Dezembro de 2011 com normas

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VOLUME 1 . EDIÇÃO 1


EDITORIAL!

DEZEMBRO, 2011

A edição do primeiro número da Revista

da legislação que implica novos modelos de

Envelhecimento e Inovação, é um marco

equipamentos e serviços destinados às

histórico na vida da Associação Amigos da

pessoas idosas. Formamos técnicos,

Grande

e

abrindo-lhes as perspectivas e dando-lhes

Desenvolvimento, da qual tenho a honra de

novas ferramentas para melhor

ser Presidente.

desempenharem as suas funções e

Idade

Inovação

Nascida em meados de 2008 a

fazemos, como ninguém, uma ligação

Associação tem vindo a percorrer um

permanente do trabalho científico à prática

caminho de grande pragmatismo e de

do trabalho diário no terreno.

enorme visibilidade, conseguindo nestes

A revista que agora nasce pretende ser

últimos anos, transmitir em centenas de

uma mediatização de todo o trabalho que já

eventos, iniciativas e reuniões cientificas

desenvolvemos e que vamos

uma visão algo diferente do

desenvolvendo e que é espelhado por

envelhecimento, das pessoas idosas e dos

dezenas de técnicos que têm a obrigação

equipamentos destinados a estas pessoas,

de publicar os seus trabalhos, partilhar as

utilizando sempre um discurso de

suas ideias e propostas e dar a conhecer a

desconstrução dos conservadores

sua investigação de forma a ser aplicada

preconceitos que a sociedade mantém em

para melhorar os cuidados e serviços a

relação às questões das pessoas mais

Pessoas idosas.

velhas.

Ao longo da minha curta mas

Defendemos, como Kofi Annan, que o

preenchida carreira de gestor de uma

envelhecimento não é uma desgraça mas

unidade de cuidados e serviços para

uma vitória de todas as sociedades e, ao

pessoas idosas fui realizando muito trabalho

mesmo tempo, uma oportunidade.

ao qual faltava a contextualização teórica e

Desconstruímos a ideia de que o

o acompanhamento científico. Foi com a

envelhecimento tem a ver exclusivamente

integração de pessoas da área académica

com o aumento da esperança de vida e

que esse trabalho começou a fazer sentido

julgamos que uma das razões mais graves

e a poder ser discutido, partilhado e, agora,

é a diminuição da taxa de natalidade,

copiado. Foi nessa altura que começamos a

apresentando uma visão global do

entender que a investigação científica tem

fenómeno e não nos deixando cair na

que mudar alguns dos seus paradigmas e

tentação de parcelizar os problemas

não pode ficar dentro dos gabinetes das

actuais. Apoiamos uma reforma estrutural

escolas e universidades nem pode ser feito


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em função de interesses que não sejam os

pessoas idosas. Continuamos a trabalhar

do mercado de trabalho e do desempenho

nesta área baseados em modelos que nos

prático no terreno.

foram sendo passados e que assentam no

A investigação científica tem que

chamado conhecimento do “olhómetro”:

encontrar novos caminhos mas deve ser

vimos, logo copiamos. Não existem modelos

feita em função das necessidades do

sustentáveis e de qualidade para serviços

trabalho que os técnicos desenvolvem no

de cuidados domiciliários, para centros de

dia-a-dia. É normal ouvirem-me dizer que

dia, temos lares que mantêm ofertas que

antes de se escolher um tema para um

tinham há praticamente um século, não

trabalho de investigação deve falar-se com

criamos evidencia na área da ocupação,

os técnicos dessa área e responder não a

lazer e recreação, não estudamos quaisquer

questões puramente académicas mas às

indicadores nestes equipamentos, não

necessidades que esses técnicos sentem

temos princípios de organização de

no desempenho das suas funções. Sair da

trabalho, de gestão, de planeamento, de

escola o mais possível, ultrapassar os

estratégia, de comunicação, etc. A área do

portões da universidade e acima de tudo

envelhecimento e todas as suas questões

perder a arrogância académica tão

práticas não estão na ordem do dia e o

brilhantemente desenvolvida no nosso

trabalho que se desenvolve estuda

pequenino País e cujos resultados são

aparentemente um idoso que não existe e

lamentáveis em função da produção

que faz parte do imaginário de muitos e

técnico-científica que temos, especialmente

muitos académicos.

na área do envelhecimento.

A Revista que agora se edita pretende

Área do envelhecimento a que temos

ser um espaço de livre opinião com critérios

que dar cada vez mais importância, tanto do

técnico-científicos mas não impeditivos de

ponto de vista de respondermos às

publicação do que se entender importante

necessidades das pessoas como do ponto

para todos os interessados nas questões do

de vista da sustentabilidade de uma

envelhecimento.

sociedade onde cada vez nascem menos

A manutenção da Revista e a garantia

crianças e cada vez se vive mais tempo.

da sua periodicidade semestral é o principal

Também do ponto de vista de viver mais

objectivo, tendo também a pretensão de

tempo com mais saúde.

uma edição em formato papel para maior

Sabemos hoje pouco sobre os

divulgação. Mas estamos habituados a ser

cuidados e serviços mais adequados às

pacientes e a fazer o caminho certo pelo


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que não teremos quaisquer precipitações. A Revista representa uma das áreas de desenvolvimento da Associação e será com esta modéstia que percorreremos o caminho necessário a impô-la na comunidade académica e no sector operacional, contando com muitos amigos e algumas personalidades de relevância nacional que acreditam em nós. É uma publicação que vai sair sem qualquer patrocínio, sem qualquer subsídio ou outro financiamento que não seja o trabalho de cidadania exercido pelos elementos da Associação e seus colaboradores. Esperamos pelo apoio de mais e mais amigos e pelos seus artigos, trabalhos ou mesmo, simplesmente, informação relevante que julguem ser interessante partilhar. É meu desejo, ocupando estas funções na Associação ou não, que este número da Revista, modesto é certo, mas convicto do caminho a percorrer, seja um passo decisivo para mais uma iniciativa preenchida de êxito. Bem-vindo, Revista On-line Envelhecimento e Inovação. Rui Fontes - Presidente da Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento.


Madruga, M., Prieto, J., Parraca, J., Gusi, N., (2012) Calidad de Vida Relacionada con la Salud: Población Rural y Urbana Desde una Perspectiva de Género. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 5-13

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE !

DEZEMBRO, 2011

CALIDAD DE VIDA RELACIONADA CON LA SALUD: POBLACIÓN RURAL Y URBANA DESDE UNA PERSPECTIVA DE GÉNERO QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE: POPULAÇÃO RURAL E URBANA A PARTIR DE UMA PERPSPECTIVA DE GÉNERO

Autores

Miguel Madruga1, Josué Prieto2, José Alberto Parraca3, Narcís Gusi4 1Facultad

de Ciencias del Deporte. Universidad de Extremadura.

Corresponding author: jparraca@unex.es RESUMO Introdução: Entre os vários factores demográficos que podem determinar a qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) nos idosos, encontramos o local de residência e o sexo. Este estudo visa avaliar a qualidade de vida relacionada com a saúde da população rural e urbana, comparando e analisando as diferenças entre homens e mulheres. Metodologia: Um estudo transversal de corte a 75 anos de idade, de 8 centros de atenção primária nas zonas rurais e urbanas selecionadas aleatoriamente na mesma região autónoma da Espanha (Extremadura). Realizámos uma entrevista pessoal com 434 pessoas (214 da área urbana e 220 na área rural ) de 75 anos de idade. As características sóciodemograficas foram avaliadas e utilizadas na versão espanhola do questionário de qualidade de vida SF-36. Resultados: A população urbana apresenta níveis mais elevados em todas as dimensões e componentes do questionário, encontrando-se diferenças significativas em todas as dimensões e componentes do questionário, exceto para SF-36mental. Os homens em áreas rurais e urbanas apresentaram diferenças significativas em RF, BP e MH. As mulheres nas zonas rurais e urbanas apresentaram diferenças em RF, GH, SF e SF-36físico. Conclusões: O sexo e local de residência são variáveis que determinam o nível de QVRS, estes resultados devem ser considerados ao avaliar a QVRS e no desenho de programas e intervenções com este tipo de população. Palavras-chave: Qualidade de vida, idosos, rural-urbano, masculino-feminino

INTRODUCCIÓN

psicológico, la función física, las relaciones

Evaluar la calidad de vida relacionada con

sociales, género, situación económica, nivel de

la salud (CVRS) en la población mayor es un

actividad física, acceso a servicios sanitarios y

aspecto fundamental para conocer su estado de

lugares para realizar ejercicio, nivel educativo,

salud general y aquellos factores que son

entre otros (Sabbah, Drouby et al. 2003; Weeks,

determinantes para mantener un nivel de

Kazis et al. 2004; Fogelholm, Valve et al. 2006;

calidad de vida adecuado (Ferrucci,

Shucksmith, Cameron et al. 2006; Oguzturk

Baldasseroni et al. 2000). Además esta

2008; Tajvar, Arab et al. 2008). Estos factores

evaluación permite conocer las necesidades

influyen de forma significativa en los niveles de

socio-sanitarias así como los efectos que

calidad de vida de la población y pueden ser

pueden producir los diferentes tratamientos e

diferentes en función del lugar o ámbito de

intervenciones que se desarrollan con ellos

residencia, estableciéndose así diferencias entre

(Sabbah, Drouby et al. 2003).

la población rural y urbana (Weeks, Kazis et al.

El término CVRS es un concepto

2004; Marcellini, Giuli et al. 2007; Nummela,

multidimensional, que concierne a múltiples

Sulander et al. 2007; Lucchetti, Corsonello et al.

factores de la persona, como son el bienestar

2008; Oguzturk 2008).

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Algunos estudios previos demostraron que

estudios previos no son concluyentes respecto a

las personas mayores que viven en zonas

la importancia de la variable género a la hora de

rurales tenían un menor nivel de CVRS (Weeks,

evaluar la CVRS (Weeks, Kazis et al. 2004;

Kazis et al. 2004; Fogelholm, Valve et al. 2006;

Nummela, Sulander et al. 2007), y por ello, es

Oguzturk 2008; Rėklaitienė, Bacevičienė et al.

necesario desarrollar estudios que analicen las

2009), estas diferencias se producen tanto a

diferencias en CVRS según el género y el lugar

nivel físico como a nivel psicológico (Weeks,

de residencia (Lau and Morse 2008)

Kazis et al. 2004). Según estos y otros estudios

Por tanto, el objetivo de este estudio es

previos la población rural muestra niveles

determinar los niveles CVRS de una cohorte de

inferiores en múltiples parámetros de calidad de

personas mayores con una edad de 75 años en

vida (función física, dolor corporal, rol físico,

Extremadura (España) y analizar las diferencias

salud y bienestar general, salud mental, función

entre población rural y urbana desde una

social, bienestar general y emocional, nivel de

perspectiva de género.

independencia) con respecto a sus homólogos de zonas urbanas (Weeks, Kazis et al. 2004;

METODOLOGÍA

Marcellini, Giuli et al. 2007; Lau and Morse

El presente estudio se basa en un diseño

2008; Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009; Dong

observacional analítico de corte transversal en

and Simon 2010). Asimismo, estudios previos

una cohorte de población de 75 años de

muestran que la población rural padece

Extremadura de ámbito rural y urbano para

mayores síntomas depresivos y niveles de

analizar las diferencias entre población rural y

ansiedad, menor nivel de autoestima y un mayor

urbana desde una perspectiva de género.

sentimiento de soledad que la población urbana que pueden repercutir de forma significativa en su CVRS (Lau and Morse 2008; Oguzturk 2008; Dong and Simon 2010)

Participantes La muestra del estudio se reclutó de entre las personas mayores que tuvieran 75 años en

A pesar de que existen bastantes estudios

el momento del estudio (2007), que estuvieran

en la literatura científica cuyo objetivo es evaluar

censadas en 4 centros de salud de la ciudad de

la CVRS en personas mayores comparando

Cáceres seleccionados aleatoriamente y en 4

población rural y urbana, es menos frecuente

centros de salud de zonas rurales menores de

encontrar estudios que además analicen las

1.500 habitantes que distaran al menos 20 km

diferencias entre hombres y mujeres en estas

de la ciudad de Cáceres, que fueron

poblaciones. En este sentido, estudios previos

seleccionados aleatoriamente. Los posibles

han puesto de manifiesto que las mujeres de

participantes fueron informadas del estudio por

ámbito urbano tienen un nivel de calidad de vida

medio de sus médicos de familia quienes

inferior a los hombres (Sabbah, Drouby et al.

informaron de los criterios de inclusión del

2003; Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009), pero

estudio: no tener diagnosticado ningún problema

un nivel de salud percibida mayor que los

físico o mental agudo que pudiera interferir en el

hombres (Nummela, Sulander et al. 2007). No

desarrollo del protocolo del estudio, como por

obstante, los resultados obtenidos en algunos

ejemplo Alzheimer, Parkinson ni otras

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demencias. No tener problemas de

Instrumentos de recogida de datos

comunicación severos, no tener cualquier

La evaluación de las variables objeto de

problema de salud que haga que la persona

estudio se desarrolló a partir de diversos

tenga que ser hospitalizada o pueda causarle

c u e s t i o n a r i o s . E n p r i m e r l u g a r, l a s

problemas e incluso la muerte.

características sociodemográficas de los

Un total de 538 personas (268 personas

participantes fueron recogidas mediante un

de población urbana y 270 de la población rural)

cuestionario de elaboración propia basado en

con 75 años de edad en el momento de estudio

cuestionarios estandarizados presentes en la

fueron escrutadas inicialmente, y fueron

literatura científica. Las características

informadas (por correo postal y teléfono) de los

sociodemográficas evaluadas fueron género,

objetivos y protocolo del estudio y su posible

lugar de residencia, estado civil, nivel de

participación.

Un total de 480 (238 de ámbito

estudios, con quién vive, consumo de tabaco,

urbano y 242 de ámbito rural) mostraron su

consumo de alcohol, enfermedades de larga

interés por participar en el mismo. Tras la

duración diagnosticadas (diabetes, hipertensión,

aplicación de los criterios de inclusión, 46

osteoporosis, artrosis, entre otras) y ejercicio

personas (24 de ámbito urbano y 22 de ámbito

físico de mantenimiento realizado.

rural) fueron excluidas del estudio por diversos

En el presente estudio la CVRS se evaluó

motivos: problemas físicos o mentales, (4

mediante la versión oficial española del

hombres y 6 mujeres ámbito urbano, 5 hombres

Cuestionario de Salud relacionada con la

y 5 mujeres ámbito rural) problemas de

Calidad de Vida Short Form-36 Health Survey

comunicación (1 mujer ámbito urbano y 1 mujer

(SF-36) versión 1 (Alonso, Prieto et al. 1995),

ámbito rural), hospitalizados o enfermos (6

uno de los cuestionarios más utilizados en la

hombres y 7 mujeres ámbito urbano y 6

literatura para la evaluación de este constructo

hombres y 5 mujeres ámbito rural).

multidimensional. Consiste en 36 items para

Finalmente, un total de 434 personas (113

evaluar 8 dimensiones: función física (PF), rol

hombres y 101 mujeres de áreas urbanas, 103

físico (RP), dolor corporal (BP), salud general

hombres y 117 mujeres de áreas rurales)

(GH), vitalidad (VT), función social (SF), rol

consistieron, por escrito, participar

emocional (RE) y salud mental (MH). El rango

voluntariamente en la investigación. La presente

de las puntuaciones para cada dimensión oscila

investigación fue diseñada y realizada por la

de 0 (peor estado de salud) a 100 (mejor estado

Universidad de Extremadura en España. Se

de salud). El cuestionario no está diseñado para

llevó a cabo de conformidad con la Declaración

proporcionar un índice global, aunque se han

de Helsinki y sus posteriores actualizaciones, y

propuesto puntuaciones resumen de salud física

fue aprobado por la Comisión de Ética

(SF-36físico)

Biomédica de la Universidad de Extremadura (nº

mediante la combinación de las respuestas de

01/08). Así los datos registrados fueron

los ítems.

y de salud mental (SF-36mental),

codificados para preservar el anonimato de las participantes.

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Recogida de datos

RESULTADOS

La evaluación de los participantes se

Los resultados del análisis de las

realizó mediante entrevista personal, con el fin

características socio-demográficas de la

de facilitar su aplicación, ya que se trataba de

muestra del estudio (Tabla 1), indicaban que

personas mayores que podían tener alguna

tanto la población rural como urbana eran

dificultad para la lectura por diferentes causas

comparables en estado civil, con quien vive,

(analfabetismo, limitaciones visuales o

consumo de tabaco, consumo de alcohol y

problemas de comprensión). Cada persona fue

ejercicio físico de mantenimiento realizado. Sin

entrevistada durante una hora aproximadamente

embargo encontramos que existían diferencias

en su centro de salud de uso habitual. La

significativas (p<0.05) en el nivel educativo; un

valoración fue realizada por técnicos (enfermera

mayor porcentaje tanto en los hombres como las

o trabajador social) conocedores de la materia y

mujeres de población urbana tenían niveles de

entrenados para el desarrollo de esta labor. Los

educación más elevados (secundarios y

entrevistadores recibieron durante dos meses

universitarios) que la población rural. También

un periodo complementario de formación

se hallaron diferencias significativas

específica, en el que se les dio conocer los

en el número de enfermedades de larga

objetivos concretos del estudio, el protocolo de

duración diagnosticadas en la muestra de

investigación y su actuación explícita dentro del

hombres. En este caso la población urbana

mismo.

tenía en general más enfermedades de larga

(p<0.05)

duración diagnosticadas que la población rural. Análisis de datos

Los resultados respecto a la CVRS se

El análisis estadístico de los datos se

muestran en la Tabla 2. Desde la perspectiva de

realizó utilizando el paquete estadístico SPSS v.

género, los hombres muestran mejores niveles

16.0 (Headquarters 2005). Para todas las

que las mujeres tanto en el componente físico

pruebas el nivel de significación fue de p < 0.05.

como en el componente mental del cuestionario,

El análisis descriptivo y la comparación de

así como en todas las dimensiones del

las características socio-demográficas entre la

cuestionario SF-36 (PF, RF, BP, GH, SF, RE,

población rural y urbana se realizó mediante la

MH).

prueba de Chi-cuadrado

(x2)

de Pearson.Las

Los resultados del estudio en relación a la

diferencias en CVRS entre población rural y

CVRS en función del lugar de residencia

urbana, así como por género se realizó a través

mostraban que existían diferencias significativas

del análisis de la varianza (ANOVA).

entre hombres de ámbito rural y urbano en RP,

La comparación de los datos de CVRS entre la población de estudio y los valores

BP y MH y entre las mujeres de ámbito rural y urbano en RP, GH, VT, SF y SF-36físico .

normativos de población de similar grupo de

Desde el punto de vista del lugar de

edad (75-79) e igual género se realizó mediante

residencia y género, las mujeres de ámbito rural

la prueba estadística t-test para muestras

tenían una puntuación superior en MH y BP que

independientes.

las de ámbito urbano y los hombres de ámbito rural valores superiores en VT, SF y MH que los

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Tabla 1: Características socio-demográficas de los participantes del estudio Hombres Urbano Rural

Variable

p*

Rural

(N=101) 8 (7,9%)

(N=117) 25 (21,4%)

87 (86,2%)

92 (78,6%)

5 (5,0%)

0 (0,0%) 0 (0,0%)

Sin estudios

(N=113) 9 (8,0%)

Nivel educativo

Estudios primarios

77 (68,1%)

76 (73,8%)

N (%)

Estudios secundarios

13 (11,5%)

8 (7,8%)

Estudios universitarios

14 (12,4%)

6 (5,8%)

1 (1,0%)

Soltero/a

8 (7,1%)

12 (11,7%)

6 (5,9%)

5 (4,3%)

Estado civil

Casado/a

94 (83,2%)

57 (55,3%)

85 (84,2%)

66 (56,4%)

N (%)

Viudo/a

9 (8,0%)

34 (33,0%)

8 (7,9%)

44 (37,6%)

Divorciado/a- separado/a

2 (1,8%)

0 (0,0%)

2 (2,0%)

2 (1,7%)

En casa solo/a

7 (6,2%)

25 (24,3%)

13 (12,9%)

29 (24,8%)

En casa con mi esposo/a

82 (72,6%)

48 (46,6%)

71 (70,3)

60 (51,3%)

Con algún familiar

15 (13,3%)

22 (21,4%)

14 (13,9%)

18 (15,4%)

Con quien vive

Tabaco

(N=103) 13 (12,6%)

Mujeres Urbano

0,001

0,989

0,219

Otros: residencia, hogar…

9 (7,9%)

8 (7,7%)

3 (2,9%)

10 (8,5%)

No fumo

98 (86,7%)

99 (96,0%)

81 (80,2%)

116 (99,0%)

11 (10,9%)

0 (0,0%)

9 (8,9%)

1 (1,0%)

77 (76,3%)

114 (94,4%)

8 (7,9%)

3 (2,6%)

16 (15,8%)

0 (0,0%)

1-14 cigarrillos

10 (8,8%)

2 (2,0%)

Más de 15 cigarrillos

5 (4,5%)

2 (2,0%)

Bebidas

Nunca/menos cantidad

86 (76,1%)

93 (96,2%)

alcohólicas

Ocasionalmente

9 (8,0%)

8 (7,7%)

(+ de 2 cervezas)

Diariamente

18 (15,9)

2 (2,0%)

Enfermedades

Ninguna

10 (9,0%)

9 (8,7%)

larga duración

1-3

83 (74,7%)

68 (66,0%)

diagnosticadas

Más de 4

20 (16,3%)

Diariamente Ejercicio físico

Varias veces /semana

de mantenimiento

Ocasionalmente Nunca

0,616

0,936

26 (26,0%

11 (9,4%)

64 (64,0%)

91 (77,7%)

26 (25,3)

11 (10,0%)

15 (12,9%)

17 (15,1%)

4 (3,0%)

7 (7,0%)

0 (0,0%)

6 (5,3%)

7 (6,9%)

1 (1,0%)

4 (3,4%)

5 (4,5%)

4 (10,8%)

2 (2,0%)

2 (1,4%)

91 (90,0%)

111 (94,9%)

85 (75,2%) 88 (86,3%)

0,010

0,088

p*

0,003

0,114

0,737

0,483

0,144

0,096

0,262

de ámbito urbano. Asimismo, los hombres de

presente estudio coinciden con los de estudios

ámbito urbano obtenían puntuaciones

previos, en los que los hombres muestran

superiores en todas las dimensiones del

niveles superiores de CVRS con respecto a las

cuestionario con respecto a las mujeres, sin

mujeres (Sabbah, Drouby et al. 2003; Lucchetti,

embargo no se encontraron diferencias

Corsonello et al. 2008; Tajvar, Arab et al. 2008;

significativas en RF, SF-36físico y SF-36mental. En

Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009). De esta

el caso de la población rural, los hombres

manera, el género puede influir tanto en las

también obtenían puntuaciones superiores en

dimensiones PF, RF, BP, GH y VT del

todas las dimensiones y componentes del

cuestionario (Sabbah, Drouby et al. 2003) como

cuestionario en comparación con las mujeres,

en otras como SF, RE y MH en el caso ámbito

no encontrándose diferencias significativas en el

urbano y sobre todas las dimensiones en ámbito

SF-36mental.

rural. Otro de los principales hallazgos del

DISCUSIÓN

presente estudio es que el lugar de residencia

Entre los principales hallazgos de este

es un factor que puede condicionar de manera

estudio, encontramos que el género es una

significativa los niveles de CVRS. Los resultados

variable determinante a la hora de evaluar la

del presente estudio son consistentes con los de

CVRS, ya que puede influir de forma

estudios previos, donde las personas de ámbito

significativa. De este modo, los resultados del

rural (tanto hombres como mujeres) muestran

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niveles inferiores en su CVRS con respecto a

(Cancela and Ayán 2008), hecho que podría

los de ámbito urbano (Weeks, Kazis et al. 2004;

explicar que los hombres de ámbito rural

Marcellini, Giuli et al. 2007; Lau and Morse

puntuaran más elevado en el SF-36físico así

2008; Oguzturk 2008; Rėklaitienė, Bacevičienė

como en PF, RF y BP, a pesar incluso de que la

et al. 2009). Aunque existen otros estudios que

población de ámbito urbano tengan mayor

no consideran el lugar de residencia como factor

acceso a lugares para actividad física o realizar

que pueda influir en las dimensiones del

ejercicio físico (Fogelholm, Valve et al. 2006). La

cuestionario SF-36, excepto en VT (Sabbah,

mujer rural se ocupa de las labores propias del

Drouby et al. 2003), en el presente estudio se

hogar, también realiza trabajos de agricultura de

encontraron diferencias significativas entre rural-

cierta exigencia física, que en muchos casos no

urbano en todas las dimensiones del

consideran como saludable, lo cual podría

cuestionario excepto en el SF-36mental. Los

explicar que las mujeres de ámbito rural puntúen

resultados de este estudio revelaron que las

más elevado en el BP que las de ámbito urbano

personas de población urbana mostraban

(Cancela and Ayán 2008).Entre las posibles

mejores niveles de GH y RE, pero puntuaciones

causas de estas diferencias de CVRS entre

inferiores en la dimensión MH, hecho que podría

rural-urbano y hombres-mujeres se encuentra

explicarse parcialmente por la presencia de

las interacciones entre diferentes factores como

mayores niveles de estrés en la población

enfermedades crónicas (artritis reumatoide,

urbana (Lau and Morse 2008). Según otros

osteoporosis…) (Orfila, Ferrer et al. 2006), nivel

estudios, la vida en el ámbito rural es más

educativo (Fogelholm, Valve et al. 2006;

exigente físicamente que la del ámbito urbano

Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009), ingresos

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económicos (Fogelholm, Valve et al. 2006;

estudio está además restringido a la cohorte de

Lucchetti, Corsonello et al. 2008; Tajvar, Arab et

75 años de edad residente en zonas rurales o

al. 2008),

estrés (Oguzturk 2008), actividad

urbanas de la misma región, por lo que los datos

física (Fogelholm, Valve et al. 2006), compañía

deben ser tomados con cautela y no deben ser

(Liu and Guo 2007), etc.

directamente generalizados a otras las

Finalmente, comparando los resultados de la población del estudio con los valores

poblaciones con otras características sociodemográficas.

normativos en población española de similar grupo de edad (75-79) e igual

Las conclusiones que se desprenden del

género

presente estudio son que el género y el lugar de

desarrollados en el estudio de López-García et

residencia (rural-urbano) son factores que

al (2003), los hombres y mujeres de ámbito

pueden incluir de forma significativa en la CVRS

urbano obtenían puntuaciones similares en

de la población mayor. Por tanto, estos factores

todas las dimensiones del cuestionario (p>0.05).

deben estar presentes en la evaluación de la

Sin embargo, la población rural mostraban

CVRS y los posteriores análisis de sus

puntuaciones superiores (p<0.05) a los valores

resultados.

normativos en las dimensiones de RP, BP and

Aunque hay multitud de instrumentos para

MH (en el caso de los hombres) y en las

evaluar la CVRS, de diferentes grupos de edad,

dimensiones de PF, RP, GH, VT y RE (en el

y de factores que lo determinan, que dificultan

caso de las mujeres). Por tanto, la población

la posibilidad de establecer comparaciones

urbana del presente estudio es representativa

entre diferentes estudios, convendría por tanto

del resto de población española (López-García,

utilizar algunas pautas básicas e instrumentos

Banegas et al. 2003), sin embargo la población

comunes a la hora de analizar la CVRS. Es

rural no es

representativa de la población

necesario establecer servicios y programas de

nacional, siendo necesario considerar este

intervención que sirvan para mantener y mejorar

aspecto a la hora de generalizar los resultados.

el nivel de CVRS de las personas mayores, de

Este hecho puede ser debido a los diferentes

forma que sean perfectamente adaptados a

modelos de ruralidad y envejecimiento

cada uno de los contextos (rural y urbano).

existentes en la geografía española (Triado, Villar et al. 2003).

AGRADECIMIENTOS

Este estudio cuenta con algunas

El presente estudio fue financiado por la

limitaciones. Como en otros estudios

Dirección General de Salud Pública y Consumo

epidemiológicos, los resultados son obtenidos a

de la Junta de Extremadura (España) (Proyecto

partir de las respuestas de los participantes y

de Investigación Socio-Sanitaria no. 01/08).

por ello puede estar influenciados por la percepción e interpretación del sujeto. Se ha utilizado un solo cuestionario de evaluación de

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Ferrão, S., Henriques, A., Fontes, R. (2011) Elderly fall prevention in nursing home context – Systematic fall risk assessment using Morse Scale, Get Up and Go and Timed Get Up and Go tests. Journal of Aging & Inovation; 1 (1): 14-22

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE !

DEZEMBRO, 2011

Prevenção e controlo de quedas na Pessoa idosa institucionalizada em Lar - Avaliação de risco sistematizada através da aplicação da Escala de Avaliação de Risco de Queda de Morse, Teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go Elderly fall prevention in nursing home context – Systematic fall risk assessment using Morse Scale, Get Up and Go and Timed Get Up and Go tests

Autores Sónia Ferrão1, Adriana Henriques2, Rui Fontes3 1 e 2 Professora

Escola Superior de Enfermagem de Lisboa,3 Enfermeiro, Presidente da AAGI-ID

RESUMO Introdução: O presente artigo apresenta e discute alguns resultados obtidos durante a realização de um projecto de prevenção e controlo de quedas em contexto de lar de idosos, numa instituição com capacidade para 100 residentes, em que se se implementou a avaliação sistematizada de risco de queda através da aplicação da escala adaptada de Morse, e se aplicaram os testes Get Up and Go e Timed Get Up and Go seguidos de intervenção personalizada a 49 residentes. Metodologia: Baseado na metodologia de projecto, implementou-se a aplicação da Escala de Avaliação de Risco de Queda de Morse a todos os residentes pelo seu enfermeiro de referência (n=74). Paralelamente à aplicação da escala de Morse realizou-se uma avaliação e intervenção personalizadas através da aplicação dos testes Get Up and Go e Timed Get Up and Go (n=49). Resultados: Através da implementação do projecto, a avaliação de risco de queda com a aplicação da Escala de Avaliação de Risco de Queda de Morse passou a ser feita a todos os residentes pelo seu enfermeiro de referência. Constatou-se que cerca de um terço dos residentes apresentava elevado risco de queda. Dos 64 residentes avaliados para realização do teste Get Up and Go, 23% não tinham critério para realização do mesmo por estarem acamados ou em cadeira de rodas. Dos 49 residentes que realizaram o teste, 29,9% demoraram mais de 20 segundos a completá-lo tendo indicação para avaliação multidisciplinar posterior. Os residentes de alto risco foram referenciados aos diferentes técnicos da equipa para avaliação e intervenções individualizadas multifactoriais. Foi nomeado um enfermeiro de referência na prevenção e controlo de quedas no contexto, e criada uma comissão interdisciplinar de acompanhamento do projecto. Conclusões: A avaliação de risco de quedas nos residentes, acompanhada de intervenções dirigidas a cada indivíduo e tendo em conta os diferentes tipos de quedas (acidentais, fisiológicas previsíveis e fisiológicas não previsíveis) constitui uma abordagem sistematizada e diferenciada na prevenção e controlo de quedas na Pessoa Idosa institucionalizada em lar. Palavras-chave: Acidentes por quedas; Pessoa idosa; Avaliação de risco; Enfermagem Geriátrica.

ABSTRACT Introduction: This paper presents and discusses some results obtained during the development of a falls prevention project in nursing home context in which it was implemented a systematic assessment of falling risk through the Morse scale, and applied the Get Up and Go test and Timed Get Up and Go in an institution with a capacity of 100 residents. Methodology: Based on project methodology, we implemented the application of the rating Morse scale to all residents by their reference nurse. In parallel to Morse scale application it was held a personalized assessment and intervention by applying the Get Up and Go test and Timed Get Up and Go. Results: Through the implementation of the project, the fall risk assessment the trough Morse Scale began to be made to all residents by their reference nurse. It was found that about a third of residents had high risk of falling. Of the 64 residents evaluated for performing the Get Up and Go test, 23% had no discretion to perform the same because they were bedridden or wheelchair, and from the 49 residents who performed the test 29.9% took more than 20 seconds to complete it, with further indication for multidisciplinary assessment. It was appointed a falls prevention reference nurse in the context, and created an interdisciplinary commission for monitoring the project. Conclusions: A systematic fall risk assessment in residents, followed by interventions targeted to each individual and taking into account the different types of falls is an efficient and differentiated approach in fall prevention and in institutionalized elderly in the home. Keywords: Accidental falls, Elderly, Risk Assessment, Geriatric Nursing. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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INTRODUÇÃO

dos indicadores de qualidade sensíveis aos

As quedas são a principal causa de morte

cuidados de enfermagem definidos

por trauma nas pessoas com 65 ou mais anos,

internacionalmente para os lares de idosos

podendo conduzir a outras consequências

(Zimmerman, 2003; Rantz, 2004; Wiener et al,

graves como fracturas de fémur, traumatismos

2007).

cranianos e lesões de tecidos moles (NICE,

Para além de tentar prevenir a ocorrência

2004; NCPS, 2004; Rubenstein, 2006; Morse,

da queda, é da responsabilidade dos

2009).

enfermeiros reduzir a taxa de lesão o máximo

Em Portugal, estima-se que as quedas

possível, sendo um importante indicador de

sejam responsáveis por cerca de 70% dos

monitorização de quedas a nível institucional

acidentes em pessoas idosas, ocorrendo

(Morse, 2009).

maioritariamente no domicílio, quer seja privado

Embora a responsabilidade da prevenção

ou instituição, considerando-se uma causa

de quedas não seja exclusiva dos enfermeiros,

importante de internamento hospitalar e

os programas de prevenção e controlo de

mortalidade nesta população (DGS, 2010).

quedas são habitualmente liderados por estes.

Frequentemente as quedas constituem um

As instituições devem ter uma enfermeira

dos motivos de institucionalização da pessoa

especialista como supervisora da

idosa em lar, quer pelas suas consequências,

implementação do programa de prevenção e

recorrência, ou mesmo pelo medo de cair.

controlo de quedas, com responsabilidades que

Apesar disso, a sua incidência não é menor

incluem: preparação de estruturas de registo e

neste contexto, sendo considerado que os lares

monitorização de queda, compra e distribuição

são as instituições onde ocorrem mais quedas

de equipamento de protecção para quedas,

(Morse, 2009). Ainda que se estime que apenas

formação do pessoal (e treino de pessoal

5% do total das pessoas idosas residam em

recentemente contratado), avaliação dos

lares, cerca de 20% da totalidade de quedas

utentes com elevado risco ou que sofreram de

ocorre em idosos institucionalizados em lar

queda para identificação de intervenções

(Rubbenstein, 1997; NCPS, 2004).

apropriadas, coordenar a avaliação de risco e

As quedas nas pessoas idosas

reuniões multidisciplinares de intervenção,

institucionalizadas em lares para além de mais

articulação com os serviços de limpeza e

frequentes, têm habitualmente consequências

manutenção, monitorização contínua do

mais graves quando comparadas às que

projecto, incluindo a preparação de relatórios e

ocorrem nas pessoas idosas a viver em casa,

feedback à administração e equipa (Morse,

pelas características dos residentes em lares,

2009).

habitualmente mais velhos, com maior número

Um dos componentes dos programas de

de co-morbilidades e pior estado funcional

prevenção e controlo de quedas é a avaliação

(Sorensen et al, 2006).

de risco e intervenção concordante com a

A prevalência de quedas constitui assim

mesma. Classicamente, dividem-se os factores

um problema significativo nesta população,

de risco de queda em intrínsecos e extrínsecos

tendo sido inclusivamente apontada como um

e antecipáveis ou não antecipáveis existindo

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diferentes abordagens para cada um deles

Outras formas de avaliação de risco de

(NCPS, 2004; NICE, 2004; Morse, 2009). Os

queda são propostas na literatura, como o caso

factores de risco intrínsecos incluem a história

teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go,

recente de quedas, incontinência, alteração

recomendadas para a identificação dos factores

cognitiva, alterações de mobilidade, força e

de risco intrínsecos e extrínsecos para quedas

equilíbrio, tonturas, hipotensão postural, idade

(Wall et al, 2000; Kimbell, 2001), consistindo

acima de 65 anos, osteoporose e estado de

numa avaliação mais detalhada do indivíduo

saúde globalmente deficitário (NCPS, 2004;

permitindo avaliar a marcha equilíbrio, calçado e

Nice, 2004). Os factores de risco extrínsecos

vestuário, visão, entre outros.

são aqueles que estão presentes no ambiente,

Devido à etiologia multifactorial das

como sejam obstáculos ou desníveis difíceis de

quedas e à complexidade da Pessoa Idosa

transpor, iluminação inadequada, espaços de

institucionalizada em lar, considera-se que as

transição mal assinalados, piso escorregadio,

melhores práticas neste contexto são a correcta

entre outros (CDC, 2002; NICE, 2004; NCPS,

identificação de risco de queda e

2004; Morse, 2009).

implementação de estratégias de intervenção

Morse (2009) classificou as quedas em

individualizadas, multifactoriais e

acidentais, fisiológicas antecipáveis e

multidisciplinares (NICE, 2004; Gillespie et al.,

fisiológicas não antecipáveis. Segundo a mesma

2008; ACSQHC, 2009; AGS, 2010).

autora, as quedas fisiológicas antecipáveis constituem 78% do total das quedas, ocorrendo

METODOLOGIA

em pessoas que são identificadas pela escala

Adoptou-se a metodologia de projecto,

de avaliação de risco que concebeu como em

sendo fases de execução, monitorização e

risco de queda por apresentarem factores como

encerramento baseadas no que Morse (2009)

história prévia de quedas, alteração na marcha,

recomenda para o sucesso da implementação

terapêutica intravenosa, e necessidade de

de um programa de prevenção e controlo de

utilização de dispositivos auxiliares de marcha

quedas.

(Morse, 2009). Entidades como o National Center for

Avaliação de risco de queda através da escala de Morse

Patient Safety (NCPS; 2004) recomendam a

Não tendo sido encontrada nenhuma

escala de Morse como instrumento de avaliação

publicação relativa à tradução, adaptação e

de risco adequado para os lares de idosos. Esta

validação da referida escala para português, e

escala consiste num instrumento que visa triar

não constar nenhuma versão portuguesa na

de forma rápida (entre 1 a 3 minutos) as

última publicação da autora (Morse; 2009), foi

pessoas que estão em risco de cair, e assim

iniciado um processo de adaptação da escala

permitir a implementação imediata de

para utilização no contexto clínico do projecto. A

estratégias de intervenção preventivas e

autora foi contactada, autorizando a utilização

protectoras, bem como a monitorização do risco

da escala e enviando recomendações para a

de queda durante a institucionalização.

sua utilização que foram seguidas no projecto.

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De seguida procedeu-se ao processo de tradução com recurso a dois peritos e

feitas algumas avaliações em conjunto com discussão de dúvidas e dificuldades.

posteriormente a escala foi apresentada aos

Todos os enfermeiros realizaram a

enfermeiros da equipa, sendo discutidas as

avaliação de risco dos residentes que lhes

possíveis dúvidas que alguns itens pudessem

estavam atribuídos. Essa informação foi

suscitar e obtido consenso acerca do significado

recolhida, e depois de tratada foi discutida na

dos termos a utilizar.

reunião de equipa divulgando-se os resultados

Tal como a autora recomenda, foram fornecidas instruções escritas de preenchimento

obtidos e confrontando-os com o que literatura descreve.

a todos os elementos da equipa de enfermagem. Ficou um exemplar do seu livro

Teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go

disponível para consulta no lar, num local

Condições de realização do teste:

conhecido por todos os elementos e

Espaço físico: O teste foi realizado no

consideraram-se os scores 0-24 baixo risco,

gabinete médico e no ginásio quando estes se

25-44 médio risco e 45 ou mais risco elevado.

encontravam disponíveis, de forma a garantir as

A primeira fase de aplicação da escala de avaliação de risco de queda na população

condições de realização do teste e intervenção posterior.

residente permitiu a familiarização da equipa

Equipamento utilizado: Cadeira (altura

com a escala, para que se identificassem

aproximadamente 46cm e braços 65cm); Fita

dificuldades de aplicação, exequibilidade da

métrica; Cronómetro; Pino de ginásio; Folhas de

implementação da mesma, entre outros. Assim

avaliação.

sendo, solicitou-se a cada enfermeiro que

Sequência da avaliação: Inicialmente foi

preenchesse a avaliação de risco de queda de

divulgada a avaliação e intervenção com a ajuda

todos os residentes por quem estivesse

da equipa de enfermagem, solicitando a

responsável, tendo-se acompanhado este

participação dos residentes. Posteriormente, os

processo. Durante esta fase questionaram-se

residentes eram abordados individualmente

quais as principais dificuldades de

fornecendo-se informação breve acerca da

preenchimento, da avaliação dos itens

avaliação e intervenção a realizar, e combinava-

necessários e o que pensavam os enfermeiros

se com os interessados a hora e local das

sobre o tempo de preenchimento da escala.

mesmas.

No que concerne ao instrumento, os

As avaliações eram feitas individualmente

enfermeiros, de uma maneira geral,

ou em grupo, designadamente no caso de

consideraram-no de rápido e fácil

casais, de acordo com a preferência dos

preenchimento, sendo as principais dificuldades

residentes.

referentes à diferenciação entre marcha

Inicialmente era recolhida alguma

comprometida e frágil e o significado de estado

informação que permitia conhecer melhor cada

mental no instrumento. Para que essas

residente, nomeadamente a idade, estado civil,

dificuldades fossem ultrapassadas e não

com quem reside no lar, história de quedas,

comprometessem a avaliação efectuada, foram

problemas urinários, hipotensão ortostática, tipo

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de antecedentes pessoais e terapêutica

mesmo local, permanecer em pé enquanto se

habitual. O tempo que demorava esta fase

empurra ligeiramente o tórax, andar até ao

dependia da interacção com cada residente.

marcador no chão e parar completamente, rodar

Muitos residentes colocavam de imediato

e voltar à cadeira, sentando-se sem utilizar os

questões, ou o tipo de informação que

apoios dos braços. À medida que se observava

partilhavam servia de base para o início da

o residente fazer cada passo eram preenchidos

intervenção, nomeadamente a história de

os tópicos que constavam na folha de avaliação.

quedas anteriores, onde se exploravam as

As avaliações realizadas foram discutidas

circunstâncias, local, factores precipitantes,

posteriormente com a equipa de cuidados

entre outros.

quanto ao processo e resultados.

De seguida era fornecida uma explicação mais detalhada do teste com demonstração da

RESULTADOS

sua realização, incentivando-se a colocação de

Escala de Avaliação de Risco de Quedas de

dúvidas.

Morse

Após a explicação e demonstração, cada

Avaliaram-se um total de 74 residentes

residente realizava dois testes, um primeiro com

com idades compreendidas entre 67 e 99 anos,

tempo (timed get up and go) e outro sem tempo

sendo a média de 83,69 ± 6,958 (dp). A maioria

para permitir uma avaliação mais detalhada.

dos residentes tinha 75 ou mais anos (87,8%) e

No timed get up and go cronometrava-se o

7 0 , 3 % d o s r e s i d e n t e s e r a m m u l he r e s .

tempo despendido na tarefa de levantar-se da

Relativamente ao estado civil, 56,9% dos

cadeira (a partir da posição encostada) sem

residentes eram viúvos, 34,7% casados, 5,5%

apoio das mãos se possível, andar três metros

divorciados/separados e 2,8% solteiros. Quanto

até ao pino colocado no solo, girar e voltar no

à partilha de quarto ou apartamento no lar,

mesmo percurso, sentando-se novamente com

32,4% dos residentes estavam em quartos

as costas apoiadas no encosto da cadeira. A

individuais, 31% acompanhados do cônjuge e

instrução dada aos idosos foi que executassem

36,6% partilhavam o quarto com outro residente.

a tarefa de forma segura de acordo com o seu

A distribuição dos residentes pelo tempo

ritmo habitual. Considerou-se até 10 segundos o

de residência no lar encontra-se na tabela 1.

tempo normal para a realização da tarefa por

Através da aplicação da escala de

adultos saudáveis; de 10,1 a 20 segundos os

avaliação de risco de Morse verificou-se que

limites normais de tempo para idosos frágeis ou

44,3% dos residentes foram classificados de

pessoa com deficiência e mais de 20 segundos

baixo risco, 21,4% de médio risco e 34,3% de

um valor indicativo da necessidade de avaliação

alto risco.

e intervenção mais aprofundadas.

As avaliações foram inicialmente

No segundo teste, pedia-se à pessoa para

realizadas em papel, e posteriormente

sentar-se na cadeira com as costas apoiadas,

introduziu-se a escala nos processos

levantar-se sem utilizar os braços como apoio

informatizados dos residentes, tendo sido criado

(se possível), fechar os olhos durante uns

um sistema de alerta para os residentes de alto

segundos enquanto se mantém em pé no

risco.

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Tabela 1: Distribuição dos residentes pelo tempo de residência no lar N

%

Menos de um ano

16

21,9

Entre um e cinco anos

19

26,0

25

34,2

6

8,2

7

9,6

74

100,0

Mais de cinco e menos de dez anos Entre dez e quinze anos Mais de quinze anos Total

Definiu-se em equipa a avaliação de todos os residentes aquando a admissão,

(quarto ou apartamento) eram também abordados nesta interacção.

transferência, ocorrência de queda, alteração do

Esta intervenção com os residentes

estado de saúde e reavaliações periódicas

permitiu a promoção de respostas adaptáveis de

tendo em conta a avaliação anterior.

cada indivíduo ao ambiente, e promovendo a

Os residentes de alto risco foram

sua acção sobre o mesmo. Neste contexto, nos

sinalizados aos elementos da equipa

residentes que participaram na aplicação do

multidisciplinar, nomeadamente fisioterapeuta

teste Get Up and Go, e consequente

de referência e terapeuta ocupacional para

intervenção dirigida à prevenção de quedas, foi

avaliação e intervenção multifactoriais.

possível trabalhar alguns estímulos contextuais visando respostas adaptáveis, que pela

Teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go.

constante mudança no ambiente, não são

A aplicação do teste Get Up and Go

focais, mas que podem ter um papel importante

permitiu a observação da pessoa a interagir com

na ocorrência de quedas, como os obstáculos

o ambiente, sendo possível identificar a

no quarto, tipo de roupa e calçado, entre outros.

utilização de vestuário e calçado (in)adequados,

Os resultados do teste Get Up and Go e

défices de visão e a presença de alterações da

respectivas orientações foram discutidos com a

marcha, possibilitando identificar áreas de

equipa de cuidados. No total foram avaliados 64

possível intervenção nas respostas não

residentes. Na tabela 2 encontram-se os

adaptáveis. Efectivamente, para além dos

resultados do Timed Get Up and Go.

aspectos relacionados com a marcha, força de

Nos residentes avaliados com critério para

membros, equilíbrio, era igualmente observado

realizar os testes, 29,9% demoraram mais de 20

e discutido o tipo de calçado e vestuário

segundos a realizar o Timed Get Up and Go.

utilizados habitualmente pelos residentes,

Dentre os residentes que demoraram mais de

alterações visuais e forma de correcção,

20 segundos a completar o teste (n=16), 62,5%

hipotensão ortostática, entre outros. Estes

destes foram sinalizados como alto risco

aspectos eram alvo de discussão visando a

aquando a aplicação da escala de Morse, 25%

promoção de respostas adaptáveis. Os

avaliados em médio risco e 12,5% em baixo

obstáculos existentes nas áreas privadas

risco.

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Tabela 2: Distribuição dos residentes segundo o teste Timed Get Up and Go Percentagem Sem critério para realizar o teste (cadeira de rodas, ou acamados) Até 10 segundos

23,0% 10,8%

Entre 10,1 e 20 segundos Mais de 20 segundos

29,7% Total

23,0% 100,0

Ao contrário da escala de Morse que é um

sentidas e formas de as contornar, dinamizar

instrumento simples e rápido de preencher, a

actividades em equipa como a discussão de

realização deste teste implica maior consumo de

casos e avaliação de resultados ao fim de um

tempo e algumas condições em termos de

ano após o início do projecto.

espaço físico e equipamento, tendo sido considerado que não seria viável integrá-lo na

DISCUSSÃO

prática habitual de cuidados pela equipa a todos

As características sociodemográficas dos

os residentes. Ficou então acordado na equipa

residentes do estudo, nomeadamente o facto de

que seria útil fazer essa avaliação em caso de

a maioria ser do género feminino e com idade

ocorrência de queda e aos residentes

igual ou superior a 75 anos é compatível com o

considerados de alto risco, como auxilio na

que é encontrado na literatura referente aos

avaliação mais detalhada de factores de risco

idosos residentes em lares (Ministério do

intrínsecos e extrínsecos.

Trabalho e Solidariedade Social, 2005;

Para dar continuidade ao projecto e

Rodrigues, 2006).

assegurar a articulação entre os diferentes

A implementação da avaliação de risco de

técnicos da equipa, foi nomeado um enfermeiro

queda sistematizada a todos os residentes pela

de referência na prevenção e controlo de

Escala de Morse obedece ao que é

quedas no contexto. Este elemento ficou

recomendado na literatura por ser o instrumento

responsável por supervisionar a continuação da

mais utilizado internacionalmente e ser

avaliação de risco a todos os residentes,

considerada válida para avaliação de risco de

encaminhar os residentes de alto risco aos

queda (NCPS, 2004). Pode ser utilizada em

diferentes técnicos de referência, monitorizar o

qualquer contexto porque não tem variáveis de

registo de ocorrência de quedas, realizar a

contexto, tendo uma sensibilidade de 84%

avaliação do ambiente anualmente e

(Morse, 2009).

supervisionar a manutenção de equipamento feita pelo auxiliar responsável.

Os momentos estabelecidos para a aplicação da escala no projecto coincidem com

Foi ainda criada uma comissão

o que é preconizado pelo NCPS (2004) que

multidisciplinar de acompanhamento do projecto

afirma que a avaliaçãodeve ser efectuada não

para fazer a actualização das actividades

só aquando a admissão à instituição, mas

relacionadas com o projecto, das dificuldades

também na transferência de uma unidade para

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Página 21

outra na instituição, em situação de alteração no

O envolvimento de toda a equipa, a

estado de saúde, após uma queda e em

nomeação de um enfermeiro de referência e a

intervalos regulares.

criação de uma comissão multidisciplinar

Os resultados obtidos na avaliação de

permitiu obedecer a uma das premissas comuns

risco neste estudo revelaram valores mais

aos diferentes autores no que respeita à

baixos de risco de queda comparativamente aos

prevenção e controlo de quedas, a necessidade

resultados apresentados por Morse (2009) para

de envolver toda a equipa multidisciplinar,

as instituições de longa duração (tabela 3).

devendo a tomada de decisão acerca das

As escalas preditivas de risco de queda,

estratégias adoptadas ser feita em conjunto e

como a escala de Morse, indicam o risco de

articulação pelos diferentes elementos (NICE,

queda, mas não as causas ou o que fazer para

2004; NCPS, 2004; ACSQHC, 2009; Morse,

as prevenir (Morse, 2009). A Pessoa Idosa

2009).

Tabela 3: Percentagem de residentes distribuídos por grau de risco de queda Baixo risco

Médio risco

20,1% 44,3&

34,7% 21,4%

Morse (2009) Presente estudo (2011)

Alto risco 45,1% 34,3%

identificada como estando em risco de cair, deve ser alvo de estratégias de intervenção

CONCLUSÃO

individualizadas, multifactoriais e

Concluiu-se que as características

multidisciplinares (NICE, 2004; Gillespie et al.,

sociodemográficas dos residentes foram

2008; ACSQHC, 2009; AGS, 2010).

concordantes com o que é descrito na literatura.

Na avaliação multifactorial deve incluir-se:

O grau de risco de queda nos residentes

história de quedas, avaliação da marcha e

avaliados foi globalmente mais baixo que o

equilíbrio, mobilidade e fraqueza muscular, risco

descrito por Morse (2009) para as instituições

de osteoporose, capacidade funcional percebida

de longa duração.

e medo relacionado com quedas, avaliação de

Através da realização do projecto

défice visual, défice cognitivo e avaliação

concluiu-se que a avaliação de risco de quedas

neurológica, incontinência urinária, riscos no

nos residentes, acompanhada de intervenções

ambiente, avaliação cardiovascular e revisão

dirigidas a cada indivíduo e tendo em conta os

terapêutica (NICE, 2004; Morse, 2009).

diferentes tipos de quedas, constitui uma

Um dos instrumentos que pode contribuir

abordagem sistematizada e diferenciada na

para a avaliação mais detalhada do indivíduo

prevenção e controlo de quedas na Pessoa

considerado de alto risco de queda e

Idosa institucionalizada em lar.

planeamento de áreas de intervenção é o teste Get Up and Go, na medida em que permite a

REFERENCIAS

avaliação da marcha, equilíbrio, despistar

American Geriatrics Society. AGS/BGS

hipotensão ortostática, alterações visuais entre

Clinical Practice Guideline: Prevention of

outros (Wall et al, 2000; Kimbell, 2001).

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Página 22

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Ferreira, Z. (2011) Perceived Health Status of Institutionalized Elderly. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 23-29

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE !

DEZEMBRO, 2011

PERCEPÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA INSTITUCIONALIZADA PERCEIVED HEALTH STATUS OF INSTITUTIONALIZED ELDERLY

Autores

Zelia Ferreira1 1Enfermeira,

MsC, corresponding author: zeliapatricia@portugalmail.pt

RESUMO Ao refletir sobre os fenómenos demográficos da população, emerge subtilmente a noção que a população tende a envelhecer, este fenómeno estende-se para além das fronteiras de um país (Portugal), e adquire uma dimensão europeia e mundial. É perante esta realidade que todos os profissionais de saúde devem estar sensibilizados para prestar cuidados a pessoas neste estadio da vida, de tal modo que a sua intervenção seja global, humana e digna de resposta às necessidades destes indivíduos. Neste artigo, é feita uma breve exposição de um estudo realizado com um grupo de idosos institucionalizados. Este estudo teve como principal objectivo: avaliar a percepção do estado de saúde da pessoa idosa institucionalizada. Foram recolhidos dados através de uma caracterização sócio-demográfica, através do Mini Mental State e através do Questionário de auto - avaliação da saúde e do bem-estar físico (de Fonseca e Paúl, 1999). Os dados obtidos foram trabalhados numa perspectiva de estatística descritiva e estatística inferencial A expetativa dos resultados alcançados num estudo, é o motor de motivação para quem o elabora, e neste trabalho foi uma constante. Os resultados obtidos permitem afirmar que: a maioria dos indivíduos que participaram no estudo designa a sua saúde em geral como “aceitável” ou “fraca” e relacionam a percepção do seu estado de saúde com a saúde dos seus pares, nomeadamente quando se reportam aos itens relacionados com aspectos físicos. Palavras-chave: percepção, saúde, idoso, institucionalização

ABSTRACT Reflecting on the demographic phenomena of the population, subtly emerges the notion that population tend to age, this phenomenon extends beyond the borders of one country (Portugal), and acquires a European and global dimension. It is against this reality that all health professionals should be aware of caring for people in this stage of life, so that its intervention is global, humane and dignified response to the needs of these individuals. This article is a brief exposition of a study with a group of institutionalized elderly. This study had as its main objective: to evaluate the perception of health status of institutionalized elderly. Data were collected through a socio-demographic, with the Mini Mental State Questionnaire and through the self - assessment of health and physical well-being (Fonseca and Paul, 1999). The data obtained was from the perspective of descriptive statistics and inferential statistics The expectation of the outcome of a study, is the driving motivation for those who prepare it, and this work was a constant. The results obtained allow to conclude that: the majority of individuals who participated in the study refers to your overall health as "acceptable" or "weak" and relate the perception of their health and the health of their peers, especially when they relate to items related to physical aspects. Keywords: perception, health, elderly, institutionalized

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INTRODUÇÃO

Na mesma linha de pensamento, é de

O investimento no estudo da “Saúde e

extrema pertinência aprofundar os

Envelhecimento” faz todo o sentido quando, no

conhecimentos nesta área, uma vez que os

início do século XXI, a sociedade se depara com

profissionais de saúde têm um papel bastante

uma população envelhecida.

importante para que as pessoas vivam a sua

O facto de um ser vivo envelhecer faz com

velhice de forma feliz, equilibrada e consistente.

que ocorram mudanças, ao longo do ciclo de

Isto não só nos momentos onde a doença está

vida e o ser humano não é excepção. Daí que

presente, mas também quando a prevenção é

ocorram alterações nas diversas dimensões que

fundamental, independentemente do seu

o compõem: biopsicossocioculturais.

contexto ambiental.

Dada a caracterização actual da

A percepção que a própria pessoa tem do

população mundial e nacional (portuguesa) e

seu estado de saúde, é um aspecto elementar a

uma projecção, não muito longínqua, que indica

ter em conta na tomada de decisão no âmbito

um aumento considerável da população idosa,

da intervenção em saúde. Isto quando se

importa perceber a dinâmica e a concepção da

pretende ter uma melhoria da intervenção tendo

pessoa idosa numa visão holística, onde a

em conta as características das pessoas,

saúde ganha um lugar de destaque.

grupos, ou comunidade, não obstante os

A saúde, não é só uma inquietude dos profissionais de saúde que trabalham com

contextos onde estão inseridas e as suas necessidades.

pessoas envelhecidas, mas é também um dos

Com a realização deste estudo espera-se

principais objectos de preocupação dos próprios

contribuir para desmistificar o estereótipo de lar

idosos, uma vez que o aumento da sua

de idosos enquanto “gueto social” para pessoas

fragilidade está marcado, existe uma diminuição

idosas. Pretende-se também que os resultados

da sua capacidade funcional e, por conseguinte,

deste estudo venham a contribuir para uma

o aumento da sua dependência.

intervenção mais adequada dos profissionais de

O cuidar ao ser humano fundamenta-se

saúde que trabalham com as pessoas neste

nos conhecimentos científicos sobre o processo

contexto, promovendo uma intervenção mais

de viver/envelhecer. Os conhecimentos que dão

assertiva e congruente, no sentido de tornar a

base ao cuidar das pessoas que envelhecem

prestação de cuidados a pessoas idosas nas

incluem o entendimento das necessidades, das

instituições mais individualizada e promotora da

adaptações e das mudanças que ocorrem ao

qualidade de vida.

longo do ciclo de vida. É importante e prioritário

É pertinente estudar os fenómenos

saber quais as necessidades sentidas em

relacionados com a saúde dentro deste tipo de

cuidados face à doença e às perdas de

instituições porque dada a expansão destes

funcionalidade e autonomia, daí ser tão

contextos sociais, em função das alterações

relevante escutar a palavra das próprias

demográficas e consequentes alterações

pessoas que possuem a vivência de estar

sociais, é crucial reflectir e pensar nesta

institucionalizadas.

realidade como uma resposta aceitável e satisfatória para todos os intervenientes, quer

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para os próprios idosos, quer para a respectiva

civil; tempo de residência na instituição;

família e para a instituição.

habilitações literárias; actividade profissional (antes de situação de

METODOLOGIA

reforma)

Foi realizado um estudo descritivo de nível

institucionalização.

I, correlacional, analítico, transversal e com uma

e

motivo

de

• Deterioração cognitiva – este

abordagem metodológica quantitativa.

parâmetro poderia ser utilizado como

Foram enunciadas as seguintes

uma variável, no entanto foi unicamente

hipóteses:

utilizado para selecção mais precisa

1. Existe relação entre a percepção do

estado de saúde das pessoas idosas

dos intervenientes do estudo. •

Percepção do estado de saúde das

institucionalizadas e os dados sócio –

pessoas idosas institucionalizadas:

demográficos?

saúde física; actividade física e mental;

2. Existe relação entre a percepção do

condição física; sono; audição; visão;

estado de saúde das pessoas idosas

consumo de tabaco e consumo de

institucionalizadas e a saúde dos seus

álcool.

pares (outras pessoas do mesmo género e da mesma idade)? 3. Existe relação entre a percepção do

Foram recolhidos dados, utilizando os seguintes instrumentos: •

estado de saúde das pessoas idosas

Caracterização da população – alvo Com este instrumento, criado para o

institucionalizadas e os hábitos de vida,

efeito, pretende-se conhecer as características

nomeadamente, hábitos alcoólicos e

sócio - demográficas de toda a população - alvo

hábitos tabágicos?

do estudo. Daqui obtêm-se informações

4. Existe relação entre a percepção do

relacionadas com a capacidade de lotação das

estado de saúde das pessoas idosas

instituições, a idade máxima e mínima dos

institucionalizadas e a presença de

residentes, divisão por género e por estado civil.

determinados colaboradores numa instituição, nomeadamente, Director

Caracterização dos colaboradores das Instituições

Técnico, Assistentes Operacionais,

Através deste instrumento pretende-se

Enfermeiro, Médico, Fisioterapeuta,

conhecer como são constituídas as equipas

Terapeuta Ocupacional, Técnico de

multidisciplinares de cada instituição, tendo em

Nutrição e Animador Sócio – Cultural?

conta a função, formação e tipo de horário de

Tendo em conta o referencial teórico, e

cada colaborador. Este tipo de informação é útil

uma vez que estudou um fenómeno numa

para perceber em que sentido a presença de

determinada população, com as suas

elementos (profissionais de saúde ou não) no lar

características específicas, foram definidas as

afectam ou não a percepção da saúde dos

seguintes variáveis:

idosos que residem em lares.

•Sócio - demográficas e

profissionais: género; idade; estado JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Caracterização sócio demográfica e profissional A aquisição de informação para a

caracterização sócio – demográfica de cada

As instituições que deram alçadas a este estudo são aquelas que se enquadram nos seguintes requisitos: •

indivíduo da amostra é feita com base num instrumento também criado para o efeito. Aqui

Conferir alojamento colectivo aos seus residentes, de cariz definitivo;

Estar localizado no concelho de

obtêm-se dados relacionados, com a idade,

Santarém, independentemente do tipo

género, estado civil, habilitações literárias,

de natureza jurídica. No concelho de

actividade profissional (exercida em idade

Santarém existe uma instituição de

activa), tempo que reside na instituição, motivo

carácter público, sete de carácter privado

pelo qual foi institucionalizado e iniciativa do

e três Institutos Privados de

internamento. Estes dados permitem o

Solidariedade Social;

conhecimento das características de cada

sujeito interveniente no estudo. •

actualizado, segundo o Instituto da

Mini Mental State

Segurança Social – Centro Distrital de

Aplica-se o Mini Mental State, versão

Santarém.

traduzida e adaptada por Guerreiro (2003), com o intuito de triar as pessoas sem deterioração

A técnica de amostragem é inteiramente não probabílistica por conveniência.

mental a nível das funções cognitivas. •

Possuir alvará de funcionamento

A população passível de ser estudada

Questionário de auto-avaliação da

pertence a 9 instituições distintas, deste

saúde e do bem-estar físico

conjunto 62 indivíduos fazem parte da instituição

A aplicação do Questionário de Auto-

de cariz público, 155 indivíduos das instituições

Avaliação da Saúde e do Bem-Estar Físico de

de cariz privado e 120 indivíduos de Instituições

Fonseca e Paul (1999) tem como objectivo

Privadas de Solidariedade Social.

avaliar os índices de saúde percebida em

No seu total esta população é constituída

grupos de indivíduos com idade avançada, com

por 337 indivíduos, 234 são do sexo feminino e

competência associada ao processo de

103 são do sexo masculino.

envelhecimento. Estudo piloto sobre

A constituição da amostra passou por

envelhecimento, versando os seguintes

incluir as pessoas que residam em lares de

indicadores relativos à saúde e ao estilo de vida:

idosos (anteriormente descritos) e que:

(i) Saúde física, (ii) Actividade física e mental,

Tenham mais de 65 anos;

(iii) Condição física, (iv) Sono, (v) Audição, (vi)

Aceitem participar no estudo

Visão, (vii) Consumo de tabaco, (viii) Consumo

deliberadamente (consentimento

de álcool. (Fonseca e Paul, 2004).

assinado);

O meio onde se desenvolverá este estudo

será em instituições denominadas por “lares de idosos”, enquanto resposta social, em que os

Residam na instituição há mais de 6 meses;

Sem defeito cognitivo.

indivíduos idosos permanecem na instituição numa lógica de alojamento colectivo definitivo. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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RESULTADOS

Neste estudo, as hipóteses foram testadas

A amostra foi constituída por 75 indivíduos, com média de idades a rondar os 83,2 anos, em que 36% são do género masculino, 57,3% são viúvos e 25,3% são

por correlação bivariada (com o recurso ao coeficiente de correlação de Spearman). A tabela nº 2 expõe as variáveis que se correlacionam entre si.

casados. Deste conjunto, 60% tem instrução primária. Da amostra 12,6% das pessoas estão

DISCUSSÃO

institucionalizadas há 6 meses e a “dificuldade

Em investigação nem sempre os

em auto-cuidar-se” é o principal motivo pelo qual

resultados que são esperados são os que se

foram para a instituição, e na sua maioria, foram

obtêm efectivamente, porém há que perceber a

para a instituição por iniciativa própria.

realidade com base nos valores estatísticos

O tratamento dos dados foi feito através

obtidos, sustentada pelo referencial teórico.

da análise dos dados obtidos pela estatística

O objectivo deste estudo foi avaliar a

descritiva utilizando como suporte informático o

percepção do estado de saúde das pessoas

SPSS (Statistical Package for the Social

idosas institucionalizadas, tendo em conta os

Sciences), versão 17.0 para o Windows.

objectivos específicos é possível apresentar as

Uma vez que seria demasiado extensa

seguintes conclusões:

toda a informação obtida, aqui apenas se faz

• A grande maioria da amostra

alusão aos dados obtidos no Questionário de

designa como “aceitável” ou “fraca” a

auto-avaliação da saúde e do bem-estar físico

sua percepção da saúde, em geral;

(Fonseca e Paúl, 1999), referente ao item

• Neste caso, os dados sócio –

“saúde física”, embora este tratamento tenha

demográficos não têm relação com a

sido feito para todos os itens que a compõem.

percepção do estado de saúde destas

(Tabela nº 1)

pessoas, ao contrário do que nos é dito pelos autores, possivelmente este facto Tabela nº 1 – Resultados da auto-avaliação da saúde física Auto-avaliação da saúde (geral) Muito Boa Boa Aceitável Fraca Muito Fraca

N 3 8 21 29 14

% 4,0 10,7 28,0 38,7 18,7

Comparação com o ano passado Mais ou menos na mesma Um pouco pior do que há um ano

32 27

42,7 36,0

Comparação com as pessoas da mesma idade e mesmo sexo Um pouco melhor Mais ou menos na mesma Não sabe

28 28 3

37,0 37,0 4,0

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Tabela nº 2 - Correlações entre a “saúde dos seus pares” e a percepção do estado de saúde dos idosos institucionalizados Variável

Teste

Percepção do estado de saúde

Saúde Física

ρ

0,413**

Sig. (2-tailed)

0,000

ρ

0,354**

Sig. (2-tailed)

0,002

ρ

0,598**

Sig. (2-tailed)

0,000

ρ

0,255*

Sig. (2-tailed)

0,027

Actividade física e mental

Condição física

Visão

* Correlação significativa a um nível de 0,05 (2 – tailed) ** Correlação significativa a um nível de 0,01 (2 – tailed)

dever-se à homogeneidade que

• Não existe relação entre as

caracteriza a amostra, devido à

instituições que participaram no estudo

institucionalização destas pessoas;

e a percepção da saúde das pessoas

• Existe relação significativa entre a

idosas institucionalizadas.

percepção do estado de saúde das

A realização deste trabalho foi

pessoas idosas institucionalizadas e a

considerada um desafio. Quando nos propomos

saúde dos seus pares, essencialmente

a um determinado objectivo é preciso rigor,

quando se abordam itens relacionados

esforço e disciplina intelectual para o conseguir

com aspectos físicos. Há que referir

alcançar.

que os intervenientes do estudo

O ponto de partida deste estudo teve

quando se pronunciam sobre a própria

origem numa problemática, à qual a autora se

saúde os resultados tendem para uma

depara no dia-a-dia, in loco, e termina com uma

dimensão mais negativa, mas quando

leitura breve e reflexiva, espelho da experiência

se compraram com outros (da mesma

da deslocação a várias instituições que auferiu a

idade

oportunidade de contactar com pessoas que

e

do

mesmo

sexo)

percepcionam-se numa medida mais positiva;

residem nesses contextos. Esta experiência em investigação revelou,

• No que concerne aos hábitos de

com base no conhecimento científico, a ideia

vida, não existe relação entre a

que gostaria de salvaguardar: o facto de as

percepção do estado de saúde das

pessoas idosas residirem numa instituição não

pessoas idosas e os hábitos alcoólicos

significa que tenham de percepcionar a sua

e os hábitos tabágicos;

saúde de forma negativa, há uma panóplia de

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informação que, ao ser conhecida, pode ajudar a melhorar a intervenção em vários sentidos e, por conseguinte, ir ao encontro do que o próprio indivíduo percepciona da sua saúde. CONSIDERAÇÃO FINAL É importante ter em conta que os idosos de hoje são diferentes dos idosos das gerações anteriores e os futuros idosos terão outras especificidades em comparação com os idosos actuais, e é com base neste raciocínio que faz sentido investigar e investir no conhecimento directamente relacionado com a Gerontologia. REFERÊNCIAS •

GUERREIRO et al - Avaliação breve do estado mental in Guerreiro, Garcia & Mendonça, Escalas e testes na demência. Grupo de Estudos de Envelhecimento Cerebral e Demência (2003);

FONSECA e PAUL - “Saúde percebida e passagem à reforma” in Psicologia, Saúde & Doenças, Vol. 5, Nº 1 (2004);

PAUL et al - “EXCELSA – Estudo piloto sobre o envelhecimento humano em P o r t u g a l ” i n P s i c o l o g i a : Te o r i a , Investigação e Prática, Vol. 2, Centro de Estudos em Educação e Psicologia, Universidade do Minho (2001).

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Ramos, A., Fonseca, C., Ferreira, M., Malheiro, N. (2012) Noninvasive Ventilation Versus Mechanical Ventilation, Gains in Health. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 30-40

REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW!

DEZEMBRO, 2011

VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA VERSUS VENTILAÇÃO MECÂNICA, GANHOS EM SAÚDE NONINVASIVE VENTILATION VERSUS MECHANICAL VENTILATION, GAINS IN HEALTH VENTILACIÓN NO INVASIVA FRENTE A LA VENTILACIÓN MECÁNICA INVASIVA, AVANCES EN SALUD

Autores

Ana Ramos1, César Fonseca2, Marta Ferreira3, Natália Malheiro4

1Enfermeira,

MsC, Hospital de Santa Maria, 2Enfermeiro, MsC, PhD Student, Hospital Pulido Valente (HPV),

3Enfermeira,

MsC, 4Enfermeira, MsC, HPV

RESUMO Objectivo: Determinar quais os ganhos em saúde da utilização da ventilação não invasiva comparativamente à ventilação mecânica. Metodologia: Efectuada pesquisa no motor de busca EBSCO, e duas bases de dados: CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with Full Text, British Nursing Index). Foram procurados artigos em texto integral (Julho/2009), publicados entre 2000/06/01 e 2010/06/31. Foi utilizado o método de PI[C]O e seleccionados 9 artigos do total de 325 encontrados. Resultados: A ventilação não invasiva reduziu a incidência de Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência multi-orgânica, bem como a necessidade de antibioterapia e tempo de internamento em Unidade de Cuidados Intensivos, que se traduziu numa diminuição da co-morbilidade e mortalidade associada à insuficiência respiratória. Consequentemente, diminuiu para metade o recurso à entubação traqueal e/ou traqueostomia, necessidade de oxigenoterapia e alimentação parentérica, com impacto positivo na percepção da qualidade de vida e conforto psico-emocional da pessoa e seu núcleo envolvente. Conclusões: A ventilação não invasiva, utilizada em falência respiratória ligeira (7,35<pH>7,30), diminui significativamente as complicações graves e irreversíveis da ventilação mecânica, com repercussão na expectativa de vida e redução dos custos em serviços de saúde. Palavras-chave: Ganhos em saúde, Ventilação Não Invasiva; Ventilação Mecânica.

ABSTRACT Objective: To determine which health gains from the use of noninvasive ventilation compared with mechanical ventilation. Methodology: Performed research in EBSCO search engine, and two databases: CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with Full Text, British Nursing Index). Articles were searched in full text (July/2009), published between 01/06/2000 and 31/06/2010. We used the method of PI [C] O and selected 9 articles of total 325 found. Results: Noninvasive ventilation reduced the incidence of nosocomial pneumonia and sepsis with multi-organ failure and the need for antibiotic therapy and length of stay in Intensive Care Unit, which resulted in a decrease in co-morbidity and mortality associated with respiratory failure. Consequently, halved the use of endotracheal intubation and / or tracheostomy, need for oxygen therapy and parenteral nutrition, with positive impact on perceived quality of life and psycho-emotional comfort of the person and engaging your core. Conclusions: Noninvasive ventilation, used in mild respiratory failure (7.35 <pH> 7.30), significantly reduces serious and irreversible complications of mechanical ventilation, with repercussions in life expectancy and reduce costs in health services. Keywords: Gains in health, Noninvasive Ventilation, Mechanical Ventilation.

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INTRODUÇÃO

modifica os mecanismos naturais de defesa e

A ventilação não invasiva (VNI) assume

protecção, que aumenta drasticamente a

cada vez uma maior relevância tanto nos

possibilidade de infecções nosocomiais, como a

estudos científicos desenvolvidos, como na

pneumonia, sinusite e otite (Fagon et al., 2000;

prática clínica, que a sustentam como uma

Burns, Adhikarin & Meade, 2006; Agarwal et al.,

vantajosa alternativa relativamente à ventilação

2009; Jvirjevic et al., 2009). Assim, como

mecânica (VM), sobretudo em situação de

aumenta o desconforto, a dor, o stress

insuficiência respiratória aguda.

psicológico, a possibilidade de barotrauma,

Paralelamente, compreende-se a

impede a alimentação por via oral, da mesma

pertinência da presente temática quando, os

forma que impossibilita a comunicação verbal,

internamentos nos hospitais públicos

sendo necessário recorrer a outras formas de

portugueses subiram, de 1990 a 1998, para

comunicação, nem sempre bem sucedidas, que

54%, onde a doença pulmonar crónica

exacerbam estados de ansiedade (Burns,

obstrutiva ocupa um lugar proeminente, com

Adhikarin & Meade, 2006; Agarwal et al., 2009).

previsão de prevalência crescente e grau de

A VNI pode providenciar um suporte

incapacidade que gera preocupante. Ainda, de

ventilatório parcial a pessoas com insuficiência

acordo com o Inquérito Nacional de Saúde, 15%

respiratória (Agarwal et al., 2009), em estádios

dos inquiridos que consultou os serviços de

precoces, que tenham capacidade para respirar

saúde nos últimos três meses fê-lo por queixas

espontaneamente e que preencham critérios

respiratórias (Direcção-Geral de Saúde, 2004).

para extubação ou desmame ventilatório,

De âmbito lato, American College of Chest

actuando, deste modo, na diminuição do

Physicians, American Association for

período de necessidade de VM e/ou re-

Respiratory Care e American College of Critical

entubação e, consequentemente, de sedação e

Care Medicine descrevem a VNI como uma

das suas complicações associadas (Rahal,

modalidade promissora na redução do tempo de

Garrido & Cruz, 2005). Ao salvaguardar a

entubação traqueal e na melhoria dos

capacidade de clearence brônquica previne o

resultados em saúde (Burns, Adhikarin &

enfraquecimento dos músculos respiratórios

Meade, 2006).

(Burns, Adhikarin & Meade, 2006),

A ventilação mecânica ao envolver uma

positivamente relacionados com a taxa de

técnica invasiva está associada a complicações

sobrevida e redução do tempo de permanência

mais preocupantes, que podem condicionar

em Unidade de Cuidados Intensivos (Gehlbach,

significativamente a evolução clínica favorável

et al., 2002; Giacomini et al., 2003).

do doente em estado grave (Rahal, Garrido &

A VNI através da aplicação de pressão de

Cruz, 2005). A presença do tubo endotraqueal

suporte – pressão expiratória final positiva ou

pode provocar lesão directa do pavimento

pressão positiva contínua, por meio de mascara

respiratório, acompanhada de inflamação,

nasal ou facial, permite reduzir o trabalho dos

ulceração, hemorragia, isquémia ou estenose da

músculos respiratórios e a frequência

via aérea, em casos extremos (Jvirjevic et al.,

respiratória, optimizar as trocas gasosas por

2009). A presença de uma via aérea artificial

recrutamento de alvéolos hipoventilados (Rahal,

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Garrido & Cruz, 2005; Agarwal et al., 2009), bem

factor independente associado à redução do

como possibilita aumentar o volume tidal ou

risco de entubação e mortalidade (Rahal,

corrente, em relação à VM (Burns, Adhikarin &

Garrido & Cruz, 2005). Adicionalmente, uma

Meade, 2006). Todavia, existem algumas contra-

meta-análise recente enfatizou a VNI como uma

indicações clínicas que condicionam o seu uso,

medida de redução da entubação orotraqueal

tais como: alteração do estado de consciência,

em 65%, diminuição da taxa de mortalidade em

trauma facial, instabilidade hemodinâmica,

55% e do tempo de internamento hospitalar em

diminuição do reflexo de deglutição, cirurgia

1,9 dias (Quon, Gan & Sin, 2008). Tendo em

esofagogástrica recente, evidência de isquémia

conta que, os doentes que mais vantagens

miocárdica ou presença de arritmias

podem retirar desta técnica são aqueles com

ventriculares (Rahal, Garrido & Cruz, 2005). É

falência respiratória ligeira a moderada e com

de salientar, porém, que a sofisticação dos

repercussão pouco acentuada no pH (pH=7,30

equipamentos e máscaras tem tornado os

a 7,35) (Ferreira et al., 2009).

benefícios da VNI visíveis, mesmo em grupos

Face ao exposto, a presente revisão de

populacionais específicos. Da utilização da VNI

literatura pretende discriminar quais os ganhos

também podem advir eventuais complicações,

em saúde associados à VNI comparativamente

que incluem a perda da integridade cutânea

à VM, nos últimos 10 anos, com base em

nasal ou facial, distensão abdominal, risco de

evidências científicas.

aspiração de conteúdo gástrico, distúrbios no padrão de sono e conjuntivites (Jvirjevic et al., 2009).

METODOLOGIA De forma a delimitar um vasto campo de

A VNI tem demonstrado resultados

hipóteses inerentes à problemática da VNI e a

superiores diferenciais em relação aos cuidados

responder ao objectivo delineado, elaborou-se a

convencionais, em que a sua utilização em

seguinte questão de partida, que atende aos

doentes com insuficiência respiratória

critérios do formato PICO (Melny e Fineout-

hipoxémica traduziu-se na ocorrência de 3% de

Overholt, 2005): Quais os ganhos em saúde

pneumonia e/ou sinusite, em oposição à VM,

(Outcome) das pessoas (Population)

utilizada em situações idênticas, que teve uma

submetidas a ventilação não invasiva

incidência de 38% (p = 0,02) (Antonelli et al.,

(Intervention), em relação à ventilação invasiva

1998). O recurso à VNI diminui a necessidade

(comparation)?

de utilização de oxigenoterapia a alto débito e

Por conseguinte, ao se definir o objecto

realização de traqueostomia, com evidência de

alvo de estudo e ao se pretender uma

eficácia em pessoas com doença pulmonar

compreensão mais ampla deste fenómeno foi

crónica obstrutiva, asma, submetidos a

levada a cabo uma pesquisa em base de dados

transplante, em estado de neutopénia, doenças

electrónica, na EBSCO em geral e, em particular

neuromusculares, bronquiectasias e fibrose

na CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with

quística (Ferreira et al., 2009). Este fenómeno é

Full Text, British Nursing Index). As palavras-

comprovado pelo facto de, a análise

chave orientadoras utilizadas foram previamente

multivariada ter demonstrado que a VNI é um

validadas pelos descritores da United States of

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National Liberary of National Institutes of Health,

pelo facto da maior abrangência face ao

com a respectiva orientação: [(“Positive

conhecimento existente sobre a matéria em

Pressure Ventilation” OR “Intermittent Positive

análise. Para avaliáramos os níveis de evidência

Pressure Ventilation” OR “Respiratory Failure”;

utilizamos seis níveis de evidência: Nível I:

“Respiration, Artificial” OR “Positive End-

revisões sistemáticas (meta análises/ linhas de

Expiratory Pressure” OR “Continuous Positive

orientação para a prática clínica com base em

Airway Pressure” OR “Positive-Pressure

revisões sistemáticas), Nível II: estudo

Ventilation” OR “Nasal Continuous Positive

experimental, Nível III: estudos quasi

Airway Pressure”) AND (“Outcome Assessment”

e x p e r i m e n t a i s , N í v e l I V: e s t u d o s n ã o

OR “Outcome Measures” OR “Outcome Studies”

experimentais, Nível V: estudo qualitativo/

OR “Outcomes Assessment” OR “Outcomes

revisões sistemáticas da literatura sem meta

Research”)], as palavras foram procuradas em

análise, Nível VI: opiniões de autoridades

texto integral (Julho/2009), retrospectivamente

respeitadas/ painéis de consenso (Capezuti,

até 2000, resultando 325 artigos no total. Guyatt

2008; Guyatt, e Rennie, 2002).

e Rennie (2002), consideram que as revisões

Como critérios de inclusão privilegiaram-

sistemáticas da literatura devem considerar a

se os artigos com cerne na problemática da VNI

evidência dos últimos 5 anos, no entanto

vs VM, com recurso a metodologia qualitativa e/

consideramos o período temporal de 10 anos

ou qualitativa ou revisão sistemática da

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QUADRO 1: Artigos incluídos. Autor/ Tipo Participantes Intervenções autores de Estud o F a g o n Quanti 413 doentes A estratégia de abordagem e t a l . tativo com pneumonia invasiva foi baseada no (2000) potencialmente exame directo de amostras relacionada de broncoscopia ou com a amostras de secreções ventilação broncoalveolares e as suas culturas. A estratégia de abordagem não-invasiva foi baseada no isolamento de microorganismos presentes na árvore trraqueobrônquica e implementação das guidelines definidas.

Nível de Eviden cia Comparado os dois grupos, no grupo II submetido a VNI verificou-se uma redução da mortalidade em 14 dias (16,2% e 25,8%, p=0,022), bem como a necessidade do uso de antibióticos (média número de dias sem antibiótico, 5,0 ± 5,1 e 2,2 ± 3,5; p<0,001), associado a diminuição da ocorrência de Sepsis, com falência multi-orgânica (6.1 ± 4.0 e 7.0 ± 4.3; p= 0.033).

Jurjevic Quanti 1 5 6 d o e n t e s e t a l . tativo c o m d o e n ç a (2009) p u l m o n a r obstrutiva crónica

Comparar a VNI e a VM em doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)

Verificou-se que a VNI é uma abordagem mais segura para os doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica. A duração da ventilação não invasiva para a invasiva foi 94:172 horas, p <0,001,o tempo gasto na Unidade de Cuidados Intensivos 120:223 horas, p <0,001. A Pneumonia associada à ventilação mecânica 5 (6%): 29 (37%), p <0,001. A vantagem da VNI em doentes com DPOC, é especialmente notória nos estádios iniciais.

II

W i l s o n Quanti T r i n t a e t r ê s e t a l . tativo d o e n t e s c o m (2004) d o e n ç a p u l m o n a r obstrutiva crónica.

Desenvolver um protocolo de apoio à decisão de VM. Descrever o processo, os riscos e os resultados de entubação e VM para doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica

Dois participantes (6%) relataram que já tinham tomado a decisão prévia sobre a VM. Depois de analisar todo o apoio à decisão, 23 (94%) participantes renunciaram a VM após conhecimento de todo o processo riscos e resultados.

III

Santin, Quanti 5 0 l a c t e n t e s Brodsk tativo (nascidos entre y e 10/99 e 12/02), Bhand de 28 a 34 a r i s e m a n a s (2004) gestação

Comparar os resultados de um grupo de lactentes com síndrome da angústia respiratória, numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, que foram extubados e submetidos a ventilação nasal intermitente de pressão positiva com um grupo de criança submetidas a VM.

A duração total da entubação traqueal e duração de exposição ao oxigénio suplementar foram significativamente menores no grupo submetido a VNI. Além disso, a duração da nutrição por via parenteral também foi significativamente menor no grupo submetido a VNI. Não houve diferença entre os dois grupos relativamente aos valores analíticos sanguíneos.

III

Giacom Quanti 58 doentes com inni et tativo edema agudo a l . do pulmão. (2003)

Determinar se a VNI pode evitar o internamento de doentes com edema agudo do pulmão numa Unidade de Cuidados Intensivos.

Nenhum dos doentes foi submetido a VM ou internado numa Unidade de Cuidados Intensivos. Verificou-se dois novos episódios de enfarte agudo do miocárdio.

II

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Resultados

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B u r n s , Quanti A d u l t o s c o m Adhika tativo i n s u f i c i ê n c i a ri e respiratória Meade (2003)

Sintetizar a evidência científica comparando a VNI com pressão positiva e a VM com pressão positiva invasiva e qual o seu impacto no desmame ventilatório, na taxa de mortalidade, pneumonia e duração total de VM Piepers Quanti P e s s o a s Analisar os efeitos da VNI na e t a l . tativo submetidas a s o b r e v i v ê n c i a e n a (2006) VNI qualidade de vida das pessoas submetidas.

Gehlba Quanti T o d o s os ch et al tativo d o e n t e s ( 7 8 ) (2002) com estado de mal asmático admitidos numa unidade de c u i d a d o s intensivos de um Hospital em Chicago que f o r a m submetidos a ventilação com p r e s s ã o p o s i t i v a , durante um período total de cinco anos. Agarwa Quanti 19 doentes com l et al tativo i n s u f i c i e n c i a (2009) respiratória hipoxémica aguda

Cinco estudos demonstram que, comparando a VM e a VNI com pressão positiva, a VNI diminui a taxa de mortalidade, bem com o tempo de internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos.

I

Todos os estudos relatam os efeitos benéficos da VNI. Em sete estudos a VNI foi associada a sobrevivência prolongada em doentes tolerantes à VNI. Cinco estudos relataram que os doentes apresentavam uma qualidade de vida superior.

I

Cinquenta e seis participantes foram submetidos a entubação endotraqueal durante o internamento, trinta e cinco participantes foram submetidos a VNI. Sete dos doentes submetidos a VNI foram posteriormente submetidos a VM. Três morreram. Este estudo confirma que, embora a mortalidade associada ao estado de mal asmático, tratado com métodos contemporâneos de ventilação com pressão positiva seja baixa, o sexo e a entubação traqueal estão associados a um aumento do tempo de internamento e ao desenvolvimento de insuficiência respiratória. D e t e r m i n a r q u a i s o s Depois de uma hora, houve uma resultados da VNI e os diminuição significativa na frequência f a c t o r e s l i g a d o s a o respiratória e frequência cardíaca, insucesso da VNI com aumento do pH e PaO2. No entanto, não houve diferença na melhoria dos parâmetros clínicos e dos valores analíticos sanguíneos entre os dois grupos. O tempo médio de internamento na unidade de cuidados intensivos e a mortalidade hospitalar foram semelhantes nos dois grupos.

II

Descrever a evolução dos participantes em estado de mal asmático internados numa Unidade de Cuidados Intensivos com ventilação com pressão positiva. Identificar os factores associados ao aumento do tempo de internamento.

III

literatura, que clarificassem as suas vantagens

estudo. O percurso metodológico levado a cabo

na aplicação da prática clínica e o seu impacto

encontra-se exemplificado na figura 1.

nos resultados em saúde. Nos critérios de

Por conseguinte, para tornar perceptível e

exclusão inseriram-se todos os artigos com

transparente a metodologia utilizada explicita-se

metodologia pouco clara, repetidos nas duas

a listagem dos 9 artigos filtrados, que

bases de dados, com data anterior a 2010 e

constituíram o substrato para a elaboração da

todos aqueles sem co-relação com o objecto de

discussão e respectivas conclusões (Quadro 1).

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Enquanto abordagem terapêutica a VNI RESULTADOS

apresenta benefícios na gestão da doença de

Os resultados encontram-se explicitados

várias patologias que interferem com a

no quadro 1.

respiração. Jurjevic et al., (2009) verificaram que a VNI é uma abordagem mais segura para os

DISCUSSÃO

doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva

Como resultado da análise dos artigos

Crónica (DPOC). Concluíram que a duração da

anteriormente referenciados é possível denotar

ventilação não invasiva para a invasiva foi

que a VNI apresenta vantagens claras face à

94:172 horas (p<0,001), que o tempo gasto na

VM, sendo essas vantagens destacadas em oito

Unidade de cuidados Intensivos 120:223 horas,

dos dez artigos (Gehlbach et al., 2002; Fagon et

(p<0,001). A Pneumonia associada à ventilação

al., 2000; Jurjevic et al., 2009; Wilson et al.,

foi de 5 (6%): 29 (37%), (p<0,001).

2004; Giacominni et al., 2003; Burns, Adhikari e

Assim, afirmam que a VNI é vantajosa em

Meade, 2006; Piepers et al., 2006; Agarwal et

doentes com DPOC, especialmente nos

al., 2009).

estadios iniciais. Wilson et al., (2004) analisaram

Gehlbach et al (2002) referem que os

as decisões sobre o tipo de ventilação que trinta

doentes submetidos a VNI mantêm-se

e três doentes com DPOC optariam caso

internados por um curto período de tempo

necessitassem, apuraram que 70% dos

comparados com os doentes submetidos a à

participantes recorriam ao aconselhamento do

VM. Wilson et al., (2004) acrescentam ainda que

seu médico e aos serem informados do

a VNI enquanto opção terapêutica contribui quer

processo, riscos e resultados da VM mudavam a

na diminuição do tempo de internamento nas

sua decisão sobre a abordagem terapêutica de

Unidades de Cuidados Intensivos, quer na

ventilação. Deste modo e de acordo com

diminuição da taxa de mortalidade e permite

Jurjevic et al., (2009) apesar da abordagem

ainda evitar a entubação traqueal, aspecto este

clássica utilizada nos doentes com DPOC ser a

largamente apoiado por Jurjevic et al., (2009),

VM, a VNI apresenta-se como uma alternativa

que afirmam que a VNI permite evitar 53% das

com ganhos claros para o doente e começa

entubações traqueais. Fagon et al., (2000) com

também a apresentar-se cada vez mais como

o seu estudo no qual compararam um grupo de

uma alternativa na decisão dos doentes.

doentes submetidos a VNI com um grupo de

Giacominni et al., (2003) pretendiam determinar

doentes submetidos a VM verificaram, mais uma

se a VNI pode evitar o internamento de doentes

vez, redução da taxa de mortalidade, bem como

com edema agudo do pulmão nas Unidades de

a redução da necessidade do uso de

Cuidados Intensivos. Com este estudo

antibióticos no grupo submetido a VNI. Por seu

verificaram que nenhum dos doentes foi

lado, Jurjevic et al., (2009) afirmam este

submetido a VM ou internado numa Unidade de

benefícios se podem traduzir numa

Cuidados Intensivos. Gehlbach et al., (2002) ao

redistribuição dos recursos em saúde, de forma

descreverem a evolução dos participantes em

mais efectiva e sustentável.

estado de mal asmático internados numa Unidade de Cuidados Intensivos com ventilação

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com pressão positiva referem que os doentes

modo ventilatório mais referenciado como o

com estado de mal asmático submetidos a VNI

mais seguro a utilizar em crianças, a VNI

não requerem entubação traqueal subsequente,

apresentou vantagens notórias, principalmente

sendo que 35 dos 78 participantes foram

por facilitar a interacção das crianças com o

submetidos a VNI e só 7 doentes necessitaram

ambiente envolvente.

de ser submetidos a VM. Concluíram desta

A pneumonia relacionada com a

forma que, VNI é uma opção terapêutica segura

ventilação é uma das complicações mais

na gestão do estado de mal asmático. Agarwal

frequentes e presente em qualquer modalidade

et al., (2009) ao tentar determinar os resultados

de ventilação, de acordo com Fagon et al.

da VNI e os factores associados com o

(2000) e, que consequentemente, dilata

insucesso da VNI falha em doentes com

exponencialmente os custos. Contudo, Fagon et

insuficiência respiratória hipoxémica aguda

al. (2000)

referem que, a VNI pode evitar 53% das

doentes, em suporte de VM ou VNI, num total

entubações traqueais. Sugerem que a VNI é

de 413 doentes, concluíram que no grupo

benéfica para os doentes com insuficiência

submetido a VNI a pneumonia era debelada

respiratória hipoxémica aguda, aconselhando-a

com antibioterapia num período de tempo

como uma escolha terapêutica de primeira linha.

inferior, diminuindo a necessidade de recorrer

Quanto à utilização da VNI e

ao relacionarem dois grupos de

diferentes grupos farmacológicos dos memos.

consequentemente nas vantagens que este modo ventilatório apresenta para esta faixa

CONCLUSÃO

etária Santin, Brodsky e Bhandari (2004) ao

Podemos observar que a instituição da

estudar comparativamente, numa Unidade de

VNI em relação à VM, reduziu a incidência de

Cuidados Intensivos Neonatais, dois grupos de

Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência

lactentes com síndrome da angústia respiratória,

multi-orgânica, bem como a necessidade de

extubados orotraquealmente e submetidos

antibioterapia e tempo de internamento em

diferencialmente a: ventilação nasal intermitente

Unidade de Cuidados Intensivos, que se

de pressão positiva ou VM inferiram que, as

traduziu numa diminuição da co-morbilidade e

alterações analíticas e a mortalidade entre

mortalidade associada à insuficiência

ambos os grupos não eram significativas.

respiratória. Consequentemente, diminuiu para

Todavia, o grupo que tinha sido submetido a

metade o recurso à entubação traqueal e/ ou

este tipo de VNI apresentava uma duração total

traqueostomia, necessidade de oxigenoterapia e

de exposição ao oxigénio suplementar

alimentação parentérica, com impacto positivo

expressivamente menor, bem como a duração

na percepção da qualidade de vida e conforto

da nutrição por via parenteral e o tempo de

psico-emocional da pessoa e seu núcleo

internamento também foi consideravelmente

envolvente (Quadro 2).

menor. A comunicação entre as famílias e os

Face ao exposto, o conhecimento sobre

lactentes submetidos a VNI foi, igualmente,

as principais vantagens que a VNI pode

conseguida de uma forma mais efectiva e

oferecer, na pessoa com insuficiência

facilitada. Desta forma, apesar da VM ser o

respiratória ligeira, constitui um importante

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QUADRO 2: Os ganhos em saúde associados à utilização da VNI Versus VM. • Diminuição da incidência de Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência multiorgânica; •

Diminuição do tempo, necessidade de antibioterapia e o recurso a mais do que um dos seus grupos farmacológicos;

Redução da taxa de mortalidade;

Redução para metade o tempo de permanência dos doentes com DPOC na Unidade de Cuidados Intensivos;

Redução, para metade, do tempo e necessidade de entubação endotraqueal, realização de traqueostomia, aporte de oxigénio prolongado e alimentação parentérica;

Diminuição da frequência respiratória e cardíaca e aumento da PaO2, após 1h de utilização, em doentes com hipoxémia aguda;

A eficácia da VNI com pressão positiva sobrepõe-se à VM com pressão positiva invasiva;

Opção terapêutica segura em situação de DPOC e asma;

Melhores scores na percepção da qualidade de vida;

Aumenta o conforto psico-emocional da família/ pessoas significativas, pela possibilidade de comunicação que oferece com o doente;

Menor propensão para o desenvolvimento de insuficiência respiratória, recomendada em todas as faixas etárias.

instrumento para suportar a tomada de decisão

outros estudos sobre a percepção por parte dos

na prática profissional.

clientes sobre a sua utilização.

Saberes aprofundados e actuais sobre os critérios/ recomendações de utilização, mecanismos de acção, benefícios e efeitos,

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permitem maximizar o potencial da sua

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Os profissionais de saúde ao

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Acomparison of noninvasive positive-

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pressure ventilation and conventional

Recomendamos um incremento na

mechanical ventilation in patients with

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REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW!

DEZEMBRO, 2011

A COMUNICAÇÃO ENFERMEIRO-DOENTE COMO ESTRATÉGIA PARA ALÍVIO DO SOFRIMENTO NA FASE TERMINAL DA VIDA THE NURSE-PATIENT COMMUNICATION AS A STRATEGY FOR THE RELIEF OF SUFFERING IN TERMINAL PHASE OF LIFE COMUNICACIÓN ENFERMERO-PACIENTE COM ESTRATEGIA DE ALIVIO DEL SUFRIMIENTO EN LA FASE TERMINAL DE LA VIDA

Autores

Ana Almeida1, Carmen Ferreira2, Margarida Lança3, Mariana Rodrigues4 1,2,3,4Enfermeira,

Corresponding author: aninhax_pp@portugalmail.pt

RESUMO O presente artigo consiste numa revisão sistemática da literatura, centrada na temática das necessidades de comunicação dos doentes em fim de vida e seus familiares como forma de diminuir o sofrimento dos mesmos. Objectivo: Identificar as principais necessidades de comunicação dos doentes em fase terminal e seus familiares, bem como compreender de que forma a comunicação pode ser uma estratégia para o alívio do sofrimento. Metodologia: Para a elaboração do presente trabalho utilizámos a metodologia PI[C]OD e foram seleccionados 8 artigos de investigação, de uma amostra inicial de 110, retirados da ProQuest e EBSCO. Resultados: As necessidades principais do doente terminal e da sua família são a gestão da dor e do sofrimento, bem como a necessidade da comunicação, como sendo um contributo para o alívio do sofrimento. Porém, a necessidade de comunicação nem sempre é valorizada ou satisfeita correctamente, visto que muitos enfermeiros sentem dificuldades em comunicar com os doentes e suas famílias nesta fase do ciclo de vida. Conclusões: Através da realização desta revisão sistemática da literatura foi-nos possível perceber que os enfermeiros deveriam desenvolver e aprofundar as suas competências comunicacionais, de forma a responder às necessidades dos doentes e suas famílias. Concluímos ainda que a comunicação no âmbito dos cuidados paliativos deve ser a base da relação enfermeiro-doente, de forma a promover o alívio do sofrimento e uma morte digna. PALAVRAS-CHAVE: Cuidados paliativos, Enfermagem, Comunicação e Intervenções autónomas.

ABSTRACT The present article consists in a systematic review of the literature, centred on the needs of communication with end-of-life patients/their relatives and the use of communication strategies as a form of relief the suffering. Objectives: We intend to identify the main communication needs of end-of-life patients and their relatives, and understand how communication can be a strategy to relief the suffering. Methods: For the present article we used the PI[C]OD method and selected eight articles of investigation, from a sample of one hundred and ten, from ProQuest and EBSCO. Results: The main needs of the end-of-life patient and his family are the management of pain and suffering, as well as the need of communication as a contribute to relief the suffering. On the other hand, the need of communication is not always considered or correctly satisfied because nurses have difficulties in communicating with terminal patients and their families in this stage of life. Conclusions: The main conclusions of this systematic review of the literature reveal that nurses should develop and increase their communication skills to answer to the patients and their families’ needs. We also concluded that communication in palliative care should be the foundation between nurse-patient as a way to promote suffering relief and a dignifying death. KEYWORDS: Palliative Care, Nursing, Communication, Autonomous Interventions.

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Página 42

INTRODUÇÃO

forma a estabelecer uma comunicação eficaz

O tema que pretendemos abordar surgiu

com o doente em fase terminal, planear e

no âmbito da nossa Monografia e intitula-se de

implementar intervenções de enfermagem

“A comunicação como estratégia para alívio do

dando resposta às suas necessidades.

sofrimento do doente terminal”. Pretendemos então explorar a que nível se situa a

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

investigação internacional relativamente a este

Os enfermeiros são profissionais de saúde

tema, pelo que sintetizámos e reflectimos a

com o compromisso de ajudar as pessoas

informação obtida.

saudáveis a manter a sua saúde, os doentes a

O cuidar na fase final da vida é uma das

recuperar a saúde, os que não podem ser

preocupações na Enfermagem, tendo vindo a

curados a maximizar os seus potenciais e os

exigir uma maior reflexão por parte dos

que estão a morrer, a viver tão plenamente

profissionais, pois a esperança média de vida

quanto possível até à morte, promovendo a

aumentou, bem como os avanços na medicina,

qualidade de vida daqueles a quem prestam

o que faz com que um número maior de

cuidados (Basto, 1998; ICN, 2003; Código

pessoas necessitem durante mais tempo de

Deontológico de Enfermeiro, 2005; Nunes,

cuidados de enfermagem (DGS, 2004). Portugal

2008).

é também um dos países que é afectado por

Assim, tendo em conta que a esperança

esta questão, e por isso é necessário pensar

média de vida está cada vez mais a prolongar-

que impacto tem na nossa sociedade, e como é

se e o aumento de doenças crónicas também, é

que podemos intervir enquanto enfermeiros

necessário que a qualidade de vida das pessoas

nesta problemática do nosso século (DGS,

seja uma prioridade dos profissionais de saúde.

2004).

Emerge, assim, o conceito de cuidados

Deste modo, revelou ser importante

paliativos, os quais têm sido descritos como a

aprofundar esta temática, pelo que, através do

filosofia, a disciplina e a prática, cuja abordagem

método PI[C]OD surgiu uma pergunta de

melhora a qualidade de vida dos pacientes e

partida: “Em relação à pessoa em fim de vida e

suas famílias que enfrentam problemas

sua família (P), quais as competências dos

associados à doença aguda potencialmente

enfermeiros ao nível da comunicação (I) que

fatal, através da prevenção e alívio do

influenciam o alivio do sofrimento (O)?”.

sofrimento, por meio da identificação e

De forma a orientarmos o nosso trabalho

avaliação, bem como tratamento da dor e outros

numa lógica de investigação, delineámos como

problemas, físico, psicossocial e espiritual

objectivos: identificar a necessidade de

(Organização Mundial de Saúde, 2002). Deste

comunicação no doente em fim de vida e sua

modo, os cuidados de enfermagem no fim de

família, e compreender de que forma a

vida assumem uma importância enorme, visto

comunicação pode ser uma estratégia para o

que nesta fase a pessoa carece de intervenções

alívio do sofrimento.

que promovam o alivio da dor e sofrimento, a

Assim, tendo em conta estes objectivos

nível físico e espiritual, de forma a que a pessoa

determinámos os aspectos a ter em conta de

veja as suas necessidades satisfeitas a todos os

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níveis (Green, 2006; McIflarick, 2007). Assim,

exemplos como Virgínia Henderson (1996),

torna-se imprescindível avaliar as necessidades

pertencente à Escola das Necessidades, a qual

dos doentes paliativos e sua família, porém esta

refere ser importante que a pessoa em situação

avaliação é um processo complexo que

de doença mantenha o seu equilíbrio físico e

apresenta um elevado potencial para influenciar

emocional, sendo que o corpo e a mente são

a qualidade dos cuidados (Clarke & Wheeler,

inseparáveis, por conseguinte, as necessidades

1992).

(14 pressupostos da Enfermagem) do doente

Vários estudos revelam que a principal

são necessariamente do foro físico e

necessidade dos doentes terminais, assim como

psicológico, o que vai incluir as necessidades a

das suas famílias, é a gestão da dor e

nível comunicacional e relacional. Também as

sofrimento nesta fase do ciclo de vida. Por outro

teóricas Peplau (1997), Orlando (1961) e King

lado, a necessidade da comunicação também

(1995) (Escola da Interacção), são um

foi apontada em diversos estudos (Morrison,

contributo importante para a compreensão deste

1991; Clarke & Wheeler, 1992; Fosbinder, 1994;

tema, dado que abordam a comunicação e a

Hanson e Cullihall, 1995; McCance et al, 1997;

relação interpessoal nos cuidados de

Long, 1999) como sendo importante na

Enfermagem, explorando e definindo estes

prestação de cuidados, pois a comunicação com

conceitos. Por outro lado, Betty Neuman (1995),

o doente terminal é um pilar básico do cuidar,

inserida na Escola dos Efeitos Desejados,

que se baseia em princípios muito específicos

através do seu modelo de sistemas forneceu

que a tornam mais assertiva e terapêutica

uma guideline que auxilia o enfermeiro a

(Garcia, 2002).

compreender de forma coerente os fenómenos

Por isso, o enfermeiro deve por isso

de saúde, permitindo percepcionar o doente e

possuir “boas competências na área da

sua família do ponto de vista holístico, numa

comunicação” (Buckman, 2002 citado por

perspectiva de sistema aberto, em constante

Magalhães, 2005:220 e Johnston, 2006) a fim

interacção com o ambiente, cuja interacção vai

de prestar cuidados mais completos e humanos

interferir na estabilidade do seu sistema. Por

(Clarke & Wheeler, 1992; Fosbinder, 1994;

fim, na Escola do Caring, Jean Watson (2002),

McCance et al, 1997). Dado o tema desta

foca a sua teoria no cuidado humano e no

revisão sistemática de literatura reportar-se a

encontro entre o cuidador e o cliente e dá maior

questões de comunicação, salientamos de entre

ênfase à relação transpessoal do cuidado de

as várias intervenções de enfermagem, a de

enfermagem.

comunicar com os demais, expressando

Por conseguinte, como cuidar implica uma

emoções, necessidades, temores e opiniões,

interacção entre o profissional e as pessoas alvo

como é referido por Henderson (King, 2001;

de cuidados, é necessário que a mesma seja

Costa, 2004).

estabelecida através da comunicação. Portanto,

Nesta linha de pensamento, são vários os

considera-se uma intervenção autónoma de

autores e teóricas de enfermagem que incluem

enfermagem a capacidade/competência de

a comunicação e a relação interpessoal nos

comunicar de forma terapêutica com o doente

seus modelos e teorias. Podemos fornecer

terminal e sua família, de modo a satisfazer as

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necessidades dos mesmos (Dunne, 2005), pois

integrar as informações explicitadas num

o enfermeiro é um profissional de saúde dotado

conjunto de estudos já realizados, nos quais

de conhecimentos teóricos e experiênciais que

podemos identificar elementos semelhantes e

fazem dele o profissional mais habilitado para

divergentes e reflectir sobre os mesmos.

satisfazer as necessidades comunicacionais do doente e sua família.

A nossa revisão de literatura permitiu-nos responder à seguinte questão central: “Em

Por conseguinte, é necessário reflectir e

relação à pessoa em fim de vida e sua família

investigar sobre comunicação em enfermagem,

(P), quais as competências dos enfermeiros ao

nomeadamente nos cuidados paliativos, visto

nível da comunicação (I) que influenciam o alivio

ser uma área em que o enfermeiro estabelece

do sofrimento (O)?”.

um contacto mais próximo com a pessoa, dado

Como objectivo principal estabelecemos:

ser uma etapa da vida que carece de um

identificar, no contexto actual do conhecimento

cuidado mais direccionado para a relação

de enfermagem, quais as necessidades de

interpessoal e não para a cura e tratamentos.

comunicação do doente em fase terminal e sua família e como é que a satisfação das mesmas

METODOLOGIA

pode ser uma intervenção autónoma da

A fim de nos apropriarmos do

enfermagem que promove o alivio do sofrimento

conhecimento actual existente sobre as

dos mesmos. Assim, dada a questão enunciada,

necessidades de comunicação do doente

associámos as seguintes palavras-chave como

terminal e sua família, bem como a sua

descritores da pesquisa, sendo elas Nursing,

importância para o alívio do sofrimento dos

palliative care, communication, interventions

mesmos, efectuámos uma revisão sistemática

autonomous, como podemos observar no

da literatura. Segundo Fortin (2000), uma

Quadro 1.

revisão sistemática da literatura consiste em

De forma a reunirmos a literatura científica

realizar um exame crítico a um conjunto de

relevante para a nossa investigação

publicações pertinentes para o domínio da

consultámos apenas bases de dados

investigação. Desta forma, será possível

informatizadas, como: - Adulto/idoso em situação de doença terminal

P

Participantes

Quem foi estudado?

I

Intervenções

O que foi feito?

[C]

Comparações

Podem existir ou não?

O

Outcomes

D

Desenho do estudo

Palavras-chave -Familiares do doente em fase terminal Identificação das necessidades de comunicação dos doentes/ familiares

A comunicação como estratégia de alívio do sofrimento Como é que a evidência foi Qualitativo recolhida? Resultados/efeitos ou consequências

Nursing, palliative care, communication, interventions autonomous.

Quadro 1: Critérios utilizados para a formulação da questão de investigação JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Página 45

Código S1 – Base de dados electrónica

dados PROQUEST, analisámos 3, pois iam ao

observada: EBSCO (CINAHL Plus with Full

encontro dos nossos critérios de inclusão.

Text, MEDLINE with Full Text; British Nursing

Procedemos então à leitura integral de cada

Index; Nursing & Allied Health Collection:

artigo e respectiva análise crítica, através de

Comprehensive; Cochrane Database of

fichas de leitura efectuadas por todos os

Systematic Reviews; Cochrane Methodology

investigadores, uma vez que, consideramos que

Register). Foram consultadas tendo em conta o

aumentará a credibilidade da nossa revisão

intervalo temporal entre 2003 e 2008, usando as

sistemática da literatura.

seguintes palavras-chave: Palliative care AND

Depois (em Novembro de 2008),

Nursing AND Communication, as palavras-

pesquisámos na base de dados PROQUEST e

chaves foram procuradas no Texto integral.

escolhemos 60 artigos, dos quais, 5

Resultado: 3 Artigos.

correspondiam aos critérios de inclusão.

Código S2 - Base de dados electrónica

Posteriormente, realizámos fichas de leituras

observada: Nursing & Allied Health Source,

destes artigos e elaborámos uma lista de

ProQuest Health and Medical Complete. Foram

conceitos (check list) referentes à necessidade

consultadas tendo em conta o intervalo temporal

de comunicação do doente em fim de vida e da

entre 1998 e 2008, usando as seguintes

sua família: cuidados paliativos, a importância

palavras-chave: Palliative care AND Nursing

da comunicação para o doente em fim de vida e

AND Communication Needs, as palavras-

sua família, a importância da relação terapêutica

chaves foram procuradas no Texto integral.

na comunicação (e vice-versa) e ainda o apoio à

Resultado: 5 Artigos.

família.

De forma a realizarmos a pesquisa e

Deste modo, a nossa revisão sistemática

obtermos os artigos adequados à questão de

da literatura inclui um total de 8 artigos de

investigação e aos objectivos do estudo,

investigação.

estabelecemos um conjunto de critérios de inclusão e exclusão que estão presentes no

RESULTADOS

Quadro 2.

Do total dos artigos seleccionados,

Na primeira fase (Outubro de 2008), de

analisámos e reflectimos sobre os mesmos,

um total 50 artigos de investigação da base

tendo em conta a nossa questão de partida e os

Critérios de selecção

Critérios de inclusão

Critérios de Exclusão

Participantes

• Doente em fase terminal; • Doentes pediátricos e peri-natais em fase • Profissionais de saúde que terminal • Instituições de cuidados contactam e prestam cuidados a doentes em fim de vida. • Necessidades do doente terminal; • Percepções de médicos e enfermeiros na Intervenção • Importância da comunicação nos sua relação profissional (um com o outro). doentes em fase terminal • Comunicação como estratégia de alívio do sofrimento • Estudos qualitativos e quantitativos, • Todos os achados da pesquisa que não Desenho estudos de caso, revisões da apresentem os estudos dos critérios de literatura inclusão Quadro 2: Critérios de Inclusão e exclusão dos artigos de investigação. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Página 46

objectivos do estudo. Assim, as informações

entre eles e os profissionais de saúde. No

provenientes dos artigos que analisámos foram

entanto, o processo de comunicação é

reunidas em tabelas retiradas da Cochrane

complexo. Por isso, reconhecemos que a

Database of Systematic Reviews, uma vez que

comunicação é o centro da relação enfermeiro-

estas são facilitadoras para a sistematização da

doente, mas na prática existe uma evidência

informação e para a apresentação desta, de um

significativa que muitos enfermeiros sentem

modo objectivo, permitindo também uma

dificuldades quando cuidam do doente em fase

triagem de toda a informação.

terminal e sua família (Dunne, 2005).

Em termos metodológicos foram analisados 8

Muitos estudos empíricos sobre o conceito

artigos de natureza qualitativa, revisões da

de cuidados de enfermagem identificaram a

literatura e um estudo de caso.

comunicação como um dos seus atributos.

Autores Método Participantes Intervenções Resultados

Notas

Green, A. (2006) Estudo de caso Família nuclear de idosos, em que um dos membros tem cancro em fase terminal Entrevistas e observação Reflecte sobre o utilização da abordagem centrada na pessoa, a fim de mostrar como Olive e Harry foram capazes de afirmar os seus sentimentos um ao outro, algo que não tinham sido capaz de fazer há muitos anos, que ajudou Olive a ter uma morte pacífica. Objectivo do estudo: Pesquisar mais aprofundadamente acerca da importância da abordagem centrada na pessoa, como uma intervenção de enfermagem no fim de vida. Conceitos centrais: empatia, reforço positivo e congruência/autenticidade. S1-1

Autores

Wilkinson, S. (1991)

Método

Método qualitativo

Participantes Intervenções Resultados

Notas

54 Enfermeiros Análise de entrevistas Os resultados indicam um baixo nível de comunicação facilitada, com maior destaque nos doentes reincidentes. Há indícios que sugerem que a forma como os enfermeiros comunicam depende do ambiente, crenças religiosas e atitudes perante a morte e não específicas, a educação em competências comunicacionais. Identificar se os enfermeiros usam comportamentos facilitadores/bloqueadores quando comunicam com doentes; Identificar se existe relação entre o uso destes comportamentos e o nível de ansiedade, atitude perante a morte, nível de apoio social e ambiente de trabalho; Identificar se os enfermeiros estão conscientes que os seus comportamentos podem ser bloqueadores ou facilitadores; Identificar as perspectivas e sentimentos dos enfermeiros sobre a comunicação com doentes com cancro. S2- 1

DISCUSSÃO A comunicação é o meio através do qual

Fosbinder (1994) e McCance et al (1997),

as interacções interpessoais têm lugar, sendo

concluíram que cuidar em enfermagem envolvia

necessária no dia-a-dia de quase todos os seres

conhecer o doente, traduzindo, informando,

humanos, nos cuidados paliativos, a

explicando, ensinando o doente, estabelecendo

singularidade da situação para os indivíduos na

com ele uma relação de confiança. Estudos

família nunca pode ser esquecida, destacando-

qualitativos identificaram que falar, ouvir, tocar e

se a necessidade de uma boa comunicação

informar eram aspectos centrais do cuidado de

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Página 47 Autores

Johnston, B., & Smith, L. (2006)

Método

Método qualitativo

Participantes Intervenções

Resultados

Notas

Uma amostra de 22 enfermeiras e 22 doentes em fase terminal foi entrevistada em 1996-1997. Entrevistas com questões de resposta aberta. As enfermeiras de cuidados paliativos experienciaram uma comunicação interpessoal eficaz e ineficaz e a construção de relações terapêuticas com os doentes em fase terminal, tentando controlar a dor e os sintomas angustiantes dos doentes. Os doentes e enfermeiras concordaram que as duas características importantes da enfermeira especialista em cuidados paliativos eram as competências interpessoais e qualidades como a bondade, o carinho, a compaixão e a autenticidade. Este artigo descreve um estudo sobre as percepções dos doentes e das enfermeiras nos cuidados paliativos, em particular, o conceito do enfermeiro especialista de cuidados paliativos. S1-31

Autores

Kristjanson, L., & Aoun, S. (2004)

Método

Revisão Sistemática da Literatura.

Participantes Resultados

Notas

Familiares de doentes alvo de cuidados paliativos. Durante uma fase paliativa da doença, a atenção às famílias que podem estar psicologicamente vulneráveis, com falta de recursos, ou com problemas de saúde e preocupações, constitui bons cuidados preventivos da família. Se não cuidarmos destes membros da família neste momento difícil da sua vida, eles podem vir a tornar-se, mais tarde, os nossos pacientes. Este artigo pretende fazer uma revisão da literatura, sugerindo modos de ajuda as famílias num contexto de cuidados paliativos. S1-33

Autores

Fosbinder, D. (1994)

Método

Método qualitativo

Participantes Intervenções Resultados Notas

Doentes da unidade Ortopedia e Cardiologia (USA) Entrevistas de pergunta aberta Os temas que os pacientes elegem como essenciais na relação terapêutica são: Traduzir/instruir; Conhecer o outro; Criar confiança Este artigo aborda a relação interpessoal, do ponto de vista dos pacientes: o que valorizam, que competências/habilidades são importantes para o paciente. S2-3

Autores

Jarrett, N & Payne, S. (1995)

Método

Revisão Sistemática da Literatura

Participantes Resultados

Notas

Enfermeiros e pacientes A comunicação é um componente vital nos cuidados de enfermagem. Por conseguinte, deve ser considerado quer o doente, quer o enfermeiro, há muitas barreiras na comunicação com doentes terminais, por isso é necessário ter consciência e apostar na formação como elemento chave na melhoria das competências e habilidades de comunicação. Neste estudo, realçam que a comunicação verbal bem desenvolvida, em que o doente participa activamente, é capaz de controlar/diminuir os sintomas do doente terminal. S2-4

Autores

Sibbald, R., Downar, J., Hawryluck L. (2007)

Método

Método qualitativo

Participantes Intervenções Resultados

Directores, enfermeiros administradores e fisioterapeutas Entrevistas semi-estruturadas A melhoria da comunicação teria um profundo impacto sobre a satisfação do paciente e a família. Muitos dos participantes do estudo comentou que profissionais de saúde deveriam receber formação específica e saber discutir com o doente e família assuntos relativos à tomada de decisão A comunicação não é uma intervenção “fútil”, os pacientes e família consideram-na essencial.

Notas S2-14

Autores

Dunne, K. (2005)

Método

Revisão do conceito de comunicação.

Notas

O objectivo deste artigo é consciencializar os enfermeiros para a importância do processo de comunicação e incentivá-los a reflectir sobre a sua própria prática, quando comunicam com os pacientes e familiares durante a fase paliativa da doença. S2-39

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enfermagem (Forrest, 1989; Morrison, 1991;

emocional dos cuidados, foram identificados

Clarke & Wheeler, 1992, referenciados por

alguns medos que os profissionais de saúde

Dunne, 2005). Assim, Hanson e Cullihall (1995),

experienciavam na comunicação com os

referidos pelo o mesmo autor concluíram que os

doentes em fase terminal, como por exemplo, o

cuidados paliativos de enfermagem subscrevem

medo de serem culpados pelo doente, o medo

uma abordagem humanística na qual a relação

da reacção do doente, o medo de dizer “eu não

de ajuda entre o enfermeiro e o doente

lhe consigo responder”, medo de expressar

representa o papel principal, sendo que a

emoções, medo e ansiedade acerca da sua

enfermagem e a comunicação são simbióticas:

própria morte. Há um aparente pressuposto que

“Seria muito exigente para os enfermeiros

estes medos formam uma barreira significativa à

demonstrar que efectivamente «cuidam» de

comunicação eficaz (Wilkinson, 1991; Dunne,

outro ser humano sem comunicação. Da mesma

2005).

forma, seria muito difícil de se comunicar de

Muitos doentes sentem medo e

forma eficaz e verdadeira sem “cuidar” “ (Long,

ansiedade, relacionados com a morte, e têm

1999, citado por Dunne, 2005:59). O mesmo

problemas em falar sobre isso, não só com os

autor conclui ainda que “se acreditamos que

profissionais, mas também com os seus entes

isso é verdade, então a forma como os

queridos. O nível de consciência da família

enfermeiros comunicam com as pessoas tem

sobre o diagnóstico e prognóstico do seu

um impacto positivo ou negativo sobre a

familiar tem sido destacado como uma variável

qualidade dos cuidados e, consequentemente,

importante no processo de comunicação, porém

sobre o sucesso ou o fracasso deste processo.

tem sido demonstrado que mesmo quando

No âmbito da enfermagem em cuidados

existe um contexto de sensibilização aberta, as

paliativos, uma grande dose de tranquilidade

dificuldades de comunicação eram sentidas

(paz interior), ou seja, serenidade e calma, tem

pelos doentes e suas famílias (Dunne, 2005).

de ter lugar para as fases finais de uma doença” (Long, 1999).

Jarrett e Payne (1995), numa revisão da literatura sobre a comunicação enfermeiro-

Segundo diversos estudos, muitos

doente, concluíram que a maior parte das

doentes e suas famílias experienciaram

investigações recaem sobre as competências de

dificuldades ao comunicarem com os

comunicação do enfermeiro na relação

profissionais de saúde. A Audit Commission

enfermeiro-doente. Identificaram também que

(1993) e a National Cancer Alliance (1996),

tem havido relutância em considerar a

referenciados por Dunne (2005) identificaram

percepção dos doentes em relação aos

falhas nas competências de comunicação dos

enfermeiros, o que eles desejariam dizer aos

profissionais de saúde com os doentes com

mesmos, e como os factores contextuais e

cancro, enfatizando a necessidade de uma

ambientais, como por exemplo, as relações de

melhor comunicação entre os doentes,

poder, o controlo do conhecimento e o carácter

familiares e profissionais de saúde.

cultural e social do enfermeiro, podem

Como a comunicação não envolve apenas

influenciar o doente. Estas conclusões são

a partilha de informação, mas também o suporte

interessantes, na medida em que os

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Página 49

enfermeiros devem analisar cada situação de

Por outro lado, estudos desenvolvidos por

forma individual, de modo a considerarem as

Sibbald et al (2007), permitiram concluir que a

necessidades de informação individuais de cada

maioria dos enfermeiros reconhecem que estão

doente (Fosbinder, 1994; Green, 2006; Johnston

mal preparados para comunicar com o doente

e Smith, 2006).

terminal e que têm falta de conhecimento das

As evidências demonstram então que as

técnicas específicas, valorizando que os

necessidades dos enfermeiros e de outros

aspectos da comunicação devem ser tidos em

profissionais de saúde de desenvolverem a sua

consideração no âmbito da prestação de

comunicação e competências interpessoais, de

cuidados paliativos para doentes em fim de vida.

modo a facilitar o processo de comunicação

Uma das barreiras à comunicação

com o doente, em vez de utilizar mecanismos

identificadas neste estudo é a procura e o

de defesa e distanciamento que impedem uma

acesso à informação, pois os doentes terminais

comunicação eficaz. As competências da escuta

e as suas famílias referem ter dificuldades

activa, questionamento aberto e reflexão,

quando tentam obter determinada informação,

promovem uma melhor comunicação e

principalmente devido ao jargão médico, às

incentivam a empatia. Quando estas

barreiras da linguagem (como a língua) e às

competências são utilizadas, o processo de

diferenças do nível de educação entre si e os

comunicação melhora, e ajuda a garantir que os

profissionais de saúde. Os membros da família

acontecimentos que levaram à morte foram bem

referem ainda que hesitam em incomodar os tão

geridos (Dunne, 2005).

ocupados profissionais de saúde com questões

Nesta linha de pensamento, McIntosh

sobre os cuidados ao seu familiar, porque

(1977), Bond (1978) referidos por Jarrett e

acreditam que os prestadores de cuidados de

Payne (1995) e Johnston e Smith (2006),

saúde são os principais responsáveis pelo

examinaram a comunicação entre enfermeiro-

doente e que as suas necessidades e

doente com doença grave e progressiva e

preocupações são superficiais. No entanto os

enfatizaram que as equipas de saúde

profissionais de saúde podem também limitar a

necessitam de um ter um conjunto de

informação que partilham com os doentes e

competências comunicacionais para poder

famílias, em parte pela sua agenda muito

responder de forma positiva às necessidades

preenchida em trabalho, porque eles próprios

dos doentes e suas famílias, visto que a

assumem que os doentes e famílias

comunicação é um instrumento essencial na

compreenderam a informação transmitida, e

construção da relação terapêutica. É de

também porque sentem dificuldades em

salientar ainda que um dos problemas que a

comunicar com os doentes, e não se sentem

família enfrenta nesta fase é a comunicação

confortáveis e à vontade para comunicar más

ineficaz: a comunicação é essencial para o

notícias (Kristjanso & Aoun, 2004:362).

funcionamento saudável da família, e as famílias

Atendendo a estes factores que limitam uma

com competências limitadas em comunicação,

comunicação eficaz entre os membros da

estão menos aptas a lidar com situações de

família do doente e os prestadores de cuidados

stress (Kristjanso & Aoun, 2004:362).

de saúde, pode auxiliar as famílias a preencher

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Página 50

este vácuo de informação e se sentir mais

prática. Assim, através da análise de artigos de

confiantes sobre como lidar com a doença do

investigação e discussão a ela inerente, foi-nos

seu familiar doente.

possível reflectir sobre esta temática integrada nos cuidados paliativos, de modo a repensar as

CONCLUSÃO

nossas práticas. Como resultado desta revisão

Através deste artigo pretendemos realizar

sistemática, vamos ao longo do Ensino Clínico

uma revisão sistemática da literatura sobre o

IX, de Integração à Vida Profissional,

tema “a comunicação enfermeiro-doente como

desenvolver um trabalho de investigação, de

estratégia para alívio do sofrimento na fase

modo a reflectirmos sobre os pressupostos

terminal da vida”.

enunciados no alívio do sofrimento, através do

Após estabelecermos a questão de partida, através do método PI[C]OD,

Process of Critical Reflective Inquiry (Roy & Jones, 2007).

formulámos os objectivos, recorremos a bases bibliográficas informatizadas e, seleccionámos

REFERÊNCIAS

110 artigos no total. Posteriormente, foi realizada uma análise crítica do conjunto de

BASTO, M. (1998). Comunicação

artigos, bem como a elaboração de fichas de

Enfermeira/Doente. In: Enfermagem, nº

leitura, tendo sido escolhidos 8 artigos por

11, 2ª série (Julho/Setembro). p. 18-20.

corresponderem aos critérios de inclusão por

ISN 0871-0775

nós estabelecidos.

CLARKE, JB. WHEELER, SJ.(1992). A

Ao analisarmos estes artigos, verificámos

view of the phenomenon of caring in

que todos referem que a comunicação é uma

nursing practice. In: Journal of

das necessidades do doente em fase terminal e

Advanced Nursing, 17, 11. p. 1283-1290.

sua família, a qual é uma intervenção autónoma

COLLIÈRE, M. (1999). Promover a

de enfermagem que deve ser utilizada como

Vida. Lidel: Edições Técnicas; Lisboa:

estratégia promotora do alívio do sofrimento.

Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

Contudo, estas necessidades muitas vezes não

385 pp. ISBN 972-757-109-3

são valorizadas ou não são correctamente

COSTA, M. (2004). Relação enfermeiro-

identificadas/trabalhadas pelos enfermeiros, de

doente. In: Para uma ética da

forma satisfatória. Os doentes e suas famílias e

enfermagem/Maria do Céu Patrão Neves

também os profissionais reconhecem esta

e Susana Pacheco. Coimbra : Gráfica de

dificuldade e que a mesma influencia a

Coimbra. p. 63-80

qualidade dos cuidados prestados.

Para concluir, consideramos que esta

Direcção Geral de Saúde. ISBN

revisão é de extrema importância para o nosso desenvolvimento enquanto estudantes e futuras

DGS (2004) Plano Nacional de Saúde: 972-675-108-X

DUNNE, K. (2005, Dec. 7). Effective

enfermeiras, visto que é uma temática com a

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qual nos confrontámos durante o nosso

Nursing Standard. Harrow-on-the-Hill:

percurso e que nos fez questionar a nossa

Vol. 20, Iss. 13; p. 57 (8 pages)

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Martins, M. (2012) Snoezelen with old people: Sensory Stimulation for Better Quality of Life. Journal of Aging & Inovation, 1 (2): 53-68

ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE!

DEZEMBRO, 2011

SNOEZELEN COM IDOSOS: ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA MELHOR QUALIDADE DE VIDA SNOEZELEN WITH OLD PEOPLE: SENSORY STIMULATION FOR BETTER QUALITY OF LIFE SNOEZELEN CON PERSONAS MAYORES: LA ESTIMULACIÓN SENSORIAL PARA UNA MEJOR CALIDAD DE VIDA

Autores

Maria Amélia Nabais Martins1 1Doutoranda

em Psicologia Cognitiva, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da

Universidade de Coimbra, Lar Santa Beatriz da Silva Corresponding author: ameliacsp@gmail.com RESUMO Com a presente Recensão pretendemos expor a experiência com anciãos que se apresentou no livro: Snoezelen com idosos, estimulação para uma melhor qualidade de vida da nossa autoria. A palavra Snoezelen provém do Holandês Snuffelen - cheirar e Doezelen - tornar-se leve, relaxar. Tradicionalmente, na Holanda, onde nasceu, nos anos 60, o Snoezelen foi aplicado numa sala especial com um equipamento que oferecia múltiplos estímulos, envolvendo todos os sentidos, tanto para estimular como para relaxar. Antes de implementar o Projecto de Snoezelen no Lar Santa Beatriz da Silva, procurámos Formação e Bibliografia que nos orientasse neste caminho. Em Portugal tivemos acesso a Bibliografia, artigos e sites relacionando o Snoezelen com a deficiência ou especificamente com Alzheimer. Fizemos uma pesquisa na Internet, e acedemos a muitos artigos em língua inglesa e alemã sobre esta temática. Os efeitos do Snoezelen em Lares de Idosos não são bem conhecidos (Chung et al., 2002 cit in AA.VV, 2004). E o nosso trabalho apenas reflecte avaliação qualitativa descritiva e não quantitativa. Pela sala de Snoezelen, desde Setembro de 2005 já passaram cerca de 80 idosos acompanhados por 5 cuidadores. Nem todos viveram a experiência sensorial com finalidade terapêutica. Para alguns, o Snoezelen foi e é uma actividade sem objectivos de reabilitação ou cura, no entanto, pela nossa observação e acompanhamento percebemos algumas palavras e expressões faciais que revelaram “outras curas”, como o prazer e o bem estar. Há uma relação personalizada que se estabelece pelo facto de as sessões decorrerem com um, dois ou três utentes e um terapeuta, sempre numa dimensão de humanitude, favorecendo as relações entre doente e cuidador. Mesmo que o desenvolvimento tecnológico seja também uma realidade no Snoezelen, a mais valia continua a ser a atenção dos cuidadores à pessoa doente que prevalece sobre a eficiência técnica. Sabemos que o desenvolvimento de cada criança e as experiências que vivencia determinam o stock de conhecimento sobre o qual é construído o seu futuro. Toda a criança tem direito a experimentar por si mesma a descoberta dos seus limites e potencialidades. O comprometimento de um ou mais canais sensoriais, determina na criança a dificuldade em recuperar informações sobre o seu ambiente externo e interno. Imaginemos agora um adulto idoso com multi-déficits: o seu contexto de participação social limitado, a total dependência de outros para as acções simples de higiene e cuidados diários, os estereótipos, as dificuldades de relacionamento, de expressar as suas emoções... Pensando nas suas necessidades, projectamos um ambiente multissensorial – um ambiente em que a terapêutica caminha aliada ao lazer, relaxamento e a experiências sensoriais agradáveis. O principal objectivo nesta abordagem multissensorial é acompanhar a pessoa no crescimento da aceitação da sua nova condição, na manutenção das suas capacidades e na reabilitação, criando um contexto de calma e tranquilidade, motivador e desafiador, onde não existem exigências, expectativas, mas um lugar sagrado, longe de todos os espaços comuns e recolhido onde todos os sentidos e experiências proporcionadas só para si mesmo, o seu tempo, as suas limitações, os seus sentimentos... Porque cada humano é único e irrepetível, e mais do que incapacidades e deficiências, tem talentos e potencialidades que devem ser melhorados e reforçados, para aumentar e permitir uma vida com mais qualidade (cf. Montobbio & Lepri, 2000). O modelo de base em que assenta o projecto “Snoezelen com idosos” é o da qualidade de vida para idosos dependentes, que suporta a visão de que podemos optimizar recursos e potencialidades até ao final das nossas vidas. A necessidade de escrever sobre o Snoezelen com idosos, partiu das constantes questões que nos colocam outras Instituições e outros técnicos que tal como nós se questionam o que fazer com pessoas com elevado grau JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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de dependência, sem qualquer tipo de actividade estimulante. Como proporcionar estímulos, qualidade de vida, como envolvê-los na construção do seu Plano Individual? Respostas? Apenas a experiência do Snoezelen nos tem ajudado a sonhar novos horizontes capazes de serem um caminho para a resposta necessária. Reflectiremos ao longo do nosso texto de que este documento é simples resumo, algum enquadramento teórico que sustenta a nossa intervenção no Lar. Não houve pretensão de sermos exaustivos, apenas partilhar a centelha que ilumina a nossa acção com as pessoas mais idosas. Queremos mostrar as vivências dentro dum “espaço multissensorial” dedicado ao cuidado dos idosos com déficits cognitivos, comportamentais ou físico-funcionais. Pela estimulação dos sentidos podemos limitar o estado de desconforto físico e dor, aliviar a tensão emocional e agressividade, reduzir o medo que vem do desconhecido e, ao mesmo tempo, tornar a pessoa participante na descoberta de um mundo de luzes, sons, cheiros, sentimentos, emoções... adequado a todas as idades. O design do nosso trabalho assenta num background teórico que reúne fundamentos das teorias da actividade, da ruptura (teorias bio-psico-físicas), algumas notas de neuropsicologia, que nos norteiam na compreensão do processo de envelhecimento. O desenvolvimento de todo o projecto a que nos propusemos, desde o início, tem uma característica especial, é evolutivo; à medida que vamos conhecendo melhor os benefícios conhecemos melhor os pacientes e nesta espiral vamos avançando com a certeza de que a cada dia, algo de novo vamos descobrindo no efeitos do Snoezelen. Palavras-chave Palavras-chave em Inglês: aging; sensory stimulation; snoezelen Palavras-chave em Espanhol: envejecimiento; estimulación sensorial, snoezelen Palavras chave em Português: envelhecimento; estimulação sensorial, snoezelen

ESTUDO DE CASO

disartria e diminuição da força muscular à

Identificando e medindo de forma

direita. Hemiparesia direita, paresia facial tipo

controlada forças e fraquezas no funcionamento

central homolateral e disartria. Realizou TC

dos idosos, o Snoezelen ajuda a estabelecer as

crânio-encefálica que mostrou hematoma

bases para um melhor conhecimento das

tálamo-lenticular à esquerda, sem sinais de

sequelas que um AVC deixa, por exemplo, ajuda

hidrocefalia ou hipertensão intracraniana.

a revelar alterações cerebrais suspeitadas e

Diagnóstico final: AVC hemorrágico do

permite complementar a fisioterapia na

hemisfério esquerdo (hemorragia intracerebral)

reabilitação e manutenção.

(21 de Dezembro de 2009).

Vejamos o seguinte caso:

Durante o período do internamento hospitalar registou-se melhoria significativa de

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Nome: M., Idade: 83 anos,

disartria mas mantiveram-se os restantes défices. As sequelas foram leves ao nível das

Estado civil: solteira

afasias, mas não tão leves em termos de

Doente de 83 anos, com antecedentes

apraxia ideomotora e astereognosia

pessoais de nefrectomia esquerda desde 2007,

(incapacidade de reconhecimento de objectos

hipertensão arterial e cardiopatia hipertensiva.

pelo tacto).

Seguida em consulta de Memória/neurologia.

Dado necessitar de atenção permanente

Foi hospitalizada com traumatismo craniano na

e apoio integral na realização das suas

região occipital consequência de uma queda, JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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actividades de vida diária e ainda de fisioterapia foi integrada no Lar a 08/01/2010.

3 – Necessita de uma ajuda parcial: devem cortar-se ou picar previamente os seus

Resultados da Avaliação de Autonomia

alimentos.

Funcional à data da integração:

2 – Toma os seus medicamentos se forem

1 – Vê de forma adequada com ou sem

preparados previamente.

óculos.

4 – Incapaz de utilizar os lavabos, a

1 – Ouve correctamente com ou sem

cadeira elevada, etc..

prótese auditiva.

2 – Incontinência vesical ocasional; um

1 – Reconhece todos os sabores.

terceiro deve frequentemente lembrá-lo de ir ao

1 – Reconhece os cheiros.

WC.

4 – Sem sensibilidade táctil (lado direito).

2 – Incontinência fecal ocasional.

2 – Esquece factos recentes como nomes, encontros, mas lembra-se de factos importantes.

Funcional (ver fig. 1)no final de Maio de 2010,

2 – Por vezes desorienta-se no tempo e no espaço.

ainda que as alterações/evolução não aparente ser muito significativa, há maior autonomia

2 – Lento a apreender as explicações ou os pedidos.

porque passou a alimentar-se sozinha, sem necessitar nenhum tipo de ajuda, assim como

3 – avalia mal as situações e não toma decisões sensatas necessita

Resultados da Avaliação de Autonomia

fortemente da

nossa opinião. 2 – Perturbações de comportamento menores (humor variável) que necessitam uma vigilância ocasional. 4 – Deve ser levantado e deitado. 4 – Não anda.

pela recuperação da mobilidade do braço direito pode deslocar-se sozinha com a a cadeira de rodas. Na higiene participa, lavando a cara, os dentes e colabora com a cuidadora. 1 – Vê de forma adequada com ou sem óculos. 1 – Ouve correctamente com ou sem prótese auditiva.

4 – Incapaz de utilizar escadas.

1 – Reconhece todos os sabores.

4 – Necessita que um terceiro empurre a

1 – Reconhece os cheiros.

cadeira de rodas. 2 – Tem um defeito de linguagem mas tem êxito a exprimir o seu pensamento. 2 – Responde ao telefone mas não compõe alguns números memorizados. 1 – Interessa-se pela sua aparência. 4 – Deve ser transportado em ambulância. 4 – Deve ser lavado por um terceiro porque não participa activamente na sua

1 – Sensibilidade no tacto, térmica, vibratória e dor. 2 – Esquece factos recentes como nomes, encontros, mas lembra-se de factos importantes. 2 – Por vezes desorienta-se no tempo e no espaço. 2 – Lento a apreender as explicações ou os pedidos.

higiene. 4 – Deve ser vestido por um terceiro. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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3 – Avalia mal as situações e não toma decisões sensatas necessita

fortemente da

nossa opinião.

No ambiente Snoezelen, após os momentos iniciais de relaxamento e passado o 30.º segundo de visualização dos objectos foi capaz

2 – Perturbações de comportamento

de se lembrar de todos (após o 3º mês de

menores (humor variável) que necessitam uma

intervenção no Snoezelen). Ver Fig. 2 – Teste de

vigilância ocasional.

Memória – reconhecimento de figuras e Tabela

4 – Deve ser levantado e deitado.

1 - no início da Intervenção e após o 3º mês de

4 – Não anda.

Intervenção.

4 – Incapaz de utilizar escadas.

O desempenho da paciente em tarefa de

3 – Circula unicamente dentro com

identificação e memorização dos objectos

cadeira de rodas mas tem pontualmente

desenhados (5 vezes em dias diferentes em

necessidade de ajuda.

duas fases distintas) sendo que O –

2 – Tem um defeito de linguagem mas tem êxito a exprimir o seu pensamento. 2 – Responde ao telefone mas não compõe alguns números memorizados. 1 – Interessa-se pela sua aparência.

corresponde a evocação correcta e X – evocação errada. De ressaltar que não se lembrou do pente porque não identificou o mesmo no desenho. No entanto, observamos que no dia-a-dia

4 – Deve ser transportado em ambulância.

há determinados aspectos da organização do

3 – Necessidade de ajuda para lavar-se

mesmo que não são memorizados como, por

(higiene diária) mas participa activamente.

exemplo, a hora da fisioterapia. Perguntando

4 – Deve ser vestido por um terceiro.

sempre “a que horas é?” Ou ainda esquecendo

1 – Come sozinho.

que, nas quartas-feiras não tem sessão de

2 – Toma os seus medicamentos se forem

fisioterapia (mas sim de snoezelen1) e manifesta

preparados previamente. 4 – Incapaz de utilizar os lavabos, a cadeira elevada, etc..

ansiedade porque ainda não foi à sessão. A avaliação e a intervenção ao nível do Snoezelen resgatam a integralidade na atenção

1 – Micção normal.

à saúde e não se restringem tanto à cura, mas

1 – Esclarecimento normal.

sim, à optimização do funcionamento global e ao conforto do paciente, ainda que

Uma das principais queixas apresentadas pela paciente, a par da hemiplegia direita

temporariamente, pois sabe-se presente no tempo e no espaço.

(impossibilitando o uso do membro superior e

A exploração da capacidade de

inferior direitos), é ao nível da memória e, para

coordenação do acto motor manual utilizando

a v a l i a r, e x p u s e m o - l a a o t e s t e d e

todos os membros do lado direito só acontecia

reconhecimento de figuras. Fora do ambiente

inicialmente por ordem/indicação e ajuda total; a

Snoezelen, só após a indicação escrita (por

pouco e pouco foi desenvolvendo a capacidade

parte do paciente) é que foi capaz de se lembrar

de sozinha explorar os limites e por vezes

dos elementos (após o 5.º mês de fisioterapia é

aconteceu que não foi capaz de os avaliar. A

que pode escrever com a própria mão direita).

capacidade de organização óptico-espacial está

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satisfatoriamente mantida, sendo que para

do relógio e figura complexa de Rey, ambos

realizar tarefas mais complexas demonstra

elaborados a partir de cópia). As imagens são

maior preocupação para não cometer erros e

reveladoras da evolução, mesmo que não

insiste no pedido de auxílio para a realizar com

coloquemos aqui nenhuma imagem anterior,

perfeição. A capacidade de cópia e desenho

podemos afirmar que no início da intervenção, a

livre de estímulos estavam comprometidos, mas

paciente não poderia elaborar nenhuma cópia,

ao fim de 4 meses pode começar a executar

por causa da mão estar afectada pela

estas tarefas, pois a hemiplegia à direita

hemiplegia.

impedia a realização de determinadas tarefas.

A audição fonémica, avaliada através de

De forma global, a percepção de

tarefas de repetição verbal e escrita, encontra-

estímulos acústicos e a execução motora de

se normalizada após 4 meses de intervenção.

grupos rítmicos encontram-se normalizados.

Denota-se apenas alguma dificuldade de

Todavia, alguns erros cometidos parecem não

atenção. Foi diagnosticada disatria, mas não

se dever a défices sensoriais ou perceptivos

muito severa. A repetição constante das

sensoriais ou perceptivos centrais, antes sim

indicações das tarefas, a manutenção de

motivados pelo padrão de impulsividade e

conversas informais, o expressar verbalmente

ansiedade que caracteriza a doente.

do que vivenciava no Snoezelen levou à quase

A exploração das sensações cutâneas

total superação deste distúrbio neurológico,

distais superiores revela mais uma vez o que já

assim como a paralesia facial tipo central

sabemos sobre a hemiplegia (neste caso à

homolateral foi-se desvanecendo com o tempo e

direita). Mas a persistência terapêutica (3

exercitação.

meses) com as fibras ópticas e as texturas foi,

Por vezes, na repetição de alguma palavra

sem dúvida, um impulso para a aquisição de

com fonética mais elaborada mostra ainda

novas sensações e a recuperação das zonas

relutância em repetir como, por exemplo,

em causa. Precisou muitas vezes do auxílio da

preponderância, otorrinolaringologista, etc.. Mas

visão para o reconhecimento.

de um modo geral articula bem as palavras,

As funções visuais não se encontram

séries de palavras e frases... Sempre que se

comprometidas pois a doente reconhece

engana dá conta do mesmo e tenta sempre com

objectos apresentados e desenhados em

sucesso corrigir. O seu desempenho ao nível da

diferentes escalas, graus de complexidade.

leitura mantém-se intacto. O mesmo tem sido

Revela alguns erros em tarefas mais complexas

uma alavanca para manter também o

de organização visuoespacial, mas após a

desempenho na oralidade.

detecção do erro ou com relativa ajuda

Quanto ao cálculo aritmético mantém a

consegue realizar a tarefa como, por exemplo,

capacidade ao nível de operações simples de

na execução por cópia da figura complexa de

s o m a r, n o c á l c u l o e m s u b t r a c ç ã o o u

Rey ou do teste do Relógio (que por si só são

multiplicação simples e complexo revela elevada

testes que em parceria com toda a avaliação

dificuldade, que aumenta ao nível da

revelam outros tipos de funções comprometidas

abstracção.

ou não) e o jogo dos cubos (ver Fig 3 – Teste JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Ao nível das funções mnésicas, a

hemorragias, reabsorção de toxinas

memória remota e memória procedimental estão

(responsabilidade hospitalar e do

globalmente preservadas. Revela boa

acompanhamento da enfermagem), e a

capacidade de memória na realização dos

secundária, como resultado de estratégias de

exercícios, mas manifesta muitos

aprendizagem, reorganização e manutenção (cf.

esquecimentos ao nível das rotinas diárias.

Maia, Correia & Leite, 2009). Um dos

Poder-se-á entender na medida em que a re-

pressupostos transversais à intervenção com o

evocação de histórias e de imagem-palavra está

Snoezelen nesta idosa, vítima de AVC,

normalizado e o facto de se sentir a ser avaliada

independentemente da zona afectada, consistiu

faz com que a atenção (embora por vezes falte)

na intervenção centrada na estimulação

esteja mais preservada.

sensorial, na

estimulação do sistema

proprioceptivo. Esta intervenção iniciou-se PROGRAMA DE INTERVENÇÃO

imediatamente à entrada da idosa no Lar dado

Após a avaliação, o programa de

que a mesma já se encontrava num estado

fisioterapia e Snoezelen com a doente foi

responsivo. A estimulação conferida à utente foi

estruturado tendo em consideração as

intensiva de forma adequada às suas

dificuldades apresentadas pela mesma e pelo

necessidades e não apenas um re-ensinar das

r e l a t ó r i o m é d i c o ( v e r Ta b e l a 2 –

capacidades perdidas.

Esquematização do processo de intervenção)

Habitualmente as sessões de Snoezelen

O processo de reabilitação em AVC deve

têm um enfoque particularmente sensitivo e por

ser contínuo e activo. Deve promover a

vezes cognitivo, iniciando-se através da

maximização de toda e qualquer oportunidade

orientação espacial, na utilização dos sentidos e

de retorno ao níveis de funcionalidade

na estimulação do sistema proprioceptivo.

precedentes e ao estilo de vida o mais activo possível e produtivo (AA.VV, 1997).

A idosa foi apoiada a restabelecer níveis de coordenação visuoespacial através da

Dada a multiplicidade de sequelas

orientação comandada das cores dos tubos de

decorrentes do AVC, todo o trabalho de

água com bolhas (causa-efeito). Foi ainda

recuperação implica necessariamente a

orientada

coordenação de esforços de vários profissionais

sozinha da cadeira de rodas e deitar-se na

e várias intervenções terapêuticas sem fim no

cama de água (após a 15.ª sessão de

tempo porque após a possível recuperação há

fisioterapia), no sentido de restabelecer níveis

que necessariamente proceder à manutenção e

de coordenação muscular para concretizar

retardamento de maiores níveis de

pequenas actividades como levantar as pernas

dependência.

até um ângulo de 80º (em posição deitada), em

O processo caracterizou-se por duas etapas: primária e secundária. A primária,

a concretizar actividades como sair

ordem ao treinamento de actividades da vida diária.

enquanto resultado dos processos

Em tarefas de estereognosia (exploração

neurofisiológicos de recuperação como a

de objectos com a mão direita sem auxílio da

diminuição do edema, não ocorrência de

visão), o desempenho inicialmente deficitário,

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não só a nível do reconhecimento como

de resposta era maior chegou a apresentar

discriminação de intensidades de estimulação

respostas emocionais desadequadas, ainda que

somatosensorial (não distinção de toques fortes

compreensíveis.

e leves, nos membros do lado direito), ao fim de

Em suma, tanto do ponto de vista da

15 sessões a diferença é abissal, reconheceu

avaliação como da intervenção, verificámos ao

quase todos os objectos, texturas e locais de

nível qualitativo que o Snoezelen foi um auxílio

toque sem auxílio da visão o que permitiu

precioso no processo de reabilitação e

também passar para algumas actividades no

manutenção das faculdades existentes (ver

âmbito da ergoterapia.

Tabela 3 - Dieta Sensorial e Observações). O caminho de 5 meses foi de busca, de

No processo de estimulação sensorial e neuropsicológica procuramos

presença, de acompanhamento, de “estar”… um

adequar os

caminho que queríamos compreender

estímulos às dificuldades da doente, falando

eideticamente (eidos, do grego – essência) o

calmamente e repetindo os exercícios no

evento Snoezelen na vida dos idosos (e desta

sentido de um treinamento mais sistemático e

paciente em particular). Tomando cada um dos

persistente. Esta calma é imprescindível pois a

excertos dos registos transcritos nas diferentes

lentificação dos processos de assimilação e

unidades e no quadro anterior, atrevemo-nos a

processamento da informação, mesmo que não

dizer que o Snoezelen contribui e muito para

esteja muito afectado, está lentificado, daí a

uma melhor qualidade de vida dos idosos do Lar

persistência no treino da execução dos mesmos

Santa Beatriz da Silva.

exercícios e de modo especial referimos

O tema abordado, desde a sua génese,

novamente as fibras ópticas e as texturas ao

teve apenas como único desafio passar para o

som dos concertos para piano de Mozart

papel tudo o que se foi aprendendo sobre

(Mozart: Les 23 concertos piano).

Snoezelen e suas implicações na vida dos

A estimulação proporcionada à idosa foi

idosos da nossa Instituição.

intensiva, mas com consciência plena que foi de

As teorias abordadas neste caminho

acordo com as suas necessidades e sobretudo

fazem parte de um grupo de “grandes teorias”,

potencialidades e re-ensinamento das

as quais procuram explicar, de forma geral, a

capacidades perdidas. Algumas precauções

relação entre pessoas idosas, envelhecimento e

foram tomadas como, por exemplo, a adaptação

sociedade. Os estudos e as pesquisas

do comportamento à idade real (mesmo que por

demonstram que estas teorias ficam, em muitos

vezes a mesma tenha assumido um

casos, generalistas demais, levando a formas

comportamento infantilizado), não utilizando

de explicação pouco precisas. Por isso, as todas

nunca voz agressiva nem barulhenta e, para

as gerações de teorias sociológicas seriam

além de tudo isto, valorizando e reforçando

necessárias para um conhecimento maior e

sempre os sucessos e não valorizando os

mais aprofundado do fenómeno do

desempenhos erráticos. Os níveis de saturação

envelhecimento. Mas o conhecimento das

e cansaço na abordagem inicial às tarefas foram

teorias aqui apresentadas continua a ser a

altos e aquando de tarefas em que a dificuldade

nossa referência, pela sua simplicidade.

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Apresentar a nossa vivência no ambiente

absolutas da dimensão terapeutica mas

Snoezelen assim como a descrição do breve e

percebemos que no limite do sofrimento

simples estudo caso foi uma dura e longa

humano, o terapeuta eleva-se numa atitude

jornada. Difícil por ser a primeira tentativa de

onde o seu corpo e a sua mente e da pessoa

passar para o papel a “nossa vida”.

cuidada, convergem para uma dinâmica com

Os ojectivos do Snoezelen no Lar Santa Beatriz da Silva são: •

Estimular os sentidos e contacto com materiais diversos;

harmonia, organização e respeito. Há reciprocidade e o mais pequeno detalhe é valorizado, de modo que quanto mais vulnerável e dependente é a pessoa doente, mais delicado,

Promover um sentido de pertença

fino e leve é o gesto, o olhar, o movimento, a

através da participação activa das

voz e o contacto do cuidador (cf. Simões,

pessoas envolvidas nas sessões de

Rodrigues & Salgueiro, 2008). Neste ambiente

Snoezelen;

acontece o resultado esperado num Lar de

Incentivar a participação activa dos

idosos, o resultado de melhor qualidade de vida.

agentes e usuários; •

Estimular a criatividade e a curiosidade sobre os estímulos;

Promover a participação dos familiares e

Parafraseando Karl Popper podemos dizer que o Snoezelen é a rede que lançamos para captar a realidade dos idosos em Lar e melhorála.

colaboradores; •

Proporcionar relaxamento e estimulação sensorial;

Compartilhar a metodologia com outras Instituições;

Criar "alianças de qualidade de vida" entre todos os participantes: usuários,

Chegados ao fim da caminhada que porposta, cientes dos limites científicos e da ausência de certezas absolutas, mas certos de que foi aberto um caminho de investigação mais séria sobre a influência do Snoezelen para maior qualidade de vida em idosos grande dependentes.

familiares, profissionais e compartilhar ferramentas terapêuticas; •

“ Cheguei ao fim do fio da continuidade” (Almada Negreiros)

Considerar o Snoezelen não uma terapia mas uma ocasião de relaxamento e de

REFERÊNCIAS

experiências de prazer que põe em acção todos os sentidos; •

1522-1526.

Ver no quotidiano de cada dia na instituição tudo o que é multissensorial

AA.VV. (1997). Rehabilitation. Stroke, 28,

AA.VV. (2004). The implementation of

como ocasião de crescimento e

Snoezelen in psychogeriatric care: an

descoberta pessoal e que encoraja o

evaluation through the eyes of

pensamento criativo mesmo em

caregivers in International Journal of

pessoas com graves deficits.

Nursing Studies 41. pp. 397–409

Os resultados esperados não se prendem com quantificações ou certezas científicas JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Maia, L., Correia, C. & Leite, R. (2009). Avaliação

e

Intervenção

neuropsicológica. Lisboa: Lidel. •

Montobbio, E. & Lepri, C. (2000). Chi sarei se potessi essere.. Pisa: Ed. Del Cerro.

Simões, M., Rodrigues, M. & Salgueiro, N. (2008) O significado da filosofia da humanitude, no contexto dos cuidados de enfermagem à pessoa dependente e vulnerável.

Revista Referência II

Série nº 7. Ministério da Saúde. Lisboa pp 97-10 TABELAS Tabela 1: Resultados do teste de memória no início da Intervenção e após o 3º mês de Intervenção Dias

Pente

Cágado

Casa

Avião

Balde

Chave

Sapato

X

X

X

O

X

X

X

X

X

O

X

X

X

X

X

X

X

X

O

O

O

X

X

X

O

X

X

O

X

X

X

O

O

X

O

Dias

Pente

Cágado

Casa

Avião

Balde

Chave

Sapato

16º

X

O

O

O

O

O

O

17º

X

O

O

O

O

O

O

18º

X

O

O

O

O

O

O

19º

X

O

O

O

O

O

O

20º

X

O

O

O

O

O

O

Tabela 2: Esquematização do Processo de Intervenção

Avaliação Inicial e

Reconhecimento das

Resolução de

Treino e recuperação

contínua

incapacidades

problemas simples

do tacto memória,

(ex. Servir água)

escrita e linguagem

15.ª a 30 ª

15.ª a ___ª

Sessões 1.ª a 3 ª

5.ª a 7ª

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Tabela 3: Dieta Sensorial Data

Dieta sensorial

18/01/2010 Foram mostrados todos os elementos 20/01/2010 Fibras ópticas,

Observações Gostou da sala, disse que era bonita e que gostaria de ir ali mais vezes, ao accionar cada elemento foi sempre manifestando agrado, de modo especial às fibras ópticas. Relaxou com as fibras ópticas, tentou acariciar e interagir com a mudança das cores.

colunas de água,

Nunca conseguiu localizar onde as fibras ópticas tocavam na mão direita. Associado ao

tábuas de texturas e

jogo sensorial das texturas nunca conseguiu detectar o tipo de superfície. Procurou

música

acompanhar os objectos a subir e a descer na coluna de água. Apresentou dificuldade em relatar oralmente o que estava a ver devido à disartria. Reacções faciais: sorriu, bocejou, adormeceu ligeiramente… Pela dificuldade de mobilização não pode ser colocada na cama de água.

22/01/2010

Pediu as fibras ópticas para as acariciar. No jogo sensorial das texturas só conseguiu detectar o tipo de superfície com o auxílio da visão. Procurou acompanhar o subir e descer das bolas na coluna de água. Reacções faciais: sorriu, bocejou… Pela dificuldade de mobilização ainda não pode ser colocada na cama de água.

25/01/2010

“Eu sempre aceitei tudo das mãos de Deus, agora tenho de caminhar na aceitação do que sou, mas custa tanto ver-me assim sem me bastar e ter de dar trabalho aos outros… mas que seja para maior glória de Deus” “Sabes… não posso mentir, às vezes digo que sinto que me tocas nessa mão com as luzes, mas não sinto… quero muito sentir, mas só quando olho é que vejo que me tocas” “sinto porque vejo…”

03/02/2010 Fibras ópticas, colunas de água,

Interagiu com todos os elementos. Manifestou interesse em perceber como tudo funcionava e disse claramente: “gosto de vir

plasticina terapeutica aqui, sinto-me tranquila e serena, mas gostava de me curar”. e música 24/02/2010 Fibras ópticas, colunas de água, cama de água, projector e música

Deixou-se envolver pelas fibras ópticas, acariciou-as com as duas mãos. Reconheceu as imagens projectadas na parede, identificou claramente que flores eram e as cores. No teste de reconhecimento de objectos quase se lembrou de tudo menos o pente e o cágado

(…) 18/03/2010

“Eu sempre me coloco nas mãos de Deus. A pessoa que tem Deus no coração é alegre e supera tudo mais facilmente. E hoje já sinto qualquer coisa… ajuda-me que eu tenho de melhorar… façam-me tudo o que puderem, por favor.”

15/05/2010 Fibras ópticas,

Sentiu e identificou sem auxílio da visão as texturas apresentadas, assim como soube

colunas de água,

localizar onde as fibras ópticas tocam na mão direita. Colocou-se de pé sozinha a partir

tábuas de texturas,

da cadeira de rodas e ajudou a ser deitada na cama de água. Com grande precisão

música, cama de

levantou cada uma das pernas após a indicação dada e apreciou o som vibrante da

água e projector

música em todo o seu corpo. Identificou as imagens projectadas (flores e respectivas cores).

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FIGURAS Figura 1: Ficha de Avaliação da Autonomia Funcional

Observações:

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CHAVES DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO

DA

FICHA

1. Sensibilidade no tacto, térmica, vibratória e dor.

FUNÇÕES SENSORIAIS VER 1. Vê de forma adequada com ou sem óculos. 2. Problemas de visão mas conseguem fazer as

2. Dificuldade de reconhecer os objectos sem ajuda da vista. 3. Diminuição da sensibilidade à dor e térmica. 4. Sem sensibilidade táctil.

suas actividades. 3. Não vê o contorno dos objectos, precisa ser guiado. 4. Cego. ENTENDER – OUVIR 1. Ouve correctamente com ou sem prótese auditiva. 2. Ouve mas só se falar bem alto. 3. Não entende se não for bem alto e acompanhado de gestos.

FUNÇÕES MENTAIS MEMÓRIA 1. Memória normal. 2. Esquece factos recentes como nomes, encontros, mas lembra-se de factos importantes. 3. Esquece aspectos da vida corrente (apagar ou acender a luz, pentear-se, etc..). 4. Quase amnésico.

4. Surdo.

ORIENTAÇÃO

GOSTO

1. Bem orientado no tempo e no espaço.

1. Reconhece todos os sabores.

2. Por vezes desorienta-se no tempo e no

2. Não diferencia sabores. 3. Não reconhece sabores. 4. Falta de paladar. SENTIR – CHEIRO 1. Reconhece os cheiros. 2. Não reconhece os maus cheiros. 3. Não reconhece os cheiros. 4. Sem cheiro.

espaço. 3. É orientado somente no espaço habitual, no imediato e com pessoas familiares. 4. Desorientação completa. COMPREENSÃO 1. Compreende bem. 2. Lento a apreender as explicações ou os pedidos. 3. Compreende apenas parcialmente após explicações repetidas.

TOQUE 4. Não compreende o que se passa em redor. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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JULGAMENTO

2. Desloca-se mas deve ser guiado, estimulado

1. Avalia as situações e toma decisões sensatas. 2. Avalia as situações mas necessita conselhos para tomar decisões.

sua segurança. 3. Necessita da ajuda de terceiro. 4. Não anda.

3. Avalia mal as situações e não toma decisões sensatas necessita

ou supervisionado porque não é diligente na

fortemente da nossa

opinião. 4. Não avalia as situações e devem-se tomar as decisões no seu lugar. COMPORTAMENTO 1. Adequado. 2. Perturbações de comportamento menores (humor variável) que necessitam uma vigilância ocasional. 3. Perturbações do comportamento que necessitam uma vigilância mais intensiva (agressividade para com ele ou os outros). 4. Perigosos, tenta ferir os outros ou ferir-se.

UTILIZAR ESCADAS INTERIORES 1. Sobe e desce escadas únicas. 2. Sobe e desce escadas mas deve ser guiado, estimulado ou supervisionado ou sobe e desce escadas de maneira não segura. 3. Sobe ou desce escadas com a ajuda de uma bengala. 4. Incapaz de utilizar escadas. CAMINHAR NO EXTERIOR 1. Desloca-se com ou sem ajudas técnicas. 2. Desloca-se mas deve ser guiado, estimulado ou supervisionado porque não é diligente na sua segurança. 3. Necessita da ajuda de terceiro.

MOBILIDADE LEVANTAR-SE 1. Levanta-se e deita-se sozinho. 2. Levanta-se e deita-se sozinho mas deve ser estimulado ou supervisionado ou guiado. 3. Necessidade de ajuda para se levantar e deitar.

4. Não anda. INSTALAR PRÓTESE 1. Instalação única da sua prótese. 2. Necessidade que se verifica na instalação da sua prótese. 3. Ajuda parcial necessária. 4. A prótese deve ser instalada por um terceiro.

4. Deve ser levantado e deitado.

DESLOCAR-SE EM CADEIRA DE RODAS

CAMINHAR NO INTERIOR

1. Circula mesmo fora.

1. Desloca-se com ou sem ajudas técnicas.

2. Circula dentro.

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3. Circula unicamente dentro mas tem pontualmente necessidade de ajuda. 4. Necessita que um terceiro empurre a cadeira.

3. Utiliza apenas o automóvel ou um veículo adaptado à condição a ser acompanhado e ajudado para subir e descer. 4. Deve ser transportado em ambulância.

COMUNICAÇÃO – FALAR 1. Fala normalmente. 2. Tem um defeito de linguagem mas tem êxito a exprimir o seu pensamento. 3. Tem defeito de linguagem mas pode comunicar certas necessidades primárias, ou responder a perguntas por sim ou não. 4. Incapaz de comunicar verbalmente UTILIZAR O TELEFONE 1. Serve-se do telefone. 2. Responde ao telefone mas não compõe alguns números memorizados. 3. Comunica ao telefone mas não compõe número. 4. Incapaz de utilizar o telefone. TRATAR da SUA IMAGEM 1. Interessa-se pela sua aparência.

ACTOS DA VIDA QUOTIDIANA – AVD’S LAVAR-SE 1. Lava-se sozinho. 2. Lava-se sozinho mas deve ser estimulado; ou necessita de vigilância; ou que se lhe prepare o necessário; ou tem necessidade de ajuda para um banho completo (semanal). 3. Necessidade de ajuda para lavar-se (higiene diária) mas participa activamente. 4. Deve ser lavado por um terceiro porque não participa activamente na sua higiene. VESTIR-SE 1. Veste-se sozinho. 2. Veste-se sozinho mas deve ser estimulado ou tem necessidade de vigilância para se vestir ou deve-se tirar-lhe a sua roupa e apresentar-lhe ou deve-se fazer apenas certos toques finais (botões).

2. Necessidade de estimulação para tratar da sua aparência.

3. Necessita a ajuda para vestir-se.

3. Necessidade de ajuda.

4. Deve ser vestido por um terceiro.

4. Não se interessa pela sua aparência.

ALIMENTAR-SE

UTILIZAR os MEIOS de TRANSPORTE

1. Come sozinho.

1. Utiliza algum meio de transporte (automóvel,

2. Come sozinho mas deve ser estimulado.

táxi, autocarros). 2. Deve ser acompanhado para utilizar um meio

3. Necessita de uma ajuda parcial: deve-se cortar ou picar o seu alimento previamente.

de transporte.

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4. Deve ser alimentado inteiramente por um terceiro. TOMAR OS SEUS MEDICAMENTOS 1. Toma sozinho os seus medicamentos de maneira adequada.

3. Incontinência frequente ou ajuda de colostomia. 4. Incontinência fecal total e habitual. Adaptado e traduzido de Éditique: Dr Lucien Mias – 1993 – Adapté des grilles SMAF et IAD2

2. Toma os seus medicamentos se forem preparados previamente. 3. H á n e c e s s i d a d e d e v i g i l â n c i a p a r a assegurar-se de que toma convenientemente os seus medicamentos. 4. Deve-se fazer tomar os seus medicamentos.

Fig 2 – Teste de Memória

UTlLlZAR OS LAVABOS 1. Utiliza só os lavabos. 2. Necessita uma vigilância aquando da utilização dos lavabos. 3. A necessidade da ajuda de um terceiro para ir aos lavabos ou utilizar a cadeira elevada, urinol ou a bacia. 4. Incapaz de utilizar os lavabos, a cadeira elevada, etc.. CONTINÊNCIA VESICAL 1. Micção normal. 2. Incontinência ocasional; ou um terceiro deve frequentemente lembrá-lo de ir ao WC. 3. Incontinência urinária frequente; ou necessita de sonda. 4. Incontinência urinária total. CONTINÊNCIA ANAL 1. Esclarecimento normal. 2. Incontinência fecal ocasional.

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Fig 3 – Teste do relógio e figura complexa de Rey

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Amorim, L. (2012) Promotion of Self Care in People with COPD: The case of Noninvasive Ventilation. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 69-79

REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW!

DEZEMBRO, 2011

PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM DPCO: O CASO DA VENTILAÇÃO NÃOINVASIVA PROMOTION OF SELF CARE IN PEOPLE WITH COPD: THE CASE OF NONINVASIVE VENTILATION PROMOCIÓN DE LO AUTOCUIDADO EN PERSONAS CON EPOC: EL CASO DE LA VENTILACIÓN NO INVASIVA

Autores

Luís Amorim1

1Enfermeiro,

Hospital Militar Principal, Corresponding author: luis.xavier.amorim@hotmail.com

RESUMO Objectivo: Determinar onde os cuidados de enfermagem podem obter melhor promoção do autocuidado (e subsequentes ganhos em saúde), face à utilização da VNI comparativamente à VM, em doente com DPOC. Metodologia: Efectuada pesquisa nas bases de dados: MedLine With Full Text, LILACS With Full Text, SciELO - Scientific Electronic Library Online (23), PubMed, Cochrane, ePORTUGUÊSe – Literatura Técnico-científica (3), com publicação nos cinco últimos anos (até 20 de Dezembro de 2011). Foi utilizado o método de PICO e seleccionados 7 artigos do total de 485 encontrados. Resultados: A VNI é a escolha de eleição nas diversas descrições, salientando a vantagens sobre a VM, face à redução da taxa de mortalidade, a ser a alternativa mais barata, eficaz e de simples execução nos casos de insuficiência respiratória sem descompensação hemodinâmica, e face aos problemas e complicações decorrente do seu uso. Apesar de simples, advogase que seja instituída por profissionais, com selecção criteriosa dos doentes e em unidades próprias, o que parece retirar um pouco a possibilidade do autocuidado e autonomia ao doente. Conclusões: Face à questão PICO, existem indícios que apontam que a utilização da VNI possa ser benéfica para a promoção da autonomia e autocuidado do doente, na medida que diminuindo todo o leque de comorbilidade, dias de internamento e qualidade de vida, este possa ter capacidade de exercer as suas AVDs. Implicação na prática profissional: Face ao exposto a VNI deva ser adoptada como técnica de eleição e integrada na nossa prática clínica, pois, tem enormes vantagens sobre a VM, resultando em ganhos em saúde, qualidade de vida e diminuição de custos. No entanto, ao relacionar-se com a promoção do auto cuidado, face à pertinência das questões levantadas num dos estudos, sugere-se que seja melhor estudado as aplicações que podem ser feitas nesta matéria, pois, apesar de advogar que a mesma seja instituída e adoptada pelo doente, deve ser feita com segurança, face às condicionantes que possam advir da sua má utilização. Palavras-chave: Autocuidado; DPOC; Ventilação Não Invasiva; Ventilação Mecânica. ABSTRACT Objective: To determine which nursing care can get better promotion of self-care (and subsequent gains in health), comparing the use of NIV and the MV in patients with COPD. Methodology: I made a search in databases: MedLine/PubMed, LILACS With Full Text, SciELO - Scientific Electronic Library Online, Cochrane, ePORTUGUÊSe –Technical and Scientific Literature using the search engine Google, with publication in the last five years (until December 20, 2011). We used the PICO method and selected seven articles of total 485 found.Results: The NIV is the preferred choice in the various descriptions, emphasizing the advantages of the VM, due to the reduction of mortality rate, to be the cheapest alternative, effective and simple to perform in cases of respiratory failure without hemodynamic instability, and addressing the problems and complications arising from its use. Although simple, advocates that it be established by professionals, with careful selection of patients and in their own units, which seems a bit removed the possibility of self-care and autonomy to the patient. Conclusions: Given the PICO question, there is some evidence that the use of NIV may be beneficial for the promotion of patient autonomy and self-care, decreasing the extent that the full range of comorbidities, days of hospitalization and quality of life, this may have ability to perform their ADLs and in this context also be able to manage and monitor their respiratory function, since this may have for information, as appropriate to their state of health and level of understanding, properly monitored and validated by health personnel. Involvement in professional practice: Given the above, I believe that NIV should be adopted as the technique of choice and integrated into our clinical practice, therefore, has enormous advantages over the MV, resulting in gains in health, quality of life and lower costs. However, to relate to the promotion of self-care, given the relevance of the questions raised in one study suggests that it is best studied applications that can be done in this matter, because, despite advocating that it be established and adopted by the patient, must be done safely, given the constraints that may arise from its misuse. Keywords: Self-care, COPD, noninvasive ventilation, mechanical ventilation.

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INTRODUÇÃO A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica

com facilidade, em especial em quadros de insuficiência respiratórios agudos.

(DPOC) é uma das principais causas de

Esta revisão sistemática da literatura, mais

morbilidade crónica, de perda de qualidade de

do que uma exigência académica, transformou-

vida e de mortalidade, estando previsto o seu

se numa necessidade pessoal de validar as

aumento nas próximas décadas (Portugal,

questões que se punham na prática clínica e

2004). Em Portugal, a prevalência desta doença

que fundamentam a questão de fundo, sobre se

está estimada em 5,3% da população com

esta vantagem aparente salientada pela

idades compreendidas entre os 35 e os 70 anos,

literatura se traduz na promoção de uma maior

sendo o sexo masculino o mais afectado,

autonomia a nível dos cuidados nos doentes

embora haja mais mulheres que fumem e cada

com DPOC. Este aspecto ao revelar-se implica

vez mais jovens; o número de internamentos

também um redefinir das áreas de actuação do

elevou-se em 5% nos últimos 5 anos, assim

enfermeiro nesta vertente, apostando mais em

como a utilização da oxigenoterapia de longa

cuidados que incentivem a promoção do

duração. No Inquérito Nacional de Saúde, 15%

autocuidado do doente, nomeadamente na

dos inquiridos recorreu aos serviços de saúde

educação para a saúde e da promoção de

por queixas respiratórias, sendo o tabaco o

estilos de vida saudáveis, ao invés da

responsável por mais de 90% das situações

centralização no tratamento. Tem como

clínicas (Portugal, 2004). A DPOC é responsável

objectivo determinar onde os cuidados de

a nível mundial por 29 milhões de anos de

enfermagem podem obter melhor promoção do

incapacidade (DALYs) e por um milhão de anos

autocuidado (e subsequentes ganhos em

de vidas perdidas em todo o mundo. Estima-se

saúde), face à utilização da ventilação não

que 10% da população mundial com mais de 40

invasiva comparativamente à ventilação

anos sofra desta doença. Curiosamente, é uma

mecânica, em doentes com DPOC.

doença que é prevenível na maioria esmagadora dos casos (com a evicção do acto

CONCEITOS

de fumar) e que se precocemente diagnosticada

A DPOC caracteriza-se pela limitação do

pode ser adequadamente tratada (Portugal,

fluxo de ar nas vias respiratórias, não reversível

2004).

com o tratamento instituído, e que se agrava

A Ventilação Não Invasiva (VNI) assume-

com a inflamação produzida em resposta à

se cada vez mais como a intervenção de

agressão do pulmão pela inalação de partículas

eleição, quer face à sua maior relevância nos

ou germes nocivos.

estudos científicos que justificam a sua escolha

A assistência ventilatória pode ser

como a alternativa de eleição relativamente à

entendida como a manutenção da oxigenação e/

Ve n t i l a ç ã o M e c â n i c a ( V M ) , q u e r p e l o

ou da ventilação dos pacientes de maneira

fundamento clínico, quer no plano económico

artificial até que estes estejam capacitados a

como alternativa tecnológica mais barata, quer

reassumi-las. Ventilação com pressão positiva

pelo seu aspecto prático que permite que os

não invasiva (VNI) fornece suporte ventilatório

próprios doentes e cuidadores a possam utilizar

sem a necessidade de uma abordagem das vias

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aéreas invasivo (Burns, Adhikari, Keenan &

mecânica) (Comparation) na promoção do

Meade, 2010).

autocuidado (Outcomes)?

A ventilação mecânica consiste na

Realizou-se revisão de literatura científica

introdução de um tubo endotraqueal na árvore

nacional e internacional conforme os critérios

respiratória, a fim de fornecer o aporte de

estabelecidos para a pesquisa documental nas

oxigénio de forma mais eficaz (Burns, Adhikari,

bases de dados MedLine/PubMed, LILACS With

Keenan & Meade, 2010).

Full Text, SciELO - Scientific Electronic Library

O domínio da Promoção da Saúde

Online, Cochrane, e Literatura Técnico-

compreende “a consciência de bem-estar ou de

científica, com publicação nos cinco últimos

normalidade de função e as estratégias

anos (até 20 de Dezembro de 2011), com

necessárias para manter sob controle ou

pesquisa dos unitermos abaixo mencionados.

aumentar esse bem-estar ou normalidade de

Foi utilizado o método de PICO e seleccionados

função” (NANDA, 2006, p.262), incorporando

7 artigos do total de 485 encontrados.

cinco grandes campos de acção: elaboração e

Por conseguinte, ao definir-se o objecto de

implementação de políticas públicas saudáveis,

estudo, a fim de se pretender uma compreensão

criação de ambientes favoráveis á saúde,

mais ampla deste fenómeno, foi levada a cabo

reforços da acção comunitária e

uma pesquisa em base de dados electrónica,

desenvolvimento de habilidades pessoais (Buss,

nas bases de dados atrás referenciadas. As

2000). O autocuidado, é a capacidade de

palavras-chave orientadoras utilizadas foram as

participar de actividades para cuidar do seu

validadas pelos descritores da United States of

próprio corpo (NANDA, 2006).

National Liberary of National Institutes of Health,

Face ao exposto, a presente revisão de

com a respectiva orientação: [(“Positive

literatura pretende discriminar quais os ganhos

Pressure Ventilation” OR “Intermittent Positive

em saúde, em especial em relação à promoção

Pressure Ventilation”; “Respiration, Artificial” OR

do autocuidado em doente com DPOC

“Positive End-Expiratory Pressure” OR

associados à VNI comparativamente à VM, nos

“Continuous Positive Airway Pressure” OR

últimos 5 anos, com base em evidências

“Positive-Pressure Ventilation” OR “Nasal

científicas.

Continuous Positive Airway Pressure”) AND (“Outcome Assessment” OR “Outcome

METODOLOGIA

Measures” OR “Outcome Studies” OR

Para delimitar um vasto campo de

“Outcomes Assessment” OR “Outcomes

hipóteses inerentes à problemática da VNI e a

Research”)] tendo as palavras sido procuradas

responder ao objectivo delineado, elaborou-se a

e m t e x t o i n t e g r a l ( D e z e m b r o / 2 0 11 ) ,

seguinte questão de partida, que atende aos

retrospectivamente até 2006, resultando 485

critérios do formato PICO (Melny e Fineout-

artigos no total, dentro da linha prescrita por

Overholt, 2005): Em pessoas com DPCO

Guyatt e Rennie (2002) e aos níveis de

(Population), os cuidados de enfermagem

evidência validados (Capezuti, 2008; Guyatt, e

realizados na VNI (Intervention) são mais

Rennie, 2002).

eficazes que os realizados na VM (ventilação JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 1. Edição 1


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Como critérios de inclusão privilegiaramse os artigos que efectuavam a comparação das

a favor do uso da VNI caso seja dada a possibilidade de optarem por esta técnica.

duas tecnologias, com recurso a metodologia

Burns, Adhikari e Meade (2003) salientam

qualitativa e/ou qualitativa ou revisão

a vantagem da VNI sobre a VM, ao reduzirem a

sistemática da literatura, que clarificassem as

taxa de mortalidade, bem como o tempo de

suas vantagens na aplicação da prática clínica e

internamento nas Unidades de Cuidados

o seu impacto nos resultados em saúde. Face à

Intensivos, reforçados por Bourguignon da Silva,

questão enunciada, foi feita a procura

Foronda e Troster (2003) que enunciam que

sistemática dos unitermos: “DPOC”, “promoção”,

esta técnica pode ser uma alternativa mais

“autocuidado”, “qualidade”, tendo sidos

barata, eficaz e de simples execução nos casos

aprovados apenas 35 artigos com esses

de insuficiência respiratória sem

lexemas, dos quais foram seleccionados 7 que

descompensação hemodinâmica. Isto parece ir

correspondiam na generalidade à questão PICO

no sentido apontado da literatura em geral, ao

enunciada, sendo excluídos os demais por se

fornecer o suporte ventilatório sem a

distanciarem do objectivo pretendido, bem como

necessidade de uma abordagem das vias

todos os artigos com metodologia pouco clara,

aéreas invasivo (Burns, Adhikari, Keenan &

repetidos ou com data anterior a 2006 e todos

Meade, 2010), caso do edema pulmonar

aqueles sem co-relação com o objecto de

cardiogénico agudo e exacerbações agudas de

estudo.

doença pulmonar obstrutiva crónica com

O percurso metodológico levado a cabo

hipercápnica, onde as exigências de cuidados

encontra-se exemplificado na figura 1, estando

intensivos, das taxas de intubação e das

os resultados apresentados no quadro 1.

despesas de cuidados de saúde foram manifestamente reduzidas e a sobrevida

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Destes achados, verifica-se que como resultado da análise dos artigos anteriormente referenciados é possível denotar que a VNI apresenta claras vantagens face à VM.

melhorada. Outras condições existem, mas os dados são menos conclusivos (Crummy e Naughton, 2007). Jezler, Holanda, José e Franca (2007) recomendam a utilização de estratégias

Chakrabarti et al. (2000) considera a VNI

protectoras de ventilação mecânica durante a

como a escolha de eleição nas diversas

ventilação mecânica de um paciente com DPOC

descrições, embora haja uma diminuição desta

agudizado. A assistência ventilatória pode ser

resposta numa segunda análise com recurso

entendida como a manutenção da oxigenação e/

fotográfico. Considera-se interessante que

ou da ventilação dos pacientes de maneira

apesar de apenas 34% tinham ouvido falar de

artificial até que estes estejam capacitados a

directivas avançadas de cuidados (ADCs), mas

reassumi-las. No entanto, a sua utilização não

nenhum jamais tinha emitido um, no entanto,

está isenta de risco, A ventilação mecânica

48% manifestaram interesse em fazê-lo

consiste na introdução de um tubo endotraqueal

seguinte explicação deste processo, o que joga

na árvore respiratória, a fim de fornecer o aporte de oxigénio de forma mais eficaz (Burns,

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Figura 1: Processo de pesquisa e selecção da revisão sistemática de literatura.

Adhikari, Keenan & Meade, 2010), no entanto,

fragilizando o paciente e expondo-o a infecções

pode provocar lesão do pavimento respiratório,

nosocomiais, como a pneumonia, sinusite e otite

com subsequente processo inflamatório,

(Fagon et al., 2000; Burns, Adhikarin & Meade,

acompanhado de obstrução, ulceração,

2006; Agarwal et al., 2009; Epstein, 2009;

hemorragia e isquémia (Jvirjevic et al., 2009),

Jvirjevic et al., 2009), bem como aumenta o

condicionando significativamente a evolução

desconforto, a dor, o stress associado à

clínica favorável do doente em estado grave

ansiedade agravados pela incapacidade de se

(Rahal, Garrido & Cruz, 2005). Por outro lado,

alimentar ou comunicar eficazmente (Burns et

degrada os mecanismos de defesa e protecção,

al. 2006; Agarwal et al., 2009).

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Quadro 1: Artigos incluídos Autor/ Tipo autore de s Estud o Chakra Quanti barti et tavo a l . (2000)

Participant es

Intervenções

Resultados

Nível de Eviden cia

5 0 pacientes com DPOC estável.

Foi desenvolvido um processo de entrevista padronizada de cinco estágios para explorar atitudes em relação à nãoinvasivo ventilation (NIV) e ventilação mecânica invasiva (VMI).

Ve r i f i c o u - s e q u e a V N I f o i considerada a escolha de eleição por 86% na hora da tomada de decisão em relação a 24% com a ajuda fotográfico (p <00.001). Embora 96% estavam dispostos a receber VNI após uma descrição verbal da técnica, apenas 76% demonstrou isso quando consentiu uma ajuda fotográfica. Enquanto 60% estavam dispostos a receber IMV seguir uma descrição verbal, este número decresceu para 58% seguinte explicação de tratamentos alternativos para IMV. Pacientes dispostos a receber IMV eram mais jovens (67 contra 76 anos p ¼ 0,016) e teve um melhor estado funcional (NEADL índice de 20 versus 15 unidades p ¼ 0,03). Apenas 34% tinham ouvido falar de directivas avançadas de cuidados (ADCs), mas nenhum jamais tinha emitido um, no entanto, 48% manifestaram interesse em fazê-lo seguinte explicação deste processo.

II

B u r n s , Quanti Adultos com Sintetizar a evidência científica Adhika tativo insuficiênci comparando a VNI com pressão ri e a positiva e a VM com pressão Meade respiratória positiva invasiva e qual o seu (2003) impacto no desmame ventilatório, na taxa de mortalidade, pneumonia e duração total de VM Bourgui Quanti Adultos com Revisão bibliográfica através do g n o n tativo insuficiênci PubMed/Medline, utilizando d a a como fontes de pesquisa Silva, respiratória aqueles artigos de ventilação Forond não invasiva na população a e pediátrica, além de artigos de Troster consenso e meta-análise de (2003) ventilação não invasiva em adultos (falta de evidência na população pediátrica). J e z l e r, Quanti D o e n t e s A revisão bibliográfica baseou-se Holand tativo com DPCO na busca de estudos através de a, José palavras-chave e em sua e gradação conforme níveis de Franca evidência. As palavras-chave (2007) utilizadas para a busca foram: ventilação mecânica na DPOC: COPD and mechanical

Cinco estudos demonstram que, comparando a VM e a VNI com pressão positiva, a VNI diminui a taxa de mortalidade, bem com o tempo de internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos.

I

A ventilação mecânica não invasiva pode ser uma alternativa mais barata, eficaz e de simples execução nos casos de insuficiência respiratória sem descompensação hemodinâmica.

I

Estratégias protectoras de ventilação mecânica são recomendadas durante a ventilação mecânica de um paciente DPOC agudizado.

I

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Página 75

R o c h a Quanti Adultos com Realizou-se uma revisão de e tativo insuficiênci literatura científica nacional e Carneir a internacional conforme os o respiratória critérios estabelecidos para a (2008) pesquisa documental nas bases de dados MedLine, LILACS, SciElo, PubMed, Cochrane, com os unitermos: doença pulmonar obstrutiva crônica, ventilação mecânica nãoinvasiva.

A ventilação mecânica não invasiva pode ser mais efectiva em pacientes com moderada a grave exacerbação da DPOC e as complicações podem ser diminuídas pela utilização de adequada interface e experiência do fisioterapeuta.

I

Ferreira Quanti D o e n t e s Os autores fazem uma revisão , tativo submetidos dos benefícios, vantagens e Noguei a V N I limitações da VNI, interfaces r a , (revisão da utilizadas e principais indicações Conde literatura) desta técnica na insuficiência e respiratória aguda (IRA) e na Taveira insuficiência respiratória crónica (2009) agudizada.

Consideram que face aos riscos envolvidos, advogam que seja instituída por profissionais treinados e conhecedores dos factores preditivos de insucesso, com selecção criteriosa dos doentes, assim como em unidades próprias, com monitorização adequada, de modo a garantir o sucesso desta terapêutica.

V

Vargas, Quanti D o e n t e s Foi realizada uma revisão em Weissh tativo a d u l t o s bases de dados eletrônicas: e i m e r, c o m MEDLINE, PubMed, SciELO, Severo D P O C , PEDro, Science Direct e Lilacs. d a e s t á g i o A seguir, selecionados artigos a Cunha g r a v e a partir dos seguintes critérios de e m u i t o inclusão: publicação entre Filippin g r a v e , janeiro de 2005 e julho de 2010, (2011) submetidos em idioma inglês ou português, à VMNI no classifi cados como Ensaio m o d o Clínico (EC) ou Ensaio Clínico B I P A P ® , Randomizado (ECR). durante o exercício.

Os estudos mostraram que a VMNI, durante o exercício, pode aumentar a tolerância ao mesmo. Esta revisão sugere que a VMNI, modo BIPAP®, utilizada por indivíduos com DPOC na realização de exercícios pode reduzir a fatigabilidade dos músculos esqueléticos, promovendo melhores adaptações fisiológicas ao esforço físico desses indivíduos.

I

Para Rocha e Carneiro (2008), a ventilação mecânica não invasiva pode ser mais

um pouco a possibilidade do autocuidado e autonomia ao doente.

efectiva em pacientes com moderada a grave

Vargas, Weissheimer, Severo da Cunha e

exacerbação da DPOC e as complicações

Filippin (2011) salientam que os estudos

podem ser diminuídas pela utilização de

mostraram que a VNI, durante o exercício, pode

adequada interface e experiência do

aumentar a tolerância ao mesmo. Esta revisão

fisioterapeuta. Um pouco nessa linha, Ferreira,

sugere que a VNI, modo BIPAP®, utilizada por

Nogueira, Conde e Taveira (2009) consideram

indivíduos com DPOC na realização de

que face aos riscos envolvidos, advogam que

exercícios pode reduzir a fatigabilidade dos

seja instituída por profissionais treinados e

músculos esqueléticos, promovendo melhores

conhecedores dos factores preditivos de

adaptações fisiológicas ao esforço físico desses

insucesso, com selecção criteriosa dos doentes,

indivíduos. Isto acontece uma vez que a VNI

assim como em unidades próprias, com

pode promover um suporte ventilatório parcial a

monitorização adequada, de modo a garantir o

pessoas com insuficiência respiratória (Agarwal

sucesso desta terapêutica, o que parece retirar

et al., 2009), desde que em estádios iniciais tenham capacidade para respirar

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Quadro 2 Autores

Análise das tecnologias

Promoção do

Observações

Autocuidado Chakrabarti et al. Considera a VNI como a Pouca evidência (2000) escolha de eleição. Burns, Adhikari e R e d u ç ã o d a t a x a d e Pouca evidência Meade (2003) mortalidade, ao optar-se pela VNI face à VM B o u r g u i g n o n d a VNI é considerada como a Evidência da VNI poder ser Silva, Foronda e técnica mais barata, eficaz e u s a d a p e l o p r ó p r i o Troster de simples execução paciente, com sobrevida (2003) maior J e z l e r, H o l a n d a , Os problemas e desconforto Evidência da VM produzir Não descrimina se a VNI J o s é e F r a n c a produzidos pela VM agravam i n c a p a c i d a d e e pode ajudar a promover o (2007) a condição do paciente agravamento d a autocuidado dependência Rocha e Carneiro Apesar da VNI ser mais A V N I d e v e t e r a Também o enfermeiro tem (2008) efectiva nalguns casos, deve m o d e r a ç ã o d e u m c o m p e t ê n c i a s ser monitorizada por técnico fisioterapeuta experiente (reabilitação) Ferreira, Nogueira, V N I com t é c n i c o s E x i s t ê n c i a d e r i s c o s Resta saber o leque de Conde e Taveira competentes, selecção de associados ao autocuidado limiares onde o risco é (2009) d o e n t e s e e m u n i d a d e s sem supervisão técnica aceitável ou não próprias V a r g a s , Salientam estudos sobre VNI O paciente poderá deter Tendencialmente poderia W e i s s h e i m e r , no exercício pode aumentar a algum controle sobre as ser alargada a outras Severo da Cunha e Filippin (2011) tolerância ao mesmo actividades e o uso da VNI actividades

espontaneamente e que preencham critérios para extubação ou desmame ventilatório,

CONCLUSÃO

actuando, deste modo, na diminuição do

Da pesquisa efectuada, verifica-se que os

período de necessidade de VM e/ou re-

critérios de procura nas bases de dados e de

entubação e, consequentemente, de sedação e

selecção deixam pouco material para poder tirar

das suas complicações associadas (Rahal et al.,

conclusões. Da quantidade de achados, verifica-

2005). Ao salvaguardar a capacidade de

se que o enfoque está centrado nas técnicas

clearence brônquica previne o enfraquecimento

que são utilizadas e que a vertente dos

dos músculos respiratórios (Burns et al., 2006),

cuidados é deixada um pouco de lado, pelo que

positivamente relacionados com a taxa de

da selecção efectuada haverá alguma

sobrevida e redução do tempo de permanência

dificuldade em responder à questão PICO

em Unidade de Cuidados Intensivos (Gelbach,

formulada.

et al., 2002; Giacomini et al., 2003). O quadro 2 procura sintetizar esta discussão. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Face à questão PICO, existem indícios que apontam que a utilização da VNI possa ser benéfica para a promoção da autonomia e Volume 1. Edição 1


Página 77

autocuidado do doente, na medida que

pois, tem enormes vantagens sobre a VM,

diminuindo todo o leque de comorbilidade, dias

resultando em ganhos em saúde, qualidade de

de internamento e qualidade de vida, este possa

vida e diminuição de custos.

ter capacidade de exercer as suas AVDs e

No entanto, ao relacionar-se com a

nesse âmbito também poder fazer a gestão e

promoção do autocuidado, face à pertinência

monitorização da sua função respiratória, desde

das questões levantadas num dos estudos,

que para isso possa ter a informação julgada

sugere-se que seja melhor estudado as

pertinente e adequada ao seu estado de saúde

aplicações que podem ser feitas nesta matéria,

e compreensão, devidamente monitorizada e

pois, apesar de advogar que a mesma seja

validada por pessoal de saúde competente.

instituída e adoptada pelo doente, deve ser feita

A Ventilação Não Invasiva (VNI) consiste num método de assistência/suporte ventilatório

com segurança, face às condicionantes que possam advir da sua má utilização.

aplicado na via aérea do cliente através de máscaras faciais, nasais ou bucais, que funcionam como interface doente/ventilador em

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acompanhamento domiciliário, pelo que a este

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Rahal, L.; Garrido, A.; Cruz, R. (2005). Ventilação não invasiva: quando utilizar? Assoc Med Bras. 51(5); 241-55.

Rocha, Eduardo; Carneiro, Élida Mara (2008). Benefícios e Complicações da Ventilação Mecânica Não-Invasiva na Exacerbação Aguda da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 20 Nº 2, Abril/Junho, Acedido em 23 de D e z e m b r o d e 2 0 11 e m : h t t p : / / www.scielo.br/pdf/rbti/v20n2/12.pdf

Vargas, Fernanda; Weissheimer, Karin Viana; Severo da Cunha, Laura; Filippin, Lidiane Isabel (2011). Ventilação Mecânica Não Invasiva Aumenta a Tolerância ao Exercício em Pacientes

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Volume 1. Edição 1


NORMAS DE PUBLICAÇÃO!

DEZEMBRO, 2011

JOURNAL OF AGING AND INOVATION

rodapé, referências e legendas bibliográficas.

Criada em 2011, a Revista Envelhecimento e Inovação (Journal of Aging and Inovation),

Copyright

é publicada trimestralmente sob a responsabilidade da Associação Amigos da Grande

Idade

Inovação

e

Copyright da Associação Amigos da Grande

Idade

inovação

e

Desenvolvimento.

Desenvolvimento.

É uma revista transdisciplinar, arbitrada e

Proibida a reprodução, mesmo que parcial

aberta a contribuições da comunidade

sem a devida autorização do Editor

científica nacional e internacional, na área

Científico. Proibida a utilização de matéria

do envelhecimento sustentado.

para fins comerciais.

Sua missão é publicar e disseminar estudos de investigação relevantes para o futuro do

Patrocinadores

envelhecimento, em várias áreas do conhecimento como a gestão, a enfermagem, a medicina, a psicologia e de

A publicação da revista é financiada com recursos da seguinte instituição:

todas as ciências sociais e humanas que contribuem para o conhecimento sobre o

Associação Amigos da Grande Idade –

envelhecimento.

Inovação e Desenvolvimento.

Os fascículos trimestrais ocorrem nos meses de Janeiro, Abril, Julho e Outubro de

Artigos Originais

cada ano civil.

Incluem estudos experimentais ou quase-

A partir da edição de Junho de 2011, a

experimentais, avaliação de programas,

Revista Envelhecimento e Inovação passou

análises de custo efectividade, análises de

a disponibilizar o texto completo, no formato

decisão e estudos sobre avaliação de

electrónico, de artigos editados em

desempenho de testes diagnósticos para

português.

triagem populacional. Cada artigo deve

O título abreviado da revista é Rev.

conter objectivos e hipóteses claras,

Envelhecimento e Inovação forma pela qual

desenho e métodos utilizados, resultados,

deve ser usada em bibliografia, notas de

discussão e conclusões. Incluem também

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ensaios teóricos (críticas e formulação de

Reporting of OBservational studies

conhecimentos teóricos relevantes) e

in Epidemiology);

artigos dedicados à apresentação e

STARLITE Statement : checklist e

discussão de aspectos metodológicos e

fluxograma para revisões da literatura

técnicas utilizadas na pesquisa em saúde

(Standards for Reporting Literature

pública. Neste caso, o texto deve ser

searches);

organizado em tópicos para guiar os leitores

COREQ: checklist for reporting checklist e

quanto aos elementos essenciais do

fluxograma para estudos qualitativos com

argumento desenvolvido.

entrevistas ou focus grupo (qualitative

Recomenda-se ao autor que antes de

research interviews and focus groups).

submeter seu artigo utilize o "checklist" correspondente:

Informações complementares:

Equator Network: overview of reporting

Devem ter até 5000 palavras, excluindo

guidelines;

resumos, tabelas, figuras e referências. As

CONSORT Statement checklist e

tabelas e figuras, limitadas a 5 no conjunto,

fluxograma para ensaios controlados e

devem incluir apenas os dados

randomizados (Consolidated Standards Of

imprescindíveis, evitando-se tabelas muito

Reporting Trials);

longas. As figuras não devem repetir dados

STARD Statement checklist e fluxograma

já descritos em tabelas.

para estudos de diagnóstico (Standards for

As referências bibliográficas, limitadas a

Reporting Studies of Diagnostic Accuracy);

cerca de 35, devem incluir apenas aquelas

MOOSE Statement checklist e fluxograma

estritamente pertinentes e relevantes à

para meta-análise de estudos

problemática abordada. Deve-se evitar a

observacionais (proposal for reporting meta

inclusão de número excessivo de

analyses of observational studies in

referências numa mesma citação.

epiodemiology);

Os resumos devem ser apresentados no

PRISMA Statement (formely QUOROM)

formato estruturado, com até 300 palavras,

checklist e fluxograma para revisões

contendo os itens: Objectivo, Métodos,

sistemáticas e com e sem metaanálise;

Resultados e Conclusões.

STROBE Statement (& STREGA) checklist e fluxograma para estudos observacionais

TIPO DE ARTIGOS

em epidemiologia (STrengthening the

artigos originais - A estrutura de apresentação deve ser a seguinte:

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Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, embora outros formatos possam

ARTIGOS DE REVISÃO

ser aceites. A Introdução deve ser curta,

Revisão sistemática e meta-análise - Por

definindo o problema estudado, sintetizando

meio da síntese de resultados de estudos

sua importância e destacando as lacunas do

originais, quantitativos ou qualitativos,

conhecimento que serão abordadas no

objectiva responder à pergunta específica e

artigo. As fontes de dados, a população

de relevância para a saúde pública.

estudada, amostragem, critérios de

Descreve com pormenores o processo de

selecção, procedimentos analíticos, dentre

busca dos estudos originais, os critérios

outros, devem ser descritas de forma

utilizados para selecção daqueles que foram

compreensiva e completa. A secção de

incluídos na revisão e os procedimentos

Resultados deve limitar-se a descrever os

empregados na síntese dos resultados

resultados encontrados sem incluir

obtidos pelos estudos revisados (que

interpretações/comparações. O texto deve

poderão ou não ser procedimentos de meta-

complementar e não repetir o que está

análise).

descrito em tabelas e figuras. A Discussão

Revisão narrativa/crítica - A revisão

deve incluir a apreciação dos autores sobre

narrativa ou revisão crítica apresenta

as limitações do estudo, a comparação dos

carácter descritivo discursivo, dedicando-se

achados com a literatura, a interpretação

à apresentação compreensiva e à discussão

dos autores sobre os resultados obtidos e

de temas de interesse científico no campo

sobre suas principais implicações e a

da Saúde Pública. Deve apresentar

eventual indicação de caminhos para novas

formulação clara de um objecto científico de

p e s q u i s a s . Tr a b a l h o s d e p e s q u i s a

interesse, argumentação lógica, crítica

qualitativa podem juntar as partes

teórico-metodológica dos trabalhos

Resultados e Discussão, ou mesmo ter

consultados e síntese conclusiva. Deve ser

diferenças na nomeação das partes, mas

elaborada por pesquisadores com

respeitando a lógica da estrutura de artigos

experiência no campo em questão ou por

científicos.

especialistas de reconhecido saber.

Comunicações Breves – Relatos curtos de

AUTORIA

achados que apresentam interesse, mas

O conceito de autoria está baseado na

que não comportam uma análise mais

contribuição substancial de cada uma das

abrangente e uma discussão estruturada.

pessoas listadas como autores, no que se

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refere sobretudo à concepção do projecto

Os manuscritos publicados são de

de pesquisa, análise e interpretação dos

propriedade da Revista, vedada tanto a

dados, redacção e revisão crítica. A

reprodução, mesmo que parcial, noutros

contribuição de cada um dos autores deve

periódicos impressos.

ser explicitada em declaração para esta finalidade (ver modelo). A indicação dos

PROCESSO DE JULGAMENTO DOS

nomes dos autores logo abaixo do título do

MANUSCRITOS

artigo é limitada a 12.

Fase 1)Pré-análise

1) Avaliação por referees

Cada artigo recebido para publicação percorre os seguintes passos a) Apreciação dos aspectos técnicos. No caso de se verificarem inconformidades a nível da compatibilidade com a linha editorial, a formatação ou a referenciação bibliográfica, o artigo pode ser rejeitado de imediato com a indicação do(s) motivo(s).

Processo temporal

15 Dias

b) Em caso de conformidade, o artigo é enviado pelo conselho editorial a dois dos juízes do painel de revisores nacionais e internacionais. a) A apreciação dos juízes segue critérios de qualidade e rigor científicos b) Em situações de desacordo entre juízes haverá lugar à apreciação por um terceiro juiz c) Uma vez recebidas as apreciação de todos os juízes, o conselho editorial toma decisão sobre uma das seguintes opções: i)

Aceitação para publicação

ii)

Aceitação condicionada a alterações de acordo com os comentários dos juízes ou pequenas alterações de formatação

90 Dias

iii) Convite a reformulação de acordo com os comentários e sugestões dos juízes para entrada em novo processo de submissão e apreciação. iv) Rejeição com indicação dos fundamentos. 1) Reformulação do a) Em função das recomendações claramente 15 Dias Autor explicitas, o autor deve efectuar as alterações e reenviar o documento. 1) Redacção/Estilo O artigo será verificado por um elemento do 15 Dias Conselho Editorial, que analisa a primeira versão do artigo e a versão corrigida, em função das recomendações dos revisores nacionais e internacionais. 1) Publicação A publicação do artigo será sempre da Até 6 meses responsabilidade do Director da Revista. do fim do processo JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Os critérios éticos da pesquisa devem ser Pré-análise: a avaliação é feita pelos

respeitados. Para tanto os autores devem

Editores Científicos com base na

explicitar em Métodos que a pesquisa foi

originalidade, pertinência, qualidade

conduzida dentro dos padrões exigidos pela

académica e relevância do manuscrito para

Declaração de Helsínquia e aprovada pela

a saúde pública.

comissão de ética da instituição onde a pesquisa foi realizada.

Avaliação por referees: os manuscritos seleccionados na pré-análise são

IDIOMA

submetidos à avaliação de especialistas na

Aceitam-se manuscritos nos idiomas

temática abordada. Os pareceres são

português, francês, espanhol e inglês. Para

analisados pelos editores, que propõem ao

aqueles submetidos em português oferece-

Editor Científico a aprovação ou não do

se a opção de tradução do texto completo

manuscrito.

para o inglês e a publicação adicional da versão em inglês. Independentemente do

Redacção/Estilo: A leitura técnica dos textos

idioma empregado, todos manuscritos

e a padronização ao estilo da Revista

devem apresentar dois resumos, sendo um

finalizam o processo de avaliação.

em português e outro em inglês, ou

O anonimato é garantido durante todo o

espanhol, ou francês.

processo de julgamento. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Manuscritos recusados, mas com a

Título do artigo - deve ser conciso e

possibilidade de reformulação, poderão

completo, limitando-se a 93 caracteres,

retornar como novo trabalho, iniciando outro

incluindo espaços. Deve ser apresentada a

processo de julgamento.

versão do título em português, inglês e

Preparo dos manuscritos

espanhol. O sobrenome e nome de cada autor.

Devem ser digitados em extensão. Doc,

Instituição a que cada autor está afiliado,

com letras arial, corpo 12, com 1,5 espaços,

acompanhado do respectivo endereço (uma

página em tamanho A-4, incluindo resumos,

instituição por autor) e o título académico.

agradecimentos, referências e tabelas.

Nome e endereço do autor responsável

Todas as páginas devem ser numeradas.

para troca de correspondência (email).

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Se foi subvencionado, indicar o tipo de auxílio, o nome da agência financiadora e o

REFERÊNCIAS - As referências devem ser

respectivo número do processo.

ordenadas alfabeticamente, numeradas e

Se foi baseado em tese, indicar o nome do

normalizadas de acordo com o estilo APA

autor, título, ano e instituição onde foi

American Psychological Association.

apresentada. Se foi apresentado em reunião científica,

EXEMPLOS:

indicar o nome do evento, local e data da

PERIODICOS:

realização. Hoeck, S., François, G., Van der Heyden, J., DESCRITORES - Devem ser indicados

Geerts, J., & Van Hal, G. (2011). Healthcare

entre 3 e 6, extraídos do vocabulário

utilisation among the Belgian elderly in

"Descritores em Ciências da Saúde" (DeCS)

relation to their socio-economic status.

(http://decs.bvs.br/), quando acompanharem

Health Policy (Amsterdam, Netherlands),

os resumos em português, e do Medical

99(2), 174-182. Retrieved from EBSCOhost.

Subject Headings (MeSH) (http://

Gill, R., & Stewart, D. (2011). Relevance of

www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html),

gender-sensitive policies and general health

para os resumos em inglês. Se não forem

indicators to compare the status of South

encontrados descritores disponíveis para

Asian women's health. Women's Health

cobrirem a temática do manuscrito, poderão

Issues: Official Publication Of The Jacobs

ser indicados termos ou expressões de uso

Institute Of Women's Health, 21(1), 12-18.

conhecido.

Retrieved from EBSCOhost.

AGRADECIMENTOS - Devem ser

LIVROS

mencionados nomes de pessoas que

Herwood, J., & Edwards, T. (2006).

prestaram colaboração intelectual ao

Decolonisation: a critical step for improving

trabalho, desde que não preencham os

Aboriginal health. In E. Willis, V. Smye, M.

requisitos para participar da autoria. Deve

Rameka (Eds.) , Advances in Contemporary

haver permissão expressa dos nomeados

Indigenous Healthcare (pp. 178-190).

(ver documento Responsabilidade pelos

Sydney, Australia: eContent Management

Agradecimentos). Também podem constar

Pty Ltd. Retrieved from EBSCOhost.

desta parte agradecimentos a instituições quanto ao apoio financeiro ou logístico. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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CAPÍTULOS DE LIVROS

podem ser citadas no rodapé das páginas

Kearney-Nunnery, R. (2008). Chapter 16:

que as citam.

Healthy initiatives for at-risk populations.

Citação no texto: Se forem citados dois

In Advancing Your Career: Concepts of

autores, ambos são ligados pela conjunção

Professional Nursing (pp. 289-314).

"e"; se forem mais de dois, cita-se o primeiro

Philadelphia, Pennsylvania: F.A. Davis

autor seguido da expressão "et al".

Company. Retrieved from EBSCOhost.

A exactidão das referências constantes da

Tsai, T. (2006). Nursing partnerships in

listagem e a correcta citação no texto são

Indigenous health. In E. Willis, V. Smye, M.

de responsabilidade do(s) autor(es) do

Rameka (Eds.) , Advances in Contemporary

manuscrito.

Indigenous Healthcare (pp. 264-266).

Tabelas - Devem ser apresentadas

Sydney, Australia: eContent Management

separadas do texto, numeradas

Pty Ltd. Retrieved from EBSCOhost.

consecutivamente com algarismos arábicos,

Para outros exemplos recomendamos

na ordem em que foram citadas no texto. A

consultar o documento "Uniform

cada uma deve-se atribuir um título breve,

Requirements for Manuscripts Submitted to

não se utilizando traços internos horizontais

Biomedical Journals: Writing and Editing for

ou verticais. As notas explicativas devem

Medical Publication" (http://www.icmje.org).

ser colocadas no rodapé das tabelas e não

Comunicação pessoal, não é considerada

no cabeçalho ou título. Se houver tabela

referência bibliográfica. Quando essencial,

extraída de outro trabalho, previamente

pode ser citada no texto, explicitando em

publicado, os autores devem solicitar

rodapé os dados necessários. Devem ser

autorização da revista que a publicou, por

evitadas citações de documentos não

escrito, para sua reprodução. Esta

indexados na literatura científica mundial e

autorização deve acompanhar o manuscrito

de difícil acesso aos leitores, em geral de

submetido à publicação

divulgação circunscrita a uma instituição ou

Quadros são identificados como Tabelas,

a um evento; quando relevantes, devem

seguindo uma única numeração em todo o

figurar no rodapé das páginas que as citam.

texto.

Da mesma forma, informações citadas no

Figuras - As ilustrações (fotografias,

texto, extraídas de documentos

desenhos, gráficos, etc.), devem ser citadas

electrónicos,

mantidas

como figuras. Devem ser numeradas

permanentemente em sites, não devem

consecutivamente com algarismos arábicos,

fazer parte da lista de referências, mas

na ordem em que foram citadas no texto;

não

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devem ser identificadas fora do texto, por

DE RESPONSABILIDADE (Segundo o

número e título abreviado do trabalho; as

critério de autoria do International

legendas devem ser apresentadas ao final

Committee of Medical Journal Editors,

da figura; as ilustrações devem ser

autores devem contemplar todas as

suficientemente claras para permitir sua

seguintes condições: (1) Contribuí

reprodução, com resolução mínima de 300

substancialmente para a concepção e

dpi.. Não se permite que figuras

planeamento, ou análise e interpretação dos

representem os mesmos dados de Tabela.

dados; (2) Contribuí significativamente na

Não se aceitam gráficos apresentados com

elaboração do rascunho ou na revisão

as linhas de grade, e os elementos (barras,

crítica do conteúdo; e (3) Participei da

círculos) não podem apresentar volume (3-

aprovação da versão final do manuscrito).

D). Figuras coloridas são publicadas excepcionalmente. Nas legendas das

Edição:

figuras, os símbolos, flechas, números,

Associação Amigos da Grande Idade –

letras e outros sinais devem ser

Inovação e Desenvolvimento.

identificados e seu significado esclarecido. Se houver figura extraída de outro trabalho, previamente publicado, os autores devem solicitar autorização, por escrito, para sua

Propriedade: Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento.

reprodução. Estas autorizações devem acompanhar os manuscritos submetidos à

Administração e Redacção:

publicação.

e-mail:

Submissão online

associaçaoamigosdagrandeidade@gmail.co

Os artigos devem ser enviado para o

m

seguinte

email:

associacaoamigosdagrandeidade@gmail.co

Periodicidade:

m. Acompanhados de:

Trimestral (Janeiro, Abril, Julho, Outubro)

Artigo (até 5000 palavras); Pagina com a identificação dos autores (conforme designação em epigrafe); CHECK LIST (Anexo 1) DECLARAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS DE AUTOR E DECLARAÇÃO JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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