Nunes C., (2020) Guidelines for elderly home outdoors projects: SAMS Study Case, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 18- 62 ARTIGO ORIGINAL: Nunes C., (2020) Guidelines for elderly home outdoors projects: SAMS Study Case, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 18- 62
Artigo Original
Linhas orientadoras para projetos exteriores de lares de idosos: Caso de Estudo no Lar dos SAMS Pautas para Proyecto’s exteriores de casas de ancianos: Estudio de caso de Lar SAMS Guidelines for elderly home outdoors projects: SAMS Study Case Cláudia Nunes1 1 CIAUD, Faculty of Architecture, University of Lisbon, Lisbon, Portugal Corresponding Author: claudianunes@hotmail.it Resumo Introdução- O presente trabalho surge da escassez de estudos que avaliam a perceção de seniores, em particular da população Portuguesa, em relação aos elementos do design de jardins de lar, que influenciam o seu bem-estar. Considera-se que estes estudos são fundamentais para os projetistas que desenvolvem trabalho na área, que se deparam com dificuldade em encontrar não só informação sistematizada neste âmbito, como conhecimento científico novo que possam usar na conceção e desenvolvimento projetual. Neste contexto, o trabalho partiu da seguinte questão de avaliação: “Qual a perceção dos seniores em relação aos elementos do desenho, de composição de jardim e às atividades de lazer em jardim de lar?”. Objetivos- Considerou-se logo à partida que num projeto desta natureza os parâmetros do Design Inclusivo são fundamentais, sobretudo no que concerne à adaptação de ambientes, equipamentos e/ou produtos à população-alvo sénior e segundo os parâmetros da Ergonomia, no que respeita ao bem-estar, segurança, conforto e eficácia da interação do idoso com o espaço (tirando partido da metodologia de Design Centrado no Utilizador). Metodologia- Decorrente do Estudo Preliminar desenvolvido na primeira fase da investigação, foi possível formular-se a hipótese de investigação: “A perceção dos elementos do design por parte dos seniores em jardim de lar são aspetos fundamentais para o respetivo desenvolvimento projetual”. Após a fase especulativa do trabalho, passou-se à fase empírica de Estudo de Campo, em que se desenvolveram dois estudos práticos. O primeiro, de carácter preliminar, pretendeu avaliar a perceção dos idosos respeitante às características do design dos espaços ajardinados, procurando informação retida na memória a longo prazo, mediante a utilização da metodologia de observação indireta (utilizando fotografias) e questões de satisfação acerca do jardim de lar dos SAMS. Decorrente da necessidade de se compreender melhor a perceção da pessoa idosa mediante a sua interação direta com o jardim de lar (SAMS), desenvolveu-se um segundo estudo que procurou avaliar a sua relação com a vegetação, mobiliário/equipamento e percurso/pavimento. Focou-se em questões relacionadas com a Orientação, Mobilidade, Privacidade e Comunicação proporcionada por esses importantes elementos. Resultados- Do primeiro estudo conclui-se que os seniores valorizam muito a vegetação, o mobiliário/equipamento e os percursos/pavimentos, assim como que as atividades preferidas pelos seniores ao nível de lazer do foro mais passivo e individual são o sentar, o passear, o transitar e o contemplar; em grupo, preferem o conversar, o sentar e o passear. Do segundo estudo conclui-se que o espaço deverá ter em conta as limitações dos seniores e primar pelas condições ambientais favoráveis para a mobilidade em termos de deslocação no espaço do idoso (preferência por pavimentos em cimento, por blocos em betão ou asfalto); para o favorecimento da comunicação entre indivíduos se desenvolver em jardins, concluiu-se que os bancos deveriam ter a configuração de L ou U; orientação espacial conveniente (mediante utilização de sinalética e Landmarks -marcas na paisagem, tais como uma alameda de árvores e/ou um lago) e privacidade em atividades de lazer no jardim (contemplar barreiras visuais e situação espacial dos bancos mais resguardada), necessários para alcançar uma maior satisfação por parte do utente.
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ARTIGO ORIGINAL: Nunes C., (2020) Guidelines for elderly home outdoors projects: SAMS Study Case, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 18- 62 Dever-se-á ainda proporcionar o estímulo aos sentidos (nomeadamente, visão e audição), a segurança (pavimentos, equipamento/mobiliário, corrimãos/guardas, rampas, muros/vedação, vigilância natural) e o conforto face a esforços envolvidos (opção por rampas, canteiros sobrelevados com plantas, equipamentos que tenham em conta as suas limitações) aquando da visita do idoso a esta tipologia de espaços. Conclusões- Considerou-se que existe, pois, a necessidade de incorporar no currículo de formação dos projectistas a noção dos conceitos de Design Centrado no Utilizador, Design Inclusivo e de Ergonomia, uma vez que o ensino da Arquitectura Paisagista, Arquitectura, Urbanismo e áreas afins não os contemplar: os espaços projectados mais recentemente continuam a revelar problemas significantes e, como tal, não satisfazem as necessidades das pessoas idosas, cujo número aumenta diariamente. Como resultado da investigação, elaboraram-se Linhas de Orientação destinadas à conceção de jardim de lar, que possam servir diretamente os projectistas da área. Palavras-chave- Design Inclusivo; Design Ergonómico; Seniores; Jardim de Lar; Lazer.
Abstract Introduction- The present work arises from the lack of studies that assess the perception of seniors, particularly the portuguese population, in relation to the elements of elderly home gardens design, influencing its welfare. It is considered that these studies are fundamental for designers who develop work in the area, who face the difficulty in finding not only systematized information in this field, but as well, new scientific knowledge that may use for projetual conception and development. In this context, the work came from the following evaluation question: "What is the senior perception in relation to the elements of design, garden composition and leisure activities in the elderly home garden?". Goals- In projects of this nature it is necessary to have in mind the parameters of the Inclusive Design, especially regarding the adaptation of environments, equipment and/or products to the senior target population and according to the parameters of Ergonomics, regarding the well-being, safety, comfort and efficiency of the elderly interaction with the space (using the UserCentered Design methodology). Methodology- Due to the preliminary study, developed in the first research phase, it was possible to formulate the research hypothesis: "The seniors design elements perception in elderly home garden are fundamental aspects for its projetual design development". After the speculative work phase, the study focused on an empirical field phase, where the authors developed two practical studies. The first one had a preliminary nature, intended to evaluate the perception of the elderly, concerning design garden features, seeking information retained in long-term memory, using the indirect observation methods (like the photographies) and SAMS elderly home garden satisfaction questions. The second study focused on issues related to Orientation, Mobility, Privacy and Communication provided by these important elements. Results- The first study found that senior has high value on vegetation, furniture/equipment, and paths/pavements. Also, the leisure favourite activities are more passive and individual, like sitting, walking, crossing and contemplation; in group, they prefer to talk, to sit and to walk. It is possible to conclude with the second study that the space should take into account the seniors limitations and to give environmental favorable conditions for mobility in terms of elderly getting around (preferences for cement pavement, concrete blocks or asphalt); for the senior communication be developed in gardens the study concluded that benches should have L or U configurations; a convenient spatial orientation (through the use of signage and Landmarks, such as a trees lane and/or a lake); privacy in the garden (contemplating visual barriers, separated benches spatial position), required to achieve the users satisfaction. As well it must be provided the senses stimulation (such as sight and hearing), security (pavements, equipment/furniture, handrails/guards, ramps, wall/fence, natural surveillance) and comfort against the effort involved (option for ramps, vegetation raised beds, equipment which take into account their limitations) during the space visit. Conclusions- It was considered the need to include, in the designers training curriculum, the notion of the concepts of UserCentered Design, Inclusive Design and Ergonomics, since the teaching of Landscape Architecture, Architecture, Urbanism and others areas alike, do not contemplate it: the recent designed spaces continue to reveal significant problems and, as such, do not satisfy the elderly needs, whose number increases daily. As investigation ending results, it was elaborated a Design Guidelines aimed for designing elderly home gardens, which can directly serve the designers of the area. Keywords- Inclusive Design; Ergonomic Design; Seniors; Elderly Home Garden; Leisure.
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1. NOTA INTRODUTÓRIA A investigação surge da falta de estudos que avaliam a perceção de seniores (estudando-se um caso português: Lar dos SAMS) relativamente aos elementos do design de jardins de lar, que influenciam o seu bem-estar bio-psico-social, tentando responder-se à questão:
QUAL A PERCEPÇÃO DOS SENIORES EM RELAÇÃO AOS ELEMENTOS DO DESENHO, DE COMPOSIÇÃO DE JARDIM E ÀS ACTIVIDADES DE LAZER EM JARDIM DE LAR?
Realizam-se dois estudos de caso no Lar dos SAMS através da metodologia de caso de estudo, em Brejos de Azeitão/Setúbal (contando com um estudo preliminar, i.e. aferição de guião de questionário nos Lares: CAS Oeiras e Runa). Seguem-se os parâmetros explorados: o
o o
o
o
o o
ACESSIBILIDADE (social/psicológica/informacional/física) Em estudos desta natureza importa saber o estado de saúde e os antecedentes sociais e culturais de cada idoso entrevistado; saber quais os elementos inibidores (receio/medo/fobias) de visitas a jardins (fauna/flora, equipamentos, barreiras, percursos); grau de impacte de sinalética e Landmarks (responsáveis pelo conhecimento espaço temporal); igualmente saber o grau de (des)conforto percecionado no espaço ajardinado; MOBILIDADE Importa apurar as condições e formas seguras/eficazes de alcançar o local desejado pelo idoso; SEGURANÇA Saber qual a perceção do idoso ao nível da segurança física (vegetação, equipamentos, muros) e social (roubos) mediante vigilância natural (staff, colegas) ou videovigilância, prestando auxílio imediato, inclusive em caso de quedas; ORIENTAÇÃO Importa estudar as Landmarks (marcas na paisagem) e sinalética (símbolo, forma, cor, textura, posição, dimensões) para o efectivo Wayfinding (saber encontrar o caminho/localizar-se); PRIVACIDADE/COMUNICAÇÃO Distâncias íntimas vs. sociais (auto-percepção do idoso) mediante elementos do jardim: vegetação, layouts (configurações espaciais), disposição/localização de elementos; ESTÍMULOS Estímulos motivacionais (cinco sentidos), respeitante aos elementos fauna/flora/água/etc.; (DES)CONFORTO Layouts/configurações/materiais que afetam entre outros, os esforços envolvidos nas atividade de lazer.
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2. ENQUADRAMENTO/ESTADO DA ARTE
Na conceção de jardins para lares de idosos é necessário ter em conta vários parâmetros, face às lacunas (Estado da Arte), onde se denotam que as pesquisas de campo não foram extensas no sentido de avaliar a perceção dos seniores, quanto aos elementos do design em jardim de lar, tendo em conta o Design Ergonómico (DE) e Inclusivo (DI). Assim, denota-se a necessidade de avaliar a perceção destes, relativamente aos parâmetros abaixo mencionados.
ACESSIBILIDADE SOCIAL Trata-se da aceitação do «eu» pelo outro, não dependendo do desenho do jardim, logo este parâmetro sendo importante, torna-se difícil de ser sujeito a questionamento direto aos idosos aquando das entrevistas (Estudos de Caso). Note-se que existem personalidades mais ou menos adaptadas a novas situações com o decurso da senescência (Berger e MaillouxPoirier, 1995). É de todo importante, entre outros, saber os antecedentes sociais e culturais, de pertença a grupo do idoso, pois estes podem afetar a personalidade (Mezel, 1984) e a satisfação pessoal.
ACESSIBILIDADE PSICOLÓGICA Muitas vezes o transeunte é coibido de frequentar determinadas zonas do espaço ajardinado residencial, face ao medo que a vegetação densa (ou não) possa despoletar. Assim entra-se num parâmetro psicológico, que importa avaliar. A par da manutenção, o projectista deverá ter sensibilidade a este fator e ter presente a capacidade de crescimento de plantas ou de resistência de equipamentos, face a intempéries e ao ciclo de vida dos materiais. Situações de jardins de lares não vedados fisicamente do espaço envolvente constitui uma premissa que deverá ser pesquisada mediante a realização de perguntas aos idosos. Face à aproximação duma zona que tenha determinadas características que possa induzir o receio à queda, importa saber o grau de impacte que, por exemplo, um pavimento levantado possa ter na pessoa idosa e/ou face à (in)existência de rebaixamento de passeio. Também, existir vontade de descansar e não lhes ser proporcionada a estada em bancos (com estes pouco distanciados entre si), inibindo psicologicamente uma visita - pelo que importará analisar este parâmetro aquando da avaliação da perceção do sénior entrevistado. Nem todos os sons no jardim são positivos, havendo a necessidade de se apurar medos/fobias a animais ou zonas de perigo tais como rua/zona de água (por exemplo, é mencionado na literatura que sons muito agudos, como sirenes, criam um mau estar sonoro podendo causar desorientação – Lindsay, 1968). JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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ACESSIBILIDADE INFORMACIONAL A sinalética cumpre funções na orientação do transeunte no espaço. Áreas maiores e desconhecidas à priori deverão ser sinalizadas evitando situações de desorientação (Borst et al., 2009) e stress (Zimring et al., 2002). Mas importa questionar, se em espaços mais pequenos e familiares como acontece nos lares este fator é fulcral. O desimpedimento do campo visual poderá ajudar a adquirir-se uma leitura espacial. Num lar existem sempre pessoas novas a entrar e quanto mais cedo se ambientar o utente melhor (Teles e Gouveia, 2003). Também, considera-se que existe sempre recantos a serem (re)descobertos, até porque o ciclo temporal (estações do ano, dia/noite) modifica a paisagem. O fator idade poderá criar situações de desorientação face às alterações químicas inerentes ao envelhecimento (ISS, 2005), como o surgir do mal de Alzheimer (Ferreira, 2007) ou outras demências, uma vez que com a idade a função cerebral diminui (Cornodi e Vecchio, 2003). Em suma, uma placa sinalética assertiva poderá eliminar esta situação de desconforto e de desorientação (confusão) em relação ao lugar-pessoa-tempo. Investigar esta assertividade é outro parâmetro a ser analisado adiante num estudo de caso, uma vez a placa sinalética poder ser composta por figuras, letras, números, setas e variarem em tamanho, lettering, tipo de contraste e materiais (este fator é nomeadamente importante no mobiliário/equipamento geriátrico). O comportamento natural do transeunte é buscar pistas mútuas no contexto e nos símbolos pictóricos, sendo que uma pequena percentagem (pessoas de qualquer faixa etária) refere a importância do seu contexto e uma percentagem ligeiramente maior a símbolos pictóricos, segundo estudos de sinalética de emergência em interiores simulados (Duarte e Rebelo, 2006).
ACESSIBILIDADE FÍSICA No campo da acessibilidade física, tenta-se saber informação útil mencionada pelo idoso entrevistado, aquando dos Estudos de Caso. É importante ter em conta este parâmetro face ao Estado da Arte, que se resume de seguida: As quedas podem acontecer maioritariamente por fatores extrínsecos face às características qualitativas do meio ambiente (Lindquist, 2001 citado por Burger e Marincek, 2003; Nunes, 2005; Queirós, 2003 citado por Ferreira, 2011; Lynch, 1999 citado por Lúcio, 2011; Campos, 2010; Clark, 1993 citado por Brennan, 2003; Metler, 1978 citado por Barker, 1995; Ivers, 1998 citado por Brennan et al., 2003) e a factores intrínsecos face às características físicas e cognitivas do idoso (Ten Hang, 1998 citado por Burger e Marincek, 2003). É sabida a propensão do idoso para as quedas (dado os problemas associados à locomoção, articulações, visão, hipertensão, entre outros – Martins, 2003; Berger e Mailloux-Poirier, 1995; Domingos, 2007), assim dever-se-á providenciar um JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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ambiente exterior seguro, eficaz e capaz de estimular o idoso a sair do lar (as barreiras físicas não estimulam a saída da pessoa de casa, segundo refere Kalache, 2008). Note-se que a maioria das quedas se dá no espaço habitacional (Sousa, 2005; Ferrão et al., 2011; Valente, 2010; Burger e Marincek, 2003;Ten Hag, 1998 citado por Burger e Marincek, 2003; Branco et al, 2001) e nas suas actividades de lazer (Heijnen, 2001 citado por Burger e Marincek, 2003). Dever-se-á acautelar a livre passagem dos transeuntes, face a possíveis obstáculos que elementos de composição do jardim possam constituir, entre eles, a vegetação, o mobiliário urbano e o percurso (por exemplo, caminhos escorregadios face ao deficit de aderência do pavimento, face à presença de água ou sujidade; levantamento de raízes arbóreo-arbustivas, isto embora o projetista possa usar telas de controlo radical e evitar a plantação de árvores com raízes fasciculadas – emergentes - perto destes locais). A largura do caminho e dimensões do mobiliário/equipamento deverá ser avaliada pelo target idoso, embora se refira casos bem estudados e comprovados por regulamentação na área construtiva visando a acessibilidade urbana e arquitectónica (DL nº163/2006, 8 Agosto). De uma maneira geral, o jardim poderá apresentar níveis de destaque diferentes, devendo os seus elementos contrastar
com
a
paisagem
envolvente,
pelo
que
este
parâmetro
deverá
ser
convenientemente percecionado através de perguntas diretas aos idosos entrevistados (Estudo de Caso nº2). Dado o ênfase e destaque entre elementos, evitar-se-á uma possível queda ou choque do transeunte. Avaliar a disposição e localização do mobiliário e equipamento urbano no jardim de lar, que impeça fisicamente o deslocamento do sénior no espaço, constitui outra das questões a serem oportunamente colocadas ao idoso.
MOBILIDADE Pode definir-se mobilidade como a capacidade de deslocamento do indivíduo de um ponto inicial até ao final desejado, cumprindo o objetivo de alcançar de forma segura e eficaz outro local. Para tal é necessário o utente do lar se movimentar convenientemente no jardim. O que separa a terminologia «acessibilidade» e «mobilidade» é que esta última trata-se de um parâmetro mais quantitativo a nível espacial do que qualitativo - por exemplo, o Homem pode em atividade de passeio realizar três a quatro quilómetros numa hora; isto embora se saiba que com o avançar da idade este diminua em termos de velocidade, para meio quilómetro numa caminhada (Jover, 2000), até situações de imobilidade, face à doença de Parkinson (Ferreira, 2011), onde o andar, correr, deslocar, mudar de postura e o transporte de cargas, como uma mala, ser nula (DGS, 2004) em estados avançados da doença. A OMS refere a mobilidade como uma desvantagem severa para o idoso (SNR, 1996), podendo-o privar de uma vida autónoma (Branco et al., 2001). Acessibilidade física e mobilidade podem ser analisados em conjunto nas entrevistas a realizar nos dois estudos de caso. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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SEGURANÇA Quanto a este parâmetro, existem diversas questões que envolvem a segurança do utente de lar. Existem pessoas alérgicas ao pólen das flores, nomeadamente na Primavera. Devem ser evitadas plantas cujas partes constituintes possam através da sua ingestão criar problemas – com o avançar da Alzheimer poderá existir a tendência de se levar à boca plantas apelativas ou confundir-se com alguma infusão. Existem plantas apelativas que estimulam a que sejam tocadas, como o caso das «Cortaderias», no entanto, estas são muito cortantes; já nas roseiras, os seus espinhos defensivos podem causar dor/arranhões aquando do toque, o mesmo acontecendo com os cactos. Saber se a pessoa idosa perceciona este problema de segurança é importante por forma a saber se influi no grau de satisfação ao visitar o jardim de lar. Esta questão é mais assertiva a ser colocada junto dos idosos aquando de visita ao jardim (Estudo de Caso nº2). Outro problema diz respeito ao facto de poderem existir burlas/roubos, assim coloca-se a questão se se deverá isolar o jardim mediante portões/muros/cercas (alturas, tipologias, materiais): estes poderão ou não ser importantes quanto a nível de segurança para o utilizador do espaço? Igualmente, em situações desniveladas, cuja solução poderá passar pela existência de barras de apoio (corrimãos, guarnições
em
rampas
ou
guardas),
dimensões
assertivas
do
mobiliário/equipamento/caminho e/ou no tipo de pavimento. Assim, esta situação aquando da entrevista a idosos deverá ser contemplada pelo que se fará um levantamento desenhado dos espelhos e cobertores de escadas, declives de rampas, alturas dos corrimãos, etc. Outras questões a indagar são: os contrastes entre background-foreground dos elementos de composição do jardim; e os elementos do desenho tais como a cor (podendo ou não aumentar o grau de utilização e segurança no espaço). Outra questão oportuna será: A vigilância natural realizada pelo staff (Bell et al., 2001) ou câmaras de vigilância do lar será importante para o idoso?
ORIENTAÇÃO Será importante, saber-se se as árvores são elementos que se assumem como affordances do espaço e marcas na paisagem (Landmarks), sendo ou não facilitadoras da orientação espacial do idoso, conforme refere estudos de Gibson, 1983, p.285 - “Quando a propriedade dos objetos é percebida (forma, tamanho, cor, textura, composição, dinâmica, e posicionamento relativamente a outros objectos), o observador consegue detetar a sua affordance”. A literatura é rica em investigações sobre o Wayfinding (Kirasic, 2000; Adamo et al., 2009; Head e Isom, 2008; Winterbottom e Woland, 2000), no entanto existem questões no que respeita a jardins de lares que não foram indagadas, pretendendo o presente estudo JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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dar resposta. Os caminhos principais deverão ter características tais que se destaquem hierarquicamente dos secundários. Geralmente, os primeiros são mais directos no sentido entrada-saída e vice-versa, são mais largos pressupondo uma necessidade de maior carga de pessoas ou em ser usado para (des)cargas no lar. Poderão os espaços possuir um sistema arbóreo em alameda (Winterbottom e Woland, 2000); as Landmarks deverão localizar-se em end-points dos caminhos conforme referenciado por estudos de Lynch no livro «The Image of the City» e constituindo a iluminação uma ferramenta decisiva na satisfação do transeunte, para quem visite o jardim no período nocturno. Assim, importa saber quais serão as características usadas para auxiliar a orientação do idoso no jardim, se geram mapas cognitivos (Golledge, 2002), tipos de caminhos e nós (Lynch, 1960) ou Landmarks disponíveis para o efeito (Golledge, 2002).
PRIVACIDADE VS. COMUNICAÇÃO A vegetação cumprirá ou não um papel na privacidade do local, nomeadamente em situação de estada de cariz íntimo? A sua altura e densidade de plantio cria zonas recatadas que conferem privacidade à pessoa idosa? E o contrário também se verifica? Para o autor Hall, existem quatro níveis de espaços que vão desde distâncias íntimas a mais sociais, designadas de públicas (Army Corps of Engineers, 1997). A comunicação funcional quotidiana baseia-se na necessidade em o ser humano trocar informações com os seus pares (Berger e Mailloux-Poirier, 1995), estabelecendo laços por exemplo, positivos de amizade (Hinde, 1974). Esta constitui um processo complexo e onde intervêm as cinco dimensões que afetam o grau de satisfação do idoso: satisfação bio fisiológica, psicológica, sociológica, cultural e/ou espiritual, como sabido pelo Estado da Arte (Berger e Mailloux-Poirier, 1995). É afetada por fatores extrínsecos como o desenho do espaço; e intrínsecos, face a doenças do idoso: este podem fechar-se em si mesmo, dada a mudança social provocada pelo isolamento, reforma, viuvez, afastamento e/ou morte de entes/amigos (Burton e Mitchell). Assim, torna-se imperativo facilitar a criação de espaços sociopetais (Almeida, 2008; Barros, sd; Marcus, s.d.). Segundo estudos de Sommer num hospital, existe maior interação entre indivíduos sentados em esquinas (formando um ângulo de 45º) da mesma mesa, do que frente a frente ou lado a lado (Panero e Zelni, 2009). Esta ideia é corroborada por outros estudiosos na área (Little, 2002; Ramos et al., 2010; Palma-Oliveira et al., 1999; Bell et al., 2001), mas qual será o comportamento em jardins? Não se encontrou resposta a esta questão na literatura, pelo que indagar este comportamento em mobiliário/ equipamento urbano ser importante, uma vez a disposição por exemplo dos assentos poder gerar situações desejáveis ou não. Constitui outro parâmetro a avaliar: espaços de maiores dimensões influem no relacionamento interpessoal? E quanto ao parâmetro/variável vegetação, como esta influirá na perceção do utente de lar? JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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Todas as atividades de recreação conferem prazer e bem-estar – mas quais serão? Por exemplo, Mazo, 2003, refere a importância da atividade física nas mulheres idosas como atividade satisfatória. É cada vez mais importante (e verificado em estudos recentes) apurar a auto-percepção/bem-estar subjetivo do indivíduo idoso, embora e segundo Mezel, 1984, seja também importante confrontar com a opinião de especialistas. Sabe-se que com o envelhecimento (Correia, 2007), o ser humano experimenta deficits (limitações) para além dos sentidos sensoriais (Miller, 2008; Gibson, 1983). Saber se a paisagem se assume como agradável é fundamental num projeto de jardim de lar (esta constitui estímulo aos sentidos, sendo por exemplo, motivo de conversa ou contemplação?).
ESTÍMULOS É sabido que com a idade e com a entrada em lares, a motivação do idoso pode diminuir (Mazo, 2003; Almeida, 2008), por vezes ligada a períodos de vida do utente em que a depressão está presente. Será então importante criar estímulos positivos no idoso – quais serão? Serão as plantas (entre outros elementos de composição do espaço) affordances que estimulam a sua aproximação, tratando-se de «pontos-âncoras» no espaço induzindo inconscientemente aos benefícios duma caminhada? Existirão certamente plantas que providenciam alimento, abrigo e água aos animais: constituirão flora e fauna estímulos de convite à saída do idoso de casa? Estes animais poderão ou não ser motivo de conversa e estimular a socialização e comunicação? E no caso da floração? Mediante fauna e flora criamse hábitos de lazer no exterior do lar, facto este comprovado em estudos de Provonost, 1996, citado por Cabrita, 2005; e Fontes, 2009. A Direcção-Geral de Saúde (DGS) estabeleceu uma forma de avaliar as capacidades para as tarefas de vida diária (AVD) em matérias várias, entre elas a recreação e o lazer (DGS, 2004) que são realizadas em contexto interior. Entrevistar o utilizador em contexto de jardim (Estudo de Caso nº2) denota-se positivo e destas entrevistas é possível extrair-se informação pertinente para quem projecte jardins de lares.
CONFORTO Em ergonomia analisa-se o grau de desconforto de uma determinada situação, em vez do conforto. Diferentes configurações e materiais poderão provocá-lo, despoletando mal-estar, dormência, dores, entre outros. Importa saber se as dimensões do mobiliário urbano cumprem a sua função (estada: leitura, contemplação, conversação). Até que ponto os apoios laterais em bancos, referido por Bell et al., 2001, ajudam a atividade de sentar ou levantar, refletindose no Bem-estar e no Esforço. O esforço ao andar pode dever-se a situações intrínsecas da pessoa (daí a necessidade de o investigador saber o estado de saúde do sénior) ou JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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extrínsecas, face ao desenho e elementos do jardim. Situações de rampa são preferíveis a escadas? E será que o grau de dificuldade se mantém tanto na subida como na descida destas infra-estruturas? E quanto aos equipamentos auxiliares ao exercício físico (dificuldade, desconforto, esforço) e Ajudas Técnicas/Tecnológicas? E face ao alcance dos membros superiores do utente, realizar-se-á um maior ou menor esforço em se colher ou tocar nas plantas do chão, comparativamente com a situação de plantas em canteiros sobrelevados? Face
ao
Enquadramento/Estado
de
Arte,
as
questões
levantadas
não
foram
convenientemente esclarecidas, daí a realização da presente investigação, pretendendo-se chegar a tais respostas por forma a servir de orientação aos demais profissionais, projectistas de lares e académicos, i.e. investigadores, nas áreas da arquitectura/design e igualmente a nível das do domínio psicossocial (incentivando à investigação interdisciplinar).
3. ESTUDOS DE CASO Dada a problemática bio-psico-social associada à senescência, trata-se de valor acrescido saber como conceber jardins que primem pela segurança, estímulo aos sentidos, proporcionem conforto e bem-estar, saber os graus de esforço envolvidos no recreio e outros elementos/parâmetros, que contribuam para a Privacidade, Comunicação, Orientação e Mobilidade do sénior residente em lar. Foram entrevistadas pessoas idosas no Lar de Idosos dos SAMS, com o intuito de recolher dados importantes que conferissem informações úteis para se projetar jardins de lares consoante a sua perceção espacial (tirando partido da metodologia do DCU), relativamente aos elementos do desenho e de composição do jardim e ao lazer. Usou-se a metodologia de pesquisa por entrevista dirigida ao target do presente estudo: pessoas idosas institucionalizadas em lares portugueses. O sénior foi pré-selecionado pelos investigadores e outros profissionais da área dos cuidados de saúde. Isto deveu-se ao facto de se pretender seniores com 65 ou mais anos (segundo a OMS, 2015, idade a partir do qual se associa o conceito de idoso em países desenvolvidos, embora não exista um idoso típico), possuindo pelo menos visão residual (satisfatória para se aferirem os resultados, segundo Bright et al., 1997), sem demência (que dificultaria o apuramento de dados) e não acamados (impossibilitados de vivenciar o jardim - Astell et al. (2009). Apenas realizaram as entrevistas os voluntários nestas condições e que quiseram constituir a amostra do estudo.
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3.1 ESTUDO DE CASO Nº1
PROBLEMA DE ESTUDO/OBJECTIVOS Pretende-se obter a perceção dos idosos do Lar dos SAMS em relação aos elementos do desenho e de composição do jardim de lar, considerados mais satisfatórios nas suas atividades de lazer em espaço exterior. Face ao referido Estado da Arte (dada a escassez de informação sobre a temática), tem-se como objetivo avaliar a perceção dos entrevistados quanto aos elementos do desenho e seus princípios, igualmente os elementos de composição do jardim e as atividades de lazer que os seniores privilegiam no lar.
AMOSTRA Sobre a amostra (de 30 pessoas idosas voluntárias no presente estudo no Lar dos SAMS) aferiram-se os seguintes dados: a média de idades dos participantes é 81,4 anos (idade mín.67; idade máx.-92; DP-6,3), entrevistas conduzidas a 11 idosos (37%) e 19 idosas (63%), viúvos/as na sua maioria (20 entrevistados, i.e., 67%) seguindo-se o estado civil de casado/junto (9 pessoas, i.e., 30%) e por último um divorciado (correspondendo a 3% do total de entrevistados/universo em estudo); que tiveram maioritariamente um percurso profissional no sector terciário (24 seniores, i.e., 73%, sendo que um deles trabalhou também no sector agrícola) e oito idosas (24%) sem atividade laboral (3 possuem instrução primária e as restantes o nível liceal). Apenas um dos inquiridos possui grau académico superior (3%), sendo o liceu ou escola Comercial/Industrial o grau da maioria dos entrevistados (21 indivíduos, i.e., 70%). Segue-se a instrução primária, em oito inquiridos (27%). A nível de deficiências/limitações, as poucas existentes (não sendo acentuadas e permitindo o apuramento dos dados) são principalmente do foro biológico (visão, audição e mobilidade), embora corrigidas com óculos, aparelhos auditivos (excetuando um dos participantes em que existiu a necessidade de se usar headphones para corrigir o deficit auditivo, com o intuito de se proceder à apresentação (com voz e imagens incorporadas no programa de visualização) multimédia das fotografias de jardins a partir de um computador portátil) e cadeiras de rodas/andarilhos: 19 pessoas inquiridas (63%) referiram não possuir deficiências, 11 referiram possuí-las (37%) (seis a nível auditivo -46%- e sete físico -54%-, de carácter temporário ou permanente.
METODOLOGIA Do ponto de vista metodológico, o estudo desenvolveu-se em três etapas principais, todas de base qualitativa e não intervencionista: o
Registo fotográfico de situações de referência em jardins de lar;
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o o
Seleção de fotografias de jardins de lar; Entrevista com base num «Guião» (também designado de «Questionário» face ao layout do documento apresentado, sendo este estruturado).
Seguem-se as questões colocadas. Perguntas da entrevista com base em fotografias de vários jardins de lares 1- Comente tudo o que vê nas fotografias. 2- Refira tudo o que geralmente faz nesse local do jardim do seu lar (atividades)? 3- Comente tudo o que faria noutros jardins de lar que se ilustram de seguida (atividades)?
Continuação das questões mediante perguntas de satisfação acerca do Lar SAMS 4- Quantas vezes vai ao espaço exterior ajardinado do seu lar? 5- Qual o período do dia em que frequenta o jardim? 6- Quanto tempo permanece em média no jardim? 7- Relativamente às condições meteorológicas, evita ir ao jardim, em dias: chuvosos/frios/ventosos/ calor/nublados/indiferente. 8- Sente alguma diferença em si após ter permanecido algum tempo no jardim? 9- Que características específicas ou qualidades do jardim o fazem sentir bem de modo a frequentálo? 10- Que melhorias introduziria no jardim? 11- Globalmente, qual o nível de satisfação ao frequentar o jardim? 12- Dados Pessoais: idade, género, estado civil, profissão, incapacidades/deficiências, habilitações
RESULTADOS Segundo Bardin (2009), aquando da análise de entrevistas cujo conteúdo seja de natureza qualitativa, as unidades de vocabulário emitidas pelo entrevistado, podem ser ordenadas segundo um sentido, que poderá fornecer informações ao investigador. Exemplificando, existe uma referência ao recreio passivo do tipo «sentar» (atividade individual), face ao comentário do participante no presente estudo ao mencionar “Não faço atividade nenhuma porque não posso. Mas vou lá fora, gosto de estar sentada”. Referência à Forma encontra-se presente na frase "Plantas para dar formato"; Ponto, “[sítio] ao meio com uma árvore", "uma bifurcação"; Linha, “placa ajardinada alinhada com colunas"; Material, "com cadeiras de plástico"; Unidade, "maciço arbóreo”, “zona arborizada", “pomar”; Balanço, “devia ter simetria”, “duas árvores de cada lado"; Tensão, "poucas coisas se distinguem”, “o que se destaca no conjunto geral são 4 buxos", "há umas rosas que se destacam na sombra", "uma árvore grande que se destaca lá ao fundo", "recipiente (para deitar papelinhos) devia estar mais escondido -dá muito nas vistas"; Ritmo, “flores animam muito”, “água parada", "de onde em onde caixotes de lixo"; Escala, “cadeirão”, "casas de janelas amplas", "jardim bastante espaçoso"; Proporção, "meio jardim"; Diversidade, "devia ter mais flores para dar colorido", "vasos com qualidade diferente”, “diferentes sítios de repouso"; Situação Espacial, "aqui é o meu ponto de referência", etc. Assim, 23 fotografias foram alvo de apreciação por parte dos seniores (vide Fig.1), com o intuito de saber quais os elementos/princípios do desenho e os elementos de composição do espaço exterior percecionados. Foram realizadas sessões multimédias individuais, com JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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fotografias recolhidas de jardins de lar, das quais se concluiu que os seniores valorizam muito a vegetação, seguindo-se o mobiliário/equipamento e os percursos/pavimentos, a nível dos seguintes elementos do design (por ordem decrescente de importância): o
VEGETAÇÃO - Em termos de número, i.e. Quantidade (22%), sua Cor (4,4%), Situação Espacial (3,8%), Escala da vegetação (3,4%), sua Diversidade (1,5%), Forma (1,2%), Balanço (0,6%), Tensão (0,3%), Linha (0,2%) e Proporção-ritmo proporcionado (0,1%);
o
MOBILIÁRIO/EQUIPAMENTO - Quantidade (9,4%), Situação Espacial (2,9%), Forma (2,2%), Material (0,8%), Escala (0,7%), Diversidade (0,4%), Cor (0,2%), Tensão-Ritmo (0,1%);
o
PERCURSO – no que respeita à sua Situação Espacial (2,6%), Quantidade (0,7%), Escala do percurso (0,6%), Material-Forma (0,3%), Ponto-Linha-Cor-Proporção-Diversidade em igual percentagem (0,1%);
o
PAVIMENTO – Material do pavimento (5,3%), sua Forma (1,0%), Cor (0,3%), Linha (0,1%).
Figura 1 – Observação Multimédia de Jardins referente ao Guião (Fonte: Autor) Em geral, a perceção humana tende a identificar o espaço e os seus elementos, do global para o particular, podendo este facto explicar por que os elementos básicos (ponto, linha, forma) do desenho são os menos referidos pelos idosos no presente estudo (apenas um ponto percentual). Em contraponto estão as variáveis: quantidade, posição/direção/orientação (situação espacial dos elementos), material (a textura não foi identificada pelos participantes, mas antes o material de composição que se lhe associa) e cor. Também foram mencionados os princípios do desenho (unidade, escala, diversidade, tensão, balanço, ritmo e proporção). De acordo com a entrevista com guião, os voluntários entrevistados referiram que se sentem satisfeitos com o jardim do Lar de Idosos dos SAMS (sentem-se mais calmos, alegres e comunicativos). É costume permanecerem entre 30-60 minutos, preferencialmente de manhã (seguindo-se tarde e menos frequente à noite), sendo que a intempérie poderá inibir a sua visita (nomeadamente dias chuvosos, seguindo-se dias frios, demasiado quentes e ventosos).
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No que respeita ao ócio, as atividades que comportam menor esforço (designadas de passivas) e individuais são as mais desejadas pelos idosos em geral – nomeadamente, sentar, passear, transitar e contemplar-, o que pode revelar a necessidade de se criarem espaços mais diversificados e interativos (a nível bio-psico-social). Note-se que a resposta “sem atividade” muitas vezes está ligada à atividade passiva. O comportamento usual reportase às atividades a realizar, aquando da visualização de imagens do jardim do lar do SAMS, e a intenção comportamental nas de outros jardins de lares (desconhecidos)– vide Fig.2.
Figura 2 – Recreio: comportamento usual vs. Intenção comportamental (%) (Fonte: Autor) DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O estudo da CollabLandWiki (2007) foi realizado, com o objetivo de saber como os utentes se sentiam, quando estavam no jardim, sendo as respostas «mais relaxados» a mais referida e sendo as árvores e plantas em geral os elementos mais importantes, à semelhança do que o presente estudo demonstrou. Chau et al. (2012) referem a importância de manter os laços sociais do idoso de modo a evitar a depressão, dando relevância ao jardim (entre outros, os cafés e associações). O presente estudo demonstra igualmente a importância do jardim de lar na Qualidade de Vida (QV) dos entrevistados (sendo as atividades passivas as preferidas, também as mais realizadas em contexto individual). Em Portugal, as atividades apuradas pelo CEDRU (2008), quanto à ocupação dos tempos livres da população idosa, incindindo no espaço exterior, são as atividades de passeios a pé. Os idosos desse mesmo estudo mencionaram a necessidade de mais convívio, dada a pouca JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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oferta em equipamentos de natureza sociocultural e de mais atividades lúdicas, a falta de espaços verdes e de uma maior capacidade financeira. A satisfação é maior em atividades de lazer nos sujeitos com maior nível de instrução, dado os rendimentos destes serem superiores,
e
como
tal,
poderem
aceder
a
melhores
e
a
mais
serviços/equipamentos/atividades. No presente estudo de caso concluiu-se igualmente a satisfação pelos espaços verdes e seus equipamentos, permitindo vários usos do espaço de uma forma mais passiva do que ativa. Também, que o recreio individual possuía maior expressão, havendo necessidade de se criarem espaços mais diversificados/interativos, gerando um maior convívio entre pares. Os estudos de Kaplan (1998) relacionam o indivíduo à natureza, em termos de compreensão global da paisagem (em detrimento de projetos a uma escala do detalhe, como no presente estudo de caso) em termos de segurança, orientação, entradas/saídas, vistas e padrões paisagísticos, atividades, entre outros. Segundo dados do INE (2001), os reformados do sexo masculino preferem atividades como o passeio, a jardinagem/horticultura, o cuidado com animais e a bricolage; as mulheres, face aos compromissos com a família, possuem menos tempo disponível para atividades de lazer. São as atividades mais passivas as mais referenciadas por esta faixa etária (esta situação é corroborada pelo presente estudo de caso no Lar dos SAMS). Também, um estudo de Nunes (2008: 232-233), referente às atividades realizadas por utentes de espaços verdes públicos, revela que (transversalmente ao sexo e idade): “... as atividades mais usuais nos jardins/parques são andar/passear, conversar, seguindo-se o sentar, o contemplar a paisagem, as pessoas e as plantas, assistir a eventos culturais, e ver crianças a brincar”. Giraldes Y García (1993) indicam que os idosos têm o passeio como a atividade principal; seguindo-se as tarefas domésticas (em idosas); a conversa, o artesanato, as excursões e as exposições. Estudos de Moss e Lawton (1982) referem como ocupação dos idosos, o recreio, a leitura, ver TV, ouvir rádio e interações sociais com a família e amigos; para os mais independentes, as viagens e as compras. Parker et al. (2004) concluiu que os tempos de lazer dos idosos se concentram mais no espaço interior da habitação, sendo imprescindível a escolha do desenho desses elementos, nos lares ou residências, em termos de facilitar a mobilidade, garantir o conforto, o suporte físico e cognitivo face à perda de capacidade ao nível dos sentidos e da cognição, o controlo, a comunidade e a personalização, associados à QV do sénior. Estes e outros parâmetros foram igualmente corroborados no estudo de caso que se investigou, reforçando a ideia de que existe ainda muita informação a ser colmatada e esclarecida.
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Segundo estudos de Bruck (1997) e Stermer (1998) -citado por Bell et al. (2000)- o design «chamativo» da fauna é usado em lares nos EUA Crowley-Robison et al. (1996) referiram o efeito positivo da existência de cães residentes em lares para idosos (citando outros estudos: Hendy, 1984; Jendro et al., 1984, Cusack, 1988, Levinson, 1972; Corson et al., 1977/5, Andrysco, 1982). Um estudo exploratório de Jesus (2007) refere como ocupação dos idosos, o tratar de animais, jardim e horta, seguindo-se a atividade de passeio (para ir ao café, centro de dia e de convívio). Ficou patente no estudo de caso do Lar dos SAMS, por exemplo, a importância em os seniores visualizarem e/ou ouvirem pássaros como distração e/ou tratarem de gatos (igualmente providenciar a flora que lhe constitua abrigo, providencie alimento, entre outros). A prática da Horticultura em jardins é eficaz nos indivíduos com demência (incluindo, idosos fragilizados) estudados por Kamioka et al. (2014). Brosse et al. (2002) referem o exercício físico como atividade de combate à depressão – pelo presente estudo concluiu-se que andar é fundamental para o seu bem-estar. Também, para Mounsour e Robb (1982) é importante, inclusive as atividades em grupo e de entretenimento; Livingston, 2005, refere que o facto de o idoso não possuir uma atividade, vir a desenvolver com maior probabilidade a depressão, relativamente àqueles que praticam exercício. Para Whear et al. (2014) é importante implementar a prática do exercício, repercutindo-se na diminuição do número de quedas em idosos (este estudo refere que na designada «quarta idade» existe duas vezes mais probabilidade de queda, com incidência na anca, aumentando os níveis de ansiedade, perda de confiança, o isolamento e a redução das atividades diárias; sendo que caminhar como exercício é eficaz para aprimorar o equilíbrio nos sedentários, facto referenciado por Cunha, 2007). Ousset (1998) menciona a prática do exercício físico mediante equipamentos. Refere igualmente o bom desenho dos caminhos (para encorajar a sua visita, que sejam seguros e em circuito), supervisão da atividade do sénior, oportunidades de relaxamento, abrigos à intempérie e intervindo na composição o ritmo, formas, volumes e cores, para a criação de um espaço amigável (Cohen-Mansfield e Werner, 1998) e as positivas Landmarks (árvores, arbustos, flores, elementos decorativos, bancos) que ajudam a diminuir o risco de desorientação. Alguns destes elementos foram igualmente referidos pelos idosos entrevistados no estudo de caso no Lar dos SAMS. Sustar et al. (2008), referem o uso de protótipos/maquetes de jardins para extrair informação útil aos idosos (atividades e preferências, referidas em entrevista). O estudo no Lar dos SAMS usou uma apresentação multimédia com fotografias de jardins, seguida de questões relativas ao grau de satisfação do jardim de lar (entrevistas realizadas em contexto individual), sendo que ambas constituem ferramentas úteis para se avaliar a perceção do idoso (embora, JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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segundo Sustar, na «quarta idade», não se revê no uso do «jardim-protótipo-virtual» e da imaginação no processo comunicacional). O estudo de Savitch e Zaphiris (2006) refere a possibilidade de extrair informações pertinentes de pessoas com demência, nomeadamente em fases iniciais. No presente estudo de caso (Lar de Idosos dos SAMS), utentes com demência referidos pelo staff não foram entrevistados, por não se saber o seu grau de limitação. São algumas as publicações existentes sobre a matéria em estudo, entre elas os guias de espaços para idosos com demência, sendo a publicação de 2004 da fonte Alzheimer´s Australia uma delas, referindo a importância de uma boa sinalética, uso de pistas sensoriais (cor que oriente, uso de contrastes, textura, iluminação, aroma, música), evitar ruído ambiental, proporcionar atividades de jardinagem e atividades com animais de estimação, garantir a privacidade de espaços, uso de tecnologia (aparelhos detetores de movimento), cuidados especiais proporcionado pelo staff (acompanhamento ao exterior). Também, os referidos pela organização Trellis (2013) que acrescenta: sensação de abrigo e de segurança mediante plantas e estruturas de descanso/ensombramento/socialização/contemplação, acesso fácil ao WC, espaços mais privados e pequenos, ter em conta o contexto social e cultural dos demais, espaços de cultivo, plantas (de preferência as suas conhecidas), dimensionamento de rampas/escadas/corrimãos, caminhos circulares/de retorno (em loop) e de pavimento suave/sem brilho. Nos EUA é comum separarem estes doentes (e outras senilidades) dos restantes, não contribuindo para uma política de inclusividade (no entanto, o Lar em estudo não a pratica, co-existindo utentes com senelidade e senescência na mesma instituição), estando na vanguarda como exemplo de lar – note-se que o Lar de Idosos dos SAMS foi publicado no Banco Europeu de Inovação). Conforme referem Zeisel et al. (2003) existe uma correlação entre o ambiente e a interação do idoso: manifestação de agitação, agressão, depressão, isolamento social. Grant e Wineman (2008) focaram o seu estudo em utentes com demência (idosos americanos) e sobre a política do lar, reportando a necessidade de: organização do lar, pessoal auxiliar (staff), acesso físico-visual e design de jardins - terraço/pátio, caminhos, estruturas, bancos, canteiros ajardinados sobrelevados. Zeisel revelou como foi difícil provar o efeito de jardins de cura nos pacientes com Alzheimer. No seu estudo faz referência a exemplos de jardins curativos; e menciona o livro Image of the City de Kevin Lynch face à necessidade de existir no espaço exterior: percursos, limites, distritos, nós e Landmarks. Os lares de idosos devem primar pela acessibilidade, por espaços sociais, pela manutenção, sendo responsáveis pela mudança de atitude e humor, conforme relata Stoneham e Jones (1997). Também, no estudo de Caso –jardim do Lar dos SAMS- foi referida a necessidade de limpeza e dimensionamento assertivo dos espaços, de vegetação e mobiliário/equipamento, JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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entre outros, contribuindo para a satisfação no usufruto do jardim (relaxamento, alegria, calma, comunicação). Bhatti (2006) recorreu à literatura e à observação de dados qualitativos em jardins ingleses (e atividades de jardinagem e limpeza/manutenção), face ao seu impacte físico, social e psicológico em idosos (terceira e quarta idade), concluindo a pertinência destes espaços no lazer (em especial nas mulheres) e no processo de envelhecimento. Foi publicado, por Whear et al. (2014), um estudo sobre o impacte dos jardins no bem-estar de pessoas com demência, revelando que evidências quantitativas (e.g. inquéritos) demonstram ser mais pobres que as qualitativas (i.e., mediante a realização de entrevistas). Estes exploraram a experiência do idoso no jardim, igualmente os seus familiares e staff, relativamente ao seu comportamento: natureza da atividade em contexto de jardim, interação no jardim, impacte do jardim, mecanismos de exploração espacial e limitações, tais como barreiras e capacidade do staff. Ficou provada a positiva interação idoso-jardim (face ao estímulo sensorial e às reminiscências que desencadeia) devendo este primar por diferentes situações para servir as necessidades e preferências do idoso. Dahlkvist et al. (2014) compararam os elementos do design de jardim/pátio em lares (e suas características), segundo a descrição dos residentes (N=415) e staff (N=667) em inquéritos, sendo que os idosos valorizavam mais esses aspetos (estando mais satisfeitos com o design, uso sazonal e acessibilidade). É importante a criação de um ambiente familiar, acolhedor, ter em conta o contexto dos residentes idosos e evitar uma imagem institucional. Também, permitir a privacidade em espaços resguardados, diferentes zonas de bancos e providenciar áreas de socialização. Igualmente, evidenciar os cinco sentidos e proporcionar várias atividades. Incluir flores, canteiros sobrelevados, caminhos, animais de estimação, elementos de água, elementos decorativos, variedade de plantas, adequada iluminação e mobiliário, assentos próximos, com proteção do Sol e acesso a cadeiras de rodas. Casas de banho nas imediações, para facilitar pessoas com incontinência. Face à necessidade de um estudo mais aprofundado (dez residentes e dez funcionários de cada uma das 87 instituições), responderam a questões sobre a sua perceção em jardins/pátios suecos. Pesquisaram os elementos do desenho e características do espaço envolvente, concluindo que: mais de metade eram fechados, por cercas de madeira e com portões fechados aos residentes. Eram considerados grandes, visíveis a partir de divisões interiores, expostos ao Sol metade do dia e outro tanto todo o dia (embora não afetasse o grau de satisfação). A maioria dos residentes e staff não eram perturbados pelo ruído ambiental. Entre os elementos investigados comuns entre lares mais relatados contavam-se os elementos do desenho interno do espaço: 92% caminhos (maioritariamente circulares, mas também becos sem saída e pavimentos de pedra), arbustos (89%), flores (89%), árvores (79%), relvados (76%), plantas reconhecidas (63%), horticultura e canteiros sobrelevados (54%), elementos de água (fontes: 36%; JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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«lavatório» para pássaros: 46%) e comedouros de pássaros (18%), com assentos (91%) sendo mais comum cadeiras em madeira (existente em 56 lares), com apoios laterais (66) e bancos movíveis (67), seguindo-se em material de plástico (44), ao Sol ou sombra (85%) com estrutura de ensombramento/guarda-sol (81%). No campo da acessibilidade (79%), 97% eram considerados acessíveis de um ponto comum entre staff e residentes; 12% com porta direta da casa para o jardim/pátio e 64% visitáveis a qualquer hora do dia. Como obstáculos, 54% referiram o corredor longo (a percorrer até ao jardim), 31% portas fechadas, 23% escadas e 18% portas pesadas. Referente ao jardim ou pátio, mencionam-se os seus declives em 29% dos casos; modelação do terreno, 13%; árvores/plantas, 12%. Trinta e quatro por cento das instituições não possuíam largura suficiente (para duas cadeiras de rodas circularem lado a lado). Quarenta e nove por cento das instituições possuía WC perto do jardim. Um quarto dispunha de campainhas no jardim (para pedido de auxílio) e em 18% dos lares não existia nenhum dispositivo de segurança. Relativamente às atividades em jardim/pátio, os residentes e o staff referem usá-lo para «estar» (N=661), para comer (659), desenvolver atividades culturais (657), encontros privados (650), exercício (653), jardinagem em contexto coletivo e atividades gerais individuais (653), treino da motricidade fina/grosseira (653), jardinagem individual (638). O estudo apenas apresentou em separado as respostas dos idosos relativa às do staff, no campo dos usos sazonais do espaço exterior, das características e dos elementos do desenho (layout, tamanho, bancos, vistas para o jardim/pátio ou envolvente), acessibilidade (longa distância entre o espaço exteriorapartamentos e existência de portas pesadas), o ruído (veículos, indústrias, pessoas), estímulo sensorial. Este estudo foi muito completo e revela a preferência do staff e do sénior, sobre os parâmetros do design de jardim para lares suecos. No entanto e comparativamente com o presente estudo no Lar de Idosos dos SAMS, o estudo sueco apresenta resultados que não separam o grupo «staff» do grupo «idoso». Pretendeu o estudo de caso, no Lar dos SAMS, avaliar a perceção dos seniores em relação aos elementos do design desse jardim. Também importante é o estudo de Moos e Lemka (1984), referenciados por Almeida (2008), referindo a importância de se providenciar distâncias confortáveis (300 m) para um parque comunitário ou lojas; entradas principais do lar com o exterior mediante abrigos (do Sol/chuva); passeios/entradas visíveis de halls, piso térreo, zonas de convívio e sua visibilidade pelo staff; existência de bancos na frente do edifício e visíveis a partir das zonas de convívio e/ou de gabinetes, mediante abrigos e permitindo a visibilidade de quem passa; manutenção do mobiliário; mesas sob abrigos; áreas de jogo; áreas ajardinadas; estacionamentos para os portadores de deficiência e zonas de encontro/receção a visitantes. Alguns destes parâmetros foram igualmente mencionados pelos entrevistados no presente Estudo de Caso, no Lar de Idosos dos SAMS. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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SÍNTESE CONCLUSIVA Note-se que existem poucos estudos que analisam a qualidade da interação HomemAmbiente em jardins de lares, no entanto os estudos existentes (maioritariamente a partir da década de 1990) são uma mais-valia para os estudiosos na matéria. O Estudo de Caso nº1 complementa os existentes, mas acrescenta especificidade relativamente à satisfação de jardins de lares (seus elementos) no panorama nacional –Lar de Idosos dos SAMS- segundo o DI, DE e DCU. No entanto, trata-se de um estudo preliminar que procurou avaliar a percepção dos idosos acerca das características do design dos espaços ajardinados, mediante a observação de fotografias de jardins de lares e questões de satisfação do jardim do Lar dos SAMS. Estas perguntas permitem, em parte, evocar a memória de longo prazo, i.e. do que é valorizado e com significado no espaço, fruto das vivências passadas e da interpretação pessoal da população-alvo face às questões colocadas. Assim e decorrente da necessidade de se compreender melhor a perceção da pessoa idosa, desenvolveu-se um estudo subsequente (cujos resultados se apresentam no Estudo de Caso nº2) que procurará avaliar a sua relação com a vegetação, mobiliário/equipamento e percursos/pavimentos, mediante a sua interação direta com o jardim de lar (explorando-se a memória de curto prazo).
3.2 ESTUDO DE CASO Nº2
PROBLEMA DE ESTUDO/OBJECTIVOS Os objetivos específicos desta fase investigativa passam por conhecer a perceção do idoso sobre: o o
o o
A relação entre a vegetação, o mobiliário, o equipamento urbano e a obstrução física desses espaços; O medo em frequentar os espaços exteriores, face às características da vegetação, ao pavimento que levanta problemas à mobilidade, à (in)existência de bancos e a sons com conotação negativa (e outros sentidos que influem na agradabilidade da paisagem); A quantidade e qualidade da informação presente no espaço e o seu desempenho; O grau de segurança, esforço, bem-estar que conferem os elementos de composição do espaço: rampas/escadas (desníveis), pavimento, vegetação, mobiliário, elementos construídos. Igualmente, o grau de privacidade vs. convívio que conferem.
AMOSTRA Pertencem ao género feminino 23 utentes (correspondendo a 71,9% do Universo em estudo) e masculino 9 utentes (28,1%). A partir da amostra é possível avaliar a percepção da população residente do lar. Quarenta por cento dos residentes do lar foram entrevistados (num total de 80 indivíduos em que 32 constituíram a amostra da população designada, JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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doravante, por «N»). Os restantes indivíduos não foram entrevistados por motivos vários: 23,75% com demência; 21,25% dependentes; 12,50% indisponíveis (para realizarem a entrevista); e 2,50% ausentes de férias. Os entrevistados (aquando da data da entrevista) possuem uma média etária de 82,6 anos (DP-5,6 anos), tendo o elemento mais novo entrevistado 72 anos e o mais velho 93 anos. Foram colocadas questões sobre os dados de entrada no lar: a média etária situava-se nos 76,8 anos (DP-6,2). O elemento mais novo, entrou no lar aos 66 anos e o mais velho entrevistado aos 91 anos. Em média, 25 indivíduos estão a viver no lar há 7,4 anos; cinco indivíduos há 4,4; dois indivíduos há 9 dias e meio. Apesar do referido, existem utentes que residem no lar desde a sua abertura, i.e., há 19 anos relativamente à data da entrevista. Uma maioria dos entrevistados vive no lar, em média, há praticamente sete anos e meio. Por sua vez, apenas duas pessoas da amostra entraram há menos de um mês no lar dos SAMS. No universo em estudo, 53% possui o grau liceal/comercial/industrial, 28% instrução primária, 13% graduação superior e 6% são analfabetos. Oitenta e um por cento dos entrevistados trabalhou no sector terciário (nomeadamente, bancos, escolas, atelier de costura) e 19% não exerceram uma profissão. Em 32 indivíduos entrevistados (N=32), são reportados 184 casos de limitações/problemas de saúde. Existem 36 casos de limitações físicas temporárias (correspondendo a 78% dos relatos) face a dores de ombro, braço, pé, perna, joelho, por estarem partidos/entorses; cansaço, desequilíbrio/tonturas, problemas respiratórios, alergias, episódio de epilepsia e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foram apurados oito casos de limitações, correspondendo a oito indivíduos que manifestam problemas cognitivos (confusão com datas e lugares/desorientação) e dois psíquicos (depressão). No que respeita às limitações de carácter permanente existem 13 casos graves de limitação visual (cataratas, retinopatia diabética, degenerescência macular); 62 física (osteoporose, artrite reumatoide, artrose, problemas de tensão/cardíacos/ intestinais, diabetes, colesterol elevado, apneia do sono, cancro); e um psíquico (claustrofobia). No campo das Ajudas Técnicas/Tecnológicas,
25
pessoas
usam
miopia/hipermetropia/hipertrofia/astigmatismo
óculos
de
perfazendo
correção um
(para
total de
corrigir
a
38 limitações
reportadas, uma vez existirem casos de indivíduos que manifestavam dupla limitação), 14 usam ajudas para auxiliar a mobilidade pedonal (cadeira de rodas, canadiana, bengala, andarilho e cinta de coluna) e duas pessoas usam aparelho auditivo (em oito casos permanentes de deficit auditivo reportados, sendo que seis indivíduos não usam aparelho corretivo). Em 51 casos de problemas visuais manifestados, 37% da utilização de óculos tem o intuito de corrigir a miopia, 33% a hipermetropia, 2% a hipertrofia e 2% a astigmatismo. Oito por JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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cento possuíam cataratas (sendo que alguns indivíduos aguardam a operação), 6% baixa visão, 6% manifestam outros problemas de visão ainda não (totalmente) diagnosticados pelos médicos, 4% retinopatia diabética e 2% degenerescência macular. Note-se que existem 25 pessoas a usar óculos de correção, representando 78% do Universo em estudo. Acrescente-se que em média, geralmente cada indivíduo manifesta uma limitação e meia, sendo a visão o sentido mais debilitado. No Universo em estudo e no que respeita ao foro mental, 19% dos indivíduos fazem confusão com datas e em termos gerais e 6% com lugares (revelando desorientação), 6% possuem depressão e 3% sofrem de claustrofobia, perfazendo um total de 34%. Em termos de percentagem de limitações do foro mental no total apurado, mais de metade (55%) refere a confusão geral/datas, seguindo-se a desorientação (18%), a depressão (18%) e a claustrofobia (9%). Face às limitações físicas (temporárias ou permanentes) no Universo em estudo, 13% dos indivíduos usam cadeiras de rodas, 9% canadianas, 6% bengalas, 6% andarilhos e 3% cinta de coluna, perfazendo um total de 37% (ou seja, 12 das 32 pessoas entrevistadas). Aquando da entrevista e quanto ao total apurado, 33% usam cadeira de rodas; 25% usam canadiana, 17% andarilhos/bengalas e 8% cintas de coluna. No universo em estudo, 65% dos indivíduos possuem limitações na mobilidade dos membros, i.e. 34% nos movimentos que dizem respeito aos membros superiores e 31% nos inferiores (respetivamente, 52% e 48% relativamente às 21 limitações mencionadas pelos entrevistados). Mais de metade da população entrevistada sofre de dores (53%). As dores temporárias possuem uma maior percentagem que as permanentes, respetivamente, 38% e 16% no universo em estudo. Quanto às limitações totais apuradas, correspondem a 71% e 29%, respetivamente. Setenta e cinco por cento das respostas dos entrevistados refere haver esforço no sentar e levantar duma cadeira de rodas – valor igualmente sentido no desconforto aquando da deslocação e esforço em puxar a cadeira. Quanto ao material do assento (estofo), 25% mencionam ser desconfortável, 50% indiferente e 25% não desconfortável. Setenta e cinco por cento discordam sentir desconforto face ao encosto, largura e profundidade de assento. Metade é indiferente à sua altura e outra metade não sente qualquer desconforto quanto a este parâmetro. Na deslocação com andarilho todos os entrevistados referem indiferença quanto ao parâmetro desconforto, mas referem a sua altura como sendo positiva. Foi unânime considerarem a altura das canadianas correta, no entanto, 67% consideram-se indiferentes quanto ao grau de desconforto na deslocação (proporcionada com esse apoio, 33% não
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considera desconfortável a circulação mediante canadianas). Os utilizadores de bengalas referiram unanimemente não existir desconforto face à sua altura e na deslocação. Das Ajudas Técnicas/Tecnológicas usadas pelos participantes, as cadeiras de rodas (usadas por 4 indivíduos aquando da entrevistada), são as que mais desconforto envolvem (sentar/levantar e deslocação) e esforço (de puxar a cadeira). Trata-se de cadeiras para os pisos de enfermaria, não preparadas para o espaço exterior e para uma maior permanência para se estar sentado. Para as limitações de uma pessoa com canadianas (3 indivíduos entrevistados), devidas à recuperação de um problema de fratura a nível dos membros inferiores, o nível de desconforto face à sua altura é nulo (o desconforto pode ser minimizado através da adaptação da altura do aparelho à necessidade individual do utente). Na situação de desequilíbrio da pessoa ser muito acentuada, o uso de andarilho (usado por dois indivíduos do lar) é menos desconfortável que o uso de uma bengala (outros dois indivíduos). Face a diferentes limitações, o idoso deverá escolher as Ajudas Técnicas/Tecnológicas existentes no mercado, que se coadunem melhor com a sua situação. Outros estudos nesta área deverão ser equacionados e aprofundados de modo a se tirarem conclusões no campo do esforço e do desconforto das referidas ajudas, uma vez que a amostra foi reduzida para tirar ilações específicas neste campo (trata-se de um estudo muito preliminar de intuito exploratório de verificação de metodologias que podem ser usadas para futuros estudos).
METODOLOGIA Para o segundo Estudo de Caso no Lar de Idosos dos SAMS foram realizadas as seguintes etapas: o o o
Observação de jardins; Entrevistas semi-estruturadas; Visitas guiadas.
Ambas as visitas foram realizadas pelos funcionários em conjunto com o investigador – nos lares CAS Oeiras e CAS Runa (pré-teste), Lar dos SAMS em Brejos de Azeitão (estudo de caso), com o intuito de recolher informação útil a respeito dos locais do jardim a serem realizadas as perguntas específicas das entrevistas. Nos casos CAS, estes espaços servem de palco ao pré-teste que pretendeu aferir a assertividade das perguntas do guião de Entrevista. Este guião ao ser adaptado, serve o propósito de entrevistar uma amostra significativa de idosos no lar dos SAMS.
RESULTADOS Como referido anteriormente, foi realizado o segundo Estudo de Caso, em contexto de jardim (Fig.3). JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-2
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Figura 3 – Lar de Idosos dos SAMS: Zonamento dos percursos (etapas do percurso assinaladas com números e setas a vermelho) (Fonte: Adaptado de googlemaps.pt)
Concluiu-se do estudo que: o
A existência de um lago e alameda de árvores ajuda medianamente no processo de orientação (Wayfinding), nomeadamente para quem entrou há pouco tempo no lar e/ou se desoriente/distraia com mais facilidade (vide levantamento desenhado do espaço/mobiliário na Fig.4).
o
Todos os entrevistados foram unânimes em considerar a importância de existir espaço para se colocar pelo menos, uma cadeira de rodas na lateral em zona de assento, promovendo o convívio dessa pessoa com terceiros. Também, quase unânime, a vegetação obstruir o caminho pedonal na zona exterior de acesso secundário ao lar (revelando a necessidade de manutenção da vegetação/poda frequente). Num percurso deverá acautelar-se que o seu mobiliário não constitua obstrução à livre passagem, pelo que optar-se por uma situação de baliza (recuar do mobiliário do caminho) ser a mais adequada. Todas as restantes situações não constituem obstáculo ao visitante no jardim, nem mesmo os pilares da pérgula da zona de piquenique, para quem use uma cadeira de rodas (Fig.5).
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o
O nível de privacidade diminui com a aproximação de terceiros, independentemente da sua disposição e/ou (in)existência de vegetação em redor. Disposições de bancos em U e L privilegiam mais a comunicação. Bancos em fiada e isolados, estimulam a privacidade (por sua vez, vegetação com porte ao nível do olhar confere maior barreira visual, podendo igualmente promovê-la; também, a existência de cadeiras removíveis). O nível de privacidade diminui consoante a maior aproximação dos bancos às janelas. Se estes estiverem virados para as mesmas, nos casos em que não exista obstrução visual, o problema agrava-se. Também, a conversação ou ruído ambiental poderá incomodar (Fig.6).
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o
A placa sinalética de emergência «Ponto de Encontro» é, de todas, a que possuía problemas gerais na obtenção da informação pelo transeunte, uma vez que a maioria desconhecia este símbolo internacional e o seu grau de destaque ser reduzido (por estar no meio da folhagem das árvores). Placas com figuras e textos bem destacados ajudam no processo de perceção. Alguns exercícios do campo de manutenção não possuíam sinalética informativa, mas face à terapia ocupacional ao nível do ginásio, foram em geral identificadas as regras de utilização dos equipamentos (seus semelhantes) (Fig.7).
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o O facto de existirem canteiros sobrelevados a diferentes alturas possibilita melhor alcance (postura correta e menor incidência à queda) e diminuição do esforço envolvido. Igualmente, em situação de espelho de água e desníveis; sendo sempre necessária a existência de corrimãos em escadas e rampas (com alturas e materiais convenientes, que não sobreaqueçam e estejam bem conservados). Nas descidas existe uma maior tendência de os entrevistados utilizarem o corrimão existente. Na rampa fazem menos esforço (sendo o corrimão menos usado) do que nas escadas. A altura do degrau da escada (espelho), a inclinação e o comprimento da rampa denotam serem indicadores que influenciam o aumento do nível de desconforto (Fig.8).
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o Em termos gerais, o facto do jardim de lar se situar numa vila pequena e estar cercado por muros e vedações (com portões abertos de dia) não provoca aos transeuntes receio de assalto. Concluiu-se que o receio aumenta num local menos observado pelo pessoal auxiliar (staff), dado ao seu afastamento do caminho principal sob alameda e da zona de recepção. A vegetação mais densa pode ocasionar alguma insegurança, face à cortina visual diminuir a possibilidade de avistar/auxiliar uma queda do utente (mas também por ser um local menos frequentado). Apenas situações de grande irregularidade nos pavimentos (face ao crescimento das raízes fasciculadas das árvores levantarem o caminho) despoletam o medo de queda, evitando o utente a visita a esse local (Fig.9).
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o
Existe alguma dificuldade nos exercícios do circuito de manutenção, mais significativa nos idosos menos ativos e nos que apresentam incapacidades, face às limitações e ao esforço envolvido. Cerca de metade dos entrevistados refere os exercícios como sendo positivos para a saúde e sentem-se seguros ao praticá-los (embora usem mais os equipamentos no ginásio) (Fig.10).
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Figura 10 – Equipamento geriátrico, zonas 2, 14-15
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o
Em termos de mobilidade, em situação plana, pavimentos em cimento, blocos em betão e asfalto são as superfícies que mais estabilidade proporcionam à deslocação do transeunte idoso, comportando níveis de esforço mais baixos. A calçada, o relvado (o seu corte poderá minimizar o esforço) e o Tout-venant demonstraram serem situações intermédias (refira-se a total exclusão da brita como pavimento).
o
O paladar é o sentido menos em destaque no jardim (apesar de existirem zonas frutícolas e hortícolas), seguindo-se o tato (alguns entrevistados referiram que foram educados para não tocar nas plantas e não pisar o relvado). A visão, seguindo-se a audição e por último o olfato, são os sentidos mais em evidência no jardim. O auge em termos de agradabilidade visual e sonora localiza-se na zona do lago com repuxos; sendo estes dois sentidos, ligeiramente menos agradáveis em situação de limite da propriedade para as estradas (principal e secundária) de acesso ao lar.
o
O facto de não existirem casas de banho e bebedouros no exterior, não invalida a visita ao jardim (apenas as pessoas que entraram recentemente no lar mencionam que estes fazem alguma falta, talvez por não saberem onde fica a zona de lavabos mais próxima das entradas). As papeleiras e os equipamentos para fazer exercício não são geralmente usados pelos residentes, pelo que não são o verdadeiro atrativo da sua ida ao jardim. Antes sim, as sombras (o Sol é menos pretendido) e zonas de assento, por vezes necessitando de mesas para atividades de convívio e/ou leitura.
o
Prefere-se o plástico, seguindo-se a madeira, como material de eleição para bancos e cadeiras (assento, encosto, apoios). Por sua vez, material em ferro não é aconselhado de todo (Fig.6).
o
O facto de existir vegetação (que confira alimento e abrigo), água, comedouros no jardim, atrai os animais. Entre outros, os animais domésticos e as aves são muito apreciadas na vivência do espaço. No entanto, existe receio de encontrar répteis, insetos, roedores e/ou animais de grande porte.
o
As plantas em flor e a horta atraem e induzem a curiosidade dos visitantes no jardim, assim como todos os elementos já referidos (e.g. casa-ninho – fig.11).
Figura 11– Casa-ninho, zona 14-15
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Face ao exposto e comparando os resultados obtidos com outros alcançados por autores referidos no Estado da Arte, o estudo de caso nº2 em contexto de visita ao jardim do lar, pretendeu aumentar o número de informação (e a nível qualitativo) útil para quem projete
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jardins de lar, tendo em conta a avaliação da perceção dos idosos quanto aos Elementos do Design. Reitera-se a pertinência do presente estudo, reforçando e/ou preenchendo lacunas dos demais pares. Outros autores desenvolveram pesquisas com os mesmos objetivos, encontrando-se resultados semelhantes (como o estudo de Dahlkvist et al., 2014), no entanto, o presente trabalho reporta-se à realidade Portuguesa, tendo presente o target idoso, numa perspetiva do DE/DI/DCU. Os autores Ryan e Kaplan (1998), referem que não existem muitos estudos que relacionem pessoas e natureza, no entanto, na última década mais estudos têm sido realizados, tais como os trabalhos feitos pela instituição IDGO (2007), CollabLandWiki (2010); Trellis, 2013 (para idosos com demência); Alzheimer´s Australia, 2014. Mencionam-se outros estudos de referência: Estudos da paisagem terapêutica de Robson e Thoday, 1985; Grant e Wineman, 2008 (face à importância da organização dos lares para idosos com demência, a intervenção dos funcionários, acesso visual e físico, design de jardins, contando com terraço/pátio para estada no exterior, caminhos, estruturas, bancos, canteiros ajardinados sobrelevados); Zeisel (2005) e Zeisel et al. (2003), sobre jardins de «cura» nos idosos com Alzheimer (ao denotarem existir uma correlação entre o ambiente e a interação
do
target,
dada
à
alteração
na
observação
comportamental:
menos
agitação/agressão/depressão/ isolamento social); Fuller et al. (2007), visto a necessidade dos habitantes ingleses em possuírem jardins atractivos à fauna, nomeadamente, aves; Bell et al. (2001) concluindo a importância dos animais de companhia em lares; Crowley-Robison et al. (1996) mediante o efeito positivo da existência de cães residentes em lares; o estudo de Jesus (2007) face à ocupação dos idosos fora de casa, nomeadamente em tratar de animais/jardim/horta; Kamioka et al. (2014), concluiu o positivo efeito da prática da Horticultura em jardins, sendo eficaz nos doentes com demência face a esquizofrenia, bipolarismo, major depressão ou idosos fragilizados; Brosse et al. (2002) indicam o exercício físico como sendo positivo nos doentes com depressão em fases adultas (uma simples actividade de passeio pode combater sintomas de várias doenças); Babyak e Blumenthal (2001) concluem que o exercício físico torna-se mais eficiente que o uso de sertalina em idosos; Parker et al. (2004) concluiu que os tempos de lazer dos idosos se concentram mais no espaço interior da habitação, sendo imprescindível a escolha do desenho desses elementos nos lares ou residências e facilitar a mobilidade, conforto, suporte físico-cognitivo, controlo, comunidade e personalização; Ottosson e Grahan (2005) concluíram o aumento da concentração e desempenho geral dos idosos aquando da visita ao jardim de lar; o estudo de 1998 de Valla e Harrington, abordam o design (na perspetiva da segurança, conforto e que sirva os interesses da população) para seniores com desordem cognitiva e afetiva. Referem a
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eliminação de barreiras ambientais, uso de Landmarks, espaços privados/pequenos para albergar 6-15 pessoas, iluminação, caminho convidativo, dispondo de música ambiente. Ousset (1998) concluiu a importância dos jardins enquanto espaços terapêuticos, onde importa saber desenhar convenientemente os caminhos, existir equipamentos de exercício físico,
zonas
de
relaxamento
e
conversa
(multifuncionais),
abrigos
individuais/pontuais/coletivos, acautelar pormenores que providenciem a segurança do idoso, como caminhos em circuito de retorno e de fácil supervisão. Burch (2012) explorou os estudos sobre a teoria da paisagem restaurativa do casal Kaplan´s (1989); a teoria dos jardins de apoio de Ulrich (1999), os jardins para utentes com demência, de Zeisel (2007) e Moore (2007), e o processo de design de jardins por Claire Cooper Marcus (2007). A partir dessa teoria usou o conhecimento prático-dedutivo numa proposta de jardim ideal para um lar no Kansas (EUA). Pelo exposto, no presente estudo elaboram-se as linhas orientadoras para a reabilitação dos espaços exteriores no Lar de Idosos dos SAMS (e poderá servir de base a outros similares).
SÍNTESE CONCLUSIVA Conforme mencionado no Estado da Arte existem poucos estudos que analisam a qualidade da interação Homem-Ambiente, nomeadamente no que respeita ao processo de envelhecimento e ao design de jardins; assim o resultado do estudo consubstanciou-se num trabalho aprofundado, tendo presente o idoso (target entrevistado) e os elementos de jardim, no Lar de Idosos dos SAMS. Pretendeu-se assim tirar ilações sobre a interação sénior vs. jardim, no que concerne à mobilidade, orientação, comunicação e privacidade (segurança, esforços e estímulos inerentes). Em geral, concluiu-se que um jardim deverá primar pela inclusividade e ergonomia do ambiente. Para tal deverá ser (re)projectado, respondendo às questões bio-psico-sociais da população idosa. Seguem-se os outputs (Linhas Orientadoras) das entrevistas aos idosos do referido lar, segundo o zonamento do jardim e tendo em conta as variáveis do Estudo de Caso nº2. Igualmente, os elementos de composição do Jardim (vegetação, mobiliário/equipamento, percursos/caminhos) e os elementos do Design (elementos do desenho e princípios do desenho) referidos no Estudo de Caso nº1.
LINHAS ORIENTADORAS •
ENVOLVENTE À PROPRIEDADE DO LAR
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•
-Pontos de referência informais (como árvores) e formais (sinalética); -Diversidade de espaços multiusos; -Isolamento sonoro e visual de zonas menos aprazíveis (como estradas movimentadas); -Dimensionamento dos espaços (e.g. passeio largo, contemplando a passagem de duas cadeiras de rodas lado a lado) e equipamento/mobiliário (e.g. banco largo) por forma a não invadir a privacidade dos utentes; -Muros e vedações altas, câmaras de vigilância e iluminação; -Pavimentos antiderrapantes e nivelados. ENTRADA À PROPRIEDADE DO LAR
•
-Percursos amplos, nivelados, sem diferenças de cotas (patamares); -Alameda de árvores nos caminhos principais, diferenciadora e orientadora; -Mobiliário que permita a estada (e.g. bancos); -Portão e muro de altura e tipologia que impeça a entrada de estranhos, dispondo de câmaras e/ou vigilante(s) na entrada; -Portões fechados à noite; e de dia, abertos sob vigilância; -Elementos de composição do espaço que estimulem os sentidos; -Pórticos (como vegetação) de marcação/convite à entrada no espaço. RECEÇÃO AO EDIFÍCIO
•
-Ampla e sem barreiras pedonais; -Espaço de interface entre o exterior-interior sem diferenças de cota, estando a entrada à cota de soleira (para evitar a criação de degrau/rampa auxiliar); -Portas automáticas e/ou portas (principais e laterais) leves com puxadores de fácil maneio; -Sinalética de aviso visível/compreensível com lettering e imagens inteligíveis; -Zonas amplas de espera de receção a convidados (entrada principal) e zonas de espera de carácter mais privado (entrada lateral); -Situações planas/niveladas; -Caminhos supervisionados, mediante vigilância natural (staff) e/ou videovigilância. TRASEIRAS DO EDIFICADO DA PROPRIEDADE
•
-Sinalética de identificação e de direcionamento; -Serviços de logística (e.g. receção de mercadorias, lavandaria) contemplando lombas de condicionamento de velocidade a veículos (na entrada secundária/traseiras do lar); -Situações planas/niveladas; -Câmaras de vigilância que supervisionem todo o jardim; -Pontos de interesse (e.g. local para cultivar, ajardinar, dispondo de horta comunitária e abrigo de animais). LOCAIS PARA DESPORTO
•
-Variedade de exercícios (existência de jogos tradicionais e de mesa, mini-golfe, basquete, barras paralelas e de equilíbrio, argolas em roldanas, jardinagem/ horticultura); -Evitar-se barreiras físicas: disponibilização de equipamentos que sirvam diferentes capacidades/limitações (usar cestos de basquete baixos e largos, bolas leves, alturas assertivas dos apoios, diferentes níveis de facilidade dos obstáculos do mini-golfe e conceção de um buraco maior); -Sinalética informativa de exercícios; -Unidades de desporto em grupo (disposição sociopetal) e de carácter individual (distanciados entre si de carácter sociofugal); -Equipamentos seguros (certificados nas normas de segurança) e sonoros de alerta; -Equipamento de qualidade, em quantidade, numa determinada situação espacial; e dispondo de forma/material/escala/diversidade/cor-tensão/ritmo convenientes ao seu uso. LOCAIS DE ESTADA -Distanciamento reduzido entre bancos para melhor comodidade; -Mobiliário recuado dos caminhos (situação de «baliza»); -Sinalética informativa de elementos que proporcionem a estada;
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-Bancos diversos, dispostos em «L» e «U» (configuração sociopetal), reguláveis, largos (permitindo cadeiras de rodas na lateral), com encosto e apoios laterais, de material confortável, protegido do Sol, vento e chuva; -Assentos diversos, isolados (para garantir a privacidade, segundo uma disposição sociofugal) e próximos (para socialização/disposição sociopetal), reguláveis, com encosto e apoios laterais, de material confortável, protegidos (face às intempéries), assegurando o conforto bioclimático; -Assertiva localização de bancos, se colocados perto da residência (afastados de janelas/quartos) e de encosto movível para redireccionamento da posição de estar; -Proximidade do mobiliário urbano (e.g. bancos, papeleiras e bebedouros) ao utente; -Manutenção periódica dos equipamentos/mobiliário urbano; -Mobiliário em quantidade, bem localizado, de formato agradável, material confortável e pouco condutor térmico; escala/diversidade/cor-tensão/ritmo estimuladores à sua estada. ZONA DE ÁGUA ( LAGO)
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-Proteções; -Dimensionamento assertivo que estabeleça o contacto do utente com a água em segurança; -Sinalética de aviso bem assinalada/visível/compreensível; -Zona que proporcione abrigo e alimentação à fauna (reservatório de água para pássaros), para contemplação ou motivo de conversa; -Muretes largos, a uma altura que permita a estada (bancos informais) e dispondo de gradeamento/encosto de proteção; -Altura do espelho de água ligeiramente abaixo do nível do murete, diminuindo o esforço de alcance; -Pouca profundidade do lago e dispondo de guardas protetoras; -Limpeza da água; -Sentidos mais despertos no lago (com repuxos): visão, audição e por fim, o tato; -Associa-se aos elementos: tensão, ritmo-situação espacial e quantidade. PERCURSOS
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-Largos, antiderrapantes, nivelados, sem obstáculos, contínuos, sem declive, não expostos à rega; -Melhor opção para pavimentos (ordem decrescente de preferência): cimento, seguindo-se blocos de betão, asfalto, lajes de betão, calçada, tout-venant, relvado, brita (pior opção existente no lar); -Rebaixamento de percursos, sem ser na continuidade de um declive (evitando o ganho de balanço da cadeira de rodas); -Pavimentos que se destaquem pela cor, forma e textura; -Pontos de referência ao longo do jardim (e.g. árvore, escultura) e sinalética; -Pontos de interesse (e.g. mesas), ao longo dos percursos, para estimular o convívio; -Zonas mais resguardadas do percurso, com algum nível de vegetação «protetora»; -Hierarquia de percursos e sinalização dos esforços envolvidos (por graus de dificuldade); -Manutenção periódica; -Supervisionamento; -Nivelamento ou rebaixamento de passeios em zona de travessia; -Evitar que as junções (como sumidouros) entre pavimentos, perturbem o andamento, o encravamento dos saltos e/ou bengalas (ou outros apoios técnicos/tecnológicos); -Lancis percetíveis, não demasiado baixos ou altos, que assegurem o contraste de cores; -Vegetação cujas partes constituintes (e.g. raízes, galhos) não causem obstáculo à passagem do transeunte; -Percursos com sombra, flores, vistas desafogadas, a curta distância, configuração e largura dos percursos assertiva; -Aos pavimentos associam-se-lhe principalmente o material e a forma como elementos do desenho (e como tal, a serem usados assertivamente). ESCADA
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-Existência obrigatória de rampa na proximidade; -Corrimão duplo, de material não condutor térmico, de superfície lisa e que promova a preensão da mão; -Degrau com espelho/cobertor bem dimensionado e com focinho boleado; -Sinalética em escada, por exemplo indicadora de percurso direto para as entradas do lar; -Indicação de rampas e/ou percursos alternativos; -Espaços com amplitude visual, indicadora de outras entradas; -Dimensionamento correto do espelho/cobertor/corrimão segundo legislação; -Vigilância (vídeo e/ou natural); -Piso antiderrapante e faixas antiderrapantes e coloridas no remate dos degraus. RAMPA
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-Pouco declivosa, larga e dispondo de corrimãos; -Com guarnições na lateral (evitando a transposição da cadeira de rodas); -Corrimãos duplos, cujo material não seja condutor térmico; -Espaços com amplitude visual permitindo a visualização dos percursos rampeados; -Sinalética informativa; -Dimensionamento correto (largura, declive/inclinação, corrimãos); -Vigilância (vídeo e/ou natural); -Pavimento antiderrapante. VEGETAÇÃO
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-Manutenção da vegetação para que não obstrua os caminhos (como galhos) e seleção das espécies sem raízes fasciculadas para que não levantem o pavimento; -Alameda arbóreo-arbustiva (rearborização) e outra vegetação que sirva de ponto de referência para sinalização dos espaços; -Espécies de plantas que promovam abrigo e alimento à fauna, motivo de conversa ou estímulo à contemplação; -Canteiros sobrelevados de plantas, inclusive em situação de horta, para comodidade do utente (sem necessidade de esforço); -Plantas não tóxicas, que não despoletem alergia e sem picos; -Necessidade de criar situações de Sol/sombra (através do copado) nos percursos e zonas de estar; -Existência de vegetação (importância primordial da cor, seguindo-se a sua floração, as árvores e o relvado no jardim); -Sentidos mais despertos no jardim são: visão, seguindo-se o olfato e o tato; -Elementos/princípios do desenho (reportando-se à vegetação) mais referenciados pelos idosos entrevistados foram (por ordem decrescente de importância): quantidade, cor, situação espacial/escala, diversidade, forma, balanço, tensão, linha, ritmo/proporção. GERAL -Inexistência de barreiras físicas e psicológicas, que despoletem o medo, insegurança e a queda, assim optar por pavimentos antiderrapantes e nivelados; -Diferenciar zonas através dos elementos: cor, textura, forma, dimensão-altura; piso, material, (ir)regularidade, localização dos elementos; -Sinalética de aviso bem assinalada/visível/compreensível, no seu lettering, figuras e dimensionamento (grande); Informação à altura do olhar; Iluminação noturna conveniente; -Várias disposições (sociopetal e sociofugal) e tipologias de bancos e de vegetação (ausência ou presença), de modo a permitir que o utente escolha o seu local de estada (convívio ou privacidade); -Criação de espaços diversificados e interativos (a níveis bio-psico-sociais); -Existência de corrimãos e guardas de apoio e proteção; -Primar pelo asseio/limpeza dos espaços, face a: lixos (existência de papeleiras), folhas (limpeza face à caducidade das plantas), nivelamento de caminhos (manutenção); -Projecção de sombras em locais de estada e passagem, restabelecendo os níveis de conforto bioclimático;
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-Necessidade de bancos (quantidade, cor, manutenção) e de equipamentos atrativos e seguros; -Sentidos mais despertos no jardim (ordem decrescente): visão, audição, olfato, tato, paladar; -Visualização do jardim a partir do interior do lar (configuração espacial do edificado vs. jardim que permita a vigilância por funcionários e idosos); -Valorização dos elementos: primeiramente, a Vegetação (no que respeita à Quantidade, Cor, Situação Espacial, e por último Escala); seguindo-se o Mobiliário/Equipamento Urbano (mediante Quantidade, Situação Espacial e Forma); o Percurso (face à sua Situação Espacial, também Quantidade e Escala) e pavimento (material, forma, cor, linha); -Elementos de composição espacial mais referenciados pelos idosos: Vegetação, seguindo-se, Construído (e edificado), Mobiliário e Equipamento, Zonas, Percurso, Pavimento, Condições Bioclimáticas/Ciclos, Paisagem/Vistas, Elemento separador (como muretes, corrimão), Animais, Elemento de água.
4. CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES
A principal questão que atualmente existe com consequência direta para o design de jardins, é conhecer-se de uma forma objetiva as necessidades, dificuldades e motivações do sénior utente de lar. Assim, torna-se necessário incluir a satisfação (e qualidade de vida) do sénior como um dos pressupostos para se concretizarem espaços exteriores inclusivos - assegurando a utilização plena de jardins, independentemente das capacidades dos transeuntes- e ergonómicos -em que se desenvolvem interações positivas entre os vetores «jardim-sénior-recreio», em condições de segurança, conforto e eficiência do sistema. Do primeiro estudo conclui-se que os seniores valorizam muito a vegetação, o mobiliário/equipamento e os percursos/pavimentos, assim como que as atividades preferidas pelos seniores ao nível de lazer do foro mais passivo e individual são o sentar, o passear, o transitar e o contemplar; em grupo, preferem o conversar, o sentar e o passear. Do segundo estudo conclui-se que o espaço deverá ter em conta as limitações dos seniores e primar pelas condições ambientais favoráveis para a mobilidade em termos de deslocação no espaço do idoso (preferência por pavimentos em cimento, por blocos em betão ou asfalto); para o favorecimento da comunicação entre indivíduos se desenvolver em jardins, concluiu-se que os bancos deveriam ter a configuração de L ou U; orientação espacial conveniente (mediante utilização de sinalética e Landmarks -marcas na paisagem, tais como uma alameda de árvores e/ou um lago) e privacidade em atividades de lazer no jardim (contemplar barreiras visuais e situação espacial dos bancos mais resguardada), necessários para alcançar uma maior satisfação por parte do utente. Dever-se-á ainda proporcionar o estímulo aos sentidos (nomeadamente, visão e audição), a segurança (pavimentos, equipamento/mobiliário, corrimãos/guardas, rampas, muros/vedação, vigilância natural) e o conforto face a esforços
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envolvidos (opção por rampas, canteiros sobrelevados com plantas, equipamentos que tenham em conta as suas limitações) aquando da visita do idoso a esta tipologia de espaços. Considerou-se que existe, pois, a necessidade de incorporar no currículo de formação dos projectistas a noção dos conceitos de Design Centrado no Utilizador, Design Inclusivo e de Ergonomia, uma vez que o ensino da Arquitetura Paisagista, Arquitetura, Urbanismo e áreas afins não os contemplar: os espaços projectados mais recentemente continuam a revelar problemas significantes e, como tal, não satisfazem as necessidades das pessoas idosas, cujo número aumenta diariamente. Como resultado da investigação, elaboraram-se Linhas de Orientação destinadas à conceção de jardim de lar, que possam servir diretamente os projectistas da área. Em suma, encontra-se respondida a questão levantada -“qual a perceção dos seniores em relação aos elementos do desenho, de composição de jardim e às atividades de lazer em jardim de lar?”-, embora nunca serão de mais conceber estudos complementares atendendo ao facto do target aumentar a nível mundial e com necessidades ímpares.
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