Vieira C.; Silva C.; Hüther F.; Rosa M.; Menezes L. (2020) Worker Health: The Health team and occupational risks in the practice of home visit, ARTIGO ORIGINAL: Vieira C.; Silva C.; Hüther F.;ofRosa M.; L. 9(2020) Health: The Journal Aging & Menezes Innovation, (3): 5-Worker 17 Health team and occupational risks in the practice of home visit, Journal of Aging & Innovation, 9 (2): 5- 17
Artigo Original
A saúde do trabalhador: A equipe de saúde e os riscos ocupacionais na prática da visita domiciliar Salud de los trabajadores: El equipo de salud y los riesgos ocupacionales en la práctica de la visita al hogar Worker health: The Health team and occupational risks in the practice of home visit Camila Kuhn Vieira¹; Carine Nascimento da Silva²; Fábio Hüther³; Maicon Alves da Rosa4; Luana Possamai Menezes5; 1
RN, MsC, Cruz Alta, RS, Brasil ² Fisioterapeuta, MsC student, Cruz Alta, RS, Brasil ³ RN, Cruz Alta, RS, Brasil 4 RN, Cruz Alta, RS, Brasil 5 RN, MSc, PhD Porto Alegre, Brasil Corresponding Author: anaritaferra@gmail.com Resumo A presente pesquisa tem como objetivo geral conhecer os riscos ocupacionais que os profissionais e trabalhadores das equipes das Estratégias de Saúde da Família atuantes no município de Cruz Alta – RS acreditam estarem expostos na realização das visitas domiciliares. O método adotado foi de caráter descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa, realizado com profissionais que atuam nas visitas domiciliares nas ESFs do município de Cruz Alta –RS. Os resultados obtidos nesta pesquisa decorreram de três tópicos: Caracterização sócio demográfica do profissional; Características profissionais; e a Visita domiciliar em reflexo à Saúde do Trabalhador. Constatou-se que os estes profissionais estão expostos aos riscos ocupacionais, sendo principalmente, risco mecânico, risco psicossocial e risco biológico. Espera-se através desta pesquisa, ações interligadas entre gestores municipais e profissionais da saúde no âmbito de promover estratégias de educação em saúde para diminuir os riscos ocupacionais na atenção básica e contribuir em práticas de segurança no ambiente de trabalho, destacando o uso correto dos EPI’s e sensibilização destes profissionais com seu próprio cuidado. Palavras-chave: Saúde do Trabalhador. Atenção domiciliar. Atenção Básica de Saúde.
Abstract The present research has as general objective to know the occupational risks that the professionals and workers of the teams of the Family Health Strategies working in the city of Cruz Alta - RS believe to be exposed when carrying out home visits. The method adopted was of a descriptive and exploratory character, with a qualitative approach, carried out with professionals who work in home visits in the ESFs in the municipality of Cruz Alta - RS. The results obtained in this research resulted from three topics: Socio-demographic characterization of the professional; Professional characteristics; and the home visit as a reflection of Occupational Health. It was found that these professionals are exposed to occupational risks, being mainly mechanical risk, psychosocial risk and biological risk. Through this research, interconnected actions between municipal managers and health professionals are expected to promote health education strategies to reduce occupational risks in primary care and contribute to safety practices in the workplace, highlighting the correct use of PPE's and sensitizing these professionals with their own care.
Keywords: Occupational Health. Home care. Primary Health Care
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INTRODUÇÃO
O Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado uma das maiores conquistas sociais brasileiras consagradas pela Constituição Federal de 1988. Seus princípios apontam para a democratização nas ações e nos serviços de saúde que deixam de ser restritos e passam a ser universais, da mesma forma, deixam de ser centralizados e passam a nortear-se pela descentralização (Brasil, 2000). O SUS busca formas para melhorar a qualidade da assistência conforme as novas demandas das unidades de saúde. Por meio do modelo de assistência integral à saúde da família/população, elaborou-se a Estratégia de Saúde da Família (ESF), uma vez que não possui caráter programático, e sim características estratégicas baseadas na promoção, prevenção, reabilitação e tratamento de saúde à população. As atribuições da ESF visam ter como ênfase a família, assim como possuir ações sistemáticas de modo preventivo sobre as demandas da unidade. Desse modo, constitui-se uma prática menos reducionista sobre a saúde, avançando para além da simples intervenção médica, que busca a integração com a comunidade, numa atuação interdisciplinar dos profissionais que compõem as equipes de saúde da família (Brasil, 2003). A ESF utiliza a assistência domiciliar à saúde, ou seja, a visita domiciliar (VD), como forma de instrumentalizar os trabalhadores para sua inserção e o conhecimento da real condição de vida da população, bem como estabelecer vínculos com a mesma; visando atender a população e suas diferentes necessidades, preocupando-se com a infraestrutura apropriada e o atendimento à saúde das famílias (Giacomozzi & Lacerda, 2006). Assim, a ESF pressupõe a visita domiciliar como tecnologia de interação no cuidado à saúde, sendo um instrumento de intervenção essencial utilizado pelas equipes de saúde como meio do vínculo/ inserção na comunidade, favorecendo a compreensão de questões importantes das relações familiares (Albuquerque & Bosi, 2009). A atenção e assistência às famílias e à comunidade é o objetivo principal da visita domiciliar, abrangendo a família e a comunidade, como aspectos influenciadores no processo saúdedoença dos usuários/indivíduos, os quais são regidos pelas relações que estabelecem no ambiente em que estão inseridos. Conhecer o contexto de vida e saúde dos usuários dos serviços básicos de saúde e suas relações familiares englobam ao impacto nas formas de atuação dos profissionais, favorecendo novas demarcações conceituais e, consequentemente, o planejamento sistemático das ações levando em consideração a condição de vida e seus recursos disponíveis (Albuquerque & Bosi, 2009). Considerando o exposto, é relevante estudar sobre a Saúde desses trabalhadores, entendendo a partir deste ponto de vista, que eles são promotores de saúde e de qualidade JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-1
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de vida, levando pela lógica de que, se o processo de trabalho está em risco ou com problemas, automaticamente estas variáveis refletirão na atenção e no cuidado a saúde com os pacientes. Com isso, tem-se como problema de pesquisa: Qual o entendimento dos profissionais e trabalhadores que compõem a equipe de saúde das Estratégias de Saúde da Família, acerca dos riscos ocupacionais existentes na realização das visitas domiciliares? Assim, o objetivo geral deste estudo foi conhecer os riscos ocupacionais que os profissionais e trabalhadores das equipes das Estratégias de Saúde da Família atuantes no município de Cruz Alta – RS acreditam estarem expostos na realização das visitas domiciliares. E, como objetivos específicos foram: conhecer a conduta de biossegurança adotada pelos profissionais nessa prática; identificar o perfil sócio demográfico dos profissionais das equipes de saúde que realizam a visita domiciliar; compreender a sistematização adotada pelas equipes na realização das visitas domiciliares;
METODOLOGIA O estudo se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. A pesquisa teve como cenário a Atenção Básica de Saúde, em especial as Estratégias de Saúde da Família do município de Cruz Alta –RS, locais de trabalho das equipes de saúde. Este município conta atualmente com 20 ESFs, sendo equivalente uma equipe de saúde por ESF que desenvolve a visita domiciliar como estratégia de acesso a saúde. Os sujeitos dessa investigação foram todos os profissionais que desenvolvesse a visita domiciliar. Enquanto critérios de inclusão podem-se destacar: os profissionais da saúde, que realizam a visita domiciliar semanalmente, em período de um ano ou mais. Já os de exclusão: os profissionais afastados do trabalho por algum motivo, como férias, licença maternidade, de interesse, viagens, dentre outros, que desenvolvem a visita domiciliar a menos de um ano. A presente pesquisa teve autorização da Secretaria de Saúde do município de Cruz Alta mediante ao Termo de Autorização, após teve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa – CEP da Universidade de Cruz Alta, sob registo do CAAE (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética) nº 68150317.5.0000.5322 e nº do Parecer 2.085.015 / 2017, vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 2017/2018 da Universidade de Cruz Alta. Para a realização das coletas de dados, inicialmente os pesquisadores apresentaram o presente projeto aos profissionais das equipes no momento da reunião de equipe, no qual ocorre semanalmente. Nesta mesma ocasião, foi realizado o método de sorteio entre os profissionais interessados em participar do estudo e de acordo com os critérios de inclusão. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-1
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É importante destacar que no momento da apresentação dos objetivos e método do estudo, os profissionais também foram apresentados ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, no qual posteriormente foi assinado em duas vias, uma de posse da pesquisadora e outra de posse do participante. As coletas de dados foram através de entrevista gravada em aparelho MP3, as dependências das Estratégias de Saúde da Família, a partir de um instrumento com questões abertas realizadas pelo pesquisador ao participante investigado. O estudo teve três etapas: a primeira etapa era colheita de dados de caracterização sócio demográficas do profissional (sexo, idade, estado civil e número de filhos). A segunda parte, questões referentes as características profissionais (ocupação atual e tempo de trabalho), já a terceira os dados específicos da realização da visita domiciliar em reflexo à Saúde do Trabalhador. Essas questões foram respondidas pelos profissionais sorteados. Importante frisar que posterior a entrevista gravada, a mesma foi transcrita pelos pesquisadores, em documento word, para sequentemente análise baseada na Análise de Conteúdo do Tipo Temática proposto por Minayo (2007).
RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste tópico será apresentado os resultados oriundos desta pesquisa, ao que se refere a caracterização sócio demográfica dos trabalhadores e características ocupacionais. Enquanto a caracterização sócio demográfica dos trabalhadores da atenção básica que atuam na VD, podemos evidenciar a figura feminina com maior predominância, já, sobre as variações das idades dos participantes este estudo mostrou a variação de 29 a 69 anos dos profissionais. O Ensino Médio Completo teve maior prevalência no índice da escolaridade e relacionado ao estado civil dos participantes, houve maior evidência da resposta casado, tendo a média de 2 a 3 filhos em sua grande maioria. À vista disso, as características ocupacionais foram variadas, sobre a formação acadêmica, especialização e cargo atual destacaram-se: dois participantes da área de medicina, cargo de médico(a), com especialização cada em Saúde da Família e Urgência e emergência; três da enfermagem, cargo atual de enfermeiro(a), todos com especialização em Saúde da Família e um com a graduação em Fisioterapia, um dentista com especialização em ortodontia; quatro técnico de enfermagem, sendo uma com especialização em Urgência e Emergência, e quinze Agente Comunitário de Saúde - ACS, sendo o cargo atual desempenhado pelas mesmas, elencando as especialização em: Técnico de Enfermagem, pedagogia, massoterapia, Tecnólogo Agroindústria e Técnico em Ciências Contábeis. Pertinente ao tempo de formação e exercício profissional dos participantes destacaram-se a mesma variação, sendo de 3 a 38 anos. Já correspondente ao tempo de realização das VDs, a variação de tempo resultou de 1 a 23 anos. Como mostra o quadro abaixo: JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-1
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Quadro 1 – Características sócio demográfica e profissional. Cód.
Sexo
Idade
Estado civil1
Nº de filhos
Formação
Especialização ou aperfeiçoamento
T1 T2
F F
59 69
S C
0 2
Medicina Medicina
T3 T4 T5
M F F
39 34 51
S S D
2 0 2
T6 T7
F F
40 50
C S
0 0
Enfermagem Enfermagem Superior incompleto Superior Ensino Médio
Saúde da Família Urgência e emergência Saúde da Família Saúde coletiva Nenhum
T8
F
41
C
1
Ensino Médio
T9
M
36
C
3
Ensino Médio
T 10 T 11 T 12
F F F
47 44 62
S C C
0 2 2
T 13 T 14 T 15 T 16 T 17
F F F F F
36 52 33 49 45
S S S S C
0 0 1 1 1
Ensino Médio Ensino Médio Tec. Ciências contábeis Odontologia Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio
T 18
F
45
C
2
T 19 T 20 T 21
F F F
52 44 52
C C C
3 2 2
T 22
M
39
C
0
T 23
F
29
C
1
Enfermagem Fisioterapia Ensino Médio
T 24
F
50
S
0
Ensino médio
T 25
F
33
C
2
Ensino Médio
Superior incompleto Ensino Médio Ensino Médio Ensino Médio
Tempo de formação (anos) 24 38
Cargo atual
Médica Médica
Tempo exercício ocupacional (anos) 24 38
Tempo de realização da VD (anos) 18 17
16 10 8
Enfermeira Enfermeira ACS
16 5 8
16 5 8
Nenhum Urgência e emergência (téc) Técnico enfermagem Técnico enfermagem Pedagogia Massoterapia Nenhum
15 23
ACS Técnico enfermagem ACS
13 23
13 11
20
20
10
6
8 4 29
Técnico enfermagem ACS ACS ACS
8 4 3
8 4 3
Ortodontia Nenhum Nenhum Nenhum Tecnólogo Agroindústria Nenhum
12 20 3 4 8
Dentista ACS ACS ACS ACS
12 3 3 4 8
9 3 3 4 8
23
ACS
23
23
Pedagogia Nenhum Técnico enfermagem Saúde da Família
4 4 26
18 4 25
18 4 1
13 / 10
ACS ACS Técnico enfermagem Enfermeiro
7
7
Técnico enfermagem Técnico enfermagem Técnico enfermagem
4
ACS
7
7
17
Técnico enfermagem ACS
17
15
10
10
3 10
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Fonte: as autoras.
Quanto aos dados específicos referente a VD em reflexo à Saúde do Trabalhador, primeiramente sobre o entendimento de VD, a maioria destacou que a VD é uma prática da ESF baseado no princípio do SUS que tem o propósito da assistência domiciliar a todos os usuários, em essencial aos grupos considerados de riscos. E que a importância de realizar as VDs foi atribuído, na perspectiva, de conhecer o ambiente domiciliar do usuário, orientar sobre práticas saudáveis, organização da medicação, atividades de promoção da saúde e tratamento, dentre outras. T1 “[...] Visita domiciliar é uma estratégia de saúde que fazer valer os princípios do SUS, equidade e diversidade, garantindo estes direitos aquele usuário que não pode vir até nós. T4 “[...] É a assistência domiciliar ao acamado que não tem condições de vir até a unidade de saúde, oferecendo todo o tipo de atendimento, 1
Legenda: C = casado(a); S = solteiro(a); D =divorciado(a); T = trabalhador;
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desde o odontológico, assistência (realização de curativos), auxílio de urgência e emergência pela ambulância do município, sendo estes procedimentos que a unidade consegue realizar na residência do usuário”. T13 “[...] A VD é o acompanhamento do paciente impossibilitado de se dirigir a alguma unidade, basicamente, algum acamado, através de orientação ou acompanhamento”. T18: “[...] A partir da visita domiciliar, podemos compreender todo o contexto do paciente e da família, a real situação que eles vivem”. T13: “[...]É muito importante as visitas, porque as pessoas não podem ficar desassistidas. A gente tem que dar um acompanhamento integral para a comunidade”. A VD é um conjunto de ações/condutas de saúde direcionadas ao atendimento domiciliar do usuário de SUS com enfoque educativo (promoção e prevenção da saúde) e assistencial. E, o objetivo principal da VD é levar a assistência e orientação de saúde no domicílio do indivíduo e família mediante a prestação e supervisão de cuidados, coleta de dados sobre saneamento básico, cadastro das famílias, entre outros (Cordorba, 2013). Relacionado aos profissionais que realizam a VD, este estudo mostrou que a maioria dos participantes evidenciaram o médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e ACS. E sobre a frequência das VDs destacou-se a afirmativa ‘uma vez por semana’ (semanal) pelos profissionais. Como destacado nos relatos abaixo: T3: “[...] Todos os profissionais que atuam na assistência realizam as VDs, desde o ACS, médico, enfermeiro, dentista, quando for solicitado, técnicos de enfermagem”. À vista disso, pode-se perceber que entre os profissionais da equipe de saúde que mais desenvolvem ações no âmbito da atenção domiciliar são os técnicos de enfermagem, enfermeiros e ACS. Dentre as ações destacadas pelos participantes, pode-se mencionar as orientações, vínculo, escuta, realização de atividades assistenciais/procedimentos, educação em saúde, investigação de epidemiológica e planejamentos de ações preventivas: T17: “[...] orientação de higiene, de medicamentos, de funcionamento do ESF, de combate à dengue, as necessidades das questões de vulnerabilidade social, quando precisa de acompanhamento de conselho do Tutelar, conselho do Idoso ou quando precisa de ajuda do CRAS”. T3: “[...] A princípio a gente desenvolve quase todas as ações que são direcionadas a atenção básica, desde as ações de promoção, prevenção, curativas de tratamento pré e pós-operatório, e muitas vezes, fazemos VD com as agentes de saúde. Em estudo desenvolvido por Lionello et al (2012), destacam-se que os profissionais de saúde que atuam na ESF, apresentam atribuições peculiares, como a responsabilidade do cuidado em saúde da população adscrita, a qual se dá em unidades de saúde e se estende aos domicílios. Neste espaço de cuidado, realiza-se o planejamento, a organização, o
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desenvolvimento e a avaliação de ações de saúde que venham responder as necessidades das famílias, focando dessa forma na prevenção e promoção da saúde. Além deste enfoque, os autores mencionam que na visita domiciliar têm se desenvolvido ações educativas e orientações intuindo a autonomia e responsabilização dos usuários, famílias e cuidadores sobre o processo saúde-doença a eles vinculados, principalmente o que tange o profissional da enfermagem. Com isso, há um destaque ainda maior no trabalho em equipe multiprofissional, onde profissionais especializados em diversas áreas da saúde conseguem trabalhar juntos em avaliações e planejamentos de saúde aos usuários, onde os conhecimentos podem contribuir aos demais profissionais, em uma perspectiva multiprofissional e interdisciplinar. Corroborando com estas informações Kebian & Acioli (2011), Nascimento et al (2013) e Kawata et al (2013), trazem nessa mesma perspectiva o papel do enfermeiro nesta modalidade de cuidado. A escuta ativa, o conforto, as orientações em saúde, a aproximação com a família, o trabalho em equipe, as ações de educação em saúde, a investigação, os planejamentos e as intervenções também são ferramentas consideradas essenciais ao fazer do profissional enfermeiro. Compreender as necessidades da comunidade em aspectos biológicos, sociais, psicológicos, individuais e coletivos fazem toda a diferença em propor um projeto de cuidado voltado às famílias, principalmente a partir da vinculação e do suporte assistencial fornecido pelos profissionais, com intuito de contribuir com a responsabilização e autonomia dos indivíduos sobre o protagonismo da própria saúde. Entretanto, os critérios de inclusão para as VDs estabelecidos pelos participantes deste estudo foram os grupos considerados de riscos, sendo estes: usuários com dificuldade de locomoção, com doenças crônicas não transmissíveis (Hipertensão, Diabetes), idosos, gestantes, dentre outros. Também foi abortado a sistemática adotada pela equipe de saúde na realização da VD, no qual os trabalhadores entrevistados destacaram que as VDs são agendadas pela ACS ou pelo familiar, e dependendo do motivo do agendamento os profissionais levam os materiais necessários para o atendimento ao usuário. T8: “[...] Tem as prioridades, todos os cidadãos tem que ser visitados, mas obrigatoriamente, mensalmente seriam esses do grupo de risco, que é os hipertensos, diabéticos, idosos, crianças, acamados, domiciliados, pacientes com outras doenças crônicas também”. T3: “[...]Geralmente o familiar do usuário que agenda a visita ou a agente de saúde. Pois a agente de saúde faz a busca ativa e traz para os profissionais da ESF a necessidade de realizar a VD. De acordo com Cordoba (2013) são critérios de prioridades para as VDs, as crianças, principalmente recém-nascidos, convocadas para vacinação; adultos com problemas de saúde que necessitam de cuidados no domicílio, usuários faltosos para avaliações
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agendadas, adultos com doenças transmissíveis, de notificação compulsória; gestantes consideradas de alto risco, faltosas para consultas e exames. Segundo Menezes (2014, p.41), os critérios de inclusão para a Atenção Domiciliar são: “[...] possuir algum grau de dependência/necessidade de cuidados e/ou de cuidador; possuir dificuldade ou impossibilidade de locomoção; indivíduos dependentes em condições crônicas; ser acamado e idoso com alguma dependência”. Com a prática da VD sendo realizado por vários profissionais da atenção básica emergem algumas preocupações com a saúde do profissional. Assim, os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) mais salientados pelos participantes desta pesquisa na prática da VD foram o jaleco, as luvas e máscaras. Já quando perguntado aos mesmos se teria algum outro EPI que achasse necessário utilizar na VD a maioria destacaram, principalmente para os ACS, protetor solar, mochila, boné entre outros. T2: “[...] O jaleco e luvas, em alguns casos a gente leva a máscara”. T8: “[...] Acho importante que nos disponibilizem óculos, protetor solar, boné”. T13: “[...] Para as ACS seria o filtro solar”. T17: “[...] Acho que botina, mochila, uma balança mais prática”. Sabe-se que os EPIs são essenciais para a prevenção de doenças, no âmbito da VD, muitas vezes, os profissionais acabam não usando os equipamentos, o que leva a possibilidade de risco ocupacional. Historicamente, aos trabalhadores da área da saúde não eram considerados uma categoria profissional de alto risco para acidentes de trabalho. A preocupação com os riscos biológicos surgiu somente a partir da epidemia de HIV/AIDS nos anos 80, quando foram estabelecidas normas para as questões de segurança no ambiente de trabalho e utilização dos EPIs (Silva & Zeitoune, 2009). Com o passar dos anos, foram surgindo políticas públicas referente à saúde do trabalhador e órgãos fiscalizadores dessas políticas, como, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Destaque, que os participantes salientaram a definição de riscos ocupacionais, sendo todos os possíveis riscos de lesão no trabalhador no seu ambiente de trabalho. Também ressaltaram os riscos ocupacionais que eles reconhecem que estão expostos, principalmente, a queimadura solar, quedas ocasionadas pelas ruas/calçamentos inadequados, doença infecta contagiosa (tuberculose), agressões verbais pelos usuários e familiares, mordida de cachorro, riscos ergonômicos, riscos de trajeto relacionado a dificuldade de chegar até a unidade de saúde, principalmente, no período de chuvas em razão de alagamentos. Ainda, os participantes evidenciaram que para minimizar essa exposição aos riscos ocupacionais teria que melhorar as questões que calçamentos, mais equipamentos, autocuidado do profissional nas VDs, dentre outros. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-1
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T22: “[...] Riscos ocupacionais são todos os fatores relacionados a provocar lesão no trabalhador durante sua atividade. Todos os fatores envolvidos, tanto ambientais, físicos, químicos, dentre outros. T4: “[...] Queimadura solar, mordida de cão, pegar doença infecto contagiosa, quedas, acidentes, agressões”. T13: São as doenças, as respiratórias o ambiente”. Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2004), a saúde dos trabalhadores é condicionada por fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil de produção e consumo, além de fatores de risco de natureza físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos presentes nos processos de trabalho particulares. Afirma-se que os trabalhadores do setor saúde estão expostos a riscos ocupacionais peculiares à atividade, como risco biológico (evidenciado pelo contato com microorganismos), físico (condições inadequadas de iluminação, temperatura, ruído, radiações, dentre outros), químico (manipulação de desinfetantes, medicamentos, dentre outros), psicossocial (atenção constante, pressão da chefia, estresse e fadiga, ritmo acelerado, trabalho em turnos alternados, dentre outros) e ergonômico (peso excessivo, trabalho em posições incômodas) (Zapparoli & Marziale, 2006). Desta forma, sobre acidentes de trabalho, alguns participantes relataram que não tinham sofrido nenhum tipo de acidente ocupacional, outros destacaram: cair em ruas/trajetos inadequados, mordida de cachorro, agressão, entre outros. Assim, os mesmo que sofreram acidentes de trabalho, ressaltaram que na maioria dos casos de acidentes não houve registo do episódio, mas que procuraram assistência médica. T22: “[...] Acidente grave não, aconteceu da gente cair, escorregar e cair, mas acidente grave não”. Desta forma, as práticas das visitas domiciliares abrangem praticamente todos os riscos ocupacionais existentes, por exemplo: o biológico abrange o contato com microorganismos, sendo eles, com o paciente, no ato da visita domiciliar, ou no trajeto para a realização desta, como os esgotos a céu aberto, lixo orgânico e contaminado desprezado na rua ou em recipientes sem tampa e proteção adequada. O risco físico apresenta-se com ênfase no trajeto para a realização da visita domiciliar, desde a radiação solar em temperaturas extremas ou baixas, chuvas, ventanias, poluição atmosférica e automotiva, ruídos sonoros de carros de som ou carros propaganda. Já no atendimento domiciliar os riscos físicos estão presentes na ausência de iluminação e ventilação apropriadas. Os riscos químicos são os mesmos encontrados em qualquer outro nível de assistência em saúde ou local de atendimento, baseando-se na inalação de desinfetantes ou contato com medicamentos potenciais ao surgimento de algumas patologias (Cordorba, 2013; Santos & David, 2011; Silva et al., 2013).
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ARTIGO ORIGINAL: Vieira C.; Silva C.; Hüther F.; Rosa M.; Menezes L. (2020) Worker Health: The Health team and occupational risks in the practice of home visit, Journal of Aging & Innovation, 9 (2): 5- 17
Os riscos psicossociais estão relacionados as metas a serem atingidas pelos programas de saúde implementadas pelo Ministério da Saúde e ao trabalho desgastante e desmotivado dos trabalhadores, provocando o estresse, a irritação, agressividade, desmotivação e até mesmo o desinteresse. Os riscos ergonômicos estão presentes tanto no trajeto da visita domiciliar como na própria visita. No trajeto, podemos destacar os trechos desregulares para suas caminhadas, com as subidas e descidas desproporcionais, assim como, a distância das residências, onde muitas vezes são em quilômetros. Já na visita domiciliar propriamente dita, existe a dificuldade do atendimento efetivo e de qualidade em ambientes com pouco espaço para a realização dos procedimentos, sendo que alguns devem ser estéreis, como exemplo temos as sondagens e alguns curativos (Cordorba, 2013; Santos & David, 2011; Merlo, Bottega, Perez, 2014) Contemplando o exposto, os problemas de saúde/patologias relatados pelos profissionais entrevistados desta pesquisa foram: ansiedade, hipertensão, diabetes, estresse, depressão, dores musculares e lombar, hérnia de disco, sendo que a maioria relacionada com a prática de trabalho. Mas também, houve profissionais que destacaram que não tem problema de saúde. Contudo, a relação entre o trabalho e a saúde do trabalhador estão diretamente relacionadas, de acordo com Santos e David (2011), o ambiente de trabalho considerado perigoso e inseguro resulta em episódios permanente de estresse pela sensação de medo de violência moral e física desencadeando problemas/agravos de saúde ao trabalhador da Atenção Básica. Fica explícito com esse trabalho científico, que os profissionais da Atenção Básica que realizam as VD’s estão expostos aos riscos ocupacionais, em que destacam-se essencialmente: Risco Mecânico (acidente de trabalho) principalmente decorrente de quedas; Risco Psicossocial citados, as agressões verbais e físicas; Risco Biológico por meio do contato por gotículas, fluídos, secreções respiratórias (tuberculose, gripe, dentre outras patologias), e por material corto-perfurantes (agulha), pelas condições de baixa luminosidade nos domicílios dos usuários. Pensando na saúde do trabalhador, principalmente dos profissionais da saúde, espera-se ações interligadas entre gestores municipais e profissionais da saúde no âmbito de promover atividades de capacitação, treinamento no que tange diminuir os riscos ocupacionais na atenção básica e contribuir em práticas de segurança no ambiente de trabalho, destacando o uso correto dos EPI’s e na sensibilização destes profissionais com seu próprio cuidado.
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-1
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CONCLUSÃO Por meio deste estudo, pôde-se conhecer os riscos ocupacionais mais suscetíveis aos profissionais da Atenção Básica de Saúde, ESF, que realizam a visita domiciliar. Também, fica visível que estes profissionais entrevistados atribuem VD, sendo uma estratégia de saúde mediada pelos princípios do SUS, com propósito de prestar a assistência domiciliar a todos os usuários, em essencial aos grupos considerados de riscos (idosos, gestantes, crianças, usuários faltosos nas consultas e vacinação). Nessa perspetiva, este estudo mostrou que os principais profissionais que realizam a VD são: o médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, dentista e ACS, no período semanal, somente o ACS que atua todos os dias da semana. A respeito aos atendimentos domiciliares, o presente estudo destacou a importância da realização da VD, pois esta prática é fundamental para conhecer o ambiente domiciliar do usuário e sua família, orientar sobre práticas saudáveis, organização da medicação, atividades de promoção da saúde e tratamento, dentre outras. Sendo assim, conclui-se que os profissionais da Atenção Básica que realizam VD’s estão expostos aos riscos ocupacionais, sendo estes: Risco Mecânico (ocorrência de quedas); Risco Psicossocial citados, as agressões verbais e físicas; Risco Biológico por meio do contato por gotículas, fluídos, secreções respiratórias (tuberculose, gripe, dentre outras patologias), e por material corto-perfurantes (agulha), pelas condições de baixa luminosidade nos domicílios dos usuários. Outro fator relevante neste estudo é o uso de medicamentos pelos participantes decorrente de agravos à saúde e/ou doenças ocupacionais como: ansiedade, hipertensão, diabetes, estresse, depressão, dores musculares e lombar, hérnia de disco. Também, há falha nas intercorrências de acidentes de trabalho, em que a maioria dos participantes deste estudo não relataram e/ou notificaram a ocorrência do acidente ocupacional, mas, no entanto, procuraram assistência médica. Espera-se através desta pesquisa, ações interligadas entre gestores municipais e profissionais da saúde (ESF) no âmbito de promover estratégias de educação em saúde, como atividades de capacitação, treinamento, no que tange diminuir os riscos ocupacionais na atenção básica e contribuir em práticas de segurança no ambiente de trabalho, destacando o uso correto dos EPI’s e sensibilização destes profissionais com seu próprio cuidado.
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