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Sousa, A., Martins, C., Pinto, D., Silva, F., Ferreira, L., Santos, V. (2019) Quality Management in Nursing, Journal of Aging & Innovation, 8 (1): 35 - 48 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: Sousa, A., Martins, C., Pinto, D., Silva, F., Ferreira, L., Santos, V. (2019) Quality Management in Nursing, Journal of Aging & Innovation, 8 (1): 35 - 48

 Revisão Bibliográfica

Gestão da Qualidade em Enfermagem Quality Management in Nursing Gestión de la Calidad en Enfermería

Armando David Sousa1, Claudina Martins2; Dina Duarte Pinto3, Fernanda Silva4; Liliana Ferreira5; Vitor Santos6 1-6

RN, CNS, MsC

Corresponding Author: vitorsantos.speregrino@gmail.com

Resumo

A gestão da qualidade surge da necessidade de assegurar o compromisso das organizações com o objetivo da excelência dos seus serviços. Em 2001, a Ordem dos Enfermeiros (OE) assume o compromisso da melhoria contínua dos cuidados em enfermagem, com a publicação dos Padrões de Qualidade, que define a uniformização dos cuidados ao indivíduo e à população e o valor em saúde dos mesmos, proporcionando melhoria e visibilidade dos mesmos. O presente artigo tem como objectivo: identificar a evolução do conceito de qualidade e qualidade em saúde; compreender a relevância da gestão da qualidade em saúde e da gestão da enfermagem com qualidade; e compreender a avaliação da qualidade em saúde. Como metodologia adotou-se a pesquisa bibliográfica.

Palavras-chave: Qualidade; Saúde; Enfermagem; Gestão

Abstract The Quality of management arises from the need to ensure the commitment of organizations with the goal of excellence in their services. In 2001, the Order of Nurses is committed to the continuous improvement of nursing care, with the publication of the nursing care quality standards, which defines the standardization of care to the individual and to the population, and there health value. The aims of these article is to identify the evolution of the concept of quality and quality in health; understand the relevance of quality management in health and quality nursing management; and understand the evaluation of health quality. The bibliographical research, was the methodology adopted.

Keywords: Quality; Cheers; Nursing; Management

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1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas constatou-se um crescente interesse mundial pela valorização da qualidade dos sistemas de saúde, tendo como referência a evolução das práticas desenvolvidas na área industrial. O controlo de custos, erro clínico, diversidade das práticas e escassez de recursos, são algumas das razões pelas quais a qualidade é debatida nestes sistemas. A conceção dos cuidados de saúde como produto, conferiu aos seus utilizadores, o juízo sobre a qualidade dos cuidados. Por sua vez, a oferta de cuidados de saúde privados e por força da competitividade do mundo capitalista, os cidadãos começam a tomar consciência da qualidade como um direito social (Manzo, Ribeiro, Brito e Alves, 2012). Segundo Sousa (2010), com o emergir das exigências, mais ou menos visíveis de todos os intervenientes nos cuidados de saúde, a qualidade constitui uma dimensão incontornável na saúde e na prestação de cuidados, conduzindo à diminuição das organizações, das políticas ou intervenções de saúde, que não contemplem a qualidade. Os padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem requerem níveis de realização ao nível das capacidades científicas, técnicas e de relação interpessoal. A melhoria da qualidade dos cuidados deve fazer parte do dia-a-dia de todos os enfermeiros para que o utente sinta que os cuidados que lhe são prestados são de qualidade ao nível técnico, científico e humano. Com a elaboração deste trabalho pretendemos identificar a evolução do conceito de qualidade e qualidade em saúde, compreender a relevância da gestão da qualidade em saúde e da gestão da enfermagem com qualidade, e compreender a avaliação da qualidade em saúde.

2. Evolução do Conceito de Qualidade e Qualidade em Saúde

A qualidade por ser subjetiva e dinâmica, tem evoluído ao longo dos tempos originando uma multiplicidade de interpretações, que ocorrem em paralelo com a evolução social, originando adaptações do seu conceito em detrimento do contexto (Pisco e Biscaia, 2001). O conceito de qualidade ganha destaque com o desenvolvimento tecnológico observado no século transato. Com a evolução industrial nos anos 1920, especificamente nas indústrias bélicas, recorrente da grande guerra mundial, em que o aumento da produção de armamento era fundamental, surgiu a atividade de inspeção com a finalidade de avaliar o produto final e separar os que continham defeitos (Vieira, Shitara, Mendes e Sumita, 2011). Na década de 1950 desenvolve-se a moderna conceção de Gestão da Qualidade Total (GQT), que consolidaria a engenharia da qualidade num corpo de conhecimentos consistente, a partir

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dos trabalhos de Winston E. Deming, Joseph M. Juran, Philip B. Croby e Armand V. Feigenbaum. Deming desenvolve os conceitos de melhoria contínua e de controlo estatístico de processos, aplicando o controlo da qualidade em todas as áreas da empresa e do envolvimento e liderança da alta administração para a melhoria da qualidade. Defende também, que a qualidade de um produto ou serviço apenas pode ser definida pelo cliente, devendo esta traduzir as suas necessidades futuras em características mensuráveis, projetando o produto de forma a garantir a sua satisfação, alternando o significado de qualidade de acordo com a evolução das necessidades e expectativas do cliente (Deming, 1986). O método de abordagem sistemática foi adotado por Deming, concentrando-se no processo de melhoria contínua da qualidade dos processos produtivos, conhecido como ciclo “Plan, Do, Check and Act” (PDCA), ou ciclo de Deming. Refere que o processo é cíclico, e que tem início com o planeamento e análise das atividades ou processos, seguindo-se a implementação prática das melhorias, posterior monitorização e consequente ação corretiva ou melhoria em função dos resultados alcançados no decorrer do processo (Deming, 1986). Juran, sugere a implementação de sistemas da qualidade através da trilogia de processos (Trilogia de Juran), o planeamento, o controlo e a melhoria contínua da qualidade. Define qualidade como a adequação ao uso do produto ou serviço, e atribui grande importância à evolução contínua da qualidade, cujo objetivo é tornar a gestão mais atenta à prevenção e ao contínuo alcance do melhor desempenho possível (Juran, 1988). Crosby (1979) define qualidade como uma conformidade com os requisitos, apostando na prevenção de falhas (política dos zero-defeitos), defendendo que o melhor método é fazer a coisa certa à primeira e alcançar a qualidade, evitando os elevados custos da correção. Foi uma teoria contestada por limitar a inovação e a melhoria do processo. Em suma, a qualidade foi adotando diversas dimensões ao longo do seu percurso, imanadas dos diferentes modelos e filosofias que a desenvolveram. Logo, podemos sistematizar a sua evolução histórica em quatro eras distintas: inspeção da qualidade; controlo estatístico da qualidade; garantia da qualidade e administração estratégica da qualidade em toda a organização (Garvin, 2002; Löffler, 2001). Com o aparecimento da GQT, verifica-se um desvio da análise do produto ou serviço, para a conceção de um sistema da qualidade, deixando de ser responsabilidade de um departamento específico, passando a ser um problema da empresa. Imperatori (1999) define qualidade como um conjunto de propriedades e caraterísticas de um bem ou serviço que lhe confere aptidão para satisfazer as necessidades explícitas ou implícitas dos clientes, sendo multidimensional e sistemático em busca da excelência.

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Quando pensamos em qualidade em saúde, somos confrontados com um leque enorme de definiçþes, devido aos fatores inerentes à saúde e suas variåveis presentes. Para Pisco e Biscaia (2001), a definição de qualidade em saúde difere de acordo com as variåveis que assumem maior importância para cada indivíduo. A acessibilidade, os aspetos relacionais e a melhoria do seu estado de saúde, são mais importantes para o cliente do que a rentabilização dos investimentos. Para a Organização Mundial de Saúde, cuidados de saúde de qualidade são todos os que contemplam um elevado grau de excelência profissional, com riscos mínimos, com resultados em saúde e com eficiência na utilização dos recursos (WHO, 2006). O Institute of Medicine (1990), define qualidade em saúde como o grau de aumento de probabilidade que os serviços de saúde têm de atingir resultados em saúde, que sejam adequados quer ao conhecimento profissional quer ao indivíduo e/ou população. Sousa, Pinto, Costa e Uva (2008), referem que a qualidade na saúde atual, Ê uma exigência de

todos

os

envolvidos

nos

cuidados

de

saĂşde

(financiadores,

prestadores,

clientes/utilizadores), sendo vista como um atributo essencial. O desenvolvimento da melhoria contĂ­nua da qualidade, deve ter por base uma GQT, que se caracteriza por corrigir erros do sistema, reduzir a variabilidade indesejada e ser um processo de melhoria contĂ­nua, num quadro de responsabilidade e participação coletiva. Segundo Ribeiro, Carvalho, Ferreira e Ferreira (2008), a qualidade nos cuidados de saĂşde advĂŠm de razĂľes de ordem social, ĂŠtica, profissional e econĂłmicas, necessitando de uma visĂŁo partilhada e orientada por valores de solidariedade, integridade, competĂŞncia tĂŠcnica e humana, que dĂŁo resposta aos objetivos da organização, assenta numa liderança mobilizadora que promova a implementação de sistemas de trabalho que respeitem os beneficiĂĄrios, atravĂŠs da auscultação do grau de satisfação dos utilizadores e dos profissionais. Donabedian (1988) refere que ĂŠ importante definir critĂŠrios de atributo para poder caraterizar a qualidade dos cuidados de saĂşde, definindo-os de acordo com a sua eficiĂŞncia, eficĂĄcia, efetividade, aceitabilidade, legitimidade, otimização e equidade. Para Porter (2010) a qualidade sĂŁo os resultados que devem ter por base a evidĂŞncia cientĂ­fica existente. O autor refere que muitas avaliaçþes da qualidade se fixam nos processos e nĂŁo nos outcomes, no entanto, menciona que embora os processos sejam Ăşteis nĂŁo traduzem os resultados. Apresenta uma fĂłrmula em que o valor da saĂşde ĂŠ igual Ă qualidade a dividir pelos custos ( đ?‘Łđ?‘Žđ?‘™đ?‘œđ?‘&#x; =

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sendo que se os custos sĂŁo elevados a qualidade

diminui, levando a um valor em saĂşde inferior. Este princĂ­pio ĂŠ fundamental, para compreender que se aumentarmos o valor, todos os intervenientes no sistema irĂŁo beneficiar e consequentemente a economia na saĂşde. Porter (2010) preconiza ainda que medindo,

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divulgando e comparando os resultados, se pode fazer boas escolhas de custos. O princípio do processo positivo do benchmarking adapta-se nesta ideia do autor, que preconiza que as organizações devem analisar os resultados de outras organizações em funções específicas a fim de melhorar a forma como realiza a mesma ou funções semelhantes. Em suma, a qualidade é primordial em saúde, dado que se trata de um valor sentido e reconhecido por todos, apesar de definido de formas diferentes, que dependem da perceção, necessidade, experiência e expectativa sobre um produto/serviço num determinado momento.

3. Gestão da Qualidade em Saúde

A gestão da qualidade surge da necessidade de assegurar o comprometimento das organizações com o objetivo da excelência dos seus serviços. É um processo contínuo de planeamento, implementação e avaliação das estruturas, sistemas, procedimentos e atividades ligadas à qualidade (Imperatori, 1999). Pires (2007) refere que a implementação de um sistema de gestão da qualidade é fundamental, na medida em que, clarifica a atribuição de responsabilidades, privilegia as atividades de prevenção, fornece uma evidência clara e objetiva da qualidade dos produtos ou serviços e uma visão sistemática e descritiva de todos os processos que possam comprometer a qualidade. O manual da qualidade é elaborado, contendo a definição da política de qualidade, responsabilidade e procedimentos do sistema, possibilitando a monitorização dos procedimentos e resultados (Pires, 2007). A generalidade dos hospitais, já contempla sistemas de gestão da qualidade, que visam a melhoria contínua da qualidade, tendo como objetivos corrigir erros do sistema, reduzir a variabilidade das práticas e melhorar a sua eficácia. A definição dos requisitos e padrões de qualidade é o primeiro passo, prosseguindo-se a sistematização dos processos e fluxos de trabalho, identificando os processos críticos, procedendo à sua avaliação e quantificação em termos de desempenho, definindo indicadores de análise e interpretação de resultados. As conclusões dos resultados levam às medidas corretivas que são fundamentais para a melhoria da qualidade, juntamente com a análise e monitorização contínua (Pisco, 2001; Pisco e Biscaia, 2001).

3.1. Gestão da Enfermagem com Qualidade

Para Escoval (2003), gestão implica a capacidade de avaliar, responsabilizar, transmitir, exigir, para conduzir pessoas com saber, competência e rigor assente em informação e

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conhecimento. A gestão de uma organização, leva a uma maior eficiência e adequação dos recursos disponíveis, tendo em consideração o fator económico. É fundamental a partilha e divulgação da informação na garantia da qualidade e sucesso (Chiavenato, 2004). A qualidade em enfermagem assumiu visibilidade com a publicação em 2001 dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem emanados pela OE, constituindo um referencial segundo o qual os enfermeiros se envolvem num processo de reflexão, tomada de decisão e desenvolvimento do seu exercício profissional, que conduz à melhoria contínua dos cuidados prestados ao indivíduo e à população. Nos padrões, estão explanados os metaparadigmas da enfermagem, que consensualmente são aceites pelos membros da comunidade científica, abrangendo os conceitos de pessoa, ambiente, cuidados de enfermagem e saúde. Nesta lógica, e com o objetivo de tornar as organizações de saúde mais eficientes e com Cuidados de Enfermagem de excelência, insere-se uma gestão em enfermagem com mais qualidade. Compete às Direções de Enfermagem das Instituições de Saúde, contribuir na definição de políticas que garantam e promovam a qualidade dos cuidados de enfermagem, favorecendo a aplicação dos padrões de qualidade, planear e avaliar as ações e os métodos de trabalho com o objetivo da melhoria da qualidade dos mesmos (Portaria n.º 245/2013). O enfermeiro com funções de gestão, desempenha um papel de relevo na certificação e validação da qualidade do exercício profissional, tendo como premissa a certificação do cumprimento dos Padrões de Qualidade em Enfermagem e motor do desenvolvimento profissional técnico-científico e relacional, devendo possuir conhecimentos efetivos no domínio da disciplina/profissão de enfermagem e de gestão (Regulamento n.º 101/2015). A qualidade dos cuidados de enfermagem tornou-se assim, um fenómeno de crescente interesse nas organizações de saúde, pelo conhecimento científico e a necessidade de adequá-lo a cada pessoa, sendo a liderança fundamental para essa mesma qualidade, estimulando a formação dos profissionais, criando envolvência e compromisso efetivo, fundamental para a evolução da organização. No processo de liderança, deve haver espaço para promover a conceção e implementação de projetos e programas na área da qualidade, tendo presente uma prática baseada na evidência, com o propósito da melhoria da prática profissional.

3.2. Gestão da Qualidade em Saúde em Portugal

Portugal tem apresentado uma evolução significativa no seu sistema de saúde, fruto das reformas introduzidas que se refletem na melhoria dos indicadores de saúde, como a esperança média de vida e a mortalidade infantil. Na base está o Serviço Nacional de Saúde

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(SNS) que foi fundado em 1979, cuja qualidade dos seus serviços e profissionais já mereceu reconhecimento internacional. Como suporte da qualidade dos serviços portugueses, está o Instituto Português da Qualidade criado em 1986, cujas funções estão sob a tutela do Ministro da Economia. Este é o organismo gestor e coordenador do Sistema Português de Qualidade criado em 1993 em substituição do anterior Sistema Nacional de Gestão da Qualidade, responsável pelas atividades que promovem a qualidade nos diversos sectores, incluindo a saúde. Segundo Pisco e Biscaia (2001) a Comissão Sectorial para a Saúde – CS/09 – tem vindo a promover a qualidade nas instituições de saúde através do desenvolvimento de recomendações para a melhoria. Em 1993 a Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu uma circular normativa determinando a criação de comissões de qualidade em todos os estabelecimentos de saúde, com a função de desenvolverem e implementarem programas de garantia da qualidade, não obtendo resultados práticos desta norma. Só em 1998, com o documento “Saúde: um compromisso. A estratégia de saúde para o virar do século (1998-2002)” é que a qualidade passa a ser reconhecida como prioridade para o SNS. Com o programa “Saúde XXI” é definida uma política da qualidade, cuja missão foi o desenvolvimento contínuo da qualidade a nível nacional, regional e local, assente em atributos de melhoria contínua, responsabilização, participação e coordenação. Criou um conjunto de estruturas das quais se destaca o Conselho Nacional da Qualidade, órgão de consulta do Ministério da Saúde, no âmbito da política da qualidade, responsável pela elaboração de recomendações nacionais para o desenvolvimento do sistema da qualidade e o Instituto da Qualidade em Saúde na definição e desenvolvimento de normas, estratégias e procedimentos para a melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde (Pisco e Biscaia, 2001). Estes dois órgãos acabaram por se extinguir dando lugar em 2006 à Administração Central do Sistema de Saúde que ficou responsável pela gestão da qualidade organizacional e a DGS pela qualidade clínica, criando em 2009 o Departamento da Qualidade na Saúde que contempla cinco divisões: qualidade clinica e organizacional; segurança do doente; gestão integrada da doença e inovação; mobilidade de doentes e acreditação (Departamento de Qualidade em saúde - DGS, 2014). Em junho de 2009 foi definido que o Departamento da Qualidade na Saúde da DGS era responsável pela criação de um Programa Nacional de Acreditação em Saúde baseado num modelo de acreditação sustentável e adaptável às caraterísticas do Sistema de Saúde Português - Despacho nº 14223/2009, de 24 de junho (Departamento de Qualidade em Saúde - DGS, 2014). Por influência dos modelos ingleses e americanos, a DGS adota o Programa “Accreditation”, definindo que o modelo espanhol – Agencia de Calidad Sanitaria de Andalucía (ACSA) se

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adapta às necessidades portuguesas preconizadas pelo Programa Nacional de Acreditação em Saúde, tendo sido adotado como modelo de referência hoje ACSA Internacional com a definição da Internacional Society for Quality Assurance (Departamento de Qualidade em Saúde - DGS, 2014).

4. Avaliação da Qualidade em Saúde

A avaliação da qualidade é uma atividade inerente ao processo de melhoria contínua. A avaliação da qualidade dos cuidados de saúde, projeta o que se passa dentro de uma organização, do nível de qualidade em que está a operar e o que pode ser feito para melhorar o seu desempenho. Para Donabedian (1988), a avaliação da qualidade implica conhecer na globalidade a relação entre as suas três dimensões: a estrutura que diz respeito aos recursos materiais e humanos disponíveis, bem como as caraterísticas do ambiente físico, organizacional e financeiro; os processos que correspondem ao conjunto de atividades que são desenvolvidas durante a prestação de cuidados, contemplando os aspetos técnicos, terapêutico e relacionais, onde o comportamento e a ética estão inerentes e os resultados que refletem o efeito, favorável ou adverso decorrentes das ações e procedimento realizados, englobando os resultados clínicos, económicos e de satisfação (Donabedian, 1988; Ferreira, 1991). Existem práticas e ferramentas estratégicas globalmente difundidas e utilizadas, na avaliação e melhoria da qualidade em saúde. A acreditação e a certificação são duas práticas de avaliação da qualidade organizacional, com evidência comprovada das suas vantagens (Veillard, Champagne, Klazinga, Kazandjian, Arah e Guisset, 2005). Na avaliação da qualidade clínica existem as normas de orientação clinica, as auditorias, os indicadores e os inquéritos de satisfação aos clientes. A divulgação dos resultados confere confiança, motivação e responsabilidade dos membros da organização e do cidadão em geral. Os indicadores de qualidade na saúde, são uma fonte de dados que apoia as organizações de saúde na medição periódica do seu desempenho e na identificação de potenciais problemas e oportunidades para a melhoria contínua. Existe a nível internacional o projeto de avaliação de desempenho clínico - International Quality Indicator Project, que serve de referência na implementação do benchmarking entre as instituições participantes, permitindo a partilha e comparação da informação entre si, com o objetivo de encontrar indicadores de excelência que sirvam de referência para outras instituições (Boto, Costa e Lopes, 2008).

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A acreditação é um método de auto-avaliação e auditoria externa por pares, utilizada pelas organizações de saúde na avaliação do seu nível de desempenho em relação a padrões preestabelecidos e implementação de medidas de melhoria (Rooney e Ostenberg, 1999). Este processo consiste na realização de uma visita por um organismo independente e reconhecido, à organização, analisando o grau de conformidade dos seus processos em relação aos padrões. Se a apreciação for satisfatória, é entregue um certificado de acreditação com validade de três anos, caso não esteja em conformidade, é efetuado recomendações de melhoria e realizada nova visita. Existem diferentes modelos, mas todos têm o mesmo propósito, criar uma maior uniformização das práticas, promover a mudança, reforçar o planeamento e a integração de ações, criar sistemas integrados de gestão da qualidade, desenvolver e atualizar os profissionais de forma consistente e integrada, aumentando a transparência das organizações (Boto et al., 2008; Greenfield e Braithwaite, 2008). Existem vários modelos de acreditação de referência como: King´s Fund Health Quality Service; Joint Commission International; Canadian Council on Health Services Accreditation e Australian Council on Healthcare Standards. A certificação por sua vez é um processo formal e voluntário, recorrendo ao método de avaliação e reconhecimento de um profissional ou uma instituição de acordo com as boas práticas de gestão da qualidade, com critérios definidos pelas normas da International Organization for Standardization (ISO) (Rooney e Ostenberg, 1999). A ISO é uma organização não-governamental, com a finalidade de promover a normalização e a segurança em organizações de todo o mundo, facilitando as trocas de serviço/bens, contribuindo para a eficiência e efetividade das indústrias. A ISO 9000, foi a primeira versão de normas de qualidade elaborada pela ISO lançada em 1987, tendo como referencial a implementação de sistemas de gestão da qualidade, com o objetivo de satisfazer os clientes e a melhoria contínua dos processos (ISO, 2012). Segundo Heuvel, Koning, Bogers, Berg e Van Dijen (2005), esta série é constituída por normas de orientação para sistemas de gestão em qualidade definindo os requisitos (9001) e as orientações (9004). A norma ISO 9001:2015 compreende sete princípios fundamentais da gestão da qualidade: focalização no cliente; liderança; comprometimento das pessoas; abordagem por processos; melhoria; tomada de decisão baseada na evidência e gestão das relações (APQ, 2015). A ISO 9001:2015 é a versão mais recente, que se rege pelo ciclo PDCA, que permite a uma organização assegurar que os seus processos são dotados de recursos adequados e devidamente geridos e que as oportunidades de melhoria são determinadas e implementadas. O pensar baseado em risco permite à organização determinar os fatores suscetíveis de

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provocar desvio nos processos e sistema de gestão da qualidade em relação aos resultados, implementando medidas preventivas para minimizar efeitos negativos (NP ISO 9001, 2015). Segundo Heuvel et al (2005) com o processo de certificação, são introduzidas melhorias no registo e na documentação, acrescentando um maior rigor na definição dos objetivos de qualidade e no planeamento e controlo dos processos. A atribuição do certificado de qualidade a uma organização, confere que o trabalho desenvolvido cumpre os padrões preconizados internacionalmente, gerando confiança nos cidadãos em relação aos serviços. (Heuvel et al, 2005). O modelo de Excelência da European Foundation for Quality Management (EFQM), que tem como missão promover a excelência nas organizações, introduzindo oito conceitos fundamentais nas práticas de gestão: orientação para os resultados; focalização do cliente; liderança e persistência de propósitos; gestão por processos e por factos; desenvolvimento e envolvimento das pessoas; aprendizagem, inovação e melhoria contínua; desenvolvimento de parcerias e a responsabilização social corporativa (EFQM, 2003).

CONCLUSÃO

O acesso aos cuidados de saúde de qualidade é por si só, um fator determinante da saúde das populações. Desta forma, impõe‐se que os sistemas de saúde respondam com maior rapidez e eficiência, e que evidenciem as suas atividades em função das necessidades das populações e das expectativas sociais com uma orientação mais centrada no cidadão, potenciando a obtenção de ganhos em saúde e criação de valor. A gestão da qualidade em enfermagem na atualidade impõe que o Enfermeiro Gestor assegure o cumprimento dos padrões de qualidade emanados pela OE, de acordo com a formação da equipa, dar condições de desenvolvimento para uma prática clínica baseada na evidência, com elaboração, utilização e atualização de normas de boas práticas de forma a garantir as melhores práticas profissionais bem como a qualidade dos cuidados. A gestão da qualidade em enfermagem, na atualidade, impõe que o Enfermeiro Gestor assegure o cumprimento dos padrões de qualidade, sistemas de gestão da qualidade, que visam a melhoria contínua da qualidade, tendo como objetivos corrigir erros do sistema, reduzir a variabilidade das práticas e melhorar a sua eficácia. O enfermeiro gestor, tem a responsabilidade de dar condições de desenvolvimento para uma prática clínica baseada na evidência, com elaboração, utilização e atualização de normas de boas práticas de forma a garantir as melhores práticas profissionais bem como a qualidade dos cuidados.

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As políticas, os objetivos e as responsabilidades são o conjunto de atividades de gestão que a gestão da qualidade integra, efetuando o planeamento, controlo e melhoria do sistema da qualidade. A adoção desta filosofia implica o compromisso de todos os gestores e profissionais para com a qualidade dos cuidados que são prestados a todos os níveis, implicando uma mudança na cultura interna das organizações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • APQ (2015). Norma Portuguesa EN ISO9001. (4ª Ed) Caparica: Instituto Português da Qualidade. • Boto, P.; Costa, C. & Lopes, S. (2008). Acreditação, benchmarking e mortalidade. Revista Portuguesa de Saúde Pública, 7, 103-116. • Chiavenato, I. (2004). Introdução à Teoria Geral da Administração. (7ª ed.) São Paulo: Elsevier. • Crosby, P. B. (1979). Quality is free. New York: McGraw-Hill. • Deming, W. E. (1986). Out of the crisis. Cambridge: Massachusetts Institute of Technology. Center for Advanced Engineering Study. • Departamento da Qualidade na Saúde Direção-Geral da Saúde (2014). Programa Nacional de acreditação em Saúde. Reconhecimento da Qualidade no serviço nacional de saúde. Lisboa: DGS. Acedido a 11-12-2017. Disponível em: http://www.dgs.pt/ms/8/default.aspx?id=5521 • Donabedian, A. (1988). The assessment of technology and quality: Comparative Study of Certainties and Ambiguities. International Journal of Technology Assessment in Health Care. Acedido a 6-12-2017. Disponível em: http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=403532 4 • Donabedian, A. (1988). The quality of care: How can it be assessed? Journal of the American Medical Association. 12, 1743-1748. DOI:10.1001/jama.1988.03410120089033 • Escoval, A. (2003). Evolução da Administração Pública da Saúde: o papel da contratualização. Fatores Críticos do contexto Português. Tese de Doutoramento em Organização e Gestão de Empresas, Lisboa. Acedido a 5-12-2017.Disponível em: https://pdfsecret.com/download/o-papel-da contratualizaao_59f73439d64ab20a751631e3_pdf

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