Monteiro, C. (2018) Beneficios do treinamento de força com peso nas modificações morfofuncionais de idosos, Journal of Aging & Innovation, 7 (3): 50 - 56
ARTIGO ORIGINAL: Monteiro, C. (2018) Beneficios do treinamento de força com peso nas modificações morfofuncionais de idosos, Journal of Aging & Innovation, 7 (3): 50 – 56
Artigo Original
BENEFICIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA COM PESO NAS MODIFICAÇÕES MORFOFUNCIONAIS DE IDOSOS
BENEFITS OF STRENGTH TRAINING WITH WEIGHT IN MORPHFUNCTIONAL MODIFICATIONS OF ELDERLY
BENEFICIOS DEL ENTRENAMIENTO DE FUERZA CON PESO EN LAS MODIFICACIONES MORROFUNCIONALES DE IDOSOS Carlos Alberto Castro Monteiro1 1
MsC student, Universidade de Ribeirão Preto, Brasil
Corresponding Author: carlomontiero@gmail.com RESUMO O presente artigo de revisão tem por objetivo abordar o tema envelhecimento e, tendo como componente diferencial para a investigação as modificações morfofuncionais decorrente do treinamento de força com peso.Mostrar através de resultados encontrados na literatura os principais benefícios com programas e metodologias distintas aplicadas ao público idoso. Nesta perspectiva, investigar as variáveis biológicas (força e composição corporal) envolvidas durante o processo de envelhecimento. A metodologia utilizada buscou pesquisar em periódicos os artigos científicos que demonstraram os resultados, sejam eles benéficos ou não, e, através dos achados sugerir qual seria os melhores programas para esta população em questão. Palavras-Chave: Treinamento de força; idosos; funcionalidade.
ABSTRACT The aim of this study was to review the issue and aging, with the differential component for research morphofunctional changes resulting from strength training with weights. Show results found through the literature the main benefits and programs with different methodologies applied to the elderly population. In this perspective, investigating the biological variables (strength, flexibility, body composition and cardiopulmonary) engaging during the aging process. The methodology sought to find scientific articles in journals that demonstrate the results, be they beneficial or not and through the findings suggest what would be the best programs for this population in question. Keywords: Strength training.Seniors.Morphofunctional modifications. Keywords: Strength training; seniors; functionality.
INTRODUÇÃO O envelhecimento da população é um processo universal, dinâmico, progressivo, lento e gradual, para o qual concorre uma multiplicidade de fatores genéticos, biológicos, sociais, ambientais, psicológicos e culturais. KALACHE (1999).A classificação gerontológica e o processo etário de envelhecimento é assim dividido: Idade adulta jovem ( 15 – 30 anos ) ,
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idade madura ( 31- 45 anos ), idade de mudança ou média ( 46 – 60 anos ), faixa etária do homem mais velho ( 61 – 75 anos ), faixa etária do homem velho ( 76 a 90 anos) e faixa etária do homem muito velho ( 90 anos) Reuter & Hunecke ( 1982, p.1) apud Weineck ( 2008,.p.273 ).O Brasil ocupará a 6ª posição do rancking em população de idosos, que chegará a 33 milhões em 2025. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2005) e Organização Mundial da Saúde – OMS ( 2003 ). Ligado ao crescimento de indivíduos idosos, há informações que indicam que brasileiros nascidos em 2008 têm expectativa de vida, em média 3 anos a mais do que os nascidos em 1998. IBGE ( 2008 ).
FORÇA RELACIONADA AO ENVELHECIMENTO
Força é entendida como a capacidade de usar a energia mecânica, produzindo contrações que levam o segmento ou o corpo a vencer resistências, superar oposições criadas pela ação das leis naturais que regem o universo. RIZZO PINTO (1977) apud Carnaval ( 1998, p.100). Enquanto que envelhecimento é a alteração irreversível da substância viva em função do tempo, Frolkis ( 1975, p.15) apud Weineck ( 2008, p.364). No período da idade de mudança ( 46 – 60 anos ) também designado como período do homem em envelhecimento ocorrem alterações consideráveis nos mecanismos de regulação. Ocorrem distúrbios no sistema hipotálamo - hipófise – glândulas sexuais, que agem sobre o metabolismo e função dos tecidos. As alterações do organismo humano são determinantes para o subseqüente decorrer do envelhecimento) Cebotarev & Minc ( 1978, p.258 / 259 ) Apud Weineck ( 2008, p.373 ). O começo da idade de mudança – também descrito como o início da idade da involução – ainda pode ser grosseiramente delimitado como a idade da queda de desempenho.A delimitação dessa fase, porém, não é simples. Deve-se investigar sobretudo a existência de fases de estabilização da queda do desempenho durante esse período. Ries ( 1972, p.164). apud Weineck ( 2008, p.373 ). ‘’Com o envelhecimento, a massa muscular diminui e, com isso, também o percentual de massa muscular em relação à massa corporal total ‘’Weineck ( 2008, p.375).Em geral em indivíduos destreinados, no que se refere à força muscular, a força diminui, e paralelamente à densidade óssea, em cerca de 1% ao ano, após ao pico de força, por volta dos trinta anos de idade. No entanto a força muscular é treinável a qualquer momento da vida. Aumentos de mais de 100% da força muscular são possíveis mesmo após aos 90 anos de idade. Fiaterone ( 1990, p.3029 ) apud Weineck ( 2008, p.375 ).‘’Devido a redução da massa muscular ocorre uma diminuição na relação carga – força, a massa muscular média de uma pessoa jovem reduz-se de 36 Kg para 23 Kg em relação a uma pessoa de 70 anos’’ Steinbach (1972, p.638 ) & Bringmann ( 1977, p.662.).Com relação a força nas extremidades
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diminui de forma contínua depois da idade do desempenho máximo e de forma mais acentuada nos homens do que nas mulheres e, além do mais existe uma relação estreita entre treinamento e produção de hormônios sexuais.Weineck ( 2008, p.376).Do ponto de vista da biologia do esporte indivíduos que conseguem manter ou até aumentar sua massa muscular por meio de exercícios regulares durante toda a vida também podem manter ou mesmo aumentar suas concentrações endógenas de hormônios sexuais. Bosco (1997, p.11) apud Weineck (2008, p.376). A diminuição da massa muscular, em aproximadamente 1% ao ano acomete sobretudo fibras de contração rápida ( tipo II ), pois estas quase não são treinadas no dia – dia. Weineck ( 2008, p.376.). Uma combinação de um regime alimentar inadequado e falta de força criam um ciclo vicioso de progressiva inatividade física e acelerada perda muscular. Bortz( 1982) apud Shephard ( 2003, p.237 ).À proporção que os músculos enfraquecem constata-se uma diminuição do comprimento da passada .Shephard ( 1990, p.237). Uma desacelaração da velocidade da caminhada e um declínio progressivo na carga que os músculos não conseguem erguer. Jette & Branch ( 1981) Apud Shephard ( 1990, p.237 ). Este processo deve ser compreendido como sarcopenia, pois à medida que há as combinações acima citadas há uma perda progressiva de sarcômeros.
TREINAMENTO DE FORÇA, DESEMPENHO E RESULTADOS
Durante os últimos anos, também tem havido vários estudos longitudinais bem controlados de treinamento de força para idosos de várias idades. Quase todas as pesquisas tem demonstrado ganhos substanciais de força.Foram adotados um programa de exercícios progressivos com cargas de peso a um grupo de mulheres entre 50 e 64 anos. Um programa de oito semanas que envolvia uma sessão supervisionada e duas não supervisionada de atividade física por semana, produziu ganhos de força significativo no quadríceps, posteriores da coxa e força de preensão manual. Shephard
( 2003, p.165 ).Em um programa de
treinamento em subidas de escadas com pesos como uma técnica para desenvolver tanto a força como a potência aeróbia em indivíduos idosos.Ganhos significativos de força na área das coxas foram observados ao longo de 5 semanas de treinamento e, nesse estudo, a área de fibras tipo IIb aumentou quando comparado a um declínio
nos grupos de controles
Shephard ( 2003, p.165 ).Fronteira e colaboradores ( 1988 ) deram a homens entre 60 e 72 anos um treinamento de 12 semanas de extensores dos joelhos, isso aumentou a força máxima de uma repetição, porém a secção transversal do quadríceps foi aumentada.A área das fibras musculares individuais no vasto lateral aumentou nas fibras tipo I e nas fibras tipo IIb.Shephard ( 2003, p.165). FIATERONE e colaboradores ( 1994 ) recrutaram um grupo até
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mais velhos de pacientes, entre 72 e 98 anos. Todos eram residentes em uma instituição para idosos.Ainda assim, Fiaterone e seus colaboradores foram capazes de obter 94% de adesão a um programa de treinamento progressivo de força por 10 semanas. Suplementos nutricionais também foram fornecidos. A força muscular localizada aumentou no grupo que se exercitou. Além disso, houveram ganhos associados em mensurações menos específicas, tais como velocidade do padrão de caminhada e energia para subir escadas.(...) Shephard ( 2003, p.165 ).A manutenção da massa muscular, principalmente de membros inferiores, é um dos fatores decisivos para a manutenção do equilíbrio e alta mobilidade durante toda a vida(....)’’Brill ( 2000, p.414).``Quando o caminhar não foi mais possível, desceu-se a ladeira Weineck ( 1991, p.230).Em exercícios simples de reação – e com isso também se apresenta a questão do treinamento – podem ser eliminadas quase por completo quaisquer diferenças de idade até aproximadamente os 60 – 70 anos, em situações em que há práticas de exercícios. Bringmman (1966, p.113; ) & Steinbach ( 1972, p.641).‘’Com o envelhecimento, a massa muscular diminui e, com isso, também o percentual de massa muscular em relação à massa corporal total ‘’ Weineck ( 2008, p.375).
TABELA 1 Especifica o treino de força com peso para a faixa etária, o tempo de duração, os resultados em percentuais e os músculos treinados. SHEPHARD ET AL (2003). TREINAMENTO DE FORÇA COM PESOS
Idade Duração Músculos Treinados
50 a 64 anos 8 semanas Quadríceps
Resultados
Aumento 21%
da
============= 8 semanas Isquiotibiais Força
Aumento da Força 9%
============= 8 semanas Flexores e e xtensoresdo Braço Aumento da Força 14%
TABELA 2 Especifica o treino de força com peso para a faixa etária, o tempo de duração, os resultados em percentuais e as fibras musculares que mais tiveram ganhos significativos. FRONTEIRA ET AL (1988). TREINAMENTO DE FORÇA EM SUBIDA DE ESCADA COM PESO
Idade Duração Mùsculos Treinados Resultados
60 a 72 anos 12 semanas Extensores do Joelho Aumento da Força 110%
================= 12 semanas Quadríceps Aumento da Força 95%
================= 12 semanas Vasto Lateral Aumento da Força 28%
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TABELA 3 Especifica o treino de força sem peso para a faixa etária, o tempo de duração, os resultados em percentuais e os ganhos pertinentes às atividades da vida diária. FIATERONE ET AL (1994) TREINAMENTO DE FORÇA PARA INDIVÍDUOS IDOSOS E MUITO VELHOS
Idade Duração Resultados Atividades diária
da
Vida
72 a 98 anos 10 semanas 113% de aumento de força Força Muscular localizada
================= 10 semanas 11,8% de aumento de força Velocidade Padrão da caminhada
================= 10 semanas 28,4% de aumento de força Energia para subir Escada
CONSIDERAÇÕES Como consequência do envelhecimento pode-se observar alterações fisiológicas e morfológicas caracterizadas pelo avanço da idade e diminuição de todas as capacidades físicas relacionadas à saúde. Guedes Jr. ( 2007, p.255). De acordo com os resultados encontrados na literatura específica, podemos verificar que o estado do envelhecimento pode ser retardado de forma saudável quando há envolvimento com atividade física orientada com ou sem pesos realizado de forma sistemática, e programada, respeitando os critérios da individualidade biológica desta população.
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