VOLUME 1 . EDIÇÃO 1
EDITORIAL!
DEZEMBRO, 2011
A edição do primeiro número da Revista
da legislação que implica novos modelos de
Envelhecimento e Inovação, é um marco
equipamentos e serviços destinados às
histórico na vida da Associação Amigos da
pessoas idosas. Formamos técnicos,
Grande
e
abrindo-lhes as perspectivas e dando-lhes
Desenvolvimento, da qual tenho a honra de
novas ferramentas para melhor
ser Presidente.
desempenharem as suas funções e
Idade
–
Inovação
Nascida em meados de 2008 a
fazemos, como ninguém, uma ligação
Associação tem vindo a percorrer um
permanente do trabalho científico à prática
caminho de grande pragmatismo e de
do trabalho diário no terreno.
enorme visibilidade, conseguindo nestes
A revista que agora nasce pretende ser
últimos anos, transmitir em centenas de
uma mediatização de todo o trabalho que já
eventos, iniciativas e reuniões cientificas
desenvolvemos e que vamos
uma visão algo diferente do
desenvolvendo e que é espelhado por
envelhecimento, das pessoas idosas e dos
dezenas de técnicos que têm a obrigação
equipamentos destinados a estas pessoas,
de publicar os seus trabalhos, partilhar as
utilizando sempre um discurso de
suas ideias e propostas e dar a conhecer a
desconstrução dos conservadores
sua investigação de forma a ser aplicada
preconceitos que a sociedade mantém em
para melhorar os cuidados e serviços a
relação às questões das pessoas mais
Pessoas idosas.
velhas.
Ao longo da minha curta mas
Defendemos, como Kofi Annan, que o
preenchida carreira de gestor de uma
envelhecimento não é uma desgraça mas
unidade de cuidados e serviços para
uma vitória de todas as sociedades e, ao
pessoas idosas fui realizando muito trabalho
mesmo tempo, uma oportunidade.
ao qual faltava a contextualização teórica e
Desconstruímos a ideia de que o
o acompanhamento científico. Foi com a
envelhecimento tem a ver exclusivamente
integração de pessoas da área académica
com o aumento da esperança de vida e
que esse trabalho começou a fazer sentido
julgamos que uma das razões mais graves
e a poder ser discutido, partilhado e, agora,
é a diminuição da taxa de natalidade,
copiado. Foi nessa altura que começamos a
apresentando uma visão global do
entender que a investigação científica tem
fenómeno e não nos deixando cair na
que mudar alguns dos seus paradigmas e
tentação de parcelizar os problemas
não pode ficar dentro dos gabinetes das
actuais. Apoiamos uma reforma estrutural
escolas e universidades nem pode ser feito
Página 3
em função de interesses que não sejam os
pessoas idosas. Continuamos a trabalhar
do mercado de trabalho e do desempenho
nesta área baseados em modelos que nos
prático no terreno.
foram sendo passados e que assentam no
A investigação científica tem que
chamado conhecimento do “olhómetro”:
encontrar novos caminhos mas deve ser
vimos, logo copiamos. Não existem modelos
feita em função das necessidades do
sustentáveis e de qualidade para serviços
trabalho que os técnicos desenvolvem no
de cuidados domiciliários, para centros de
dia-a-dia. É normal ouvirem-me dizer que
dia, temos lares que mantêm ofertas que
antes de se escolher um tema para um
tinham há praticamente um século, não
trabalho de investigação deve falar-se com
criamos evidencia na área da ocupação,
os técnicos dessa área e responder não a
lazer e recreação, não estudamos quaisquer
questões puramente académicas mas às
indicadores nestes equipamentos, não
necessidades que esses técnicos sentem
temos princípios de organização de
no desempenho das suas funções. Sair da
trabalho, de gestão, de planeamento, de
escola o mais possível, ultrapassar os
estratégia, de comunicação, etc. A área do
portões da universidade e acima de tudo
envelhecimento e todas as suas questões
perder a arrogância académica tão
práticas não estão na ordem do dia e o
brilhantemente desenvolvida no nosso
trabalho que se desenvolve estuda
pequenino País e cujos resultados são
aparentemente um idoso que não existe e
lamentáveis em função da produção
que faz parte do imaginário de muitos e
técnico-científica que temos, especialmente
muitos académicos.
na área do envelhecimento.
A Revista que agora se edita pretende
Área do envelhecimento a que temos
ser um espaço de livre opinião com critérios
que dar cada vez mais importância, tanto do
técnico-científicos mas não impeditivos de
ponto de vista de respondermos às
publicação do que se entender importante
necessidades das pessoas como do ponto
para todos os interessados nas questões do
de vista da sustentabilidade de uma
envelhecimento.
sociedade onde cada vez nascem menos
A manutenção da Revista e a garantia
crianças e cada vez se vive mais tempo.
da sua periodicidade semestral é o principal
Também do ponto de vista de viver mais
objectivo, tendo também a pretensão de
tempo com mais saúde.
uma edição em formato papel para maior
Sabemos hoje pouco sobre os
divulgação. Mas estamos habituados a ser
cuidados e serviços mais adequados às
pacientes e a fazer o caminho certo pelo
Página 4
que não teremos quaisquer precipitações. A Revista representa uma das áreas de desenvolvimento da Associação e será com esta modéstia que percorreremos o caminho necessário a impô-la na comunidade académica e no sector operacional, contando com muitos amigos e algumas personalidades de relevância nacional que acreditam em nós. É uma publicação que vai sair sem qualquer patrocínio, sem qualquer subsídio ou outro financiamento que não seja o trabalho de cidadania exercido pelos elementos da Associação e seus colaboradores. Esperamos pelo apoio de mais e mais amigos e pelos seus artigos, trabalhos ou mesmo, simplesmente, informação relevante que julguem ser interessante partilhar. É meu desejo, ocupando estas funções na Associação ou não, que este número da Revista, modesto é certo, mas convicto do caminho a percorrer, seja um passo decisivo para mais uma iniciativa preenchida de êxito. Bem-vindo, Revista On-line Envelhecimento e Inovação. Rui Fontes - Presidente da Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento.
Madruga, M., Prieto, J., Parraca, J., Gusi, N., (2012) Calidad de Vida Relacionada con la Salud: Población Rural y Urbana Desde una Perspectiva de Género. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 5-13
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE !
DEZEMBRO, 2011
CALIDAD DE VIDA RELACIONADA CON LA SALUD: POBLACIÓN RURAL Y URBANA DESDE UNA PERSPECTIVA DE GÉNERO QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA COM A SAÚDE: POPULAÇÃO RURAL E URBANA A PARTIR DE UMA PERPSPECTIVA DE GÉNERO
Autores
Miguel Madruga1, Josué Prieto2, José Alberto Parraca3, Narcís Gusi4 1Facultad
de Ciencias del Deporte. Universidad de Extremadura.
Corresponding author: jparraca@unex.es RESUMO Introdução: Entre os vários factores demográficos que podem determinar a qualidade de vida relacionada com a saúde (QVRS) nos idosos, encontramos o local de residência e o sexo. Este estudo visa avaliar a qualidade de vida relacionada com a saúde da população rural e urbana, comparando e analisando as diferenças entre homens e mulheres. Metodologia: Um estudo transversal de corte a 75 anos de idade, de 8 centros de atenção primária nas zonas rurais e urbanas selecionadas aleatoriamente na mesma região autónoma da Espanha (Extremadura). Realizámos uma entrevista pessoal com 434 pessoas (214 da área urbana e 220 na área rural ) de 75 anos de idade. As características sóciodemograficas foram avaliadas e utilizadas na versão espanhola do questionário de qualidade de vida SF-36. Resultados: A população urbana apresenta níveis mais elevados em todas as dimensões e componentes do questionário, encontrando-se diferenças significativas em todas as dimensões e componentes do questionário, exceto para SF-36mental. Os homens em áreas rurais e urbanas apresentaram diferenças significativas em RF, BP e MH. As mulheres nas zonas rurais e urbanas apresentaram diferenças em RF, GH, SF e SF-36físico. Conclusões: O sexo e local de residência são variáveis que determinam o nível de QVRS, estes resultados devem ser considerados ao avaliar a QVRS e no desenho de programas e intervenções com este tipo de população. Palavras-chave: Qualidade de vida, idosos, rural-urbano, masculino-feminino
INTRODUCCIÓN
psicológico, la función física, las relaciones
Evaluar la calidad de vida relacionada con
sociales, género, situación económica, nivel de
la salud (CVRS) en la población mayor es un
actividad física, acceso a servicios sanitarios y
aspecto fundamental para conocer su estado de
lugares para realizar ejercicio, nivel educativo,
salud general y aquellos factores que son
entre otros (Sabbah, Drouby et al. 2003; Weeks,
determinantes para mantener un nivel de
Kazis et al. 2004; Fogelholm, Valve et al. 2006;
calidad de vida adecuado (Ferrucci,
Shucksmith, Cameron et al. 2006; Oguzturk
Baldasseroni et al. 2000). Además esta
2008; Tajvar, Arab et al. 2008). Estos factores
evaluación permite conocer las necesidades
influyen de forma significativa en los niveles de
socio-sanitarias así como los efectos que
calidad de vida de la población y pueden ser
pueden producir los diferentes tratamientos e
diferentes en función del lugar o ámbito de
intervenciones que se desarrollan con ellos
residencia, estableciéndose así diferencias entre
(Sabbah, Drouby et al. 2003).
la población rural y urbana (Weeks, Kazis et al.
El término CVRS es un concepto
2004; Marcellini, Giuli et al. 2007; Nummela,
multidimensional, que concierne a múltiples
Sulander et al. 2007; Lucchetti, Corsonello et al.
factores de la persona, como son el bienestar
2008; Oguzturk 2008).
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Algunos estudios previos demostraron que
estudios previos no son concluyentes respecto a
las personas mayores que viven en zonas
la importancia de la variable género a la hora de
rurales tenían un menor nivel de CVRS (Weeks,
evaluar la CVRS (Weeks, Kazis et al. 2004;
Kazis et al. 2004; Fogelholm, Valve et al. 2006;
Nummela, Sulander et al. 2007), y por ello, es
Oguzturk 2008; Rėklaitienė, Bacevičienė et al.
necesario desarrollar estudios que analicen las
2009), estas diferencias se producen tanto a
diferencias en CVRS según el género y el lugar
nivel físico como a nivel psicológico (Weeks,
de residencia (Lau and Morse 2008)
Kazis et al. 2004). Según estos y otros estudios
Por tanto, el objetivo de este estudio es
previos la población rural muestra niveles
determinar los niveles CVRS de una cohorte de
inferiores en múltiples parámetros de calidad de
personas mayores con una edad de 75 años en
vida (función física, dolor corporal, rol físico,
Extremadura (España) y analizar las diferencias
salud y bienestar general, salud mental, función
entre población rural y urbana desde una
social, bienestar general y emocional, nivel de
perspectiva de género.
independencia) con respecto a sus homólogos de zonas urbanas (Weeks, Kazis et al. 2004;
METODOLOGÍA
Marcellini, Giuli et al. 2007; Lau and Morse
El presente estudio se basa en un diseño
2008; Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009; Dong
observacional analítico de corte transversal en
and Simon 2010). Asimismo, estudios previos
una cohorte de población de 75 años de
muestran que la población rural padece
Extremadura de ámbito rural y urbano para
mayores síntomas depresivos y niveles de
analizar las diferencias entre población rural y
ansiedad, menor nivel de autoestima y un mayor
urbana desde una perspectiva de género.
sentimiento de soledad que la población urbana que pueden repercutir de forma significativa en su CVRS (Lau and Morse 2008; Oguzturk 2008; Dong and Simon 2010)
Participantes La muestra del estudio se reclutó de entre las personas mayores que tuvieran 75 años en
A pesar de que existen bastantes estudios
el momento del estudio (2007), que estuvieran
en la literatura científica cuyo objetivo es evaluar
censadas en 4 centros de salud de la ciudad de
la CVRS en personas mayores comparando
Cáceres seleccionados aleatoriamente y en 4
población rural y urbana, es menos frecuente
centros de salud de zonas rurales menores de
encontrar estudios que además analicen las
1.500 habitantes que distaran al menos 20 km
diferencias entre hombres y mujeres en estas
de la ciudad de Cáceres, que fueron
poblaciones. En este sentido, estudios previos
seleccionados aleatoriamente. Los posibles
han puesto de manifiesto que las mujeres de
participantes fueron informadas del estudio por
ámbito urbano tienen un nivel de calidad de vida
medio de sus médicos de familia quienes
inferior a los hombres (Sabbah, Drouby et al.
informaron de los criterios de inclusión del
2003; Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009), pero
estudio: no tener diagnosticado ningún problema
un nivel de salud percibida mayor que los
físico o mental agudo que pudiera interferir en el
hombres (Nummela, Sulander et al. 2007). No
desarrollo del protocolo del estudio, como por
obstante, los resultados obtenidos en algunos
ejemplo Alzheimer, Parkinson ni otras
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demencias. No tener problemas de
Instrumentos de recogida de datos
comunicación severos, no tener cualquier
La evaluación de las variables objeto de
problema de salud que haga que la persona
estudio se desarrolló a partir de diversos
tenga que ser hospitalizada o pueda causarle
c u e s t i o n a r i o s . E n p r i m e r l u g a r, l a s
problemas e incluso la muerte.
características sociodemográficas de los
Un total de 538 personas (268 personas
participantes fueron recogidas mediante un
de población urbana y 270 de la población rural)
cuestionario de elaboración propia basado en
con 75 años de edad en el momento de estudio
cuestionarios estandarizados presentes en la
fueron escrutadas inicialmente, y fueron
literatura científica. Las características
informadas (por correo postal y teléfono) de los
sociodemográficas evaluadas fueron género,
objetivos y protocolo del estudio y su posible
lugar de residencia, estado civil, nivel de
participación.
Un total de 480 (238 de ámbito
estudios, con quién vive, consumo de tabaco,
urbano y 242 de ámbito rural) mostraron su
consumo de alcohol, enfermedades de larga
interés por participar en el mismo. Tras la
duración diagnosticadas (diabetes, hipertensión,
aplicación de los criterios de inclusión, 46
osteoporosis, artrosis, entre otras) y ejercicio
personas (24 de ámbito urbano y 22 de ámbito
físico de mantenimiento realizado.
rural) fueron excluidas del estudio por diversos
En el presente estudio la CVRS se evaluó
motivos: problemas físicos o mentales, (4
mediante la versión oficial española del
hombres y 6 mujeres ámbito urbano, 5 hombres
Cuestionario de Salud relacionada con la
y 5 mujeres ámbito rural) problemas de
Calidad de Vida Short Form-36 Health Survey
comunicación (1 mujer ámbito urbano y 1 mujer
(SF-36) versión 1 (Alonso, Prieto et al. 1995),
ámbito rural), hospitalizados o enfermos (6
uno de los cuestionarios más utilizados en la
hombres y 7 mujeres ámbito urbano y 6
literatura para la evaluación de este constructo
hombres y 5 mujeres ámbito rural).
multidimensional. Consiste en 36 items para
Finalmente, un total de 434 personas (113
evaluar 8 dimensiones: función física (PF), rol
hombres y 101 mujeres de áreas urbanas, 103
físico (RP), dolor corporal (BP), salud general
hombres y 117 mujeres de áreas rurales)
(GH), vitalidad (VT), función social (SF), rol
consistieron, por escrito, participar
emocional (RE) y salud mental (MH). El rango
voluntariamente en la investigación. La presente
de las puntuaciones para cada dimensión oscila
investigación fue diseñada y realizada por la
de 0 (peor estado de salud) a 100 (mejor estado
Universidad de Extremadura en España. Se
de salud). El cuestionario no está diseñado para
llevó a cabo de conformidad con la Declaración
proporcionar un índice global, aunque se han
de Helsinki y sus posteriores actualizaciones, y
propuesto puntuaciones resumen de salud física
fue aprobado por la Comisión de Ética
(SF-36físico)
Biomédica de la Universidad de Extremadura (nº
mediante la combinación de las respuestas de
01/08). Así los datos registrados fueron
los ítems.
y de salud mental (SF-36mental),
codificados para preservar el anonimato de las participantes.
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Recogida de datos
RESULTADOS
La evaluación de los participantes se
Los resultados del análisis de las
realizó mediante entrevista personal, con el fin
características socio-demográficas de la
de facilitar su aplicación, ya que se trataba de
muestra del estudio (Tabla 1), indicaban que
personas mayores que podían tener alguna
tanto la población rural como urbana eran
dificultad para la lectura por diferentes causas
comparables en estado civil, con quien vive,
(analfabetismo, limitaciones visuales o
consumo de tabaco, consumo de alcohol y
problemas de comprensión). Cada persona fue
ejercicio físico de mantenimiento realizado. Sin
entrevistada durante una hora aproximadamente
embargo encontramos que existían diferencias
en su centro de salud de uso habitual. La
significativas (p<0.05) en el nivel educativo; un
valoración fue realizada por técnicos (enfermera
mayor porcentaje tanto en los hombres como las
o trabajador social) conocedores de la materia y
mujeres de población urbana tenían niveles de
entrenados para el desarrollo de esta labor. Los
educación más elevados (secundarios y
entrevistadores recibieron durante dos meses
universitarios) que la población rural. También
un periodo complementario de formación
se hallaron diferencias significativas
específica, en el que se les dio conocer los
en el número de enfermedades de larga
objetivos concretos del estudio, el protocolo de
duración diagnosticadas en la muestra de
investigación y su actuación explícita dentro del
hombres. En este caso la población urbana
mismo.
tenía en general más enfermedades de larga
(p<0.05)
duración diagnosticadas que la población rural. Análisis de datos
Los resultados respecto a la CVRS se
El análisis estadístico de los datos se
muestran en la Tabla 2. Desde la perspectiva de
realizó utilizando el paquete estadístico SPSS v.
género, los hombres muestran mejores niveles
16.0 (Headquarters 2005). Para todas las
que las mujeres tanto en el componente físico
pruebas el nivel de significación fue de p < 0.05.
como en el componente mental del cuestionario,
El análisis descriptivo y la comparación de
así como en todas las dimensiones del
las características socio-demográficas entre la
cuestionario SF-36 (PF, RF, BP, GH, SF, RE,
población rural y urbana se realizó mediante la
MH).
prueba de Chi-cuadrado
(x2)
de Pearson.Las
Los resultados del estudio en relación a la
diferencias en CVRS entre población rural y
CVRS en función del lugar de residencia
urbana, así como por género se realizó a través
mostraban que existían diferencias significativas
del análisis de la varianza (ANOVA).
entre hombres de ámbito rural y urbano en RP,
La comparación de los datos de CVRS entre la población de estudio y los valores
BP y MH y entre las mujeres de ámbito rural y urbano en RP, GH, VT, SF y SF-36físico .
normativos de población de similar grupo de
Desde el punto de vista del lugar de
edad (75-79) e igual género se realizó mediante
residencia y género, las mujeres de ámbito rural
la prueba estadística t-test para muestras
tenían una puntuación superior en MH y BP que
independientes.
las de ámbito urbano y los hombres de ámbito rural valores superiores en VT, SF y MH que los
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Tabla 1: Características socio-demográficas de los participantes del estudio Hombres Urbano Rural
Variable
p*
Rural
(N=101) 8 (7,9%)
(N=117) 25 (21,4%)
87 (86,2%)
92 (78,6%)
5 (5,0%)
0 (0,0%) 0 (0,0%)
Sin estudios
(N=113) 9 (8,0%)
Nivel educativo
Estudios primarios
77 (68,1%)
76 (73,8%)
N (%)
Estudios secundarios
13 (11,5%)
8 (7,8%)
Estudios universitarios
14 (12,4%)
6 (5,8%)
1 (1,0%)
Soltero/a
8 (7,1%)
12 (11,7%)
6 (5,9%)
5 (4,3%)
Estado civil
Casado/a
94 (83,2%)
57 (55,3%)
85 (84,2%)
66 (56,4%)
N (%)
Viudo/a
9 (8,0%)
34 (33,0%)
8 (7,9%)
44 (37,6%)
Divorciado/a- separado/a
2 (1,8%)
0 (0,0%)
2 (2,0%)
2 (1,7%)
En casa solo/a
7 (6,2%)
25 (24,3%)
13 (12,9%)
29 (24,8%)
En casa con mi esposo/a
82 (72,6%)
48 (46,6%)
71 (70,3)
60 (51,3%)
Con algún familiar
15 (13,3%)
22 (21,4%)
14 (13,9%)
18 (15,4%)
Con quien vive
Tabaco
(N=103) 13 (12,6%)
Mujeres Urbano
0,001
0,989
0,219
Otros: residencia, hogar…
9 (7,9%)
8 (7,7%)
3 (2,9%)
10 (8,5%)
No fumo
98 (86,7%)
99 (96,0%)
81 (80,2%)
116 (99,0%)
11 (10,9%)
0 (0,0%)
9 (8,9%)
1 (1,0%)
77 (76,3%)
114 (94,4%)
8 (7,9%)
3 (2,6%)
16 (15,8%)
0 (0,0%)
1-14 cigarrillos
10 (8,8%)
2 (2,0%)
Más de 15 cigarrillos
5 (4,5%)
2 (2,0%)
Bebidas
Nunca/menos cantidad
86 (76,1%)
93 (96,2%)
alcohólicas
Ocasionalmente
9 (8,0%)
8 (7,7%)
(+ de 2 cervezas)
Diariamente
18 (15,9)
2 (2,0%)
Enfermedades
Ninguna
10 (9,0%)
9 (8,7%)
larga duración
1-3
83 (74,7%)
68 (66,0%)
diagnosticadas
Más de 4
20 (16,3%)
Diariamente Ejercicio físico
Varias veces /semana
de mantenimiento
Ocasionalmente Nunca
0,616
0,936
26 (26,0%
11 (9,4%)
64 (64,0%)
91 (77,7%)
26 (25,3)
11 (10,0%)
15 (12,9%)
17 (15,1%)
4 (3,0%)
7 (7,0%)
0 (0,0%)
6 (5,3%)
7 (6,9%)
1 (1,0%)
4 (3,4%)
5 (4,5%)
4 (10,8%)
2 (2,0%)
2 (1,4%)
91 (90,0%)
111 (94,9%)
85 (75,2%) 88 (86,3%)
0,010
0,088
p*
0,003
0,114
0,737
0,483
0,144
0,096
0,262
de ámbito urbano. Asimismo, los hombres de
presente estudio coinciden con los de estudios
ámbito urbano obtenían puntuaciones
previos, en los que los hombres muestran
superiores en todas las dimensiones del
niveles superiores de CVRS con respecto a las
cuestionario con respecto a las mujeres, sin
mujeres (Sabbah, Drouby et al. 2003; Lucchetti,
embargo no se encontraron diferencias
Corsonello et al. 2008; Tajvar, Arab et al. 2008;
significativas en RF, SF-36físico y SF-36mental. En
Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009). De esta
el caso de la población rural, los hombres
manera, el género puede influir tanto en las
también obtenían puntuaciones superiores en
dimensiones PF, RF, BP, GH y VT del
todas las dimensiones y componentes del
cuestionario (Sabbah, Drouby et al. 2003) como
cuestionario en comparación con las mujeres,
en otras como SF, RE y MH en el caso ámbito
no encontrándose diferencias significativas en el
urbano y sobre todas las dimensiones en ámbito
SF-36mental.
rural. Otro de los principales hallazgos del
DISCUSIÓN
presente estudio es que el lugar de residencia
Entre los principales hallazgos de este
es un factor que puede condicionar de manera
estudio, encontramos que el género es una
significativa los niveles de CVRS. Los resultados
variable determinante a la hora de evaluar la
del presente estudio son consistentes con los de
CVRS, ya que puede influir de forma
estudios previos, donde las personas de ámbito
significativa. De este modo, los resultados del
rural (tanto hombres como mujeres) muestran
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niveles inferiores en su CVRS con respecto a
(Cancela and Ayán 2008), hecho que podría
los de ámbito urbano (Weeks, Kazis et al. 2004;
explicar que los hombres de ámbito rural
Marcellini, Giuli et al. 2007; Lau and Morse
puntuaran más elevado en el SF-36físico así
2008; Oguzturk 2008; Rėklaitienė, Bacevičienė
como en PF, RF y BP, a pesar incluso de que la
et al. 2009). Aunque existen otros estudios que
población de ámbito urbano tengan mayor
no consideran el lugar de residencia como factor
acceso a lugares para actividad física o realizar
que pueda influir en las dimensiones del
ejercicio físico (Fogelholm, Valve et al. 2006). La
cuestionario SF-36, excepto en VT (Sabbah,
mujer rural se ocupa de las labores propias del
Drouby et al. 2003), en el presente estudio se
hogar, también realiza trabajos de agricultura de
encontraron diferencias significativas entre rural-
cierta exigencia física, que en muchos casos no
urbano en todas las dimensiones del
consideran como saludable, lo cual podría
cuestionario excepto en el SF-36mental. Los
explicar que las mujeres de ámbito rural puntúen
resultados de este estudio revelaron que las
más elevado en el BP que las de ámbito urbano
personas de población urbana mostraban
(Cancela and Ayán 2008).Entre las posibles
mejores niveles de GH y RE, pero puntuaciones
causas de estas diferencias de CVRS entre
inferiores en la dimensión MH, hecho que podría
rural-urbano y hombres-mujeres se encuentra
explicarse parcialmente por la presencia de
las interacciones entre diferentes factores como
mayores niveles de estrés en la población
enfermedades crónicas (artritis reumatoide,
urbana (Lau and Morse 2008). Según otros
osteoporosis…) (Orfila, Ferrer et al. 2006), nivel
estudios, la vida en el ámbito rural es más
educativo (Fogelholm, Valve et al. 2006;
exigente físicamente que la del ámbito urbano
Rėklaitienė, Bacevičienė et al. 2009), ingresos
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económicos (Fogelholm, Valve et al. 2006;
estudio está además restringido a la cohorte de
Lucchetti, Corsonello et al. 2008; Tajvar, Arab et
75 años de edad residente en zonas rurales o
al. 2008),
estrés (Oguzturk 2008), actividad
urbanas de la misma región, por lo que los datos
física (Fogelholm, Valve et al. 2006), compañía
deben ser tomados con cautela y no deben ser
(Liu and Guo 2007), etc.
directamente generalizados a otras las
Finalmente, comparando los resultados de la población del estudio con los valores
poblaciones con otras características sociodemográficas.
normativos en población española de similar grupo de edad (75-79) e igual
Las conclusiones que se desprenden del
género
presente estudio son que el género y el lugar de
desarrollados en el estudio de López-García et
residencia (rural-urbano) son factores que
al (2003), los hombres y mujeres de ámbito
pueden incluir de forma significativa en la CVRS
urbano obtenían puntuaciones similares en
de la población mayor. Por tanto, estos factores
todas las dimensiones del cuestionario (p>0.05).
deben estar presentes en la evaluación de la
Sin embargo, la población rural mostraban
CVRS y los posteriores análisis de sus
puntuaciones superiores (p<0.05) a los valores
resultados.
normativos en las dimensiones de RP, BP and
Aunque hay multitud de instrumentos para
MH (en el caso de los hombres) y en las
evaluar la CVRS, de diferentes grupos de edad,
dimensiones de PF, RP, GH, VT y RE (en el
y de factores que lo determinan, que dificultan
caso de las mujeres). Por tanto, la población
la posibilidad de establecer comparaciones
urbana del presente estudio es representativa
entre diferentes estudios, convendría por tanto
del resto de población española (López-García,
utilizar algunas pautas básicas e instrumentos
Banegas et al. 2003), sin embargo la población
comunes a la hora de analizar la CVRS. Es
rural no es
representativa de la población
necesario establecer servicios y programas de
nacional, siendo necesario considerar este
intervención que sirvan para mantener y mejorar
aspecto a la hora de generalizar los resultados.
el nivel de CVRS de las personas mayores, de
Este hecho puede ser debido a los diferentes
forma que sean perfectamente adaptados a
modelos de ruralidad y envejecimiento
cada uno de los contextos (rural y urbano).
existentes en la geografía española (Triado, Villar et al. 2003).
AGRADECIMIENTOS
Este estudio cuenta con algunas
El presente estudio fue financiado por la
limitaciones. Como en otros estudios
Dirección General de Salud Pública y Consumo
epidemiológicos, los resultados son obtenidos a
de la Junta de Extremadura (España) (Proyecto
partir de las respuestas de los participantes y
de Investigación Socio-Sanitaria no. 01/08).
por ello puede estar influenciados por la percepción e interpretación del sujeto. Se ha utilizado un solo cuestionario de evaluación de
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Volume 1. Edição 1
Ferrão, S., Henriques, A., Fontes, R. (2011) Elderly fall prevention in nursing home context – Systematic fall risk assessment using Morse Scale, Get Up and Go and Timed Get Up and Go tests. Journal of Aging & Inovation; 1 (1): 14-22
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE !
DEZEMBRO, 2011
Prevenção e controlo de quedas na Pessoa idosa institucionalizada em Lar - Avaliação de risco sistematizada através da aplicação da Escala de Avaliação de Risco de Queda de Morse, Teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go Elderly fall prevention in nursing home context – Systematic fall risk assessment using Morse Scale, Get Up and Go and Timed Get Up and Go tests
Autores Sónia Ferrão1, Adriana Henriques2, Rui Fontes3 1 e 2 Professora
Escola Superior de Enfermagem de Lisboa,3 Enfermeiro, Presidente da AAGI-ID
RESUMO Introdução: O presente artigo apresenta e discute alguns resultados obtidos durante a realização de um projecto de prevenção e controlo de quedas em contexto de lar de idosos, numa instituição com capacidade para 100 residentes, em que se se implementou a avaliação sistematizada de risco de queda através da aplicação da escala adaptada de Morse, e se aplicaram os testes Get Up and Go e Timed Get Up and Go seguidos de intervenção personalizada a 49 residentes. Metodologia: Baseado na metodologia de projecto, implementou-se a aplicação da Escala de Avaliação de Risco de Queda de Morse a todos os residentes pelo seu enfermeiro de referência (n=74). Paralelamente à aplicação da escala de Morse realizou-se uma avaliação e intervenção personalizadas através da aplicação dos testes Get Up and Go e Timed Get Up and Go (n=49). Resultados: Através da implementação do projecto, a avaliação de risco de queda com a aplicação da Escala de Avaliação de Risco de Queda de Morse passou a ser feita a todos os residentes pelo seu enfermeiro de referência. Constatou-se que cerca de um terço dos residentes apresentava elevado risco de queda. Dos 64 residentes avaliados para realização do teste Get Up and Go, 23% não tinham critério para realização do mesmo por estarem acamados ou em cadeira de rodas. Dos 49 residentes que realizaram o teste, 29,9% demoraram mais de 20 segundos a completá-lo tendo indicação para avaliação multidisciplinar posterior. Os residentes de alto risco foram referenciados aos diferentes técnicos da equipa para avaliação e intervenções individualizadas multifactoriais. Foi nomeado um enfermeiro de referência na prevenção e controlo de quedas no contexto, e criada uma comissão interdisciplinar de acompanhamento do projecto. Conclusões: A avaliação de risco de quedas nos residentes, acompanhada de intervenções dirigidas a cada indivíduo e tendo em conta os diferentes tipos de quedas (acidentais, fisiológicas previsíveis e fisiológicas não previsíveis) constitui uma abordagem sistematizada e diferenciada na prevenção e controlo de quedas na Pessoa Idosa institucionalizada em lar. Palavras-chave: Acidentes por quedas; Pessoa idosa; Avaliação de risco; Enfermagem Geriátrica.
ABSTRACT Introduction: This paper presents and discusses some results obtained during the development of a falls prevention project in nursing home context in which it was implemented a systematic assessment of falling risk through the Morse scale, and applied the Get Up and Go test and Timed Get Up and Go in an institution with a capacity of 100 residents. Methodology: Based on project methodology, we implemented the application of the rating Morse scale to all residents by their reference nurse. In parallel to Morse scale application it was held a personalized assessment and intervention by applying the Get Up and Go test and Timed Get Up and Go. Results: Through the implementation of the project, the fall risk assessment the trough Morse Scale began to be made to all residents by their reference nurse. It was found that about a third of residents had high risk of falling. Of the 64 residents evaluated for performing the Get Up and Go test, 23% had no discretion to perform the same because they were bedridden or wheelchair, and from the 49 residents who performed the test 29.9% took more than 20 seconds to complete it, with further indication for multidisciplinary assessment. It was appointed a falls prevention reference nurse in the context, and created an interdisciplinary commission for monitoring the project. Conclusions: A systematic fall risk assessment in residents, followed by interventions targeted to each individual and taking into account the different types of falls is an efficient and differentiated approach in fall prevention and in institutionalized elderly in the home. Keywords: Accidental falls, Elderly, Risk Assessment, Geriatric Nursing. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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INTRODUÇÃO
dos indicadores de qualidade sensíveis aos
As quedas são a principal causa de morte
cuidados de enfermagem definidos
por trauma nas pessoas com 65 ou mais anos,
internacionalmente para os lares de idosos
podendo conduzir a outras consequências
(Zimmerman, 2003; Rantz, 2004; Wiener et al,
graves como fracturas de fémur, traumatismos
2007).
cranianos e lesões de tecidos moles (NICE,
Para além de tentar prevenir a ocorrência
2004; NCPS, 2004; Rubenstein, 2006; Morse,
da queda, é da responsabilidade dos
2009).
enfermeiros reduzir a taxa de lesão o máximo
Em Portugal, estima-se que as quedas
possível, sendo um importante indicador de
sejam responsáveis por cerca de 70% dos
monitorização de quedas a nível institucional
acidentes em pessoas idosas, ocorrendo
(Morse, 2009).
maioritariamente no domicílio, quer seja privado
Embora a responsabilidade da prevenção
ou instituição, considerando-se uma causa
de quedas não seja exclusiva dos enfermeiros,
importante de internamento hospitalar e
os programas de prevenção e controlo de
mortalidade nesta população (DGS, 2010).
quedas são habitualmente liderados por estes.
Frequentemente as quedas constituem um
As instituições devem ter uma enfermeira
dos motivos de institucionalização da pessoa
especialista como supervisora da
idosa em lar, quer pelas suas consequências,
implementação do programa de prevenção e
recorrência, ou mesmo pelo medo de cair.
controlo de quedas, com responsabilidades que
Apesar disso, a sua incidência não é menor
incluem: preparação de estruturas de registo e
neste contexto, sendo considerado que os lares
monitorização de queda, compra e distribuição
são as instituições onde ocorrem mais quedas
de equipamento de protecção para quedas,
(Morse, 2009). Ainda que se estime que apenas
formação do pessoal (e treino de pessoal
5% do total das pessoas idosas residam em
recentemente contratado), avaliação dos
lares, cerca de 20% da totalidade de quedas
utentes com elevado risco ou que sofreram de
ocorre em idosos institucionalizados em lar
queda para identificação de intervenções
(Rubbenstein, 1997; NCPS, 2004).
apropriadas, coordenar a avaliação de risco e
As quedas nas pessoas idosas
reuniões multidisciplinares de intervenção,
institucionalizadas em lares para além de mais
articulação com os serviços de limpeza e
frequentes, têm habitualmente consequências
manutenção, monitorização contínua do
mais graves quando comparadas às que
projecto, incluindo a preparação de relatórios e
ocorrem nas pessoas idosas a viver em casa,
feedback à administração e equipa (Morse,
pelas características dos residentes em lares,
2009).
habitualmente mais velhos, com maior número
Um dos componentes dos programas de
de co-morbilidades e pior estado funcional
prevenção e controlo de quedas é a avaliação
(Sorensen et al, 2006).
de risco e intervenção concordante com a
A prevalência de quedas constitui assim
mesma. Classicamente, dividem-se os factores
um problema significativo nesta população,
de risco de queda em intrínsecos e extrínsecos
tendo sido inclusivamente apontada como um
e antecipáveis ou não antecipáveis existindo
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Página 16
diferentes abordagens para cada um deles
Outras formas de avaliação de risco de
(NCPS, 2004; NICE, 2004; Morse, 2009). Os
queda são propostas na literatura, como o caso
factores de risco intrínsecos incluem a história
teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go,
recente de quedas, incontinência, alteração
recomendadas para a identificação dos factores
cognitiva, alterações de mobilidade, força e
de risco intrínsecos e extrínsecos para quedas
equilíbrio, tonturas, hipotensão postural, idade
(Wall et al, 2000; Kimbell, 2001), consistindo
acima de 65 anos, osteoporose e estado de
numa avaliação mais detalhada do indivíduo
saúde globalmente deficitário (NCPS, 2004;
permitindo avaliar a marcha equilíbrio, calçado e
Nice, 2004). Os factores de risco extrínsecos
vestuário, visão, entre outros.
são aqueles que estão presentes no ambiente,
Devido à etiologia multifactorial das
como sejam obstáculos ou desníveis difíceis de
quedas e à complexidade da Pessoa Idosa
transpor, iluminação inadequada, espaços de
institucionalizada em lar, considera-se que as
transição mal assinalados, piso escorregadio,
melhores práticas neste contexto são a correcta
entre outros (CDC, 2002; NICE, 2004; NCPS,
identificação de risco de queda e
2004; Morse, 2009).
implementação de estratégias de intervenção
Morse (2009) classificou as quedas em
individualizadas, multifactoriais e
acidentais, fisiológicas antecipáveis e
multidisciplinares (NICE, 2004; Gillespie et al.,
fisiológicas não antecipáveis. Segundo a mesma
2008; ACSQHC, 2009; AGS, 2010).
autora, as quedas fisiológicas antecipáveis constituem 78% do total das quedas, ocorrendo
METODOLOGIA
em pessoas que são identificadas pela escala
Adoptou-se a metodologia de projecto,
de avaliação de risco que concebeu como em
sendo fases de execução, monitorização e
risco de queda por apresentarem factores como
encerramento baseadas no que Morse (2009)
história prévia de quedas, alteração na marcha,
recomenda para o sucesso da implementação
terapêutica intravenosa, e necessidade de
de um programa de prevenção e controlo de
utilização de dispositivos auxiliares de marcha
quedas.
(Morse, 2009). Entidades como o National Center for
Avaliação de risco de queda através da escala de Morse
Patient Safety (NCPS; 2004) recomendam a
Não tendo sido encontrada nenhuma
escala de Morse como instrumento de avaliação
publicação relativa à tradução, adaptação e
de risco adequado para os lares de idosos. Esta
validação da referida escala para português, e
escala consiste num instrumento que visa triar
não constar nenhuma versão portuguesa na
de forma rápida (entre 1 a 3 minutos) as
última publicação da autora (Morse; 2009), foi
pessoas que estão em risco de cair, e assim
iniciado um processo de adaptação da escala
permitir a implementação imediata de
para utilização no contexto clínico do projecto. A
estratégias de intervenção preventivas e
autora foi contactada, autorizando a utilização
protectoras, bem como a monitorização do risco
da escala e enviando recomendações para a
de queda durante a institucionalização.
sua utilização que foram seguidas no projecto.
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De seguida procedeu-se ao processo de tradução com recurso a dois peritos e
feitas algumas avaliações em conjunto com discussão de dúvidas e dificuldades.
posteriormente a escala foi apresentada aos
Todos os enfermeiros realizaram a
enfermeiros da equipa, sendo discutidas as
avaliação de risco dos residentes que lhes
possíveis dúvidas que alguns itens pudessem
estavam atribuídos. Essa informação foi
suscitar e obtido consenso acerca do significado
recolhida, e depois de tratada foi discutida na
dos termos a utilizar.
reunião de equipa divulgando-se os resultados
Tal como a autora recomenda, foram fornecidas instruções escritas de preenchimento
obtidos e confrontando-os com o que literatura descreve.
a todos os elementos da equipa de enfermagem. Ficou um exemplar do seu livro
Teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go
disponível para consulta no lar, num local
Condições de realização do teste:
conhecido por todos os elementos e
Espaço físico: O teste foi realizado no
consideraram-se os scores 0-24 baixo risco,
gabinete médico e no ginásio quando estes se
25-44 médio risco e 45 ou mais risco elevado.
encontravam disponíveis, de forma a garantir as
A primeira fase de aplicação da escala de avaliação de risco de queda na população
condições de realização do teste e intervenção posterior.
residente permitiu a familiarização da equipa
Equipamento utilizado: Cadeira (altura
com a escala, para que se identificassem
aproximadamente 46cm e braços 65cm); Fita
dificuldades de aplicação, exequibilidade da
métrica; Cronómetro; Pino de ginásio; Folhas de
implementação da mesma, entre outros. Assim
avaliação.
sendo, solicitou-se a cada enfermeiro que
Sequência da avaliação: Inicialmente foi
preenchesse a avaliação de risco de queda de
divulgada a avaliação e intervenção com a ajuda
todos os residentes por quem estivesse
da equipa de enfermagem, solicitando a
responsável, tendo-se acompanhado este
participação dos residentes. Posteriormente, os
processo. Durante esta fase questionaram-se
residentes eram abordados individualmente
quais as principais dificuldades de
fornecendo-se informação breve acerca da
preenchimento, da avaliação dos itens
avaliação e intervenção a realizar, e combinava-
necessários e o que pensavam os enfermeiros
se com os interessados a hora e local das
sobre o tempo de preenchimento da escala.
mesmas.
No que concerne ao instrumento, os
As avaliações eram feitas individualmente
enfermeiros, de uma maneira geral,
ou em grupo, designadamente no caso de
consideraram-no de rápido e fácil
casais, de acordo com a preferência dos
preenchimento, sendo as principais dificuldades
residentes.
referentes à diferenciação entre marcha
Inicialmente era recolhida alguma
comprometida e frágil e o significado de estado
informação que permitia conhecer melhor cada
mental no instrumento. Para que essas
residente, nomeadamente a idade, estado civil,
dificuldades fossem ultrapassadas e não
com quem reside no lar, história de quedas,
comprometessem a avaliação efectuada, foram
problemas urinários, hipotensão ortostática, tipo
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de antecedentes pessoais e terapêutica
mesmo local, permanecer em pé enquanto se
habitual. O tempo que demorava esta fase
empurra ligeiramente o tórax, andar até ao
dependia da interacção com cada residente.
marcador no chão e parar completamente, rodar
Muitos residentes colocavam de imediato
e voltar à cadeira, sentando-se sem utilizar os
questões, ou o tipo de informação que
apoios dos braços. À medida que se observava
partilhavam servia de base para o início da
o residente fazer cada passo eram preenchidos
intervenção, nomeadamente a história de
os tópicos que constavam na folha de avaliação.
quedas anteriores, onde se exploravam as
As avaliações realizadas foram discutidas
circunstâncias, local, factores precipitantes,
posteriormente com a equipa de cuidados
entre outros.
quanto ao processo e resultados.
De seguida era fornecida uma explicação mais detalhada do teste com demonstração da
RESULTADOS
sua realização, incentivando-se a colocação de
Escala de Avaliação de Risco de Quedas de
dúvidas.
Morse
Após a explicação e demonstração, cada
Avaliaram-se um total de 74 residentes
residente realizava dois testes, um primeiro com
com idades compreendidas entre 67 e 99 anos,
tempo (timed get up and go) e outro sem tempo
sendo a média de 83,69 ± 6,958 (dp). A maioria
para permitir uma avaliação mais detalhada.
dos residentes tinha 75 ou mais anos (87,8%) e
No timed get up and go cronometrava-se o
7 0 , 3 % d o s r e s i d e n t e s e r a m m u l he r e s .
tempo despendido na tarefa de levantar-se da
Relativamente ao estado civil, 56,9% dos
cadeira (a partir da posição encostada) sem
residentes eram viúvos, 34,7% casados, 5,5%
apoio das mãos se possível, andar três metros
divorciados/separados e 2,8% solteiros. Quanto
até ao pino colocado no solo, girar e voltar no
à partilha de quarto ou apartamento no lar,
mesmo percurso, sentando-se novamente com
32,4% dos residentes estavam em quartos
as costas apoiadas no encosto da cadeira. A
individuais, 31% acompanhados do cônjuge e
instrução dada aos idosos foi que executassem
36,6% partilhavam o quarto com outro residente.
a tarefa de forma segura de acordo com o seu
A distribuição dos residentes pelo tempo
ritmo habitual. Considerou-se até 10 segundos o
de residência no lar encontra-se na tabela 1.
tempo normal para a realização da tarefa por
Através da aplicação da escala de
adultos saudáveis; de 10,1 a 20 segundos os
avaliação de risco de Morse verificou-se que
limites normais de tempo para idosos frágeis ou
44,3% dos residentes foram classificados de
pessoa com deficiência e mais de 20 segundos
baixo risco, 21,4% de médio risco e 34,3% de
um valor indicativo da necessidade de avaliação
alto risco.
e intervenção mais aprofundadas.
As avaliações foram inicialmente
No segundo teste, pedia-se à pessoa para
realizadas em papel, e posteriormente
sentar-se na cadeira com as costas apoiadas,
introduziu-se a escala nos processos
levantar-se sem utilizar os braços como apoio
informatizados dos residentes, tendo sido criado
(se possível), fechar os olhos durante uns
um sistema de alerta para os residentes de alto
segundos enquanto se mantém em pé no
risco.
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Tabela 1: Distribuição dos residentes pelo tempo de residência no lar N
%
Menos de um ano
16
21,9
Entre um e cinco anos
19
26,0
25
34,2
6
8,2
7
9,6
74
100,0
Mais de cinco e menos de dez anos Entre dez e quinze anos Mais de quinze anos Total
Definiu-se em equipa a avaliação de todos os residentes aquando a admissão,
(quarto ou apartamento) eram também abordados nesta interacção.
transferência, ocorrência de queda, alteração do
Esta intervenção com os residentes
estado de saúde e reavaliações periódicas
permitiu a promoção de respostas adaptáveis de
tendo em conta a avaliação anterior.
cada indivíduo ao ambiente, e promovendo a
Os residentes de alto risco foram
sua acção sobre o mesmo. Neste contexto, nos
sinalizados aos elementos da equipa
residentes que participaram na aplicação do
multidisciplinar, nomeadamente fisioterapeuta
teste Get Up and Go, e consequente
de referência e terapeuta ocupacional para
intervenção dirigida à prevenção de quedas, foi
avaliação e intervenção multifactoriais.
possível trabalhar alguns estímulos contextuais visando respostas adaptáveis, que pela
Teste Get Up and Go e Timed Get Up and Go.
constante mudança no ambiente, não são
A aplicação do teste Get Up and Go
focais, mas que podem ter um papel importante
permitiu a observação da pessoa a interagir com
na ocorrência de quedas, como os obstáculos
o ambiente, sendo possível identificar a
no quarto, tipo de roupa e calçado, entre outros.
utilização de vestuário e calçado (in)adequados,
Os resultados do teste Get Up and Go e
défices de visão e a presença de alterações da
respectivas orientações foram discutidos com a
marcha, possibilitando identificar áreas de
equipa de cuidados. No total foram avaliados 64
possível intervenção nas respostas não
residentes. Na tabela 2 encontram-se os
adaptáveis. Efectivamente, para além dos
resultados do Timed Get Up and Go.
aspectos relacionados com a marcha, força de
Nos residentes avaliados com critério para
membros, equilíbrio, era igualmente observado
realizar os testes, 29,9% demoraram mais de 20
e discutido o tipo de calçado e vestuário
segundos a realizar o Timed Get Up and Go.
utilizados habitualmente pelos residentes,
Dentre os residentes que demoraram mais de
alterações visuais e forma de correcção,
20 segundos a completar o teste (n=16), 62,5%
hipotensão ortostática, entre outros. Estes
destes foram sinalizados como alto risco
aspectos eram alvo de discussão visando a
aquando a aplicação da escala de Morse, 25%
promoção de respostas adaptáveis. Os
avaliados em médio risco e 12,5% em baixo
obstáculos existentes nas áreas privadas
risco.
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Tabela 2: Distribuição dos residentes segundo o teste Timed Get Up and Go Percentagem Sem critério para realizar o teste (cadeira de rodas, ou acamados) Até 10 segundos
23,0% 10,8%
Entre 10,1 e 20 segundos Mais de 20 segundos
29,7% Total
23,0% 100,0
Ao contrário da escala de Morse que é um
sentidas e formas de as contornar, dinamizar
instrumento simples e rápido de preencher, a
actividades em equipa como a discussão de
realização deste teste implica maior consumo de
casos e avaliação de resultados ao fim de um
tempo e algumas condições em termos de
ano após o início do projecto.
espaço físico e equipamento, tendo sido considerado que não seria viável integrá-lo na
DISCUSSÃO
prática habitual de cuidados pela equipa a todos
As características sociodemográficas dos
os residentes. Ficou então acordado na equipa
residentes do estudo, nomeadamente o facto de
que seria útil fazer essa avaliação em caso de
a maioria ser do género feminino e com idade
ocorrência de queda e aos residentes
igual ou superior a 75 anos é compatível com o
considerados de alto risco, como auxilio na
que é encontrado na literatura referente aos
avaliação mais detalhada de factores de risco
idosos residentes em lares (Ministério do
intrínsecos e extrínsecos.
Trabalho e Solidariedade Social, 2005;
Para dar continuidade ao projecto e
Rodrigues, 2006).
assegurar a articulação entre os diferentes
A implementação da avaliação de risco de
técnicos da equipa, foi nomeado um enfermeiro
queda sistematizada a todos os residentes pela
de referência na prevenção e controlo de
Escala de Morse obedece ao que é
quedas no contexto. Este elemento ficou
recomendado na literatura por ser o instrumento
responsável por supervisionar a continuação da
mais utilizado internacionalmente e ser
avaliação de risco a todos os residentes,
considerada válida para avaliação de risco de
encaminhar os residentes de alto risco aos
queda (NCPS, 2004). Pode ser utilizada em
diferentes técnicos de referência, monitorizar o
qualquer contexto porque não tem variáveis de
registo de ocorrência de quedas, realizar a
contexto, tendo uma sensibilidade de 84%
avaliação do ambiente anualmente e
(Morse, 2009).
supervisionar a manutenção de equipamento feita pelo auxiliar responsável.
Os momentos estabelecidos para a aplicação da escala no projecto coincidem com
Foi ainda criada uma comissão
o que é preconizado pelo NCPS (2004) que
multidisciplinar de acompanhamento do projecto
afirma que a avaliaçãodeve ser efectuada não
para fazer a actualização das actividades
só aquando a admissão à instituição, mas
relacionadas com o projecto, das dificuldades
também na transferência de uma unidade para
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Página 21
outra na instituição, em situação de alteração no
O envolvimento de toda a equipa, a
estado de saúde, após uma queda e em
nomeação de um enfermeiro de referência e a
intervalos regulares.
criação de uma comissão multidisciplinar
Os resultados obtidos na avaliação de
permitiu obedecer a uma das premissas comuns
risco neste estudo revelaram valores mais
aos diferentes autores no que respeita à
baixos de risco de queda comparativamente aos
prevenção e controlo de quedas, a necessidade
resultados apresentados por Morse (2009) para
de envolver toda a equipa multidisciplinar,
as instituições de longa duração (tabela 3).
devendo a tomada de decisão acerca das
As escalas preditivas de risco de queda,
estratégias adoptadas ser feita em conjunto e
como a escala de Morse, indicam o risco de
articulação pelos diferentes elementos (NICE,
queda, mas não as causas ou o que fazer para
2004; NCPS, 2004; ACSQHC, 2009; Morse,
as prevenir (Morse, 2009). A Pessoa Idosa
2009).
Tabela 3: Percentagem de residentes distribuídos por grau de risco de queda Baixo risco
Médio risco
20,1% 44,3&
34,7% 21,4%
Morse (2009) Presente estudo (2011)
Alto risco 45,1% 34,3%
identificada como estando em risco de cair, deve ser alvo de estratégias de intervenção
CONCLUSÃO
individualizadas, multifactoriais e
Concluiu-se que as características
multidisciplinares (NICE, 2004; Gillespie et al.,
sociodemográficas dos residentes foram
2008; ACSQHC, 2009; AGS, 2010).
concordantes com o que é descrito na literatura.
Na avaliação multifactorial deve incluir-se:
O grau de risco de queda nos residentes
história de quedas, avaliação da marcha e
avaliados foi globalmente mais baixo que o
equilíbrio, mobilidade e fraqueza muscular, risco
descrito por Morse (2009) para as instituições
de osteoporose, capacidade funcional percebida
de longa duração.
e medo relacionado com quedas, avaliação de
Através da realização do projecto
défice visual, défice cognitivo e avaliação
concluiu-se que a avaliação de risco de quedas
neurológica, incontinência urinária, riscos no
nos residentes, acompanhada de intervenções
ambiente, avaliação cardiovascular e revisão
dirigidas a cada indivíduo e tendo em conta os
terapêutica (NICE, 2004; Morse, 2009).
diferentes tipos de quedas, constitui uma
Um dos instrumentos que pode contribuir
abordagem sistematizada e diferenciada na
para a avaliação mais detalhada do indivíduo
prevenção e controlo de quedas na Pessoa
considerado de alto risco de queda e
Idosa institucionalizada em lar.
planeamento de áreas de intervenção é o teste Get Up and Go, na medida em que permite a
REFERENCIAS
avaliação da marcha, equilíbrio, despistar
•
American Geriatrics Society. AGS/BGS
hipotensão ortostática, alterações visuais entre
Clinical Practice Guideline: Prevention of
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Ferreira, Z. (2011) Perceived Health Status of Institutionalized Elderly. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 23-29
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE !
DEZEMBRO, 2011
PERCEPÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA INSTITUCIONALIZADA PERCEIVED HEALTH STATUS OF INSTITUTIONALIZED ELDERLY
Autores
Zelia Ferreira1 1Enfermeira,
MsC, corresponding author: zeliapatricia@portugalmail.pt
RESUMO Ao refletir sobre os fenómenos demográficos da população, emerge subtilmente a noção que a população tende a envelhecer, este fenómeno estende-se para além das fronteiras de um país (Portugal), e adquire uma dimensão europeia e mundial. É perante esta realidade que todos os profissionais de saúde devem estar sensibilizados para prestar cuidados a pessoas neste estadio da vida, de tal modo que a sua intervenção seja global, humana e digna de resposta às necessidades destes indivíduos. Neste artigo, é feita uma breve exposição de um estudo realizado com um grupo de idosos institucionalizados. Este estudo teve como principal objectivo: avaliar a percepção do estado de saúde da pessoa idosa institucionalizada. Foram recolhidos dados através de uma caracterização sócio-demográfica, através do Mini Mental State e através do Questionário de auto - avaliação da saúde e do bem-estar físico (de Fonseca e Paúl, 1999). Os dados obtidos foram trabalhados numa perspectiva de estatística descritiva e estatística inferencial A expetativa dos resultados alcançados num estudo, é o motor de motivação para quem o elabora, e neste trabalho foi uma constante. Os resultados obtidos permitem afirmar que: a maioria dos indivíduos que participaram no estudo designa a sua saúde em geral como “aceitável” ou “fraca” e relacionam a percepção do seu estado de saúde com a saúde dos seus pares, nomeadamente quando se reportam aos itens relacionados com aspectos físicos. Palavras-chave: percepção, saúde, idoso, institucionalização
ABSTRACT Reflecting on the demographic phenomena of the population, subtly emerges the notion that population tend to age, this phenomenon extends beyond the borders of one country (Portugal), and acquires a European and global dimension. It is against this reality that all health professionals should be aware of caring for people in this stage of life, so that its intervention is global, humane and dignified response to the needs of these individuals. This article is a brief exposition of a study with a group of institutionalized elderly. This study had as its main objective: to evaluate the perception of health status of institutionalized elderly. Data were collected through a socio-demographic, with the Mini Mental State Questionnaire and through the self - assessment of health and physical well-being (Fonseca and Paul, 1999). The data obtained was from the perspective of descriptive statistics and inferential statistics The expectation of the outcome of a study, is the driving motivation for those who prepare it, and this work was a constant. The results obtained allow to conclude that: the majority of individuals who participated in the study refers to your overall health as "acceptable" or "weak" and relate the perception of their health and the health of their peers, especially when they relate to items related to physical aspects. Keywords: perception, health, elderly, institutionalized
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INTRODUÇÃO
Na mesma linha de pensamento, é de
O investimento no estudo da “Saúde e
extrema pertinência aprofundar os
Envelhecimento” faz todo o sentido quando, no
conhecimentos nesta área, uma vez que os
início do século XXI, a sociedade se depara com
profissionais de saúde têm um papel bastante
uma população envelhecida.
importante para que as pessoas vivam a sua
O facto de um ser vivo envelhecer faz com
velhice de forma feliz, equilibrada e consistente.
que ocorram mudanças, ao longo do ciclo de
Isto não só nos momentos onde a doença está
vida e o ser humano não é excepção. Daí que
presente, mas também quando a prevenção é
ocorram alterações nas diversas dimensões que
fundamental, independentemente do seu
o compõem: biopsicossocioculturais.
contexto ambiental.
Dada a caracterização actual da
A percepção que a própria pessoa tem do
população mundial e nacional (portuguesa) e
seu estado de saúde, é um aspecto elementar a
uma projecção, não muito longínqua, que indica
ter em conta na tomada de decisão no âmbito
um aumento considerável da população idosa,
da intervenção em saúde. Isto quando se
importa perceber a dinâmica e a concepção da
pretende ter uma melhoria da intervenção tendo
pessoa idosa numa visão holística, onde a
em conta as características das pessoas,
saúde ganha um lugar de destaque.
grupos, ou comunidade, não obstante os
A saúde, não é só uma inquietude dos profissionais de saúde que trabalham com
contextos onde estão inseridas e as suas necessidades.
pessoas envelhecidas, mas é também um dos
Com a realização deste estudo espera-se
principais objectos de preocupação dos próprios
contribuir para desmistificar o estereótipo de lar
idosos, uma vez que o aumento da sua
de idosos enquanto “gueto social” para pessoas
fragilidade está marcado, existe uma diminuição
idosas. Pretende-se também que os resultados
da sua capacidade funcional e, por conseguinte,
deste estudo venham a contribuir para uma
o aumento da sua dependência.
intervenção mais adequada dos profissionais de
O cuidar ao ser humano fundamenta-se
saúde que trabalham com as pessoas neste
nos conhecimentos científicos sobre o processo
contexto, promovendo uma intervenção mais
de viver/envelhecer. Os conhecimentos que dão
assertiva e congruente, no sentido de tornar a
base ao cuidar das pessoas que envelhecem
prestação de cuidados a pessoas idosas nas
incluem o entendimento das necessidades, das
instituições mais individualizada e promotora da
adaptações e das mudanças que ocorrem ao
qualidade de vida.
longo do ciclo de vida. É importante e prioritário
É pertinente estudar os fenómenos
saber quais as necessidades sentidas em
relacionados com a saúde dentro deste tipo de
cuidados face à doença e às perdas de
instituições porque dada a expansão destes
funcionalidade e autonomia, daí ser tão
contextos sociais, em função das alterações
relevante escutar a palavra das próprias
demográficas e consequentes alterações
pessoas que possuem a vivência de estar
sociais, é crucial reflectir e pensar nesta
institucionalizadas.
realidade como uma resposta aceitável e satisfatória para todos os intervenientes, quer
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para os próprios idosos, quer para a respectiva
civil; tempo de residência na instituição;
família e para a instituição.
habilitações literárias; actividade profissional (antes de situação de
METODOLOGIA
reforma)
Foi realizado um estudo descritivo de nível
institucionalização.
I, correlacional, analítico, transversal e com uma
e
motivo
de
• Deterioração cognitiva – este
abordagem metodológica quantitativa.
parâmetro poderia ser utilizado como
Foram enunciadas as seguintes
uma variável, no entanto foi unicamente
hipóteses:
utilizado para selecção mais precisa
1. Existe relação entre a percepção do
estado de saúde das pessoas idosas
dos intervenientes do estudo. •
Percepção do estado de saúde das
institucionalizadas e os dados sócio –
pessoas idosas institucionalizadas:
demográficos?
saúde física; actividade física e mental;
2. Existe relação entre a percepção do
condição física; sono; audição; visão;
estado de saúde das pessoas idosas
consumo de tabaco e consumo de
institucionalizadas e a saúde dos seus
álcool.
pares (outras pessoas do mesmo género e da mesma idade)? 3. Existe relação entre a percepção do
Foram recolhidos dados, utilizando os seguintes instrumentos: •
estado de saúde das pessoas idosas
Caracterização da população – alvo Com este instrumento, criado para o
institucionalizadas e os hábitos de vida,
efeito, pretende-se conhecer as características
nomeadamente, hábitos alcoólicos e
sócio - demográficas de toda a população - alvo
hábitos tabágicos?
do estudo. Daqui obtêm-se informações
4. Existe relação entre a percepção do
relacionadas com a capacidade de lotação das
estado de saúde das pessoas idosas
instituições, a idade máxima e mínima dos
institucionalizadas e a presença de
residentes, divisão por género e por estado civil.
determinados colaboradores numa instituição, nomeadamente, Director
•
Caracterização dos colaboradores das Instituições
Técnico, Assistentes Operacionais,
Através deste instrumento pretende-se
Enfermeiro, Médico, Fisioterapeuta,
conhecer como são constituídas as equipas
Terapeuta Ocupacional, Técnico de
multidisciplinares de cada instituição, tendo em
Nutrição e Animador Sócio – Cultural?
conta a função, formação e tipo de horário de
Tendo em conta o referencial teórico, e
cada colaborador. Este tipo de informação é útil
uma vez que estudou um fenómeno numa
para perceber em que sentido a presença de
determinada população, com as suas
elementos (profissionais de saúde ou não) no lar
características específicas, foram definidas as
afectam ou não a percepção da saúde dos
seguintes variáveis:
idosos que residem em lares.
•Sócio - demográficas e
profissionais: género; idade; estado JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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•
Caracterização sócio demográfica e profissional A aquisição de informação para a
caracterização sócio – demográfica de cada
As instituições que deram alçadas a este estudo são aquelas que se enquadram nos seguintes requisitos: •
indivíduo da amostra é feita com base num instrumento também criado para o efeito. Aqui
Conferir alojamento colectivo aos seus residentes, de cariz definitivo;
•
Estar localizado no concelho de
obtêm-se dados relacionados, com a idade,
Santarém, independentemente do tipo
género, estado civil, habilitações literárias,
de natureza jurídica. No concelho de
actividade profissional (exercida em idade
Santarém existe uma instituição de
activa), tempo que reside na instituição, motivo
carácter público, sete de carácter privado
pelo qual foi institucionalizado e iniciativa do
e três Institutos Privados de
internamento. Estes dados permitem o
Solidariedade Social;
conhecimento das características de cada
•
sujeito interveniente no estudo. •
actualizado, segundo o Instituto da
Mini Mental State
Segurança Social – Centro Distrital de
Aplica-se o Mini Mental State, versão
Santarém.
traduzida e adaptada por Guerreiro (2003), com o intuito de triar as pessoas sem deterioração
A técnica de amostragem é inteiramente não probabílistica por conveniência.
mental a nível das funções cognitivas. •
Possuir alvará de funcionamento
A população passível de ser estudada
Questionário de auto-avaliação da
pertence a 9 instituições distintas, deste
saúde e do bem-estar físico
conjunto 62 indivíduos fazem parte da instituição
A aplicação do Questionário de Auto-
de cariz público, 155 indivíduos das instituições
Avaliação da Saúde e do Bem-Estar Físico de
de cariz privado e 120 indivíduos de Instituições
Fonseca e Paul (1999) tem como objectivo
Privadas de Solidariedade Social.
avaliar os índices de saúde percebida em
No seu total esta população é constituída
grupos de indivíduos com idade avançada, com
por 337 indivíduos, 234 são do sexo feminino e
competência associada ao processo de
103 são do sexo masculino.
envelhecimento. Estudo piloto sobre
A constituição da amostra passou por
envelhecimento, versando os seguintes
incluir as pessoas que residam em lares de
indicadores relativos à saúde e ao estilo de vida:
idosos (anteriormente descritos) e que:
(i) Saúde física, (ii) Actividade física e mental,
•
Tenham mais de 65 anos;
(iii) Condição física, (iv) Sono, (v) Audição, (vi)
•
Aceitem participar no estudo
Visão, (vii) Consumo de tabaco, (viii) Consumo
deliberadamente (consentimento
de álcool. (Fonseca e Paul, 2004).
assinado);
O meio onde se desenvolverá este estudo
•
será em instituições denominadas por “lares de idosos”, enquanto resposta social, em que os
Residam na instituição há mais de 6 meses;
•
Sem defeito cognitivo.
indivíduos idosos permanecem na instituição numa lógica de alojamento colectivo definitivo. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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RESULTADOS
Neste estudo, as hipóteses foram testadas
A amostra foi constituída por 75 indivíduos, com média de idades a rondar os 83,2 anos, em que 36% são do género masculino, 57,3% são viúvos e 25,3% são
por correlação bivariada (com o recurso ao coeficiente de correlação de Spearman). A tabela nº 2 expõe as variáveis que se correlacionam entre si.
casados. Deste conjunto, 60% tem instrução primária. Da amostra 12,6% das pessoas estão
DISCUSSÃO
institucionalizadas há 6 meses e a “dificuldade
Em investigação nem sempre os
em auto-cuidar-se” é o principal motivo pelo qual
resultados que são esperados são os que se
foram para a instituição, e na sua maioria, foram
obtêm efectivamente, porém há que perceber a
para a instituição por iniciativa própria.
realidade com base nos valores estatísticos
O tratamento dos dados foi feito através
obtidos, sustentada pelo referencial teórico.
da análise dos dados obtidos pela estatística
O objectivo deste estudo foi avaliar a
descritiva utilizando como suporte informático o
percepção do estado de saúde das pessoas
SPSS (Statistical Package for the Social
idosas institucionalizadas, tendo em conta os
Sciences), versão 17.0 para o Windows.
objectivos específicos é possível apresentar as
Uma vez que seria demasiado extensa
seguintes conclusões:
toda a informação obtida, aqui apenas se faz
• A grande maioria da amostra
alusão aos dados obtidos no Questionário de
designa como “aceitável” ou “fraca” a
auto-avaliação da saúde e do bem-estar físico
sua percepção da saúde, em geral;
(Fonseca e Paúl, 1999), referente ao item
• Neste caso, os dados sócio –
“saúde física”, embora este tratamento tenha
demográficos não têm relação com a
sido feito para todos os itens que a compõem.
percepção do estado de saúde destas
(Tabela nº 1)
pessoas, ao contrário do que nos é dito pelos autores, possivelmente este facto Tabela nº 1 – Resultados da auto-avaliação da saúde física Auto-avaliação da saúde (geral) Muito Boa Boa Aceitável Fraca Muito Fraca
N 3 8 21 29 14
% 4,0 10,7 28,0 38,7 18,7
Comparação com o ano passado Mais ou menos na mesma Um pouco pior do que há um ano
32 27
42,7 36,0
Comparação com as pessoas da mesma idade e mesmo sexo Um pouco melhor Mais ou menos na mesma Não sabe
28 28 3
37,0 37,0 4,0
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Tabela nº 2 - Correlações entre a “saúde dos seus pares” e a percepção do estado de saúde dos idosos institucionalizados Variável
Teste
Percepção do estado de saúde
Saúde Física
ρ
0,413**
Sig. (2-tailed)
0,000
ρ
0,354**
Sig. (2-tailed)
0,002
ρ
0,598**
Sig. (2-tailed)
0,000
ρ
0,255*
Sig. (2-tailed)
0,027
Actividade física e mental
Condição física
Visão
* Correlação significativa a um nível de 0,05 (2 – tailed) ** Correlação significativa a um nível de 0,01 (2 – tailed)
dever-se à homogeneidade que
• Não existe relação entre as
caracteriza a amostra, devido à
instituições que participaram no estudo
institucionalização destas pessoas;
e a percepção da saúde das pessoas
• Existe relação significativa entre a
idosas institucionalizadas.
percepção do estado de saúde das
A realização deste trabalho foi
pessoas idosas institucionalizadas e a
considerada um desafio. Quando nos propomos
saúde dos seus pares, essencialmente
a um determinado objectivo é preciso rigor,
quando se abordam itens relacionados
esforço e disciplina intelectual para o conseguir
com aspectos físicos. Há que referir
alcançar.
que os intervenientes do estudo
O ponto de partida deste estudo teve
quando se pronunciam sobre a própria
origem numa problemática, à qual a autora se
saúde os resultados tendem para uma
depara no dia-a-dia, in loco, e termina com uma
dimensão mais negativa, mas quando
leitura breve e reflexiva, espelho da experiência
se compraram com outros (da mesma
da deslocação a várias instituições que auferiu a
idade
oportunidade de contactar com pessoas que
e
do
mesmo
sexo)
percepcionam-se numa medida mais positiva;
residem nesses contextos. Esta experiência em investigação revelou,
• No que concerne aos hábitos de
com base no conhecimento científico, a ideia
vida, não existe relação entre a
que gostaria de salvaguardar: o facto de as
percepção do estado de saúde das
pessoas idosas residirem numa instituição não
pessoas idosas e os hábitos alcoólicos
significa que tenham de percepcionar a sua
e os hábitos tabágicos;
saúde de forma negativa, há uma panóplia de
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informação que, ao ser conhecida, pode ajudar a melhorar a intervenção em vários sentidos e, por conseguinte, ir ao encontro do que o próprio indivíduo percepciona da sua saúde. CONSIDERAÇÃO FINAL É importante ter em conta que os idosos de hoje são diferentes dos idosos das gerações anteriores e os futuros idosos terão outras especificidades em comparação com os idosos actuais, e é com base neste raciocínio que faz sentido investigar e investir no conhecimento directamente relacionado com a Gerontologia. REFERÊNCIAS •
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•
FONSECA e PAUL - “Saúde percebida e passagem à reforma” in Psicologia, Saúde & Doenças, Vol. 5, Nº 1 (2004);
•
PAUL et al - “EXCELSA – Estudo piloto sobre o envelhecimento humano em P o r t u g a l ” i n P s i c o l o g i a : Te o r i a , Investigação e Prática, Vol. 2, Centro de Estudos em Educação e Psicologia, Universidade do Minho (2001).
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Ramos, A., Fonseca, C., Ferreira, M., Malheiro, N. (2012) Noninvasive Ventilation Versus Mechanical Ventilation, Gains in Health. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 30-40
REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW!
DEZEMBRO, 2011
VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA VERSUS VENTILAÇÃO MECÂNICA, GANHOS EM SAÚDE NONINVASIVE VENTILATION VERSUS MECHANICAL VENTILATION, GAINS IN HEALTH VENTILACIÓN NO INVASIVA FRENTE A LA VENTILACIÓN MECÁNICA INVASIVA, AVANCES EN SALUD
Autores
Ana Ramos1, César Fonseca2, Marta Ferreira3, Natália Malheiro4
1Enfermeira,
MsC, Hospital de Santa Maria, 2Enfermeiro, MsC, PhD Student, Hospital Pulido Valente (HPV),
3Enfermeira,
MsC, 4Enfermeira, MsC, HPV
RESUMO Objectivo: Determinar quais os ganhos em saúde da utilização da ventilação não invasiva comparativamente à ventilação mecânica. Metodologia: Efectuada pesquisa no motor de busca EBSCO, e duas bases de dados: CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with Full Text, British Nursing Index). Foram procurados artigos em texto integral (Julho/2009), publicados entre 2000/06/01 e 2010/06/31. Foi utilizado o método de PI[C]O e seleccionados 9 artigos do total de 325 encontrados. Resultados: A ventilação não invasiva reduziu a incidência de Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência multi-orgânica, bem como a necessidade de antibioterapia e tempo de internamento em Unidade de Cuidados Intensivos, que se traduziu numa diminuição da co-morbilidade e mortalidade associada à insuficiência respiratória. Consequentemente, diminuiu para metade o recurso à entubação traqueal e/ou traqueostomia, necessidade de oxigenoterapia e alimentação parentérica, com impacto positivo na percepção da qualidade de vida e conforto psico-emocional da pessoa e seu núcleo envolvente. Conclusões: A ventilação não invasiva, utilizada em falência respiratória ligeira (7,35<pH>7,30), diminui significativamente as complicações graves e irreversíveis da ventilação mecânica, com repercussão na expectativa de vida e redução dos custos em serviços de saúde. Palavras-chave: Ganhos em saúde, Ventilação Não Invasiva; Ventilação Mecânica.
ABSTRACT Objective: To determine which health gains from the use of noninvasive ventilation compared with mechanical ventilation. Methodology: Performed research in EBSCO search engine, and two databases: CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with Full Text, British Nursing Index). Articles were searched in full text (July/2009), published between 01/06/2000 and 31/06/2010. We used the method of PI [C] O and selected 9 articles of total 325 found. Results: Noninvasive ventilation reduced the incidence of nosocomial pneumonia and sepsis with multi-organ failure and the need for antibiotic therapy and length of stay in Intensive Care Unit, which resulted in a decrease in co-morbidity and mortality associated with respiratory failure. Consequently, halved the use of endotracheal intubation and / or tracheostomy, need for oxygen therapy and parenteral nutrition, with positive impact on perceived quality of life and psycho-emotional comfort of the person and engaging your core. Conclusions: Noninvasive ventilation, used in mild respiratory failure (7.35 <pH> 7.30), significantly reduces serious and irreversible complications of mechanical ventilation, with repercussions in life expectancy and reduce costs in health services. Keywords: Gains in health, Noninvasive Ventilation, Mechanical Ventilation.
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INTRODUÇÃO
modifica os mecanismos naturais de defesa e
A ventilação não invasiva (VNI) assume
protecção, que aumenta drasticamente a
cada vez uma maior relevância tanto nos
possibilidade de infecções nosocomiais, como a
estudos científicos desenvolvidos, como na
pneumonia, sinusite e otite (Fagon et al., 2000;
prática clínica, que a sustentam como uma
Burns, Adhikarin & Meade, 2006; Agarwal et al.,
vantajosa alternativa relativamente à ventilação
2009; Jvirjevic et al., 2009). Assim, como
mecânica (VM), sobretudo em situação de
aumenta o desconforto, a dor, o stress
insuficiência respiratória aguda.
psicológico, a possibilidade de barotrauma,
Paralelamente, compreende-se a
impede a alimentação por via oral, da mesma
pertinência da presente temática quando, os
forma que impossibilita a comunicação verbal,
internamentos nos hospitais públicos
sendo necessário recorrer a outras formas de
portugueses subiram, de 1990 a 1998, para
comunicação, nem sempre bem sucedidas, que
54%, onde a doença pulmonar crónica
exacerbam estados de ansiedade (Burns,
obstrutiva ocupa um lugar proeminente, com
Adhikarin & Meade, 2006; Agarwal et al., 2009).
previsão de prevalência crescente e grau de
A VNI pode providenciar um suporte
incapacidade que gera preocupante. Ainda, de
ventilatório parcial a pessoas com insuficiência
acordo com o Inquérito Nacional de Saúde, 15%
respiratória (Agarwal et al., 2009), em estádios
dos inquiridos que consultou os serviços de
precoces, que tenham capacidade para respirar
saúde nos últimos três meses fê-lo por queixas
espontaneamente e que preencham critérios
respiratórias (Direcção-Geral de Saúde, 2004).
para extubação ou desmame ventilatório,
De âmbito lato, American College of Chest
actuando, deste modo, na diminuição do
Physicians, American Association for
período de necessidade de VM e/ou re-
Respiratory Care e American College of Critical
entubação e, consequentemente, de sedação e
Care Medicine descrevem a VNI como uma
das suas complicações associadas (Rahal,
modalidade promissora na redução do tempo de
Garrido & Cruz, 2005). Ao salvaguardar a
entubação traqueal e na melhoria dos
capacidade de clearence brônquica previne o
resultados em saúde (Burns, Adhikarin &
enfraquecimento dos músculos respiratórios
Meade, 2006).
(Burns, Adhikarin & Meade, 2006),
A ventilação mecânica ao envolver uma
positivamente relacionados com a taxa de
técnica invasiva está associada a complicações
sobrevida e redução do tempo de permanência
mais preocupantes, que podem condicionar
em Unidade de Cuidados Intensivos (Gehlbach,
significativamente a evolução clínica favorável
et al., 2002; Giacomini et al., 2003).
do doente em estado grave (Rahal, Garrido &
A VNI através da aplicação de pressão de
Cruz, 2005). A presença do tubo endotraqueal
suporte – pressão expiratória final positiva ou
pode provocar lesão directa do pavimento
pressão positiva contínua, por meio de mascara
respiratório, acompanhada de inflamação,
nasal ou facial, permite reduzir o trabalho dos
ulceração, hemorragia, isquémia ou estenose da
músculos respiratórios e a frequência
via aérea, em casos extremos (Jvirjevic et al.,
respiratória, optimizar as trocas gasosas por
2009). A presença de uma via aérea artificial
recrutamento de alvéolos hipoventilados (Rahal,
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Garrido & Cruz, 2005; Agarwal et al., 2009), bem
factor independente associado à redução do
como possibilita aumentar o volume tidal ou
risco de entubação e mortalidade (Rahal,
corrente, em relação à VM (Burns, Adhikarin &
Garrido & Cruz, 2005). Adicionalmente, uma
Meade, 2006). Todavia, existem algumas contra-
meta-análise recente enfatizou a VNI como uma
indicações clínicas que condicionam o seu uso,
medida de redução da entubação orotraqueal
tais como: alteração do estado de consciência,
em 65%, diminuição da taxa de mortalidade em
trauma facial, instabilidade hemodinâmica,
55% e do tempo de internamento hospitalar em
diminuição do reflexo de deglutição, cirurgia
1,9 dias (Quon, Gan & Sin, 2008). Tendo em
esofagogástrica recente, evidência de isquémia
conta que, os doentes que mais vantagens
miocárdica ou presença de arritmias
podem retirar desta técnica são aqueles com
ventriculares (Rahal, Garrido & Cruz, 2005). É
falência respiratória ligeira a moderada e com
de salientar, porém, que a sofisticação dos
repercussão pouco acentuada no pH (pH=7,30
equipamentos e máscaras tem tornado os
a 7,35) (Ferreira et al., 2009).
benefícios da VNI visíveis, mesmo em grupos
Face ao exposto, a presente revisão de
populacionais específicos. Da utilização da VNI
literatura pretende discriminar quais os ganhos
também podem advir eventuais complicações,
em saúde associados à VNI comparativamente
que incluem a perda da integridade cutânea
à VM, nos últimos 10 anos, com base em
nasal ou facial, distensão abdominal, risco de
evidências científicas.
aspiração de conteúdo gástrico, distúrbios no padrão de sono e conjuntivites (Jvirjevic et al., 2009).
METODOLOGIA De forma a delimitar um vasto campo de
A VNI tem demonstrado resultados
hipóteses inerentes à problemática da VNI e a
superiores diferenciais em relação aos cuidados
responder ao objectivo delineado, elaborou-se a
convencionais, em que a sua utilização em
seguinte questão de partida, que atende aos
doentes com insuficiência respiratória
critérios do formato PICO (Melny e Fineout-
hipoxémica traduziu-se na ocorrência de 3% de
Overholt, 2005): Quais os ganhos em saúde
pneumonia e/ou sinusite, em oposição à VM,
(Outcome) das pessoas (Population)
utilizada em situações idênticas, que teve uma
submetidas a ventilação não invasiva
incidência de 38% (p = 0,02) (Antonelli et al.,
(Intervention), em relação à ventilação invasiva
1998). O recurso à VNI diminui a necessidade
(comparation)?
de utilização de oxigenoterapia a alto débito e
Por conseguinte, ao se definir o objecto
realização de traqueostomia, com evidência de
alvo de estudo e ao se pretender uma
eficácia em pessoas com doença pulmonar
compreensão mais ampla deste fenómeno foi
crónica obstrutiva, asma, submetidos a
levada a cabo uma pesquisa em base de dados
transplante, em estado de neutopénia, doenças
electrónica, na EBSCO em geral e, em particular
neuromusculares, bronquiectasias e fibrose
na CINAHL Plus with Full Text, MEDLINE with
quística (Ferreira et al., 2009). Este fenómeno é
Full Text, British Nursing Index). As palavras-
comprovado pelo facto de, a análise
chave orientadoras utilizadas foram previamente
multivariada ter demonstrado que a VNI é um
validadas pelos descritores da United States of
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National Liberary of National Institutes of Health,
pelo facto da maior abrangência face ao
com a respectiva orientação: [(“Positive
conhecimento existente sobre a matéria em
Pressure Ventilation” OR “Intermittent Positive
análise. Para avaliáramos os níveis de evidência
Pressure Ventilation” OR “Respiratory Failure”;
utilizamos seis níveis de evidência: Nível I:
“Respiration, Artificial” OR “Positive End-
revisões sistemáticas (meta análises/ linhas de
Expiratory Pressure” OR “Continuous Positive
orientação para a prática clínica com base em
Airway Pressure” OR “Positive-Pressure
revisões sistemáticas), Nível II: estudo
Ventilation” OR “Nasal Continuous Positive
experimental, Nível III: estudos quasi
Airway Pressure”) AND (“Outcome Assessment”
e x p e r i m e n t a i s , N í v e l I V: e s t u d o s n ã o
OR “Outcome Measures” OR “Outcome Studies”
experimentais, Nível V: estudo qualitativo/
OR “Outcomes Assessment” OR “Outcomes
revisões sistemáticas da literatura sem meta
Research”)], as palavras foram procuradas em
análise, Nível VI: opiniões de autoridades
texto integral (Julho/2009), retrospectivamente
respeitadas/ painéis de consenso (Capezuti,
até 2000, resultando 325 artigos no total. Guyatt
2008; Guyatt, e Rennie, 2002).
e Rennie (2002), consideram que as revisões
Como critérios de inclusão privilegiaram-
sistemáticas da literatura devem considerar a
se os artigos com cerne na problemática da VNI
evidência dos últimos 5 anos, no entanto
vs VM, com recurso a metodologia qualitativa e/
consideramos o período temporal de 10 anos
ou qualitativa ou revisão sistemática da
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QUADRO 1: Artigos incluídos. Autor/ Tipo Participantes Intervenções autores de Estud o F a g o n Quanti 413 doentes A estratégia de abordagem e t a l . tativo com pneumonia invasiva foi baseada no (2000) potencialmente exame directo de amostras relacionada de broncoscopia ou com a amostras de secreções ventilação broncoalveolares e as suas culturas. A estratégia de abordagem não-invasiva foi baseada no isolamento de microorganismos presentes na árvore trraqueobrônquica e implementação das guidelines definidas.
Nível de Eviden cia Comparado os dois grupos, no grupo II submetido a VNI verificou-se uma redução da mortalidade em 14 dias (16,2% e 25,8%, p=0,022), bem como a necessidade do uso de antibióticos (média número de dias sem antibiótico, 5,0 ± 5,1 e 2,2 ± 3,5; p<0,001), associado a diminuição da ocorrência de Sepsis, com falência multi-orgânica (6.1 ± 4.0 e 7.0 ± 4.3; p= 0.033).
Jurjevic Quanti 1 5 6 d o e n t e s e t a l . tativo c o m d o e n ç a (2009) p u l m o n a r obstrutiva crónica
Comparar a VNI e a VM em doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)
Verificou-se que a VNI é uma abordagem mais segura para os doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica. A duração da ventilação não invasiva para a invasiva foi 94:172 horas, p <0,001,o tempo gasto na Unidade de Cuidados Intensivos 120:223 horas, p <0,001. A Pneumonia associada à ventilação mecânica 5 (6%): 29 (37%), p <0,001. A vantagem da VNI em doentes com DPOC, é especialmente notória nos estádios iniciais.
II
W i l s o n Quanti T r i n t a e t r ê s e t a l . tativo d o e n t e s c o m (2004) d o e n ç a p u l m o n a r obstrutiva crónica.
Desenvolver um protocolo de apoio à decisão de VM. Descrever o processo, os riscos e os resultados de entubação e VM para doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica
Dois participantes (6%) relataram que já tinham tomado a decisão prévia sobre a VM. Depois de analisar todo o apoio à decisão, 23 (94%) participantes renunciaram a VM após conhecimento de todo o processo riscos e resultados.
III
Santin, Quanti 5 0 l a c t e n t e s Brodsk tativo (nascidos entre y e 10/99 e 12/02), Bhand de 28 a 34 a r i s e m a n a s (2004) gestação
Comparar os resultados de um grupo de lactentes com síndrome da angústia respiratória, numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, que foram extubados e submetidos a ventilação nasal intermitente de pressão positiva com um grupo de criança submetidas a VM.
A duração total da entubação traqueal e duração de exposição ao oxigénio suplementar foram significativamente menores no grupo submetido a VNI. Além disso, a duração da nutrição por via parenteral também foi significativamente menor no grupo submetido a VNI. Não houve diferença entre os dois grupos relativamente aos valores analíticos sanguíneos.
III
Giacom Quanti 58 doentes com inni et tativo edema agudo a l . do pulmão. (2003)
Determinar se a VNI pode evitar o internamento de doentes com edema agudo do pulmão numa Unidade de Cuidados Intensivos.
Nenhum dos doentes foi submetido a VM ou internado numa Unidade de Cuidados Intensivos. Verificou-se dois novos episódios de enfarte agudo do miocárdio.
II
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Resultados
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B u r n s , Quanti A d u l t o s c o m Adhika tativo i n s u f i c i ê n c i a ri e respiratória Meade (2003)
Sintetizar a evidência científica comparando a VNI com pressão positiva e a VM com pressão positiva invasiva e qual o seu impacto no desmame ventilatório, na taxa de mortalidade, pneumonia e duração total de VM Piepers Quanti P e s s o a s Analisar os efeitos da VNI na e t a l . tativo submetidas a s o b r e v i v ê n c i a e n a (2006) VNI qualidade de vida das pessoas submetidas.
Gehlba Quanti T o d o s os ch et al tativo d o e n t e s ( 7 8 ) (2002) com estado de mal asmático admitidos numa unidade de c u i d a d o s intensivos de um Hospital em Chicago que f o r a m submetidos a ventilação com p r e s s ã o p o s i t i v a , durante um período total de cinco anos. Agarwa Quanti 19 doentes com l et al tativo i n s u f i c i e n c i a (2009) respiratória hipoxémica aguda
Cinco estudos demonstram que, comparando a VM e a VNI com pressão positiva, a VNI diminui a taxa de mortalidade, bem com o tempo de internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos.
I
Todos os estudos relatam os efeitos benéficos da VNI. Em sete estudos a VNI foi associada a sobrevivência prolongada em doentes tolerantes à VNI. Cinco estudos relataram que os doentes apresentavam uma qualidade de vida superior.
I
Cinquenta e seis participantes foram submetidos a entubação endotraqueal durante o internamento, trinta e cinco participantes foram submetidos a VNI. Sete dos doentes submetidos a VNI foram posteriormente submetidos a VM. Três morreram. Este estudo confirma que, embora a mortalidade associada ao estado de mal asmático, tratado com métodos contemporâneos de ventilação com pressão positiva seja baixa, o sexo e a entubação traqueal estão associados a um aumento do tempo de internamento e ao desenvolvimento de insuficiência respiratória. D e t e r m i n a r q u a i s o s Depois de uma hora, houve uma resultados da VNI e os diminuição significativa na frequência f a c t o r e s l i g a d o s a o respiratória e frequência cardíaca, insucesso da VNI com aumento do pH e PaO2. No entanto, não houve diferença na melhoria dos parâmetros clínicos e dos valores analíticos sanguíneos entre os dois grupos. O tempo médio de internamento na unidade de cuidados intensivos e a mortalidade hospitalar foram semelhantes nos dois grupos.
II
Descrever a evolução dos participantes em estado de mal asmático internados numa Unidade de Cuidados Intensivos com ventilação com pressão positiva. Identificar os factores associados ao aumento do tempo de internamento.
III
literatura, que clarificassem as suas vantagens
estudo. O percurso metodológico levado a cabo
na aplicação da prática clínica e o seu impacto
encontra-se exemplificado na figura 1.
nos resultados em saúde. Nos critérios de
Por conseguinte, para tornar perceptível e
exclusão inseriram-se todos os artigos com
transparente a metodologia utilizada explicita-se
metodologia pouco clara, repetidos nas duas
a listagem dos 9 artigos filtrados, que
bases de dados, com data anterior a 2010 e
constituíram o substrato para a elaboração da
todos aqueles sem co-relação com o objecto de
discussão e respectivas conclusões (Quadro 1).
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Enquanto abordagem terapêutica a VNI RESULTADOS
apresenta benefícios na gestão da doença de
Os resultados encontram-se explicitados
várias patologias que interferem com a
no quadro 1.
respiração. Jurjevic et al., (2009) verificaram que a VNI é uma abordagem mais segura para os
DISCUSSÃO
doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva
Como resultado da análise dos artigos
Crónica (DPOC). Concluíram que a duração da
anteriormente referenciados é possível denotar
ventilação não invasiva para a invasiva foi
que a VNI apresenta vantagens claras face à
94:172 horas (p<0,001), que o tempo gasto na
VM, sendo essas vantagens destacadas em oito
Unidade de cuidados Intensivos 120:223 horas,
dos dez artigos (Gehlbach et al., 2002; Fagon et
(p<0,001). A Pneumonia associada à ventilação
al., 2000; Jurjevic et al., 2009; Wilson et al.,
foi de 5 (6%): 29 (37%), (p<0,001).
2004; Giacominni et al., 2003; Burns, Adhikari e
Assim, afirmam que a VNI é vantajosa em
Meade, 2006; Piepers et al., 2006; Agarwal et
doentes com DPOC, especialmente nos
al., 2009).
estadios iniciais. Wilson et al., (2004) analisaram
Gehlbach et al (2002) referem que os
as decisões sobre o tipo de ventilação que trinta
doentes submetidos a VNI mantêm-se
e três doentes com DPOC optariam caso
internados por um curto período de tempo
necessitassem, apuraram que 70% dos
comparados com os doentes submetidos a à
participantes recorriam ao aconselhamento do
VM. Wilson et al., (2004) acrescentam ainda que
seu médico e aos serem informados do
a VNI enquanto opção terapêutica contribui quer
processo, riscos e resultados da VM mudavam a
na diminuição do tempo de internamento nas
sua decisão sobre a abordagem terapêutica de
Unidades de Cuidados Intensivos, quer na
ventilação. Deste modo e de acordo com
diminuição da taxa de mortalidade e permite
Jurjevic et al., (2009) apesar da abordagem
ainda evitar a entubação traqueal, aspecto este
clássica utilizada nos doentes com DPOC ser a
largamente apoiado por Jurjevic et al., (2009),
VM, a VNI apresenta-se como uma alternativa
que afirmam que a VNI permite evitar 53% das
com ganhos claros para o doente e começa
entubações traqueais. Fagon et al., (2000) com
também a apresentar-se cada vez mais como
o seu estudo no qual compararam um grupo de
uma alternativa na decisão dos doentes.
doentes submetidos a VNI com um grupo de
Giacominni et al., (2003) pretendiam determinar
doentes submetidos a VM verificaram, mais uma
se a VNI pode evitar o internamento de doentes
vez, redução da taxa de mortalidade, bem como
com edema agudo do pulmão nas Unidades de
a redução da necessidade do uso de
Cuidados Intensivos. Com este estudo
antibióticos no grupo submetido a VNI. Por seu
verificaram que nenhum dos doentes foi
lado, Jurjevic et al., (2009) afirmam este
submetido a VM ou internado numa Unidade de
benefícios se podem traduzir numa
Cuidados Intensivos. Gehlbach et al., (2002) ao
redistribuição dos recursos em saúde, de forma
descreverem a evolução dos participantes em
mais efectiva e sustentável.
estado de mal asmático internados numa Unidade de Cuidados Intensivos com ventilação
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com pressão positiva referem que os doentes
modo ventilatório mais referenciado como o
com estado de mal asmático submetidos a VNI
mais seguro a utilizar em crianças, a VNI
não requerem entubação traqueal subsequente,
apresentou vantagens notórias, principalmente
sendo que 35 dos 78 participantes foram
por facilitar a interacção das crianças com o
submetidos a VNI e só 7 doentes necessitaram
ambiente envolvente.
de ser submetidos a VM. Concluíram desta
A pneumonia relacionada com a
forma que, VNI é uma opção terapêutica segura
ventilação é uma das complicações mais
na gestão do estado de mal asmático. Agarwal
frequentes e presente em qualquer modalidade
et al., (2009) ao tentar determinar os resultados
de ventilação, de acordo com Fagon et al.
da VNI e os factores associados com o
(2000) e, que consequentemente, dilata
insucesso da VNI falha em doentes com
exponencialmente os custos. Contudo, Fagon et
insuficiência respiratória hipoxémica aguda
al. (2000)
referem que, a VNI pode evitar 53% das
doentes, em suporte de VM ou VNI, num total
entubações traqueais. Sugerem que a VNI é
de 413 doentes, concluíram que no grupo
benéfica para os doentes com insuficiência
submetido a VNI a pneumonia era debelada
respiratória hipoxémica aguda, aconselhando-a
com antibioterapia num período de tempo
como uma escolha terapêutica de primeira linha.
inferior, diminuindo a necessidade de recorrer
Quanto à utilização da VNI e
ao relacionarem dois grupos de
diferentes grupos farmacológicos dos memos.
consequentemente nas vantagens que este modo ventilatório apresenta para esta faixa
CONCLUSÃO
etária Santin, Brodsky e Bhandari (2004) ao
Podemos observar que a instituição da
estudar comparativamente, numa Unidade de
VNI em relação à VM, reduziu a incidência de
Cuidados Intensivos Neonatais, dois grupos de
Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência
lactentes com síndrome da angústia respiratória,
multi-orgânica, bem como a necessidade de
extubados orotraquealmente e submetidos
antibioterapia e tempo de internamento em
diferencialmente a: ventilação nasal intermitente
Unidade de Cuidados Intensivos, que se
de pressão positiva ou VM inferiram que, as
traduziu numa diminuição da co-morbilidade e
alterações analíticas e a mortalidade entre
mortalidade associada à insuficiência
ambos os grupos não eram significativas.
respiratória. Consequentemente, diminuiu para
Todavia, o grupo que tinha sido submetido a
metade o recurso à entubação traqueal e/ ou
este tipo de VNI apresentava uma duração total
traqueostomia, necessidade de oxigenoterapia e
de exposição ao oxigénio suplementar
alimentação parentérica, com impacto positivo
expressivamente menor, bem como a duração
na percepção da qualidade de vida e conforto
da nutrição por via parenteral e o tempo de
psico-emocional da pessoa e seu núcleo
internamento também foi consideravelmente
envolvente (Quadro 2).
menor. A comunicação entre as famílias e os
Face ao exposto, o conhecimento sobre
lactentes submetidos a VNI foi, igualmente,
as principais vantagens que a VNI pode
conseguida de uma forma mais efectiva e
oferecer, na pessoa com insuficiência
facilitada. Desta forma, apesar da VM ser o
respiratória ligeira, constitui um importante
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QUADRO 2: Os ganhos em saúde associados à utilização da VNI Versus VM. • Diminuição da incidência de Pneumonia nosocomial e Sepsis, com falência multiorgânica; •
Diminuição do tempo, necessidade de antibioterapia e o recurso a mais do que um dos seus grupos farmacológicos;
•
Redução da taxa de mortalidade;
•
Redução para metade o tempo de permanência dos doentes com DPOC na Unidade de Cuidados Intensivos;
•
Redução, para metade, do tempo e necessidade de entubação endotraqueal, realização de traqueostomia, aporte de oxigénio prolongado e alimentação parentérica;
•
Diminuição da frequência respiratória e cardíaca e aumento da PaO2, após 1h de utilização, em doentes com hipoxémia aguda;
•
A eficácia da VNI com pressão positiva sobrepõe-se à VM com pressão positiva invasiva;
•
Opção terapêutica segura em situação de DPOC e asma;
•
Melhores scores na percepção da qualidade de vida;
•
Aumenta o conforto psico-emocional da família/ pessoas significativas, pela possibilidade de comunicação que oferece com o doente;
•
Menor propensão para o desenvolvimento de insuficiência respiratória, recomendada em todas as faixas etárias.
instrumento para suportar a tomada de decisão
outros estudos sobre a percepção por parte dos
na prática profissional.
clientes sobre a sua utilização.
Saberes aprofundados e actuais sobre os critérios/ recomendações de utilização, mecanismos de acção, benefícios e efeitos,
REFERÊNCIAS •
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permitem maximizar o potencial da sua
Gupta, D. & Behera, D. (2009).
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Outcomes of noninvasive ventilation in
morbilidade e mortalidade está demonstrada.
acute hypoxemic respiratory failure in a
Os profissionais de saúde ao
respiratory intensive care unit in north
reconhecerem a VNI como uma opção
India. Respiratory Care, 54(12),
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até ao adulto/ idoso, podem em algumas
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diminuição dos custos associados aos cuidados
Acomparison of noninvasive positive-
de saúde.
pressure ventilation and conventional
Recomendamos um incremento na
mechanical ventilation in patients with
formação sobre os aspectos relacionados com a
acute respiratory failure. N Engl J Med,
instituição e manutenção da VNI, bem como
339:429-35.
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Volume 1. Edição 1
Almeida, A., Ferreira, C., Lança, M., Rodrigues, M., (2012) The Nurse-Patient Communication as a Strategy for the relief of Suffering in Terminal Phase of Life. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 41-52
REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW!
DEZEMBRO, 2011
A COMUNICAÇÃO ENFERMEIRO-DOENTE COMO ESTRATÉGIA PARA ALÍVIO DO SOFRIMENTO NA FASE TERMINAL DA VIDA THE NURSE-PATIENT COMMUNICATION AS A STRATEGY FOR THE RELIEF OF SUFFERING IN TERMINAL PHASE OF LIFE COMUNICACIÓN ENFERMERO-PACIENTE COM ESTRATEGIA DE ALIVIO DEL SUFRIMIENTO EN LA FASE TERMINAL DE LA VIDA
Autores
Ana Almeida1, Carmen Ferreira2, Margarida Lança3, Mariana Rodrigues4 1,2,3,4Enfermeira,
Corresponding author: aninhax_pp@portugalmail.pt
RESUMO O presente artigo consiste numa revisão sistemática da literatura, centrada na temática das necessidades de comunicação dos doentes em fim de vida e seus familiares como forma de diminuir o sofrimento dos mesmos. Objectivo: Identificar as principais necessidades de comunicação dos doentes em fase terminal e seus familiares, bem como compreender de que forma a comunicação pode ser uma estratégia para o alívio do sofrimento. Metodologia: Para a elaboração do presente trabalho utilizámos a metodologia PI[C]OD e foram seleccionados 8 artigos de investigação, de uma amostra inicial de 110, retirados da ProQuest e EBSCO. Resultados: As necessidades principais do doente terminal e da sua família são a gestão da dor e do sofrimento, bem como a necessidade da comunicação, como sendo um contributo para o alívio do sofrimento. Porém, a necessidade de comunicação nem sempre é valorizada ou satisfeita correctamente, visto que muitos enfermeiros sentem dificuldades em comunicar com os doentes e suas famílias nesta fase do ciclo de vida. Conclusões: Através da realização desta revisão sistemática da literatura foi-nos possível perceber que os enfermeiros deveriam desenvolver e aprofundar as suas competências comunicacionais, de forma a responder às necessidades dos doentes e suas famílias. Concluímos ainda que a comunicação no âmbito dos cuidados paliativos deve ser a base da relação enfermeiro-doente, de forma a promover o alívio do sofrimento e uma morte digna. PALAVRAS-CHAVE: Cuidados paliativos, Enfermagem, Comunicação e Intervenções autónomas.
ABSTRACT The present article consists in a systematic review of the literature, centred on the needs of communication with end-of-life patients/their relatives and the use of communication strategies as a form of relief the suffering. Objectives: We intend to identify the main communication needs of end-of-life patients and their relatives, and understand how communication can be a strategy to relief the suffering. Methods: For the present article we used the PI[C]OD method and selected eight articles of investigation, from a sample of one hundred and ten, from ProQuest and EBSCO. Results: The main needs of the end-of-life patient and his family are the management of pain and suffering, as well as the need of communication as a contribute to relief the suffering. On the other hand, the need of communication is not always considered or correctly satisfied because nurses have difficulties in communicating with terminal patients and their families in this stage of life. Conclusions: The main conclusions of this systematic review of the literature reveal that nurses should develop and increase their communication skills to answer to the patients and their families’ needs. We also concluded that communication in palliative care should be the foundation between nurse-patient as a way to promote suffering relief and a dignifying death. KEYWORDS: Palliative Care, Nursing, Communication, Autonomous Interventions.
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Página 42
INTRODUÇÃO
forma a estabelecer uma comunicação eficaz
O tema que pretendemos abordar surgiu
com o doente em fase terminal, planear e
no âmbito da nossa Monografia e intitula-se de
implementar intervenções de enfermagem
“A comunicação como estratégia para alívio do
dando resposta às suas necessidades.
sofrimento do doente terminal”. Pretendemos então explorar a que nível se situa a
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
investigação internacional relativamente a este
Os enfermeiros são profissionais de saúde
tema, pelo que sintetizámos e reflectimos a
com o compromisso de ajudar as pessoas
informação obtida.
saudáveis a manter a sua saúde, os doentes a
O cuidar na fase final da vida é uma das
recuperar a saúde, os que não podem ser
preocupações na Enfermagem, tendo vindo a
curados a maximizar os seus potenciais e os
exigir uma maior reflexão por parte dos
que estão a morrer, a viver tão plenamente
profissionais, pois a esperança média de vida
quanto possível até à morte, promovendo a
aumentou, bem como os avanços na medicina,
qualidade de vida daqueles a quem prestam
o que faz com que um número maior de
cuidados (Basto, 1998; ICN, 2003; Código
pessoas necessitem durante mais tempo de
Deontológico de Enfermeiro, 2005; Nunes,
cuidados de enfermagem (DGS, 2004). Portugal
2008).
é também um dos países que é afectado por
Assim, tendo em conta que a esperança
esta questão, e por isso é necessário pensar
média de vida está cada vez mais a prolongar-
que impacto tem na nossa sociedade, e como é
se e o aumento de doenças crónicas também, é
que podemos intervir enquanto enfermeiros
necessário que a qualidade de vida das pessoas
nesta problemática do nosso século (DGS,
seja uma prioridade dos profissionais de saúde.
2004).
Emerge, assim, o conceito de cuidados
Deste modo, revelou ser importante
paliativos, os quais têm sido descritos como a
aprofundar esta temática, pelo que, através do
filosofia, a disciplina e a prática, cuja abordagem
método PI[C]OD surgiu uma pergunta de
melhora a qualidade de vida dos pacientes e
partida: “Em relação à pessoa em fim de vida e
suas famílias que enfrentam problemas
sua família (P), quais as competências dos
associados à doença aguda potencialmente
enfermeiros ao nível da comunicação (I) que
fatal, através da prevenção e alívio do
influenciam o alivio do sofrimento (O)?”.
sofrimento, por meio da identificação e
De forma a orientarmos o nosso trabalho
avaliação, bem como tratamento da dor e outros
numa lógica de investigação, delineámos como
problemas, físico, psicossocial e espiritual
objectivos: identificar a necessidade de
(Organização Mundial de Saúde, 2002). Deste
comunicação no doente em fim de vida e sua
modo, os cuidados de enfermagem no fim de
família, e compreender de que forma a
vida assumem uma importância enorme, visto
comunicação pode ser uma estratégia para o
que nesta fase a pessoa carece de intervenções
alívio do sofrimento.
que promovam o alivio da dor e sofrimento, a
Assim, tendo em conta estes objectivos
nível físico e espiritual, de forma a que a pessoa
determinámos os aspectos a ter em conta de
veja as suas necessidades satisfeitas a todos os
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Página 43
níveis (Green, 2006; McIflarick, 2007). Assim,
exemplos como Virgínia Henderson (1996),
torna-se imprescindível avaliar as necessidades
pertencente à Escola das Necessidades, a qual
dos doentes paliativos e sua família, porém esta
refere ser importante que a pessoa em situação
avaliação é um processo complexo que
de doença mantenha o seu equilíbrio físico e
apresenta um elevado potencial para influenciar
emocional, sendo que o corpo e a mente são
a qualidade dos cuidados (Clarke & Wheeler,
inseparáveis, por conseguinte, as necessidades
1992).
(14 pressupostos da Enfermagem) do doente
Vários estudos revelam que a principal
são necessariamente do foro físico e
necessidade dos doentes terminais, assim como
psicológico, o que vai incluir as necessidades a
das suas famílias, é a gestão da dor e
nível comunicacional e relacional. Também as
sofrimento nesta fase do ciclo de vida. Por outro
teóricas Peplau (1997), Orlando (1961) e King
lado, a necessidade da comunicação também
(1995) (Escola da Interacção), são um
foi apontada em diversos estudos (Morrison,
contributo importante para a compreensão deste
1991; Clarke & Wheeler, 1992; Fosbinder, 1994;
tema, dado que abordam a comunicação e a
Hanson e Cullihall, 1995; McCance et al, 1997;
relação interpessoal nos cuidados de
Long, 1999) como sendo importante na
Enfermagem, explorando e definindo estes
prestação de cuidados, pois a comunicação com
conceitos. Por outro lado, Betty Neuman (1995),
o doente terminal é um pilar básico do cuidar,
inserida na Escola dos Efeitos Desejados,
que se baseia em princípios muito específicos
através do seu modelo de sistemas forneceu
que a tornam mais assertiva e terapêutica
uma guideline que auxilia o enfermeiro a
(Garcia, 2002).
compreender de forma coerente os fenómenos
Por isso, o enfermeiro deve por isso
de saúde, permitindo percepcionar o doente e
possuir “boas competências na área da
sua família do ponto de vista holístico, numa
comunicação” (Buckman, 2002 citado por
perspectiva de sistema aberto, em constante
Magalhães, 2005:220 e Johnston, 2006) a fim
interacção com o ambiente, cuja interacção vai
de prestar cuidados mais completos e humanos
interferir na estabilidade do seu sistema. Por
(Clarke & Wheeler, 1992; Fosbinder, 1994;
fim, na Escola do Caring, Jean Watson (2002),
McCance et al, 1997). Dado o tema desta
foca a sua teoria no cuidado humano e no
revisão sistemática de literatura reportar-se a
encontro entre o cuidador e o cliente e dá maior
questões de comunicação, salientamos de entre
ênfase à relação transpessoal do cuidado de
as várias intervenções de enfermagem, a de
enfermagem.
comunicar com os demais, expressando
Por conseguinte, como cuidar implica uma
emoções, necessidades, temores e opiniões,
interacção entre o profissional e as pessoas alvo
como é referido por Henderson (King, 2001;
de cuidados, é necessário que a mesma seja
Costa, 2004).
estabelecida através da comunicação. Portanto,
Nesta linha de pensamento, são vários os
considera-se uma intervenção autónoma de
autores e teóricas de enfermagem que incluem
enfermagem a capacidade/competência de
a comunicação e a relação interpessoal nos
comunicar de forma terapêutica com o doente
seus modelos e teorias. Podemos fornecer
terminal e sua família, de modo a satisfazer as
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necessidades dos mesmos (Dunne, 2005), pois
integrar as informações explicitadas num
o enfermeiro é um profissional de saúde dotado
conjunto de estudos já realizados, nos quais
de conhecimentos teóricos e experiênciais que
podemos identificar elementos semelhantes e
fazem dele o profissional mais habilitado para
divergentes e reflectir sobre os mesmos.
satisfazer as necessidades comunicacionais do doente e sua família.
A nossa revisão de literatura permitiu-nos responder à seguinte questão central: “Em
Por conseguinte, é necessário reflectir e
relação à pessoa em fim de vida e sua família
investigar sobre comunicação em enfermagem,
(P), quais as competências dos enfermeiros ao
nomeadamente nos cuidados paliativos, visto
nível da comunicação (I) que influenciam o alivio
ser uma área em que o enfermeiro estabelece
do sofrimento (O)?”.
um contacto mais próximo com a pessoa, dado
Como objectivo principal estabelecemos:
ser uma etapa da vida que carece de um
identificar, no contexto actual do conhecimento
cuidado mais direccionado para a relação
de enfermagem, quais as necessidades de
interpessoal e não para a cura e tratamentos.
comunicação do doente em fase terminal e sua família e como é que a satisfação das mesmas
METODOLOGIA
pode ser uma intervenção autónoma da
A fim de nos apropriarmos do
enfermagem que promove o alivio do sofrimento
conhecimento actual existente sobre as
dos mesmos. Assim, dada a questão enunciada,
necessidades de comunicação do doente
associámos as seguintes palavras-chave como
terminal e sua família, bem como a sua
descritores da pesquisa, sendo elas Nursing,
importância para o alívio do sofrimento dos
palliative care, communication, interventions
mesmos, efectuámos uma revisão sistemática
autonomous, como podemos observar no
da literatura. Segundo Fortin (2000), uma
Quadro 1.
revisão sistemática da literatura consiste em
De forma a reunirmos a literatura científica
realizar um exame crítico a um conjunto de
relevante para a nossa investigação
publicações pertinentes para o domínio da
consultámos apenas bases de dados
investigação. Desta forma, será possível
informatizadas, como: - Adulto/idoso em situação de doença terminal
P
Participantes
Quem foi estudado?
I
Intervenções
O que foi feito?
[C]
Comparações
Podem existir ou não?
O
Outcomes
D
Desenho do estudo
Palavras-chave -Familiares do doente em fase terminal Identificação das necessidades de comunicação dos doentes/ familiares
A comunicação como estratégia de alívio do sofrimento Como é que a evidência foi Qualitativo recolhida? Resultados/efeitos ou consequências
Nursing, palliative care, communication, interventions autonomous.
Quadro 1: Critérios utilizados para a formulação da questão de investigação JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Página 45
Código S1 – Base de dados electrónica
dados PROQUEST, analisámos 3, pois iam ao
observada: EBSCO (CINAHL Plus with Full
encontro dos nossos critérios de inclusão.
Text, MEDLINE with Full Text; British Nursing
Procedemos então à leitura integral de cada
Index; Nursing & Allied Health Collection:
artigo e respectiva análise crítica, através de
Comprehensive; Cochrane Database of
fichas de leitura efectuadas por todos os
Systematic Reviews; Cochrane Methodology
investigadores, uma vez que, consideramos que
Register). Foram consultadas tendo em conta o
aumentará a credibilidade da nossa revisão
intervalo temporal entre 2003 e 2008, usando as
sistemática da literatura.
seguintes palavras-chave: Palliative care AND
Depois (em Novembro de 2008),
Nursing AND Communication, as palavras-
pesquisámos na base de dados PROQUEST e
chaves foram procuradas no Texto integral.
escolhemos 60 artigos, dos quais, 5
Resultado: 3 Artigos.
correspondiam aos critérios de inclusão.
Código S2 - Base de dados electrónica
Posteriormente, realizámos fichas de leituras
observada: Nursing & Allied Health Source,
destes artigos e elaborámos uma lista de
ProQuest Health and Medical Complete. Foram
conceitos (check list) referentes à necessidade
consultadas tendo em conta o intervalo temporal
de comunicação do doente em fim de vida e da
entre 1998 e 2008, usando as seguintes
sua família: cuidados paliativos, a importância
palavras-chave: Palliative care AND Nursing
da comunicação para o doente em fim de vida e
AND Communication Needs, as palavras-
sua família, a importância da relação terapêutica
chaves foram procuradas no Texto integral.
na comunicação (e vice-versa) e ainda o apoio à
Resultado: 5 Artigos.
família.
De forma a realizarmos a pesquisa e
Deste modo, a nossa revisão sistemática
obtermos os artigos adequados à questão de
da literatura inclui um total de 8 artigos de
investigação e aos objectivos do estudo,
investigação.
estabelecemos um conjunto de critérios de inclusão e exclusão que estão presentes no
RESULTADOS
Quadro 2.
Do total dos artigos seleccionados,
Na primeira fase (Outubro de 2008), de
analisámos e reflectimos sobre os mesmos,
um total 50 artigos de investigação da base
tendo em conta a nossa questão de partida e os
Critérios de selecção
Critérios de inclusão
Critérios de Exclusão
Participantes
• Doente em fase terminal; • Doentes pediátricos e peri-natais em fase • Profissionais de saúde que terminal • Instituições de cuidados contactam e prestam cuidados a doentes em fim de vida. • Necessidades do doente terminal; • Percepções de médicos e enfermeiros na Intervenção • Importância da comunicação nos sua relação profissional (um com o outro). doentes em fase terminal • Comunicação como estratégia de alívio do sofrimento • Estudos qualitativos e quantitativos, • Todos os achados da pesquisa que não Desenho estudos de caso, revisões da apresentem os estudos dos critérios de literatura inclusão Quadro 2: Critérios de Inclusão e exclusão dos artigos de investigação. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Página 46
objectivos do estudo. Assim, as informações
entre eles e os profissionais de saúde. No
provenientes dos artigos que analisámos foram
entanto, o processo de comunicação é
reunidas em tabelas retiradas da Cochrane
complexo. Por isso, reconhecemos que a
Database of Systematic Reviews, uma vez que
comunicação é o centro da relação enfermeiro-
estas são facilitadoras para a sistematização da
doente, mas na prática existe uma evidência
informação e para a apresentação desta, de um
significativa que muitos enfermeiros sentem
modo objectivo, permitindo também uma
dificuldades quando cuidam do doente em fase
triagem de toda a informação.
terminal e sua família (Dunne, 2005).
Em termos metodológicos foram analisados 8
Muitos estudos empíricos sobre o conceito
artigos de natureza qualitativa, revisões da
de cuidados de enfermagem identificaram a
literatura e um estudo de caso.
comunicação como um dos seus atributos.
Autores Método Participantes Intervenções Resultados
Notas
Green, A. (2006) Estudo de caso Família nuclear de idosos, em que um dos membros tem cancro em fase terminal Entrevistas e observação Reflecte sobre o utilização da abordagem centrada na pessoa, a fim de mostrar como Olive e Harry foram capazes de afirmar os seus sentimentos um ao outro, algo que não tinham sido capaz de fazer há muitos anos, que ajudou Olive a ter uma morte pacífica. Objectivo do estudo: Pesquisar mais aprofundadamente acerca da importância da abordagem centrada na pessoa, como uma intervenção de enfermagem no fim de vida. Conceitos centrais: empatia, reforço positivo e congruência/autenticidade. S1-1
Autores
Wilkinson, S. (1991)
Método
Método qualitativo
Participantes Intervenções Resultados
Notas
54 Enfermeiros Análise de entrevistas Os resultados indicam um baixo nível de comunicação facilitada, com maior destaque nos doentes reincidentes. Há indícios que sugerem que a forma como os enfermeiros comunicam depende do ambiente, crenças religiosas e atitudes perante a morte e não específicas, a educação em competências comunicacionais. Identificar se os enfermeiros usam comportamentos facilitadores/bloqueadores quando comunicam com doentes; Identificar se existe relação entre o uso destes comportamentos e o nível de ansiedade, atitude perante a morte, nível de apoio social e ambiente de trabalho; Identificar se os enfermeiros estão conscientes que os seus comportamentos podem ser bloqueadores ou facilitadores; Identificar as perspectivas e sentimentos dos enfermeiros sobre a comunicação com doentes com cancro. S2- 1
DISCUSSÃO A comunicação é o meio através do qual
Fosbinder (1994) e McCance et al (1997),
as interacções interpessoais têm lugar, sendo
concluíram que cuidar em enfermagem envolvia
necessária no dia-a-dia de quase todos os seres
conhecer o doente, traduzindo, informando,
humanos, nos cuidados paliativos, a
explicando, ensinando o doente, estabelecendo
singularidade da situação para os indivíduos na
com ele uma relação de confiança. Estudos
família nunca pode ser esquecida, destacando-
qualitativos identificaram que falar, ouvir, tocar e
se a necessidade de uma boa comunicação
informar eram aspectos centrais do cuidado de
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Página 47 Autores
Johnston, B., & Smith, L. (2006)
Método
Método qualitativo
Participantes Intervenções
Resultados
Notas
Uma amostra de 22 enfermeiras e 22 doentes em fase terminal foi entrevistada em 1996-1997. Entrevistas com questões de resposta aberta. As enfermeiras de cuidados paliativos experienciaram uma comunicação interpessoal eficaz e ineficaz e a construção de relações terapêuticas com os doentes em fase terminal, tentando controlar a dor e os sintomas angustiantes dos doentes. Os doentes e enfermeiras concordaram que as duas características importantes da enfermeira especialista em cuidados paliativos eram as competências interpessoais e qualidades como a bondade, o carinho, a compaixão e a autenticidade. Este artigo descreve um estudo sobre as percepções dos doentes e das enfermeiras nos cuidados paliativos, em particular, o conceito do enfermeiro especialista de cuidados paliativos. S1-31
Autores
Kristjanson, L., & Aoun, S. (2004)
Método
Revisão Sistemática da Literatura.
Participantes Resultados
Notas
Familiares de doentes alvo de cuidados paliativos. Durante uma fase paliativa da doença, a atenção às famílias que podem estar psicologicamente vulneráveis, com falta de recursos, ou com problemas de saúde e preocupações, constitui bons cuidados preventivos da família. Se não cuidarmos destes membros da família neste momento difícil da sua vida, eles podem vir a tornar-se, mais tarde, os nossos pacientes. Este artigo pretende fazer uma revisão da literatura, sugerindo modos de ajuda as famílias num contexto de cuidados paliativos. S1-33
Autores
Fosbinder, D. (1994)
Método
Método qualitativo
Participantes Intervenções Resultados Notas
Doentes da unidade Ortopedia e Cardiologia (USA) Entrevistas de pergunta aberta Os temas que os pacientes elegem como essenciais na relação terapêutica são: Traduzir/instruir; Conhecer o outro; Criar confiança Este artigo aborda a relação interpessoal, do ponto de vista dos pacientes: o que valorizam, que competências/habilidades são importantes para o paciente. S2-3
Autores
Jarrett, N & Payne, S. (1995)
Método
Revisão Sistemática da Literatura
Participantes Resultados
Notas
Enfermeiros e pacientes A comunicação é um componente vital nos cuidados de enfermagem. Por conseguinte, deve ser considerado quer o doente, quer o enfermeiro, há muitas barreiras na comunicação com doentes terminais, por isso é necessário ter consciência e apostar na formação como elemento chave na melhoria das competências e habilidades de comunicação. Neste estudo, realçam que a comunicação verbal bem desenvolvida, em que o doente participa activamente, é capaz de controlar/diminuir os sintomas do doente terminal. S2-4
Autores
Sibbald, R., Downar, J., Hawryluck L. (2007)
Método
Método qualitativo
Participantes Intervenções Resultados
Directores, enfermeiros administradores e fisioterapeutas Entrevistas semi-estruturadas A melhoria da comunicação teria um profundo impacto sobre a satisfação do paciente e a família. Muitos dos participantes do estudo comentou que profissionais de saúde deveriam receber formação específica e saber discutir com o doente e família assuntos relativos à tomada de decisão A comunicação não é uma intervenção “fútil”, os pacientes e família consideram-na essencial.
Notas S2-14
Autores
Dunne, K. (2005)
Método
Revisão do conceito de comunicação.
Notas
O objectivo deste artigo é consciencializar os enfermeiros para a importância do processo de comunicação e incentivá-los a reflectir sobre a sua própria prática, quando comunicam com os pacientes e familiares durante a fase paliativa da doença. S2-39
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Volume 1. Edição 1
Página 48
enfermagem (Forrest, 1989; Morrison, 1991;
emocional dos cuidados, foram identificados
Clarke & Wheeler, 1992, referenciados por
alguns medos que os profissionais de saúde
Dunne, 2005). Assim, Hanson e Cullihall (1995),
experienciavam na comunicação com os
referidos pelo o mesmo autor concluíram que os
doentes em fase terminal, como por exemplo, o
cuidados paliativos de enfermagem subscrevem
medo de serem culpados pelo doente, o medo
uma abordagem humanística na qual a relação
da reacção do doente, o medo de dizer “eu não
de ajuda entre o enfermeiro e o doente
lhe consigo responder”, medo de expressar
representa o papel principal, sendo que a
emoções, medo e ansiedade acerca da sua
enfermagem e a comunicação são simbióticas:
própria morte. Há um aparente pressuposto que
“Seria muito exigente para os enfermeiros
estes medos formam uma barreira significativa à
demonstrar que efectivamente «cuidam» de
comunicação eficaz (Wilkinson, 1991; Dunne,
outro ser humano sem comunicação. Da mesma
2005).
forma, seria muito difícil de se comunicar de
Muitos doentes sentem medo e
forma eficaz e verdadeira sem “cuidar” “ (Long,
ansiedade, relacionados com a morte, e têm
1999, citado por Dunne, 2005:59). O mesmo
problemas em falar sobre isso, não só com os
autor conclui ainda que “se acreditamos que
profissionais, mas também com os seus entes
isso é verdade, então a forma como os
queridos. O nível de consciência da família
enfermeiros comunicam com as pessoas tem
sobre o diagnóstico e prognóstico do seu
um impacto positivo ou negativo sobre a
familiar tem sido destacado como uma variável
qualidade dos cuidados e, consequentemente,
importante no processo de comunicação, porém
sobre o sucesso ou o fracasso deste processo.
tem sido demonstrado que mesmo quando
No âmbito da enfermagem em cuidados
existe um contexto de sensibilização aberta, as
paliativos, uma grande dose de tranquilidade
dificuldades de comunicação eram sentidas
(paz interior), ou seja, serenidade e calma, tem
pelos doentes e suas famílias (Dunne, 2005).
de ter lugar para as fases finais de uma doença” (Long, 1999).
Jarrett e Payne (1995), numa revisão da literatura sobre a comunicação enfermeiro-
Segundo diversos estudos, muitos
doente, concluíram que a maior parte das
doentes e suas famílias experienciaram
investigações recaem sobre as competências de
dificuldades ao comunicarem com os
comunicação do enfermeiro na relação
profissionais de saúde. A Audit Commission
enfermeiro-doente. Identificaram também que
(1993) e a National Cancer Alliance (1996),
tem havido relutância em considerar a
referenciados por Dunne (2005) identificaram
percepção dos doentes em relação aos
falhas nas competências de comunicação dos
enfermeiros, o que eles desejariam dizer aos
profissionais de saúde com os doentes com
mesmos, e como os factores contextuais e
cancro, enfatizando a necessidade de uma
ambientais, como por exemplo, as relações de
melhor comunicação entre os doentes,
poder, o controlo do conhecimento e o carácter
familiares e profissionais de saúde.
cultural e social do enfermeiro, podem
Como a comunicação não envolve apenas
influenciar o doente. Estas conclusões são
a partilha de informação, mas também o suporte
interessantes, na medida em que os
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enfermeiros devem analisar cada situação de
Por outro lado, estudos desenvolvidos por
forma individual, de modo a considerarem as
Sibbald et al (2007), permitiram concluir que a
necessidades de informação individuais de cada
maioria dos enfermeiros reconhecem que estão
doente (Fosbinder, 1994; Green, 2006; Johnston
mal preparados para comunicar com o doente
e Smith, 2006).
terminal e que têm falta de conhecimento das
As evidências demonstram então que as
técnicas específicas, valorizando que os
necessidades dos enfermeiros e de outros
aspectos da comunicação devem ser tidos em
profissionais de saúde de desenvolverem a sua
consideração no âmbito da prestação de
comunicação e competências interpessoais, de
cuidados paliativos para doentes em fim de vida.
modo a facilitar o processo de comunicação
Uma das barreiras à comunicação
com o doente, em vez de utilizar mecanismos
identificadas neste estudo é a procura e o
de defesa e distanciamento que impedem uma
acesso à informação, pois os doentes terminais
comunicação eficaz. As competências da escuta
e as suas famílias referem ter dificuldades
activa, questionamento aberto e reflexão,
quando tentam obter determinada informação,
promovem uma melhor comunicação e
principalmente devido ao jargão médico, às
incentivam a empatia. Quando estas
barreiras da linguagem (como a língua) e às
competências são utilizadas, o processo de
diferenças do nível de educação entre si e os
comunicação melhora, e ajuda a garantir que os
profissionais de saúde. Os membros da família
acontecimentos que levaram à morte foram bem
referem ainda que hesitam em incomodar os tão
geridos (Dunne, 2005).
ocupados profissionais de saúde com questões
Nesta linha de pensamento, McIntosh
sobre os cuidados ao seu familiar, porque
(1977), Bond (1978) referidos por Jarrett e
acreditam que os prestadores de cuidados de
Payne (1995) e Johnston e Smith (2006),
saúde são os principais responsáveis pelo
examinaram a comunicação entre enfermeiro-
doente e que as suas necessidades e
doente com doença grave e progressiva e
preocupações são superficiais. No entanto os
enfatizaram que as equipas de saúde
profissionais de saúde podem também limitar a
necessitam de um ter um conjunto de
informação que partilham com os doentes e
competências comunicacionais para poder
famílias, em parte pela sua agenda muito
responder de forma positiva às necessidades
preenchida em trabalho, porque eles próprios
dos doentes e suas famílias, visto que a
assumem que os doentes e famílias
comunicação é um instrumento essencial na
compreenderam a informação transmitida, e
construção da relação terapêutica. É de
também porque sentem dificuldades em
salientar ainda que um dos problemas que a
comunicar com os doentes, e não se sentem
família enfrenta nesta fase é a comunicação
confortáveis e à vontade para comunicar más
ineficaz: a comunicação é essencial para o
notícias (Kristjanso & Aoun, 2004:362).
funcionamento saudável da família, e as famílias
Atendendo a estes factores que limitam uma
com competências limitadas em comunicação,
comunicação eficaz entre os membros da
estão menos aptas a lidar com situações de
família do doente e os prestadores de cuidados
stress (Kristjanso & Aoun, 2004:362).
de saúde, pode auxiliar as famílias a preencher
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Página 50
este vácuo de informação e se sentir mais
prática. Assim, através da análise de artigos de
confiantes sobre como lidar com a doença do
investigação e discussão a ela inerente, foi-nos
seu familiar doente.
possível reflectir sobre esta temática integrada nos cuidados paliativos, de modo a repensar as
CONCLUSÃO
nossas práticas. Como resultado desta revisão
Através deste artigo pretendemos realizar
sistemática, vamos ao longo do Ensino Clínico
uma revisão sistemática da literatura sobre o
IX, de Integração à Vida Profissional,
tema “a comunicação enfermeiro-doente como
desenvolver um trabalho de investigação, de
estratégia para alívio do sofrimento na fase
modo a reflectirmos sobre os pressupostos
terminal da vida”.
enunciados no alívio do sofrimento, através do
Após estabelecermos a questão de partida, através do método PI[C]OD,
Process of Critical Reflective Inquiry (Roy & Jones, 2007).
formulámos os objectivos, recorremos a bases bibliográficas informatizadas e, seleccionámos
REFERÊNCIAS
110 artigos no total. Posteriormente, foi realizada uma análise crítica do conjunto de
•
BASTO, M. (1998). Comunicação
artigos, bem como a elaboração de fichas de
Enfermeira/Doente. In: Enfermagem, nº
leitura, tendo sido escolhidos 8 artigos por
11, 2ª série (Julho/Setembro). p. 18-20.
corresponderem aos critérios de inclusão por
ISN 0871-0775
nós estabelecidos.
•
CLARKE, JB. WHEELER, SJ.(1992). A
Ao analisarmos estes artigos, verificámos
view of the phenomenon of caring in
que todos referem que a comunicação é uma
nursing practice. In: Journal of
das necessidades do doente em fase terminal e
Advanced Nursing, 17, 11. p. 1283-1290.
sua família, a qual é uma intervenção autónoma
•
COLLIÈRE, M. (1999). Promover a
de enfermagem que deve ser utilizada como
Vida. Lidel: Edições Técnicas; Lisboa:
estratégia promotora do alívio do sofrimento.
Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Contudo, estas necessidades muitas vezes não
385 pp. ISBN 972-757-109-3
são valorizadas ou não são correctamente
•
COSTA, M. (2004). Relação enfermeiro-
identificadas/trabalhadas pelos enfermeiros, de
doente. In: Para uma ética da
forma satisfatória. Os doentes e suas famílias e
enfermagem/Maria do Céu Patrão Neves
também os profissionais reconhecem esta
e Susana Pacheco. Coimbra : Gráfica de
dificuldade e que a mesma influencia a
Coimbra. p. 63-80
qualidade dos cuidados prestados.
•
Para concluir, consideramos que esta
Direcção Geral de Saúde. ISBN
revisão é de extrema importância para o nosso desenvolvimento enquanto estudantes e futuras
DGS (2004) Plano Nacional de Saúde: 972-675-108-X
•
DUNNE, K. (2005, Dec. 7). Effective
enfermeiras, visto que é uma temática com a
communication in palliative care. In:
qual nos confrontámos durante o nosso
Nursing Standard. Harrow-on-the-Hill:
percurso e que nos fez questionar a nossa
Vol. 20, Iss. 13; p. 57 (8 pages)
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•
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Geneva. 30pp. ISBN 92-95005-69-4
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•
•
competencies for the generalist
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nurse: Report of the development
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Volume 1. Edição 1
Martins, M. (2012) Snoezelen with old people: Sensory Stimulation for Better Quality of Life. Journal of Aging & Inovation, 1 (2): 53-68
ARTIGO ORIGINAL / ORIGINAL ARTICLE!
DEZEMBRO, 2011
SNOEZELEN COM IDOSOS: ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA MELHOR QUALIDADE DE VIDA SNOEZELEN WITH OLD PEOPLE: SENSORY STIMULATION FOR BETTER QUALITY OF LIFE SNOEZELEN CON PERSONAS MAYORES: LA ESTIMULACIÓN SENSORIAL PARA UNA MEJOR CALIDAD DE VIDA
Autores
Maria Amélia Nabais Martins1 1Doutoranda
em Psicologia Cognitiva, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da
Universidade de Coimbra, Lar Santa Beatriz da Silva Corresponding author: ameliacsp@gmail.com RESUMO Com a presente Recensão pretendemos expor a experiência com anciãos que se apresentou no livro: Snoezelen com idosos, estimulação para uma melhor qualidade de vida da nossa autoria. A palavra Snoezelen provém do Holandês Snuffelen - cheirar e Doezelen - tornar-se leve, relaxar. Tradicionalmente, na Holanda, onde nasceu, nos anos 60, o Snoezelen foi aplicado numa sala especial com um equipamento que oferecia múltiplos estímulos, envolvendo todos os sentidos, tanto para estimular como para relaxar. Antes de implementar o Projecto de Snoezelen no Lar Santa Beatriz da Silva, procurámos Formação e Bibliografia que nos orientasse neste caminho. Em Portugal tivemos acesso a Bibliografia, artigos e sites relacionando o Snoezelen com a deficiência ou especificamente com Alzheimer. Fizemos uma pesquisa na Internet, e acedemos a muitos artigos em língua inglesa e alemã sobre esta temática. Os efeitos do Snoezelen em Lares de Idosos não são bem conhecidos (Chung et al., 2002 cit in AA.VV, 2004). E o nosso trabalho apenas reflecte avaliação qualitativa descritiva e não quantitativa. Pela sala de Snoezelen, desde Setembro de 2005 já passaram cerca de 80 idosos acompanhados por 5 cuidadores. Nem todos viveram a experiência sensorial com finalidade terapêutica. Para alguns, o Snoezelen foi e é uma actividade sem objectivos de reabilitação ou cura, no entanto, pela nossa observação e acompanhamento percebemos algumas palavras e expressões faciais que revelaram “outras curas”, como o prazer e o bem estar. Há uma relação personalizada que se estabelece pelo facto de as sessões decorrerem com um, dois ou três utentes e um terapeuta, sempre numa dimensão de humanitude, favorecendo as relações entre doente e cuidador. Mesmo que o desenvolvimento tecnológico seja também uma realidade no Snoezelen, a mais valia continua a ser a atenção dos cuidadores à pessoa doente que prevalece sobre a eficiência técnica. Sabemos que o desenvolvimento de cada criança e as experiências que vivencia determinam o stock de conhecimento sobre o qual é construído o seu futuro. Toda a criança tem direito a experimentar por si mesma a descoberta dos seus limites e potencialidades. O comprometimento de um ou mais canais sensoriais, determina na criança a dificuldade em recuperar informações sobre o seu ambiente externo e interno. Imaginemos agora um adulto idoso com multi-déficits: o seu contexto de participação social limitado, a total dependência de outros para as acções simples de higiene e cuidados diários, os estereótipos, as dificuldades de relacionamento, de expressar as suas emoções... Pensando nas suas necessidades, projectamos um ambiente multissensorial – um ambiente em que a terapêutica caminha aliada ao lazer, relaxamento e a experiências sensoriais agradáveis. O principal objectivo nesta abordagem multissensorial é acompanhar a pessoa no crescimento da aceitação da sua nova condição, na manutenção das suas capacidades e na reabilitação, criando um contexto de calma e tranquilidade, motivador e desafiador, onde não existem exigências, expectativas, mas um lugar sagrado, longe de todos os espaços comuns e recolhido onde todos os sentidos e experiências proporcionadas só para si mesmo, o seu tempo, as suas limitações, os seus sentimentos... Porque cada humano é único e irrepetível, e mais do que incapacidades e deficiências, tem talentos e potencialidades que devem ser melhorados e reforçados, para aumentar e permitir uma vida com mais qualidade (cf. Montobbio & Lepri, 2000). O modelo de base em que assenta o projecto “Snoezelen com idosos” é o da qualidade de vida para idosos dependentes, que suporta a visão de que podemos optimizar recursos e potencialidades até ao final das nossas vidas. A necessidade de escrever sobre o Snoezelen com idosos, partiu das constantes questões que nos colocam outras Instituições e outros técnicos que tal como nós se questionam o que fazer com pessoas com elevado grau JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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de dependência, sem qualquer tipo de actividade estimulante. Como proporcionar estímulos, qualidade de vida, como envolvê-los na construção do seu Plano Individual? Respostas? Apenas a experiência do Snoezelen nos tem ajudado a sonhar novos horizontes capazes de serem um caminho para a resposta necessária. Reflectiremos ao longo do nosso texto de que este documento é simples resumo, algum enquadramento teórico que sustenta a nossa intervenção no Lar. Não houve pretensão de sermos exaustivos, apenas partilhar a centelha que ilumina a nossa acção com as pessoas mais idosas. Queremos mostrar as vivências dentro dum “espaço multissensorial” dedicado ao cuidado dos idosos com déficits cognitivos, comportamentais ou físico-funcionais. Pela estimulação dos sentidos podemos limitar o estado de desconforto físico e dor, aliviar a tensão emocional e agressividade, reduzir o medo que vem do desconhecido e, ao mesmo tempo, tornar a pessoa participante na descoberta de um mundo de luzes, sons, cheiros, sentimentos, emoções... adequado a todas as idades. O design do nosso trabalho assenta num background teórico que reúne fundamentos das teorias da actividade, da ruptura (teorias bio-psico-físicas), algumas notas de neuropsicologia, que nos norteiam na compreensão do processo de envelhecimento. O desenvolvimento de todo o projecto a que nos propusemos, desde o início, tem uma característica especial, é evolutivo; à medida que vamos conhecendo melhor os benefícios conhecemos melhor os pacientes e nesta espiral vamos avançando com a certeza de que a cada dia, algo de novo vamos descobrindo no efeitos do Snoezelen. Palavras-chave Palavras-chave em Inglês: aging; sensory stimulation; snoezelen Palavras-chave em Espanhol: envejecimiento; estimulación sensorial, snoezelen Palavras chave em Português: envelhecimento; estimulação sensorial, snoezelen
ESTUDO DE CASO
disartria e diminuição da força muscular à
Identificando e medindo de forma
direita. Hemiparesia direita, paresia facial tipo
controlada forças e fraquezas no funcionamento
central homolateral e disartria. Realizou TC
dos idosos, o Snoezelen ajuda a estabelecer as
crânio-encefálica que mostrou hematoma
bases para um melhor conhecimento das
tálamo-lenticular à esquerda, sem sinais de
sequelas que um AVC deixa, por exemplo, ajuda
hidrocefalia ou hipertensão intracraniana.
a revelar alterações cerebrais suspeitadas e
Diagnóstico final: AVC hemorrágico do
permite complementar a fisioterapia na
hemisfério esquerdo (hemorragia intracerebral)
reabilitação e manutenção.
(21 de Dezembro de 2009).
Vejamos o seguinte caso:
Durante o período do internamento hospitalar registou-se melhoria significativa de
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO Nome: M., Idade: 83 anos,
disartria mas mantiveram-se os restantes défices. As sequelas foram leves ao nível das
Estado civil: solteira
afasias, mas não tão leves em termos de
Doente de 83 anos, com antecedentes
apraxia ideomotora e astereognosia
pessoais de nefrectomia esquerda desde 2007,
(incapacidade de reconhecimento de objectos
hipertensão arterial e cardiopatia hipertensiva.
pelo tacto).
Seguida em consulta de Memória/neurologia.
Dado necessitar de atenção permanente
Foi hospitalizada com traumatismo craniano na
e apoio integral na realização das suas
região occipital consequência de uma queda, JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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actividades de vida diária e ainda de fisioterapia foi integrada no Lar a 08/01/2010.
3 – Necessita de uma ajuda parcial: devem cortar-se ou picar previamente os seus
Resultados da Avaliação de Autonomia
alimentos.
Funcional à data da integração:
2 – Toma os seus medicamentos se forem
1 – Vê de forma adequada com ou sem
preparados previamente.
óculos.
4 – Incapaz de utilizar os lavabos, a
1 – Ouve correctamente com ou sem
cadeira elevada, etc..
prótese auditiva.
2 – Incontinência vesical ocasional; um
1 – Reconhece todos os sabores.
terceiro deve frequentemente lembrá-lo de ir ao
1 – Reconhece os cheiros.
WC.
4 – Sem sensibilidade táctil (lado direito).
2 – Incontinência fecal ocasional.
2 – Esquece factos recentes como nomes, encontros, mas lembra-se de factos importantes.
Funcional (ver fig. 1)no final de Maio de 2010,
2 – Por vezes desorienta-se no tempo e no espaço.
ainda que as alterações/evolução não aparente ser muito significativa, há maior autonomia
2 – Lento a apreender as explicações ou os pedidos.
porque passou a alimentar-se sozinha, sem necessitar nenhum tipo de ajuda, assim como
3 – avalia mal as situações e não toma decisões sensatas necessita
Resultados da Avaliação de Autonomia
fortemente da
nossa opinião. 2 – Perturbações de comportamento menores (humor variável) que necessitam uma vigilância ocasional. 4 – Deve ser levantado e deitado. 4 – Não anda.
pela recuperação da mobilidade do braço direito pode deslocar-se sozinha com a a cadeira de rodas. Na higiene participa, lavando a cara, os dentes e colabora com a cuidadora. 1 – Vê de forma adequada com ou sem óculos. 1 – Ouve correctamente com ou sem prótese auditiva.
4 – Incapaz de utilizar escadas.
1 – Reconhece todos os sabores.
4 – Necessita que um terceiro empurre a
1 – Reconhece os cheiros.
cadeira de rodas. 2 – Tem um defeito de linguagem mas tem êxito a exprimir o seu pensamento. 2 – Responde ao telefone mas não compõe alguns números memorizados. 1 – Interessa-se pela sua aparência. 4 – Deve ser transportado em ambulância. 4 – Deve ser lavado por um terceiro porque não participa activamente na sua
1 – Sensibilidade no tacto, térmica, vibratória e dor. 2 – Esquece factos recentes como nomes, encontros, mas lembra-se de factos importantes. 2 – Por vezes desorienta-se no tempo e no espaço. 2 – Lento a apreender as explicações ou os pedidos.
higiene. 4 – Deve ser vestido por um terceiro. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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3 – Avalia mal as situações e não toma decisões sensatas necessita
fortemente da
nossa opinião.
No ambiente Snoezelen, após os momentos iniciais de relaxamento e passado o 30.º segundo de visualização dos objectos foi capaz
2 – Perturbações de comportamento
de se lembrar de todos (após o 3º mês de
menores (humor variável) que necessitam uma
intervenção no Snoezelen). Ver Fig. 2 – Teste de
vigilância ocasional.
Memória – reconhecimento de figuras e Tabela
4 – Deve ser levantado e deitado.
1 - no início da Intervenção e após o 3º mês de
4 – Não anda.
Intervenção.
4 – Incapaz de utilizar escadas.
O desempenho da paciente em tarefa de
3 – Circula unicamente dentro com
identificação e memorização dos objectos
cadeira de rodas mas tem pontualmente
desenhados (5 vezes em dias diferentes em
necessidade de ajuda.
duas fases distintas) sendo que O –
2 – Tem um defeito de linguagem mas tem êxito a exprimir o seu pensamento. 2 – Responde ao telefone mas não compõe alguns números memorizados. 1 – Interessa-se pela sua aparência.
corresponde a evocação correcta e X – evocação errada. De ressaltar que não se lembrou do pente porque não identificou o mesmo no desenho. No entanto, observamos que no dia-a-dia
4 – Deve ser transportado em ambulância.
há determinados aspectos da organização do
3 – Necessidade de ajuda para lavar-se
mesmo que não são memorizados como, por
(higiene diária) mas participa activamente.
exemplo, a hora da fisioterapia. Perguntando
4 – Deve ser vestido por um terceiro.
sempre “a que horas é?” Ou ainda esquecendo
1 – Come sozinho.
que, nas quartas-feiras não tem sessão de
2 – Toma os seus medicamentos se forem
fisioterapia (mas sim de snoezelen1) e manifesta
preparados previamente. 4 – Incapaz de utilizar os lavabos, a cadeira elevada, etc..
ansiedade porque ainda não foi à sessão. A avaliação e a intervenção ao nível do Snoezelen resgatam a integralidade na atenção
1 – Micção normal.
à saúde e não se restringem tanto à cura, mas
1 – Esclarecimento normal.
sim, à optimização do funcionamento global e ao conforto do paciente, ainda que
Uma das principais queixas apresentadas pela paciente, a par da hemiplegia direita
temporariamente, pois sabe-se presente no tempo e no espaço.
(impossibilitando o uso do membro superior e
A exploração da capacidade de
inferior direitos), é ao nível da memória e, para
coordenação do acto motor manual utilizando
a v a l i a r, e x p u s e m o - l a a o t e s t e d e
todos os membros do lado direito só acontecia
reconhecimento de figuras. Fora do ambiente
inicialmente por ordem/indicação e ajuda total; a
Snoezelen, só após a indicação escrita (por
pouco e pouco foi desenvolvendo a capacidade
parte do paciente) é que foi capaz de se lembrar
de sozinha explorar os limites e por vezes
dos elementos (após o 5.º mês de fisioterapia é
aconteceu que não foi capaz de os avaliar. A
que pode escrever com a própria mão direita).
capacidade de organização óptico-espacial está
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satisfatoriamente mantida, sendo que para
do relógio e figura complexa de Rey, ambos
realizar tarefas mais complexas demonstra
elaborados a partir de cópia). As imagens são
maior preocupação para não cometer erros e
reveladoras da evolução, mesmo que não
insiste no pedido de auxílio para a realizar com
coloquemos aqui nenhuma imagem anterior,
perfeição. A capacidade de cópia e desenho
podemos afirmar que no início da intervenção, a
livre de estímulos estavam comprometidos, mas
paciente não poderia elaborar nenhuma cópia,
ao fim de 4 meses pode começar a executar
por causa da mão estar afectada pela
estas tarefas, pois a hemiplegia à direita
hemiplegia.
impedia a realização de determinadas tarefas.
A audição fonémica, avaliada através de
De forma global, a percepção de
tarefas de repetição verbal e escrita, encontra-
estímulos acústicos e a execução motora de
se normalizada após 4 meses de intervenção.
grupos rítmicos encontram-se normalizados.
Denota-se apenas alguma dificuldade de
Todavia, alguns erros cometidos parecem não
atenção. Foi diagnosticada disatria, mas não
se dever a défices sensoriais ou perceptivos
muito severa. A repetição constante das
sensoriais ou perceptivos centrais, antes sim
indicações das tarefas, a manutenção de
motivados pelo padrão de impulsividade e
conversas informais, o expressar verbalmente
ansiedade que caracteriza a doente.
do que vivenciava no Snoezelen levou à quase
A exploração das sensações cutâneas
total superação deste distúrbio neurológico,
distais superiores revela mais uma vez o que já
assim como a paralesia facial tipo central
sabemos sobre a hemiplegia (neste caso à
homolateral foi-se desvanecendo com o tempo e
direita). Mas a persistência terapêutica (3
exercitação.
meses) com as fibras ópticas e as texturas foi,
Por vezes, na repetição de alguma palavra
sem dúvida, um impulso para a aquisição de
com fonética mais elaborada mostra ainda
novas sensações e a recuperação das zonas
relutância em repetir como, por exemplo,
em causa. Precisou muitas vezes do auxílio da
preponderância, otorrinolaringologista, etc.. Mas
visão para o reconhecimento.
de um modo geral articula bem as palavras,
As funções visuais não se encontram
séries de palavras e frases... Sempre que se
comprometidas pois a doente reconhece
engana dá conta do mesmo e tenta sempre com
objectos apresentados e desenhados em
sucesso corrigir. O seu desempenho ao nível da
diferentes escalas, graus de complexidade.
leitura mantém-se intacto. O mesmo tem sido
Revela alguns erros em tarefas mais complexas
uma alavanca para manter também o
de organização visuoespacial, mas após a
desempenho na oralidade.
detecção do erro ou com relativa ajuda
Quanto ao cálculo aritmético mantém a
consegue realizar a tarefa como, por exemplo,
capacidade ao nível de operações simples de
na execução por cópia da figura complexa de
s o m a r, n o c á l c u l o e m s u b t r a c ç ã o o u
Rey ou do teste do Relógio (que por si só são
multiplicação simples e complexo revela elevada
testes que em parceria com toda a avaliação
dificuldade, que aumenta ao nível da
revelam outros tipos de funções comprometidas
abstracção.
ou não) e o jogo dos cubos (ver Fig 3 – Teste JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Ao nível das funções mnésicas, a
hemorragias, reabsorção de toxinas
memória remota e memória procedimental estão
(responsabilidade hospitalar e do
globalmente preservadas. Revela boa
acompanhamento da enfermagem), e a
capacidade de memória na realização dos
secundária, como resultado de estratégias de
exercícios, mas manifesta muitos
aprendizagem, reorganização e manutenção (cf.
esquecimentos ao nível das rotinas diárias.
Maia, Correia & Leite, 2009). Um dos
Poder-se-á entender na medida em que a re-
pressupostos transversais à intervenção com o
evocação de histórias e de imagem-palavra está
Snoezelen nesta idosa, vítima de AVC,
normalizado e o facto de se sentir a ser avaliada
independentemente da zona afectada, consistiu
faz com que a atenção (embora por vezes falte)
na intervenção centrada na estimulação
esteja mais preservada.
sensorial, na
estimulação do sistema
proprioceptivo. Esta intervenção iniciou-se PROGRAMA DE INTERVENÇÃO
imediatamente à entrada da idosa no Lar dado
Após a avaliação, o programa de
que a mesma já se encontrava num estado
fisioterapia e Snoezelen com a doente foi
responsivo. A estimulação conferida à utente foi
estruturado tendo em consideração as
intensiva de forma adequada às suas
dificuldades apresentadas pela mesma e pelo
necessidades e não apenas um re-ensinar das
r e l a t ó r i o m é d i c o ( v e r Ta b e l a 2 –
capacidades perdidas.
Esquematização do processo de intervenção)
Habitualmente as sessões de Snoezelen
O processo de reabilitação em AVC deve
têm um enfoque particularmente sensitivo e por
ser contínuo e activo. Deve promover a
vezes cognitivo, iniciando-se através da
maximização de toda e qualquer oportunidade
orientação espacial, na utilização dos sentidos e
de retorno ao níveis de funcionalidade
na estimulação do sistema proprioceptivo.
precedentes e ao estilo de vida o mais activo possível e produtivo (AA.VV, 1997).
A idosa foi apoiada a restabelecer níveis de coordenação visuoespacial através da
Dada a multiplicidade de sequelas
orientação comandada das cores dos tubos de
decorrentes do AVC, todo o trabalho de
água com bolhas (causa-efeito). Foi ainda
recuperação implica necessariamente a
orientada
coordenação de esforços de vários profissionais
sozinha da cadeira de rodas e deitar-se na
e várias intervenções terapêuticas sem fim no
cama de água (após a 15.ª sessão de
tempo porque após a possível recuperação há
fisioterapia), no sentido de restabelecer níveis
que necessariamente proceder à manutenção e
de coordenação muscular para concretizar
retardamento de maiores níveis de
pequenas actividades como levantar as pernas
dependência.
até um ângulo de 80º (em posição deitada), em
O processo caracterizou-se por duas etapas: primária e secundária. A primária,
a concretizar actividades como sair
ordem ao treinamento de actividades da vida diária.
enquanto resultado dos processos
Em tarefas de estereognosia (exploração
neurofisiológicos de recuperação como a
de objectos com a mão direita sem auxílio da
diminuição do edema, não ocorrência de
visão), o desempenho inicialmente deficitário,
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não só a nível do reconhecimento como
de resposta era maior chegou a apresentar
discriminação de intensidades de estimulação
respostas emocionais desadequadas, ainda que
somatosensorial (não distinção de toques fortes
compreensíveis.
e leves, nos membros do lado direito), ao fim de
Em suma, tanto do ponto de vista da
15 sessões a diferença é abissal, reconheceu
avaliação como da intervenção, verificámos ao
quase todos os objectos, texturas e locais de
nível qualitativo que o Snoezelen foi um auxílio
toque sem auxílio da visão o que permitiu
precioso no processo de reabilitação e
também passar para algumas actividades no
manutenção das faculdades existentes (ver
âmbito da ergoterapia.
Tabela 3 - Dieta Sensorial e Observações). O caminho de 5 meses foi de busca, de
No processo de estimulação sensorial e neuropsicológica procuramos
presença, de acompanhamento, de “estar”… um
adequar os
caminho que queríamos compreender
estímulos às dificuldades da doente, falando
eideticamente (eidos, do grego – essência) o
calmamente e repetindo os exercícios no
evento Snoezelen na vida dos idosos (e desta
sentido de um treinamento mais sistemático e
paciente em particular). Tomando cada um dos
persistente. Esta calma é imprescindível pois a
excertos dos registos transcritos nas diferentes
lentificação dos processos de assimilação e
unidades e no quadro anterior, atrevemo-nos a
processamento da informação, mesmo que não
dizer que o Snoezelen contribui e muito para
esteja muito afectado, está lentificado, daí a
uma melhor qualidade de vida dos idosos do Lar
persistência no treino da execução dos mesmos
Santa Beatriz da Silva.
exercícios e de modo especial referimos
O tema abordado, desde a sua génese,
novamente as fibras ópticas e as texturas ao
teve apenas como único desafio passar para o
som dos concertos para piano de Mozart
papel tudo o que se foi aprendendo sobre
(Mozart: Les 23 concertos piano).
Snoezelen e suas implicações na vida dos
A estimulação proporcionada à idosa foi
idosos da nossa Instituição.
intensiva, mas com consciência plena que foi de
As teorias abordadas neste caminho
acordo com as suas necessidades e sobretudo
fazem parte de um grupo de “grandes teorias”,
potencialidades e re-ensinamento das
as quais procuram explicar, de forma geral, a
capacidades perdidas. Algumas precauções
relação entre pessoas idosas, envelhecimento e
foram tomadas como, por exemplo, a adaptação
sociedade. Os estudos e as pesquisas
do comportamento à idade real (mesmo que por
demonstram que estas teorias ficam, em muitos
vezes a mesma tenha assumido um
casos, generalistas demais, levando a formas
comportamento infantilizado), não utilizando
de explicação pouco precisas. Por isso, as todas
nunca voz agressiva nem barulhenta e, para
as gerações de teorias sociológicas seriam
além de tudo isto, valorizando e reforçando
necessárias para um conhecimento maior e
sempre os sucessos e não valorizando os
mais aprofundado do fenómeno do
desempenhos erráticos. Os níveis de saturação
envelhecimento. Mas o conhecimento das
e cansaço na abordagem inicial às tarefas foram
teorias aqui apresentadas continua a ser a
altos e aquando de tarefas em que a dificuldade
nossa referência, pela sua simplicidade.
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Apresentar a nossa vivência no ambiente
absolutas da dimensão terapeutica mas
Snoezelen assim como a descrição do breve e
percebemos que no limite do sofrimento
simples estudo caso foi uma dura e longa
humano, o terapeuta eleva-se numa atitude
jornada. Difícil por ser a primeira tentativa de
onde o seu corpo e a sua mente e da pessoa
passar para o papel a “nossa vida”.
cuidada, convergem para uma dinâmica com
Os ojectivos do Snoezelen no Lar Santa Beatriz da Silva são: •
Estimular os sentidos e contacto com materiais diversos;
•
•
harmonia, organização e respeito. Há reciprocidade e o mais pequeno detalhe é valorizado, de modo que quanto mais vulnerável e dependente é a pessoa doente, mais delicado,
Promover um sentido de pertença
fino e leve é o gesto, o olhar, o movimento, a
através da participação activa das
voz e o contacto do cuidador (cf. Simões,
pessoas envolvidas nas sessões de
Rodrigues & Salgueiro, 2008). Neste ambiente
Snoezelen;
acontece o resultado esperado num Lar de
Incentivar a participação activa dos
idosos, o resultado de melhor qualidade de vida.
agentes e usuários; •
Estimular a criatividade e a curiosidade sobre os estímulos;
•
Promover a participação dos familiares e
Parafraseando Karl Popper podemos dizer que o Snoezelen é a rede que lançamos para captar a realidade dos idosos em Lar e melhorála.
colaboradores; •
Proporcionar relaxamento e estimulação sensorial;
•
Compartilhar a metodologia com outras Instituições;
•
Criar "alianças de qualidade de vida" entre todos os participantes: usuários,
Chegados ao fim da caminhada que porposta, cientes dos limites científicos e da ausência de certezas absolutas, mas certos de que foi aberto um caminho de investigação mais séria sobre a influência do Snoezelen para maior qualidade de vida em idosos grande dependentes.
familiares, profissionais e compartilhar ferramentas terapêuticas; •
“ Cheguei ao fim do fio da continuidade” (Almada Negreiros)
Considerar o Snoezelen não uma terapia mas uma ocasião de relaxamento e de
REFERÊNCIAS
experiências de prazer que põe em acção todos os sentidos; •
•
1522-1526.
Ver no quotidiano de cada dia na instituição tudo o que é multissensorial
AA.VV. (1997). Rehabilitation. Stroke, 28,
•
AA.VV. (2004). The implementation of
como ocasião de crescimento e
Snoezelen in psychogeriatric care: an
descoberta pessoal e que encoraja o
evaluation through the eyes of
pensamento criativo mesmo em
caregivers in International Journal of
pessoas com graves deficits.
Nursing Studies 41. pp. 397–409
Os resultados esperados não se prendem com quantificações ou certezas científicas JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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•
Maia, L., Correia, C. & Leite, R. (2009). Avaliação
e
Intervenção
neuropsicológica. Lisboa: Lidel. •
Montobbio, E. & Lepri, C. (2000). Chi sarei se potessi essere.. Pisa: Ed. Del Cerro.
•
Simões, M., Rodrigues, M. & Salgueiro, N. (2008) O significado da filosofia da humanitude, no contexto dos cuidados de enfermagem à pessoa dependente e vulnerável.
Revista Referência II
Série nº 7. Ministério da Saúde. Lisboa pp 97-10 TABELAS Tabela 1: Resultados do teste de memória no início da Intervenção e após o 3º mês de Intervenção Dias
Pente
Cágado
Casa
Avião
Balde
Chave
Sapato
1º
X
X
X
O
X
X
X
2º
X
X
O
X
X
X
X
3º
X
X
X
X
O
O
O
4º
X
X
X
O
X
X
O
5º
X
X
X
O
O
X
O
Dias
Pente
Cágado
Casa
Avião
Balde
Chave
Sapato
16º
X
O
O
O
O
O
O
17º
X
O
O
O
O
O
O
18º
X
O
O
O
O
O
O
19º
X
O
O
O
O
O
O
20º
X
O
O
O
O
O
O
Tabela 2: Esquematização do Processo de Intervenção
Avaliação Inicial e
Reconhecimento das
Resolução de
Treino e recuperação
contínua
incapacidades
problemas simples
do tacto memória,
(ex. Servir água)
escrita e linguagem
15.ª a 30 ª
15.ª a ___ª
Sessões 1.ª a 3 ª
5.ª a 7ª
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Tabela 3: Dieta Sensorial Data
Dieta sensorial
18/01/2010 Foram mostrados todos os elementos 20/01/2010 Fibras ópticas,
Observações Gostou da sala, disse que era bonita e que gostaria de ir ali mais vezes, ao accionar cada elemento foi sempre manifestando agrado, de modo especial às fibras ópticas. Relaxou com as fibras ópticas, tentou acariciar e interagir com a mudança das cores.
colunas de água,
Nunca conseguiu localizar onde as fibras ópticas tocavam na mão direita. Associado ao
tábuas de texturas e
jogo sensorial das texturas nunca conseguiu detectar o tipo de superfície. Procurou
música
acompanhar os objectos a subir e a descer na coluna de água. Apresentou dificuldade em relatar oralmente o que estava a ver devido à disartria. Reacções faciais: sorriu, bocejou, adormeceu ligeiramente… Pela dificuldade de mobilização não pode ser colocada na cama de água.
22/01/2010
Pediu as fibras ópticas para as acariciar. No jogo sensorial das texturas só conseguiu detectar o tipo de superfície com o auxílio da visão. Procurou acompanhar o subir e descer das bolas na coluna de água. Reacções faciais: sorriu, bocejou… Pela dificuldade de mobilização ainda não pode ser colocada na cama de água.
25/01/2010
“Eu sempre aceitei tudo das mãos de Deus, agora tenho de caminhar na aceitação do que sou, mas custa tanto ver-me assim sem me bastar e ter de dar trabalho aos outros… mas que seja para maior glória de Deus” “Sabes… não posso mentir, às vezes digo que sinto que me tocas nessa mão com as luzes, mas não sinto… quero muito sentir, mas só quando olho é que vejo que me tocas” “sinto porque vejo…”
03/02/2010 Fibras ópticas, colunas de água,
Interagiu com todos os elementos. Manifestou interesse em perceber como tudo funcionava e disse claramente: “gosto de vir
plasticina terapeutica aqui, sinto-me tranquila e serena, mas gostava de me curar”. e música 24/02/2010 Fibras ópticas, colunas de água, cama de água, projector e música
Deixou-se envolver pelas fibras ópticas, acariciou-as com as duas mãos. Reconheceu as imagens projectadas na parede, identificou claramente que flores eram e as cores. No teste de reconhecimento de objectos quase se lembrou de tudo menos o pente e o cágado
(…) 18/03/2010
“Eu sempre me coloco nas mãos de Deus. A pessoa que tem Deus no coração é alegre e supera tudo mais facilmente. E hoje já sinto qualquer coisa… ajuda-me que eu tenho de melhorar… façam-me tudo o que puderem, por favor.”
15/05/2010 Fibras ópticas,
Sentiu e identificou sem auxílio da visão as texturas apresentadas, assim como soube
colunas de água,
localizar onde as fibras ópticas tocam na mão direita. Colocou-se de pé sozinha a partir
tábuas de texturas,
da cadeira de rodas e ajudou a ser deitada na cama de água. Com grande precisão
música, cama de
levantou cada uma das pernas após a indicação dada e apreciou o som vibrante da
água e projector
música em todo o seu corpo. Identificou as imagens projectadas (flores e respectivas cores).
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FIGURAS Figura 1: Ficha de Avaliação da Autonomia Funcional
Observações:
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CHAVES DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO
DA
FICHA
1. Sensibilidade no tacto, térmica, vibratória e dor.
FUNÇÕES SENSORIAIS VER 1. Vê de forma adequada com ou sem óculos. 2. Problemas de visão mas conseguem fazer as
2. Dificuldade de reconhecer os objectos sem ajuda da vista. 3. Diminuição da sensibilidade à dor e térmica. 4. Sem sensibilidade táctil.
suas actividades. 3. Não vê o contorno dos objectos, precisa ser guiado. 4. Cego. ENTENDER – OUVIR 1. Ouve correctamente com ou sem prótese auditiva. 2. Ouve mas só se falar bem alto. 3. Não entende se não for bem alto e acompanhado de gestos.
FUNÇÕES MENTAIS MEMÓRIA 1. Memória normal. 2. Esquece factos recentes como nomes, encontros, mas lembra-se de factos importantes. 3. Esquece aspectos da vida corrente (apagar ou acender a luz, pentear-se, etc..). 4. Quase amnésico.
4. Surdo.
ORIENTAÇÃO
GOSTO
1. Bem orientado no tempo e no espaço.
1. Reconhece todos os sabores.
2. Por vezes desorienta-se no tempo e no
2. Não diferencia sabores. 3. Não reconhece sabores. 4. Falta de paladar. SENTIR – CHEIRO 1. Reconhece os cheiros. 2. Não reconhece os maus cheiros. 3. Não reconhece os cheiros. 4. Sem cheiro.
espaço. 3. É orientado somente no espaço habitual, no imediato e com pessoas familiares. 4. Desorientação completa. COMPREENSÃO 1. Compreende bem. 2. Lento a apreender as explicações ou os pedidos. 3. Compreende apenas parcialmente após explicações repetidas.
TOQUE 4. Não compreende o que se passa em redor. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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JULGAMENTO
2. Desloca-se mas deve ser guiado, estimulado
1. Avalia as situações e toma decisões sensatas. 2. Avalia as situações mas necessita conselhos para tomar decisões.
sua segurança. 3. Necessita da ajuda de terceiro. 4. Não anda.
3. Avalia mal as situações e não toma decisões sensatas necessita
ou supervisionado porque não é diligente na
fortemente da nossa
opinião. 4. Não avalia as situações e devem-se tomar as decisões no seu lugar. COMPORTAMENTO 1. Adequado. 2. Perturbações de comportamento menores (humor variável) que necessitam uma vigilância ocasional. 3. Perturbações do comportamento que necessitam uma vigilância mais intensiva (agressividade para com ele ou os outros). 4. Perigosos, tenta ferir os outros ou ferir-se.
UTILIZAR ESCADAS INTERIORES 1. Sobe e desce escadas únicas. 2. Sobe e desce escadas mas deve ser guiado, estimulado ou supervisionado ou sobe e desce escadas de maneira não segura. 3. Sobe ou desce escadas com a ajuda de uma bengala. 4. Incapaz de utilizar escadas. CAMINHAR NO EXTERIOR 1. Desloca-se com ou sem ajudas técnicas. 2. Desloca-se mas deve ser guiado, estimulado ou supervisionado porque não é diligente na sua segurança. 3. Necessita da ajuda de terceiro.
MOBILIDADE LEVANTAR-SE 1. Levanta-se e deita-se sozinho. 2. Levanta-se e deita-se sozinho mas deve ser estimulado ou supervisionado ou guiado. 3. Necessidade de ajuda para se levantar e deitar.
4. Não anda. INSTALAR PRÓTESE 1. Instalação única da sua prótese. 2. Necessidade que se verifica na instalação da sua prótese. 3. Ajuda parcial necessária. 4. A prótese deve ser instalada por um terceiro.
4. Deve ser levantado e deitado.
DESLOCAR-SE EM CADEIRA DE RODAS
CAMINHAR NO INTERIOR
1. Circula mesmo fora.
1. Desloca-se com ou sem ajudas técnicas.
2. Circula dentro.
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3. Circula unicamente dentro mas tem pontualmente necessidade de ajuda. 4. Necessita que um terceiro empurre a cadeira.
3. Utiliza apenas o automóvel ou um veículo adaptado à condição a ser acompanhado e ajudado para subir e descer. 4. Deve ser transportado em ambulância.
COMUNICAÇÃO – FALAR 1. Fala normalmente. 2. Tem um defeito de linguagem mas tem êxito a exprimir o seu pensamento. 3. Tem defeito de linguagem mas pode comunicar certas necessidades primárias, ou responder a perguntas por sim ou não. 4. Incapaz de comunicar verbalmente UTILIZAR O TELEFONE 1. Serve-se do telefone. 2. Responde ao telefone mas não compõe alguns números memorizados. 3. Comunica ao telefone mas não compõe número. 4. Incapaz de utilizar o telefone. TRATAR da SUA IMAGEM 1. Interessa-se pela sua aparência.
ACTOS DA VIDA QUOTIDIANA – AVD’S LAVAR-SE 1. Lava-se sozinho. 2. Lava-se sozinho mas deve ser estimulado; ou necessita de vigilância; ou que se lhe prepare o necessário; ou tem necessidade de ajuda para um banho completo (semanal). 3. Necessidade de ajuda para lavar-se (higiene diária) mas participa activamente. 4. Deve ser lavado por um terceiro porque não participa activamente na sua higiene. VESTIR-SE 1. Veste-se sozinho. 2. Veste-se sozinho mas deve ser estimulado ou tem necessidade de vigilância para se vestir ou deve-se tirar-lhe a sua roupa e apresentar-lhe ou deve-se fazer apenas certos toques finais (botões).
2. Necessidade de estimulação para tratar da sua aparência.
3. Necessita a ajuda para vestir-se.
3. Necessidade de ajuda.
4. Deve ser vestido por um terceiro.
4. Não se interessa pela sua aparência.
ALIMENTAR-SE
UTILIZAR os MEIOS de TRANSPORTE
1. Come sozinho.
1. Utiliza algum meio de transporte (automóvel,
2. Come sozinho mas deve ser estimulado.
táxi, autocarros). 2. Deve ser acompanhado para utilizar um meio
3. Necessita de uma ajuda parcial: deve-se cortar ou picar o seu alimento previamente.
de transporte.
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4. Deve ser alimentado inteiramente por um terceiro. TOMAR OS SEUS MEDICAMENTOS 1. Toma sozinho os seus medicamentos de maneira adequada.
3. Incontinência frequente ou ajuda de colostomia. 4. Incontinência fecal total e habitual. Adaptado e traduzido de Éditique: Dr Lucien Mias – 1993 – Adapté des grilles SMAF et IAD2
2. Toma os seus medicamentos se forem preparados previamente. 3. H á n e c e s s i d a d e d e v i g i l â n c i a p a r a assegurar-se de que toma convenientemente os seus medicamentos. 4. Deve-se fazer tomar os seus medicamentos.
Fig 2 – Teste de Memória
UTlLlZAR OS LAVABOS 1. Utiliza só os lavabos. 2. Necessita uma vigilância aquando da utilização dos lavabos. 3. A necessidade da ajuda de um terceiro para ir aos lavabos ou utilizar a cadeira elevada, urinol ou a bacia. 4. Incapaz de utilizar os lavabos, a cadeira elevada, etc.. CONTINÊNCIA VESICAL 1. Micção normal. 2. Incontinência ocasional; ou um terceiro deve frequentemente lembrá-lo de ir ao WC. 3. Incontinência urinária frequente; ou necessita de sonda. 4. Incontinência urinária total. CONTINÊNCIA ANAL 1. Esclarecimento normal. 2. Incontinência fecal ocasional.
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Fig 3 – Teste do relógio e figura complexa de Rey
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Amorim, L. (2012) Promotion of Self Care in People with COPD: The case of Noninvasive Ventilation. Journal of Aging & Inovation, 1 (1): 69-79
REVISÃO SISTEMÁTICA / SYSTEMATIC REVIEW!
DEZEMBRO, 2011
PROMOÇÃO DO AUTOCUIDADO EM PESSOAS COM DPCO: O CASO DA VENTILAÇÃO NÃOINVASIVA PROMOTION OF SELF CARE IN PEOPLE WITH COPD: THE CASE OF NONINVASIVE VENTILATION PROMOCIÓN DE LO AUTOCUIDADO EN PERSONAS CON EPOC: EL CASO DE LA VENTILACIÓN NO INVASIVA
Autores
Luís Amorim1
1Enfermeiro,
Hospital Militar Principal, Corresponding author: luis.xavier.amorim@hotmail.com
RESUMO Objectivo: Determinar onde os cuidados de enfermagem podem obter melhor promoção do autocuidado (e subsequentes ganhos em saúde), face à utilização da VNI comparativamente à VM, em doente com DPOC. Metodologia: Efectuada pesquisa nas bases de dados: MedLine With Full Text, LILACS With Full Text, SciELO - Scientific Electronic Library Online (23), PubMed, Cochrane, ePORTUGUÊSe – Literatura Técnico-científica (3), com publicação nos cinco últimos anos (até 20 de Dezembro de 2011). Foi utilizado o método de PICO e seleccionados 7 artigos do total de 485 encontrados. Resultados: A VNI é a escolha de eleição nas diversas descrições, salientando a vantagens sobre a VM, face à redução da taxa de mortalidade, a ser a alternativa mais barata, eficaz e de simples execução nos casos de insuficiência respiratória sem descompensação hemodinâmica, e face aos problemas e complicações decorrente do seu uso. Apesar de simples, advogase que seja instituída por profissionais, com selecção criteriosa dos doentes e em unidades próprias, o que parece retirar um pouco a possibilidade do autocuidado e autonomia ao doente. Conclusões: Face à questão PICO, existem indícios que apontam que a utilização da VNI possa ser benéfica para a promoção da autonomia e autocuidado do doente, na medida que diminuindo todo o leque de comorbilidade, dias de internamento e qualidade de vida, este possa ter capacidade de exercer as suas AVDs. Implicação na prática profissional: Face ao exposto a VNI deva ser adoptada como técnica de eleição e integrada na nossa prática clínica, pois, tem enormes vantagens sobre a VM, resultando em ganhos em saúde, qualidade de vida e diminuição de custos. No entanto, ao relacionar-se com a promoção do auto cuidado, face à pertinência das questões levantadas num dos estudos, sugere-se que seja melhor estudado as aplicações que podem ser feitas nesta matéria, pois, apesar de advogar que a mesma seja instituída e adoptada pelo doente, deve ser feita com segurança, face às condicionantes que possam advir da sua má utilização. Palavras-chave: Autocuidado; DPOC; Ventilação Não Invasiva; Ventilação Mecânica. ABSTRACT Objective: To determine which nursing care can get better promotion of self-care (and subsequent gains in health), comparing the use of NIV and the MV in patients with COPD. Methodology: I made a search in databases: MedLine/PubMed, LILACS With Full Text, SciELO - Scientific Electronic Library Online, Cochrane, ePORTUGUÊSe –Technical and Scientific Literature using the search engine Google, with publication in the last five years (until December 20, 2011). We used the PICO method and selected seven articles of total 485 found.Results: The NIV is the preferred choice in the various descriptions, emphasizing the advantages of the VM, due to the reduction of mortality rate, to be the cheapest alternative, effective and simple to perform in cases of respiratory failure without hemodynamic instability, and addressing the problems and complications arising from its use. Although simple, advocates that it be established by professionals, with careful selection of patients and in their own units, which seems a bit removed the possibility of self-care and autonomy to the patient. Conclusions: Given the PICO question, there is some evidence that the use of NIV may be beneficial for the promotion of patient autonomy and self-care, decreasing the extent that the full range of comorbidities, days of hospitalization and quality of life, this may have ability to perform their ADLs and in this context also be able to manage and monitor their respiratory function, since this may have for information, as appropriate to their state of health and level of understanding, properly monitored and validated by health personnel. Involvement in professional practice: Given the above, I believe that NIV should be adopted as the technique of choice and integrated into our clinical practice, therefore, has enormous advantages over the MV, resulting in gains in health, quality of life and lower costs. However, to relate to the promotion of self-care, given the relevance of the questions raised in one study suggests that it is best studied applications that can be done in this matter, because, despite advocating that it be established and adopted by the patient, must be done safely, given the constraints that may arise from its misuse. Keywords: Self-care, COPD, noninvasive ventilation, mechanical ventilation.
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INTRODUÇÃO A Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
com facilidade, em especial em quadros de insuficiência respiratórios agudos.
(DPOC) é uma das principais causas de
Esta revisão sistemática da literatura, mais
morbilidade crónica, de perda de qualidade de
do que uma exigência académica, transformou-
vida e de mortalidade, estando previsto o seu
se numa necessidade pessoal de validar as
aumento nas próximas décadas (Portugal,
questões que se punham na prática clínica e
2004). Em Portugal, a prevalência desta doença
que fundamentam a questão de fundo, sobre se
está estimada em 5,3% da população com
esta vantagem aparente salientada pela
idades compreendidas entre os 35 e os 70 anos,
literatura se traduz na promoção de uma maior
sendo o sexo masculino o mais afectado,
autonomia a nível dos cuidados nos doentes
embora haja mais mulheres que fumem e cada
com DPOC. Este aspecto ao revelar-se implica
vez mais jovens; o número de internamentos
também um redefinir das áreas de actuação do
elevou-se em 5% nos últimos 5 anos, assim
enfermeiro nesta vertente, apostando mais em
como a utilização da oxigenoterapia de longa
cuidados que incentivem a promoção do
duração. No Inquérito Nacional de Saúde, 15%
autocuidado do doente, nomeadamente na
dos inquiridos recorreu aos serviços de saúde
educação para a saúde e da promoção de
por queixas respiratórias, sendo o tabaco o
estilos de vida saudáveis, ao invés da
responsável por mais de 90% das situações
centralização no tratamento. Tem como
clínicas (Portugal, 2004). A DPOC é responsável
objectivo determinar onde os cuidados de
a nível mundial por 29 milhões de anos de
enfermagem podem obter melhor promoção do
incapacidade (DALYs) e por um milhão de anos
autocuidado (e subsequentes ganhos em
de vidas perdidas em todo o mundo. Estima-se
saúde), face à utilização da ventilação não
que 10% da população mundial com mais de 40
invasiva comparativamente à ventilação
anos sofra desta doença. Curiosamente, é uma
mecânica, em doentes com DPOC.
doença que é prevenível na maioria esmagadora dos casos (com a evicção do acto
CONCEITOS
de fumar) e que se precocemente diagnosticada
A DPOC caracteriza-se pela limitação do
pode ser adequadamente tratada (Portugal,
fluxo de ar nas vias respiratórias, não reversível
2004).
com o tratamento instituído, e que se agrava
A Ventilação Não Invasiva (VNI) assume-
com a inflamação produzida em resposta à
se cada vez mais como a intervenção de
agressão do pulmão pela inalação de partículas
eleição, quer face à sua maior relevância nos
ou germes nocivos.
estudos científicos que justificam a sua escolha
A assistência ventilatória pode ser
como a alternativa de eleição relativamente à
entendida como a manutenção da oxigenação e/
Ve n t i l a ç ã o M e c â n i c a ( V M ) , q u e r p e l o
ou da ventilação dos pacientes de maneira
fundamento clínico, quer no plano económico
artificial até que estes estejam capacitados a
como alternativa tecnológica mais barata, quer
reassumi-las. Ventilação com pressão positiva
pelo seu aspecto prático que permite que os
não invasiva (VNI) fornece suporte ventilatório
próprios doentes e cuidadores a possam utilizar
sem a necessidade de uma abordagem das vias
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aéreas invasivo (Burns, Adhikari, Keenan &
mecânica) (Comparation) na promoção do
Meade, 2010).
autocuidado (Outcomes)?
A ventilação mecânica consiste na
Realizou-se revisão de literatura científica
introdução de um tubo endotraqueal na árvore
nacional e internacional conforme os critérios
respiratória, a fim de fornecer o aporte de
estabelecidos para a pesquisa documental nas
oxigénio de forma mais eficaz (Burns, Adhikari,
bases de dados MedLine/PubMed, LILACS With
Keenan & Meade, 2010).
Full Text, SciELO - Scientific Electronic Library
O domínio da Promoção da Saúde
Online, Cochrane, e Literatura Técnico-
compreende “a consciência de bem-estar ou de
científica, com publicação nos cinco últimos
normalidade de função e as estratégias
anos (até 20 de Dezembro de 2011), com
necessárias para manter sob controle ou
pesquisa dos unitermos abaixo mencionados.
aumentar esse bem-estar ou normalidade de
Foi utilizado o método de PICO e seleccionados
função” (NANDA, 2006, p.262), incorporando
7 artigos do total de 485 encontrados.
cinco grandes campos de acção: elaboração e
Por conseguinte, ao definir-se o objecto de
implementação de políticas públicas saudáveis,
estudo, a fim de se pretender uma compreensão
criação de ambientes favoráveis á saúde,
mais ampla deste fenómeno, foi levada a cabo
reforços da acção comunitária e
uma pesquisa em base de dados electrónica,
desenvolvimento de habilidades pessoais (Buss,
nas bases de dados atrás referenciadas. As
2000). O autocuidado, é a capacidade de
palavras-chave orientadoras utilizadas foram as
participar de actividades para cuidar do seu
validadas pelos descritores da United States of
próprio corpo (NANDA, 2006).
National Liberary of National Institutes of Health,
Face ao exposto, a presente revisão de
com a respectiva orientação: [(“Positive
literatura pretende discriminar quais os ganhos
Pressure Ventilation” OR “Intermittent Positive
em saúde, em especial em relação à promoção
Pressure Ventilation”; “Respiration, Artificial” OR
do autocuidado em doente com DPOC
“Positive End-Expiratory Pressure” OR
associados à VNI comparativamente à VM, nos
“Continuous Positive Airway Pressure” OR
últimos 5 anos, com base em evidências
“Positive-Pressure Ventilation” OR “Nasal
científicas.
Continuous Positive Airway Pressure”) AND (“Outcome Assessment” OR “Outcome
METODOLOGIA
Measures” OR “Outcome Studies” OR
Para delimitar um vasto campo de
“Outcomes Assessment” OR “Outcomes
hipóteses inerentes à problemática da VNI e a
Research”)] tendo as palavras sido procuradas
responder ao objectivo delineado, elaborou-se a
e m t e x t o i n t e g r a l ( D e z e m b r o / 2 0 11 ) ,
seguinte questão de partida, que atende aos
retrospectivamente até 2006, resultando 485
critérios do formato PICO (Melny e Fineout-
artigos no total, dentro da linha prescrita por
Overholt, 2005): Em pessoas com DPCO
Guyatt e Rennie (2002) e aos níveis de
(Population), os cuidados de enfermagem
evidência validados (Capezuti, 2008; Guyatt, e
realizados na VNI (Intervention) são mais
Rennie, 2002).
eficazes que os realizados na VM (ventilação JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Como critérios de inclusão privilegiaramse os artigos que efectuavam a comparação das
a favor do uso da VNI caso seja dada a possibilidade de optarem por esta técnica.
duas tecnologias, com recurso a metodologia
Burns, Adhikari e Meade (2003) salientam
qualitativa e/ou qualitativa ou revisão
a vantagem da VNI sobre a VM, ao reduzirem a
sistemática da literatura, que clarificassem as
taxa de mortalidade, bem como o tempo de
suas vantagens na aplicação da prática clínica e
internamento nas Unidades de Cuidados
o seu impacto nos resultados em saúde. Face à
Intensivos, reforçados por Bourguignon da Silva,
questão enunciada, foi feita a procura
Foronda e Troster (2003) que enunciam que
sistemática dos unitermos: “DPOC”, “promoção”,
esta técnica pode ser uma alternativa mais
“autocuidado”, “qualidade”, tendo sidos
barata, eficaz e de simples execução nos casos
aprovados apenas 35 artigos com esses
de insuficiência respiratória sem
lexemas, dos quais foram seleccionados 7 que
descompensação hemodinâmica. Isto parece ir
correspondiam na generalidade à questão PICO
no sentido apontado da literatura em geral, ao
enunciada, sendo excluídos os demais por se
fornecer o suporte ventilatório sem a
distanciarem do objectivo pretendido, bem como
necessidade de uma abordagem das vias
todos os artigos com metodologia pouco clara,
aéreas invasivo (Burns, Adhikari, Keenan &
repetidos ou com data anterior a 2006 e todos
Meade, 2010), caso do edema pulmonar
aqueles sem co-relação com o objecto de
cardiogénico agudo e exacerbações agudas de
estudo.
doença pulmonar obstrutiva crónica com
O percurso metodológico levado a cabo
hipercápnica, onde as exigências de cuidados
encontra-se exemplificado na figura 1, estando
intensivos, das taxas de intubação e das
os resultados apresentados no quadro 1.
despesas de cuidados de saúde foram manifestamente reduzidas e a sobrevida
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Destes achados, verifica-se que como resultado da análise dos artigos anteriormente referenciados é possível denotar que a VNI apresenta claras vantagens face à VM.
melhorada. Outras condições existem, mas os dados são menos conclusivos (Crummy e Naughton, 2007). Jezler, Holanda, José e Franca (2007) recomendam a utilização de estratégias
Chakrabarti et al. (2000) considera a VNI
protectoras de ventilação mecânica durante a
como a escolha de eleição nas diversas
ventilação mecânica de um paciente com DPOC
descrições, embora haja uma diminuição desta
agudizado. A assistência ventilatória pode ser
resposta numa segunda análise com recurso
entendida como a manutenção da oxigenação e/
fotográfico. Considera-se interessante que
ou da ventilação dos pacientes de maneira
apesar de apenas 34% tinham ouvido falar de
artificial até que estes estejam capacitados a
directivas avançadas de cuidados (ADCs), mas
reassumi-las. No entanto, a sua utilização não
nenhum jamais tinha emitido um, no entanto,
está isenta de risco, A ventilação mecânica
48% manifestaram interesse em fazê-lo
consiste na introdução de um tubo endotraqueal
seguinte explicação deste processo, o que joga
na árvore respiratória, a fim de fornecer o aporte de oxigénio de forma mais eficaz (Burns,
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Figura 1: Processo de pesquisa e selecção da revisão sistemática de literatura.
Adhikari, Keenan & Meade, 2010), no entanto,
fragilizando o paciente e expondo-o a infecções
pode provocar lesão do pavimento respiratório,
nosocomiais, como a pneumonia, sinusite e otite
com subsequente processo inflamatório,
(Fagon et al., 2000; Burns, Adhikarin & Meade,
acompanhado de obstrução, ulceração,
2006; Agarwal et al., 2009; Epstein, 2009;
hemorragia e isquémia (Jvirjevic et al., 2009),
Jvirjevic et al., 2009), bem como aumenta o
condicionando significativamente a evolução
desconforto, a dor, o stress associado à
clínica favorável do doente em estado grave
ansiedade agravados pela incapacidade de se
(Rahal, Garrido & Cruz, 2005). Por outro lado,
alimentar ou comunicar eficazmente (Burns et
degrada os mecanismos de defesa e protecção,
al. 2006; Agarwal et al., 2009).
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Quadro 1: Artigos incluídos Autor/ Tipo autore de s Estud o Chakra Quanti barti et tavo a l . (2000)
Participant es
Intervenções
Resultados
Nível de Eviden cia
5 0 pacientes com DPOC estável.
Foi desenvolvido um processo de entrevista padronizada de cinco estágios para explorar atitudes em relação à nãoinvasivo ventilation (NIV) e ventilação mecânica invasiva (VMI).
Ve r i f i c o u - s e q u e a V N I f o i considerada a escolha de eleição por 86% na hora da tomada de decisão em relação a 24% com a ajuda fotográfico (p <00.001). Embora 96% estavam dispostos a receber VNI após uma descrição verbal da técnica, apenas 76% demonstrou isso quando consentiu uma ajuda fotográfica. Enquanto 60% estavam dispostos a receber IMV seguir uma descrição verbal, este número decresceu para 58% seguinte explicação de tratamentos alternativos para IMV. Pacientes dispostos a receber IMV eram mais jovens (67 contra 76 anos p ¼ 0,016) e teve um melhor estado funcional (NEADL índice de 20 versus 15 unidades p ¼ 0,03). Apenas 34% tinham ouvido falar de directivas avançadas de cuidados (ADCs), mas nenhum jamais tinha emitido um, no entanto, 48% manifestaram interesse em fazê-lo seguinte explicação deste processo.
II
B u r n s , Quanti Adultos com Sintetizar a evidência científica Adhika tativo insuficiênci comparando a VNI com pressão ri e a positiva e a VM com pressão Meade respiratória positiva invasiva e qual o seu (2003) impacto no desmame ventilatório, na taxa de mortalidade, pneumonia e duração total de VM Bourgui Quanti Adultos com Revisão bibliográfica através do g n o n tativo insuficiênci PubMed/Medline, utilizando d a a como fontes de pesquisa Silva, respiratória aqueles artigos de ventilação Forond não invasiva na população a e pediátrica, além de artigos de Troster consenso e meta-análise de (2003) ventilação não invasiva em adultos (falta de evidência na população pediátrica). J e z l e r, Quanti D o e n t e s A revisão bibliográfica baseou-se Holand tativo com DPCO na busca de estudos através de a, José palavras-chave e em sua e gradação conforme níveis de Franca evidência. As palavras-chave (2007) utilizadas para a busca foram: ventilação mecânica na DPOC: COPD and mechanical
Cinco estudos demonstram que, comparando a VM e a VNI com pressão positiva, a VNI diminui a taxa de mortalidade, bem com o tempo de internamento nas Unidades de Cuidados Intensivos.
I
A ventilação mecânica não invasiva pode ser uma alternativa mais barata, eficaz e de simples execução nos casos de insuficiência respiratória sem descompensação hemodinâmica.
I
Estratégias protectoras de ventilação mecânica são recomendadas durante a ventilação mecânica de um paciente DPOC agudizado.
I
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R o c h a Quanti Adultos com Realizou-se uma revisão de e tativo insuficiênci literatura científica nacional e Carneir a internacional conforme os o respiratória critérios estabelecidos para a (2008) pesquisa documental nas bases de dados MedLine, LILACS, SciElo, PubMed, Cochrane, com os unitermos: doença pulmonar obstrutiva crônica, ventilação mecânica nãoinvasiva.
A ventilação mecânica não invasiva pode ser mais efectiva em pacientes com moderada a grave exacerbação da DPOC e as complicações podem ser diminuídas pela utilização de adequada interface e experiência do fisioterapeuta.
I
Ferreira Quanti D o e n t e s Os autores fazem uma revisão , tativo submetidos dos benefícios, vantagens e Noguei a V N I limitações da VNI, interfaces r a , (revisão da utilizadas e principais indicações Conde literatura) desta técnica na insuficiência e respiratória aguda (IRA) e na Taveira insuficiência respiratória crónica (2009) agudizada.
Consideram que face aos riscos envolvidos, advogam que seja instituída por profissionais treinados e conhecedores dos factores preditivos de insucesso, com selecção criteriosa dos doentes, assim como em unidades próprias, com monitorização adequada, de modo a garantir o sucesso desta terapêutica.
V
Vargas, Quanti D o e n t e s Foi realizada uma revisão em Weissh tativo a d u l t o s bases de dados eletrônicas: e i m e r, c o m MEDLINE, PubMed, SciELO, Severo D P O C , PEDro, Science Direct e Lilacs. d a e s t á g i o A seguir, selecionados artigos a Cunha g r a v e a partir dos seguintes critérios de e m u i t o inclusão: publicação entre Filippin g r a v e , janeiro de 2005 e julho de 2010, (2011) submetidos em idioma inglês ou português, à VMNI no classifi cados como Ensaio m o d o Clínico (EC) ou Ensaio Clínico B I P A P ® , Randomizado (ECR). durante o exercício.
Os estudos mostraram que a VMNI, durante o exercício, pode aumentar a tolerância ao mesmo. Esta revisão sugere que a VMNI, modo BIPAP®, utilizada por indivíduos com DPOC na realização de exercícios pode reduzir a fatigabilidade dos músculos esqueléticos, promovendo melhores adaptações fisiológicas ao esforço físico desses indivíduos.
I
Para Rocha e Carneiro (2008), a ventilação mecânica não invasiva pode ser mais
um pouco a possibilidade do autocuidado e autonomia ao doente.
efectiva em pacientes com moderada a grave
Vargas, Weissheimer, Severo da Cunha e
exacerbação da DPOC e as complicações
Filippin (2011) salientam que os estudos
podem ser diminuídas pela utilização de
mostraram que a VNI, durante o exercício, pode
adequada interface e experiência do
aumentar a tolerância ao mesmo. Esta revisão
fisioterapeuta. Um pouco nessa linha, Ferreira,
sugere que a VNI, modo BIPAP®, utilizada por
Nogueira, Conde e Taveira (2009) consideram
indivíduos com DPOC na realização de
que face aos riscos envolvidos, advogam que
exercícios pode reduzir a fatigabilidade dos
seja instituída por profissionais treinados e
músculos esqueléticos, promovendo melhores
conhecedores dos factores preditivos de
adaptações fisiológicas ao esforço físico desses
insucesso, com selecção criteriosa dos doentes,
indivíduos. Isto acontece uma vez que a VNI
assim como em unidades próprias, com
pode promover um suporte ventilatório parcial a
monitorização adequada, de modo a garantir o
pessoas com insuficiência respiratória (Agarwal
sucesso desta terapêutica, o que parece retirar
et al., 2009), desde que em estádios iniciais tenham capacidade para respirar
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Quadro 2 Autores
Análise das tecnologias
Promoção do
Observações
Autocuidado Chakrabarti et al. Considera a VNI como a Pouca evidência (2000) escolha de eleição. Burns, Adhikari e R e d u ç ã o d a t a x a d e Pouca evidência Meade (2003) mortalidade, ao optar-se pela VNI face à VM B o u r g u i g n o n d a VNI é considerada como a Evidência da VNI poder ser Silva, Foronda e técnica mais barata, eficaz e u s a d a p e l o p r ó p r i o Troster de simples execução paciente, com sobrevida (2003) maior J e z l e r, H o l a n d a , Os problemas e desconforto Evidência da VM produzir Não descrimina se a VNI J o s é e F r a n c a produzidos pela VM agravam i n c a p a c i d a d e e pode ajudar a promover o (2007) a condição do paciente agravamento d a autocuidado dependência Rocha e Carneiro Apesar da VNI ser mais A V N I d e v e t e r a Também o enfermeiro tem (2008) efectiva nalguns casos, deve m o d e r a ç ã o d e u m c o m p e t ê n c i a s ser monitorizada por técnico fisioterapeuta experiente (reabilitação) Ferreira, Nogueira, V N I com t é c n i c o s E x i s t ê n c i a d e r i s c o s Resta saber o leque de Conde e Taveira competentes, selecção de associados ao autocuidado limiares onde o risco é (2009) d o e n t e s e e m u n i d a d e s sem supervisão técnica aceitável ou não próprias V a r g a s , Salientam estudos sobre VNI O paciente poderá deter Tendencialmente poderia W e i s s h e i m e r , no exercício pode aumentar a algum controle sobre as ser alargada a outras Severo da Cunha e Filippin (2011) tolerância ao mesmo actividades e o uso da VNI actividades
espontaneamente e que preencham critérios para extubação ou desmame ventilatório,
CONCLUSÃO
actuando, deste modo, na diminuição do
Da pesquisa efectuada, verifica-se que os
período de necessidade de VM e/ou re-
critérios de procura nas bases de dados e de
entubação e, consequentemente, de sedação e
selecção deixam pouco material para poder tirar
das suas complicações associadas (Rahal et al.,
conclusões. Da quantidade de achados, verifica-
2005). Ao salvaguardar a capacidade de
se que o enfoque está centrado nas técnicas
clearence brônquica previne o enfraquecimento
que são utilizadas e que a vertente dos
dos músculos respiratórios (Burns et al., 2006),
cuidados é deixada um pouco de lado, pelo que
positivamente relacionados com a taxa de
da selecção efectuada haverá alguma
sobrevida e redução do tempo de permanência
dificuldade em responder à questão PICO
em Unidade de Cuidados Intensivos (Gelbach,
formulada.
et al., 2002; Giacomini et al., 2003). O quadro 2 procura sintetizar esta discussão. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Face à questão PICO, existem indícios que apontam que a utilização da VNI possa ser benéfica para a promoção da autonomia e Volume 1. Edição 1
Página 77
autocuidado do doente, na medida que
pois, tem enormes vantagens sobre a VM,
diminuindo todo o leque de comorbilidade, dias
resultando em ganhos em saúde, qualidade de
de internamento e qualidade de vida, este possa
vida e diminuição de custos.
ter capacidade de exercer as suas AVDs e
No entanto, ao relacionar-se com a
nesse âmbito também poder fazer a gestão e
promoção do autocuidado, face à pertinência
monitorização da sua função respiratória, desde
das questões levantadas num dos estudos,
que para isso possa ter a informação julgada
sugere-se que seja melhor estudado as
pertinente e adequada ao seu estado de saúde
aplicações que podem ser feitas nesta matéria,
e compreensão, devidamente monitorizada e
pois, apesar de advogar que a mesma seja
validada por pessoal de saúde competente.
instituída e adoptada pelo doente, deve ser feita
A Ventilação Não Invasiva (VNI) consiste num método de assistência/suporte ventilatório
com segurança, face às condicionantes que possam advir da sua má utilização.
aplicado na via aérea do cliente através de máscaras faciais, nasais ou bucais, que funcionam como interface doente/ventilador em
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acompanhamento domiciliário, pelo que a este
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Volume 1. Edição 1
Página 79
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JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 1. Edição 1
NORMAS DE PUBLICAÇÃO!
DEZEMBRO, 2011
JOURNAL OF AGING AND INOVATION
rodapé, referências e legendas bibliográficas.
Criada em 2011, a Revista Envelhecimento e Inovação (Journal of Aging and Inovation),
Copyright
é publicada trimestralmente sob a responsabilidade da Associação Amigos da Grande
Idade
–
Inovação
e
Copyright da Associação Amigos da Grande
Idade
–
inovação
e
Desenvolvimento.
Desenvolvimento.
É uma revista transdisciplinar, arbitrada e
Proibida a reprodução, mesmo que parcial
aberta a contribuições da comunidade
sem a devida autorização do Editor
científica nacional e internacional, na área
Científico. Proibida a utilização de matéria
do envelhecimento sustentado.
para fins comerciais.
Sua missão é publicar e disseminar estudos de investigação relevantes para o futuro do
Patrocinadores
envelhecimento, em várias áreas do conhecimento como a gestão, a enfermagem, a medicina, a psicologia e de
A publicação da revista é financiada com recursos da seguinte instituição:
todas as ciências sociais e humanas que contribuem para o conhecimento sobre o
Associação Amigos da Grande Idade –
envelhecimento.
Inovação e Desenvolvimento.
Os fascículos trimestrais ocorrem nos meses de Janeiro, Abril, Julho e Outubro de
Artigos Originais
cada ano civil.
Incluem estudos experimentais ou quase-
A partir da edição de Junho de 2011, a
experimentais, avaliação de programas,
Revista Envelhecimento e Inovação passou
análises de custo efectividade, análises de
a disponibilizar o texto completo, no formato
decisão e estudos sobre avaliação de
electrónico, de artigos editados em
desempenho de testes diagnósticos para
português.
triagem populacional. Cada artigo deve
O título abreviado da revista é Rev.
conter objectivos e hipóteses claras,
Envelhecimento e Inovação forma pela qual
desenho e métodos utilizados, resultados,
deve ser usada em bibliografia, notas de
discussão e conclusões. Incluem também
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Volume 1. Edição 1
Página 81
ensaios teóricos (críticas e formulação de
Reporting of OBservational studies
conhecimentos teóricos relevantes) e
in Epidemiology);
artigos dedicados à apresentação e
STARLITE Statement : checklist e
discussão de aspectos metodológicos e
fluxograma para revisões da literatura
técnicas utilizadas na pesquisa em saúde
(Standards for Reporting Literature
pública. Neste caso, o texto deve ser
searches);
organizado em tópicos para guiar os leitores
COREQ: checklist for reporting checklist e
quanto aos elementos essenciais do
fluxograma para estudos qualitativos com
argumento desenvolvido.
entrevistas ou focus grupo (qualitative
Recomenda-se ao autor que antes de
research interviews and focus groups).
submeter seu artigo utilize o "checklist" correspondente:
Informações complementares:
Equator Network: overview of reporting
Devem ter até 5000 palavras, excluindo
guidelines;
resumos, tabelas, figuras e referências. As
CONSORT Statement checklist e
tabelas e figuras, limitadas a 5 no conjunto,
fluxograma para ensaios controlados e
devem incluir apenas os dados
randomizados (Consolidated Standards Of
imprescindíveis, evitando-se tabelas muito
Reporting Trials);
longas. As figuras não devem repetir dados
STARD Statement checklist e fluxograma
já descritos em tabelas.
para estudos de diagnóstico (Standards for
As referências bibliográficas, limitadas a
Reporting Studies of Diagnostic Accuracy);
cerca de 35, devem incluir apenas aquelas
MOOSE Statement checklist e fluxograma
estritamente pertinentes e relevantes à
para meta-análise de estudos
problemática abordada. Deve-se evitar a
observacionais (proposal for reporting meta
inclusão de número excessivo de
analyses of observational studies in
referências numa mesma citação.
epiodemiology);
Os resumos devem ser apresentados no
PRISMA Statement (formely QUOROM)
formato estruturado, com até 300 palavras,
checklist e fluxograma para revisões
contendo os itens: Objectivo, Métodos,
sistemáticas e com e sem metaanálise;
Resultados e Conclusões.
STROBE Statement (& STREGA) checklist e fluxograma para estudos observacionais
TIPO DE ARTIGOS
em epidemiologia (STrengthening the
artigos originais - A estrutura de apresentação deve ser a seguinte:
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Volume 1. Edição 1
Página 82
Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, embora outros formatos possam
ARTIGOS DE REVISÃO
ser aceites. A Introdução deve ser curta,
Revisão sistemática e meta-análise - Por
definindo o problema estudado, sintetizando
meio da síntese de resultados de estudos
sua importância e destacando as lacunas do
originais, quantitativos ou qualitativos,
conhecimento que serão abordadas no
objectiva responder à pergunta específica e
artigo. As fontes de dados, a população
de relevância para a saúde pública.
estudada, amostragem, critérios de
Descreve com pormenores o processo de
selecção, procedimentos analíticos, dentre
busca dos estudos originais, os critérios
outros, devem ser descritas de forma
utilizados para selecção daqueles que foram
compreensiva e completa. A secção de
incluídos na revisão e os procedimentos
Resultados deve limitar-se a descrever os
empregados na síntese dos resultados
resultados encontrados sem incluir
obtidos pelos estudos revisados (que
interpretações/comparações. O texto deve
poderão ou não ser procedimentos de meta-
complementar e não repetir o que está
análise).
descrito em tabelas e figuras. A Discussão
Revisão narrativa/crítica - A revisão
deve incluir a apreciação dos autores sobre
narrativa ou revisão crítica apresenta
as limitações do estudo, a comparação dos
carácter descritivo discursivo, dedicando-se
achados com a literatura, a interpretação
à apresentação compreensiva e à discussão
dos autores sobre os resultados obtidos e
de temas de interesse científico no campo
sobre suas principais implicações e a
da Saúde Pública. Deve apresentar
eventual indicação de caminhos para novas
formulação clara de um objecto científico de
p e s q u i s a s . Tr a b a l h o s d e p e s q u i s a
interesse, argumentação lógica, crítica
qualitativa podem juntar as partes
teórico-metodológica dos trabalhos
Resultados e Discussão, ou mesmo ter
consultados e síntese conclusiva. Deve ser
diferenças na nomeação das partes, mas
elaborada por pesquisadores com
respeitando a lógica da estrutura de artigos
experiência no campo em questão ou por
científicos.
especialistas de reconhecido saber.
Comunicações Breves – Relatos curtos de
AUTORIA
achados que apresentam interesse, mas
O conceito de autoria está baseado na
que não comportam uma análise mais
contribuição substancial de cada uma das
abrangente e uma discussão estruturada.
pessoas listadas como autores, no que se
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Volume 1. Edição 1
Página 83
refere sobretudo à concepção do projecto
Os manuscritos publicados são de
de pesquisa, análise e interpretação dos
propriedade da Revista, vedada tanto a
dados, redacção e revisão crítica. A
reprodução, mesmo que parcial, noutros
contribuição de cada um dos autores deve
periódicos impressos.
ser explicitada em declaração para esta finalidade (ver modelo). A indicação dos
PROCESSO DE JULGAMENTO DOS
nomes dos autores logo abaixo do título do
MANUSCRITOS
artigo é limitada a 12.
Fase 1)Pré-análise
1) Avaliação por referees
Cada artigo recebido para publicação percorre os seguintes passos a) Apreciação dos aspectos técnicos. No caso de se verificarem inconformidades a nível da compatibilidade com a linha editorial, a formatação ou a referenciação bibliográfica, o artigo pode ser rejeitado de imediato com a indicação do(s) motivo(s).
Processo temporal
15 Dias
b) Em caso de conformidade, o artigo é enviado pelo conselho editorial a dois dos juízes do painel de revisores nacionais e internacionais. a) A apreciação dos juízes segue critérios de qualidade e rigor científicos b) Em situações de desacordo entre juízes haverá lugar à apreciação por um terceiro juiz c) Uma vez recebidas as apreciação de todos os juízes, o conselho editorial toma decisão sobre uma das seguintes opções: i)
Aceitação para publicação
ii)
Aceitação condicionada a alterações de acordo com os comentários dos juízes ou pequenas alterações de formatação
90 Dias
iii) Convite a reformulação de acordo com os comentários e sugestões dos juízes para entrada em novo processo de submissão e apreciação. iv) Rejeição com indicação dos fundamentos. 1) Reformulação do a) Em função das recomendações claramente 15 Dias Autor explicitas, o autor deve efectuar as alterações e reenviar o documento. 1) Redacção/Estilo O artigo será verificado por um elemento do 15 Dias Conselho Editorial, que analisa a primeira versão do artigo e a versão corrigida, em função das recomendações dos revisores nacionais e internacionais. 1) Publicação A publicação do artigo será sempre da Até 6 meses responsabilidade do Director da Revista. do fim do processo JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 1. Edição 1
Página 84
Os critérios éticos da pesquisa devem ser Pré-análise: a avaliação é feita pelos
respeitados. Para tanto os autores devem
Editores Científicos com base na
explicitar em Métodos que a pesquisa foi
originalidade, pertinência, qualidade
conduzida dentro dos padrões exigidos pela
académica e relevância do manuscrito para
Declaração de Helsínquia e aprovada pela
a saúde pública.
comissão de ética da instituição onde a pesquisa foi realizada.
Avaliação por referees: os manuscritos seleccionados na pré-análise são
IDIOMA
submetidos à avaliação de especialistas na
Aceitam-se manuscritos nos idiomas
temática abordada. Os pareceres são
português, francês, espanhol e inglês. Para
analisados pelos editores, que propõem ao
aqueles submetidos em português oferece-
Editor Científico a aprovação ou não do
se a opção de tradução do texto completo
manuscrito.
para o inglês e a publicação adicional da versão em inglês. Independentemente do
Redacção/Estilo: A leitura técnica dos textos
idioma empregado, todos manuscritos
e a padronização ao estilo da Revista
devem apresentar dois resumos, sendo um
finalizam o processo de avaliação.
em português e outro em inglês, ou
O anonimato é garantido durante todo o
espanhol, ou francês.
processo de julgamento. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Manuscritos recusados, mas com a
Título do artigo - deve ser conciso e
possibilidade de reformulação, poderão
completo, limitando-se a 93 caracteres,
retornar como novo trabalho, iniciando outro
incluindo espaços. Deve ser apresentada a
processo de julgamento.
versão do título em português, inglês e
Preparo dos manuscritos
espanhol. O sobrenome e nome de cada autor.
Devem ser digitados em extensão. Doc,
Instituição a que cada autor está afiliado,
com letras arial, corpo 12, com 1,5 espaços,
acompanhado do respectivo endereço (uma
página em tamanho A-4, incluindo resumos,
instituição por autor) e o título académico.
agradecimentos, referências e tabelas.
Nome e endereço do autor responsável
Todas as páginas devem ser numeradas.
para troca de correspondência (email).
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Volume 1. Edição 1
Página 85
Se foi subvencionado, indicar o tipo de auxílio, o nome da agência financiadora e o
REFERÊNCIAS - As referências devem ser
respectivo número do processo.
ordenadas alfabeticamente, numeradas e
Se foi baseado em tese, indicar o nome do
normalizadas de acordo com o estilo APA
autor, título, ano e instituição onde foi
American Psychological Association.
apresentada. Se foi apresentado em reunião científica,
EXEMPLOS:
indicar o nome do evento, local e data da
PERIODICOS:
realização. Hoeck, S., François, G., Van der Heyden, J., DESCRITORES - Devem ser indicados
Geerts, J., & Van Hal, G. (2011). Healthcare
entre 3 e 6, extraídos do vocabulário
utilisation among the Belgian elderly in
"Descritores em Ciências da Saúde" (DeCS)
relation to their socio-economic status.
(http://decs.bvs.br/), quando acompanharem
Health Policy (Amsterdam, Netherlands),
os resumos em português, e do Medical
99(2), 174-182. Retrieved from EBSCOhost.
Subject Headings (MeSH) (http://
Gill, R., & Stewart, D. (2011). Relevance of
www.nlm.nih.gov/mesh/MBrowser.html),
gender-sensitive policies and general health
para os resumos em inglês. Se não forem
indicators to compare the status of South
encontrados descritores disponíveis para
Asian women's health. Women's Health
cobrirem a temática do manuscrito, poderão
Issues: Official Publication Of The Jacobs
ser indicados termos ou expressões de uso
Institute Of Women's Health, 21(1), 12-18.
conhecido.
Retrieved from EBSCOhost.
AGRADECIMENTOS - Devem ser
LIVROS
mencionados nomes de pessoas que
Herwood, J., & Edwards, T. (2006).
prestaram colaboração intelectual ao
Decolonisation: a critical step for improving
trabalho, desde que não preencham os
Aboriginal health. In E. Willis, V. Smye, M.
requisitos para participar da autoria. Deve
Rameka (Eds.) , Advances in Contemporary
haver permissão expressa dos nomeados
Indigenous Healthcare (pp. 178-190).
(ver documento Responsabilidade pelos
Sydney, Australia: eContent Management
Agradecimentos). Também podem constar
Pty Ltd. Retrieved from EBSCOhost.
desta parte agradecimentos a instituições quanto ao apoio financeiro ou logístico. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 1. Edição 1
Página 86
CAPÍTULOS DE LIVROS
podem ser citadas no rodapé das páginas
Kearney-Nunnery, R. (2008). Chapter 16:
que as citam.
Healthy initiatives for at-risk populations.
Citação no texto: Se forem citados dois
In Advancing Your Career: Concepts of
autores, ambos são ligados pela conjunção
Professional Nursing (pp. 289-314).
"e"; se forem mais de dois, cita-se o primeiro
Philadelphia, Pennsylvania: F.A. Davis
autor seguido da expressão "et al".
Company. Retrieved from EBSCOhost.
A exactidão das referências constantes da
Tsai, T. (2006). Nursing partnerships in
listagem e a correcta citação no texto são
Indigenous health. In E. Willis, V. Smye, M.
de responsabilidade do(s) autor(es) do
Rameka (Eds.) , Advances in Contemporary
manuscrito.
Indigenous Healthcare (pp. 264-266).
Tabelas - Devem ser apresentadas
Sydney, Australia: eContent Management
separadas do texto, numeradas
Pty Ltd. Retrieved from EBSCOhost.
consecutivamente com algarismos arábicos,
Para outros exemplos recomendamos
na ordem em que foram citadas no texto. A
consultar o documento "Uniform
cada uma deve-se atribuir um título breve,
Requirements for Manuscripts Submitted to
não se utilizando traços internos horizontais
Biomedical Journals: Writing and Editing for
ou verticais. As notas explicativas devem
Medical Publication" (http://www.icmje.org).
ser colocadas no rodapé das tabelas e não
Comunicação pessoal, não é considerada
no cabeçalho ou título. Se houver tabela
referência bibliográfica. Quando essencial,
extraída de outro trabalho, previamente
pode ser citada no texto, explicitando em
publicado, os autores devem solicitar
rodapé os dados necessários. Devem ser
autorização da revista que a publicou, por
evitadas citações de documentos não
escrito, para sua reprodução. Esta
indexados na literatura científica mundial e
autorização deve acompanhar o manuscrito
de difícil acesso aos leitores, em geral de
submetido à publicação
divulgação circunscrita a uma instituição ou
Quadros são identificados como Tabelas,
a um evento; quando relevantes, devem
seguindo uma única numeração em todo o
figurar no rodapé das páginas que as citam.
texto.
Da mesma forma, informações citadas no
Figuras - As ilustrações (fotografias,
texto, extraídas de documentos
desenhos, gráficos, etc.), devem ser citadas
electrónicos,
mantidas
como figuras. Devem ser numeradas
permanentemente em sites, não devem
consecutivamente com algarismos arábicos,
fazer parte da lista de referências, mas
na ordem em que foram citadas no texto;
não
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 1. Edição 1
Página 87
devem ser identificadas fora do texto, por
DE RESPONSABILIDADE (Segundo o
número e título abreviado do trabalho; as
critério de autoria do International
legendas devem ser apresentadas ao final
Committee of Medical Journal Editors,
da figura; as ilustrações devem ser
autores devem contemplar todas as
suficientemente claras para permitir sua
seguintes condições: (1) Contribuí
reprodução, com resolução mínima de 300
substancialmente para a concepção e
dpi.. Não se permite que figuras
planeamento, ou análise e interpretação dos
representem os mesmos dados de Tabela.
dados; (2) Contribuí significativamente na
Não se aceitam gráficos apresentados com
elaboração do rascunho ou na revisão
as linhas de grade, e os elementos (barras,
crítica do conteúdo; e (3) Participei da
círculos) não podem apresentar volume (3-
aprovação da versão final do manuscrito).
D). Figuras coloridas são publicadas excepcionalmente. Nas legendas das
Edição:
figuras, os símbolos, flechas, números,
Associação Amigos da Grande Idade –
letras e outros sinais devem ser
Inovação e Desenvolvimento.
identificados e seu significado esclarecido. Se houver figura extraída de outro trabalho, previamente publicado, os autores devem solicitar autorização, por escrito, para sua
Propriedade: Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento.
reprodução. Estas autorizações devem acompanhar os manuscritos submetidos à
Administração e Redacção:
publicação.
e-mail:
Submissão online
associaçaoamigosdagrandeidade@gmail.co
Os artigos devem ser enviado para o
m
seguinte
email:
associacaoamigosdagrandeidade@gmail.co
Periodicidade:
m. Acompanhados de:
Trimestral (Janeiro, Abril, Julho, Outubro)
Artigo (até 5000 palavras); Pagina com a identificação dos autores (conforme designação em epigrafe); CHECK LIST (Anexo 1) DECLARAÇÃO DE TRANSFERÊNCIA DE DIREITOS DE AUTOR E DECLARAÇÃO JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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