A Magazine #23

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Nº23 OUTUBRO 2013

18 entrevidas

Emílio Rui Vilar

Um homem na cidade 22 inovação Lisboa, a Silicon Valley da Europa? 28 ambientes A pedalar para o trabalho

Aeroporto de Lisboa: 71 anos a refletir a cidade


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editorial PARCERIA

CAPITAL C

om a conclusão do processo de privatização, a Vinci Concessions tornou-se, em setembro de 2013, o novo acionista da ANA Aeroportos de Portugal. É um momento marcante para a empresa. Momento de mudança mas também de continuidade, já que a ANA não altera a sua missão nem os seus valores. É significativo que o número da A Magazine que coincide com esta transição seja dedicado a Lisboa e ao seu aeroporto. Entre os aeroportos geridos pela ANA, o de Lisboa teve sempre uma importância particular – não apenas por servir a capital, mas pelo seu significado estratégico para a cidade e para o país. Muito da reflexão e dos debates que precederam a privatização tiveram como tema o aeroporto de Lisboa e o melhor modelo para desempenhar a sua vocação de hub. A opção que acabou escolhida, com o abandono da ideia do novo aeroporto, contribuiu decisivamente para o valor obtido na venda da empresa. Ainda dentro dos preparativos para a privatização, o novo Contrato de Concessão, em que à ANA foi formalmente atribuído um papel na dinamização da economia e no desenvolvimento regional, tornou Lisboa um destino ainda mais competitivo e atraente. Por outro lado, o processo de privatização também permitiu aclarar a antiga questão dos “terrenos do aeroporto”, há muito pendente com a Câmara de Lisboa, que assim pôde reduzir substancialmente o seu endividamento. Todos estes desenvolvimentos vieram reforçar a estreita parceria entre a capital e o seu aeroporto, que sempre existiu ao longo dos 71 anos de existência da Portela.

Todos estes desenvolvimentos vieram reforçar a estreita parceria entre a capital e o seu aeroporto, que sempre existiu ao longo dos 71 anos de existência da Portela. O contínuo crescimento do volume de passageiros, mesmo em períodos de retração económica, é um sinal de vitalidade de ambos os pólos desta parceria. O aeroporto de Lisboa é, além disso, um dos maiores investidores e empregadores da capital, e um dos principais motores do turismo lisboeta. Lisboa e o aeroporto participam hoje numa espécie de círculo virtuoso, com cada lado a expandir a atratividade do outro. Palpitante e cosmopolita, a cidade tem um aeroporto à sua altura: confortável, moderno, com espaços comerciais sofisticados e irresistíveis, e a funcionar como mais um poderoso fator de atração da capital portuguesa.

António Ferreira de Lemos

Vice-Presidente do Conselho de Administração

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_sumário

editorial 03 em foco 06

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chegadas

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Lisboa cresceu. O aeroporto cresceu com ela

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A atividade de cruzeiros no Porto de Lisboa tem vindo a crescer gradualmente e este ano deverão alcançar-se os 560 mil passageiros. Até ao fim de 2013 avança também a construção do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa.

entrevidas 18

O MAR abre-se ao Rio

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inovação Estará Lisboa a transformar-se na Silicon Valley da Europa? Se depender da Câmara Municipal, sem dúvida. Conheça o mapa do ecossistema do empreendedorismo lisboeta, que conta já com dezenas de moradas.

insights 26

18 Um homem na cidade

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FIC HA TÉC N IC A

(e na serra)

PROPRIEDADE: ANA - Aeroportos de Portugal SA Rua D - Edifício 120 - Aeroporto de Lisboa 1700-008 Lisboa - Portugal Tel (+351) 218 413 500 - Fax: (+351) 218 404 231 amagazine@ana.pt DIRECÇÃO: Octávia Carrilho COORDENAÇÃO: Teresa do Vale Magalhães PROJECTO GRÁFICO E EDITORIAL: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas Rua Pinheiro Chagas nº17 - 4º 1050-174 Lisboa Tel 213 636 152 hamlet@hamlet.com.pt www.hamlet.com.pt REDACÇÃO: Cláudia Silveira EDIÇÃO: Cláudia Silveira e Jayme Kopke DESIGN: André Remédios e Manuel Caetano FOTOGRAFIA: Um Ponto Quatro Carlos Ramos e Paulo Andrade PUBLICIDADE: Hamlet - Comunicação de Marketing entre Empresas Rua Pinheiro Chagas nº17 - 4º 1050-174 Lisboa Tel 213 636 152 IMPRESSÃO: Projecção, Arte Grafica S.A. Parque Industrial da Abrunheira - Qta. Levi, 1 2710-089 Sintra PERIODICIDADE: Trimestral TIRAGEM: 7500 exemplares DEPÓSITO LEGAL: 273250/08 ISSN: 1646-9097

ambientes É um pelotão que está a crescer. Falamos dos que já usam a bicicleta para se deslocar diariamente para o trabalho. A ANA foi uma das mais de 80 empresas que participaram na iniciativa “De Bicicleta para o Trabalho”.

follow me 34 partidas 38

DC-3 Dakota - 1º avião da TAP

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lifestyle A FNAC, o Starbucks e a Victoria’s Secret são alguns dos ocupantes da nova Praça Lisboa, que quase duplicou a oferta comercial do Aeroporto de Lisboa. São mais de 20 lojas reservadas aos passageiros com cartão de embarque.

aldeia global 46 passageiro frequente 50 4


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LISBOA CRESCEU. O AEROPORTO CRESCEU COM ELA

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Quando o Aeroporto de Lisboa começou a funcionar, a cidade acabava no Areeiro e no Campo Grande. Nesse tempo o aeroporto fazia meia dúzia de voos, hoje faz perto de 500, para mais de 100 destinos. No mês em que o aeroporto entra nos seus 71 anos e se aproxima dos 16 milhões de passageiros por ano, fazemos uma retrospetiva, década a década, dos seus principais desenvolvimentos, sem esquecer o que estava a acontecer na cidade, que hoje abraça o aeroporto.


_em foco

S

em surpresa, Lisboa foi mais uma vez eleita como o melhor destino para estadias de curta duração na Europa – os famosos “short breaks” – no World Travel Awards 2013. Dizemos sem surpresa porque é a terceira vez em 5 anos que a capital portuguesa vence esta votação, que decorre online e onde participam milhares de profissionais de turismo e viagens de diversas partes do mundo. Um mês antes, o Aeroporto de Lisboa inaugurava novas áreas operacionais e comercias que quase duplicaram a área útil do aeroporto. Esta expansão representa a fase final do Plano de Expansão iniciado em 2006 e que tem permitido ao aeroporto crescer ano após ano. Acreditamos que uma notícia não seria possível sem a outra. E vice-versa. Esta história de simbiose entre a cidade e o seu aeroporto começou lá atrás, nos anos 40 do século passado, quando o governo português entendeu que, enquanto capital mais ocidental da Europa, Lisboa era o terminal ideal das ligações transatlânticas. Com o intuito de transformar a cidade numa grande plataforma para voos internacionais foram projetados dois aeroportos:

um marítimo, para os hidroaviões que nos anos 1930 faziam os voos entre a Europa e a América; outro terrestre, para aviões convencionais que levavam os passageiros aos seus destinos na Europa. Havia outra grande razão que justificava a construção destas infraestruturas: em 1940 iria realizar-se em Lisboa a grande Exposição do Mundo Português, que deveria atrair à capital muitos voos com turistas estrangeiros. O evento fez-se e conduziu a uma completa renovação da zona ocidental de Lisboa, sendo a obra mais significativa a construção da Praça do Império, em frente aos Jerónimos (onde antes existia a praia do Restelo), mas o início da Segunda Guerra Mundial acabou por ser um entrave à vinda de turistas estrangeiros. Os aeroportos, no entanto, avançaram. As obras começaram em 1938 e terminaram em 1940. Como aeroporto terrestre construiu-se o da Portela, que assim ficou conhecido por causa da quinta com esse nome que ali existia. O aeroporto marítimo era o de Cabo Ruivo, à beira do Tejo e a cerca de 3 km do primeiro. Para uma ligação rápida de automóvel entre os dois foi feita a Avenida Entre-os-Aeroportos, que é hoje a Avenida de Berlim. Com o fim dos voos regulares por hidroavião, o Aeroporto de Cabo Ruivo (onde é hoje a Doca dos Olivais, no Parque das Nações), foi desativado. Ficou o da Portela, cujas sucessivas ampliações e renovações lhe deram um carácter particular: o de um aeroporto em perpétua construção.

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_em foco No primeiro ano de atividade o aeroporto registou 334 movimentos e 2863 passageiros. Em setembro de 1946 inaugura-se a primeira linha da TAP: Lisboa – Madrid. No fim da década decorrem trabalhos de ampliação da pista, aerogare, plataforma, estacionamento e caminhos de circulação. Foi a primeira das muitas renovações ao longo dos seus 71 anos de vida.

DÉCADA DE 50

DÉCADA DE 40 Ainda com obras por completar o Aeroporto de Lisboa abriu ao tráfego a 15 de outubro de 1942, em plena guerra na Europa. As pistas e plataformas estavam prontas mas faltavam equipamentos, que demoraram a chegar dos EUA devido à situação internacional. Foram anos pontuados por peripécias e alguns sustos. A presença da guerra era constante e era vulgar juntarem-se na plataforma aviões de guerra ou civis de países beligerantes. A localização do Aeroporto de Lisboa era importante para os Aliados e por aqui passavam aviões em direção ao Cairo, norte de África e União Soviética. Em 1943 esses voos chegavam aos 20 por dia. Lisboa vivia um ambiente cosmopolita nunca antes visto. As esplanadas estavam cheias de refugiados, artistas, espiões, políticos, jornalistas e membros da realeza, que enchiam também os hotéis, enquanto as manobras diplomáticas enchiam as revistas de propaganda. Por ser um ponto neutro numa Europa em guerra, Lisboa foi um refúgio e uma via de fuga do Velho Continente para muita gente.

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O aeroporto suscita curiosidade aos lisboetas e torna-se de “bom-tom” dar uma volta por ali. Sobretudo aos domingos à tarde, as pessoas juntam-se junto aos gradeamentos da aerogare para ver o movimento das partidas e chegadas e os ilustres que viajam. Era um ambiente com o seu quê de bucólico: basta dizer que onde hoje está a Segunda Circular naqueles anos pastavam ovelhas. Nesta segunda década melhoram-se as condições de funcionamento com material de ajudas rádio, sinalização luminosa, controlo de tráfego aéreo, parque automóvel, serviços de manutenção e incêndio. Já no fim da década preparam-se novas obras para permitir a utilização do aeroporto pelos grandes aviões a jato que viriam revolucionar o transporte aéreo. Uma nova era começava. No final da década surgiu outra atração que deslumbrou os lisboetas: o metro começou a circular. Aproveitando a ajuda do Plano Marshall (um auxílio dos EUA a diversos países após a II Guerra Mundial) os trabalhos de construção de uma rede de comboio subterrâneo começaram em 1955 e a 29 dezembro de 1959 fez-se a viagem inaugural. A “rede” limitava-se a um Y ligando os Restauradores ao Marquês de Pombal e dali partindo linhas para Entrecampos e Sete Rios.

DÉCADA DE 60 Com pistas aumentadas e novos equipamentos, o Aeroporto de Lisboa entrou na era do jato com um Caravelle da Air France, vindo de Paris. Depois, jatos de outras companhias passaram a usar a escala lisboeta a caminho da América. Prosseguem trabalhos de alargamento da aerogare, construção da nova torre de controlo e do centro de controlo de tráfego aéreo. Em janeiro de 1968, com os trabalhos de ampliação bem encaminhados, o Diário de Notícias refere já a possibilidade da transferência do Aeroporto de Lisboa para outro local. E em 1969 é criado o Gabinete do Novo Aeroporto de Lisboa.


A era do jato chegou a Lisboa com um Caravelle da Air France proveniente de Paris. Em baixo, a evolução da pista ao longo dos anos.

A aviação comercial estava em franca expansão graças à capacidade de transporte cada vez maior do jato e ao alargamento constante das rotas e destinos. Lisboa trabalha para acomodar mais passageiros e aviões cada vez maiores. Para se ter uma ideia do crescimento; em 10 anos, o número de passageiros passou de 200 mil em 1957 para 1,5 milhões em 1968. É na década de 60 que Lisboa inicia um trajeto de crescimento negativo (interrompido excecionalmente na década de 70 com a chegada dos “retornados”), que, no entanto, não teve iguais repercussões em toda a capital: se nas zonas mais antigas e centrais se assiste então a um

1942

1962

1967

1992

decréscimo da população, nos limites da cidade, dos Olivais a Benfica, passando pelo Lumiar, nascem novas urbanizações. Segundo dados da Câmara Municipal, Lisboa perdeu 400 mil habitantes em quatro décadas.

MAIS E MELHOR ÁREA COMERCIAL Com a última expansão do Aeroporto de Lisboa abriram 20 novas lojas na luminosa Praça Lisboa, com cerca de 2 000 m². O alargamento levou à criação de mais de 100 novos postos de trabalho e a um volume de vendas estimado de 15 milhões de euros por ano. O que, para Carlos Gutierres, diretor dos negócios comerciais não-aviação, “na conjuntura económica em que vivemos, é bastante positivo”. A ampliação da área de retalho do aeroporto responde às tendências de mercado e às alterações do perfil de consumidor, além de colmatar o défice de área comercial face aos aeroportos europeus da mesma dimensão. Cada vez mais, explica Carlos Gutierres, os aeroportos ajustam-se aos passageiros com produtos, lojas e serviços adaptados aos diferentes perfis, nacionalidades e destinos. Diversidade e flexibilidade são indispensáveis.

“O uso dos aeroportos é cada vez mais massificado: enquanto os passageiros frequentes são ‘nómadas globais’ cuja atenção é mais difícil de capturar, as novas gerações estão mais atentas a novidades. Responder às diversas motivações de compra no aeroporto exige uma oferta diferenciadora, incluindo marcas exclusivas. E na nova área há novidades como a primeira loja da Victoria’s Secret na Península Ibérica, um Starbucks e um espaço FNAC. “Em todo o processo de seleção de marcas associado à expansão da área comercial quisemos posicionar o aeroporto como um local de referência, com oferta premium, exclusiva e diversificada, capaz de fazer os passageiros virem mais cedo e assim dinamizar o consumo”, diz. A ampliação da área comercial (inserida no plano de expansão iniciado há 6 anos) foi faseada. Em 2008 ampliou-se a restauração; em 2009 a oferta da área não-Schengen; em 2012 introduziram-se marcas de luxo e o inovador formato de walkthrough nas Duty Free Store; também em 2012, a ANA Aeroportos de Portugal criou a loja Portfolio para promover marcas, produtos e experiências que representam o melhor de Portugal.

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_em foco DÉCADA DE 70 As previsões apontavam para 3 milhões de passageiros em 1973, o que implicava a continuação dos trabalhos de transformação das estruturas de receção e apoio aos passageiros. O primeiro 747 Jumbo Jet aterrou em Lisboa em fevereiro de 1970 e a TAP recebeu os dois primeiros da sua frota em 1972. Esta foi também a década em que a questão da segurança se começou a colocar de forma mais insistente com o aumento de assaltos e desvios de aviões. A primeira companhia a trazer para Lisboa preocupações de segurança foi a TWA, que em meados da década instalou no aeroporto o primeiro sistema de deteção de objetos perigosos nos passageiros. Às 4h da madrugada de 25 de abril de 1974 uma coluna da Escola Prática de Infantaria ocupou as instalações do aeroporto e todo o tráfego foi interrompido (só foi restabelecido 3 dias mais tarde). Nos dias seguintes numerosos exilados políticos cruzavam-se no aeroporto com os dirigentes do regime deposto, que saíam do país. Mas o grande movimento deu-se no ano seguinte com a chegada de milhares de pessoas vindas das ex-colónias portuguesas. Uma enorme “ponte aérea” – com aviões portugueses, americanos, franceses, alemães e russos – foi lançada para trazer os cidadãos portugueses de Angola e Moçambique. Centenas de “retornados” aguardaram durante dias e semanas, acampados no aeroporto, a chegada das suas bagagens. As previsões saíram furadas e em 1975 não se tinham atingido ainda os 3 milhões de passageiros. As razões apontadas eram “a instabilidade económica no mundo e sobretudo na Europa e o período de insegurança que se vivia em Portugal”. O “choque petrolífero” do início da década, mais a perda dos mercados africanos, acentuaram a tendência regressiva.

Nos últimos 70 anos Lisboa passou de uma bucólica cidade periférica para uma das capitais europeias mais procuradas pelos turistas. O aeroporto acompanhou a par e passo esse crescimento: este ano deverá alcançar 16 milhões de passageiros.

DÉCADA DE 80 Renovações e mais expansões marcam a década. Em 1985 a adesão à Comunidade Económica Europeia traz novas perspetivas para o transporte aéreo e 40% do tráfego passa a destinar-se a países da comunidade. Em 1987 atingem-se 4,2 milhões de passageiros e continuam as obras para se alcançarem os 8 milhões em 2000.

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Na cidade, o Bairro Alto emerge como lugar de boémia e cultura com inúmeros bares, e restaurantes, a par das casas de fado e paredes meias com vários jornais, que ali tinham a redação. Na madrugada de 25 de agosto de 1988 deflagrou no Chiado um incêndio que deixou 18 prédios destruídos, 2 mil desempregados, dezenas de feridos e desalojados e uma imensa mancha negra no centro da cidade. 25 anos depois, o bairro – que naquele final dos anos 80 se vira preterido pelo então novíssimo Centro Comercial Amoreiras – renasceu e devolveu à zona o papel de montra da capital.


DÉCADA DE 90 Os 90 foram anos férteis em grandes eventos. Em 1992 inaugurava-se, após anos de polémica acerca da sua localização, o Centro Cultural de Belém, concebido originalmente para acolher a sede da presidência portuguesa da Comunidade Europeia e posteriormente para desenvolver atividade cultural. Em 1994 abre a Culturgest, o “braço cultural” da Caixa Geral de Depósitos e, no mesmo ano, Lisboa é Capital Europeia da Cultura. Para os lados da Portela é apresentado o Projeto ALS 2000, a atualização do Plano Diretor do aeroporto tendo em vista a realização da Exposição Mundial de 1998 em Lisboa. Este foi, de todos, o acontecimento mais marcante da década, pelo impacto que teve na cidade. A zona escolhida, o limite oriental da capital junto ao rio Tejo, que acolhia então a principal lixeira da cidade, sofreu uma profunda metamorfose com a construção de diversos edifícios de arquitetura moderna que permanecem ao serviço dos habitantes e visitantes integrados no posteriormente batizado Parque das Nações.

A Expo 98 atraiu cerca de 11 milhões de visitantes e foi considerada pelo BIE (o organismo internacional que elege as cidades a receberem as exposições) como a melhor Exposição Mundial de sempre. 1998 é também o ano em que se inaugura a Ponte Vasco da Gama e em que, segundo dados do Airport Council International, o Aeroporto de Lisboa cresceu em tráfego de passageiros à frente de todos os aeroportos do mundo, com uma taxa de 16,8%. A liberalização do tráfego aéreo, a redução de tarifas e o clima económico favorável foram as razões apontadas para o crescimento.

DÉCADA DE 2000 A primeira década do novo milénio foi marcada por greves: do SEF, da TAP, dos arrumadores de carrinhos de bagagem, dos controladores de tráfego aéreo, do handler. A década assiste também a um reforço da segurança na sequência do 11 de setembro e entram em vigor restrições na bagagem de mão. Continuam as obras de expansão e abrem novas áreas comerciais. Durante o Campeonato Europeu de Futebol de 2004 cerca de um milhão de turistas visitou Portugal. O Aeroporto de Lisboa registou recordes de movimentos diários como a 5 de julho, o dia da final, em que se registaram 509 movimentos. Foi depois do Euro 2004 que se começou a delinear na Portela o esboço de um hub, em que o aeroporto deixa de funcionar apenas para voos ponto a ponto (em que não há escala) para se tornar numa plataforma giratória. A saída da Varig de Lisboa abre uma oportunidade que a TAP aproveitou, traçando uma estratégia de transferências. Esta mudança de paradigma trouxe alguns problemas ao aeroporto e à companhia no processamento de bagagem e na pontualidade dos voos. Em novembro de 2006 é apresentado o Plano de Expansão do Aeroporto de Lisboa, que deveria ampliar a Portela até à entrada em funcionamento do novo aeroporto, prevista para 2017. No verão de 2007 inaugura-se a primeira obra do plano de expansão: o T2, destinado apenas a partidas de voos domésticos. O anúncio governamental da construção do novo aeroporto na margem sul não abranda a renovação e melhoramento da capacidade do Aeroporto de Lisboa, cuja vida útil se perspetiva para a segunda década do século XXI.

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_em foco

“O NOVO AEROPORTO DE LISBOA”

Apesar de terem chegado a Portugal na década anterior (Air Berlin e Ryanair em 1995), as low cost só descolaram realmente nos anos 2000. Lisboa torna-se um destino apetecível e começam a surgir alojamentos alternativos, como hostels. Desde 2008 que Lisboa está representada no top dos dez melhores hostels mundiais.

DÉCADA DE 2010 Em 2005 iniciara-se na ANA um período de profunda renovação – tendo como horizonte a privatização – marcado por um ser viço mais apurado tanto às companhias aéreas como ao passageiro. O crescimento da cidade para cima do aeroporto nas últimas décadas – com a 2ª Circular literalmente a abraçá-lo – trouxe problemas de acessibilidade que a chegada do metro, no ano passado, veio atenuar. Em 27 de Dezembro 2012 a empresa francesa Vinci foi declarada vencedora do concorrido processo de privatização da ANA, tendo oferecido 3.080 milhões de euros pela empresa. A venda só ficou concluída em setembro de 2013. O Plano de Expansão tem o seu ponto alto com a abertura, em julho de 2013, de um conjunto de novas áreas, operacionais e comerciais, que quase duplicam a área útil do aeroporto. A capital portuguesa está definitivamente na moda. A cidade esforça-se por ir ao encontro das expectativas e em março de 2013 abre uma nova frente ribeirinha aos habitantes e visitantes: a requalificação da avenida da Ribeira das Naus, entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, permite desfrutar de uma área antes desarrumada e escondida dos olhares.

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Já lhe chamaram “o novo terminal internacional e de transferência de passageiros” e o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, referiu-se mesmo “ao novo aeroporto de Lisboa”, rejeitando a necessidade de um novo aeroporto a curto prazo. A mais recente expansão da Portela (inaugurada em julho) contempla novas áreas de controlo de passaportes para chegadas e partidas, área de rastreio de segurança para passageiros em transferência, mais portas de desembarque para passageiros oriundos de aeronaves estacionadas em posições de estacionamento remotas e uma ampliação da sala de recolha de bagagem e do sistema de tratamento de bagagem de partidas, chegadas e transferências. Para João Nunes, diretor do aeroporto, esta é uma “obra determinante na criação de condições para o aumento de capacidade e serviço ao passageiro”. As obras e melhorias apontam todas num sentido: as transferências, seguindo o modelo de hub que se começou a configurar em Lisboa a partir de 2006, com a receção pela manhã dos voos intercontinentais da TAP e a distribuição dos passageiros pela Europa. O novo espaço é impressionante e a pergunta que lhe fazem mais vezes é “onde estava aquele espaço?”. “Era um espaço anteriormente ocupado pelo terminal de carga e pela área dos combustíveis. A relocação desses serviços, dentro do Plano de Expansão, já aconteceu há alguns anos e a expansão natural deste terminal seria para aquela zona” Até ao fim do ano serão terminadas outras intervenções – como a dos transportadores de bagagem – que, diz João Nunes, “vão dar o equilíbrio necessário para aumentar a nossa capacidade global. Brevemente passaremos de 38 para 40 movimentos/hora”. O crescimento global do Aeroporto de Lisboa cifra-se atualmente na ordem dos 4.5%, o que, nota, “é das melhores performances a nível europeu no nosso segmento”. Em 2012 o número de passageiros foi de 15.3 milhões e João Nunes acredita que este ano se vá aproximar dos 16 milhões. Quanto à longevidade do aeroporto, afirma que “depende muito do que for o ritmo de crescimento. Se continuarmos a crescer conforme o projetado – e temos seguido nessa linha –, entre os 18 e 20 milhões entramos numa fase de serviços aceitáveis e a partir dos 20 milhões de passageiros por ano vamos começar a degradar serviço. Não quer dizer que não consigamos processar passageiros, mas os atrasos vão começar a ser maiores, vamos ter mais dificuldade em ter portas de embarque a horas, se houver um atraso gera um atraso em cadeia”. Há consciência de que esses são os números a partir dos quais, se não se fizer nada, vão surgir problemas. “Mas ainda é possível fazer mais algumas coisas”.


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_chegadas

O movimento de cruzeiros no Porto de Lisboa tem vindo a crescer de forma gradual e este ano são esperados, até ao fim do ano, 355 escalas e um total de 560 mil passageiros. O clima, a população e a facilidade em chegar ao centro da cidade estão entre os principais motivos que levam os turistas a desembarcar em Lisboa.

S

ituado nas margens do amplo estuário do Tejo, o porto de Lisboa tem já uma longa tradição no mercado dos cruzeiros. A localização geográfica privilegiada tornou Lisboa num importante porto de escala para as viagens transatlânticas, para os cruzeiros entre a Costa Atlântica e o resto da Europa, o Mediterrâneo ocidental e o Norte da Europa e as ilhas Atlânticas e o Norte de África. Com um canal de acesso com 15,5 metros de profundidade e mais de 1 500 metros de cais acostáveis com fundos entre os -8 e os -10 m, Lisboa é há muito porto de abrigo para os cruzeiros. Na realidade, o porto de Lisboa recebe todo o tipo de navios, desde o mais pequeno até ao maior do mundo, que trazem anualmente mais de 400 mil passageiros.

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LIS PRÓXIMA ESCALA:


SBOA O MSC Opera esteve em Lisboa em agosto. Com interiores em madeira, pisos de mármore e janelas panorâmicas, é um dos muitos navios de cruzeiro de luxo que aportam em Lisboa várias vezes por ano.

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cais de Santa Apolónia

cais de Alcântara

Além das magníficas condições naturais, o navio que aporta em Lisboa tem à disposição dois terminais de passageiros, dotados com os mais modernos equipamentos de segurança e uma oferta variada de serviços, localizados no centro da cidade. Os cais de Alcântara e de Santa Apolónia estão situados junto ao centro histórico e cultural da cidade, o que proporciona aos visitantes acesso fácil e rápido aos locais de maior interesse turístico. Além destes, existe ainda o cais do Jardim do Tabaco, uma nova infraestrutura que também recebe navios de cruzeiro.

NOVO TERMINAL DE CRUZEIROS A APL recebeu três candidaturas para a construção e exploração do novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa, entre Santa Apolónia e o Jardim do Tabaco. Creuers del Port de Barcelona SA, Global Ports Holding e SETH – Sociedade de Empreitadas e Trabalhos Hidráulicos SA, foram as empresas que mostraram interesse no concurso. Os candidatos que cumpram os requisitos para a participação no concurso serão convidados a apresentar propostas, estando prevista a adjudicação até ao final do ano. A concessão do terminal representa um investimento privado de 20 milhões de euros e deverá permitir um crescimento sustentado deste tipo de turismo. Entre os critérios para a adjudicação estão o cumprimento do tráfego mínimo de 550 mil passageiros por ano, o melhor valor da taxa de passageiros e o prazo da concessão.

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cais do Jardim do Tabaco

A presença de sete navios em simultâneo no Porto de Lisboa não é inédita, sobretudo em abril, mês que marca o início da época de cruzeiros pelo Mediterrâneo e o reposicionamento dos navios do Mediterrâneo e Norte da Europa. Abril foi o mês mais movimentado do ano, com 55 escalas de cruzeiro, mais 41% do que em igual período do ano passado, segundo dados da APL. No dia 17, no total, o Porto de Lisboa acolheu sete navios de cruzeiro, que transportaram cerca de 8500 turistas: em Santa Apolónia atracaram o Boudicca, Star Clipper e Costa Fortuna; o cais do Jardim do Tabaco recebeu o Oriana; o terminal de cruzeiros da Rocha Conde de Óbidos recebeu o Sea Cloud e o navio The World; em Alcântara esteve, pela primeira vez, o gigante Liberty of the Seas – um dos maiores do mundo –, numa viagem transatlântica com início em Fort Lauderdale, nos EUA, e fim em Barcelona. Mas a presença de sete navios em simultâneo no Porto de Lisboa não é inédita, sobretudo em abril, mês que marca o início da época de cruzeiros pelo Mediterrâneo e o reposicionamento dos navios do Mediterrâneo e Norte da Europa. A tendência de crescimento já se vem verificando desde o início do ano: entre janeiro e março registaram-se mais 9% de escalas em Lisboa do que no período homólogo de 2012. De acordo com a Administração do Porto de Lisboa (APL), este aumento confirma a tendência verificada nos últimos anos para a antecipação da época para o primeiro trimestre, com o consequente esbatimento da sazonalidade da atividade. Este ano a APL prevê mesmo bater recordes: são esperadas, durante todo o ano de 2013, 355 escalas e 560 mil passageiros.

_chegadas BRITÂNICOS, MÉDIA DE 51 ANOS, CASADOS E SEM FILHOS Têm em média 51 anos, são britânicos, casados e não têm filhos. Este é o perfil médio dos turistas que chegam a Lisboa em cruzeiros, mostrou um estudo divulgado pelo Observatório do Turismo de Lisboa, que indicou ainda que o gasto médio durante o tempo passado na cidade é de 118 euros. Desembarcam na capital atraídos pelo clima, pela população e pela facilidade em chegar ao centro da cidade e passam em média 9 horas fora do navio. O estudo revelou que a capital portuguesa está nas boas graças dos turistas internacionais, que posicionam Lisboa no top 10 de destinos a visitar. O grau de satisfação médio com a visita é de 8,3, numa escala de 10. Numa amostra de quase mil passageiros, 55% afirmaram que a cidade superou as suas expectativas. Segundo o estudo, os turistas são profissionalmente ativos e têm formação universitária. Gastam sobretudo em museus e outras atrações, em compras – sobretudo vinhos, pastelaria e artesanato –, em alimentação e transportes. O inquérito revela ainda que 45% dos entrevistados optam por conhecer a cidade pelos seus próprios meios e preferem as zonas da Baixa-Chiado, Belém, Bairro Alto e Cais do Sodré. As excursões com guia são geralmente adquiridas a bordo do navio. A internet é o local privilegiado pelos inquiridos para pesquisar informação sobre Lisboa. Os restantes aproveitam a informação disponibilizada a bordo e são influenciados por opiniões de amigos ou familiares que já visitaram a cidade. A probabilidade de voltarem a visitar a capital portuguesa por outros meios é muito elevada (86%). Por outro lado, 59% dos entrevistados admitem voltar num novo cruzeiro. Quase todos – 97% – recomendam o destino como ponto de passagem de cruzeiros. Em comunicado, o Turismo de Lisboa revelou ainda que os fatores mais importantes na escolha do cruzeiro foram o conjunto de cidades incluído no percurso e a possibilidade de descanso a bordo. A inclusão de Lisboa no percurso da viagem surge como a terceira condicionante mais importante, com 20% dos entrevistados a dizerem que provavelmente não teriam embarcado caso Lisboa não estivesse incluída – 3,4% das pessoas dizem mesmo que não teriam realizado o cruzeiro. O inquérito foi realizado em parceria com a Administração do Porto de Lisboa. Foram entrevistadas 996 pessoas que chegaram a Lisboa em 43 navios, entre maio e novembro de 2012.

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_entrevidas

UM HOMEM

NA CIDADE (E NA SERRA)

Com funções desempenhadas na política, na banca e importantes cargos na cultura, Emílio Rui Vilar regressou recentemente à advocacia. No mês em que se assinalam os 20 anos da Culturgest, instituição que criou, o ex-presidente da Fundação Gulbenkian diz o que está bem e o que está mal em Lisboa e partilha a sua paixão por jardins. Enquanto presidente da CGD, Rui Vilar criou a Culturgest, uma da mais importantes instituições culturais da cidade, que este mês faz 20 anos.

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Q

uando Emílio Rui Vilar assumiu a presidência da Caixa Geral de Depósitos (CGD), em 1989, estava a meio a construção da nova sede do banco, junto ao Campo Pequeno, em Lisboa. Era, na altura, o maior edifício comercial na Europa e uma das preocupações do novo presidente foi, desde logo, reduzir o impacto daquele imenso edifício na cidade. Hoje, numa também imensa sala de reuniões da PLMJ, um dos maiores escritórios de advocacia portugueses, para onde entrou há cerca de um ano como advogado consultor, recorda que depois de conseguir reduzir 14 500 m2 de construção – e criar uma rua, no topo nascente, e um jardim, do lado poente – pôs-se a pensar “como seria possível tornar aquele edifício mais amável?”. Como havia áreas no edifício que não tinham uma afetação muito clara, pensou que se poderia dar à cidade novos espaços culturais, sobretudo dirigidos a um público que não era tradicionalmente o público cliente da Caixa: os jovens e universitários. Foi assim, em conjunto com uma ação de marketing


e muitos protocolos celebrados com as Lisboa não é a sua cidade natal, mas é a cidade que instituições de ensino superior, que nasceu a escolheu para viver e para trabalhar e onde gosta Culturgest, que este mês celebra 20 anos. de estar. Quanto à cultura, sempre esteve presente, A Culturgest, que Rui Vilar recorda como a começar na casa familiar, no Porto. “uma aventura feliz”, foi uma experiência de gestão cultural inédita em Portugal, assente Lisboa não é a sua cidade natal, mas é a cidade que escolheu para viver numa programação de vanguarda e fora dos e para trabalhar e onde gosta de estar. Quanto à cultura, sempre esteve cânones das outras instituições culturais de Lisboa. presente, a começar na casa familiar, no Porto. A mãe tinha o curso do “Isso conseguiu realmente atrair público e hoje eu Conservatório e ele, quando andava no Liceu, ia muitas vezes ouvir as penso que há um tropismo para a Culturgest muito audições no Conservatório de Música do Porto e assistir aos concertos da definido e muito característico”. Orquestra Sinfónica do Porto. Hoje com 74 anos, Rui Vilar já teve cargos de relevo Mais tarde, em Coimbra, onde se licenciou em Direito, foi fundador em 1958 na política – Ministro dos Transportes e Comunicações do Círculo de Artes Plásticas, que ainda existe, e presidente do CITAC (Círculo do 1º Governo Constitucional, Vice-Governador do de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra), o grupo de teatro considerado de Banco de Portugal –, na banca – Banco Português do vanguarda, por oposição ao TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Atlântico, Banco Espírito Santo, CGD – e em institutos Coimbra), que fazia o teatro clássico. “No meu ano tive como encenador o Luís públicos e privados. Nesse longo e variado currículo há de Lima, um grande mimo que trabalhou com o Marcel Marceau e que deu um uma visível predominância de cargos e funções ligados grande impulso de renovação ao teatro universitário naquela altura”, recorda. Fez um à cultura. Isso mesmo foi destacado por António Costa, pequeno papel, traduziu uma peça, foi assistente da encenação e até começou por presidente da CML quando em junho passado lhe fazer uma coisa inesperada: ajudar na caracterização das personagens da peça entregou a Medalha Municipal de Mérito Grau Ouro, “Dulcineia, ou a última aventura de D. Quixote”, que eram muitas. pelo “contributo notável que deu à cidade”.

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_entrevidas Depois, “as coisas acabaram por acontecer”, diz. Aconteceu estar para deixar Bruxelas, após 3 anos e meio como diretor-geral na Comissão das Comunidades Europeias, e Portugal ter sido aceite para fazer a Europália 91. Aceitou o convite para ser o Comissário Geral português da que foi, até agora, uma das maiores mostras da cultura portuguesa. Durante três meses mais de 1 700 milhões de pessoas assistiram às exposições, concertos, acontecimentos literários, ópera, cinema, teatro, festa de rua e outros eventos que tiveram lugar em várias cidades da Bélgica e do Luxemburgo. Eduardo Prado Coelho, que foi o comissário da área da literatura e do teatro, escreveu que Rui Vilar dirigia as reuniões “com mão de ferro”. Embora ache que tenha sido uma “força de expressão”, reconhece que o seu lado de gestor foi fundamental para que tudo tenha decorrido sem qualquer atraso. Teatro Nacional S. Carlos, Serralves, Porto 2001 são outras instituições ou eventos culturais a que esteve ligado. Além claro, da Fundação Calouste Gulbenkian, que presidiu por 10 anos (saiu no ano passado) e administrou por outros 6. Para Rui Vilar – que diz ter sido um enorme privilégio liderar uma instituição com as virtualidades da Fundação Gulbenkian –, o papel de alta relevância da Fundação, enquanto grande instituição de filantropia europeia, ganhou ainda mais relevo nos últimos anos. “Num

Esteve à frente da Fundação Gulbenkian por 10 anos, como presidente, e outros 6, como administrador.

A ligação ao rio é, para Rui Vilar, um dos aspetos mais positivos no recente desenvolvimento da cidade.

isso, confessa-se frequentador pouco assíduo da Culturgest, embora vá bastante aos concertos da Fundação Gulbenkian. O que também o faz sair de casa é o teatro, mas é muito seletivo. “O teatro é uma convenção e quando a convenção não acontece, o teatro não funciona, e eu, que gosto muito de teatro, sofro imenso quando é assim. Claro que há doutrinas que dizem que deve haver sempre a marca de que o teatro é representação mas eu acho que o teatro deve ser também encantamento e quando isso não acontece, não acontece aquilo que eu acho que é o teatro”.

Se há aspeto em que a cidade tem ganho em relação à Lisboa dos anos 60 é na ligação com o rio. A começar no território da Expo – que Rui Vilar considera um grande sucesso em termos urbanísticos (embora gostasse de um pouco menos de densidade de construção) – e mais recentemente a reconstrução simbólica da Doca da Ribeira das Naus. período de grande incerteza e dificuldade como é este que nós estamos a experimentar, mais do que nunca a sociedade civil precisa de instituições que sejam capazes não só de criar pensamento como, através de ações inovadoras, abrir novas hipóteses de trabalho e contribuir para contrabalançar o negativismo que inevitavelmente a incerteza traz e a retração do Estado que a crise financeira implicou”. A nível pessoal, destaca ainda a experiência de dimensão internacional por ter sido presidente, durante três anos, da Associação Europeia de Fundações (o European Foundation Centre). Seja em termos de diversidade, de qualidade ou de quantidade da oferta cultural, considera que Lisboa ombreia perfeitamente com outras capitais europeias. Como o tempo não chega para tudo (entre ler e escrever), é preciso selecionar e, por

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Sair para passear, apenas para olhar a cidade e os monumentos, é uma coisa que também gosta de fazer. Tem a sorte de, desde logo, desfrutar a partir de casa, na Praça das Águas Livres, de uma vista de 180º que abrange todo o grande anfiteatro de Lisboa. Além da Baixa, da Avenida da Liberdade, da beira-rio, gosta das pequenas ilhas, como o Jardim da Estrela ou o parque da Gulbenkian, e de ser surpreendido. “Lisboa é uma cidade onde há sempre coisas para descobrir”. Se há aspeto em que a cidade tem ganho em relação à Lisboa dos anos 60 é na ligação com o rio. A começar no território da Expo – que Rui Vilar considera um grande sucesso em termos urbanísticos (embora gostasse de um pouco menos de densidade de construção) – e mais recentemente a reconstrução simbólica da Doca da Ribeira das Naus. “Junto com a reabilitação do Terreiro do Paço, que também é um belo sucesso, acho que vai valorizar imenso todo aquele conjunto. Espero que seja bem preservada a Estação Sul e Sueste, que é um exemplo de arquitetura modernista”.


Pelo contributo que deu à cidade recebeu em junho a Medalha Municipal de Mérito Grau Ouro.

Jardineiro nos tempos livres, Rui Vilar é um apaixonado por jardins, como os de Quioto, no Japão.

Do lado dos problemas aponta a opção pela construção de parques de estacionamento no coração da cidade, que atraiu inevitavelmente muito trânsito e tem dificultado o equilíbrio entre as zonas que devem ser essencialmente pedonais e a invasão do automóvel. A conservação dos passeios em calçada de calcário e basalto, que são uma imagem de marca da cidade, é também um aspeto que, na sua opinião, deveria merecer mais atenção, assim como os jardins. “Faz-me pena que se plantem árvores e depois não sejam devidamente regadas e que muitas morram porque não há o cuidado suficiente”. Este é um tema a que é particularmente sensível ou não fosse um dedicado jardineiro, amigo das plantas e conhecedor da terminologia latina das espécies. Na casa que tem em Sintra, em frente à serra, em Galamares, chamou o amigo escritor e arquiteto paisagista Júlio Moreira para fazer a modelação do terreno, mas a construção do jardim, a que se dedica quase todos os fins-de-semana, é da autoria da família. “A primeira limitação é a natureza do solo porque é um solo básico e, por exemplo, coisas de que eu gostaria muito, como rododendros ou magnólias, não se dão, mas dão-se muitas outras espécies e temos conseguido adaptar algumas que seriam típicas de solos ácidos, como os liquidâmbares, que se estão a dar razoavelmente bem”. Na última edição da revista Jardins acedeu ao pedido de escrever sobre o seu jardim preferido mas, ao invés de escolher apenas um, optou por apresentar um “Guia para um Jardim Imaginário”, um mosaico de ideias, recordações e experiências, reais e virtuais, que vão desde o jardim da bisavó e dos jardins românticos do

Porto da sua infância, aos jardins de Quioto, ao Alhambra e ao do Museu de Arte Moderna de Louisiana, na Dinamarca. O seu, o de Galamares, com 17 anos, é agora quase um jardim adulto. Na mesma propriedade tem também uma pequena vinha e, desde que descobriu que o Pinot Noir se dá bem naquela terra, todos os anos tem feito uma pequena produção de 500 garrafas, dois terços das quais ficam para a adega restando 150 para consumo próprio, da família e dos amigos. Sempre viajou muito e muitas vezes em trabalho, com o tempo contado, circunstâncias que fazem dos aeroportos uma etapa importante, “pela amabilidade ou pelo desconforto. Lembro-me muitas vezes de uma secção que havia nas velhas Seleções do Reader’s Digest e que terminava sempre com ‘a primeira impressão é a que perdura’, e muitas vezes o aeroporto é a primeira impressão que temos de um país”. Das suas andanças destaca os aeroportos de Estocolmo e de Dublin como “friendly” e reconhece o esforço de renovação constante que se tem feito em Lisboa. “Tenho pena que no planeamento de Lisboa se tenha aproximado excessivamente a chamada Alta de Lisboa do aeroporto e que se tenha precludido a possibilidade de termos duas pistas paralelas – o que seria uma grande vantagem em termos de segurança – e de aumentar a área de estacionamento de aviões, que é um dos problemas da Portela. Mas como houve durante tantos anos a ideia de que haveria outro aeroporto…mas isto são recordações de alguém que teve responsabilidades nessas áreas”. Bem vistas as coisas, a Rui Vilar se deve a criação da ANA, já que foi durante o seu exercício enquanto ministro dos Transportes e Comunicações no 1º Governo Constitucional, em 1977, que se separou a gestão dos aeroportos da regulação da atividade aeronáutica, sendo criadas a Direção Geral da Aviação Civil e a ANA. “A primeira ANA foi da minha criação”.

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_inovação

LISBOA, A SILICON VALLEY DA EUROPA? Perante a multiplicação de incubadoras e aceleradoras de start ups em Lisboa, desde o ano passado a Câmara Municipal de Lisboa está a impulsionar a criação de uma rede de apoio ao empreendedorismo de modo a estimular a economia da cidade e reanimar o centro. O mapa do ecossistema do empreendedorismo lisboeta conta já com dezenas de moradas.

A

s duas cidades têm uma ponte vermelha suspensa, as duas estão construídas em cima de colinas, sobre as quais deslizam elétricos. Estas parecenças entre São Francisco, na Califórnia, e Lisboa, foram apontadas há cerca de quatro meses pela líder de informação financeira Bloomberg, que acrescentou outra semelhança mais recente: um ritmo feroz de inovação tecnológica. Se o presidente da Câmara de Lisboa levar a sua ideia avante, continua a Bloomberg, a cidade pode a breve trecho tornar-se numa espécie de Silicon Valley da Europa. O recente posicionamento de Lisboa enquanto sede de start ups e núcleo de empreendedorismo tem

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contado com o aval e sobretudo com o incentivo da Câmara Municipal de Lisboa (CML), que tem liderado e apoiado muitos dos processos, projetos e eventos que estão a decorrer na cidade. Quando a Câmara abriu a primeira incubadora de start ups no ano passado, no centro de Lisboa, surgiram 600 candidatos para apenas 60 vagas. Depois da Start Up Lisboa, a CML já abriu a Start Up Lisboa Comércio e aliou-se a outras iniciativas como, por exemplo, a LABS Lisboa (parceria com o ISCTE e a Fundação Gulbenkian). O objetivo é sempre facilitar a iniciativa empresarial através da combinação de infraestruturas e serviços de apoio especializados. “Estamos a criar um novo paradigma para a cidade”, disse António Costa à imprensa. O carácter eminentemente tecnológico destas novas empresas é um denominador comum. Costa conta com estes novos clusters de tecnologia por toda a cidade para atrair jovens nacionais e estrangeiros, ansiosos por alcançar “the next big thing”, para gerar empregos e reanimar o centro depois de um êxodo de empresas tradicionais e para impulsionar a economia de Lisboa.


O lançamento do Festival Explorers, decorreu na Central Station, uma incubadora que nasceu no Cais do Sodré, no edifício que foi em tempos a sede dos CTT.

Com o objetivo de criar uma ligação dinâmica entre os centros de incubação que se multiplicam na capital, a CML criou já este ano o portal “Incubadoras de Lisboa” (www. incubadoraslisboa.pt), uma rede de espaços de incubação e aceleração de empresas, com notícias sobre eventos e informações úteis sobre cada incubadora. Este mapa digital do ecossistema de start ups lisboeta assinala já mais de duas dezenas de espaços, entre incubadoras, aceleradores de start ups, espaços de coworking, investidores e instrumentos de financiamento, clubes de empreendedorismo, etc. Algumas destas entidades são apoiadas pela autarquia, nomeadamente através do aluguer de espaços para escritórios a preços low cost. A partilha de informação em rede pelas incubadoras representadas no portal potencia o desenvolvimento de um ecossistema de empreendedorismo e cria mecanismos de networking entre todas as incubadoras, start ups, empreendedores e potenciais investidores. No futuro, a ideia é alargar o portal e criar uma rede alargada de incubadoras portuguesas. “Estamos a construir uma rede de incubadoras. No portal, também em inglês, qualquer pessoa do mundo pode ver que incubadoras existem, onde existem, e quais os negócios predominantes. Será um instrumento para atrair mais pessoas para Lisboa”, garantiu Graça Fonseca, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa. A aposta é alta, uma vez que a economia do país está em recessão e o desemprego entre os jovens alcançou um recorde de 42%. E a competição é forte: cidades como Helsínquia, Berlim e Londres também querem ser a Silicon Valley da Europa.

Explorers vêm para Lisboa

Depois do Silicon Valley comes to Lisbon, a Beta-i traz a Lisboa o Explorers Festival – um dos maiores eventos de empreendedorismo da Europa que vai equipar os participantes com as ferramentas necessárias para o sucesso. No último ano assistiu-se ao aumento do número de start ups e o evento quer juntar todos os empreendedores e partilhar o conhecimento e ferramentas que poderão contribuir para o sucesso de cada negócio. O lançamento do Festival, em julho, contou com a presença de Sebastian Riedel da University College of London, Chris Dyer da Carnegie Mellon, Slav Petrov da Google US e Pedro Fonseca da Crowd Process. Contou ainda com um convidado surpresa – Garry McNamara – que via live call a caminho da Nazaré se apresentou como um dos embaixadores do Explorers Festival. Com a duração de uma semana (entre 1 e 8 de Novembro), os participantes vão poder partilhar conhecimento e ideias, explorar ferramentas de negócio e encontrar a inspiração que necessitam para fazer vingar o seu projeto numa economia competitiva. Para André Marquet, fundador da Beta-i, a associação promotora do evento, este é um evento “obrigatório para todos os atuais e futuros empreendedores. É o ponto de encontro das ideias e da criatividade e é um evento capaz de inspirar, desafiar e conectar empreendedores, investidores, mentores e provedores de serviços. Tratase sem dúvida alguma, do maior evento de empreendedorismo a realizar-se este ano em Portugal e um dos maiores da Europa, com a presença dos principais players dos ecossistemas do Brasil, EUA, Israel e da Europa.” O Explorers Festival vai decorrer na Central Station (Lisboa) e terá três eventos principais: o Bootcamp, o Toolbox e a grande Conferência.

INOVADORAS E INTERNACIONALIZÁVEIS A incubadora Start Up Lisboa acolhe atualmente 65 pequenas empresas. Serem inovadores e internacionalizáveis é a característica que partilham tanto os projetos do prédio da Rua da Prata como aqueles que já saíram dele, como a Mobiag (rede de partilha de carros) e a Uniplaces (sítio de pesquisa de apartamentos). Para se alojarem na Start Up Lisboa as empresas devem desenvolver projetos tecnológicos como aplicações para telemóveis e ‘tablets’, websites ou software para outras empresas. A Taximotions, por exemplo, é uma aplicação desenvolvida pela Izimoove que poupará tempo aos taxistas, permitindo-lhes averiguar as zonas com maior potencial de geração de passageiros num dado momento através dum “mapa de temperaturas”, Uma ferramenta que facilite a comunicação entre os professores das creches e os pais das crianças era a missão com que surgiu a Mychild, outra das start up da Baixa que já conta com mais de 100 clientes a experimentarem o serviço nos EUA. A app facilita as funções do dia-a-dia dos professores, tais como enviarem menus aos pais, marcarem reuniões e avaliarem as crianças.

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_inovação Os ensaios para os concertos decorreram na Casa da Música, no Porto, onde a Orquestra também se apresentou num espetáculo com casa cheia.

TRAZER A MÚSICA

A CASA

Durante uma semana cerca de 40 músicos portugueses que estudam e trabalham lá fora reuniram-se para partilhar com o público português a sua música. A Orquestra XXI veio do norte ao sul e voltou a dispersar pela Europa. Até ao próximo espetáculo.

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“O

projeto surgiu em conversa, estávamos a tentar criar um projeto que não tinha nada a ver com este, quando nos lembrámos que teríamos que esperar pelo regresso de alguns músicos que, como nós, estavam fora. De repente, percebemos que esse seria o projeto e agarrámos a ideia imediatamente”. A explicação é de Dinis Sousa, coordenador e maestro da Orquestra XXI, o projeto que este ano venceu o concurso IOP - Ideias de Origem Portuguesa, promovido pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Cotec Portugal, com a sugestão de reunir uma grande parte dos jovens músicos portugueses residentes fora do país para, numa semana, se apresentarem em conjunto numa digressão em Portugal. A orquestra com 40 músicos da diáspora portuguesa apresentou-se em concerto na Casa da Música, no Porto, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no Mosteiro de Tibães e no Mosteiro da Batalha, durante o mês de setembro, e, no final, regressaram a casa que, por agora, é algures na Europa. Dinis Sousa neste momento chama casa a Londres,

de todos os membros da orquestra, é outro dos objetivos do projeto, que Bruno Borralhinho, violoncelista e membro da Orquestra Filarmónica de Dresden, destaca como muito positivo. Outro, de extrema importância, é a permanente associação à música portuguesa. “Nesta primeira digressão foi tocada uma obra de Fernando Lopes-Graça, um dos maiores compositores portugueses de sempre, e estreada uma obra de Manuel Durão, um jovem compositor português que vive na Alemanha”. Porque a mensagem máxima é a própria música, a escolha do programa obedeceu a um cuidado especial, contemplando também obras do grande repertório, de Gustav Mahler e Johannes Brahms. Bruno Borralhinho nota ainda o sentido de oportunidade do projeto no contexto atual “em que se lamenta muito o facto de os jovens portugueses preferirem emigrar e por se assistir com mais e mais frequência a uma deslocação de talento e qualidade de dentro para fora de Portugal. A Orquestra XXI é um exemplo e

A Orquestra XXI cumpre o duplo objetivo de manter uma forte ligação entre estes jovens e o seu país de origem e de levar momentos music ais de excelência a um público o mais diversific ado possível . onde está a completar o Mestrado em Performance na Guildhall School of Music and Drama, e onde estuda direção de orquestra e piano, enquanto bolseiro de nada menos que quatro instituições: a Leverhulme Trust, Countess of Munster Trust, Musician’s Benevolent Fund e Craxton Memorial Fund. Conta que, depois da ideia, seguiu-se um ano difícil em que o projeto foi amadurecendo e sofrendo alterações, mas sem financiamento. Até que chegou o Prémio FAZ-IOP, que permitiu realmente que avançasse e lhe deu uma grande visibilidade. Esse foi o ponto de viragem que, juntamente com o apoio dos patrocinadores – onde se conta também a ANA –, permitiu ao projeto ganhar asas. Tem sido dito mas não é demais repeti-lo: nunca, como hoje, houve tantos e tão bons músicos portugueses pelo mundo. Os casos de sucesso multiplicam-se, com músicos portugueses espalhados por alguns dos melhores conservatórios e orquestras, muitas vezes acabando por seguir as suas carreiras fora de Portugal. A Orquestra XXI cumpre o duplo objetivo de manter uma forte ligação entre estes jovens e o seu país de origem e de levar momentos musicais de excelência a um público o mais diversificado possível. O contacto com as futuras gerações de músicos portugueses, com o intuito de partilhar a experiência

uma excelente oportunidade para reaproximar talento do nosso país, sobretudo pelo facto de a grande maioria de músicos que integram o projeto serem jovens que se encontram numa fase de transição do mundo académico para o mundo profissional”. Para Dinis Sousa, enquanto um dos autores da ideia, ter estado em Portugal para esta digressão representou mesmo a concretização de um sonho, mais incrível ainda por se ter tornado realidade no espaço de apenas um ano. “Penso que é um desejo partilhado por muitos músicos da orquestra, o de poder tocar em Portugal com alguma regularidade sem ter que desistir dos nossos projetos lá fora. Como tal, a Orquestra XXI vai continuar a permitir que muitos músicos que vão saindo possam continuar a partilhar com o seu país de origem o que vão aprendendo e desenvolvendo fora de Portugal”.

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_insights

APOSTA

NA QUALIDADE

Presente no Aeroporto de Lisboa desde o início da sua atividade em Portugal, em 1975, a Europcar foi a empresa de rent a car que apresentou melhores resultados durante o primeiro semestre de 2013. Paulo Moura, o director-geral da empresa em Portugal, explica as particularidades do negócio no aeroporto e conta como tem feito frente à crise.

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NEGÓCIO NO AEROPORTO TEM CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS, DIFERENTES DOS BALCÕES NOUTRAS LOCALIZAÇÕES? O negócio no aeroporto é sobretudo de clientes estrangeiros que viajam em família e vêm com o pacote de férias pago do seu país (hotel + carro). São clientes que na sua grande maioria estão acostumados a viajar, pessoas que têm experiência de viagens e esperam receber um nível de serviço de qualidade. No verão, também chegam muitos emigrantes, igualmente habituados a viajar e que por isso são também muito exigentes em relação à qualidade do serviço.

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COMO TEM SIDO A EVOLUÇÃO DO NEGÓCIO NO AEROPORTO? A evolução tem sido constante ano após ano, em boa parte suportado pelas companhias aéreas low cost que operam voos para Portugal e que são sem dúvida um fator importantíssimo para o aumento de turistas, em especial para Lisboa e Porto nos City Breaks. Também o facto de Portugal dispor de recursos de base, tais como o rico e variado património histórico, belas praias e um clima ameno, sem esquecer a boa gastronomia e a forma afável com que recebemos os nossos visitantes, é um fator que ajuda à nossa atividade. O rent a car é cada vez mais visto como um elemento indispensável e complementar à estadia dos turistas que nos visitam. QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS DESAFIOS NESTE MOMENTO? A presente conjuntura do país em nada ajuda os resultados. Mesmo assim, a Europcar tem feito uma forte aposta em apresentar um serviço de elevada qualidade, o que passa por um vasto leque de modelos recentes de viaturas que são inspecionadas após cada aluguer, garantindo a segurança dos nossos clientes. Apostamos também em oferecer serviços alternativos de mobilidade, como coberturas, serviços extras como GPS, várias soluções mobile, iPad, cadeirinhas para bebé, e ainda um programa de fidelização, o Privilege, que dá inúmeras vantagens ao cliente. A CRISE TROUXE NECESSARIAMENTE ALTERAÇÕES NO COMPORTAMENTO DOS CONSUMIDORES. COMO TEM A EMPRESA RESPONDIDO A ESSAS ALTERAÇÕES? Como é natural existe uma maior contenção e os clientes são cada vez mais sensíveis ao preço sem, no entanto, deixarem de exigir um serviço de qualidade. Temos mantido a aposta na melhoria contínua do serviço e isso é reconhecido pelos clientes que demonstram a sua preferência pela Europcar. Somos líderes de mercado em Portugal e na Europa e isso permite-nos ser simultaneamente competitivos em preço e garantir a melhor qualidade de serviço.


Serviço disponível no Aeroporto de Lisboa, no piso 5 da área publica de partidas. 27


_ambientes

APARA PEDALAR O TRABALHO Os colaboradores da ANA contribuíram para engrossar o pelotão que, pelas ruas de Lisboa e arredores, saiu em defesa da qualidade do ar e da redução dos impactes ambientais das deslocações casa-trabalho. A iniciativa “De bicicleta para o trabalho” vai já na 3ª edição e este ano teve a participação de 80 empresas.

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oi já um significativo pelotão o que levou as cores da ANA pelas ruas de Lisboa no dia 20 de setembro, quando decorreu a iniciativa “De bicicleta para o trabalho”. A ANA aceitou o repto e desafiou os colaboradores a trocar o carro pela bicicleta como meio de transporte neste dia em que, um pouco por toda a cidade e por toda a Europa, muitas pessoas fizeram o mesmo. A iniciativa, que é organizada pela Lisboa E-Nova – Agência Municipal de Energia-Ambiente, vai já na 3ª edição e tem seduzido cada vez mais participantes: este ano foram 80 as empresas inscritas. A ação tem por objetivo sensibilizar as empresas sediadas ou com instalações no concelho de Lisboa e os seus colaboradores para a necessidade de reduzir os impactes ambientais da mobilidade urbana, promovendo meios mais sustentáveis de locomoção. Na ANA foram mais de duas dezenas os amantes das duas rodas que mostraram que não só é possível, como vantajoso, usar a bicicleta nas deslocações casa-trabalho. De localidades mais afastadas, como o Cartaxo, Montijo, Belas (provando que a

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As entidades interessadas são convidadas a inscreverem-se e distância não é um impedimento), ou de mais perto, depois fica a seu cargo encontrar a estratégia mais adequada cedo começaram a afluir ao spot combinado, em frente para persuadir o máximo de trabalhadores a deslocar-se de ao Aeroporto de Lisboa, para a apoteótica fotografia de bicicleta para o trabalho no dia marcado. No final da iniciativa grupo, combinada para as 9h da manhã. os participantes preenchem um questionário online e Houve quem levasse uma hora de caminho e quem enviam uma fotografia alusiva à ação. Estas imagens levasse 3, quem saísse às 6h30 e quem tivesse dormido são colocadas no Facebook da Lisboa E-Nova, na área mais, quem chegasse com os pneus vazios e até quem, correspondente à dimensão de cada organização (Escalão por causa de um furo, tivesse que voltar atrás. Mas A - menos de 15 colaboradores; Escalão B – de 15 a 50; independentemente do esforço, a satisfação e alegria pela prova superada era visível em todos. Até que, feita a sessão Houve quem levasse uma hora de caminho e quem levasse 3, fotográfica, alguém lembra: quem saísse às 6h30 e quem tivesse dormido mais, quem “Pessoal, são quase 9h30, temos chegasse com os pneus vazios e até quem, por causa de ir que isto não é ‘de bicicleta de um furo, tivesse que voltar atrás. para a balda, mas sim de bicicleta para o trabalho’”. Escalão C - 50 trabalhadores; e Escalão D - Associações A Lisboa E-Nova conta com o apoio da Câmara Municipal de Estudantes das Instituições de Ensino Superior), e de Lisboa, da Federação Portuguesa de Cicloturismo a entidade que obtiver mais “gostos ” na sua imagem e Utilizadores de Bicicleta e da Matilha Cycle Crew na será premiada. organização deste evento, que se insere na comemoração Com o intuito de continuar a promover hábitos mais saudáveis da Semana da Mobilidade Europeia (de 16 a 22 de e sustentáveis, a ANA vai disponibilizar até ao fim do ano um setembro). Este ano a Semana teve como tema “Ar Limpo parqueamento para bicicletas no Aeroporto de Lisboa. A falta de – Está nas Tuas mãos”, focando a qualidade do ar e dando estacionamento não será desculpa. uma ênfase especial ao papel dos cidadãos nesta matéria.

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_ambientes

AJUDAR QUEM MAIS PRECISA Os colaboradores do grupo ANA (ANA, ANAM e Portway) responderam ao apelo da empresa e mobilizaram-se numa recolha de alimentos que o Conselho de Responsabilidade Social e Sustentabilidade entregou à Cáritas, que por sua vez fez chegar a quem mais precisa.

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ontribuir para minorar as dificuldades dos mais atingidos pelos efeitos da atual crise económica é razão bastante para colaborar com instituições experientes e idóneas no domínio do apoio social de emergência. Por esta razão, o Conselho de Responsabilidade Social e Sustentabilidade (CRSS) da ANA aliou-se à Cáritas para a realização de uma campanha de recolha de alimentos junto de todos os colaboradores das empresas do grupo. Nos dias 30 de setembro e 1 de outubro os colaboradores responderam ao desafio de “transformar um contributo solitário num generoso apoio solidário”. Os sacos com produtos não deterioráveis – leite, óleo, azeite, conservas, salsichas, massas alimentícias, cereais de pequeno-almoço, feijão, grão, açúcar, etc. – foram recolhidos na empresa e entregues à Cáritas, que se encarrega de os fazer chegar a quem mais precisa. Além da recolha de alimentos, a Cáritas tem, através das diferentes representações espalhadas pelo país, realizado diversas ações para ajudar as populações mais afetadas pela crise económica e pelo desemprego. A criação de uma rede online para ajudar os desempregados com mais de 45 anos a encontrar trabalho, facilitando os contactos com os empregadores, e a ajuda a estudantes que perderam as bolsas de estudo, devido a dívidas dos pais ao Estado, para o pagamento de propinas, são apenas duas das formas de auxílio que a instituição tem praticado numa altura em que os pedidos de ajuda por parte das famílias portuguesas não param de aumentar.

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_ambientes

AGRICULTURA

NO BETÃO

A ideia de que os vegetais vêm só do campo está ultrapassada. Em Lisboa, como em várias partes do mundo, as hortas urbanas têm proliferado nos últimos anos. Seja por ativismo político ou ambiental, ou simplesmente para ter a certeza de onde vêm os vegetais que consumimos, a agricultura sobre betão está na moda.

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Um aspeto das hortas do Parque Bensaúde, em Lisboa. Para os 20 talhões colocados a concurso a CML recebeu 110 candidaturas.

ste verão a Câmara Municipal de Lisboa (CML) atribuiu mais 130 talhões para cultivo agrícola no Vale de Chelas e nos Olivais. No parque hortícola do Vale de Chelas, o maior criado no país, com perto de quatro hectares, os talhões de cultivo têm 150 m². Os novos hortelãos vão juntar-se aos antigos, que já ocupavam o Vale antes da intervenção camarária. Os beneficiados vão pagar um valor anual pelos custos suportados pela CML, como o funcionamento e manutenção das partes comuns do Parque Hortícola. Além do talhão, os novos hortelãos terão ainda direito a abrigos de uso coletivo para aprovisionamento de alfaias e outro material de apoio ao cultivo e acesso a água para rega. A câmara lisboeta assegura também formação e acompanhamento técnico no sentido da promoção da agricultura biológica e das boas práticas de cultivo. A transformação de espaços desaproveitados em hortas urbanas, onde são cultivados legumes, flores, frutas e hortaliças, é um movimento que se tem estendido por todo o país. Funchal, Famalicão, Setúbal, Évora, Gaia, são apenas algumas das autarquias que também já disponibilizam terrenos para cultivo de hortas familiares aos seus munícipes. Indo mais longe, esta é uma tendência que tem ganho força e expressão em diversas partes do mundo. Segundo a Agência Reuters, em Paris, por exemplo, uma jovem estudante de engenharia biotecnológica está a coordenar uma horta no topo do edifício La Mutualité para poder abastecer o restaurante Terroir Parisien, que fica no piso térreo do mesmo prédio. Os produtos seguem no elevador, fresquinhos, diretamente para a cozinha. Em Todmorden, uma pequena cidade inglesa, há cinco anos nasceu o projeto The Incredible Edible Todmorden. A iniciativa consiste no cultivo de hortas coletivas em espaços públicos da cidade e todos os alimentos estão disponíveis para qualquer um dos 17 mil habitantes locais. De graça.

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_ambientes

A CRIAR H

CAMPEÕES DESDE 1988 Os atletas da Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência têm sido ávidos vencedores de medalhas em várias modalidades um pouco por todo o mundo. Para apoiar esta causa, a ANA tornou-se patrocinadora oficial da Federação em 2013.

á 15 anos que os atletas da Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD) demonstram uma enorme força de vontade e ambição, ao conquistarem lugares de prestígio nas competições nacionais e internacionais. Já este ano, do Campeonato do Mundo de Atletismo, que decorreu em Lyon, em França, os atletas trouxeram 5 medalhas de bronze; dos Jogos Surdolímpicos, em Sófia, na Bulgária, a delegação portuguesa trouxe uma medalha de ouro (na luta greco-romana) e outra de bronze (no Taekwondo Kuirogui). Do Campeonato do Mundo de Natação IPC, que decorreu em Montreal, no Canadá, não trouxeram medalhas mas representaram Portugal com competência e dedicação em 20 eliminatórias e 12 finais. Além dos excelentes resultados, o trabalho realizado pela FPDD em prol da integração das pessoas com deficiência através do desporto, levou a ANA a tornar-se patrocinadora oficial da Federação, apoiando as suas atividades durante o ano de 2013. O apoio inserese no âmbito dos patrocínios de responsabilidade social da empresa e foi formalizado através do Conselho de Responsabilidade Social e Sustentabilidade.

O plano anual do desenvolvimento da prática desportiva da FPDD consiste nos campeonatos nacionais e internacionais e em diversos outros projetos, entre os quais a preparação para o Projeto Paralímpico Rio 2016, onde se incluem 23 atletas distribuídos pelas Seleções Nacionais em 23 desportos. De acordo com o contrato feito com o Comité Paralímpico de Portugal, a FPDD irá continuar com a gestão das modalidades de atletismo, boccia e natação, tendo como objetivo principal garantir a qualificação para os Jogos Paralímpicos do Rio 2016. Entre os objetivos da Federação estão não só prestigiar a performance dos atletas e melhorar toda a sua preparação, como também, aproximar a população portuguesa desta realidade, de modo a conquistar a sua admiração e reconhecimento. Mudar pensamentos e comportamentos face ao desporto com deficiência, através de práticas demonstrativas de modalidades e do incentivo da prática desportiva por parte da população com deficiência, é outra das grandes metas da FPDD. Na rua está já a campanha de comunicação “É na Arena que damos luta”, que trabalha em paralelo com o novo Ciclo Paralímpico, de quatro anos, que se inicia em direção ao Rio 2016. A FPDD é uma federação multidesportiva, nela estão registados cerca de 3 000 atletas, promovendo e desenvolvendo 20 modalidades desportivas paralímpicas e não paralímpicas.

Apesar de ter conseguido novo recorde pessoal, a atleta Graça Fernandes falhou a presença na final dos 200 metros T38 dos Campeonatos do Mundo de atletismo do Comité Paralímpico Internacional (IPC), que decorreram em Lyon. Portugal esteve representado por 22 atletas e somou 5 medalhas de bronze.

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SOBRE E

RODAS

Entre os negócios não aviação, depois do retalho, o rent-a-car é dos que mais cresce em Lisboa. Após um período menos bom, o negócio voltou a aumentar e tudo indica que 2013 seja um ano de recordes. Que o diga Fernando Amaro, que gere a operação de 6 concessionários, centenas de viaturas e o dia-a-dia no Silo Auto do Aeroporto de Lisboa.

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mbora nos últimos dois anos a retração São 6 as empresas que operam no aeroporto se tenha feito sentir, 2013 está a ser de Lisboa, Europcar, Avis, Hertz, Guerin, Goldcar um ano muito bom para o negócio do rente Budget. Para além dos balções que dispõem na a-car. À semelhança, aliás, do que se tem aerogare, cada uma tem um espaço de receção registado noutros segmentos turísticos. a clientes e estacionamento no silo auto. O piso É esta a convicção de Fernando Amaro, 0, com cerca de 7000m2, e é onde se desenrola responsável operacional do Silo Auto do toda a operação: retoma de viaturas, receção de rent-a-car no Aeroporto de Lisboa. clientes e preparação dos automóveis. Os piso 1 Até à data, o pico anual dos movimentos e 2 são exclusivos para o estacionamento, com de viaturas ocorreu no fim de semana de lotação para 550 automóveis. 17 de agosto, quando em 24 horas se terá Sendo um negócio fortemente baseado no registado a impressionante marca de perto online, os procedimentos não diferem muito de 3500 entradas e saídas de viaturas. Em de umas para outras: quem viaja e precisa de dias como este – que ocorrem sobretudo um carro vai ao site da locadora e reserva um no verão, quando o movimento é maior, mas carro. À chegada a Lisboa dirige-se ao balcão também em alturas de eventos – o entra e da empresa, formaliza o contrato e com a sai no edifício do Silo assemelha-se ao de documentação na mão segue para o Silo para um grande centro comercial e é necessária levantar a viatura. uma coordenação apertada. Ali trabalham 130 pessoas. “É um mundo”, Construído em 2000, o edifício é já desabafa Fernando Amaro. Um mundo que tem insuficiente para as necessidades em de supervisionar e coordenar. “Entendemos momentos de pico, diz Fernando Amaro. o edifício como um condomínio e somos “Considerando que o movimento de responsáveis pela higiene e segurança, pelo pessoas no silo auto está relacionado com bom funcionamento dos equipamentos, etc.”. o movimento de passageiros e condicionado aos horários dos “ O s o p e ra d or e s t ê m u m voos, temos alturas em que podem m o v i m e nto d e r e s e r va s circular na instalação, de 200 a m u i to s at i s f at ó r i o . 300 pessoas”. Existe um prestador H á o p e ra d or e s no de vigilância privada que auxilia na a e ro p orto a f un c i onar gestão dos fluxos mas muitas vezes c o m 3 0 0 r e s e r va s p or d i a ” . é preciso fazer modificações de última hora.


Em suma, zela pelo cumprimento do Regulamento Operacional, que basicamente restringe comportamentos e educa para a segurança de todos os passageiros que ali se dirigem. A importância do cumprimento deste regulamento é tanto maior quanto as empresas concessionárias subcontratam outras empresas para a realização de alguns trabalhos. Na azáfama do piso 0, entre gente que chega e parte soam aspiradores e mangueiras, pois ali faz-se também a preparação dos carros. No fim do período de aluguer é também ali que são entregues. Cabe a Fernando Amaro o controlo dos procedimentos de todos os prestadores de serviços, nomeadamente sobre os tipos de contratos que são feitos. “Há muita mãode-obra imigrante e nós não podemos permitir que haja atropelos nos contratos. Nunca menos de 6 meses”, diz. Validar e controlar os cartões de acesso à zona A (área não restrita) do aeroporto, analisar relatórios da empresa de vigilância privada, verificar equipamentos, reportar ocorrências, são tudo tarefas que cabem na alçada de Fernando Amaro. “É importante estar no local para fazer a ponte entre a ANA e os concessionários”. Passa a maior parte do tempo em circulação, apenas reserva uma parte da manhã para analisar informação e enviar emails, quase sempre a “sensibilizar os operadores para a necessidade de se adaptarem às circunstâncias”; leia-se, colocarem mais gente a trabalhar. É que, para além do período de férias, assiste-se hoje a muito turismo de short break, diluído ao longo do ano. “Os operadores têm um movimento de reservas muito satisfatório. Há operadores no aeroporto a funcionar com 300 reservas por dia”.

Fernando Amaro tinha apenas 14 anos quando veio trabalhar para o aeroporto, como aprendiz de torneiro mecânico. Entrou na Manutenção Geral do Aeroporto, onde trabalhavam mais de 100 pessoas, entre mecânicos, eletricistas, pedreiros, canalizadores, bate-chapas. Passou a ajudante e depois a oficial de manutenção e aí ficou até 1987. Desse tempo recorda as atividades do Grupo Desportivo e Cultural da Manutenção Geral e Transportes. “Tínhamos uma equipa de futebol muito boa, que até levou o diretor do aeroporto a encomendar a construção de um campo de futebol no local onde hoje estão os edifícios 120 e 121. Era de terra batida mas mesmo assim muito bom”. Com o passar dos anos, muitos trabalhos de manutenção começaram a ser entregues a empresas externas e o dia-a-dia tornou-se mais monótono e menos interessante. Bem na hora surgiu uma proposta para operacional nos parques de estacionamento, que na época eram geridos pela direção do Aeroporto de Lisboa. Em 2003, quando a gestão dos parques passou para Direção de Projetos Especiais, a ANA contratou a Emparque como prestador de serviço. Ai foi convidado para supervisionar o prestador. Com o tempo foi igualmente surgindo o interesse pelo rent a car. Ao fim de 41 anos é com segurança que diz “A minha vida aqui na empresa tem sido de constante aprendizagem. Tem sido muito gratificante”.

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A VIDA DE UMA

SECRETÁRIA

Na ANA há 35 anos, Cristina Laginha foi secretária dos quatro últimos presidentes da empresa e trabalhou de perto com outros tantos. Uma posição privilegiada que lhe trouxe boas experiências mas também algumas dores de cabeça.

É

sabido que as secretárias são as pessoas Conselho – e ao fim de 35 anos confessa algum cansaço e que não melhor colocadas para saber o que se passa se importaria de experimentar outras funções. “A parte que mais me numa empresa. Por elas passam telefonemas, agrada é a dos contactos, já a parte administrativa é mais monótona e documentos, reuniões, comentários, desabafos. aborrecida”. Quando veio prestar provas para a empresa a máquina que Nos últimos anos, Cristina Laginha assistiu e utilizou era elétrica, nunca tinha mexido numa. Daí para cá já trabalhou testemunhou muita coisa no 3º piso do edifício com uma Olivetti, conheceu os computadores, o Word, o Excel, o DMS sede da ANA, conhecido como o 120, onde ficam – Document Management System e continua todos os anos a cumprir os gabinetes do Presidente e dos membros do as horas de formação previstas na lei. Conselho de Administração. O volume de trabalho aumentou desde que a equipa ficou reduzida. Foi secretária dos quatro últimos presidentes da Além da arquivista e de uma assistente, desde janeiro de 2012 que é a empresa, mais precisamente desde que, em 1998, única secretária do Presidente (quando sempre houve duas) embora na da cisão da antiga Empresa Pública Aeroportos e sua sala ainda existam duas secretárias, móveis, bem entendido. Navegação Aérea nasceram duas empresas distintas: Apesar de poucas vezes as secretárias serem chamadas para a ANA S.A. e a NAV E.P. Fernando Melo Antunes (irmão participar em eventos ou projetos da empresa, Cristina Laginha teve de Ernesto Melo Antunes, o principal ideólogo do 25 o privilégio de entre 1987 e 1990 fazer parte de uma missão de de Abril), Walter Marques, Guilhermino Rodrigues planeamento civil de emergência da NATO, tendo participado na Bélgica e agora Ponce de Leão são os presidentes com e no Reino Unido em simulações de conflito entre os países do Ocidente quem trabalhou diretamente. Embora tenha as suas e do Leste. “Eram turnos de 12 horas durante uma semana, foi bastante preferências, é politicamente correta ao afirmar: “Deiintenso mas uma experiência gratificante, que nos abre os horizontes”. me bem com todos. É fácil, desde que mantenhamos A secretária acompanhar o chefe quando muda de funções ou de as regras deontológicas”. empresa é menos comum do que se possa pensar. “Durante estes Depois de fazer um curso de secretariado no anos na ANA aconteceu duas vezes, uma das quais acabei por ir para a Instituto de Novas Profissões, Cristina Laginha ANAM”. Após dois anos a secretariar o seu chefe na ANA, que em 1995 entrou para a ANA em 1978, num processo de foi nomeado administrador da ANAM- Aeroportos e Navegação Aérea recrutamento, para secretariar dois membros do da Madeira, regressou à ANA. então designado Conselho de Gerência Como não havia lugar na administração foi “É verdade que da ANA E.P., presidido por Viana Batista. colocada nos Recursos Humanos. Recorda essa as secretárias Os escritórios eram então na Avenida altura como menos boa porque esteve em sabem coisas mas Sidónio Pais, no centro de Lisboa. Ali risco de perder as regalias a que a categoria de ficou por 16 anos. geralmente mete a “secretária do conselho de gerência” lhe dá direito. Recorda que nesse tempo se vivia um Lutou e conseguiu manter os seus direitos. Mas parte privada das ambiente pós-revolucionário e a ANA, foi uma experiência muito enriquecedora pelo pessoas e, tenho como as outras empresas estatais, tinha lado humano e de conhecimento de outras pena, mas não muitas características da burocracia realidades na empresa. A farda – igual à das posso revelar”. do aparelho de Estado. A situação só técnicas de relações públicas dos aeroportos – é começou a mudar quando Miguel Sarmento entrou outra das regalias da função, que não lhe desagrada porque além de para a presidência (de 1992 a 1995) com a missão poupar no guarda-roupa não se chateia muito a pensar no que vai vestir. de preparar a empresa para a privatização. “Isso “É verdade que as secretárias sabem coisas mas geralmente mete constava mesmo no despacho que o nomeou. A a parte privada das pessoas e, tenho pena, mas não posso revelar”. partir daí a empresa tornou-se mais competitiva, As histórias, mais ou menos picantes, mais ou menos caricatas, desenvolveram-se as áreas comerciais, criaram-se facilmente transpiram para os corredores e circulam entre as novas áreas de negócio”. secretárias. Da mesma maneira que as colegas do 3ºpiso assomam A função é repetitiva – marcar reuniões, às portas para ver Cristina Laginha ser fotografada para a revista e compatibilizar agendas, preparar as reuniões do lançar comentários e provocações.

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_partidas

O MAR ABRE-SE AO RIO Chama-se MAR o mais recente museu do Rio de Janeiro, que veio juntar-se aos 131 que já existiam na cidade. Além de um nome inspirador, o museu traz a promessa de concretizar um projeto visionário focado na educação através da tecnologia e com um olhar voltado para o futuro. Foi uma das primeiras aberturas do projeto Porto Maravilha, que está a revitalizar toda a zona portuária do Rio de Janeiro.

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O projeto de arquitetura do MAR é da autoria do atelier carioca Bernardes+Jacobsen, de Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes. O museu ocupa dois edifícios na Praça Mauá, o Palacete Dom João VI, de 1916, e um edifício moderno que foi usado como sede da polícia política no tempo da ditadura. Os dois unem-se por uma passarela suspensa e uma cobertura em cimento.

H

ouve pressa na inauguração – a abertura ocorreu em março, ainda antes da conclusão das obras – provavelmente por representar um passo em frente na revitalização da Região Portuária do Rio, tida como das piores áreas da cidade. O MAR- Museu de Arte do Rio representa a modernidade que se procura para aquela área do Rio de Janeiro, que está a ser intervencionada através do projeto Porto Maravilha. Além de uma série de obras de reabilitação (ver caixa), no departamento cultural o projeto engloba ainda o Museu do Amanhã, num edifício projetado por Santiago Calatrava, cuja abertura está prevista para o ano que vem.

Localizado entre o Centro e a Região Portuária, o MAR ocupa dois edifícios na Praça Mauá. De um lado, o Palacete Dom João VI, construído em 1916 e antiga sede do Departamento Nacional de Portos, de estilo neoclássico. Do outro, um edifício moderno que foi usado como terminal rodoviário mas que as pessoas recordam melhor como sede da Polícia Política da ditadura (1964-1985). A juntá-los está uma passarela suspensa e uma “folha de papel de cimento”, que flutua entre os dois prédios, separados apenas por um pátio. É a sua fachada impressionante, onde o passado e o futuro dialogam perfeitamente, que mais tem surpreendido os cariocas por trazer um novo estilo à arquitetura da cidade. A obra é assinada pelo atelier de arquitetura carioca Bernardes + Jacobsen (de Paulo Jacobsen e Thiago Bernardes).

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_partidas

“Menina na Laje”, 2011, de Claudia Jaguaribe, uma doação da artista e da H.A.P. Galeria ao MAR.

O Museu do Amanhã, num edifício projetado por Santiago Calatrava, é outra das obras culturais do projeto Porto Maravilha. Deverá abrir no ano que vem.

Os dois prédios ocupam uma área total de 2 300 m² e uma área construída de 15 000 m². O palacete foi dedicado às salas de exposição (são 8 com 300 metros cada uma), tirandose proveito do pé direito alto e da estrutura livre dos salões. A antiga rodoviária tornou-se a sede da Escola do Olhar, uma escola de artes, batizada pelo artista plástico Vik Muniz, um dos mecenas do projeto. As galerias são impressionantes mas o destaque vai mesmo para o pavilhão que fica no piso térreo, a única galeria focada exclusivamente na arte contemporânea. A versatilidade do espaço é o sonho de qualquer curador: tirando as paredes nada é fixo, permitindo total liberdade à criação. Que o diga Paulo Herkenhoff, diretor cultural do museu e um dos mais reputados comissários de arte contemporânea do Brasil, que havia prometido a si mesmo que não voltaria a trabalhar em museus mas não resistiu ao MAR quando conheceu o espaço. Sobre o projeto, disse à Folha de São Paulo: “Não queremos um museu que seja uma montra, não é um museu dos

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grandes fetiches, dos recordes de aquisição, mas onde as coisas entram porque podem produzir algum sentido. É um museu de produção de pensamento”. Assim, o MAR apresenta exposições temporárias (com foco nas grandes coleções), além de uma galeria onde haverá sempre uma leitura da Cidade Maravilhosa. O MAR conta já com um acervo considerável devido às doações da classe artística que se mobilizou rapidamente. O edifício da exrodoviária guarda já qualquer coisa como 3 mil obras, entre eles algumas de artistas como Tarsila do Amaral, Aleijadinho, Raul Mourão ou Adriana Varejão. Existem em permanência 4 exposições que contam com nomes já reconhecidos como Kandinsky, Modigliani, Hélio Oiticica, Tarsila do Amaral, Tunga, Di Cavalcanti, Debret, além de nomes de novos coletivos como Opavivará, Dulcinéia Catadora, e novos artistas como Rosana Palazyan, Anna Maria Marcolino, entre tantos outros.

“Não queremos um museu que seja uma montra, não é um museu dos grandes fetiches, dos recordes de aquisição, mas onde as coisas entram porque podem produzir algum sentido. É um museu de produção de pensamento”.


Quem visitar o MAR até 31 março de 2014 poderá apreciar mais de 400 peças que lançam um olhar sobre a representação da cidade desde o início do século XIX até aos dias de hoje. A exposição Rio de Imagens destaca obras de arte – da cartografia ao vídeo, passando pela pintura, gravura, desenho, fotografia, escultura e objetos de design – que contribuíram para formar uma iconografia da paisagem carioca. A maior parte das peças é oriunda de coleções particulares, o que torna ainda mais especial a oportunidade de vê-las reunidas.

O MAR tornou-se o primeiro museu do Brasil com o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Ou seja, com um projeto sustentável pensado de raiz: o piso é de resina de borracha de pneu, usa iluminação natural e lâmpadas económicas, tem um parque para bicicletas para incentivar o transporte alternativo na cidade, reutiliza as águas pluviais nas descargas dos wc e na irrigação das áreas verdes (reduzindo em 40% o consumo de água), faz uma recolha seletiva do lixo, adotou sensores de luminosidade e possui um teto que reduz o efeito de ilha de calor, um fenómeno climático que ocorre principalmente nas cidades com elevado grau de urbanização, e onde a temperatura média costuma ser mais elevada do que nas regiões rurais próximas. Arte e sustentabilidade à parte, uma das grandes atrações do Museu é sem dúvida o seu terraço, um local amplo e fresco com uma vista incrível sobre a Baía de Guanabara. É mais uma desculpa para ir ao MAR.

MUSEU DE ARTE DO RIO (MAR) www.museudeartedorio.org.br Praça Mauá, Rio de Janeiro – RJ Horários: de terça a domingo (inclusive feriados), das 10h às 17h Bilhetes: R$ 8,00 inteiro R$ 4,00 meio. Às terças-feiras a entrada é gratuita.

Burle Marx, Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Ismael Nery, Manabu Mabe, Pancetti, Tarsila e Segall estão entre os artistas que deixaram através de seus trabalhos as imagens do Rio de Janeiro de cada época.

COMO IR A TAP voa do Porto para o Rio de Janeiro duas vezes por semana, às sextas-feiras e domingos. A partir de 25 de outubro os horários dos voos são: às sextas, saída do Porto às 08h10 e chegada ao Rio de Janeiro às 16h50; aos domingos a partida é às 10h40 e a chegada ao Rio às 19h20. O Aeroporto Internacional António Carlos Jobim (ou Galeão) está situado na Ilha do Governador, uma viagem de 45 minutos de táxi ou autocarro até ao centro da cidade.

PORTO MARAVILHA Uma das maiores e mais impactantes obras (ou conjunto de obras) que por estes dias transformam o Rio de Janeiro num enorme estaleiro é o já célebre Porto Maravilha. Um projeto que que vai mudar por completo a cara da muito degradada região portuária do Rio e aspira converter-se num polo de visita obrigatória não só da população local como dos milhões de visitantes que anualmente passam pela cidade e que terão tendência a aumentar com o Mundial de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos, dois anos depois. Tomando emprestado o adjetivo pelo qual a cidade “maravilhosa” é conhecida no mundo

inteiro, o projeto promete cumprir uma promessa que os cariocas estão cansados de ouvir há muitos anos: integrar a região portuária na cidade. No total, cerca de 5 milhões de m² serão revitalizados. Um dos momentos mais aguardados é a demolição do Elevado da Perimetral, que Eduardo Paes, prefeito do Rio, já chamou de “erro cometido em nome da modernidade”. O viaduto, que liga o bairro do Caju, na Região Portuária, à Praça XV, no Centro, será totalmente substituído por um túnel e, assim, abrir a vista da cidade para a Baía de Guanabara. As principais

obras previstas no projeto do Porto Maravilha envolvem também a construção de 4 km de túneis, reurbanização de 70 km de vias e 650 mil m² de calçadas, reconstrução de 700 km de redes de infraestrutura urbana (água, esgoto, drenagem), implantação de 17 km de ciclovias, plantio de 15 mil árvores e construção de três novas estações de tratamento de esgoto. As projeções indicam que as obras não transformarão apenas o desenho arquitetónico da região, mas também levarão a uma migração populacional para a zona, que deve ganhar 70 mil novos moradores em 10 anos.

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_lifestyle

NOVAS LOJAS

NO AEROPORTO DE LISBOA

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Chama-se Praça Lisboa e tem cerca de 2 000 m² com 20 novas lojas. Entre elas a FNAC, um café Starbucks ou a primeira loja na Península Ibérica da Victoria’s Secret. O espaço, na área restrita de Partidas do Aeroporto de Lisboa, é reservado a passageiros com cartão de embarque.

A Praça Lisboa, na área restrita de Partidas do Terminal 1, conta com 20 novas lojas de grandes marcas internacionais, algumas das quais se estreiam aqui em Portugal.

A

s novas lojas do Aeroporto de Lisboa, inauguradas neste verão, vieram aumentar a oferta em moda e acessórios, joalharia, livraria, brinquedos, perfumaria, cosmética e cafetaria. No total, representam um aumento de 80% da área dedicada ao retalho especializado. Além das marcas já referidas, há lojas da Accessorize, Desigual, Dreams Gourmet, Geox, Hediard, Imaginarium, L’Occitane, Pandora, Springfield, Sunglass Hut, Swarovski, Swatch, Tumi e Women’ Secret.

Marcada por um design moderno e luz natural, a nova área comercial e de lazer localiza-se na área restrita de Partidas do terminal 1 do Aeroporto de Lisboa e, por isso, está acessível apenas a passageiros com cartão de embarque. A abertura deste novo espaço de lojas é a continuação de um processo de modernização da área de retalho do aeroporto. Já em 2012 houve uma ampliação significativa com a introdução de várias marcas de luxo, como a Burberry, Ermenegildo Zegna e Montblanc.

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_lifestyle

VICTORIA’S SECRET ATERRA EM LISBOA

A marca norte-americana Victoria’s Secret, conhecida pelos seus desfiles arrojados e modelos com asas de anjos, tem agora uma loja no Aeroporto de Lisboa, que é também a primeira na Península Ibérica. Um novo local de paragem obrigatória na sua rota de viagem.

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e cada vez que as novas coleções são apresentadas em desfile, estes têm direito a tempo de antena em quase todas as televisões do mundo. O arrojo e espetáculo das mais belas modelos envergando majestosas asas de anjo preenchem as fantasias de homens e mulheres. A marca norte-americana chegou agora ao Aeroporto de Lisboa, através da loja, que é também a primeira em toda a Península Ibérica, com uma gama diversificada de acessórios e cosmética. A marca foi criada em 1977, em Ohio, nos EUA, pelo empresário Roy Raymond que pretendeu homenagear a rainha Vitória, de quem era admirador, ao chamar Victoria’s Secret à sua linha de lingerie. A primeira loja da marca surgiu no final da década de 1970 no Stanford Shopping Center, em São Francisco. Em 1982 Raymond vendeu a empresa por um milhão de euros à empresa de cosméticos Limited Brands. Em 2007 a Victoria’s Secret tornou-se a primeira marca a ganhar uma estrela na calçada do Walk of Fame, em Hollywood, embora a estrela seja dedicada aos “anjos” que a celebrizaram.


A FAZER “ G O U R M A N D S ” FELIZES DESDE 1854

Os adeptos da arte de bem comer, que não descuram nenhuma experiência gastronómica, têm agora no Aeroporto de Lisboa um espaço que traz Paris para mais perto. Na Hediard encontra-se tudo o que é necessário para fazer um “gourmand” feliz, do champanhe ao caviar e ao salmão, entre outras deliciosas iguarias que lhe vão dar vontade de parar por aqui.

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casa-mãe fica na Place de la Madeleine mas felizmente já não temos que viajar até Paris para entrar no delicioso mundo gourmet da Hediard. A marca francesa abriu a sua única loja portuguesa no Aeroporto de Lisboa apresentando uma diversificada escolha dos mais prestigiados produtos gourmet. Com uma seleção de delicatessen do mais alto nível, a Hediard oferece uma experiência gastronómica indescritível, de onde se destaca o foie gras, o caviar, o salmão, a charcutaria Ibérica e uma inovadora e criativa pâtisserie. Mostardas, especiarias, biscoitos, vinhos especiais, chás, pâte des fruits, chocolates, tudo aqui se mostra de maneira a seduzir os sentidos antes mesmo de chegar ao paladar. Os chás vindos da China e da India são especialmente importados para a Hediard e apresentados em belas embalagens. Ferdinand Hediard começou a procurar os melhores produtos do mundo para os vender em Paris em 1854. Aos 27 anos era dono da Comptoir d’épices et des Colonies, uma loja onde se encontravam os mais variados produtos do além-mar. Hoje em dia, a Hediard perpetua a melhor tradição francesa de bem comer. Com lojas em mais de 18 países – já houve uma na baixa de Lisboa - está agora no Aeroporto de Lisboa com um Café Boutique, aberto das 5h às 22h, pronto para fazer os passageiros mais felizes à passagem por Lisboa.

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_aldeia global Companhias de aviação recusam sair de Heathrow

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s três maiores associações de companhias de aviação recusam sair do aeroporto de Heathrow, em Londres, caso a comissão que estuda a forma de responder ao aumento do tráfego decida propor a deslocalização de uma delas para Gatwick. A Oneworld, a Star Alliance (que inclui a TAP) e a Sky Team escreveram cartas à comissão parlamentar que está a estudar a maneira de responder ao aumento de tráfego e passageiros no principal aeroporto de Londres, mostrando a sua oposição a qualquer mudança relativamente ao local da operação, noticiou o Financial Times. Em cima da mesa do economista Howard Davies, que lidera a comissão que está a realizar um inquérito independente sobre os problemas de Heathrow, está a construção de um novo aeroporto a este de Londres, no estuário do rio Tamisa, a criação de uma nova pista em Heathrow ou a expansão do aeroporto de Gatwick, a sul de Londres. Se a solução for expandir Gatwick e construir uma nova pista em Heathrow, a comissão pode propor a saída de uma das três associações de companhias aéreas.

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Altas temperaturas derretem asfalto em aeroporto da China

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asfalto de uma pista do aeroporto de Yiwu, na província chinesa de Zhejiang, derreteu devido à forte onda de calor que atingiu a região durante quase 40 dias no último verão. Um avião da companhia estatal Air China foi impedido de levantar voo depois de as rodas se afundarem na pista, comprometida pelas altas temperaturas. No momento em que o avião se preparava para descolar, o afundamento das rodas provocou a instabilidade total do aparelho. Apesar disso, ninguém ficou ferido. De acordo com o jornal Qianjiang Evening Post, as autoridades locais assumiram que o incidente foi causado pelas elevadas temperaturas, que há mais de um mês eram superiores aos 40°C. O voo foi cancelado e o aeroporto foi fechado imediatamente. Situada no sudeste do país, a província de Zhejiang registou durante quase 40 dias seguidos temperaturas acima dos 35°C. Ainda assim, não foi uma das mais atingidas pela onda de calor: na localidade de Fenghua, os termómetros marcaram 43,5°C.


_aldeia global Casulos para dormir no Aeroporto de Abu Dhabi

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Aeroporto Internacional de Abu Dhabi acabou de instalar 10 cabines privadas, que permitem aos passageiros dormir uma sesta enquanto esperam pelo seu voo. As GoSleep são cadeiras flexíveis que se transformam em autênticos casulos oferecendo isolamento da luz, do ruído e da multidão. Por cerca de dez euros por hora, os passageiros podem alugar estas cabines de design finlandês que, além de terem um confortável sofá ajustável, vão também oferecer acesso à internet, um cacifo para guardar a bagagem e tomadas para carregar aparelhos eletrónicos. Eleito o melhor aeroporto do Médio Oriente em 2012 pelo Airport Council International, o Aeroporto de Abu Dhabi pretende “continuar a implementar novas iniciativas, combinando o melhor do design com os avanços tecnológicos, para assegurar que os passageiros usufruem de um serviço de classe e conforto”, disse Mohammed Al Bulooki, diretor dos aeroportos de Abu Dhabi.

Segundo o site do aeroporto, este é o primeiro local do mundo a adquirir esta tecnologia. Até ao fim do ano deverão existir 35 casulos em todo o aeroporto.

Reabilitação do Aeroporto de Maputo com financiamento europeu

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empresa pública Aeroportos de Moçambique anunciou a abertura de um concurso para contratação de uma empresa que irá reabilitar e melhorar a pista do Aeroporto Internacional de Maputo, o maior do país, que foi recentemente modernizado. O projeto, a ser financiado pelo Banco Europeu de Investimento (BEI) e pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), será levado a cabo meses depois da conclusão da

obra de modernização do terminal doméstico do Aeroporto Internacional de Maputo, no ano passado. Segundo um anúncio sobre o concurso, publicado na imprensa moçambicana, o projeto vai compreender a reabilitação e construção de pavimentos da pista e substituição da sinalização luminosa das áreas de manobra.

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_aldeia global Vende-se aeroporto por 100 milhões de euros

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juiz do Tribunal Mercantil n.º 4 de Ciudad Real aprovou a venda de todos os ativos da infraestrutura aeroportuária de La Mancha. Esta decisão coloca em liquidação os ativos da empresa CR Aeropuertos, S.L., proprietária do Aeroporto Central da Cidade Real, situado na região de Castela e La Mancha, próximo da capital Madrid. Esta decisão do tribunal, de acordo com uma notícia do “El País”, teve em conta os continuados resultados negativos da empresa encarregada da exploração do aeroporto. A este facto acrescem ainda os custos mensais de manutenção do aeroporto que atingem cerca de 130.732 euros, enquanto a empresa gestora dispõe somente de cerca de 176 mil euros. O “The Guardian” avança que esta situação se deve ao “boom de construção”, verificado em Espanha, e acrescenta

que o juiz responsável pela gestão do aeroporto em insolvência se decidiu pelo leilão com o objetivo de fazer face às dívidas. O Aeroporto Central da Cidade Real terá tido um custo de 1000 milhões de euros, sendo agora posto à venda por um valor inicial de 100 milhões, o que é considerado “uma pechincha”.

Objetos apreendidos em aeroportos mostrados no Instagram

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Administração de Segurança dos Transportes (TSA) dos Estados Unidos aderiu à rede social Instagram, onde tem publicado fotografias de alguns itens proibidos que são encontrados nas malas dos passageiros nos aeroportos. Armas de fogo dissimuladas, explosivos e facas são alguns dos objetos publicados no Instagram da TSA desde junho. A conta é recente, mas já tem milhares de seguidores e está a dar que falar. Ao recorrer às redes sociais, a TSA está a tentar sublinhar a sua competência e o empenho em manter as viagens aéreas seguras. A TSA deu os primeiros passos na internet em 2008, com a criação de um blog onde eram divulgados vários acontecimentos e ainda alguns itens confiscados semanalmente das malas dos passageiros.

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A A Magazine agradece a colaboração das seguintes pessoas e entidades na elaboração desta edição:

Companhias aéreas e aeroportos chineses são os menos pontuais

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s aeroportos e as transportadoras aéreas da China Continental são os menos pontuais do mundo nas partidas e nas chegadas e nos últimos seis meses a situação agravou-se no Aeroporto de Pequim, onde apenas 18% dos voos partiram a horas, noticiou o South China Morning Post. Com base num relatório da FlightStats, uma empresa norte-americana que avalia dados sobre a aviação mundial, citada pelo jornal, os aeroportos de Pequim e de Xangai ocupam os últimos lugares de uma lista de 35 aeroportos internacionais de relevo, avaliados em termos de atrasos e de cancelamento de voos. Em junho, segundo o relatório, apenas 18,3% dos 22.019 voos com partida do Aeroporto Internacional de Pequim o fez a horas, enquanto 42% saiu atrasado, com demoras de 45 minutos ou mais. A FlightStats salienta que nenhum dos aeroportos provinciais chineses que avaliou – incluindo Guangzhou, Kunming , Nanjing , Chengdu, Changsha e Urumqi – conseguiu realizar metade dos seus voos dentro do horário previsto. As transportadoras aéreas chinesas revelam um desempenho igualmente negativo, com a China United Airlines apenas a conseguir que 27% dos seus voos tivesse chegado a horas, sendo seguida de perto pela Xiamen Shanghai Airlines. As companhias nacionais, como a Air China e a China Southern, revelaram também grandes atrasos, que os especialistas atribuem a um excessivo controlo militar do espaço aéreo e a um fraco planeamento urbano.

Ana Santiago Startup Lisboa, CML Anabela Santos Porto de Lisboa Bruno Borralhinho Orquestra XXI Célia Martins Departamento de Marca e Comunicação da CML Diana Ferreira Orquestra XXI Dinis Sousa Orquestra XXI Emílio Rui Vilar PLMJ Laura Santinhos MSC Cruzeiros S.A. Luis Garção Comandante de Airbus A330 Manuela Patrício Porto de Lisboa Natália André Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência Paulo Moura Europcar Susana Represas PLMJ Teresa Leitão Freitas PLMJ NA ANA: António Ferreira de Lemos Administrador da ANA Carlos Gutierres Direção Comercial Não Aviação Cristina Laginha Secretária da Administração Fernando Amaro Direção Comercial Não Aviação Iolanda Campelo Direção Comercial Não Aviação Isabel Ferreira Centro de Documentação Joaquim Damas Presidente do Conselho de Sustentabilidade e Responsabilidade Social João Nunes Diretor do Aeroporto de Lisboa Mª de Fátima Ribeiro Centro de Documentação Nuno Costa Responsável de Marketing do Aeroporto de Lisboa Paula Barbosa Marketing Aviação do Aeroporto do Porto Sandra Pina Direção Comercial Não Aviação Susana Cortez Direção dos Serviços Técnicos Teresa Mateus Direção Comercial Não Aviação

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_passageiro frequente

“IF YOU NEED ANY HELP...

I’M A PILOT TOO”

Aeroporto de Londres, Heathrow, terminal 2, Maio de 2005.

N

essa altura era comandante de Airbus A320 e regressava de manhã a Lisboa, de mais uma curta estadia na Europa, para logo de seguida ainda “rodar” para outra qualquer cidade europeia, como é habitual no médio curso das companhias aéreas. Andava há muitos anos nestas andanças e, como quase tudo já era rotina, não costumava reparar nos passageiros que aguardam nas salas de embarque. Mas nessa manhã o meu olhar cruzou-se com uma cara que me pareceu muito familiar e que, talvez por eu estar fardado, esboçou um sorriso à minha passagem no momento em que a tripulação se dirigia ao avião para fazermos a preparação do voo, antes do início do embarque dos passageiros. Esse passageiro, vestido de forma simples e casual, no meio duma sala de embarque cheia, ainda me conseguiu dizer, em óbvio tom de brincadeira: “If you need any help... I’m a pilot too” (se precisares de ajuda, eu também sou piloto). Nesse momento, as minhas dúvidas sobre a sua identidade avolumaram-se, pois sendo a cara demasiado familiar (mas não estando fardado), fez-me pensar por momentos se não nos teríamos conhecido noutro aeroporto, podendo ser piloto de outra companhia aérea. Já no cockpit e ainda antes dos passageiros entrarem, a chefe de cabine diz-me, entusiasmada, que tinha visto na lista de passageiros que iríamos ter a bordo uma estrela de Hollywood: o ator Morgan Freeman, que ia para Lisboa, na companhia da esposa, para ser o anfitrião da Gala dos Laureus, que nesse ano era no Casino do Estoril. Afinal não estava enganado... Conhecia bem aquela cara, apesar de não estar à espera de encontrar uma celebridade num terminal de passageiros dum aeroporto da Europa! Mais tarde, já em velocidade cruzeiro, voltámos a cruzar-nos (numa ida à casa de banho) e então perguntei-lhe se – para além de ser um ator mundialmente famoso – tinha de facto alguma ligação à aviação. Disse-me que nos tempos livres voava muito no seu bimotor Cessna e que adorava acrobacia aérea. Ora, tendo eu como atividade lúdica preferida a acrobacia aérea, disse-lhe que tinha um Pitts Special, um biplano acrobático que ele conhecia bem mas que nunca tinha tido a oportunidade de experimentar.

Fiquei desde logo admirado com a simplicidade, cordialidade e simpatia do Senhor Freeman e convidei-o a fazer um voo no meu pequeno Pitts durante a sua estadia em Lisboa, ao que ele respondeu de imediato que “sim”. Antes de retomar o meu lugar no cockpit dei-lhe um cartão com os meus contactos, convencido de que assim que aterrássemos nunca mais se lembraria da nossa conversa, considerando o protocolo que o esperava em Lisboa e no Estoril nos dias seguintes. Mas na manhã seguinte ligou-me mesmo e pediu-me para o ir buscar ao hotel pois tinha reservado a manhã inteira para o nosso voo. Ao chegar, liguei-lhe através da receção e ele desceu ao fim de alguns minutos. Após um café no bar do hotel, rodeado por vários elementos da comitiva, jornalistas, fotógrafos e seguranças, acabou por me dizer que seria melhor ficar para outra oportunidade pois de minuto a minuto a nossa tentativa de planeamento do voo era interrompida com inúmeras solicitações de entrevistas, reuniões, provas de roupa e fotografias. O voo acabou mesmo por não se realizar, mas ficou a experiência de ver a outra face dum passageiro frequente notável, que quando o deixam consegue mostrar uma forma de estar e comunicar muito simples e afável, distante da auréola que esperamos encontrar nas pessoas com este nível de fama.

LUIS GARÇÃO

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Comandante de Airbus A330


AIRPLAY_

BRINCAR, COMER, LEVANTAR VOO. Enquanto a hora da partida não chega, o Parque Infantil é o espaço ideal para brincar e preparar as refeições infantis. O aeroporto adapta-se a si_

Serviços adaptados a si_ Sala de Estar em Família_ Fraldários_ Carrinhos de bebé_ Parques Infantis_ Cacifos_ Livro Infantil_

Parques infantis disponíveis nos Aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Açores Para mais informações sobre serviços disponíveis para famílias consulte www.ana.pt 51


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