Sul, S. (2018) Os Hospitais Magnet e suas implicações para a Enfermagem: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (3): 4 - 12 RECENSÃO CRÍTICA: Sul, S. (2018) Os Hospitais Magnet e suas implicações para a Enfermagem: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (3): 4 - 12
Recensão Crítica
Os Hospitais Magnet e suas implicações para a Enfermagem: Recensão Crítica Magnet Hospitals and their implications for Nursing: Critical Review Los Hospitales Magnet y sus implicaciones para la Enfermería: Recensión Crítica
Susana Sul 1 1
RN, MsC Student (Gestão em Enfermagem), Centro Hospitalar de Lisboa Central
Corresponding Author: susana.sul@gmail.com
Resumo A presente recensão crítica teve como objetivo refletir sobre os hospitais Magnet, uma vez que estes têm vindo a ganhar aceitação mundial, inclusive na Europa. Assim, refletir e aprender mais sobre os mesmos, poderá ser relevante dada a sua crescente expansão nas instituições de saúde atuais. Os resultados do artigo comprovam que existe uma relação positiva entre a satisfação dos utentes com os cuidados que lhes são prestados e o ambiente da prática de cuidados, que se encontra profundamente melhorada em Hospitais Magnet. Conclui-se que hospitais com esta certificação apresentam vantagens comparativamente a hospitais não-Magnet, sendo que ainda está por avaliar a relação custobenefício da sua aplicabilidade no presente contexto socioeconómico. Palavras-Chave: Hospitais Magnet; Ambiente da Prática de Cuidados; Enfermagem; Recensão Crítica.
Abstract The present critical review aimed to reflect on Magnet hospitals, as they have gained worldwide acceptance, including in Europe. Thus, reflecting and learning more about them may be relevant given their increasing expansion in today's healthcare institutions. The results of the article show that there is a positive relationship between the satisfaction of the users with the care provided to them and the environment of the practice of care, which is greatly improved in Magnet Hospitals. It is concluded that hospitals with this certification have advantages compared to non-magnet hospitals. Nevertheless the cost-benefit ratio of its applicability in the present socioeconomic context has yet to be evaluated. Keywords: Magnet Hospitals; Health Care Work Environment; Nursing; Critical Review.
INTRODUÇÃO Num mundo globalizado cada vez mais exigente, a procura de qualidade nos serviços que são prestados aos utilizadores são apenas um reflexo dessa mesma crescente exigência. Nos serviços de saúde, o cenário não é diferente e cada vez mais se tem procurado a melhoria contínua da qualidade dos cuidados que são prestados aos utentes.
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A enfermagem, como parte integrante, fundamental e de maior expressão no sistema nacional de saúde (SNS) português (PORDATA, 2018) é sem dúvida um recurso essencial para que se consiga obter melhores outcomes para os utentes e maior sustentabilidade para as próprias organizações. Assim, visando estes objetivos e ainda a satisfação dos enfermeiros, surgiu a certificação Magnet. O reconhecimento Magnet tem por objetivo certificar que o hospital em questão se compromete a apoiar e a fornecer os recursos necessários para a excelência da prática de enfermagem na organização (Upenieks e Sitterding, 2008). Esta acreditação hospitalar é realizada pela Associação de Enfermeiros Americana (ANA) e é constituída por 5 componentes
essenciais:
Structural
Empowerment
(Estrutura
de
Empowerment),
Transformational Leadership (Liderança Transformacional), Exemplary Professional Practice (Prática Profissional Exemplar), New Knowledge, Innovation and Improvements (Novos conhecimentos, inovações e melhorias) e Empirical Outcomes (Resultados Empíricos de Qualidade) (ANCC, 2018). Atualmente, segundo a ANCC (2018) existem 477 Hospitais com a certificação Magnet. Sendo que a maioria se encontram nos Estados Unidos da América, havendo apenas 8 fora deste contexto, distribuídos pela Bélgica, Arábia Saudita, Líbano, Austrália e Canadá. Os Hospitais Magnet são então instituições de saúde que apresentam um conjunto de atributos organizacionais que visam uma liderança forte de enfermagem bem como um grande reconhecimento da autonomia e responsabilidade dos enfermeiros colaboradores pela qualidade dos cuidados, visando uma política de descentralização (Upenieks e Sitterding, 2008). Estas caraterísticas vão, em larga medida, ao encontro do Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (2015), onde se encontra visado que o enfermeiro gestor, baseado num corpo de conhecimentos do domínio da liderança, "assegura a organização da qualidade dos cuidados de saúde, nomeadamente dos cuidados de enfermagem, prestados pelos enfermeiros integrado na equipa" (p.5950). Como supracitado os Hospitais Magnet visam alcançar a excelência dos cuidados de enfermagem. Para tal, propõem-se a conseguir, no máximo das suas capacidades, reter os enfermeiros nas instituições, proporcionando para tal, um ambiente de prática de cuidados favorável e atrativo para os enfermeiros. Esta é também uma função do enfermeiro gestor que deverá então promover " a coesão, o espírito de equipa e um bom ambiente de trabalho" (Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor, 2015, p.5950).
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Vários estudos comprovam que a existência de ambientes favoráveis à prática de enfermagem estão relacionados com maior satisfação dos profissionais de saúde e de utentes (Lake, 2007). Mas poderá fazer-se a mesma assunção relativamente aos hospitais Magnet? Terão estes uma relação positiva com o ambiente de trabalho e com outcomes favoráveis? Cresce a necessidade de explorar os possíveis benefícios desta certificação organizacional, pois se tal se comprovar de facto, testar a sua aplicabilidade no contexto português poderá ser relevante para garantir a sustentabilidade do SNS. Assim, realizou-se uma pesquisa em várias bases de dados como a PubMed Central, MEDLINE e CINAHL Plus, utilizando as palavras-chave “Magnet Hospitals”, "Nurses" e “Work Environment”. Desta pesquisa resultaram uma série de resultados, sendo que o artigo escolhido para realizar a recensão crítica foi o estudo de McCaughey, McGhan, Rathert, Williams & Hearld (2018) denominado "Magnetic Work Environments: Patient Experience Outcomes in Magnet versus non-Magnet hospitals". Este servirá de ponto de partida para a reflexão sobre os possíveis benefícios desta certificação versus hospitais sem a mesma. A sua escolha deveu-se à sua atualidade, o periódico em que foi publicado e por englobar, de forma tão harmoniosa, os conceitos pretendidos.
Descrição e Análise O presente artigo foi publicado no ano decorrente (2018) e tem como autores 5 professores universitários, todos eles com doutoramento (phD) na área da administração e políticas de saúde. Três dos autores exercem funções em universidades dos EUA e os restantes dois elementos em universidades do Canadá. A obra destes autores explora a variância das perceções dos pacientes relativamente a hospitais Magnet e hospitais sem essa certificação. A obra começa por explorar o que são hospitais Magnet e o aparecimento de tal conceito, dando-se algum enquadramento histórico. Segundo o presente artigo, esta certificação teve início nos anos 80, com a adesão de 41 hospitais dos EUA. Estes, tidos como pioneiros, foram essenciais para identificar e definir os critérios estruturais dos hospitais Magnet. Tais critérios foram identificados como Forces of Magnetism e deram origem aos 5 componentes essenciais de um hospital Magnet citados anteriormente. As Forces of Magnetism adquirem no artigo alguma relevância, uma vez que estas caraterísticas vão ao encontro das necessidades sentidas pelos profissionais bem como das expectativas dos utentes, sendo elas: Qualidade da Liderança em Enfermagem, Estrutura Organizacional, Estilo de Gestão, Políticas e
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Procedimentos Internos, Modelos de Prestação de Cuidados, Qualidade dos Cuidados, Melhoria da Qualidade, Consultoria e Recursos, Autonomia, Organização dos serviços de Saúde orientados para a Comunidade, Enfermeiros como Mentores, a Imagem Profissional de Enfermagem, as Relações Interdisciplinares e o Desenvolvimento Profissional. Assim, por forma a atrair os utentes e reter os enfermeiros, todos estes critérios deveriam ser analisados e melhorados. Em seguida, o artigo continua a sua explicação relativamente aos conceitos centrais, desta vez fazendo algumas considerações relativamente ao custo financeiro e necessidade de dedicação para conseguir atingir o estatuto de Hospital Magnet; os autores baseando-se em estudos anteriores, referem que os que conseguem mais facilmente concretizar tal processo de mudança são os hospitais que se encontram em mercados competitivos, especialmente se já houver outros Hospitais Magnet relativamente perto. São ainda aferidas também algumas considerações relativamente à experiência do utente que é avaliada no presente artigo através do uso da escala HCAHPS (Hospital Consumer Assessment of Health Providers and Systems), já utilizada várias vezes em estudos semelhantes. A presente escala avalia, através do autopreenchimento por parte dos utentes no momento da alta hospitalar, três parâmetros de interesse para o presente estudo, sendo eles: classificação global do hospital, experiência do utente relativamente à comunicação que estabeleceu com enfermeiros e grau em que recomendariam o hospital a familiares e amigos. Os autores referem ainda, baseados em evidência científica, que a experiência do utente é uma importante variável a ter em conta quando se procura a melhoria organizacional e institucional. Na continuação do artigo os autores apresentam então as suas hipóteses, de forma global pretendem perceber se, uma vez que se comprovou já na literatura que os ambientes em hospitais Magnet são melhores e mais bem percecionados pelos enfermeiros, será que estes ambientes favoráveis são também depois percecionados pelos utentes como sendo mais potenciadores de satisfação? Apresentam ainda a hipótese, também já estudada anteriormente noutros artigos, de que uma das principais e mais influentes caraterísticas dos cuidados de enfermagem, que levam à perceção positiva dos utentes relativamente ao hospital, prende-se com o padrão de comunicação que estes estabelecem com os enfermeiros.
Concretamente são apresentadas as hipóteses:
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1) Utentes com alta de Hospitais Magnet irão obter resultados mais altos de satisfação na escala HCAHPS, no item classificação global do hospital, do que os utentes que tiveram alta de hospitais não-Magnet. 2) Utentes que reportam excelente comunicação com enfermeiros na escala HCAHPS são também os que irão reportar mais elevados níveis de satisfação no item classificação global do hospital, comparativamente aos que reportam uma comunicação média ou pobre. 3) Utentes com alta de Hospitais Magnet irão obter resultados mais elevados na escala HCAHPS, no item grau em que recomendariam o hospital a familiares e amigos, comparativamente aos utentes que tiveram alta de hospitais não-Magnet. 4) Utentes que reportam excelente comunicação com enfermeiros na escala HCAHPS são também os que irão obter resultados mais elevados no item grau em que recomendariam o hospital a familiares e amigos, comparativamente aos utentes que tiveram alta de hospitais não-Magnet. Em seguida, é apresentado o método utilizado pelos autores para a realização do estudo, estes recorrem a análise estatística por forma a relacionar as variáveis e testar as hipóteses apresentadas, sendo este um estudo quantitativo e não experimental. Os autores explicam, em seguida, que os dados foram obtidos através dos website Centers for Medicare & Medicaid Services (CMS) e
Magnet Recognition Program
onde está
disponível as respostas à escala em questão, bem como as caraterísticas estruturais dos hospitais envolvidos no estudo (Hospitais Magnet e Hospitais Não-Magnet). Para a realização do estudo, os autores recorreram à análise dos resultados da escala HCAHPS de 518 diferentes hospitais, metade deles (n=259) com o certificado de Magnet e a outra metade (n=259) sem certificado. Em seguida, estes foram analisados relativamente às seguintes caraterísticas: região geográfica, tipo de instituição (domínio patrimonial), serviços oferecidos, número de camas, número de profissionais de saúde e censos médios diários. Esta análise visou, segundo os autores, conseguir agrupar os hospitais com caraterísticas semelhantes e seguidamente compará-los. Uma vez que todos estes dados eram já do domínio público e se encontravam disponíveis via internet, os autores referem não terem tido necessidade de elaborar pedidos de autorização às comissões de ética das instituições envolvidas.
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Através do software STATA (versão 13), os autores utilizam a regressão logística ordinal, para variáveis com repostas de duas categorias (Hospital Magnet/Hospital Não-Magnet) e regressão logística multinominal, em variáveis com três ou mais categorias (instituição sem fins lucrativos/instituição com fins lucrativos/ governamentais/religiosas). Os autores realizam mais algumas considerações relativamente à pertinência dos métodos escolhidos e, em seguida, os resultados são apresentados através da sua descrição com apoio visual em forma de tabela, comprovando as hipóteses supracitadas pelos autores, e que estão também contempladas em estudos anteriores. O artigo demonstra pelos seus resultados e posterior discussão que, de facto, os Hospitais Magnet, bem como uma excelente comunicação com enfermeiros, são variáveis significativamente associadas a mais elevadas pontuações na escala HCAHPS, no item classificação global do hospital, apresentando menos 12,8% de hipóteses de ser mal classificado quando comparado a Hospitais NãoMagnet. Relativamente ao grau em que recomendariam o hospital a familiares e amigos, os hospitais Magnet também obtiveram uma probabilidade mais baixa de serem mal classificados comparativamente a Hospitais Não-Magnet (13,6%). O artigo termina a sua discussão de forma interessante referindo que, ainda que existam outras formas relevantes de avaliar as organizações de saúde, e estas até terem vindo a ganhar terreno relativamente à perceção dos utentes atualmente, esta última será sempre essencial e significativa. Os autores tecem, por fim, as suas conclusões, dando especial ênfase às implicações para a prática clínica, referindo essencialmente que melhorar os outcomes para os utentes não é útil apenas para os mesmos e para os profissionais de saúde mas também para a própria organização que mantém e/ou melhora a sua sustentabilidade. Por esse motivo, os autores sugerem que se promova uma comunicação excelente entre profissionais de saúde e utentes, motivada e incentivada pelos profissionais em cargos de gestão; os autores sugerem ainda a utilização dos critérios dos Hospitais Magnet nas instituições que não têm tal acreditação, por forma a que consigam desenvolver políticas e práticas organizacionais melhores.
Todos os 39 estudos referenciados no artigo para sustentar as ideias iniciais e hipóteses dos autores, encontravam-se devidamente referenciadas. A maioria deles apresentavam-se atuais e decorrentes dos últimos 5 anos, excetuando artigos referentes à componente histórica da evolução do conceito Magnet, mas que se revelaram ao longo artigo pertinentes. Algumas menções a artigos com mais de 10 anos não foram também descabidas, tendo em
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conta que o artigo ia fazendo referência a vários estudos, apontando as suas falhas e tentando a partir desse reconhecimento, não as voltar a cometer. É o caso do agrupamento das caraterísticas dos hospitais envolvidos no presente estudo. Em estudos anteriores, estas caraterísticas não foram tidas em conta, e os resultados acabaram por ser duvidosos tendo em conta a diferença abismal das caraterísticas dos hospitais comparados na altura. Ainda assim, o presente estudo apresenta limitações no que toca ao método utilizado, uma vez que, por ser um estudo não-experimental, não pode de facto aferir uma relação de causaefeito entre os hospitais Magnet e a classificação dada pelos utentes relativamente à sua satisfação, até porque os dados providenciados pelos utentes não visavam a questão em estudo. Assim, o que pode, de facto, concluir-se é que parece existir uma relação mediadora entre estes conceitos abordados no artigo. Esta relação aparente é sustentada também pela evidência científica que vai sendo apresentada ao longo do artigo alvo de estudo. Apraz ainda dizer que, para compreender e analisar o artigo, é necessário conhecer linhas de investigação, os modelos de análise apresentados, bem como o significado de alguns instrumentos de tratamento de dados. Ainda assim, o artigo em estudo utiliza uma linguagem técnica mas que, tendo em conta o seu público alvo (profissionais de saúde, gestores, investigadores e especialistas na área da administração em saúde), é clara e coerente, explicitando e clarificando desde o início os conceitos por si utilizados. Ainda assim, teria sido interessante e promotor de maior coerência, a utilização de um referencial teórico de enfermagem ao longo de toda a obra, visto serem os enfermeiros os grandes intervenientes e promotores de outcomes positivos para os utentes, segundo os autores. Ainda assim, o estudo é bem conseguido e parte de princípios sólidos que permitem comprovar, utilizando um método de abordagem hipotético-dedutivo, as hipóteses colocadas no início do artigo. Apesar do estudo ter um diferente contexto socioeconómico, o que representa uma considerável limitação para a compreensão da relevância do artigo no contexto português, onde nem sequer existem Hospitais Magnet, os seus resultados são relevantes, uma vez que servem como mais um indício, no sentido de comprovar a eficácia deste tipo de certificação. Obviamente, não se poderá a partir da leitura deste artigo, inferir-se e tecer-se comentários sobre como seria a sua utilização em Portugal mas, ainda assim, o presente estudo incentiva a que sejam dados os primeiros passos no sentido de realizar uma análise profunda do custobenefício que os Hospitais
Magnet poderiam
representar no presente contexto
socioeconómico.
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Considerações Finais O artigo examinado, foca-se bastante nos outcomes mas, de certa forma, acaba por abordar também parte do processo, quando analisa a comunicação em enfermagem. A comunicação é sem dúvida uma das ferramentas essenciais à vida em sociedade mas, em enfermagem, ganha uma importância extrema tendo em conta que os cuidados são desenvolvidos por pessoas e para pessoas, através do estabelecimento de relações empáticas com os utentes e relações interpessoais de complementaridade e de entreajuda entre profissionais. Essa é uma ideia que, não estando desenvolvida no artigo, a reflexão sobre o mesmo acaba por trazer à superfície algumas destas considerações. A comunicação é, sem dúvida, essencial para a profissão de enfermagem e encontra-se também ela visada no Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor (2015), que acentua a sua importância, no papel do enfermeiro gestor, uma vez que este tem o dever de garantir "a existência de mecanismos de comunicação na equipa" (p.5951). Ainda assim, quer seja através da comunicação, quer seja através da melhoria de outras condições de trabalho, garantir a melhoria contínua da qualidade dos cuidados é algo que não diz respeito apenas aos enfermeiros gestores mas a todos os enfermeiros; uma vez que estes devem procurar a excelência do seu exercício profissional, assegurando por todos os meios ao seu alcance, entre outras coisas, "as condições de trabalho que permitam exercer a profissão com dignidade e autonomia, comunicando, através das vias competentes, as deficiências que prejudiquem a qualidade de cuidados" (Ordem dos Enfermeiros, 2015, p.86).
Referências Bibliográficas American Nurses Credentialing Center (2018). Magnet Recognition Program Publications. Acedido
em
10/06/2018,
disponível
em:
http://www.nursecredentialing.org/Magnet/MagnetProductsServices/MagnetPublicationsManuals Lake, E. (2007) The nursing practice environment: Measurement and evidence. Medical Care Research and Review. 64(2), 104–122.
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McCaughey, D.; McGhan, G.; Rathert, C.; Williams, J. & Hearld, K. (2018) Magnetic Work Environments: Patient Experience Outcomes in Magnet versus non-Magnet hospitals. Health Care Management Review. 2, 1-11. Ordem dos Enfermeiros. (2015) Estatuto da Ordem dos Enfermeiros e REPE. Acedido a 13 de
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Disponível
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Disponível
em:
https://www.pordata.pt/Portugal/M%C3%A9dicos+e+outro+pessoal+de+sa%C3%BAde+por+ 100+mil+habitantes-639 Regulamento n.º 101/2015 de 10 de março (2015) Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor. Diário da República, 2.ª série — N.º 48. 5948-5951. Upenieks, V. & Sitterding, M. (2008) Achieving Magnet Redesignation: A Framework for Cultural Change. The Journal of Nursing Administration. 38(10), 419-428.
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