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Bento M.; Lucas P.; (2021) Nursing Practice Environment in Primary Health Care-Evidence-based practice, Journal of Aging & Innovation, 10 (1): 15- 21 ARTIGO ORIGINAL: Bento M.; Lucas P.; (2021) Nursing Practice Environment in Primary Health CareEvidence-based practice, Journal of Aging & Innovation, 10 (1): 15- 21

 Artigo Original

Ambiente de Prática de Enfermagem em Cuidados de Saúde Primários-Prática Baseada na Evidência Entorno de la práctica de enfermería en la Atención Primaria de Salud-la práctica basada en la evidencia Nursing Practice Environment in Primary Health Care-Evidence-based practice

Maria Bento1, Pedro Bernardes Lucas2, 1

RN, MScN, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL), Unidade de Investigação e Desenvolvimento em

Enfermagem, Lisboa, Portugal; ACeS Lisboa Ocidental e Oeiras, USF S. Julião, Lisboa, Portugal. 2 RN, PhD, MSc, MScN, Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL), Unidade de Investigação e Desenvolvimento em Enfermagem, Lisboa, Portugal Corresponding Author: prlucas@esel.pt Resumo A Prática Clínica de enfermagem Baseada na Evidencia (PCBE) é um método de tomada de decisão clínica que incorpora pesquisa da melhor e mais recente evidência científica, apoiada pela experiência clínica, bem como das preferências do cliente, alvo de cuidados e tendo em consideração os recursos disponíveis. É assim uma prática que potencia os outcomes em saúde, reduz custos e é reconhecida internacionalmente pelas suas mais valias. Há uma relação positiva entre ambientes de prática de enfermagem (APE) favoráveis e melhores resultados nos clientes, nos enfermeiros, como maior satisfação profissional e eficiência das organizações. No artigo analisado, os autores realizaram um estudo transversal, multivariado, em que se propuseram avaliar a perceção dos enfermeiros dos Cuidados de Saúde Primários, sobre a sua PCBE e do APE. A intervenção no APE, na formação e no apoio aos enfermeiros gestores demonstram ter efeito positivo na implementação da PCBE, no entanto esta ainda não é uma prática comum nas organizações de saúde. São escassos os estudos que avaliam o resultado da implementação dos fatores facilitadores da adoção da PCBE. Palavras-chave: Ambiente de Prática de Enfermagem; Cuidados de Saúde Primários; Enfermagem; Gestão; Pratica clínica baseada na evidencia. Revisão.

Abstract Evidence-Based Nursing Clinical Practice (EBNCP) is a clinical decision-making method that incorporates research into the best and most recent scientific evidence, assisted by clinical experience, as well as the preferences of the target client of the care and taking into account the resources available. It is thus a practice that enhances health outcomes, reduces expense and is recognized internationally for its added value. There is a positive relationship between favorable nursing practice environments and better results for clients, nurses, as well as greater professional satisfaction and the efficiency of organizations. In the analyzed article, the authors performed out a cross-sectional, multivariate study, in which they proposed to assess the perception of nurses, of Primary Health Care, about their EBNCP and the nursing practice environment (NPE). The intervention in the NPE, in the training and support of managers have shown to have a positive effect on the implementation of the EBNCP, however this is still not a common practice in health organizations. There are few studies that evaluate the result of the implementation of the factors that facilitate the adoption of EBNCP. Keywords: Evidence-based clinical practice; Primary Health Care; Nursing; Management; Review; Work Environment.

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INTRODUÇÃO

O aumento da esperança média de vida no último século originou um aumento exponencial das populações envelhecidas com o consequente aumento da incidência de doença crónicas (World Health Organization, 2011), pelo que cuidar desta população pode ser um desafio para os profissionais de saúde devido à panóplia de vicissitudes associadas ao envelhecimento. As quebras cutâneas são feridas agudas que são desvalorizadas na pela envelhecida (LeBlanc & Baranoski, 2018). É frequente a confusão na terminologia das quebras cutâneas, pelo que é necessário estandardizar os conceitos e definições. Na prática, são muitas vezes confundidas com lacerações ou lacerações cutâneas, contudo a quebra cutânea é uma lesão específica diferente das lacerações (LeBlanc et al, 2018). LeBlanc e Baranoski (2011) definem Quebras Cutâneas como o resultado de cisalhamento, fricção ou trauma, que provocam a separação das camadas da pele. Consequentemente, as feridas são parciais ou totais, dependendo da espessura e do grau do dano tecidual. No entanto, são habitualmente superficiais, limitadas à derme e têm como característica principal a presença de um retalho de pele O International Skin Tear Advisory Panel (ISTAP), em 2018, actualizou a definição de quebra cutânea, considerando “uma ferida traumática causada por forças mecânicas, incluindo a remoção de adesivos. A gravidade pode variar em profundidade (não se estendendo pela camada subcutânea)”. São feridas agudas com o potencial de cicatrização por primeira intenção (LeBlanc et al, 2018). Podem ocorrer em qualquer região anatómica, mas são mais frequentes nas extremidades, em particular nos membros superiores, onde 70 a 80% ocorre nas mãos e antebraços (Hawk & Shannon, 2018; Idensohn et al, 2019; Vernon et al, 2019), com maior incidência nas pessoas com imobilidade presente, e nos membros inferiores é maior a incidência nas pessoas com mobilidade reduzida, 36 a 45% na tíbia (Vernon et al, 2019). A ISTAP (2018) classifica as quebras cutâneas em 3 categorias: 1 quando não ocorre perda de pele; 2 quando ocorre perda parcial da pele; 3 quando ocorre perda total da pele.

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Os últimos estudos de incidência e prevalência indicam que as quebras cutâneas são um crescente problema nos cuidados de saúde e com o envelhecimento da população pode-se assumir que a prevalência de quebras cutâneas irá continuar a aumentar proporcionalmente ao envelhecimento (Vanzi & LeBlanc, 2018). São consideradas um problema significativo para pessoas alvo de cuidados e para os profissionais de saúde. Podem ser dolorosas, afectar a qualidade de vida e ser fonte de stress para a pessoa (Vanzi & LeBlanc, 2018). Prolongam o tempo de internamento e aumentam o risco de morbilidades (Carville et al, 2014; Idensohn et al, 2019). É um evento adverso que deve ser reportado, pois compromete a segurança da pessoa (LeBlanc, 2017), contudo o seu diagnóstico incorrecto e consequente não reporte não permite ter conhecimento do impacto financeiro nos sistemas de saúde (LeBlanc et al, 2018; Vanzi & LeBlanc, 2018). Os estudos de incidência são limitados e a prevalência reportada é variada, diferindo nas diferentes regiões do mundo e dos diferentes níveis de cuidados, contudo a literatura evidência que a sua prevalência é maior que nas úlceras por pressão (LeBlanc et al, 2018). Segundo LeBlanc et al (2018), a prevalência nas unidades de internamento de longa duração varia entre 2,23 a 92%, na comunidade entre 4,5 a 19,5%, nas unidades de internamentos de agudos entre 6,2 a 11,1% e nos cuidados paliativos entre 3,3 a 14,3%. Não existem dados disponíveis nas unidades de cuidados intensivos. Van Tiggelen et al (2019), num estudo observacional e transversal em unidade de internamento de longa duração na Bélgica, obteve uma prevalência de 3,0% de quebras cutâneas. A maioria das quebras cutâneas foi de categoria 3 e 75% foram adquiridas nos antebraços e nos membros inferiores. As pessoas internadas em unidades de cuidados continuados integrados (UCCI) devido à sua dependência, à presença de múltiplas doenças crónicas e fragilidade inerente ao envelhecimento encontram-se em risco de desenvolver eventos adversos, como as quebras cutâneas (Decreto-Lei n.º 101/2006; Silva et al, 2020). A Santa Casa da Misericórdia de Santiago, apresenta nas suas múltiplas valências 3 UCCI, no total de 66 camas de internamento. A UCCI Conde Bracial, com 2 tipologias de internamento, Média Duração e Reabilitação e Longa Duração e Manutenção, cada com 20 camas, e a UCCI São João Deus, na tipologia de Longa Duração e Reabilitação, com 26 camas de internamento (Silva et al, 2020). JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2021, 10 (1)  ISSN: 2182-696X  http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v10i1-2

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A inexistência de estudos de incidência de quebras cutâneas em Portugal, nomeadamente em unidades de cuidados continuados integrados, demonstra a pertinência da realização do presente trabalho.

MÉTODO Estudo longitudinal, incidindo sobre as UCCI da Santa Casa da Misericórdia de Santiago do Cacém, num período limitado de tempo de 5 anos, compreendido entre 1 de janeiro de 2015 e 31 de Dezembro de 2019. Os dados foram recolhidos por enfermeiros, devidamente formados na definição de quebras cutâneas. A definição de quebra cutânea utilizada foi a do ISTAP. Através da taxa de ocupação de cada unidade foi possível obter o número total de utentes dia no período em análise. A incidência de quebras cutâneas foi obtida através da seguinte fórmula – número de quebras cutâneas/número total de utentes dia no período em análise x 1000, obtendo-se assim uma taxa permilagem. O tratamento dos dados foi realizado com a separação da tipologia de Média Duração e Reabilitação e a tipologia de Longa Duração e Manutenção.

RESULTADOS A incidência de quebras cutânea (gráfico 1) teve o valor mais alto no ano de 2019 na tipologia de média duração e reabilitação e no ano de 2018 tipologia de longa duração e manutenção, com 2,20 e 2,01‰ respetivamente. A curva de incidência é ascendente nos últimos 2 anos.

Incidência de Quebras Cutâneas Incidência Permilagem

2,5 2 1,5

Média Duração e Reabilitação

1

Longa Duração e Manutenção

0,5 0 2015

2016

2017

2018

2019

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DISCUSSÃO A inexistência de estudos de incidência de quebras cutâneas em Portugal e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados dificulta a comparabilidade de resultados. A incidência de quebras cutâneas obtida no presente estudo apresentou o seu valor máximo de 2,20‰ e mínimo de 0,73‰ na tipologia de média duração e reabilitação enquanto na tipologia e longa duração o máximo e mínimo de 2,01‰ e 0,67‰ respetivamente. A incidência obtida é francamente inferior ao aos estudos internacionais, nomeadamente comparado com o estudo de Van Tiggelen et al (2019), numa unidade de internamento de longa duração na Bélgica, onde obteve uma prevalência de 3,0% de quebras cutâneas. A

desvalorização

pelos

profissionais

de

saúde

pelas

quebras

cutâneas

comparativamente às úlceras por pressão, a ausência de formação curricular e a ausência de divulgação científica de fácil acesso, podem contribuir para um subregisto das quebras cutâneas, influenciando assim os resultados obtidos. O elevado turnover dos enfermeiros também pode ser um factor que contribui para o sub-registo e monitorização das quebras cutâneas (Silva et al, 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS É urgente a publicação de mais estudos de incidência e prevalência de quebras cutâneas em Portugal e na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, para permitir o benchmarking entre as UCCI, e construir um caminho sustentado para a prevenção de quebras cutâneas. Nos próximos estudos é necessário relacionar variáveis que possam estar associadas ao desenvolvimento de quebras cutâneas, nomeadamente a idade, o género, o grau de dependência, os diagnósticos principais e secundários, a presença de dispositivos médicos. Será importante também estudar qual a incidência e prevalência por região anatómica e qual a categoria. O presente estudo pretende ser o ponto de partida para incentivar uma monitorização contínua e devidamente declarada de todas as quebras cutâneas existentes nas UCCI.

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