Editorial: Vítor António Soares Santos, RN, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Centro Especializado de Tratamento de Feridas, São Peregrino
Jacques-Louis David, “Cupid and Psyche”, 1817
VOLUME 10 . EDIÇÃO 3
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, Dezembro, 2021, 10 (3) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/
1
DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v10i3
Editorial: Vítor António Soares Santos, RN, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Centro Especializado de Tratamento de Feridas, São Peregrino
As pessoas mais velhas correm maior risco de doenças graves e suas chances de sobrevivência são também mais baixas. A pandemia também expôs o preconceito de idade como nunca antes. Os idosos foram separados e isolados, retratados como fracos e indefesos, isto é, sofreram fortemente com o isolamento. Isso afetou sua saúde e bem-estar, e os idosos agora correm o risco de enfrentar mais violência, abuso e negligência do que antes da pandemia, ou seja, ficaram muito mais expostos que anteriormente. Os adultos mais velhos foram duramente atingidos; 95% de todas as mortes por coronavírus nos EUA envolveram um paciente com pelo menos 50 anos, de acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Os adultos mais velhos também são mais propensos a sofrer os efeitos duradouros do vírus, comumente conhecidos como COVID longo. Entre 50% e 80% de todos os pacientes apresentaram sintomas três meses após contrair o vírus, e aqueles que tinham pelo menos 50 anos eram mais propensos a relatar problemas persistentes. Isso porque as pessoas mais jovens são normalmente mais saudáveis de acordo com o Dr. Aaron Bunnell, co-diretor da Clínica de Reabilitação e Recuperação Pós-COVID da Escola de Medicina da Universidade de Washington em Seattle. "Quando você adquire uma doença, a sua linha de base afeta seu resultado", diz Bunnell. "Um homem de 60 anos tem uma reserva cardiopulmonar diferente de um homem de 20 anos. Se você reduzir em 20% sua resistência cardiovascular, o homem mais velho terá menos reserva." Pacientes com COVID longa relataram uma série de sintomas, incluindo fadiga, perda de olfato ou paladar, insônia, falta de ar, confusão mental e frequência cardíaca elevada. Aqueles que passaram algum tempo nos cuidados intensivos geralmente enfrentam maiores complicações e uma recuperação mais longa. É comum que pacientes hospitalizados sofram de síndrome “pós-cuidados intensivos” e neuropatia de doença crítica. A primeira afeta a cognição e a segunda refere-se à fraqueza dos membros do paciente. "A UCI pode ser um lugar muito difícil de se estar", diz Bunnell. Os idosos com COVID longa são propensos a ansiedade, depressão, confusão e perda de apetite. Os psicólogos, acreditam que esses sintomas são causados diretamente pelo vírus e pelo stress do ano passado. O tratamento inclui terapia e medicação para esses pacientes que já estavam nervosos e assustados e e cuja condição se agrava com o surgimento dos sintomas, ou seja para eles, o dia fatídico chegou, estão infectados! Tudo isto deve ser gerido de forma cuidadosa, de modo a promover uma recuperação adequada. Chegados ao final do ano, os casos confirmados de COVID-19 ultrapassaram 276,2 milhões em todo o mundo, segundo a Universidade Johns Hopkins. O número de mortes
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, Dezembro, 2021, 10 (3) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/
2
Editorial: Vítor António Soares Santos, RN, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Centro Especializado de Tratamento de Feridas, São Peregrino
confirmadas já passou de 5,36 milhões. Mais de 8,78 biliões de doses de vacinação foram administradas globalmente, de acordo com o portal “Our World in Data”. Singapura suspendeu as viagens sem quarentena como resultado da disseminação da variante Omicron COVID-19. Israel deve oferecer uma quarta dose da vacina COVID-19 para pessoas com mais de 60 anos em meio a preocupações com a disseminação da variante Omicron. Isso ocorre quando um hospital israelita relatou a primeira morte conhecida no país de um paciente com a variante Omicron COVID-19. O hospital disse que o homem de 60 anos sofria de uma série de condições pré-existentes graves. O Japão identificou seu primeiro caso suspeito de infecção disseminada pela comunidade da variante Omicron COVID-19. Um caso local de COVID-19 fez com que a cidade de Dongxing, perto da fronteira da China com o Vietnã, implementasse a toda a população um regime de quarentena obrigatória, interrompessem os transportes públicos e algumas aulas escolares bem como comercio e livre transito de pessoas. Por seu lado a OMS alerta para aumento significativo de casos europeus de COVID-19. O diretor regional europeu da Organização Mundial da Saúde, Hans Kluge, alertou os países para se prepararem para um “aumento significativo” nos casos de COVID-19, como resultado da disseminação da variante Omicron. Kluge disse em entrevista coletiva que o Omicron foi detectado em pelo menos 38 dos 53 países da Região Europeia da OMS e já é dominante em vários, incluindo Dinamarca, Portugal e Reino Unido. O mesmo perito afirma que “Em semanas, a Omicron será mais prevalente em mais países da região, levando os sistemas de saúde já sobrecarregados ainda mais à beira do precipício”. Até agora, 89% dos primeiros casos de Omicron na Europa estavam associados a sintomas comuns de COVID-19, como tosse, dor de garganta e febre, disse Kluge, que acrescentou que “o grande volume de novas infecções por COVID-19 pode levar a mais hospitalizações e interrupções generalizadas nos sistemas de saúde e outros serviços críticos”. Por outro lado o governo britânico anunciou que a partir de quarta-feira o período de isolamento do COVID-19 seria reduzido de 10 para sete dias para pessoas que obtiverem um resultado negativo no teste dois dias seguidos. A Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) referiu que um período de isolamento de sete dias, juntamente com dois resultados negativos de teste, teve quase o mesmo efeito protetor que um período de isolamento de 10 dias sem testes. A Novavax anunciou que o painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde recomendou uma terceira dose de sua vacina COVID-19 para pessoas imunocomprometidas. A AstraZeneca por seu lado anunciou que está a trabalhar com a Universidade de Oxford para produzir uma vacina para a variante Omicron COVID-19.
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, Dezembro, 2021, 10 (3) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/
3
Editorial: Vítor António Soares Santos, RN, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Centro Especializado de Tratamento de Feridas, São Peregrino
Já em Portugal, desde o início da pandemia, já se passou por 4 vagas epidémicas, encontrando-se agora à beira da 5ª vaga, que se prevê de maior dimensão. O pico poderá ser atingido no inicio de Fevereiro, quando se espera que o país entre numa fase com “tendência decrescente”, em que no entanto, os peritos alertam ser “preciso manter a vigilância” e que “há ameaças que não devem ser esquecidas”, nomeadamente junto da população idosa mais frágil e com mais comorbilidades, que podem sofrer mais com o desiquilibrio destas, do que com os efeitos desta nova variante por si só. Muitos peritos consideram que após atingir este pico e com a proximidade da primavera, nessa fase poderá haver condições para começar a aliviar medidas. Independente do rumo a tomar torna-se um imperativo moral contemplar nessa “abertura”, aspectos/cuidados a ter que não precipitem num aumento catastrófico dos números junto da população idosa, com reflexo na mortalidade. Vamos aguardar para ver. Um bom Ano de 2022!
Vítor Santos
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, Dezembro, 2021, 10 (3) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/
4