Afonso C., et al. (2022) Anxiety management on a person in palliative care: a case study, Journal of Aging & Innovation, 11 (1): 84 - 97 ARTIGO ORIGINAL: Afonso C., et al. (2022) Anxiety management on a person in palliative care: a case study, Journal of Aging & Innovation, 11 (1): 84 - 97
ARTIGO ORIGINAL
Gestão da ansiedade numa pessoa em cuidados paliativos: um estudo caso Anxiety management on a person in palliative care: a case study Manejo de la ansiedad en una persona en cuidados paliativos: un estudio de caso Catarina Afonso1 Dora Domingues2 Rita Alves 3 Lídia Moutinho 4, Olga Valentim 5
1.Doutoranda em Enfermagem, Mestre em Enfermagem de Saúde Comunitária, Investigadora integrada na ui&de, Coordenadora da Unidade de Cuidados à Comunidade Dr. Arnaldo Sam+aio no Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral 2.RN Enfermeira na Unidade de Internamento de Doentes de Evolução Prolongada em Psiquiatria do CHL 3. RN Enfermeira na USF Condestável, ACES Pinhal Litoral 4. Doutora em Enfermagem, Mestre em Terapias Cognitivo-Comportamentais; Professora Adjunta no Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Saúde; Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica na Unidade de Alcoologia do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, Portugal. Investigadora integrada no CINTESIS. 5. Doutora em Enfermagem, Mestre em Terapias Cognitivo-Comportamentais; Professora Adjunta no Instituto Politécnico de Leiria, Escola Superior de Saúde; Enfermeira Especialista em Saúde Mental e Psiquiátrica na Unidade de Desabituação das Taipas; Lisboa, Portugal. Investigadora integrada no CINTESIS, grupo NursID.
Corresponding Author: ciafonso@arscentro.min-saude.pt
Resumo: Contexto: O estudo desenvolve-se no contexto das intervenções do enfermeiro especialista em enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica (EESMP) na pessoa com ansiedade associada ao diagnostico recente de Adenocarcinoma do Pulmão acompanhada pela Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos (ECSCP). Objetivo: Identificar as intervenções de enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica (SMP), na gestão da ansiedade numa pessoa em Cuidados Paliativos. Metodologia: Recorreu-se à metodologia de estudo de caso retrospetivo de uma mulher, na gestão da ansiedade associado ao diagnóstico de adenocarcinoma pulmonar com metastização ganglionar seguida pela Equipa comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos. Resultados: Perante a evidência de ansiedade face à morte foram realizadas intervenções de enfermagem de SMP promotoras de esperança através da construção de narrativa de história de vida, centradas na pessoa com envolvimento do cuidador familiar. As intervenções de enfermagem de SMP manifestaram-se na redução da ansiedade, bem como na tranquilização do cuidador familiar em relação ao processo de luto e ao fim de vida da pessoa alvo de cuidados. Conclusões: As intervenções dos ESMP em utentes seguidos pelas ECSCP são importantes na gestão da ansiedade e ajudam os utentes e cuidadores a alcançar segurança interpessoal e um sentido de bem-estar. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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ARTIGO ORIGINAL: Afonso C., et al. (2022) Anxiety management on a person in palliative care: a case study, Journal of Aging & Innovation, 11 (1): 84 - 97 Palavras-Chave: Ansiedade, Saúde Mental, Cuidados de Enfermagem, Diagnósticos de Enfermagem
Abstract Context: The study is developed in the context of the interventions of the nurse specialist in Mental Health and Psychiatric Nursing (EESMP), in the person with anxiety, associated with a recent diagnosis of Lung Adenocarcinoma, accompanied by the Community Support Team in Palliative Care (ECSCP). Objective: To identify Mental Health and Psychiatric (SMP) nursing interventions in the management of anxiety in a person in Palliative Care. Methodology: We used the methodology of a retrospective case study of a woman, in the management of anxiety associated with the diagnosis of pulmonary adenocarcinoma with lymph node metastasis, followed by the Community Support Team in Palliative Care. Results: In view of the evidence of anxiety in the face of death, SMP nursing interventions that promote hope were carried out through the construction of a life story narrative, centered on the person with the involvement of the family caregiver. The SMP nursing interventions were manifested in the reduction of anxiety, as well as in the reassurance of the family caregiver regarding the grieving process and the end of life of the person receiving care. Conclusions: ESMP interventions in clients followed by ECSCPs are important in managing anxiety and help clients and caregivers to achieve interpersonal safety and a sense of well-being. Key Words: Anxiety Disorders, Mental Health, Nursing Care, Nursing Diagnosis
INTRODUÇÃO Pretende-se realizar um estudo de caso de uma pessoa com os diagnósticos de perturbação de ansiedade e de adenocarcinoma do pulmão com metastização ganglionar, descrevendo o exame objetivo, o exame mental, os diagnósticos de enfermagem (de acordo terminologia padronizada, CIPE®, versão 2019 (International Council of Nurses [ICN], 2021) e por fim o Plano de Cuidados com as respetivas intervenções de enfermagem. De acordo com o estudo World Mental Health Initiative, promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e realizado em 2013, a prevalência das perturbações de ansiedade em Portugal, é a terceira mais elevada num conjunto de 30 países analisados, com uma prevalência de 17% (Conselho Nacional de Saúde [CNS], 2019). Em Portugal, no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários (CSP), o Plano Nacional de Saúde Mental (PNSM) (2017) preconiza melhorar a acessibilidade dos utentes e a qualidade de tratamento das pessoas com perturbações de ansiedade, incentiva a articulação dos cuidados especializados de saúde mental com os CSP (Direção Geral de Saúde [DGS], 2020). A ICN (2017) define ansiedade como uma emoção negativa caracterizada por sentimentos de ameaça, perigo ou angústia que tem um papel adaptativo e protetor face a ameaças reais ou imaginadas da pessoa. A ansiedade é um sinal de alerta que potencia na pessoa medidas para lidar com a ameaça percebida (Sequeira & Sampaio, 2020). A experiência da ansiedade JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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acompanha-se de um sentimento vago de desconforto e temor, é correspondente a um mecanismo adaptativo de resposta a ameaças, que causam stresse, e que acompanham a atividade do sistema nervoso simpático, sistema responsável para preparar o organismo para situações de stresse e emergências que requerem uma ação rápida e um grande esforço (Bateman, Brown, & Pedder, 2003; Mackay, 2009; Sequeira & Sampaio, 2020; Townsend, 2011). A intervenção de enfermagem no âmbito da Saúde Mental em CSP pode ser baseada no Modelo Psicodinâmico na perspetiva da Teoria das Relações Interpessoais, desenvolvida por Peplau. A visão da enfermagem pelos olhos de Peplau apresenta-se como um instrumento educativo, uma força que visa promover a maturidade e o avanço de uma vida criativa, construtiva, produtiva, pessoal e comunitária (Peplau,1997). Peplau acreditava que os enfermeiros eram a chave no desenvolvimento da relação terapêutica, a sua convicção centrava-se na interação com a pessoa baseada no respeito, empatia e aceitação. A descrição da estrutura da relação é edificada na confiança e na mediação com a pessoa na identificação dos problemas, no acompanhamento do trabalho da pessoa com os problemas e por fim, na facilitação do termino do processo conjunto (Peplau,1997). O Modelo de Intervenção de Peplau transcende a especialidade de Saúde mental, e expande-se no exercício da profissão, na ciência e na prática de cuidados. Na verdade, a visão de Peplau faz sobressair a relação enfermeiro-utente como promotora de crescimento pessoal (Peplau,1997). As classificações de diagnósticos de enfermagem representam para os enfermeiros uma ferramenta no processo de decisão clínica. A inclusão do diagnóstico de enfermagem death anxiety (00147) na classificação de diagnósticos de enfermagem da NANDA International, em 1998, foi justificada pela necessidade de definir e descrever cuidados específicos a pessoas que lidam com o processo de morrer (AbreuFigueiredo, Sá, Lourenço & Almeida, 2019). Ao nível do potencial terapêutico os diagnósticos de Enfermagem elaborados de acordo com a linguagem classificada da Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem® (CIPE®) é uma forma de obter indicadores de resultado em Enfermagem mais positivos (Ordem dos Enfermeiros, 2018). Os cuidados paliativos integram a clínica e são constituídos por um quadro teórico, com uma filosofia de cuidados clara e concisa. De destacar as quatro áreas chave na intervenção dos cuidados paliativos controlo de sintomas, apoio à família, comunicação e trabalho em equipa. Esta organização de pensamento, embora tenha nascido no seio do movimento dos cuidados paliativos, é hoje transversal na prática de cuidados, aplicando-se a uma forma de estar na intervenção com e para a pessoa doente (International Assotiation for Hospice and Paliative
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Care [IAHPC], 2018). A ansiedade em processos de fim de vida é descrita na literatura (AbreuFigueiredo, Sá, Lourenço & Almeida, 2019), no entanto o impacto da intervenção do enfermeiro de SMP enquanto promotor de redução de ansiedade e co-construtor de caminhos de esperança está por desocultar. METODOLOGIA Recorreu-se à metodologia de estudo de caso de uma mulher, Maria, com o diagnóstico de enfermagem de ansiedade moderada (CIPE, versão 2019; ICN, 2021). Maria tem uma perturbação de ansiedade associada a um diagnóstico recente de adenocarcinoma pulmonar com metastização ganglionar. Maria é acompanhada por uma Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos. Este caso reporta a 2018 e o processo de acompanhamento decorreu no período de um mês. Para a realização do estudo de caso foi solicitado o consentimento livre e esclarecido para uso de dados, tendo sido cumpridos os princípios éticos da Declaração de Helsínquia e da Convenção de Oviedo. Para garantir a sua privacidade e confidencialidade da informação o nome da utente utilizado, bem como dos familiares é fictício. Foram salvaguardados os princípios éticos que regem a profissão de Enfermagem. Apresentação do Caso em estudo História de Vida: Maria tem 57 anos, caucasiana, natural e residente na periferia de Lisboa, é ajudante familiar numa Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de apoio a idosos, é divorciada há 17 anos e teve um filho fruto desse relacionamento, com quem vive. O filho tem 18 anos e tem deficiência motora. O pai do filho abandonou-a, após o divórcio, embora a tenha voltado a contatar mais tarde e acompanhado a educação do filho. Maria seguiu a sua vida com apoio de dois irmãos com quem tem muita proximidade e lhe dão muito apoio. Os pais tinham vergonha de Maria ser divorciada, motivo pelo qual o seu relacionamento com eles era distante. Os pais faleceram e embora tenham sido uma perda significativa, Maria manteve o seu percurso de estabilidade. O dia a dia de Maria gira entre o trabalho e o cuidar do filho. Pouco tempo sobra para si. No entanto, sabe que precisa de rotinas para se equilibrar para não ter crises de ansiedade. Por isso para se libertar do stresse, caminha sempre que pode (evitando os transportes públicos), lê antes de dormir e faz meditação. É Católica (“não praticante” sic) Maria descreve uma infância feliz, embora com evidência de períodos de ansiedade associada ao percurso escolar. O primeiro episódio de ansiedade que se recorda aconteceu aos 16 anos antes de um momento de avaliação, apresentou na altura, agitação ou sensação de nervosismo, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, alterações do sono, preocupação excessiva. Os sintomas começaram a ser mais frequentes, com implicações na assiduidade e no cumprimento dos momentos de avaliação, o que levou JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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à repetição de 2 anos escolares, tendo abandonado os estudos no fim do 9º ano. Aos 18 anos começou a trabalhar como ajudante familiar num lar de idosos. Os períodos de ansiedade estabilizaram até ter uma colega de trabalho com quem tinha dificuldade em se relacionar. Nessa altura procurou ajuda numa consulta de psiquiatria e foi-lhe diagnosticado perturbação de ansiedade tendo sido medicada com Imipramida 10mg. Mantém acompanhamento desde os 20 anos tendo-se mantido estável, apenas com uma agudização após o nascimento do filho por redução da terapêutica. Em junho de 2017 por um quadro de anorexia marcada com perda ponderal de 10Kg e um cansaço fácil com marcado compromisso de realização de atividades de vida diária recorreu ao Serviço de Urgência (SU) da área de residência. Realizou exames complementares de diagnóstico e foi-lhe diagnosticado um adenocarcinoma pulmonar com metastização ganglionar. Maria esteve internada dois meses. Durante esse período o filho ficou com o pai. Dada a progressão clínica iniciou quimioterapia sem efeito. O caso foi discutido em reunião terapêutica e decidiu-se encaminhar para uma Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos da área de residência. A colheita de dados decorreu num momento de tranquilidade, a casa estava em silêncio, apenas se ouvia o barulho da botija de oxigénio. Maria estava deitada, de olhar risonho convidou-me a sentar na cama. Maria narrou o seu percurso de vida, o que fazia, a sua relação com o filho e com o trabalho. Descreveu como ficou doente “Tudo mudou recentemente deixei de ter força, eu sabia que algo não estava bem, não podia ser só uma gripe.” (sic). Conduzia a identificar momentos de mudança. “Quando fiquei internada tive de partilhar, o meu filho teve de ficar com o pai. Sabe…, isso tranquiliza-me sei que eles se aproximaram e isso foi bom.” (sic). Falámos do significado que talvez tudo isso tivesse. “Bem eu não sei o que me espera, sei que tenho medo de morrer e deixar o meu filho. Não gosto de me ver, estou com um ar de morte. Mas, creio que Deus irá proteger o meu menino e eu talvez fique bem. Gostava de ficar aqui em casa, não sei se será possível, mas gostava. Todos estão nervosos, nem me deixam dormir. As minhas irmãs passam a noite a vigiar a minha respiração. Gostava de ter mais tranquilidade.” (sic). Revelou que na última consulta de oncologia fez Rx tórax que revelou área de metastização pulmonar extensa. O oncologista comunicou-lhe a progressão da doença. “Eu já imaginava, eu andava tão cansada. Mas agora penso como vai ser a minha morte. Como vai ser a minha morte? Tenho medo de sofrer. Chega a noite e não durmo, tenho medo de morrer. Tenho medo de morrer. Tenho medo de deixar o meu filho. Ajude-me, diga como vai ser.” (sic). A cuidadora familiar, a irmã de Maria, mostra preocupação face à ansiedade de Maria “ela está tão nervosa que não dorme, e eu não sei o que fazer. Estou a ficar cansada, não é dela, mas eu também não consigo descansar” (sic). Ansiedade, Foco de Atenção de Enfermagem JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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Na perturbação de ansiedade segundo o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), Maria, apresenta os seguintes critérios: ansiedade e preocupações face à morte, agitação ou sensação de nervosismo ou tensão, cansaço fácil, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular e alterações do sono. De acordo com os critérios estabelecidos foi identificado o diagnóstico de enfermagem ansiedade
(CIPE, versão 2019; ICN, 2021), associado ao diagnóstico médico de adenocarcinoma do pulmão e medo de morrer. Terapêutica atual, sertralina 20mg/dia há 1mês e alprazolam em SOS, Maria, reconhece alguma melhoria desde que faz a terapêutica. Avaliação Objetiva Exame Físico: Maria está asténica e com evidente emagrecimento (48Kg, pesava há dois meses 65Kg). Pele e mucosas descoradas sem perdas hemáticas aparentes. Eupneica em repouso, mas com cansaço fácil a médios esforços. Cumpre oxigénio por óculos nasais a 2l/min.. Permanece grande parte do tempo em repouso no leito. Necessita de ajuda total na Higiene e no Vestir/Despir, relativamente à atividade de alimentar e beber necessita de ajuda parcial. Quanto à eliminação tem controle de esfíncteres. Tem fralda de proteção, mas faz pequenas deslocações em cadeira de rodas à casa de banho para eliminação, tem um padrão intestinal regular diário. No que se refere à alimentação há a evidência de apetite diminuído com tolerância a pequenas refeições, sem disfagia. O padrão de sono, anteriormente com um padrão contínuo de 7h diárias após deitar o filho, apresenta-se alterado. Atualmente, dorme por pequenos períodos durante o dia, mais de tarde com insónia inicial à noite (refere ter medo de morrer!). Segundo a irmã demora 2 a 3 h a adormecer. “Fico com a sensação que ela adormece por exaustão” (sic). Exame do Estado Mental: Aspeto, atitude e atividade: Maria é uma mulher com idade aparente semelhante à real. Aspeto pouco cuidado. Dentição completa. Cabelo de cor natural penteado, mas pouco arranjado. Unhas roídas, biótipo endomórfico. Vestuário limpo e adequado à estação do ano atual. Usa uma echarpe para aquecimento/conforto, sem brincos ou outros acessórios. Com expressividade facial, e contacto ocular fácil, cruza o olhar com o do enfermeiro. Vígil, e orientada, no tempo, espaço, auto e alopsiquicamente, refere alguma dificuldade em concentrar-se especialmente na tomada de decisão face ao futuro do filho. É possível captar e manter a sua atenção, por alguns períodos, verbaliza períodos de irritabilidade a agitação emocional, refere sentir ser um peso muito grande para os irmãos cuidadores, nomeadamente a irmã, e sente que estes andam exaustos. Aparenta alterações a nível da concentração, tentando, contudo, colaborar em todo o processo inerente às entrevistas realizadas que são breves, com grandes períodos de silêncio. Nestes momentos
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de contacto, a Maria permanece deitada com motricidade lentificada pelo cansaço fácil, apresenta movimentos repetidos com os dedos das mãos. Humor e emoções triste/angustiado nos contactos iniciais, apresenta e verbaliza manifestações de ansiedade. Emoções congruentes com o humor, emoções de ansiedade cognitiva e motora, associada à preocupação (com a aproximação da morte, com a sobrecarga para os cuidadores). Discurso e linguagem fluído, lógico e coerente de acordo com a literacia, com períodos de pausas (enquanto fala reflete no que está a dizer). Pensamento: curso lentificado, forma circunstancial e vago por períodos; perceção sem alterações; conteúdo crenças e ideias sobrevalorizadas em relação ao não merecimento da dedicação dos irmãos. Memória: refere esquecer-se frequentemente de fazer a medicação para a ansiedade. Funções biológicas vitais apresenta insónia inicial. Insight e juízo crítico: sem alterações. A doente reconhece que está doente “eu sei que vou morrer, mas tenho muito medo. À noite quando fecho os olhos penso sempre que será a minha última noite” sic Maria afirma que precisa de ajuda, reconhecendo-se ansiosa e com medo face à morte, refere que será bom para si própria colaborar com os profissionais de saúde nos cuidados que lhe são prestados, participando ativamente no delinear de estratégias e objetivos, mostrando-se disponível para a intervenção. Genograma e Ecomapa: O Genograma e o Ecomapa constituem instrumentos para obter informações da constituição familiar e de todos os sistemas em envolvem a pessoa alvo de cuidados (Agostinho, 2007; Muniz & Eisenstein, 2009). São retratos gráficos da história e do padrão familiar, que identificam a estrutura básica, o funcionamento e os relacionamentos da família (Genograma) (Muniz & Eisenstein, 2009), bem como os sistemas em que a família/pessoa se inclui e as relações que estabelece com o meio envolvente, no fundo dá a imagem do sistema ecológico (Ecomapa) (Agostinho, 2007). No caso da fotografia de Maria (Figura 1), percebe-se a importância de centralizar a intervenção na própria, na irmã cuidadora familiar e no filho.
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Figura 1. Genograma e Ecomapa de Maria Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos
Instituto Português de Oncologia
IPSS Trabalho
Instituição CERCI
Plano Individual de Cuidados: Para Peplau o desenvolvimento da relação acontece no decorrer de quatro fases: orientação, identificação, exploração e resolução. As fases podemse sobrepor e inter-relacionar, variando a sua duração, à medida que o problema evolui para uma resolução. No decorrer destas fases a enfermeira assume vários papeis. Inicialmente é estranha, mas depois assume o papel de recurso ou instrumento para a pessoa, e mais tarde pode ter um papel de professora ou de consultora (Peplau,1997). A comunicação é um processo dinâmico e multidirecional de troca de informação que constitui uma ferramenta básica na relação com a família e a pessoa doente. Neste processo a palavra e a escuta são essenciais, o que toca na ideia de ser close listener (Charon, 2006), isto é escutar, o outro, estando atento à sua narrativa, indo ao seu encontro, descodificando-o. A construção do plano de cuidados decorre sob o olhar da enfermagem psicodinâmica, recorrendo aos diagnósticos de enfermagem, através da linguagem CIPE® (ICN, 2021) e com base no Padrão de Documentação Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica (Ordem dos Enfermeiros, 2018).
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DISCUSSÃO O enfoque é no desenvolvimento das relações que é também um foco de atenção da prática de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica. Os enfermeiros desenvolvem relações terapêuticas com as pessoas para as ajudar a generalizar a capacidade de interagir com sucesso com os outros. Deste modo, pretende-se contribuir, através da abordagem de um estudo de caso, num processo retrospetivo, para a reflexão do processo de cuidar da pessoa, desenvolvendo uma compreensão e intervenção terapêutica eficaz na promoção e proteção da saúde mental, na prevenção da doença mental, no tratamento e na reabilitação psicossocial num contexto de Cuidados Paliativos. Ao traduzir o caso e pôr por escrito a narrativa de Maria é ir ao encontro do modo de estar mais próximo da pessoa e melhor ver o mundo pelos seus olhos, sem perder de vista o olhar clínico. Invariavelmente, a narrativa conduz à leitura próxima “close reading” (Charon; 2006) permite uma aproximação do sentir do outro. Como diz Bochner “Quando a nossa história de vida é interrompida pela inevitabilidade da doença, somos confrontados com o propósito e o significado da vida e da morte. As racionalidades narrativas não são de forma alguma uma panaceia para as dificuldades da vida, mas reconhecem o sofrimento de maneiras que vão além da habilidade tradicional da biomedicina.” (Bochner, 2009, p.116). JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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Ao recorrer à narrativa de Maria vamos ao encontro do significado que atribui à vida e à aproximação da morte. A construção de sentido recorrendo à esperança poderia ser uma forma de intervir com Maria, sabendo que “(…) as pessoas com doença crónica, avançada e progressiva vivenciam um processo
de
transição
de
esperança
dinâmico,
com
vários
focos
nomeadamente, controlo de sintomas adequado de modo a não sofrerem, esperam uma morte serena e sem dor, esperam conforto e querem aproveitar o tempo que lhes resta e priorizam a qualidade sobre a quantidade de vida, num claro interesse de acrescentar vida aos dias” (Querido, 2016, p. 784). Por fim, o apelo do medo face ao sofrimento “tenho medo de sofrer”. Maria diz “Eu já imaginava, eu andava tão cansada. Mas agora penso como vai ser a minha morte. Tenho medo de sofrer. Ajude-me diga como vai ser.” Aqui encontramos o passado e o presente (agora), identifica-se a diferença entre a fantasia e o concreto/realidade. A vulnerabilidade da pessoa doente em fim de vida faz emergir questões éticas, relacionadas com a definição de planos terapêuticos, estratégias de intervenção, vontades do próprio e da família. Com este apelo Maria viaja do passado ao presente, com alguma projeção para o futuro. Para Peplau (1997), existem quatro estádios de desenvolvimento: aprender a contar com os outros (aprender a comunicar de várias formas com o cuidador primário de forma a ter as suas necessidades de conforto realizadas), aprender a adiar a satisfação (aprender a satisfação de agradar aos outros ao adiar a autogratificação), identificar-se a si próprio (aprender os papéis e comportamentos apropriados ao adquirir a capacidade de perceber as expectativas dos outros), desenvolver capacidades de participação (aprender as capacidades de se comprometer, competição e cooperação com os outros, estabelecer uma visão mais realista do mundo e sentimento de pertença). Neste caso Maria encontra-se a aprender a contar com os outros. Maria e os seus cuidadores receberam cuidados de enfermagem especializados em SMP assentes na relação terapêutica e neste processo terapêutico entreviu-se na gestão da ansiedade e no acompanhamento da evolução da sua situação clínica intervindo no seu processo adaptativo a um percurso de doença terminal. Foi neste processo terapêutico de desenvolvimento da relação entre a enfermeira e Maria, que desenvolveu um maior crescimento individual. No processo relacional, o enfermeiro de SMP foi facilitador da diminuição da insegurança e ansiedade,
convertendo-os
em
potencial
construtivo,
com
impacto
bilateral
no
desenvolvimento pessoal e profissional da enfermeira como da Maria (Franzoi et al, 2016). CONCLUSÃO E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA CLÍNICA JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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Os enfermeiros, os profissionais da relação com o outro, no encontro com a pessoa querem conhecer as suas histórias, explorar os eventos de vida como forma de estar em relação, crescem com as histórias que escutam e vivenciam, cruzam-nas, recontam-nas, tornam-se contadores de histórias. O estudo de caso parte por um contar de uma história, pelos olhos de quem o experienciou. Depois, há a escuta de quem não experienciou, mas compreende o léxico da história contada, e por fim há o momento da reflexão conjunta de todo um processo que acontece pelos olhos peritos de um conjunto. Com a realização deste estudo de caso espera-se ter contribuído para o desenvolvimento da realização de planos de cuidados com diagnósticos de enfermagem e intervenções associadas como instrumento metodológico e sistemático. Deste modo acredita-se que será um contributo para a melhoria dos padrões de qualidade no âmbito dos Cuidados em Saúde Mental em contexto de Cuidados Paliativos em Cuidados de Saúde Primários. Perspetiva-se que possa abrir caminho para futuros trabalhos em pessoas em contexto de Cuidados Paliativos com necessidades de intervenção em Saúde Mental. Maria faleceu ao fim de 1 mês da intervenção, no entanto, no decorre da intervenção manifestou satisfação com todo o apoio com evidência de redução da ansiedade. Os seus cuidadores, especialmente a irmã, mostraram-se apaziguados e acompanhados no processo de cuidado e no processo de morrer de Maia. Após o falecimento de Maria, aquando a visita de luto, a irmã, cuidadora familiar mostrou-se tranquila no seu processo de luto com concretização que a redução de ansiedade face à morte de Maria tinha tido impacto na sua tranquilidade e agora perante o seu processo estava a ser facilitador. A recolha de narrativas como estratégia resultou numa ferramenta de construção de sentido de vida face à ansiedade de Maria. Os efeitos de ganhos em saúde traduziram-se simultaneamente para a irmã, cuidadora familiar. A intervenção de enfermagem em SMP com foco na gestão da sobrecarga reverteu em tranquilidade e paz interior, tendo sido facilitadora para o seu processo de luto. Em suma, trabalhar a esperança, enquanto intervenção de enfermagem de SMP, em contexto de cuidados paliativos, constitui uma estratégia de coping, colocando-se o enfoque nas possibilidades do presente, preparando o futuro, assente na confiança, em objetivos realistas, reforçando a saúde mental e a redução da ansiedade (Querido, 2020). Este estudo de caso mostra que mesmo que o futuro constitua o fim de vida a intervenção de enfermagem de SMP faz diferença na construção de caminhos de esperança promotores de redução de ansiedade. REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS Abreu-Figueiredo, Rita Maria Sousa, Sá, Luís Octávio de, Lourenço, Tânia Marlene Gonçalves, & Almeida, Sandra Sofia Barbosa Pinto de. (2019). Ansiedade relacionada JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-6
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