 °C.
FONTES · Plants of the Gods, Their Sacred, Healing, and Hallucinogenic Powers. Schultes, Hofmann, Rätsch; · Pharmacotheon. Jonathan Ott.; · Studies of Salvia divinorum (Lamiaceae), an Hallucinogenic Mint from the Sierra Mazateca in Oaxaca Central Mexico. L.J. Valdés III, G.M. Hatfield, M. Koreeda e A.G. Paul. Economic Botany 41, 1987, pág. 283-291; · Salvia divinorum. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Salvia_divinorum; · Salvia divinorum Vault. Erowid. http://www.erowid.org/plants/salvia/salvia.shtml; · The Salvia divinorum FAQ. Sage Student e Daniel Siebert. http://sagewisdom.org/faq.html; · The Salvia divinorum User’s Guide. Sage Student. http://www.sagewisdom.org/usersguide.html; · Salvia divinorum. Salvia.net. http://www.salvia.net; · Salvinorin A. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Salvinorin_A; · Herkinorin. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Herkinorin; · terpenóides. Infopédia. http://www.infopedia.pt/$terpenoides; · How to obtain effects from smoked Salvia divinorum. Daniel Siebert. http://sagewisdom.org/smokeadvice.html; · Growing Salvia divinorum from seed. Jon Hanna. The Entheogen Review vol. VIII, nº 3, autumnal equinox 1999.; · The Salvia Divinorum Grower’s Guide. Sociedad para la Preservation de las Plantas del Misterio; · Growing the Hallucinogens. Hudson Grubber.; Salvia Divinorum Cultivation Explained. WorldSeedSupply. http://worldseedsupply.org/blog/?p=37; · Cutícula. Wikipedia PT. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cutícula; - Some growing tips for Salvia divinorum plants. Carl McCall. http://sageseeds.info/tutorials/tips.php; · Cultivating Diviner’s Sage. Will Beifuss. http://www.erowid.org/plants/salvia/salvia_cultivation1.shtml; · Salvia Divinorum Strain Guide. Salvia Divinorum Blog. http://www.salviadivinorumblog.com/?p=962; · Mazatec. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Mazatec; · Ethnopharmacology of Ska Maria Pastora (Salvia Divinorum, Epling and Jativa-M.). Leander J. Valdes III; Jose Luis Diaz; Ara G. Paul. Journal of Ethnopharmacology vol. 7, 1983, pág. 287-312; · The history of the first Salvia divinorum plants cultivated outside of Mexico. Daniel Siebert. http://www.sagewisdom.org/salviahistory.html; · Aztec codices. Wikipedia EN. http://en.wikipedia.org/wiki/Aztec_codices · The Early History of Salvia divinorum. Leander J. Valdes, III. The Entheogen Review:10(3), 2001, págs. 73-75sceletium/germination.txt; · Bushmen. Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Bushmen; · Khoikhoi. Wikipedia. http://en.wikipedia.org/wiki/Khoikhoi Todos os sites foram consultados entre 06/01/2011 e 30/01/2011.
Duas salvias arbustivas devido às podas feitas
Glossário 1. mazatecas [antropologia] – povo indígena que habita a região nordeste do estado de Oaxaca no sul do México perto das fronteiras com os estados de Puebla e Veracruz. São conhecidos pelo uso de diversas plantas e cogumelos enteogénicos nos seus rituais 2. v erticilo [botânica] – reunião de órgãos similares (folhas, botões, órgãos florais) inseridos à mesma altura, em volta de um eixo comum, como os raios de uma roda. 3. t erpenóides [linguística] – são uma grande e diversa classe de compostos orgânicos, mais propriamente lípidos, que ocorre na Natureza. A maior parte são líquidos odoríferos, reactivos e instáveis que se encontram nos óleos das essências e resinas vegetais sendo os responsáveis pelo seu aroma. Alguns terpenóides famosos são o mentol, limoneno, cânfora (que dá aroma à canela) e os canabinóides presentes na canábis. 4. cutícula [botânica] – mais propriamente cutícula vegetal; é uma cobertura de cera produzida unicamente pelas células epidérmicas das folhas, brotos jovens e outros tipos de órgãos de plantas aeróbicas e que protege a planta da desidratação.
Fonte: Olekkerra, Lycaeum
5. cutícula [zoologia] – cobertura resistente, mas flexível, do corpo dos animais do clade Ecdysozoa, que inclui os artrópodes, os anelídeos e vários outros filos. 6. fotoperíodo [botânica] – duração do período de luz de um dia. 7. códices aztecas [antropologia] – livros pictoriais escritos pelos astecas pré-colombianos e da era colonial (os quais já incluem textos escritos com o alfabeto latino) e que constituem algumas das melhores fontes primárias sobre a cultura asteca.
Sementes a amadurecer
Tradição Etnobotânica A Salvia divinorum é utilizada pelos curandeiros Mazatecas que habitam na Sierra Mazateca a nordeste do estado de Oaxaca no México. Estes são conhecidos em Mazatec pela palavra cho-ta-ci-ne (“aquele que sabe”) e plantam-na em ravinas remotas usando-a quando escasseiam os cogumelos mágicos (Psylocybe spp.) e as sementes das trepadeiras lisérgicas Ipomoea tricolor e Rivea corymbosa. A salvia é usada em situações em que acham necessário viajar até um mundo sobrenatural para descobrir a verdadeira causa da doença do paciente e os passos necessários para a curar. Em casos de roubo ou perca também a usam para descobrir o paradeiro de objectos ou animais. As folhas são sempre consumidas frescas e aos pares usando os métodos tradicionais descritos em Dosagem e administração. Estas podem ser tomadas só pelo curandeiro, só pelo paciente ou por ambos consoante o caso. Os Maza tecas veêm a planta como uma incarnação da Virgem Maria chamando-lhe “ska pastora”, “ska María pastora”, “hojas de la pastora” ou ainda “hojas de María pastora” apesar da Maria bíblica nunca ter sido uma pastora. A suposta timidez de Maria e por falar num tom de voz baixo faz os curandeiros acreditar que as visões só ocorrem em locais calmos e escuros.
Os Mazatecas também usam a ska pastora em pequenas doses (infusão preparada com 4 ou 5 pares de folhas) como um tónico ou panaceia. Supostamente regula as funções secretoras sendo utilizada como diurético e na cura da diarreia. Para além disso é utilizada em outras doenças tais como anemia, dores de cabeça, reumatismo e uma doença semi-mágica conhecida por “panzón de borrego” (que se pode traduzir para barriga inchada) causada pela maldição de um bruxo. Existe pouca informação acerca da existência dos Mazatecas antes da chegada dos espanhóis e a primeira referência literária à utilização de folhas de uma planta numa infusão visionária surge apenas em 1939 por parte de Jean Basset Johnston quando estudava o xamanismo deste povo. Em 1945 Blas Pablo Reko recolheu amostras das folhas utilizadas em divinação mas revelaram-se inadequadas para identificação botânica. Em 1952 Robert Wietlaner descreveu uma cerimónia de cura em que se utilizava a “yerba de María”. Entre 1960 e 1962 o etnomicologista R. Gordon Wasson fez várias viagens à Sierra Mazateca durante a quais desenvolveu uma intima relação com vários Mazatecas, principalmente com a curandeira María Sabina tendo participado em cerimónias durante as quais ingeriu a planta. Durante estas viagens Wasson recolheu várias amostras mas nunca suficientes para serem identificadas. Foi apenas em 1962, quando
viajou na companhia de Albert Hoffman, que recolheu os espécimes em flor necessários à sua identificação. Estes foram enviados a Carl Epling e Carlos D. Játiva que descobriram tratar-se de uma espécie não documentada denominando-a de Salvia divinorum devido ao seu uso em divinação. Hoffman trouxe consigo amostras de uma infusão preparada por María Sabina mas não conseguiu determinar o seu principio activo. Este foi apenas isolado em 1982 por Alfredo Ortega no México que o apelidou de salvinorina. Em 1984 L. J. Valdés III e colaboradores isolaram dois diterpenóides a que chamaram divinorina A e divinorina B, contudo a divinorina A revelou-se igual à salvinorina de Ortega e os compostos foram renomeados para salvinorina A e salvinorina B como são actualmente conhecidos. Só quase 20 anos mais tarde, em 2002, é que Bryan L. Roth e colaboradores descobriram que a salvinorina A actua como agonista do receptor opióide κ desvendando o local de acção deste estranho psicadélico. Existem relatos de uso da salvia por parte dos Cuicatecas e Chinatecas, vizinhos contíguos dos Mazatecas, e também pelos Otomis. R. Gordon Wasson propôs que a S. divinorum fosse a mitológica planta conhecida por pipiltzintzintli (literalmente “o príncipe mais puro” ou “o nobre príncipe”’) descrita nos códices 7 astecas , contudo tal opinião não gerou consenso entre os etnobotanistas. Tem sido suge-
Fonte: Carl McCall, sageseeds
A salvia é usada em situações em que acham necessário viajar até um mundo sobrenatural para descobrir a verdadeira causa da doença do paciente e os passos necessários para a curar
rido que a planta foi introduzida após a conquista do novo mundo. Esta teoria é apoiada pelo facto dos Mazatecas não terem um nome indígena para a salvia: usando nomes que se referem a Maria ou pastora, enquanto que o cristianismo e as ovelhas só foram introduzidos pelos Espanhóis. Em 1975, Jonathan Ott observou que os jovens consumidores de canábis da Cidade do México costumavam também fumar folhas recém secas de S. divinorum trazidas ainda frescas da região mazateca. Esta informação foi publicada por José Luis Díaz no mesmo ano e constitui a primeira observação do consumo de folhas fumadas. Contudo a salvia só entrou na cultura psicadélica no inicio dos anos de 1990 quando Daniel Siebert e outros começaram as suas experiências. No fim da mesma década passou a estar disponível em várias lojas online e a sua visibilidade aumentou drasticamente. Em 2002 após uma onda de alarmismo despoletada pelos media a Austrália foi o primeiro país a ilegalizar a S. divinorum. Outros países e alguns estados dos EUA seguiram o exemplo ignorando as opiniões de vários académicos. Porém alguns como a Califórnia e o Canadá foram mais sensatos decidindo apenas proibir a venda a menores.
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humor
A FOLHA
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REVELAÇÕES ESPANTOSAS
Estudo sobre o consumo de cerveja
A bebida envelhece? Sim. A bebida envelhece muito depressa. Para se ter uma ideia, se deixar uma garrafa ou lata de cerveja aberta, ela perderá o seu sabor em aproximadamente quinze minutos.
A cerveja mata? Há uns anos, um rapaz, ao passar pela rua, foi atingido por uma caixa de cerveja que caiu de um camião levando-o à morte instantânea. Além disso, casos de enfarte do miocárdio em idosos teriam sido associados a publicidade a cervejas com modelos de belas mulheres. O uso continuado de álcool pode levar ao uso de drogas mais pesadas? Não. O álcool é a mais pesada das drogas, uma garrafa de cerveja pesa cerca de 900 gramas. A cerveja causa dependência psicológica? Não. 89,7% dos psicólogos e psicanalistas entrevistados preferem whiskey. As mulheres grávidas podem beber sem risco? Sim. Está provado que nas operações STOP a polícia nunca faz o teste do balão às grávidas. E se elas tiverem que fazer o teste de andar em linha recta, podem sempre atribuir o desequilíbrio ao peso da barriga. A cerveja pode diminuir os reflexos dos condutores? Não. Foi feita uma experiência com mais de 500 condutores, foi dada uma caixa de cerveja para cada um beber e, em seguida, foram colocados, um por um, diante do espelho. Em nenhum dos casos os reflexos foram alterados.
A cerveja condiciona negativamente o rendimento escolar? Não, pelo contrário. Algumas universidades estão a aumentar os lucros com a venda de cerveja nas cantinas e bares. O que faz com que a bebida chegue aos adolescentes? Inúmeras pesquisas têm vindo a ser feitas por laboratórios de renome e todas indicam, em primeiríssimo lugar, o empregado de mesa. A cerveja engorda? Não. Você é que engorda. A cerveja causa perda de memória? Que eu me lembre, não.
PROIBICIONISMO JÁ!
Sexo: o maior flagelo da humanidade
Design de uma t-shirt
Ex.mo Sr Dr Eng.º Em nome da Ong A Diferença Real venho por este meio propôr-lhe que apoie a nossa iniciativa de acabar de vez com os abusos, as torturas, as violações sexuais e claro extinguir a pedófilia. Apenas queremos propôr uma solução simples, ou seja: A Proibição do Sexo. Existem milhares de Portugueses a sofrerem por crimes, ou abusos sexuais, por isso o sexo tem que ser proibido! Claro que na primeira fase os Traficantes de Sexo lucrarão com a situação, mas ao menos não provocarão os danos que os traficantes de droga provocam, afinal em pleno século XXI o Ser Humano não irá deixar de “Exigir Sentir” Além da Realidade! Mas um Intelectual Democrata e Humanista não poderá deixar de destinguir entre: Dano e Limite, entre: 50 anos de desastre e Forçar a Irracionalidade além do Aço, porque até o aço derrete, mas 48 anos iguais é um numero que nenhum Português poderá admitir!
Por favor proíbamos o sexo como forma de acabar com os excessos sexuais! Atentamente, Jorge Roque - Encod/ Inpud/ A Diferença Real
Onde obter? NESTES ESPAÇOS ENCONTRAS A FOLHA QUANDO ELA SAI ZONA NORTE GUIMARÃES Anti Hero, R. Teixeira de Pascoais, Edif. Sa Taqueiro, 2.º piso, Quintã BRAGA Cultura Indoor, R. Nova Santa Cruz 29-A; Jardins á Maneira, R. Sto Adrião n.º 110, St.º Lazaro PAÇOS DE FERREIRA Ritual, R. Tenente Leonardo Meireles n.º 54 VIANA DO CASTELO PlantAmor, Pr. General Barbosa n.º 100, C.C. Dom Fernando GONDOMAR Skin Tattoo, R. 25 de Abril, 363, S. Cosme, C.C. Oliveiras, 1.º piso PENAFIEL GringoTattooFiel, Av. José Júlio n.º 269 PÓVOA DO VARZIM AK-47, Av. Mouzinho de Albuquerque, Galerias Euraci 2 MATOSINHOS Big Buds, R. Alfredo Cunha, n.º 115, C. C. Newark PORTO Art of Joint, R. S. Roque da Lameira, n.º 839; Cognoscitiva, R. Cedofeita, n.º 170; Casa Viva, Praça Marquês Pombal 167; Little Amsterdam, Av. Camilo 268, Bonfim; Canhamorfose, R. Miguel Bombarda 285, C.C. Bombarda; Magic Musroom, R. José Falcão, n.º 2; Pipas Bar, Ribeira; Planeta Sensi, R. Passos Manuel, n.º 219, C.C. Invictos; Porto Ink, Rua de Santa Catarina, 72 - 1.º (frente à Fnac) GAIA Art of Joint, R. Moçambique, 147, lj. 8, C. C. Liceu STA. MARIA DA FEIRA Plantarte - Loja de Cultivo, R. Comendador Sá Couto, N.º 112 - Lt. 13 AVEIRO Ink Stuff, Av. Dr. Lourenço Peixinho, 175A; Mercado Negro, R. João Mendonça, 17; Pizzarte, R. Eng.º Von Haff n.º 27; TNT Tattoo, Av. D. Lourenço Peixinho, C.C. Oita - 4.º piso VISEU Piranha Tattoo & Supplies, C.Com. S. Mateus, Loja 2 - 1.º piso, CENTRO / SUL / INSULAR COIMBRA Cognoscitiva, R. Antero de Quental, C.C. Avenida - 6.º piso; Magic Mushroom, Rua Antero de Quental n.º 242 POMBAL Funtastic, Pombal Shopping, Loja 2, R. Sta. Luzia 24 LEIRIA Cognoscitiva, R. Barão Viamonte, n.º 76 MARINHA GRANDE Or Tattoo, R. Álvaro Coelho n.º 19 VILA FRANCA DE XIRA City Bar, Trav. Espírito Santo N.º 10 LISBOA Alkimia, R. das Pedras Negras, n.º 61A; Atomic Tattoo, R. Alegria 27; Bana, Praça da Figueira, n.º 1 D; Carbono, R. Telhal, 6B; Cave, R. Luciano Cordeiro 49B; Cognoscitiva, R. Bem Postinha 19B; Dedicated, R. Glória n.º 69, Restauradores; Graver, Rua da Madalena, n.º 80 - loja D/F; Groovie Records, R. Fanqueiros 174, 1.º Esq.; Magic Mushroom, R. do Cais de Santarém, n.º 26 r/c, Alfama; Mongorhead Comics, R. Alegria n.º 32/ 34; Triparte, R. Prata n.º 88 BAIRRO ALTO Magic Mushroom, R. Luz Soriano 29 + R. Atalaia 114; Queen of Hearts Tattoo, R. Luísa Todi 12-14; Tribal Urbano, R. da Madalena 232; Waves & Woods, Trav. Queimada 36 ODIVELAS 893 Tattoos, Av. D. Dinis 68B, C.C. Oceano CARCAVELOS Bana, Estrada de Sassoeiros, Lt. 3 Dto. AMADORA Carbono, R. Elias Garcia 241, Galerias S. José - Piso 1 QUELUZ HardCore Tattoos, C.C. Queluz, Loja 1 SINTRA Bang Bang Tattoo, Av. Heliodoro Salgado 104 ALMADA Pedrada Tattoos & Supplies, Av. D. Nuno Alvares Pereira n.º 18 - r/c Esq AMORA White Dragon, R. Movimento das Forças Armadas n.º 28 COSTA DE CAPARICA Pedrada Tattoos, Av. General Humberto Delgado n.º 35 - 1.º piso MOITA Zooniverso, Largo do Mercado Municipal, Loja 1 BARREIRO Alburrica Bar, R. Almirante Reis n.º 68A; Espaço Chapelaria, Associação Cultural SETÚBAL Rebento Verde, Estr. de Palmela, 35 A (Urbisado); TattDrago, R. Paula Borba n.º 20 - 1.º PORTIMÃO Magic Mushroom, Av. Tomás Cabreira, Ed. Algarve Mor, lj. 5, B Praia Rocha ALBUFEIRA Bio Folha, Av. 12 de Julho, Quinta dos Serves Lj. 4 - Ferreiras LAGOS Cool It Tattoo, Trav. do Cotovelo 2 - Loja B; Esperança Verde, Trav. do Cotovelo 2-1; Rockstar Shop, R. Cândido dos Reis n.º 137 QUARTEIRA Downtown Tattoo, R. Vasco da Gama, loja 1A FARO Bee Nature, R. Ataíde Oliveira, C.C. Al-Gharb FUNCHAL Anatomic Tattoo, R. Ferreiros 240 PONTA DELGADA Banana Art Factory, R. Mercadores 84 ESPANHA AYAMONTE Cognoscitiva, c/ Jose Perez Barroso n.º 40 CADIZ Hypersemillas, Algeciras Guipuzkoa La Mota, c/ Portuetxe, 83, San Sebastián Madrid AMEC (Asoc. Madrileña de Estudios sobre Cannabis), c/ Salitre, 23, bajo; Houseplant Central, c/La Palma 42; Plantamania, c/ de La Hierbabuena N12; Private Cannabis Club, Rest. El Jarama, c/ Guillermo Mesa, 2, Paracuellos de Jarama MURCIA Kaya Growshops, S.L., c/ Simón García, 36; Kaya Growshops, S.L., Villanueva del Segura, Nave 5, Molina de Segura SEVILLA El Buda, Av. Andalucia 164, Estepa; NORML España, c/ Adriano, 39-9 VALÉNCIA Sweet Seeds, c/ Dr. Nicasio Benlloch n.º 36–38 GALIZA A CORUÑA Diosa Planta SL, c/Galilei, 48 OURENSE Viva Maria, c/Camino Caneiro Pontevedra Viva Maria, c/Santa Clara 3 Santiago de Compostela Viva Maria, c/Rosalia de Castro 116 Tuy Voodoo Trading - ctra. Tuy, La Guardia Vigo A.V.E. María – Asoc. Viguesa de Estudos da Maria, c/ Pizarro, 37, 5.º A; Viva Maria, Ronda de Don Bosco 50; Viva Maria, Genaro de la Fuente 58; Viva Maria, Calle Fragoso 45 Villagarcia Viva Maria, c/Cervantes 10 BRASIL Estamos nos infiltrando. Lista com alguns locais nas principais cidades brevemente. Fique atento ao nosso site, ou envie email para assinar@a-folha.com
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