5 o que falta aos idosos

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Nogueira, A., Azeredo, Z. (2017) What is lacking for the elderly in today’s society?, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 43 - 52

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

O que falta aos idosos na sociedade atual? What is lacking for the elderly in today's society? Lo que falta para las personas mayores en la sociedad actual?

Autores Assunção Nogueira 1 , Zaida Azeredo 2 1

Escola Superior de Saúde Vale do Sousa, IPSN, IINFACTS, CESPU, PhD 2 RECI, Instituto Piaget, PhD

Corresponding Author: assuncaonog@gmail.com

Resumo Com este estudo pretendemos conhecer as necessidades do idoso no contexto da sua vivência, na opinião dos cidadãos. Pretendeu-se identificar inexistências de recursos na sociedade para o seu bem estar. Da análise de conteúdo, podemos constatar que as necessidades dos idosos são múltiplas: de acessibilidade aos cuidados e serviços de saúde, falta de apoios sociais, inexistência de equipamentos na comunidade, habitação desadequada, recursos económicos escassos, levam a que este grupo seja descriminado /isolado da sociedade culminando, no próprio, com sentimentos de solidão. Todas estas necessidades requerem uma atenção particular e exigem medidas políticas não só para aquisição de equipamentos e serviços na comunidade, mas também de educação para a saúde e cidadania, desde muito cedo, com participação ativa dos idosos na vida em sociedade. Palavras chave: Envelhecimento, qualidade de vida, educação. Resumen Con este estudio se pretende conocer las necesidades de las personas mayores en el contexto de su experiencia, en la opinión de los ciudadanos. Se tenía la intención de identificar los recursos inexistências en la sociedad por su bienestar. El análisis de contenido, podemos ver que las necesidades de los ancianos son múltiples: la accesibilidad a la atención y servicios de salud, la falta de apoyo social, la falta de equipo en la comunidad, la vivienda inadecuada, los escasos recursos económicos, significan que este grupo se discrimina / aislado de la sociedad culmina en sí mismo, con la sensación de soledad.Todas estas necesidades requieren una atención especial y requieren medidas de política no sólo para la compra de equipos y servicios en la comunidad, sino también la educación sanitaria y la ciudadanía, desde una edad temprana, con la participación activa de las personas mayores en la sociedad. Palabras clave: envejecimiento, calidad de vida, de educación. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Introdução

incapacidades a vários níveis e que acarretam

O envelhecimento demográfico é algo ímpar na

muitos gastos para a economia do país. Os

Humanidade e tem sido um tema que tem

documentos

preocupado

sociedade.

demonstram uma contínua preocupação face ao

Ninguém tem dúvidas de que o período que

aumento exponencial da população idosa e aos

atravessamos é histórico pelas transformações

impactos que imprimem nos territórios sociais,

sociodemográficas que assistimos. A população

referindo-se

está a envelhecer e vai continuar a envelhecer

problema.

rapidamente, nas próximas décadas. Os países

Ao considerar-se um problema social, a velhice,

do sul da Europa, nos quais se incluem Portugal

passou também a ser um foco de interesse e a

e Espanha, estão a sofrer um envelhecimento

mobilizar gente e meios para este grupo. Os

mais acelerado do que outros países da

investigadores passaram a ter uma atenção

Comunidade Europeia, o que dificulta uma

especial com o fenómeno do envelhecimento e

adaptação da sociedade a uma percentagem

com os idosos, afim de encontrarem soluções

elevada e em crescendo de idosos e a uma nova

para os seus problemas. O envelhecimento da

imagem social por estes desejada e que também

população marca o contexto atual nos variados

é real.

domínios da sociedade contemporânea, impondo

Alexandre Kalache, médico Brasileiro, diz que

repensar conceitos, práticas e visões pessoais e

estamos em plena “revolução da longevidade”,

sociais (Barbosa, C. s/d). Para que se possam

pelo que é urgente encontrar soluções das

tomar medidas políticas e sociais torna-se

diferentes instituições sociais e politicas para

importante conhecer a opinião da própria

responder de forma ajustada às necessidades e

população.

interesses das pessoas idosas.

Assim, propusemo-nos realizar um estudo afim

Se por um lado é gratificante verificarmos que as

de conhecer a opinião da população sobre o que

melhores condições de vida, o apoio na saúde, o

falta ao idoso tendo em atenção o seu bem-estar.

vários

desenvolvimento

setores

cientifico

da

e

oficiais

ao

e

alguns

envelhecimento

autores

como

um

tecnológico,

trouxeram mais anos de vida às pessoas, por

Metodologia

outro, infelizmente, o aumento da longevidade,

Realizamos um estudo exploratório, com uma

não vem acompanhado de ações públicas e

amostra intencional a 121 pessoas, com idades

politicas que assegurem melhor qualidade de

compreendidas entre os 13 e os 86 anos (média

vida, no futuro, às pessoas mais idosas (Walker,

41,42 anos; desvio padrão de 22,405). Era nosso

2002).

interesse perceber o que pensam as pessoas

No mundo ocidental, onde nos situamos, ainda

sobre o que falta aos idosos para obterem bem-

são valorizadas a otimização da economia e da

estar. Os indivíduos foram abordados em

produtividade, remetendo para um segundo

diferentes ruas de Famalicão, cidade suburbana,

plano os idosos por serem considerados um

do distrito do Porto, Portugal, na primeira semana

grupo

de Dezembro de 2016.

vulnerável,

não

produtivo,

com

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Utilizamos

um

questionário

de

1.Serviços sociais e de saúde

autopreenchimento, dividido em duas partes, na

No parecer dos indivíduos, os recursos de saúde,

primeira constituído por questões abertas, que

são escassos constituindo para muitos idosos um

nos permitiu caracterizar os informantes sócio

problema por acarretarem custos para o mesmo,

demograficamente (idade, sexo, estado civil,

pois têm de percorrer longas distancias para

escolaridade e profissão) e na segunda parte do

acederem aos cuidados médicos e só recorrem a

questionário constituído por questões abertas

estes quando se sentem doentes. No estudo

sobre a opinião do local de residência se tem

realizado por Louvison (2008) este verificou que

condições para garantir o bem estar aos idosos e

a maioria dos idosos estudados apresentam altas

dar resposta às suas necessidades.

taxas de utilização de serviços de saúde, mas os

Os dados foram tratados recorrendo-se à técnica

que menos os utilizam, indicam como razões: a

da análise de conteúdo, de onde emergiram

distância a percorrer, os custos e questões

classes categoriais, construídas à priori e à

relacionadas com a gravidade da doença.

posteriori, que dessem resposta ao propósito do

Para os idosos a necessitarem de algum tipo de

nosso trabalho. Analisamos individualmente as

apoio os informantes referiram que os apoios

respostas de cada questão extraindo unidades

socias são inexistentes ou insuficientes para este

de registo elucidativas das classes categoriais

grupo etário dadas as muitas necessidades que

(Bogdan & Biklen, 1994). Antes de acederem ao

têm.

estudo os participantes foram informados e

vestuário, higiene pessoal, asseio da residência

esclarecidos do propósito do mesmo, garantindo-

para além de companhia, foram algumas razões

lhes também o anonimato e a confidencialidade

apontadas. Este

dos dados. Os indivíduos participaram de forma

referido para idosos que já têm algum tipo de

voluntária e esclarecida. Deste modo, honramos

incapacidade ou são dependentes de terceiros

e

para a realização dos seus autocuidados. Este

respeitamos

todos

os

princípios

éticos

inerentes a este tipo de pesquisa. Resultados

Apoio

na

preparação

de

refeições,

apoio social é sobretudo

tipo de apoio pode ser formal, (quando prestados por profissionais de saúde e/ou sociais inseridos numa rede de serviços, estatais ou privados/ de

Das 121 pessoas inquiridas 60,3% eram do sexo

solidariedade social) ou informal quando a ajuda

feminino e 39,7% do sexo masculino A média de

é obtida a partir de familiares vizinhos ou amigos.

idades foi de 41,4 anos. 31,4% possuía o ensino primário ou não tinha escolaridade; 51,2%

2.Equipamentos na comunidade

possuía o ensino secundário e 17,4% o ensino

Embora

superior.

comunidade dirigidos a idosos, nomeadamente

As respostas obtidas, depois de analisados os dados, incidiram sobre os seguintes problemas a que urge dar solução:

lares,

existam centros

muitos de

dia

equipamentos ou

de

na

convívio,

proporcionados por instituições particulares de solidariedade social e outras organizações privadas apoiadas (ou não) financeiramente pelo Estado, eles continuam a ser insuficientes para

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Estado, eles continuam a ser insuficientes para

O mesmo estudo diz que as condições em que

darem resposta à população idosa existente. Há

se encontram os passeios têm um impacto

locais na periferia de Famalicão que não dispõe

evidente sobre a possibilidade de as pessoas

de quaisquer equipamentos. Por outro lado, foi

andarem na sua zona de residência. Assim,

referido pelos informantes que os existentes

passeios estreitos, desnivelados, rachados, com

apoiam-se num modelo de intervenção que é o

bermas altas, congestionados ou com obstáculos

mesmo de há muitos anos, o que leva a que os

representam perigos potenciais e afetam a

idosos não os queiram frequentar pois não

capacidade dos idosos para se movimentarem.

correspondem ao que pretendem em relação às

Em muitas cidades, são mencionadas as

atividades de que dispõem. Por outro lado estes

barreiras

representam para muitos idosos como o “estar

desencorajar os idosos de saírem de casa (OMS,

acabado” e “esperar a morte” existindo relutância

2007).

ao

acesso

físico,

que

podem

em frequentá-los. A criação de atividades de entretenimento, quer

3.Habitação do idoso inadequada

nas instituições quer na própria comunidade,

Foram poucas as pessoas que se referiram à

dirigidas a idosos foram algumas sugestões

habitação do idoso, mas os que se pronunciaram

fornecidas. Também foi referida a necessidade

sobre esta referiram que as habitações dos

de mais espaços verdes (parques e jardins)

idosos são no geral degradadas e sem condições

acessíveis a este grupo, assim como passeios

para uma pessoa viver com dignidade. As

que acompanhem as ruas e rampas e/ou

escadas de acesso à habitação em edifícios ou

elevadores nos serviços públicos.

em casas, condições sanitárias degradadas, por

“Envelhecer em casa” será para muitos idosos a

serem casas antigas e sem manutenção,

sua, quase única opção, pois existem inúmeras

compartimentos muito pequenos e casas de

barreiras no ambiente exterior e no acesso aos

banho sem condições, foram alguns dos aspetos

edifícios públicos.

apontados.

fundamental

Estes

sobre

a

têm um

impacto

mobilidade,

a

É na sua habitação que muitos idosos preferem

independência e a qualidade de vida dos mais

permanecer mesmo depois de ficarem sozinhos,

velhos. Num estudo realizado pela OMS (2007)

pois é aqui que encontram os seus objetos

em várias cidades do mundo concluiu-se que

particulares e as suas memórias pessoais

existem obstáculos que impedem que os idosos

(Nogueira, 2016). A habitação é fundamental

utilizem os espaços verdes. A existência de áreas

para a segurança e o bem-estar. Vários aspetos

em que as pessoas possam sentar-se é

do projeto de uma casa são considerados fatores

geralmente considerada pelos idosos uma

que determinam a possibilidade dos idosos

característica urbana necessária: para muitos

viverem em casa com conforto (OMS, 2012).

idosos. É difícil andar nas zonas onde vivem se

Podemos sublinhar que é importante para os

não houver locais onde possam descansar

idosos viverem em casas construídas com

(OMS, 2007).

materiais adequados e com: estruturas sólidas;

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superfícies planas; elevador, caso se trate de um

Pese embora estas constatações estatísticas,

edifício com vários andares; casa de banho e

existem evidências de que a estrutura e dinâmica

cozinha adequadas; espaço suficiente para

familiar

permitir a movimentação; passagens e portas

sociedade moderna. A mulher, com papel de

suficientemente largas para permitir a circulação

cuidadora na família tradicional, passou a

de uma cadeira de rodas; e equipada de modo a

trabalhar fora de casa, a mobilidade social e a

oferecer

educação muito díspar entre gerações (pais e

proteção

contra

as

condições

climatéricas (OMS, 2012).

tem

sofrido muitas

alterações

na

filhos), estabelece uma clivagem no seio familiar e fá-las desintegrarem-se; sucedendo de uma

4.Família

forma idêntica em relação à grande assimilação

Quando se referiram à família enquanto suporte

de novos valores, atitudes, condutas ligadas à

ao idoso, alguns informantes, relataram que

industrialização, à cidade e ao prestígio dos

estes são abandonados e têm falta de afeto dos

estranhos (Nogueira, 1996, cit Martins, 2005).

filhos existindo uma quebra de laços emocionais

Todas estas transformações levam a que a

ou então, estes negligenciam os cuidados aos

família não seja capaz de resolver os problemas

pais, que desta forma não são apoiados nas

que se colocam hoje aos idosos como satisfazer

AVD, “como eram os idosos de antigamente”,

as necessidades físicas (alimentação, habitação

quando o idoso tem necessidade desse apoio

e outros cuidados), psíquicas (como autoestima,

pelas várias incapacidades que foram surgindo.

comunicação e pertença a um grupo) (Martins

A família é a célula básica da sociedade e a ela

2005). Muitos idosos por não terem suporte

são atribuídas várias funções. Se corresponde ao

familiar estão confinados à institucionalização.

que a sociedade espera dela, cumprindo as suas

Também aqueles que são cuidados no seio

funções, diz-se que a família é funcional, se pelo

familiar, podem levar a um enorme desgaste

contrário não cumpre com os papeis que lhe são

físico e emocional do cuidador, repercutindo-se

destinados poderemos estar perante uma família

isto no bem-estar do idoso. Esta situação,

disfuncional mais ou menos grave (Azeredo &

depende do grau de incapacidade do idoso, do

Matos, 1998, cit Martins, 2005). Embora a família

tempo de prestação de cuidados, da preparação

continue a querer cuidar dos seus membros

do cuidador para desempenhar o papel e da

idosos e os idosos também prefiram ser cuidados

acumulação de funções. Este fenómeno é

por eles (Nogueira & Azeredo, 2016) nem sempre

comumente

hoje é possível tal situação, necessitando, por

cuidador familiar (Nogueira & Azeredo, 2016).

designado

por

sobrecarga

do

vezes de ser complementados por instituições estatais ou privadas. No entanto, as estatísticas

5.Ageismo

demonstram que os idosos que necessitam de

O ageismo (também chamado idadismo)

cuidados são, na maioria, cuidados pelos seus

refere-se essencialmente às atitudes que os

familiares (Paúl & Fonseca, 2005).

indivíduos

e

a

sociedade

têm

frequentemente com os demais em função JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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da idade (Goldani 2010). Utiliza-se este termo

solidão é sentimento subjetivo, relacionado com

para designar algumas formas de discriminação

a qualidade da interação social. Existem alguns

em relação aos idosos. Quando questionados

motivos para que este sentimento se instale no

sobre o que pensam do ageismo, a esmagadora

idoso: perda de papéis sociais, problemas de

maioria não sabe o significado do termo. Os

saúde, reforma, isolamento social, entre outros

respondentes referiram que “é triste pensar que

(Freitas, 2011). Nos nossos registos foram

alguém pode ter este tipo de atitude em relação

apontados como causas para a solidão nos

aos idosos, sendo que toda a gente vai

idosos e para o seu isolamento, o abandono dos

envelhecer” ou “uma falta de respeito pela

filhos, o estarem sós e isolados de tudo e de

experiencia que a idade traz e a forma como

todos (em zonas rurais), a falta de afeto e

pode ajudar a juventude” ou “são desprezados

compreensão, a pobreza, o já não poderem

depois de uma vida de trabalho” e ainda “a

trabalhar devido a terem problemas de saúde e

discriminação é um dos grandes problemas,

consequentemente a diminuição da mobilidade.

cada vez mais os idosos estão a ser alvo de

Onde existe falta de comunicação, participação

descriminação”. Palavras como o falta de

social ativa e afetiva pode existir o sentimento de

respeito,

foram

solidão. Julgo que os informantes associam a

registadas pelos inquiridos. As conceções de

solidão a estas perdas de que o idoso está

velhice nada mais são do que resultado de uma

sujeito.

construção social e temporal feita no seio de uma

A solidão surge não só em idosos que estão sós

sociedade com valores e princípios próprios

e isolados mas também no seio das famílias e

(Schneider & Irigaray, 2008). A nossa sociedade

nas instituições (Freitas, 2011), pela diminuição

nega, aos velhos, o seu valor e importância

da sua auto estima, pela redução de contatos

social. Vivemos numa sociedade de consumo

sociais e afetivos, provocando no idoso um

onde a produtividade, o belo e o novo são

enorme sofrimento. Este é considerado como

valorizados. Nesta realidade os idosos são

uma

descartáveis,

problemáticas a que se torna urgente responder

discriminação

passam

e

a

desprezo

ser

vistos

como

ultrapassados ou já fora de moda.

das

experiências

mais

penosas

e

(Azeredo & Afonso, 2016). O isolamento dos idosos foi um problema

6.Solidão e Isolamento do idoso

referenciado como associado a questões de falta

Os mais jovens e os adultos têm a perceção de

de afetos entre as diferentes gerações, a

que a solidão é um sentimento muito presente

dificuldades de acessibilidades e de recursos.

nos mais velhos. É muito comum fazer-se uma

Desta análise somos levados a referir que se por

associação direta entre a velhice e a solidão,

um lado, a falta de apoio familiar e social aos

visto que se considera normal a existência deste

idosos, a falta de apoios sociais às famílias

sentimento por parte do idoso.

cuidadoras, tendem para o isolamento, por outro

Embora isolamento e solidão não sejam

este isolamento também é devido às condições

sinónimos o isolamento pode levar à solidão. A

da habitação e acessibilidade ao exterior, que

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agregadas

ao

declínio

da

autonomia

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e


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agregadas

ao

declínio

da

autonomia

e

quando se refere que a segregação dos idosos é

mobilidade, contribuem ainda mais, para o

apenas uma questão doméstica.

agravamento do problema do isolamento e

Para

consequentemente para a solidão dos mais

informantes

idosos.

educação desde idades muito jovens, em que

reduzir

estes referem

conflitos ser

os

nossos

necessária

uma

exista mais diálogo e convívio intergeracional. 7.Conflitos intergeracionais

Segundo Lopes (2008, p.26) “o diálogo entre

Este tema, embora com algumas opiniões

gerações contribui para uma nova consciência

divergentes, foi o que mais suscitou o interesse

comunitária, na medida em que desenvolve as

dos participantes deste estudo. São atribuídas

relações interpessoais, quando entram em

como causas de conflitos entre as gerações mais

contacto com novas vivências de diversos modos

velhas e a mais novas: a falta de respeito,

de

paciência bem como a falta de tempo dos mais

intergeracionais renovam opiniões e visões

novos em querer entender e compreender os

acerca do mundo e das pessoas”. A Declaração

mais

intergeracionais

de Québec sobre a solidariedade intergeracional,

acompanham a história da humanidade. Numa

assinada em 1999, dá enfase à necessidade de

sociedade de evolução muito rápida estes

cultivar relações harmoniosas e produtivas entre

tornam-se mais evidentes porque os idosos,

as

apesar do seu esfoço, têm dificuldades em

humana, a paz e a justiça social (Declaração de

acompanhar e adaptar-se a essa evolução. Há

Quebéc, 1999, cit Teiga, 2012). A UNESCO, em

preconceito sobre o que o idoso ainda pode fazer

2000, defende a criação de programas para a

e pensar. Para um dos informantes : “acham que

inclusão

os idosos são inúteis e não se adaptam às novas

comunidade. Incentiva os estados a financiar

gerações”.

estes programas porque tanto trazem benefícios

As relações sociais são uma parte do bem-estar,

para os mais velhos como para os mais novos.

estimulando a mente e o pensamento, tendo, por

Para os idosos procuram minimizar as perdas do

isso,

múltiplos efeitos positivos na fase da

processo de envelhecimento, ao promover a

velhice. O ser humano é um Ser social com

inclusão e a sua valorização para além de

necessidade de manter e desenvolver relações

desenvolver

sociais. Embora não tenha sido referido que os

transmissão dos conhecimentos, habilidades e

conflitos intergeracionais ocorrem com maior

valores humanos a outras gerações. Para os

frequência no seio da família, parece-nos que é

mais novos procura-se promover interações

mesmo no seio da família que eles surgem mais

diferenciadas, promover aquisição de saberes

frequentemente, pois os nossos informantes

através da educação Informal transmitidas pelos

referiram-se inúmeras vezes aos filhos ou netos.

mais velhos, despertar nas crianças um novo

Esta ideia é corroborada por Deber (2001)

olhar sobre as questões do envelhecimento,

velhos.

Os

conflitos

pensar,

gerações,

agir

e

para

social

e

sentir.

As

favorecer

a

relações

dignidade

desenvolvimento

competências

ao

nível

da

da

estimular e recuperar brincadeiras e jogos JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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tradicionais, desenvolver nas crianças novas

apontadas na literatura como causa dos maus

aptidões e promover a educação ao longo da vida

tratos aos idosos.

(Teiga, 2012). Atividades intergeracionais são consideradas mais desejáveis que atividades

9. Status económico

voltadas

Essas

Nesta categoria encontramos registos como

oportunidades são propiciadas compartilhando-

“falta de recursos por falta de dinheiro”, ”baixas

se espaços e instalações.

reformas ou pensões para as necessidades” ou

apenas

para

idosos.

“pobreza” que nos indicam que os indivíduos 8.Maus tratos a idosos

inquiridos percecionam a população idosa com

Um dos problemas dos idosos identificados pelos

um status económico baixo e com dificuldades de

nossos informantes foram os maus tratos.

satisfazerem as suas necessidades diárias. O

Embora não se tivessem referido às várias

rendimento de muitos idosos e a pobreza,

formas de maus tratos foi evidente que o

independentemente da idade, exclui as pessoas

“abandono pela família” em geral e o “abandono

da sociedade. De facto a população idosa tem,

pelos filhos” em particular,

foram os mais

de uma forma geral, recursos económicos muito

referidos. Também frases como o “serem

escassos. Nesta fase da vida quando surgem

esquecidos” ou “serem mais sujeitos a agressões

problemas de saúde as privações são múltiplas,

e a roubos” assim como “não terem os cuidados

traduzindo-se numa má qualidade de vida pois

de que necessitam” foram citados. Neste

afeta várias necessidades do individuo como:

contexto o termo “maus-tratos” faz referência à

alimentação,

agressão física, à falta de cuidados físicos, bem

condições habitacionais, capacidade de escolha

como ao abandono emocional. De uma forma

e participação entre outras. Quando existem

geral podemos dizer que o mau trato a idosos,

carências elas são sinergéticas. Nenhuma

refere-se a um comportamento destrutivo dirigido

carência ocorre de forma isolada. A pobreza

ou à falta de ação apropriada a um adulto idoso

inevitavelmente leva à exclusão social, que se

e que ocorre, geralmente, num ambiente de

traduz para além da falta de meios essenciais a

confiança e cuja frequência, ato único ou

uma boa qualidade de vida dificuldades também

repetido, acarreta sofrimento na pessoa (Nações

de acesso a bens sociais e à participação social

Unidas, 2002). Independentemente de o abuso

que são mais graves quanto mais doente a

ser praticado no contexto familiar ou institucional

pessoa for, ou quando existem ruturas familiares.

vestuário,

transportes,

saúde,

os seus efeitos na pessoa são semelhantes. Os idosos sujeitos a maus

tratos tendem a

Notas finais

desenvolver atitudes de culpa, baixa auto-estima,

No presente trabalho pretendeu-se saber,

isolamento social e entram mais facilmente em

qual a opinião dos cidadãos, acerca do que

depressão,

faz falta aos idosos no

sofrem

perturbações

do

sono,

contexto onde

reforçam as suas dependências e o estigma

vivem. Não foi nossa intenção extrapolar os

social (Dias, 2005). Inúmeras fragilidades são

resultados para a sociedade em geral, no

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entanto julgamos que este seja um retrato do que pensam as pessoas sobre as necessidades dos idosos. Nas respostas obtidas identificamos várias condicionantes do bem-estar do idoso,

Bogdan, R., & Biklen, S. (1994) Investigação qualitativa em educação- uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

quer a nível de recursos de saúde e sociais de apoio,

quer

a

de

Conselho de Europa, (2002), Recomendação

as

1582 (2002) I (I). El maltrato de las personas de

preferências dos idosos, quer a nível do apoio às

edad: Reconocer y responder al maltrato de las

suas famílias, assim como discriminação social

personas de edad en un contexto mundial,

tendo em conta o fator idade, exacerbando

Nações Unidas, Conselho Económico e Social.

entretenimento

conflitos

nível

de

atividades

direcionadas

intergeracionais.

para

Os

recursos

económicos escassos deste grupo parecem ser

Debert, Guita Grin (1999) A Reinvenção da

um determinante decisivo para o seu bem-estar.

Velhice. São Paula: EDUSP.

Muitos idosos são maltratados no seu contexto de vivência. Todos estes condicionantes exigem

Dias, I. (2005). Envelhecimento e violência contra

medidas políticas não só para aquisição de

os idosos, in Sociologia, Revista da Faculdade de

equipamentos e serviços na comunidade, mas

Letras do Porto, n.º 15, pp. 249-273.

também de educação para a saúde e cidadania com participação ativa do idosos na vida em sociedade (Azeredo, 2016).

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acesso aos serviços de saúde entre idosos do VOLUME 6. EDIÇÃO 1


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acesso aos serviços de saúde entre idosos do

cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


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