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Rosa A., Grilo, E. (2022) Housing variables that contribute to the occurrence of falls in the elderly – Scoping Review, Journal of Aging & Innovation, 11 REVISÃO SISTEMÁTICA: Rosa A., Grilo, E. (2022) variables that contribute to the occurrence (1): 131 -Housing 152 of falls in the elderly – Scoping Review, Journal of Aging & Innovation, 11 (1): 130 - 152

 REVISÃO SISTEMÁTICA

Variáveis habitacionais que contribuem para a ocorrência de quedas em idosos – Scoping Review Housing variables that contribute to the occurrence of falls in the elderly – Scoping Review Variables habitacionales que contribuyen a la ocurrencia de caídas en ancianos – Scoping Review Ana Rafaela Rosa1, 2; Eugénia Grilo2, 3, 4 1 – Mestranda em Gerontologia Social na Escola Superior de Educação de Castelo Branco, IPCB; 2 – Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias, IPCB; 3 – PhD, Investigadora da Unidade de Investigação AGE.COMM; 4 – Colaboradora da NURSE’IN – Unidade de Investigação em Enfermagem do Sul e Ilhas

Corresponding Author: ana.rafaelarosa1994@gmail.com

Resumo

Objetivo: Determinar quais as variáveis físicas/habitacionais que mais contribuem para a ocorrência de quedas em idosos. Métodos: Scoping Review segundo o protocolo Joanna Briggs Institute (JBI) através de pesquisa em base de dados científica e eletrónica pela plataforma B-ON, repositório RCAAP e base de dados SciELO, tendo sido incluídos artigos publicados entre 2015 e 2021, com recurso aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Resultados: Após a realização da pesquisa foram encontrados 108 artigos, dos quais oito deram resposta aos critérios de inclusão definidos. Dos artigos incluídos na análise, dois são revisões sistemática e integrativa da literatura, respetivamente, e seis são estudos originais (um estudo quase-experimental não randomizado, um estudo de natureza mista e quatro de corte transversal). Conclusões: Existe grande consenso na literatura no que diz respeito à interação entre fatores intrínsecos e extrínsecos para a ocorrência de quedas nas pessoas idosas, e a presente scoping review permitiu verificar que existe um grande número de artigos que abordam os fatores ambientais, contudo poucos estudam em profundidade os riscos domiciliares que mais frequentemente causam quedas nestas pessoas. A maioria dos riscos domiciliares são passíveis de ser modificados, contudo esta intervenção deve ser acompanhada por sessões de sensibilização e prevenção de quedas. A educação para a saúde deve ser, sempre que possível, aplicada tanto à pessoa idosa, como à rede familiar e social, de modo a capacitar todos os que envolventes e garantir o apoio emocional. JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1)  ISSN: 2182-696X  http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-9

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Descritores: idoso; quedas; habitação; fatores de risco

Abstract Aim: To determine which physical/housing variables most contribute to the occurrence of falls in the elderly. Methods: Scoping Review according to the Joanna Briggs Institute (JBI) protocol through research in scientific and electronic databases using the B-ON platform, RCAAP repository and SciELO database, including articles published between 2015 and 2021, using the Science Descriptors of Health (DeCS). Results: After conducting the search, 108 articles were found, eight of which responded to the defined inclusion criteria. Of the articles included in the analysis, two are systematic and integrative literature reviews, respectively, and six are original studies (one non-randomized quasi-experimental study, one study of mixed nature and four cross-sectional studies). Conclusions: There is great consensus in the literature that does not concern the interaction between intrinsic and extrinsic factors for the occurrence of falls in the elderly, the present scoping review on the exact literature that there is a large number that addresses environmental factors, however, in depth the Households that cause more risks for these people. Most home risks can be modified, however this intervention must be supplied by sensitization and fall prevention sessions. Health education should, whenever possible, be applied both to the elderly person and to the family and social network, in order to empower all those involved and ensure emotional support. From now on, elderly people at increased risk associated with housing conditions and thus be able to contribute to their prevention.

Keywords: elderly; falls; home; risk factors

Introdução O envelhecimento é um processo natural, contínuo e inevitável, que se manifesta através de alterações biopsicossociais, que têm em conta as características de cada indivíduo e o seu contexto social, sendo por isso um processo bastante heterogéneo (Moreira, 2020). As constantes alterações decorrentes deste processo, tornam a pessoa idosa mais vulnerável, com possível perda de autonomia e independência, o que aumenta a probabilidade de desenvolver patologias e aumenta também o risco de queda (Silva et al., 2018).

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Entre 30% a 60% das pessoas idosas que vivem na comunidade sofrem pelo menos uma queda e 50% dessas pessoas voltam a experienciar outro episódio de queda (Agudelo-Botero et al., 2018) com consequências variáveis. A World Health Organization (WHO, 2018) define queda como um evento súbito e inesperado no qual a pessoa cai no solo ou numa superfície inferior àquela onde se encontra. As quedas nas pessoas idosas não deverão ser atribuídas apenas a uma causa específica, mas sim a uma interação entre fatores intrínsecos e extrínsecos à pessoa (WHO, 2007). De acordo com Agudelo-Botero et al. (2018), a complexidade desta interação envolve fatores biológicos, comportamentais, socioeconómicos e ambientais. Contudo, existem fatores distintos que quando associados potenciam o risco de queda, e que são: ser do sexo feminino; ter idade igual ou superior a 80 anos; ter um nível de escolaridade baixo; estar polimedicado; apresentar défices visuais, auditivos, cognitivos ou físicos; ser portador de doenças crónicas, cardiovasculares, pulmonares, oncológicas ou diabetes mellitus (Agudelo-Botero et al., 2018). Estes eventos podem causar lesões ligeiras, ou em casos mais graves incapacidades, distúrbios psicológicos e até a morte prematura (Agudelo-Botero et al., 2018). Agudelo-Botero et al. (2018) referem que 25% a 75% das pessoas idosas que sofrem fratura da anca na sequência de uma queda, não conseguem recuperar a capacidade funcional que tinham anteriormente, demonstrando que as consequências podem ser permanentes e irreversíveis. A estas consequências podem acrescentarse hospitalizações, tratamentos e recuperações morosas e custos significativos para os sistemas de saúde, mas sobretudo perda da qualidade de vida para as pessoas (Agudelo-Botero et al., 2018; Sherrington et al., 2019). De acordo com Coimbra et al. (2019), a prevalência de lesões por queda, em Portugal ascende aos 76% na faixa etária dos 65 – 74 anos, valor que sobe para os 90% no grupo das pessoas com 75 e mais anos. O sentimento de medo de voltar a cair, a perda de confiança e segurança, acabam por levar a pessoa idosa a não realizar parte das atividades da vida diária, reduzindo a atividade física e interação social, o que também contribui para a deterioração física e cognitiva e consequentemente também aumenta o risco de queda (Sherrington et al., 2019).

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Perante o medo de cair, as pessoas idosas passam grande parte do seu tempo em casa, por se sentirem mais seguras, contudo é em casa que se registam cerca de 50% das quedas em pessoas idosas (WHO, 2007; Tanaka et al., 2018). A casa de banho é a divisão da casa onde se regista o maior número de quedas e a maior parte destas ocorrem durante a realização das atividades da vida diária (Marinho et al., 2020). Neste sentido, parece ser fundamental a modificação e adaptação da casa à situação de cada pessoa ao longo da vida, de modo a torná-la um local seguro e assim reduzir o risco de queda. Importa, por isso, compreender melhor e identificar quais os fatores de risco presentes na habitação que podem estar na origem de quedas, com a convicção de que reduzindo os riscos, as quedas poderão ser evitadas e deste modo contribuir para a manutenção da autonomia, independência e qualidade de vida das pessoas idosas (Fonseca, 2020). Metodologia A Scooping Review (SR) pretende identificar a existência de um corpo de literatura atual relacionado com uma determinada temática, de modo a fornecer uma visão clara do volume de artigos disponíveis (Munn et al., 2018). Os objetivos da SR serão então identificar a tipologia da evidência disponível numa determinada área temática; clarificar conceitos e definições; avaliar como são conduzidos os processos metodológicos; averiguar quais as lacunas existentes numa dada área do conhecimento, constituindo-se assim a SR como um processo precedente ao da realização de uma revisão sistemática. Nesta revisão seguiu-se o método de Joanna Briggs Institute (Peters et al., 2020), que pressupõe a elaboração de um protocolo da SR, de modo a definir os objetivos e métodos, por forma a que a SR seja um processo transparente e claro. Partindo da questão que se pretende ver respondida, são definidos objetivos, critérios de inclusão e exclusão e é descrita toda a metodologia de pesquisa, seleção, extração e apresentação da evidência seguida da apresentação sucinta dos resultados obtidos. Recorreu-se à estratégia PCC - População, Conceito e Contexto com o objetivo de formular a questão de investigação direcionada para o tema pretendido que foi “Quais JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1)  ISSN: 2182-696X  http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-9

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as variáveis físicas/habitacionais (Contexto) que mais contribuem para a ocorrência de quedas (Conceito) em idosos (População)”. E definiram-se como critérios de inclusão e exclusão os seguintes: Tabela 1: Critérios de inclusão e exclusão

Critérios de inclusão Artigos publicados entre 2015 – 2021

Critérios de exclusão Artigos relacionados com quedas em contexto hospitalar/instituições

Artigos disponíveis em texto integral

Artigos que abordem quedas em idosos institucionalizados

Artigos analisados por pares Artigos redigidos em língua portuguesa e inglesa

Quedas em pessoas com idade inferior a 60 anos

Artigos relacionados com quedas em idosos ocorridas no domicílio Numa primeira fase, entre 6 a 28 de agosto de 2021, através da plataforma de pesquisa Biblioteca do Conhecimento Online (B-ON) foi realizada uma pesquisa inicial de modo a identificar as palavras-chave mais adequadas à pesquisa a realizar e foram as seguintes: idosos (População), domicílio (Contexto) e quedas (Conceito). Posteriormente, durante o mês de novembro de 2021, com recurso aos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), organizados com o operador booleano AND, realizouse nova pesquisa na Biblioteca do Conhecimento Online (B-ON), no Repositório Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) e no Scientific Eletronic Library Online (SciELO), com a seguinte sequência de pesquisa: falls AND elderly (4274 artigos); falls AND elderly AND risk factors (988 artigos), falls AND elderly AND risk factors AND home (108 artigos). Através da plataforma de pesquisa B-ON foram encontrados 76 artigos distribuídos pelas seguintes bases de dados MEDLINE (65), Directory of Open Acess Journals (3), na Scienc Direct (3); Academic Search Complete (2); RCAAP (1), Complementary Index (1), Supplemental Index (1). No repositório agregador RCAAP foi encontrado 1

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artigo da base de dados Oasisbr, enquanto na base de dados SciELO foram encontrados 31 artigos. Na fase seguinte os artigos foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão previamente definidos. Os 108 artigos inicialmente encontrados, foram restringidos ao limite temporal 2015-2021, tendo sido encontrados 50 artigos (30 na plataforma B-ON, 1 no repositório agregador RCAAP e 19 na base de dados SciELO), foi ainda selecionada a opção de texto integral (44), revistas científicas analisadas pelos pares perfazendo um total de 44 artigos. Dos 44 artigos selecionados, um deles foi excluído por se relacionar com quedas em idosos em ambiente hospitalar e 7 por abordarem a ocorrência de quedas em idosos institucionalizados, recorrendo a mais dois Descritores em Ciências da Saúde, e acrescentando o operador booleano NOT com a seguinte sequência: falls AND elderly AND risk factors AND home NOT hospital (43 artigos), falls AND elderly AND risk factors AND home NOT hospital NOT nursing home (36 artigos). Posteriormente foram eliminados 9 por não cumprirem com o critério de ser escrito em língua portuguesa ou inglesa, resultando num total de 27 artigos. Dos 27 artigos resultantes foram excluídos 5 por não cumprirem com o critério de livre acesso e 5 foram excluídos por não abordarem a temática da forma pretendida. Dos 17 artigos selecionados, foram excluídos 2 por estarem repetidos, perfazendo um total de 15 artigos. Deste modo, foram apenas selecionados 8 artigos que cumpriam os critérios previamente definidos. O processo de seleção dos artigos supramencionado encontra-se esquematizado na figura 1, com recurso ao PRISMA Flow Diagram (Moher et al., 2009).

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Figura 1: Processo de seleção dos artigos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, com recurso ao Prisma Flow Diagram.

Resultados Os artigos selecionados com base nos critérios previamente definidos são provenientes maioritariamente do Brasil (6 artigos), um artigo dos Estados Unidos da América e outro da República Checa.

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Todos os artigos foram publicados nos últimos 4 anos (5 em 2018, 1 em 2020 e 1 em 2021), à exceção de um que foi publicado em 2017. Dos 8 artigos incluídos, 2 são revisões sistemática e integrativa da literatura e 6 são estudos originais (um estudo quase-experimental não randomizado, um estudo de natureza mista e quatro são estudos de corte transversal). Na tabela seguinte clarificam-se os resultados extraídos da análise dos artigos incorporados na SR, de acordo com a estratégia PCC.

Tabela 2: Principais resultados extraídos da análise dos artigos incluídos na SR, segundo a estratégia PCC.

Base de dados B-ON Título / Autor Participantes Contexto

Conceito

Resultados extraídos

Fatores que influenciam a participação das pessoas idosas em programas de prevenção de quedas no domicílio, após alta hospitalar

Este estudo analisou um total de 17 artigos. As barreiras mais citadas estão relacionadas com a fragilidade, a linguagem e comunicação; nível de escolaridade baixo e problemas de saúde. A adesão a programas de prevenção relaciona-se com idades mais jovens, uso de meios audiovisuais para transmitir a informação de forma mais clara, tipo de intervenção e adaptação a novos dispositivos auxiliares de marcha.

/ Ano Barriers and facilitators to old adults participating in fall-prevention strategies after transitioning home from acute hospitalization: a scoping review

Tzeng 2020

et

Pessoas idosas com 60 e mais anos

Transição para o domicílio após alta hospitalar

al.,

The effect of educational intervention by nurses on home environmental risk factors for falls

O apoio e acompanhamento da pessoa idosa neste processo são aspetos que aumentam a sua participação. 106 idosos (29 homens e 77 mulheres), com idades compreendidas entre os 67 e 96 anos (média de idades de 81 anos) a viver na

Domicílio das pessoas idosas

Incidência de fatores de risco domiciliares para quedas, em pessoas idosas e avaliação da

12 semanas após as sessões de sensibilização e prevenção aumentou a perceção dos riscos habitacionais, e o número médio de fatores de risco domiciliares reduziu de 15 para 11. Antes da intervenção, os fatores de risco mais frequentes foram: ausência de protetores nas margens dos

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Tienfenbachová & Zeleníková, 2018

sua própria casa. 79% viviam com familiares (que foram incluídos nas sessões de educação para a saúde). 62% eram viúvos e 44% apresentavam patologia cardiovascular.

intervenção educativa sobre os riscos ambientais nos domicílios das pessoas idosas

móveis; ausência de iluminação; ausência de corrimão e altura da sanita não adaptada. O efeito da intervenção educacional foi estatisticamente significativo para 22 fatores de risco, pelo que se pode concluir que este aumentou a consciência dos idosos para os riscos existentes nas suas próprias casas.

Base de dados RCAAP Título / Autor Participantes Contexto

Conceito

Resultados extraídos

Fatores de risco associados à queda de idosos no domicílio

Os 8 estudos analisados confirmam que a prevalência de quedas em idosos está relacionada com a polimedicação, alterações cognitivas, da visão e da mobilidade, assim como a idade mais avançada e com o sexo feminino.

/ Ano O ambiente domiciliar e seus riscos para quedas em idosos: uma revisão integrativa da literatura

Faleiros et al., 2018

Pessoas Idosas

Domicílio

No que aos fatores extrínsecos, os que mais contribuem para o risco de queda são: a ausência de barra de apoio, iluminação inadequada ou dificuldade em aceder ao interruptor, ausência de tapete antiderrapante na casa de banho e organização dos espaços. As fraturas e o risco de queda são as consequências mais frequentemente relatadas. Esta revisão sistemática concluiu que existem poucos estudos que abordam ações de prevenção de quedas no domicílio.

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Base de Dados SciELO Título / Autor Participantes Contexto

Conceito

Resultados extraídos

/ Ano Queda domiciliar de idosos: implicações de estressores e representações no contexto da covid-19

Santos et al., 2021

Quedas e fatores associados em idosos residentes na comunidade

Cruz & Leite, 2018

Percepção sobre queda e exposição de idosos a fatores

190 pessoas idosas, 41 do género masculino e 149 do género feminino, com idades compreendidas entre os 65 e 96 anos. 66% dos participantes são casados e 21,5% são viúvos.

Domicílio das pessoas idosas

Condições pessoais e estrutura domiciliar que aumentam o risco de queda em pessoas idosas

Os fatores de risco intrínsecos relatados estão associados à alteração da acuidade visual e ao sexo feminino. Dos inquiridos, 53,5% sentem medo de cair na realização das atividades da vida diária. A autoperceção de vulnerabilidade relaciona-se com situações que envolvem barra de apoio, piso escorregadio ou irregular, presença de escadas e ausência de corrimão. Contudo, existem fatores de risco passíveis de modificação mesmo em contexto de pandemia e respetiva recomendação de isolamento social.

400 participantes (258 mulheres e 142 homens), com uma média de idade de 73,8 anos (tendo sido incluídos indivíduos com idade superiores a 60 anos), 89,5% residiam acompanhados e 45,9% eram viúvos.

Domicílio de pessoas idosas

Prevalência de quedas em idosos e fatores de risco associados

Do total dos inquiridos, 92% tomam pelo menos um medicamento diariamente. Os transtornos de saúde que mais referem são a depressão, transtornos de ansiedade, síndromes geriátricas e síndrome de fragilidade e 95,7% referem medo de cair. Registouse uma prevalência de quedas de 35,3% e dos inquiridos que sofreram quedas, 44% afirma ter caído mais que uma vez. As quedas ocorreram no domicílio em 69,2% dos casos e 21,9% ocorreram no quarto. A idade avançada, o baixo nível socioeconómico e a viuvez são fatores que aumentam o risco de queda.

Foram consideradas para análise 473 entrevistas,

Pessoas idosas residentes

Quedas de idosos residentes na comunidade

44% (n= 208) dos participantes sentem medo de sofrer uma queda e 35,9% nunca receberam qualquer tipo de informação sobre a temática.

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de risco domiciliares

Neto 2018

et

al.,

58,4% género feminino 41,6% género masculino.

do

na comunidade

e do

e fatores de risco domiciliares

Os 473 participantes tinham idades compreendidas entre 60 a 95 anos, com uma média de idades de 70,6 anos.

Avaliação do risco de quedas em idosos residentes no domicílio

Smith 2017

et

al.,

Participaram no estudo 240 indivíduos com mais de 60 anos de idade, sendo que a faixa etária mais prevalente foi a 70-74 anos. 69,6% do género feminino. A maioria da amostra vive acompanhada (95,4%).

180 idosos disseram já terem recebido informações sobre queda. O fator de risco domiciliar mais verificado foi a ausência de iluminação noturna, seguido de piso escorregadio e ausência de barra de apoio na casa de banho. A maioria da população idosa apresenta pouco conhecimento sobre quedas. Indivíduos com mais informação sobre quedas estão expostos a menos fatores de risco domiciliares, possivelmente pela adoção de mais medidas preventivas através da modificação do ambiente doméstico.

Domicílio das pessoas idosas

Risco de quedas em pessoas idosas residentes no domicílio

O sexo feminino apresenta maior prevalência de sofrer quedas quando comparado ao sexo masculino. Um baixo desempenho cognitivo, assim como história de quedas nos últimos 6 meses aumenta o risco de sofrer quedas. Existem diversas comorbilidades que podem potenciar o risco de queda como: hipertensão arterial sistémica (HAS), diminuição da acuidade visual, osteoporose e doenças reumatológicas e da coluna. Verifica-se, ainda, que os idosos que são acometidos por HAS têm aproximadamente sete vezes maior risco de sofrer quedas. Este estudo enfatiza ainda a necessidade de avaliar os riscos ambientais.

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Risk Assessment of falls in the elderly assisted in the Family Health Strategy

Antunes et al., 2018

132 pessoas idosas com idades compreendidas entre os 60 e os 99 anos (medida de idade 74,7 anos). 61,4% eram do sexo feminino, 56,1% dos inquiridos não tinham escolaridade, 31,1% eram viúvos.

Comunidade

Ocorrência de quedas e fatores de risco relacionados em pessoas idosas

Há uma grande exposição dos idosos a fatores extrínsecos como ausência de barras de apoio na casa de banho, presença de irregularidades no piso assim como presença de escadas. No que aos fatores intrínsecos diz respeito, os mais relatados foram tontura/vertigem. Verificou-se uma associação estatisticamente significativa entre doença vascular periférica e queda nas escadas, assim como o uso de polimedicação e calçado inadequado. As pessoas idosas viúvas tem maior probabilidade de queda, devido ao facto de realizarem mais atividades sozinhas e terem reduzida a sua rede social.

Discussão dos resultados Todos os artigos analisados realçam a importância da temática e encaram o envelhecimento como um processo multifatorial, que requer uma abordagem multidisciplinar e enquanto processo deve ser analisado e intervencionado tendo em conta todas as suas áreas de atuação. Os 6 artigos realizados no Brasil, considerado um país em desenvolvimento e onde o envelhecimento da população é um fenómeno exponencial e rápido, refletem essa preocupação sendo a investigação nesta área fundamental (Escorsim, 2021). O processo de envelhecimento acarreta um conjunto de alterações naturais, mais acentuadas em alguns indivíduos e que podem originar patologias, contudo todas tornam a pessoa idosa mais frágil e vulnerável (Bárrios et al., 2020).

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No que concerne aos participantes dos artigos em análise, as investigações de Thienfenbachová and Zelenîkova (2018) e de Santos et al. (2021) centraram-se em pessoas com 65 e mais anos, o que tornou possível a comparação dos resultados com a de outros estudos internacionais. De facto, o conceito de pessoa idosa poderá variar tendo em consideração o nível socioeconómico do país. Nos países em desenvolvimento as pessoas com mais de 60 são consideradas idosas e nos países desenvolvidos apenas integram esta categoria, as pessoas com 65 e mais anos (Dardengo & Mafra, 2018). Nesta revisão foram consideradas os estudos com pessoas que tinham mais de 60 anos. Tendo em conta que em Portugal e nos restantes países da Europa, a pessoa idosa é defina como aquela que tem idade igual ou superior a 65 anos, foram integrados na presente SR 6 artigos que não cumpriam com este critério, mas como continham informações pertinentes acerca das causas e consequências de quedas em

idosos,

assim

como

conhecimento

relacionado

com

intervenções

de

sensibilização e prevenção de quedas nesta população foram integrados. Tzeng et al. (2020) desenvolveu uma scoping review nos Estados Unidos da América, cujos artigos analisados incluíram pessoas com 60 e mais anos, tal como a revisão integrativa da literatura realizada por Faleiros et al. (2018). De igual forma, os restantes 4 estudos originais definiram como critério de inclusão ter idade igual ou superior a 60 anos (Cruz & Leite, 2018; Smith et al., 2017; Neto et al., 2018; Antunes et al., 2018). A esperança de vida das mulheres é claramente superior à dos homens, facto que se traduz na feminização do envelhecimento e numa viuvez mais acentuada no sexo feminino (Moreira, 2020). Com efeito, a amostra dos diversos estudos analisados na presente SR era maioritariamente feminina (Thienfenbachová & Zelenîkova, 2018; Santos et al., 2021; Cruz & Leite, 2018; Smith et al., 2017; Neto et al., 2018; Antunes et al., 2018). O aumento exponencial do número de quedas em idosos, nas últimas décadas, permitiu reconhecer as quedas como um grave problema de saúde pública que pode ser evitado (Ye, 2021). Os artigos analisados tinham como objetivos identificar a prevalência de quedas (Cruz & Leite, 2018); averiguar a eficácia de programas de JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1)  ISSN: 2182-696X  http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-9

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sensibilização e prevenção (Thienfenbachová & Zelenîkova, 2018); identificar os fatores que contribuem e dificultam a adesão aos programas de prevenção de quedas (Tzeng et al., 2020) e informar sobre os fatores de risco para quedas (Faleiros et al., 2018; Santos, 2021; Smith et al., 2017; Neto et al., 2018; Antunes et al., 2018). A recolha da informação nos diferentes estudos foi bastante distinta de artigo para artigo, o que indica que não há um instrumento de avaliação de aplicação universal, quando se avaliam os riscos de queda, facto comprovado pelos inúmeros instrumentos de avaliação disponíveis na literatura (Sousa et al., 2016; Bernardes et al., 2019). Deste modo, Thienfenbachová and Zelenîkova (2018), construíram uma checklist de verificação de segurança, com base na literatura encontrada. Esta lista continha 34 itens que avaliam a presença de fatores de riscos, utilizada antes e após a ação de sensibilização. Por sua vez, no estudo de Santos et al. (2021), utilizou a Falls Efficacy Scale – Internacional (FES-I) para avaliar os fatores de risco para quedas, tal como Cruz e Leite (2018). Smith et al. (2017) recorreram ao Fall Risk Score, enquanto Neto et al. (2018) usaram o Falls Risk Awareness Questionnaire (FRAQ-Brasil). No estudo de Antunes et al. (2018), os autores recorreram a um questionário, que permitia a avaliação de vários domínios, onde apenas 6 itens permitiam aferir os fatores de risco de queda. Todos os artigos se focaram na população idosa a residir em ambiente domiciliar, por forma a avaliar o risco de queda e fatores de risco associados. A população idosa passa grande parte do tempo em casa, por sentir que a casa é um lugar familiar e seguro, contudo cerca de 70% das quedas ocorrem no domicílio (Marinho et al., 2020). Como as pessoas idosas se sentem mais confiante em casa, este facto poderá reduzir o nível de atenção durante a realização das atividades da vida diária, aumentando o risco de as pessoas caírem (Marinho et al., 2020). Neste sentido, a necessidade de garantir um ambiente domiciliar seguro e sem riscos, deve ser equacionada de modo a manter a qualidade de vida e bem-estar da população idosa. Tzeng et al. (2020) procuraram estudar os fatores que influenciam a aderência a programas de intervenção na população idosa residente na comunidade, após alta hospitalar, demonstrando assim a importância das ações de sensibilização na prevenção de novas quedas e consequente hospitalização. Por outro lado, e apesar

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de Smith et al. (2017) se focarem no contexto domiciliar das pessoas idosas, os autores abordaram apenas os fatores de risco intrínsecos, o que não permitiu identificar uma estratégia de prevenção global e eficaz. O tema central dos artigos selecionados foi a avaliação do ambiente domiciliar e a identificação de fatores de risco, contudo nos artigos revistos é unânime a opinião de que as quedas resultam de uma associação entre agentes biológicos e agentes extrínsecos, como os ambientais (Oliveira et al., 2019), o que poderá justificar o número reduzido de artigos exclusivamente sobre os riscos associados ao ambiente neste caso o domicílio. Dos artigos que mencionam os vários fatores de risco, três abordam fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, dando maior enfase aos primeiros (Faleiros et al., 2018; Santos, 2021; Antunes et al., 2018); dois artigos referem-se aos fatores biológicos que podem estar na origem das quedas em pessoas idosas (Cruz & Leite, 2018; Smith et al., 2017), e apenas os artigos de Thienfenbachová e Zelenîkova (2018) e Neto et al. (2018) dão destaque aos fatores domiciliares, o que sugere que existe uma lacuna na bibliografia atual relacionada com a investigação dos riscos habitacionais para a ocorrência de quedas em idosos, e ausência de estudos que avaliem a eficácia das ações de prevenção e modificação habitacional. Tal como já foi referido o risco de queda depende da associação entre a capacidade funcional e mobilidade da pessoa idosa e os fatores ambientais (Faleiros et al., 2018), por isso a inadequação do ambiente domiciliar representa um fator de risco que deve ser tido em conta na avaliação multidisciplinar das pessoas idosas. O domicílio das pessoas idosas, apesar de representar um lugar de afetos e onde as pessoas se sentem seguras, pode conter diferentes fatores de risco para queda, tais como o uso de tapetes sem fixação (Oliveira et al., 2021), piso escorregadio, iluminação inadequada, escadas e rampas sem corrimão e outras medidas de proteção, disposição inadequada dos móveis; degraus altos ou estreitos (Queiroz et al., 2020) e ausência de barras de apoio (Campani et al., 2021). De entre os mais mencionados destacam-se a ausência de barras de apoio na casa de banho (mencionado em 4 artigos), seguido da iluminação inadequada (3 artigos), presença de escadas ou ausência de corrimão (3 artigos) e piso escorregadio JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, ABRIL, 2022, 11 (1)  ISSN: 2182-696X  http://journalofagingandinnovation.org/ DOI: 10.36957/jai.2182-696X.v11i1-9

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ou irregular (3 artigos). A altura inadequada da sanita, ausência de tapetes antiderrapantes ou presença de tapetes e a organização inadequada das divisões representam fatores de risco para quedas igualmente referidos em 3 artigos. Neste sentido, e analisando os fatores de risco avaliados em cada um dos estudos podemos concluir que as checklists, que permitem a avaliação da segurança do domicílio das pessoas idosas, devem incluir itens relacionados com a presença dos seguintes fatores de risco: iluminação noturna inadequada; piso escorregadio ou não antiderrapante; piso irregular; presença de escadas no domicílio; ausência de corrimão nas escadas; ausência de barras de apoio na casa de banho; banheira sem piso antiderrapante; objetos fora do alcance da pessoa idosa; cadeiras sem encosto ou sem o apoio de braços; arrumação e organização dos espaços inadequada; ausência de proteções nos móveis; presença de móveis instáveis, fios e cabos no chão; calçado inadequado, presença de animais de estimação e altura inadequada da cama e da sanita (Santos et al., 2021; Antunes et al., 2018; Neto et al., 2018; Thienfenbachová & Zelenîkova, 2018). As visitas domiciliares orientadas para a prevenção de quedas poderão permitir não só a avaliação do risco domiciliar para quedas, como intervenções imediatas, tanto relacionadas com a adequação do ambiente como com a capacitação das pessoas idosas para a modificação dos fatores de risco comportamentais (Oliveira et al., 2018). A literatura atual sugere um conjunto de modificações que permitem tornar o ambiente domiciliar mais seguro, através da instalação de iluminação com sensores de movimento; remoção de tapetes ou fixação dos mesmos ao solo; colocação de barras de apoio, nomeadamente na casa de banho, reorganização de movéis e espaços e colocação de corrimão em todas as escadas (Campani et al., 2021). Os artigos analisados realçam também a importância do envelhecimento ativo e de ações de promoção da saúde, como forma de minimizar as consequências do processo de envelhecimento. Estas ações englobam ações a nível pessoal, como a alteração de fatores de risco (modificáveis) e ações no ambiente, através da modificação de circunstâncias e correção de inadequações ambientais que podem aumentar o risco de queda, para assim minimizar esses eventos (Cruz & Leite, 2018; Smith et al., 2017). Outros artigos também concluem sobre a importância da

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capacitação das pessoas sobre o autocuidado acerca das quedas e das consequências, através de intervenções educacionais, no sentido de pode aumentar a sua perceção do risco, e deste modo permitir a alteração de comportamentos e modificações no ambiente doméstico (Neto et al., 2018; Thienfenbachová & Zelenîkova, 2018). O Programa de Conforto Habitacional para Pessoas Idosas (PCHI), criado em 2007 com o objetivo de melhorar as condições de habitabilidade das pessoas idosas que usufruam do serviço de apoio domiciliário (SAD) (Despacho n.º 6716-A/2007) é uma das alternativas para a modificação do ambiente doméstico de modo a torná-lo mais seguro. Não obstante, o processo de candidatura poderá representar um obstáculo para as pessoas idosas, no sentido de que é pouco divulgado e só se aplica nos casos de habitação própria. Também importante na prevenção de quedas e na manutenção da qualidade de vida das pessoas idosas é o envolvimento familiar. Este, é apontado como elo indispensável quer nas ações de sensibilização quer nas ações de prevenção e posterior modificação (Faleiros et al. 2018). Ao longo do processo de envelhecimento, tanto o apoio afetivo como as ajudas financeiras parecem ser fundamentais na prevenção de quedas. As modificações e adaptações do ambiente familiar podem interferir com o bem-estar emocional dos mais velhos e serem dispendiosas, mas são necessários mais estudos que relacionem as intervenções desta natureza em termos de custo-eficiência (Campani et al. 2021). No que se refere aos elementos facilitadores e às barreiras que influenciam a adesão das pessoas idosos a programas de prevenção de quedas, Tzeng et al. (2020), identificaram, também, o apoio social, o suporte e empatia dos familiares, como os fatores que facilitam a adesão a estratégias de prevenção. Apesar os vários artigos analisados abordem os fatores ambientais, constata-se a falta de publicações no que diz respeito aos fatores de risco domiciliares e aos efeitos produzidos pela modificação dos mesmos. Neste sentido, a realização de mais estudos de investigação acerca dos fatores habitacionais que potenciam a ocorrência de quedas, das medidas de prevenção eficazes como as ações de sensibilização e os seus resultados nas atividades da vida diária das pessoas idosas poderão trazer um conhecimento mais profundo sobre estas questões, embora esta poderá ser uma

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limitação desta revisão uma vez que o número reduzido de artigos encontrados também poderá estar relacionado com as plataformas de pesquisa a que se recorreu.

Conclusão Existe grande consenso na literatura no que diz respeito à interação entre fatores intrínsecos e extrínsecos para a ocorrência de quedas em pessoas idosas, e a presente scoping review permitiu verificar que existe um grande número de artigos que abordam os fatores ambientais, contudo, poucos artigos estudam em profundidade os riscos domiciliares que mais frequentemente causam quedas nestas pessoas. A maioria dos riscos domiciliares são passíveis de ser modificados, e é possível tornar o ambiente domiciliar mais seguro, através da instalação de iluminação com sensores de movimento, remoção de tapetes ou fixação dos mesmos ao solo, colocação de barras de apoio, nas casas de banho, e reorganização dos espaços e colocação de corrimão em todas as escadas. Contudo a intervenção nesse sentido não dispensa as sessões de sensibilização e outras medidas relacionadas com a adesão das pessoas à prevenção de eventos de queda. A promoção da saúde e as atividades de educação para a saúde devem ser, sempre que possível, dirigidas tanto às pessoas idosas, como à sua rede familiar e social, de modo a capacitar tanto as pessoas idosas como os seus envolventes de modo a garantir o apoio emocional que as pessoas idosas também necessitam. Concluiu-se, por isso que o presente trabalho poderá constituir um ponto de partida para futuras investigações que estudem em profundidade as variáveis habitacionais que contribuem para a ocorrência de quedas em pessoas idosas e quais os instrumentos de avaliação mais eficazes, por forma a melhorar a intervenção junto das pessoas com risco acrescido associado às condições habitacionais e deste modo poder contribuir para a sua prevenção.

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