Editorial:
César Fonseca, PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal
Sandro Botticelli (Florentine, c. 1445-1510) The Birth of Venus [La Nascita di Venere] (c. 1485)
JOURNAL OF AGING AND INNOVATION, AGOSTO, 2018, 7 (2) ISSN: 2182-696X http://journalofagingandinnovation.org/
VOLUME 7 . EDIÇÃO12
Editorial:
César Fonseca, PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal
EDITORIAL
O Journal of Agind and Innovation, publica com este número a edição número 25, publicando desde 2011 cerca de 175 artigos onde se congregam mais de 75 organizações, que colaboraram e entenderam publicar na nossa revista. A taxa de visualização tem vindo a aumentar a cada ano que passa, tendo atingido nos primeiros seis meses de 2018 as 72.057 visualizações de página, com uma audiência média de 200 visualizações por dia. Deste modo reafirmamos o cumprimento dos nossos objetivos, pois na data da sua criação, prevíamos, uma revista de divulgação nacional e internacional, com o crescente impacto e aumento da visibilidade dos trabalhos publicados, o elevado investimento realizado nos programas de base informática subjacentes ao Portal onde a revista se encontra alojada, permitem uma ampla e imediata difusão do material científico em vários formatos. Podemos observar no gráfico 1, o desenvolvimento pelos diversos países do mundo.
Gráfico 1 – Visualizações por país Journal of Agind and Innovation (Periodo Janeiro a Junho de 2018)
País
Usuários
Percentagem do Usuários
1.
Brasil
2.
Portugal
3.
Mozambique
861
1,64%
4.
Angola
588
1,12%
5.
United States
273
0,52%
6.
México
172
0,33%
7.
Cape Verde
111
0,21%
8.
(not set)
98
0,19%
9.
United Kingdom
92
0,18%
Spain
88
0,17%
10.
39.516
75,29%
9.690
18,46%
Observa-se predominantemente o desenvolvimento das visualizações, no Brasil, onde já somos uma referência académica de várias Universidades, seguido de Portugal e dos países de língua oficial Portuguesa. No campo da indexação temos vindo de forma sustentada a desenvolver esforços junto dos principais motores internacionais, onde já estamos presentes, como na Biblioteca Nacional, LATINDEX, WebQualis (Capes), Google Acadêmico, na DOAJ, REDIB (Red Iberoamericana de Innovación y Conocimiento Científico) e mais recentemente na SJIF Scientific Journal Impact Factor- 2018: 7.088. Pensamos assim contribuir para o desenvolvimento da ciência, dos vários saberes do envelhecimento, no mundo. Na WebQualis (Capes), já somos
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César Fonseca, PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal
reconhecidos por quatro áreas do conhecimento (Interdisciplinar, Saúde, Coletiva e Serviço Social) e esperamos na próxima avaliação continuar o percurso de reconhecimento. Como projetos para o futuro, estamos neste momento a restruturar o Journal of Agind and Innovation, convidando novos editores, revisores de elevadíssima qualidade, que permitam entre outros, o aumento continuo da qualidade dos artigos publicados. Este incremento de qualidade permitirá no futuro próximo a tradução integral da revista em três línguas, o Português, Inglês e o Espanhol, brevemente teremos um grafismo melhorado, diferente e inovador. Como projeto anual de desenvolvimento iniciamos o processo de indexação na SCOPUS, será por certo um processo que iremos trilhar com todo o gosto, com necessidade de restruturação e aumento e incremento da qualidade, dos artigos que publicamos. Agradecemos a todos quantos têm colaborado com esta revista e reafirmo o empenho o entusiasmo e a dedicação que sempre nos permitiu a evolução, a todos bem hajam.
César João da Fonseca. Universidade de Évora. Portugal
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Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
Artigo Original
Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação Continuous quality improvement project: Measles - Vaccination Campaign
Proyecto de mejora continua de la calidad: Sarampión - Campaña de Vacunación
Armando David Sousa1, Claudina Martins2; Dina Duarte Pinto3, Fernanda Silva4; Liliana Ferreira5; Vitor Santos6 1-6
RN, CNS, MsC
Corresponding Author: dinamariapinto@gmail.com RESUMO O projeto de melhoria contínua da qualidade foi realizado na área da vacinação contra o sarampo, visto esta ser uma área da inteira responsabilidade do enfermeiro. Teve como objetivo promover a adesão à vacinação contra o sarampo, da população inscrita num Agrupamento de Centros de Saúde (ACES)
e dos seus profissionais de saúde.
A
metodologia adotada foi a preconizada pela Ordem dos Enfermeiros (OE) para o desenvolvimento de projetos de melhoria contínua da qualidade. Este projeto pretende demonstrar que a fundamentação científica, a planificação, a definição de estratégias, de objetivos e a criação de indicadores mensuráveis, permitem dar visibilidade aos cuidados de enfermagem, sendo uma oportunidade de crescimento para os enfermeiros da prática clínica e para os enfermeiros gestores. Palavras-Chave: Projeto; melhoria contínua; qualidade; vacinação; sarampo.
ABSTRACT The project of continuous quality improvement was carried out in the area of measles vaccination, since this is an area of the entire responsibility of the nurse. It aimed to promote adherence to measles vaccination, by the population enrolled in a Health Centers Group (ACES) and its health professionals. The methodology adopted was the one recommended by the Portuguese Nurses Council (OE) for the development of projects for continuous quality improvement. This project intends to demonstrate that the scientific basis, planning, definition of strategies, objectives and the creation of measurable indicators, allow to give visibility to nursing care, being an opportunity for growth for nurses of clinical practice and for nurse managers. Keywords: Project; continuous improvement; quality; vaccination; measles.
INTRODUÇÃO As organizações de saúde enfrentam o desafio de acompanhar as mudanças epidemiológicas da atualidade, o planeta tornou-se global trazendo novas implicações para a saúde pública,
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ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
entre elas o confronto com doenças que se pensavam erradicadas. O Programa Nacional de Vacinação (PNV) existe em Portugal há mais de 50 anos, é um dos exemplos de boas práticas, gerido pela Direção Geral da Saúde (DGS) e faz parte do seu plano estratégico, sendo um dos exemplos de eficiência das políticas públicas (DGS, 2016). A evidência científica comprova que foram muitos os avanços feitos pela comunidade científica na área da vacinação. Nas sociedades modernas a conquista da liberdade proporcionou novas correntes de pensamento. Alguns estudos sem evidência comprovada contribuíram para influenciar negativamente a escolha livre e informada. O presente projeto de melhoria contínua da qualidade enquadra-se no enunciado descritivo dos Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem “promoção da saúde”,
na procura
permanente da excelência no exercício profissional uma vez que o enfermeiro ajuda os clientes a alcançarem o máximo potencial de saúde (OE), 2002). Neste âmbito,
foi eleita como área de melhoria a vacinação
contra o sarampo, visto esta ser uma área da inteira responsabilidade do enfermeiro uma vez que é ele que desenvolve com os cidadãos o plano de vacinação. Tal como indica o Resumo Mínimo de Dados e Core de Indicadores de Enfermagem para o Repositório Central de Dados da Saúde (OE, 2007), o presente projeto enquadra-se nos indicadores de processo e resultados, sensíveis aos cuidados de enfermagem. Para este projeto foi definido como objetivo geral: promover a adesão à vacinação contra o sarampo, da população inscrita no ACES e dos seus profissionais de saúde. E como objetivos específicos: contribuir para a aquisição de conhecimentos da população, relacionados com o sarampo; contribuir para as necessidades educativas da população, relacionadas com a vacina do sarampo; aumentar a proteção específica da população contra o sarampo; aumentar a proteção especifica dos profissionais de saúde contra o sarampo e sensibilizar e motivar os profissionais de saúde do ACES para a problemática do sarampo. Foram ainda definidos indicadores, de forma a avaliar a pertinência do próprio projeto, o impacto das intervenções e estratégias definidas.
IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROBLEMA A vacinação é uma das primordiais atividades da responsabilidade dos enfermeiros que exercem a sua atividade nos Cuidados de Saúde Primários (Subtil & Vieira, 2011), tendo contribuído nos últimos anos, para uma apreciável redução da mortalidade na população mundial, bem como, na erradicação de algumas doenças. A vacinação é uma área
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ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
problemática da saúde pública que se encontra em constante atualização, acompanhando os avanços da ciência. As doenças transmissíveis podem ser “prevenidas e controladas. O objetivo dos programas de prevenção e controlo é reduzir a prevalência de uma doença para um nível em que esta já não constitua um grande problema de saúde pública” (Sy & Long-Marin, 2011, p.919). A prevenção primária refere-se então à prevenção do desenvolvimento da doença através da redução da exposição aos agentes que causam a doença ou por imunização (Gordis, 2011). Em relação à intervenção do enfermeiro, “a prevenção encontra-se no centro da saúde pública e comunitária, e são os enfermeiros que realizam a maior parte deste trabalho (…) alguns exemplos são a administração de vacinas para doenças evitáveis através da vacinação e monitorização do estado de imunização” (Sy & Long-Marin, 2011, p.920). Tal como consta no PNV, as vacinas permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doença do que qualquer tratamento médico, sendo um Programa universal, gratuito e acessível a todas as pessoas presentes em Portugal (DGS, 2016). O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas, sendo habitualmente benigna, mas em alguns casos pode ser grave ou mesmo fatal. É uma doença aguda, altamente contagiosa, capaz de provocar epidemias, sendo o homem o único reservatório do vírus. Pode ser contraído a qualquer idade. Acredita-se que as crianças são o grupo etários mais afetado pelo sarampo, mas a doença também se espalha entre adolescentes e adultos. A vacinação é a melhor maneira de se proteger contra o sarampo, independentemente da idade (European Centre for Disease Prevention and Control, 2018). O atual PNV, que entrou em vigor no início de 2017 passou a ter novos esquemas vacinais gerais, em função da idade e do estado vacinal anterior, e ainda esquemas vacinais específicos para grupos de risco ou em circunstâncias especiais (DGS, 2017). A boa aceitação e adesão por parte da população e dos profissionais de saúde explicam o desempenho do PNV desde a sua criação em 1965, com elevadas coberturas vacinais (DGS, 2017). Passado o marco dos 50 anos, o PNV mudou o panorama das doenças infeciosas a nível nacional, concorreu para a redução da mortalidade infantil e para o desenvolvimento do país e contribuiu ainda para momentos marcantes na história da humanidade como a erradicação mundial da varíola em 1980 e a eliminação da poliomielite na região europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2018). O sarampo é uma doença com possibilidade de eliminação
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dada a sua transmissão exclusivamente inter-humana e a existência de uma vacina eficaz e segura. O continente americano eliminou o sarampo em 2002 (DGS, 2013). A OMS, em 1998, definiu o ano 2007 como meta para a eliminação do sarampo na região europeia. Em 2005 esta meta foi alterada para o ano 2010 e foi lançado o Programa Europeu de Eliminação do Sarampo e Rubéola e Prevenção da Rubéola Congénita (DGS, 2013). A vacinação deve ser entendida como um direito e um dever dos cidadãos, participando ativamente na decisão de se vacinarem com a consciência que estão a defender a sua saúde, a saúde pública e a praticar um ato de cidadania (DGS, 2017). A vacinação organizada contra o sarampo em Portugal iniciou-se em 1973, tendo a Vacina Monovalente Contra o Sarampo (VAS) sido incluída no PNV em 1974. Em 1987, a Vacina Combinada Contra Sarampo, Parotidite Epidémica e Rubéola (VASPR) substituiu a VAS no PNV, sendo recomendada aos 15 meses de idade (DGS, 2013). Inicialmente, as coberturas vacinais obtidas não foram suficientes para impedir epidemias pelo que em 1990 foi introduzida no PNV uma segunda dose da vacina VASPR aos 11-13 anos de idade, no sentido de ultrapassar as falências vacinais primárias (DGS, 2013). Apesar das boas coberturas vacinais a nível nacional, assimetrias nestas coberturas permitiram a acumulação de bolsas suscetíveis e a ocorrência da epidemia. No ano 2000 a segunda dose da vacina foi antecipada para os 5-6 anos de idade. Em 2008 e 2011, face à situação europeia, com surtos em vários países, reativaram-se as medidas complementares de vacinação e reforçou-se a vigilância epidemiológica do sarampo. O PNV 2012 determina a antecipação da primeira dose da VASPR dos 15 para os 12 meses de idade. Com esta alteração obtém-se imunidade individual e de grupo mais precocemente (DGS, 2013). Todas estas medidas têm tido como resultado o controlo sustentado do sarampo em Portugal, decorrente de elevadas coberturas vacinais a nível nacional. As coberturas vacinais com 1 e 2 doses da vacina VASPR, a nível nacional, são ≥95% pelo menos desde 2006. No entanto, este valor não é uniforme, verificando-se assimetrias regionais e locais, que aumentam o risco de existência de bolsas de população suscetível, mesmo em áreas geográficas com cobertura vacinal global elevada. A ação das estruturas de saúde locais com intervenção junto das comunidades é fundamental para a correção dessas assimetrias, como forma de prevenir a ocorrência de surtos a partir de casos importados (DGS, 2013). Em 2017 foram notificados 32 casos de sarampo em Portugal. Ocorreram dois surtos, um na região do Algarve com 7 casos confirmados laboratorialmente; outro na região de Lisboa e
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ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
Vale do Tejo com 20 casos confirmados laboratorialmente e 5 casos possíveis. Para além dos casos referidos, foram notificados 2 casos importados, ambos confirmados. Em 2018, até ao dia 9 de abril, já tinham sido reportados 105 casos confirmados, sendo que 102 ocorreram na região Norte. Verificou-se que 15 dos casos não estavam vacinados e 10 tinham o esquema incompleto. É ainda de salientar que 85 dos casos ocorreram em profissionais de saúde com ligação laboral ao Hospital de Santo António, no Porto. Os grupos etários com mais casos confirmados foram o dos 25-29 anos e o dos 30-34 anos com 29 casos em cada grupo etário o que perfaz 58 casos com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos.
DIMENSÃO DO PROBLEMA
Segundo a OMS o número de casos de sarampo atingiu números alarmantes na Europa em 2017 (figura 1), após se ter alcançado um mínimo histórico em 2016. O continente registou cerca de 21.315 casos no ano passado, que é quase quatro vezes maior do que no ano anterior (21.315 pessoas afetadas e 35 pessoas mortas, após uma baixa recorde de 5.273 casos em 2016. Os países mais afetados foram a Roménia, a Itália e a Ucrânia, em que cada um registou cerca de 5.000 casos, sendo que dos casos registados, 19.100 foram registados em oito - Romênia, Itália, Ucrânia, Grécia, Alemanha, Sérvia, Tajiquistão e França (OMS, 2018a). De acordo com o diretor regional da OMS para a Europa (OMS, 2018a), a causa para este aumento deve-se a um declínio na vacinação de rotina, baixas taxas de vacinação em grupos marginalizados, interrupção no fornecimento de vacinas ou falta de vigilância adequada da doença. Em 2017, por exemplo, a OMS declarou que o Reino Unido havia eliminado o sarampo. “Eliminação” neste contexto não significa que o Reino Unido não tenha um único caso, mas que o número de casos foi tão baixo - apenas 282 casos - que a doença foi confinada a pequenos grupos e não se espalhou amplamente. Para alcançar o feito, o serviço nacional de saúde do Reino Unido recomenda que o nível de imunização na população seja de pelo menos 90% para evitar a disseminação do sarampo e 95% para evitar a disseminação da papeira e rubéola (OMS, 2018a). Ainda assim na prática, as taxas de vacinação precisam ser muito maiores, porque embora a taxa média de vacinação possa ser de 95%, podem haver alguns grupos em que a taxa pode ser inferior a 80% e que seja baixa o suficiente para que a doença se dissemine, pelo que se deve lutar por 100% de cobertura vacinal para impedir a disseminação de doenças evitáveis (OMS, 2018a). Os últimos dados de cobertura vacinal disponíveis, para a região europeia são de 2016 (figura 2). De acordo
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com a OMS as ações para deter os surtos atuais e impedir o desenvolvimento de outros estão a desenrolar-se em várias frentes. Elas incluem a consciencialização pública, a imunização de profissionais de saúde e outros adultos em risco particular, enfrentando desafios no acesso e melhorando o planeamento e a logística da oferta. Por outro lado, o sarampo continua a disseminar-se na Ucrânia, com novos casos sendo relatados em janeiro de 2018 em todos os distritos e Kiev (OMS, 2018b). Esses casos são os mais recentes de um surto em expansão que afetou mais de 3.000 pessoas e custou a vida de 5 crianças e adultos em 2017, de acordo com dados preliminares. As informações mais recentes de outros países da Região Europeia da OMS indicam também um aumento dos casos, incluindo grandes surtos de sarampo que afetam a Grécia, a Itália e a Roménia. De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), nos Estados Unidos da América, entre 1 de janeiro a 30 de março de 2018, 34 pessoas de 11 estados foram diagnosticadas com sarampo (CDC, 2018). De acordo com a mesma fonte, em 2017, 118 pessoas de 15 estados e do Distrito de Columbia tiveram sarampo; em 2016, 86 pessoas de 19 estados tiveram sarampo; em 2015, 188 pessoas de 24 estados e do Distrito de Columbia foram diagnosticadas com sarampo; em 2014, os EUA registaram um número recorde de casos de sarampo, com 667 casos de 27 estados registrados no Centro Nacional de Imunizações e Doenças Respiratórias do CDC. Este é o maior número de casos desde que a eliminação do sarampo foi documentada nos EUA em 2000, mas que fica, no entanto, aquém da crise registada em 2017 na região Europeia. Acerca destes casos de sarampo, o CDC (2018) constata que: a maioria das pessoas que contraíram sarampo não foram vacinadas; o sarampo ainda é comum em muitas partes do mundo, incluindo alguns países da Europa, Ásia, Pacífico e África; viajantes com sarampo continuam a trazer a doença para os EUA; o sarampo pode espalhar-se quando atinge uma comunidade nos EUA onde grupos de pessoas não são vacinados.
OBJETIVOS INICIAIS
Os objetivos pretendem delinear as metas que a organização pretende alcançar, sendo que um bom planeamento exige uma clara priorização dos mesmos (Pinto, Rodrigues, Santos, Melo, Moreira & Rodrigues, 2012). Com a elaboração deste projeto pretendemos alcançar como objetivo geral: Promover a adesão à vacinação contra o sarampo, da população inscrita no ACES e dos seus profissionais de saúde, e como objetivos específicos: 1) Contribuir para a aquisição de conhecimentos da população, relacionados com o sarampo; 2) Contribuir para as necessidades educativas da população, relacionadas com a vacina do sarampo; 3) Aumentar a proteção específica da população contra o sarampo, 4) Aumentar a proteção especifica dos profissionais de saúde contra o sarampo; 5) Sensibilizar os profissionais de
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saúde do ACES para a problemática do sarampo. Segue-se a enumeração dos objetivos operacionais ou metas, dado que estes traduzem o enunciado de um resultado desejável de acordo com os objetivos específicos já expostos anteriormente: 1) Que pelo menos 95% da população saiba identificar o que significa sarampo e os modos de transmissão do vírus; 2) Que pelo menos 95% da população identifique qual a vacina do PNV contra o sarampo; 3) Atingir uma taxa de cobertura vacinal contra o sarampo de 95% nos adultos (≥ 18 anos de idade) nascidos ≥1970; 4) Atingir uma taxa de cobertura vacinal contra o sarampo de 95% nos profissionais de saúde; 5) Que 80% dos profissionais de saúde participem nas reuniões multiprofissionais das Unidades Funcionais (UF) para sensibilização da problemática.
PERCEBER AS CAUSAS
Conseguimos obter alguma informação sobre as causas possíveis da nossa problemática, contudo, decidimos recorrer ao método de Brainstorming, entre os elementos do grupo, para enquadrar localmente o problema e facilitar a identificação das suas causas reais. Foi também utilizada como ferramenta o Diagrama de Ishikawa também designado por Espinha de Peixe no sentido de identificar as causas do problema definido. Identificamos
como
problemas:
falta
de
conhecimentos
sobre
o
sarampo
(diagnóstico/sintomas) entre a população e profissionais de saúde; desconhecimento do esquema da vacina contra o sarampo, baixa adesão à vacina contra o sarampo, taxas de cobertura vacinal para a vacina contra o sarampo abaixo do recomendado pela DGS. Identificação das dimensões em estudo Sendo a efetividade a capacidade de promover os resultados, no âmbito deste projeto, através da promoção da saúde pretendemos contribuir para o aumento da proteção específica contra o sarampo, o que se traduz em ganhos em saúde com eficiência, despendendo o mínimo de recursos e esforços. O PNV é um exemplo de boas práticas e em simultâneo um exemplo de eficiência em políticas públicas. Quanto à adequação deste projeto, traduz-se na capacidade de utilizar conhecimentos e os recursos disponíveis para a prevenção da doença, facilitando a acessibilidade aos cuidados, contribuindo para a melhoria da satisfação dos clientes. A acessibilidade é garantida através do acesso à vacinação sem marcação, durante o horário de funcionamento das unidades. A pesquisa efetuada sobre esta temática demonstra que a população vacinada fica protegida contra o sarampo, o que contribui para aumentar a imunidade de grupo, evitando custos inerentes à doença.
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Unidades de estudo Os utilizadores incluídos na avaliação serão os adultos (≥ 18 anos de idade) nascidos ≥1970 inscritos no ACES e os seus profissionais de saúde. Tipos de dados Neste projeto os dados utilizados são de processo e de resultado. Fonte de dados A fonte de dados passa pelo processo clinico consultado através dos seguintes sistemas de informação: Sclinico, Registo Central de Vacinas, MedicineOne, Vacinas e Registo Nacional de Utentes onde podemos obter informação sobre o agregado familiar, moradas e respetivos contactos e identificar a população com o PNV desatualizado. Tipo de avaliação A avaliação é interna, interpares, com respetiva realização e monitorização pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto. Critérios de avaliação Critérios
Exceções
Esclarecimentos
✓ Contribuir para a aquisição de
Recusa do próprio
✓ Sessões de Educação
conhecimentos da população,
para a Saúde.
relacionados com o sarampo.
✓ Empowerment
✓ Contribuir para as
✓ Folhetos informativos
necessidades educativas da
✓ Convocatória de
população, relacionadas com a
clientes com vacina
vacina do sarampo.
em atraso (telefonema,
✓ Aumentar a proteção
email, visita
específica da população contra o
domiciliária)
sarampo. ✓ Aumentar a proteção especifica dos profissionais de saúde contra o sarampo.
✓ Administração da vacina ✓ Articulação com Departamento de Saúde no trabalho
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✓ Sensibilizar os profissionais de
✓ Reuniões de Serviço
saúde do ACES para a problemática do sarampo.
Quem colhe os dados e como O enfermeiro responsável pela vacinação de cada UF faz a recolha de dados através do sistema de informação em utilização no serviço. A compilação e análise de dados será efetuada pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto. A avaliação é retrospetiva, realizada com recurso à consulta do processo clinico informático. Relação temporal O projeto terá a duração de 7 meses. Definição da população e seleção da amostra Este projeto assenta na base populacional, constituída por todos os utentes inscritos nas UF do ACES nascidos ≥1970 sem história credível de sarampo e sem a vacina contra o sarampo e todos os seus profissionais de saúde, sem história credível de sarampo e sem duas doses da vacina contra o sarampo.
Intervenção prevista As Intervenções previstas são compostas por medidas educacionais que comportam as reuniões de equipa para sensibilização dos profissionais e sessões de educação para a saúde individuais. Indicadores de avaliação Os indicadores têm como objetivo apoiar os profissionais de saúde na quantificação, qualificação e comparação da respetiva atividade e auxiliar processos de melhoria contínua de qualidade, de modo que a gestão se faça de uma forma racional (Ministério da Saúde, 2013). Por outro lado, a existência de indicadores pressupõe uma gestão capacitada, comprometida com o processo de mudança e melhoria contínua da qualidade dos cuidados e de uma liderança capaz de envolver toda a equipa no cumprimento desses objetivos (Mezomo, 2001). Definimos como indicadores de estrutura a existência de: folhetos informativos sobre o sarampo; cartazes informativos sobre o sarampo; plano de ação para as
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sessões de educação para a saúde. Foram também definidos indicadores de processo e de resultado para avaliação do impacto da intervenção
PLANEAR E EXECUTAR AS ATIVIDADES O planeamento permite conceber qual o processo mais adequado para reduzir os problemas identificados, através de novas formas de atuação que permitam alcançar os objetivos fixados, sendo que quando se prepara a execução se deve estabelecer uma lista detalhada das atividades a desenvolver. Com o intuito perceber a viabilidade do projeto foi feita pelos responsáveis do mesmo uma Análise SWOT, para determinar os pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças de forma a tirar o máximo partido dos pontos fortes, aproveitar ao máximo as oportunidades detetadas, minimizar os efeitos das ameaças, desenvolver estratégias que minimizem os efeitos negativos dos pontos.
FORÇAS
FRAQUEZAS
. Apoio da Direção Executiva do ACES . Equipa responsável do projeto motivada . Boa relação/articulaçao com os enfermeiros responsáveis da UF .Enfermeiros qualificados e empenhados . Vacinaçao oportunistica em todas as UF
. Parque informático desadequado às necessidades atuais (servidores e impressoras) . Heterogeneidade a nível de recursos, estrutura e organização entre as diferentes unidades de saúde (UCSP e USF)
. Melhorar a Taxa de vacinação de todo o ACES
Análise OPORTUNIDADES . Surto de sarampo
SWOT
AMEAÇAS
. Criar elos de ligação entre as Unidades
. Não adesão da população e profissionais
. Melhorar as relações e articulações entre as unidades de saúde
. Rotura de stock da vacina
. Promoção de Boas Práticas . Ganhos em saúde
. Características da população inscrita no ACES (população flutuante com elevado número de migrantes)
. Melhorar as Taxas de vacinação do ACES
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ARTIGO ORIGINAL: Sousa, A. D,; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Santos, V. (2018) Projeto de melhoria contínua da qualidade: Sarampo - Campanha de Vacinação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 4 - 19
No presente projeto, o planeamento é da alçada dos enfermeiros responsáveis pelo mesmo e a execução será da responsabilidade de todos os enfermeiros envolvidos no projeto. As atividades planeadas, apresentadas em cronograma, com vista à obtenção dos objetivos que se apresentam nos subcapítulos seguintes. Atividades dirigidas aos clientes adultos Convocatória para Sessões Individuais de Educação para a Saúde/Vacinação Pela nossa experiência profissional, sabemos que nem sempre é fácil entrarmos em contacto com a população, seja por falta de disponibilidade da mesma, ou por falta ou imprecisão de contactos. Assim, conscientes deste facto, numa primeira fase, as convocatórias serão feitas por contacto telefónico, (pelo menos três tentativas, de forma a alargar a possibilidade de as chamadas serem atendidas). Posteriormente optar-se-á por convocatória por correio eletrónico, seguindo-se a convocatória por carta e por fim, se não se obtiver resposta através das estratégias anteriormente descritas, recorre-se à visita domiciliária. Sessões individuais de Educação para a Saúde Sendo a Educação para a Saúde a criação de oportunidades para a aprendizagem, destinadas a melhorar a literacia em saúde, aumentar os conhecimentos, e desenvolver habilidades que favorecem tanto a saúde individual como a saúde comunitária (OMS, 2018), esta será a estratégia privilegiada para sensibilizar/capacitar os clientes adultos nascidos ≥ 1970, para adesão à vacina como forma de prevenção do sarampo. De modo a atingir os objetivos estabelecidos e tendo em conta as características da população (adultos em idade ativa), é prevista a realização de sessões de Educação para a Saúde individuais, aos clientes adultos nascidos em ≥ 1970 com vacinas contra o sarampo em atraso, como estratégia de prevenção do sarampo, através da divulgação de informação sobre a vacina contra o sarampo. Quanto à operacionalização das sessões, as mesmas terão a duração prevista de 15 minutos, onde serão abordados aspetos como: o que é o sarampo, formas de transmissão, sintomas, medidas preventivas e vacinação, deixando espaço para esclarecimento de eventuais dúvidas. Considera-se também pertinente a afixação de cartazes em locais estratégicos, bem como a disponibilização de folhetos informativos sobre a temática, uma vez que estes recursos são fontes de informação eficientes, fiáveis e económicos que permitem completar a informação
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proporcionada pelos profissionais, conferindo também autonomia aos seus utilizadores em função das competências individuais de literacia (Cavaco & Várzea, 2010). Administração da Vacina Contra o Sarampo Após realização das sessões de Educação para a Saúde, será facilitado o acesso à vacinação desde que reunidas as condições necessárias, com a realização dos respetivos registos no Boletim Individual de Saúde e no VACINAS.
Atividades dirigidas aos profissionais de saúde do ACES Levantamento do Estado Vacinal dos Profissionais de Saúde do ACES Para se conhecer o estado vacinal dos profissionais de saúde do ACES, nomeadamente no que se refere à vacina contra o sarampo, será necessário solicitar os respetivos registos aos mesmos, uma vez que nem todos estão inscritos nas unidades funcionais do ACES, o que impossibilita o acesso dos respetivos através do VACINAS. Esta solicitação será da responsabilidade do enfermeiro responsável pela vacinação de cada UF, uma vez que este, tendo em conta as funções desempenhadas, está em posição privilegiada para tal atividade. Reuniões com as Equipas Multidisciplinares Por vezes, nas instituições, são os próprios profissionais que mais resistem à implementação de projetos. Serão realizadas reuniões com a equipa multidisciplinar das diferentes UF do ACES, com o intuito de em equipa se discutir e sensibilizar para a problemática e em conjunto se delimitarem estratégias para a promoção da adesão da vacinação dos clientes adultos nascidos ≥1970 contra o sarampo, bem como dos próprios profissionais de saúde. Nas referidas reuniões, será também utilizada como ferramenta o Brainstorming de forma a auscultar as equipas das diferentes UF, o que permite aos responsáveis pelo projeto a recolha rápida de uma grande variedade de ideias criativas da restante equipa, num curto espaço de tempo. Administração da Vacina Contra o Sarampo Após o levantamento do estado vacinal dos profissionais, todos os profissionais que não apresentem as duas doses da vacina contra o sarampo recomendadas ou história credível da doença, serão convidados a fazer a respetiva vacina/completar esquema recomendado, desde que estejam reunidas as condições para tal. Os respetivos registos serão feitos no Boletim Individual de Saúde e no VACINAS.
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No que diz respeito aos recursos necessários para a concretização das atividades planeadas, todas as UF dispõem dos recursos mínimos indispensáveis para a concretização do projeto, não se verificando por isso necessidade de intervir a este nível. Quanto aos custos decorrentes das estratégias acima mencionadas, prendem-se essencialmente com os custos decorrentes dos telefonemas efetuados, envio de cartas, realização das visitas domiciliárias e um eventual aumento do consumo das vacinas contra o sarampo. No que refere aos recursos humanos, não se preveem gastos adicionais, uma vez que as estratégias serão realizadas pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto em colaboração dos restantes elementos da equipa, sem recurso a horas extra.
VERIFICAR OS RESULTADOS
A verificação dos resultados será realizada pelos enfermeiros responsáveis pelo projeto através do recurso ao sistema informático, preenchimento e análise dos resultados obtidos no Tableau de Bord, para o acompanhamento dos indicadores de processo e de resultado.
PROPOR MEDIDAS CORRETIVAS A realização de uma monitorização intermédia para avaliação, apresentação e discussão dos resultados obtidos e apresentados no Tableau de Bord vai permitir aos responsáveis pelo projeto, identificar e propor medidas corretivas para alcançarem os objetivos propostos.
RECONHECER E PARTILHAR O SUCESSO A partilha e divulgação dos resultados do projeto, será feita a toda a equipa multidisciplinar das UF e à direção executiva e conselho clinico do ACES. Será também feita divulgação do projeto e dos seus resultados através dos sistemas informáticos de partilha de informação.
CONCLUSÃO
Na atualidade os riscos e os desafios que se colocam à comunidade científica, ultrapassam a previsão e antecipação de outros tempos. O reaparecimento de doenças que se consideravam extintas, como o sarampo, conduz os profissionais de saúde e a sociedade em geral a reflexões profundas. Este projeto pretende demonstrar que a fundamentação científica, a planificação, a definição de estratégias, de objetivos e a criação de indicadores mensuráveis, permitem dar visibilidade
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aos cuidados de enfermagem, sendo uma oportunidade de crescimento para os enfermeiros da prática clínica e para os enfermeiros gestores. Aos profissionais de enfermagem está aberta uma janela de oportunidade, pois detêm o conhecimento e a responsabilidade de intervir perante os acontecimentos epidemiológicos com medidas estratégicas adequadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Santos, M. et al (2018) Intervenção Psicomotora em Idosos com alterações respiratórias: Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 20 - 25 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA:
Santos, M. et al (2018) Intervenção Psicomotora em Idosos com Alterações respiratórias: Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 20 - 25
Revisão Bibliográfica Narrativa
Intervenção Psicomotora em Idosos com alterações respiratórias: Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica Psychomotor Intervention in Elderly Patients with respiratory changes: Chronic Obstructive Pulmonary Disease Intervención Psicomotora en ancianos con alteraciones respiratórias: Enfermedad Pulmonar Obstructiva Crónica
Maria Santos; Rafaela Moreira; Ricardo Saldanha; Salomé Palmeiro, Jose Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: saldanha05@gmail.com Resumo Quando se fala em envelhecimento devemos ter em consideração, não só a idade cronológica, como também todo um processo complexo e dinâmico de modificações ao nível biológico, psicológico e social. A DPOC (alteração respiratória) encontra-se em evidência neste estudo, por ser uma das doenças mais comuns e uma das principais causas de mortalidade mundial no idoso. Assim é proposta uma intervenção de base psicomotora e sócio-emocional, de modo a promover a qulidade de vida do idoso. PALAVRAS CHAVE: Idoso, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, Psicomotricidade, Alterações Respiratórias.
Abstract When it comes to aging we must take into account not only chronological age, but also a complex and dynamic process of biological, psychological and social changes. COPD (respiratory alteration) is highlighted in this study, for being one of the most common diseases and one of the main causes of worldwide mortality in the elderly. Therefore a psychomotor and social-emotional intervention is proposed, in order to promote the quality of life of the elderly. KEYWORDS: Elderly, Chronic Obstructive Pulmonary Disease, Psychomotricity, Respiratory Disturbances.
Resumen. Cuando se habla de envejecimiento debemos tener en cuenta, no sólo la edad cronológica, sino también todo un proceso complejo y dinámico de modificaciones a nivel biológico, psicológico y social. La EPOC, (alteración respiratoria) se encuentra en evidencia en este estudio, por ser una de las enfermedades más comunes y una de las principales causas de mortalidad mundial en el anciano. Así se propone una intervención de base psicomotora y socio-emocional, para promover la calidad de vida del anciano. PALABRAS CLAVE: Ancianos, Enfermedad Pulmonar Obstructiva Crónica, Psicomotricidad, Alteraciones Respiratorias.
INTRODUÇÃO Foi elaborado um conjunto de pesquisas bibliográficas com o objetivo de expor a problemática das alterações respiratórias no idoso, mais concretamente da Doença Pulmonar Obstrutiva
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Crónica (DPOC), por esta ser uma das mais comuns nesta faixa etária. Deste modo, é proposta uma intervenção psicomotora de forma a atuar sobre os problemas associados a esta patologia. O envelhecimento está associado a múltiplas modificações, nomeadamente problemas respiratórios que influenciam o idoso nos diversos contextos em que está inserido (Matos, 2016). A DPOC, caracterizada pela obstrução do fluxo aéreo, é uma das alterações respiratórias que mais afeta esta faixa etária. Comprovada a necessidade de melhorar a qualidade de vida do idoso com esta patologia, a intervenção psicomotora pode contribuir de um modo preventivo e interventivo em diversos fatores tais como motor, psicológico e social do idoso (Phipps, 2004). Após diversas pesquisas, verifica-se que o psicomotricista pode efetivamente auxiliar de modo significativo através de diversas metodologias, para a otimização dos cuidados destes clientes (Spruit, 2015).
METODOLOGIA A metodologia utilizada na construção deste estudo, foi feita com base na pesquisa bibliográfica do sistema de publicações (EBSCO, SciELO, Medline), na qual foram introduzidas as palavras chave: Elderly, Aging, Respiratory Disorders,, Chronic Obstructive Pulmonary Disease, Intervention, Psychomotricity, Physical Activity, Relaxation. Após esta busca foi feita uma análise de artigos sobre a DPOC e as respetivas formas de intervenção. Essa análise proporcionou uma recolha de informação sobre a patologia e sobre diferentes propostas de intervenção. Estas recomendações apresentavam, na sua maioria, modelos funcionais (atividade física). Deste modo, foram introduzidos outros conceitos relativos às terapias psicomotoras, aplicadas a situações ao nível preventivo, interventivo (motor, psicológico e social) e na promoção da qualidade de vida do idoso através de técnicas de mediação corporal. DISCUSSÃO Quando se fala em envelhecimento devemos ter em consideração, não só a idade cronológica, como também todo um processo complexo e dinâmico de modificações ao nível biológico, psicológico e social, (Matos, 2016). Confirma-se que as alterações respiratórias pulmonares são uma das transformações mais recorrentes nesta faixa etária. Ao nível do
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envelhecimento biológico verificam-se alterações tanto na estrutura (morfologia da parede torácica, diminuição da altura e aumento do peso corporal, predominantemente na zona abdominal), como na função de constituintes orgânicos responsáveis pelo processo respiratório (Ruivo, et., 2009). Além disso, um regime alimentar com défice de nutrientes, frequentemente conduz à fraqueza dos músculos respiratórios e músculos mais suscetíveis a fadiga e, portanto, a alterações na mecânica pulmonar (Ruivo, et., 2009). Segundo Ruivo, et al., (2009), a perda de elasticidade típica do idoso e a diminuição do número de alvéolos, comprometem a qualidade da ventilação pulmonar e provocam a diminuição da ventilação máxima voluntária. É possível afirmar que as transformações corporais acima referidas podem estar na causa destas dificuldades pulmonares (envelhecimento global do tórax e do pulmão), (Ruivo, et al., 2009). Em Portugal, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística INE (2015), verificou-se um grande aumento da percentagem da população idosa de 9,7% para 20,3%. De acordo com estes dados, verifica-se um aumento significativo da população idosa, a qual se revela proporcional ao acréscimo de doenças relacionadas com as alterações respiratórias nesta faixa etária (McCarthy et al., 2015). Neste sentido, será emergente a implementação de intervenções para contrariar esta evolução, sendo que a psicomotricidade poderá constituir uma terapia de mediação corporal viável para atuar sobre esta problemática. A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), a asma, a doença pulmonar intersticial e a fibrose quística são as alterações respiratórias relativas à população idosa, que se encontram em destaque na literatura. Contudo, a DPOC encontra-se em evidência neste estudo, por ser uma das doenças mais comuns e uma das principais causas de mortalidade mundial no idoso (McCarthy, et al., 2015). Assim é proposta uma intervenção de base psicomotora e sócioemocional, de modo a promover a qualidade de vida do idoso. Estima-se que 210 milhões de pessoas estejam a viver com DPOC, e que no ano 2030, esta patologia seja a terceira causa mais frequente de morte a nível global (McCarthy, et al 2015). Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS) em 2005, a DPOC é “o estado patológico caracterizado por uma limitação do débito aéreo que não é totalmente reversível. A limitação ventilaria é, geralmente, progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anómala dos pulmões à inalação de partículas ou gases nocivos.” Esta patologia resulta de uma bronquite crónica ou enfisema, em que a obstrução do fluxo aéreo pode ser acompanhada por uma hiperreatividade brônquica (Phipps, 2004).
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Segundo a Organização Internacional da Psicomotricidade e Relaxação, a Psicomotricidade é vista como uma terapia de medição corporal e expressiva em que o terapeuta consegue compreender e equilibrar as condutas motoras inadequadas ou desajustadas. Com isto, a especificidade da Psicomotricidade tem como objetivo proporcionar o reencontrar da harmonia e do EU, bem como a satisfação de o fazer funcionar, através da capacidade de ser e de agir pelo corpo em relação, através do movimento (Fonseca & Martins, 2001). Várias pesquisas afirmam que os idosos com DPOC demonstram níveis de atividade física diários mais baixos, comparativamente aos indivíduos sem DPOC (Spruit, 2015). Além disso, o tempo que passam em movimento, nomeadamente em marcha, é significativamente menor, bem como a sua intensidade, sendo que grande parte desta população, não atinge os padrões de atividade física recomendado (Spruit, 2015). Deste modo, a psicomotricidade pode atuar no fortalecimento dos músculos que estão associados ao processo respiratório, através de atividades funcionais específicas (Kawagoshi, 2015). Segundo Spruit (2015), com o objetivo de promover o funcionamento do sistema pulmonar, é fundamental inserir no contexto diário do idoso, a prática de atividade física regular, pois o sedentarismo apresenta-se atualmente como um dos fatores responsáveis pela diminuição da sua capacidade funcional. Neste caso, a aplicação de intervenções em grupo de mediação corporal é aconselhada, pois a prática de atividade física em clientes com DPOC depende de fatores fisiológicos, comportamentais, sociais, ambientais e culturais que influenciam o seu dia-a-dia (Spruit, 2015). Assim, a psicomotricidade pode constituir uma resposta adequada à problemática, através de atividades psicomotoras (como a marcha, o equilíbrio e lançar e agarrar a bola) que promovem as relações entre pares (atividades lúdicas e terapias expressivas em grupo) (Spruit, 2015). Com o objetivo de promover a qualidade de vida deste tipo de população torna-se necessário atuar sobre esta doença também de modo preventivo. Segundo Spruit, num estudo realizado em 2013, isto pode ser alcançado através de uma abordagem holística do indivíduo, que inclui terapias de treinamento físico, educacionais e comportamentais, que visam o melhoramento da condição física e psicológica de pessoas com DPOC, promovendo ainda a adesão a longo prazo de comportamentos que melhoram a saúde (Spruit, 2015). Estudos comprovam que existem efeitos benéficos da relaxação (uma das técnicas utilizadas em psicomotricidade), na dinâmica ventilatória, que por sua vez, podem melhorar a condição da DPOC, atuando sobre a obstrução do fluxo aéreo, caraterístico desta patologia. As vantagens associadas à relaxação nesta população são a “diminuição de 30 a 60% da
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA:
Santos, M. et al (2018) Intervenção Psicomotora em Idosos com Alterações respiratórias: Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 20 - 25
frequência respiratória”, o “significativo aumento da inspiração e da expiração” e o “aumento do quociente inspiração/expiração” (Rissardi, 2007).
Figura 1. Bases de intervenção em pessoas com DPOC
Em suma, podemos salientar a importância da psicomotricidade ao nível preventivo, interventivo em diversos fatores (motor, psicológico e social) e na promoção da qualidade de vida do idoso com DPOC. Para este tipo de população é aconselhada: a prática de atividade física, com o objetivo de contrariar o sedentarismo, o qual provoca a diminuição da sua capacidade funcional; atividades psicomotoras em grupo pois a prática de atividade física nestes clientes, depende de fatores fisiológicos, comportamentais, sociais, ambientais e culturais; técnicas de relaxação de forma a ser possível fortalecer os músculos associados ao processo respiratório.
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Recensão Crítica
Fatores Motivacionais dos Enfermeiros: Recensão Crítica Nursing Motivational Factors: Critical Review Factores de motivación de los enfermeros: Recensión crítica
Claudina Martins RN, CNS, MsC Corresponding Author: claudinaismartins@gmail.com Resumo A realização da presente recensão crítica, teve objetivo refletir sobre a importância da motivação dos enfermeiros, bem como dos fatores que a influenciam, evidenciando o papel do enfermeiro gestor na motivação dos referidos profissionais, através da síntese e análise de um artigo científico sobre os fatores preditores de motivação nos enfermeiros. Com a análise dos resultados do artigo percebe-se quais os fatores motivacionais dos enfermeiros em estudo e o papel fundamental que o enfermeiro gestor pode ter sobre os mesmos. Conclui-se que a gestão em enfermagem e mais especificamente a gestão de recursos humanos, representa uma área com impacto e espaço de intervenção para a promoção da motivação dos enfermeiros. Palavras-Chave: Enfermeiro; Gestão em Enfermagem; Motivação; Recensão Crítica
Abstract The purpose of this critical review was to reflect on the importance of nurses' motivation, as well as the factors that influence it, evidencing the role of the nurse manager in the motivation of these professionals, through the synthesis and analysis of a scientific article on the factors predictors of motivation in nurses. The analysis of the results of the article shows the motivational factors of the nurses studied and the fundamental role that the nurse manager can have over them. The conclusion is that nursing management and, more specifically, the management of human resources, represents an area with an impact and space for intervention to promote the motivation of nurses. Key Words: Nurse; Nursing Management; Motivation; Critical Review
Introdução Decorrente das profundas alterações que o setor da saúde tem sido alvo nos últimos anos, verificam-se repercussões não só ao nível dos beneficiários, como também dos
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profissionais que nele trabalham, pelo que o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (2012), alerta para a desmotivação dos profissionais quer pela diminuição de remunerações, como pela pressão para formas de racionamento implícito decorrente da intensidade do clima de contenção de gastos, bem como pela gestão de “recursos humanos” que ignora os princípios básicos de uma política para as profissões. Assim, na conjuntura atual, em que os enfermeiros se deparam com desigualdades salaria, inexistência de carreira, sobrecarga de trabalho, é necessário perceber o que os pode motivar, de forma a melhorar não só o seu desempenho e qualidade dos cuidados prestados, como também diminuir a saída dos mesmos das organizações. Esta recensão, tem como objetivo refletir sobre a importância da motivação dos enfermeiros na gestão dos recursos humanos, bem como os fatores que a influenciam. Assim, analisou-se o artigo: “Investigating demographic, work-related and job satisfaction variables as predictors of motivation in Greek nurses” (Gaki, Kontodimopoulos e Niakas, 2013), por se tratar de um artigo que estudou os preditores da motivação em enfermeiros gregos, que tal como os enfermeiros portugueses passaram por uma crise económica que se fez sentir na europa desde 2008. Segundos dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) (2013), países como a Grécia e Portugal, adotaram uma rigorosa austeridade fiscal, sendo que cortes em larga escala e reformas no setor público foram impostas como précondição pelo Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu (sobejamente conhecidos por troika), para financiamento dos pacotes de resgate, resultando na redução dos salários dos profissionais de saúde. Tal como a Grécia, Portugal apresenta um rácio baixo de enfermeiro por habitante. De acordo com os dados divulgados pela OCDE (2017), o número de enfermeiros (6,3 por 1000) em Portugal é inferior à média da União Europeia (8,4 por 1000). O relatório da OCDE (2017), alerta também para o facto das pressões sobre os profissionais de saúde, virem a agravar a escassez de recursos humanos no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para além disso, outro desafio apontado, diz respeito aos salários dos profissionais de saúde, sendo que os salários mais elevados praticados no setor privado incentivam os enfermeiros a saírem do SNS, ou a emigrar para outros países.
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Assim, “futuramente o SNS tem como desafio conseguir manter a motivação dos seus profissionais, bem como conter e inverter a sua saída” (OCDE, 2017, p.14). Pelo exposto, considera-se pertinente perceber quais os preditores de motivação dos enfermeiros num país que resultante da crise europeia, passou por dificuldades similares às de Portugal, de modo a que possamos refletir nos mesmos com vista a implementação de planos que visem a melhoria da motivação dos profissionais. Síntese
O artigo de que é alvo esta recensão crítica foi extraído através da plataforma b-on, utilizando na pesquisa o termo “motivation”. Na pesquisa avançada, foi contemplado o periódico em que foi publicado, bem como data da publicação, assim, foi publicado há menos de 5 anos no “Journal of Nursing Management Vol. 21, nº3”, com o título: “Investigating demographic, work-related and job satisfaction variables as predictors of motivation in Greek nurses”. Os autores são: Eleni Gaki, Nick Kontodimopoulos e Dimitris Niakas. Eleni Gaki, no âmbito deste estudo, foi estudante de pós graduação. Nick Kontodimopoulos, atualmente trabalha na Hellenic Open University e faz pesquisa em Economia da Saúde, Tecnologia Médica e Saúde Pública, tendo diversos artigos publicados. Pela análise do currículo de Dimitris Niakas, percebe-se que o mesmo tem um vasto percurso ao nível educacional, experiência académica e experiência profissional, estando envolvido em mais de 20 projetos de pesquisa, com diversas publicações em revistas gregas e internacionais, capítulos de livros gregos e internacionais e livros e outras edições. O estudo foi conduzido no Hospital Universitário Regional de Pratas e teve como objetivo investigar se as variáveis demográficas e os fatores relacionados com trabalho predizem a motivação dos enfermeiros de um Hospital Universitário Regional Grego e explorar a associação entre a satisfação no trabalho e os motivadores. De uma forma sucinta, o artigo aborda os fatores motivacionais dos enfermeiros, a importância da motivação dos referidos profissionais para a qualidade dos cuidados prestados e sistemas de saúde eficazes, bem como o papel dos gestores de recursos humanos na motivação dos enfermeiros. Assim, é dirigido aos enfermeiros em geral e aos gestores em particular, pois é competência do enfermeiro gestor motivar a equipa quando gere os recursos
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humanos, tal como contemplado no Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro Gestor, na unidade de competência de gestão de recurso humanos “Promove o empenhamento e a motivação do serviço/unidade e equipa” (Ordem dos Enfermeiros (OE), 2014, p.5). A nível estrutural, os autores começam por apresentar o resumo, onde fazem uma breve referência aos objetivos, “background”, método, instrumentos, resultados, conclusões e implicações para a gestão em enfermagem. Nesta secção, apresentam também as palavras-chave, data em que o artigo foi aceite para publicação, morada e e-mail para contacto. Após o resumo, o artigo é dividido em 12 capítulos. São eles: introdução, “background”, estudo, resultados, discussão, limitações, conclusões, implicações para a gestão em enfermagem, agradecimentos, fonte de financiamento, aprovação ética e as referências. Na introdução os autores referem que apesar dos avanços tecnológicos que diariamente se verificam em todos os setores sociais, os recursos humanos continuam a ser o bem mais importante e decisivo para alcançar os objetivos e as metas das organizações. Citando Bjerneld et al. (2006), apontam a motivação como uma operação administrativa que permite abordar e manter o comportamento humano na direção capaz. Recorrem a Goleman (2000) para definirem o termo motivo, fazendo também referência às teorias de recursos humanos desenvolvidas por Maslow (1943) e Herzberg et al. (1953), que sugerem que os funcionários satisfeitos tendem a ser mais produtivos e criativos. Finalmente, sustentados em Krueger et al. (2002) declaram que o contexto geral do trabalho tem um efeito profundo sobre a qualidade da vida profissional e sobre o ambiente de trabalho satisfatório. No capítulo seguinte, “background”, os autores referem como ponto de partida a teoria da motivação de Herzberg et al. (1953) e a hierarquia das necessidades de Maslow (1943). Mencionam que os enfermeiros são o maior grupo profissional no setor hospitalar, pelo que, a qualidade dos serviços por eles prestados, afeta a eficiência do sistema de saúde e de certo modo determina o grau de satisfação do utente. Assim, os enfermeiros devem ser motivados para alcançarem as metas da organização e esperam-se enfermeiros altamente motivados nos hospitais para melhorar a qualidade dos cuidados.
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Neste capítulo, há ainda referencia ao rácio de enfermeiros na Grécia, que é muito inferior à média da OCDE. Os autores falam também nos impactos da crise financeira mundial sobre a economia grega e do impacto que as severas medidas de austeridade tiveram na área da saúde. Resultante da conjuntura vivida, os gestores dos hospitais públicos estão limitados na atribuição de incentivos financeiros que poderiam motivar os enfermeiros. Assim, os autores consideram importante perceber o que mais pode satisfazer os enfermeiros no local de trabalho e motivá-los a melhorar o seu desempenho. O terceiro capítulo é referente ao estudo. Aqui é apresentado o objetivo do mesmo, subdividindo-se posteriormente em quatro subcapítulos (amostra e configuração, colheita de dados, instrumentação e análise estatística). Na amostra e configuração, os autores fazem referência ao local e ao período em que decorreu o estudo. Há também referência à amostra, sendo a mesma é constituída por 200 enfermeiros de atuação permanente. No subcapítulo colheita de dados, é especificada a forma como foi realizada a colheita de dados. Após aprovação do Conselho Científico do Hospital, os dados foram colhidos através de questionários de resposta anónima ao longo de um período de 3 semanas mediante nomeação de visitas de acompanhamento e contacto pessoal. Quanto à instrumentação, a pesquisa incluiu um instrumento previamente validado desenvolvido para medir a motivação com base nas teorias de Maslow e Herzberg et al.; questões relativas às características demográficas, sociais e de trabalho dos participantes, bem como uma questão relativa à satisfação no trabalho. Os autores fazem também uma descrição do instrumento utilizado para avaliar a motivação, alertando para o facto de na literatura os termos satisfação e motivação serem frequentemente utilizados de forma intercambiável, quando na realidade existe uma fronteira entre eles. No último subcapítulo, os autores enunciam a forma como foi feita a análise estatística. Foram utilizadas estatísticas descritivas para a amostra global, bem como para os subgrupos. Explicam como foram categorizadas as variáveis, fazendo referencia às medidas e aos testes utilizados para testar os subgrupos. Todas as análises foram realizadas com o SPSS 17. Relativamente ao capítulo dos resultados, também se verifica uma subdivisão (análise descritiva, características da amostra e fatores motivacionais e preditores de motivação).
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Na análise descritiva, os autores começam por descrevem os resultados obtidos para as características da amostra, fazendo também referência aos valores obtidos para os fatores de motivação. No segundo subcapítulo os resultados são apresentados tendo em conta as características da amostra e os fatores motivacionais. No subcapítulo dos preditores de motivação os autores explicam que as variáveis previamente identificadas com significância estatística e satisfação no trabalho, foram incorporados no modelo de regressão linear para cada fator de motivação. No capítulo designado “discussão”, atendendo ao contexto atual de constantes mudanças nos cuidados de saúde, começam por explicar a importância de se estudarem os fatores motivacionais nos enfermeiros, uma vez que a mesma está relacionada com a qualidade dos cuidados prestados. Explicitam qual o objetivo do estudo e o plano teórico utilizado e discutem os dados obtidos corroborando-os com outros autores.
No sexto capítulo, os autores fazem referências as limitações do estudo, considerando como limitações o facto de a amostra incluir pessoal de enfermagem de um hospital universitário regional e não a totalidade dos profissionais de saúde que nele trabalham. Salientam também o facto do hospital ser público, bem como os problemas especiais, atribuíveis para cada setor. Alertam para cautela na generalização dos dados devido às diferentes taxas de resposta dos enfermeiros nos três setores de trabalho. Os autores consideram ainda como limitação o caracter do estudo. Na conclusão os autores de forma suscita descrevem os principais resultados. Os enfermeiros deste estudo obtiveram valores elevados para motivadores não estritamente relacionados com recompensas econômicas, que podem ser vistos como intrínsecos. O ganho de respeito e os componentes de realização foram os motivadores mais fortes do estudo. A satisfação no trabalho mostrou ser um preditor significativo de todos os fatores motivacionais. Demonstrou-se também, que o setor de trabalho é um preditor significativo na motivação. Para finalizar este capítulo, os autores deixam a ideia de que, se as características de cada funcionário forem tidas em conta, se forem adotas mudanças
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que oferecem oportunidades para satisfazer as suas necessidades e se providenciar a educação indispensável para facilitar a satisfação dessas necessidades, então a motivação pode tornar-se um objetivo mais viável, o que vai de encontro à ideia inicialmente exposta no capítulo que defende que qualquer tentativa de implementar mudanças nos sistemas de saúde deve enfatizar os recursos humanos e o contexto de trabalho. No capítulo referente as implicações para a gestão de enfermagem, são deixadas algumas ideias chave que têm impacto na motivação dos enfermeiros. A motivação é um fator importante para a eficiência das organizações. Dentro da gestão de enfermagem, a equipa precisa ser motivada para prestar cuidados de qualidade, aumentar a eficiência e reduzir o absenteísmo (Shader et al. 2001). Recorrendo a Edgar (1999), os autores declaram que as necessidades de um indivíduo são motivadores importantes que fazem com que as pessoas trabalhem com mais entusiasmo e interesse. Referem também, de acordo com Dussault & Dubois (2003), que na maioria dos países, a falta de políticas explícitas para a gestão de recursos humanos produziu desequilíbrios que ameaçam a capacidade dos sistemas de saúde alcançarem os seus objetivos. Este capítulo termina com referências às teorias de Maslow (1943) e Herzberg et al. (1953) e de que forma, é que estas podem oferecer ideias à gestão de enfermagem, para a resolução de problemas de motivação, deixando alguns exemplos. Finalizam o artigo, expressando gratidão ao colega George Krommydas, deixando claro que o estudo não foi financiado por nenhuma fonte externa e que em termos éticos o estudo foi aprovado pelo Conselho de Revisão do Hospital e que todos os participantes deram o seu consentimento. Apresentam também, a lista de referências utilizada.
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Análise Crítica Este artigo desenvolve-se em torno dos fatores motivacionais dos enfermeiros e da sua importância para os sistemas de saúde eficazes, no entanto em termos conceptuais, os autores apenas se referem à motivação como uma operação administrativa que permite abordar e manter o comportamento humano na direção capaz, fazendo também distinção entre satisfação no trabalho (resposta emocional à condição de trabalho) e motivação (força motriz para satisfazer as necessidades). Na perspetiva de Cunha, Rego, Cunha e Cardoso (2007, p.155), definir o conceito de motivação não é tarefa fácil, pois trata-se de um constructo invisível, utilizado em diversas áreas das ciências humanas e abordado sob múltiplas perspetivas, sendo que “o conjunto de forças enérgicas que têm origem quer no indivíduo quer fora dele, e que dão origem ao comportamento de trabalho, determinando a sua força, direção, intensidade e duração”, é uma possível definição apontada pelos autores. A partir da Teoria das Relações Humanas, a motivação pode ser definida como a tensão permanente que leva o indivíduo a adotar determinado comportamento, com o objetivo de satisfazer uma ou mais necessidades, emergindo o conceito de ciclo motivacional (Chiavenato, 2000). Segundo Maçães (2017, p.20), no âmbito organizacional, a motivação pode ser definida como “a disponibilidade dos indivíduos para despender níveis elevados de esforço para atingirem os objetivos das organizações” (…) “a motivação é também um processo de satisfação de necessidades. Necessidades não satisfeitas criam tenções e estados de desconforto que motivam comportamentos que fazem as recompensas parecer atrativas”. No que refere à enfermagem, os autores defendem que os enfermeiros devem ser motivados para ativar a sua força e potencial no sentido de alcançar as metas da organização e a melhoria dos cuidados prestados. O mesmo é defendido por
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Oshvandi et al. (2008), citado por Kantek, Yildirim e Kavla (2015), que refere que a motivação é essencial para melhorar o papel dos enfermeiros, fortalecendo a imagem profissional, melhorando o sistema de saúde e aumentando a qualidade dos cuidados de saúde do indivíduo e da comunidade. Kantek, et al. (2015), recorrendo a diferentes estudos, acrescentam ainda, que a motivação dos enfermeiros no trabalho está intimamente relacionado com a intenção de sair, satisfação no trabalho, burnout, capacidade de trabalho e desempenho. Por sua vez, os baixos níveis de motivação estão associados a baixa produtividade, mau desempenho, diminuição de segurança e qualidade dos cuidados prestados, bem como um aumento dos custos desses mesmos cuidados (Chandler et al., 2009, citado por Perreira e Berta, 2016; Kantel et al, 2015). No que refere às teorias da motivação, das diversas teorias existentes, os autores recorreram à teoria da hierarquia das necessidades de Maslow e a teoria da motivação de Herzberg, no entanto não deixam claro o motivo da escolha. Segundo Cunha et al. (2007), as teorias da motivação podem ser divididas em teorias de conteúdo e teorias de processo. As teorias de conteúdo, tentam explicar a motivação através da análise dos motivadores, ou seja, tentam dar resposta ao que motiva as pessoas; por sua vez, as teorias do processo, tentam dar resposta a como se desenvolve o comportamento motivado, analisando desta forma a motivação de uma forma mais dinâmica. Tanto as teorias de conteúdo como as de processo subdividem-se em teorias gerias e teorias organizacionais, sendo que as teorias gerias dizem respeito a aspirações genéricas dos seres humanos, não estando centradas exclusivamente no trabalho e no comportamento organizacional; as teorias organizacionais são direcionadas para o comportamento organizacional, incidindo sobre o conteúdo do trabalho (Cunha et al., 2007). De acordo com divisões apresentadas, a teoria da hierarquia das necessidades de Maslow pertence ao grupo das teorias de conteúdo gerais, já a teoria bifatorial de Herzberg pertence ao grupo das teorias de conteúdo organizacionais. Como referido pelos autores, de acordo com Maslow, as pessoas têm cinco níveis de necessidades: fisiológicas, segurança, sociais, estima e auto-realização, sendo que as de nível inferior devem ser satisfeitas antes de serem ativadas as de nível superior.
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De acordo com Maçães (2017), no que ao trabalho/organização diz respeito, as necessidades fisiológicas são referentes à necessidade de aquecimento, intervalos para descanso e salário; as de segurança dizem respeito às regalias sociais e segurança no trabalho; as sociais são as que influenciam o bom ambiente no trabalho, participação em grupos de trabalho ou reuniões e um bom relacionamento com os superiores; as de estima referem-se à motivação pelo reconhecimento e status, ampliação da responsabilidade e solicitação pela organização; as de autorrealização abrangem a oportunidade de desenvolvimento e realização pessoal, desafios, criatividade e autonomia. Para Cunha et al. (2007), na prática, a teoria de Maslow propõe que os gestores se preocupem com a identificação do nível de satisfação das necessidades dos colaboradores, para poderem dar resposta a como os motivar. Com base em Herzberg, os autores fazem referência aos fatores motivadores e aos higiénicos. Os fatores motivadores dizem respeito reconhecimento, responsabilidade, conquista e outros aspetos intrínsecos, já os higiénicos são referentes às condições de trabalho, salário e supervisão, que embora não aumentem a satisfação no trabalho, a sua ausência leva à insatisfação. De acordo com a teoria de Herberg, os fatores que levam à motivação no trabalho, são diferentes dos que determinam a insatisfação e desmotivação, pelo que segundo Maçães (2017) os gestores devem ter presente que a satisfação dos fatores higiénicos embora necessária, não é condição suficiente para a motivação dos trabalhadores, assim, numa primeira fase os gestores devem remover os fatores higiénicos para eliminar a insatisfação dos trabalhadores e depois ter em atenção os fatores motivacionais para aumentar a satisfação e a motivação. Sustentados em Krueger et al. (2002), os autores apontam os estilos de liderança, as políticas e os procedimentos que facilitam a realização profissional como fatores importantes na qualidade dos cuidados prestados e na organização em si, pelo que se impõe a questão: qual o impacto da liderança e estilos de liderança na motivação? Fradique e Mendes (2013), referem que a liderança tem constituído uma preocupação por parte dos administradores das organizações de saúde, conscientes de que o processo de liderança deve envolver entre outras coisas um clima de motivação.
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Segundo Cunha et al. (2007, p. 332) a liderança diz respeito à “capacidade de um indivíduo para influenciar, motivar e habilitar outros a contribuírem para a eficácia e sucesso das organizações de que são membros”. Maçães (2017), partilha de opinião semelhante, acrescentando ainda que uma liderança forte faz com que os subordinados estejam altamente motivados o que têm impacto na obtenção de bons resultados. No que refere há enfermagem, Sousa e Barros (2009, p.2) sustentados na obra de James Hunter (2004) dizem que “o líder consiste naquela pessoa que, por meio do diálogo, motiva as pessoas a trabalhar com entusiasmo na busca dos objetivos determinados pela equipa, sendo que estes e o relacionamento interpessoal são considerados e igualmente valorizados por meio do cuidado, que transcende o âmbito assistencial e alcança o universo da liderança”. Para Tetrick (1989), Gardner et al. (2005) e Ilies et al. (2005) citado por Wong e Laschinger (2012), os verdadeiros líderes desenvolvem a motivação e a autodeterminação dos seguidores, criando condições que facilitam a comunicação bidirecional e autonomia. Quando os líderes subestimam o relacionamento entre elementos da equipa e se focalizam apenas na tarefa, levam ao descontentamento e falta de motivação do grupo, promovendo desta forma a saídas de profissionais da equipa (James Hunter 2004, citado por Sousa e Barros, 2009). Quanto aos estilos de liderança, Negussie e Demissie (2013), referem-se a liderança transformacional como o processo em que os líderes e subordinados se alam para níveis mais elevados de motivação e moralidade. De acordo com os resultados de um estudo levado a cabo pelos mesmos autores, os enfermeiros parecem estar mais satisfeitos com estilo de liderança transformacional, especialmente com comportamentos de motivação inspiradora. Líderes que adotam comportamentos de motivação inspiradora tem capacidade para fortalecer as respostas dos seus seguidores. Pelo contrário, quando um enfermeiro exerce a liderança por meio do poder, o relacionamento entre os membros sai prejudicado. Assim, este tipo de liderança não perdura no tempo, pois favorece um ambiente de trabalho hostil e prejudicial aos relacionamentos resultados do trabalho da equipa. Nas equipas onde os relacionamentos não estão fortalecidos pelo laço de compromisso, cumplicidade e respeito, a figura do líder não é reconhecida e, consequentemente, o grupo desvia o foco do objetivo comum e acaba por
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perder a motivação para cumprir tarefas exigidas (James Hunter 2004, citado por Sousa e Barros 2009). Como referido por Sousa e Barros (2009), fazendo alusão a James Hunter (2004), na liderança em enfermagem, é necessário ter sempre presente o cuidado, pois é este o foco central da profissão, no entretanto, é preciso contemplar numa fase inicial as relações entre os profissionais de modo a eliminar obstáculos para os processos assistenciais. Dessa forma, identificar e satisfazer as necessidades dos membros da equipa, com vista à motivação do grupo, constitui um princípio de liderança em enfermagem. Quem lê o artigo percebe como os autores se posicionam face à motivação dos enfermeiros. Estes consideram-na crucial para sistemas de saúde eficazes, sendo que as mudanças contínuas nos cuidados de saúde implicam uma crescente necessidade de inspirar e motivar os funcionários, o que vai de encontro ao ponto de vista de Maçaes (2017, p.19), que diz que “uma organização só será eficaz se os seus membros estiverem motivados para atingirem elevado desempenho. Daí a importância da motivação e dos gestores conhecerem as formas de motivarem os seus funcionários”. Koch, Proynova, Paech e Wetter (2014) acrescentam ainda que os programas de recursos humanos devem centrar-se em enfermeiros cuja motivação esteja em risco e aquando do recrutamento devem privilegiar a contratação de enfermeiros altamente motivados. Os autores dizem também ser espectável, que enfermeiros altamente motivados nos hospitais, melhorem a qualidade dos cuidados prestados. O mesmo é defendido por Kantek et al. (2015) que defende que a motivação dos enfermeiros é de extrema importância para que os pacientes possam receber serviços de enfermagem eficazes e de alta qualidade. Percebe-se igualmente, que os autores partilham da ideia de que se as partes interessadas tiverem em conta as características de cada funcionário, adotarem as mudanças necessárias para que as suas necessidades sejam satisfeitas e facilitarem a educação necessária para a satisfação dessas necessidades, então a motivação pode tornar-se mais viável. Kantek et al. (2015) partilham de ideia semelhante quando defendem que os gestores de enfermagem podem maximizar a potencial de enfermeiros, implementando estratégias de motivação apropriadas, tendo em conta características como a idade, a duração de
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experiência profissional e experiência institucional e mudanças recentes, no entanto, alertam para o facto da motivação ser intrínseca, pelo que os gestores não podem motivar diretamente os subordinados, podendo contudo, maximizar o potencial de seus funcionários com estratégias de motivação apropriadas. Nas implicações de um estudo levado a cabo por Koch (2014) é evidente a ideia de que a motivação dos enfermeiros se correlaciona com o seu local de trabalho e características pessoais. Assim, a administração do hospital deve ter em conta estas características para aumentar a motivação dos enfermeiros. Ao ler o artigo, outra ideia que fica presente é o facto do dinheiro nem sempre ser suficiente como motivador, o que vai de encontro aos resultados obtidos, em que a remuneração foi o fator que apresentou menor valor como fator de motivação. Esta ideia é reforçada por Perreira (2016) quando recorre aos autores para esclarecer que fornecer incentivos financeiros por vezes não é uma opção para motivar, pelo que é imperativo compreender alternativas para satisfazer as necessidades dos funcionários no local de trabalho e motivá-los a melhorar o seu desempenho. Pelo exposto, o artigo escolhido, trata-se de um artigo que recomendaria para leitura, não só pela pertinência do tema, mas também pela forma como está estruturado e apresentado.
Considerações Finais
A gestão de recursos humanos, é algo que acontece necessariamente em todas as organizações e surge como um “processo organizacional intimamente entrelaçado com outros processos organizacionais, sujeito aos processos políticos dentro da organização, sujeito à complexidade dinâmica da interacção entre diversos actores organizacionais em busca de espaço de influência e utilizando, para isso, os mais variados meios.” (Caetano e Vala, 2007, p. 105). Assim, a promoção de um clima de motivação dos colaboradores/equipas representa um espaço de intervenção dos gestores de recursos humanos. A escolha do artigo, sobre o qual foi feita a recensão, deveu-se ao facto do mesmo alertar para a importância de se manterem os enfermeiros motivados e do seu impacto na prestação de cuidados com qualidade, destacando ainda o facto de ter ocorrido num país,
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que tal como Portugal passou por uma crise financeira, da qual resultaram medidas muito semelhantes às adotadas em Portugal. Assim, tendo em conta certas medidas adotadas como: reduções salariais, congelamento das progressões e degradação dos serviços de saúde, torna-se imperativo perceber o que pode motivar os enfermeiros, para melhorar o seu desempenho. A questão da motivação, associada à gestão dos recursos humanos, trás ainda espaço de investigação e de ação para a questão da rotatividade dos enfermeiros, que na atualidade tem um grande impacto nos serviços. Como referido por Poeira (2016, p.2), citando Duffield et al. (2011); Shields e Ward (2001) e Tai et al. (1998) “a questão da rotatividade é fundamental, pois a saída de pessoas da organização traduz-se frequentemente na perda de produtividade, de conhecimento, de capital intelectual e de saúde organizacional, com sério impacto na motivação e satisfação profissionais”. Ruthes e Cunha (2009), defendem que lidar com pessoas implica uma sensibilidade constante e um aperfeiçoamento técnico contínuo. Referem também que há quem considere as pessoas como recursos, no entanto há quem prefira considera-las como talentos. “Talentos humanos são o que temos para ser desenvolvido, aproveitado e incentivado nas organizações (…).Sabe-se que só o ser humano, sem o patrimônio, não constitui uma organização, assim como o patrimônio sem esse elemento humano também não constitui uma organização (…) A pessoa é que dá a vida, é que dá movimento ao patrimônio” (Ruthes e Cunha, 2009, p. 902).
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Feijão, A. et al (2018) A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA IDOSA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA: UMA NECESSIDADE DE ABORDAGEM FUTURA DA PSICOMOTRICIDADE, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 43- 47 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA:
Feijão, A. et al (2018) A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA IDOSA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA: UMA NECESSIDADE DE ABORDAGEM FUTURA DA PSICOMOTRICIDADE, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 43 - 47
Revisão Bibliográfica Narrativa
A COMUNICAÇÃO COM A PESSOA IDOSA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA: UMA NECESSIDADE DE ABORDAGEM FUTURA DA PSICOMOTRICIDADE COMMUNICATION WITH THE ELDERLY PERSON WITH HEARING DISABILITY: A NEED FOR A FUTURE APPROACH TO PSYCHOMOTRICITY LA COMUNICACIÓN CON LA PERSONA IDOSA CON DISCAPACIDAD AUDITIVA: UNA NECESIDAD DE ENFOQUE FUTURA DE LA PSICOMOTRICIDAD
Ariana Feijão; Maria Queiroga; Rafaela Moreira; Raquel Jordão; José Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: l38215@alunos.uevora.pt RESUMO O envelhecimento é uma fase no desenvolvimento humano na qual existem ganhos e perdas, mas onde, por norma, as perdas superam os ganhos. A deficiência auditiva pode ser uma destas perdas. A deficiência auditiva caracteriza-se pela diminuição ou incapacidade auditiva, onde a comunicação é feita de forma verbal ou não verbal.A comunicação é de extrema importância para qualquer atividade entre o profissional de saúde e o idoso, uma vez que é através dela que poderá ser feita a estimulação cognitiva, que é um fator essencial para a aceitação do indivíduo e das suas capacidades. Por este motivo, os profissionais de saúde que queiram apostar num serviço de qualidade, devem conhecer algumas estratégias para comunicar com esta população. É importante otimizar a comunicação, visto que dificuldades de comunicação têm diversas implicações sócio emocionais, inclusive a aceleração do processo de envelhecimento. Por fim, apelamos à investigação da deficiência auditiva, para permitir que a intervenção psicomotora, com esta população, seja mais eficiente. Palavras-chave: idoso, deficiência auditiva, comunicação, profissionais de saúde e qualidade de vida.
ABSTRACT Aging is a phase of human development where there are gains and losses, but where, as a rule, losses outweigh the gains. Hearing impairment is a commonly aging-related loss. It is characterized by a decrease or failure of the hearing ability, in which the communication is made verbal or non-verbal. Communication is of extreme importance for any activity between the health professional and the elderly since it is through it that cognitive stimulation can be done, which is an essential factor for the acceptance of the individual and his abilities. For this reason, health professionals who want to invest in the quality of their service must know some strategies to communicate with this population. It is essential to optimize the communication amidst the health professional and the elderly, since the difficulties in communicating have many socioemotional implications, including the acceleration of the aging process.Finally, we call for the investigation of hearing impairment to allow psychomotor intervention with this population to be more efficient. Keywords: old man, hearing deficiency, communication, health professionals, quality of life
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA:
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RESUMEN El envejecimiento es una fase del desarrollo humano donde hay ganancias y pérdidas, pero donde, como regla general, las pérdidas superan a las ganancias. La pérdida auditiva es una pérdida comúnmente relacionada con el envejecimiento. Se caracteriza por una disminución o falla de la capacidad auditiva, en la que la comunicación se hace verbal o no verbal. La comunicación es de extrema importancia para cualquier actividad entre el profesional de la salud y los ancianos, ya que es a través de ella que se puede realizar la estimulación cognitiva, que es un factor esencial para la aceptación del individuo y sus capacidades. Por esta razón, los profesionales de la salud que desean invertir en la calidad de su servicio deben conocer algunas estrategias para comunicarse con esta población. Es esencial optimizar la comunicación entre el profesional de la salud y los ancianos, ya que las dificultades de comunicación tienen muchas implicaciones socioemocionales, incluida la aceleración del proceso de envejecimiento. Por último, apelamos a la investigación de la deficiencia auditiva, para permitir que la intervención psicomotora, con esta población, sea más eficiente. Palabras clave: anciano, deficiencia auditiva, comunicación, profesionales de la salud, calidad de vida.
INTRODUÇÃO O envelhecimento é uma fase do desenvolvimento humano, na qual ocorrem diversas modificações provenientes do avançar da idade. O ser humano desenvolve-se até ao seu máximo, e após este desenvolvimento, verifica-se uma diminuição das aptidões e capacidades. Em qualquer fase da vida, ocorrem ganhos e perdas, mas no envelhecimento, as perdas superam os ganhos (d’Araújo, 2015). O aumento das perdas e a sua evolução mais ou menos gradual e progressiva depende, entre outros fatores, do estado clínico do indivíduo. Assim, há que considerar dois tipos de envelhecimento: envelhecimento saudável, primário ou fisiológico e envelhecimento patológico ou secundário (Barreto, 2017).
A deficiência
auditiva caracteriza-se pela diminuição ou incapacidade auditiva, comprometendo a capacidade de perceção dos sons e de compreensão das palavras (Fernani, et al., 2015). A presbiacusia refere-se à perda ou diminuição auditiva, consequente do envelhecimento das estruturas auditivas (Ribas, et al., 2014). A comunicação pode assumir-se de duas formas distintas: verbal e não-verbal. Esta última inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal e/ou proxémia (Paschoallin, & Perensim, 2016). Mais adiante serão apresentadas algumas perspetivas relativamente à comunicação entre o profissional de saúde e a pessoa idosa com deficiência auditiva, referindo algumas estratégias utilizadas. Adicionalmente, serão abordados outros aspetos importantes relativamente à qualidade de vida desta população.
METODOLOGIA Para a construção deste artigo recorreu-se à análise de artigos científicos. A pesquisa foi efetuada nas bases de dados online EBSCO, Biblioteca do Conhecimento Online (B-on), Science Direct e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO). A recolha de dados iniciou-se a 3 de abril de 2018 e terminou a 17 de abril de 2018. Na pesquisa, utilizaram-se os
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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA:
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descritores: old man, hearing deficiency, communication, health professionals e quality of life. O critério de exclusão foi artigos publicados unicamente na forma de resumos e artigos publicados antes do ano de 2014.
DESENVOLVIMENTO A comunicação é essencial para qualquer atividade entre o profissional de saúde e o idoso, desempenhando uma função de extrema importância para a estimulação cognitiva, que promove a aceitação do corpo, das características e capacidades do indivíduo, evitando o empoderamento dos estereótipos negativos (Paschoallin, & Perensim, 2016). A assistência de cuidados de saúde com qualidade requer habilidades comunicativas que permitam o bom entendimento entre o profissional de saúde e o paciente. Por esse motivo, os indivíduos com perda auditiva preferem ser atendidos por profissionais de saúde que conhecem o sistema de língua gestual, porque torna-os mais autónomos e independentes (Oliveira, Celino, & Costa, 2015). No entanto, muitos dos profissionais de saúde não têm domínio sobre o sistema de língua gestual utilizado no seu país, e torna-se necessário recorrer à escrita ou leitura labial. Nenhum destes métodos é a solução ideal, porque a escrita pode provocar constrangimentos e frustrações ao paciente e a leitura labial exige elevados níveis atencionais por parte do paciente, provocando fadiga mental (Oliveira, Celino, & Costa, 2015). Outra estratégia que pode ser utilizada para facilitar a comunicação é o intérprete, ou seja, alguém que age como mediador entre o profissional e o paciente, porém esta estratégia apresenta algumas desvantagens: prejudica a relação terapêutica, promove uma falsa integração do indivíduo com deficiência auditiva e pode resultar em distorção da informação (Oliveira, Celino, & Costa, 2015). Tabela 1: Estratégias de comunicação utilizadas pelos profissionais de saúde na assistência ao paciente com deficiência auditiva (adaptado de Nascimento, Fortes, & Kessler, 2015).
Estratégias
%
Comunicação verbal
34
Língua portuguesa escrita
19
Leitura labial
17
Intérprete/acompanhante ouvinte
11
Mímica/gestos
9
Desenhos
6
Figuras
2
Sistema de língua gestual do país (língua gestual portuguesa)
2
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Nos idosos com dificuldade auditiva, a comunicação pode ficar comprometida, acarretando dificuldades no desempenho de uma vida ativa na sociedade (Paschoallin, & Perensim, 2016). A dificuldade em comunicar verbalmente é critério suficiente para o indivíduo se sentir desintegrado socialmente. Os indivíduos com perda ou incapacidade auditiva são comummente estereotipados como incapazes (Oliveira, Celino, & Costa, 2015). A dificuldade de compreensão mútua gera sentimentos de angústia, ansiedade e incapacidade nos profissionais de saúde e nos indivíduos com deficiência auditiva (Oliveira, Celino, & Costa, 2015). Há que notar ainda que, atualmente, a opinião dos idosos é desvalorizada, inclusive pela família. O isolamento é promovido pelas causas acima mencionadas, e consequentemente, o mundo social do idoso torna-se cada vez mais diminuto. Evidentemente, o afastamento social pode acelerar o processo de envelhecimento (Paschoallin, & Perensim, 2016). Desta forma, é possível que, nos idosos com deficiência auditiva, se verifique um envelhecimento mais acelerado. Esta inferência requer maior investigação na área, para sua confirmação. A Psicomotricidade, como outras áreas da saúde, devem dar resposta a estes pacientes, embora, para isso ser possível, é necessária maior investigação na deficiência auditiva. Para qualquer intervenção terapêutica ser eficiente, tem de ser suportada pela teoria. Assim, podemos considerar que a intervenção psicomotora na população com deficiência auditiva será beneficiada se houver um real interesse em conhecer mais sobre esta deficiência sensorial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A presbiacusia tem consequências a nível psicológico e emocional, gerando sentimentos de frustração, ansiedade e inutilidade; e a nível social, provocando o afastamento entre o idoso e a sociedade e aumentando os problemas de relacionamento social (Etcheverria, et al., 2014). Quanto à prestação de cuidados de saúde a pacientes idosos com deficiência auditiva, a maioria dos profissionais de saúde não reúne conhecimentos básicos de língua gestual, necessitando de recorrer a outras estratégias. No entanto, todos os métodos têm desvantagens, sendo que a principal é a distorção da informação. Por fim, considera-se que a intervenção psicomotora na população com deficiência auditiva será beneficiada se houver um real interesse em conhecer mais sobre esta deficiência sensorial.
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Esteves, I. (2018) Infeção da Ferida Cirúrgica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 48 - 53 ESTUDO DE CASO: Esteves, I. (2018) Infeção da Ferida Cirúrgica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 48 - 53
Estudo de Caso
Infeção da Ferida Cirúrgica Surgical Wound Infection Infección de la herida quirúrgica
Inês Esteves RN, Pós-Graduada em Gestão de Feridas Complexas Corresponding Author: inesesteves7_1_90@hotmail.com Resumo O controlo da infecção da ferida cirúrgica é um desafio cada vez mais presente na prática dos profissionais de saúde. Desta forma, é necessário a identificação de sinais clínicos de infecção para a implementação de medidas que permitam um controlo adequado da carga bacteriana da ferida, favorecendo a sua cicatrização A finalidade é permitir ao utente uma melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Infeção, ferida cirúrgica, antimicrobianos.
Abstract: The control of infection of the surgical wound is an increasingly present challenge in the practice of health professionals. Thus, it is necessary to identify clinical signs of infection for the implementation of measures that allow an adequate control of the bacterial load of the wound, favoring its healing. The purpose is to allow the user a better quality of life. KeyWords: Infection, surgical wound, antimicrobials.
Introdução De acordo com Internacional Council of Nurses (2011), a ferida cirúrgica define-se como “um corte de tecido produzido por um instrumento cirúrgico cortante, de modo a criar uma abertura num espaço do corpo ou num órgão”. A ferida cirúrgica resulta de um procedimento planeado, quer seja num contexto electivo ou de urgência, sendo expectável que a cicatrização dos tecidos siga uma evolução rápida, previsível e com o mínimo de perda de função. É importante assegurar que as pessoas com feridas cirúrgicas recebem uma avaliação apropriada, bem como cuidados adequados à sua situação clínica (Parreira e Marques; 2017).
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ESTUDO DE CASO: Esteves, I. (2018) Infeção da Ferida Cirúrgica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 48 - 53
Avaliação e Planeamento de cuidados A avaliação pormenorizada do utente é um elemento fundamental para a implementação dos cuidados de enfermagem a praticar, de forma a permitir um aumento da qualidade de vida do indivíduo. Uma avaliação detalhada da ferida cirúrgica é essencial para estabelecer o plano de cuidados, a execução do tratamento e definir prioridades. Deste modo, o conhecimento das causas e factores que interferem nas feridas cirúrgicas deverá ser um aspecto primordial a ter em conta pelos profissionais de saúde que realizam o tratamento destas feridas (Parreira e Marques; 2017). No presente artigo será apresentado um caso real de infecção da ferida cirúrgica. Utente com 64 anos de idade, proveniente de estrutura residencial para idosos, internada numa unidade da rede de cuidados continuados de média duração e reabilitação desde 03/02/2016. Relativamente aos antecedentes pessoais, podemos enumerar: Pneumonia por aspiração (dezembro 2015), Epilepsia, hipotiroidismo, Doença bipolar, Encefalopatia pós anóxia pós traumatismo craneano com tetraparésia sequelar, atrofia encefálica difusa marcada, fratura intertrocantérica do colo do fémur direito em 2013 (colocação de material de osteossíntese), status pós remoção de material de osteossíntese (realizado a 29/12/2015 - devido ao isolamento de staphyloccocus Aureus, com deiscência cirúrgica). Alergias desconhecidas. A utente permaneceu durante o internamento calma, consciente e orientada em todas as vertentes. Apresentava um discurso parco, respondia apenas a questões simples. Pele e mucosas coradas e hidratadas. Pele não íntegra, apresenta deiscência da ferida cirúrgica no trocânter direito com material de sutura. Alimentada e hidratada via sonda nasogástrica (por apresentar disfagia), com boa tolerância. Desde o início do internamento foi instituída suplementação nutricional (arginina). Necessitava de ajuda total nas atividades de vida diária. Iniciou programa de levante diário para cadeirão personalizado, com aplicação de almofada de gel de protecção na região sagrada. Foram também implementadas outras medidas para prevenção de úlceras por pressão. Incontinente de esficnteres, utilizava fralda. Hemodinamicamente estável. Cumpriu programa de reabilitação. De acordo com as escalas de avaliação, pode-se constatar que apresentava score de 10 na escala de Barthel, score de 18 na escala de Braden e score de 35 na escala de Morse. Na primeira avaliação da ferida cirúrgica foi possível identificar: deiscência da ferida cirúrgica no trocânter direito; com forma irregular; dimensões – ferida do lado esquerdo
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ESTUDO DE CASO: Esteves, I. (2018) Infeção da Ferida Cirúrgica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 48 - 53
1x0,8cm e ferida do lado direito 1,2x0,8cm; tecido de granulação, desvitalizado e hipergranulação; exsudado purulento com odor fétido em pequena quantidade; pele perilesional apresenta eritema, com material de sutura (cerca de 7 agrafes).
Figura 1 : Ferida cirúrgica. 04/02/2016
Após avaliação da ferida, pode-se constatar que apresenta sinais clínicos que evidenciam a presença de infecção. A infeção constitui uma das complicações mais comuns nas feridas cirúrgicas. A infecção do local cirúrgico provoca atrasos na cicatrização (Menoíta,2015). A infecção do local cirúrgico está relacionada com o procedimento cirúrgico, ocorre no local da incisão cirúrgica ou próximo dela (incisional ou órgão/espaço), nos primeiros trinta dias do pós-operatório, ou até um ano caso de colocação de prótese ou implante/transplante. O risco de infecção depende de muitos factores relacionados com o doente (infecção préexistente, idade avançada, obesidade, diabetes entre outros), assim como de factores cirúrgicos, tais como a duração do ato cirúrgico e a assepsia do procedimento cirúrgico. Os microorganismos que geralmente causam infecção do local cirúrgico pertencem à flora microbiana do doente. Estas bactérias podem estar presentes em pequeno número, mas encontram na ferida cirúrgica condições favoráveis à sua proliferação (Direção Geral de Saúde,2013). Segundo as Recomendações para a prevenção da infecção do local cirúrgico (2004), a infeção do local cirúrgico pode-se classificar em: Incisional superficial, Incisional profunda e de órgão/espaço. No caso acima descrito, a ferida cirúrgica define-se com infecção incisional superficial, uma vez que ocorreu nos primeiros trinta dias após a operação, envolve apenas a pele e o tecido celular subcutâneo da incisão e a apresentava drenagem purulenta. Após avaliação da ferida, e tendo como base o acrónimo TIME (Tissue:non- viable or deficiente; infection/inflammation; moisture imbalance; Edge, which is not advancing or undermining), foi fundamental a definição do plano de tratamento. Na ferida cirúrgica acima descrita foi implementado o seguinte plano:
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ESTUDO DE CASO: Esteves, I. (2018) Infeção da Ferida Cirúrgica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 48 - 53
- Remoção do material de sutura (agrafes de forma alternada); - Limpeza adequada do leito da ferida e da pele perilesional com soro fisiológico; - Aplicação de Polihexametileno de biguanida (PHMB) + Betaína solução, durante 15 minutos; - Realizada irrigação com PHMB+betaína da ferida para remoção de detritos; - Aplicação de antimicrobiano tópico (compressa não aderente com prata); - Aplicação de penso secundário (espuma de poliuretano). A periodicidade de tratamento foi definida de 3 e 3 dias. Segundo Menoíta (2015), a solução de PHMB+betaína reúne as seguintes propriedades: - Limpa e hidrata a ferida; - Gestão da humidade e carga bacteriana; - Antissético de baixa toxicidade e amplo espectro de ação; - Reduz odores da ferida; - Biocompatível com tecidos vivos; - Controlo da infeção e colonização; - Não afeta a flora saprófita da pessoa; - Mantém a sua atividade em ambiente húmido durante 72 horas; - Elimina biofilmes. A compressa não aderente com prata apresenta as seguintes características: - Penso de interface maleável e poroso; - Composto por prata metálica, filamentos de poliamida revestidos e impregnados com triglicéridos; - Indicado em feridas infetadas/com colonização superficiais (Menoíta,2015). Ao longo da realização do tratamento à ferida foi ponderado pela equipa de profissionais a manutenção ou não de antimicrobianos até à cicatrização. Como se trata de uma ferida infetada, a equipa decidiu manter a associação dos dois antimicrobianos. Nas figuras abaixo é possível observar a evolução favorável da ferida cirúrgica, até à sua cicatrização.
Figura 2 : Ferida cirúrgica. 04/02/2016
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Figura 3 : Ferida cirúrgica. 21/02/2016
Figura 4 : Ferida cirúrgica. 13/03/2016
Figura 5: Ferida cirúrgica cicatrizada 31/03/2016.
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Conclusão É essencial os profissionais de saúde identificarem o mais precocemente o estado infeccioso das feridas, através dos sinais clínicos presentes no leito da ferida. Esta identificação precoce permite a aplicação adequada de um antimicrobiano, controlando a carga bacteriana, promovendo e permitindo desta forma a cicatrização da ferida. É fundamental ao longo do internamento, a equipa de profissionais de saúde proceder à reavaliação do plano de cuidados do utente, no qual se incluí o tratamento à ferida, que deverá de ser ajustado e devidamente ponderado consoante a fase de cicatrização em que se encontra.
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Borges, C. et al (2018) Comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens dos 15 aos 24 anos: contributos para a prática de enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 54 - 64 REVISÃO SISTEMÁTICA: Borges, C. et al (2018) Comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens dos 15 aos 24 anos: contributos para a prática de enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 54 - 64
Revisão Sistemática
Comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens dos 15 aos 24 anos: contributos para a prática de enfermagem Sexual risk behaviors associated with HIV / AIDS in youths 15 to 24-Year-old: contributions to the nursing practice Comportamientos sexuales de riesgo asociados al VIH / SIDA en los jóvenes de 15 a 24 años: contribuciones a la práctica de enfermeira
Carla Borges; Gonçalo Geraldo; Graciete Escada; Isabel Nunes; Raquel Mendes; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: karlamborges@yahoo.com RESUMO A infeção por VIH continua a ser uma área prioritária no âmbito da Saúde Pública. Objetivo: Sistematizar os comportamentos de risco associados à infeção por VIH nos jovens entre os 15 e os 24 anos, identificar medidas preventivas, de forma a diminuir a transmissão do vírus, contribuindo para uma prática de enfermagem sustentada e mais eficaz. Metodologia: Foi feita uma revisão da literatura por pesquisa na plataforma EBSCO (CINAHL e MEDLINE) de Março a Maio de 2018 utilizando o método PICO. Foram analisados 10 artigos. Resultados: foram documentados comportamentos e fatores de risco nomeadamente: idade precoce no inicio da atividade sexual, a pressão de pares, medo de abuso, múltiplos parceiros e as características dos contactos sexuais, relações sexuais sem preservativo, uso de drogas injetáveis e ser portador de outras IST. Conclusões: Para reduzir a infeção por VIH devem ser desenvolvidas e aplicadas intervenções e programas que modifiquem os comportamentos sexuais de risco. Implicações para a prática profissional: o conhecimento dos comportamentos sexuais de risco, bem como dos programas de prevenção, são fundamentais nos diferentes contextos da prática de enfermagem, em particular junto dos jovens, promovendo a adesão a comportamentos promotores da saúde. Palavras chave: comportamentos sexuais de risco; VIH/SIDA; jovem; 15 aos 24 anos.
ABSTRACT: HIV infection continues to be a priority area within the scope of Public Health. Aim: To systematize the risk behaviors related with HIV infection among young people aged 15-24, to identify preventive measures in order to decrease virus transmission, contributing for a more sustained and effective nursing practice. Method: A literature review was done by researching on EBSCO (CINAHL and MEDLINE) from March to May 2018, using PICO methodology. 10 articles were analyzed. Results: Risky behaviors and factors were documented such as: early age at sexual debut, peer pressure, fear of abuse, multiple partners and the characteristics of sexual contacts, intercourse without condom, intravenous drug use and to be carrier of other Sexually Transmitted Infections. Conclusions: In order to reduce HIV infection, interventions and programs which modify the risky sexual behavior should be applied. Implications for professional practice: the knowledge of sexual risk behaviors, as well as preventive programs, is essential on several nursing practice scenarios, specifically among young people, boosting the adherence to health promoting behaviors. Key words: sexual risk behaviors; HIV/AIDS; youth; 15-24-year-old.
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Borges, C. et al (2018) Comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens dos 15 aos 24 anos: contributos para a prática de enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 54 - 64 RESUMEN La infección por VIH sigue siendo un área prioritaria en el ámbito de la salud pública. Objetivo: Sistematizar los comportamientos de riesgo asociados a la infección por VIH en los jóvenes entre los 15 y los 24 años, identificar medidas preventivas, para disminuir la transmisión del virus, contribuyendo a una práctica de enfermería sostenida y más eficaz. Metodología: Se realizó una revisión de la literatura por investigación en la plataforma EBSCO (CINAHL y MEDLINE) de marzo a mayo de 2018 utilizando el método PICO. Se analizaron 10 artículos. Resultados: se documentaron comportamientos y factores de riesgo, en particular: edad precoz en el inicio de la actividad sexual, la presión de pares, miedo de abuso, múltiples parejas y las características de los contactos sexuales, relaciones sexuales sin preservativo, uso de drogas inyectables y ser portador de drogas otras IST. Conclusiones: Para reducir la infección por VIH deben desarrollarse y aplicarse intervenciones y programas que modifiquen los comportamientos sexuales de riesgo. Implicaciones para la práctica profesional: el conocimiento de los comportamientos sexuales de riesgo, así como de los programas de prevención, son fundamentales en los diferentes contextos de la práctica de enfermería, en particular entre los jóvenes, promoviendo la adhesión a comportamientos promotores de la salud. Palabras clave: comportamientos sexuales de riesgo; VIH / SIDA; joven; 15 a los 24 años.
INTRODUÇÃO Sabemos hoje que os esforços globais para fortalecer os programas de prevenção e tratamento do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) estão a contribuir para a redução da sua transmissão (United Nations Programme on HIV/AIDS, 2017). De 2010 a 2016, o número anual de novas infeções por VIH (em todas as idades) diminuiu em 16%, para 1,8 milhões. No entanto, o ritmo de declínio das novas infeções por VIH, pode não ser suficiente para alcançar a meta projetada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2016: menos de 500.000 novas infeções por ano até 2020 (UNAIDS, 2017). Em 2016, registaram-se por dia cerca de 5000 novos casos de infeção por VIH sendo cerca de 4500 entre os adultos (15 anos ou mais), dos quais 37% entre os jovens (entre os 15 e os 24 anos) e 22% entre as mulheres jovens (mulheres entre os 15 e os 24 anos) (UNAIDS, 2017). Na Europa, e particularmente em Portugal, a infeção por VIH mantém-se um importante problema de saúde pública pelo que continua a ser uma área de intervenção prioritária (Ministério da Saúde, 2017). No ano de 2016 foram notificados 1030 novos casos de infeção por VIH em Portugal, dos quais 112 (11%) entre os 15 e os 24 anos (European Centre for Disease Prevention and Control e World Health Organization, 2017). O início precoce da atividade sexual nos jovens está associado a um risco aumentado de comportamentos sexuais em que não foi feita a necessária ponderação da possibilidade de contrair Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST) como o VIH, ou a ocorrência de
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Borges, C. et al (2018) Comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens dos 15 aos 24 anos: contributos para a prática de enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 54 - 64
gravidezes indesejadas (Ferreira, Cabral, 2010). Um dos comportamentos de risco mais importantes é a não utilização de preservativos (UNAIDS, 2017). Na prevenção é fundamental informar e clarificar aspetos sobre a transmissão do VIH e assinalar os comportamentos de risco associados de forma a promover a alteração desses comportamentos na área da sexualidade (OUAKININ, 2011). A prevenção deve iniciar-se o mais precocemente possível, como tem sido defendido por vários autores: “uma intervenção planeada a nível da educação sexual suscita a promoção de uma sexualidade responsável que se traduzirá no equilíbrio dos adolescentes e suas famílias, bem como da economia e rentabilização dos serviços de saúde” (Flora, Rodrigues e Paiva, 2013, pág. 126). O objetivo desta revisão é sistematizar os comportamentos de risco associados à infeção por VIH nos jovens entre os 15 e os 24 anos, identificar as medidas preventivas, de modo a diminuir a transmissão do vírus, contribuindo para uma prática de enfermagem sustentada e mais eficaz.
CONCEITOS: Jovem A juventude é um período de transição entre a infância e a vida adulta, com aumento da independência. O jovem encontra-se, geralmente, entre a idade de terminar a educação mínima obrigatória e encontrar o seu primeiro emprego (Organização das Nações Unidas, 2013). A UNAIDS (2014) restringe este período entre os quinze e os vinte e quatro anos. Em todo o artigo, as referências ao termo jovem remetem para a definição supramencionada. VIH/SIDA O vírus da imunodeficiência humana (VIH) é o agente etiológico da SIDA, pertencendo à família Retroviridae, subfamília Orthoretrovirinae e género dos Lentivírus (Azevedo-Pereira, 2011). Em Portugal a infeção pelo VIH/SIDA continua a constituir uma prioridade no Plano Nacional de Saúde (DGS, 2015) e a ser um dos programas prioritários definidos pelo XIX Governo Constitucional (Ministério da Saúde, 2016).
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Enfermagem Segundo o International Council of Nursing (ICN) a enfermagem engloba o cuidado autónomo e multidisciplinar de indivíduos de todas as idades, famílias, grupos e comunidades, doentes ou saudáveis e em todos os contextos. A enfermagem inclui a promoção da saúde, a prevenção de doenças e o cuidado de pessoas doentes, com deficiência e em fase terminal. A advocacia, promoção de um ambiente seguro, investigação, participação na formulação de políticas de saúde e na gestão de cuidados, de sistemas de saúde e educação são também funções fundamentais da enfermagem (ICN, 2018) Comportamentos sexuais de risco Entende-se, como comportamentos sexuais de risco, os diversos comportamentos relacionados com a sexualidade e a saúde reprodutiva que aumentam a suscetibilidade de um indivíduo contrair uma IST, nomeadamente vírus da imunodeficiência humana (VIH), ocorrer uma gravidez indesejada e não planeada, aborto e sofrimento psicológico (MulluKassa et al., 2016, p. 2).
METODOLOGIA Depois de definido o tema entre os membros do grupo, definiu-se a pergunta PICO “Quais os comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens de 15 a 24 anos?”. Foi construído um protocolo de pesquisa onde se determinaram os critérios de inclusão e exclusão a serem aplicados e iniciou-se a pesquisa em base de dados. Para esta pesquisa foi utilizada a plataforma EBSCO Host nas bases de dados Medline complete e Cinahl complete. Foi utilizada a fórmula booleana (HIV/AIDS OR HIV) AND (risk sexual behavior OR risk behavior OR sexual risk behavior) AND sexually transmitted diseases. Ao resultado aplicaram-se alguns limitadores nomeadamente: full text, datas superiores a 2007 e restringiram-se os grupos etários a adolescent (13-18 years) e young adult (19-24 years). Da pesquisa inicial resultaram 100 artigos. Após leitura do título, abstract, texto completo e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, resultaram um total de 10 artigos na base Medline complete e 0 artigos na base Cinahl complete. A análise integral e aprofundada destes documentos, foi distribuída equitativamente pelos membros do grupo.
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DISCUSÃO DOS RESULTADOS A investigação científica tem contribuído, ao longo dos tempos, para identificar e caraterizar os fatores de risco individuais que, de uma forma isolada ou combinada, originam comportamentos sexuais de risco nos grupos populacionais jovens de diferentes faixas etárias que aumentem a probabilidade de adquirir IST, nomeadamente o VIH (Danielson, et al, 2014). A caraterização das populações e o conhecimento prévio dos seus comportamentos sexuais de risco permitem a identificação de classes de risco (alto risco versus baixo risco para contrair uma infeção pelo VIH). A identificação destas classes e a estimativa das respetivas probabilidades de risco podem ser aproveitadas para implementar intervenções direcionadas para grupos de risco específicos visando a diminuição das novas infeções por VIH (Danielson, et al, 2014). Bassols, De Boni e Pechansky (2010) referem que os adolescentes que apresentam défices educacionais e financeiros têm um risco aumentado de contrair VIH. Parece ser consensual entre vários autores, que o uso do preservativo e a idade precoce do início da atividade sexual são dois fatores importantes, mas de efeito oposto, no risco de exposição a IST (Kapadia, et al, 2012; Dariotis, et al, 2008; Bassols, De Boni e Pechansky, 2010). Um fator a ter em conta na faixa etária considerada no estudo é a pressão dos pares: “os indivíduos que sentem que os seus pares apoiam o uso de preservativo, usam o preservativo de forma mais consistente” (Kapadia, et al, 2012, pág. 28); no entanto, o medo da negociação da utilização do preservativo pode contribuir para a sua não utilização, aumentando o risco de infeção pelo VIH. (Raiford, DiClemente e Wingood, 2009). A literatura parece também demonstrar que: ”os jovens valorizam mais evitar uma gravidez não planeada ou uma infeção sexualmente transmitida do que uma infeção por VIH” (Norton, Fisher, Amico, Dovidio e Johnson, 2012, pág. 575) e quando as intervenções são direcionadas nesse sentido existe um aumento do uso do preservativo e uma diminuição nos comportamentos sexuais de risco (Norton et al, 2012). O abuso não surge como um fator apenas no uso do preservativo. Experiências passadas com diversos tipos de abuso (emocional, físico, sexual), estão associadas com um número aumentado de outros comportamentos sexuais de risco. Deste modo, aquando da intervenção nos jovens com comportamentos sexuais de risco associados com o VIH/SIDA, o abuso é um importante fator a ter em consideração quando conceptualizando a melhor forma de intervir. (Conrad, Swenson, 2014).
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O número de parceiros e as características destes contactos sexuais (frequência, tipo e variedade de parceiros) devem também ser tidos em linha de conta nos indivíduos de ambos os sexos (Kapadia, et al, 2012) mas principalmente junto da população masculina, e por isso “estratégias eficazes para reduzir o risco de VIH e de outras IST no homem jovem, devem ter em conta vários aspetos do comportamento sexual, incluindo o uso de preservativo e parceiros concomitantes(...)” (Dariotis, et al, 2008, pág. 223). A maioria das intervenções de prevenção do VIH concentra-se no aumento do conhecimento sobre a transmissão das IST (Raiford, DiClemente e Wingood, 2009). No entanto, a literatura diz-nos, que para controlar a transmissão de IST na população europeia jovem, as intervenções de prevenção devem focar populações específicas e subgrupos particulares, incluindo os de alto risco, de difícil acesso, e fora da população escolar. Não procurando aumentar o seu conhecimento acerca da saúde sexual, pois a teoria neste contexto parece ser ignorada, devem procurar-se mudar diretamente os comportamentos. Enquadrar a família como agente de alteração de comportamento, promover as aulas de educação sexual nas escolas (e não apenas acerca das IST), implementar intervenções em grupos do mesmo sexo, oferecer rastreios gratuitos e providenciar preservativos gratuitos são intervenções de relevo (Lazarus, et al, 2010). As mulheres pertencentes às minorias sexuais, independentemente da sua raça ou grupo étnico, têm uma maior prevalência de comportamentos sexuais de risco, incluindo relações sexuais com múltiplos parceiros, sexo forçado e encarceração. Homens de raça negra ou homens em grupos de minoria sexual também apresentam um risco superior. Homossexuais em todos os grupos raciais e étnicos apresentam um risco significativamente superior aos de homens heterossexuais de raça branca de receber o diagnóstico de IST. Comparado com homens brancos heterossexuais, homens negros ou orientais apresentam a maior probabilidade de receber tal diagnóstico. (Majola, Everett, 2012). Os jovens do sexo masculino americanos têm um risco aumentado de contrair VIH (80% dos novos casos em 2010) e outras IST (91% dos novos casos de sífilis). O número de casos é maior entre os homens que têm sexo com homens (HSH) e os homens que têm sexo com homens e mulheres (HSHM), especialmente nos mais jovens. Um dos fatores que conduzem a comportamentos de risco e aquisição/transmissão de VIH/IST é a homonegatividade, definida como o conjunto de atitudes negativas em relação à homossexualidade. A homonegatividade está associada à reduzida utilização do preservativo, verifica-se entre homens sexualmente ativos de todas as orientações sexuais, particularmente no grupo de HSHM e HSM. As intervenções de prevenção do VIH/IST devem procurar neutralizar as atitudes homonegativas que dificultam
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a discussão / negociação da utilização do preservativo. (Jeffries, W. IV., Johnson, O. D., 2015). Nas jovens que procuraram voluntariamente ser testadas para a infeção por VIH, e cujo teste foi positivo, identificaram-se com maior frequência antecedentes de “relações sexuais em troca de dinheiro, história de gravidez, aborto prévio, bem como iniciação sexual mais precoce do que as jovens seronegativas” (Bassols, De Boni e Pechansky, 2010, pág. 361). A evidência científica revela também condições e comportamentos que potenciam e promovem a transmissão do VIH na população heterossexual: parceiros sexuais concomitantes, IST, uso de drogas injetáveis e estar preso. Estes riscos muitas vezes não são reconhecidos pelo parceiro da mulher e existem muitas vezes situações de sero discordância entre parceiros (Chen, Reymond, McFarland e Truong, 2009; Bassols, De Boni e Pechansky, 2010).
CONCLUSÃO Com este trabalho identificaram-se comportamentos sexuais de risco para a infeção pelo VIH/SIDA nos jovens adolescentes, bem como as intervenções possíveis para reduzir a sua transmissão. Os comportamentos e fatores de risco identificados foram: 1) uso pouco frequente ou inexistente de preservativo; 2) múltiplos parceiros ou parceiros concomitantes; 3) caraterísticas
dos
contatos
sexuais;
4)
atitudes
homonegativas
relativamente
à
homossexualidade; 5) receio na negociação da utilização do preservativo; 6) trauma (ex.: abuso emocional, sexual, infantil). Para reduzir a infeção por VIH devem ser desenvolvidas e aplicadas intervenções e programas que modifiquem os comportamentos sexuais de risco. As principais intervenções de prevenção do VIH encontradas dizem respeito: à promoção de aulas de educação sexual nas escolas com principal enfoque na área da violência no namoro e na informação necessária acerca dos métodos de prevenção da transmissão do VIH neutralizando atitudes homonegativas, intervenções em grupos do mesmo sexo, oferecer rastreios gratuitos e disponibilizar preservativos. Os rastreios devem ser planeados a partir de perfis de comportamentos sexuais de risco, previamente identificados. Assim, identificam-se e melhora-se a seleção dos indivíduos que precisam de aconselhamento e acompanhamento personalizados. De seguida, nos grupos de risco bem identificados, podem ser realizadas
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intervenções psico-educativas e de construção de competências, específicas para a prevenção da infeção por VIH. Os esforços para reduzir o risco da infeção pelo VIH/IST devem incorporar uma combinação diferente de estratégias, podendo a enfermagem assumir um papel de relevo em diferentes contextos de intervenção.
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Borges, C. et al (2018) Comportamentos sexuais de risco associados ao VIH/SIDA nos jovens dos 15 aos 24 anos: contributos para a prática de enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 54 - 64
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Sul, S. (2018) Contributos de Enfermagem para a Promoção da Saúde Sexual da Pessoa Idosa, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 65 - 80 REVISÃO BIBLOGRÁFICA NARRATIVA: Sul, S. (2018) Contributos de Enfermagem para a Promoção da Saúde
Sexual da Pessoa Idosa, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 65 -80
Revisão Bibliográfica Narrativa
Contributos de Enfermagem para a Promoção da Saúde Sexual da Pessoa Idosa Nursing Contributions for the Promotion of the Sexual Health of the Elderly Person
Contribución de Enfermería para la Promoción de la Salud Sexual de las Personas de Edad
Susana Sul RN, MsC Student (Gestão em Enfermagem), Centro Hospitalar de Lisboa Central Corresponding Author: susana.sul@gmail.com Resumo O envelhecimento é um processo natural, ainda que complexo, que decorre durante todo o ciclo de vida. Este mesmo processo apresenta vários aspetos que se relacionam e levam, numa fase avançada da vida, a alterações significativas na pessoa idosa, entre elas a nível da expressão da sua sexualidade.A saúde sexual na pessoa idosa é um tema pouco abordado que tem vindo a gerar alguma controvérsia e estereótipos que põem em causa uma prática sexual segura e prazerosa, nas suas mais variadas vertentes, nesta faixa etária. Assim, o presente trabalho tem como objetivos evidenciar a realidade, especialmente a portuguesa, no que toca à promoção da saúde sexual no idoso, bem como os planos e programas existentes e ainda, os contributos que a enfermagem pode oferecer nesta temática específica. Desta análise surgiram dados relevantes no que toca à pessoa idosa, tais como, as alterações sofridas durante o processo de envelhecimento aos níveis biológico, psicológico, sociocultural e espiritual; as dificuldades sentidas quanto à liberdade de expressão da sua sexualidade; uma tendência atual na contração do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) por parte deste grupo social e ainda, as estratégias de intervenção e promoção da saúde sexual nesta faixa etária por parte do enfermeiro. Palavras-Chave: Pessoa Idosa, Envelhecimento, Saúde Sexual, Enfermagem, Promoção da Saúde.
Abstract Aging is a natural yet complex process, that occurs throughout the entire life cycle. This exact process presents several aspects that correlate and lead, at an advanced stage of life, to significant changes in the elderly, including the way their sexuality is expressed. The sexual health of an elderly person is an unexplored matter that has brought some controversy and stereotypes that endanger a safe and pleasurable sexual practice, in its entire dimension, at this age range. Therefore, our current work has as goals to research the reality, specially the Portuguese one, concerning the promotion of sexual health in the elderly, as well as the plans and programs in force and the contributions that nursing can offer regarding this theme specifically. Throughout this analysis, relevant data has been arisen concerning the elder individual such as: alterations suffered during the aging process at biological, psychological, socio-cultural and spiritual levels; struggles felt concerning the capacity to freely express their sexuality; an ongoing tendency of Human Immunodeficiency Virus (HIV) infections in this social group as well as an attempt by the nursing staff to create intervention strategies that can promote sexual health amongst the elderly. Key-Words: Elderly, Aging, Sexual Health, Nursing, Health Promotion.
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O Processo de Envelhecimento
Pessoa Idosa O envelhecimento é um processo biológico “contínuo sem transições que estabeleçam fronteiras nítidas entre um antes e um depois para mudanças que ocorrem, não raras vezes, impercetivelmente, ao longo do curso da vida” (Cabral, Ferreira, Silva, Jerónimo & Marques, 2013, p.25). Tal como afirma Pimentel, citado por Rocha (2007, p.37), definir pessoa idosa é um ato complexo, que implica agrupar um conjunto de pessoas extremamente heterogéneas, com percursos de vida distintos e personalidades únicas, apesar de poderem existir semelhanças. A World Health Organization (WHO) (2016) considera que a idade para se classificar uma pessoa como idosa é muito arbitrária. Em certos países ocidentais esta pode ser de 65 anos, aproximando-se à idade da reforma. Noutros, menos desenvolvidos, a idade assumida pode variar entre os 50 e os 65 anos consoante a região. Nestes últimos, a pessoa reconhecese como sendo idosa com o declínio dos contributos prestados para a sociedade e não devido à sua idade cronológica. A verdade é que ter 65 anos não é ditatório que a pessoa é automaticamente idosa, uma vez que os processos multidimensionais de envelhecimento e os percursos biográficos diferem de pessoa para pessoa (Rocha, 2007). Com o aumento da esperança média de vida, estes anos passaram a ter uma grande importância na vida das pessoas, pois é quando estas têm tempo para concretizar algumas das suas ambições e projetos. Assim, é importante pensar no envelhecimento como envelhecimento ativo. A WHO (2005, p.13) define envelhecimento ativo como o “processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”. Quando se refere ativo, é importante sublinhar que não significa apenas fisicamente ativo, também se relaciona na participação do indivíduo no domínio cultural, social, psicológico e espiritual. Isto significa que envelhecer deve ser uma experiência positiva, levada a cabo com a melhor qualidade de vida possível (Bäckström, 2015). Ainda assim, apesar do envelhecimento ativo poder ser atingido com sucesso pode também ser um processo doloroso pois, segundo George (2000) citada por Rocha (2007), o autoconceito da pessoa idosa é influenciado pelo próprio processo de envelhecimento e doença, a perda de papéis e estatutos comprometidos pelo envelhecimento e ainda os estereótipos negativos elaborados tanto pelos próprios idosos, como pelos mais jovens. Pajares & Schunk (2005), citado por Rocha (2007), referem que o envelhecimento da população não deve ser analisado como uma crise, uma vez que pessoas idosas sadias contribuem positivamente para o desenvolvimento das suas famílias, comunidades, e por
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corolário constituem uma vitória para a Saúde Pública, e um contributo para o desenvolvimento do país. É assim do maior interesse formular planos para uma sociedade envelhecida, de modo a promover a sua saúde e ultrapassar o declínio fisiológico.
Dados Demográficos sobre o Envelhecimento em Portugal Ao longo dos anos, tem-se verificado uma queda na taxa de natalidade e um aumento na esperança média de vida, transformando as sociedades atuais mais desenvolvidas em sociedades envelhecidas (Cabral, Ferreira, Silva, Jerónimo & Marques, 2013). Hoje em dia, é um facto adquirido pela sociedade de que iremos ter vidas mais longas do que há alguns anos atrás. O INE (2012), revelou que a pirâmide etária em Portugal está cada vez mais invertida. A base, os grupos etários mais jovens, diminuiu e o topo, devido ao crescimento da população idosa, aumentou. Em comparação com o ano de 2001, em 2011 a população com idade superior a 69 anos teve um crescimento na ordem dos 26%. Segundo a PORDATA (2016), no ano de 2016, a esperança de vida à nascença em indivíduos do sexo masculino é de 77,7 anos e do sexo feminino é de 83,4 anos. Para além disto, segundo a PORDATA (2016), a esperança média de vida em pessoas com idade igual ou superior a 65 anos aumentou para 19,5 anos, mais 2,5 anos, comparativamente a 2000. Projeções estimadas pelo INE (2014) sugerem que em cenário central, isto é, tendo em conta estimativas moderadamente otimistas em que se incluem indicadores de fecundidade, mortalidade e migrações, a população com 65 anos ou mais, residente em Portugal em 2060, aumentará até, sensivelmente, 3 milhões de idosos (aumento de 35%).
Alterações Biológicas e Psico-socioculturais na Pessoa Idosa Potter & Perry (2006) afirmam que existem variadas transformações no idoso, que acontecem naturalmente e são resultantes do avanço na idade, não sendo necessariamente decorrentes de alguma patologia. À medida que o indivíduo envelhece o organismo passa por certas transformações. Segundo Netto (2004) as transformações anatómicas são as mais visíveis. Assim, entre outras alterações, observa-se que a pele perde a hidratação e elasticidade, tornando-se mais pálida e descamativa. Os cabelos tornam-se mais finos e grisalhos. As alterações fisiológicas musculares e ósseas acarretam mudanças visíveis na alteração da postura do tronco e das pernas, acentuando ainda mais as curvaturas da coluna, especialmente nas zonas torácica e lombar. As articulações tornam-se mais endurecidas, reduzindo assim a extensão dos movimentos e produzindo alterações no equilíbrio e na marcha. Quanto ao sistema cardiovascular desenvolve-se uma dilatação aórtica, hipertrofia ou dilatação do ventrículo
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esquerdo do coração, associados a um aumento da pressão arterial. O sistema hormonal e reprodutor também são afetados por esta mudança, denotando-se várias alterações fisiológicas e anatómicas na mulher e no homem, no entanto, as transformações relativas à sexualidade não passam apenas pelos aspetos biológicos e fisiológicos. Netto (2004) afirma que acima de tudo, o próprio indivíduo sente a decadência da sua capacidade de satisfação sexual. No entanto, e embora a atividade sexual se torne mais desafiante devido as transformações biológicas, esta não desaparece, apenas torna-se menos intensa e frequente. De modo a compreender os fatores biológicos influenciadores da sexualidade nos idosos, é da maior importância compreender a relação entre os conceitos “libido” e “potência”. Segundo Correia (2003), a “libido” corresponde aos complexos processos afetivo-cognitivos que incita um indivíduo para a atividade sexual. Em paralelo, a “potência” consiste na capacidade de resposta aos estímulos sexuais, tanto endógenos (ex: hormonas) como exógenos (ex: estimulação visual). De acordo com Aboim (2013), existe uma clara relação entre o declínio sexual e o processo de envelhecimento. A disfunção erétil carateriza-se e distingue-se, segundo Santos (2014), como uma “incapacidade persistente ou recorrente em conseguir e/ou manter uma ereção suficiente para permitir uma atividade sexual satisfatória, desde há pelo menos 3 meses” (p. 67), tendo uma elevada prevalência no homem idoso. A senescência tem um papel marcante na disfunção erétil, sendo que algumas das caraterísticas que surgem ao longo do tempo são: aumento do tempo de latência entre estimulação sexual e ereção, diminuição da rigidez peniana, atrofia testicular, diminuição do volume ejaculado, aumento do tempo refratário (intervalo de tempo entre ereções), diminuição da sensibilidade e diminuição da testosterona por volta dos 50 anos de idade (Santos (2014); Correia (2003)). Ainda segundo Correia (2003), a resposta sexual no homem, com o avançar da idade, requer uma estimulação táctil muito maior comparativamente à estimulação visual e imagética. Os aspetos biológicos da evolução do comportamento sexual na mulher com idade avançada têm sido menos estudados do que no homem. Apesar desta dificuldade decorrente, identificou-se que a menopausa é um fenómeno universal nas mulheres que estará responsável pelo declínio da atividade sexual (Correia, 2003). Segundo Henriques, Lopes & Ribeirinho (2014), reconhece-se a menopausa como a “cessação permanente dos ciclos menstruais, determinada retrospetivamente após 12 meses de amenorreia sem outra causa óbvia fisiológica ou patológica” (p. 303). Esta ocorre por volta dos 50 anos de idade e recai numa depleção ovárica completa, diminuição da produção estrogénica e aumento da hormona folículo estimulante.
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De acordo com Caple & March (2016), estudos em 2009 apontam que a incidência de disfunção sexual associada à menopausa é inconsistente, variando entre 31 e 88%. Estes valores são ainda superiores em mulheres que desenvolveram a menopausa precocemente, resultante de cirurgia ou quimioterapia. A prevalência das mulheres com disfunção sexual resultante da menopausa é difícil calcular. Ainda assim, estas consideram a atividade sexual muito significativa para atingir um sentido de bem-estar geral (Caple & March, 2016). Outro dado importante de equacionar, consiste na conclusão de um estudo americano realizado em 2014, que aponta que a disfunção sexual na mulher é mais prevalente (43%), que no homem (31%) (Henriques, Lopes & Ribeirinho, 2014). Ainda segundo Caple & March (2016), com a menopausa, surgem complicações resultantes de alterações a nível hormonal, como secura vaginal, redução da lubrificação associada à excitação sexual (menor lubrificação traduz-se no aparecimento de fissuras e pruridos vaginais), diminuição do espessamento do epitélio da mucosa vaginal, atrofia da musculatura vaginal, incontinência urinária e infeções, diminuição do desejo sexual, dispareunia e mesmo dificuldade em atingir o orgasmo. A nível psicossocial a idade avançada é acompanhada também por várias alterações às quais o idoso se vê obrigado a adaptar. Entre muitas outras, pode-se destacar a perda do papel de cônjuge e a reforma (Potter & Perry, 2006). A perda do papel do cônjuge poderá acontecer em qualquer altura do ciclo vital, no entanto é mais frequente numa etapa mais avançada da vida de um indivíduo. “A vida do idoso pode tornar-se bastante difícil, especialmente quando se vê confrontado com os principais medos deste grupo etário: medo do desconhecido, da solidão, de perder a família e os amigos, de perder o controlo e a autonomia ou de perder a identidade (auto-imagem)” (Vilhena, 2008, p. 75). Passar por este processo e lidar com o mesmo, faz com que a necessidade de arranjar estratégias se torne inevitável. A morte do cônjuge em si é algo extremamente doloroso, mas as pessoas idosas temem mais os acontecimentos que acompanham ou seguem a morte, como por exemplo, a rejeição, o isolamento, a solidão, a doença prolongada, a perda do papel social e a perda da autonomia (Vilhena, 2008). Ainda que seja possível prolongar a vida, é impossível evitar a morte, “parece, no entanto, que quanto mais os idosos conferem um sentido à sua vida, menos medo têm de morrer” (Vilhena, 2008, p. 76). Assim, a tarefa mais importante consiste em tornar a vida de um idoso mais rica e com sentido, sentimento de pertença e acompanhamento. Em relação ao segundo aspeto, a reforma, esta “é considerada pela sociedade como o ponto de partida “oficial” que conduz à velhice e inclusive muitas vezes assemelha-se e, ou confunde-se com a mesma” (Ferreira, 2008, p. 31). A reforma, como já foi referido
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anteriormente, é uma importante transição na vida de qualquer idoso. Esta transição vai ter diversas implicações para o mesmo, podendo estas ser positivas ou negativas, dependendo da própria pessoa. Alguns idosos recebem esta mudança na sua rotina diária que estava estabelecida há vários anos como um prémio ou um descanso merecido, outros sentem-se física e mentalmente capazes de continuar a exercer a sua atividade. Porém, esta transição nem sempre é tão fácil e encarada de forma positiva. Fonseca (2012) afirma que uma das consequências mais sérias da reforma está interligada com a perda de uma função útil na vida e consequentemente este processo de transição para a reforma pode ser vivido de forma stressante, podendo até originar perda de autoestima e de sentimento de controlo da própria vida do individuo. Este autor explicita existirem inúmeras vantagens associadas à vida profissional de um indivíduo, como “estruturação do uso do tempo, conquista de identidade pessoal e estatuto social, contexto para interação social, local de expressão de capacidades pessoais, sentimento de realização pessoal”(p. 77), e por isso, quando um indivíduo se vê abruptamente privado desta parte integrante da sua vida, o processo de transição pode ser turbulento, demorado e difícil. Todavia, em ambas estas situações, é importante que os idosos desenvolvam a capacidade de permanecer ativos, pois esta é umas das condições fundamentais para viver com êxito o envelhecimento e a entrada na reforma (Ferreira, 2008). Sendo que este é o princípio chave para o envelhecimento ativo.
Sexualidade na Pessoa Idosa Quando se aborda a temática da sexualidade, muitas vezes aparece relacionado o conceito de reprodução, uma vez que estes se encontram profundamente ligados. Neste trabalho, a abordagem feita à sexualidade é muito mais abrangente, falando-se de saúde sexual. Segundo Bernardo & Cortina (2012), este conceito de saúde sexual implica uma abordagem mais vasta e positiva da sexualidade humana, promovendo uma vivência saudável e satisfatória da mesma, indo muito além das questões meramente referentes à reprodução ou às infeções sexualmente transmissíveis. Segundo o mesmo autor, esta forma abrangente de ver a sexualidade, ultrapassa o ato sexual e engloba todas as outras formas de expressão de sentir, de fazer parte de uma relação afetiva e de expressar o amor humano, sendo exemplos dessas: a intimidade, a afetividade, o carinho e a ternura. (Bernardo & Cortina, 2012). A WHO (2006), por sua vez, definiu também o conceito de sexualidade de uma forma bastante ampla e positiva definindo-a como:
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um aspeto central de ser-se humano durante toda o ciclo de vida e que engloba sexo, género, identidade e papéis, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução (...) experienciada e expressa através de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas e relações. (p.5) A sexualidade, ao contrário do que por vezes se pensa, não é, segundo Marques (2009), uma caraterística humana que se perde com o tempo e o avançar dos anos. Na realidade, esta mantém-se durante toda a vida mas vai variando e adquirindo diferentes contornos consoante as vivências de cada um, sendo por isso também altamente subjetiva. Esta pode assim variar consoante os géneros, idade, valores pessoais, aspetos culturais, sociais e até religiosos. Ao analisar-se vários estudos, temos vindo a compreender que os diferentes grupos etários definem a sexualidade de forma diferente e, consoante a faixa etária, surgem diferentes níveis de importância a diferentes dimensões da sexualidade. Quando, no estudo de Bourscheid (2004), foi colocado a um grupo de jovens entre os treze e os dezasseis anos questões sobre a temática da sexualidade, estes definiram a mesma com palavras-chave como: “transformação do corpo”, “iniciação sexual”, “doenças sexualmente transmissíveis” e “métodos contracetivos”. Por sua vez, no estudo de Queiroz, Lourenço, Coelho, Miranda, Barbosa & Bezerra (2015), quando foi pedido a um grupo de idosos que definissem sexualidade, os resultados foram bastante diferentes, sendo que estes fizeram uma maior menção a palavras-chave como “amor”, “carinho” e “respeito”. A mesma análise pode ser feita em relação aos géneros, segundo Petersen & Hyde (2011), o sexo masculino apresenta uma maior tendência para ter uma atitude permissiva em relação ao ato sexual, mesmo sendo este fora do compromisso de uma relação, enquanto que o sexo feminino geralmente reporta sentimentos negativos relativamente à experiência sexual fora de uma relação afetiva, dando maior valor à expressão dos afetos. Com o avançar da idade, as diferenças mantêm-se, sendo que na falta de parceiro por viuvez, os homens idosos tendem a procurar outra companheira, enquanto as mulheres idosas tendem a cair na abstinência sexual (Vieira, Leal, Marques & Alencar, 2014). Ainda assim, independentemente da forma como cada indivíduo define a sua sexualidade, todos têm em comum um aspeto: o direito à mesma. Segundo a WAS (2014), por forma a defender o direito à sexualidade, surgiu, originalmente em 1997, a declaração dos direitos sexuais onde, baseada nos direitos humanos fundamentais, se reafirma que a sexualidade é um aspeto fulcral no bem-estar do ser humano em toda a sua vida. Após várias revisões, a declaração atual apresenta 16 direitos fundamentais, sendo dois deles:
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a) “O direito ao mais alto padrão de saúde atingível, inclusive de saúde sexual; com a possibilidade de experiências sexuais prazerosas, satisfatórias e seguras” (p.2) b) “O direito à liberdade de pensamento, opinião e expressão” (p.3) Estes dois direitos ganham especial interesse quando relacionados com a pessoa idosa e a sua sexualidade, quando se considera que o indivíduo idoso, como qualquer outra pessoa, tem o direito a uma educação sexual esclarecedora, por forma a manter a qualidade de vida, bem como, segundo a WAS (2014), a uma acessibilidade e aceitação por parte dos serviços de saúde que usufrui, tendo o direito de expressar plenamente a sua sexualidade. Quando se fala da sexualidade na pessoa idosa, onde a componente reprodutiva perde a sua importância, outras componentes da saúde sexual poderiam ganhar visibilidade, no entanto tal assunção não se verifica na prática. Na realidade, a sexualidade na pessoa idosa é um assunto pouco explorado, verificando-se que é escassa a análise feita relativamente a esta temática, muitas vezes devido a ideias preconcebidas sobre este grupo etário (Vieira, Leal, Marques & Alencar, 2014).
Estereótipos sobre a Sexualidade na Pessoa Idosa As pessoas idosas, por algum decréscimo a nível funcional e aumento da dependência, acabam por ser um grupo social que não serve os propósitos da sociedade moderna, sociedade essa que, segundo Custódio (2008), se baseia em valores relacionados com o poder económico, produtividade e lucro. Assim, esta faixa etária, por não se enquadrar com uma sociedade onde a juventude é um dos valores centrais, acaba por ser marginalizada e alvo de estereótipos. Posteriormente, segundo Ribeiro (2010), influenciado por estas ideias depreciativas, o indivíduo idoso fica condicionado e impedido de reconhecer as suas potencialidades nesta fase da sua vida aos mais variados níveis, sendo um deles o seu comportamento a nível sexual. Para começar a explorar os estereótipos de que as pessoas idosas são alvo é necessário primeiro compreender este conceito. Estereótipo “é a associação, ou crença, que se tem sobre as características e atributos de um grupo, bem como dos seus membros, que molda a forma como as pessoas pensam e respondem a esse grupo” (Meira, 2011, p.4). Assim, a pessoa idosa acabou por cair num estereótipo sobretudo derrotista onde a sociedade tem uma postura maioritariamente negativa relativamente ao envelhecimento, sendo estes responsáveis, em parte, pela manutenção da imagem que as pessoas idosas mantêm na sociedade e em relação a si mesmos (Ribeiro, 2010).
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Segundo Vaz (2012), citando Lima (2003), o indivíduo idoso é alvo de vários estereótipos, começando pela ideia de que a pessoa idosa não tem interesse em sexo, muito devido à sua suposta incapacidade física para praticar o ato ou porque a prática sexual prejudica a manutenção da sua saúde. Os idosos que, ainda assim, admitem práticas a nível sexual, são vistos como perversos, exibicionistas e potencialmente ninfomaníacos quando jovens. Uma postura reveladora por parte de uma pessoa idosa de se importar com questões de índole sexual é muitas vezes vista ainda como uma tentativa frustrada de se manter e ser considerado jovem. A ideia que a sociedade fomenta sobre os padrões ideias de beleza e atração física recaem exclusivamente sobre indivíduos jovens e saudáveis, levando a que as pessoas idosas sejam ainda muitas vezes vistas como assexuadas. Os filhos de casais idosos tendem a favorecer esta ideia, vendo os seus pais como dois indivíduos que partilham exclusivamente uma ligação parental (Langer, 2009). A infantilização a que este grupo social é sujeito acaba também por contribuir para a negação da sexualidade dos idosos, levando à promoção do mito de que os idosos são assexuados. Existe também uma recriminação por parte da própria pessoa idosa em relação à sua sexualidade o que, segundo Santana, Santo, Daher & Coelho (2010), se deve em parte ao modelo de educação repressivo que estes receberam em jovens, onde a sexualidade era vista como uma sucessão de atos pecaminosos e que deviam ser orientados exclusivamente com o intuito da procriação; no caso da mulher, esta educação era ainda bastante orientada para valores de fidelidade, submissão e respeito pelo seu companheiro. Assim, percebe-se também a recriminação que o idoso, especialmente a mulher idosa, sente quando volta a ter o desejo de partilhar as suas vivências com um novo parceiro após a morte do cônjuge. Perante esta transição na sua vida, a mesma assume-se perante os demais como viúva, negando a sua sexualidade. E, ainda que a família incentive a familiar viúva a participar em atividades prazerosas e de convívio social, não existe uma declaração de apoio para a criação de novos relacionamentos amorosos (Souza, Marcon, Bueno, Carreira & Baldissera, 2015). Por sua vez a pessoa idosa do sexo masculino, em caso de viuvez, tende a encontrar novas possibilidades para explorar a sua sexualidade, ainda que sem abertura, pois a sociedade não reconhece essa necessidade ao indivíduo idoso, o que leva ao aumento da vulnerabilidade do mesmo para infeções sexualmente transmissíveis (Barbosa, Okuno, Fram, Batista & Belasco, 2012). Segundo Agnew (2006), os enfermeiros e profissionais de saúde, desprezam a possibilidade de o sexo ser um problema nas populações mais antigas, não sendo assim a educação para a saúde direcionada para esta temática.
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Perante este quadro de auto e hetero repressão, é necessário que o enfermeiro se muna de competências que lhe permitam desenvolver intervenções específicas que visem combater esta problemática.
Infeções Sexualmente Transmissíveis e a Pessoa Idosa Na Europa Ocidental, segundo a WHO (2013), em 2013 foram reportados 6,3 novos diagnósticos de HIV, em cada 100 mil habitantes, obedecendo ao rácio de 3,3 homens infetados, para cada 1 mulher infetada. Sendo que em 2013, Portugal foi o 3º país da União Europeia com taxas mais elevadas de diagnóstico da infeção por HIV. A WHO (2014) compara a taxa de novos casos de infeção por VIH, concluindo um aumento de 80%, entre 2004 e 2013. No seu artigo, Lourenço (2014) defende que o número de casos de contaminação com o VIH em indivíduos com mais de 50 anos está a crescer percentualmente, especificando que nos Estados Unidos da América, a proporção passou de 20% para 25% entre 2003 e 2006; no Brasil duplicou entre 1996 e 2006, passando de 3,6% para 7,1% e na Europa aproximavase dos 8% em 2005. Em Portugal, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Martins & Shivaji, 2015), a percentagem de novos casos de HIV/SIDA em pessoas com mais de 60 anos, até 2004 inclusive, era de 4% do total de casos encontrados. Comparativamente a 2014, a percentagem de novos casos nesta faixa etária aumentou, tendo passado para os 10% do total de casos. E porque são, os idosos, um grupo tão vulnerável? Vários autores defendem diversas origens deste problema, no entanto existem alguns pontos transversais, sendo eles: ● Escassez de informação - O tabu social relacionado com sexo na terceira idade, onde o idoso é imaginado como assexuado estende-se aos profissionais de saúde, e consequentemente são utilizadas poucas medidas preventivas por parte dos mesmos (Sousa, 2008). ● Alterações biológicas - As mudanças naturais no processo de envelhecimento das mulheres, como estreitamento vaginal, diminuição da elasticidade e das secreções vaginais e o desgaste das paredes vaginais, facilita o aparecimento de pequenas úlceras ou feridas na mucosa que abrem o caminho para a penetração do VIH, durante as relações sexuais (Andrade, Silva, & Santos, 2010).
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● Rejeição à adesão do preservativo - Existem várias razões para a não adesão ao preservativo masculino por parte dos idosos. Santos & Assis (2011) identificam no seu estudo que “os homens temem perder a ereção e ainda acham que o cuidado só é necessário nas relações com as profissionais do sexo. Já as mulheres não sentem necessidade de exigir o preservativo, porque já perderam a capacidade de engravidar e consideram que não necessitam mais de prevenção” (p. 152). A alteração da sensibilidade, pouco acesso a métodos contracetivos e não acreditarem que podem contrair VIH com sexo desprotegido são outras das razões de não adesão.
Desta forma, o enfermeiro deve estar sensibilizado para estas questões e abordá-las não só nas consultas, mas na construção de histórias de enfermagem e planos de cuidados de modo a prestar cuidados de qualidade a um cliente idoso e prevenir as infeções por VIH.
Intervenção do Enfermeiro Quando se analisa o bem-estar das pessoas idosas, raramente se considera a sexualidade como um dos fatores que o podem influenciar, o enfermeiro tem assim um papel muito revelante na valorização deste aspeto da vida humana nesta faixa etária (Vilelas, Hassamo, Vieira & Branco, 2014). Mas como conseguir esta valorização? Como já foi explicado acima, as próprias pessoas idosas tendem a perpetuar os estereótipos de que são alvo, assim, segundo Bernardo & Cortina (2012), é necessário dialogar, encontrando estratégias que lhes permitam uma prática segura e satisfatória da sua sexualidade, para que gerações futuras não sofram as mesmas frustrações dos dias de hoje. É necessário num primeiro momento que o enfermeiro compreenda as particularidades da sexualidade nesta fase da vida dos utentes, para que assim possa garantir um ambiente favorável ao diálogo sobre este tema, um ambiente livre de juízos de valor e estereótipos onde o idoso se sinta respeitado e compreendido. (Bernardo & Cortina, 2012) Depois é importante que o enfermeiro adquira e/ou desenvolva competências no apoio emocional e espiritual ao utente em processo de luto e viuvez, uma vez que trabalhar estas questões ajudará a reduzir ou eliminar sentimentos de culpa na eventualidade de estabelecer uma relação íntima com outro parceiro no futuro (Vilelas, Hassamo, Vieira & Branco, 2014). Por fim, é ainda curioso analisar um estudo de Helmes & Chapman (2012) que mostrou que, de entre os profissionais de saúde, os que estatisticamente se encontravam mais sensibilizados para a sexualidade na pessoa idosa eram os que tinham mais idade, ou seja, com o avançar da idade, os profissionais parecem estar mais sensibilizados para esta
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temática. Estes são dados que apontam para a possibilidade da sensibilidade que existe para esta questão advir mais do empírico, do que aquilo que é cientificamente comprovado. Assim, ainda que o empirismo seja também parte integrante da ciência, é necessário que, viver ou experienciar uma situação semelhante à do utente, não seja o critério pelo qual se atribuiu ou não importância a este fenómeno de desvalorização da saúde sexual no idoso. É, portanto, necessário que o enfermeiro seja empático e profissional, desenvolvendo intervenções de enfermagem baseadas em pareceres científicos e utilizando um juízo crítico.
Considerações Finais Uma grande porção da população da sociedade portuguesa é idosa, com o reconhecimento deste facto começaram a surgir mais estudos sobre o envelhecimento e quais as suas causas, no sentido de promover a qualidade de vida, diminuindo o decréscimo a nível funcional e a dependência. Todavia, também começaram a haver políticas que incorporam uma vertente mais positiva do envelhecimento, como o envelhecimento ativo. Esta última promove a obtenção de um sentimento de autorrealização e de saúde nesta fase da vida. Considera-se que a temática da pessoa idosa e da sexualidade ainda é algo que necessita de ser mais explorado na prática de prestação de cuidados. Apesar de termos uma sociedade envelhecida, ainda continuamos a pensar na população idosa como um grupo social sem nada a oferecer. E isso reflete-se nas estratégias dos profissionais de saúde, que se focam na cura da doença, em vez de se focarem na promoção da saúde. De futuro, seria interessante prosseguir estudos sobre como a pessoa idosa portuguesa vivência a sua sexualidade, de forma a perceber quais são os sentimentos em destaque nesta sociedade e como é que o profissional de saúde os pode ajudar a vivenciar esta transição de maneira positiva. Outra área relevante a investigar seria tentar compreender quais os maiores grupos de risco e de vulnerabilidade dentro da população idosa, tentando perceber a relação existente entre o risco e as condições socioeconómicas, culturais, estado civil, entre outras que estão presentes nas pessoas idosas, por forma a conseguir uma intervenção mais especializada por parte do enfermeiro. Como nota final, achamos pertinente a elaboração de um programa ou plano de saúde específico para a promoção da saúde sexual no idoso ou a inclusão dos mesmos nos planos atualmente existentes, fazendo uma especial referência à importância de incluir as pessoas idosas como um dos grupos de risco para as IST e a adoção de medidas, adequadas à sua faixa etária, de forma a prevenir esta tendência atual.
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Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81- 97 ARTIGO ORIGINAL: Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81-97
Artigo Original
Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório. A structured proposal for rehabilitation nursing care intervention for elderly people with self-care deficit and respiratory disorders Propuesta estructurada de intervención de los cuidados de enfermería de rehabilitación, a las personas ancianas con déficit en el autocuidado y alteraciones del foro respiratorio.
Vânia Raquel Dias Nascimento 1, Hugo Miguel Veiga Mousinho 2; César Fonseca 3 1
Enfermeira ULSLA. Mestranda da Especialidade em Enfermagem de Reabilitação, Portugal, 2 Enfermeiro ULSLA. Enfermeiro
Especialista em Enfermagem de Reabilitação, Portugal3 PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal Corresponding Author: vaniardn@hotmail.com Resumo Devido ao envelhecimento populacional, do qual decorre a potencial perda de funcionalidade e à crescente prevalência de doenças crónicas, nomeadamente respiratórias, a capacitação da pessoa para a execução dos seus autocuidados, no sentido da independência, torna-se um objetivo primordial da Enfermagem de Reabilitação. A qualidade dos cuidados é uma das metas da Enfermagem de Reabilitação, sendo comprovada a sua efetividade quando se demonstram resultados sensíveis aos cuidados de Enfermagem. Objetivo: desenvolver competências na área dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação, através de planos estruturados de intervenção às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório. Metodologia: O estudo apresentado é descritivo e exploratório, tendo por base a metodologia qualitativa do estudo de caso (método de estudos de caso múltiplos) de Robert Yin (2003) e a teoria de médio alcance de Lopes (2006), baseada na teoria do défice de autocuidado de Orem (2001). Resultados: Aumento significativo dos resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem, tais como a funcionalidade, autocuidado e a satisfação dos utentes para além da capacitação do utente para a autogestão da doença crónica, através de ensinos, prevenindo posteriores recorrências aos serviços de saúde, diminuindo os custos a nível do sistema de saúde. Conclusão: A intervenção estruturada dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação, com base num programa de reeducação funcional respiratória, capacitação da pessoa e do seu cuidador familiar, traduz-se em ganhos de Autocuidado, da Aprendizagem e funções mentais e ao nível da função respiratória. Palavras-chave: Resultados sensíveis, Cuidados de enfermagem, Reabilitação, alteração da função respiratória.
Abstract Due to an aging population, from which stems the potential loss of functionality and the increasing prevalence of chronic diseases, particularly respiratory diseases, empowering people to perform self-care and promoting their independence becomes a primary objective of Rehabilitation Nursing. The quality of care is a major goal of Rehabilitation Nursing and its effectiveness has been proven when showcasing nursing care-sensitive results. Objective: Developing skills in the area of Rehabilitation Nursing care through structured intervention plans, aimed at elderly people with self-care deficits and respiratory disorders. Methodology: The present study is both descriptive and exploratory, based on the qualitative methodology case study applied by Robert Yin in his multiple case study method (2003), as well as Lopes’ mediumrange theory (2006) which was based on Orem’s theory of self-care (2001). Results: A significant increase in nursing
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ARTIGO ORIGINAL: Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81-97
care-sensitive outcomes such as functionality, self-care and patient satisfaction was registered, in addition to enabling the client to self-manage chronic illness through proper education, preventing subsequent recurrences to health services which in turn reduced the overall costs incurred by the national health system. Conclusion: The structured intervention of Rehabilitation Nursing care, based around a respiratory function re-education program targeting both the person and his/her family caregiver should directly translate into gains in terms of self-care, learning and mental functions, along with an overall improvement of respiratory function. Keywords: Sensitive results, nursing care, rehabilitation, changes in respiratory function
Resumen Debido al envejecimiento poblacional, de lo cual transcurre la potencial perdida de funcionalidad y a la creciente prevalencia de enfermedades crónicas, en particular respiratorias, la capacitación de la persona para la ejecución de sus autocuidados en el no sentido de la independencia se convierte en un objetivo primordial de la Enfermería a de Rehabilitación. La calidad de los cuidados es una de las metas de la da Enfermería de Rehabilitación, siendo comprobada su efectividad cuando se demuestran resultados sensibles a los cuidados de Enfermería. Objetivo: Desarrollar competencias en el área de los cuidados de Enfermería de Rehabilitación, a través de planos estructurados de intervención a las personas ancianas con déficit en el autocuidado y alteraciones del foro respiratorio. Metodología: El estudio presentado es descriptivo y exploratorio, teniendo por base la metodología cualitativa del estudio de caso (método de estudios de caso múltiplos) de Robert Yin (2003) y la teoría de alcance medio de Lopes (2006) basada en la teoría del autocuidado de Orem (2001). Resultados: Aumento significativo de los resultados sensibles a los cuidados de enfermería tales como la funcionalidad, autocuidado y la satisfacción de los usuarios además de la capacitación del usuario para la autogestión de la enfermedad crónica a través de enseñanzas, previniendo posteriores recurrencias a los servicios de salud, disminuyendo los costes a nivel del sistema de salud. Conclusión: La intervención estructurada de los cuidados de Enfermería de Rehabilitación, con base en un programa de reeducación funcional respiratoria, capacitación de la persona, de su cuidador familiar, se traduce en ganancias de Autocuidado, del Aprendizaje y funciones mentales y al nivel de la función respiratoria. Palabras-clave: Resultados sensibles, Cuidados de enfermería, Rehabilitación, Alteración de la función respiratoria.
INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional e a maior prevalência de doenças crónicas, leva a um maior número de pessoas potencialmente dependentes e, consequentemente, com a autonomia nos autocuidados comprometida (Fonseca e Lopes, 2014). O autocuidado define-se como um regulador humano que permite à pessoa manter a saúde, preservar a vida e o bem-estar (Alligood &Tomey, 2004), mantendo-a em desenvolvimento. Este é um processo deliberado que pressupõe vontade própria e que deriva de experiências sociais, cognitivas e culturais (Orem, 2001), tendo o enfermeiro especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER), um papel fundamental, tanto na manutenção como na recuperação do autocuidado da pessoa, promovendo a sua independência e maximizando a sua funcionalidade (Regulamento n.º 125/2011), envolvendo todos os intervenientes e atuando em conjunto com uma equipa de saúde (Fonseca e Lopes, 2014). Os modelos de enfermagem são utilizados para favorecer o conhecimento e melhorar a prática, orientando a investigação e identificando objetivos da prática de enfermagem
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ARTIGO ORIGINAL: Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81-97
(Perry&Potter, 1997). Desta forma, este trabalho tem por base a teoria de médio alcance de Lopes (2006) que se baseia na Teoria do défice de autocuidado de Orem. A Teoria do défice de autocuidado de Orem, é composta por três teorias relacionadas entre si: a Teoria do auto-cuidado, que refere porque as pessoas cuidam de si e como o fazem; a Teoria do défice de auto-cuidado, que explica como a enfermagem pode ajudar e a Teoria dos sistemas, que explica as relações que devem ser criadas para que “se produza enfermagem” (Alligood &Tomey, 2004). Assim, quando o enfermeiro direciona as suas intervenções para os défices no autocuidado da pessoa, irá verificar resultados positivos no desempenho das atividades instrumentais e de vida diária (Griffiths et al., 2001) e, consequentemente, uma melhoria na qualidade de vida (Fonseca & Lopes, 2014). A doença respiratória constitui um problema de saúde pública, não só pelo seu impacto socioeconómico, mas também pelo impacto negativo na qualidade de vida da pessoa e família, sendo uma das causas mais significativas de procura de cuidados de saúde e de incapacidade temporária e/ou permanente (Cordeiro & Menoita, 2012). As pessoas com doença respiratória, em particular a doença respiratória crónica apresentam sintomas como a dispneia e o cansaço fácil, que irão comprometer a satisfação dos seus autocuidados, sendo que intervenções como a reeducação funcional respiratória, tornam-se fundamentais nestes doentes, melhorando sintomas, dando à pessoa um papel ativo na gestão da sua doença e reintegrando-a na sociedade (Cordeiro & Menoita, 2012). Daez, M. (2013) realça a atuação do EEER na elaboração de um plano terapêutico de reabilitação, em conjunto com a equipa de saúde e, principalmente com o doente. É competência do EEER conceber, implementar e monitorizar planos de enfermagem individualizados, com o intuito de prevenir e promover diagnósticos precoces e preventivos, sendo um dos objetivos do presente trabalho, praticar estas competências com o intuito de cuidar e capacitar a pessoa “com necessidades especiais, ao longo do ciclo de vida” no contexto da prática de cuidados , maximizando as suas capacidades e funcionalidades (Regulamento n.º 125/2011), para este fim, é desenvolvido um plano de intervenção de enfermagem de reabilitação estruturada e individualizada para pessoas idosas com comprometimento da execução dos seus autocuidados e com alterações do foro respiratório. METODOLOGIA O estudo apresentado é descritivo e exploratório, tendo por base a metodologia qualitativa do estudo de caso (método de estudos de caso múltiplos) de Robert Yin (2003) e a teoria de médio alcance de Lopes (2006) baseada na teoria do autocuidado de Orem.
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ARTIGO ORIGINAL: Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81-97
Seguindo a metodologia de Yin (2003) foram definidos e planeados os objetivos do trabalho, realizada a preparação e a colheita de dados e posteriormente feita a análise e conclusão decorrente desses achados. O método de estudos de caso múltiplos encontra-se resumido na figura nº 1. A teoria de médio alcance de Lopes (2006) e o modelo de autocuidados de Fonseca e Lopes (2014) complementam o estudo ajudando a perceber os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem que as intervenções de enfermagem de reabilitação trazem. Tal como preconiza Lopes (2006), no processo de estabelecimento de uma relação terapêutica, que possibilite o desenvolvimento da confiança do doente e família em relação ao enfermeiro e aos cuidados prestados e, técnicas ensinadas e executadas, é efetuado um processo de avaliação diagnóstica e um processo de intervenção terapêutica de enfermagem. No processo de avaliação/reavaliação diagnóstica da situação, foram tidas em conta as perspetivas vivenciais, biomédicas e de ajuda do doente e família, sendo que o processo de intervenção terapêutica de enfermagem englobou, não só as intervenções de enfermagem propriamente ditas, como a “interface destes com o grupo e a organização” (Lopes, 2006). Figura nº 1 – Metodologia de Estudos de Casos múltiplos de Yin (2003)
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ARTIGO ORIGINAL: Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81-97
O presente programa de intervenção decorreu entre 14 de maio e 22 de junho de 2018, no âmbito do estágio de enfermagem de reabilitação – área respiratória, no serviço de urgência do Hospital do Litoral Alentejano (HLA) – Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), sendo a colheita de dados realizada neste espaço de tempo. A colheita de dados é executada através da interação e observação do utente e família, tendo em conta o comportamento, atitude e perceções de cada individuo (Yin, 2003), dados objetivos retirados da avaliação física, registos do processo do utente e exames complementares de diagnóstico (EAD) pertinentes. Foram também aplicados os instrumentos de recolha de dados: Erderly Core Set (ENCS) (Fonseca e Lopes, 2014) e a Medida de Independência Funcional (MIF) (DGS, 2011). Os instrumentos utilizados (ENCS e MIF) utilizam linguagem CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde) que é padronizada e permite descrever os domínios da saúde e estados de saúde (DGS, 2004). O ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) foi escolhido por conter indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem, tendo como objetivos, avaliar a funcionalidade da pessoa, as necessidades de enfermagem em vários contextos de cuidados e avaliar os resultados da aplicação de um programa de reabilitação. A MIF (DGS, 2011) é um instrumento de avaliação funcional, que avalia a dependência ou independência funcional do individuo, permitindo quantificar as necessidades de intervenção do enfermeiro na execução dos autocuidados/desempenho da pessoa e mensurar os resultados das intervenções de enfermagem executadas. Fazem parte do estudo, utentes internados no serviço de urgência do HLA idosos, com alterações do foro respiratório, com défices de autocuidados e necessidade de intervenções de Enfermagem de Reabilitação, tendo sido selecionados 3 utentes com as características descritas anteriormente, tratando-se, portanto, de uma amostragem intencional, onde o investigador conhece a população e as suas características. Foram também escolhidos com base na perícia e perspicácia do Enfermeiro Especialista, que acompanhou todo o processo, com base na sua experiência e conhecimentos na área. Desta forma, os critérios de seleção são: utentes idosos, internados no serviço de urgência, com alterações do foro respiratório e apresentarem défice na execução dos autocuidados, tendo necessidade da aplicação de um plano de intervenção de Enfermagem de Reabilitação. Assim, realizou-se uma caracterização sociodemográfica dos participantes escolhidos, que é apresentada no quadro nº1. No sentido de salvaguardar a privacidade dos utentes foram utilizadas letras e números para os identificar (A1, A2, A3).
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Quadro nº1 – Caracterização sociodemográfica dos participantes: Estudos
de A1
A2
A3
caso Idade
80 anos
70 anos
82 anos
Género
Masculino
Feminino
Masculino
Nacionalidade
Portuguesa
Portuguesa
Portuguesa
Estado civil
Solteiro
Casada
Viúvo
Agregado
Vive
Vive com esposo
Vive com filha, genro e
familiar
cunhada
Nível
com
de Não
escolaridade
Profissão
irmão
e
netos frequentou 4ª classe
Não
frequentou
escola, mas sabe ler e
escola, mas sabe ler e
escrever
escrever
Reformado (trabalhador anteriormente)
Reformada rural (trabalhadora anteriormente)
Reformado rural (trabalhador
rural
anteriormente, atualmente
ajudava
na apicultura (negócio familiar)) Residência
São Domingos
Alcácer do Sal
São Bartolomeu da Serra
Através da análise sociodemográfica, avaliamos a média de idades em 77 anos. A população é portuguesa e maioritariamente do sexo masculino. Apresentam algum nível de escolaridade, são reformados, sendo anteriormente trabalhadores rurais.
RESULTADOS Seguindo a primeira fase de Yin (2003), que preconiza a realização de uma descrição e reflexão do estudo de caso, são apresentados seguidamente os estudos de caso desenvolvidos: Estudo de caso A1: Utente do sexo masculino com 80 anos, raça caucasiana, vive com o irmão e cunhada, sendo previamente independente na realização dos seus autocuidados. Recorre ao serviço de urgência por dispneia funcional em grau elevado, progressiva desde há uma semana, ortopneia e edemas dos membros inferiores. Internado em SO por ICC descompensada e Edema agudo do pulmão. Tem antecedentes pessoais de DPOC, ICC classe II, cardiopatia hipertensiva e isquémica, HTA controlada, DMII, dislipidémia e obesidade.
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EAD (relevantes): Gasometria (à entrada): acidémia respiratória grave, com necessidade de VNI, com boa adaptação, de momento Ph normalizado, sem necessidade de VNI. Análises: Sem elevação dos parâmetros inflamatórios. Na avaliação inicial, 5 dias após internamento em SO e após retirar VNI, utente vígil, calmo e orientado no tempo, espaço e pessoa. No exame físico/avaliação do utente, este apresenta padrão respiratório misto, com murmúrio vesical diminuído nos lobos inferiores, dispneia funcional em grau elevado, sem tosse. Aplicados instrumentos ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e MIF (DGS, 2011) e identificados focos de enfermagem com necessidade de intervenção, apresentados nos quadros nº 2 e 3: Quadro nº2 – ENCS* aplicado ao estudo de caso A1:
Funcionalidade geral
Avaliação diagnóstica 15.05.2018 Problema Moderado (29%) Problema grave (63%) Problema ligeiro (14%)
Autocuidado Aprendizagem e funções mentais Função respiratória Problema grave (90%) *São apresentados apenas os focos com alterações.
Após intervenção de ER 22.05.2018 Problema ligeiro (6%) Problema ligeiro (10%) Problema ligeiro (10%) Problema ligeiro (15%)
Quadro nº3 - MIF aplicada ao estudo de caso A1: Datas de avaliação
Autocuidados Controlo dos esfíncteres Mobilidade transferências Locomoção MIF motora Comunicação Consciência do mundo exterior MIF cognitiva Total
1ª avaliação (diagnóstica) 15.05.2018 12 13
2ª avaliação (após intervenção de ER) 22.05.2018 27 14
3
18
2 30 12 17
8 67 12 18
29 59 (dependência modificada – assistência até 50% das tarefas)
30 97 (dependência modificada – assistência até 25% das tarefas)
Estudo de caso A2: Utente do sexo feminino, 70 anos, raça caucasiana, vive com marido, era previamente independente na realização dos seus autocuidados. Recorre ao serviço de urgência do hospital de Setúbal, por queixas de dispneia e febre com uma semana de evolução, sendo,
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no dia seguinte, transferida para o hospital da área de residência e admitida com diagnóstico de febre a esclarecer. Após realização de EAD fica internada em SO com diagnóstico de Pneumonia Adquirida na Comunidade hipoxemiante. Antecedentes pessoais de asma e síndrome ansioso. EAD (dados relevantes): TACTAP – Atelectasia no lobo inferior direito, com broncograma e derrame pleural. No lobo inferior esquerdo também pequeno derrame pleural com consolidação parenquimatosa; Gasometria: hipoxémia e hipocapnia, tendo iniciado oxigenorapia a 4l/min por óculos nasais, com benefício; Análises – ligeira anemia e parâmetros inflamatórios elevados. Na avaliação inicial: doente vígil, com períodos de ansiedade e orientada no tempo, espaço e pessoa, no exame físico/avaliação da utente: identificados períodos de polipneia, com padrão respiratório misto, com murmúrio vesical diminuído nos lobos inferiores e presença de sibilos nos terços médios de ambos os campos pulmonares, dispneia funcional em grau elevado, tosse esporádica, sem saída de secreções. Aplicados instrumentos ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e MIF (DGS, 2011) e identificados focos de enfermagem com necessidade de intervenção, apresentados nos quadros nº 4 e 5 respetivamente:
Quadro nº4 – ENCS* aplicado ao estudo de caso A2:
Funcionalidade geral
Avaliação diagnóstica
Após intervenção de ER
23.05.2018
29.05.2018
Problema moderado
Problema ligeiro (12%)
(30%) Autocuidado Aprendizagem
e
funções
Problema grave (58%)
Problema ligeiro (19%)
Problema ligeiro (17%)
Problema ligeiro (17%)
Problema ligeiro (8%)
Problema ligeiro (8%)
Problema grave (85%)
Problema ligeiro (15%)
mentais Relação
com
amigos
e
cuidadores Função respiratória
*São apresentados apenas os focos com alterações.
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Quadro nº5 - MIF aplicada ao estudo de caso A2: Datas de avaliação
1ª avaliação (diagnóstica) 23.05.2018
Autocuidados
19
2ª avaliação (após intervenção de ER) 29.05.2018 35
Controlo dos esfíncteres
14
14
Mobilidade transferências Locomoção MIF motora Comunicação Consciência do mundo exterior MIF cognitiva Total
3
18
2 28 12 17
8 75 12 19
29 67 (dependência modificada – assistência até 25% das tarefas)
31 106 (independência completa/modificada)
Estudo de caso A3: Utente do sexo masculino com 82 anos, raça caucasiana, vive com a filha, genro e netos, sendo previamente independente (antes da realização de cirurgia ortopédica) na realização dos seus autocuidados. Recorre ao serviço de urgência por quadro de febre, tosse produtiva e dispneia funcional em grau elevado, tendo estado internado há 9 dias no serviço de Ortopedia, onde foi submetido a tenorrafia do tendão de Aquiles do membro inferior direito após rutura traumática deste, ficando com tala gessada sem indicação para realizar carga no membro intervencionado. Internado em SO com diagnóstico de Pneumonia. Tem antecedentes de artrite reumatoide, DPOC com enfisema centrolobular e bronquiectasias, HTA, ICC, hipercolesterolémia, bócio multinodular, discopatia lombar, HBP, hernioplastia inguinal bilateral e síndrome vertiginoso periférico. EAD (relevantes): Rx toráx: hipotransparência heterogenia do campo pulmonar direito, sugestivo de condensação pneumónica; Gasometria: Hipoxémia com necessidade de aporte de O2 suplementar a 2L/min. Na avaliação inicial: doente vígil, calmo e orientado no tempo, espaço e pessoa, no exame físico/avaliação do doente: identificados períodos de polipneia, com padrão respiratório misto, com murmúrio vesical diminuído nos lobos inferiores e, no terço médio do campo pulmonar direito, dispneia funcional em grau elevado, tosse produtiva, com saída, esporádica de secreções. Aplicados instrumentos ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e MIF (DGS, 2011) e identificados focos de enfermagem com necessidade de intervenção, apresentados nos quadros nº 6 e 7:
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Quadro nº6 – ENCS* aplicada ao estudo de caso A3:
Funcionalidade geral
Avaliação diagnóstica
Após intervenção de ER
01.06.2018
11.06.2018
Problema moderado
Problema ligeiro (18%)
(31%) Autocuidado Aprendizagem
e
funções
Problema grave (67%)
Problema moderado (31%)
Problema ligeiro (8%)
Problema ligeiro (8%)
Problema ligeiro (9%)
Problema ligeiro (9%)
Problema grave (75%)
Problema ligeiro (20%)
mentais Relação
com
amigos
e
cuidadores Função respiratória
*São apresentados apenas os focos com alterações. Quadro nº7 - MIF aplicada ao estudo de caso A3: Datas de avaliação
Autocuidados
17
2ª avaliação (após intervenção de ER) 11.06.2018 28
Controlo dos esfíncteres
14
14
Mobilidade transferências Locomoção
6
12
2
4
MIF motora
39
58
Comunicação
14
14
Consciência do mundo exterior MIF cognitiva
19
19
23
23
62 (dependência modificada
81 (dependência
– assistência até 25% das
modificada – assistência
tarefas)
até 25% das tarefas)
Total
1ª avaliação (diagnóstica) 01.06.2018
-
Para todos os estudos de caso foram planeados e executados, planos de reeducação funcional respiratória, tendo sido este o foco de intervenção identificado que influencia no défice de autocuidados (dispneia funcional em grau elevado dificulta a autonomia na realização dos autocuidados), estando os utentes colaborantes e interessados. DISCUSSÃO Em Portugal, o aumento da esperança média de vida e, consequentemente, do envelhecimento populacional, leva a um acréscimo de pessoas com problemas de
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dependência e saúde. Por outro lado, os avanços tecnológicos permitem que a pessoa com doença crónica, nomeadamente a respiratória, sobreviva mais anos, sendo esta uma parcela importante da população alvo da Enfermagem de Reabilitação (Cordeiro & Menoita, 2012). Esta população com necessidades especificas, necessita de cuidados igualmente específicos, aos quais a Enfermagem de Reabilitação pode dar resposta e, dessa forma, contribuir para a obtenção de ganhos em saúde. Assim, é uma prioridade para a Enfermagem de Reabilitação, monitorizar os “ganhos e a produção de indicadores sensíveis aos cuidados de Enfermagem de Reabilitação”. (Assembleia do colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, 2018) A enfermagem de Reabilitação “traz ganhos em saúde em todos os contextos da prática”, incluindo unidades de internamento de agudos (Assembleia do colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, 2018) e é neste contexto que este trabalho se desenvolve: utente, idoso com doença respiratória crónica e/ou aguda num contexto de internamento. A Enfermagem de Reabilitação, tem como objetivo a recuperação da pessoa que sofre doença súbita ou agudização de doença crónica, decorrendo desta situação um défice funcional aos níveis motor, cognitivo, cardiorrespiratório, etc. Assim, a meta da Enfermagem de Reabilitação é diagnosticar e intervir precocemente, promovendo a qualidade de vida, a funcionalidade, o autocuidado e prevenindo consequências decorrentes da incapacidade “gerando ganhos em saúde”. (Assembleia do colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação, 2018) Doran et al (2006) identifica como resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem, a funcionalidade, o autocuidado, o controlo sintomático, a satisfação do utente e família, os custos associados aos cuidados de saúde, entre outros. Estes ganhos podem ser mensuráveis através da aplicação de instrumentos. E é neste contexto que são apresentados os dados obtidos: todos os utentes estudados apresentavam, na avaliação inicial, uma funcionalidade geral reduzida e uma dificuldade na execução dos seus autocuidados, diretamente relacionada com uma patologia que levou à instalação de dispneia funcional em grau elevado, que os impediu de realizarem tarefas sem cansaço associado. Os resultados obtidos destacam o aumento da funcionalidade geral e capacidade para o autocuidado em todos os utentes, para além da melhoria na função respiratória. A comunicação não se encontrava alterada em nenhum dos utentes. A capacidade para a aprendizagem e funções mentais apresentou uma ligeira melhoria e a relação com amigos e cuidadores manteve-se estável. Numa avaliação informal, denotou-se uma maior motivação para o alcance da maior independência possível por parte dos utentes e melhoria da satisfação do utente e família, pela atenção e incentivo dados.
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No quadro nº8 apresenta-se a intervenção da Enfermagem de Reabilitação: um programa de Reabilitação Funcional Respiratória três vezes por semana (intervenções adaptadas de Cordeiro & Menoita (2012) e Ordem dos Enfermeiros (2018)): Quadronº8 – Plano de intervenção de Enfermagem de Reeducação funcional respiratória: Intervenções
Objetivo
- Terapêutica de posição modificada 10 minutos antes do -
Prevenir
formação
de
começo da sessão para lado menos afetado (decúbito aderências pleurais (estudo de lateral esquerdo) – estudos de caso A2 e A3.
caso A2 por derrame pleural mais acentuado à direita) - Drenagem de secreções das zonas periféricas para vias aéreas de maior calibre (A2 e A3).
- Ensino de técnicas/posicionamentos de relaxamento e
- Diminuir da tensão psíquica e
descanso e sua importância (por exemplo posição de a sobrecarga muscular. cocheiro sentado). - Promover o relaxamento através do posicionamento em semi-fowler com almofada até à raiz das omoplatas e outra almofada sob a região poplítea. - Consciencialização e controlo da respiração com treino dos tempos respiratórios (10 minutos). - Ensinos de respiração diafragmática com expiração com
- Melhorar ventilação alveolar.
lábios semi-cerrados (10 minutos). - Exercícios de reeducação diafragmática com resistência manual (10 ciclos respiratórios). - Reeducação costal global sem bastão (5 ciclos respiratórios). - Reeducação costal seletiva da porção lateral com -
Prevenir
formação
de
abertura direita e esquerda (10 minutos) – estudo de caso aderências pleurais (estudo de A2.
caso A2 por derrame pleural bilateral).
- Realizados ensinos sobre administração de terapêutica
-
Otimizar
terapêutica
inalatória com câmara expansora – desenvolvido panfleto inalatória. explicativo para posterior consulta.
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- Realizados ciclos ativos das técnicas respiratórias
- Garantir permeabilidade vias
(CATR) (10 minutos):
aéreas através da execução de
Exercício diafragmático (5 vezes)
Exercício expansão torácica (Reeducação costal aéreas.
manobras de limpeza das vias
global com bastão (5 vezes)
Exercício diafragmático (5 vezes)
2 “Huff’s”.
- Ensino de tosse dirigida após ciclo de CATR. - Executar 10 mobilizações assistidas (na primeira
- Reeducar para o esforço.
sessão) e posteriormente ativas no leito e exercícios isométricos no estudo de caso A3 no membro inferior direito (submetido a cirurgia ortopédica, sem indicação para realizar carga). - Treino das Atividades básicas e instrumentais de vida diárias (Incentivar a realizar de forma autónoma: toma de medicação, realizar higiene pessoal: Lavar e cuidar as partes do corpo; comer e beber, deslocar-se e/ou transferir-se (A3 impossibilitado de andar por cirurgia sem indicação para carga)), controlo da eliminação vesical e intestinal, ensinos de gestão da energia, por exemplo realizando as atividades sentado. Na aplicação deste plano foram tidos em conta “os quatro princípios do acondicionamento fisiológico” (Delisa et al, citada por Cordeiro & Menoita (2012)): o princípio da variação individual (o plano foi personalizado a cada indivíduo e adaptado consoante a sua resposta, por exemplo introdução de momentos de descanso mais ou menos prolongados consoante a necessidade), o princípio da especificidade (é tido em conta, que cada exercício resulta numa adaptação metabólica e fisiológica que produz um resultado de treino), o principio da sobrecarga (aplicados exercícios que exigem um maior trabalho que aquele que o utente está habituado) e o principio da reversibilidade (tendo em conta que os efeitos do treino apenas permanecem se forem continuados, os utentes são incentivados a realizar os exercícios pelo menos duas vezes por dia e continuarem os mesmos após a alta, pelo menos 3 vezes por semana). No quadro nº 9 observam-se os resultados obtidos e os ganhos efetivos após a execução do plano de Enfermagem de Reabilitação:
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Quadro nº 9 – Ganhos obtidos na aplicação de um plano estruturado de Enfermagem de Reabilitação: Instrumento ENCS Estudos
de Avaliação
inicial
Ganhos
- Avaliação
final
(após
caso
diagnóstica
intervenção)
A1
- Funcionalidade geral – - Funcionalidade geral – 29%
6%
Áreas de intervenção*:
Áreas de intervenção*:
- Autocuidado – 63%
- Autocuidado – 10%
23%
- Aprendizagem e funções - Aprendizagem e funções da mentais – 14%
da mentais – 10%
- Função respiratória – 90%
- Função respiratória – 15%
- Funcionalidade geral – 30% - Funcionalidade geral – 12%
A2
Áreas de intervenção*:
Áreas de intervenção*:
- Autocuidado – 58%
- Autocuidado – 19%
18%
- Aprendizagem e funções - Aprendizagem e funções da mentais – 17%
da mentais – 17%
- Relação com amigos e - Relação com amigos e cuidadores – 8%
cuidadores – 8%
- Função respiratória – 85%
- Função respiratória – 15%
- Funcionalidade geral – 31% - Funcionalidade geral – 18%
A3
Áreas de intervenção*:
Áreas de intervenção*:
- Autocuidado – 67%
- Autocuidado – 31%
13%
- Aprendizagem e funções - Aprendizagem e funções da mentais – 8%
da mentais – 8%
- Relação com amigos e - Relação com amigos e
Média
global
cuidadores – 9%
cuidadores – 9%
- Função respiratória – 75%
- Função respiratória – 20%
30%
12%
18%
de funcionalidade MIF A1
59
97
38
A2
67
106
39
A3
62
81
19
Média scores
63
95
32
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*São apresentados apenas os focos com alterações.
CONCLUSÃO Através dos dados anteriormente apresentados, concluímos que, pela execução de um plano estruturado de intervenção de Enfermagem de Reabilitação, se obtêm ganhos sensíveis aos cuidados de Enfermagem, nomeadamente, a nível da funcionalidade geral (mensuração de 18% de ganho pelo instrumento ENCS e 32 pela MIF), do autocuidado (em que se verifica um aumento de 43% na capacitação da pessoa, passando de um problema grave para um problema moderado ou ligeiro), da aprendizagem e funções mentais (melhoria de 4% pelo instrumento ENCS no estudo de caso A1), do controlo sintomático (uma vez que se verifica diminuição dos episódios de dispneia e polipneia, com melhoria significativa da função respiratória, sendo mensurado em 67% pelo instrumento ENCS) e da satisfação da pessoa e família, manifestada verbalmente e pela observação informal. Pode também concluir-se que os maiores ganhos se verificam na função respiratória, que se apresenta como um problema grave, inicialmente, e onde incidiu, maioritariamente, a intervenção de Enfermagem de Reabilitação. A continuação da execução deste plano, pelos utentes, pode levar também à menor procura dos cuidados de saúde e, consequentemente, à diminuição dos custos em saúde, uma vez que a autogestão da doença, permite um melhor controlo sintomático, levando também a um aumento significativo da qualidade de vida e a uma potencial integração facilitada na sociedade (Gold, 2017). Com este trabalho, reafirmam-se as competências especificas do EEER (Regulamento n.º 125/2011, 2011), pois através da execução de um plano estruturado e individualizado de Enfermagem de Reabilitação, cuidam-se pessoas com necessidades especiais (neste estudo com défice no autocuidado, alterações de funcionalidade e do foro respiratório), ao longo do ciclo de vida (neste estudo - idosos), em todos os contextos da prática de cuidados (internamento de agudos), verificando-se, após implementação do plano, a capacitação da pessoa com limitação da atividade, a promoção da maximização da funcionalidade e das capacidades da pessoa, promovendo a sua reinserção social. Assim, os resultados obtidos confirmam a importância da intervenção da Enfermagem de Reabilitação e da implementação de planos de intervenção estruturados, que se traduzem em resultados sensíveis aos cuidados de Enfermagem e em consequentes ganhos para a pessoa e família, seja em meio hospitalar, seja na comunidade em que se insere.
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ARTIGO ORIGINAL: Nascimento, V., Mousinho, H., Fonseca, C. (2018) Proposta estruturada de intervenção dos cuidados de enfermagem de reabilitação, às pessoas idosas com défice no autocuidado e alterações do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 81-97
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Valente, C., Carreira, J. (2018) A Qualidade dos Cuidados de Saúde e a Cultura de Segurança no Bloco Operatório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 98- 103 REVISÃO CRÍTICA: Valente, C., Carreira, J. (2018) A Qualidade dos Cuidados de Saúde e a Cultura de Segurança no Bloco Operatório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 98- 103
Revisão Critica
A Qualidade dos Cuidados de Saúde e a Cultura de Segurança no Bloco Operatório The Health Care Quality and the Safety Culture in the Operative Room La calidad de los cuidados de salud y la cultura de seguridad en el bloque operativo Catarina Valente 1, Joaquim Carreira 2 1, 2
RN
Corresponding Author: valente.catarina@gmail.com RESUMO A prestação de cuidados de saúde revela-se uma área de grande complexidade, sendo o Bloco Operatório um local de elevado risco de ocorrência de erros clínicos. São vários os fatores que predispõem à ocorrência destes erros, revelando-se preponderante a implementação de uma cultura de gestão de risco que promova o estudo dos eventos adversos através da sua notificação e análise, assim como implementação de estratégias de prevenção e mitigação dos riscos, promovendo a segurança dos cuidados. Neste artigo pretende-se alertar para a importância da gestão de risco, tendo por base o artigo de Fragata (2010a), “Erros e acidentes no bloco operatório: revisão do estado da arte”, concluindo-se que existem estratégias transversais implementáveis no Bloco Operatório, assim como nos demais serviços das instituições de saúde que promovam a qualidade e a segurança dos cuidados prestados. Palavras-Chave: Qualidade, segurança, bloco operatório
ABSTRACT The health care is an area of great complexity, and the Operating Room is a place of high risk of occurrence of clinical errors. Several factors predispose to the occurrence of these errors, and the implementation of risk management culture that promotes the study of adverse events through its notification and analysis, as well as the implementation of risk prevention and mitigation strategies, with promote the safety of care. This article intends to alert to the importance of risk management, based on the article by Fragata (2010a), "Erros e acidentes no bloco operatório: revisão do estado da arte", concluding that there are transversal strategies that can be implemented in Operating Room, as well as in the other services of the health institutions that promote the quality and safety of health care. KeyWords: Quality, safety, operative room
INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comité de Saúde do Conselho da Europa, a segurança do doente é um dos pilares da qualidade dos cuidados em Saúde e responsabilidade dos vários envolvidos no processo de cuidados. Em cirurgia o número de complicações conhecidas é exorbitante, sabendo-se que cerca de metade dos eventos adversos ocorridos são evitáveis (OMS, 2008), urgindo a necessidade
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de se diagnosticar dificuldades e de se implementar práticas que promovam a segurança e previnam erros, cuja dimensão pode ser devastadora, dado tratarem-se de seres humanos. Tendo isto em consideração, este tema assumiu uma grande relevância nos últimos anos, tendo a Direção Geral da Saúde (DGS), em Junho de 2010, emitido a Circular Normativa n.º 16/DQS/DQCO de 22/06/2010, que determinou a implementação do programa Cirurgia Segura Salva Vidas, em linha com OMS, em todos os Blocos Operatórios (BO) do Sistema Nacional de Saúde. Para a realização desta revisão, optamos por analisar um artigo do Professor Fragata (2010a), que tem como título “Erros e acidentes no bloco operatório: revisão do estado da arte”, que aponta para aspetos fulcrais na prevenção de erros e acidentes que possam acontecer no BO, sendo o objetivo deste artigo alertar para a importância de uma cultura de gestão de risco. Assim, primeiramente iremos apresentar o resumo do referido artigo, seguido da abordagem dos aspetos importantes deste relacionando com a evidência científica mais atual.
1. RESUMO DO ARTIGO Este é um artigo de revisão do estado da arte sobre os erros e acidentes que ocorrem no BO onde prevalência destes é elevada, sendo abordados os eventos adversos mais comuns, os mecanismos de ocorrência, formas de os evitar ou de minimizar as suas consequências. Para isso, o autor começa por identificar as áreas de atividade do BO em que os erros acontecem com mais frequência (anestesiologia, ato cirúrgico e complicações cirúrgicas), os mecanismos de ocorrência (cirurgia errada, no doente errado, no órgão errado e no lado errado, corpos estranhos deixados, infeção cirúrgica e trombose venosa, embolia pulmonar), e a sua origem (fatores humanos e de equipa, fatores organizacionais, a complexidade das tarefas, as influências do ambiente e o puro acaso). Perante cada situação identificada, o autor propõe estratégias preventivas de ocorrência de erro, como por exemplo a estandardização de equipamentos, definição de dinâmicas da equipa, adoção de protocolos e checklists.
2. DESENVOLVIMENTO A prestação de cuidados de saúde revela-se uma área de grande complexidade e em constante transição, em particular porque se trata de um sistema sociotécnico onde interagem múltiplos "atores" (Serranheira, Sousa, & Sousa, 2010), tal como o BO, estando por isso associado ao risco de segurança do doente, com um carácter multifatorial. Em consonância, no artigo em análise, Fragata (2010a, p.18) refere que a atividade desenvolvida no BO
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“envolve tarefas complexas, plenas de variação e incerteza, exercidas em condições ambientais dominadas pela pressão e pelo stress”. O Erro Clínico é definido na literatura como o erro que ocorre durante a prestação de cuidados de saúde, que pode dar origem a um evento adverso, entendido como um dano efetuado por um profissional de saúde, que pode originar o prolongamento da estadia hospitalar (Abreu, 2015). Segundo Charlles Vincent (2003), citado por Fragata (2010b), os fatores que condicionam ao erro podem ser classificados em humanos (individuais ou equipa), do sistema (instituição), da tarefa (complexidade, pressões), do ambiente (condições locais), e do acaso (variação aleatória). James Reason diz-nos que não há uma causa única para um evento adverso, mas sim uma multiplicidade de fatores conjugados que propiciam o erro, defendendo ainda que as falhas humanas são propiciadas por defeitos do sistema, embora estatisticamente 60% das falhas terem origem humana (Fragata, 2010b). No que toca à caracterização dos fatores que predispõem ao erro, no artigo em análise, o autor refere a forte dependência da atuação individual, os fatores de equipa, os fatores organizacionais e, finalmente, o acaso, que confere um fator inesperado ao resultado, mesmo quando tudo se fez bem. Sabendo à partida que a atividade humana envolve uma margem de erro, tal como nos cuidados de saúde, revela-se cada vez mais preponderante para a segurança do doente e, consequentemente para a qualidade dos cuidados, a Gestão do Risco, nomeadamente, estudar os eventos adversos através da sua notificação e análise, assim como desenhar/estabelecer estratégias de prevenção e mitigação dos riscos, criando uma cultura de preocupação pela segurança (Rodrigues, 2015). A gestão do risco constitui uma ferramenta essencial nas instituições de prestação de cuidados de saúde, permitindo gerir o grau de exposição ao risco, implementar metodologias que possibilitem reconhecer, avaliar, reduzir e até mesmo eliminar riscos tanto nos doentes como nos funcionários, como a nível da estrutura organizacional e material da instituição (Lima, 2011). Estas afirmações estão espelhadas ao longo de todo o artigo analisado, em que Fragata (2010a) define o contexto, identifica, analisa e avalia os riscos e propõe estratégias para os evitar. Desta forma, identifica categorias de erro possíveis no BO, evidenciando os “erros relacionados com a Anestesiologia”, “erros relacionados com o ato cirúrgico” e “complicações cirúrgicas decorrentes de erros”. Concomitantemente, é importante que sejam disponibilizados Sistemas de Notificação de Eventos Adversos para que se possa realizar uma gestão de risco eficaz e eficiente, com resultados benéficos para os envolvidos (Lima, 2011). Mas não basta que o sistema esteja disponível, deve-se ter em conta, segundo Lima (2011) citando Lage (2010), que “poucos profissionais registam os seus erros e menos ainda são os que analisam, o que dificulta a
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aprendizagem e a prevenção de ocorrências semelhantes no futuro”, pelo que é crucial desenvolver uma cultura institucional neste sentido. “A Cultura tem uma dimensão no grupo e organização mas implica uma interiorização em cada membro atuante” (Fragata, 2010b, p. 569). No que concerne a estes sistemas, o artigo analisado corrobora esta falta de registos,
referindo ser “menos divulgados na aplicação e com impacto menos certo”. Existindo uma cultura de gestão de risco, importa atuar perante os riscos identificados. Podem ser adotadas várias estratégias para mitigar o erro apontadas por diversos autores, como por exemplo a implementação de processos de trabalho, simplificação de regras e procedimentos, implementação de checklists, evitar fármacos com rótulos semelhantes, ou ainda a dupla confirmação na administração de medicação, entre outros (Carneiro, 2010; Fragata, 2010b). Perante a agregação dos erros no BO, o autor do artigo analisado sugere medidas a adotar que incidem sobre os sistemas e equipamentos (estandardização de processos, redução da variabilidade
de
equipamentos,
entre
outros),
sobre
os
fatores
humanos
(conhecimento e preparação, treino para lidar com situações de crise, consciência do erro, entre outros), sobre a equipa (liderança adequada, comunicação, trabalho em equipa, entre outros). Apesar de existir já uma cultura de segurança nas instituições, esta ainda não é uma constante. Por isso importa envolver toda a equipa multidisciplinar para que se consiga implementar estratégias de segurança, uma vez que o sucesso da mudança depende, em larga escala, das pessoas envolvidas, neste caso, os profissionais de primeira linha, ou seja, aqueles que prestam cuidados diretos aos doentes. De igual forma, Fragata (2010a) refere a introdução da metodologia de briefings no BO de Cirurgia Cardiotoráxica do Hospital de Santa Marta, no qual todos os membros da equipa estão envolvidos.
CONCLUSÃO Este artigo veio reforçar a ideia de que é importante debruçarmo-nos sobre a cultura de segurança no BO uma vez que a probabilidade de ocorrência de erros e eventos adversos é muito elevada e uma constante no BO, sendo a sum promoção transversal aos demais serviços das instituições de saúde. Relembrou a importância de um conjunto de medidas, tais como as cheklist de materiais e procedimentos, a necessidade de criar briefings pré-operatórios adequados a cada tipo de cirurgia e, por sua vez, instituir, de forma regular, de-briefings como uma metodologia de análise
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retroativa do desempenho dos profissionais. Importa assim, manter e reforçar um sistema de relato de eventos a par de uma metodologia de observação em equipa que se foque na liderança e gestão, trabalho de equipa e cooperação, e perceção de situações, para que todos possam trabalhar que nem um “relógio suíço” – on time by time. Recomendamos a leitura deste artigo a todos os profissionais que desenvolvem a sua atividade em BO, de forma a promover a cultura de segurança como um método de desenvolvimento pessoal e profissional, na implementação de cuidados de saúde baseados na evidência, promovendo a qualidade dos cuidados. Consideramos também importante a leitura deste aos gestores para que, a par com os demais profissionais, promovam o desenvolvimento da organização no sentido do controlo, avaliação, melhoria, garantia e gestão da qualidade da instituição. Só conhecendo in loco as dificuldades e a realidade de cada serviço/unidade, é possível atuar em conformidade.
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Guerreiro, M., Piedade, T., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Implementação de um programa de reabilitação funcional motora, em pessoas com mais de 65 anos de idade, e ganhos sensíveis aos, cuidados de enfermagem de reabilitação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 104 -120 ARTIGO ORIGINAL: Guerreiro, M., Piedade, T., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Implementação de um programa de reabilitação funcional motora, em pessoas com mais de 65 anos de idade, e ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 104-120
Artigo Original
Implementação de um programa de reabilitação funcional motora, em pessoas com mais de 65 anos de idade, e ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação Implementation of a functional motor rehabilitation program, in people over 65 years of age, and sensitive gains in rehabilitation nursing care Implementación de un programa de rehabilitación funcional motora, en personas mayores de 65 años, y ganancias sensibles a los cuidados de enfermería de rehabilitación
Maria Inês Queirós Guerreiro 1, Teresa Cristina Beja Simões Salgado Piedade 2, César Fonseca 3, Vítor Santos 4 1
UCSP de Alcácer do Sal, ULSLA, EPE. Licenciatura em Enfermagem, Portugal, 2 Serviço de Ortopedia, ULSLA, EPE.
Licenciatura em Enfermagem, Especialidade em Enfermagem de Reabilitação, Portugal, 3 PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal, 4 RN, CNS, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Portugal
Corresponding Author: minesguerreiro19@gmail.com Resumo Objetivos: Implementar um programa de reabilitação funcional motora que demonstre resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação. Métodos: Estudo descritivo cujos participantes são utentes internados no Serviço de Ortopedia da ULSLA, com alterações da função motora e do autocuidado, alvos de cuidados de enfermagem de reabilitação com potencial de recuperação. Resultados: A implementação de um programa de reabilitação motora demonstrou ganhos a nível dos Autocuidados e da Funcionalidade. Conclusão: foram realizadas intervenções junto de diferentes pessoas com diferentes patologias osteomusculares e com diferentes idades. Devido à sua condição patológica, a sua capacidade para a execução dos autocuidados de forma independente encontrava-se diminuída. Com base nas necessidades identificadas foram concebidos planos de intervenção especializados e individualizados de forma a desenvolver competências específicas de Enfermagem de Reabilitação. Palavras-Chave: Enfermagem, Reabilitação, Autocuidado, Funcionalidade
Abstract Goals: Implement a functional motor rehabilitation program that demonstrates sensitive results to rehabilitation nursing care. Methods: Descriptive research with motor function changes and self-care, in which the participants are patients admitted to the ULSLA Orthopedics Service, targets of rehabilitation nursing care with recovery potential. Results: Implementation of a motor rehabilitation program that demonstrated self-care and functionality gains. Conclusion: Were realized Interventions in distinct people with different musculoskeletal conditions at different ages. The ability to perform self-care independently was diminished due to their pathological conditions. Specialized and individualized intervention plans have been developed in order to apply specific nursing rehabilitation competencies based on the identified needs;
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Key words: Nursing, Rehabilitation, Self-care, Functionality
Resumen Objetivo: Implementar un programa de rehabilitación funcional motora que demuestre resultados sensibles a los cuidados de enfermería de rehabilitación. Método: Estudio descriptivo cuyos participantes son pacientes internados en el Servicio de Ortopédia de la ULSLA con alteraciones de la función motora y del autocuidado,objeto de cuidados de la Enfermería de rehabilitación con potencial de recuperación. Resultados: La implementación de un programa de Rehabilitación motora demostró mejorías a nivel de los autocuidados y de la funcionalidad. Conclusión: Fueron realizadas intervenciones a diferentes personas con diferentes patologías osteomusculares y con diferentes edades.Debido a su condicion patológica,a su capacidad para la ejecución de los autocuidados de forma independiente que se encontraba disminuída.Con base en las necesidades encontradas fueron concebidos planes de intervención especializados e individualizados de forma a desenvolver competencias específicas de Enfermería de Rehabilitación. Palabras clave: Enfermería, Rehabilitación, Autocuidado, Funcionalidad
INTRODUÇÃO No âmbito da Ensino Clinico I, do Curso de Mestrado em Enfermagem, Especialização em Enfermagem de Reabilitação da Escola Superior de Enfermagem São João de Deus, da Universidade de Évora, é apresentado o projeto de estágio relativo ao período de 14 de maio a 22 de junho de 2018, no Serviço de Ortopedia da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA) E.P.E.. Esta instituição tem uma área de abrangência que
possui
caraterísticas diferenciadas, tais como: a zona litoral com predominância turística e em fase de desenvolvimento, que irá modificar o perfil demográfico, ao longo dos tempos, da população residente e não residente; uma plataforma portuária atlântica com indústrias pesadas e de logística, originando uma maior densidade populacional; por outro lado, a zona interior onde a predominância é rural e a população fortemente envelhecida (ULSLA, 2015). Assim, o serviço de Ortopedia da ULSLA integra a sua prática de cuidados de saúde especializados e adaptados como “unidade de referência, com credibilidade, competência” e eficiência na prestação de cuidados (ULSLA,2014). No contexto de cirurgia ortopédica, a Enfermagem de Reabilitação (ER) pode ser decisiva para o reajustamento à nova condição da pessoa, tendo em conta a sua reintegração no contexto socioprofissional. As intervenções do Enfermeiro Especialista em Reabilitação (EER) podem coadjuvar num processo de recuperação constante, de forma a reduzir a incapacidade e a dependência, com o objetivo de gerar ganhos em saúde (Florentino, 2012). Assim, o EER deve analisar as necessidades de cada pessoa e com base numa comunicação essencialmente terapêutica, delinear com ela intervenções personalizadas, eficientes tendo em conta as alterações no autocuidado reintegrando-a no seu contexto socioprofissional.
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Conceitos A Ordem dos Enfermeiros (OE) (2011, p.5) define que: “Os cuidados de Enfermagem de Reabilitação constituem uma área da intervenção especializada que decorre de um corpo de conhecimentos e procedimentos específicos. Têm por foco de atenção a manutenção e promoção do bem-estar e da qualidade de vida, a recuperação da funcionalidade, tanto quanto possível, através da promoção do autocuidado, da prevenção de complicações e da maximização de capacidades”. O autocuidado foi mencionado pela primeira vez na enfermagem em 1958 pela enfermeira Dorothea Elizabeth Orem que formulou a sua teoria sobre o “deficit de autocuidado” no geral, dividindo esta em três teorias que se relacionam, a teoria do autocuidado, que descreve o autocuidado, a teoria do deficit do autocuidado, que demonstra como é possível a enfermagem apoiar e ajudar as pessoas, e a teoria dos sistemas de enfermagem que demonstra a interação e o relacionamento que deve existir para que haja respetivamente enfermagem (Silva, et al., 2008). Assim, o autocuidado define-se como uma atividade da pessoa, tomada pela mesma, direcionada para um objetivo e desenvolvida a favor da vida, da saúde e do bem-estar. O seu propósito passa pelo uso de uma ação de cuidado a contribuir essencialmente para o desenvolvimento humano, seguindo uma linha modelo (Orem, 2001). Os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem englobam todos aqueles que são significativos, onde existe intervenção de enfermagem, com evidência empírica que demonstre a ação do enfermeiro e o seu resultado (Doran, 2011). Por outro lado, existem os indicadores sensíveis aos cuidados de enfermagem com informação que será depois reunida e examinada para demonstrar os resultados sensíveis aos mesmos. Doran (2011) foi um dos investigadores a realizar um estudo que demonstra os resultados sensíveis ao cuidado de enfermagem. Reconhece a condição funcional, o autocuidado, a gestão de sintomas, a dor, o autodomínio de efeitos adversos, as estratégias de ajuste eficientes, o contentamento com os cuidados, a mortalidade e a utilização dos serviços de saúde. Assim, o presente estudo tem como objetivos a avaliação da funcionalidade, o diagnóstico de alterações que determinem limitações da atividade e incapacidades em pessoas com mais de 65 anos de idade, e a implementação de programas de treino motor, visando a adaptação às limitações da mobilidade e à maximização da autonomia e da qualidade de vida. Abrange ainda o desenvolvimento de programas de treino de autocuidados e de utilização de ajudas técnicas, com a produção de dados que demonstrem resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação.
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ARTIGO ORIGINAL: Guerreiro, M., Piedade, T., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Implementação de um programa de reabilitação funcional motora, em pessoas com mais de 65 anos de idade, e ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 104-120
Metodologia A metodologia de cuidados é inserida na teoria de médio-alcance de Lopes (2006) que designa dois componentes fundamentais, o processo de avaliação diagnóstica com a colheita de dados, avaliação ou reavaliação do processo, o acompanhamento da prestação de cuidados e o processo de intervenção terapêutica de enfermagem com a interação concomitante de sentimentos e informação entre enfermeiro, doente e família. Lopes (2006), refere numa alusão ao contexto de cuidados que numa situação de doença impõe-se um processo fisiopatológico mas sobretudo uma experiência humana na essência da sua fragilidade. A sua teoria baseia-se na relação enfermeiro-doente e culmina assim em dois processos importantes. De acordo com o mesmo autor, o primeiro processo integra a avaliação do enfermeiro relativa ao doente, ao que este sabe sobre a doença, quais as suas preocupações e a sua capacidade estratégica e adaptativa, o segundo processo constitui-se pela intervenção terapêutica que abrange todas as intervenções do enfermeiro ao doente e família como já referido anteriormente. Através destes dois processos durante a intervenção inerente à prática de enfermagem de reabilitação foi possível verificar as características necessárias para a abordagem ao doente e verificar os ganhos obtidos após a intervenção. Para análise dos dados referentes ao instrumento ENCS (2013) e MIF (2011) resultantes das notas de campo, será utilizada a análise de conteúdo de Bardin (2011) para dados qualitativos. E o método de Robert Yin para estudos de caso em que a essência será o assunto discutido, distinguindo caraterísticas ao longo da fase de pesquisa como a definição do problema, o delineamento da pesquisa, a colheita de dados, a recolha de dados e a composição e apresentação dos resultados (Yin, 2001). De acordo com Yin (2001), o presente estudo de caso classifica-se como descritivo (ou exploratório), pois projeta o seguimento de eventos interpessoais ao longo do tempo descrevendo o desempenho individual. Yin (2001) acrescenta que para além de todas as técnicas que podem ser utilizadas durante a realização de um estudo de caso, com a execução deste são acrescentadas a observação direta e a série metódica de entrevistas de grande importância para uma recolha de dados fidedigna. A análise de conteúdo com o objetivo de retirar partido de informação qualitativa será feito através da análise de conteúdo de Bardin (2011) mais especificamente a análise de entrevistas de inquérito. O objetivo geral deste esquema teórico é a observação tendo em conta uma análise fundamentalmente temática de acordo com o contexto em que se processa o estudo.
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No presente estudo de caso de forma a confrontar resultados e obter maior congruência nos mesmos optou-se por utilizar um total de três estudos, contemplando assim uma reflexão sobre as práticas de cuidados de reabilitação. Assim, de acordo com as fases já mencionadas acima: a definição e planeamento, a preparação, colheita e análise e por fim a análise e conclusão (Yin 2001), é importante que inicialmente seja delineado o percurso do estudo com uma visão global e atuações onde se verifica a escolha dos casos, em seguida todas as evidências necessárias para o estudo e por fim a análise e reflexão sobre os dados. Figura n.º 1- Metodologia do Estudo de Caso (adaptado de Yin, 2001)
Prática de Cuidados de ER
Selecção de Casos
A1
A2
A3
Definição e Planeament o da recolha de dados
Colheita de Dados e Análise
Descrição e reflexão individual dos casos
Cruzar dados obtidos
Análise de Dados
Reflexão sobre os resultados
Fundamentação Teórica
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Colheita de Dados A colheita de dados foi realizada durante o decurso do primeiro ensino clinico no período de 14 de maio a 22 junho de 2018. De acordo com Yin (2003) a preparação para a colheita de dados pode ser uma tarefa difícil e intrincada que se não for realizada com a devida atenção poderá pôr em causa toda a investigação do estudo e todas as decisões tomadas anteriormente. Yin (2001) sublinha ainda que “o uso de várias fontes de evidência nos estudos de caso permite que o pesquisador dedique-se a uma ampla diversidade de questões históricas, comportamentais e de atitudes” (p. 121). Assim, para uma recolha de dados mais fidedigna utilizou-se a Elderly Core Set (ENCS) (Fonseca e Lopes, 2014) e a Medida de Independência Funcional (MIF) (DGS, 2011) como instrumentos de recolha de dados, ainda que a consulta de documentos no processo do doente, a observação ativa e registada é não menos importante em todo o procedimento. Sendo que Yin (2001) reforça que “a vantagem mais importante, no entanto, é o desenvolvimento de linhas convergentes de investigação, um processo de triangulação (…)” que se mostra de extrema importância em todo o desenvolvimento do estudo. Tendo em conta que o envelhecimento da população é cada vez mais um importante fator a ter em conta, torna-se importante a utilização de instrumentos que avaliem o estado funcional específico da população com 65 anos ou mais, como uma mais-valia para a previsão dos custos e a necessidade de recursos com particular enfase nos cuidados de enfermagem (Lopes MJ, Escoval A, Pereira DG, Pereira CS, Carvalho C, Fonseca C., 2013). A ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) é um instrumento de avaliação da funcionalidade nos idosos, especifico para os cuidados de enfermagem e foi um dos instrumentos escolhidos para a elaboração deste estudo. Integra códigos da Classificação Internacional da Funcionalidade (CIF) e contém indicadores percetíveis aos cuidados de enfermagem, avalia a funcionalidade de cada utente, as necessidades de cuidados de enfermagem em diversos contextos de cuidados e avalia os ganhos efetivos das intervenções de enfermagem, neste caso, num programa de enfermagem de reabilitação. O questionário da ENCS integra duas partes distintas e cinco secções. Na primeira parte é constituída por uma secção que inclui um conjunto de questões relacionadas com a Caracterização Sócio biográfica, a segunda parte é constituída por secções que avaliam a funcionalidade, nomeadamente, a secção II- Funções do Corpo, secção III-Estruturas do Corpo; Secção IV Atividades de Participação e secção V-Fatores Ambientais (Fonseca e Lopes, 2014).
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Outros dos instrumentos escolhidos para a recolha de dados foi a MIF, versão Portuguesa, que a Direcção-Geral da Saúde (DGS, 2011) recomenda na sua norma nº 054/2011 de 27/12/2011. Possibilita a avaliação do grau de capacidade/incapacidade funcional, desempenho da pessoa, a necessidade de cuidados para a realização de variadas tarefas motoras e cognitivas da vida diária permitindo mensurar os resultados das intervenções de reabilitação. A MIF integra uma escala com sete níveis que representam graus de independência funcional, variando da independência completa à dependência completa. É constituída por 18 itens distribuídos em seis domínios: Autocuidados; Controle de Esfíncteres, Mobilidade, Locomoção, Comunicação e Consciência do Mundo Exterior. Em cada item pode ser avaliada a funcionalidade, com uma escala de sete níveis de pontuação, que vai desde de um ponto (dependência completa) a sete pontos (independência completa). A pontuação máxima é de 126 pontos que corresponde independência completa e o mínimo de 18 pontos que representa dependência completa nas áreas avaliadas. Assim, os instrumentos ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e MIF (DGS, 2011) foram utilizados em dois momentos distintos no pós-operatório imediato e ao fim de 48 horas aquando do momento da alta clínica, através de uma avaliação diagnóstica e após a intervenção. Relativamente à observação ativa e direta utilizada diariamente durante a prestação de cuidados
de
reabilitação
permitiu
registar
informações
tais
como:
reações
dos
doentes/famílias ao programa de enfermagem de reabilitação implementado, dificuldades e ganhos sentidos com os cuidados. Outros dados foram colhidos através consulta do processo clínico do doente, nomeadamente dos planos de cuidados e notas de evolução feitas ao longo de todo o internamento. Participantes do Estudo de Caso Caracterização Sociodemográfica Estudos de Caso Idade Género Nacionalidade Estado Civil Agregado Familiar Nível de Escolaridade Profissão
A1 71 Feminino Portuguesa Casada Marido e Filho 4ª Classe
A2 86 Feminino Portuguesa Viúva Vive Sozinha 4ª Classe
Reformada Reformada (Trabalhadora Agrícola) Quadro nº1- Caraterização sociodemográfica dos participantes do estudo.
A3 57 Feminino Portuguesa Divorciada Filha e 2 netos 9º Ano Cozinheira
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Estudo de Caso A1: Utente de 71 anos, do sexo feminino, casada, reformada (antiga trabalhadora agrícola), com autocuidado na atividade mantido antes do internamento. Utente que foi submetida a cirurgia eletiva ao joelho por gonartrose com substituição total do joelho por prótese. Apresentava antecedentes pessoais de Hipertensão Arterial (HTA), Dislipidémia e Hipotiroidismo. Tinha como pessoas de referência o marido e o filho. Na avaliação inicial, a utente encontrava-se no 1º dia pós-operatório e manteve-se internada na enfermaria da ortopedia durante 4 dias. Utente bastante participativa e empenhada na sua recuperação. Recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) realizámos as seguintes avaliações descritas no quadro nº2.
Avaliação Diagnóstica
Após Intervenção de ER
Funcionalidade
15% Problema Ligeiro
8% Problema Ligeiro
Autocuidados
31 % Problema Moderado
13 % Problema Ligeiro
Comunicação
0% Não há problema
0% Não há problema
Aprendizagem e
8% Problema Ligeiro
8% Problema Ligeiro
0% Não há problema
0% Não há problema
Funções Mentais Relação com Amigos e Familiares
Verifica-se que a Sra. A1 apresentava um problema ligeiro (15%) ao nível da funcionalidade. Em relação aos autocuidados a utente apresentava um problema moderado (31%), na comunicação não apresentava problema (0%), na aprendizagem e funções mentais (8%), problema ligeiro, e na relação com amigos e familiares (0%) não havia problema. Após a visualização deste cenário, foi realizado um plano de intervenção de enfermagem de reabilitação de forma a aumentar a autonomia nos autocuidados, na realização de marcha e na utilização de ajuda técnica para realizar marcha. A utente recuperou capacidade funcional, apresentando no momento da alta para o domicílio, uma redução de incapacidade em 7% face aos 15% iniciais ficando com uma funcionalidade de 8% apesar de manter problema ligeiro. Ao nível da capacidade para os autocuidados, foi onde se verificaram os melhores resultados, passando de um score de 31% para 13%, ou seja, de um problema moderado para um problema ligeiro, mantendo a aprendizagem e funções mentais com problema ligeiro, a comunicação e a relação com amigos e familiares sem problema.
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Foi verificado também um resultado positivo na avaliação da MIF (DGS, 2011), pois na primeira avaliação no período pós-operatório a utente apresentava um score de 95 pontos e no momento da alta para o domicílio a utente apresentou um score de 115 pontos.
Estudo de Caso A2: Utente de 86 anos de idade, do sexo feminino, viúva, reformada, com autocuidado na atividade mantido antes do internamento. Utente que deu uma queda do domicílio e foi submetida a cirurgia urgente por fratura da patela com excisão total da mesma. Apresentava antecedentes pessoais de HTA, Fibrilação Auricular (FA), Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2007, Osteoporose e Hipotiroidismo. Tinha como pessoas de referência o filho. Na avaliação inicial, a utente encontrava-se no 1º dia pós-operatório e manteve-se internada na enfermaria do serviço de ortopedia durante 4 dias. Utente muito ansiosa com a sua recuperação e o regresso ao domicílio, apresentava períodos de cansaço fácil no entanto, era bastante participativa e motivada tendo ficado mais calma após os resultados positivos da sua recuperação. Recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) realizámos as seguintes avaliações descritas no quadro nº3.
Avaliação Diagnóstica
Após Intervenção de ER
Funcionalidade
22% Problema Ligeiro
5% Problema Ligeiro
Autocuidados
95% Problema Grave
49% Problema Moderado
Aprendizagem e
13% Problema Ligeiro
13% Problema Ligeiro
Comunicação
0%Não há problema
0%Não há problema
Relação com Amigos e
0% Não há problema
0% Não há problema
Funções da Memória
Familiares
Verifica-se que a Sra. A2 apresentava um problema ligeiro (22%) ao nível da funcionalidade. Em relação aos autocuidados a utente apresentava um problema grave (95%), na comunicação um não havia problema, na aprendizagem e funções mentais (13%) com a presença de problema ligeiro, e na relação com amigos e familiares (0%) sem problema. Após a visualização deste cenário, foi realizado um plano de intervenção de enfermagem de reabilitação de forma a aumentar a autonomia nos autocuidados, na realização de marcha e na utilização de ajuda técnica para realizar marcha. A utente recuperou capacidade funcional, apresentando no momento da alta para o domicílio, uma redução de incapacidade de 17% face aos 22% iniciais ficando com uma funcionalidade de 5% continuando a ser um problema ligeiro. Ao nível da capacidade para os autocuidados, foi onde se verificaram os melhores
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resultados, passando de um score de 95% para 49%, ou seja, de problema grave para problema moderado, mantendo a aprendizagem e funções mentais com problema ligeiro, a comunicação e a relação com amigos e familiares sem problema. Foi verificado também um resultado positivo na avaliação da MIF (DGS, 2011), pois na primeira avaliação no período pós-operatório a utente apresentava um score de 85 pontos e no momento da alta para o domicílio a utente apresentou um score de 100 pontos.
Estudo de caso A3: Utente de 57 anos, sexo feminino, divorciada, sofreu acidente de viação. Tem como antecedentes pessoais Diabetes mellitus tipo II, com autocuidado mantido até ao internamento. Na avaliação inicial a utente encontrava-se no 3º dia pós-operatório quando foi transferida da Unidade de Cuidados Intensivos para o serviço de Ortopedia, com internamento prolongado desde a transferência. Foi submetida a redução e osteossíntese da bacia. Utente muito ansiosa e apelativa relativamente à sua recuperação e ao tempo que esta poderá demorar, apresentava períodos de cansaço fácil no entanto, era bastante participativa e motivada, esforçando-se todos os dias para rápidas melhorias, ficou mais calma após a evolução positiva do seu estado de saúde. Recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) realizámos as seguintes avaliações descritas no quadro nº4.
Avaliação Diagnóstica
Após Intervenção de ER
Funcionalidade
20% Problema Ligeiro
11% Problema Ligeiro
Autocuidados
95% Problema Grave
50% Problema Grave
Aprendizagem e
4% Não há problema
4% Não há problema
Comunicação
0% Não há problema
0% Não há problema
Relação com Amigos e
0% Não há problema
0% Não há problema
Funções da Memória
Familiares
Verifica-se que a Sra. A3 apresentava um problema ligeiro (20%) ao nível da funcionalidade. Em relação aos autocuidados a utente apresentava um problema grave (95%), na comunicação não havia problema, na aprendizagem e funções da memória (4%) sem problema, e na relação com amigos e familiares (0%) também sem problema. Após a visualização deste cenário, foi realizado um plano de intervenção de enfermagem de reabilitação de forma a aumentar a autonomia nos autocuidados, na capacidade para realizar marcha e na utilização de ajuda técnica para realizar marcha. A utente recuperou capacidade
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ARTIGO ORIGINAL: Guerreiro, M., Piedade, T., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Implementação de um programa de reabilitação funcional motora, em pessoas com mais de 65 anos de idade, e ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 104-120
funcional, apresentando na última avaliação, uma redução de incapacidade de 9% face aos 20% iniciais ficando com uma funcionalidade de 11% continuando a ser um problema ligeiro. Ao nível da capacidade para os autocuidados, foi onde se verificaram os melhores resultados, passando de um score de 95 para 50, manteve um problema grave mas com uma redução bastante significativa de percentagem, mantendo a aprendizagem e funções mentais com problema ligeiro e a relação com amigos e familiares sem problema. Foi verificado também um resultado positivo na avaliação da MIF (DGS, 2011), pois na primeira avaliação no período pós-operatório a utente apresentava um score de 75 pontos e na última avaliação a utente apresentou um score de 104 pontos.
Discussão De acordo com os Padrões de Qualidade Especializados em ER (OE, 2018), os cuidados de enfermagem de reabilitação como área especializada têm uma panóplia de conhecimentos e procedimentos especializados com focos de atenção ao nível da promoção do bem-estar, qualidade de vida e funcionalidade, enfatizando o autocuidado e prevenção de complicações e promovendo capacidades. Assim, concebem diversos programas de reabilitação diferenciados e especializados, fundamentados na identificação das necessidades específicas de pessoas ou grupo no sector da funcionalidade, entre eles o treino das AVD’s e o treino motor. De acordo com a metodologia de Yin (2001) é chegada a fase de congregar resultados obtidos através da avaliação dos utentes incluídos no estudo.
Intervenção Inicial
Intervenção Final
Ganhos
A1 Funcionalidade
15% Problema
8 % Problema
Ligeiro
Ligeiro
31% Problema
13% Problema
Moderado
Ligeiro
0% Não há
0% Não há
Funções da Memória
problema
problema
Comunicação
8% Problema
8% Problema
Ligeiro
Ligeiro
Relação com Amigos
0% Não há
0% Não há
e Familiares
problema
problema
MIF
95
115
Autocuidados
Aprendizagem
e
7%
18%
=
=
=
20
A2
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Funcionalidade
22% Problema
5% Problema
Ligeiro
Ligeiro
95%Problema
49%Problema
Grave
Moderado
13% Problema
13% Problema
Funções da Memória
Ligeiro
Ligeiro
Comunicação
0 % Não há
0% Não há
problema
problema
Relação com Amigos
0% Não há
0% Não há
e Familiares
problema
problema
MIF
85
100
15
20% Problema
11% Problema
9%
Ligeiro
Ligeiro
95% Problema
50% Problema
Grave
Grave
0% Não há
0% Não há
Funções da Memória
problema
problema
Comunicação
0% Não há
0% Não há
problema
problema
Relação com Amigos
0% Não há
0% Não há
e Familiares
problema
problema
MIF
75
104
Global dos Casos
Inicial (média)
Final (média)
ENCS
20%
11%
9%
MIF
85
106
21
Autocuidados
Aprendizagem
e
17%
46%
=
=
=
A3 Funcionalidade
Autocuidados
Aprendizagem
e
45%
=
=
=
29
Quadro nº5 – Avaliação dos ganhos segundo a escala ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e MIF (DGS, 2011).
Com base no quadro acima é possível identificar que os ganhos se verificam ao nível da funcionalidade e dos autocuidados. De uma forma geral, em todos os Estudos de caso houve ganhos essencialmente a nível dos Autocuidados, o que representou um aumento da capacidade funcional de 85 para 106 na Escala MIF e uma diminuição do défice de 20% para 11% na ENCS. Para que tal fosse possível, foram aplicadas intervenções sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação de acordo com os focos identificados:
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Estudos de Caso A1
Focos de Atenção Identificados Andar comprometido Andar com auxiliar de marcha Autocuidado
A2
Andar comprometido Andar com auxiliar de marcha Autocuidado
A3
Andar com auxiliar de marcha Autocuidado
Quadro nº6 Identificação dos Focos de Atenção
Para a realização de um programa de reabilitação funcional motora é essencial englobar exercícios de reeducação funcional respiratória (Parente et al., 2009). Foram incluídos em todos os casos, exercícios de consciencialização da importância da respiração abdominodiafragmática e a dissociação dos tempos respiratórios realizados em repetições de 10 vezes cerca de 3 vezes ao dia. De forma a obter uma recuperação bem-sucedida foram incluídos ensino e treino de posicionamentos no leito, exercícios isométricos dos quadricípites, glúteos e movimentos ativos e ativos assistidos, transferência da cama para a cadeira e vice-versa, treino de marcha com andarilho e canadianas. O objetivo primordial é prevenir complicações da imobilidade, aumentar a força muscular, estimular e treinar para os autocuidados e promover a autonomia para o regresso ao domicílio (Florentino, 2012). Para aumentar a força e a tonificação muscular em todos os estudos foram realizados exercícios isométricos bilaterais dos quadricípites e glúteos, firmes e lentos com 10 repetições durante 10 segundos 5 vezes ao longo do turno com o doente posicionado no leito em decúbito dorsal. Nos estudos A1 e A2 foram realizadas contrações isométricas estáticas sem mobilização da articulação com o membro em extensão comprimindo a região poplítea contra a cama de forma a proporcionar uma extensão completa do joelho 10 repetições durante 10 segundos 5 vezes ao longo do turno. É imprescindível a orientação ao doente para posicionamentos na cama e mobilizações ativas e ativas assistidas para impedir ou minimizar o risco de complicações neuro-circulatórias (Florentino, 2012). Nos três estudos de caso foram realizadas mobilizações ativas assistidas com o doente em decúbito dorsal: mobilização do pé (flexão e extensão dos dedos, flexão e extensão, eversão e inversão da articulação tibiotársica) 10 repetições de cada, durante 10
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segundos, 5 vezes ao longo do turno. De acordo com a tolerância individual de cada doente à medida que os exercícios progrediram foi impressa resistência nas mobilizações. Importa relembrar que todos estes exercícios demonstram a sua eficácia aquando do acompanhamento durante os autocuidados, como por exemplo na realização da higiene no Wc, verificando-se em todos os estudos uma elevada diferença na percentagem dos autocuidados desde a avaliação inicial e após a intervenção de ER. No estudo de caso A1 verificam-se ganhos de 18% alternando de um problema moderado para um problema ligeiro, no estudo A2 46% de ganhos com a passagem de um problema grave para um problema moderado, no estudo A3 o problema manteve-se grave mas a percentagem inicial era de 95% e na última avaliação encontrava-se nos 50%, concluindo-se ganhos de 45% no autocuidado. No estudo A1 foram realizadas mobilizações com artromotor, uma tala mecânica concebida para realizar a movimentação anatómica do joelho. A mobilização foi progressiva até aos 110 graus de flexão do joelho durante cerca de 1 hora durante o turno. Também de grande importância são os exercícios de mobilização dos membros superiores para proporcionar o fortalecimento muscular para a utilização do auxiliar de marcha. Em todos os estudos foram realizados movimentos ativos de adução, abdução, flexão, extensão e rotação interna e externa da articulação do ombro; flexão e extensão da articulação do cotovelo; pronação e supinação, flexão e extensão da articulação do punho, repetições de 5 vezes 3 vezes durante o turno. Recorreu-se à utilização de pesos com aumento gradual de 0.5 Kg até 1,5 Kg para exercícios de fortalecimento muscular dos membros superiores no estudo A3. Relativamente ao ensino e treino de marcha com auxiliar, primeiro andarilho e depois se seguro canadianas (primeiro avançam as canadianas, depois o membro operado avança até às canadianas, por fim, avança o membro são até ao mesmo nível (Florentino, 2012).) este foi realizado por uma distância de 10 metros com 10 repetições ao longo do turno para que a tolerância fosse gradual. Ainda neste contexto foi realizado o ensino sobre subir e descer degraus (subir: primeiro avança a perna não operada, depois a perna operada e por fim as canadianas, descer: primeiro as canadianas, depois a perna operada e por fim a perna não operada (Florentino, 2012)). No estudo A1 e A2 os doentes transpuseram para canadianas ao fim das primeiras 10 repetições de 10 metros cada. No estudo A3 a doente não podia realizar carga no membro operado e não se adaptou a canadianas apresentando um elevado risco de queda pelo que na última avaliação a doente só conseguiu utilizar o andarilho.
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Conclusão Numa expectativa incessante relativa ao conteúdo específico da prática de cuidados do serviço de ortopedia, deparo-me com uma variedade de idades desde o idoso, ao adulto e ao jovem que devido à presença de comorbilidades associadas ou não a acidentes domésticos ou rodoviários, estavam impossibilitados de desempenhar os autocuidados de forma autónoma. Neste sentido procura-se corresponder às competências específicas do ER que “cuida de pessoas com necessidades especiais, ao longo do ciclo de vida, em todos os contextos da prática de cuidados” (OE, 2010). A este nível foram desenvolvidas competências de forma a avaliar o potencial funcional inicial de cada doente, utilizando escalas e instrumentos de medida, identificando deste modo as necessidades de intervenção de enfermagem de reabilitação no contexto específico da prática de cuidados. Através de uma avaliação estruturada baseada nos cuidados de enfermagem de reabilitação foi possível diagnosticar e detetar focos de atenção e delinear uma intervenção especializada e individualizada, sensível aos cuidados de ER. Ainda neste âmbito foi possível identificar junto dos doentes quais os fatores facilitadores ou não, relativos à sua recuperação aquando da implementação de programas de treino de autocuidados e treino motor, fatores estes que vão desde as barreiras arquitetónicas no seu domicílio a aspetos psicossociais que possam intervir na sua adaptação à nova condição. O intuito foi “capacitar a pessoa com deficiência, limitação da atividade e/ou restrição da participação para a reinserção e exercício da cidadania” (OE, 2010). Assim, através da educação ao doente e ao familiar cuidador é possível efetuar ensinos específicos e individualizados tendo em conta as particularidades dos mesmos numa perspetiva de incentivo ao desempenho do seu papel enquanto cidadão. Para “maximizar a funcionalidade desenvolvendo as competências da pessoa” (OE, 2010) foram concebidos diversos programas de reabilitação diferenciados e especializados, fundamentados na identificação das necessidades específicas dos doentes ao nível da funcionalidade e tomadas decisões com o intuito de maximizar o potencial destes ao nível dos autocuidados e parte motora. Todas as intervenções foram validades com os doentes e coordenadas com os tutores e restante equipa de saúde.
Referências Bibliográficas Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. 5ª Edição. Lisboa: Edições 70; Disponível em: https://pt.slideshare.net/RonanTocafundo/bardin-laurence-anlise-de-contedo
Direcção-Geral da Saúde (DGS) (2011). Acidente vascular cerebral: Prescrição de medicina física e de reabilitação. Direção-Geral de Saúde, 054/2011, 1–19. Disponível em file:///C:/Users/Ant%C3%B3nio%20Lista/Downloads/i016752%20(11).pdf
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ARTIGO ORIGINAL: Guerreiro, M., Piedade, T., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Implementação de um programa de reabilitação funcional motora, em pessoas com mais de 65 anos de idade, e ganhos sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 104-120
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Silva, A. et al (2018) Comunicação em pessoas com Défice de Autocuidado, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 121 - 127 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA: Silva, A. et al (2018) Comunicação em pessoas com Défice de
Autocuidado, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 121 - 127
Revisão Bibliográfica Narrativa
Comunicação em pessoas com Défice de Autocuidado Communication in People with Self-Care Deficit
Comunicación en personas con déficit de autocuidado
Ana Silva; Ana Cruz; Beatriz Gonçalves; Inês Cortes; Ioana Bodnar; José Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal Corresponding Author: beatriz_gon97@hotmail.com Resumo: O presente artigo de génese descritiva, tem como principal objetivo apresentar uma análise sobre a importância da comunicação na intervenção junto de indivíduos com défice de autocuidado, principalmente na população idosa. O comportamento de autocuidado engloba domínios como cognitivo, físico, emocional e comportamental, caso algum destes seja comprometido pode traduzir-se num défice ao nível do autocuidado. A comunicação, tanto verbal como não-verbal, torna-se uma poderosa ferramenta ao nível da relação estabelecida de entre paciente e o psicomotricista, pois esta pode traduzir-se em maior motivação e numa modificação da atitude, sendo esta tão importante quanto uma boa realização de procedimentos técnicos. Palavras-chave:
Comunicação
verbal;
Comunicação
não-verbal;
Autocuidado;
Défice
de
autocuidado;
Psicomotricidade.
Abstract: The main objective of this descriptive article is to present an analysis about the importance of communication in the intervention among individuals with self - care deficits, especially in the elderly population. Self-care behavior encompasses domains such as cognitive, physical, emotional and behavioral, if any of these are compromised, it can translate into a deficit in self-care. Communication, both verbal and non-verbal, becomes a powerful tool at the level of the established relationship between the patient and the psychomotricist, as this can translate into greater motivation and a change in attitude, which is as important as a good performance of technical procedures. Keywords: Verbal communication; Non verbal comunication; Self-care; Self-care deficit; Psychomotricity.
Resumen: El presente artículo de génesis descriptiva, tiene como principal objetivo presentar un análisis sobre la importancia de la comunicación en la intervención en individuos con déficit de autocuidado, principalmente en la población anciana. El comportamiento de autocuidado engloba dominios como cognitivo, físico, emocional y conductual, si alguno de estos es comprometido puede traducirse en un déficit al nivel del autocuidado. La comunicación, tanto verbal como no verbal, se convierte en una poderosa herramienta al nivel de la relación establecida de entre paciente y el psicomotricista, pues esta puede traducirse en mayor motivación y en una modificación de la actitud, siendo esta tan importante como una buena realización de procedimientos técnicos. Palabras clave: Comunicación verbal; Comunicación no verbal; autocuidado; Déficit de autocuidado; Psicomotor.
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INTRODUÇÃO Este artigo foi elaborado no âmbito da UC de Reabilitação Funcional, devido à perceção de profundas dificuldades ao nível do autocuidado, particularmente na população idosa. No seio da Psicomotricidade a minimização destas dificuldades, a promoção da qualidade de vida e autonomia nesta mesma população são fundamentais, bem como uma comunicação adequada para com esta. Por autocuidado compreende-se todas as atividades realizadas, por livre arbítrio, por parte de um indivíduo, que visem sustentar o seu bem-estar pessoal e saúde. No quotidiano estas atividades compreendem por exemplo, andar, comer, vestir-se (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013), tendo estas sempre em vista a promoção e manutenção da saúde (Schub, 2012; Graham, 2006; Hohdorf 2010; Renpenning et al., 2011, cit por Fonseca, 2013). Atualmente, em Portugal, tem-se vindo a verificar um aumento exponencial do número de idosos,sendo este fenómeno consequência do incremento da qualidade de vida (Fonseca, 2013). A intervenção psicomotora com esta mesma população tem como principais diretrizes a promoção de um envelhecimento ativo, a adaptação dos cuidados de saúde às necessidades particulares de cada idoso e o desenvolvimento da autonomia e independência dos mesmos (Fonseca, 2013). Ao longo de todo o processo de intervenção, a comunicação é considerada uma das habilidades fundamentais a serem adquiridas pelo profissional e saúde, pois é um meio facilitador do estabelecimento de uma relação, e consequentemente promotor de uma recuperação mais célere (Fonseca, 2013). A comunicação pode ser verbal ou não-verbal, a primeira é efetuada através da fala ou da escrita e a mensagem transmitida expressa ideias ou estados emocionais, já a segunda é a partilha de informação através de vários canais de comunicação (Langer, 1971, cit por Mesquita, 1997). A atual revisão bibliográfica irá elucidar-nos sobre a importância da comunicação no défice de autocuidado, o modo como este pode ser afetado pelo avançar da idade, de que modo nós enquanto profissionais de saúde podemos intervir a este nível e ainda a importância da comunicação ao nível da promoção da saúde.
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Metodologia Para a realização desta revisão literária foi elaborada uma pesquisa em diversas plataformas, tais como, Biblioteca do conhecimento online (B-on), EBSCOhost e SciELO- Scientific Electronic Library Online, através dos descritores adequados, sendo eles: Autocuidado, défice de autocuidado, comunicação verbal e comunicação não-verbal, em português e inglês. Após essa pesquisa foram selecionados os artigos relevantes e posteriormente extraídos os dados necessários, procedendo à realização da sua síntese.
Discussão O autocuidado é definido por atividades realizadas pelo indivíduo, que as começa e executa por escolha própria sustentando a sua vida, saúde e bem-estar, que visa satisfazer as carências de autocuidado (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). O autocuidado traduz-se em atividades instrumentais do quotidiano, como por exemplo, andar, comer, vestir, cuidar do corpo, entre outros (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). Este conceito relaciona-se com comportamentos de manutenção e promoção da saúde, prevenção de doença e com os respetivos tratamentos (Schub, 2012; Graham, 2006; Hohdorf, 2010; Renpenning et al., 2011, cit por Fonseca, 2013). O autocuidado resulta das experiências cognitivas, culturais e sociais de cada indivíduo (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). O autocuidado subdivide-se em dois conceitos que se relacionam, o agente de autocuidado e o comportamento de autocuidado (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). O primeiro corresponde à aptidão do sujeito em desenvolver comportamentos de autocuidado, já o segundo define-se por habilidades físicas que levam a cabo as atividades que permitem a manutenção da vida de forma saudável (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). Caso um destes domínios seja afetado, pode tornar-se um obstáculo, condicionando a vida do idoso, afetando o seu autocuidado e diminuindo a sua autonomia (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). Schub (2012, cit por Fonseca, 2013), refere que existem fatores que afetam a performance do indivíduo nos comportamentos de autocuidado, entre os quais encontramos fatores cognitivos, psicossociais, físicos, demográficos e, por fim, socioculturais (Schub, 2012, cit por Fonseca, 2013). Atualmente, em Portugal, devido à melhoria da qualidade de vida, a esperança média da mesma tende igualmente a aumentar levando à ampliação da população envelhecida (Fonseca, 2013). Segundo a DGS (2012, cit por Fonseca, 2013), as intervenções com
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pessoas idosas devem ter como principal objetivo a promoção de um envelhecimento ativo, adequando os cuidados de saúde às necessidades particulares de cada uma e desenvolver a autonomia, independência, participação dinâmica, autorrealização e dignidade de acordo com os contextos em que se encontram, visto que esta é uma fase em que ocorrem alterações no funcionamento. É também através de uma intervenção cuidada que deve ser promovido o autocuidado do idoso, minimizando as suas incapacidades, através de diferentes estratégias de intervenção (por exemplo, utilizar os auxiliares de marcha corretamente), com o intuito de devolver as ações ou funções que se encontram debilitadas, proporcionando-lhe um funcionamento saudável e bem-estar (Orem, 2001, cit por Fonseca, 2013). Orem (2001, cit por Fonseca, 2013) desenvolveu um modelo de autocuidado constituído por três teorias: - A Teoria de Autocuidado, tenta explicar o porquê e como o indivíduo cuida de si próprio, de forma a manter a vitalidade, saúde e bem-estar. O autocuidado, engloba as atitudes do indivíduo, sendo estas conscientes, ponderadas e intencionais, no qual existe autonomia. Este é instruído através da educação, cultura e vivências do próprio sujeito, que possibilitam o seu crescimento pessoal, bem como a construção de julgamentos e tomada de decisão. As necessidades de autocuidado podem subdividir-se em três: universal (e.g. comer, tomar banho, dormir, socializar), de desenvolvimento (e.g. novo trabalho, casamento) e as resultantes de ausência de saúde (e.g. traumatismo, acidente vascular cerebral). - A Teoria do Défice de Autocuidado, descreve as necessidades de autocuidado do indivíduo, quando este não reúne as condições necessárias que permitam que cuide de si próprio. Existem processos através dos quais os técnicos de saúde auxiliam os pacientes para que estes compreendam as próprias necessidades, sendo elas: o agir para fazer, orientar ou dirigir naquilo que a pessoa não consegue executar; oferecer suporte físico e/ou psicológico; proporcionar um ambiente que beneficie o seu desenvolvimento; e o ensino. - A Teoria dos Sistemas de Saúde, engloba as intervenções ao nível dos cuidados de saúde por parte de técnicos para auxiliar a pessoa a readquirir a capacidade de autocuidado. Orem (2001, cit por Fonseca, 2013) identificou três sistemas de intervenção: 1)
sistema apoio-educativo, no qual compete ao técnico de saúde fornecer apoio
psicológico, educação e auxílio na execução das tarefas de autocuidado; 2) sistema parcialmente compensatório, que se aplica a pessoas que requerem um nível moderado de
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cuidados, que têm a possibilidade de vir a ter capacidade de se autocuidarem; 3) sistema totalmente compensatório, que é utilizado em pessoas que são totalmente incapacitadas para cuidarem de si próprias, pelo que, nestes casos é o técnico que cede todos os cuidados necessários. Comunicação A comunicação pode ser considerada como o processo de partilha e transferência de informação que envolve um emissor e um recetor, sendo a base fundamental das relações interpessoais (Mesquita, 1997). Comunicação em saúde diz respeito ao estudo e utilização de estratégias de comunicação no sentido da promoção saúde, por exemplo: evitar riscos e ajudar a lidar com ameaças para a saúde, prevenir doenças, sugerir e recomendar mudanças de comportamento (Teixeira, 2004). A informação pode ser transmitida de duas formas, através da comunicação verbal e da comunicação não-verbal. Estas podem atuar de forma concomitante nas interações sociais, complementando-se contrapondo-se no discurso (Mesquita, 1997). Tudo aquilo que não é dito pela palavra pode ser encontrado no tom de voz, na expressão corporal, na forma do gesto, na aparência física, na postura, no toque, ou na atitude do próprio indivíduo (Gaiarsa, s.d., cit por Silva, et al., 2000). Assim sendo, ocorrem situações nas quais os profissionais têm de controlar as suas expressões faciais na tentativa de amenizar, um determinado impulso de modo a não comprometer a relação terapeuta e paciente (Gaiarsa, s.d., cit por Silva, et al., 2000). Esta relação pressupondo uma atitude compreensiva e de auxílio na satisfação das necessidades do indivíduo, bem como aceitação, respeito e empatia (Gaiarsa, s.d., cit por Silva, et al., 2000). A comunicação não-verbal é capaz de qualificar a interação humana, através de sentimentos, emoções, entre outros que dão pistas de modo à compreensão do interlocutor, como tal até o silêncio tem um significado que pode conduzir a diferentes interpretações em determinados contextos (Araújo, Silva, & Puggina, 2007, cit por Ramos e Bortagarai, 2012). Esta habilidade de emitir e receber pistas não verbais influência a motivação e a atitude (Knapp 1982, cit por Mesquita, 1997). A comunicação em saúde possui extrema importância, na medida em que pode influenciar a avaliação dos utentes relativamente à qualidade dos serviços prestados, a adaptação psicológica à doença, os comportamentos de adesão às recomendações de saúde e a redução de riscos (Oriá, Moraes, & Victor, 2004). Assim sendo, é essencial que os profissionais de saúde tenham assente que a relação que estabelecem com o paciente é tão importante quanto uma boa realização de procedimentos técnicos (Oriá, Moraes, & Victor, 2004; Stefanelli, 1993; Araújo, Silva, & Puggina,
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2007; Silva, 2004; Mesquita, 1997; Silva et al., 2000, cit por Ramos e Bortagarai, 2012). Os pacientes têm uma grande tendência a adotar atitudes passivas e dependentes, por este motivo, é importante promover competências de comunicação, tanto nos serviços de saúde como na comunidade, de modo a torná-los mais proactivos na busca de informação sobre saúde, esta necessita de ser clara, breve, concisa e adaptada às necessidades de cada indivíduo, bem como ao seu nível cultural e ao seu estilo cognitivo (Teixeira, 2004). Especialmente nos cuidados aos idosos, a comunicação é uma poderosa ferramenta no estabelecimento da relação terapêutica (Alves, 2003). Neste caso, os dois tipos de linguagem devem ser utilizados em simultâneo para reforçar o conteúdo da mensagem, especialmente quando estamos perante limitações cognitivas e sensoriais, que tornam o idoso menos recetivo à comunicação. Deve ainda fazer-se uso da proximidade, da postura, do toque e do contato visual para com o paciente de modo a tornar a comunicação mais eficaz (Silva, 2002, cit por Ramos e Bortagarai, 2012). A comunicação pode ser intrapessoal, sendo esta muito observada na área dos cuidados, uma vez que nos ajuda a compreender melhor o mundo interno dos idosos ou interpessoal, mais utilizada para comunicar sendo relativa a situações sociais como troca de ideias e/ou resolução de problemas (Alves, 2003). Conclusão A Psicomotricidade é uma prática de mediação corporal que permite ao indivíduo reencontrar o prazer sensório-motor através da regulação tónica e de um movimento harmonioso. O psicomotricista deve ter atenção aos sinais não-verbais e movimentos complementares que o indivíduo efetua, procurando compreender a origem ou a causa daquilo que observa. A sua abordagem incide na comunicação não-verbal, de modo a entender a linguagem tónicoemocional do corpo. A demonstração de carinho e atenção por parte do terapeuta é fundamental para fornecer um sentimento de segurança, proteção e pode também melhorar a autoestima, sendo que o profissional deve ouvir, expressar um olhar atencioso, tocar e reconfortar o paciente, de modo a atingir os objetivos terapêuticos a que se propôs. Olhar para o idoso é fazer com que este sinta que existe, constituindo um instrumento importante para receber e transmitir informação, de uma forma não verbal. O toque constitui a forma mais direta de comunicação, sendo que o corpo é o seu principal mediador. Este é fundamental na terapia psicomotora, uma vez que demonstra carinho, empatia, segurança e
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proximidade em relação ao sujeito. No entanto, por vezes os idosos são uma faixa etária pouco recetiva ao toque, o que faz com que haja algum cuidado na utilização do mesmo. Desta forma, o toque deve ser realizado de uma forma holística e sempre com igual intensidade para evitar a fragmentação do corpo, muito comum nos idosos. Através da intervenção gerontopsicomotora é possível potenciar capacidades cognitivas e motoras que se refletem numa melhoria da autonomia e consequentemente do autocuidado, influenciando positivamente a sua qualidade de vida, visando a manutenção de uma vida saudável e funcional. A este nível a comunicação revela-se um utensílio bastante eficaz na intervenção dos cuidados de saúde, pois através das estratégias de comunicação conseguimos estabelecer a relação terapêutica e consequentemente adquirir confiança do utente.
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Santos, V.; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Sousa, A. D. (2018) Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 128 - 136 RECENSÃO CRÍTICA: Santos, V.; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Sousa, A. D. (2018) Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 128 - 136
Recensão Crítica
Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica Quality-Caring Model in Care Organization: Critical Review Quality-Caring Model en la organización de los cuidados: Recensión crítica
Vítor Santos1, Claudina Martins2; Dina Duarte Pinto3, Fernanda Silva4; Liliana Ferreira5; Armando David Sousa 6 1-6
RN, CNS, MsC
Corresponding Author: vitorsantos.speregrino@gmail.com Resumo Um dos objetivos principais de uma unidade de saúde passa pela prestação de cuidados de enfermagem, devendo o método de prestação desses cuidados estar organizado de modo a se garantir um atendimento com a melhor qualidade possível com o especial desafio de estarmos a atravessar uma época de contenção de custos. Assim, de modo a desenvolver a temática da organização dos cuidados de Enfermagem, seguiu-se a metodologia de recensão critica do artigo “Using the Quality-Caring Model to Organize Patient Care Delivery”. Este artigo aborda a questão da organização da prestação de cuidados no contexto de cuidados agudos, onde foi identificada pelos autores uma falta de fundamentação teórica da prática da Enfermagem, apesar do valor e especificidade dos cuidados de Enfermagem, pelo que apresenta o processo e os ganhos com a utilização de um modelo para a prática profissional, desenvolvido através de uma parceria entre uma unidade de cuidados agudos e uma escola de Enfermagem. São explicadas as várias etapas de implementação do modelo na instituição, bem como se desenvolvem todos os elementos do “Quality-Caring Model”. Os autores apresentam inclusive alguns resultados da implementação do modelo com recurso a alguns indicadores de resultado, denotando-se uma melhoria na qualidade dos cuidados de Enfermagem. Espera-se obter como produto final uma reflexão mais profunda, que permita compreender melhor a problemática abordada, no sentido de perceber a importância deste tipo de modelos de organização dos cuidados, na promoção de cuidados de qualidade centrados no paciente. Palavras-Chave: Enfermagem, Gestão, Organização do trabalho, Quality-Caring Model
Abstract One of the main objectives of a health care unit is to provide nursing care, and the method of providing care must be organized in such a way as to guarantee the highest quality care possible with the special challenge of being in a period of containment of costs. Thus, in order to develop the theme of Nursing care organization, the methodology of critical review of the article "Using the Quality-Caring Model to Organize Patient Care Delivery" was followed. This article addresses the issue of the organization of care in the context of acute care, where the authors identified a lack of theoretical foundation of Nursing practice, despite the value and specificity of Nursing care, thus presenting the process and the gains with the use of a model for professional practice, developed through a partnership between an acute care unit and a nursing school. The various stages of implementation of the model in the institution are explained, as well as all the elements of the "Quality-Caring Model" are developed. The authors also present some results of the implementation of the model with the use of some outcome indicators, denoting an improvement in the quality of Nursing care. It is hoped to obtain as a final product a deeper reflection, that allows to better understand the problematic
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RECENSÃO CRÍTICA: Santos, V.; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Sousa, A. D. (2018) Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 128 - 136 approach, in the sense of perceiving the importance of this type of models of organization of the care, in the promotion of quality care centered in the patient. Key-words: Nursing, Management, Organization of work, Quality-Caring Model
Introdução De acordo com Sullivan (2017, pág.34), “um sistema de organização dos cuidados deve recorrer a enfermeiros ou grupos de enfermeiros específicos, otimizando os seus conhecimentos e habilidades e ao mesmo tempo assegurar que os pacientes recebem os melhores cuidados“. Não se trata de um desafio fácil, visto que a investigação mostra-nos que o ambiente hospitalar ideal para enfermeiros está associado a menores taxas de mortalidade (Aiken, Clarke, SIoane, lago, & Cheney, 2008, citados por Sullivan, 2017, pág.34) e a satisfação do pessoal de Enfermagem (Spence-Laschinger, 2008, citados por Sullivan, 2017, pág.34). Ao longo dos anos, os métodos de organização do trabalho têm sofrido muitas alterações/evoluções, com vários modelos testados, motivando bastante discussão à sua volta, no que concerne a vantagens e desvantagens de cada um e de uns sobre os outros, sempre com o objetivo de se conseguir identificar o melhor modelo ou método para a prestação de cuidados de Enfermagem a uma população alvo, ela própria com uma elevada variabilidade no tipo de necessidades apresentada, o que faz aumentar ainda mais o desafio para o enfermeiro gestor. Sullivan (2017, pág.34) reforça que “têm sido propostos vários modelos de organização dos cuidados de acordo com as variadas necessidades dos pacientes e bem como de uma gestão eficiente dos enfermeiros”, embora “nenhum se mostre à altura de todo o tipo de população de pacientes ou unidades de prestação de cuidados”. Ainda assim Tomey (2009, pág.390) refere que as mudanças nos métodos de organização do trabalho são uma resposta à evolução das necessidades. De acordo com a mesma autora, na década de 1920, o método de gestão de caso e de cuidados individualizados/privados eram populares, ao passo que na década de 1950, o método de trabalho por tarefa foi predominante em resposta a uma escassez de enfermeiros. A autora acrescenta que durante essa década foi introduzido um método de trabalho em equipa para maximizar a utilização dos conhecimentos e habilidades dos profissionais e fornecer supervisão ao pessoal auxiliar. Já no final da década de 1960 e 1970 testemunhou-se uma mudança com o regresso dos cuidados mais individualizados, com a implementação do método ”Primary Nursing”, impulsionado por Mary Manthey (adaptado de Tomey, 2009, pág.395). Na sequência, o método de gestão de caso ganhou popularidade durante a década de 1980, e a gestão orientada por uma filosofia de concorrência entra as unidades de saúde, emerge como uma
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estratégia económica, que orientou a reforma dos cuidados de saúde durante a década de 1990, nos Estados Unidos da América.
Recensão Crítica O artigo, que é alvo desta recensão crítica, foi extraído da base de dados “EBSCO”, seleccionando como base preferencial a “CINAHL Plus” e “MEDLINE
”, e utilizando como
palavras-chave para pesquisa, “organization*” AND “patient care” AND “nurs*”. O artigo selecionado foi publicado originalmente, no “The Journal of Nursing Administration, Vol. 37, no.12”, com o título “Using the Quality-Caring Model to Organize Patient Care Delivery”, apresentando 6 páginas, com 28 citações no “Google Académico” e 13 citações no “Research Gate”, sendo da autoria de Joanne R. Duffy (autora principal), Jennifer Baldwin e Mary Jane Mastorovich. Joanne R. Duffy na altura Professor Associada de Enfermagem da Universidade Católica de Washington (Washington, Distrito da Columbia, Estados Unidos), atualmente é Professora na Universidade de Indiana-Purdue, em Indianópolis (Estados Unidos), conta com 30 publicações científicas, e identifica um total de 5 áreas de interesse que vão desde a “Enfermagem”, “Enfermagem Clinica”, “Educação em Enfermagem”, “ Prática Avançada de Enfermagem”, e “cuidados Críticos de Enfermagem”, de acordo com o que consta no portal “researchgate.net” (https://www.researchgate.net/profile/Joanne_Duffy/info). Embora os gestores de alto nível tenham maior capacidade e probabilidade de influenciar a filosofia e os recursos necessários para influenciar qualquer sistema de prestação de cuidados de modo a que seja mais eficiente, são os gestores de primeiro nível e de nível intermédio, que geralmente têm a maior influência na fase de organização do processo de gestão dos cuidados, ao nível de unidade ou departamento. É a este nível que os gestores/líderes organizam como o trabalho deve ser feito, moldam o clima organizacional e determinam como o atendimento aos pacientes deve ser organizado. Para que as funções de organização dos cuidados de enfermagem sejam produtivas e facilitem a resposta das necessidades da organização e população alvo, o gestor/líder deve ainda conhecer bem a organização e seus membros, sob pena de insucesso, caso não tenha também em conta as necessidades e capacidades do grupo. O modelo apresentado neste artigo, procura conciliar estas diversas variáveis tendo sempre em vista uma otimização da produtividade. As referências bibliográficas utilizadas incluem desde autores que falam de modelos tradicionais de organização dos cuidados a outros menos tradicionais ou inovadores. Houve ainda uma forte preocupação na consulta de artigos que destacam o papel do enfermeiro com formação superior (registered nurse), na gestão e prestação de cuidados centrados no paciente e relação estabelecida com este, assim como artigos relacionados com melhoria da qualidade dos cuidados, satisfação e dos resultados obtidos. Os restantes documentos consultados dão
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RECENSÃO CRÍTICA: Santos, V.; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Sousa, A. D. (2018) Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 128 - 136
contributos importantes no que respeita à estruturação e gestão dos serviços hospitalares na perspetiva da Enfermagem, na sua maioria publicados em periódicos relacionados com a área da saúde, em particular, da gestão em Enfermagem. Assim, atendendo à época e contexto em que o artigo elaborado, pode-se afirmar que as referências utilizadas e citações efetuadas refletem uma extensa pesquisa direcionada à temática em análise. O artigo em análise, é um artigo original, que relata implementação de um modelo de organização de cuidados de Enfermagem, o “”Quality-Caring Model”, conduzido pelos autores, no âmbito de uma parceria entre uma escola de Enfermagem (“School of Nursing, The Catholic University, Washington DC”) e uma Unidade hospitalar de cuidados agudos (“Holy Cross Hospital, Silver Spring, Maryland”), que tem como objetivo otimizar a gestão dos recursos humanos (enfermeiros) e melhorar a qualidade dos cuidados. O artigo encontra-se estruturado em 8 partes, para além do resumo, de um texto introdutório e as referências bibliográficas: “Process”, “Roles And Responsabilities of Professional Nurses”, “Caring Practices”, “Environment”, “Resource Allocation”, “Communication”, “Implementation e Evaluation” e “Conclusion”. É um texto bastante interessante, que começa por falar na evolução da organização do trabalho em Enfermagem, e seu enquadramento socioeconómico e profissional nos Estados Unidos da América, descrevendo qual o perfil prévio à implementação do modelo, na unidade hospitalar alvo. Na primeira parte é apresentada toda a metodologia do processo de implementação do novo modelo, estabelecendo qual deve ser o foco central deste. As cinco partes seguintes correspondem cada uma a elementos do modelo de organização dos cuidados, servindo cada uma destas para desenvolver o papel e influência destes no funcionamento deste. Na 7ª é descrito o processo de implementação e avaliação do modelo, consistindo a 8ª parte na conclusão do artigo que visa refletir acerca do trabalho efetuado e resultados obtidos. A linguagem e terminologia utilizada ao longo do texto é clara e objectiva, assim como a mensagem, apresentando ao longo do texto um encadeamento lógico, articulando os vários conceitos apresentados. O título do artigo científico é bastante claro e identifica objetivamente o enquadramento da temática e objetivo do artigo. O resumo apresentado no artigo é bastante elucidativo, apresentando claramente o ponto de partida para o trabalho efetuado, embora não apresente claramente o objetivo, preferindo centrar-se na metodologia do trabalho efetuado, como ponto de partida para uma organização do trabalho mais centrada em teorias da Enfermagem e que permita melhorar a qualidade dos cuidados. No pequeno parágrafo introdutório, é efetuada uma pequena introdução/enquadramento do tema, em que a autora salienta que “organizar o modo de prestação de cuidados é uma função de gestão, que inclui como as responsabilidades pelo atendimento ao paciente são atribuídas, como o trabalho é coordenado, as decisões clínicas são tomadas, a comunicação ocorre, os recursos são alocados e os objetivos são alcançados”
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(Duffy et al., 2007, pág. 546), constituindo estes os componentes essenciais dos modelos tradicionais de organização dos cuidados como: cuidados totais ao paciente, enfermagem funcional (trabalho por tarefa), Trabalho em equipa, enfermagem primária, gestão de caso. De acordo com Marquis & Huston (2017, pág.349), muitos dos novos modelos de organização dos cuidados são de certa forma reciclados, modificados ou renomeados a partir destes 5 modelos tradicionais. A autora reforça que existe alguma dificuldade em encontrar um modelo que seja “puro” e fiel à sua versão original, sem ter influências de outros modelos. Marquis & Huston (2017, pág.349), acrescenta ainda que a escolha de um modelo deve de ter em conta as competências e atributos da equipa, disponibilidade de recursos, população alvo (pacientes) e a natureza do trabalho a desenvolver. Duffy et al. (2007, pág. 546), vai ao encontro de Marquis & Huston (2017), ao referir que a implementação de determinado tipo de modelo é altamente influenciada por motivos financeiros, escassez de enfermeiros qualificados, levando a métodos de trabalhos pouco fundamentados em teorias da enfermagem, apesar da evidência dos seus benefícios. Flagg (2015, pág.76) refere que na maioria dos sistemas de saúde os enfermeiros são pressionados a fazer mais com menos, o que leva a uma organização de trabalho mais orientada pela tarefa e menos focada no paciente. No entanto (Duffy et al., 2007, pág. 546) cita estudos que revelam que existe evidência de que o aumento do número de Enfermeiros e da sua qualificação traduzem-se numa melhoria dos resultados para os pacientes (Aiken et al., 2002; Aiken et al. 2003; Needleman et al. 2002; citados por Duffy et al., 2007, pág. 546-547). A autora reforça ainda que uma prestação de cuidados mais ligada ao “cuidar” e menos orientada pela tarefa, leva a níveis de satisfação elevados para os pacientes e para os próprios profissionais, o que se tem traduzido nos últimos anos numa adoção de modelos baseados em teorias da enfermagem: “caring-based” ou “relationship-centered theories” (Watson, 2006; Koloroutis, 2004; citados por Duffy et al. 2007, pág. 547). Ainda assim a autora refere que existe pouca evidência do impacto destes modelos nos resultados (outcomes) dos pacientes. No entanto num estudo efetuado um ano antes, Brewer (2006, pág.648), contradiz esta última afirmação ao verificar que o cultivo de uma relação entre os profissionais de saúde e os pacientes demonstraram estar associados a melhores resultados de saúde. Posto isto, na 1ª parte do artigo (“Process”), é descrito pela autora que o “Holy Cross Hospital”, em colaboração com a Escola de Enfermagem, procuraram valorizar o papel vital da enfermagem ao responder às necessidades exclusivas dos pacientes e das famílias. A autora cita-se a si própria (Duffy & Hoskins, 2003), ao afirmar que o modelo “Quality-Caring” estabeleceu as bases para a prática profissional de enfermagem e forneceu a base para organizar a assistência ao paciente neste hospital de cuidados agudos de 352 camas. De fato Duffy & Hoskins (2003, pág.80) salientam que “o modelo reflete a tendência para a prática
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baseada em evidências enquanto simultaneamente representando a contribuição única da enfermagem para a qualidade cuidados de saúde”, sendo este bastante completo ao integrar fatores biomédicos e psico-socio-espirituais associados à qualidade dos cuidados. Duffy & Hoskins (2003, pág.80) reforçam ainda que a “base do modelo reside na crença filosófica de que a pessoa é um ser multicontextual ligado a um mundo pluralistico mais amplo”. As pessoas são vistas em relação e assim, são interdependentes com os outros. Nesta perspetiva, enfermeiros, pacientes, familiares, e outros prestadores de cuidados de saúde trabalham em parceria para efetuar mudanças positivas na saúde (adaptado de Duffy & Hoskins, 2003, pág.80). Inerente ao modelo é a busca contínua de evidências de que desde que estas possam de fato beneficiar pacientes e famílias. O modelo é fundamentado nas obras de Donabedian e Watson. Assim principal proposta do modelo é a de que "as relações caracterizadas pelo cuidado contribuem para os resultados positivos do paciente, da enfermeira e do sistema" (adaptado de Duffy & Hoskins, 2003, pág. 84), o que é consistente com a missão da organização e a filosofia da enfermagem (Duffy et al. 2007, pág. 547). Durante a segunda fase de projeto, uma equipa de projeto estratégico (composta por pessoal de enfermagem, especialistas clínicos e liderança) guiou-se por um conjunto de Princípios Orientadores para criar aspetos específicos do sistema de prestação de cuidados. Com a implementação da intervenção em grandes grupos, ocorreu mudança nos papéis de liderança; desde identificar e resolver problemas até permitir que o conhecimento coletivo do grupo emergisse, o que se traduziu em sucesso na facilitação e abertura do fluxo de ideias e, em última instância, revisões específicas na prática (adaptado de Duffy et al. 2007, pág. 547). Com base no trabalho da equipe, o modelo foi organizado usando 5 componentes. Duffy et al. (2007, pág. 548) considera como central a experiência/natureza holística do paciente/família como a autoridade para o cuidado recebido. Este aspeto remete-nos para a problemática dos cuidados centrados no paciente (patient centred care), que de acordo com Gluyas (2015, pág.51) busca o empoderamento do paciente e família e o reconhecimento das necessidades e preferências individuais. Por seu lado as expetativas dos pacientes estão em permanente evolução e esperam cada vez mais ser envolvidos nas decisões acerca do seu tratamento (adaptado de Conway et al., 2006; Royal College of General Practitioners, 2014; citados por Gluyas, 2015, pág. 51). A 2ª parte do artigo (“Roles And Responsabilities of Professional Nurses”) consiste no 1º componente e começa por reforçar que o trabalho dos enfermeiros deve ser focado em iniciar, cultivar e manter relações de cuidado com pacientes e familiares, bem como outros profissionais de saúde. Mais uma vez se verifica que este modelo vai de encontro à filosofia dos cuidados centrados no paciente, como reforça Gluyas (2015, pág.51), ao afirmar que estes se “apoiam numa relação profissional em que se reconhece e responde às necessidades do paciente (…) de forma interpretativa, onde se
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RECENSÃO CRÍTICA: Santos, V.; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Sousa, A. D. (2018) Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 128 - 136
determina o que é mais importante para o paciente em termos de valores e preferências”, sempre tendo em conta que apesar de buscar controlo, o paciente busca igualmente orientação para uma tomada de decisão partilhada (adaptado de Gawande, 2014, pág. 1). No contexto das relações de cuidado, os enfermeiros são individualmente responsáveis pelas decisões de intenção, competência e prática autónoma Duffy et al. (2007, pág. 549). A 3ª parte do artigo (“Caring Practices”), o 2º componente do modelo, aborda práticas específicas que ajudam os enfermeiros a se manterem focados nos relacionamentos e envolverem-se em interações frequentes com pacientes e familiares, o que efetivamente difere de outros modelos, pois acrescentam uma profundidade maior aos cuidados. Duffy et al. (2007, pág. 549) salienta que um exemplo de práticas de cuidado usadas neste sistema é a “interação intencional”, dedicada ao tempo gasto com pacientes e / ou famílias, o que permite o conhecimento mútuo e fomenta “relações autênticas”. A interação proposital pode ocorrer a qualquer momento, mas deve ocorrer pelo menos 5 minutos a cada 8 horas (Duffy et al., 2007, pág. 549), sendo que para pacientes muito jovens ou incapazes de conversar, o enfermeiro pode usar interação intencional com um membro da família ou sentar-se em silêncio com o paciente. Esta interação leva a um aumento na satisfação e nos resultados do paciente, com estudos a evidenciar uma diminuição nos re-internamentos, duração dos internamentos, mortalidade, bem como melhoria na gestão da doença crónica e uma diminuição global dos custos (adaptado de Charmel, 2009, citado por Gluyas 2015, pág.51). Na 4ª parte do artigo (“Environment”), o 3º componente do modelo, a autora apresenta o cuidado de enfermagem como sendo realizado dentro de um ambiente de proteção e cura. Existe preocupação com o tipo de luminosidade, locais para reflexão, obras de arte e frases inspiradoras, e controlo do ruído. Na 5ª parte do artigo e o 4º componente do modelo (“Resource Allocation”), é enfatizada a importância da enfermagem para resultados de saúde de qualidade. Duffy et al. (2007, pág. 549) reforça que o tempo de enfermagem gasto "na relação" é valorizado e as relações de cuidado são melhor cultivadas quando a continuidade é mantida. Foi aumentado o número de enfermeiros licenciados em relação ao pessoal não licenciado de acordo com as melhores evidências, e atendendo à duração média de internamento (4 dias) os enfermeiros optam por trabalhar em turnos de 8 ou 12 horas. Duffy et al. (2007, pág. 549) refere no entanto, que os enfermeiros que trabalham em turnos de 12 horas devem trabalhar 2 dias consecutivos e os enfermeiros que trabalham em turnos de 8 horas devem trabalhar pelo menos 3 dias seguidos. O resultado é que, em qualquer período de 24 horas, não é atribuído ao paciente mais do que 3 enfermeiros, e durante todo o internamento um paciente tem atribuído no máximo 8 enfermeiros. De fato esta distribuição dos mesmos enfermeiros para os mesmos pacientes potencia o trabalho que se vem a desenvolver, pois como refere Duffy et al. (2007, pág. 550), ao diminuir o número de
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enfermeiros com que um paciente contata durante a hospitalização, fomenta-se um relacionamento significativo com um grupo de enfermeiros que estão mais conscientes de suas necessidades e preferências, o que tende a se traduzir em melhores resultados e melhor qualidade dos cuidados. O 5º componente do modelo é apresentado na 6ª parte do artigo (“Communication”), centrase na necessidade de informações prontamente acessíveis e precisas. Duffy et al. (2007, pág. 550) salienta vários exemplos de tecnologia facilitadora da comunicação, como: um sistema informático com linguagem técnica embutida, telefones sem fio, “clipboards” personalizados com lembretes, contas de e-mail individuais e o acesso à literatura de enfermagem diretamente a partir da unidade de modo a ajudar na tomada de decisão clínica baseada em evidências. Na 7ª parte do artigo (“Implementation and Evaluation”), a autora fala da fase 3, em que uma abordagem de estudo piloto pré-teste pós-teste foi executada, e os indicadores de resultados foram escolhidos para avaliação. Duffy et al. (2007, pág. 550) apresenta indicadores de interesse do paciente (satisfação, dor, estado funcional) e enfermeiro (taxas de vagas, satisfação do enfermeiro). Ao fim de 3 meses, com aumento da satisfação do paciente em 2,71%, diminuição da dor em 33%, já o estado funcional do paciente permaneceu inalterado. Por outro lado o absentismo de enfermeiros passou de 22,1% para 18%, a satisfação aumentou 20% de 64% para 77%. Embora apenas preliminares, esses resultados foram utilizados para justificar a expansão para outras unidades hospitalares, embora seja necessária uma avaliação adicional, incluindo indicadores financeiros. (Duffy et al., 2007, pág. 550). Na última parte do artigo (“Conclusion”) a autora reforça que o modelo descrito não é prescritivo, mas usando princípios orientadores, permite flexibilidade no seu desenho para se adaptar em diferentes contextos. Efetivamente é um modelo que rentabiliza o “core” da enfermagem, o que o enfermeiro pode oferecer de diferente e que traz também algum valor acrescentado e qualidade aos cuidados, para além do trabalho técnico, que é geralmente o mais valorizado.
Conclusão A implementação deste tipo de modelo é interessante para o enriquecimento da enfermagem enquanto disciplina, e desde que se reúnam as condições económicas, é perfeitamente reproduzível com as devidas adaptações, podendo dar um contributo real para a satisfação das equipas e pacientes/família, com real valor acrescentado, para o sistema de saúde de modo geral. Trata-se de um modelo de cuidados centrados no paciente/família, que representa uma forte mudança no paradigma de cuidados e um passo em frente na excelência e qualidade, sendo precisa muita coragem e persistência para avançar, dado o impacto que implica na forma como os cuidados são prestados atualmente. A gestão deve seguir este
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RECENSÃO CRÍTICA: Santos, V.; Martins, C.; Pinto, D.; Silva, F.; Ferreira, L. & Sousa, A. D. (2018) Quality-Caring Model na organização dos Cuidados: Recensão Crítica, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 128 - 136
caminho, buscar a melhor eficiência e qualidade para os dois lados da equação (paciente e prestador) e este modelo confirma esse aspeto. Ficam no ar as seguintes questões: Poderá um sistema de saúde “sufocado” pelo controlo dos gastos, ter a abertura para implementar este tipo de modelo em detrimento de métodos de trabalho que possibilitem “fazer mais com menos”? Será este modelo realmente aplicável de forma universal, mantendo sempre um nível de desempenho que justifique o investimento associado?
Bibliografia Brewer, B. B., & Lincoln, J. C. (2015). Relationships Among Teams, Culture, Safety, and Cost Outcomes. Western Journal of Nursing Research Brewer / Transtheoretical Integration Model, 2001–2003. https://doi.org/10.1177/0193945905282303
Duffy, J. R., & Hoskins, L. M. (2003). The Quality-Caring Model: blending dual paradigms. ANS. Advances in Nursing Science, 26(1), 77–88. https://doi.org/10.1097/00012272200301000-00010
Duffy, JR, Baldwin, J, Mastorovich, M. (2007). Using the Quality Caring Model to organiz patient care delivery. Journal of Nursing Administration, 12(12), 546–511.
Flagg, A. J. (2015). The role of patient-centered care in nursing. Nursing Clinics of North America, 50(1), 75–86. https://doi.org/10.1016/j.cnur.2014.10.006
Gawande, A. (2015). Being Mortal: Illness, Medicine, and What Matters in the End, by Atul Gawande. Anthropology & Medicine, 1–3. https://doi.org/10.1080/13648470.2015.1096603
Gluyas, H. (2015). Patient-centred care: improving healthcare outcomes. Nursing Standard, 30(4), 50–57. https://doi.org/10.7748/ns.30.4.50.e10186 Marquis, B. & Huston, C. (2017). Leadership Roles and Management Functions in Nursing – Theory and Application. (9th ed.) Philadelphia: Wolters Kluwer Sullivan, E. (2017). Effective Leadership Management in Nursing. (9th ed.) Boston: Pearson Tomey, A. (2009). Nursing Management and Leadership. (8th ed.) St. Louis: Mosby Elsevier
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Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142 REVISÃO SISTEMÁTICA: Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142
Revisão Sistemática
Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade Communication with the person with incapacity: Protocol of communication with elderly people dependent on self-care, a strategy of Psychomotricity
Comunicación con la persona con discapacidad: Protocolo de comunicación con ancianos dependientes de autocuidado, una estrategia de la Psicomotricidad Ana Freitas; Fabienne Ramos; Joana Luz; Pedro Galhanas; José Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: fabienne.1997@hotmail.com Resumo Objetivo: Determinar como a comunicação é utilizada, pela psicomotricidade, para estabelecer relação terapêutica com pessoas idosas necessitadas de autocuidado. Metodologia: Revisão sistemática de literatura por pesquisa na EBSCO e Scholar Google, realizada com base nas palavras chaves: autocuidado e comunicação. A pesquisa resultou em cinco artigos que foram eleitos para análise. Resultados: Após uma análise dos artigos recolhidos, conseguiu-se obter informação de como a comunicação é uma ferramenta indispensável para o psicomotricista no estabelecimento da relação terapêutica, através da forma de como este se expressa. Conclusões: A relação terapêutica, estabelecida através do diálogo tónico-emocional entre o paciente e o terapeuta, permite promover o sua autoconfiança e autoestima, promovendo assim o bem-estar geral do paciente e a sua qualidade de vida. Palavras-chave: Autocuidado, comunicação, dependente, incapacidade, psicomotricidade.
Abstract Objective: To determine how communication is used by psychomotricity to establish a therapeutic relationship with elderly people in need of self-care. Methodology: Systematic review of literature by research in EBSCO and Google Scholar, carried out based on the key words: self-care and communication. The search resulted in five articles chosen for analysis. Results: After an analysis of the collected articles, we were able to obtain information on how communication is an indispensable tool of the psychomotricist in establishing the therapeutic relationship through the way in which it is expressed. Conclusions: The therapeutic relationship, established through the tonic-emotional dialogue between the patient and the therapist, allows to promote their self-confidence and self-esteem, thus promoting the patient's general well-being and quality of life. Key words: Self-care, communication, dependent, disability, psychomotricity.
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142
Resumen Objetivo: Determinar cómo la comunicación es utilizada, por la psicomotricidad, para establecer relación terapéutica con personas ancianas necesitadas de autocuidado. Metodología: Revisión sistemática de literatura por investigación en EBSCO y Scholar Google, realizada sobre la base de las palabras clave: autocuidado y comunicación. La investigación resultó en cinco artículos que fueron elegidos para el análisis. Resultados: Después de un análisis de los artículos recogidos, se logró obtener información de cómo la comunicación es una herramienta indispensable para el psicomotricista en el establecimiento de la relación terapéutica, a través de la forma de cómo éste se expresa. Conclusiones: La relación terapéutica, establecida a través del diálogo tónico-emocional entre el paciente y el terapeuta, permite promover su autoconfianza y autoestima, promoviendo así el bienestar general del paciente y su calidad de vida. Palabras clave: Autocuidado, comunicación, dependiente, incapacidad, psicomotricidad.
Introdução e fundamentação A comunicação é a base das relações entre indivíduos, permitindo transmitir informação entre si. Todos os seres humanos são capazes de comunicar, utilizando, para tal, sistemas de referência próprios da situação sociocultural dos mesmos (Oliveira Silva, Souza & Tavares, 2007). Segundo Oliveira Silva, Souza & Tavares, são necessários os seguintes elementos para a execução desta competência, linguística, habilidade de formar frases, reconhecer, produzir e emitir sons e significados, paralinguística (habilidade de construir algumas características do significante), proxémica (capacidade de diversificar as atitudes espaciais e as distâncias interpessoais), executiva (aptidão de empregar ou não o ato comunicativo), pragmática (capacidade de utilizar ou não os signos linguísticos) e sociocultural, incluindo a habilidade de identificar situações sociais e as relações entre os papéis exercidos (Oliveira Silva, Souza & Tavares, 2007). Entende-se como autocuidado o conjunto de atividades iniciadas e executadas pela própria pessoa, ao longo do ciclo de vida, e cujo objetivo é a manutenção da sua própria vida, saúde e bem-estar. Existem fatores, endógenos ou exógenos, tais como as doenças crónicas, acidentes e o envelhecimento, que desencadeiam dependência e que levam as pessoas a perderem a capacidade de cuidar de si próprias (Ribeiro & Pinto, 2014). É importante a identificação do tipo e do grau de dependência no autocuidado, para que mais facilmente sejam planeados os cuidados individualizados, bem como intervenções realistas e adequadas às necessidades de cada pessoa (Ribeiro & Pinto, 2014).
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Para além do envelhecimento e das doenças crónicas, os acidentes rodoviários e de
trabalho, têm contribuído para o aumento de pessoas dependentes no autocuidado. Qualquer individuo adulto e saudável possui a capacidade de se auto cuidar (Ribeiro & Pinto, 2014). No
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142
entanto, por motivos de doença, idade, estado de desenvolvimento, falta de recursos ou fatores ambientais, a necessidade de autocuidado do individuo pode-se tornar superior à sua capacidade de o realizar. Um défice nesta capacidade pode requerer a ajuda de outros ou de equipamento específico para satisfazer as suas necessidades básicas, tais como a alimentação, higiene e vestuário (Ribeiro & Pinto, 2014). Tendo em conta o facto de que futuramente os membros do grupo irão trabalhar com pessoas dependentes de autocuidado, resolveu-se escolher este tema. Assim, pretende-se determinar a influência da comunicação no estabelecimento de relação com pessoas idosas necessitadas de autocuidado.
Metodologia A metodologia usada foi uma revisão sistemática da literatura. Realizaram-se várias pesquisas na EBSCO, tendo como palavras chave autocuidado e comunicação. Selecionaram-se cinco artigos, segundo os conteúdos de interesse do tema abordado. Da análise destes artigos surgiram conceitos e informações que foram analisados e permitiram a chegada a algumas considerações finais.
Análise dos resultados A Psicomotricidade e o idoso Segundo Fernandes (2014), a Gerontopsicomotricidade assenta em quatro características específicas que a delimitam com práxis terapêutica de mediação corporal. Características essas que envolvem patologias associadas ao envelhecimento, como demência, patologias somáticas, problemas neurológicos e AVC e características com o propósito de ajudar o idoso a adquirir novas perceções e representações do seu corpo real e imaginário. A gerontopsicomotricidade também se baseia na relação entre o terapeuta e o idoso, na criação de empatia e estabelecimento de um bom diálogo tónico-emocional, através da linguagem corporal, e da construção da relação terapêutica (Fernandes, 2014). As atividades em que é usado o corpo real e imaginário, procuram colmatar os problemas físicos e psicológicos que o idoso ostenta, como os problemas da marcha que podem levar a uma alteração na imagem corporal. Para este autor, é necessário renarcisar o corpo do idoso para que este volte a habitá-lo e isto acontece, principalmente, no decurso do estabelecimento do diálogo tónico-emocional (Fernandes, 2014).
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142
Com estas atividades, educa-se o corpo a conviver com o mundo exterior, o que permite, ao idoso, aprender hábitos que desenvolvam competências a nível neuromotor. Para além do desenvolvimento de competências a nível neuromotor, é ativado o funcionamento das capacidades psíquicas (sensações, perceções, representações, memória, simbolização, atenção, orientação e linguagem). Deste modo, há um progresso a nível afetivo, cognitivo e motor (Galvani, 2014). Levy e Vasconcelos (2017), referem que a gerontopsicomotricidade tem como fundamento a manutenção das capacidades funcionais, potenciando as capacidades já adquiridas. Por outro lado, esta área do saber procura defrontar algumas limitações físicas e perdas e estimular o autocuidado, através da evolução das rotinas pessoais de saúde. Posto isto, o idoso irá questionar-se sobre as suas atitudes e, naturalmente, terá mais propensão a adaptar-se a todas as mudanças inerentes ao envelhecimento. Para Galvani (2014), a intervenção psicomotora no idoso conduz a uma tomada de consciência e ao aproveitamento do seu corpo, não só pela sua funcionalidade, mas também pela sua capacidade de expressão. Em psicomotricidade, é necessário compreender de forma alargada a relação entre os conceitos de pensamentos e ações e quais as suas influências na vida quotidiana. Durante a intervenção, realizam-se atividades que permitam despertar os sentidos (perceção sensorial) para que o idoso possa revivenciar algum momento da sua vida e relacioná-la com a sensação corporal que está atualmente a experienciar (Galvani, 2014). Este ressurgir das memórias passadas reflete aquilo que o idoso aprendeu com o seu contacto com o mundo e como formou a sua individualidade, independência e autonomia (Galvani, 2014). Estas atividades potenciam a sequenciação e restruturação do pensamento lógico e da linguagem, reativando a memória (Galvani, 2014). A realização de relaxação é importante, uma vez que a ansiedade e depressão associadas à velhice, impossibilitam o idoso de memorizar certas aprendizagens (Galvani, 2014). A relaxação promove a regulação tónica, a reestruturação da imagem corporal, a consciência do corpo e dos seus limites e a diminuição de estados ansiosos e depressivos (Galvani, 2014). Assim, a psicomotricidade pode ser aplicada de forma preventiva, conseguindo conservar a tonicidade funcional, a imagem positiva do corpo, o controlo postural flexível, a integração e prolongamento de praxis ideomotoras e a organização espácio-temporal e adaptá-las àquilo que os idosos necessitam. Deste modo, os idosos escapam ao isolamento, à dependência, à estagnação, à apatia, ao afastamento, fazendo com que esta fase da vida tenha a dignidade que merece (Fonseca, 2017).
Considerações finais
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142
Sabe-se que a comunicação é uma base muito importante de relação entre os individuos. Existem várias formas de comunicação para além da linguística, como a habilidade de formar frases; reconhecer, produzir e emitir sons e significados; a paralinguística; a proxémica e a pragmática. É neste âmbito que a psicomotricidade, através da mediação corporal, tem um papel importante no que diz respeito ao autocuidado. O autocuidado caracteriza-se como um conjunto de atividades executadas pela própria pessoa, ao longo do ciclo de vida e cujo objetivo é a manutenção da própria vida, saúde e bem-estar. É comum que durante o processo de evelhecimento ocorra uma perda gradual das capacidades de autocuidado. Com o intuito de minimizar as sensações de desconforto, mau estar ou frustração, que possam surgir no idoso ao precisarem de recorrer a ajuda no que diz respeito às actividades das suas necessidades básicas, que promover o investimento pessoal e a auto estima é importante e necessário. Uma das mais importantes ferramentas de comunicação utilizadas na psicomotricidade é a relação terapêutica que promove, para além de uma melhor comunicação, o diálogo tónico-emocional. O diálogo tónico-emocional promove a relação entre o idoso e o terapeuta e é essencial à criação de empatia entre ambos, o que promove o bem-estar geral do idoso e consequentemente a valorização das suas próprias capacidades. É importante renarcisar o corpo do idoso para que este volte a habitá-lo e isto é possível no decurso do estabelecimento do diálogo tónico-emocional. A intervenção psicomotora permite ao idoso uma tomada de consciência do seu corpo e de todas as suas alterações e adaptações, proporcionando, para além da noção de todas as suas funcionalidades, a capacidade de comunicação, através da expressão.
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Freitas, A. et al (2018) Comunicação com a pessoa com incapacidade: Protocolo de comunicação com idosos dependentes de autocuidado, uma estratégia da Psicomotricidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 137 - 142
envelhece com qualidade de vida. Dissertação de Mestrado em Gerontologia Social. São Paulo, Brasil.
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
Artigo Original
Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório Proposal of Structured Intervention of Rehabilitation Nursing for the Elderly People with respiratory disorder Propuesta de Intervención estructurada de los cuidados de enfermería de rehabilitación para las personas de edad avanzada con alteración del foro respiratorio Jéssica Gomes1, Mónica Amaro 2; César Fonseca3; Vítor Santos3 1
Licenciatura em Enfermagem. Mestranda do Curso de Mestrado em Enfermagem – Especialidade em Enfermagem de
Reabilitação. ULSLA Ortopedia, 2 Licenciatura em Enfermagem. Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem de Reabilitação. ULSLA Medicina B, 3 PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal, 4 CNS, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Portugal.
Corresponding Author: jjgomes120@gmail.com RESUMO Objetivo: Com este estudo pretende-se desenvolver competências na área de Enfermagem de Reabilitação com pessoas com alterações do foro respiratório e défice do autocuidado.Métodos: Estudo descritivo cujos participantes são utentes internados no Serviço de Medicina B do HLA, com alterações da função respiratória e do autocuidado, alvos de cuidados de enfermagem de reabilitação com potencial de recuperaçãoResultados: A implementação de um programa de Reeducação Funcional Respiratório demonstrou ganhos a nível dos Autocuidados e da Funcionalidade.Conclusão: foram realizadas intervenções junto de diferentes pessoas com diferentes patologias respiratórias e com diferentes idades. Devido à sua condição patológica, a sua capacidade para a execução dos autocuidados de forma independente encontrava-se diminuída. Com base nas necessidades identificadas foram concebidos planos de intervenção especializados e individualizados de forma a desenvolver competências especificas de Enfermagem de Reabilitação. Palavras-chave: Autocuidado, Funcionalidade, Envelhecimento, Idosos e Resultados Sensíveis aos Cuidados de Enfermagem.
Abstract Objective: This study intends to develop skills in the area of Rehabilitation Nursing with people with respiratory disorders and self-care deficit. Methods: Descriptive study whose participants are hospitalized in the medical service B in the HLA (Litoral Alentejano Hospital), with alterations in the respiratory functions and self-care, targets of rehabilitative nursing care,with recovery potential. Results: The implementation of a functional respiratory re-education program, demonstrated gains in self-care and functionality. Conclusion: Interventions were performed with different people with different respiratory diseases and with different ages. Due to their pathological condition, the ability to perform self-care independently was diminished. Based on identified needs, specialized and individualized intervention plans were designed to develop specific competencies in rehabilitation nursing. Keywords: Self Care, Functionality, Aging, Elderly and Sensitive Nursing Care Results.
RESUMEN
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
Objetivos: Con este estudio se pretende desarrollar competencias en el área de Enfermería de Rehabilitación con personas con alteraciones del foro respiratorio y con déficit del autocuidado. Métodos: Estudio descriptivo cuyos participantes son pacientes internados en el Servicio de Medicina B del HLA con alteraciones de la función respiratoria y de autocuidado,que son objetos de cuidado de los enfermeros de rehabilitación con potecial de recuperación. Resultados: La implementación de un programa de Reeducación Funcional Respirarorio demostró mejorías a nivel de los autocuidados y de las funciones. Conclusión: Fueron realizadas intervenciones a diferentes personas con diferentes patologías respiratorias y con diferentes edades.Debido a sus condición patológica,a su capacidad de forma independiente que se encontraba disminuida.Con base en las necesidades identificadas fueron concebidos planes de intervención especializados e individualizados con el propósito de desarrollar competencias específicas de enfermería de rehabilitación. Palabras-clabe: Autocuidado, Funcionalidad, Envejecimiento, Ancianos y Resultados Sensibles a los cuidados de enfermería.
INTRODUÇÃO No âmbito da Unidade Curricular Estágio em Enfermagem de Reabilitação do Curso de Mestrado em Enfermagem – Especialidade em Enfermagem de Reabilitação é apresentado o Projeto de Estágio a desenvolver entre 14 de maio e 21 de junho de 2018 no serviço de Medicina B do Hospital do Litoral Alentejano (HLA), pertencente à Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA). O serviço onde decorrerá este Estágio de Reeducação Funcional Respiratória cuida de pessoas com diferentes graus de dependência e com diferentes idades, sendo a mais frequente a população idosa. As patologias mais comuns são as metabólicas, respiratórias, oncológicas e cerebrovasculares. O Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Reabilitação (EEER) é o profissional com competência científica, técnica e humana para prestar cuidados gerais e especializados baseados nos problemas reais e potenciais das pessoas, assim como realizar intervenções terapêuticas ao nível das funções neurológicas, respiratória, cardíaca, ortopédica e outras situações potencializadoras de incapacidade (Regulamento nº125/2011). As limitações das pessoas com doenças respiratórias são muitas, pelo que os cuidados de Reabilitação Respiratória são essenciais na prestação de cuidados e são já reconhecidos como benéficos no prognóstico da doença, na diminuição das exacerbações e consequente diminuição da utilização dos serviços de urgência (Ordem dos Enfermeiros (OE), 2018). É competência do EEER dar resposta às limitações provocadas pelas doenças respiratórias, em situação aguda ou crónica e em contexto hospitalar ou domiciliário (OE, 2018). O exercício profissional de Enfermagem centra-se na relação ente o profissional e o utente e a família/comunidade onde este se insere, contribuindo assim para a promoção da saúde. Desta forma, a tomada de decisão deve ser sistémica e sistemática tendo em conta os
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
problemas/necessidades reais identificados ou de forma a identificar precocemente problemas potenciais e evitar riscos, ajudando os utentes a atingir a sua máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível (OE, 2012). CONCEITOS Queirós (2010), afirma que a necessidade da pessoa relativamente aos seus autocuidados se pode alterar, quer na capacidade autónoma para as satisfazer, quer na necessidade de apoio em situações de transição que possam surgir. Orem (2001), define autocuidado como “a prática de atividades que favorecem o aperfeiçoamento e amadurecem as pessoas que a iniciam e desenvolvem dentro de espaços de tempo específicos, cujos objetivos são a preservação da vida e o bem-estar pessoal”. Esta autora propõe entre 1959-1985 a Teoria do Défice do Autocuidado de Enfermagem centrada no autocuidado. Esta autora considera que a sua teoria é composta por três sub-teorias inter-relacionadas que são: a Teoria do Autocuidado, a Teoria do Défice do Autocuidado e a Teoria dos Sistemas de Enfermagem (Queirós et al., 2014). A Teoria do Autocuidado descreve a razão pela qual as pessoas tomam conta de si próprias. Esta teoria permite compreender a ação benéfica da enfermagem quando as pessoas apresentam limitações que condicionam o desempenho das suas ações (Tomey & Alligood, 2002). No entanto, como descreve Queirós et al (2014), é necessário que haja um equilíbrio entre o excesso e a carência de cuidado para que a pessoa se consiga autocuidar. A Teoria do Défice do Autocuidado explica a razão pela qual a enfermagem pode ajudar as pessoas quando as exigências associadas à ação do autocuidado são superiores à capacidade da pessoa para as executar devido a limitações que as deixam parcial ou completamente incapazes de cuidar de si (Tomey & Alligood, 2002). A Teoria dos Sistemas de Enfermagem descreve e explica as relações que têm de ser criadas e mantidas para que se produza enfermagem (Tomey & Alligood, 2002). Segundo Doran (2011), os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem são definidos como cuidados de enfermagem direcionados para as necessidades expressas pelo utente ou pela comunidade com impacto na funcionalidade, autocuidado, gestão de sintomas, segurança/ocorrências adversas, satisfação do utente, a mortalidade e a utilização dos serviços de saúde. Donabedian (2003), relaciona as variáveis do utente (idade, género, educação, doença e co-morbilidades) e dos enfermeiros (nível de ensino e experiência, rácios, organização e carga de trabalho) com este processo. Com este estudo pretende-se desenvolver competências na área de Enfermagem de Reabilitação com pessoas com alterações do foro respiratório e défice do autocuidado.
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
METODOLOGIA O presente estudo classifica-se como descritivo com uma amostra de conveniência com pessoas selecionadas com base na patologia de interesse para o autor. Para a sua realização foi utilizada a Teoria de Médio Alcance de Manuel Lopes (2006) e a Metodologia de Estudo de Caso de Robert Yin (2003). Na prestação de cuidados de saúde, a relação entre o profissional e o utente é descrita como essencial. Na Enfermagem, essa relação assume um papel particularmente importante por duas razões: o tempo que os enfermeiros passam com os utentes e o grau de intimidade que muitas vezes estas relações atingem, quer para o utente, quer para o enfermeiro (Lopes, M. 2006). Com base na metodologia apresentada por Lopes, M. (2006), existem dois grandes conceitos que caracterizam a relação entre o enfermeiro e o utente: a avaliação diagnóstica e a intervenção terapêutica. Na avaliação diagnóstica, o enfermeiro recolhe informações relativas ao utente, quer através do seu processo clínico, quer de uma entrevista ao utente onde percebe essencialmente qual o seu conhecimento, as suas preocupações e as suas capacidades e estratégias. Nesta fase, estabelece-se o início da relação. Passada a avaliação diagnóstica, segue-se a intervenção terapêutica em que se iniciam os tratamentos e na qual existe uma reavaliação da ação constante, de forma a adaptar os cuidados prestados. Esta Relação vem também descrita no Regulamento do Perfil de Competências do Enfermeiro de Cuidados Gerais (OE, 2012), como o centro do exercício profissional de enfermagem, sendo que a relação terapêutica se caracteriza pela parceria estabelecida com o utente para a prestação dos cuidados, no respeito pelas suas capacidades. A recolha de dados foi realizada entre 14 de maio e 15 de junho de 2018 através da consulta dos processos clínicos, dos planos de cuidados e da utilização dos instrumentos Elderly Nursing Core Set (ENCS) (Fonseca & Lopes, 2012) e Medida de Independência Funcional (MIF) (Direção Geral de Saúde (DGS), 2011) para avaliar a funcionalidade dos utentes. Segundo Fonseca, C. et al. (2017), a ENCS é uma escala composta por 25 itens sensíveis os cuidados de enfermagem, que permite avaliar as necessidades de cuidados de enfermagem e os avaliar os resultados decorrentes do plano de reabilitação implementado. Esta escala permite avaliar quatro fatores: Autocuidado, Aprendizagem e Funções Mentais, Comunicação e Relação com Amigos e Cuidadores.
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
O conceito do Autocuidado integra doze indicadores: lavar-se, vestir-se, cuidar de partes do corpo, deslocar-se utilizando algum tipo de equipamento, andar, realizar a rotina diária, manter a posição do corpo mudar a posição básica do corpo, cuidados relacionados com os processos de excreção, utilização da mão e do braço, beber e comer. O conceito de Aprendizagem e Funções Mentais é constituído por seis indicadores: funções emocionais, funções da orientação, funções da atenção, funções da memória, funções da consciência e funções cognitivas de nível superior. O conceito de Comunicação é constituído por quatro indicadores: falar, conversação, comunicar e receber mensagens orais e relacionamentos familiares. Por último, o conceito de Relação com Amigos e Cuidadores é constituído por três indicadores: prestadores de cuidados pessoais e assistentes pessoais, profissionais de saúde e amigos (Fonseca, C. et al., 2017). A MIF (DGS, 2011), permite realizar uma avaliação da capacidade funcional com o objetivo de estabelecer um plano de reabilitação individual. Este instrumento permite avaliar as restrições funcionais para a realização de tarefas motoras e cognitivas da vida diária através de seis dimensões (18 itens), nomeadamente: autocuidado, controlo de esfíncteres, mobilidade, locomoção, comunicação e consciência do mundo exterior. Cada item é avaliado de 1 a 7, correspondendo, respetivamente, à dependência total e à independência completa. Os níveis de dependência são classificados de acordo com a pontuação total da MIF: 18 dependência completa; 19 a 60 - dependência modificada (assistência de até 50% das tarefas); 61 a 103 - dependência modificada (assistência de até 25% das tarefas); e 104 a 126 - independência completa/modificada (Assis et al., 2015). Participantes do Estudo de Caso A População-alvo deste estudo foram utentes internados no Serviço de Medicina B do HLA, com alterações da função respiratória e do autocuidado, alvos de cuidados de enfermagem de reabilitação com potencial de recuperação. Foi realizada uma caracterização sociodemográfica dos participantes, tendo em conta a idade, o género, a nacionalidade, o estado civil, o agregado familiar, o nível de escolaridade e a profissão. Estes utentes são representados pelas letras A1, A2 e A3.
Idade
A1 57A
A2 56A
A3 70A
Género
Masculino
Feminino
Feminino
Nacionalidade
Portuguesa
Francesa
Portuguesa
Estado Civil
Solteiro
Casada
Casada
Agregado Familiar
Vive só
Vive com o marido
Vive com o marido
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
Nível de Escolaridade Profissão
Analfabeto
Ensino Superior
4º ano
Reformado
Operária fabril
Reformada
Quadro 1 - Descrição Sociodemográfica dos participantes.
RESULTADOS Primeiramente será feita uma breve descrição dos casos, consoante descrito pela metodologia de estudo de caso de Yin, R. (2003). Assim sendo, Estudo de Caso A1: Utente com 57 anos de idade, do sexo masculino, solteiro, reformado por invalidez, com capacidade para realizar os autocuidados mantida antes do internamento. Residia sozinho, mas tinha apoio do irmão. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de febre com um dia de evolução, dispneia e tosse produtiva com expetoração mucopurulenta com uma semana de evolução. Fica internado no serviço de Medicina B com o diagnóstico de Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) bilateral. Na avaliação inicial, o utente encontrava-se no 2º dia de internamento. Apesar de apresentar dificuldade na compreensão dos ensinos, progressivamente com a repetição e demonstração dos mesmos, foi conseguindo alcançar resultados positivos no seu processo de reabilitação. Foram realizadas duas avaliações, uma inicial no início do internamento e outra final após a aplicação do programa pelo EEER, recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e à MIF (DGS, 2011), conforme demonstrado no quadro seguinte: Escala
Indicadores Funcionalidade Autocuidado
Escala ENCS
Aprendizagem e funções da memória Comunicação
Relação com amigos e familiares Auto- Cuidados
Avaliação Inicial Problema Moderado 25 % Problema Moderado 29% Problema Ligeiro 21%
Avaliação após intervenção de ER Problema Ligeiro 10% Problema Ligeiro 10% Problema Ligeiro 21%
Problema Moderado 25%
Problema Moderado 25%
Problema Ligeiro 17% 25
Problema Ligeiro 17% 32
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
Escala MIF
Controlo dos Esfíncteres Mobilidade Locomoção Comunicação Consciência do Mundo exterior Total
14
14
12 4 8 15
21 6 8 15
78
96
Quadro 2 - Avaliação do utente A1 segundo a Escala ENCS e MIF. O utente apresentava dificuldade na realização dos autocuidados por apresentar dispneia de esforço. Com a aplicação das intervenções pelo EEER, foi possível observar um ganho significativo na sua capacidade para os realizar, havendo uma diminuição da limitação no autocuidado de 29% (problema moderado) para 10% (problema ligeiro), o que no total se traduziu num ganho de funcionalidade de 15% na Escala ENCS (Fonseca e Lopes, 2014). Também na MIF (DGS, 2011) foi possível observar ganhos nos Autocuidados, Mobilidade e Locomoção, o que se traduziu num ganho total de 18 pontos. Estudo de Caso A2: Utente com 56 anos de idade, do sexo feminino, casada, operária fabril (estofadora), frequentou ensino superior. Capacidade para realizar os autocuidados mantida antes do internamento. Residia com o marido e intercalava períodos de permanência em França com Portugal. Recorreu ao Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Barreiro- Montijo por quadro de febre e dispneia com tosse não produtiva e dor pleurítica à esquerda. Foi transferida para o Hospital da área de residência, onde ficou internada no serviço de Medicina B com o diagnóstico de PAC extensa à esquerda. Na avaliação inicial, a utente encontrava-se no 3º dia de internamento. Apresentava motivação e empenho nos ensinos e, progressivamente foi conseguindo alcançar resultados positivos no seu processo de reabilitação. Foram realizadas duas avaliações, uma inicial no início do internamento e outra final após a aplicação do programa pelo EEER, recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e à MIF (DGS, 2011), conforme demonstrado no quadro seguinte:
Escala
Escala ENCS
Indicadores Funcionalidade Autocuidado
Avaliação Inicial Problema ligeiro 11% Problema Moderado 29%
Avaliação após intervenção de ER Não há problema 0% Não há problema 4%
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Escala MIF
Aprendizagem e funções da memória Comunicação Relação com amigos e familiares Auto- Cuidados Controlo dos Esfíncteres Mobilidade Locomoção Comunicação Consciência do Mundo exterior Total
Não há Problema 0%
Não há problema 0%
Não há Problema 0% Não há Problema 0%
Não há problema 0% Não há problema 0%
26 14
42 14
12 4 14 21
21 6 14 21
91
118
Quadro 3 - Avaliação do utente A2 segundo a Escala ENCS e MIF. A utente apresentava dificuldade na realização dos autocuidados por apresentar dispneia de esforço e dor pleurítica à esquerda que limitava os movimentos. Com a aplicação das intervenções pelo ER e controlo álgico, foi possível observar um ganho significativo na sua funcionalidade de 11%, segundo a Escala ENCS (Fonseca e Lopes, 2014). Este ganho foi demonstrado essencialmente a nível dos autocuidados em que houve uma diminuição da limitação de 29% (problema moderado) para 4% (não há problema). Na MIF (DGS, 2011), foi possível observar também ganhos a nível dos Autocuidados, Mobilidade e Locomoção, o que se traduziu num ganho total de 27 pontos. Estudo de Caso A3: Utente com 70 anos de idade, do sexo feminino, casada, reformada, com capacidade para realizar os autocuidados mantida antes do internamento. Residia com o marido. Recorreu ao Serviço de Urgência Básica da área de residência por febre com alguns dias de evolução acompanhada por dispneia. Neste mesmo dia foi encaminha para o Serviço de urgência, onde teve alta hospitalar. Recorre novamente ao Serviço de Urgência do HLA três dias depois por agravamento da sintomatologia, ficando internada no serviço de Medicina B com o diagnóstico de PAC bilateral com derrame pleural bilateral. Na avaliação inicial, a utente encontrava-se no 1º dia de internamento. Apresentava motivação e empenho nos ensinos e progressivamente foi conseguindo alcançar resultados positivos no seu processo de reabilitação. Foram realizadas duas avaliações, uma inicial no início do internamento e outra final após a aplicação do programa pelo EEER, recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) e à MIF (DGS, 2011), conforme demonstrado no quadro seguinte:
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Escala
Escala ENCS
Escala MIF
Indicadores
Avaliação Inicial
Avaliação após intervenção de ER Problema 5% Problema ligeiro 13%
Funcionalidade Autocuidado
Problema ligeiro 16% Problema Moderado 40%
Aprendizagem e funções da memória Comunicação
Não há Problema 0%
Não há Problema 0%
Não há Problema 0%
Não há Problema 0%
Relação com amigos e familiares Auto- Cuidados Controlo dos Esfíncteres Mobilidade Locomoção Comunicação Consciência do Mundo exterior Total
Não há Problema 0%
Não há Problema 0%
19 14
42 14
9 4 14 21
15 6 14 21
81
112
Quadro 4 - Avaliação do utente A3 segundo a Escala ENCS e MIF. A utente apresentava dificuldade na realização dos autocuidados por apresentar dispneia de esforço. Com a aplicação das intervenções pelo EEER, foi possível observar um ganho significativo na sua funcionalidade de 11% na Escala ENCS (Fonseca e Lopes, 2014). Estes ganhos foram demonstrados a nível dos Autocuidados em que houve uma diminuição da limitação em 27%, o que se traduziu numa passagem de problema moderado para ligeiro. Também na MIF (DGS, 2011), foi possível observar ganhos a nível dos Autocuidados, Mobilidade e Locomoção, o que representou um ganho total de 31 pontos.
DISCUSSÃO Seguindo-se a metodologia de estudo de caso de Yin, R. (2003), segue-se a fase de congregar os resultados obtidos através da avaliação dos utentes. Estudo de Caso A1
Escala
Intervenção Inicial
Intervenção Final
ENCS
Funcionalidade 25% Autocuidado 29%
Funcionalidade 10% Autocuidado 10%
Ganhos por Parâmetro 15% 19%
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MIF
A2
ENCS
MIF
A3
Global dos Casos
ENCS
MIF ENCS MIF
Aprendizagem e funções da memória 21% Comunicação 25% Relação com amigos e familiares 17% 78 Funcionalidade 11% Autocuidado 29% Aprendizagem e funções da memória 0% Comunicação 0% Relação com amigos e familiares 0% 91 Funcionalidade 16% Autocuidado 40% Aprendizagem e funções da memória 0% Comunicação 0% Relação com amigos e familiares 0% 81 14% 83
Aprendizagem e funções da memória 21% Comunicação 25% Relação com amigos e familiares 17% 96 Funcionalidade 0% Autocuidado 4% Aprendizagem e funções da memória 0% Comunicação 0% Relação com amigos e familiares 0% 118 Funcionalidade 5% Autocuidado 13% Aprendizagem e funções da memória 0% Comunicação 0% Relação com amigos e familiares 0% 112 7% 109
0% 0% 0% 18 11% 25% 0% 0% 0% 27 11% 27% 0% 0% 0% 31 -------------------------
Quadro 5 - Avaliação dos ganhos segundo a Escala ENCS e MIF.
Ao avaliar os resultados obtidos é possível observar que todos os participantes obtiveram ganhos. De uma forma geral, em todos os Estudos de Caso houve ganhos essencialmente a nível dos Autocuidados na Escala ENCS (Fonseca e Lopes, 2014) em 24%, o que representou uma diminuição do défice de 14% para 7%. Na Escala MIF (DGS, 2011) houve um aumento da capacidade funcional de 83 para 109.
Para que tal fosse possível, foram implementadas intervenções de enfermagem de reabilitação que potencializaram os domínios sensíveis aos parâmetros avaliados consoantes os focos de atenção identificados, segundo a OE, (2018), nomeadamente:
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Estudo de Caso
Focos de Atenção Identificados Ventilação Ineficaz A1
Dispneia de esforço Tosse Expetoração Ventilação Ineficaz
A2
Dispneia de esforço Tosse
A3
Ventilação Ineficaz Dispneia de esforço
Quadro 6 – Identificação dos Focos de Atenção. Consoante os focos identificados foram aplicadas diversas intervenções com o objetivo de melhorar os desequilíbrios da relação entre ventilação e perfusão de forma a maximizar a capacidade funcional da pessoa e prevenir complicações. A primeira técnica a ser executada nos programas de reabilitação respiratória implementados foi o controlo e dissociação dos tempos respiratórios, de forma a que os utentes pudessem ter controlo e uma melhor coordenação dos músculos respiratórios (Cordeiro & Menoita, 2012). Esta técnica foi aplicada duas vezes por dia (de manhã e após o almoço) durante cerca de 10minutos. Associada a esta técnica foi associada a expiração com os lábios semicerrados para diminuir o trabalho respiratório associado (OE, 2018). Esta última técnica foi utilizada também ao longo do turno como gestora de energia e associada aos exercícios abaixo descritos. A Reeducação diafragmática foi outra das técnicas aplicada de forma a maximizar a ativação do diafragma durante a inspiração e minimizando a utilização dos músculos acessórios (Borges et al., 2014). Esta técnica foi aplicada após a anteriormente descrita durante cerca de 10 minutos e também com a frequência de duas vezes por dia (de manhã e após o almoço) de acordo com a porção do diafragma a trabalhar. No Estudo de caso A1 e A3, interessava trabalhar com ambas as porções laterais do diafragma, uma vez que se tratava de PAC bilateral, enquanto que no Estudo de caso A2, foi trabalhada principalmente a porção esquerda do diafragma. Esta técnica foi realizada na posição de deitado com o decúbito associado à porção a trabalhar (Cordeiro & Menoita, 2012). De forma a melhorar a mobilidade torácica e a ventilação pulmonar foram realizados exercícios reeducação costal seletiva, no caso de A2 e global no caso de A1 e A3. Nas primeiras sessões os exercícios foram realizados de forma passiva e, progressivamente foi
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sendo impressa alguma resistência de forma a fortalecer a musculatura inspiratória e a favorecer a desinsuflação (OE, 2018; Cordeiro & Menoita, 2012). Nas últimas sessões, uma vez que havia melhoria da dispneia, foram também associados movimentos ativos dos membros superiores. No Estudo de Caso A3, a utente apresentava derrame pleural bilateral, pelo que foi incentivada a alternar decúbitos laterais de 2/2horas de forma a prevenir aderências e a melhorar a ventilação do lado não dependente da gravidade (Terapêutica de Posição) (OE, 2018; Cordeiro & Menoita, 2012). O utente do Estudo de Caso A1 apresentava Expetoração, pelo que foi executada a Drenagem Postural, de forma a mobilizar as secreções. As secreções localizavam-se nos segmentos anteriores dos lobos inferiores, pelo que o utente foi incentivado a adotar a posição de trendlemburg (decúbito dorsal com almofada sob a região poplítea e cama com inclinação até 20º). O utente foi estimulado a manter-se 5minutos nesta posição e a repetir quatro vezes por dia. A esta técnica foram associadas manobras acessórias para potenciar o descolamento das secreções deste segmento pulmonar. Foram realizadas compressões e vibrações durante 15 minutos e aplicada duas vezes por dia (de manhã e após o almoço) (OE, 2018; Cordeiro & Menoita, 2012). Nos Estudos de Caso A1 e A2 os utentes apresentavam Tosse ineficaz e défice muscular toracoabdominal, pelo que foram aplicadas manobras de Tosse assistida de forma a promover a limpeza das vias aéreas. Esta técnica foi aplicada sempre que necessários e após a aplicação dos exercícios do programa acima descrito. Uma vez que todos os utentes apresentavam dispneia de esforço, foram ensinadas e demonstradas técnicas de gestão de energia durante as atividades de vida, nomeadamente no treino de marcha, na higiene e na alimentação e posições de descanso como a posição de cocheiro sentado e de pé.
CONCLUSÃO Segundo a OE (2010), as competências especificas do EEER são Cuida de Pessoas com necessidades especiais ao longo do ciclo de vida, em todos os contextos da prática de cuidados, Capacita a pessoa com deficiência, limitação da atividade e/ou restrição da participação para a reinserção e exercício da cidadania e Maximiza a funcionalidade
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ARTIGO ORIGINAL: Gomes, J., Amaro, M, Fonseca, C., & Santos, V. (2018) Proposta de Intervenção Estruturada dos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação para Pessoas Idosas com alteração do foro respiratório, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 143-157
desenvolvendo as capacidades da pessoa. Cuida de Pessoas com necessidades especiais ao longo do ciclo de vida, em todos os contextos da prática de cuidados (OE,2010). Durante o Estágio foram realizadas intervenções junto de diferentes utentes, com diferentes idades e que estavam impossibilitados de executar as suas atividades de vida de forma independente devido à sua condição de saúde. Com base nas necessidades identificadas foram concebidos planos de intervenção especializados e individualizados de forma a maximizar as suas capacidades e a diminuir as suas limitações, permitindo assim um melhor desempenho respiratório e, consequentemente melhoria da qualidade de vida, a reintegração e a participação social. Capacita a pessoa com deficiência, limitação da atividade e/ou restrição da participação para a reinserção e exercício da cidadania (OE,2010). Nos planos de intervenção foram incluídos programas de treino de atividades de vida de forma a promover a adaptação às limitações decorrentes da patologia respiratória e a maximizar a autonomia e a qualidade de vida no meio hospitalar e como preparação para o domicilio, promovendo assim a sua reinserção social. Maximiza a funcionalidade desenvolvendo as capacidades da pessoa (OE, 2010). De forma a maximizar as capacidades funcionais e permitir um melhor desempenho motor e cardio-respiratório, foram implementados programas de treino em função dos objetivos traçados com a pessoa. As intervenções a nível respiratório foram realizadas tendo em conta a patologia e as necessidades individuais de cada utente de forma a promover a sua reabilitação. Todos os planos de cuidados foram desenvolvidos com a participação dos utentes, de forma a ir ao encontro das suas expetativas reais. Com a implementação destes programas obtevese ganhos na sua funcionalidade, o que se traduziu no aumento da capacidade para realizar os autocuidados.
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Almeida, B. et al (2018) Aspetos particulares da reabilitação das pessoas idosas que sofreram problemas osteoarticulares do membro inferior (artrose), Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 144 - 148 Revisão Bibliográfica Narrativa: Almeida, B. et al (2018) Aspetos particulares da reabilitação das pessoas idosas
que sofreram problemas osteoarticulares do membro inferior (artrose), Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 144 - 148
Revisão Bibliográfica Narrativa
Aspetos particulares da reabilitação das pessoas idosas que sofreram problemas osteoarticulares do membro inferior (artrose) Particular aspects of rehabilitation of persons elderly who suffer osteoarticular problems of the lower limb (arthosis) Aspectos particulares de la rehabilitación de las personas que sufrieron problemas osteoarticulares del miembro inferior (artrosis)
Beatriz Almeida; Helena Tavares; Mafalda Balça; Marta Morais; José Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: biazul.96@gmail.com Resumo O presente artigo foi elaborado através da exploração de diversos artigos e relatórios de investigação, artigos esses relacionados com a artrose, com a prevenção, tratamento e prognóstico da mesma, como esta está relacionada com a vida quotidiana, com o trabalho e que consequências poderá trazer na vida da pessoa. Palavras-chave: Artrose; Osteoarticulares; Intervenção; Prevenção; Idosos
Abstract The present article was based on others articles and reports of investigation related with arthrosis. Also with prevention, treatment and prognosis witch is related to daily life, work and the possible effects witch will bring to the person life. Keywords: Arthosis; Osteoarticular; Intervention; Prevention; Senior Citizen
Resumen El presente artículo se elaboró a través de la exploración de diversos artículos e informes de investigación, artículos relacionados con la artrosis, con la prevención, tratamiento y pronóstico de la misma, como está relacionada con la vida cotidiana, con el trabajo y qué consecuencias puede traer consigo en la vida de la persona. Palabras Clave: Artrosis; Osteoarticular; Intervención; Prevención; Mayor
Introdução A osteoartrite é uma doença articular degenerativa, enquanto a osteoartrose ou artrose é uma doença reumática degenerativa. É uma doença que incide com maior prevalência em indivíduos com mais de 65 anos de idade. Esta doença atinge as articulações sinoviais e caracteriza-se por apresentar alterações na cartilagem articular, dando origem as zonas de fibrilação e fissuração.
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Revisão Bibliográfica Narrativa: Almeida, B. et al (2018) Aspetos particulares da reabilitação das pessoas idosas
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Através destas alterações também podemos observar eventos como microfraturas, cistos e esclerose, além da formação de osteófitos nas bordas articulares. Um dos artigos explorado, relata que “(…)a artrose é uma doença multifatorial e que provoca incapacitações para o trabalho, sendo relevante a mudança de hábitos e realização de atividades físicas (…)” (Moreira, 2017, p. 305), sendo assim, a intervenção psicomotora torna-se um grande auxílio, tanto à prevenção, como a um possível tratamento a esta doença, pois conjuga a mente com o corpo e torna possível o melhoramento e/ou desenvolvimento de certas capacidades que, normalmente, são perdidas com o decorrer do tempo, isto é com o envelhecimento, e ao contrário do que se pensa, não é apenas com a fisioterapia que se consegue reverter esse problema. Antes acreditava-se que a artrose era uma doença progressiva, de evolução arrastada, sem possíveis tratamentos, algo que acontecia naturalmente com o envelhecimento da pessoa, hoje em dia sabe-se que é possível modificar o seu curso evolutivo, tanto em relação ao tratamento desta como ao seu prognóstico. Esta doença foi comprovada em vários estudos que é uma das causas mais frequentes de dor do sistema músculo-esquelético e de incapacidade de trabalho, tanto em Portugal como em outros países.
Metodologia Esses artigos e relatórios de investigação foram pesquisados e retirados em bases de dados como a B-on e Scielo, e motores de busca, nomeadamente, o Google académico. Para efetuar essa pesquisa, tivemos que utilizar palavras-chaves (Keywords), tais como: Arthosis; Senior Citizen; Osteoarthosis e Psychomotricity. Para uma pesquisa mais atualizada e fidedigna, filtramos os artigos através do ano de publicação, tentando encontrar então artigos entre 2003 e 2018. Para além do ano também foi usado como filtro o idioma dos artigos (Português e Inglês), tendo assim uma pesquisa mais abrangente, e possibilitando assim uma melhor e maior recolha de informação. Apesar da utilização desse filtro, após a pesquisa dos artigos, foi decidido pelo grupo a escolha dos mesmos, estando estes apenas em Português, facilitando dessa forma a leitura destes e uma melhor compreensão.
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Revisão Bibliográfica Narrativa: Almeida, B. et al (2018) Aspetos particulares da reabilitação das pessoas idosas
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Discussão A artrose é um desgaste da cartilagem das articulações do nosso corpo, sendo que a faixa etária mais afetada é a dos 40-50 anos no sexo feminino (Navarro, Golias, & Granado, 2007). É uma afetação que não é inflamatória, é uma doença degenerativa. Esta provoca dores nas articulações e dificuldades para executar os movimentos, começando por surgir deformações que podem afetar os dedos, os ombros, os cotovelos, a coluna, os joelhos e principalmente os membros inferiores. Tem uma progressão lenta podendo ser tratado de maneira a atenuar as dores para facilitar a execução dos movimentos. Existem diversas causas que podem levar ao surgimento da artrose entre elas desgaste natural (das articulações pelo envelhecimento do organismo), desgaste pelo movimento repetitivo (prática de exercício intenso), excesso de peso corporal (prejudica as articulações das pernas e da coluna lombar), deficiência hormonal (com maior incidência no sexo feminino, nomeadamente no pós-menopausa), traumatismos ou fraturas. O envelhecimento é muito mais do que apenas uma passagem pelo tempo, pois existem constantes transformações biológicas que levam a uma perda significativa de massa muscular incidente em muitos homens e mulheres idosas que consequentemente apresentam limitações funcionais, tais como caminhar, levantar-se, manter o equilíbrio postural e prevenção contra quedas, ou seja, apresenta limitações na execução das atividades da vida diária levando à dependência e a incapacidades, decorrentes da osteoartrose (Navarro, Golias, & Granado, 2007). Outro fator bastante importante é a obesidade na medida em que um individuo ter excesso de peso pode condicioná-lo na execução dos seus movimentos bem como a locomoção. Entre dois indivíduos da mesma idade e portadores da doença, o que é esperado é que o individuo que tem maior peso corporal tenha mais dificuldades em realizar determinados exercícios e atividades do que o individuo com menor peso corporal, devido às limitações que vão surgindo ao longo do tempo com o avançar da doença (Franco, Simão, Pires, & Guimarães, 2009). A psicomotricidade pode ter um grande contributo para a atenuação dos sintomas provocados pela doença mencionada nomeadamente no setor da hidroterapia, sendo este termo derivado do grego hydor- água e therapia- cura e “ (…) consiste na aplicação da água para fins terapêuticos, usando as propriedades físicas da água tais como densidade e gravidade específicas, pressão hidrostática, pressão superficial e turbulência, como agentes terapêuticos com influência no tratamento.” (Navarro, Golias, & Granado, 2007).
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“Um corpo imerso em água aquecida sofre estímulos diversos que desencadeiam efeitos terapêuticos, tais como, melhora a capacidade funcional dos músculos e articulações, melhora a coordenação, equilíbrio, postura e dor.” (Campion, 2000 cit in Navarro, Golias, & Granado, 2007, p. 156). Por outro lado, há a possibilidade de se realizar sessões em sala num ambiente favorável, que vá de encontro às necessidades do paciente, realizando exercícios terapêuticos de fortalecimento dos membros inferiores e ganho de massa muscular, exercícios aeróbios tais como condicionamento físico e alongamento (flexibilidade). Os exercícios anteriormente referidos promovem uma melhoria da postura do paciente caso seja necessário, melhorar a capacidade de coordenação dos membros inferiores para uma melhor capacidade de locomoção (Coimbra, et al., 2004).
Conclusão Com este estudo, foi possível concluir que o papel do psicomotricista para estes casos é importante. Um paciente com estas caraterísticas apresenta dificuldades no domínio psicomotor, que poderão influenciar nas atividades da vida diária e outras. O psicomotricista trabalha com o paciente diversos fatores psicomotores em diferentes meios, por exemplo a água, o que contribui para um melhoramento em diversos aspetos, tais como na flexibilidade, no equilíbrio, na postura, o deslocamento, entre outros. Por outro lado, poderá haver outro tipo de acompanhamento terapêutico, por exemplo um fisioterapeuta, que trabalham alguns aspetos acima referidos. Contudo o psicomotricista utiliza técnicas específicas que são mais direcionadas e que vão promover o bem-estar na saúde do paciente.
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Azeredo, Z. (2018) Reforma: da expectativa à realidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 149 - 158 ARTIGO ORIGINAL: Azeredo, Z. (2018) Reforma: da expectativa à realidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 149 - 158
Artigo Original
Reforma: da expectativa à realidade Retirement: from expectation to reality Jubilación: de la expectativa a la realidade
Zaida Azeredo Médica de Medicina Familiar no Porto e Coordenadora da unidade de investigação RECI (Research Unit in Education and Community Intervention) Corresponding Author: zaida.reci@gmail.com Resumo A opção pela aposentação é uma decisão complexa que envolve um constructo social conjugado por fatores estruturais, institucionais, organizacionais e individuais/ familiares que se entrecruzam sendo determinantes no comportamento de um indivíduo que se reforma, quer no momento da aposentação quer mais tarde na sua vivência de aposentado. Tendo por objetivos: 1 – Conhecer quais os principais motivos que presidiram à tomada de decisão das pessoas em se aposentarem 2 – Saber quais das expectativas que um indivíduo tinha quando pensou na aposentação, se realizaram A Autora realizou um estudo em pessoas reformadas há mais de 6 meses, de ambos os sexos , que recorreram por diversos motivos a uma consulta de Medicina Familiar (N = 82) Para o efeito foi elaborado um pequeno inquérito de perguntas abertas 50% dos respondentes possuía uma licenciatura tendo a maioria sido funcionários públicos. 77,1 % dos inquiridos não se arrependeu de ter tomado a decisão de se reformar, sobretudo por com esta, ter diminuído ou acabado com stress laboral , poder fazer atividades diferentes das que estava habituado e estar a fazer algumas das atividades que sempre sonhou fazer. Muitos dos inquiridos procuraram adaptar as suas perspetivas
de vida pós-reforma aos condicionantes socio-
económicos existentes , bem como ao surgimento de doenças no próprio e em familiares, quer adiando de forma positiva alguns dos seus projetos de vida, quer modificando-os e/ou adaptando-os à situação que estavam a vivenciar Das respostas dos respondentes também ressalta a vontade de fazer algo que contribua para uma nova imagem social do idoso em que este aparece como uma pessoa ativa, capaz de contribuir de diversas formas para o desenvolvimento de uma sociedade e o bem-estar coletivo. Palavras Chave: idosos, aposentação, expectativas, bem-estar
Abstract The option for retirement is a complex decision that involves a social construct combined by structural, institutional, organizational and individual / family factors that intertwine and, are determinant in the behavior of an individual who retires, both at the time of retirement and later in life of retired. Having as objectives: 1 - To know the main reasons that led to the decision making of people to retire 2 - To know which of the expectations that an individual had when he thought about the retirement, were realized The author carried out a study on people who had been retired for more than 6 months, of both sexes, who had recourse for a number of reasons to a Family Medicine visit (N = 82)
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ARTIGO ORIGINAL: Azeredo, Z. (2018) Reforma: da expectativa à realidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 149 - 158 For this purpose, the author build a small survey of open-ended questions 50% of respondents had a bachelor's degree and most were state workers.. 77.1% of the respondents did not regret having made the decision to retire, mainly because with this, to have diminished or finished with work stress, to be able to do different activities than they were used to and to be doing some of the activities that always dreamed to do . Many respondents sought to adapt their post-retirement life perspectives to existing socio-economic constraints, as well as the emergence of illnesses in themselves and their families, either by positively postponing some of their life projects or by modifying them and / or adapting them to the situation they were experiencing. The responses of the respondents also highlight the desire to do something that contributes to a new social image of the elderly in which he appears as an active person, able to contribute in various ways for the development of a society and collective well-being. Keywords: elderly, retirement, expectations, well-being
Resumen La opción por la jubilación es una decisión compleja que implica un constructo social conjugado por factores estructurales, institucionales, organizacionales e individuales / familiares que se entrecruzan siendo determinantes en el comportamiento de un individuo que se reforma, tanto en el momento de la jubilación o más adelante en su vivencia de jubilado. Teniendo como objetivos: 1 - Conocer qué principales motivos han presidido la toma de decisión de las personas en jubilarse 2 - Saber cuáles de las expectativas que un individuo tenía cuando pensó en la jubilación, se realizaron La autora realizó un estudio en personas reformadas hace más de 6 meses, de ambos sexos, que recurrieron por diversos motivos a una consulta de Medicina Familiar (N = 82) Para ello se elaboró una pequeña encuesta de preguntas abiertas El 50% de los encuestados poseía una licenciatura con la mayoría de los funcionarios públicos. El 77,1% de los encuestados no se arrepintió de haber tomado la decisión de reformar, sobre todo por ello, haber disminuido o acabado con estrés laboral, poder hacer actividades diferentes de las que estaba acostumbrado y estar haciendo algunas de las actividades que siempre soñó hacer . Muchos de los encuestados trataron de adaptar sus perspectivas de vida después de la reforma a los condicionantes socioeconómicos existentes, así como al surgimiento de enfermedades en el propio y en los familiares, o aplazando de forma positiva algunos de sus proyectos de vida, ya sea modificándolos y / o adaptándolos a la situación que estaban viviendo De las respuestas de los respondentes también resalta la voluntad de hacer algo que contribuya a una nueva imagen social del anciano en que éste aparece como una persona activa, capaz de contribuir de diversas formas para el desarrollo de una sociedad y el bienestar colectivo. Palabras clave: ancianos, jubilación, bien-estar
INTRODUÇÃO A opção pela aposentação é uma decisão complexa que envolve um constructo social conjugado por fatores estruturais, institucionais, organizacionais e individuais/ familiares que vão determinar o comportamento de um indivíduo que se reforma, quer no momento da aposentação quer mais tarde na sua vivência de aposentado. Estes fatores poderão ser divididos em três níveis: macro, meso e micro.
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A nível macro podemos citar entre outros a legislação nacional, políticas de aposentação, nomeadamente no que diz respeito ao estabelecimento da idade de reforma e sua flexibilização, políticas de pensões, tendências macroeconómicas e de mobilidade de recursos humanos. A nível meso podemos citar fatores específicos, relacionados com o local de trabalho e a organização empregadora (tipo, dimensão, estabilidade, clima organizacional, etc ) bem como a precariedade de emprego. A nível micro os fatores estão mais relacionados com o próprio indivíduo (género, estado de saúde, situação económica, grau de instrução, família (dimensão, saúde desta, relações entre os diversos membros familiares, etc) Assim a tomada de decisão de adiar a idade da reforma pode ter por base não o desejo do indivíduo, mas uma necessidade económica, afetiva, psicológica ou outra, havendo normalmente implícita, uma base multifatorial. Já a decisão de antecipar a reforma pode dever-se não só ao seu próprio estado de saúde, mas também a problemas de saúde de familiares, à reforma destes, a mau clima organizacional, incluindo mau relacionamento com chefias e/ou colegas de trabalho, e, à insegurança, entre outros factores. Frequentemente há uma conjugação de diversos factores pertencentes quer a nível macro, quer a meso, quer a micro, porém, raramente a pessoa pensa na totalidade dos anos que vai passar em estado de reforma e de que forma os espera viver. A tomada de consciência deste facto torna -se cada vez mais importante, pois à medida que a longevidade aumenta, há mais necessidade de planear uma fase da vida (em situação de reforma) que se tem vindo a prolongar no tempo. Atualmente, nos países desenvolvidos, uma pessoa pode viver cerca de um terço da sua vida em estado de reforma, não sendo este período uniforme, em termos biológicos, psicológicos e relacionais. A preparação da reforma e do tempo passado em situação de reforma, abrange assim, diversos períodos que, tal como a vida, vão exigir uma permanente adaptação. Esta adaptação deve ser, não só da responsabilidade do próprio indivíduo, mas também de toda a sociedade, devendo esta estar preparada para enfrentar uma proporção crescente de reformados que, em média, terão cerca de 30 anos ainda para viver. (Azeredo 2011) (França e Carneiro 2009) Segundo as Nações Unidas já em 2002 havia um reformado para cada 9 trabalhadores, perspetivando que em 2050 esta proporção seria de 1 reformado para 4 trabalhadores (ONU 2002) (ONU 2007)
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A CE, no relatório da Conferência Ministerial sobre Envelhecimento ( UNECE) realizada em Berlim em 2002 ( de 11 a 13 de Setembro) já recomendava a necessidade de serem feitos esforços para aumentar a oportunidade de pessoas idosas permanecerem no mercado de trabalho, sugerindo entre outras medidas horários flexíveis , transição gradual para a reforma e garantia de um real acesso a uma aprendizagem ao longo da vida, para colmatar deficientes e inadequadas habilidades que tornam os trabalhadores obsoletos, preparando-os para fazer face a uma sociedade do conhecimento e da era digital e a um mercado de trabalho com novas exigências. (ONU 2002) (ONU 2007) (UNECE 2017) Segundo a OCDE o Japão foi um dos países que mais cedo atingiu uma percentagem elevada de idosos, possuindo já em 2013 um quarto da população com 65 ou mais anos. Para fazer face a esta situação que já se vinha a delinear, o Japão adoptou medidas políticas em relação à idade da aposentação e às condições de aposentado que parecem estar a resultar. Assim, entre outras medidas, criou incentivos económicos para as pessoas que quisessem continuar economicamente ativas após a reforma, estabelecendo, em simultâneo, pensões de baixo rendimento. Estabeleceu, também, flexibilidade para a idade em que uma pessoa se pode reformar. Como consequência das medidas tomadas, em 2012, o Japão apresentava uma das mais altas taxas de emprego (60,7%) , só superada pela Islândia (70.2%) Nova Zelândia 73,9%), Suécia (73,1%), Noruega ( 70,9%) e Suíça (70,5%) Pelo facto de o Japão ainda ser um país em que tradicionalmente os cuidados são intrafamiliares, a taxa de emprego nas mulheres é mais baixa do que nos homens, devido à necessidade de aquelas cuidarem dos mais velhos. Tal como se afirmou anteriormente, a decisão em se reformar não depende unicamente do desejo do indivíduo e de fatores diretamente relacionados com ele, mas antes de um conjunto de fatores que se entrecruzam influenciando-se mutuamente (Loureiro, Pedreiro et al 2016) (Fonseca 2011) (Fonseca 2012) (López - Ramos, Navarro-Pardo 2017). Apesar da decisão de um indivíduo se reformar poder ser cuidadosamente estudada, podem surgir factores que podem causar desconforto e mau estar, quer no momento da aposentação, quer já no estado de aposentado, sobretudo quando influenciam o bem-estar do indivíduo
ou defraudam as
suas expectativas sobre como viver o seu tempo de reformado, obrigando-o a adiar por mais algum tempo , coisas que gostaria de fazer, mas que teve sempre que adiar. Esta última situação pode mesmo vir a desencadear doença. (Fonseca 2011) (Fonseca 2012) (López Ramos, Navarro-Pardo 2017)
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No bem-estar e qualidade de vida do indivíduo aposentado entram domínios de vida não relacionados com o trabalho e, que também podem influenciar a adaptação à situação de reformado (Fonseca 2011) (Fonseca 2012). Assim, a realização de desejos (que foram sempre adiados) de praticar atividades não relacionadas com a ocupação e/ou desejos de alcançar objetivos há muito planeados para serem executados na pós aposentação pode contribuir para uma boa adaptação, no entanto a personalidade individual e as relações familiares e/ou com a sua rede social, são fatores determinantes muito importantes. Objetivos 1 – Conhecer quais os principais motivos que presidiram à tomada de decisão das pessoas se aposentarem 2 – Saber quais das expectativas que um indivíduo tinha quando pensou na aposentação, se realizaram Finalidades 1 – Contribuir para a compreensão das razões que levam um indivíduo a se aposentarem 2 – Contribuir para o estabelecimento de um plano de acção educativo de preparação da aposentação Metodologia 1 – Tipo de estudo Trata-se de um estudo exploratório, em que foi diretamente aplicado um inquérito de perguntas abertas, elaborado para o efeito 2 - População A população estudada é constituída por uma amostra de conveniência, com pessoas de ambos os sexos, reformadas que recorreram a uma consulta de Medicina Familiar (N= 82) por vários motivos e acederam colaborar neste estudo, após serem devidamente informados dos objetivos e lhes ser garantida a confidencialidade. Estabeleceu-se como critérios de inclusão: estar reformado há pelo menos 6 meses; querer participar no estudo e possuir capacidades físicas e mentais para o fazer.
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A amostra foi constituída essencialmente por pessoas aposentadas da função pública, variando, no entanto o seu grau de instrução. 3 – Instrumento Foi elaborado um pequeno inquérito de perguntas abertas com espaço para respostas curtas que visava: dados demográficos (idade atual, idade da reforma, sexo, coabitação) e questões sobre: expetativas que tinham antes de se reformarem e até que ponto elas se vieram a concretizar, como ocuparam o tempo de reformados e motivo de reforma. Caso as expectativas se não tenham concretizado, quais foram os principais motivos para que tal não sucedesse. 4 – Procedimentos A todos os utentes reformados que recorreram a uma consulta de Medicina Familiar e aceitaram colaborar foi aplicado o inquérito de perguntas abertas acima descrito, até à obtenção da saturação de dados nas respostas. Com as respostas obtidas elaboraram-se categorias e subcategorias, baseadas numa primeira análise que depois foram reformuladas de acordo com uma análise de conteúdo mais em pormenor. Todos os respondentes foram informados sobre os objetivos pretendidos, tendo-lhes também, sido solicitado o respetivo consentimento. Não houve recusas, após lhes ter sido garantida a confidencialidade dos dados pessoais de forma ao utente não ser identificado. Análise e Discussão de Resultados Foram questionados 82 utentes de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 57 e os 89 anos. Media de idades dos respondentes: 69,4 anos. Entre os inquiridos predominou o género feminino (80,1%). Metade (50%) possuíam uma licenciatura tendo a maioria sido funcionários públicos. O tempo que mediou entre obterem a reforma e serem por nós inquiridos variou entre os 6 meses e os 31 anos, tendo a maioria (51,2%) entre 5 e 14 anos de reforma. A idade da reforma variou entre 45 e 70 anos, tendo a maioria (72%) obtido a reforma entre os 55-64 anos. Média de idade em que ocorreu a reforma: 59,4 anos.
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A maior parte dos inquiridos aproveitou a oportunidade proporcionada pelo então Governo para se reformarem mais cedo do que a idade estipulada por lei, embora conscientes de que a remuneração que viriam a auferir seria mais baixa do que a que tinham enquanto trabalhavam , planeando muitos deles, assegurar o vencimento da reforma e completá-lo trabalhando no mesmo tipo de ocupação ( mas no sector privado) ou noutra, o que em alguns casos não se veio a verificar, dada a conjuntura económica do País , à data. Na altura em que me reformei o dinheiro chegava para tudo. Agora é mais difícil… (E4, 58 anos) Na altura quis-me reformar porque pensava que podia dar explicações, mas só tive alunos durante algum tempo (E21, 68 anos) O problema foi começarem a tirar-nos dinheiro na reforma, não chegando hoje para passear (E21, 68 anos) Foi entre os Profissionais de Saúde (Médicos e Enfermeiros) e Professores que a continuidade ocupacional mais ocorreu. Os motivos que estiveram na base da decisão em se reformarem foram sobretudo de nível macro ( legislação, instabilidade criada por políticas económicas restritivas de bem-estar e incertezas quanto ao futuro próximo) e, de nível meso, isto é, relacionados com mal estar ocupacional devido sobretudo a clima organizacional ( com crise de autoridade, mau relacionamento com chefias e/ou colegas de trabalho/ utentes, pressão para a produtividade, em que também eram exigidas mais horas de trabalho, com remuneração igual e, a perspectiva eminente de mobilidade não desejada, entre outros). A crise de autoridade e de respeito por hierarquias foi sobretudo referida pelos Professores como fatores stressantes que causavam mal-estar na Instituição e no próprio exercício da profissão Não me arrependi, pois, estava farta de desorganização e da confusão (E1, 58 anos) Não me arrependi, pois, estava farta de alunos mal-educados (E3, 60 anos) Estava farta de aturar miúdos (Professora). Agora dedico-me a cuidar das minhas propriedades e das da minha mãe que tem 98 anos (E5, 68 anos) Reformei-me aos 55 anos pois estava a haver muitas mudanças nos serviços… (E 18, 71 anos) Estava cansado de andar como saltimbanco e não ter horas para comer…. (E33, 63 anos)
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A nível micro, foram apresentados como motivos para pedir a reforma sobretudo o estado de saúde e a idade do inquirido, situações familiares (tomar conta dos netos e de ascendentes e/ou doença familiar) e a pouca capacidade/ disponibilidade e motivação para aprender a trabalhar com novas tecnologias Tinha muitas dores nas costas e nos braços por estar todo o dia ao computador (E1, 57 anos) Tinha muito stress o que, com a minha doença me obrigava a meter muitos atestados (E6, 62 anos) Fui reformada por doença pois diagnosticaram-me um meningioma que me afectava a visão. Agora estou bem (E20, 85 anos) Desde que vieram os computadores eu no serviço já não fazia quase nada. Como já tinha 36 anos de serviço, não me chamavam para formações sobre design em computadores… (E 46; 75 anos) Dos inquiridos, 77,1 % não estão arrependidos de terem tomado a decisão de se reformarem, sobretudo por com esta, terem diminuído ou acabado com stress laboral, poderem fazer atividades diferentes das que estavam habituados e estarem a fazer algumas das atividades que sempre sonharam fazer. Entre os indivíduos que tomaram a decisão de se reformar, isto, é, aqueles cuja aposentação não lhes foi imposta quer por limite de idade, quer por doença, a maior parte vai fazendo o que planeou fazer, embora um pouco condicionados pela então crise económica que o país atravessava e que se fez também sentir no cidadão reformado não só pela diminuição da remuneração, mas também pelo desemprego ou doença de familiares (conjugues e descendentes). Assim, constatou-se que alguns dos grandes constrangimentos ao planeado, estavam relacionados com: não poder fazer passeios/ viagens ambicionadas e restrições na frequência de ginásios e outras atividades de lazer. Muitos dos inquiridos procuraram adaptar as suas perspetivas de vida pós-reforma aos condicionantes socioeconómicos existentes, bem como ao surgimento de doenças no próprio e em familiares, quer adiando de forma positiva alguns dos seus projetos de vida, quer modificando-os e/ou adaptando-os à situação que estavam a vivenciar
Conclusões A maior parte dos inquiridos reforma-se por sua própria decisão, o que contribuiu para uma melhor adaptação à situação de aposentado.
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Na base da decisão de se reformar estiveram fatores de nível macro e meso e, em menor importância, os de nível micro. No bem-estar do indivíduo em situação de reforma teve particular relevo a construção de projetos de vida, ocupações em que exerciam a sua atividade, e a necessidade sentida de combater o declínio cognitivo e físico que eventualmente pudesse resultar de uma inatividade. A necessidade de ajudar familiares que se encontravam em situação económica difícil também ajudou a combater a inatividade (Camarneiro e Loureiro 2014) (Figueira , Haddad et al 2017) Das respostas dos respondentes também ressalta a vontade de fazer algo que contribua para uma nova imagem social do idoso em que este aparece como uma pessoa ativa, capaz de contribuir de diversas formas para o desenvolvimento de uma sociedade e o bem-estar coletivo. Com efeito, ao manter-se ativo e com capacidade de adaptação já está a contribuir para o bem-estar social, porém através deste estudo, captamos que o idoso reformado quer fazer mais, contribuindo para o desenvolvimento socioeconómico global, quer indiretamente (tomando conta dos netos/ sobrinhos-netos e ajudando outros familiares, diminuído assim eventuais absentismo ao trabalho) quer diretamente, como produtores económicos através de diversas atividades, e continuando também a pagar impostos. É pois necessário que uma nova cultura para a ancianidade acompanhe estas mudanças, se queremos uma sociedade sustentável e baseada numa aprendizagem ao longo da vida ( Camarneiro e Loureiro 2014) Como afirma Khoury et al. (2010) é preciso ter plasticidade comportamental, selecionar metas adequadas à idade e níveis de investimento que conduzam à otimização dos resultados. Estas considerações impõem também a necessidade de a sociedade prover espaços públicos e gratuitos de convivência e atividades para aqueles que tanto já contribuíram para o seu engrandecimento ( Khoury e Ferreira 2010 ) Referências Bibliográficas Azeredo Z (2011) - O Idoso como um todo Viseu Psicosoma Camarneiro AP; Loureiro H ( 2014) - Precipitantes e expectativas da passagem à reforma na perspectiva de recém-aposentados portugueses International Journal of Developmental and Educational Psychology ,INFAD Revista de Psicología, 1(2) 39-46 ISSN: 0214-9877
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Soares, M., Ribeiro, S., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Ganhos sensíveis dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação nas Pessoas Idosas com alteração da mobilidade, Journal of Aging ARTIGO ORIGINAL: Soares, M., Ribeiro,&S., Fonseca,7C., V. (2018) Ganhos sensíveis dos Innovation, (2):Santos, 159 - 176 cuidados de Enfermagem de Reabilitação nas Pessoas Idosas com alteração da mobilidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 159 - 176
Artigo Original
Ganhos sensíveis dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação nas Pessoas Idosas com alteração da Mobilidade Sensitive Gains of Rehabilitation Nursing Care in Elderly with Change of Mobility
Ganancias sensibles de los cuidados de Enfermería de Rehabilitación en las Personas idosas con modificación de la Movilidad
Maria João Ribeiro Soares1, Susana Isabel Dias Ribeiro2; César João Vicente da Fonseca3, Vítor Santos 4 1,2 3
Enfermeira Centro Hospitalar de Setúbal EPE. Mestranda da Especialidade em Enfermagem de Reabilitação. Portugal;
PhD, Universidade de Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal, 4 RN, CNS, MsC, Centro Hospitalar do Oeste,
Portugal
Corresponding Author: cesar.j.fonseca@gmail.com
RESUMO Objetivos: Avaliar os ganhos sensíveis aos cuidados de Enfermagem de Reabilitação em pessoas com défice no autocuidado devido a alterações de mobilidade por doença respiratória. Metodologia: Abordagem qualitativa e natureza exploratóriadescritiva. Utilizada entrevista, observação participativa baseada na metodologia qualitativa de estudo de caso de Robert Yin e metodologia de cuidados baseada na teoria de médio alcance do Professor Doutor Manuel José Lopes (2006). Participaram 3 pessoas que se encontravam internadas na Medicina Interna – Unidade Silva Duarte do Hospital de São Bernardo, Setúbal. A colheita de dados realizou-se de 14 de Maio de 2018 a 22 de Junho de 2018. Para o tratamento de dados foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin (2009). Resultados: melhoria do “grau de funcionalidade”, do “autocuidado” e da “função da respiração” em todos os doentes sob os quais houve intervenção do enfermeiro de reabilitação. Conclusão: As intervenções do enfermeiro de reabilitação permitem minimizar a causa de imobilidade através da melhoria das alterações provocadas pela doença. O ENCS e o índice de Barthel são instrumentos úteis para avaliação dos ganhos em saúde nos cuidados especializados de reabilitação prestados ao utente com patologia respiratória e com comorbilidades associadas. Palavras-chave: autocuidado, enfermeiro de reabilitação, limitação da mobilidade, doença respiratória
ABSTRACT Objectives: Acquire and develop skills in providing specialized care in Rehabilitation Nursing and evaluate the sensitive gains for Rehabilitation Nursing care in people with deficits in self-care due to mobility changes due to respiratory disease. Methodology: Qualitative approach and exploratory-descriptive nature. Interview, participatory observation based on the qualitative methodology of Robert Yin's case study and care methodology based on the medium-range theory of Professor Manuel José Lopes (2006). Participants were 3 people who were hospitalized in Internal Medicine - Silva Duarte Unit of the Hospital of São Bernardo, Setúbal. Data collection took place from 14 May 2018 to 22 June 2018. For the data treatment, the content analysis of Bardin (2009) was used. Results: improvement of "degree of functionality", "self-care" and "breathing function" in all patients undergoing rehabilitation nurse intervention. Conclusion: The interventions of the rehabilitation nurse allow to minimize the cause of immobility by improving the changes caused by the disease. The ENCS and the Barthel index are useful tools for assessing health gains in specialized rehabilitation care provided to the patient with respiratory pathology and associated comorbidities.
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ARTIGO ORIGINAL: Soares, M., Ribeiro, S., Fonseca, C., Santos, V. (2018) Ganhos sensíveis dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação nas Pessoas Idosas com alteração da mobilidade, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 159 - 176 Keywords: self-care, nursing rehabilitation, mobility limitation, respiratory disease
RESUMEN Objetivos: Adquirir y desarrollar competencias en la prestación de cuidados especializados de Enfermería de Rehabilitación y evaluar las ganancias sensibles a los cuidados de Enfermería de Rehabilitación en personas con déficit en el autocuidado debido a alteraciones de movilidad por enfermedad respiratoria. Metodología: Enfoque cualitativo y naturaleza exploratoria-descriptiva. Se utilizó entrevista, observación participativa basada en la metodología cualitativa de estudio de caso de Robert Yin y metodología de cuidados basada en la teoría de medio alcance del Profesor Doctor Manuel José Lopes (2006). Participaron 3 personas que se encontraban internadas en la Medicina Interna - Unidad Silva Duarte del Hospital de São Bernardo, Setúbal. La recolección de datos se realizó de 14 de mayo de 2018 a 22 de junio de 2018. Para el tratamiento de datos se utilizó el análisis de contenido de Bardin (2009). Resultados: Mejora del "grado de funcionalidad", del "autocuidado" y de la "función de la respiración" en todos los pacientes bajo los cuales hubo intervención del enfermero de rehabilitación. Conclusión: Las intervenciones del enfermero de rehabilitación permiten minimizar la causa de inmovilidad mediante la mejora de los cambios provocados por la enfermedad. El ENCS y el índice de Barthel son instrumentos útiles para evaluar las ganancias en salud en los cuidados especializados de rehabilitación prestados al usuario con patología respiratoria y con comorbilidades asociadas. Palabras clave: autocuidado, enfermero de rehabilitación, limitación de la movilidad, enfermedad respiratoria
INTRODUÇÃO O presente estudo de caso surge no âmbito da Unidade Curricular “Estágio em Enfermagem de Reabilitação”, do 2º Curso de Mestrado em Enfermagem de Reabilitação, em associação, da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal, dando resposta ao tema apresentado no projeto “A importância dos cuidados de enfermagem de reabilitação no doente com défice no autocuidado devido a alterações de mobilidade”. Segundo o REPE (Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro), o enfermeiro especialista, além de prestar cuidados enfermagem gerais apresenta um título profissional que lhe reconhece competência científica, técnica e humana para prestar também cuidados de enfermagem especializados na sua área de especialidade (1996). A enfermagem de reabilitação ajuda as pessoas a recuperarem ou manterem a sua capacidade funcional e a sua independência de forma a prevenir ou minimizar a incapacidade e dependência preservando a autoestima. A reabilitação pressupõe a atuação precoce, menos dependência, tempo de internamento e complicações, mais ganhos em saúde e melhor qualidade de vida. Assim, os objetivos do enfermeiro de reabilitação visam promover o diagnóstico precoce, prevenção de complicações secundárias, evitar ou minimizar incapacidades instaladas, reabilitar para manter ou recuperar a independência do doente sendo da sua competência cuidar de pessoas com necessidades especiais ao longo do seu ciclo de vida em todos os contextos da prática de cuidados, capacitar a pessoa com
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deficiência, limitação da atividade e ou restrição da participação para reinserção da cidadania e maximizar a funcionalidade desenvolvendo as capacidades da pessoa. (OE,2010). A identificação de fatores que afetam a qualidade dos cuidados ao paciente tem sido uma das prioridades, sendo os resultados, o foco mais recente de preocupação. Os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem podem definir-se como todos aqueles relevantes, baseados no domínio e intervenção de enfermagem, para os quais existe evidência empírica que relacione as intervenções de enfermagem aos resultados (Doran,2003). Vários foram os estudos nacionais e internacionais realizados com o intuito de tornar mensuráveis ou visíveis os resultados em saúde, sensíveis ao cuidado de enfermagem, dos quais se destaca a autora Doran (2011) que demonstra quais os resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem identificando-os na sua publicação como o estado funcional, autocuidado, gestão de sintomas, segurança do paciente, satisfação do paciente, alterações psicológicas, utilização de cuidados de saúde e mortalidade. Segundo Orem (2001) o autocuidado é considerado o conceito central sendo definido como uma prática de atividades que a pessoa realiza de forma autónoma para preservar a sua vida, saúde e bem-estar. É uma conduta aprendida, que se vai aperfeiçoando e que resulta de experiências cognitivas, sociais e culturais. O autocuidado é segundo a classificação internacional para a prática de enfermagem (CIPE), a “atividade executada pelo próprio: tratar do que é necessário para se manter; manter-se operacional e lidar com as necessidades individuais básicas e íntimas e as atividades de vida”(ICN,2015p.42). As repercussões sob o autocuidado advêm em parte da alteração da funcionalidade. Segundo o parecer nº12/2011 da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Reabilitação sobre atividades de vida diária, um dos objetivos primordiais do processo de reabilitação é capacitar a pessoa para o autocuidado referindo-se na reabilitação como um conjunto de atividades que as pessoas realizam de forma autónoma no dia-a-dia (atividades básicas de vida diárias e atividades instrumentais de vida diária). A CIPE define movimento corporal como um “processo no sistema músculo-esquelético: movimento
espontâneo;
voluntário
ou
involuntário,
dos
músculos
e
articulações”(ICN,2015:66) Qualquer alteração na mobilidade funcional causada por situação física ou clínica pode ter repercussões mais graves do que a patologia que a originou podendo surgir complicações a nível dos diferentes sistemas orgânicos (respiratório, tegumentar, cardiovascular,
gastrointestinal,
urinário,
sistema
nervoso,
metabólico,
músculo-
esquelético).(OE,2013)
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Segundo o INE (2018) em 2016 os óbitos causados por doenças do aparelho respiratório registaram 13 474 óbitos em Portugal (13 470 óbitos em 2015), representando 12,1% do total de óbitos, onde se inclui a pneumonia que esteve na origem de 5,4% das mortes, com 6 006 óbitos. As doenças respiratórias podem ter repercussões significativas na autonomia, atividades de vida diária e qualidade de vida da pessoa. As pessoas com doença respiratória com mais enfase nas crónicas passam por limitações físicas e emocionais que condicionam os seus autocuidados promovendo a imobilidade e a progressão da doença. O enfermeiro especialista em reabilitação atua na prevenção mas também na recuperação e manutenção da funcionalidade do doente. Assim, perante as doenças do foro respiratório, o enfermeiro de reabilitação pode e deve atuar com vista à melhoria da sua capacidade funcional de forma reduzir o número de manifestações da doença e a mortalidade a ela associada. A reabilitação respiratória tem como objetivos minimizar a sintomatologia, aumentar a tolerância ao esforço e promover a autonomia da pessoa aumentando a sua qualidade de vida permitindo a sua participação social (OE,2018).
METODOLOGIA O presente estudo classifica-se como descritivo e exploratório. Para a sua realização foi utilizada uma metodologia qualitativa com base no estudo de caso de Robert Yin (2003) e uma metodologia de cuidados baseada na teoria de médio alcance do Professor Doutor Manuel José Lopes (2006). Segundo Yin (2003) a pesquisa de estudo de caso pode incluir tanto estudos de caso único como estudo de casos múltiplos em que “caso” pode ser definido como um indivíduo, evento, entidade, programa. Em cada situação escolhida uma única pessoa é o caso que está a ser estudado sendo esse indivíduo a unidade primária de análise. A definição da unidade de análise, ou seja, do “caso” está relacionada com a questão inicial ou tema escolhido para pesquisa. São colhidas as informações de cada indivíduo relevante e vários exemplos desses indivíduos, ou “casos”, podem ser incluídos num estudo de casos múltiplos. Realizar um estudo de caso começa com a definição dos problemas ou temas a serem estudados, desenvolvimento de um projeto de estudo de caso, colheita de dados para o estudo.
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Definição e planeamento da recolha de dados
Colheita de dados e
Discussão e conclusão
análise de conteúdo(1ª e
2ª fase de Bardin)
3ª Fase de Bardin
Seleção de casos A1, A2, A3 Descrição global Projeta protocolo de colheita de dados
Descrição individual dos casos
(ENCS+ índice de
dos casos (cruzamento de dados)
Barthel)
Figura 1. Metodologia do Estudo de Caso Múltiplo e Metodologia de Análise de Conteúdo. Adaptado de Yin (2003, p.73) e Bardin (2016,p. 132)
A metodologia de cuidados a utilizar baseia-se na teoria de médio alcance do Professor Doutor Manuel José Lopes que descreve a relação enfermeiro-doente. De acordo com Lopes (2011) a relação como dualismo clivado, com dois tipos de cuidados (técnico instrumentais e relacionais) independentes e autónomos no tempo. Que após estudo se verificou que a relação enfermeiro doente está presente nos dois tipos de cuidados acima descritos perdendo a razão para a clivagem destes cuidados. A relação divide-se em três momentos sem fronteira a separá-los (Início, Corpo e Fim da Relação), sendo que os elementos que constituem a natureza da relação são constantes e caracterizando-se esta por dois conceitos, avaliação diagnóstica e intervenção terapêutica. Estes estruturam-se, desenvolvem-se enquanto processo, interinfluenciam-se e são constituídos por um conjunto de estratégias. O processo de avaliação diagnóstica consiste em consultar o processo clínico e entrevista com o doente, familiar ou acompanhante tentando compreender o que o doente sabe, o que o preocupa e as capacidades deste reavaliando-se essa mesma informação a cada encontro com o mesmo. A intervenção diagnóstica é usada tanto com o doente como com a sua família e é composta por duas estratégias fundamentais a gestão dos sentimentos e a gestão da informação. Colheita e Tratamento de Dados De acordo com Yin (2003) para a colheita de dados há que ter em conta três princípios: utilizar várias fontes de evidência, criar uma base de dados e manter o encadeamento de evidências. Na colheita de dados para estudo de caso a utilização de muitas fontes diferentes
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para obtenção de evidência é indiscutível, visto que, um estudo de caso favorável utiliza o maior número de fontes de evidência possível. As fontes de evidência segundo Yin (2003) consistem em documentação, registos em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e objetos, complementando-se entre elas e apresentando todas elas pontos fortes mas também pontos fracos. Á utilização de várias fontes de evidência dá-se o nome de triangulação. Para a análise do conteúdo foi escolhido o método de Bardin (2016) que a separa em 3 fases (pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados-inferência e interpretação). A pré-análise consiste numa fase organização de dados e num primeiro contacto com os documentos que serão submetidos a análise. Na segunda fase são escolhidas a unidades de codificação ou temas a trabalhar como por exemplo neste trabalho o autocuidado e na terceira fase a relação entre os dados obtidos e colocados em quadro de análise e a fundamentação teórica, dão sentido á interpretação. A colheita de dados para realização deste estudo de caso decorreu ao longo do período de estágio, de 14 de Maio de 2018 a 22 de Junho de 2018. Para este estudo de caso, foram utilizadas várias fontes de evidência de forma a obter os dados necessários ao estudo. Foi realizada a triangulação de dados a partir de dois instrumentos de recolha de dados: o Elderly Nursing Core Set (ENCS) (Fonseca e Lopes,2013) e o índice de Barthel (DGS,2011). As restantes fontes de evidência basearamse na observação participante, entrevista ao doente e pessoa significativa e consulta de informação no processo clínico do doente. Segundo Fonseca (2013) a avaliação da capacidade funcional de um indivíduo deve ser realizada através de uma linguagem internacional classificada que possa ser aceite pelos vários grupos profissionais. A avaliação da capacidade funcional por parte dos enfermeiros deve ser feita com base na adoção de uma linguagem internacional que permita, de forma global, uma comunicação dos problemas entre vários grupos de profissionais e os sistemas de saúde, para a programação de cuidados e de políticas de saúde. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF, 2004) foi desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem como objetivo geral proporcionar uma linguagem unificada e padronizada permitindo a comunicação sobre saúde e cuidados de saúde em todo o mundo nas várias disciplinas e ciências. É com base nesta classificação que surge o ENCS. O ENCS é um instrumento composto por cinco secções distintas em que a primeira é constituída por um conjunto de questões de identificação e caracterização socio-biográfica sendo as restantes relacionadas com a avaliação da funcionalidade: funções do corpo,
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estruturas do corpo, atividades de participação e fatores ambientais. O ENCS consiste assim, num teste composto por 25 itens que têm como objetivo avaliar a funcionalidade e definir necessidades de cuidados de enfermagem, segundo a CIF. A resposta a cada um dos itens é feita segundo uma escala tipo Likert com 5 pontos sendo esta pontuação expressa numa escala de orientação positiva (0. não há problema: 0-4%; 1. Problema ligeiro: 5-24%; 2. Problema moderado: 25-49%; 3. Problema grave: 50-95%; 4. Problema completo: 96-100%). O instrumento permite a avaliação de quatro fatores: Autocuidado, a Aprendizagem e Funções Mentais, Comunicação e Relação com Amigos e Cuidadores. (Lopes e Fonseca,2013) O conceito de autocuidado no ENCS é constituído por doze indicadores (lavar-se, vestir-se, cuidar de partes do corpo, deslocar-se utilizando algum tipo de equipamento, andar, realizar a rotina diária, manter a posição do corpo, mudar a posição básica do corpo, cuidados relacionados com os processos de excreção, utilização da mão e do braço, beber, comer. O conceito de aprendizagem e funções mentais é constituído por seis indicadores, sendo eles, funções emocionais, funções da orientação, funções da atenção, funções da memória, funções da consciência, funções cognitivas de nível superior. O conceito de comunicação é constituído por quatro indicadores que são o falar, conversação, comunicar e receber mensagens orais, relacionamentos familiares. O conceito de relação com amigos e cuidadores é constituído por três indicadores: prestadores de cuidados pessoais e assistentes pessoais, profissionais de saúde, amigos. (Fonseca, Ferreira, Ramos, Lopes, Santos,2017) A avaliação clínica e funcional inicial deve ser efetuada com escalas estandardizadas como o índice de Barthel. Segundo a DGS (2011) o índice de Barthel é composto por 10 itens correspondendo às atividades básicas de vida diária (intestinos, bexiga, higiene pessoal, uso da sanita, alimentação, transferência, mobilidade, vestir, escadas, banho). A pontuação da escala varia de 0 a 100 pontos (com intervalos de 5 pontos) considerando-se uma incapacidade ligeira a grave de acordo com a pontuação total de avaliação do índice de Barthel. Uma incapacidade ligeira corresponde a mais de 90 pontos, incapacidade moderada entre 55pontos e 90pontos e grave inferior a 55 pontos. Segundo Mahoney e Barthel (1965) um indivíduo com uma pontuação de avaliação de índice de Barthel de 100 é continente, veste-se, levanta-se, toma banho sozinho, caminha, sobe e desce escadas, ou seja é independente, não necessitando de ajuda na realização dos seus autocuidados. Uma pontuação de 0 em cada um dos itens descritos significa que o indivíduo não é capaz de os realizar, ou seja é totalmente dependente. O índice deverá ser usado como um registo do que o doente faz e não como um registo do que o doente poderia fazer. O principal objetivo é determinar o grau de independência sem qualquer ajuda, física ou verbal, por mínima e qualquer razão que seja. Para ser
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independente, é permitido o uso de auxiliares e ajudas técnicas. DGS (2011) Para Mahoney e Barthel (1965) o índice de Barthel é útil na avaliação do estado de independência do indivíduo antes do tratamento/internamento e durante tratamento/ internamento. É um instrumento de avaliação simples entendido por todos os que trabalham com o indivíduo, podendo ser pontuado com precisão e rapidez por qualquer pessoa sendo a pontuação de cada item tão importante como a pontuação total visto que indica especificamente onde se encontram os défices de funcionalidade. Participantes do Estudo de Caso A colheita de dados para realização deste estudo de casos múltiplos foi aplicada a três utentes internados no Serviço de Medicina Interna- Unidade de Silva Duarte do Hospital de São Bernardo, em Setúbal. Optou-se por uma amostra intencional, tendo em conta os seguintes critérios de seleção: doentes com patologia respiratória com mais de 65 anos e com alteração de funcionalidade prévia ao internamento ou devido ao motivo de internamento e que foram alvo de cuidados especializados de enfermagem de reabilitação. Previamente foi realizada uma caracterização sociodemográfica da amostra tendo em conta as variáveis, idade, género, nacionalidade, estado civil, agregado familiar, nível de escolaridade, profissão e local de residência. Para assegurar o anonimato dos “casos” serão identificados através de letras e números. Foram colhidos dados do “caso” A1, A2 e A3, apresentando-se os dados da caracterização sociodemográfica na tabela 1. Tabela 1. Caracterização Sociodemográfica do “caso” A1, A2, A3 “Caso”
A1
A2
A3
Idade
83
81
81
Género
Feminino
Feminino
Feminina
Nacionalidade
Portuguesa
Portuguesa
Portuguesa
Estado Civil
Solteira
Viúva
Solteira
Agregado Familiar
Vive em Lar
Vive Sozinha
Vive Sozinha
Nível de Escolaridade
Analfabeta
1ª Classe
4ª Classe
Profissão
Reformada
Reformada
Reformada
Local de Residência
Setúbal
Setúbal
Setúbal
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RESULTADOS Serão apresentados os “casos” múltiplos para a realização deste estudo de caso de forma individual, identificados por letras e números como descrito acima. Estudo de Caso A1 Utente de 83 anos, do género feminino, solteira, reformada, reside em lar. Antecedentes pessoais: hipertensão arterial, dislipidémia, diabetes mellitus tipo 2 insulinotratada, cardiopatia isquémica: status pós enfarte agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST com cirurgia cardíaca (08/2012), doença pulmonar não especificada, com padrão obstrutivo na espirometria e precipitinas positivas para pombosDPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica), hiperuricemia, excisão de carcinoma basoceclular da hemiface direita (09/2009), cirurgia por fratura do tornozelo esquerdo (06/2013). Recorreu ao serviço de urgência por quadro de dificuldade respiratória, tendo ficado internada com diagnóstico clínico de pneumonia adquirida na comunidade, hipoxemiante. No 1º dia de internamento realizámos a avaliação inicial de modo a estabelecer o programa de reabilitação respiratória. Em relação ao exame de observação, apresentavase consciente, orientada no tempo, espaço e pessoa, colaborante dentro da sua capacidade funcional, com ligeira hipoacusia. Parâmetros vitais dentro de valores normais. Apresenta padrão respiratório tóracoabdominal, regular, superficial com polipneia em repouso, sob O2 a 2 L/min por óculos nasais. A auscultação pulmonar apresenta ruídos adventícios (sibilos) e murmúrio vesicular diminuído nas bases pulmonares. Raio x tórax com ½ inferior dos hemitóraxes hipotransparentes e retificação das hemicúpulas. Acessos de tosse ineficaz, cansaço a pequenos esforços não apresentando contudo cianose central ou periférica. Apresenta limitações articulares, com hipercifose cervical, diminuição de amplitudes articulares, com padrão de ligeira anquilose. Referiu deambular em cadeira de rodas no lar. Estudo de Caso A2 Utente de 81 anos, do género feminino, viúva, reformada, reside sozinha em casa própria. Antecedentes pessoais: hipertensão arterial, gastrite crónica, síndrome ansioso. Recorreu ao serviço de urgência por dispneia e expetoração mucopurulenta, tendo ficado internada com diagnóstico clínico de traqueobronquite. No exame de observação apresentava-se consciente, orientada no tempo, espaço e pessoa e colaborante. Referiu que era independente nos autocuidados. Parâmetros vitais dentro de parâmetros normais para a doente. Padrão respiratório tóraco-abdominal, regular, superficial, caixa torácica simétrica e eupneica em repouso sob O2 a 2L/min por óculos nasais. Apresentava acessos de tosse
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produtiva, cansaço a médios esforços. A auscultação pulmonar apresenta ruídos adventícios (sibilos) e murmúrio vesicular diminuído nas bases pulmonares. Raio x tórax com infiltrados em todos os campos pulmonares. Com recorrência de episódios de dispneia. Estudo de Caso A3 Utente de 81 anos, do género feminino, solteira, reformada, reside sozinha em casa própria com apoio da sobrinha. Antecedentes pessoais: hipertensão arterial, fibrilhação auricular, dislipidémia, diabetes mellitus tipo 2 não insulinotratada, DPOC tabágica, osteoporose. Recorreu ao serviço de urgência por dispneia, tendo ficado internada com diagnóstico clínico de traqueobronquite aguda e doença pulmonar obstrutiva crónica agudizada. No exame de observação apresentava-se consciente, orientada espaço e pessoa e colaborante. Parâmetros vitais dentro de parâmetros normais para a doente. Padrão respiratório tóraco-abdominal, irregular, profundo, caixa torácica simétrica e polipneica em repouso sob O2 a 2 L/min por óculos nasais. Apresentava acessos de tosse produtiva não eficaz, cansaço a pequenos esforços. A auscultação pulmonar apresenta murmúrio vesicular mantido com ruídos adventícios (roncos e sibilos) dispersos por todo o tórax. Raio x tórax com bases dos hemitóraxes hipotransparentes. Recorrendo ao ENCS (Fonseca e Lopes, 2013) e ao índice de Barthel foi realizada a avaliação descrita na tabela 2. Tabela 2. Resultados das avaliações do instrumento, ENCS ENCS
A1-
A1-
A2-
A2-
A3-
A3-
Avaliaçã
Avaliaçã
Avaliaçã
Avaliação
Avaliaçã
Avaliação
o
o
Diagnóst
após
ica
interven
(Inicial)
ção
Final o
Final após o
Final após
Diagnóst
intervençã
Diagnóst
intervençã
ica
o de ER
ica
o de ER
de (Inicial)
(Inicial)
ER Funcionalid
26%
21%
10%
1% Não há
19%
10%
ade
Problema
Problema
Problema
problema
Problema
Problema
Moderad
Ligeiro
Ligeiro
Ligeiro
Ligeiro
o Autocuidad
60,41%
39,58%
16,66%
0% Não há
37,5%
8,33%
o
Problema
Problema
Problema
problema
Problema
Problema
Grave
Ligeiro
Moderado ligeiro
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Moderad o Aprendizag em
4,16%
e Não
funções
4,16% há Não
da problema
12,5% há Problema
4,16% Não
16,66%
16,66%
há
Problema
Problema
problema
Ligeiro
problema
Ligeiro
Ligeiro
0%
0%
0% Não há
12,5%
12,5%
problema
Problema
Problema
Ligeiro
Ligeiro
0% Não há
0%
0% Não há
problema
há
memória Comunicaçã
0%
o
há
há
há
problema
problema
problema
8,33%
8,33%
0%
com amigos Problema
Problema
há
e
Ligeiro
Ligeiro
problema
100%
25%
100%
0% Não há
100%
25%
Problema
Problema
Problema
problema
Problema
Problema
Completo
Moderad
Completo
Completo
Moderado
Relação
Não
Não
Não
Não
Não
problema
problema
cuidadores Função
da
Respiração
o
Com base na metodologia proposta e analisando os resultados verifica-se que na funcionalidade, no primeiro estudo há uma redução de 26% para 21%, no segundo estudo de 10% para 1% e no terceiro de 19% para 10%. No autocuidado, primeiro estudo, há uma redução de 60,41% para 39,58%, no segundo uma redução de 16,66% para 0% e no terceiro de 37,5% para 8,33%. Na aprendizagem e funções da memória houve uma redução apenas num dos estudos, de 12,5% para 4,16%. Na função da respiração em dois dos estudos uma redução de 100% para 25% e no restante de 100% para 0%.
Tabela 3. Resultados das avaliações do instrumento, índice de Barthel Índice
de
Barthel
Intestinos
A1-
A1-
A2-
A2-
A3-
A3-
Avaliaçã
Avaliaçã
Avaliaçã
Avaliação
Avaliaçã
Avaliação
o
o
Diagnósti
após
ca
Final o
Final após o
Final após
Diagnósti
intervençã
Diagnósti
intervenç
intervenç
ca
o de ER
ca
ão de ER
(Inicial)
ão de ER
(Inicial)
10
10
10
(Inicial) 10
10
10
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Bexiga
10
10
10
10
10
10
Higiene
0
0
5
5
0
5
0
5
10
10
0
10
10
10
10
10
10
10
10
10
10
15
5
15
Mobilidade
0
10
0
5
10
15
Vestir
0
5
10
10
5
10
Escadas
0
5
5
10
0
10
Banho
0
0
0
5
0
5
Total
40
100
40
Independe
Moderado
Pessoal Uso
da
Sanita Alimentaçã o Transferênc ias
Grau
Grave
65
Grau
Moderado
70
Grau
Moderado
nte
Grau
100 Independe nte
Com base na metodologia utilizada verifica-se que no primeiro estudo houve melhoria nos itens uso da sanita, mobilidade, vestir, escadas, passando de grau grave a grau moderado. No segundo estudo uma melhoria nos itens transferências, mobilidade, escadas, banho, passando de grau moderado a independente. No terceiro estudo uma melhoria nos itens higiene pessoal, uso da sanita, transferências, mobilidade, vestir, escadas, banho, passando de grau moderado a independente. As pessoas com doença respiratória crónica apresentam limitações físicas e emocionais que condicionam os seus autocuidados o que conduz à imobilidade e progressão da doença. A alteração da funcionalidade devido a alteração da mobilidade pode levar ao surgimento ou agravamento de doenças respiratórias, entre outras. O enfermeiro especialista em reabilitação atua na prevenção mas também na recuperação e manutenção da funcionalidade do doente com vista à melhoria da sua capacidade funcional de forma reduzir o número de manifestações da doença e a mortalidade a ela associada (OE,2018). A reabilitação funcional respiratória, também denominada de cinesiterapia respiratória consiste num conjunto de técnicas de controlo da respiração, posicionamento e movimento de forma a restabelecer o padrão funcional da respiração sendo alguns dos seus objetivos, reduzir a tensão psíquica e muscular, otimizar a ventilação, promover a limpeza e permeabilização da via aérea. (OE, 2018).
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De acordo com a avaliação e observação realizadas aos utentes, foram identificados diagnósticos de enfermagem e elaborado o respetivo plano de intervenções de enfermagem de reabilitação. Os diagnósticos de enfermagem com maior predominância nestes doentes foram: dispneia funcional e expetorar comprometido. Perante os focos acima descritos foram realizadas intervenções de enfermagem de reabilitação que serão descritas quanto às técnicas de reeducação funcional respiratória utilizadas, os seus objetivos, número de repetições e frequência do exercício. Para a presença de dispneia funcional e/ou ansiedade foram realizadas ensinadas técnicas de posicionamento e de relaxamento a serem realizadas sempre que necessário. Estas são utilizadas como forma de conservação de energia, descontração dos músculos acessórios da respiração, facilitando a respiração diafragmática (Menoita e Cordeiro,2012). A consciencialização e dissociação dos tempos respiratórios foi utilizada com o objetivo de controlo da respiração (frequência, amplitude e ritmo respiratório) contribuindo para o relaxamento superior do tórax e região escapulo umeral reduzindo a tensão psíquica. Técnicas realizadas duas a três vezes dia durante 10 a 30 minutos. Foram também realizadas técnicas de respiração abdominodiafragmática associada a expiração com os lábios semicerrados com o objetivo de reduzir a dispneia, a frequência respiratória, a hiperinsuflação (aumenta o volume corrente e diminui volume residual), aumento da tolerância ao esforço e melhoria da capacidade inspiratória (OE,2018). Realizadas dez repetições, 1vez dia, 3x por semana. Realizada reeducação diafragmática com resistência manual ou com peso de 0,5Kg para fortalecimento do diafragma (10 repetições 1 vez dia 3x semana) e reeducação costal global com uso de bastão com o objetivo de melhorar a mobilidade e expansão torácica, 10 repetições 1 vez dia 3x semana. Segundo a CIPE (2015) tosse corresponde ao “processo do sistema respiratório comprometido: expulsão súbita de ar dos pulmões para limpar a via aérea” (p.88) e expetorar “limpeza da via aérea: expulsão do muco, material mucopurulento ou líquidos da traqueia, brônquios e pulmões, tossindo ou cuspindo ” (p.58). Devido á presença de tosse ineficaz com presença de secreções foram utilizadas técnicas de limpeza das vias aéreas com o objetivo de remoção de secreção assegurando a permeabilidade das vias aéreas. As técnicas utilizadas foram a tosse dirigida, huffing (tosse dirigida modificada), técnica de expiração forçada, manobras acessórias e o ciclo ativo da respiração. As manobras acessórias foram realizadas com o objetivo de mobilizar as secreções das pequenas vias aéreas para a grande via aérea prevenindo a estase de secreção brônquica e para serem libertadas para o exterior. Foram utilizadas como manobras acessórias, a compressão e vibração e por vezes as percussões durante 15 a 30 minutos, 1vez dia durante 3 dias por semana. A tosse dirigida,
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huffing e técnica de expiração forçada foi realizada até repetições de 5vezes sempre que necessário durante 3 vezes por semana. Foram realizadas em cada “caso” o ciclo ativo da respiração visto que, foram associadas técnicas de controlo respiratório com exercícios de expansão torácica e técnicas de limpeza das vias aéreas (OE,2018) O combate ao sedentarismo, mantendo a mobilidade e prevenindo a progressão da doença foi assim aplicado tal como a gestão de energia ao esforço. Foi aplicada a reeducação ao esforço através de ensino, treino e entrega de folheto sobre técnicas de conservação de energia, durante a realização dos autocuidados e atividades de vida instrumentais.
DISCUSSÃO Perante a avaliação inicial, intervenções de enfermagem de reabilitação e avaliação após as intervenções, podemos analisar o conteúdo e comparar resultados de forma individual e global. Na avaliação dos resultados do “caso” A1 quanto ao ENCS verifica-se que houve uma melhoria da “capacidade funcional”, do “autocuidado” e da “função da respiração” com a intervenção do ER. Na avaliação do índice de Barthel, verifica-se que houve melhoria nos itens “uso da sanita”, “mobilidade”, “vestir”, “escadas” e “banho”. De acordo com o somatório de pontos, apresentava grau grave de dependência nos autocuidados na avaliação inicial e após intervenção do ER apresentava grau moderado de dependência na realização dos autocuidados. Na avaliação dos resultados do “caso” A2 quanto ao ENCS verifica-se que houve uma melhoria da capacidade funcional, no autocuidado, aprendizagem e função de memória e na função da respiração com a intervenção do ER. Na avaliação do índice de Barthel, verifica-se que houve melhoria nos itens transferências, mobilidade, escadas e banho. De acordo com o total dos pontos, na avaliação diagnóstica inicial apresentava grau moderado de dependência nos autocuidados e após intervenção do ER a doente encontra-se independente nos autocuidados. Na avaliação dos resultados do “caso” A3 quanto ao ENCS verifica-se que houve uma melhoria no autocuidado e função respiratória com a intervenção do ER. Na avaliação do índice de Barthel em todos os itens houve melhoria do grau de dependência, exceto no item intestino, bexiga e alimentação que manteve o grau de dependência. No início da avaliação verifica-se grau moderado de dependência e após intervenção do ER independente na realização dos autocuidados.
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Na tabela 4 são então apresentados os dados globais dos ganhos sensíveis dos cuidados enfermagem de reabilitação perante a utilização do instrumento ENCS nos itens com alterações. Tabela 4. Apresentação global dos ganhos sensíveis dos cuidados de enfermagem de reabilitação ENCS
Funcionalidade Autocuidado
Aprendizagem Função e Funções da Respiratória Memória
Avaliação
26%
60,41%
4,16%
100%
21%
39,58%
4,16%
25%
20,83%
0%
75%
10%
16,66%
12,5%
100%
1%
0%
4,16%
0%
16,66%
8,34%
100%
19%
37,5%
16,66%
100%
10%
8,33%
16,66%
25%
29,17%
0%
75%
22,22%
2,78%
83,33%
Inicial Avaliação Final Total Ganhos 5% A1 Avaliação Inicial Avaliação Final Total Ganhos 9% A2 Avaliação Inicial Avaliação Final Total Ganhos 9% A3 Média
de 7,66%
Ganhos
Na avaliação do índice de Barthel de forma global verifica-se que houve uma melhoria do grau de dependência em todos os casos. Na tabela 5 pode-se observar a média dos ganhos obtidos com a intervenção de enfermagem de reabilitação. Tabela 5. Ganhos sensíveis de enfermagem de reabilitação, instrumento de Barthel
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Índice de Barthel
Avaliação Inicial
Avaliação Final
Total de Ganhos
Estudo A1
40
65
25
Estudo A2
70
100
30
Estudo A3
40
100
60
Média dos Ganhos
50
88
38
CONCLUSÃO O aparecimento de doenças respiratórias associadas a comorbilidades têm repercussão negativa sob a mobilidade do doente. As intervenções do ER permitem assim quebrar essa causa de imobilidade através da melhoria das alterações provocadas pela doença. A doença respiratória e suas comorbilidades provocam um ciclo de alterações sob o utente levando á alteração da sua capacidade funcional verificada através do aumento do grau de dependência nos autocuidados. Para além do ER atuar sob os efeitos indesejáveis da doença promove a autonomia, visto que, através das suas intervenções também capacita o doente e seus familiares a lidarem com a doença preparando-os para a alta clínica, com o objetivo de minimizar os efeitos indesejáveis da doença através de ensino e treino de técnicas de gestão de energia e relaxamento. O objetivo do ER não se cinge apenas á melhoria clínica e funcional do utente mas também na capacitação deste e sua família com vista á redução do número de manifestações/agudizações da doença e á mortalidade a ela associada. Através da aplicação do ENCS e índice de Barthel pode-se concluir que houve melhoria do “grau de funcionalidade”, do “autocuidado” e da “função da respiração” em todos os utentes sob os quais houve intervenção do ER. Provando assim, perante estes resultados a importância da intervenção do ER no ganho de resultados sensíveis aos cuidados de enfermagem de reabilitação. Analisando a globalidade dos ganhos sensíveis dos cuidados de enfermagem de reabilitação, observaram-se resultados positivos na recuperação da capacidade funcional nos três “casos” selecionados. Conclui-se que o ENCS e o índice de Barthel são instrumentos úteis para avaliação dos ganhos em saúde nos cuidados especializados de reabilitação prestados ao utente com patologia respiratória e com comorbilidades associadas.
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Monteiro, A. et al (2018) AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, A influência das Intervenções de Enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 177 - 183 REVISÃO SISTEMÁTICA: Monteiro, A. et al (2018) AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, A influência das Intervenções de Enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 177 - 183
Revisão Sistemática
AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, A influência das Intervenções de Enfermagem SELF CARE IN PEOPLE WITH HEART FAILURE, The influence of Nursing Interventions
AUTOCUIDADO EN PERSONAS CON INSUFICIENCIA CARDÍACA, La influencia de las Intervenciones de Enfermería
Ana Monteiro, Centro Hospitalar Lisboa Norte; Ana Sofia Guia, Centro Hospitalar Lisboa Norte; Filipa Brás, Hospital dos Lusíadas Lisboa; Isabel Pinho, Santa Casa da Misericórdia de Tomar; Paulo Figueira, Hospital dos Lusíadas Lisboa; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: anasofiaguia@gmail.com
RESUMO Objetivo: Identificar a influência das intervenções de enfermagem na melhoria do autocuidado em pessoas com insuficiência cardíaca. Metodologia: A pesquisa incidiu sobre a base de dados EBSCO (MEDLINE with FULL TEXT, CINALH, Plus with Full Text e MedicLatina) retrospetivamente de 2000 até 2018. Foram selecionados 10 artigos com maior relevância para o estudo e avaliados os níveis de evidência dos artigos, recorrendo a Melnyk e Fineout-Overholt (2011). Resultados: Os encontros educacionais, entrevistas e visitas domiciliárias realizadas pela equipa de enfermagem permitiram identificar as dimensões estado funcional, autocuidado, gestão de sintomas, satisfação do paciente e utilização dos serviços de saúde como ganhos em saúde. Conclusões: As intervenções de enfermagem contribuem para uma melhoria no autocuidado nas pessoas com insuficiência cardíaca, o que torna evidente o papel fundamental da enfermagem na promoção da saúde. Palavras-chave: Intervenções de enfermagem; autocuidado; insuficiência cardíaca.
ABSTRACT Aim: Assess the influence of the nursing interventions on the self-care, accomplished by patients with heart failure. Methodology: The research was based on the database EBSCO (MEDLINE with FULL TEXT, CINALH, Plus with Full Text and MedicLatina) retrospectively from 2000 to 2018. Ten articles were selected based on their relevance for the study and evaluated the evidence levels of the articles using Melnyk and Fineout-Overholt (2011). Results: The nursing team carried out educational meetings, interviews and home visits, allowing the identification of the functional status, self-care, symptom management, patient satisfaction and health service utilization, as health gains. Conclusions: With this review we concluded that nursing interventions can contribute to the recovery of patients with heart failure that self-care, which pinpoints the importance of nursing in the role of health promotion. Key-Words: Nursing; Self-care; Heart Failure.
RESUMEN Objetivo: Identificar la influencia de las intervenciones de enfermería en la mejora del autocuidado en personas con insuficiencia cardíaca.
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Monteiro, A. et al (2018) AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, A influência das Intervenções de Enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 177 - 183
Metodología: La investigación se centró en la base de datos EBSCO (MEDLINE con FULL TEXT, CINALH, Plus con Full Text y MedicLatina) retrospectivamente de 2000 a 2018. Fueron seleccionados 10 artículos con mayor relevancia para el estudio y evaluados los niveles de evidencia de los artículos, recurriendo a Melnyk y Fineout-Overholt (2011). Resultados: Los encuentros educacionales, entrevistas y visitas domiciliarias realizadas por el equipo de enfermería permitieron identificar las dimensiones del estado funcional, autocuidado, gestión de síntomas, satisfacción del paciente y utilización de los servicios de salud como ganancias en salud. Conclusiones: Las intervenciones de enfermería contribuyen a una mejora en el autocuidado en las personas con insuficiencia cardíaca, lo que hace evidente el papel fundamental de la enfermería en la promoción de la salud. Palabras clave: Intervenciones de enfermeira; autocuidado; insuficiencia cardíaca.
INTRODUÇÃO A Insuficiência Cardíaca (IC) é a fase final de todas as doenças do coração, sendo uma das principais causas de mortalidade e morbilidade. É descrita como um problema de saúde pública (Ceia et al.), visto a incidência global ser suscetível de aumentar no futuro devido ao envelhecimento da população e aos avanços terapêuticos que se traduzem em uma melhoria da sobrevida dos cidadãos com função cardíaca comprometida (Davis, Hobbs & Lip (2000) e Ceia et al., (2002)). Cerca de 26 milhões de adultos em todo o mundo sofrem de IC, (Ponikowski, et al., 2014) sendo que recentes projeções indicam que a prevalência de IC aumentará em 25% até 2030 (Mazurek & Jessup, 2015). Na Europa, as doenças do coração e do sistema circulatório são a principal causa de morte, correspondendo a mais de 4 milhões de mortes anualmente. (European Heart Network and European Society of Cardiology, 2012. Em Portugal, a mortalidade no diagnóstico de IC, em 2014, situa-se nos 18,1%, sendo que episódios de internamento por IC têm aumentado, apesar do valor decrescente nos internamentos por IC como diagnóstico principal. A população é maioritariamente do sexo feminino, de faixa etária acima dos 75 anos e admitidos em contexto não programado (Cardoso, 2016). Os episódios de descompensação requerem frequentemente o recurso ao serviço de urgência e o posterior internamento ou reinternamento de pessoas com IC. Nos países desenvolvidos, a IC é responsável por 1,4% de todas as hospitalizações. (Ponikowski et al., 2016). Com o avanço tecnológico é expectável que o diagnóstico da doença seja cada vez mais precoce e o seu tratamento direcionado de forma a melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, bem como reduzir a taxa de internamento, reinternamento e diminuir a progressão da doença melhorando a sobrevivência. (Davis, Hobbs & Lip, 2000).
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O tema escolhido foi as intervenções de enfermagem na melhoria do autocuidado em pessoas com Insuficiência Cardíaca, tendo assim, como objetivo identificar a influência das intervenções de enfermagem na melhoria do autocuidado em pessoas com insuficiência cardíaca. A escolha do tema deveu-se ao facto de ser uma prática diária a prestação de cuidados a pessoas com IC de todos os elementos do grupo, em diferentes fases da doença. (UCI em que a prestação de cuidados ocorre na agudização grave da doença; Reabilitação em Internamento com prestação de cuidados numa primeira fase de treino de atividades de vida diária, tolerância ao esforço e autocuidado; Unidade de Cuidados de Longa Duração cujos cuidados incidem na gestão de sintomas, descanso e autocuidado). Para a realização deste trabalho foram selecionados e validados os descritores de Intervenções de Enfermagem, Autocuidado e Insuficiência Cardíaca no Medical Subject Headings (MeSh 2017). As Intervenções de Enfermagem são o campo do cuidado voltado para a promoção, manutenção e restauração da saúde, enquanto o Autocuidado refere-se ao desempenho de atividades por profissionais de saúde, incluindo o cuidado de si mesmo ou da família e dos amigos. A Insuficiência Cardíaca é uma condição em que o coração é incapaz de bombear sangue suficiente para satisfazer a necessidade metabólica do corpo. Esta pode ser causada por defeitos estruturais, anormalidades funcionais ou uma sobrecarga súbita.
METODOLOGIA Os descritores foram validados no MeSH (medical subject headings) e realizada pesquisa com Heart Failure AND Nursing AND Self-care. A pesquisa incidiu sobre a base de dados EBSCO (MEDLINE with FULL TEXT, CINALH, Plus with Full Text e MedicLatina) retrospetivamente de 2000 até 2018. Nos critérios de inclusão englobaram-se artigos de método qualitativo e quantitativo, disponíveis em texto completo, Major heading: patient education e foco em intervenções de enfermagem na promoção do autocuidado em pessoas com insuficiência cardíaca. Como critérios de exclusão foram eliminados os artigos com metodologia pouco clara, data inferior ao definido e sem correlação com o objeto de estudo. No total, obteve-se 24 artigos, dos quais foram selecionados 10 artigos com maior relevância, sendo 6 artigos com nível de evidência cientifica II e 4 artigos com nível de evidência cientifica III.
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Para avaliar os níveis de evidência dos artigos, recorreu-se aos contributos de Melnyk e Fineout-Overholt (2011).
DISCUSSÃO Para uma análise mais profunda dos artigos identificou-se variáveis sensíveis aos cuidados de enfermagem (Doran, 2011) face às intervenções de enfermagem na melhoria do autocuidado da pessoa com IC. Foram identificadas as seguintes variáveis sensíveis aos cuidados de enfermagem: estado funcional, autocuidado, gestão de sintomas, satisfação do paciente e utilização dos serviços de saúde. A IC é uma doença crónica, progressiva e complexa em que as manifestações físicas da doença causam alterações no bem-estar físico e psicológico. A variável sensível aos cuidados de enfermagem gestão de sintomas foi uma das dimensões mais evidenciadas nos artigos. Segundo Kutzleb e Reiner (2006) a educação para a saúde melhorou a gestão de sintomas e o autocuidado, através do controlo de ingestão de sódio, peso diário e gestão de regime terapêutico. A entrevista motivacional de enfermagem foi identificada como um fator importante no reconhecimento da exacerbação dos sintomas, gestão dos mesmos e na procura de ajuda nos profissionais de saúde (Rojas, Rojas & Reyes, 2013) indo assim, ao encontro dos estudos que afirmam que a educação de grupo é considerada eficaz no aumento do conhecimento da pessoa sobre a doença e gestão de sintomas (Jaarsma et al. (2000), Yehle, Sands, Rhynders & Newton (2009) e Bertuzzi, Souza, Moraes, Mussi e Rabelo (2012)). Smeulders et al. (2009) evidenciou que a aderência das pessoas a programa dirigido para pessoas com IC contribuiu para uma utilização mais sensível dos serviços de saúde, devido ao seguimento de instruções dietéticas e utilização de técnicas de gestão e controlo dos sintomas. Yehle, Sands, Rhynders e Newton (2009), Bertuzzi, Souza, Moraes, Mussi e Rabelo (2012) e Delaney Apostolidis, Bartos, Robbins e Young (2014) descreveram a visita domiciliária de enfermagem como fator favorável ao desenvolvimento do autoconhecimento sobre a patologia, sintomas de IC, efeito da terapêutica diurética, dieta e motivos para procura de equipa de saúde, tornando as pessoas capazes de monitorizar e gerir a sua doença, conseguindo uma melhoria na gestão do autocuidado. A educação da pessoa com IC realizada pela equipa de enfermagem e o seguimento através do telefone revelou uma melhoria significativa na capacidade funcional no grupo de intervenção, existindo assim, uma melhor adaptação e gestão da doença (Kutzleb & Reiner,
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2006) o que demonstrou ser um ganho para a saúde na variável sensível aos cuidados de enfermagem, estado funcional. O mesmo estudo refere que a qualidade de vida está relacionada com capacidade funcional. O autocuidado foi a dimensão mais referenciada nos estudos. Segundo Jaarsma et al. (2000) a intervenção educativa de enfermagem em contexto hospitalar e domiciliário, foi eficaz na melhoria de comportamentos para o autocuidado nas pessoas com IC. Através de uma abordagem sistemática de educação, realizada por enfermeiros, existe uma promoção da compreensão sobre a doença e comportamentos de autocuidado (Rabelo et al, 2007). Lúpon et al. (2007) também afirmou que o aumento do conhecimento sobre desempenho cardíaco e insuficiência cardíaca tem influência na melhoria de comportamentos para o autocuidado, bem como na procura da equipa de saúde. No estudo realizado por Rodríguez-Gázquez, Arredondo-Holguín e Herrera-Cortés (2012) verificou-se que um programa educacional de enfermagem, através de encontros educacionais entre pessoa/família/enfermeiro, visitas domiciliárias, teleenfermagem e utilização de folhetos informativos, melhorou scores de avaliação de autocuidado em 20%, em cerca de 39% dos participantes submetidos a intervenção, quando comparado com o grupo de controlo, indo assim ao encontro do estudo de Delaney et al. (2014) que considerou que a intervenção da equipa de enfermagem aumenta o conhecimento sobre IC. A educação de grupo em consulta médica partilhada contribuiu para o aumento de satisfação no acesso aos cuidados de saúde e diminuição de utilização de recursos (Yehle et al., 2009). Kutzleb & Reiner (2006) demonstrou que a intervenção da equipa de enfermagem, através de consultas programadas, evitou recorrências ao serviço de urgência ou reinternamentos durante o período de realização do estudo o que permite deduzir uma diminuição dos custos económicos no tratamento das pessoas com IC sendo este, um ganho para a saúde.
CONCLUSÃO A IC é uma doença crónica, progressiva e complexa que causa alterações no bem-estar físico e psicológico. As limitações impostas pela progressão da doença sobre as atividades de vida são evidentes. A educação da pessoa com IC através de entrevistas, visitas domiciliárias, encontros educacionais pessoa/família, melhoram o conhecimento sobre a patologia, identificação de sintomas/sinais e gestão dos mesmos. As intervenções de enfermagem baseadas na educação à pessoa com IC evidenciam ganhos em saúde a nível do estado
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REVISÃO SISTEMÁTICA: Monteiro, A. et al (2018) AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, A influência das Intervenções de Enfermagem, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 177 - 183
funcional, autocuidado, gestão de sintomas, satisfação do paciente e utilização dos serviços de saúde o que torna evidente o papel fundamental da enfermagem na promoção de saúde.
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Navarro, G. et al (2018) A intervenção psicomotora em gerontes com problemas osteoarticulares, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 184 192 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA NARRATIVA: Navarro, G. et al (2018) A intervenção psicomotora em gerontes com problemas osteoarticulares, Journal of Aging & Innovation, 7 (2): 184 - 192
Revisão Bibliográfica Narrativa
A intervenção psicomotora em gerontes com problemas osteoarticulares La intervención psicomotora en gerontes com problemas osteoarticulares
Psychomotor intervention on eldelry with osteoarticular problems
Gabriel Navarro; Inês Alexandre; Laura Dias; Miguel Duarte; José Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal. Corresponding Author: l37641@alunos.uevora.pt
Resumo Este trabalho terá como base uma revisão literária sobre os aspetos particulares da reabilitação nas pessoas idosas que sofrem problemas osteoarticulares do membro inferior, mais precisamente as artroses. O processo de envelhecimento está associado a diminuições gnósico-práxicas, cognitivas e principalmente motoras. Estas diminuições vão contribuir, a longo prazo, para a diminuição da autonomia e funcionalidade do indivíduo. Estudos permitem afirmar que, a idade e a obesidade são os principais fatores do surgimento de artroses nas articulações dos membros inferiores, mais precisamente na articulação do joelho. Através deste trabalho, pretendemos reforçar a importância da intervenção psicomotora na prevenção do aparecimento da patologia, como também a dinâmica multidisciplinar entre diversas áreas no âmbito da saúde. Palavras-chave: artrose; funcionalidade; idosos; intervenção psicomotora; reabilitação;
Abstract This work will be based on a literature review on the particular aspects of rehabilitation in the elderly suffering from osteoarticular problems of the lower limbs, specifically arthrosis. The aging process is associated with body knowledge and motor decreases, mainly cognitive and motor. These decreases will contribute long-term to the reduction of autonomy and individual functionality. Studies have revealed that age and obesity are the main factors of the appearance of osteoarthrosis in the joints of the lower limbs, specifically the knee joint. Through this work, we intend to reinforce the importance of psychomotor intervention in preventing the development of disease, as well as the multidisciplinary dynamics between various areas in health. Keywords: arthrosis; funcionality; eldelry; psychomotor intervention; rehabilitation;
Resumen Este trabajo tendrá como base una revisión bibliográfica sobre los aspectos particulares de la rehabilitación en las personas ancianos con problemas osteoarticulares del miembros inferior, más precisamente las artrosis. El proceso de envejecimiento está asociado con disminuciones gnósico-práxicas, principalmente cognitivo y motor. Estas disminuciones contribuirán a largo plazo a la reducción de la autonomía y la funcionalidad individual. Los estudios han revelado que la edad y la obesidad son los principales factores del surgimiento de artrosis en las articulaciones de los membros inferiores, específicamente la articulación de la rodilla. A través de este trabajo, tenemos la intención de
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reforzar la importancia de la intervención psicomotira en la prevención de la aparición de la patología, así como la dinámica multidisciplinaria entre diversas áreas de la salud. Palabras-clave: arthrosis; funcionalidade; ancianos; intervención psicomotora; rehabilitación;
INTRODUÇÃO O geronte passa por um conjunto de diminuições progressivas das suas capacidades gnósicopráxicas. A capacidade de reagir a situações, emocionais, físicas ou dos processos mnésicos e atencionais, vai sofrendo degradação com o envelhecimento do ser humano. O envelhecimento acarreta inúmeras metamorfoses, principalmente no corpo. O corpo de qualquer sujeito possui um espaço interno e externo, cuja fronteira é a pele. Daí todas as modificações ao nível da pele do ser humano serem tradutores de diversas transformações internas (Fernandes, 2014). Cabe ao terapeuta combater estas modificações e criar atividades que proporcionem ao idoso uma boa qualidade de vida. Atividades essas que trabalhem a sua autonomia psicomotora, como também a sua autoestima para que possa viver o mais independente possível (Fernandes, 2014). Para a execução desta revisão literária, e com o intuito de recolher informações credíveis, foram utilizadas várias bases de dados, nomeadamente, ScienceDirect, MEDLINE, CINAHL e EBSCO. De modo, a obter dados rigorosos, houve uma tentativa de encontrar apenas artigos publicados nos últimos cinco anos. No entanto, houve necessidade de recorrer a bibliografias mais antigas de modo a reforçar os estudos mais recentes, cujas palavras-chave são, artrose, funcionalidade, idosos, intervenção psicomotora e reabilitação.
Desenvolvimento/Discussão No séc. XX foi fulcral combater e controlar todas as doenças infetocontagiosas. Atualmente, está presente um outro tipo de problema, as doenças crónicas. Um dos exemplos mais comuns são as artroses, mais precisamente a artrose situada no joelho (Rodrigues et al., 2009). A artrose do joelho pode ser designada como uma doença, de carácter inflamatório e degenerativo que provoca a destruição da cartilagem articular. Esta inflamação, em maior parte dos casos, leva a uma deformação da articulação. Nos membros inferiores possuímos três articulações principais, nomeadamente: Coxofemoral, do joelho e o tornozelo (diartrose).
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Entre estas articulações que sustentam todo o peso do corpo, o joelho é o mais frequentemente afetado. Aproximadamente 35% dos casos de artrose no joelho aparecem em pessoas com mais de 30 anos, embora nem todos possuam os sintomas previstos. Cerca de 85% das pessoas com idades superiores a 70 anos, apresentam um diagnóstico de artrose. É importante frisar que, o diagnóstico de artrose é tão frequente no sexo masculino como no sexo feminino (Rodrigues et al., 2009). A idade é assim um fator de grande importância no surgimento desta patologia, no entanto, outro aspeto que pode potenciar o aparecimento da artrose do joelho é o excesso de peso, devido ao excesso de carga contínuo sobre a própria articulação. O desempenho motor dos idosos encontra-se comprometido perante este excesso, sendo assim um fator limitante e promotor da artrose do joelho (Rodrigues et al., 2009). Através desta relação, podemos estabelecer uma razão de proporcionalidade direta entre o excesso de peso e a gravidade da patologia, ou seja, quanto maior a quantidade de massa ou maior a porção de gordura corporal, maior será a probabilidade de surgimento da patologia. Quando falamos em desempenho motor, tratamos da mobilidade e podemos afirmar que esta se refere a movimentos que resultam numa mudança de posição, ou seja, uma ação onde se dá a alteração da localização do corpo. Esta ação requer uma interação de sucesso entre vários sistemas/funções, nomeadamente: funções sensoriais, percetivas e cognitivas. Por exemplo, quando falamos em acontecimentos como “rolar para os dois lados” ou “partir da posição sentado para a posição bípede”, temos em conta a mobilidade global do indivíduo e esta interação das várias funções supracitadas (Kane & Buckley, 2016). A maioria das pessoas só dá importância à mobilidade quando esta fica comprometida, podendo assim verificar que o movimento é fundamental ao funcionamento físico e mental (Lima, 2014). As tarefas associadas à mobilidade funcional ocorrem na rotina diária em diferentes circunstâncias e com ambientes alternados. Um paciente pode ter uma forte capacidade neuromuscular e demonstrar comprometimento significativo nas funções mentais que implicam sequenciar movimentos complexos, ou seja, apraxia (Das & McCollum, 1988 in Kane & Buckley, 2016). Por outro lado, o indivíduo pode apresentar implicações severas a nível do sistema neuromuscular, incluindo um mau alinhamento e estabilidade posturais. Cada tarefa requer que o indivíduo estabilize o seu corpo no espaço, ou seja, exige controlo postural dinâmico (Das & McCollum, 1988 in Kane & Buckley, 2016).
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A mobilidade funcional dos indivíduos depende de competências em diversos parâmetros, nomeadamente, atividades diárias (maioritariamente, higiene pessoal), educação, trabalho, jogo, atividades de lazer e participação social. Outros aspetos a ter em conta e que afetam diretamente a mobilidade (performance) são as diferentes forças e habilidades dos indivíduos (Kane & Buckley, 2016). Os fatores contextuais (Idade, género, raça e origem social) representam uma variedade de fatores interrelacionados de condições e situações que podem influenciar a habilidade individual de ser proficiente na realização de tarefas. As variações sociais e culturais também podem ter efeito no sucesso das intervenções em mobilidade funcional, alguns pacientes preferem um ambiente isolado, enquanto outros preferem que o tratamento ocorra num ambiente mais aberto (Kane & Buckley, 2016). Fatores ambientais são externos ao indivíduo e são considerados em 2 níveis: individual e social. Os fatores ambientais individuais incluem o ambiente envolvente mais próximo, p.e: o quarto de hospital; o lar; a vista do local (natureza). O ambiente determina a função do paciente (Kane & Buckley, 2016). Uma vez afetadas as atividades básicas diárias, verificam-se modificações no sistema de respostas emocionais e motoras que, por sua vez têm implicações na interação do indivíduo com o meio envolvente (dos Santos et al., 2014). Uma das habilidades motoras que sofre fortes influências das alterações provenientes do envelhecimento é a marcha (Lopes, Passerini & Travensolo, 2010; Figliolino et al., 2009 in dos Santos et al., 2014). No processo de envelhecimento são comprometidas algumas estruturas importantes para a performance da marcha. Ocorrem alterações no processamento dos sinais vestibulares, visuais e propriocetivos responsáveis pela manutenção do equilíbrio e consequentemente é gerada alguma instabilidade postural na posição bípede (Lopes, Passerini & Travensolo, 2010; Figliolino et al., 2009 in dos Santos et al., 2014). Estas modificações acarretam consequências tanto a nível motor - desequilíbrios - como a nível emocional, onde surgem dúvidas acerca das possibilidades psicomotoras, dá-se uma redução da autoestima e da consciencialização corporal (imagem e esquema corporal). No processo de envelhecimento, ocorrem alterações morfológicas e funcionais que alteram progressivamente o organismo ocorrendo um declínio funcional em vários sistemas: sistema muscular esquelético, sistema nervoso e somatossensorial, visual e vestibular que controlam o equilíbrio (Nascimento et al., 2009; Hernandez et al., 2010; Padoin et al., 2010 in Rubira et al., 2014).
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Desta forma, é possível verificar que o idoso expressa lentidão psicomotora (bradicinesia) nas suas tarefas motoras e mentais, perda de força, aumento da fadiga, aumento do tempo de reação, problemas práxicos, problemas espácio-temporais, problemas de marcha, fobia da queda, dificuldades de comunicação em grupo, problemas de regulação emocional, aumentam abruptamente as suas angústias (como a morte), desvalorização da imagem corporal e abulia (capacidade voluntária de tomada de decisões, perdendo a sua autonomia) (Fernandes, 2014).
Intervenção Psicomotora em gerontes O trabalho ao nível da reabilitação é essencial para manter e garantir a qualidade de vida do geronte, deste modo, o tratamento deve ser realizado de acordo com a gravidade do acontecimento e com as características particulares do paciente (Monteiro, 2012 in Conceição, 2015). Assim, a intervenção deve ser multidisciplinar procurando começar no âmbito da psicomotricidade, com vista a prevenir o agravamento da patologia, e também pela cinesioterapia, conseguindo estabelecer uma dinâmica entre as duas áreas da saúde, com objetivo de promover a qualidade de vida, o bem-estar físico e psicológico do geronte, e de assegurar a vivência do corpo na integração de três importantes dimensões; a motorainstrumental, a emocional-afetiva e a práxico-cognitiva (Monteiro, 2012 in Conceição, 2015). A intervenção psicomotora em gerontes (gerontopsicomotricidade) centra-se no indivíduo de forma global, tendo em conta a interação entre a motricidade, o psiquismo e as emoções, e a interação do envolvimento onde o indivíduo está inserido. Explora o conceito de “reeducação”, ou seja, tornar a educar proporcionando condições de aprendizagem oferecendo novas possibilidades de resolução adequadas às suas potencialidades (Monteiro, 2012 in Conceição, 2015). A gerontopsicomotricidade foca-se também na manutenção das capacidades funcionais do indivíduo, pretende aprimorar a conhecimento e potenciar a eficácia das ações, sobretudo na vida diária (Fonseca, 1998 in Rubira et al., 2014). Visa reforçar a tonicidade, o controlo postural, a imagem corporal, estruturação espaço-temporal, as praxias e evitar a imobilidade, o isolamento, a dependência (Fonseca, 1998 in Rubira et al., 2014). A longo prazo é possível maximizar a consciência da sabedoria adquirida durante a vida, valorizar as capacidades e incentivar ao autocuidado. (Ovando & Couto, 2010).
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De acordo com Probst e Vliet (2005 in Vicente, 2014), a avaliação psicomotora é essencial não só para a elaboração do plano de intervenção adequado, mas também para avaliar os resultados alcançados após a intervenção. Este tipo de avaliação não deve incidir apenas no corpo (competências funcionais) mas também nas competências psíquicas e relacionais. A avaliação psicomotora não visa apenas apresentar as dificuldades do geronte, mas também verificar as suas capacidades e potencialidades (Aubert & Albaret, 2001 in Vicente, 2014). É evidente a importância do corpo e do movimento como mediadores da intervenção psicomotora, através de diversas técnicas, tais como: técnicas de estimulação sensorial, relaxação, toque terapêutico, expressão artística e emocional e dinâmicas de grupo (Aubert & Albaret, 2001 in Vicente, 2014). Através destas técnicas é possível maximizar a resistência muscular trabalhando diferentes tipos de movimento, nomeadamente, movimentos isométricos, isotónicos e isocinéticos (Biasoli & Iszola, 2003). Os movimentos isométricos caracterizam-se pela contração muscular aplicada em situações de repouso prolongado e nos casos em que existe dor (Biasoli & Iszola, 2003). As atividades que envolvem movimentos isotónicos e isocinéticos são dinâmicas e a natureza da contração muscular é concêntrica ou excêntrica (contração de encurtamento ou contração com alongamento), modificando a carga e velocidade das tarefas. As práticas isotónicas implicam movimento articular, sendo mais eficientes na aquisição de massa muscular e melhoria da resistência. Por último, as tarefas isocinéticas comprometem a utilização de equipamentos especializados, o que se demonstra como uma desvantagem na sua usabilidade (Biasoli & Iszola, 2003). Uma vez restaurada a função articular implícita no movimento, os profissionais da saúde e reabilitação devem aplicar técnicas de alongamento muscular, correção postural, treinos de marcha e equilíbrio com auxílio de ortoses; democratização do conceito de ergonomia, ou seja, adaptar as atividades do quotidiano, e ainda orientações gerais relacionadas com a alimentação, relaxamento físico e mental, condicionamento físico e apoio psicológico (Biasoli & Iszola, 2003). Uma das problemáticas que mais influencia o quotidiano da população idosa é a instabilidade gravitacional. Jones e Rose (2005 in Vicente, 2014) afirmam que, as alterações do equilíbrio, a diminuição da força muscular, a lentificação dos movimentos e o aumento do tempo de reação, associados às perdas nos sistemas sensoriais, aumentam consideravelmente o risco de quedas no geronte.
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As vivências motoras resultantes da interação do homem com o meio envolvente culminam na exploração sensório-motora. Esta exploração promove o equilíbrio e a coordenação, visto que proporciona uma melhoria da organização espaço-temporal, do conhecimento somatognósico e do controlo corporal, parâmetros imprescindíveis na manutenção da postura bípede estável, ou seja, um maior controlo postural minimiza o risco de quedas. A psicomotricidade no meio aquático, é um tipo de intervenção capaz de contribuir para o atraso do agravamento da artrose, uma vez que, as propriedades físicas da água (capacidade de flutuação) promovem experiências e vivências que o meio terrestre não proporciona, aumentando, desta forma, a confiança, autonomia e diminuição das angústias de queda do idoso nas suas atividades básicas diárias (dos Santos et al., 2014). A água funciona como um meio facilitador e estimula, direta ou indiretamente, o aparecimento de reações psicoemocionais. (dos Santos et al., 2014). As atividades psicomotoras utilizadas no meio aquático facilitam a execução de movimentos que ordenam as sequências que coordenam os deslocamentos corporais relacionados à marcha (dos Santos et al., 2014), trabalhando assim, o equilíbrio, a coordenação motora, os deslocamentos, o controlo dos movimentos globais e segmentado, controlo postural e esquema corporal.
Conclusão Desta forma, visto que a gerontopsicomotricidade visa a reeducação de idosos de modo a que estes reorganizem o seu sistema adaptativo, promovendo as suas potencialidades e estimulando as suas áreas fracas, o nosso papel enquanto terapeutas deve passar por atividades motoras e direcionadas para a reabilitação muscular, e por atividades de promoção emocional para que ocorra a reabitação e consciencialização exploratória daquele que é o corpo “novo” do idoso e daquilo que é capaz. O psicomotricista intervém na consciencialização e autoconhecimento corporal, na vivência de situações de atividades que permitam trabalhar emoções e sentimentos, de modo que o idoso conheça as suas inseguranças e limitações e, principalmente, o seu próprio corpo (Marcelino, 2007, in Conceição, 2015). Desta forma, a psicomotricidade contribui para a melhoria da componente motora, emocional, mental e social dos gerontes. Atualmente, esta técnica atua como um apoio, de modo a potenciar a estimulação das habilidades motoras, promovendo a inclusão dos gerontes na sociedade.
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Portanto, a prática psicomotora visa melhorar o potencial adaptativo, fortalecendo a relação entre o “o corpo e atividade mental”, de acordo com as características do indivíduo em questão (Vicente, 2014). Em suma, a intervenção psicomotora em gerontes com artroses irá promover uma panóplia de vantagens a nível da autonomia, confiança, autoestima e reportório motor, condições estas essenciais para o bem-estar psicomotor desta população.
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A promoção do autocuidado no idoso, realidade psicomotora The promotion of self-care in the elderly, psychomotor reality
La promoción del autocuidado en los ancianos, la realidad psicomotriz
Maria Cambeiro; Alexandra Martins; Mafalda Pinto; Csrina Rodrigues; José Garcia-Alonso, PhD, Universidade da Extremadura, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Espanha; César Fonseca, PhD, Universidade Évora, Investigador POCTEP 0445_4IE_4_P, Portugal; Vítor Santos, RN, CNS, MsC, Centro Hospitalar do Oeste, Portugal
Corresponding Author: mafalda.1997@live.com.pt
Resumo: Ao longo do envelhecimento ocorrem diversas alterações que influenciam a diminuição da funcionalidade do individuo. Como resultado deste processo, surge a perda de autonomia no idoso. A capacidade de autocuidado tem em vista manter a vida e o bem-estar, sendo que o individuo o realiza em torno de si próprio e do mundo que o rodeia. Este artigo tem como objetivo abordar a forma como a psicomotricidade está relacionada na promoção do autocuidado tento em conta importância do autocuidado no idoso e no cuidador do mesmo. Palavras-chave: Autocuidado; Cuidador de idosos; Intervenção Psicomotora
Abstract: Along the aging occur several changes that influence the reduction in functionality. As a result of this process, becomes the loss of autonomy in the elderly. The ability to self-care is aimed at maintaining life and well-being, and the individual carries it around himself and the world that surrounds him. This article aims to address the way in which psychomotricity is related to the promotion of self-care taking into account the importance of self-care in the elderly and the caregiver. Key words: Self-care; Elderly Caregiver; Psychomotor Intervention
Resumen: A lo largo del envejecimiento ocurren varios cambios que influyen en la reducción de funcionalidad. Como resultado de este proceso, se convierte en la pérdida de autonomía en los ancianos. La capacidad de autocuidado está dirigida a mantener la vida y el bienestar, y el individuo lo lleva a su alrededor y el mundo que lo rodea. Este artículo tiene como objetivo abordar la forma en que la psicomotricidad está relacionada con la promoción del autocuidado teniendo en cuenta la importancia del autocuidado en las personas de edad avanzada y la persona que lo cuida. Palabras clave: Autocuidado; Cuidador Anciano; Intervención Psicomotriz
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INTRODUÇÃO A experiência de manter o bem-estar e/ou de lidar com a doença são constantes na vida daqueles que enfrentam o envelhecimento. Sendo, por isso, importante promover a saúde e estimular comportamentos que têm como objetivo a manutenção da sua autonomia e, ao envelhecimento, bem-estar. Tal facto revela um comportamento denominado de autocuidado, que procura a criação de estratégias para entender limitações e valorizar o bem-estar e a saúde, assim é possível encontrar formas criativas para o autocuidado do individuo. Com a utilização de modelos e teorias de promoção da saúde, podemos afirmar que a compreensão dos problemas de saúde e a orientação das soluções correspondem às necessidades e interesses das pessoas idosas. Por outro lado, contribui para a promoção do conhecimento, reflexão e decisão dos atos de cuidar e agir, que potenciam a eficácia dos objetivos propostos para a promoção do autocuidado. Para atingir o estado de bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos sociais devem saber identificar e satisfazer as suas necessidades. Esta responsabilidade é partilhada entre indivíduos, comunidades, grupos e instituições que prestam serviços e que visam a qualidade de vida dos idosos, com vista a uma maior participação no controlo no processo. Assim “o cuidar de uma pessoa com algum nível de dependência exige lidar com uma diversidade de esforços, tensões e tarefas que podem superar as reais possibilidades do cuidador, podendo conduzi-lo à exaustão e ter um impacto a nível físico, psicológico, social e económico quer na vida do cuidador, como da pessoa foco dos seus cuidados” (Teixeira, et al., 2017)
METODOLOGIA O presente trabalho consiste numa recolha de informação a partir de referências bibliográficas obtidas através das bases de dados Google Académico, Repositório Digital de Publicações Científicas, ScieLo e Redalyc. Foram selecionados seis artigos em português compreendidos entre os anos 2013 e 2018. A partir dos mesmos e após uma avaliação individual, foi realizada uma revisão da literatura sore o tema “Promoção do Autocuidado no Idoso, Realidade Psicomotora”.
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DISCUSSÃO “Na sua maioria o cuidado desenvolve-se no âmbito familiar, sendo o CI principal a pessoa que assume a responsabilidade maioritária do cuidado e que vivência um grau de envolvência maior que os restantes membros da família, recaindo sobre ela a maioria dos cuidados” (Sequeira (2007) cit por Teixeira, et al. (2017)). Almodóvar et al. (2013), consideram o envelhecimento como um processo dinâmico, gradual, natural e inevitável, no qual ocorrem mudanças corporais, biológicas, psicológicas e sociais, interagindo com fatores ambientais e características individuais, no qual existe a possibilidade de um desenvolvimento pessoal, intelectual e social. Faz parte destas alterações a perda ou diminuição das diferentes funções, tais como: sensoriais (principalmente a visão e audição), do movimento (diminuição da massa muscular, força, velocidade de marcha, densidade óssea) e consequente aumento de risco de fraturas, das funções imunológicas (diminuição da capacidade de combater novas infeções), e por último, das funções cognitivas (perda da capacidade de memória e velocidade no processamento de informação) (OMS, 2015). Em estudos realizados por (Santos, 2013; Costa, 2011), verificou-se que a prática de atividade física contribui para a diminuição de sintomas depressivos e ansiedade, para um aumento da auto estima e confiança e reforço da socialização. Estes autores, juntamente com Hernandez et al. (2010) referem, ainda, a existência de uma diminuição do declínio das funções cognitivas. Neste contexto, Duarte (2013) declara a atividade física como um método de promover atividades na sociedade, provendo ainda alterações na saúde mental, função cognitiva e a própria adaptação do individuo ao meio social onde se encontra inserido (Montañéz & Kist, 2011). Segundo Banzatto et al. (2015), uma intervenção com atividades psicomotoras contribui para a manutenção da autonomia e independência. Segundo os autores Teixeira, et al. (2017), “o papel dos cuidadores é fundamental a nível da promoção da saúde e bem-estar da pessoa que cuidam, em particular a nível do autocuidado e das atividades instrumentais de vida diária, proporcionando apoio emocional e bem-estar, assegurando ainda a promoção da autonomia e a manutenção da sua qualidade de vida e da dignidade humana” Assim, a diminuição da sua funcionalidade, o idoso perde autonomia e passa a necessitar de auxílio de um cuidador. Patrocínio (2015) considera o cuidador formal como a pessoa capacitada para auxiliar o idoso que apresenta limitações para realizar as atividades da vida quotidiana fazendo elo entre o idoso, a família e os serviços de saúde ou da comunidade, geralmente remunerada. Afirma, ainda, que para que cuidar bem do outro é necessário estar
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bem física e emocionalmente. Estudos realizados por da Costa e Castro (2014) concluem que os cuidadores familiares apresentam défice de autocuidado, tensão entre o papel de cuidador e a saúde prejudicada, sobretudo pela falta de cuidados preventivos. “A nível físico e psicológico, os cuidadores informais experienciam mais stress, depressão, ansiedade e, problemas de saúde físicos quando comparados com os não cuidadores da mesma idade (Davis et al, 2011). (…) A nível social os CI (cuidadores informais) em sequência do seu papel podem experienciar pobreza, isolamento, limitação da sua participação social e atividades de lazer (Lamura et al., 2007). (…) O descanso do cuidador pode ser promovido por uma diversidade de intervenções que podem incluir: centros de dia; respostas domiciliárias e institucionalização. As intervenções podem variar em função do período de tempo.” (Teixeira, et al., 2017) Yuaso (2006) cit por Patrocínio (2015) um dos efeitos da formação de cuidadores foi motivar os mesmos a darem mais importância ao cuidado, pois com a melhoria das habilidades técnicas, eles ganharam tempo para si próprios. Patrocínio (2015) afirma que é importante que o cuidador dê especial atenção a sua saúde e seu bem-estar para que consiga dar conta de exercer suas funções de forma equilibrada e saudável. Neste caso, a Psicomotricidade de forma holística tem por objetivo auxiliar o cuidador a conseguir gerir a sua capacidade psicomotora, sabendo gerir as suas emoções e comportamentos perante situações que lhe provoquem desconforto. Como referido anteriormente, a intervenção psicomotora no idoso tem como principal objetivo a promoção e manutenção da sua qualidade de vida. Apresenta por isso um carácter preventivo, e, através de uma visão integral do ser humano de modo holístico, atua nas seguintes áreas: motora, cognitiva e social.
CONCLUSÃO Desta
forma,
concluímos
que
o
objectivo
da
psicomotricidade,
ou
seja,
a
gerontopsicomotricidade consiste na manutenção das capacidades funcionais dos idosos e melhorar o conhecimento que eles podem ter de si e das suas acções nas actividades da vida diária, sendo que, no estudo de Teixeira et al. (2017) “concluíram que, as intervenções psicoeducativas conduzem geralmente a resultados positivos para os cuidadores e atrasam a institucionalização permanente dos destinatários desses cuidados”. Esta ajuda, os idosos a valorizar a sua sabedoria e através dela enfrentarem as suas limitações físicas, perdas e ao mesmo tempo a estimularem o autocuidado e os hábitos pessoais de saúde. A intervenção
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levará o idoso a ter mais possibilidade de se adaptar às mudanças do envelhecimento. Levy (2000), Vasconcelos (2003) cit por de Oliveira et al (2018)). Sendo este no solo ou no meio aquático é fazer com que as três importantes dimensões: a motora-instrumental, a emocionalafectivo e a práxico-cognitiva sejam vivenciadas pelo corpo. (Santos et al (2014) cit por de Oliveira et al (2018)) Referências: Andrade, D. D. (2017). Contributos da intervenção psicomotora ao nivel do equilíbrio em idosos. Costa, M. L. (2011). Qualidade de vida na terceira idade: a psicomotricidade como estratégia de educação em saúde (Master's thesis). da Costa, S., & Castro, E. (2014). Autocuidado do cuidador familiar de adultos ou idosos dependentes após a alta hospitalar. Revista Brasileira de Enfermagem, 979 - 985. da Fonseca, C. J. (2013). Modelo de autocuidado para pessoas com 65 e mais anos de idade, necessidades de cuidados de enfermagem. 17 - 179. de Matos, M. L. (2016). Efeito de dois programas de reabilitação psicomotora (atividade contínua
versus
atividade
intervalada)
na
capacidade
neuromotora
de
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