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Azeredo, Z. (2018) Confusão mental aguda no idoso: um Síndrome Geriátrico, Journal of Aging & Innovation, 7 (3): 18 – 23 Revisão Bibliográfica Narrativa: Azeredo, Z. (2018) Confusão mental aguda no idoso: um Síndrome Geriátrico, Journal of Aging & Innovation, 7 (3): 18 – 23

 Revisão Bibliográfica Narrativa

Confusão mental aguda no idoso: um Síndrome Geriátrico

Acute Mental Confusion in the Elderly: a Geriatric Syndrome Confusión mental aguda en el anciano: un Síndrome Geriátrico

Zaida Azeredo1 1 MD, Mestre em Gerontologia Social Aplicada pela Universidade de Barcelona, Doutorada em Saúde Comunitária pelo ICBAS (Universidade do Porto), Coordenadora da RECI (Research Unit in Education and Community Intervention), Médica de Clinica Geral/ Medicina Familiar com competências em Geriatria, reconhecidas pela OM, a exercer no Porto - Portugal Corresponding Author: zaida.azeredo@gmail.com

Resumo Com o envelhecimento demográfico e o aumento da longevidade, surgem, com uma frequência novas situações clínicas não necessariamente específicas de uma determinada patologia mas resultantes de múltiplos fatores, como são os síndromes geriátricos. Alguns destes síndromes como é o caso do delirium obrigam a uma decisão clínica urgente, pelo seu caracter agudo e evolutivo Muitas vezes a sintomatologia do delirium é erradamente atribuída à idade ou a outras patologias ( ex AVC, demências) atrasando o seu tratamento e tornando as suas sequelas irreversíveis. Nestes casos a confusão mental aguda do idoso (delirium), pode assim conduzir à institucionalização do idoso ou mesmo à sua morte. A incidência do delirium em idosos é elevada a nível hospitalar sobretudo quando estes sofrem intervenções cirúrgicas ou invasivas ou são idosos de idades avançadas. No presente artigo a autora tem por objetivo fazer uma revisão da principal sintomatologia do delirium no idoso, aflorando também a sua etiopatogenia. Conclui que o delirium é um síndrome ainda muito sub-diagnosticado, sendo a história clinica fundamental pa estabelecer um diagnóstico diferencial Palavras chave : idosos ; confusão mental aguda; hospitalização

Abstract With demographic aging and increased longevity, new clinical situations often arise that are not necessarily specific to a particular pathology but result from multiple factors, such as geriatric syndromes. Some of these syndromes, such as delirium, require an urgent clinical decision due to its acute and evolutionary nature Often the symptomatology of delirium is mistakenly attributed to age or other pathologies (eg stroke, dementias) delaying its treatment and making its sequelae irreversible. In these cases the acute mental confusion of the elderly (delirium), can thus lead to the institutionalization of the elderly or even to their death.

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The incidence of delirium in the elderly is high at the hospital level especially when they undergo surgical or invasive procedures or are elderly at an advanced age. In this article, the author aims to review the main symptomatology of delirium in the elderly, also revealing its etiopathogenesis. It concludes that delirium is a syndrome still very under-diagnosed, and the clinical history is fundamental to establish a differential diagnosis Key words: Elderly; Delirium; Hospitalaization

Resumen Con el envejecimiento demográfico y el aumento de la longevidad, surgen, con una frecuencia nuevas situaciones clínicas no necesariamente específicas de una determinada patología pero resultantes de múltiples factores, como son los síndromes geriátricos. Algunos de estos síndromes como es el caso del delirium obligan a una decisión clínica urgente, por su carácter agudo y evolutivo Muchas veces la sintomatología del delirium se atribuye erróneamente a la edad oa otras patologías (ex AVC, demencias) retrasando su tratamiento y haciendo sus secuelas irreversibles. En estos casos la confusión mental aguda del anciano (delirium), puede conducir a la institucionalización del anciano o incluso a su muerte. La incidencia del delirium en ancianos es elevada a nivel hospitalario sobre todo cuando éstos sufren intervenciones quirúrgicas o invasivas o son ancianos de edades avanzadas.En el presente artículo la autora tiene por objetivo hacer una revisión de la principal sintomatología del delirium en el anciano, aflorando también su etiopatogenia. Concluye que el delirium es un síndrome aún muy sub-diagnosticado, siendo la historia clínica fundamental para establecer un diagnóstico diferencial Palabras clave: ancianos; confusión mental aguda; hospitalización

Introdução Com o envelhecimento demográfico e o aumento da longevidade, surgem, com uma frequência em crescendo, novas situações clínicas não necessariamente relacionadas a uma patologia específica, mas que merecem pelo seu caracter urgente, a atenção clínica. Nas idades mais avançadas, o aumento da prevalência de multimorbilidades e comorbilidades, conduz a um entre-cruzamento de vários sintomas e sinais, comuns a várias patologias . No idoso, estas patologias podem também apresentar-se com uma atipia não comum no adulto jovem. Com o acentuado envelhecimento demográfico surge, na segunda metade do século XX, um novo conceito que é o de Síndrome Geriátrico caracterizado por um conjunto de quadros clínicos comuns a várias patologias com grande prevalência em idosos, que quando não tratados atempadamente podem ter consequências graves, nomeadamente produzir incapacidades funcionais e/ou perturbações sociais 1,2

Os Síndromes Geriátricos têm em comum as seguintes características:

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1 – Os seus sinais e sintomas têm uma elevada prevalência em idosos, aumentando nos idosos de idades avançadas e nos idosos fragilizados. 2 – Podem pôr em causa a autonomia/ independência do idoso, obrigando, muitas vezes a cuidados adicionais de saúde e/ou

sociais conduzindo em algumas situações à sua

institucionalização 3 – Em muitos dos casos o aparecimento destes sinais e sintomas pode ser prevenido, pois quando detectados precocemente e descoberta a sua etiologia , esta pode ser tratada, envolvendo uma equipa multidisciplinar. A sua detecção bem como o seu tratamento exigem uma cuidadosa valorização de toda a situação clínica, bem como muito senso clínico para que não haja agravamento da situação.

Os Síndromes Geriátricos podem gerar uma maior morbilidade e ter consequências mais graves do que a doença que o gerou ( ex delirium originado por uma infecção urinária aguda) devendo, por isso, a sua abordagem ser feita de forma integral e por uma equipa multidisciplinar. São condições clínicas com cariz multifactorial próprias do idoso, que nele determinam um estado de fragilidade que lhe condiciona a capacidade de resposta a solicitações quer do meio interno, quer do meio externo. Surgem frequentemente em hospitalizações de idosos, sobretudo quando são acompanhadas de intervenções cirúrgicas. Segundo o Instituto Mexicano del Seguro Social ( S/ data) a incidência de complicações em doentes acima dos 80 anos submetidos a cirurgias varia entre 20 – 50 % correspondendo a cerca do dobro da existente em doentes adultos jovens 3

Entre os diversos síndromes geriátricos podemos citar o Estado confusional Agudo do idoso, também chamado de Delirium.

O Estado Confusional agudo do idoso reveste-se de grande importância , sobretudo no idoso hospitalizado e nos idosos mais velhos, porquanto é bastante sub-diagnosticado, atribuindo-se erradamente, os sinais e sintomas que surgem, à idade do paciente e/ou ao agravamento de patologias previamente existentes ( ex AVC , Demências). Estima-se que em 50% dos casos de doentes idosos hospitalizados o delirium pode passar despercebido. Sabese também que se este for diagnosticado correctamente e tratado adequadamente pode em pelo menos 50% dos idosos, ser reversível. 3

Objectivo Fazer uma revisão sobre o estado confusional agudo do idoso ( delirium)

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Finalidade Contribuir para cuidados geriátricos de excelência

Confusão mental aguda em idosos O estado confusional agudo no idoso, também chamado delirium, é um síndrome que consiste em alterações agudas cognitivas e de atenção, frequentemente associadas a problemas de saúde agudos e/ou mudanças bruscas ambientais. São perturbações cognitivas globais , com alterações ( flutuantes ) da consciência que se desenvolvem num curto espaço de tempo. A sua origem é geralmente multifactorial, sendo talvez um dos distúrbios psiquiátricos mais comum no idoso fragilizado, que quando diagnosticado atempadamente, pode ser reversível. Quando não diagnosticado atempadamente pode-se tornar irreversível e/ou deixar sequelas permanentes. ( advindo daí a importância de um diagnóstico precoce) A sua frequência varia entre 15-20% em doentes hospitalizados, porém pode atingir os 60 a 65% em doentes que foram submetidos a cirurgia ou a tratamentos agressivos / invasivos surgindo, geralmente entre 24-48h após estes.3 Em idosos a viver na comunidade foi difícil encontrar dados epidemiológicos, sabendo-se no entanto que nestes idosos a causa mais frequente de delirium são causas infecciosas ( infecção do trato urinário, pneumonias), a desidratação e, causas iatrogénicas. bem como o retorno ao domicilio após alta hospitalar. Embora não totalmente esclarecida, pensa-se que na patogénese do delirium está entre outros fatores, um desequilibro entre os neurotransmissores, com

uma

diminuição da

acetilcolina, um excesso de libertação de dopamina e uma oscilação na atividade seratoninérgica e do GABA ( ac gama – aminobutírico) bem como alterações inflamatórias induzidas por endotoxinas e citoquinas, que podem causar redução da aceticolina) e uma perfusão cerebral insuficiente. Assim drogas anticolinergicas e dopaminergicas ( ex levodopa) ministradas a idosos podem induzir delirium 4-7 Na maior parte das vezes, a sua etiologia é complexa e multifatorial instalando-se em doentes idosos frequentemente fragilizados , portadores de multimorbilidades e co-morbilidades. Podemos,assim, dividir os fatores etiológicos em: factores predisponentes , com particular realce para a idade e a pré-existência de uma demência e factores precipitantes ( factores extrinsecos ao doente) geralmente multifactoriais mas nos quais se incluem, entre outros: a hospitalização / mudança de ambiente, cirurgias e a prescrição de alguns farmacos ( ex anticolinergicos, hipnóticos, corticoides ) e/ou a polimedicação. Os doentes com delirium apresentam uma grande variedade de sinais e sintomas , porém estes surgem de forma aguda desenvolvendo-se em horas ou poucos dias ( diagnóstico diferencial com demências); a sua sintomatologia exacerba-se ao pôr do sol e cursa de forma

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flutuante. Há desorientação sobretudo temporal e ocasionalmente espacial, pensamento desorganizado, alterações da linguagem e deterioração da memória (especialmente a de fixação). Pode também haver perturbações no ciclo sono – vigília. Podem também existir alucinações e ilusões visuais (a maioria, mas, de curta duração e pouco estruturadas) e auditivas. Pode ainda existir tremor fino e mioclonias. Outra sintomatologia: incontinência urinária, taquicardia e sudação.7 De acordo com a atividade psicomotora um doente com delirium pode apresentar-se hiperactivo (estado de hiper-alerta, agitação, agressividade, alucinações ) ou hipoactivo ( lentificado, sonolento, letárgico, desatento e por vezes incapaz de obedecer a ordens) ou um misto das duas formas ( 43-56%). No idoso, a forma mais frequente é a hipoactiva (20-70%), sendo também a mais preocupante por a sua sintomatologia ser atribuída à idade do doente ou a outra patologia pré-existente e passar despercebida ( em 30-60% dos casos) , enquanto que na forma hiperactiva ( 15-20%) a própria agitação chama a atenção dos profissionais. 710

Cursa de forma flutuante, sendo frequentemente subdiagnosticado, o mesmo sucedendo com a identificação da sua etiologia . Alguns destes doentes (sobretudo os mais idosos) quando tratados, não recuperam totalmente da situação mantendo aquilo a que se chama de delirium permanente, sendo, neste caso, o prognóstico mais reservado, pois com maior mortalidade e mais institucionalizações.

Conclusões O síndrome confusional agudo (delirium) em idosos é um sindrome ainda muito subdiagnosticado pelos profissionais de saúde que pode levar a situações irreversíveis, bem como a um aumento da mortalidade ou da instituicionalização do idoso, sobretudo dos idosos mais velhos, fragilizados e do sexo masculino e com multimorbilidade, sendo por isso importante a formação nesta área. Em doentes idosos hospitalizados, que sofreram fratura do colo do femur ou foram submetidos a cirurgias o risco de desenvolver este síndrome é maior, pelo que é importante identificar precocemente os factores precipitantes. O diagnóstico diferencial deve ser feito tendo em atenção várias situações associadas a alterações no estado mental, mas mais comummente com demências, depressões e alterações psicóticas não orgânicas10 A história clínica do doente colhida junto dele e junto de um informante fidedigno são muito importantes para detectar precocemente alterações cognitivas

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Referências bibliográficas 1- Ayala AEG. Grandes Sindromes Geriátricos. Farmácia Aberta 2005:9(6)70-74 2- Marquez CL, Martinez LM, Gonzalez MJN, Rizos LR . Justification, concepto e importancia de los sindromes geriatricos in Garcia PG, Rodriguez JG, Bravo CV (Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia) Tratado de Geriatria para residentes Madrid 201. p. 37-47 3-

Instituto Mexicano del Seguro Social. Manejo dos Sind Geriátricos

associados a

complicações post-operatórias Mexico s/data 4 – Silva CL, Firmino JS, Raznowski KC, Knopfholz J. Dificuldade diagnóstica dos profissionais da saúde frente ao Delirium : uma revisão da literatura. Rev Saúde Com 2013: 9(4) 293-302 5 – Santos FS. Mecanismos Fisiopatológicos do Delirium. Rev Psiq Clin 2005: 32(3) 104-112 6 – Flôres DG, Quarantin LC. Delirium e deficiência colinérgica. Revista Cl Med Biol, Salvador, 2011: 10(3) 231-235 7 – Reig MM, Silguero SA, Martinez GJ. Sindrome Confusional Agudo in Gregório PG ( Coord). Manual del Residente en Geriatria Madrid 2011.p 38-47 8– Fauchais AL. Confusão do idoso in Cathala EV, Tanland C ( Coord). Guia Prático do Diagnóstico Médico Climepsi (1ª edição Portuguesa ) Lisboa. 2006. p103-105 9 – Marques PAO, Sousa PAF, Silva AAP. Confusão Aguda no idoso: dados para a decisão do enfermeiro Revista de Enfermagem Referência 2013: III série ;9; 37-43 10 – Lôbo RR, Silva Filho SRB, Limna NKC, Ferriolli E, Moriguti JC. Delirium. Medicina ( Ribeirão Preto) 2010:43(3) 249-257

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