Rocha M., Piccione M., Buriti M. O. (2020) Quality of life of the elderly who work, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 63- 77 ARTIGO ORIGINAL: Rocha M., Piccione M., Buriti M. O. (2020) Quality of life of the elderly who work, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 63- 77
ARTIGO ORIGINAL
Qualidade de vida dos idosos que trabalham Calidad de vida de los ancianos que trabajan Quality of life of the elderly who work
Felipe Queiroz Dias Rocha1, Marcelo Arruda Piccione2, Marcelo de Almeida Buriti 3 1 2 3
Universidade São Judas Tadeu, Brazil Universidade São Judas Tadeu, Brazil. Professor Universidade São Judas Tadeu, Brazil
Corresponding Author: felipequeiroz.dr@gmail.com Resumo
O envelhecimento traz consequências físicas, econômicas, espirituais, psíquicas e afetivas: o avanço tecnológico, as mudanças que não cessam, o tempo mais escasso e as condições econômicas difíceis. Todas essas mudanças exigem uma capacidade de adaptação que o sujeito na velhice nem sempre tem. Objetivou-se verificar como é a qualidade de vida dos idosos que continuam trabalhando após o período da aposentadoria e saber como eles se sentem trabalhando mesmo após atingirem a idade oficial que os permite aposentar. Foram coletados dados de 36 idosos que atualmente trabalham em cinco regiões da cidade de São Paulo, com idade média 71,5 e ± 5,4. Do total de participantes, 88,90% eram homens e 11,10% eram mulheres; os dados foram recolhidos fortuitamente, para isso, foram utilizados 36 questionários WHOQOL iguais. Para saber se existe diferença estatisticamente significante o teste não-paramétrico do Qui-quadrado foi aplicado. Entre os resultados, podemos destacar que, com respeito a sua vida espiritual, 86,11% dos sujeitos dizem que Concordam Totalmente com a premissa de que sua relação com Deus contribui para a sua sensação de bem-estar; sobre sua vida econômica, consideram-se Satisfeitos com a sua capacidade de desempenhar seu trabalho 66,66% dos participantes; a propósito de sua vida afetiva e psíquica, há outros 52,77% que se dizem Satisfeitos consigo mesmo; de um modo geral, quanto à classificação de sua própria qualidade de vida, 47,22% consideram-na Boa; e, sobre seu estado físico, referente à capacidade de se locomover, 38,88% a classificam como Boa. Conclui-se que os indivíduos que trabalham na idade da velhice se encontram satisfeitos com a maioria dos aspectos que envolvem sua vida geral: física, econômica, espiritual, psíquica e afetiva e que eles se sentem bem trabalhando mesmo após superarem a idade da aposentadoria. Palavras-chave: envelhecimento; velhice; aposentadoria.
Abstract Aging has physical, economic, spiritual, psychological, and emotional consequences: technological advancement, changes that do not cease, the shortest time and difficult economic conditions. All those changes require a capacity for adaptation that the subject in old age does not always have. The objective was to verify the quality of life of the elderly who continue to work after the retirement period and to know how they feel working even after reaching the official age that allows them to retire. Data were collected from 36 elderly people who currently work in five regions of the city of São Paulo, with an average age of 71.5 and ± 5.4. Of the total participants, 88.90% were men and 11.10% were women; the data were randomly collected, for this, 36 equal WHOQOL questionnaires were used. To find out if there is a statistically significant difference, the non-parametric Chi-square test was applied. Among the results, we can highlight that, with respect to their spiritual life, 86.11% of the subjects say that they Totally Agree with the premise that their relationship with God contributes to their sense of well-being; about their economic life, 66.66% of the participants consider themselves Satisfied with their ability to perform their work; regarding his affective and psychic
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ARTIGO ORIGINAL: Rocha M., Piccione M., Buriti M. O. (2020) Quality of life of the elderly who work, Journal of Aging & Innovation, 9 (3): 63- 77 life, there are another 52.77% who say they are Satisfied with themselves; in general, regarding the classification of their own quality of life, 47.22% consider it Good; and, regarding their physical state, regarding their ability to move, 38.88% classify it as Good. It is concluded that individuals who work at old age are satisfied with most aspects that involve their general life: physical, economic, spiritual, psychic and affective and that they feel good working even after exceeding their retirement age. Keywords: aging; old age; retirement.
INTRODUÇÃO A percepção de um indivíduo quanto a sua posição na vida no que tange a seus valores, concepções e conceitos da cultura social onde habita concernente à suas metas, objetivos, preocupações e padrões é o que definimos como qualidade de vida. Um conceito que envolve três vertentes diferentes, mas essenciais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde: o fato de ser um conceito subjetivo, multidimensional e inclusivo de pontos característicos negativos e positivos (Trentini, Xavier & Fleck, 2006). O conceito de qualidade de vida possui vários significados nas diversas áreas existentes. Por exemplo, no campo da economia, qualidade de vida está relacionada com medidas, como a renda per capita, indica o acesso das camadas sociais aos serviços de educação, saúde, habitação, entre outros mais. No campo da política e da sociologia, o foco é dado diretamente a uma população, não de forma individual. Na psicologia social, o grau de satisfação é o conceito mediatizador da experiência subjetiva, que é a maior referência, por sua vez. É por isso que houve uma valorização muito grande da qualidade de vida na velhice nos últimos 30 anos (Trentini, Xavier & Fleck, 2006). Sobre este estágio, Trentini, Xavier e Fleck (2006) o classificam em três tipos: o primeiro, a velhice com patologia, é denotada quando há uma síndrome, doença ou deficiência crônica desta fase, limitando severamente as atividades normais do indivíduo idoso. Nesse ponto, as funções que o sujeito a esse tipo de velhice desempenhava enquanto adulto jovem são perdidas ou se tornam menos nítidas. O segundo, chamado de velhice usual ou normal, é o oposto da velhice com patologia, ou seja, é o contrário do processo de envelhecimento acompanhado de doenças que trazem limitações graves. Na velhice usual é estritamente comum o surgimento de doenças mentais e/ou físicas, mas com um teor leve ou moderado em sua manifestação, provocando apenas mudanças parciais no quotidiano dos idosos (Trentini, Xavier & Fleck, 2006). O terceiro, denominado de velhice bem-sucedida ou ótima, é a velhice com a preservação do estado físico de saúde como dos adultos jovens, tomando um estado bom ou ótimo com respeito ao bem-estar social e pessoal como exemplo. Segundo Rowe e Kahn (1987) há dois fatores que podem determinar uma velhice bem-sucedida quando presentes na vida de um indivíduo: a resiliência, que é a recuperação natural após o estado de estresse, e a saúde
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física e mental, que fazem com que haja uma boa manutenção da boa vitalidade (Trentini, Xavier & Fleck, 2006). No mundo inteiro, à medida que os anos vão passando, é cada vez maior o número de velhos. O fenômeno está relacionado a vários fatores, como a queda no número de nascimentos e o aumento da expectativa de vida, ambos, por sua vez, decorrentes de diferentes causas. Em 2025, segundo a Organização Mundial da Saúde, em 26 países a expectativa de vida deverá ser de 80 anos. Estão no topo da lista dos países com população de maior longevidade a Islândia, a Itália, o Japão e a Suécia (Neri, 2001a). No Brasil, a esperança de vida é de 67 anos e, até 2025, a expectativa é que possa ser de 74 anos. A comparação com os dados de décadas anteriores revela um crescimento expressivo na expectativa de vida do brasileiro e, em consequência, no número de idosos. Em 1940, a esperança de vida não passava dos 42 anos e em 1970 era de 60 anos, ou seja, seis anos menos do que hoje. O crescimento populacional na faixa do zero aos 14 anos, entre 1950 e 1980, foi de 109%, enquanto dos habitantes com mais de 60 anos foi de 227% (Neri, 2001b). Entrementes, Fleck, Chachamovich e Trentini (2003) dizem que o envelhecimento populacional é um fenômeno relativamente novo em todo o mundo e que a expectativa de vida mundial hoje é de 66 anos, mas passará a ser de 73 anos em 2025 e que existirão 25 milhões de idosos no Brasil em 2030. Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo. Tais alterações são naturais e gradativas. É importante salientar que essas transformações são gerais, podendo se verificar em idade mais precoce ou mais avançada e em maior ou menor grau, de acordo com as características genéticas de cada indivíduo e, principalmente, com o modo de vida de cada um. A alimentação adequada, a prática de exercícios físicos, a exposição moderada ao sol e a estimulação mental são alguns fatores que podem retardar ou minimizar os efeitos da passagem do tempo. Com o passar dos anos, o desgaste é inevitável. Sabemos que a velhice não é uma doença, mas, sim, uma fase na qual o ser humano fica mais suscetível a doenças. É uma época na qual as pessoas adoecem mais (Zimerman, 2000). O envelhecimento biológico, então, é um fenômeno singular em cada idoso, e não uma doença, até porque as patologias que se dão nesse período do desenvolvimento humano são diagnosticáveis, tratáveis e preveníveis. E ainda é possível que os idosos vivam bem e com qualidade mesmo que seu funcionamento orgânico esteja fragilizado ou deficitário (Martins, Albuquerque, Nascimento, Barra, Souza & Pacheco, 2007). Aliás, o estado de saúde é um dos fatores que pode influenciar na aposentadoria antecipada. Provavelmente, os que se retiram mais tarde gozam de boa saúde (Bee, 1997). O fato é que os idosos precisam utilizar estratégias que os possibilitem ter uma velhice satisfatória. Isto implica em mudarem seus hábitos, engajar-se em atividades produtivas, JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-3
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realizar seus projetos de vida, ingressar em universidade de terceira idade, desenvolver serviços voluntários, dentre tantas outras iniciativas possíveis. Enfim, um envelhecimento bem-sucedido depende de como o sênior vai enfrentar os desafios da vida, lutar pelos seus direitos de cidadão e colocar em prática projetos viáveis dentro das condições pessoais e do meio ambiente em que vive (Martins et al., 2007). Na pesquisa realizada por Colalto (2002), em relação à satisfação com a saúde, 45% dos sujeitos estavam satisfeitos. Somente 17% acham que as dores não os impedem de realizar tarefas que precisam e 40% estão satisfeitos com sua capacidade para o trabalho. Por sua vez, os jovens (principalmente mulheres) consideram possível ser feliz na velhice e têm perspectivas positivas sobre a capacidade de cognição, as relações pessoais, a autonomia e autoimagem dos idosos. Mas demonstram-se bastante temerosos quanto ao seu próprio envelhecimento, ao ponto de declarar que é preferível morrer do que sofrer a angústia e a solidão desta fase, pois acreditam que este estágio, por outro lado, prenuncia a chegada de dependência, solidão e morte (Rabelo, Souza, Gomes, Fujimoto, Mota & Oliveira, 2008). Com isso, no entanto, muitas ponderações têm sido levantadas sobre como o envelhecimento humano estará sendo visto e considerado pelas sociedades. Santos (1990) diz que a sociedade brasileira não está sendo preparada para esse processo (Veloz, NascimentoSchulze & Camargo, 1999). À medida que as pessoas vivem mais, a tecnologia avança a passos largos, os meios de comunicação bombardeiam os fatos e dados, as mudanças acontecem muito rapidamente, as distâncias aumentam a cada dia, a vida é cada vez mais agitada, o tempo cada vez menor e as condições econômicas são mais difíceis, nossa sociedade passa por grandes modificações (Neri, 2001b). O envelhecimento social da população traz uma modificação no status do velho e no relacionamento dele com outras pessoas em função de: crise de identidade; mudanças de papéis na família, no trabalho e na sociedade; aposentadoria; perdas diversas; diminuição dos contatos sociais, que se tornam reduzidos em função de suas impossibilidades, distância, vida agitada, falta de tempo, circunstâncias financeiras e a realidade da violência nas ruas (Zimerman, 2000). A pesquisa realizada por Colalto (2002) indicou que apenas 40% dos idosos estão satisfeitos com seus relacionamentos pessoais e um número próximo desse (45%) aparece no que se refere à satisfação do apoio dos amigos. Os estudos realizados por Simkunas e Anjos (2001), indicam que após anos de trabalho, a esposa ou esposo são dois fatores importantes para construção do status social e de repente, na perda de um desses fatores, o idoso se sente sozinho e sem perspectivas futuras e surge o sentimento de tristeza e solidão. Nesse momento o idoso sofre por falta de comunicação JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-3
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significativa e de atenção, ocorre uma perda da função social, começam a surgir sentimentos de inutilidade e falta de sentido na vida. Todos os sujeitos entrevistados citam sobre a solidão e a alternativa que encontram é na busca de atividades coletivas como, dança, ginástica e outros, que realizam uma forma de se manter ativos afastando-se do estado de solidão (Simkunas e Anjos, 2001). Além das alterações no corpo, o envelhecimento traz ao ser humano uma série de mudanças psicológicas que podem resultar em: dificuldades de se adaptar a novos papéis; falta de motivação e dificuldade de planejar o futuro; necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais; dificuldade de se adaptar às mudanças rápidas, que têm reflexos dramáticos nos velhos; alterações psíquicas que exigem tratamento; depressão, hipocondria, somatização, paranóia, suicídios; baixas autoimagem e autoestima (Neri, 2001b). A satisfação com a vida é uma das medidas do bem-estar psicológico, que reflete a avaliação pessoal do indivíduo sobre determinados domínios. Um aspecto essencial do bem-estar psicológico é a capacidade de acomodação às perdas e de assimilação de informações positivas sobre o self, um sistema composto por estruturas de conhecimento sobre si mesmo e um conjunto de funções cognitivas que integram ativamente essas estruturas ao longo do tempo e ao longo de várias áreas do funcionamento pessoal (Neri, 2001a). A escolaridade é um fator que está fortemente associado à saúde mental (principalmente nos casos de demência e síndrome de Alzheimer) e a institucionalização. Mas ainda é preciso que meios de avaliação sejam construídos ou adaptados para se investigar tais relações de acordo com realidade e a diversidade sócio-cultural e educacional do Brasil (Hazin, Diógenes, Pinheiro, Santos, Medeiros & Ribeiro, 2008). Existe uma crença de que o envelhecimento é sempre visto como algo externo. Ao falar sobre o seu próprio envelhecimento, a maioria dos idosos reporta-se ao assunto como se fosse algo exógeno, que está fora dele. O que acontece na maioria das vezes é que a percepção da velhice se dá por meio de limitações físicas, quando estas já não podem mais ser escondidas, de modo a gerar sofrimento, depressão e desalento em relação à vida, além da falta de aceitação (Lima, 2007). Segundo estudos internacionais, 15% dos idosos necessitam de atendimento em saúde mental e 2% das pessoas com mais de 65 anos apresentam quadros de depressão, que, muitas vezes, não são percebidos pelos familiares e cuidadores, sendo encarados como características naturais do envelhecimento (Zimerman, 2000). Já na pesquisa feita por Colalto (2002) indica que somente 40% estão satisfeitos com o serviço de saúde que possuem.
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Idosos deixaram bem claro de forma unânime em expressar que estão insatisfeitos com o atendimento porque os médicos não lhes dão tempo para falar de seus problemas, não fazem perguntas e às vezes nem levantam seu olhar para eles (Beres, 1994). A valorização das trocas interpessoais permeadas pelo diálogo entre o idoso e o profissional de saúde, ressaltando a importância do conhecimento popular, pode ajudar a superar as lacunas existentes nas práticas educativas de saúde tradicionais. Dessa forma, há espaço para a autonomia dos idosos na condição de sujeitos sociais capazes de reivindicar seus interesses (Martins et al., 2007) Sobre a vida espiritual, segundo Diniz (2003), a religião é uma experiência que nos toca e nos modifica. Ela tem que ser uma experiência transformadora. Não se trata de religião como algo concreto, que possui credo, moral e normas, mas sim de uma fé, que significa o encontro vivo com Deus. O encontro do espaço sagrado é individual. Os ritos (atos) e os mitos (falas) estão na base da construção de todas as religiões, e são eles, portanto, os demonstradores da criação de símbolos para a expressão do divino em nós. Assim, a religião pode ser definida como o reconhecimento das realidades mais elevadas que a consciência não consegue compreender e, quando levada à plena fruição psicológica, produz a unidade interior e a totalidade do ser humano (Baptista, 2003). De acordo com Orlando, Dias, Brasil, Araújo e Buriti (2008), não há diferença entre os diversos modos de vida levados pelos idosos no que tange a prática de orações, a maior parte deles reza por propósitos como: saúde física, obtenção de paz, por amor, por problemas familiares e gratidão. O aspecto religioso tem grande influência nessa fase da vida, de forma que 100% da população pesquisada (128 sujeitos) demonstraram afinidade com algum tipo de atividade ou prática religiosa, predominando o engajamento na religião católica, com 87,5%, seguida da religião evangélica, com 9,4%. Quanto às razões para a ocorrência desse fato, verifica-se que a prática de uma religião pelo idoso permite-lhe estabelecer um elo entre as limitações e o aproveitamento de suas potencialidades ou, quando isso não ocorre, ajuda-o a vencer com mais facilidade essa etapa da vida (Araújo, 1999). Segundo Panazi, Rocha, Bandeira e Fleck (2007), a felicidade está associada à frequência e presença em serviços religiosos bem como a preferências doutrinárias e também a crenças religiosas influenciam de forma significativa na visão que o sujeito tem do mundo entre bom ou mau. A religião pode explicar o propósito de vida e promover o bem-estar. Existem alguns mitos nesse sentido, como o de que na velhice os filhos passam a ser pais dos próprios pais. Isso não é totalmente verdade, o que ocorre é uma inversão de papéis devido à perda da autonomia, do comando, das condições de se determinar, escolher suas leis e objetivos (Zimerman, 2000). JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-3
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Alguns homens e mulheres que têm filhos bem tarde, ou adquiriram uma segunda família e tiveram um segundo casamento, ou os que criam os netos, muito provavelmente, trabalharão até que essas pessoas ligadas a eles deixem seu lar o que adiaria o processo de aposentadoria (Bee, 1997). A maioria dos idosos aposentados que continuam trabalhando são pessoas pobres e trabalham para ajudar a manter o orçamento de gerações posteriores, seus filhos e netos, que muitas vezes voltam para a casa dos pais por casamentos que não deram certos, mães solteiras que dependem dos pais para criarem os filhos (Coutrim, 2005). Outro fator que pode colaborar para que os idosos evitem a aposentadoria, segundo a pesquisa realizada por Breviglieri (2002), é a não aquisição de uma economia rígida durante anos de trabalho e a falta de apoio financeiro dos filhos; estes demonstraram necessidade de retorno ao trabalho. Pesquisas feitas com idosos sobre a necessidade de ajuda nos cuidados com a saúde mostram que 100% dos sujeitos entrevistados recebem auxílio de seus familiares quanto aos cuidados com a saúde (Abreu & Mata, 2001). Em uma sociedade onde as pessoas são avaliadas pelo que produzem, pelo que dão, pedir algo é muito difícil. Além disso, pedir nunca foi colocado no “pacote” da velhice. Estamos desde jovens sendo incentivados a sermos independentes e nunca se falou da relatividade e da pluralidade embutidas dentro da independência, ou seja, nunca se é totalmente independente (Zimerman, 2000). Também é evidenciada na pesquisa de Breviglieri (2002) certa dificuldade dos sujeitos em continuarem aposentados, onde estes manifestaram uma vontade de retorno ao trabalho, o que está ligado ao desejo, ao prazer de se sentirem ativos para fortalecer sua dignidade e autoestima. Zimerman (2000) diz que o velho evita pedir qualquer tipo de ajuda por quê: não tem o direito de pedir (“cada um na sua”), não quer incomodar, o trabalho dos filhos e dos netos é mais importante do que ele, teme ser rotulado de chato e cair de seu pedestal, entre outras razões semelhantes.
OBJETIVOS Objetivo Geral
Esta pesquisa tem por objetivo verificar como é a qualidade de vida dos idosos que exercem atividade de trabalho mesmo após o período da aposentadoria e qual a importância que essas atividades têm em suas vidas.
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Objetivos Específicos Os objetivos específicos são: •
Saber como os idosos se sentem trabalhando após terem atingido idade oficial que os permite aposentar;
•
Observar o quão influente essas atividades de trabalho podem ser em suas vidas;
•
Verificar o andamento de alguns aspectos de sua vida em comparação à literatura consultada.
MÉTODO
Participantes A coleta de dados foi feita com 36 idosos de ambos os sexos – sendo que 88,9% eram homens e 11,1% eram mulheres – que tinham idade igual ou superior a 65 anos e que estivessem trabalhando atualmente de forma registrada ou autônoma e de modo constante ou inconstante. A idade média é 71,5 anos, a mediana é 71 anos, o desvio padrão é de 5,4 e a amplitude de idade é de 22 anos (a menor idade é 65 e a maior é 87).
Material Foram utilizados questionários WHOQOL; a escolha desse material se deu por ser ele um instrumento reconhecido internacionalmente para se avaliar qualidade de vida (conforme a opinião dos participantes). Ele investiga seis domínios diferentes da vida dos sujeitos: físico, psicológico, meio ambiente, nível de independência, relações pessoais e crenças. O questionário continha três partes distintas. A primeira era a caracterização do indivíduo. Na segunda parte havia questões fechadas sobre diversos aspectos que envolvem a qualidade de vida dos idosos e que justificam o objetivo dessa pesquisa. A última parte continha frases afirmativas e negativas que diziam respeito à opinião do sujeito participante quanto à veracidade daquela frase em seu ponto vista, ou seja, havia frases em que o sujeito relatava com que intensidade concordava ou não com elas. As frases eram concernentes as expectativas futuras do indivíduo e a influência que a crença em Deus tem sobre sua vida.
Procedimentos Primeiramente me apresentava como aluno pesquisador e explicava o intuito da pesquisa. Em seguida, se o sujeito estivesse dentro dos critérios da pesquisa e concordasse em participar, lhe apresentava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o questionário, lhe tirando qualquer dúvida eventual ou lhe esclarecendo as entrelinhas do
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termo. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa nº 017/2005 e na CAAE 005.0.237.000.05. Os dados foram coletados acidentalmente, isto é, os idosos que estavam nas condições referidas (trabalhando e que tinham 65 anos de idade ou mais) foram entrevistados pessoalmente, sendo abordados pelos pesquisadores em qualquer circunstância viável, isto é, num horário pertinente em que podiam participar da pesquisa, sem lhes causar prejuízo. Alguns, por exemplo, foram abordados durante um momento de ócio, outros durante o trabalho e outros foram agendados com antecedência. Dos voluntários, 15 foram entrevistados na Mooca, seis no Brás, outros seis na Sé, cinco na Zona Cerealista, três na Vila Mariana e um no Cambuci: bairros da cidade de São Paulo (no Brasil).
RESULTADOS Esta parte corresponde à apresentação das respostas obtidas nas entrevistas com o material utilizado. O teste não-paramétrico do Qui-quadrado foi aplicado em todos os resultados para verificar se há diferença estatisticamente significante.
Tabela 1 – Autoavaliação da qualidade de vida Autoanálise F % Ruim 2 5,55 Nem ruim nem boa 14 38,88 Boa 17 47,22 Muito boa 3 8,33 Total 36 100 2 Aplicação do teste do Qui-quadrado: =0,28 e c=7,81. Não há diferença estatisticamente significante; também se considera n.g.l.=3 e =0,05. Tabela 2 – Capacidade de locomoção Condições F % Muito ruim 1 2,77 Ruim 3 8,33 Nem ruim nem bom 9 25 Bom 14 38,88 Muito bom 9 25 Total 36 100 2 Aplicação do teste do Qui-quadrado: =1,54 e c=9,48. Não há diferença estatisticamente significante. Considera-se também n.g.l.=4 e =0,05. Tabela 3 – Satisfação com a capacidade para o trabalho
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Satisfação F Muito insatisfeito 1 Nem satisfeito nem insatisfeito 4 Satisfeito 24 Muito satisfeito 7 Total 36 Aplicação do teste do Qui-quadrado: 2=9,32 e c=7,81. Há
% 2,77 11,11 66,66 19,44 100 diferença
estatisticamente significante. Considera-se: n.g.l.=3 e =0,05. Tabela 4 – Satisfação consigo mesmo Satisfação F Muito insatisfeito 1 Nem satisfeito nem insatisfeito 7 Satisfeito 19 Muito satisfeito 9 Total 36 Aplicação do teste do Qui-quadrado: 2=8,80 e c=7,81. Há
% 2,77 19,44 52,77 25 100 diferença
estatisticamente significante. Considera-se também n.g.l.=3 e =0,05. Tabela 5 – Contribuição da relação com Deus para com a sensação de bem-estar Interdependência F % Concordo Totalmente 31 86,11 Concordo Parcialmente 2 5,55 Discordo Parcialmente 2 5,55 Discordo Totalmente 1 2,77 Total 36 100 2 Aplicação do teste do Qui-quadrado: =0 e c=7,81. Não existe diferença estatisticamente significante. Também é válido ressaltar que n.g.l.=3 e =0,05. DISCUSSÃO
Com relação a Tabela 1, fica evidente certo equilíbrio sobre as considerações sobre qualidade de vida, já que se percebe que a mesma levada pelos idosos é considerada Boa pela maior parte deles (47,22%) ou classificada como Nem ruim nem boa (38,88%). Nota-se, ainda, que 8,33% consideram sua qualidade de vida Muito boa e apenas 5,55% a classificam como Ruim. Estes dados denotam a satisfação que os entrevistados têm com a sua qualidade de vida. Trentini, Xavier e Fleck (2006) definem qualidade de vida como a percepção de um indivíduo quanto a sua posição na vida no que concerne aos seus valores, concepções e conceitos sócio-culturais relativos à suas metas, objetivos, preocupações e padrões. Isso também pode JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-3
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ser entendido, tendo em vista as diferenças de entendimento deste conceito e dos interesses e variáveis mais relevantes, quanto ao assunto, para cada participante e sua respectiva análise subjetiva. Estes dados, ainda, são compatíveis com o da Tabela 4, que, por sua vez, mostra 52,77% dos participantes satisfeitos consigo mesmo, uma quantidade similar. Sobre este outro resultado, Neri (2001a) discorre que a satisfação com a vida é uma das medidas do bem-estar psicológico que reflete a avaliação pessoal do indivíduo sobre determinados domínios, como a capacidade de acomodação às perdas e de assimilação de informações positivas sobre si mesmo. Na Tabela 4, notou-se que, com respeito a satisfação consigo mesmo, 52,77% dos idosos considera-se Satisfeito, 25% Muito Satisfeito, 19,44% Nem satisfeito nem insatisfeito e 2,77% Muito insatisfeito. Nenhum idoso optou pela afirmação Insatisfeito, o que fez com que esta variável fosse eliminada da tabela. Nota-se que esses resultados são ligeiramente congruentes com os da Tabela 3, uma vez que 77,77% dos indivíduos têm um grau de satisfação positivo quanto a si próprio e 86,10% também tem um grau de satisfação positivo quanto a sua capacidade de trabalhar. Sobre os resultados expostos nesta tabela, a qual fala da satisfação com a capacidade de realização do trabalho, vê-se que 66,66% dos participantes estão Satisfeitos com esta condição, 19,44% consideram-se Muito satisfeito, 11,11% estão Nem satisfeito nem insatisfeito e 2,77 % se encontram Muito insatisfeito. Nenhum idoso optou pela resposta Insatisfeito, o que fez com que esta variável fosse eliminada. Uma causa para tal satisfação dos idosos em trabalhar (considerando que, ao todo, 86,10% dos entrevistados têm perspectivas positivas para isso) é dita por Simkunas e Anjos (2001): após muitos anos trabalhando, ocupação se torna um fator essencial na constituição do status social do idoso. O desligamento desta atividade leva o idoso a se sentir sozinho e a ter sentimentos da esfera da tristeza, como solidão. Daí o sujeito sofre por falta de comunicação e de atenção e começam a surgir sensações de inutilidade e de falta de sentido na vida. Breviglieri (2002) reforça essa afirmação dizendo que muitos idosos voltam a trabalhar devido ao desejo de se sentirem ativos, o que fortalece a sua autoestima. Outra causa para que os idosos se sintam bem trabalhando é dita por Zimerman (2000): pedir não faz parte do pacote da velhice, uma vez que em nossa sociedade somos avaliados pelo que produzimos e damos. O mesmo autor ainda fala de uma série de motivos pelo qual o idoso evita pedir coisas, como o desejo de não querer incomodar, ser visto como um chato e pensar que não tem o direito de pedir.
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Em contrapartida, Colalto (2002) diz que somente 40% dos idosos estão satisfeitos com sua capacidade para o trabalho, uma quantidade percentual menor do que a apresentada na Tabela 3. Já na Tabela 2, observa-se que a capacidade de locomoção é classificada como Boa por 38,88%, Nem ruim nem boa por 25% e Muito Boa por outros 25% dos participantes. Além disso, 8,33% e 2,77% optaram pelas opções Ruim e Muito ruim, respectivamente. De acordo com Trentini, Xavier e Fleck (2006), o processo de envelhecimento que se dá com o surgimento de patologias mentais e/ou físicas com um teor leve ou moderado em sua manifestação, provocando apenas mudanças parciais no quotidiano dos idosos, é chamado de velhice usual. Este tipo é o que se associa aos sujeitos da pesquisa, já que a maioria reporta ter problemas de locomoção. Envelhecer pressupõe alterações biopsicossociais de forma natural e gradual em cada indivíduo. Estas transformações podem se dar em idade mais precoce ou avançada e em maior ou menor grau, de acordo com as características genéticas de cada sujeito e, principalmente, com o modo de vida de cada um (Zimerman, 2000). Na maioria das vezes a percepção da velhice passa pelas limitações físicas, quando estas já não podem mais ser escondidas, causam sofrimento, depressão e desalento em relação à vida, além da falta de aceitação (Lima, 2007). Além disso, pesquisas feitas com idosos sobre a necessidade de ajuda nos cuidados com a saúde mostram que 100% dos sujeitos entrevistados recebem auxílio de seus familiares neste quesito (Abreu & Mata, 2001). O estado de saúde é um dos fatores que pode influenciar na aposentadoria antecipada. Provavelmente, os que se retiram mais tarde gozam de boa saúde (Bee, 1997), e as questões de movimentação e locomoção passam por este campo. Por fim, nota-se na Tabela 5 que quanto a premissa de que a relação com Deus contribui para sua sensação de bem-estar, 86,11% disseram Concordar Totalmente. Outros dois grupos de 5,55% disseram que Concordam Parcialmente e Discordam Parcialmente. Somente 2,77% Discordam Totalmente. As opções Concordo mais que discordo e Discordo mais que concordo não foram citadas e por isso foram descartadas da tabela acima. Panazi et al. (2007) dizem que a religiosidade pode promover bem-estar e que a felicidade está associada à presença nesse tipo de serviço. As crenças e preferências doutrinárias influenciam de forma significativa na visão que o sujeito tem do mundo, entre o bom e o mau. Orlando et al. (2008) dizem que não há diferença entre os diversos modos de vida levados pelos idosos no que tange a prática de orações, a maior parte deles reza por propósitos como: saúde física, obtenção de paz, por amor, por problemas familiares, gratidão, entre outros. Em concordância, Araújo (1999) diz que a religião influencia bastante nesse estágio da vida, de maneira que 100% dos seus pesquisados têm afinidade com alguma prática. Isso se dá JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, DEZEMBRO, 2020, 9 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v9i3-3
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dessa forma por a religião permitir ao idoso criar um vínculo entre suas dificuldades e potencialidades, além de ajudá-lo a transcender essa fase final da vida. Diniz (2003) ressalta que a religião tem que ser uma experiência transformadora que nos toca e nos modifica. Não deve ser concreta, mas significar o encontro vivo com Deus por meio da fé, o que é uma experiência individual.
CONCLUSÃO
Conclui-se que os idosos que trabalham possuem uma qualidade de vida considerada como Boa em todos os aspectos verificados – espiritual, físico, psíquico e profissional – de modo geral, segundo seu próprio ponto de vista explanado no questionário utilizado nesta pesquisa. Porém, existe uma pequena parcela que se mostrou insatisfeita, a qual pode estar, nas palavras de Trentini, Xavier e Fleck (2006), associada ao tipo de velhice que experienciam, decorrentes das alterações biológicas e psicológicas citadas por Neri (2001b), como: dificuldades de se adaptar a novos papéis, ou necessidade de trabalhar as perdas orgânicas, afetivas e sociais. Mas, de modo geral, os idosos se sentem bem trabalhando após a idade da aposentadoria, apesar de não se ter percebido a influência desta atividade nas outras facetas de suas vidas. Entretanto, não se desvelou se sua qualidade de vida é melhor, pior ou igual à daqueles que já se encontram aposentados, uma vez que esta pesquisa não envolveu um grupo controle nem direta nem indiretamente. Sugere-se que uma pesquisa seja realizada com esse grupo de pessoas para se comparar os resultados com os desse trabalho e, por fim, verificar a qualidade de vida geral dos idosos. Percebe-se ainda que o índice de religiosidade é alto e que esse aspecto tem um papel importante em sua vida.
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