Esperança et al. (2013) Provision of care for grandchildren and their implications on Quality of Life of Grandparents. Journal of Aging & Inovation, 2 (3): 63-81
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE
JULHO, 2013
PRESTAÇÃO DE CUIDADOS A NETOS E SUAS IMPLICAÇÕES NA QUALIDADE DE VIDA DOS AVÓS Provision of care for grandchildren and their implications on Quality of Life of Grandparents Cuidar a los nietos y sus implicaciones en la Calidad de Vida de los abuelos
Autores
Orlanda Esperança1, Manuela Leite2, Prazeres Gonçalves3 1
Masters Program in Psychogerontologist, Institute of Health Science/CESPU, Gandra,
Portugal 2 PhD, Psychology Department, Investigation Unit of Psychology and Health (UniPSA), Investigation Center of Health Science (CICS), Institute of Health Science/CESPU, Gandra, Portugal,3 PhD, Science Department, Investigation Unit of Psychology and Health (UniPSA), Investigation Center of Health Science (CICS), Institute of Health Science/CESPU, Gandra, Portugal Corresponding Author: orlandafesp@hotmail.com RESUMO OBJETIVOS: O principal objetivo consistiu na análise das repercussões da prestação de cuidados a netos, na Qualidade de Vida dos avós. MÉTODO: Foram aplicados, dois protocolos de investigação a 300 indivíduos. O protocolo A aos AC (N=150) e o B aos ANC (N= 150). Ambos eram compostos pela escala da Qualidade de Vida “WHOQOL- Bref”, e o A contemplava ainda o questionário “Avós/Avôs Cuidadores”. A amostra foi recolhida na região Norte do país. RESULTADOS: Os AC apresentam uma elevada Satisfação nos cuidados prestados (M=3.38), um bom Relacionamento com os pais do Neto (M=2.60), e Funcionamento Familiar (M=2.54). Destacam-se as Atividades de Ócio (M=2.47) pelo valor mais elevado nas tarefas de cuidados. A idade dos Avós correlacionase de forma negativa, fraca e significativa com os Cuidados Básicos (p<.001) e Instrumentais (p<.001). A idade dos netos também se correlaciona de forma negativa e estatisticamente significativa com os Cuidados Básicos (p=.001), a Satisfação para com os Cuidados (p=.012), e Funcionamento Familiar (p=.008). No que diz respeito à QV, os AC apresentam melhor QV comparativamente com os ANC, quer total (p=.001), quer nas várias dimensões: Meio Ambiente (p=.013), Física (p=.001), Relações Sociais (p<.001), Psicológica (p=.024). De forma geral, as várias dimensões do WHOQOL- Bref e do questionário Avós/Avôs Cuidadores, demonstram correlações positivas, e estatisticamente significativas com: Apoio no Estudo (p=.003), Atividades de Ócio (p<.001), Relacionamento Pais do neto (p=.044), e Funcionamento Familiar (p<.001). Por oposição, constataram-se correlações negativas, fracas e significativas com as Dificuldades nos Cuidados (p<.001), e com os Problemas de Saúde (p<.001), na medida em que tendem a diminuir. CONCLUSÃO: A prestação de cuidados a netos parece desempenhar um papel positivo na QV dos avós cuidadores, proporciona-lhes um sentimento de utilidade e continuidade PALAVRAS-CHAVE: Avós, netos, cuidados, qualidade de vida.
Abstract OBJECTIVES: The main aim was based on the analysis of the impact of caring for grandchildren on Grandparents' Quality of Life. METHODS: Two research protocols were implemented to 300 individuals. The A protocol to the CG (N = 150) and B to NCG (N = 150). Both were composed by the scale of the Quality of Life "WHOQOL-Bref", and the A contemplated also the quiz “Caregivers Grandparents ”. The sample was collected in the northern region of the country. RESULTS: The CG show high satisfaction towards the care provided (M = 3.38), a good relationship with the grandchild’s parents (M = 2.60), and Family Functioning (M = 2.54). It is highlighted the Leisure Activities (M = 2.47) for its higher value concerning the tasks of care. Grandparents' age correlates negatively, poorly and significantly with the Basic Care (p <.001) and Instrumental (p <.001). Grandchildren’s age also correlates statistically in a negative and significant way with Basic Care (p = .001), the Satisfaction with Care (p = .012), and Family Functioning (p = .008). Concerning the QL, the CG show better QL when compared with the NCG, not only totally (p = .001) but also in the following dimensions: Environment (p = .013), Physics (p = .001), Social Relationships (p <.001), Psychological (p = .024). In general, the several dimensions of the WHOQOL-Bref and of the questionnaire Caregivers Grandparents, show positive correlations, and statistically significant with the: Study Support (p = .003), Leisure activities (p <.001), Relationship grandchild’s parents (p = .044), and Family Functioning (p <.001). In contrast, were verified negative, weak and significant correlations with the Difficulties in Care (p <.001), and with the Health Problems (p <.001), which tend to decrease. CONCLUSION: Taking care of grandchildren seems to play a positive role in the Caregivers Grandparents’ QL, it gives them a sense of usefulness and continuity. KEYWORDS: Grandparents, grandchildren, health, quality of life.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 54
Introdução
num mesmo ambiente e espaço (Triadó, 2005), repercutindo-se no envolvimento e participação
Os progressos alcançados pelo
dos avós na vida familiar (Dias, Costa, &
desenvolvimento em geral, e pelas ciências da
Rangel, 2005), e nas relações entre avós, pais e
saúde em particular, são os responsáveis pelas
netos nas situações de cuidado e educação das
atuais tendências demográficas. Nas últimas
crianças (Dias, Hora, & Aguiar, 2010).
décadas, o aumento da esperança de vida,
Por sua vez, estas mudanças conduziram a
associada a uma diminuição da taxa de
transformações profundas na forma como se vê
natalidade, tem conduzido ao envelhecimento
o papel dos avós, sentindo-se a necessidade de
da população (DGS, 2006).
redefinir e reajustar, os diversos papéis no seio
Com o aumento significativo da esperança
da família (Osuna, 2006). Nunca os avós foram
média de vida, é cada vez mais comum a
tão jovens e ativos, encontrando-se muitas das
coexistência de várias gerações de uma mesma
vezes ainda integrados no mercado de trabalho,
família, pais, filhos, avós e até mesmo famílias
acarretando uma sobreposição de papéis e
onde há bisavós (Castiello, Villarejo & Truchado,
responsabilidades para estes avós. Estes estão
2007). Desta forma, as oportunidades de
mais presentes na vida dos netos, pela
interação e manutenção da relação avós netos
possibilidade de acompanhamento nas várias
[RAN] aumentaram (Triadó, Martinez & Villar,
fases do seu ciclo desenvolvimental, desde o
2000). Tal como nos referem Dias, Costa e
seu nascimento, infância, adolescência, até à
Rangel (2005): «…a maior expetativa de vida do
idade adulta (Ferland, 2006; Triadó, 2005).
ser humano tornou possível a convivência entre
Tornar-se avô/avó, é cada vez mais uma
avós e netos por um longo período, o que não
experiência da meia-idade, e não apenas dos
ocorria há algumas décadas atrás. Existe,
mais velhos (Szinovacz, 1998). Isto representa
inclusive, a possibilidade da convivência com a
uma transformação na imagem estereotipada
quarta geração, a dos bisavós…» ( p. 159).
dos avós, coligada à idade avançada e saúde
A vivência dos avós enquanto tema de
precária. Estes deixam de ser vistos como
investigação, emergiu na década 40 e 50,
passivos, debilitados e pouco disponíveis,
aumentando consideravelmente na década 80
passando a ser considerados elementos ativos
(Smith, 1991). Segundo Gratton e Haber (1996),
(Pinazo, 1999), constituindo uma fonte de
este interesse deve-se: ao aumento da
produção de bens ou serviços: voluntários como
esperança média de vida, ás novas estruturas
cuidar dos netos e remunerada através de
familiares, à participação da mulher no mercado
trabalho sénior (Rozario, Morrow & Hinterlong,
de trabalho, que levam à necessidade de
2004). Ao cuidar dos netos, permitem maior
encontrar espaços de supervisão para os seus
disponibilidade e otimização do desempenho
filhos, sendo os avós uma das alternativas
profissional aos filhos. Para além disso, a sua
possíveis (Dias & Silva, 1999). Estes fatores,
“jovialidade”, proporciona-lhes um maior
conduziram a alterações nas estruturas
contexto relacional (Castro, 1998).
familiares, através da verticalização familiar,
São várias as investigações, que têm salientado
possibilitando a convivência de mais gerações
duplo contributo dos avós no desenvolvimento
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 55
dos netos: direto enquanto parceiros interativos,
voltadas para o processo de envelhecimento
prestadores de cuidados primários e apoio
(Sampaio, 2008). Espera-se que sejam os
emocional, confidentes, companheiros,
principais agentes socializadores das crianças,
transmissores do legado familiar e nacional,
precedido dos pais, tendo em consideração que
fornecedores de estimulação cognitiva e afetiva;
a transformação das mesmas num ser social,
e indireto enquanto fontes de apoio social e
constitui uma tarefa familiar (Gomes, 1994). É
material aos pais dos netos (Creasey &
claro que a proximidade geográfica entre os pais
Koblewski, 1991; Hamm & Milan, 2003; Smith,
e os avós, facilita este processo (Dias & Silva,
1995; Tinsley & Parke, 1987; Tomlin, 1998). São
2003).
ainda considerados, veículos de transmissão
Além da função socializadora, os avós são fonte
intergeracional de competências parentais
de apoio emocional e instrumental (Araújo &
(Smith, 1995).
Dias, 2002), sobretudo das crianças em idade
Os papéis assumidos pelos avós, tendem a ser
escolar, assumindo muitas vezes, papeis
diferentes dos desempenhados pelos pais,
vinculados ao acompanhamento dos netos na
geralmente associados à função de educadores
escola na ausência dos pais. Não obstante, a
(Castro & Ruschel, 1998). Os avós, podem
casa dos avós constitui um espaço para a
desempenhar um papel mais tolerante,
construção, e a vivência das relações de
assumindo uma posição única que lhes permite
amizade, cumplicidade, afeto e brincadeira
dar amor, conselhos e ser companheiro (Hamm
(Barros, 1987).
& Milan, 2003). É esta possibilidade de
Segundo Barranti (1985), a relação dos avós
acompanhamento dos netos, isenta de
com os netos está associada a um papel
responsabilidades parentais, que torna
caloroso e amigável, caracterizado pela
indubitavelmente o estatuto dos avós tão
gratuidade de atenção amor e carinho. A criança
especial (Ferland, 2006).
que convive e dialoga com os avós, aprende a
Para os avós, os netos são objeto de um amor
valorizar a sua cultura e os valores, tendo em
incomensurável, e fonte de renovação de si
consideração o contínuo entre o processo de
mesmos e da família, representando uma
viver e envelhecer (Mendes, 2004).
oportunidade de fazer tudo o que não se pôde
Nas trocas geracionais, os avós atuais têm
fazer com os próprios filhos (Ferland, 2006).
características diferentes das gerações
Para além disso, o vínculo com os netos tende a
anteriores, sendo os avós mais jovens
ser idealizado, servindo como uma defesa
tendencialmente mais divertidos e participativos.
contra as aflições perante a morte inevitável. É a
Os mais velhos, para além de se revelarem
oportunidade de reparar a própria vida através
mais distantes, reclamam ajuda por parte dos
da imortalidade genética por meio de uma
netos (Pinazo, 1999).
identificação seletiva das qualidades dos netos
Efetivamente não se pode escolher o momento
(Colarusso,1990).
em que se será avó, mas pode-se escolher o
Os avós da contemporaneidade, são mais ativos
tipo de relação que se deseja estabelecer com
e saudáveis que os predecessores, assumem
os netos. Tal dependerá de fatores como a
novos papéis, muito além de demandas
relevância do papel de avó/ avô no seu sentido
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 56
de identidade, ou seja, a necessidade de se ser
cresce a sua relação com os avós evolui. Nos
relembrado no futuro; a necessidade de dar
primeiros anos de vida da criança (0 aos 5
continuidade geracional à família; o valor que
anos), o laço afetivo entre avós-netos manifesta-
atribui ao facto de lhe ser permitido participar na
se através de ternura e de afeto que se
educação dos netos e pela importância atribuída
estabelece sobretudo durante o jogo e
ao reviver experiências de vida passadas
atividades quotidianas. O amor e afeto podem
(Ferland, 2006).
assumir diversas formas, e deixar recordações
Tendo por base estes pressupostos Osuna
muito variadas na memória do neto. Dos 5 aos
(2006), considera a existência de quatro estilos
12 anos, em idade escolar, a criança gosta de
de avós, que variam ao longo da vida e diferem
contar coisas sobre si e sente-se interessante
entre si, segundo cada neto. São elas: (1) a
quando os avós lhe dedicam o tempo
permissiva – que se preocupam em fazer o que
necessário para a ouvirem. Neste período os
é moralmente correto com seus netos,
seus interesses expandem-se, a criança é
mimando-os e sendo tolerantes; (2) a simbólica
curiosa em relação ao que passa ao seu redor e
– preocupa-se em fazer o que é moralmente
tem uma sede de conhecimentos que procura
correto; (3) a individualista – vê nos netos o
satisfazer, podendo esta, ser satisfeita pelos
caminho para se manter ou converter em
avós. Contudo, dos 12 aos 18 anos, no mundo
solitária; e (4) a tirana – coloca ênfase no aspeto
da adolescência e construção da sua
da relação em ser avó-general.
personalidade, há um distanciamento dos pais
Para Neugarten e Weinstein (1964), os avós
por uma emancipação afetiva e financeira. As
podem ser categorizados como: (1) Formais: os
prioridades são dirigidas aos amigos, tendo
que apresentam um comportamento rígido,
menos tempo para os avós, podendo no entanto
tradicional e autoritário; (2) Brincalhão: estilo
o adolescente, nomear um dos avós como
relaxado e não autoritário na relação com os
confidente.
netos, percepcionando-os como fonte de prazer;
Salienta-se o facto de nem sempre a RAN, se
(3) Substituto: os que assumem
pautar pelo regozijo e harmonia. Se por um
responsabilidades e os cuidados diários dos
lado, a presença das avós pode ser percebida
netos: (4) Reservatório de sabedoria: prestam
como prazerosa e educativa, por outro, pode ser
informação sobre as raízes familiares e são os
considerado como conflituosa, já que implica
guardiões da história familiar; e (5) Distante:
confronto de poder e autoridade pelas
raramente vêem os netos, eventualmente em
diferenças na conceção das práticas educativas
ocasiões como natal, aniversários, casamentos
exercidas pelos pais (Falcão & Salomão, 2005).
e funerais.
Também para os avós, nem sempre constitui
A dialética relacional entre avós e netos para
fonte de prazer. A inserção da mulher no
Ferland (2006), assume diferentes contornos à
mercado do trabalho, e subsequentes
medida que o desenvolvimento se produz, pelo
reestruturações familiares, transformaram o
que é imperativo entender os diferentes tipos de
caráter voluntário e esporádico do papel de
relacionamento numa perspectiva
alguns avós, em atos diários que envolve
desenvolvimental. Á medida que a criança
esforço físico, emocional e económico de forma
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 57
significativa (Miguel, Palomares, & Blanco,
cuidados a um dos netos era condição
2012). Nestas circunstâncias, os avós são
obrigatória. Nos ANC, estes não podiam prestar
impelidos a assumirem a responsabilidade de
cuidados de forma sistemática a nenhum dos
criar e educar os netos, seja auxiliando os filhos
netos no momento da recolha da amostra.
em tarefas domésticas, seja substituindo-os na
Na caracterização da amostra, verifica-se em
tarefa de educar e cuidar dos netos (Triadó,
ambos os grupos um predomínio do género
Villar, Solé, Osuma & Celdrán, 2006).
feminino (AC 84.7%; ANC 56.7%), e da
Por conseguinte, apesar do relacionamento
condição de casado (AC= 74.7%; ANC= 68%),
intergeracional, e o prazer no papel de avó
precedido dos viúvos (AC= 16%; ANC= 21.3).
poderem ajudar a melhorar a qualidade de vida
No que concerne à idade, os AC apresentam
do idoso, compensando a vida solitária parece
uma média de 64.78 anos (DP=7.02), oscilando
que na forma de estabelecimento da RAN, o
entre os 39 e os 77 anos. Análogamente, os
grau de responsabilização no seu
ANC apresentam uma média de idades de
desenvolvimento e educação, poderão influir no
62.61 anos (DP=6.57; Min:45 anos, Max: 83
nível de satisfação para com o desempenho do
anos).
papel de avós e subsequentemente na sua
As habilitações literárias, revelaram que no
qualidade de vida (Emick & Hayslip, 1999 in
grupo AC o grau de escolaridade é igual ou
Veleda, Neves, Baisch, , Santos, & Soares,
inferior a 6 anos (65.3%) com uma média de
2006).
6.10 anos (DP=3.94), e no grupo ANC a maioria
OBJETIVOS
apresenta um grau igual ou inferior a 5 anos
O principal objetivo, consistiu na análise das
(62.3%) com uma média de 4.84 anos
repercussões da prestação de cuidados a netos
(DP=3.74). Salienta-se o nível baixo de
na Qualidade de Vida dos avós, tendo-se
analfabetismo (AC=8%; ANC=10%).
definido como objetivos específicos, a
Quanto ao estatuto ocupacional, a amostra é
compreensão da frequência dos cuidados
maioritariamente reformada
prestados aos netos, sentimentos, perceções,
40.70%;ANC= 42%), seguindo-se a condição de
satisfação e dificuldades decorrentes dos
doméstica no grupo AC (25.3%), e
mesmos.
trabalhadores a tempo inteiro no grupo ANC
MÉTODO
(30%). Note-se que no grupo AC (76.7%) não
Amostra
possuem uma atividade profissional. A análise
Trata-se de uma mostra de conveniência,
do rendimento mensal familiar, revelou que o
recolhida em vários pontos da região Norte do
grupo AC aufere melhores rendimentos,
país. É constituída por 300 sujeitos, divididos
comparativamente com o grupo ANC, tendo em
em dois grupos, Grupo de avós que prestam
consideração a percentagem de rendimentos
cuidados aos netos – avós cuidadores (AC)
inferiores a 300€ (AC=10%; ANC=19.3%), e
(n=150), e o grupo de avós não cuidadores
superiores a 1200€ (AC=26.7%; ANC=16.7%).
(ANC) (n=150). Como critério de inclusão, foi
No que concerne à avaliação subjetiva do seu
defenido para ambos os grupos, a condição de
estado de saúde, verifica-se no grupo AC que a
ser avô, sendo que no grupo AC a prestação de
maior parte dos sujeitos consideram ter uma
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
(AC=
Volume 2. Edição 3
Página 58
saúde “regular” (48%), precedida de
facetas consta numa descrição de um estado,
“boa” (35.3%) e “excelente” (11.3%). Apenas um
comportamento, capacidade, perceção ou
número muito reduzido (4.7%) consideram o seu
experiência subjetiva, que compõem os 4
estado de saúde “mau”. Ao nível da “perceção
domínios descritos. É constituído por 26 itens,
comparativa do estado de saúde com pessoas
sendo que, 24 itens conduzem à avaliação de
da mesma idade” a maioria avalia a sua saúde
uma dimensão específica da QV e os restantes
como similar à saúde dos indivíduos da sua
2 itens representam questões gerais (uma
idade (78%), sendo que (17.3%), consideram-na
referente à avaliação global da QV e outra à
superior.
satisfação com a saúde) que não são
Quanto à caracterização dos netos alvos de
contabilizadas nos domínios. As respostas ao
cuidados, 56% são do género feminino, com
questionário são obtidas através da escala do
idades compreendidas entre 1 e 13 anos,
tipo Likert, em que o participante indica a sua
representando uma média de idades 7.49 (DP=
concordância ou discordância, pontuada de 1 a
3.2).
5. O resultado de cada domínio é calculado com
A
linhagem
dos
netos
é
predominantemente materna (58%).
base na média dos resultados obtidos nas
Instrumentos
questões que constituem o instrumento.
Como meio de operacionalização do presente
O Q u e s t i o n á r i o Av ó s / Av ô s C u i d a d o r e s
estudo, e coerentemente com os objetivos e
(Esperança & Leite, 2010), corresponde à
natureza da investigação, foram elaborados e
versão portuguesa do questionário “Abuelos
aplicados dois protocolos de investigação:
Cuidadores” (Triadó, Celdrán, Conde, Montoro,
Protocolo A, direcionado aos AC, e Protocolo B
Pinazo & Villar, 2008).Trata-se de um
para os ANC. Ambos os protocolos eram
instrumento que permite descrever e caraterizar
constituídos comummente pelo Consentimento
os cuidados prestados por avós/avôs aos seus
Informado, o questionário Sociodemográfico e o
netos, através de várias dimensões (e.g. tipo de
WHOQOL – Bref, sendo que, o protocolo A
cuidados, intensidade, circunstâncias,
contemplava ainda o questionário “Avós/avôs
satisfação, dificuldades, estado de saúde,
Cuidadores”.
ajudas nos cuidados prestados, funcionamento
O Questionário Sóciodemográfico (Esperança &
familiar, e comportamentos problemáticos do
Leite, 2010), permitiu a caracterização dos avós,
neto cuidado).
sendo uma mais-valia para a análise das
Procedimento:
variâncias sociais e demográficas.
Para operacionalização do presente estudo,
O Questionário da Qualidade de Vida -
tomou-se em linha de conta determinados
WHOQOL- Bref (Vaz Serra, Canavarro, Simões,
procedimentos, nomeadamente, a tradução e
Pereira, Gameiro & Quartilho, 2006), teve como
retroversão do questionário Abuelos Cuidadores
objetivo avaliar a QV Total (máximo de 100
para a língua portuguesa, a aplicação dos
pontos), agrupada em quatro dimensões
instrumentos, e por fim o tratamento estatístico
individualizadas: meio ambiente, física,
dos dados recolhidos.
psicológica, relações sociais. É composto por 24
O processo de tradução e retroversão foi
facetas da QV, sendo que, cada uma das
realizado em duas fases. Primeiramente, a
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 59
Tradução Inicial, consistiu na tradução direta da
No que concerne à prestação de cuidados aos
versão original espanhola do questionários
netos, verifica-se que esta ocupa em média 5.34
Abuelos Cuidadores para a língua portuguesa.
dias/semana (DP=1.37), num total médio de
Na segunda fase, realizou-se a Retroversão,
24.37 horas/semana (DP=12.089). As “questões
sendo a mesma efetuada por um tradutor oficial
laborais dos filhos” (66.7%), surgem como
para a língua espanhola, sem conhecimento do
principal causa da prestação semanal de
questionário original e sem formação na área da
cuidados aos netos, verificando-se que a
saúde. Este processo determinou a
maioria considera possuir uma relação de
compatibilidade e adequabilidade do
qualidade com os pais dos netos (“boa” - 47.3%;
instrumento à lingua portuguesa, mantendo-se
“excelente” -39.3%). Apenas uma ínfima parte
por conseguinte, a integridade do instrumento
(N=4) descrevem a relação como “má” ou “muito
inicial.
má”, e que provavelmente decorre/motiva a
A recolha dos dados ocorreu em vários pontos
custódia legal dos netos.
da região Norte do país, sendo a entrega e
A Tabela 1, sintetiza os resultados obtidos no
recolha dos protocolos efetuada pela
questionário “Avó/avôs Cuidadores”, permitindo-
investigadora. Explicado os objetivos e obtido o
nos analisar a média de frequência de respostas
consentimento informado, estes foram auto-
a um conjunto de itens que caracteriza, os
preenchidos pelos avós, exceptuando os
cuidados prestados pelos AC aos netos, assim
analfabetos os quais foram preenchidos pela
como, um conjunto de aspetos inerentes da
investigadora após leitura em voz alta.
prestação de cuidados.
Tabela 1- Distribuição de frequências das dimensões do Questionário Avós/Avôs Cuidadores, desenvolvidas pelos AC (N=150). Media (1-4) 2.26 2.21 2.28 1.96 2.47 2.38 1.68 1.62 1.94 2.60 3.38 1.32 2.54 1.99
Dimensões do Questionário Avó/Avôs Cuidadores Tarefas de cuidados Cuidados Básicos Cuidados Instrumentais Apoio Estudo Atividades Ócio Disciplina Comportamentos problemáticos do neto Ajuda nos cuidados Sentimento de Responsabilidade Relacionamento Pais do Neto Satisfação nos cuidados Dificuldades decorrentes nos cuidados Funcionamento Familiar Problemas Emocionais
No tratamento dos dados recorreu-se ao software informático SPSS, versão 21,
Relativamente às Tarefas de Cuidados levadas
utilizando-se a estatística descritiva (M, DP,
a cabo pelos AC, as Atividades de Ócio
frequências) e inferencial paramétrica (teste t
(M=2.47) foram as que obtiveram valores mais
para amostras independentes) e correlacional
elevados, seguindo-se a Disciplina (M=2.38);
(do tipo Pearson).
Cuidados Instrumentais (M=2.28), Cuidados
RESULTADOS
Básicos (M=2.21), e finalmente o Apoio ao
Caracterização da RAN
Estudo (M=1.96).
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 60
Nas Atividades de Ócio, o maior destaque está
Analogamente, o nível de Ajuda nos Cuidados,
associado a atividades como: “passearem
também é baixa (M=1.62), e quando existe,
juntos” (M=3.35), assim como “verem
estas provêm essencialmente da “ajuda do
televisão” (M=2.91) (70%). Paralelamente, as
parceiro” (M=2.62) e de “outros familiares com
menos executadas pelos AC, prendem-se
que convivem” (M=2.58), sendo escassos os
essencialmente com tarefas de “pintar/desenhar
casos em que recebem “assistência legal/
juntos” (M=1.75).
jurídica” (0.7%); “ajuda do estado ou outras
Ao nível dos Cuidados Básicos, constatamos
instituições” (7.3%); ou “ajuda económica ou
que a tarefa mais executada pelos AC é “dar-lhe
material dos meus filhos” (28.7%).
de comer” (M=2.68) (66%), e as menos
No que concerne ao Sentimento de
executadas estão associadas a “dar-lhe
Responsabilidade, verifica-se um resultado
banho” (M=1.93), e “acordá-lo de
moderado (M=1.94), constatando-se que grande
manhã” (M=1.97).
parte dos AC (M=2.45), se considerarem na
Quanto aos Cuidados Instrumentais, as tarefas
“obrigação de cuidar do neto(a)”. Para além
incidem sobretudo na preparação da comida
disso, 95.3%, nunca se sentiram “incomodados/
(M=2.88), e vigilância (M=2.64), por oposição a
as quando cuido do meu neto(a) em lugares
“lavar e passar roupa” (M=1.97) e “levá-lo ao
públicos” (), nem consideram ser “uma desonra
médico” (M=1.82).
para a minha família ter de cuidar do meu
Em termos de Disciplina, verifica-se que os AC
neto(a)” (98.7%).
tendem a não castigar (M=1.73), nem dar
O Relacionamento com os Pais do neto é
palmadas (M=1.57), apesar de exercerem ações
considerado como bom (M=2.60), sentindo-se
de repreensão (M=2.41). Contudo, são os
apoiados pelos mesmos na prestação de
elogios (M=3.29), e as recompensas (M=2.89),
cuidados aos netos (M=3.17), falando com os
os mais frequentes na ação disciplinar.
mesmos acerca de assuntos que afetam o neto
No Apoio no Estudo, os AC tendem
(M=2.99), orientando-os quanto forma de
essencialmente a controlar a execução dos
tratamento (M=2.29). Por conseguinte, o nível
trabalhos de casa (M=2.07), com uma menor
de conflituosidade é relativamente baixo
implicação ao nível de “ajuda a fazer os
(M=1.94), comparativamente às outras
TPC” (M=1.85).
dimensões.
Relativamente à caraterização dos
O nível de Satisfação nos Cuidados é elevado
Comportamentos Problemáticos do neto alvo de
(M=3.38), considerando que “o neto(a) é a
cuidados, verifica-se uma média baixa (M=1.68)
alegria da minha casa” (M=3.51), e de aferirem
da ocorrência dos mesmos, encontrando-se
que se “deixasse de tomar conta do neto(a)
associados à sua irrequietude (“muito
sentiriam muito” (M=3.53).
irrequietos” (M=2.37). Salienta-se a baixa
Quanto às Dificuldades Decorrentes dos
ocorrência de problemas mais disruptivos, tais
Cuidados, verifica-se que os AC não
como “Insulta ou diz palavrões” (M= 1.16); “é
apresentam grandes dificuldades (M=1.32).
agressivo” (M=1.20).
Salienta-se o facto de a maioria ter classificado como “nunca” as afirmações: “o dia em que
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 61
deixar de cuidar do neto(a) será uma
Os Cuidados Básicos, correlacionam-se de
libertação” (96%); “cuidar do meu neto/a tem
modo positivo, fraco e significativo com um
criado problemas de espaço na minha
aumento: das Atividades de Ócio (r=.312; p<.
casa” (97.3%).
001), da Disciplina (r=.343; p<.001), os
Quanto ao Funcionamento Familiar, estes
Comportamentos Problemáticos dos netos (r=.
consideram possuir um bom funcionamento
186; p=.023), Sentimento de Responsabilidade
(M=2.54), coligado à existência de confiança
(r=.218; p=.003), Relacionamento com os pais
uns nos outros (M=3.15), e há existência de
d o n e t o ( r = . 2 0 7 ; p < . 0 11 ) e c o m o
sentimentos negativos na família (M=1.53).
Funcionamento Familiar. Ressaltando uma
Relativamente a Problemas Emocionais, os AC
correlação positiva, moderada e significativa
(M=1.99) revelam uma avaliação bastante
com o aumento dos Cuidados Instrumentais (r=.
positiva apesar da média, isto, tendo em
682; p<.001).
consideração que (62%) nunca se sentiram
De igual modo, os Cuidados Instrumentais
sozinhos; (66.7%) nunca consideraram “que a
correlacionam-se de modo positivo, fraco e
vida não vale a pena ser vivida”, (46.7%) não se
significativo com o aumento: do Apoio no Estudo
consideram menos úteis à medida que
(r=.296; p<.001), das Atividades de Ócio (r=.
envelhecem, e (59.3%) consideram por vezes
336; p<.001), da Disciplina (r=.470; p<.001),
que “à medida que envelhece, as coisas são
Sentimento de Responsabilidade (r=.298; p<.
melhores do que se esperava”.
001), Problemas de Saúde (r=.167; p=.041) e Funcionamento Familiar (r=.260; p=.002). Ou
Estudo Correlacional entre As dimensões do
seja, quanto mais evidentes, e necessários os
Questionário Avós Cuidadores e outras
Cuidados Instrumentais, maior é a tendência
Variáveis
para aumentar os cuidados ao nível do Apoio no
A Ta b e l a 2 , a p r e s e n t a - n o s o e s t u d o
Estudo, assim como, as Atividades de Ócio,
correlacional entre as várias dimensões do
Disciplina, o Sentimento de Responsabilidade e
questionário “Avós/Avôs Cuidadores”
funcionamento familiar.
Tabela 2- Estudo Correlacional do tipo Pearson, entre as dimensões do Questionário Avós/Avôs Cuidadores. Dimensões do questionário Avós/ Avôs Cuidadores CB
CI
AE
AO
DSP
KN
AJC
STR
RPN
STF
PS
DFC
CB
1
CI
.682*** 1
AE
.061
AO
.312*** .336***
.395***
1
DSP
.343*** .470***
.211**
.340***
1
KN
.186*
.170*
-.006
.120
.267**
1
AJC
.140
.106
.055
.084
.184*
-.036
1
STR
.218**
.298***
.100
.074
.280**
-.038
.416
1
RPN
.207*
.123
.225**
.156
.174*
-.002
.300***
.362***
1
STF
.130
.128
.012
.391***
.219**
-.139
.056
.096
-.099
1
DFC
-.041
.056
-.072
-.196*
-.015
.329***
-.035
-.003
-.197*
-.430*** 1
PS
.142
.167*
-.118
-.104
.098
.360**
-.142
-.088
-.286*** .034
.381***
1
FM
.244**
.260**
.045
.243**
.448***
-.030
.160
.187*
-.007
-.141
-.090
.296***
1
.498***
* p<0.05, ** p<0.01, *** p<0.001 JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 62
Em termos de Apoio no Estudo, verifica-se a
significativa, à medida que esta aumenta,
existência de uma correlação positiva, fraca e
aumenta paralelamente o Sentimento de
significativa com as necessidades de apoio em
Responsabilidade (r=.416; p<.001), o
termos de Disciplina (r=.211; p=.009), Atividades
Relacionamento com os pais do neto (r=.300;
Ócio (r=.395; p<.001) e Relacionamento com os
p<.001) e o Funcionamento Familiar (r=.161; p=.
pais do neto (r=.225; p=.006).
046). O Aumento da Responsabilidade, leva ao aumento do Relacionamento Familiar (r=.362;
Por outro lado, as Atividades de Ócio, levam a
p<.001) e Funcionamento Familiar (r=.187; p=.
uma maior: Satisfação nos cuidados prestados
022), sendo igualmente pautadas com
(r=.391; p<.001), exigência em termos de
diferenças significativas.
Disciplina (r=.340; p<.001), e Funcionamento Familiar (r=.243; p=.003), sendo estas relações
O facto dos AC evidenciarem um
estatisticamente significativas. Por sua vez o
Relacionamento positivo com os pais do neto
aumento das Atividades de Ócio diminui de
alvo de cuidados, reflete-se numa associação
modo significativo as dificuldades decorrentes
negativa, fraca e significativa a diminuição das
dos cuidados prestados (r=-.191; p=.016).
Dificuldades nos Cuidados decorrentes dos
Ao nível da Disciplina, estão patentes
cuidados prestados pelos AC aos netos (r=-.
correlações positivas, fracas e significativas, à
197; p=.066), e diminuição dos problemas de
medida que esta aumenta, tendem a aumentar
saúde dos AC (r=-.286; p<.001).
os Comportamento problemático dos netos (r=.
A Satisfação com os Cuidados prestados,
267; p=.001), bem como, a Ajuda nos Cuidados
correlaciona-se de forma negativa, fraca e
(r=.184; p=.024), o Sentimento de
significativa com a diminuição das Dificuldades
Responsabilidade
nos Cuidados
(r=.280; p<.001), o
(r=-.430; p<.001) e de
Relacionamento com os pais do neto (r=.174;
forma positiva, fraca e significativa com o
p=.034) , a Satisfação nos cuidados prestados
aumento do Funcionamento Familiar (r=.498;
(r=.219; p=.007) e o Funcionamento Familiar
p<.001).
(r=.448; p<.001). As Dificuldades decorrentes dos cuidados, Os Comportamento Problemático do neto,
contribuem para a diminuição do funcionamento
revelou uma correlação positiva, fraca e
familiar (r=-.141; p=.040), por oposição, ao
significativa com: as dificuldades nos cuidados
aumento de Problemas de Saúde dos AC (r=.
prestados
381; p<.001), de modo significativo.
(r=.329; p<.001), e problemas
de saúde (r=.360; p<.001). Ou seja, os comportamentos problemáticos, tendem a
A tabela seguinte, permite-nos um estudo
aumentar as dificuldades nos cuidados, e ao
correlacional entre as várias dimensões
nível dos problemas de saúde nos AC.
avaliadas pelos questionário “Avós/Avôs Cuidadores” e as idades dos avós e netos.
No que concerne à Ajuda nos cuidados, esta correlaciona-se de forma positiva, fraca e JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 63 Tabela 3 – Correlação linear de Pearson entre a idade dos AC (N=150) e dos netos com as dimensões do Questionário Avós/Avôs Cuidadores. Idade
Avós/Avôs Cuidadores
Avós
Tarefas de Cuidados Cuidados Básicos Cuidados Instrumentais Apoio Estudo Atividades Ócio Dimens ões do Disciplina Questi Comportamentos problemáticos do Neto onário Ajuda nos cuidados Avós/ Avôs Sentimento de responsabilidade Cuidad Relacionamento com Pais do Neto ores Satisfação com os cuidados Dificuldades nos cuidados Funcionamento familiar Problemas de Saúde Problemas emocionais
-.335*** -.354*** .027 -.016 -.088 -.018 -.146 -.052 .149 -.045 -.063 -.160 -.101 -.086
Netos -.274** -.003 .452*** .012 .089 -.052 .003 .043 .020 -.204* .097 -.215** .018 .072
* p<0.05, ** p<0.01, *** p<0.001
A análise da Tabela 3 permite-nos constatar que
Cuidados (r=-.204; p=.012), e diminuição do
são poucas as dimensões que apresentam
Funcionamento Familiar
correlações estatisticamente significativas entre
Por sua vez, o aumento da idade dos netos,
as várias dimensões do questionário, e a idade
revela uma correlação positiva, fraca e
dos AC e respetivos netos.
significativa com o Apoio ao Estudo
(r=-.215; p=.008).
(r=.
452; p<.001). Verificam-se correlações negativas, fracas e estatisticamente significativas com a idade dos
Estudo comparativo entre os AC e ANC no
AC ao nível dos Cuidados Básicos (r=-.335; p<.
que concerne aos resultados obtidos no
001), Cuidados Instrumentais (r=-.354; p<.001).
WHODOL-Bref
Com o aumento da idade dos AC, há uma diminuição destes cuidados por parte dos avós.
Na caraterização da QV dos grupos, AC e ANC
Analogamente, o mesmo é corroborado em
(Tabela 4), os resultados encontrados revelam
relação à idade dos netos ao nível dos Cuidados
diferenças estatisticamente significativas entre
Básicos pela sua diminuição (r=-.274; p=.001),
ambos os grupos.
paralelamente à diminuição da Satisfação nos Tabela 4- Teste t Student para amostras independentes, AC e ANC, relativamente ao WHOQOL – Bref e respetivas dimensões. WHOQOL - Bref QV Total Relações Sociais D i m Psicológica ens ões Física
Meio Ambiente
Tipo de Avó/Avô AC, N= 150 ANC, N= 150 M (DP) M (DP) 89.05 (10.50) 84.03 (14.80) 58.56 (19.64) 49.28 (22.31)
t (298)
P
3.39 3.82
** ***
60.33 (9.93)
57.39 (12,35)
2.28
*
66.33 (13.96)
60.45 (17.07)
3.27
**
56.13 (11.52)
52.35 (14.45)
2.50
*
* p<0.05, ** p<0.01, *** p<0.001 JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 64
Ao nível da escala de QV Total, os resultados
Relativamente ás Tarefas de Cuidados, levadas
médios da escala revelam que os AC (M= 89.05;
a cabo pelos AC aos seus netos, constatamos
DP= 10.50) apresentam uma QV Total superior,
correlações positivas, fracas e estatísticamente
aos ANC ANC (M= 84.03; DP= 14.80), sendo
significativas entre o Apoio ao Estudo ao nível
estas diferenças estatisticamente significativas (t
da QV Total (r=.243; p=.003), bem como nas
(298)=3.39, p=.001). O mesmo se verifica
dimensões: Ambiente
relativamente às diferentes dimensões da QV:
Psicológica (r=.222; p=.006) e Relações Sociais
Relações Sociais (AC M= 58.56; DP=19.64;
(r=.172; p=.035). As Atividades de Ócio, também
ANC M= 49.28; DP= 22.31); Psicológica (AC M=
se correlacionam de forma fraca a moderada,
60.33; DP= 9.98; ANC M= 57.39; DP=12.35);
positiva e estatísticamente significativa com a
Física (AC M= 66.33; DP= 13.96; ANC M=
QV Total (r=.466; p<.001); dimensão Física (r=.
60.45; DP=17.07); e Meio Ambiente (AC M=
236; p=.004), Psicológica (r=.312; p<.001); e
56.13; DP= 11.52; ANC M= 52.35; DP=14.45). À
nas Relações Sociais (r=.395; p<.001).
semelhança da QV Total,também todas as
Destacando-se ainda, uma correlação positiva e
dimensões apresentam diferenças
moderada na dimensão Meio Ambiente (r =.526,
estatísticamente significativas: Relações Sociais
p<.001).
(t (298)=3.82, p<.001); Psicológica (t
O Relacionamento com os pais dos netos,
(298)=2.28, p=.024); Física (t (298)= 3.27, p=.
revelam uma correlação positiva, fraca e
001); e Meio Ambiente (t (298)=2.50, p=.013)
significativa com a QV Total (r=.165; p=.044), e
A Tabela 5, apresenta-nos os resultados obtidos
na dimensão Física (r=.244; p<.001). Quanto
no estudo correlacional, entre as dimensões dos
melhor tende a ser o relacionamento com os
cuidados prestados (avós/avôs cuidadores) e a
pais dos netos, melhor tende a ser a QV dos
qualidade de vida (Whoqol-Bref) dos AC.
AC.
(r=.289; p<.000),
Tabela 5- Estudo Correlacional de Pearson, entre as dimensões do Questionário Avós/Avôs Cuidadores e a escala WHOQOL – Bref, no grupo AC.
Total
WHOQOL – Bref Dimensões Amb. Física Psic.
Social
.040 .066 .243** .466*** .037 -.087 .019 .051 .165* .427*** -.476*** .360*** -.329*** -.377***
-.043 .026 .289*** .526*** .066 -.073 -.013 .056 .049 .392*** -.357*** .327*** -.099 -.193*
.072 .046 .172* .395*** .175* .014 .006 -.023 .040 .502*** -.403*** .405** .142 -.197*
Avós/Avôs Cuidadores Tarefas de Cuidados: Cuidados Básicos Dim Cuidados Instrumentais ens Apoio Estudo ões Atividades Ócio Que stio Disciplina
nári Comportamento problemático do Neto o Ajuda nos cuidados Avô s/ Sentimento de Responsabilidade Avó Relacionamento com Pais do Neto s Satisfação com os cuidados Cuid Dificuldades nos cuidados ador Funcionamento familiar es Problemas de Saúde Problemas emocionais
.040 .096 .106 .236** -.094 -.075 -.012 .058 .244** .193* -.326*** .237** -.502*** -.405***
.079 .030 .222*** .312*** .052 -.093 .101 .039 .122 .342*** -.460*** .196* -.183* -.336***
* p<0.05, ** p<0.01, *** p<0.001
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 65
Na Satisfação decorrente dos cuidados
018), Física (r=-.405; p<.001), Psicológica (r=-.
prestados, está patente uma correlação positiva,
336; p<.001) e Relações Sociais (r=-.197; p=.
fraca igualmente significativa ao nível global, QV
016). A QV tende a aumentar face à diminuição
Total (r=.427; p<.001), e na dimensão Física (r=.
dos problemas emocionais.
342; p<.001) e Meio Ambiente (r=.392; p<.001). Destacando-se uma correlação positiva e
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
moderada na dimensão das Relações Sociais
O objetivo do presente estudo, incidiu, na
(r=.502; p<.001).
compreensão das atribuições e frequências dos
Quanto às Dificuldades inerentes, depara-se
cuidados prestados aos netos, sentimentos e
com diferenças significativas nos cuidados
perceções (satisfação e dificuldades) inerentes
prestados aos netos. Pois evidencia-se uma
à prestação de cuidados, no sentido de
correlação negativa e fraca na QV Total (r=-.476;
perceber o impacto que os mesmos têm na QV
p<.001), e respetivas dimensões: Meio
dos AC. Neste contexto, realizou-se uma análise
Ambiente (r=-.357; p<.001), Física (r=-.326; p<.
comparativa com um grupo de ANC, ao nível da
001), Psicológica (r=-.460; p<.001) e Relações
QV.
Sociais (r=-.403; p<.001), igualmente
De acordo com Araújo e Dias (2002), as
significativas. O registo torna evidente que
atividades realizadas entre avós e netos,
quanto menor são as dificuldades nos cuidados,
depende de um conjunto de variáveis, das quais
maior tende a ser a QV dos AC.
se destaca a idade e género dos avós e netos, a
Ao nível do Funcionamento Familiar, verificamos
linhagem familiar, a situação profissional e as
uma correlação positiva, fraca e significativa, de
relações familiares.
forma análoga em toda a escala, ao nível global
Iniciemos a discussão, caraterizando
QV Total (r=.360; p<.001), ambiente (r=.327; p<.
sumariamente os AC, comparativamente aos
001), física (r=.237; p<.001), psicológica (r=.196;
ANC. Trata-se de uma população relativamente
p=.016) e social (r=.405; p<.001), sendo todas
jovem tendo em consideração a esperança
significativas.
média de vida atual; feminina; instruída, sendo
Relativamente aos Problemas de Saúde, a
ínfimos os casos de analfabetismo. Vários
tendência revela uma correlação negativa, fraca
possuem inclusive o grau de licenciatura. Para
e significativa, relativamente à QV Total (r=-.329;
além disso, os rendimentos médios auferidos
p<.001),
e nível Físico (r=-.502; p<.001). De
indicam-nos uma situação económica razoável,
forma negativa e moderada ao nível Psicológico
o que por sua vez poderá eventualmente
(r=-.183; p=.025). Quanto menores os
justificar o nível de inatividade profissional, o
problemas de saúde, maior tende a ser a QV
que lhes permite uma maior disponibilidade
dos AC.
efetiva para se dedicarem à prestação de
Por sua vez, ao nível de Problemas Emocionais
cuidados. Aliás parece-nos ser a situação
vivenciados pelos AC, sobressai uma correlação
profissional o grande motivador da prestação de
negativa, fraca e significativa, face à QV Total
cuidados aos netos, advinda da disponibilidade
(r=-.377; p<.001), e respetivas dimensões
dos avós e da indisponibilidade parental
associadas: Meio Ambiente
motivada pelas questões laborais,
(r=-.193; p=.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 66
transformando os avós num recurso
De acordo com o estudo desenvolvido por
imprescindível na conciliação da vida familiar e
Triadó, Villar, Solé, Osuna e Celdrán (2006), à
profissional (Pérez, 2004; Miguel et al, 2012).
medida que ambos avançam na idade, diminui o
A sobre saliência da linhagem materna na nossa
nível de prestação de cuidados. Por
amostra, comparativamente à paterna, vai de
conseguinte, a disparidade de faixas etárias dos
encontro à literatura (e.g. Triadó & Villar, 2005),
netos da nossa amostra (1 aos 13 anos),
que revela uma tendência preferencial
justifica a variabilidade de ações de cuidado
direcionada para os avós maternos (Castañeda,
levada a cabo pelos avós, dos quais se
Sánchez, Sánchez & Blanc, 2004), motivado
destacam ao nível dos cuidados básicos “dar de
pela existência de um laço privilegiado entre
comer”; dos cuidados instrumentais “preparar a
mãe e filha, facilitando o relacionamento dos
comida” e “vigiá-lo”; no apoio ao estudo o
netos com os avós maternos (Gauthier, 2002).
“controlo dos TPC”; nas atividades de ócio, o
Dias e Silva (2003), referem que as avós
“passear” e “ver TV”, e na disciplina, ações
maternas são consideradas como figuras mais
muito mais positivas (e.g. elogios e
importantes e menos distantes que as avós
recompensas), comparativamente às coercivas,
paternas. Para além disso, os avós maternos
sendo típico nos avós. Recorde-se que a
parecem mais envolvidos na educação dos
isenção de responsabilidades parentais
netos quando comparados com os avós
(Ferland, 2006), lhes permite assumir uma
paternos (Van Rast, Verscueren & Marcoen,
postura mais descontraída e prazerosa para
1995), o que explica a intervenção dos AC nas
com os netos, o que por sua vez se verifica nos
várias esferas da vida dos netos, desde os
elevados níveis de satisfação decorrente dos
cuidados básicos, e instrumentais, ao apoio ao
cuidados prestados e do funcionamento familiar.
estudo e mesmo ao nível da disciplina.
O baixo nível de comportamentos problemáticos
É claro que a qualidade da relação estabelecida
por parte dos netos, também contribuirá para
entre os avós e os pais (geração intermédia),
esta satisfação, assim como, os níveis baixos de
influiu nos resultados obtidos, tendo em
dificuldades associados á prestação de
consideração que os mesmos funcionam como
cuidados, evidenciados no estudo correlacional
mediadores do contato nesta relação entre avós
entre as várias dimensões avaliadas.
e netos (RAN), podendo inibi-la ou facilita-la
O estudo correlacional entre as dimensões do
(Goodman, 2007), uma vez que, a qualidade da
questionário “Avós/avôs Cuidadores”, e a idade
RAN está associada às relações bem sucedidas
dos netos e dos avós, demonstra-nos que á
com a geração intermédia (Stella, 2010), o que
medida que aumenta a idade dos avós, diminui
se verifica na nossa amostra.
a prestação de cuidados básicos e
A idade dos avós e dos netos influenciam os
instrumentais. Estes resultados vão de encontro
níveis de cuidados, tendo em consideração que
á literatura, que nos refere que os avós mais
a mesma determina a capacidade dos primeiros
novos apresentam uma maior proximidade
em prestar cuidados, e as necessidades de
emocional, aumentando a probabilidade de
cuidados dos segundos, em consonância com a
serem mais ativos e comprometidos na relação
fase de desenvolvimento em que se encontram.
(Triadó, 2000). No que concerne á idade dos
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 67
netos, verificam-se correlações estatisticamente
Meio Ambiente, Psicológica e Relações sociais,
significativas e negativas com os cuidados
provavelmente motivado pelo aumento do
básicos, satisfação para com os cuidados e
sentimento de auto-eficácia.
funcionamento familiar, sendo perfeitamente
O mesmo se verifica com as atividades de ócio,
compreensível, tendo em consideração que a
correlacionando-se de forma positiva,
relação avós netos assume contornos diferentes
estatisticamente significativa com todas as
consoante as necessidades desenvolvimentais
dimensões da QV. Este efeito positivo,
destes (Silverstein e Marenco, 2001). Os netos
provavelmente advém do facto de as mesmas
pré adolescentes parecem ser mais fáceis de
constituírem um meio privilegiado de contacto
cuidar e de conviver com os avós, enquanto
com os netos, consolidando os laços de
que, os netos mais velhos tendem a
afetividade. Para além disso, permite-lhes
desenvolver outros laços, nomeadamente com
simultaneamente dissipar sentimentos de
os seus grupos de pares (Bales, 2002). Note-se
solidão frequentemente associados á terceira
que, á medida que a idade avança, os avós
idade (Emick & Hayslip, 1999 cit in Veleda,
passam a ser percepcionados como distantes e
Neves, Baisch, Vaz, Santos, & Soares, 2006).
menos como guardiões, guias familiares e
A satisfação para com os cuidados, assim como,
mediadores de conflitos (Triadó, Martinez &
o bom funcionamento familiar, também se
Villar, 2000).
correlacionam de forma positiva e
No que concerne á QV, verifica-se que os AC
estatisticamente significativa com todas as
apresentam níveis mais elevados e
dimensões da QV. Tal seria de esperar, tendo
estatisticamente significativos de QV Total e em
em consideração o elevado nível de satisfação
todas as suas dimensões (Física, Psicológica,
com os cuidados; a qualidade da relação entre
Relações Sociais e Meio Ambiente),
os avós e a geração intermédia, permitindo-lhes
comparativamente aos ANC. Tendo em conta
desempenhar um papel ativo na vida dos netos;
estes resultados, podemos considerar que a
o baixo nível de dificuldades na prestação de
prestação de cuidados a netos promove a
cuidados, assim como, uma valorização positiva
qualidade de vida dos avós. Tais ilações são
do seu estado de saúde em geral (físico e
suportadas pelo elevado número de correlações
psicológico). Estes resultados, explicam
estatisticamente significativas entre as várias
inclusive a existência de correlações negativas e
dimensões da QV e do questionário “Avós
estatisticamente significativas entre algumas
cuidadores”.
dimensões da QV e as dificuldades nos
Uma análise detalhada das mesmas,
cuidados; problemas de saúde; e problemas
demonstra-nos que o apoio ao estudo promove
emocionais.
a QV Total, permitindo aos avós contribuir para o desempenho escolar e formação do carácter
CONCLUSÕES
da criança, bem como, com o seu
A prestação de cuidados a netos parece
desenvolvimento pessoal (Harwood, Hewstone,
desempenhar um papel positivo na QV dos avós
& Raman, 2006). Aliás, o apoio ao estudo
cuidadores, proporciona-lhes um sentimento de
também surge como promotor das dimensões
utilidade e continuidade.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 68
Bibliografia
Castro, O., & Ruschel, A. (1998). O vínculo intergeracional: o velho, o jovem e o poder.
Almeida, A. (2008). Relações intergeracionais:
Retrivied February, 8, 2013, from http://
A relação avós netos e crenças acerca dos
redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/
adolescentes. A perspectiva dos avós.
188/18811311.pdf
Dissertação de mestrado. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da
Colarusso, C.A. (1990). The Third Individuation.
Universidade do Porto.
The effect of biological –parenthood on separation-individuation Processes in Adulthood.
Araújo, M., & Dias, C. (2002). Papel dos avós:
Psychoanalityc Study of the Child, 45,179-194.
apoio oferecido aos netos antes e após situações de separação/divórcio dos pais.
Creasey, G. L., & Koblewski, P. (1991)
Estudos de Psicologia, 7(4), 91-101.
Adolescent Grandchildren´s relationships with maternal and paternal grandmothers and
Bales, S. (2002). The relation between the
grandfather. Journal of Adolescence, 14,
grandparent-grandchild bond and children views
373-387.
of them selves and grandparents. Dissertação de Doutoramento: Indiana University.
Dias, C., & Silva, C. (1999). Avós e avôs: percepção do papel. Revista Symposium – Nova
Barranti, C. (1985). The grandparent grandchild
Fase, 51-67.
relationship: family resource in an era of voluntary bonds. Family Relations, 34, 343-352.
Dias, C.M.S.B., Hora, F.F.A., & Aguiar, A.G.S.,
Barros, M. L. (1987). Autoridade e Afeto: avós,
(2010). Jovens criados por avós e por um ou
filhos e netos na família brasileira. Rio de
ambos os pais. Psicologia- Teoria e Prática, 12
Janeiro: Jorge Zahar Editor.
(2), 188-199.
Castañeda, P., Sánchez, D., Sánchez, A., &
Dias, C. M. S. B.; Costa, J. M.; & Rangel, V. A.
Blanc, S. (2004). Cómo perciben los nietos
(2005). Avós que criam seus netos:
adultos las relacines com sus abuelos. Annuario
circunstâncias e consequências. In Feres
de Psicologia, 35(1), 107-123.
Carneiro, T. (Org.). Família e casal: efeitos da contemporaneidade. Rio de Janeiro: PUC Rio,
Castiello, M. S., Villarejo, P.C., & Truchado, E.B.
158-176.
(2007). Las personas mayores y las situaciones de dependência. Revista de Ministerio de
Dias, C. M., & Silva, M.A. (2003). Os avós na
Trabajo e Inmigración, 70, 13-43.
perspectiva de jovens universitários. Psicologia em estudo, 8, 55-62.
Castro, O. P. (1998). Velhice que idade é esta? Uma construção psicossocial do
Direcção-Geral da Saúde (2006). Programa
envelhecimento. Porto Alegre: Síntese
Nacional para a Saúde das pessoas Idosas.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 69
Retrivied February, 3, 2013, from http://
Mendes, M. G., & Alves, J. F. (2004). Percepção
www.dgs.pt/.
de auto-eficácia na influência sobre os adolescentes: o ponto de vista dos avós. Kairós
Ferland, F. (2006). Os avós nos dias de hoje:
Gerontologia, 7 (2), 83-94.
Prazeres e armadilhas. Lisboa. Climepsi Editores.
Miguel, J., Palomares, J., & Blanco, F. ( 2012). Abuelas cuidadoras en el siglo XXI: recurso de
Falcão, D.V.S & Salomão, N. M. R. (2005). O
conciliación de la vida social y familiar.
papel dos avós na maternidade adolescente.
Portularia, XII Extra, 231-238.
Estudos de Psicologia, Campinas, 22 (2), 205-212.
Neugarten, B., & Weinstein, K. (1964). The champing American grandparent. Journal of
Gauthier, A. (2002). The role of grandparents.
Marriage and the Family, 26, 199-204.
Current Sociology, 50 (2), 295-307. Osuna, M. J. (2006). Relaciones familiares em la Goodman, C.C. (2007). Family Dynamics in
vejez: vínculos de los abuelos y de las abuelas
Three-Generation Grand families. Journal of
com sus nietos y nietas en la infancia. Revista
Family Issues, 28, 355-379.
Multidisciplinar Gerontologia, 16 (1), 16-25.
Gratton, B., & Haber, C. (1996). Three phases in
Pérez, L. ( 2004). Envejecer en femenino.
the history os American grandparents: Authority,
Boletín n. 9, Perfiles y Tendencias del
burden, companion. In Szinovacs (Ed.)
Observatorio de Personas Mayores. Madrid:
Handbook of Grandparenthood. London:
Imerso.
Greenwood Press. Pinazo, S. (1999). Influencia de los abuelos em Gomes, J. V. (1994). Socialização primária:
la socializacion familiar de los nietos. Revision
tarefa familiar? Cadernos de Pesquisa, 91,
de la literatura científica. Revista Espanhola de
54-61.
Geriatria e Gerontologia, 34 (4), 231-236.
Harwood, J., Hewstone, M., & Raman, P. (2006).
Rozario, P., Morrow-Howell, N. & , Hinterlong, J.
The family and Communication Dynamics of
(2004). Role Enhancement or Role Strain:
Group Salience. The Journal of Family
Assessing the Impact f the Multiple Productive
Communication, 6, 181-200.
Roles on Older Caregiver Wellbeing. Research on Aging, 26 (4), 413-428.
Hamm, B., & Millam, A. (2003). Across the generations: grandparents and grandchildren.
Sampaio, D. (2008). A razão dos Avós. Lisboa:
Canadian Social Trends. Statistics Canada, 11,
Editorial Caminho.
2-7.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 70
Silverstein, M., & Marenco, A. (2001). How
Triadó, C. (2005). Las abuelas y los abuelos
American enact the grandparent role across the
cuidadores: tareas de cuidado, necesidades y
family life course. Journal of family issues, 22,
consecuencias para la salud y el bienestar
493-522.
psicológico. Memoria Científico-técnica Del proyeto. Espanha: Madrid,
Smith, P.K. (1995). Handbook of Parenting, 89-112. New Jersey: Lawrence Erlbaum
Triadó, C., Celdrán, M., Montoro, J., Pinazo, S.,
Associates.
& Villar, F. (2008). Envejecimiento productivo: la provisión de cuidados de los abuelos a los
Smith, P. (1991). Introduction: The Study of
nietos. Implicaciones para su salud y bienestar.
grandparenthood. In P. K. Smith (Ed.), The
Imserso
Psychology of Grandparenthood: international perspective, 1-14. London: Routledge.
Triadó, C., Martinez, G., & Villar, F (2000). El rol y la importância de los abuelos para sus nietos
Stella, A. (2010). Avós e netos: relações
adolescentes. Anuario de Psicologia,
intergeracionais: a matriliniaridade dos afectos.
31,107-118.
Lisboa: Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Triadó, C., Villar, F., Solé, C., Osuna, M. J., & Celdrán, M. (2006). Percepciones cruzadas
Szinovacz, M. E. (1998). Handbook of
entre abuelos y nietos en uma muestra de
grandparenthood. Westport: Greenwood Press.
díadas: una aproximación cualitativa. Revista
Tinsley, B.J., & Parke, R.D. (1987).
Española de Geriatría y Gerontología, 41(2), 99-110.
Grandparents as interactive and social support agents for families with young infants.
Van Rast, N., Verscueren, K., & Marcoen, A.
International Journal of Aging and Human
(1995). The meaning of grandparents as viewed
Development, 25, (4), 259-277.
by adolescent grandchild: Empirical study in Belgium. International Journal of Aging and
Tomlin, A.M. (1998). Grandparents influences on
Human Development, 41, 311-324
grandchildren. In M. E. Szinovacz (Ed.), Handbook of grandparenthood. Westport:
Vaz Serra, A., Canavarro, M.C., Simões, M.R.,
Greenwood Press.
Pereira, M., Gameiro, S., Quartilho, M.J. (2006). Estudo psicométricos do instrumento de
Triadó, C. (2000). El rol de abuelo: como
avaliação da qualidade de vida da Organização
percieben los abuelos las relaciones com sus
Mundial de Saúde (WHOQOL-100) para
nietos. Revista Española de Geriatria Y
português de Portugal. Psiquiatria Clínica, 27 (1)
Gerontologia, 55, (S2).
41-49.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3
Página 71
Veleda, A., Neves, F., Baisch, A., Vaz, M., Santos, S. & Soares, M.(2006). Os significados e contribuições da convivência entre avós e netos para o desenvolvimento da criança. Psychologica, 43, 24-40.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 3