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Menoita, E., Sebastião, M. (2016) The Elderly Patient admitted in a Ward on a Stretcher The reality of a Hospital Unit , Journal of Aging & Innovation, 5 (2): 40 - 49

REVISÃO NARRATIVA/ NARRATIVE REVIEW

AGOSTO 2016

PROBLEMÁTICA DO DOENTE IDOSO INTERNADO EM MACA – REALIDADE HOSPITALAR THE ELDERLY PATIENT ADMITTED IN A WARD ON A STRETCHER - THE REALITY OF A HOSPITAL UNIT PROBLEMA DE ANCIANOS ENFERMOS INTERNADOS EN MACA - REALIDAD HOSPITALAR

Autores ELSA MENOITA1, MARIA LICÍNIA SEBASTIÃO2 1,2

RN, MsC, Lisboa, Portugal

Corresponding Author: elsacarvela@hotmail.com

Resumo As organizações de saúde têm de dar o garante aos doentes internados que os seus direitos, enquanto cidadãos, serão invioláveis, oferecendo-lhes um serviço humanizado e garantindo-lhes a privacidade e segurança. A segurança depende da criação de sistemas de antecipação/prevenção de eventos adversos. Os eventos adversos mais frequentes nos doentes em maca são: aprisionamento nas grades, quedas, úlceras por pressão e troca de medicamentos entre doentes. De acordo, com a carta dos Direitos Humanos do Doente internado não é admissível, salvo por período curto nunca superior a 24 horas, a permanência de doentes em macas durante o internamento. Palavras-chave – doente idoso, maca, humanização, segurança, privacidade, evento adverso,

Abstract Health organizations should provide a guaranty to their admitted patients that their rights, as citizens, are inviolable. A humanized service should be offered and their privacy and security should be guaranteed. Security depends on the elaboration of anticipation/prevention systems regarding potential adverse events. The most frequent adverse events in patients on stretchers are: imprisoning on the bars, falls, pressure ulcers and inadvertent switch of medication. In agreement with the letter of Human Right to the Admitted Patient, it shouldn´t be allowed , except for a brief period of time, no longer than 24 hours, for a patient to be in a ward on a stretcher. Keywords - Elderly patient, stretcher, humanization, security, privacy, adverse event.

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1. HUMANIZAÇÃO DA SAÚDE A humanização é um ideal em favor do qual todos devem sentir-se convocados e comprometidos. Paulo Evaristo Arns

no valor da dignidade natural inerente a todas e a cada pessoa humana. Humanizar a Saúde implica uma mudança nos paradigmas de gestão, possibilitando aos profissionais uma participação mais efetiva nos processos

A humanização deve ser entendida

que envolvem tomadas de decisões

como um valor na medida em que resgata

(Morita et al, 2003). Para a humanização

o respeito pela vida humana, nas

na saúde, o respeito pela pessoa humana

dimensões que atingem as circunstâncias

e pelos seus direitos, como o direito à

sociais, éticas, educacionais e psíquicas,

privacidade são pressupostos assumidos.

integradas em todo o relacionamento

A pessoa doente, pela própria

humano. A humanização fundamenta-se

condição, encontra-se particularmente

no agir ético que incorpora o acolhimento e

vulnerável (Osswald, 1995), requerendo

o respeito pelo outro como ser autónomo e

uma maior atenção nos seus direitos.

digno. A dignidade é reconhecida como

Nesta linha de pensamento, quando se

uma exigência fundamental e inviolável,

alude a direitos do doente, não se está a

estando na base dos documentos

conceder à pessoa novos direitos, mas

fundamentais sobre Direitos Humanos. A

apenas a dar ênfase especial a direitos

dignidade humana constitui o valor

que lhe são inerentes, uma vez que, por

primordial do qual decorre o

maior que seja a sua fragilidade e

reconhecimento de determinados direitos

vulnerabilidade, nunca deixa de ser pessoa

fundamentais, como o direito à vida, à

(Pacheco, 2002).

liberdade, à não discriminação, à

Existem alguns documentos de

integridade pessoal, à segurança pessoal

índole jurídica, onde se consagram os

e à privacidade. A privacidade individual

direitos das pessoas que se encontram em

assume um papel preponderante nos

situação de doença, nomeadamente, a

vários domínios da vida, em especial nos

Carta dos Direitos das Pessoas Doentes, a

momentos de vulnerabilidade, que

Declaração sobre a Promoção dos Direitos

acompanham o processo de doença,

dos Pacientes na Europa, para além da

constituindo, conforme refere Nunes

Cartas de Direitos dos Doentes,

(2005), um valor e um direito em si

nomeadamente as emanadas pela

mesmo. A privacidade é uma necessidade

Direcção-Geral da Saúde, pela Comissão

e um direito do ser humano, sendo

para a Humanização dos Cuidados de

indispensável para a manutenção da sua

Saúde. É de ressaltar, que na Carta dos

individualidade (Sawada, 1995). A

Direitos Humanos do Doente internado

privacidade é tutelada a nível

vem explicitamente advertido que NÃO É

constitucional desde 1976. A Constituição

ADMISSÍVEL, salvo por período curto

da República Portuguesa incumbe a lei de

nunca superior a 24 horas, a permanência

garantir a efetiva proteção destes direitos,

de doentes em macas durante o

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o internamento.

Ética para a Saúde (CES) podem, e

Na mesma esteira de reflexões,

devem, ter um papel preponderante na

Gauderer (1998) defende que, o doente

formação contínua dos profissionais nesta

tem o direito a um local digno e adequado

matéria. No nosso país, estas Comissões

para seu atendimento, o direito a manter

foram instituídas pelo Decreto-Lei nº 97/95,

sua privacidade para satisfazer suas

de 10 de Maio, sendo consideradas como

necessidades fisiológicas.

o passo decisivo que permitiu passar da

Como refere Silva (2007), apesar do

pura reflexão ao estabelecimento de

reconhecimento da existência dos direitos

normas consensuais de defesa da

dos doentes e consequentemente das

dignidade e integridade humanas. Cabe

suas necessidades pela sociedade em

assim às CES, de acordo com o Decreto-

geral, pelos governantes e

Lei nº 97/95, de 10 de Maio, “zelar pela

especificamente pelos profissionais de

observância de padrões de ética no

saúde, que correlativamente os

exercício das ciências médicas, por forma

englobaram na sua deontologia

a proteger e garantir a dignidade e

profissional sob a forma de deveres, não

integridade humanas, procedendo à

constitui por si só, sinal de um efetivo

análise e reflexão sobre temas da prática

respeito por esses direitos fundamentais,

médica que envolvam questões de ética”.

que se encontram inevitável e intimamente conexos aos Direitos Humanos. Como refere Peneff (2002), citado por Silva (2007, p.22), os doentes em maca nos "corredores encontram-se comprimidos uns contra os outros ou estão frente a frente, enquanto o centro do cenário é o local de passagem do pessoal e dos médicos que mudam de compartimento, de sala ou atravessam o serviço”. De acordo com Tardy et al (2002), muitos doentes em estado terminal acabam por falecer numa maca, nas urgências, alegando que é emergente o

2. CULTURA DE SEGURANÇA DO DOENTE “Dizer que o acidente é devido à falha humana é tão útil quanto dizer que uma queda é devida à ação da gravidade”. REASON, 1997 A segurança dos doentes é atualmente reconhecida como uma componente importante da qualidade em saúde. Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO) sustenta esta inter-relação, quando define qualidade em

coligir de esforços das Comissões de Ética

saúde como, o modo como os serviços de

com as equipas multidisciplinares, visto

saúde, com o atual nível de

que juridicamente todos os documentos

conhecimentos, aumentam a possibilidade

salvaguardam a segurança e dignidade do

de obter os resultados desejados e

doente.

reduzem a possibilidade de obtenção de

No âmbito desta problemática, Silva

resultados indesejados (Batalden & Stoltz,

(2007) defende que, as Comissões de

1993). A maior alteração que se verificou

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no pensamento e filosofia da

condições latentes. Quase todos os

segurança do doente com o documentado

eventos adversos envolvem a combinação

emitido pelo Institute of Medicine foi o de

destes dois tipos de fatores. As falhas

desviar a responsabilização/culpabilização

ativas são os atos inseguros cometidos

do profissional individual para uma

pelas pessoas que se encontram em

abordagem sistémica, designada em inglês

contacto direto com o sistema e referem-se

por “system thinking”. A segurança

a descuidos, esquecimentos, erros,

depende da criação de sistemas de

deslizamentos e violação de

antecipação/prevenção do evento adverso

procedimentos. Para Reason (1997), as

(Wachter, 2008). Eventos adversos

condições latentes são provocadas pelas

referem-se a todo o efeito não desejado

decisões dos gestores, que podem

que resulta da intervenção dos cuidados

traduzir-se em condições que provocam o

de saúde ou da sua falta, mas não da

erro no local de trabalho. O objetivo na

doença ou do estado de saúde do doente

gestão dos eventos adversos é tentar

(Fragata & Martins, 2004). Os eventos

diminuir os buracos no queijo suíço ao

adversos podem classificar-se como

mesmo tempo que se tentam criar novas

“preveníveis ou “não preveníveis”. Os near

camadas de proteção, de modo a impedir

misses não induzem qualquer efeito

o alinhamento dos buracos. Ao contrário

adverso no doente.

das falhas ativas, em que a investigação é

Segundo o Estudo Canadiano de

difícil, as condições latentes podem ser

Eventos Adversos (Canadian Adverse

identificadas e corrigidas antes que um

Events Study), citado por Concelho

evento adverso ocorra. A compreensão

Internacional de Enfermeiros (2006),

deste fator origina uma gestão de risco

verificou-se uma taxa de incidência de

mais pró-activa. As deficiências ou falhas

7,5% de eventos adversos. Tal sugere que,

podem ter origem na estrutura ou no

dos quase 2,5 milhões de admissões

processo (Sousa, 2006).

hospitalares no Canadá, cerca de 185.000

De acordo com Instituto de Medicina

estão associados a um evento adverso,

(Institute of Medicine), citado por Concelho

dos quais 70.000 são preveníveis.

Internacional de Enfermeiros (2006), os

De acordo com a Teoria do Queijo

sistemas de cuidados de saúde têm

Suíço, para ocorrer um evento adverso é

problemas resultantes de processos

necessário o alinhamento de diversos

inadequados, apoio inadequado dos

buracos, ou seja, falhas ou deficiências

recursos humanos e sistemas que não

(Reason, 1997). Os eventos adversos não

promovem práticas seguras.

ocorrem devido a um único erro humano,

O Código Deontológico do

mas sim pela interconexão de vários

Enfermeiro adverte que o enfermeiro

fatores que ocorrem a vários níveis da

deverá ”assegurar por todos os meios que

organização. Os buracos nas defesas

estão ao seu alcance, as condições de

surgem por duas razões: falhas ativas e

trabalho que permitam exercer a profissão

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com dignidade e autonomia, comunicando através das vias

Aprisionamento de doentes nas camas

competentes, as deficiências que prejudiquem a qualidade dos

De acordo com Nowicki et al (2010),

cuidados.” (Diário da República, 1998, p.

o FDA recebeu cerca de 691 relatórios de

1756).

aprisionamento de doentes nas grades das

Para se garantir a segurança do doente

camas hospitalares entre janeiro de 1985 e

tem de haver dotações seguras. As

Janeiro de 2006. Em 2006, a FDA e o

dotações seguras refletem a manutenção

HBSW divulgaram um documento de

da qualidade dos cuidados aos doentes,

recomendações relativas às camas

das vidas profissionais dos enfermeiros e

hospitalares, a partir das causas de

dos resultados da organização. Existem

aprisionamento da pessoa nas grades.

inúmeros estudos que apontam para o

Bills (2007) refere que o HSBW identificou

impacto das dotações seguras sobre os

7 zonas de risco nas grades das camas

resultados de morbilidade e mortalidade

hospitalares, em que a pessoa pode ficar

(Concelho Internacional de Enfermeiros,

presa (Figura nº 1 e Quadro nº 1).

2006).

Concluíram que, nos casos em que havia asfixia, geralmente, o doente ficava preso

2.1. Eventos adversos relacionados

pela cabeça, pelo pescoço ou tórax;

com doentes em maca

enquanto que, nos casos em que havia lesões era porque o doente ficava preso

2.1.1 Cama segura - Bed safety?

pelos membros superiores ou inferiores.

“A bed is a patient’s sanctuary, a resident’s ‘home’, and a nurse’s workstation; it is where most time is spent.” Nowicki et al, 2010

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Atualmente, a FDA e Internacional

ambulância. Não obstante, os resultados

Organization for Standardization (ISO)

podem ser extensíveis aos doentes

emitiram orientações quanto ao padrão

internados e que ficam em maca.

ideal de uma cama segura - bed safe,

Quedas

tendo em consideração as 7 zonas de

As quedas são os eventos adversos

risco de aprisionamento. Contudo, estas

mais frequentes nos hospitais e podem ter

orientações não são aplicáveis às macas,

consequências físicas, psicológicas e

continuando estas a apresentar um risco

sociais. Geralmente, estes eventos

acrescido de aprisionamento do doente,

traduzem-se num aumento do período de

não auferindo segurança, conforme se

internamento e de dependência da pessoa,

pode verificar nos vários modelos de maca

com consequente acréscimo de custos

(Figura nº2). Tal facto é corroborado por

económicos e sociais (Almeida et al,

MDA (2003), nas Guidelines on the Safe

2010). Este tipo de situações é, por isso,

Use of Ambulance Stretcher Trolleys, em

considerado como importante indicador da

que o aprisionamento de doentes nas

qualidade assistencial (Saraiva et al,

macas das ambulâncias é um dos eventos

2008).No que concerne a doentes

adversos mais comuns. Conforme já

hospitalizados, Almeida et al (2010),

referido, na literatura somente há

consideram que, as quedas são o acidente

referência a estudos de macas de

mais relatado em unidades de saúde.

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Oliver et al (2004) reportam estudos

2.1.2. Úlceras por Pressão

que apontam entre 2,9-13 quedas por

As úlceras por pressão são

1000 dias de internamento/cama. De

desencadeadas por fatores extrínsecos,

acordo com Nowicki et al (2010), um

como a pressão, a tensão tangencial ou

estudo no Reino Unido, entre 2005 e 2006,

cisalhamento e fricção. Para a prevenção

realizado pelo Instituto Nacional de

das UPP, é fundamental o posicionamento

Agência de segurança dos doentes revelou

em diferentes decúbitos, contudo o espaço

que cerca de um quarto de todas as

na maca é limitador, pois esta não dispõe

quedas foram das camas dos doentes.

de largura para o doente e para as

Muitos têm sido os fatores que contribuem

almofadas. Por exemplo, frequentemente

para a complexidade do fenómeno das

encontra-se os doentes de maca com UPP

quedas. Os fatores de risco podem ser

nos joelhos - localização de UPP pouco

divididos, por exemplo, em dois grandes

frequente em doentes deitados no leito da

grupos: os intrínsecos – diretamente

cama - pois estes ficaram junto às grades

relacionados com o indivíduo; e os

e estas fizeram pressão. Mesmo que por

extrínsecos – relacionados com

pouco tempo, como se trata de uma

características ambientais e sociais. Vários

superfície dura, em que pode estar a ser

são os autores que defendem que os

exercida uma intensidade de pressão

fatores externos estão intimamente

elevada, rapidamente podem desenvolver-

interligados ao risco de queda (Saraiva et

se UPP. É fundamental, enquadrar no

al, 2008). Saraiva et al (2008) propõem a

contexto o recurso às superfícies de apoio.

abordagem ecológica que analisa o

A maioria das superfícies de redistribuição

incidente numa perspetiva de interação

de pressão, como sejam as dinâmicas ou

entre o doente e o meio, dando especial

estáticas disponíveis nas unidades são

relevância às ameaças ambientais que

para camas hospitalares de dimensões

podem traduzir-se em riscos potenciais.

superiores às das macas, não se

Para além disso, conforme

adequando.

anteriormente mencionado a propósito das

Em suma, para além do doente em

dotações seguras, Calvo (2001) refere

maca estar mais sujeito aos fatores de

que, o rácio enfermeiro/doente também

risco externos, as estratégias de

tem um carácter causal, pois o cuidador

prevenção,

pode não dispensar da sua atenção efetiva

posicionamentos e o recurso a superfícies

ao doente e risco de queda. De acordo

de apoio, são bastante limitativas e

com Almeida et al (2010), este facto

insuficientes.

“reencaminha-nos para as estratégias de gestão de recursos e a necessidade de manter dotações seguras na prestação de cuidados”.

como

sejam

os

2.1.3. Troca de medicação entre doentes em maca O Institute of Medicine no documento “To err is human” refere que, por ano, 48000 a 98000 americanos morriam nos

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hospitais em consequência de erros

privacidade e a segurança, como direitos a

preveníveis, sendo colocado em evidência

respeitar na prestação de cuidados

a contribuição dos acontecimentos adversos por medicamentos como uma importante causa de morbilidade e

humanizados e compreensivos. Contudo, este plano conceptual tem um intento audacioso, não

mortalidade dos doentes hospitalizados

pretendendo ficar, unicamente, no patamar da

(Khon et al, 1999). Luk et al (2008, p. 29)

reflexão. Pretende que seja um catalisador para

referem que “os erros de medicação são

o registo de mudanças no sistema

um tipo muito comum de erros de natureza multidisciplinar.” Estes eventos podem estar relacionados com a prática

organizacional, extinguindo-se totalmente com os internamentos dos doentes em maca.

profissional, prescrição, comunicação de ordens terapêuticas, rotulagem, embalagem e nomenclatura, composição, distribuição, administração, formação, monitorização e uso. Coimbra e Cassini (2000, p.17) dizem que: “a equipa de enfermagem constitui o elo final deste sistema, atuando na administração propriamente dita, e por este motivo é geralmente responsável pelos atos que marcam a transição de um erro prevenível para um erro real, e o ónus dos erros, caí pesadamente sobre estes profissionais.”

A propósito da temática das dotações seguras, alguns estudos concluíram que os erros de administração de medicamentos ocorriam quando havia dotações inadequadas de enfermeiros (Concelho Internacional de Enfermeiros, 2006), como quando sucede quando há doentes internados em maca. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo deixa algumas considerações de matriz teórica e reflexiva sobre a temática do doente idoso internado em maca, envolvendo conceitos na esfera da qualidade, como a JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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