Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
Artigo Original
Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação Continuous quality improvement project: Measles - Vaccination Campaign
Proyecto de mejora continua de la calidad: Sarampión - Campaña de Vacunación
Armando David Sousa1, Claudina Martins2; Dina Duarte Pinto3, Fernanda Silva4; Liliana Ferreira5; Vitor Santos6 1-6
RN, CNS, MsC
Corresponding Author: dinamariapinto@gmail.com RESUMO O projeto de melhoria contínua da qualidade foi realizado na área da vacinação contra o sarampo, visto esta ser uma área da inteira responsabilidade do enfermeiro. Teve como objetivo promover a adesão à vacinação contra o sarampo, da população inscrita num Agrupamento de Centros de Saúde (ACES)
e dos seus profissionais de saúde.
A
metodologia adotada foi a preconizada pela Ordem dos Enfermeiros (OE) para o desenvolvimento de projetos de melhoria contínua da qualidade. Este projeto pretende demonstrar que a fundamentação científica, a planificação, a definição de estratégias, de objetivos e a criação de indicadores mensuráveis, permitem dar visibilidade aos cuidados de enfermagem, sendo uma oportunidade de crescimento para os enfermeiros da prática clínica e para os enfermeiros gestores. Palavras-Chave: Projeto; melhoria contínua; qualidade; vacinação; sarampo.
ABSTRACT The project of continuous quality improvement was carried out in the area of measles vaccination, since this is an area of the entire responsibility of the nurse. It aimed to promote adherence to measles vaccination, by the population enrolled in a Health Centers Group (ACES) and its health professionals. The methodology adopted was the one recommended by the Portuguese Nurses Council (OE) for the development of projects for continuous quality improvement. This project intends to demonstrate that the scientific basis, planning, definition of strategies, objectives and the creation of measurable indicators, allow to give visibility to nursing care, being an opportunity for growth for nurses of clinical practice and for nurse managers. Keywords: Project; continuous improvement; quality; vaccination; measles.
INTRODUÇÃO As organizações de saúde enfrentam o desafio de acompanhar as mudanças epidemiológicas da atualidade, o planeta tornou-se global trazendo novas implicações para a saúde pública,
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ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
entre elas o confronto com doenças que se pensavam erradicadas. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) existe em Portugal há mais de 50 anos, é um dos exemplos de boas práticas, gerido pela Direção Geral da Saúde (DGS) e faz parte do seu plano estratégico, sendo um dos exemplos de eficiência das políticas públicas (DGS, 2016). A evidência científica comprova que foram muitos os avanços feitos pela comunidade científica na área da vacinação. Nas sociedades modernas a conquista da liberdade proporcionou novas correntes de pensamento. Alguns estudos sem evidência comprovada contribuíram para influenciar negativamente a escolha livre e informada. O presente projeto de melhoria contínua da qualidade enquadra-se no enunciado descritivo dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem “promoção da saúde”,
na procura
permanente da excelência no exercício profissional uma vez que o enfermeiro ajuda os clientes a alcançarem o máximo potencial de saúde (OE), 2002). Neste âmbito,
foi eleita como área de melhoria a vacinação
contra o sarampo, visto esta ser uma área da inteira responsabilidade do enfermeiro uma vez que é ele que desenvolve com os cidadãos o plano de vacinação. Tal como indica o Resumo Mínimo de Dados e Core de Indicadores de Enfermagem para o Repositório Central de Dados da Saúde (OE, 2007), o presente projeto enquadra-se nos indicadores de processo e resultados, sensíveis aos cuidados de enfermagem. Para este projeto foi definido como objetivo geral: promover a adesão à vacinação contra o sarampo, da população inscrita no ACES e dos seus profissionais de saúde. E como objetivos específicos: contribuir para a aquisição de conhecimentos da população, relacionados com o sarampo; contribuir para as necessidades educativas da população, relacionadas com a vacina do sarampo; aumentar a proteção específica da população contra o sarampo; aumentar a proteção especifica dos profissionais de saúde contra o sarampo e sensibilizar e motivar os profissionais de saúde do ACES para a problemática do sarampo. Foram ainda definidos indicadores, de forma a avaliar a pertinência do próprio projeto, o impacto das intervenções e estratégias definidas.
IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROBLEMA A vacinação é uma das primordiais atividades da responsabilidade dos enfermeiros que exercem a sua atividade nos Cuidados de Saúde Primários (Subtil & Vieira, 2011), tendo contribuído nos últimos anos, para uma apreciável redução da mortalidade na população mundial, bem como, na erradicação de algumas doenças. A vacinação é uma área
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problemática da saúde pública que se encontra em constante atualização, acompanhando os avanços da ciência. As doenças transmissíveis podem ser “prevenidas e controladas. O objetivo dos programas de prevenção e controlo é reduzir a prevalência de uma doença para um nível em que esta já não constitua um grande problema de saúde pública” (Sy & Long-Marin, 2011, p.919). A prevenção primária refere-se então à prevenção do desenvolvimento da doença através da redução da exposição aos agentes que causam a doença ou por imunização (Gordis, 2011). Em relação à intervenção do enfermeiro, “a prevenção encontra-se no centro da saúde pública e comunitária, e são os enfermeiros que realizam a maior parte deste trabalho (…) alguns exemplos são a administração de vacinas para doenças evitáveis através da vacinação e monitorização do estado de imunização” (Sy & Long-Marin, 2011, p.920). Tal como consta no PNV, as vacinas permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico, sendo um Programa universal, gratuito e acessível a todas as pessoas presentes em Portugal (DGS, 2016). O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas, sendo habitualmente benigna, mas em alguns casos pode ser grave ou mesmo fatal. É uma doença aguda, altamente contagiosa, capaz de provocar epidemias, sendo o homem o único reservatório do vírus. Pode ser contraído a qualquer idade. Acredita-se que as crianças são o grupo etários mais afetado pelo sarampo, mas a doença também se espalha entre adolescentes e adultos. A vacinação é a melhor maneira de se proteger contra o sarampo, independentemente da idade (European Centre for Disease Prevention and Control, 2018). O atual PNV, que entrou em vigor no início de 2017 passou a ter novos esquemas vacinais gerais, em função da idade e do estado vacinal anterior, e ainda esquemas vacinais específicos para grupos de risco ou em circunstâncias especiais (DGS, 2017). A boa aceitação e adesão por parte da população e dos profissionais de saúde explicam o desempenho do PNV desde a sua criação em 1965, com elevadas coberturas vacinais (DGS, 2017). Passado o marco dos 50 anos, o PNV mudou o panorama das doenças infeciosas a nível nacional, concorreu para a redução da mortalidade infantil e para o desenvolvimento do país e contribuiu ainda para momentos marcantes na história da humanidade como a erradicação mundial da varíola em 1980 e a eliminação da poliomielite na região europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2018). O sarampo é uma doença com possibilidade de eliminação
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dada a sua transmissão exclusivamente inter-humana e a existência de uma vacina eficaz e segura. O continente americano eliminou o sarampo em 2002 (DGS, 2013). A OMS, em 1998, definiu o ano 2007 como meta para a eliminação do sarampo na região europeia. Em 2005 esta meta foi alterada para o ano 2010 e foi lançado o Programa Europeu de Eliminação do Sarampo e Rubéola e Prevenção da Rubéola Congénita (DGS, 2013). A vacinação deve ser entendida como um direito e um dever dos cidadãos, participando ativamente na decisão de se vacinarem com a consciência que estão a defender a sua saúde, a saúde pública e a praticar um ato de cidadania (DGS, 2017). A vacinação organizada contra o sarampo em Portugal iniciou-se em 1973, tendo a Vacina Monovalente Contra o Sarampo (VAS) sido incluída no PNV em 1974. Em 1987, a Vacina Combinada Contra Sarampo, Parotidite Epidémica e Rubéola (VASPR) substituiu a VAS no PNV, sendo recomendada aos 15 meses de idade (DGS, 2013). Inicialmente, as coberturas vacinais obtidas não foram suficientes para impedir epidemias pelo que em 1990 foi introduzida no PNV uma segunda dose da vacina VASPR aos 11-13 anos de idade, no sentido de ultrapassar as falências vacinais primárias (DGS, 2013). Apesar das boas coberturas vacinais a nível nacional, assimetrias nestas coberturas permitiram a acumulação de bolsas suscetíveis e a ocorrência da epidemia. No ano 2000 a segunda dose da vacina foi antecipada para os 5-6 anos de idade. Em 2008 e 2011, face à situação europeia, com surtos em vários países, reativaram-se as medidas complementares de vacinação e reforçou-se a vigilância epidemiológica do sarampo. O PNV 2012 determina a antecipação da primeira dose da VASPR dos 15 para os 12 meses de idade. Com esta alteração obtém-se imunidade individual e de grupo mais precocemente (DGS, 2013). Todas estas medidas têm tido como resultado o controlo sustentado do sarampo em Portugal, decorrente de elevadas coberturas vacinais a nível nacional. As coberturas vacinais com 1 e 2 doses da vacina VASPR, a nível nacional, são ≥95% pelo menos desde 2006. No entanto, este valor não é uniforme, verificando-se assimetrias regionais e locais, que aumentam o risco de existência de bolsas de população suscetível, mesmo em áreas geográficas com cobertura vacinal global elevada. A ação das estruturas de saúde locais com intervenção junto das comunidades é fundamental para a correção dessas assimetrias, como forma de prevenir a ocorrência de surtos a partir de casos importados (DGS, 2013). Em 2017 foram notificados 32 casos de sarampo em Portugal. Ocorreram dois surtos, um na região do Algarve com 7 casos confirmados laboratorialmente; outro na região de Lisboa e
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Vale do Tejo com 20 casos confirmados laboratorialmente e 5 casos possíveis. Para além dos casos referidos, foram notificados 2 casos importados, ambos confirmados. Em 2018, até ao dia 9 de abril, já tinham sido reportados 105 casos confirmados, sendo que 102 ocorreram na região Norte. Verificou-se que 15 dos casos não estavam vacinados e 10 tinham o esquema incompleto. É ainda de salientar que 85 dos casos ocorreram em profissionais de saúde com ligação laboral ao Hospital de Santo António, no Porto. Os grupos etários com mais casos confirmados foram o dos 25-29 anos e o dos 30-34 anos com 29 casos em cada grupo etário o que perfaz 58 casos com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos.
DIMENSÃO DO PROBLEMA
Segundo a OMS o número de casos de sarampo atingiu números alarmantes na Europa em 2017 (figura 1), após se ter alcançado um mínimo histórico em 2016. O continente registou cerca de 21.315 casos no ano passado, que é quase quatro vezes maior do que no ano anterior (21.315 pessoas afetadas e 35 pessoas mortas, após uma baixa recorde de 5.273 casos em 2016. Os países mais afetados foram a Roménia, a Itália e a Ucrânia, em que cada um registou cerca de 5.000 casos, sendo que dos casos registados, 19.100 foram registados em oito - Romênia, Itália, Ucrânia, Grécia, Alemanha, Sérvia, Tajiquistão e França (OMS, 2018a). De acordo com o diretor regional da OMS para a Europa (OMS, 2018a), a causa para este aumento deve-se a um declínio na vacinação de rotina, baixas taxas de vacinação em grupos marginalizados, interrupção no fornecimento de vacinas ou falta de vigilância adequada da doença. Em 2017, por exemplo, a OMS declarou que o Reino Unido havia eliminado o sarampo. “Eliminação” neste contexto não significa que o Reino Unido não tenha um único caso, mas que o número de casos foi tão baixo - apenas 282 casos - que a doença foi confinada a pequenos grupos e não se espalhou amplamente. Para alcançar o feito, o serviço nacional de saúde do Reino Unido recomenda que o nível de imunização na população seja de pelo menos 90% para evitar a disseminação do sarampo e 95% para evitar a disseminação da papeira e rubéola (OMS, 2018a). Ainda assim na prática, as taxas de vacinação precisam ser muito maiores, porque embora a taxa média de vacinação possa ser de 95%, podem haver alguns grupos em que a taxa pode ser inferior a 80% e que seja baixa o suficiente para que a doença se dissemine, pelo que se deve lutar por 100% de cobertura vacinal para impedir a disseminação de doenças evitáveis (OMS, 2018a). Os últimos dados de cobertura vacinal disponíveis, para a região europeia são de 2016 (figura 2). De acordo
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com a OMS as ações para deter os surtos atuais e impedir o desenvolvimento de outros estão a desenrolar-se em várias frentes. Elas incluem a consciencialização pública, a imunização de profissionais de saúde e outros adultos em risco particular, enfrentando desafios no acesso e melhorando o planeamento e a logística da oferta. Por outro lado, o sarampo continua a disseminar-se na Ucrânia, com novos casos sendo relatados em janeiro de 2018 em todos os distritos e Kiev (OMS, 2018b). Esses casos são os mais recentes de um surto em expansão que afetou mais de 3.000 pessoas e custou a vida de 5 crianças e adultos em 2017, de acordo com dados preliminares. As informações mais recentes de outros países da Região Europeia da OMS indicam também um aumento dos casos, incluindo grandes surtos de sarampo que afetam a Grécia, a Itália e a Roménia. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos da América, entre 1 de janeiro a 30 de março de 2018, 34 pessoas de 11 estados foram diagnosticadas com sarampo (CDC, 2018). De acordo com a mesma fonte, em 2017, 118 pessoas de 15 estados e do Distrito de Columbia tiveram sarampo; em 2016, 86 pessoas de 19 estados tiveram sarampo; em 2015, 188 pessoas de 24 estados e do Distrito de Columbia foram diagnosticadas com sarampo; em 2014, os EUA registaram um número recorde de casos de sarampo, com 667 casos de 27 estados registrados no Centro Nacional de Imunizações e Doenças Respiratórias do CDC. Este é o maior número de casos desde que a eliminação do sarampo foi documentada nos EUA em 2000, mas que fica, no entanto, aquém da crise registada em 2017 na região Europeia. Acerca destes casos de sarampo, o CDC (2018) constata que: a maioria das pessoas que contraíram sarampo não foram vacinadas; o sarampo ainda é comum em muitas partes do mundo, incluindo alguns países da Europa, Ásia, Pacífico e África; viajantes com sarampo continuam a trazer a doença para os EUA; o sarampo pode espalhar-se quando atinge uma comunidade nos EUA onde grupos de pessoas não são vacinados.
OBJETIVOS INICIAIS
Os objetivos pretendem delinear as metas que a organização pretende alcançar, sendo que um bom planeamento exige uma clara priorização dos mesmos (Pinto, Rodrigues, Santos, Melo, Moreira & Rodrigues, 2012). Com a elaboração deste projeto pretendemos alcançar como objetivo geral: Promover a adesão à vacinação contra o sarampo, da população inscrita no ACES e dos seus profissionais de saúde, e como objetivos específicos: 1) Contribuir para a aquisição de conhecimentos da população, relacionados com o sarampo; 2) Contribuir para as necessidades educativas da população, relacionadas com a vacina do sarampo; 3) Aumentar a proteção específica da população contra o sarampo, 4) Aumentar a proteção especifica dos profissionais de saúde contra o sarampo; 5) Sensibilizar os profissionais de
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saúde do ACES para a problemática do sarampo. Segue-se a enumeração dos objetivos operacionais ou metas, dado que estes traduzem o enunciado de um resultado desejável de acordo com os objetivos específicos já expostos anteriormente: 1) Que pelo menos 95% da população saiba identificar o que significa sarampo e os modos de transmissão do vírus; 2) Que pelo menos 95% da população identifique qual a vacina do PNV contra o sarampo; 3) Atingir uma taxa de cobertura vacinal contra o sarampo de 95% nos adultos (≥ 18 anos de idade) nascidos ≥1970; 4) Atingir uma taxa de cobertura vacinal contra o sarampo de 95% nos profissionais de saúde; 5) Que 80% dos profissionais de saúde participem nas reuniões multiprofissionais das Unidades Funcionais (UF) para sensibilização da problemática.
PERCEBER AS CAUSAS
Conseguimos obter alguma informação sobre as causas possíveis da nossa problemática, contudo, decidimos recorrer ao método de Brainstorming, entre os elementos do grupo, para enquadrar localmente o problema e facilitar a identificação das suas causas reais. Foi também utilizada como ferramenta o Diagrama de Ishikawa também designado por Espinha de Peixe no sentido de identificar as causas do problema definido. Identificamos
como
problemas:
falta
de
conhecimentos
sobre
o
sarampo
(diagnóstico/sintomas) entre a população e profissionais de saúde; desconhecimento do esquema da vacina contra o sarampo, baixa adesão à vacina contra o sarampo, taxas de cobertura vacinal para a vacina contra o sarampo abaixo do recomendado pela DGS. Identificação das dimensões em estudo Sendo a efetividade a capacidade de promover os resultados, no âmbito deste projeto, através da promoção da saúde pretendemos contribuir para o aumento da proteção específica contra o sarampo, o que se traduz em ganhos em saúde com eficiência, despendendo o mínimo de recursos e esforços. O PNV é um exemplo de boas práticas e em simultâneo um exemplo de eficiência em políticas públicas. Quanto à adequação deste projeto, traduz-se na capacidade de utilizar conhecimentos e os recursos disponíveis para a prevenção da doença, facilitando a acessibilidade aos cuidados, contribuindo para a melhoria da satisfação dos clientes. A acessibilidade é garantida através do acesso à vacinação sem marcação, durante o horário de funcionamento das unidades. A pesquisa efetuada sobre esta temática demonstra que a população vacinada fica protegida contra o sarampo, o que contribui para aumentar a imunidade de grupo, evitando custos inerentes à doença.
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Unidades de estudo Os utilizadores incluídos na avaliação serão os adultos (≥ 18 anos de idade) nascidos ≥1970 inscritos no ACES e os seus profissionais de saúde. Tipos de dados Neste projeto os dados utilizados são de processo e de resultado. Fonte de dados A fonte de dados passa pelo processo clinico consultado através dos seguintes sistemas de informação: Sclinico, Registo Central de Vacinas, MedicineOne, Vacinas e Registo Nacional de Utentes onde podemos obter informação sobre o agregado familiar, moradas e respetivos contactos e identificar a população com o PNV desatualizado. Tipo de avaliação A avaliação é interna, interpares, com respetiva realização e monitorização pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto. Critérios de avaliação Critérios
Exceções
Esclarecimentos
✓ Contribuir para a aquisição de
Recusa do próprio
✓ Sessões de Educação
conhecimentos da população,
para a Saúde.
relacionados com o sarampo.
✓ Empowerment
✓ Contribuir para as
✓ Folhetos informativos
necessidades educativas da
✓ Convocatória de
população, relacionadas com a
clientes com vacina
vacina do sarampo.
em atraso (telefonema,
✓ Aumentar a proteção
email, visita
específica da população contra o
domiciliária)
sarampo. ✓ Aumentar a proteção especifica dos profissionais de saúde contra o sarampo.
✓ Administração da vacina ✓ Articulação com Departamento de Saúde no trabalho
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✓ Sensibilizar os profissionais de
✓ Reuniões de Serviço
saúde do ACES para a problemática do sarampo.
Quem colhe os dados e como O enfermeiro responsável pela vacinação de cada UF faz a recolha de dados através do sistema de informação em utilização no serviço. A compilação e análise de dados será efetuada pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto. A avaliação é retrospetiva, realizada com recurso à consulta do processo clinico informático. Relação temporal O projeto terá a duração de 7 meses. Definição da população e seleção da amostra Este projeto assenta na base populacional, constituída por todos os utentes inscritos nas UF do ACES nascidos ≥1970 sem história credível de sarampo e sem a vacina contra o sarampo e todos os seus profissionais de saúde, sem história credível de sarampo e sem duas doses da vacina contra o sarampo.
Intervenção prevista As Intervenções previstas são compostas por medidas educacionais que comportam as reuniões de equipa para sensibilização dos profissionais e sessões de educação para a saúde individuais. Indicadores de avaliação Os indicadores têm como objetivo apoiar os profissionais de saúde na quantificação, qualificação e comparação da respetiva atividade e auxiliar processos de melhoria contínua de qualidade, de modo que a gestão se faça de uma forma racional (Ministério da Saúde, 2013). Por outro lado, a existência de indicadores pressupõe uma gestão capacitada, comprometida com o processo de mudança e melhoria contínua da qualidade dos cuidados e de uma liderança capaz de envolver toda a equipa no cumprimento desses objetivos (Mezomo, 2001). Definimos como indicadores de estrutura a existência de: folhetos informativos sobre o sarampo; cartazes informativos sobre o sarampo; plano de ação para as
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sessões de educação para a saúde. Foram também definidos indicadores de processo e de resultado para avaliação do impacto da intervenção
PLANEAR E EXECUTAR AS ATIVIDADES O planeamento permite conceber qual o processo mais adequado para reduzir os problemas identificados, através de novas formas de atuação que permitam alcançar os objetivos fixados, sendo que quando se prepara a execução se deve estabelecer uma lista detalhada das atividades a desenvolver. Com o intuito perceber a viabilidade do projeto foi feita pelos responsáveis do mesmo uma Análise SWOT, para determinar os pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças de forma a tirar o máximo partido dos pontos fortes, aproveitar ao máximo as oportunidades detetadas, minimizar os efeitos das ameaças, desenvolver estratégias que minimizem os efeitos negativos dos pontos.
FORÇAS
FRAQUEZAS
. Apoio da Direção Executiva do ACES . Equipa responsável do projeto motivada . Boa relação/articulaçao com os enfermeiros responsáveis da UF .Enfermeiros qualificados e empenhados . Vacinaçao oportunistica em todas as UF
. Parque informático desadequado às necessidades atuais (servidores e impressoras) . Heterogeneidade a nível de recursos, estrutura e organização entre as diferentes unidades de saúde (UCSP e USF)
. Melhorar a Taxa de vacinação de todo o ACES
Análise OPORTUNIDADES . Surto de sarampo
SWOT
AMEAÇAS
. Criar elos de ligação entre as Unidades
. Não adesão da população e profissionais
. Melhorar as relações e articulações entre as unidades de saúde
. Rotura de stock da vacina
. Promoção de Boas Práticas . Ganhos em saúde
. Características da população inscrita no ACES (população flutuante com elevado número de migrantes)
. Melhorar as Taxas de vacinação do ACES
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No presente projeto, o planeamento é da alçada dos enfermeiros responsáveis pelo mesmo e a execução será da responsabilidade de todos os enfermeiros envolvidos no projeto. As atividades planeadas, apresentadas em cronograma, com vista à obtenção dos objetivos que se apresentam nos subcapítulos seguintes. Atividades dirigidas aos clientes adultos Convocatória para Sessões Individuais de Educação para a Saúde/Vacinação Pela nossa experiência profissional, sabemos que nem sempre é fácil entrarmos em contacto com a população, seja por falta de disponibilidade da mesma, ou por falta ou imprecisão de contactos. Assim, conscientes deste facto, numa primeira fase, as convocatórias serão feitas por contacto telefónico, (pelo menos três tentativas, de forma a alargar a possibilidade de as chamadas serem atendidas). Posteriormente optar-se-á por convocatória por correio eletrónico, seguindo-se a convocatória por carta e por fim, se não se obtiver resposta através das estratégias anteriormente descritas, recorre-se à visita domiciliária. Sessões individuais de Educação para a Saúde Sendo a Educação para a Saúde a criação de oportunidades para a aprendizagem, destinadas a melhorar a literacia em saúde, aumentar os conhecimentos, e desenvolver habilidades que favorecem tanto a saúde individual como a saúde comunitária (OMS, 2018), esta será a estratégia privilegiada para sensibilizar/capacitar os clientes adultos nascidos ≥ 1970, para adesão à vacina como forma de prevenção do sarampo. De modo a atingir os objetivos estabelecidos e tendo em conta as características da população (adultos em idade ativa), é prevista a realização de sessões de Educação para a Saúde individuais, aos clientes adultos nascidos em ≥ 1970 com vacinas contra o sarampo em atraso, como estratégia de prevenção do sarampo, através da divulgação de informação sobre a vacina contra o sarampo. Quanto à operacionalização das sessões, as mesmas terão a duração prevista de 15 minutos, onde serão abordados aspetos como: o que é o sarampo, formas de transmissão, sintomas, medidas preventivas e vacinação, deixando espaço para esclarecimento de eventuais dúvidas. Considera-se também pertinente a afixação de cartazes em locais estratégicos, bem como a disponibilização de folhetos informativos sobre a temática, uma vez que estes recursos são fontes de informação eficientes, fiáveis e económicos que permitem completar a informação
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proporcionada pelos profissionais, conferindo também autonomia aos seus utilizadores em função das competências individuais de literacia (Cavaco & Várzea, 2010). Administração da Vacina Contra o Sarampo Após realização das sessões de Educação para a Saúde, será facilitado o acesso à vacinação desde que reunidas as condições necessárias, com a realização dos respetivos registos no Boletim Individual de Saúde e no VACINAS.
Atividades dirigidas aos profissionais de saúde do ACES Levantamento do Estado Vacinal dos Profissionais de Saúde do ACES Para se conhecer o estado vacinal dos profissionais de saúde do ACES, nomeadamente no que se refere à vacina contra o sarampo, será necessário solicitar os respetivos registos aos mesmos, uma vez que nem todos estão inscritos nas unidades funcionais do ACES, o que impossibilita o acesso dos respetivos através do VACINAS. Esta solicitação será da responsabilidade do enfermeiro responsável pela vacinação de cada UF, uma vez que este, tendo em conta as funções desempenhadas, está em posição privilegiada para tal atividade. Reuniões com as Equipas Multidisciplinares Por vezes, nas instituições, são os próprios profissionais que mais resistem à implementação de projetos. Serão realizadas reuniões com a equipa multidisciplinar das diferentes UF do ACES, com o intuito de em equipa se discutir e sensibilizar para a problemática e em conjunto se delimitarem estratégias para a promoção da adesão da vacinação dos clientes adultos nascidos ≥1970 contra o sarampo, bem como dos próprios profissionais de saúde. Nas referidas reuniões, será também utilizada como ferramenta o Brainstorming de forma a auscultar as equipas das diferentes UF, o que permite aos responsáveis pelo projeto a recolha rápida de uma grande variedade de ideias criativas da restante equipa, num curto espaço de tempo. Administração da Vacina Contra o Sarampo Após o levantamento do estado vacinal dos profissionais, todos os profissionais que não apresentem as duas doses da vacina contra o sarampo recomendadas ou história credível da doença, serão convidados a fazer a respetiva vacina/completar esquema recomendado, desde que estejam reunidas as condições para tal. Os respetivos registos serão feitos no Boletim Individual de Saúde e no VACINAS.
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No que diz respeito aos recursos necessários para a concretização das atividades planeadas, todas as UF dispõem dos recursos mínimos indispensáveis para a concretização do projeto, não se verificando por isso necessidade de intervir a este nível. Quanto aos custos decorrentes das estratégias acima mencionadas, prendem-se essencialmente com os custos decorrentes dos telefonemas efetuados, envio de cartas, realização das visitas domiciliárias e um eventual aumento do consumo das vacinas contra o sarampo. No que refere aos recursos humanos, não se preveem gastos adicionais, uma vez que as estratégias serão realizadas pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto em colaboração dos restantes elementos da equipa, sem recurso a horas extra.
VERIFICAR OS RESULTADOS
A verificação dos resultados será realizada pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto através do recurso ao sistema informático, preenchimento e análise dos resultados obtidos no Tableau de Bord, para o acompanhamento dos indicadores de processo e de resultado.
PROPOR MEDIDAS CORRETIVAS A realização de uma monitorização intermédia para avaliação, apresentação e discussão dos resultados obtidos e apresentados no Tableau de Bord vai permitir aos responsáveis pelo projeto, identificar e propor medidas corretivas para alcançarem os objetivos propostos.
RECONHECER E PARTILHAR O SUCESSO A partilha e divulgação dos resultados do projeto, será feita a toda a equipa multidisciplinar das UF e à direção executiva e conselho clinico do ACES. Será também feita divulgação do projeto e dos seus resultados através dos sistemas informáticos de partilha de informação.
CONCLUSÃO
Na atualidade os riscos e os desafios que se colocam à comunidade científica, ultrapassam a previsão e antecipação de outros tempos. O reaparecimento de doenças que se consideravam extintas, como o sarampo, conduz os profissionais de saúde e a sociedade em geral a reflexões profundas. Este projeto pretende demonstrar que a fundamentação científica, a planificação, a definição de estratégias, de objetivos e a criação de indicadores mensuráveis, permitem dar visibilidade
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aos cuidados de enfermagem, sendo uma oportunidade de crescimento para os enfermeiros da prática clínica e para os enfermeiros gestores. Aos profissionais de enfermagem está aberta uma janela de oportunidade, pois detêm o conhecimento e a responsabilidade de intervir perante os acontecimentos epidemiológicos com medidas estratégicas adequadas.
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