Fernandes I., Vigia C., Sousa L. (2020) Capacitation of the person undergoing total hip arthroplasty: a case study, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 194 - 209 ARTIGO ORIGINAL : Fernandes I., Vigia C., Sousa L. (2020) Capacitation of the person undergoing total hip arthroplasty: a case study, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 194- 209
ARTIGO ORIGINAL
Capacitação da pessoa submetida a artroplastia total da anca: estudo de caso Capacitación de la persona sometida a artroplastia total de cadera: un estudio de caso Capacitation of the person undergoing total hip arthroplasty: a case study Susana Isabel Oliveira Fernandes1, Carla Diamantina Brito Rodrigues Vigia2, Luís Manuel Mota de Sousa 3 1
Rn, Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, ORCID: 0000-0002-1693-4540 Rn, CNS, Centro Hospitalar Lisboa Central. Hospital Curry Cabral, ORCID: 0000-0001-5522-2071 2 Rn, MsC, CNS, PhD, Universidade de Évora, ORCID: 0000-0002-9708-5690 2
Corresponding Author: susanafernandes_09@sapo.pt
RESUMO Introdução: O aumento da esperança média de vida conduz a uma maior prevalência de doenças crónicas e incapacitantes, traduzindo-se num elevado número de pessoas com défice nos seus autocuidados. O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação através das competências especificas é detentor de ferramentas que permitem contribuir para uma melhoria da saúde das pessoas. Objetivo: Avaliar os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação no âmbito da capacitação da pessoa submetida a artroplastia total da anca. Metodologia: Utilizado método de estudo de caso, com estabelecimento de um plano de cuidados de enfermagem, segundo o Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação, em linguagem Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, a uma pessoa submetida a artroplastia total da anca. Resultados: Constatou-se uma melhoria na capacitação da pessoa submetida a artroplastia total da anca, após a implementação plano de cuidados em enfermagem de reabilitação. Obtiveram-se ganhos no alívio da dor, diminuição do risco de queda, melhoria da funcionalidade, do equilíbrio e da força muscular. Conclusão: A implementação de um programa de enfermagem de reabilitação beneficiou a pessoa, o que lhe proporcionou uma maior funcionalidade no regresso a casa, pós-alta. Descritores: Enfermagem em Reabilitação, Capacitação, Artroplastia total da anca
RESUMEN Introducción: El aumento en la esperanza de vida promedio conduce a una mayor prevalencia de enfermedades crónicas e incapacitantes, lo que resulta en un alto número de personas con un déficit en su autocuidado. La Enfermera Especialista en Enfermería de Rehabilitación a través de habilidades específicas tiene herramientas que permiten contribuir a una mejora en la salud de las personas. Objetivo: evaluar los resultados sensibles a la atención de enfermería en rehabilitación dentro del alcance de la capacitación para personas sometidas a artroplastia total de cadera. Metodología: se utilizó un método de estudio de caso, con el establecimiento de un plan de atención de enfermería, de acuerdo con el Estándar Documental para la Atención de Enfermería de Rehabilitación, en la Clasificación Internacional para la Práctica de Enfermería, a una persona que se sometió a una artroplastia total de cadera. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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Resultados: Hubo una mejora en el entrenamiento de la persona que se sometió a una artroplastia total de cadera, después de implementar un plan de cuidados de enfermería de rehabilitación. Hubo ganancias en el alivio del dolor, disminución del riesgo de caídas, mejora de la funcionalidad, del equilibrio y de la fuerza muscular. Conclusión: La implementación de un programa de rehabilitación de enfermería benefició a la persona, lo que le proporcionó una mayor funcionalidad al regresar a casa después del alta. Descriptores: Enfermería de rehabilitación; Capacitación; Artroplastia de Reemplazo de Cadera
ABSTRACT Introduction: The increase in average life expectancy leads to a higher prevalence of chronic and disabling diseases, resulting in a high number of people with a deficit in their self-care. The Nurse Specialist in Rehabilitation Nursing through their specific skills has tools that allows them to contribute towards improving people's health. Objective: To evaluate the responsive results to rehabilitation nursing care within the scope of training for people undergoing total hip arthroplasty. Methodology: A case study method was used, with the establishment of a nursing care plan, according to the Documentary Standard for Rehabilitation Nursing Care, in International Classification for Nursing Practice, to a person who underwent total hip arthroplasty. Results: There was an improvement in the training of the person who underwent total hip arthroplasty, after implementing a rehabilitation nursing care plan. There were gains in pain relief, reduced risk of falling, improved functionality, balance and muscle strength. Conclusion: The implementation of a rehabilitation nursing program benefited the person, providing them with greater functionality on returning home after discharge. Descriptors: Rehabilitation Nursing; Training; Arthroplasty, Replacement, Hip
INTRODUÇÃO Atualmente, do total de habitantes, em Portugal, um milhão tem 75 anos ou mais. O aumento da esperança média de vida conduz a uma maior prevalência de doenças crónicas e incapacitantes (MS, 2018). As doenças musculoesqueléticas fazem parte do grupo que mais afeta a população portuguesa (MS, 2018), e, segundo o EpiReumaPt (2011/2013)1, a osteoartrose do joelho e a osteoartrose da anca prevalecem, no nosso país, 12,4% e 2,9%, respetivamente. A prevalência de osteoartrose e os resultados demonstrados pelo estudo focado nas doenças reumáticas em Portugal, alertam-nos para números preocupantes referentes a pessoas que vivem incapacitadas por dor ou mobilidade reduzida, conduzindo a baixas prolongadas e antecipação da reforma. No decorrer de processos de osteoartrose, surgem situações de coxartrose devido a “um conjunto de eventos mecânicos e biológicos que desestabiliza o normal processo de degradação e síntese dos condrócitos da cartilagem articular, matriz extracelular e osso subcondral”. A coxartrose é, assim, uma doença crónica “com prevalência e impacto
1
Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal, in http://www.reumacensus.org/pdf/quadriptico_resultados_epireumapt.pdf JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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significativo na população. Pelo seu curso lento e prolongado, é usualmente motivo de consulta recorrente no contexto dos cuidados de saúde primários”. Sendo uma doença incapacitante, a intervenção com vista à recuperação de potencialidades é o principal objetivo da pessoa (Barbosa, Viçoso, Azevedo, Ramalho & Lima, 2014, p.40). É enquanto especialista, que o enfermeiro vê acrescidas as suas competências, permitindolhe uma atuação diferenciada, individualizada e estruturada face à pessoa, direcionando a sua atuação com foco na capacitação da mesma com limitação ou restrição na sua participação, bem como na maximização da funcionalidade (OE, 2011b). Neste sentido, o Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) assume extrema importância na reabilitação da pessoa submetida a artroplastia total da naca (ATA), pois possui ferramentas que lhe permitem capacitar a mesma, minimizando ou, até mesmo, eliminando barreiras que condicionem a sua participação social. Para uma adequada intervenção, cabe ao EEER avaliar a pessoa com coxartrose e diagnosticar alterações
que
a
limitem, para
posteriormente
elaborar planos
de
atuação/intervenção que irá implementar, de modo a atingir os objetivos definidos inicialmente e, por fim, reavaliar com vista a concluir os diagnósticos ou a reformular novos focos e/ou novas intervenções. Um dos fatores condicionantes da intervenção do EEER é a via de abordagem cirúrgica utilizada. A ATA pode acontecer por diferentes vias, nomeadamente a via posterior (Moore), via anterior (Watson-Jones) ou via lateral (Hardinge) (Galia, Diesel, Guimarães & Ribeiro, 2017). Os mesmos autores destacam a via de Moore como sendo a mais utilizada devido ao acesso, facilitado, ao acetábulo. Por outro lado, nesta abordagem, não há lesão do glúteo médio, não comprometendo a abdução e há baixo risco de trombose venosa profunda. No entanto, o risco de luxação é maior comparativamente às vias anteriormente mencionadas. Posto isto, o objetivo geral deste estudo é “Avaliar os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação no âmbito da capacitação da pessoa submetida a ATA via Moore” e os objetivos específicos são “Identificar os focos de diagnóstico em enfermagem de reabilitação na pessoa submetida ATA via Moore”; “Enunciar um plano de cuidados de enfermagem de reabilitação para a pessoa submetida a ATA via Moore”; “Executar o plano de cuidados de enfermagem de reabilitação estabelecido para a pessoa submetida a ATA”; e “Determinar os resultados obtidos, face aos cuidados de enfermagem de reabilitação planeados para a pessoa submetida a ATA via Moore”.
METODOLOGIA De modo a dar resposta aos objetivos estabelecidos, a metodologia utilizada foi o estudo de caso. O estudo de caso pretende estudar fenómenos sociais complexos de um grupo ou de JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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um indivíduo, permitindo o uso de diferentes instrumentos de colheita de dados, num meio natural para a(s) pessoa(s) envolvida(s), com uma abrangência holística do objeto de estudo (Yin, 2003). Seguiram-se as etapas do estudo de caso (Andrade et al., 2017) e as diretrizes de um relato de caso (Riley et al., 2017). O presente estudo, realizado em setembro de 2019, num serviço de ortopedia, do Centro Hospitalar de Lisboa, traça o caso de uma pessoa, do género masculino, com 55 anos de idade, com um diagnóstico de coxartrose que a conduz a uma intervenção cirúrgica de correção (artroplastia total da anca). Foi realizada colheita de dados através da observação e entrevista à pessoa, com vista a obter uma avaliação inicial que permitisse a planificação de cuidados com intervenções de enfermagem estabelecidas face às necessidades e prioridades da pessoa em estudo (Simões & Simões, 2007). Implementadas as intervenções do EEER, com suporte científico, a pessoa foi alvo de reavaliações, e, no final, interpretados os resultados obtidos. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram escalas e testes de avaliação validados para a população portuguesa, nomeadamente escala numérica da dor, Escala de Morse (avaliação do risco de queda), Índice de Barthel (avaliação da funcionalidade), Índice de Tinetti (avaliação do equilíbrio), Medical Research Council Scale modificada (avaliação da força muscular), goniometria (avaliação da amplitude articular) (Sousa & Carvalho, 2017). Os diagnósticos de enfermagem e respetivas intervenções foram elaborados de acordo com o Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação (OE, 2014), com uso da linguagem CIPE (OE, 2016) (Classificação Internacional para a prática de Enfermagem). Para a realização do estudo foram consideradas as questões éticas associadas, garantindo os direitos de autodeterminação e de proteção contra o desconforto e o prejuízo, respeitando, assim, os princípios da Beneficiência, não Maleficência. Considerados, também, o discernimento com o objetivo de evitar enviesamentos verbais que possam condicionar as respostas da pessoa; a ausência de juízos de valor; a privacidade; a segurança e a informação (facultado o consentimento livre e esclarecido), cumprindo os princípios da Fidelidade, Justiça, Veracidade e Confidencialidade (Nunes, 2013).
APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO A pessoa alvo da intervenção de Enfermagem de Reabilitação foi um senhor de 55 anos de idade, com diagnóstico primário de coxartrose à direita, com cirurgia eletiva para ATA, via Moore. De modo a garantir o anonimato da pessoa alvo da intervenção será utilizado a letra D. O Sr. D, orientado no tempo, espaço e pessoa, é português, caucasiano e católico não praticante, encontra-se no ativo como empregado de mesa num restaurante. É casado, vive JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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com a esposa e tem 2 filhos. A sua habitação tem escadas, divisões amplas e sem obstáculos, a casa de banho tem um poliban com barra de apoio. Sem alterações na comunicação nem de compreensão. Devido à sua profissão, permanecia longos períodos em pé e realizava marcha de curtas distâncias, mas frequentes ao longo do dia, o que se traduzia em dificuldade em deambular e dor, bem como edema dos membros inferiores (MI’s) à noite. Devido à coxartrose, os dias de trabalho eram difíceis, pela presença de dor, tipo moinha, que aumentava durante a jornada. Nas atividades de vida diárias (AVD’s) manifestava dificuldade em calçar meias e sapatos, já recorrendo a uma calçadeira para conseguir calçar os sapatos. Revela, como antecedentes clínicos, hipertensão arterial (HTA), Diabetes Mellitus tipo II (DM2) e cirurgia das varizes do membro inferior direito há 3 anos, tendo sido o seu único internamento hospitalar até então. Desconhece alergias alimentares ou medicamentosas. Relativamente à DM2 e HTA, encontra-se medicado e controlado, cumprindo vigilância de ambos antecedentes clínicos em consulta externa, com médico de família. O Sr. D, no domicílio, cumpre uma dieta hipossalina e pobre em açúcares, bem como a ingestão hídrica de, aproximadamente, 2 litros diários. Com altura de 168 cm e peso 70 Kg, revela um IMC para peso normal (entre 18,5-24,9 Kg/m2), de acordo com a classificação da OMS (2018). O Sr. D, proveniente de um programa institucional em prática no serviço de internamento que visa o acompanhamento dos utentes antes, durante e após cirurgia, foi internado no dia 25 de setembro, tendo sido intervencionado cirurgicamente no mesmo dia. Controlo analítico dentro dos valores de referência e telerradiografia de controlo pós cirurgia revela sucesso da mesma. No estabelecimento do programa de intervenção foram realizadas avaliações da dor, amplitude articular, risco de queda, força muscular, equilíbrio e funcionalidade (Sousa & Carvalho, 2017). Assim, foram considerados diagnósticos de enfermagem que delinearam as intervenções do programa, segundo o Padrão Documental dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação (OE, 2014), com uso da linguagem CIPE (OE, 2016). Atendendo que a via de abordagem cirúrgica utilizada influencia o programa de reabilitação a estabelecer, importa considerar que numa situação de ATA por via de Moore, a pessoa deve evitar rotação interna e adução do membro inferior operado. Os focos identificados foram autocuidado higiene, autocuidado vestuário; dor; rigidez articular; movimento muscular; edema; transferir-se; andar com auxiliar de marcha. Foram também consideradas as dimensões do conhecimento e da aprendizagem de capacidades. Identificados os “problemas” foi estabelecido o plano de cuidados de enfermagem de reabilitação, que se apresenta no quadro 1. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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Quadro 1 – Plano de cuidados de enfermagem de reabilitação para a pessoa submetida a ATA Diagnóstico Autocuidado higiene comprometido em grau moderado
•
Intervenções Avaliar o autocuidado higiene
•
Assistir no autocuidado higiene [1ºdia de pós operatório – no leito: Instruir acerca da higiene no leito; preparar os materiais necessários (bacia, esponja/manápula, toalha, produtos higiene) e lavar apenas as zonas que a pessoa não consegue (perna direita, pés e costas) ]
•
Assistir no autocuidado higiene [2º dia de pós operatório – no chuveiro: Instruir acerca da higiene no chuveiro; preparar os materiais necessários (esponja de cabo longo, produtos de higiene, toalha) e lavar apenas as zonas que a pessoa não consegue]
•
Avaliar conhecimento sobre dispositivo auxiliar para autocuidado higiene
Potencial para melhorar o conhecimento sobre dispositivo auxiliar para o autocuidado higiene
•
Avaliar conhecimento sobre autocuidado higiene
•
Ensinar sobre autocuidado higiene (Não realizar flexão de tronco superior a 90º, não elevar joelho acima do nível da anca, não fazer rotação do tronco sobre a anca)
•
Providenciar dispositivo auxiliar (esponja de cabo longo, cadeira sanitária)
•
Ensinar sobre dispositivo auxiliar para autocuidado higiene (esponja de cabo longo, cadeira sanitária)
Potencial para melhorar a capacidade para utilizar o dispositivo auxiliar para o autocuidado higiene
•
Avaliar capacidade para utilizar dispositivo auxiliar para autocuidado higiene
•
Instruir sobre uso de dispositivo auxiliar para autocuidado higiene (esponja de cabo longo)
•
Treinar uso de dispositivo auxiliar para autocuidado higiene (esponja de cabo longo)
Autocuidado vestuário comprometido em grau moderado
•
Avaliar o autocuidado vestuário
•
Assistir no autocuidado vestuário (Não realizar flexão de tronco superior a 90º)
•
Providenciar dispositivo auxiliar (calçadeira de cabo longo, pinças para vestir calças e meias)
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Potencial para melhorar o conhecimento sobre dispositivo auxiliar para o autocuidado vestuário
•
Avaliar conhecimento sobre dispositivo auxiliar para autocuidado vestuário
•
Ensinar sobre dispositivo auxiliar para autocuidado vestuário (vestir primeiro membro inferior direito e despir o mesmo em último, com recurso de pinça de cabo longo e/ou cuidador; calçadeira de cabo longo para calçar sapatos, devendo estes ser um número acima, fechados, sem cordões, antiderrapantes; evitar rotação interna e adução)
Potencial para melhorar a capacidade para utilizar o dispositivo auxiliar para o autocuidado vestuário
•
Avaliar capacidade para utilizar dispositivo auxiliar para autocuidado vestuário
•
Instruir sobre uso de dispositivo auxiliar para autocuidado vestuário (calçadeira de cabo longo, pinças para vestir calças e meias)
•
Treinar uso de dispositivo auxiliar para autocuidado vestuário (calçadeira de cabo longo, pinças para vestir calças e meias)
Dor
•
Monitorizar dor através de escala numérica
•
Gerir analgesia
•
Assistir no posicionar
•
Instruir sobre posicionamentos (Decúbito dorsal, preferencial, com membros inferiores afastados; decúbito lateral esquerdo e decúbito semi-dorsal esquerdo com almofadas entre as pernas para manter afastamento entre os membros inferiores – evitar restantes decúbitos durante 6 semanas; apanhar objetos do chão com extensão do membro inferior direito para trás e apenas flexão do membro inferior esquerdo, com apoio de uma das mãos numa superfície segura).
Rigidez articular
•
Avaliar movimento articular
•
Assistir nas mobilizações ativas-assistidas e ativas-resistidas (Mobilizações do joelho e da articulação tibiotársica até ao limite da dor; manter joelho em extensão, sem almofada, contraindo contra a cama; técnica da ponte com membro inferior direito em posição de segurança; mobilizações ativas de todos os segmentos do membro inferior direito; manter abdução)
•
Incentivar a pessoa a executar as mobilizações anteriores de forma ativa
Potencial para melhorar o conhecimento sobre condições de risco para a rigidez articular
•
Monitorizar amplitude do movimento articular através de goniómetro
•
Avaliar conhecimento sobre condições de risco para a rigidez articular
•
Avaliar conhecimento sobre técnicas de exercício muscular e articular
•
Ensinar sobre condições de risco para a rigidez articular
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•
Ensinar sobre técnicas de exercício muscular e articular (contrações isométricas dos glúteos, quadricípites e isquiotibiais; mobilizações ativas de todos os segmentos do membro inferior direito)
•
Providenciar material educativo (folheto “cuidados a ter com a sua prótese da anca”)
Potencial para melhorar a capacidade para executar técnicas para diminuir o risco para a rigidez articular
•
Avaliar capacidade para executar técnicas de exercício muscular e articular
•
Instruir sobre técnicas de exercício muscular e articular (descritas no ensino)
•
Treinar técnicas de exercício muscular e articular (descritas no ensino)
Movimento muscular
•
Avaliar movimento muscular
•
Monitorizar força muscular através da Escala de Avaliação da Força Muscular – MRC modificada
•
Assistir técnica de exercício muscular e articular ativo-assistido de todos os segmentos do membro inferior direito (MI dto)
•
Incentivar a pessoa a executar os exercícios musculares e articulares ativos
(contrações
isométricas
dos
glúteos,
quadricípites
e
isquiotibiais)
Potencial para melhorar o conhecimento sobre técnicas de exercício muscular e articular
•
Supervisionar o movimento muscular
•
Avaliar conhecimento sobre técnicas de exercício muscular e articular
•
Ensinar sobre técnicas de exercício muscular e articular (contrações isométricas dos glúteos, quadricípites e isquiotibiais; mobilizações ativas de todos os segmentos do MI dto)
•
Providenciar dispositivo auxiliar de técnicas de exercício muscular e articular (elásticos, pesos)
• Potencial para melhorar a capacidade para executar técnicas de exercício muscular e articular
•
Avaliar capacidade para executar técnicas de exercício muscular e articular
•
Instruir sobre técnicas de exercício muscular e articular (mobilizações ativas, exercícios de fortalecimento muscular descritos no ensino)
•
Treinar técnicas de exercício muscular e articular (descritas no ensino)
Edema
•
Avaliar edema
•
Vigiar sinal de godet
•
Incentivar o repouso no leito, por períodos
•
Elevar membros inferiores
•
Aplicar gelo
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•
Executar mobilizações passivas de todos os segmentos do MI dto
•
Assistir nas mobilizações ativas-assistidas de todos os segmentos do MI dto
Transferir-se comprometido em grau moderado
•
Instruir sobre contrações isométricas dos quadricípites e glúteos
•
Incentivar mobilizações ativas de todos os segmentos do MI dto
•
Avaliar o transferir-se
•
Assistir no transferir-se (No 1º dia de levante)
•
Supervisionar o transferir-se (após ensino e instrução – 2º dia levante e seguintes)
Potencial para melhorar o conhecimento sobre técnica de adaptação para transferir-se
•
Avaliar conhecimento sobre técnica de adaptação para transferir-se
•
Ensinar sobre técnica de adaptação para transferir-se (Sair e entrar na cama pelo lado operado – direito: para sair colocar MI dto em posição de segurança, em extensão e com o pé a 90º; sentar na cama, apoiando os antebraços sem inclinar o tronco para frente e mantendo o membro inferior direito em posição de segurança; fletir o membro inferior esquerdo e aproximar do limite da cama; rodar o tronco e membros inferiores até que os pés toquem no chão; levantar o corpo da posição de sentado com ajuda dos braços e membro inferior esquerdo fletido, mantendo membro inferior direito em extensão; de pé, para mudar de direção deve rodar sobre o membro inferior esquerdo, mantendo MI dto em posição de segurança; entrar no carro, no lugar do passageiro à frente: colocar almofadas de modo a ter o assento mais alto e sentar lateralmente no banco com membro inferior esquerdo fletido e membro inferior direito em posição de segurança; rodar o tronco, colocar membro inferior esquerdo dentro do carro e mantendo membro inferior direito em posição de segurança; sentar em cadeira sem braços da mesma forma como entrar no carro; levantar da cadeira, procedimento igual ao levantarse da cama)
•
Providenciar material educativo (folheto “cuidados a ter com a sua prótese da anca”, almofadas, alteador de sanita)
Potencial para melhorar a capacidade para usar técnica de adaptação para transferir-se
•
Avaliar capacidade para usar técnica de adaptação para transferir-se
•
Instruir sobre técnica de adaptação para transferir-se (descritas no
•
Treinar técnica de adaptação para transferir-se (descritas no ensino)
Andar com auxiliar de marcha
•
Avaliar o andar com auxiliar de marcha
•
Assistir no andar com auxiliar de marcha (primeiros 2 dias)
•
Supervisionar o andar com auxiliar de marcha (restantes dias)
ensino)
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Potencial para melhorar o conhecimento sobre andar com auxiliar de marcha
•
Avaliar conhecimento sobre andar com auxiliar de marcha
•
Ensinar sobre andar com auxiliar de marcha (1º dia com andarilho: avança primeiro o andarilho, depois pé direito e no fim pé esquerdo; manter postura corporal correta e não fixar o olhar no chão)
•
Ensinar sobre andar com auxiliar de marcha (2º dia e seguintes com canadianas: avançam primeiro as canadianas afastadas, depois pé direito e no fim pé esquerdo; manter postura corporal correta e não fixar o olhar no chão; subir escadas: primeiro o pé esquerdo, depois pé direito e no fim canadianas; descer escadas: primeiro avançam as canadianas, depois pé direito e por fim pé esquerdo)
•
Providenciar material auxiliar de marcha (andarilho, canadianas e garantir ajustamento do mesmo à altura da pessoa)
Potencial para melhorar a capacidade para andar com auxiliar de marcha
•
Avaliar capacidade para andar com auxiliar de marcha
•
Instruir sobre andar com auxiliar de marcha (descrito no ensino)
•
Treinar a andar com auxiliar de marcha, com andarilho/canadianas (grandes distâncias; subir e descer escadas)
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A avaliação da pessoa realizada pelo enfermeiro deve ser baseada em medidas válidas, fiáveis e responsivas (Kelly-Hayes & Phipps, 2011; Sousa, Marques-Vieira, Severino & Caldeira; 2017) e os resultados conseguidos possibilitam uma compreensão e reavaliação de modo a atingir os objetivos definidos. Importa referir que, apesar de não ter contatado com o Sr. D em todos os dias de internamento, o mesmo foi ensinado e instruído nos cuidados de enfermagem de reabilitação. Além de que foi assegurada a continuidade dos mesmos pelos EEER do serviço de internamento. Assim, a intervenção junto do Sr. D possibilitou os resultados apresentados no quadro 2. Quadro 2 – Resultados obtidos, após intervenção do EEER. Avaliação
Instrumento
Dor
Escala numérica
Antes do programa Reabilitação Durante o programa Reabilitação
de de
DIA 26/09
DIA 30/09
0
0
3
1
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No final do programa de Reabilitação Risco de Queda
Amplitude articular
Força muscular
0
0
60
30
50º
60º
40º
50º
Flexão da ACF com flexão do joelho
3
4+
Abdução da ACF
3
4
Equilíbrio estático Equilíbrio dinâmico Total
7 5 12
12 7 19
45
75
Escala de Morse
Goniometria
Escala Medical Research Council modificada
Equilíbrio
Índice de Tinetti
Funcionalidade
Índice de Barthel
Flexão da articulação coxofemural (ACF) com flexão do joelho Flexão da ACF com extensão do joelho
O cumprimento do programa de reabilitação estabelecido para o Sr. D permitiu-lhe uma melhoria em todos os focos diagnosticados, traduzindo-se em ganhos significativos para ele. No que respeita à dor, podendo esta ser limitadora e condicionar as outras avaliações definidas, bem como a execução das intervenções planeadas, o Sr. D apresentava-se sem dor, referindo apenas dor 3 aquando da mobilização ativa-assistida da ACF, que, aquando da alta apresentava-se menor. É importante realçar que o Sr. D encontrava-se a cumprir esquema analgésico, no entanto, no último dia recusou o mesma. Tendo em conta a situação de cirurgia, o tempo de permanência do leito por parte do Sr. D interfere com o levante e com a execução das restantes intervenções, pois condiciona a sua segurança. A avaliação deste parâmetro foi feita pela utilização da Escala de Morse. Esta escala considera 6 parâmetros de avaliação (história de queda; diagnóstico secundário; auxílio na marcha; terapia endovenosa; marcha e estado mental), que se traduzem num score indicativo do grau de risco da pessoa. Também nesta, o Sr.D diminuiu o risco de queda no final do programa. Para avaliar a amplitude articular recorreu-se à goniometria, pois esta permite avaliar a posição de uma articulação no espaço, sendo possível quantificar a mobilidade e amplitude de uma articulação (Taboadela, 2007). O ângulo de flexão de uma articulação deve ser avaliado para que na execução dos exercícios de amplitude articular não ocorram lesões (Hoeman, Liszner & Alverzo, 2011). Atendendo à ATA via Moore, esta avaliação importa para JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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definir os movimentos e amplitudes que podem ser efetuados de modo seguro, evitando luxação. Sendo a avaliação da força muscular também essencial para o desempenho das AVD’s e das atividades de vida instrumentais (AIVD’s), e primordial na circunstância da realização do primeiro levante de pós-operatório, o recurso à escala medical research council modificada, possibilitou uma avaliação e tradução de ganhos, mais responsiva. Na escala medical research council simples, a força é classificada em 5 graus (Sousa & Carvalho, 2017), enquanto a modificada tem 11 graus. Em ambas, quanto maior a classificação, maior será a força muscular, e o Sr. D constatou uma evolução positiva no ganho de força muscular. Igualmente, o equilíbrio é crucial para a segurança, no levante e na realização de todas as intervenções estabelecidas, por isso a sua avaliação também foi tida em conta. No que se refere ao equilíbrio dinâmico e estático, foi utilizado o Índice de Tinetti. Esta escala faz uma avaliação em 16 situações, sendo que as primeiras nove referem-se ao equilíbrio estático (contabilizando um total de 16 pontos) e as restantes referem-se ao equilíbrio dinâmico (contabilizando um total de 12 pontos). Quanto maior a pontuação, menor o risco de queda e consequente ganho para o utente (Sousa & Carvalho, 2017). Ainda que tenha obtido um score moderado, o Sr. D viu o seu risco de queda diminuir. Após a ATA, o Sr. D expetava uma melhoria na realização das AVD’s. Para avaliar a funcionalidade foi utilizado o Índice de Barthel. Este consiste na avaliação da independência da pessoa face à realização das AVD’s, sendo elas alimentação, transferências, toalete, utilização de wc, banho, mobilidade, subir e descer escadas, vestir, controlo intestinal e controlo urinário (DGS, 2011). Para cada atividade são atribuídos dois a quatro níveis de dependência, sendo 0 dependência total. Assim, quanto maior a pontuação, menor a dependência (Apóstolo, 2012). O Sr D aumentou o seu score do índice de Barthel.
DISCUSSÃO A avaliação, que norteia o planeamento, sustentada pelos resultados mensuráveis, revela-se primordial para uma adequada intervenção. No que respeita às avaliações efetuadas para o Sr. D e respetivas intervenções, realça-se que estas foram permanentemente reavaliadas, pois só assim foi possível compreender e definir novas estratégias com vista ao alcance da melhor funcionalidade para o utente. O facto de se conseguir diminuir a dor foi fundamental para a adesão da pessoa ao programa. Neste caso, o Sr. D referiu a dor como incomodativa para o início do treino de marcha. No entanto, não permitindo que a dor o limitasse e cumprindo analgesia prescrita, no final, aquando da alta, a dor encontrava-se ausente.
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Sendo a segurança um aspeto primordial em qualquer intervenção (Hoeman, Liszner & Alverzo, 2011), os resultados obtidos pelo Sr. D mostram que o risco de queda diminuiu ao longo do programa, graças ao cumprimento do programa de reabilitação, nomeadamente o treino de marcha com canadianas que se traduziu, igualmente, numa melhoria nos resultados da avaliação do equilíbrio, bem como do ganho em força muscular e amplitude articular. Estes ganhos foram possíveis devido às mobilizações ativas-assistidas e, posteriormente, ativas, bem como às contrações isométricas executadas. Estes resultados favoráveis permitiram ao Sr. D um desempenho seguro da marcha e da realização das suas AVD’s (melhoria na avaliação do Índice de Barthel) durante o internamento, sendo expetável melhorar no domicílio. Quer para o desempenho das AVD’s ou dos exercícios de amplitude articular e fortalecimento muscular, foi imprescindível insistir no ensino das medidas anti-luxantes (não realizar flexão de tronco superior a 90º; não elevar joelho acima do nível da anca; não fazer rotação do tronco sobre a anca; evitar rotação interna do MI dto) (Sousa & Carvalho, 2017). Os ensinos e treinos de AVD’s são primordiais por possibilitarem uma maximização da funcionalidade e qualidade de vida (Vigia, Ferreira & Sousa, 2017) e a intervenção do EEER é igualmente importante pela apresentação e disponibilidade de produtos de apoio que auxiliem nesta maximização. O Sr. D potenciou as suas capacidades com uma melhoria no conhecimento acerca dos focos e na capacidade de execução das intervenções associadas (nomeadamente autocuidado higiene, autocuidado vestir, movimento muscular, rigidez articular, transferir-se e andar com auxiliar de marcha). Neste caso, foram facultados dispositivos de apoio como a calçadeira de cabo longo e a pinça de cabo longo para potenciar a funcionalidade no vestir e calçar; também foram reforçados ensinos na escolha de calçado (devendo ser fechado, antiderrapante e sem cordões) e roupa (larga, confortável, fácil de vestir). Por outro lado, para a higiene no chuveiro, foi facultada cadeira sanitária e dado apoio na mesma, uma vez que não havia escovas de cabo longo. A realização da higiene no wc é preferível em detrimento da higiene no leito, pelo que o Sr. D, a partir do segundo dia de levante, realizou cuidados de higiene no chuveiro (Vigia, Ferreira & Sousa, 2017). No que respeita à marcha, também foi possível o Sr. D evoluir favoravelmente, passando do andarilho às canadianas como programado. Nesta transição de dispositivo de apoio à marcha, foi igualmente importante o reforço, por parte do EEER, acerca dos cuidados de manutenção e segurança dos mesmos.
Implicações práticas Estabelecer programas de reabilitação permite maximizar a funcionalidade da pessoa, tornando-a mais independente e mais autónoma, minimizando e prevenindo complicações JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-11
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para o seu quotidiano e satisfação das necessidades básicas e instrumentais (Hoeman, Liszner & Alverzo, 2011; Sousa & Carvalho, 2017). Relativamente ao Sr. D, verificou-se uma evolução positiva no seu percurso de reabilitação, apresentando ganhos na sua funcionalidade, permitindo-lhe regressar a casa e, posteriormente, ao trabalho, mantendo a sua participação social, permitindo a transição para o regresso a casa de modo seguro (Paniagua et al., 2018). Neste sentido, a pessoa alvo de intervenção teve benefícios devido à intervenção do EEER, pois num olhar holístico, este fez a avaliação da pessoa recorrendo a instrumentos válidos, de confiança, sensíveis e adequados para medir a função (Kelly-Hayes & Phipps, 2011; Sousa et al., 2017) e, a avaliação da pessoa com ATA, requer a utilização de instrumentos que permitam identificar défices na funcionalidade, permitindo assim, o adequado planeamento da intervenção com vista aos ganhos em saúde (Sousa & Carvalho, 2017).
CONSIDERAÇÕES FINAIS Os objetivos propostos para este estudo foram alcançados e com os resultados obtidos importa reforçar a importância desta intervenção diferenciada por parte do EEER de modo a abranger mais pessoas, em diferentes contextos de saúde. A intervenção do EEER dirigida ao défice do autocuidado, permite o empoderamento e capacitação da pessoa, melhorando a sua funcionalidade e consequentemente a qualidade de vida destas pessoas. Além disso, o EEER tem uma intervenção importante na preparação do regresso a casa, facilitando uma transição segura.
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