Envelhecer com Resistência, Aguarela de Marla Chaves
VOLUME 2 . EDIÇÃO 4
! ! ! EDITORIAL
A revista “Journal of aging and Innovation” tem ultrapassado todas as expectativas, como aliás, tem sido frequente com as várias iniciativas da Associação Amigos da Grande Idade. Tendo aparecido numa área extraordinariamente exigente, como é a área da investigação e do conhecimento científico, tem vindo a impor-se, de uma forma sustentada, como uma publicação de interesse geral para todos os profissionais, preocupados com as questões sociais e de saúde da sociedade. Granjeou já um interesse muito diversificado e isso é significativamente demonstrado pelos acessos que temos como indicadores de consulta. A sua curta vida e o interesse que despertou não deixa de nos demonstrar mais uma vez o vazio que existe na área do envelhecimento no que respeita á produção de conhecimento e de evidência, especialmente de uma forma inovadora que se deseja e mesmo Sem Título.png os preconceitos que persistem e teimam em impedir o desenvolvimento de muitas ideias e projectos. Temos vindo a percorrer o caminho da construção de uma publicação que, temos a certeza, será uma referência nacional e internacional. É já referenciada em algumas bases de dados e infelizmente não o é em algumas dado o corporativismo que as mesmas gostam de manter, de olhos fechados e de costas voltadas a uma realidade que está em movimento e que fará com que os menos capazes fiquem para trás. O envelhecimento da sociedade e os fenómenos que o mesmo encerra deixarão pelo caminho muitos dos estruturadores de opinião feita, arrogante e pouco interessante do ponto de vista prático que nada contribui para uma sociedade melhor. Esta publicação traz também hoje a divulgação das comunicações livres do Congresso Nacional da Grande Idade, um grande evento realizado pela Associação Amigos da Grande Idade e que marcou o ano de 2013, tal a relevância do acontecimento.
DEZEMBRO/JANEIRO 2014
As comunicações livres destacaram-se pela enorme qualidade das mesmas e durante 3 dias foram apresentadas interruptamente por um conjunto de técnicos das mais variadas áreas académicas e profissionais, que tiveram oportunidade de apresentar os seus trabalhos. Estes trabalhos podem ser consultados nesta edição da revista e serão decerto instrumentos de muita importância para todos os que trabalham no envelhecimento e que dedicam o seu tempo a tornar esta fase da vida de todas as pessoas, mais feliz e mais conseguida. A Associação tem conseguido manter um ritmo de trabalho que muito surpreende, mas que ao mesmo tempo se torna motivador para todos os que seguem esse trabalho e por todos os que sonham que podem influenciar mudanças na nossa sociedade. A atividade formativa da associação representa cada vez mais uma referência nacional na gestão dos equipamentos destinados a pessoas idosas e a influência que começamos a pressentir necessita apenas de mais pessoas a acreditarem que envelhecer em Portugal não é obrigatoriamente um drama próprio das pessoas mais carenciadas e dependentes. Anuncia-se para este ano novas dinâmicas da associação, cujo pilar central irá ser a doença crónica, o envelhecimento e a sustentabilidade. A Associação é ambiciosa e pretende demonstrar que, através do estudo profundo de algumas situações, pode influenciar a introdução de novas políticas e novos modelos de intervenção. Terminado 2013 e fechado todo o processo que colocou de pé o grande Congresso Nacional, vamos agora passar ao trabalho de campo, aprofundar conhecimento, propor inovação.
! Rui Manuel dos Santos Fontes – Presidente da Direção da Associação Amigos da Grande Idade – Inovação e Desenvolvimento.
! ! !
Marques, J., Narciso, M. (2014) Approach of the Gout Wound, Journal of Aging & Inovation, 2 (4): 3-10
!
ESTUDO DE CASO / CASE STUDY
DEZEMBRO / JANEIRO, 2014
ABORDAGEM DA FERIDA GOTOSA APPROACH OF THE GOUT WOUND ENFOQUE EN LA HERIDA GOTOSA
Autora
José Marques1, Magda Narciso 2
1
Enfermeiro, Serviço de Urgência, CHO - Caldas da Rainha, 2 Enfermeira, Serviço de Ginecologia /
Obstetricia, CHO - Caldas da Rainha
!
Corresponding Author: zecostamarques@hotmail.com
RESUMO A gota é um tipo de artropatia inflamatória caracterizada pela acumulação de ácido úrico nas articulações. É uma patologia comum, ocorrendo em mais de 1% da população mundial. A sua incidência ocorre no sexo masculino, sendo que os estilos de vida pouco saudáveis, a diabetes, a hipertensão arterial, e a hiperlipidemia são os principais responsáveis pelo aparecimento da doença. A gota pode-se desenvolver em vários estadios. Na fase mais grave em que a gota se torna crónica, há acumulação de ácido úrico no tecido subcutâneo, formando os tofos gotosos que podem ulcerar. No tratamento da ferida gotosa o enfermeiro tem um papel fulcral, uma vez que é essencial que conduza o cliente a mudar o estilo de vida e que conheça o material de penso adequado à cicatrização da úlcera tendo por base a ferramenta TIME. PALAVRAS-CHAVE: Ferida, Gota, Diagnóstico, Tratamento Abstract Gout is an inflammatory arthritis caused by elevated levels of uric acid in the blood. The uric acid crystallizes and it’s accumulated in the joints. This disease affects 1% of the population worldwide and it affects mostly the male gender and people with unhealthy lifestyles however diseases such as diabetes, hypertension and hyperlipidemia can also be responsible for the appearance of gout.
!
Gout can develop in several stages, in the more severe cases gout becomes chronic and progressive and it can also accumulate uric acid in the subcutaneous tissues forming gouty tophi that can ulcerate.
!
In relation to the treatment nurses play a fundamental role in appealing to the patient to change the lifestyle as well as becoming aware of the right dressing materials for the healing of the ulcer, based on the TIME tool.
!
KEYWORDS: Wound, Gout, Diagnosis, Treatment
! ! JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
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Introdução
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A gota é muitas vezes considerada uma "doença dos reis", por estar relacionada
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lugar cimeiro no que respeita a custos saúde quer diretos quer indiretos2.
!
Estas doenças podem ser agudas, ou
com o estilo de vida excessivo. Hoje, mais
crónicas, atingem indivíduos de todas as
de 1% da população europeia e dos EUA
idades, são causa frequente de
apresentam gota, no entanto a ulceração de
incapacidade por afetarem o sistema
tofos gotosos ainda permanece incomum1.
músculo-esquelético e manifestarem
!
sintomas como: a dor, tumefação e rigidez
O artigo tem como principais objetivos, dar a
articular, limitação da mobilidade, e fadiga.
conhecer a ferida de etiologia gotosa e
Quando não são diagnosticadas e tratadas
possíveis materiais de penso disponíveis no
corretamente podem provocar graves
mercado a aplicar nas diversas etapas da
repercussões físicas, psicológicas,
cicatrização.
familiares sociais e económicas2.
!
Este artigo está estruturado numa parte
!
Existem seis tipos de artropatias
teórica em que será abordado a definição,
inflamatórias, contudo apenas irá ser
complicações e tratamento da gota.
abordada a artropatia microscristalina - a
Posteriormente será apresentado um estudo
gota2.
de caso onde se irá descrever os vários tratamentos implementados segundo a
!
As artropatias microcristalinas caracterizam-
ferramenta TIME, como estratégia de gestão
se pelo depósito de microcristais nos
destas feridas gotosas.
tecidos, evoluem com episódios periódicos
!
de crises inflamatórias articulares ou
As doenças reumatológicas são o grupo de
periarticulares agudas, sendo as mais
doenças mais prevalentes, afetando quase
frequentes a gota úrica e a doença por
40% dos portugueses. Constituem a
cristais de hidroxiapatite2.
primeira causa de consulta médica nos cuidados de saúde primários e o principal
!
A gota é definida como um tipo de artrite
motivo de invalidez, estando na maioria das
que resulta da acumulação de ácido úrico
reformas antecipadas por doença, sendo
nas articulações. O ácido úrico está entre as
ainda as maiores responsáveis pelo
substâncias naturalmente produzidas pelo
absentismo ao trabalho, e situam-se num
organismo. Surge como resultado da decomposição das moléculas de purina
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(proteína contida em muitos alimentos:
ocorre devido ao excesso de produção de
carnes vermelhas e de caça, enchidos,
ácido úrico; fase 2 - gota articular aguda,
mariscos, feijão, grão, ervilhas).
surge devido à acumulação de ácido úrico
Normalmente, o ácido úrico, permanece no
nas articulações, provoca dor súbita,
sangue e o restante é eliminado pelos rins.
intensa, lancinante e de carácter pulsátil,
Quando o organismo aumenta a sua
inflamação e rigidez da articulação afetada;
produção ou diminui a sua excreção,
os sinais e sintomas surgem geralmente
surgem níveis elevados de ácido úrico no
durante a noite e por vezes acompanham-se
sangue - a hiperuricemia. A gota resulta,
de alterações do estado geral e febre,
assim, da reação inflamatória dos cristais de
podem persistir até 21 dias. As articulações
ácido úrico nos estados de hiperuricemia2.
mais atingidas são: as primeiras
É uma patologia mais frequente nos homens
metafalanges, tarso, tibiotársica e joelho.
(surgindo após os 40 anos no homem, e
Fase 3 - gota antecrítica, período durante o
com um valor de ácido úrico> 7mg/dl) do
qual, o individuo afetado é assintomático; e
que nas mulheres (surgindo após os 60
fase 4 - gota crónica, desenvolve-se após
anos e com um valor de ácido úrico> 6mg/
vários anos (10 anos) de gota articular
dl), e afeta indivíduos que apresentam:
aguda recorrente e não tratada, é o estadio
estilos de vida pouco saudáveis
mais grave da doença, uma vez que há
(consumidores assíduos de alimentos ricos
acumulação de ácido úrico no tecido
em purinas e bebidas alcoólicas), excesso
subcutâneo (tofos), nas articulações
de peso, hipertensão arterial, diabetes
(artropatia gotosa) e nos rins. O
mellitus, hiperlipidémia, doença
envolvimento renal (litíase renal e
cardiovascular, renal e tiroideia, e síndrome
insuficiência renal) pode tornar-se grave e
metabólico (caraterizado por hipertensão
condicionar o prognóstico vital dos doentes
arterial, níveis elevados de insulina, gordura
pelo risco de insuficiência renal crónica
abdominal). O uso de alguns diuréticos
irreversível. Nesta fase as articulações mais
(furosemida e hidroclorotiazida) que
afetadas são os pavilhões auriculares,
aumentam os níveis de ácido úrico e alguns
cotovelos, pés (hallux, dorso do pé e
fatores genéticos (como doenças
calcanhar) e mãos (interfalângicas distais),
hereditárias metabólicas) são também
que ocasionalmente podem ulcerar5.
fatores de risco para o aparecimento da
Os sintomas de uma articulação gotosa (Fig.
doença3,4.
1) incluem: dor severa, sensibilidade
A gota pode manifestar-se em quatro fases:
extrema, inchaço, rubor, calor, febre,
fase 1 - hiperuricemia, é assintomática,
calafrios e sensação de mal-estar4.
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O tratamento deve incluir, medicamentos
como o alopurinol. Este fármaco nunca deve
que proporcionem alívio sintomático da dor
ser iniciado antes de decorridas três
e inchaço (mas não diminuem o nível de
semanas após a crise aguda, e deve ser
ácido úrico) como os AINE’s (anti-
instituído para toda a vida. O alopurinol é
inflamatórios não esteróides – por exemplo
bem tolerado, mas podem surgir efeitos
ibobrufeno e o naproxeno) que são de
adversos graves: intolerância e
atuação rápida e são considerados
hipersensibilidade, hepatopatia e
tratamento de primeira linha. A colchicina é
complicações neurológicas e
uma alternativa eficaz aos AINE’s e mais
hematológicas2,3.
benéfica quando administrada nas 24 horas
!
após uma crise aguda, tem como principais
Além do tratamento farmacológico é
inconvenientes a diarreia e a necessidade
necessário que o utente adquira um estilo
de adaptação posológica na insuficiência
de vida saudável que lhe permita reduzir as
renal. Os corticosteroides sistémicos ou
complicações da gota. Deve reduzir ou
intra-articulares podem ser utilizados
eliminar o uso de diuréticos de ansa, se
quando os AINE’s e a colchicina são
possível; otimizar o peso através de uma
ineficazes ou contraindicados, e estão
dieta saudável restrita em alimentos ricos
indicados apenas para tratamentos locais. O
em purinas e bebidas alcoólicas, evitar a
tratamento deve também incluir a utilização
desidratação ingerindo 2L de água diários;
de agentes que reduzam os níveis séricos
aumentar a ingestão de produtos lácteos
de ácido úrico e previnam a formação deste
com baixo teor de gordura5. O individuo deve ser ensinado a elevar e imobilizar
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correctamente a articulação, a realizar
principalmente cerveja, carnes de caça, de
alguns períodos de repouso diário, a usar
porco, e borrego.
roupas macias e hidratar a pele com creme
!
hidratante6.
Foi internado no Hospital Distrital de
A cicatrização de uma ulceração gotosa
Santarém a 3 de Maio de 2013, após ter
representa um grande desafio para os
desenvolvido uma ferida gotosa na região
enfermeiros que executam o tratamento de
retro maleolar externa do pé esquerdo.
feridas, uma vez que os indivíduos que
!
apresentam esta patologia trazem
Teve alta clinica a 17 de Maio de 2013, com
associados à doença inúmeras co-
consulta marcada para observação da ferida
morbilidades (já mencionadas
pelo médico responsável e terapêutica:
anteriormente) que vão dificultar o
omeprazol 20 mg (1cp. jantar), vitaminex
tratamento da ferida.
(1cp. almoço) alopurinol 300 mg (1cp.
!
jantar) e furosemida (1cp. pequeno almoço
Os tofos gotosos podem também apresentar
e 1cp. ao jantar).
uma conduta para a infeção microbiana do
Para uma correta abordagem da ferida foi
espaço articular subjacente e os envolvidos,
utilizada a ferramenta TIME que
com risco de osteomielite1.
recentemente foi proposta ser substituída
!
pela sigla DIME por alguns grupos, para
Deste modo, todos os doentes com
enfatizar o benefício do desbridamento
ulcerações gotosas requerem uma
frequente da ferida (combate de bioflimes)7.
adequada anamnese e uma avaliação
Como forma de medição da ferida recorreu-
cuidadosa da circulação periférica, e de um
se à fotografia digital associada ao
índice de pressão tornozelo-braço1.
comprimento x altura com recurso à régua.
! !
Assim, o tratamento foi iniciado 21/05/2013 ESTUDO CASO
com poliacrilato com solução de Ringer com execução de penso diário durante 4 dias
Utente do sexo masculino de 42 anos,
associado a limpeza da ferida com solução
independente nas atividades de vida diária,
de polihexanida com betaína e protecção da
com cerca de 80 kg, com antecedentes
pele perilesional com película polimérica.
pessoais de gota e medicado com
A ferida apresentava tecido inviável (fibrina
terapêutica antigotosa, que não cumpria.
com coágulos de sangue e tecido de
Refere maus hábitos alimentares sendo
hipergranulação), exsudado sero hemático
consumidor assíduo de bebidas alcoólicas,
em pequena quantidade, bordos cianosados
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e uma área ≈ 16,77cm 2 . Realizado
Como penso secundário utilizámos desde o
desbridamento mecânico aos tofos gotosos
início até ao final uma espuma de
da ferida, com saída visível de cristais de
poliuretano para um adequado controle do
ácido úrico. Esta técnica segundo o utente
exsudado (M).
foi dolorosa, referindo ter uma dor nível 7
Após a abordagem do desbridamento (D)
(na escala numérica de avaliação da dor),
prosseguimos o tratamento com combate de
por isso, fez analgesia 30 minutos antes da
possível biofilme (I) com matriz de alginato
execução do penso. Ao final dos 4 dias a
de prata iónica em pasta durante 15 dias
área da ferida passou para ≈ 13,32cm2,
associado com solução polihexanida com
acompanhada de tecido de granulação e
betaína (utilizada durante 20 dias). No final
epitelização viável com exsudado seroso em
deste período a ferida apresentava uma
pequena quantidade, e com diminuição
área de ≈ 7,48cm2.
significativa da quantidade de tofos gotosos.
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permanência do edema no pé. Foram realizados ensinos sobre estilo de vida saudável como: alimentação saudável, diminuição do consumo de bebidas alcoólicas e manutenção de um peso adequado à estatura.
!
CONCLUSÕES
!
Constatámos que poliacrilato com solução de Ringer é um excelente hidratante para a libertação dos tofos gotosos. O que vai ao
!
encontro de outros estudos em que foram
Em seguida, para efetuar uma adequada
utilizados hidrogéis associado ao
estimulação da epitelização (I) foi iniciado
desbridamento como forma de hidratação e
tratamento ácido hialurónico com iodo em
remoção dos tofos gotosos1. Foi evidente
gel, tendo a ferida epitelizado totalmente ao
que os tofos gotosos dificultavam a
final de 15 dias de tratamento.
formação de tecido de granulação. Utilizámos pela primeira vez o alginato com prata em pasta e verificámos elevada eficácia da prata nesta apresentação, redução muito rápida dos sinais de infeção e necessidade de menores aplicações. Este produto interrompe o funcionamento de enzimas e proteínas importantes para o desenvolvimento bacteriano, danifica diretamente a estrutura da parede celular das bactérias e interfere com o seu ADN e
! Atualmente o utente mantém terapêutica com alopurinol 300 (1cp. jantar), furosemida (1cp. jejum) anti-inflamatório não esteroide (1cp. almoço, 1cp. jantar), devido há
ARN, interrompendo assim a produção de proteínas e a divisão celular8. Este efeito foi potenciado com utilização em simultâneo da solução polihexanida com betaína para remoção de eventual biofilme no leito da ferida e limpeza dos detritos da ferida.
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Por fim, a utilização do ácido hialurónico
web.ebscohost.com/nrc/detail?
com iodo, o mais recente produto de
sid=0771f989-7bf8-43ea-9b7d-
estimulação da epitelização, permitiu
da0d577f4703%40sessionmgr113&vi
reproduzir o ambiente natural de
d=8&bk=1&hid=26&bdata=JnNpdGU
cicatrização, promovendo uma rápida e total
9 b n J j L W x p d m U
epitelização da ferida gotosa.
%3d#db=nrc&AN=2009577502;
!
5) CAPLE, C. (2012) - Gout:
De salientar, que embora recomendando a
Preventing a Recurrent Attack.
utilização da avaliação do índice tornozelo-
Nursing Reference Center by EBSCO.
braço este não foi efetuado pela inexistência
Acedido a 26 de Junho 2013.
deste equipamento.
Disponível em: http://
! !
web.ebscohost.com/nrc/pdf? vid=4&sid=3db29922-7d06-46a2-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
!
a7d7-43e443ad56bf %40sessionmgr110&hid=126;
1) PATEL, GK ET AL (2010) - Ulcerated
6)MARCEL, Cherie (2013) - Gout: Diet
tophaceous gout. Internacional
Therapy. Acedido em 26 de Junho.
Wound. Vol. 7.
Disponível
2) CARDOSO, A. ET AL (2005) -
em
http://
web.ebscohost.com/nrc/detail?
Regras de Ouro em Reumatologia.
vid=4&sid=0771f989-7bf8-43ea-9b7d
Direcção-Geral da Saúde. ISBN
0d577f4703%40sessionmgr113&hid=
972-675-122-5;
124&bdata=JnNpdGU9bnJjLWxpdm
3) SCHUB, T.; BOLING, B. (2013) Gout (quick lesson). Nursing
U%3d#db=nrc&AN=T901399; 7) SCHULTZ, G.; DOWSETT, C. (2012)
Reference Center by EBSCO.
- Technology update: Wound bed
Acedido a 26 de Junho 2013.
preparation revisited. Wounds
Disponível
International. Vol. 3;
em:http://
search.ebscohost.com/login.aspx?
8) OPASANON S, ET AL (2012) -
direct=true&db=rzh&AN=500000018
Askina® Calgitrol® Made Easy.
4&site=ehost-live;
W o u n d s I n t e r n a t i o n a l Vo l . 3 .
4) ALAN, R.; RANDALL, B. (2013) Conditions in Depth: Gout. Health
Disponível
em
http://
www.woundsinternational.com.
Library. Acedido em 26 de Junho. Disponível
em
http://
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Saraiva, S. (2014) Case Study: Person with Alzheimer’s Disease, Journal of Aging & Inovation, 2 (4): 11-19
!
ESTUDO DE CASO / CASE STUDY
DEZEMBRO / JANEIRO, 2014
ESTUDO DE CASO: PESSOA COM ALZHEIMER CASE STUDY: PERSON WITH ALZHEIMER’S DISEASE ESTUDIO DE CASO: PERSONA CON LA ENFERMEDAD DE ALZHEIMER
!
Autora
Simone Saraiva 1
1
!
Enfermeira, Lar Monterey - Lisboa
Corresponding Author: simone_raquel@hotmail.com
Resumo Demência é a definição usada para descrever um conjunto de sintomas (perda de memória, inteligência, racionalidade, competências sociais e funcionamento físico) de um grande grupo de doenças que causam um declínio progressivo do funcionamento de uma pessoa. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, representando entre 50 - 70% dos casos de demência. Objetivo: Com a elaboração deste trabalho é pretendido a aquisição de conhecimentos científicos baseados na evidência para conhecer melhor esta doença e tudo o que nela está implícito. Este conhecimento vai levar também a criar intervenções de enfermagem mais apropriadas a este tipo de doentes, baseadas nos problemas encontrados neste estudo de caso. Metodologia: Para a elaboração deste trabalho os recursos utilizados foram a consulta bibliográfica relacionada com o tema em estudo e à consulta webliográfica recorrendo à pesquisa eletrónica no motor de busca Google. Conclusão: Com a informação recolhida sobre a Doença de Alzheimer, foram elaboradas intervenções de enfermagem ao individuo que apresenta esta doença, tendo por base a mais recente evidência científica.
! ! !
PALAVRAS-CHAVE: Doença de Alzheimer, Diagnóstico, Tratamento, Intervenções de Enfermagem
Abstract Dementia is the definition used to describe a set of symptoms (loss of memory, intelligence, rationality, social skills and physical functioning) of a large group of diseases that cause a progressive decline in the functioning of a person. Alzheimer's disease is the most common form of dementia, accounting for between 50 - 70% of cases of dementia. Objective: With the preparation of this work is intended to acquire scientific knowledge based on evidence to better understand this disease and all that therein is implicit. This knowledge will also lead to create nursing interventions most appropriate to this type of patients, based on the problems encountered in this case study. Methodology: For the elaboration of this work the resources used were the bibliographic consultation related to the topic under study and consultation webliografica using electronic searches in the search engine Google. Conclusion: With the information gathered on the Alzheimer's Disease, were drawn up nursing interventions to individual who presents this disease, based on the most recent scientific evidence.
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KEYWORDS: Alzheimer's Disease, Diagnosis, Treatment, Nursing Interventions
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Introdução
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evidência científica válida, relevante, e
O estudo de caso trata-se de uma
resultante de pesquisa e avaliação credível,
abordagem metodológica de investigação
tendo em vista a qualidade dos cuidados
especialmente adequada quando procuramos
prestados.
acontecimentos e contextos complexos, nos
! !
quais estão simultaneamente envolvidos
Estudo de Caso
c o m p r e e n d e r, e x p l o r a r o u d e s c r e v e r
diversos factores. Yin (1994) afirma que esta
No estudo de caso ir-se-á expor a
abordagem se adapta à investigação em
Doença de Alzheimer e tudo o que nela está
educação, quando o investigador é confrontado
englobado (o que é, diagnóstico, impacto social
com situações complexas, de tal forma que
e tratamento) e o caso clínico em estudo neste
dificulta a identificação das variáveis
trabalho.
!
consideradas importantes, quando o investigador procura respostas para o “como?” e
Doença de Alzheimer (DA)
o “porquê?”, quando o investigador procura
A doença de Alzheimer é uma doença na
encontrar interacções entre factores relevantes
qual as células do sistema nervoso central
próprios dessa entidade, quando o objectivo é
sofrem um processo de morte mais acelerado
descrever ou analisar o fenómeno, a que se
que o que existe normalmente, provocando uma
acede directamente, de uma forma profunda e
perda de função relacionada com os locais onde
global, e quando o investigador pretende
essa perda é maior. Na grande maioria dos
apreender a dinâmica do fenómeno, do
casos esta perda de células atinge, nas fases
programa ou do processo.6
mais iniciais da doença, locais essenciais a um
Assim, Yin (1994, p.13) define “estudo de
certo tipo de memória, aquela que nos permite
caso” com base nas características do
recordar acontecimentos recentes e aprender
fenómeno em estudo e com base num conjunto
novas informações. Estas áreas usam a
de características associadas ao processo de
acetilcolina como mediador, ou seja, os
recolha de dados e às estratégias de análise
neurónios dessas áreas libertam esse composto
dos mesmos.6
para activar os neurónios com os quais fazem
A elaboração deste estudo de caso tem
contacto. A perda deste mediador faz com que
como objetivo principal a elaboração de um
esses neurónios não sejam activados e não
quadro de intervenções de enfermagem à
cumpram a sua função, dando origem a
pessoa com doença de Alzheimer, tendo em
sintomas, neste caso, perda de memória.
conta os diagnósticos mais frequentes que vão sendo apresentados neste tipo de doentes.
É na sua grande maioria uma doença não-hereditária, ou seja, esporádica,
Estou ciente da importância da
relacionada com o envelhecimento. Embora
realização deste estudo na minha formação
possa manifestar-se em idades mais precoces,
profissional e pessoal, pois compreendo a
a sua prevalência aumenta de uma forma
dimensão que a prática baseada na evidência
exponencial a partir dos 65 anos de idade,
constitui o garantir de cuidados de enfermagem.
duplicando a cada 5 anos.5
Cuidados que devem ser fundamentados em JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Volume 2. Edição 4
!
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Página 13
Apesar dos distúrbios de memória serem
movimentos, aumento do tônus muscular e,
os sintomas comuns apresentados, os
muitas vezes, apraxias (incapacidade de
problemas de memória raramente existem
executar os movimentos apropriados para
isoladamente; a maioria dos pacientes está
determinados fins). Na fase final, a capacidade
debilitada em duas ou mais áreas cognitivas:
intelectual e a iniciativa estão deterioradas. Os
1) Memória: Os erros mais comuns de memória
estados de apatia e prostração serão
ocorrem nos testes de memória recente
responsáveis pelo confinamento ao leito ou à
(secundária).
poltrona, as alterações neurológicas se
2) Linguagem: As circunlocações, paráfases
agravam: a rigidez aumenta consideravelmente
semânticas e o uso de palavras “vazias” são
e os movimentos estarão lentificados e por
evidentes. A diminuição da fluência verbal é
vezes estereotipados.
também evidente e pode ser prontamente detectada em tarefas que exigem do paciente nomear membros de uma categoria durante um minuto. 3) Função visuoespacial: Desorientação geográfica, inicialmente em ambientes novos, mas também nos arredores familiares conforme a doença progride. Muitos pacientes demonstram uma exacerbação das características de sua personalidade, outros podem experimentar uma inversão na personalidade. Em alguns casos há desinteresse, apatia, despego e inibição. Desconfiança e paranóia também podem ocorrer. Esta doença é dividida em quatro fases: inicial, intermediária, final e terminal. A fase inicial é caracterizada por alterações na afetividade e déficit de memória recente. Na fase intermediária, os déficits cognitivos (orientação, linguagem, memória, raciocínio e julgamento) estão altamente prejudicados, afetando as atividades instrumentais e operativas. Além disso, outra característica que marca a fase intermediária é o início das dificuldades motoras. A marcha pode estar prejudicada, com lentidão global dos JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
A fase terminal é caracterizada por restrição ao leito, praticamente durante o tempo todo, acabando por adotar a posição fetal. As contraturas dos membros inferiores tornam-se inextensíveis e irrecuperáveis. Os membros superiores adotam posição fletida junto ao tórax e a cabeça pende em direção ao peito; podem surgir lesões nas palmas das mãos, por compressão destas pelos dedos flexionados, e grandes úlceras de pressão, incontinência urinária e fecal, problemas pulmonares, total indiferença ao meio externo, mutismo e estado vegetativo.1
!
Etiologia As alterações descritas por Alois Alzheimer no cérebro de doentes têm sido a base da investigação da causa na doença de A l z h e i m e r. O s e s t u d o s , b i o q u í m i c o s e estruturais, das placas neuríticas e das tranças neurofibrilares realizados até à data sugerem que um dos principais factores da morte dos neurónios tem a ver com o processamento de uma proteína chamada Proténa Percursora de Amilóide, a APP. Apesar de os casos hereditários de doença de Alzheimer serem os mais raros, a identificação dos genes que provocam doença de Alzheimer foi muito Volume 2. Edição 4
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importante, já que todos têm a ver com esta
exclusão de outras causas de demência por
proteína. As alterações do gene da APP ou das
meio de exames laboratoriais e de
presenelinas 1 e 2 provocam um desvio do
neuroimagem estrutural. A tomografia
processamento da APP no sentido da formação
computadorizada e, particularmente, a
dos oligómeros insolúveis e tóxicos e provocam
ressonância magnética revelam atrofia da
doença de Alzheimer.
formação hipocampal e do córtex cerebral, de
Em relação à proteína tau, o facto de ser
distribuição difusa ou de predomínio em regiões
única alteração em algumas doenças
posteriores. Esses pacientes preenchem os
neurológicas faz com que o seu papel na morte
critérios diagnósticos da denominada DA
dos neurónios seja indiscutível. Mas o que
provável. Outra possibilidade é o diagnóstico de
provoca esta alteração não é tão bem
DA possível, em que os pacientes apresentam
compreendido, assim como a sua relação com a
variações na forma de apresentação ou
patologia β-amilóide.
evolução clínica e também nos casos em que
Seja qual for o factor desencadeante da
outras condições passíveis de produzir
doença, vários factores acontecem no cérebro
demência estejam presentes, porém sem serem
dos doentes com doença de Alzheimer que são
consideradas, com base em juízo e experiência
passíveis de participar na morte dos neurónios.
clínica, responsáveis pelo quadro demencial. O
A inflamação, o aumento de radicais livres, etc.
diagnóstico definitivo só é possível por exame
Sendo assim, a doença de Alzheimer
anatomopatológico.
continua a ser uma doença sem causa
A acurácia diagnóstica quando da
conhecida, mas tudo parece indicar que vários
presença de perfil clínico característico e de
factores, tanto genéticos como provenientes do
exames complementares normais ou
ambiente, possam, no seu conjunto, ser os
inespecíficos (quadro compatível com DA
responsáveis pela
doença.5
Os fatores de risco nesta doença são a idade, a baixa escolaridade, o estilo de vida
provável), segundo os estudos com confirmação anatomopatológica, é de, em média, 81%, taxa que se eleva com o seguimento dos pacientes.2
sedentário, algumas situações patológicas
Contudo, importa referir que ainda são
(traumatismo craniano, diabetes mellitus e a
muito utilizados os critérios do diagnóstico
depressão) e, do ponto de vista genético, serem
clássico da doença e que este requer dois
portadores de três genes identificados como
passos.
responsáveis por esta doença (o gene da APP,
O primeiro passo é determinar se o
da presenilina 1 e da presenilina 2),
doente tem uma demência, ou seja, determinar
influenciados pelo alelo ε4. Estes genes são
se o doente tem uma alteração de memória para
autossómicos dominantes contudo, nem todos
factos recentes e pelo menos alteração de um
os portadores destes três genes irão ter a
outro domínio cognitivo que sejam suficientes
manifestação da doença.
para interferir na capacidade de o doente
Diagnóstico
realizar as suas tarefas da vida diária e para
O diagnóstico clínico da DA se baseia na
manter a sua relação social com os outros com
observação de quadro clínico compatível e na
a qualidade que era habitual para essa pessoa.
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O segundo passo tem por função
cognitivas, as habilidades funcionais e o
determinar se a causa da demência é uma
comportamento dos pacientes portadores de
doença de Alzheimer, o que exige que se
demência; e (4) terapêutica complementar, que
afastem outras hipóteses que possam justificar
busca o tratamento das manifestações não-
a perda apresentada pelo doente.5
cognitivas da demência, tais como depressão,
O diagnóstico passa então por se verificar a existência de uma demência e
psicose, agitação psicomotora, agressividade e distúrbio do sono.
exclusão de outras causas o que permite que
O tratamento da DA envolve estratégias
em 90% dos casos o diagnóstico seja feito
farmacológicas e intervenções psicossociais
corretamente embora haja casos de pessoas
para o paciente e seus familiares… No campo
com doença de Alzheimer não detetados por
do tratamento farmacológico, inúmeras
estas ainda não cumprirem os critérios para
substâncias psicoativas têm sido propostas para
terem uma demência. Vários autores discordam
preservar ou restabelecer a cognição, o
desta visão e têm elaborado os seus conceitos
comportamento e as habilidades funcionais do
baseando-se num diagnóstico mais precoce
paciente com demência. Contudo, os efeitos das
contudo, o diagnóstico da doença de Alzheimer
drogas hoje aprovadas para o tratamento da DA
mantém-se um diagnóstico que se baseia nas
limitam-se ao retardo na evolução natural da
características dos sintomas que o doente
doença, permitindo apenas uma melhora
apresenta e na exclusão de outras doenças.
temporária do estado funcional do paciente. Os inibidores das colinesterases (I-ChE)
5
Tratamento O tratamento da doença de Alzheimer deve ser encarado em diversas frentes (figura 1).5 Uma forma de prevenção da doença de Alzheimer passa por medidas que previnem o enfarte do miocárdio e cerebral, tais como o tratamento precoce da hipertensão arterial, do aumento do colesterol e dos triglicerídeos e da obesidade, entre outras.5 O tratamento farmacológico da DA pode ser definido em quatro níveis: (1) terapêutica específica, que tem como objetivo reverter processos patofisiológicos que conduzem à morte neuronal e à demência; (2) abordagem profilática, que visa a retardar o início da demência ou prevenir declínio cognitivo adicional, uma vez deflagrado processo; (3) tratamento sintomático, que visa restaurar, ainda que parcial ou provisoriamente, as capacidades JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
são as principais drogas hoje licenciadas para o tratamento específico da DA. Estes são a Tacrina, o Donepezilo, a Rivastigmina e a Galantamina. Devido à Tacrina necessitar de 4 tomas diárias e ao seu elevado risco de hepatotoxicidade, fez com que este fármaco caísse em desuso. Mais recentemente, embora tenha surgido nos anos 90, passou a ser usada a memantina que atua na neurotransmissão glutamatérgica que, assim como a colinérgica, encontra-se alterada nessa doença.4
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Para além destes fármacos, específicos no tratamento da doença de Alzheimer, outros são necessários para tratamento de sintomas que vão surgindo, como a insónia, a agitação, a agressividade.
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O tratamento destes aspectos deverá ser cauteloso, já que os fármacos disponíveis têm outros efeitos que podem prejudicar a saúde do doente e agravar a sua perda de capacidade intelectual. O papel do cuidador é aqui muito importante, pois pode, para além de estimular o doente, fazendo uma reabilitação cognitiva caseira, evitar estes sintomas.5
!
Caso Clínico
ajuda total. É mãe de sete filhos vivos pois, teve um filho do sexo masculino que morreu com 11 meses de idade (ver Anexo 1). A doente, segundo a filha, é comunicativa, pouco colaborante e dependente total para todas as atividades de vida diárias. Quando chegou ao hospital vinha consciente, prostrada e não reativa a estímulos dolorosos.
!
1.
Neste capítulo irá ser descrito o caso clínico em estudo expondo os dois episódios de internamento, da doente em causa, que se
MOTIVO DE ADMISSÃO
Houve vários motivos para a admissão desta doente no Serviço de Urgência cujos diagnósticos foram:
sucederam no mês de Fevereiro e Março de
- Diagnóstico de admissão: Rabdomiolise;
2013. A doente de acordo com a escala Fast
- Diagnóstico principal: Pneumonia;
proposta por Reisberg encontra-se no nível 6d
- Diagnóstico secundário: Insuficiência Renal
pois, para além de ser dependente total nas atividades de vida diária, já apresenta incontinência urinária.
!
Crónica; - Diagnóstico secundário: Infecção do trato urinário; - Diagnóstico secundário: Hipotermia;
Primeiro Internamento AP, doente do sexo feminino, de 82 anos, com doença de Alzheimer, deu entrada no hospital, no dia 17 de Fevereiro de 2013, por
- Diagnóstico secundário: Fibrilhação Auricular com resposta ventricular lenta.
!
2.
HISTÓRIA CLÍNICA
Antecedentes:
diminuição do volume de urina e a filha refere
- Acamada há cerca de 1ano, alterna cama/cadeirão;
ainda maior prostração que a habitual e
- Demência de Alzheimer;
hipotermia. Nega tosse ou expetoração ou
- Insuficiência Cardíaca Congestiva;
queixas gastrointestinais (Segundo Informação
- Fibrilhação Auricular crónica não hipocoagulada.
Colhida (SIC)). Doente acamada há cerca de um ano e só faz levante para o cadeirão com JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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EVOLUÇÃO DURANTE O INTERNAMENTO E ESTADO
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MOTIVO DE ADMISSÃO O motivo para a admissão desta doente
CLÍNICO DO DOENTE NA ALTA
Doente com evolução favorável.
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no Serviço de Urgência foi Sépsis e cujos diagnósticos identificados foram:
TERAPÊUTICA PROPOSTA - Triflusal Generis 1cp de 12/12h;
- Diagnóstico principal: Coque Séptico, com ponto de partida urinário;
- Lisinopril GP 20mg ½ cp às 9h; - Donepezilo Alter 5mg 1cp/dia
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- Diagnóstico secundário: Insuficiência Renal Aguda; - Diagnóstico secundário: Insuficiência
INSTRUÇÕES DE FOLLOW UP
Cardíaca Congestiva;
Alta para o domicílio, no dia 28 de Fevereiro de 2013.
- Diagnóstico secundário: Doença de Alzheimer;
- Foi suspensa lanoxin MD por bradicardia. No
- Diagnóstico secundário: Cistite Aguda;
dia de alta FC: 64pm.
- Diagnóstico secundário: Fibrilhação
- Foi suspenso lasix por desidratação.
Auricular.
- A medicação neuropsiquiátrica (bromazepam,
!
trazodone, lamotrigina) foi suspensa pela
HISTÓRIA CLÍNICA
prostração apresentada. Deve ser reintroduzida
!
gradualmente e segundo a necessidade da
Antecedentes:
doente, a reavaliar pelo médico de família e
- Doença de Alzheimer, acamada há mais de
neurologista/psiquiatra.
1ano, totalmente dependente nas AVDs;
! Segundo Internamento ! AP, doente do sexo feminino, de 82
- Insuficiência Cardíaca; - Fibrilhação Auricular permanente; - Internamentos anteriores: » Outubro de 2011: Infecção do trato urinário por
anos, com doença de Alzheimer, deu entrada no
Escherichia coli multissensível e desidratação;
hospital, no dia 14 de Março de 2013, por
» Fevereiro de 2013: Pneumonia Adquirida na
Sépsis com ponto de partida provável urinário
Comunidade (PAC) direita (ceftriaxone +
com disfunção multiorgânica. Quando chegou
azitromicina); terá suspenso digoxina por
ao hospital vinha em estado comatoso, com
bradicardia.
hipotermia de 30ºC, não reactiva a estímulos
!
dolorosos nem verbais. Durante o internamento,
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS
subida da troponina, sem alterações
- Promovido o aquecimento corporal;
electrocardiográficas até valores de 0,592, com
- Iniciada antibioterapia empírica com
posterior normalização e foi identificada uma
piperacilina/tazobactam;
falência multiorgânica (cardiovascular, renal,
- Colocada de sonda vesical;
neurológica).
- Diurese mantida ao longo de todo o internamento; - Proposta aos familiares de institucionalização
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da doente num lar com condições para doentes
identificadas incluem o uso de antibioterapia,
com doença de Alzheimer;
bem como outros aspetos relevantes, apesar de
- Ajuda total em todas as AVDs.
a doente já estar numa das fases mais
!
avançadas da doença, sendo já uma doente
TERAPÊUTICA PROPOSTA
para cuidados paliativos. Assim, torna-se
- Ácido acetilsalicílico 100mg 1cp após almoço;
pertinente a elaboração de um plano com as
- Trifusal Mylan 300mg 1cp/dia;
intervenções de enfermagem segundo as
- Carvedilol Sandoz 6,25mg ½ cp de 12/12h;
necessidades que a doente apresentou, fazendo
- Nitroglicerina (Nitradisc) 5mg 1 das 8h às 22h;
também referência às intervenções que lhe
- Risperidona Cinfa 1mg 1cp ao deitar;
foram prestadas.
- Ramipril + Hidroclorotiazida Mylan 2,5mg +
Parti da evidência científica existente e
12,5mg 1cp/dia;
atual da informação que recolhi durante as
- Donepezilo Labesfal 5mg 1cp/dia.
pesquisas que efetuei para a elaboração do
!
quadro de intervenções no âmbito de
INSTRUÇÕES DE FOLLOW UP Alta para o domicílio, no dia 27 de Março
enfermagem para doente com doença de Alzheimer. O objetivo principal deste estudo de
de 2013.
caso era a criação do quadro de intervenções
- Dieta meio sal.
de enfermagem à pessoa com doença de
Na descrição do caso clínico a
Alzheimer, para que a prática de cuidados de
informação aqui exposta foi feita através da
enfermagem e, consequentemente, de saúde
informação obtida nas notas de alta e através de
seja cada vez mais baseada na evidência
questões colocadas a uma das irmãs da doente,
científica. Este trabalho de prática baseada na
por esta ser a pessoa que mais acompanhou a
evidência, e muitos outros que têm vindo a ser
doente durante os internamentos e,
feitos, vêm contribuir para este aspeto
consequentemente, ser a pessoa da família que
importante de procurar basear as nossas
tem mais informação sobre os internamentos
intervenções em evidência comprovada
que possa facultar para a realização deste
cientificamente, caminhando progressivamente
trabalho.
para uma prática com mais qualidade.
!
Conclusão
Assim concluí que se trata de informação importante para o contexto de trabalho, na
Com o desenrolar deste trabalho de
medida em que contactamos frequentemente
Estudo de Caso, foram identificados vários
com este tipo de situações clínicas. Tal permite
aspetos a ter em conta na intervenção do
uma abordagem mais segura e eficaz deste
enfermeiro, no que respeita às necessidades da
desafio com melhores cuidados ao utente e de
pessoa com demência, neste caso particular
forma a maximizar a qualidade de vida, o
com doença de Alzheimer, de modo a maximizar
conforto e a promoção da dignidade do doente.
a qualidade de vida, conforto, dignidade e
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autonomia, conforme a fase da doença em que o doente se encontra. As intervenções JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Referências Bibliográficas
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Caldeira, Ana Paula S. & Ribeiro, Rita de Cássia H.M. (2004). O enfrentamento do cuidador do idoso com Alzheimer. Arq Ciênc Saúde, p. 3.
2.
Caramelli, Paulo & Barbosa, Maira Tonidandel (2002). Como diagnosticar as quatro causas mais frequentes de demência?. Rev Bras Psiquiatr, p. 8.
3.
Engelhardt, Eliasz, et al. (2005). T R ATA M E N T O D A D O E N Ç A D E ALZHEIMER. Recomendações e sugestões do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. Arq Neuropsiquiatr, p. 1106.
4.
Forlenza, Orestes V. (2005). Tratamento farmacológico da doença de Alzheimer. Rev. Psiq. Clín. 32 (3), p. 139, 140.
5.
Garrett, Carolina (2007). ALZHEIMER. Lisboa: Quidnovi, p. 33, 34, 36, 37, 40, 45, 48, 77, 78, 85, 86, 91, 92.
6.
http://grupo4te.com.sapo.pt/mie2.html, consultado a 15/05/13.
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Azeredo, Z. (2014) The Elderly in a Hospital Emergency Service, Journal of Aging & Inovation, 2 (4): 20-26
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REVISÃO NARRATIVA / NARRATIVE REVIEW
DEZEMBRO / JANEIRO, 2014
O IDOSO NO SERVIÇO DE URGÊNCIA HOSPITALAR THE ELDERLY IN A HOSPITAL EMERGENCY SERVICE LOS ANCIANOS EN URGENCIAS DEL HOSPITAL
Autora
Zaida Azeredo 1
1
Médica, Especialista em Clinica Geral/ Saúde Familiar, Mestre em Gerontologia Social Aplicada,
Doutorada em Saúde Comunitária, Membro da UNIFAI Corresponding Author: zaida.azeredo@gmail.com Declaração da Autora: Não houve qualquer subsídio ou bolsa para a realização deste artigo.
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Introdução O envelhecimento demográfico é uma realidade nas sociedades actuais, única na história da humanidade. Com o aumento progressivo do número e proporção de idosos, tem havido um aumento na prevalência das doenças crónicodegenerativas e de suas complicações, bem como um aumento de incapacidades que levam a uma maior afluência de idosos ao serviço de urgência.
! !
Objetivo: Refletir sobre a procura do serviço de urgência pelos idosos e sobre a sua permanência no mesmo. Desenvolvimento A Autora faz uma reflexão sobre alguns dos motivos que levam o idoso a recorrer ao serviço de urgência (ainda que por vezes não haja uma aparente razão biológica para tal), bem como sobre o ambiente nesse serviço e a razão porque o Idoso parece aí permanecer por períodos mais longos.
!
Conclui que os motivos são multifatoriais contribuindo para tal, não só a sua fragilidade (sobretudo no caso de grandes idosos), a sua co-morbilidade e multimorbilidade, mas também fatores sócio-ambientais e a noção de finitude próxima. Estes são também fatores que devem estar subjacentes à tomada de decisão clínica, no serviço de urgência. O facto de, os idosos (sobretudo os grandes idosos) necessitarem de uma avaliação global multifacetada, o que a torna morosa e com características especiais, bem como a agressividade que para a sua homeostasia representa o ambiente hospitalar, leva à necessidade premente de repensar este tipo de serviço para uma população geriátrica, que representa uma grande fatia dos utentes.
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Palavras Chave: Envelhecimento, família, Idosos, Serviço de Urgência
Abstract
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Introduction: The growth of older population in the world is an impair reality in the Humanity story. As people live longer, the chances of developing chronic diseases and its complications is higher. Handicap people and dependences are also increasing.
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Aims: To reflect about the elderly’s emergency services demands, and its function. Development: The Author analyze why the elderly use the emergency services (even if it is not classified as an emergency situation). Also reflect about the emergency services environment, how they are adapted to the elderly and why this group stays longer
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Conclusion: There are multi-factorial reasons which involve frailty, co-morbidity and multi-morbidity, social environment and the proximity of death, among others. The health professionals must pay attention to these multi-factorial reasons when they take clinical decisionsAlso the emergency service’s environment must be adequate to this kind of users, taking into account their specificity.
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Key words: Aging, Family; Elderly; Emergency Services
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Introdução
!O envelhecimento
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Os idosos são, o grupo etário que, numa demográfico constitui uma
das características das sociedades actuais na qual se inclui Portugal. O aumento, a nível mundial da proporção de idosos que se verificou no final do século XX e que se vai acentuar no século XXI é algo inédito na história da humanidade. (1) Em Portugal, entre 1960 e 2000, houve um franco estreitamento na base da pirâmide e um alargamento e alongamento do topo da mesma, que nos próximos anos se vai acentuar (1). Neste País, entre 1960 e 1991 houve uma diminuição de jovens (de 40% entre os 0-4 anos de idade e de 16% entre os 5-14 anos) enquanto os grupos etários mais velhos aumentavam quer em número quer em proporção (aumento de 35% no grupo etário entre 50-64 anos, de 73% no grupo de idades entre 65-74 anos e de 112% nas pessoas com 75 ou mais ano). (Eurostat 2010) (1) (2). Vemos, assim, que são os grupos mais velhos que mais aumentaram, levantando questões sóciosanitárias importantes, pois, para além da morbilidade ser maior nestes grupos etários há um aumento da prevalência das doenças crónico-degenerativas, com consequente aumento de incapacidades. Este aumento de incapacidades e de morbilidade, tem subjacente um envelhecimento patológico e fisiológico, e, cumulativamente, um envelhecimento demográfico que, em conjunto com outros fatores socio-sanitários induzem uma afluência significativa de idosos aos serviços de urgência. O presente artigo tem, assim, como objetivo fazer uma reflexão sobre os idosos no serviço de urgência e fatores socio-sanitários que lhe estão subjacentes.
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comunidade, apresenta mais incapacidades e maior fragilidade, exigindo a sua situação clínica maior atenção e preocupação que a maioria das pessoas dos outros grupos etários (1)(2)(3) O aumento de pessoas idosas e de reformados (com as respectivas implicações socioeconómicas), bem como o aumento de pessoas a viver só, vai, repercutir-se na saúde de uma população e na utilização dos serviços de saúde, nomeadamente no consumo de consultas e no aumento da duração dos internamentos hospitalares (4) (5) (6). Também, pelo mesmo motivo e de acordo com diversos autores há um aumento da frequência de idosos nos serviços de urgência quer de CSP quer hospitalares, e, nas consultas do Médico de Família, bem como um aumento na necessidade de cuidados domiciliários (área da saúde e sociais). (7) (8)(9)(10) (11)(12). Com efeito, actualmente, os cuidados domiciliários realizados pelo Médico de Família são sobretudo dirigidos a idosos e grande idosos e a pessoas com grau de dependência elevado, sofrendo de patologias (frequentemente de polipatologias ) sobretudo de foro crónicodegenerativo. Apesar de no final do século XX e início do século XXI se verificar uma contractilidade da mo r b i l i d a d e , i sto é , u m a d i a me n to d a prevalência de patologias incapacitantes (e/ou de suas consequências), para idades
mais
avançadas, há também, uma maior necessidade de utilização dos serviços de saúde, não só para prevenção de doenças e promoção da saúde, mas também para tratamento de doenças crónico-degenerativas ou para cuidados paliativos e terminais. (13)
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Mas, enquanto a necessidade de cuidados
as pessoas morriam muito cedo, ainda mesmo
aumenta, verifica-se uma diminuição do número
antes da reforma. Mas actualmente, cuidar de
de elementos por agregado familiar e portanto
um idoso a necessitar de ajuda (que se pode
de potenciais cuidadores informais, dificultando
prolongar no tempo e progressivamente exigir
a responsabilidade da família no cuidar dos
mais e mais disponibilidade) complica o
seus idosos. (14)
funcionamento e equilíbrio (muitas vezes
A alteração estrutural não só em número de
instável) destas famílias, ainda agravado pelo
elementos por agregado, mas também no tipo
trabalho fora de casa dos elementos femininos,
de família, associada à urbanização dos
tradicionalmente considerados como os
espaços rurais (que frequentemente determina o
cuidadores informais
afastamento espacial de gerações) bem como o
Quando a família é apenas constituída por duas
aumento da longevidade são factores
pessoas e, a que necessita de cuidados é idosa,
importantes que contribuem para que o idoso se
o outro elemento frequentemente também o é e
veja só, numa emergência/urgência médica. (1)
também tem problemas de saúde. Nestes casos
(14) (15). Com efeito há muito idoso (sobretudo
o recurso à visitação domiciliária e ao serviço de
os chamados de grandes idosos) que já não têm
urgência torna-se muito mais frequente, sendo
família. Este factor e a consciência de que a
muitas vezes o(a) doente transportado(a) de
finitude se aproxima, leva o idoso ou a sua
ambulância para este último serviço, não só
família (quando esta existe) a interpretar como
porque não tem transporte próprio, mas também
muito urgentes sintomas/ sinais que são
por desta forma haver maior celeridade no
considerados pelos clínicos como não urgentes.
atendimento.
O isolamento a que estes idosos muitas vezes
Com a urbanização dos espaços rurais, os
estão votados e a falência de um apoio social
habitantes mais jovens das cidades, tendem a
eficaz e eficiente são também factores que
migrar para a periferia (para zonas suburbanas)
influenciam a procura dos serviços de saúde,
onde têm mais facilidade de encontrar casas
pois geram medos que criam ansiedade e
mais económicas mais modernas e melhores.
ajudam a uma somatização.
(1)
Segundo Azeredo (2008; 2011) as famílias
Assim o centro da cidade vai-se esvaziando de
monoparentais, as famílias reconstruídas e as
jovens, restando naquele, idosos a viver em
famílias unitárias têm vindo a aumentar
casas muitas vezes degradadas, sem
substancialmente em Portugal (1) (14). O lugar
elevadores, o que dificulta a sua mobilidade e a
do idoso neste novo tipo de famílias é muito
acessibilidade aos serviços de saúde a não ser
complexo, pois é esperado por parte dos
em situações por eles consideradas urgentes
elementos que as constituem uma cooperação/
ou, quando solicitam a deslocação ao domicílio
ajuda quer económica, quer no cuidar dos
dos profissionais de saúde
descendentes, nem sempre possível, o que
É frequente, os idosos referirem que vivem
preocupa o idoso em relação ao seu futuro.
nestas habitações há mais de 40-50 anos tendo
Tradicionalmente não havia ascendentes que
elas sofrido poucas obras / remodelações.
necessitassem de cuidados prolongados, pois JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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As barreiras arquitectónicas frequentemente
grupo etário entre os 25-64 anos representava
existentes nos edifícios mais antigos, são
cerca de 53% do total de episódios e as
também um dos motivos porque é tão frequente
pessoas com mais de 65 anos representavam
a utilização de ambulância na deslocação de
cerca de ¼ de toda a afluência. Neste estudo os
idosos para o serviço de urgência.
principais motivos de recurso ao serviço de
Nestes centros urbanos, quando existe família
urgência foram : causas médicas (76,7%)
(à semelhança do que agora também se passa
seguidas de causas traumáticas (cerca de 19%)
nas zonas rurais), esta geralmente não cohabita
Smith (2001) citado por Oliveira (2008) defende
com o idoso a não ser quando se trata do
que os serviços agudos devem ser pensados
conjugue que também é idoso e por vezes
como um sistema simples; a urgência ocorre na
portador de alguma incapacidade.
rua ou em casa do doente, e só depois é que
Embora resida no mesmo centro urbano, a
este se dirige ao hospital para ser avaliado e/ou
família frequentemente, não está fisicamente
tratado. Finda esta observação e/ou tratamento
próxima. Qualquer condição clínica que saia dos
o doente tem alta (regressando ao seu
padrões de sinais/ sintomas habitualmente
domicílio, a casa de familiares ou a uma
manifestados pelo idoso são motivo de alarme.
instituição); pode, ainda,ser internado ou ser
Estes factos associados à proximidade da sua
verificado o seu óbito. (9) (10)
finitude podem produzir uma reacção de pânico
O facto de os idosos frequentemente sofrerem
(ainda que não expresso) que leva o idoso a
de polipatologias e/ou de suas complicações, e
tomar a decisão de recorrer a serviços que de
de estarem polimedicados (podendo mesmo
uma forma mais ou menos rápida podem dar
estar subjacente ao seu recurso ao serviço de
resposta à situação clínica agora apresentada.
urgência uma situação iatrogénica) leva os
Com a triagem de Manchester o recurso à
clínicos a serem mais cautelosos quando do
ambulância pode, também ser para o idoso,
estabelecimento de um diagnóstico da situação
uma forma de mais rapidamente ser atendido,
clínica bem como nas tomadas de decisão. O
sem ter de permanecer por longo tempo na sala
recurso a exames complementares de
de espera.
diagnóstico (por vezes aparentemente
No entanto, a triagem que agora é feita nos
desnecessários) e a um maior tempo de
serviços de urgência parece não estar
permanência em observação são algumas das
dimensionada para o risco em que incorrem as
estratégias usadas pelos clínicos.
pessoas idosas fragilizadas que apresentam
Segundo Oliveira (2008) o preditor mais
situações clínicas de grande complexidade e
importante para a procura pelo idoso, dos
com manifestações clínicas muitas vezes
serviços de saúde é a percepção do seu estado
atípicas
de saúde (que pode diferir da que o profissional
! O idoso e o serviço de urgência !
de saúde tem) e quão urgente é percepcionada a situação. (9) Esta percepção, associada ao contexto
Num estudo feito no ano de 2003 no Serviço de
emocional e ambiente social em que a situação
Urgência do Hospital S. Francisco Xavier, o
ocorre, bem como à acessibilidade aos serviços
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de saúde e ao conhecimento prévio da doença
presença de um familiar que tal como na criança
ou situação que causa o episódio agudo, são
lhe dê a confiança necessária.
determinantes na tomada de decisão de se
A utilização de técnicas muitas vezes cruentas,
dirigirem a um serviço de urgência ou ao centro
sem prévia explicação, representa uma ameaça/
de saúde, ou, ainda, de chamarem um clínico ao
agressividade ao seu normal quotidiano e á sua
domicílio. Apraz acrescentar ponderações
rotina responsável pela manutenção da sua
económicas e facilidades familiares. (10)
homeostasia.
Azeredo (2003) afirma que na ausência de uma
A perda de objectos de referência devida ao
organização social eficaz e/ou exaustão de um
cumprimento de normas de serviço, é outra
cuidador o recurso aos Profissionais de Saúde
agressividade que no adulto jovem assume uma
aumenta, hiperdimensionando-se necessidades
importância minor mas que no caso do idoso
latentes (7)
pode desempenhar um papel de relevo,
Como anteriormente já se afirmou, o idoso cada
sobretudo quando este idoso está fragilizado.
vez mais é uma pessoa solitária e, á medida
Como Castro, Catita, Cordeiro & Vaz (2002)
que a idade avança, mais fragilizada, recorrendo
afirmam só se cuida verdadeiramente quando
por estas razões mais ao serviço de urgência.
se reconhece no utente, por um lado, a
Segundo Remoaldo (1993) o recurso ao serviço
fragilidade da qual emerge a necessidade do
de urgência pode também representar uma
cuidado e por outro, a capacidade que este tem
chamada inconsciente de atenção sobre si, da
para participar nesse mesmo cuidado (17)
família e da sua rede social. (11)
O serviço de urgência pelas suas características
Geller, Janson et al. (1999) num estudo que
intrínsecas, a intensidade e frequência de
efectuaram em 164 pessoas encontraram uma
emoções vivenciadas (em que há um contacto
correlação entre solidão e recurso aos serviços
permanente com situações emergentes e a
hospitalares (16)
morte), bem como a mobilidade de profissionais,
Há pois necessidade de os profissionais de
doentes e familiares é por si só indutor de
saúde estarem atentos à complexa teia que
despersonalização e de desumanização dos
envolve o idoso que recorre ao serviço de
cuidados prestados, podendo gerar no idoso
urgência pois a permanência neste serviço,
desconforto, insegurança e confusão, com
ainda que por umas horas, pode desencadear
consequente agravamento do seu estado físico
uma panóplia de emoções que o idoso tem
e mental, já de si fragilizado pela situação
dificuldade em verbalizar e que podem causar
clínica. (18)
confusão que muitas vezes perdura durante
Continuando a aumentar a proporção de idosos
semanas ou mesmo meses.
na população em geral, vai haver necessidade
O serviço de urgência representa para o idoso
de, há semelhança do que foi feito em outros
não só a gravidade da situação/ doença, mas
países, repensar o serviço de urgência
também um mundo inóspito e desconhecido que
hospitalar, não só no que diz respeito ao
precisa de ser minimizado com uma boa relação
espaço, mas também no que concerne
entre a equipe de saúde e o doente, ou a
recursos humanos, para se fazer face à
aos
afluência de idosos a este serviço e neles JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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minimizar os danos causados pela sua
Este fenómeno associado ao aumento
permanência no mesmo.
percentual de pessoas idosas e pessoas
A Lei 33/2009 de 14 de Julho, permitindo que
fragilizadas que recorrem ao serviço de urgência
todo o cidadão admitido no serviço de urgência
exige da parte dos profissionais de saúde uma
possa estar acompanhado por uma pessoa, já
maior vigilância e maior número de tarefas, com
ajuda um pouco a situação do idoso neste
consequente aumento no dispêndio de tempo
serviço, pois é através deste elemento que se
por pessoa atendida, bem como
faz o seu contacto com o exterior, porém é
consequentemente, maior necessidade de
importante ter a certeza de que o elemento
recursos. Parece, assim, haver necessidade de
presente é aquele que representa a pessoa
os idosos permanecerem mais tempo no serviço
significativa para o idoso.
de urgência, apresentando problemas sócio-
!
sanitários de grande complexidade o que exige
Síntese final
por parte dos profissionais maior disponibilidade
O Serviço de Urgência é um serviço para
e especificidades nas suas competências.
abordagem de situações urgentes e
O modelo tradicional do serviço de urgência
emergentes, porém o que é urgente para um
focado na triagem tratamento e
utente e/ou seus familiares pode não o ser para
encaminhamento rápido não permite conhecer
o profissional. A ida e/ou permanência no
de forma abrangente e integrada as
serviço de urgência de um idoso representa
necessidades clínicas dos idosos que aí
sempre uma ameaça á sua homeostasia, já de
recorrem, de forma a fazer-se uma abordagem
si fragilizada, não só pela incerteza da evolução
compreensiva e uma referenciação adequada,
da sua situação clínica, mas também por ser um
evitando situações iatrogénicas complicadas e/
ambiente desconhecido e muito stressante e
ou novo recurso extemporâneo ao serviço de
agressivo.
urgência ou a visitação domiciliária. (19)
Com o aumento da proporção de idosos e
Segundo Tavares (2012) há necessidade de os
grandes idosos na população em geral, vai
profissionais acrescentarem às suas habilidades
haver um franco predomínio destes com
e competências clínicas que já possuem para
polipatologias e polimedicados a recorrer ao
atender situações urgentes e emergentes,
serviço de urgência, havendo por isso
outras de foro geronto-geriátrico.( 19)
necessidade de repensar este serviço, de forma
A população vai continuar a envelhecer e com
a torná-lo mais acolhedor, e a minimizar os seus
ela as situações urgentes e emergentes vão
efeitos que poderão agravar a situação clínica já
sendo cada vez mais complexas de difícil
presente.
resolução, devendo os profissionais ter
Como Tavares (2012) afirma as pessoas idosas
formação adequada para observar e pensar no
que recorrem ao serviço de urgência têm uma
idoso doente como um todo, portador de co-
apresentação clínica complexa e, muitas vezes
morbilidades e multi-morbilidades que obrigam a
manifestam resultados adversos após a vinda
uma polimedicação (que pode interferir na
ao serviço de urgência (19)
terapêutica a instituir no serviço de urgência). Muitas vezes, possui, ainda, uma fragilidade
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sócio-sanitária que pode influenciar o
11 – R e m o a l d o P C . A s p e c t o s s ó c i o -
prognóstico ou ser a base de manifestações
demográficos e nosológicos da população do
atípicas quando está no serviço de urgência,
serviço de urgência
cujo ambiente, por si só já lhe é inóspito.
Guimarães Rev Faculdade de Letras- Geografia
Há também necessidade de adaptar o ambiente
1993;I,IX: 45-99
físico de um serviço de urgência a este tipo de
12 – Beland F, Lemay A, Philibert L, Maheux B,
utentes que vão sendo cada vez mais em maior
Grovel G. Elderly Patient’s use of hospital –
número, de forma a evitar efeitos secundários
based emergency service Medical Care 1991;
provocados pelo mesmo (desorientação espaço-
29:408-418
temporal, infecções nosocomiais, etc).
13 – Laporte ASJ. La valoriacion de la
!
do Hospital Distrital de
multimorbilidad en personas de edad avanzada
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geriátrica integral Rev Esp Geriatria y Gerontol
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15 – Alarcão M. ( Des)Equilíbrios familiares
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realidade? Journal of Aging and Inovation
10 – Oliveira A. Requalificação da rede da
2012,1(4):14-25
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!
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! ! !
Monterio, C., Monteiro, M., Terras, M. (2014) Unidades de Psicogeriatria: Uma Realidade Necessária…, Journal of Aging & Inovation, 2 (4): 27-32
!
ARTIGO DE OPINIÃO / OPINION PAPER
DEZEMBRO / JANEIRO, 2014
! UNIDADES DE PSICOGERIATRIA: UMA REALIDADE NECESSÁRIA…
! Autores
Carlos Monteiro1, M.ª do Céu Monteiro2, Maria de Jesus Terras3
1,2,3
Enfermeiros
Desde os primórdios da história que o
nas sociedades ocidentais, contribui para que a
Homem ambiciona viver o mais possível e luta
idade avançada seja encarada como um
para adiar a hora de morrer. Nós, profissionais
problema social e familiar. Como refere
de Saúde, temos consciência que contribuímos
GIDDENS (2000:171) “Numa sociedade que
para o aumento da esperança de vida. “A
valoriza a juventude, a vitalidade e a aparência
população idosa mais que duplicou nos últimos
física, os idosos tendem a tornar-se invisíveis”.
quarenta anos (INE,1999:8). Contudo, a
Que lugar ocupam os idosos na família? Será
longevidade de vida coloca-nos perante uma
que a família estará preparada para acolher a
questão fulcral e urgente: contribuímos para dar
senescência (4 ª idade)? A institucionalização
anos à vida, mas será que damos vida aos
será o último recurso das famílias? “À medida
anos?
que aumenta a idade, a proporção de idosos a A população portuguesa na chamada
viver (…) [em instituições] cresce
“terceira idade” é cada vez mais expressiva no
significativamente” (INE,1999:20). Será que
conjunto do tecido social, um fenómeno
este facto se deve ao esgotamento familiar e
motivado essencialmente pelo duplo
à falta de ajuda por parte dos técnicos de
envelhecimento, expressão utilizada por alguns
saúde? Como poderá ser feito o apoio aos
autores como NAZARETH(1988); FERNANDES
familiares, dada a escassez de recursos
(1997) e COSTA(1999). Ao longo do tempo, o
externos? Esse apoio é considerado crucial
aumento do número de idosos tornou mais
para cuidar do idoso com este tipo de patologia,
relevante o peso destes na sociedade. “A
como alerta BRITO(2001:19): “Cuidemos dos
velhice representa a fase da vida em que as
cuidadores, pois, com generosidade e
capacidades e resistências físicas vão
competência, e todos teremos a ganhar com
gradualmente diminuindo” FERNANDES
isso”. Cuidar de familiares idosos doentes é algo
(1997:1), reduzindo-se assim a capacidade
árduo e exigente, desgastante em termos físicos
produtiva do idoso.
e emocionais, pelas múltiplas alterações que
A esta fase estão associadas
provoca na vida das famílias. A saúde destes
representações negativas como a pobreza, a
familiares, por mais vontade que tenham em
doença, a solidão e a morte que, conjugadas
cuidar dos seus idosos, acaba por se ressentir,
com a pensionalização da velhice e com uma
sendo frequentes situações de depressão e
alteração da estrutura das relações familiares
ansiedade aumentada.
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A família, na maioria dos casos sem preparação,
Com a reformulação das politicas de
vivencia situações de sobrecarga, geradoras de
saúde mental, há um aumento do número de
angustia e culpa (LIBERMAN e LIBERMAN,
doentes com perturbações mentais a viver com
2003). Cuidar de familiares idosos doentes é algo árduo e exigente, desgastante em termos
a família, que passa a estar assim potencialmente sujeitos a uma sobrecarga psicológica significativa. (CNRSSM, 2007).
físicos e emocionais, pelas múltiplas alterações
O envelhecimento é um processo
que provoca na vida das famílias. A saúde
complexo em que intervêm factores biológicos,
destes familiares, por mais vontade que tenham
socio-económicos e culturais, num sistema de
em cuidar dos seus familiares idosos, acaba por
relações constituído pelo indivíduo, a sociedade
se ressentir, sendo frequentes (cerca de 50%)
e o meio ambiente. Esta fase da vida sempre
situações de depressão e ansiedade
constituiu uma preocupação da humanidade,
aumentada, estando sujeitas por um lado a uma
mas o crescente número de idosos na
sobrecarga objectiva (impacto das modificações e limitações impostas pela doença de um indivíduo nos seus familiares (Ex: disrupção doméstica, restrição das actividades sociais, dificuldades laborais e financeiras) e por outro a uma sobrecarga subjectiva ( conjunto de sentimentos decorrente da vivência destas limitações (perda, culpabilidade, tensão relacional intra-familiar, preocupação com o futuro, medo da violência, entre outros) (SEQUEIRA, 2007; SERRA,2002; BRITO,2001). Há uma crescente atenção a esta problemática em vários países ocidentais, nomeadamente por parte dos profissionais de saúde. O sucesso da família no apoio ao doente psicogeriátrico depende de suportes adequados na comunidade, e da capacidade, por parte dos profissionais, de perceberem a experiência da família do ponto de vista desta, e de serem capazes de irem ao encontro das necessidades por ela identificadas. Entre técnicos e família é crucial a solidez de uma aliança que se move para um objectivo comum: promover a autonomia e minimizar a dependência do idoso com problemas psicogeriátricos.
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sociedade actual despertou maior interesse para o assunto. É um processo contínuo e irreversível, mas nem sempre a longevidade significa qualidade de vida, pois, em muitos casos, os idosos perdem a sua autonomia, tornando-se assim dependentes da ajuda de terceiros. Paralelamente ao aumento do número global de idosos há outro fenómeno que deve ser considerado: a existência em número cada vez maior de pessoas muito idosas. A orientação política actual consagra a família como instituição privilegiada para a integração social dos idosos. A este respeito SERRA(2002:535) alerta-nos para alguns factos: “Devido à evolução sociocultural, às formas de emprego, ao crescimento da urbanização e da industrialização, à necessidade de gerir o tempo de maneira diferente, certas funções, tradicionalmente cumpridas pela família, foram transferidas para agências exteriores (...) Contudo embora a família tenha sido expoliada de algumas obrigações antigas, mantém ainda cinco funções importantes: económica, educacional, reprodutiva, sexual e afectiva”.
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A velhice é um fenómeno normal, mas
poderá tornar instável quando confrontado com
leva a um aumento da fragilidade e da
novas exigências” PIMENTEL(2001:37). Quanto
vulnerabilidade. Qualquer agressão, ainda que
a este propósito PINTO(1999:23) refere que “em
mínima à sua integridade, representa o risco de
consequência do stress permanente, a que os
provocar um desequilíbrio global e irreparável.
cuidadores estão sujeitos, verifica-se nestes, em
Como refere CORDEIRO (1999:55), “cada
cerca de 50% dos casos, descompensações
situação é única. O limite entre a normalidade e
psiquiátricas importantes”. Para
a patologia, ou entre um comportamento
HARTFORD(1982), citado por SHANDS e
aceitável e inaceitável, nunca é preciso. Acresce
ZAHLIS(1995:126), “as necessidades de
que as doenças crónicas, sendo as mais
dependência do doente, muitas vezes, não
frequentes no idoso, têm diferentes
deixam ao prestador de cuidados tempo para si
repercussões, em diferentes pessoas e em
próprio”.
diferentes idades”. Com a idade, aumenta a
Quando um dos membros da família se
probabilidade de desenvolverem, em
confronta com problemas psicogeriátricos, é
simultâneo, várias patologias degenerativas e
uma situação nova que contribui para
de evolução prolongada, que se potenciam
descontrolar a dinâmica familiar. Como refere
entre si, originando a instalação, com o decorrer
MARQUES(1991:105), “o confronto com uma
do tempo, de alguma dependência de carácter
doença grave constitui para o doente, assim
físico, mental ou social.
como para a família e amigos, um
A demência constitui uma clara fonte de
acontecimento de vida indutor de elevados
stress para o indivíduo mas também para a sua
níveis de stress. (...) susceptíveis de provocar
família. As perturbações originam sequelas mais
um forte impacto emocional, alterações
ou menos prolongadas e implicam importantes
comportamentais, podendo mesmo surgir
mudanças, que geram ansiedade, necessidade
q u a d r o s p s i q u i á t r i c o s ” . Ta m b é m p a r a
de adaptação e resistência. Quando alguém é
MORVAL(1986), citado por SERRA (2002:531)
afectado, as repercussões para toda a família
“uma família é um grupo de indivíduos em
são grandes. O impacto faz-se sentir pois todos
interacção.O que acontece a um dos membros
os membros da família podem ter que assumir
(seja uma doença grave, a aposentação, ou o
novas responsabilidades e alterar o estilo de
simples recomeço do ano escolar) repercute-se
vida, tornando-se extremamente difícil (física e
nos restantes”.
emocionalmente) dependendo do grau de
Acresce ainda que nas modernas
envolvimento e do nível da incapacidade do
sociedades ocidentais o estatuto social do idoso
doente.
é muitas vezes desvalorizado. Devemos,
PAÚL(1997:137) desperta-nos para o
portanto, interrogarmo-nos: será que a família
seguinte facto “Ao contrário do que se passa
está preparada para acolher o
com o cuidar das crianças, [no cuidar de um
envelhecimento normal de um dos seus
idoso], a dependência é crescente” Contudo, “a
membros? Se neste caso a resposta já tenderá
família constitui um núcleo com um equilíbrio
a ser negativa, naturalmente que a situação se
próprio, por vezes difícil de manter, e que se
agrava quando nos colocamos perante
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episódios de envelhecimento patológico,
Na opinião de VIEIRA (1995:22), há
envolvendo, por exemplo, quadros de demência.
imensas razões que justificam a necessidade de
A escolha pela institucionalização ou
criar serviços psiquiátricos para os idosos, como
não nem sempre é uma decisão fácil de tomar
“problemas de diagnóstico (...); o problema das
por parte de quem é cuidado (“idoso”) assim
patologias múltiplas de que em regra sofrem os
como de quem cuida (“família”). A preocupação
velhos (...)” [e a] ausência de condições físicas
de não recorrer à institucionalização é uma
adequadas na maioria dos Serviços de
constante, como refere HESPANHA(1993)
Psiquiatria”. O autor defende a criação de
citado por PIMENTEL(2001:33): “a família,
Unidades Gerontopsiquiátricas, tendo em
mesmo nas piores condições, organiza-se para
consideração a experiência internacional, e a
assumir o que considera a sua obrigação:
importância de haver uma colaboração
retribuir o sacrifício dos pais.”
institucional com todos os serviços de apoio
Para KAHANA (1989), citado por PAÚL
comunitário e social, sendo fundamental uma
(1997:29), a “institucionalização ocorre
boa articulação com os Centros de Saúde da
geralmente na sequência da incapacidade
zona. VIEIRA(1995:22) alerta-nos ainda que “a
funcional, combinada com a ausência ou
assistência Gerontopsiquiátrica em Portugal,
insuficiência de apoios sociais”. Quando surge
efectuada de forma organizada, tem vindo a
um diagnóstico de demência na família, a
processar-se através da criação de Consultas
garantia de determinados cuidados pode ser
de Gerontopsiquiatria nos Hospitais Escolares,
tornar-se factor gerador de um esforço elevado
por iniciativa de psiquiatras interessados nesta
e uma sobrecarga acrescida que a família não
área”.
estava preparada para acolher.
Lisboa têm já uma unidade de psicogeriatria
O Centro Hospitalar Psiquiátrico de
Quando a família está perante o
respectivamente que, à luz de outras, assenta
envelhecimento patológico de um dos seus
num trabalho desenvolvido por uma equipa
membros, o acompanhamento e a prestação de
m u l t i d i s c i p l i n a r, p a r a d a r r e s p o s t a à s
cuidados podem ser problemáticos e nem
necessidades dos idosos e cuidadores,
sempre a manutenção do idoso em casa é a
prevenindo a deterioração física, psíquica e
melhor solução. Sobre este assunto, PIMENTEL
social do idoso, visando a
(2001:74), alerta-nos que “ é necessário
satisfação do idoso e família. Este tipo de
ponderar vários factores, como o grau de
serviço pretende por um lado, diminuir a
dependência do mesmo, o tipo de cuidados de
ansiedade e o stresse dos cuidadores, por outro
que necessita e as possibilidades da família em
lado, que cuidadores adquiram competências
termos de recursos materiais e de tempo.
para lidar com o doente idoso.
autonomia e
Embora, por vezes, os filhos estejam dispostos
Em suma, defendemos que o
a fazer todos os possíveis para apoiar os seus
envelhecimento deve ser encarado como algo
pais idosos, isso pode não ser, de facto, realista
natural, como mais uma etapa da nossa vida.
e praticável; por vezes, o internamento em
Porém, não deve ser esquecido que esta fase
instituições especializadas responde de forma
implica um declínio das nossas potencialidades
mais adequada às suas necessidades”.
e condição física. A família e a própria
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sociedade desempenham um papel essencial
FERNANDES, A. A., Velhice e Sociedade:
no suavizar dos aspectos nefastos dessa
Demografia, família e políticas sociais em
decadência. Por outro lado, os profissionais de
Portugal, Oeiras, Celta, 1997.
saúde devem estar despertos para as
FERNANDES, A. A., Quando a vida é mais
dificuldades dos cuidadores informais, de modo
longa...os impactos sociais do aumento da
a ajudá-los a promover e garantir o apoio aos
longevidade, in O Sentido das idades da vida,
idosos. Dessa colaboração, dessa ajuda
col. Gerontologia social, Editora CESDET, 2004.
depende em muito a capacidade de os idosos
GIDDENS, A ., Sociologia, Lisboa, Edição da
poderem viver um envelhecimento digno, em
Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
qualidade (mesmo que do foro patológico)
Instituto Nacional de Estatística, As Gerações
beneficiando do insubstituível aconchego
Mais Idosas, Lisboa, Série de estudos
familiar. Paralelamente, ao sentirem-se
nº85,1999.
apoiadas, as famílias adoptarão uma outra
LIBERMAN, D.B e LIBERMAN, R. P. – Involving
atitude quando confrontadas com esta
families in rehabilitation though behavioural
circunstância, deixando de temer e dramatizar o
family management. Psychiatric Services,2003,
envelhecimento dos seus elementos mais
54.
chegados e para que possam afirmar que: “não
MARQUES, A.; SANTOS, G.; Reacções à
tenho medo de ter um familiar a envelhecer ! ”
doença grave: como lidar, Coimbra, Clínica
! !
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Psiquiátrica HUC, 1991. NAZARETH, J.M. -
Unidade e diversidade da
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PAÚL, M. C., Lá para o fim da vida, Coimbra,
Editora, 2002.
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COMISSÃO Nacional para a Reestruturação
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dos Serviços de Saúde Mental – Relatório
Contextos e trajectórias, Coimbra, Quarteto
Proposta de Plano de Acção para a
Editora, 2001.
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PINTO, L. C., Doença de Alzheimer, diagnóstico
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Ministério da Saúde, 2007.
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Revista de Psiquiatria do Hospital Júlio de
CORDEIRO, M.P.- Avaliação da saúde em
SHANDS, M. E; ZAHLIS, E. H. – A família e a
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doença. In Phipps, et al – Enfermagem medico –
problemas e realidades.1ª ed, Coimbra,
cirúrgica – conceitos e prática clínica. I volume,
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enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
!
!
Página 32
Coimbra: editora quarteto. ISBN 989-558-083-5. SERRA, A. V. -
O stress na vida de todos os
dias. Coimbra: Ed. Autor, 2 ª edição, 2002. VIEIRA, C.R. A unidade de gerontopsiquiatria, Geriatria, Lisboa, Dezembro de 1995, nº80, pp. 22-27. Monteiro, M. C. ; TERRAS, J., O Impacto dos problemas psicogeriátricos na família, as percepções da sobrecarga sentida pelos cuidadores informais, Lisboa, E.S.EM.F.R. , 2003.
!
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
! ! ! ARTIGO DE OPINIÃO / OPINION PAPER
DEZEMBRO / JANEIRO, 2014
! CONGRESSO DA GRANDE IDADE
! ! !
Lisboa, 2013
A (In)Capacidade dos Idosos para Gerir a
a sua medicação (3,4). A diminuição das
Sua Medicação
competências cognitivas (ex. aumento da
1 ADVINHA, Ana Margarida ; LOPES, Manuel 2 1 José ; OLIVEIRA-MARTINS Sofia 1,2 Research Institute for Medicines and
dificuldade em processar novas informações, como a introdução de um novo medicamento no regime), a diminuição da acuidade visual (ex. dificuldade em ler os rótulos e folhetos informativos constantes nas embalagens) ou a diminuição da destreza manual (ex. dificuldade
Pharmaceutical Sciences, Faculdade de
na abertura de embalagens e extração de
Farmácia da Universidade de Lisboa; 3 Escola
medicamentos), repercutem-se
Superior de Enfermagem de S. João de Deus,
significativamente em não adesão (não
Universidade de Évora
intencional) e/ou em problemas de saúde decorrentes da ausência ou incorreta
Fundamento: Aproximadamente 45% dos
administração de medicamentos (2,5,6).
idosos são incapazes de tomar os seus medicamentos tal como prescritos (1). Gerir o
Objetivo: Este estudo tem como principal
regime terapêutico constitui um comportamento
objetivo avaliar a capacidade dos idosos para
complexo, que envolve tanto a intenção, como a
gerir a sua medicação, através da aplicação de
capacidade para tomar medicamentos. Desta
instrumentos específicos, adaptados (linguística
forma, importa distinguir a intenção de tomar a
e culturalmente) e validados para a população
medicação e a capacidade para o fazer, a fim de
Portuguesa.
promover a saúde do indivíduo e o seu envelhecimento ativo (2). A toma crónica de medicamentos representa um processo metódico, que conduz ao hábito quotidiano, e que pode ser afetada por diversos tipos de erros sistemáticos, associados não só ao desconhecimento e iliteracia do doente, mas também à progressiva perda de capacidade funcional (física, cognitiva e sensorial) para gerir JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Métodos: Revisões descritiva e sistemática da literatura para identificação dos instrumentos disponíveis a nível internacional e aferição dos resultados obtidos por outros autores; adaptação (linguística e cultural) e validação de três instrumentos de avaliação da capacidade funcional dos idosos para gerir a medicação; e futuramente, avaliação da capacidade da população idosa Portuguesa para gerir a sua Volume 2. Edição 4
medicação, com recurso à aplicação dos
Referências Bibliográficas:
instrumentos adaptados e validados (método em
1.
delineamento).
MacLaughlin EJ, Raehl CL, Treadway AK, Sterling TL, Zoller DP, Bond CA.
Resultados Preliminares: De um total de
Assessing medication adherence in the
quinze instrumentos específicos identificados na
elderly - Which tools to use in clinical
revisão descritiva da literatura, foram
practice? Drugs Aging. 2005;22(3):231–
selecionados três, de acordo com as
55.
características psicométricas e de aplicação.
2.
Destes, um avalia com recurso à medicação
Lakey SL, Gray SL, Borson S. Assessment of Older Adults’ Knowledge
real, outro com recurso a uma medicação fictícia
of and Preferences for Medication
e o terceiro engloba uma avaliação integrada
M a n a g e m e n t To o l s a n d S u p p o r t
recorrendo aos dois cenários. O declínio
Systems. Ann Pharmacother. 2009;43(6):
cognitivo e o aumento da idade surgem como
1011–9.
fatores determinantes de incapacidade funcional 3.
na gestão da medicação, pelo que, diversos
Tordoff J, Simonsen K, Thomson WM,
estudos revelam a importância da avaliação da
Norris PT. “It’s just routine.” A qualitative
capacidade funcional dos idosos para gerir a
study of medicine-taking amongst older
sua medicação, sobretudo por esta poder
people in New Zealand. Pharm World
representar um indicador precoce da perda de
Sci. 2010 Apr;32(2):154–61.
independência e da necessidade de
4.
intervenção.
Hutchison LC, Jones SK, West DS, Wei J Y. A s s e s s m e n t o f m e d i c a t i o n management by community-living elderly
Considerações Finais e Perspetivas Futuras:
persons with two standardized
O processo de gestão da medicação envolve
assessment tools: a cross-sectional
várias fases, e embora as barreiras envolvidas
study. Am J Geriatr
não sejam facilmente modificáveis, existem
Pharmacother. 2006/07/25 ed. 2006;4(2):
estratégias facilitadoras, quer através da
144–53.
intervenção de um profissional de saúde, quer 5.
da introdução de dispositivos de apoio, que
Beckman A, Bernsten C, Parker MG,
poderão promover a melhoria do desempenho
Thorslund M, Fastbom J. The difficulty of
do idoso nesta tarefa.
opening medicine containers in old age: a population-based study. Pharm World
Atualmente encontra-se em fase de conclusão a
Sci. 2005 Oct;27(5):393–8.
adaptação linguística dos instrumentos a utilizar,
6.
à qual se seguirá a adaptação cultural e
Rubin GS, Xue Q-L, Carlson MC.
validação. Encontra-se também a ser delineada
Impaired vision and the ability to take
a fase de aplicação dos instrumentos para
medications. J Am Geriatr Soc. 2005 Jul;
avaliação da capacidade funcional para gerir a medicação, a uma amostra de idosos Portugueses. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Windham BG, Griswold ME, Fried LP,
53(7):1179–90.
! Volume 2. Edição 4
! ! Acidente Vascular Cerebral e Doença
progressiva adoção de medidas preventivas,
Isquémica Cardíaca no contexto do
como a Lei de Cessação Tabágica, a Iniciativa
Envelhecimento
legislativa de redução do conteúdo de sal no
Matilde Rosa; Paulo Nogueira; Andreia Costa Introdução O envelhecimento da população é já uma tendência de dimensão mundial, embora seja na Europa que se localiza a maior parte das populações mais envelhecidas do mundo. A este respeito, Portugal não é, assim, um país original, embora tenha envelhecido com uma rapidez assinalável. É certo que, pelo menos a médio prazo, a população de Portugal continuará a envelhecer, o que aliás por si, pode ser entendido como uma tendência desejável,
pão, ou as frequentes campanhas promovidas por sociedades científicas e outras organizações, visando a adoção hábitos de vida saudáveis. São inúmeros os estudos que vão de encontro à temática envelhecimento e não menos os que referem as doenças cardiovasculares a ele associadas. Entre as doenças cardiovasculares mais preocupantes na temática envelhecimento, há-que destacar o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a Doença Isquémica Cardíaca (DIC). Material e Métodos
pois os factores que estão na origem deste
Neste artigo, foram analisados tanto a
processo estão ligados, no essencial, a
mortalidade como os padrões de morbilidade
progressos significativos nas condições de vida
associados a certas doenças cardiovasculares,
e saúde da população. Contudo, socialmente, o
dada a importância do estudo de ambos no
envelhecimento lança também desafios novos.
contexto do envelhecimento. Relativamente à
Entre estes está o aumento de patologias de
mortalidade, a informação é proveniente do
algum modo associadas à idade, como as
Instituto Nacional de Estatística (INE).
doenças cardiovasculares, muitas destas
Relativamente à morbilidade, os apuramentos
também agravadas por hábitos e estilos de vida
para estas estatísticas são obtidos a partir da
das sociedades modernas, como o stresse, o
base de dados dos Grupos de Diagnóstico
tabagismo, sedentarismo ou até a poluição
Homogéneos (GDH). Esta base de dados é
ambiental. As doenças cardiovasculares
anualmente posta à disposição da Direcção-
constituem a causa de morte mais relevante em
Geral da Saúde (DGS) pela Administração
toda a Europa, incluindo Portugal, e englobam
Central do Sistema de Saúde (ACSS). Os GDH
um vasto conjunto de situações clinicas
são um sistema de classificação de doentes,
afetando o sistema circulatório. Apesar da
onde o conjunto de bens e serviços que cada
elevada mortalidade associada às doenças
doente recebe, em função da sua patologia, é
cardiovasculares, tem-se verificado, nas últimas duas décadas, uma progressiva diminuição das taxas de mortalidade destas doenças. Inúmeros factores podem estar na causa desta diminuição mas podem realçar-se, por exemplo, a JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
registado. Esta base de dados agrupa as patologias de acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim, a classificação dos diagnósticos é feita tanto com Volume 2. Edição 4
base nos Grande Grupos da Classificação Internacional de Doenças- 9a RevisãoModificação Clínica (CID 9 MC) como com base nas Grandes Categorias de Diagnóstico (GCD). É importante notar que a base de dados usada é referente apenas a episódios ocorridos nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde (SNS) de Portugal Continental, pelo que as conclusões tiradas não devem ser generalizadas a todos os doentes nacionais. Neste trabalho, analisou-se retrospectivamente a morbilidade de certas doenças cardiovasculares, em Portugal Continental, entre 2007 e 2011. Em particular, foi dado ênfase ao Acidente Vascular Cerebral (AVC) e à Doença Isquémica Cardíaca (DIC), pela sua morbilidade e mortalidade associada, no sector idoso. Os indicadores considerados relevantes para este estudo foram a Taxa de Mortalidade Padronizada, o número de utentes saídos e o número de óbitos, por região e grupo etário, com especial foco no grupo etário dos 65 ou mais anos. As respectivas percentagens, de utentes saídos ou óbitos pertencentes ao grupo etário 65 ou mais anos no total dos grupos etários, também foram calculadas. Os indicadores acima referidos referem-se apenas a diagnósticos principais. Todos os cálculos presentes foram realizados utilizando o software estatístico R e a folha de cálculo do Microsoft Excel. No que diz respeito à codificação utilizada, as causas de morte são codificadas segundo a Classificação Internacional de Doenças CID10MC enquanto a morbilidade hospitalar é codificada com base na CID9MC. Em particular, os códigos utilizados para o AVC foram do I61 ao I64 (CID10MC) e do 430 ao 434 (CID9MC); para a DIC utilizaram-se os códigos do I20 ao I25 (CID10MC) e do 410 ao 414 (CID9MC). JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Resultados Relativamente ao Acidente Vascular Cerebral (AVC), no que diz respeito à sua morbilidade hospitalar, destaca-se um número de utentes saídos com AVC como diagnóstico principal, pertencente ao grupo etário dos 65 ou mais anos, que aumentou ligeiramente entre 2007 e 2011. Relativamente a este grupo etário, verificou-se um aumento de 20067, em 2007, para 20513 utentes saídos, em 2011, o que corresponde a 77,1% e 77,4% do total de utentes saídos por AVC, respectivamente. É interessante observar que, enquanto o número de utentes com AVC entre os 65 e os 79 anos diminuiu no intervalo temporal considerado (de 11544 para 10931 utentes), o número de utentes com 80 ou mais anos aumentou de 8523 para 9582. Os óbitos também acompanham esta evolução: o número de óbitos de utentes com AVC entre os 65 e os 79 anos diminuiu ligeiramente no intervalo temporal considerado (de 1538 para 1375 utentes), enquanto que o número de óbitos de utentes com 80 ou mais anos aumentou ligeiramente de 1836 para 1922. Entre 2007 e 2011, os óbitos de utentes mais idosos (65 ou mais anos) com AVC constituíram aproximadamente 85% do total de óbitos de utentes com AVC. É aqui notório o peso que o envelhecimento tem na morbilidade e mortalidade por AVC, pelo que a análise, relativamente ao grupo etário mais idoso, da sua evolução temporal assim como das suas desigualdades inerentes, não só mas também a nível regional, é de extrema importância. A nível regional, os utentes saídos com AVC com 65 ou mais anos são mais comuns na Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, seguindo-se a do Norte. No total dos 5
Volume 2. Edição 4
anos considerados neste trabalho, a região de
óbitos, os traços evolutivos apresentam-se um
L i s b o a e V a l e d o Te j o a p r e s e n t a
tanto diferentes. O número de óbitos de utentes
aproximadamente 37% do total do Continente,
com DIC diminuiu no intervalo temporal
no que se refere a utentes saídos com AVC com
considerado, tanto nos utentes entre os 65 e os
65 ou mais anos. As correspondentes
79 anos (de 652 para 475 óbitos) como nos
percentagens são 33% para o Norte, 23% para
utentes com 80 ou mais anos (de 774 para 666
o Centro, sendo o restante distribuído pelas
óbitos). Entre 2007 e 2011, em Portugal
regiões Alentejo e Algarve.
Continental, os óbitos de utentes mais idosos (65 ou mais anos) com DIC constituíram
Relativamente à Doença Isquémica Cardíaca
aproximadamente 88% do total de óbitos de
(DIC), a sua Taxa de Mortalidade Padronizada
utentes com DIC. É aqui notório o peso que o
(TMP) por 100 000 habitantes, para o grupo
envelhecimento tem na morbilidade hospitalar
etário dos 65 e mais anos, diminuiu a cada ano
de DIC, o que revela um interesse na análise,
tendo o seu valor mais elevado em 2007 (324
relativamente ao grupo etário mais idoso, da sua
por 100 000 habitantes) e o mais baixo em 2011
evolução temporal assim como das suas
(247,5 por 100 000 habitantes). Estes números
desigualdades inerentes, não só mas também a
merecem especial atenção sobretudo quando se
nível regional. A nível regional, os utentes
olha para a Taxa de Mortalidade Padronizada
saídos com DIC com 65 ou mais anos são mais
total: entre os 45,0 (2007) e os 34,9 (2011) por
comuns na Região de Saúde de Lisboa e Vale
100 000 habitantes. Analisando a morbilidade
do Tejo, seguindo-se a do Norte, tal como
hospitalar, destaca-se uma evolução com alguns
acontecera com os doentes cujo diagnóstico
traços idênticos aos manifestados pelo AVC,
principal foi o AVC. No total dos 5 anos
relativamente a utentes com 65 ou mais anos.
considerados neste trabalho, a região de Lisboa
Assim, a Doença Isquémica Cardíaca apresenta
e Vale do Tejo apresenta aproximadamente 49%
um número de utentes saídos, pertencente ao
do total do Continente, no que se refere a
grupo etário mais idoso, que diminuiu
utentes saídos com DIC com 65 ou mais anos.
ligeiramente entre 2007 e 2011. Relativamente a
As correspondentes percentagens são 24%
este grupo etário, verificou-se uma diminuição
para o Norte, 18% para o Centro, sendo o
de 19508, em 2007, para 19228 utentes saídos,
restante distribuído pelas regiões Alentejo e
e m 2 0 11 , o q u e c o r r e s p o n d e a
Algarve.
aproximadamente 60% do total dos utentes saídos cujo diagnóstico principal foi a DIC. É
Conclusões
interessante observar, mais uma vez, que
As doenças cardiovasculares constituem a
enquanto o número de utentes com DIC entre
causa de morte mais relevante em toda a
os 65 e os 79 anos diminuiu no intervalo
Europa, incluindo Portugal. E, atendendo a que
temporal considerado (de 14805 para 13936
um grande número de doenças
utentes), o contrário acontece com os utentes
cardiovasculares se relaciona com o
com 80 ou mais anos cujos valores aumentaram
envelhecimento da população, em particular
de 4703 para 5292. No que diz respeito aos
quando falamos de AVC e DIC, é expectável
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
! ! que o número de pessoas com estas doenças
temporal considerado. A nível regional, os
venha a aumentar impondo ao sistema de
utentes saídos com DIC com 65 ou mais anos
saúde uma necessidade crescente de cuidados.
são mais comuns na Região de Saúde de
Relativamente ao Acidente Vascular Cerebral
Lisboa e Vale do Tejo, tal como acontecera com
(AVC), analisando a sua morbilidade hospitalar,
o AVC. É notório o peso que o envelhecimento
destaca-se um número de utentes saídos,
tem na morbilidade hospitalar das referidas
pertencente ao grupo etário dos 65 ou mais
doenças, em particular no AVC e DIC, pelo que
anos, que aumentou de 20067, em 2007, para
é crucial uma análise, relativamente ao grupo
20513, em 2011. É interessante observar que,
etário dos 65 ou mais anos, da sua evolução
enquanto o número de utentes com AVC como
temporal assim como das suas desigualdades
diagnóstico principa,l entre os 65 e os 79 anos,
inerentes. Considera-se crucial adaptar-se o
diminuiu no intervalo temporal considerado, o
presente a fim de se ter um futuro que vai ao
número correspondente de utentes com 80 ou
encontro da evolução das doenças
mais anos aumentou. O número de óbitos de
cardiovasculares e ao crescente
utentes com AVC entre os 65 e os 79 anos
envelhecimento. Contudo, é também preciso
diminuiu ligeiramente no intervalo temporal
olhar para o passado, sobretudo o mais recente,
considerado enquanto que o número de óbitos
uma vez que, apesar da elevada mortalidade
de utentes com 80 ou mais anos aumentou
associada às doenças cardiovasculares, tem-se
ligeiramente. A nível regional, os utentes saídos
verificado, nas últimas duas décadas, uma
com AVC com 65 ou mais anos são mais
progressiva diminuição das taxas de
comuns na Região de Saúde de Lisboa e Vale
mortalidade destas doenças. Vários factores
do Tejo, seguindo-se a do Norte. Relativamente
estão na causa desta diminuição destacando-se
à Doença Isquémica Cardíaca (DIC), a sua Taxa
a progressiva adoção de estratégias
de Mortalidade Padronizada (TMP) por 100 000
organizativas do Sistema de Saúde para
habitantes, para o grupo etário dos 65 e mais
promover hábitos de vida mais saudáveis. Um
anos, diminuiu a cada ano atingindo o seu valor
possível desafio na temática das doenças
mais elevado em 2007 e o mais baixo em 2011.
cardiovasculares e do envelhecimento prende-
Analisando a morbilidade hospitalar, a Doença
se também com a existência de programas de
Isquémica Cardíaca apresenta um número de
incentivo à actividade física das pessoas idosas.
utentes saídos, pertencente ao grupo etário Referências
mais idoso, que diminuiu ligeiramente de 19508, em 2007, para 19228, em 2011. É ainda relevante referir, mais uma vez, que o número
BARROS, Pedro Pita, 2013, Pela Sua Saúde, Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos ROSA, Maria João Valente, 1996, O Envelhecimento da População Portuguesa, Cadernos Público, no3, Lisboa, BPI
de utentes com DIC entre os 65 e os 79 anos diminuiu e o contrário acontece com os utentes com 80 ou mais anos. No que diz respeito aos óbitos, os traços evolutivos apresentam-se um
ROSA, Maria João Valente, 2012, O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa, Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos
tanto diferentes: o número de óbitos dos utentes mais idosos com DIC diminuiu no intervalo JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Direção-Geral da Saúde, Portugal - Doenças CérebroCardiovasculares em números - 2013
Volume 2. Edição 4
VULNERABILIDADES PSICOSSOCIAIS EM COMBATENTES: CONTRIBUIÇÕES PARA A GERONTOLOGIA E ENVELHECIMENTO ATIVO.
da idade. Ao nível da relação entre a PSPT e as variáveis psicossociais, verificam-se
!
associações estatisticamente significativas entre
António Correia; José Rodrigues. Email:
(reexperimentação intrusiva, evitamento e
acorreia.ceamps.lc@gmail.com
!
embotamento e excitabilidade aumentada) e as
Resumo
depressão, hostilidade, somatização e obsessão
Ao longo dos últimos anos, vários estudos têm
e compulsão e com as estratégias de coping de
sido efetuados em relação ao impacto das
retraimento, adictividade e mudança. O estudo
experiências traumáticas em combatentes de
identificou também uma percentagem
guerra. A Guerra do Ultramar Português
significativa de 5,8% (n=15) de pessoas mais
estendeu-se por um período de 13 anos, entre
vulneráveis e em risco social.
1961 e 1974, em Angola, Guiné e Moçambique,
Em conclusão, o presente estudo contribuiu
na qual combateram mais de 800.000
para melhorar o conhecimento e a compreensão
portugueses, dos quais cerca de 9.000
das vulnerabilidades psicossociais dos
perderam a vida, 30.000 foram evacuadas por
combatentes da Ilha Terceira e, face aos
ferimentos e mais de 100.000 ficaram doentes
resultados, pretende-se encontrar respostas
e/ou feridos, (cerca de 14.000 deficientes físicos
mais adequadas a este tipo de população e às
e um número bastante significativo com
problemáticas apresentadas, nomeadamente a
perturbações psicológicas em consequência dos
criação de um centro de apoio médico,
acontecimentos traumáticos da guerra).
psicológico e social com respostas específicas
O presente estudo teve como objetivo avaliar
para ajudar os combatentes a terem um
as vulnerabilidades psicossociais, numa
envelhecimento ativo e com melhor qualidade
amostra de antigos combatentes portugueses
de vida.
dos Açores, Ilha Terceira, constituída por 255
Palavras-chave: Combatentes da Guerra do
veteranos, com idades compreendidas entre 55
Ultramar, Vulnerabilidades Psicossociais,
e 73 anos (M=63;Dp=4,18).
Gerontologia, Envelhecimento Ativo
Na metodologia foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação: Questionário sociodemográfico; PCL-M (acontecimento traumático); ETC (estratégias de coping); SCL-90-R (desajustamento emocional) e Escala de Avaliação da Situação Sociofamiliar de Gijón. Os resultados mostram a presença de sintomatologia de PSPT, de nível de gravidade ligeiro (53,5%), moderado (41,2%) e grave (5,5%), com uma tendência para os sintomas ligeiros passarem a moderados com o aumento
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
todas as dimensões da PCL-M
dimensões psicopatológicas da ansiedade,
!
A AVA L I A Ç Ã O FUNCIONAL MULTIDIMENSIONAL NA POPULAÇÃO IDOSA: A UTILIDADE NA DEFINIÇÃO DE ÁREAS PRIORITÁRIAS DE INTERVENÇÃO.
!
Silva, Sílvia. Email:
silviauccoaz@gmail.com.
Otero, Gestal. Email:
juan.gestal@usc.es.
Rodrigues, Rogério. Email: rogerio@esenfc.pt
!
Objetivos: Identificar a(s) área(s) prioritária(s) para intervir na população idosa (idade igual ou
Volume 2. Edição 4
superior a 65 anos) do concelho de São João da
pontuado: 75-84 anos (34,7%) - 32,6% dos
Madeira de modo a rentabilizar e coordenar
homens e 36,4% das mulheres.
serviços e respostas. Assim, recorreu-se à
Conclusões: As áreas pior classificadas e com
avaliação multidimensional (áreas funcionais de
necessidade de intervenção prioritária são a
recursos sociais, recursos económicos, saúde
saúde física e recursos económicos. Destaca-se
física, saúde mental e actividades de vida diária
o grupo etário como factor de distinção em que
(AVD)), da população com inscrita nos ficheiros
à medida que a idade aumenta, aumenta
clínicos do Centro de Saúde e residentes no
também a percentagem de idosos com maior
concelho.
dependência nestas áreas. Os muito idosos (≥
Metodologia: Num procedimento aprovado pela
85) apresentam pior classificação nas áreas de
Comissão de Ética da Administração Regional
saúde física, saúde mental e AVD e os idosos
de Saúde do Norte, recorreu-se a uma amostra
de 75-84 anos apresentam pior classificação
de 269 idosos (N=3846 e n=7%), aleatória e
nas áreas de recursos sociais e económicos.
estratificada por género e grupo etário, aos
Quanto ao género, são pior classificadas as
quais foi aplicado o questionário OARS (Older
mulheres nas áreas: saúde física, AVD e
Americans Resources and Services) no
recursos económicos; estão piores os homens
domicílio do idosos por entrevistadores
na área da saúde mental e recursos sociais.
treinados. Os dados foram tratados segundo o
Definem-se assim as mulheres e as áreas de
modelo OARS.
saúde física e económica como prioritárias para
Resultados: São pontuados com limitação
intervir.
grave ou total: Área de saúde física - 43,1%; grupo etário pior pontuado: ≥ 85 (61,3%) - 50,0% dos homens e 66,7% das mulheres. Área de saúde mental - 18,3% dos elementos da amostra; grupo etário pior pontuado: ≥ 85
!
A PREPARAÇÃO DO REGRESSO A CASA DA PESSOA IDOSA SUBMETIDA A GASTRECTOMIA E SUA FAMÍLIA - A PA R C E R I A C O M O I N T E RV E N Ç Ã O D E ENFERMAGEM
!
(32,3%) - 38,1% dos homens e 20,0% das
Lúcia Jerónimo. Idalina Gomes. Email:
mulheres.
luciajeronimo@campus.esel.pt
Área das AVD - 12,4% dos elementos da
!
amostra; grupo etário pior pontuado: ≥ 85
Resumo
(54,8%) - 50,0% dos homens e 57,1% das
O regresso a casa do cliente hospitalizado
mulheres.
requer um planeamento atempado para evitar
Área dos recursos sociais - 11,8% dos
complicações e readmissões. No cliente idoso
elementos da amostra; grupo etário pior
submetido a gastrectomia, considerando a
pontuado: 75-84 anos (17,3%) -
especificidade da sua situação, exige-se um
20,9% dos
homens e 14,5% das mulheres.
envolvimento do próprio e seu cuidador familiar
Área dos recursos económicos - 26,8% dos
com as equipas de enfermagem, para uma
elementos da amostra; grupo etário pior
atuação conjunta que permita identificar e responder às necessidades existentes. Baseado
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
nas teorias das transições de Meleis e dos
intervenções na preparação individualizada do
Cuidados em Parceria com a Pessoa Idosa de
regresso a casa da pessoa idosa e a
Gomes (2009), elaborou-se um projeto de
capacitação do cuidador familiar, possibilitando
intervenção com o objetivo de capacitar o
a continuação do projeto de vida de cada idoso
cuidador familiar e o idoso gastrectomizado para
e cuidador familiar.
a preparação do regresso a casa.
Sugere-se o desenvolvimento de intervenções
Este Projeto realizou-se num Hospital Central
de enfermagem pré e pós-operatórias centradas
em Lisboa, entre Outubro/2012 e Fevereiro/
na pessoa idosa e seu cuidador familiar, bem
2013. Envolveu 8 idosos submetidos a
como, a reavaliação nutricional periódica em
gastrectomia, e os seus respetivos cuidadores
articulação com o centro de saúde.
familiares e 39 enfermeiros da equipa de
Palavras-chave: pessoa idosa/cuidador familiar;
enfermagem. Desenvolveu-se em quatro fases
intervenções de enfermagem; parceria; regresso
distintas – Diagnóstico de Situação,
a casa.
Planificação, Execução e Avaliação. Os dados foram colhidos por análise documental, observação de práticas e entrevistas, e foram
A TRAJETÓRIA DOS ESTUDOS DA CIF NA ANCIANIDADE: UM ESTUDO BIBLIOMÉTRICO
analisados por estatística descritiva e análise de
!
conteúdo.
A n a Ta b o r d a ; R o s a S i l v a . E m a i l :
Como resultados destaca-se o conhecimento
anataborda@portugalmail.com
que a pessoa idosa e cuidador familiar
!
adquiriram ao longo do internamento
OBJETIVO: Descrever e quantificar o que se
(adequação do plano alimentar, conhecimento
tem estudado tendo como objeto de estudo o
do regime medicamentoso, conhecimento de
idoso e a CIF
sintomatologia associada, cuidados com a ferida
METODOLOGIA: Estudo bibliométrico, realizado
operatória, e conhecimento dos possíveis
nas bases de dados eletrónicas MEDLINE,
recursos da comunidade). Salienta-se a
CINAHL Plus, Science Direct e Tripdatabase,
introdução de novas práticas na equipa de
com texto integral, em português e inglês. Os
enfermagem asseguradas a todos os clientes –
descritores utilizados foram: international
avaliação nutricional, educação estruturada,
classification of functioning & elderly.
inclusão do cuidador familiar nos cuidados, a
Tendo por base o modelo conceptual da CIF,
articulação com a rede de cuidados domiciliares
categorizamos os estudos de acordo com os
e registos de enfermagem individualizados,
seguintes componentes: Funcionalidade e Incapacidade
•
tendo favorecido a continuidade de intervenções ao longo deste processo.
•
Estrutura e Função corporal
Conclui-se que a intervenção em parceria é
•
Atividades de participação Fatores contextuais
•
fundamental para um cuidar centrado no cliente, permitindo o conhecimento do cliente e o seu
•
Fatores ambientais
envolvimento na construção de uma ação
•
Fatores pessoais
conjunta que promove a continuidade de
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!
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RESULTADOS/CONCLUSÕES
2007). Objetivos: caracterizar a acessibilidade e
Da pesquisa realizada obtivemos 92 artigos, e
a perceção de QV dos idosos do ACES ATB;
destes, 39 apresentavam texto integral, sendo
verificar se existe relação entre a acessibilidade
estes o nosso corpo de análise.
e a QV.
Após uma primeira leitura verificamos que todos
Metodologia: realizou-se um estudo transversal,
os componentes da CIF têm sido explorados,
descritivo-correlacional, numa amostra de
havendo, contudo, um predomínio de estudos
intencional de 359 idosos dos cuidados de
relacionados com a estrutura e função corporal,
saúde primários, do ACES Alto Tâmega e
como é o caso das quedas, mobilidade e
Barroso (ACeS ATB). Na recolha de dados
desempenho físico, por exemplo.
aplicou-se um inquérito sob a forma de
!
entrevista, com 3 partes: caracterização sociodemográfica; avaliação do nível de
ACESSIBILIDADE AOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS E QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS
acessibilidade (através de indicadores, tais
!
como o tipo de transporte utilizado, o tempo e as
Alexandrina de Jesus Serra Lobo (PhD). Email:
recursos de estacionamento e transportes
damiaolobo@gmail.com
!
públicos) e perceção da QV através do SF-36
A acessibilidade aos cuidados de saúde é uma
recorreu-se ao SPSS.
área prioritária das atuais politicas, um
Resultados: a maioria dos sujeitos em estudo
verdadeiro determinante da saúde e,
apresenta o 1º ciclo do ensino básico, são
consequentemente, um potenciador de redução
casados, têm um rendimento mensal médio de
de desigualdades, apresentando-se como um
200 a 450 euros, tendo trabalhado no sector
aspeto essencial para a melhoria da QV dos
primário, durante a actividade profissional.
indivíduos (Campos et al., 2008; Campinho,
Recorrem ao centro de saúde entre 3 a 6 vezes
2005). Segundo Furtado e Pereira (2010), o
por ano, principalmente pelo motivo de doença.
acesso não pode ser visto apenas no sentido da
Em média, demoram entre 15 a 30 minutos e
oferta/disponibilidade de cuidados, devem
gastam entre 5 a 10 euros na deslocação ao
também ser considerados outros
centro de saúde. As mulheres usam mais os
condicionantes, eventuais barreiras que possam
transportes públicos (27,5% versus 24,7%) e os
limitar o cidadão ao seu potencial de saúde,
homens o transporte próprio (39,1% versus
nomeadamente: geográficos; demográficos;
20,7%). Pela análise das correlações verifica-se
económicos; sociais ou culturais. Importa assim,
que existe uma correlação negativa e
analisar-se a relação entre o acesso aos
significativa da QV, com o tempo e o dinheiro
cuidados de saúde e a qualidade de vida (QV),
gasto na deslocação.
tendo em conta que o processo de
Conclusão: os nossos resultados sustentam que
envelhecimento encerra inúmeras alterações na
a QV relacionada com a saúde não se reduz a
vida das pessoas, afectando-lhes a
uma evidência orgânica, está em grande parte
funcionalidade e mobilidade (Rodrigues et al.,
relacionada com a acessibilidade aos cuidados
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despesas necessários à deslocação, os
(Ferreira, 1999). Para o tratamento de dados
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de saúde, para além das características de cada
Com este estudo identificou-se e quantificou-se
contexto sociocultural, aos significados que
atividades com base nas motivações de cada
cada indivíduo atribui à sua condição e processo
sujeito, tanto através de um Plano de Atividades
de vida.
como através de um Plano Ocupacional.
"ANTES DE MORRER, EU QUERO...": O ENVELHECIMENTO COMO UM PROCESSO ATIVO, ONDE OS SUJEITOS ESCOLHEM E PARTICIPAM NAS POLÍTICAS QUE AFETAM O SEU BEM ESTAR.
!
!
OS MUITO IDOSOS: A METODOLOGIA OARS/ QAFMI EM INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA Rogério Manuel Clemente Rodrigues. Sílvia Manuela Dias Tavares da Silva. Sandrina Sofia
Alexandra Neves.
da Silva Crespo. Cristiana Filipa Ribeiro da
Email: neves.xana@gmail.com
Silva. Email: rogerio@esenfc.pt
Resumo: Nas sociedades atuais, a
Objectivo:
institucionalização dos adultos idosos é a opção
Avaliar a funcionalidade e a utilização e
mais recorrente, quando os filhos deste grupo
necessidade sentida de serviços, de saúde e de
etário não têm condições de cuidar a tempo
apoio social, pelos muito idosos do concelho de
inteiro dos seus pais. Esta institucionalização
Coimbra.
nem sempre é feita por forma a envolver a
Metodologia:
vontade e o desejo do idoso, revestindo-se esta
Estudo quantitativo, descritivo-correlacional,
mudança de uma perda de identidade e de
com dimensão temporal do tipo transversal.
pertença que lança o idoso num processo
A população alvo (N≈16474) é constituída pelos
doloroso.
indivíduos com idade ≥75 anos, residentes no
O p r e s e n t e e s t u d o p r o p ô s i d e n t i f i c a r,
Concelho de Coimbra (Sub-Região de Saúde de
compreender e conhecer os desejos de um
Coimbra).
grupo de 11 idosos, utilizadores do Centro
A amostra, probabilística e estratificada (por
Social e Paroquial dos Pousos, sobre o que
idade e género), foi obtida a partir dos dados da
pretendiam realizar antes de morrerem.
população total fornecidos pelos Centros de
Tratou-se de um estudo qualitativo, realizado a
Saúde/Extensões/Unidades de Saúde Familiar,
partir das narrativas dos idosos entrevistados.
procurando atingir 7% da população (n=1153).
Os resultados (desejos) são muito semelhantes
O instrumento de recolha de dados é o
dentro do grupo analisado, refletindo uma
Questionário de Avaliação Funcional
homogeneidade cuja explicação pode estar
Multidimensional para Idosos (QAFMI), versão
relacionada com o facto de todos partilharem os
portuguesa do Older Americans Resources and
mesmos contextos e trajetórias de vida. Os
Services (OARS). É considerado um dos mais
desejos mais expressos encontraram-se
adequados instrumentos de avaliação
relacionados com a família e a algumas visitas a
multidimensional disponível para avaliar a
determinados locais, apontando estes para
capacidade funcional de idosos.
atividades de lazer e atividades com a família.
Resultados:
!
!
Esta metodologia foi desenvolvida para avaliar a
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capacidade funcional em cinco áreas centrais da
intervenção, em todas as áreas, nomeadamente
qualidade de vida do idoso: recursos sociais,
ao nível da saúde mental, saúde física e AVD.
recursos económicos, saúde mental, saúde
Particular atenção deve ser dirigida às
física e actividades de vida diária.
mulheres. A informação recolhida e as
Centrando-nos no somatório das piores
possibilidades de cruzamento de dados poderão
classificações (recursos fortemente e totalmente
permitir o encontro, e a conjugação de esforços,
insatisfatórios), para o género, grupo etário e
de profissionais, e serviços, de saúde e sociais.
total da amostra, verificamos que: - A pontuação segundo o modelo OARS/QAFMI para a área de recursos sociais revela quanto ao género, uma classificação de 6,4% para os homens e 16,1% para as mulheres. Por grupos
CICLOS DE RECUPERAÇÃO COMO PROPOSTA DE ATENÇÃO À POPULAÇÃO IDOSA ACOMETIDA POR AFEÇÕES NEUROLÓGICAS E FÍSICAS, NOMEADAMENTE, O AVC E FRATURAS/ ARTROPLASTIAS.
etários encontramos 13,6% no grupo de 75-84
!
anos e 9,9% no grupo ≥85 anos. Para o total da
Rafaela
amostra são 12,6%;
rafaela.almeida@geridade.com
Almeida.
Email:
- Na área de recursos económicos, as mulheres
!
são pior classificadas (16,6% contra 11,6% nos
OBJETIVO – Apresentar uma proposta de
homens). No grupo ≥85 anos encontramos
atendimento, definidos por ciclos de
22,0% e no de 75-84 anos 11,9%. No total são
recuperação nas áreas neurológica e
14,8%;
ortopédica, em residência especializada e
- Na área de saúde mental as mulheres são pior
direcionada à população idosa.
classificadas com 19,6% (9,5% nos homens). O
METODOLOGIA – A avaliação inicial do idoso é
grupo ≥85 anos apresenta 23,7% e o de 75-84
feita em conjunto pela equipa multidisciplinar,
anos 12,7%. No total são assim classificados
que depois de analisar cuidadosamente os
15,9%;
dados recolhidos, propõe uma recuperação num
- A área de saúde física apresenta os valores
horizonte temporal limitado. A alta dos nossos
percentuais mais elevados de incapacidade
serviços será proposta quando a equipa
(40,5% nos homens e 48,4% nas mulheres). O
considerar que se atingiu o limite máximo de
grupo ≥85 anos 57,5% e o de 75-84 anos
recuperação.
40,7%. Globalmente são 45,5%.
A proposta centra-se no internamento durante
- Quanto às atividades de vida diárias (AVD) são
um período mínimo de 30 dias, que visa, de
pior classificadas as mulheres (27,3% contra
maneira intensiva, a reabilitação das
17,1% dos homens). Os de ≥85 anos são pior
capacidades físicas e funcionais do idoso, num
classificados (46,1% contra 14,3% dos de 75-84
ambiente adaptado às suas necessidades.
anos). Para o total da amostra encontramos
Dispondo de uma equipa multidisciplinar
23,5% com esta classificação.
composta por profissionais das áreas da
Conclusão:
Medicina, Fisioterapia, Terapia Ocupacional,
Da aplicação desta metodologia emergem
Terapia da Fala, Enfermagem, Psicologia e
resultados que nos mostram a necessidade de
Animação Sociocultural, pretende-se que cada
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utente tenha um plano específico e totalmente
Maria
de
Jesus
Costa.
adaptado às suas necessidades físico-
marjecosta2010@gmail.com
Email:
funcionais e ao seu potencial de recuperação.
!
Procuramos investir na aprendizagem e
Objetivo: Munir as auxiliares de acção médica
acreditamos que o esforço da equipa técnica
deste Lar com competências que lhes permitam
poderá proporcionar um acompanhamento
uma abordagem global na sua prática de
individualizado, com foco nas necessidades e
cuidados à pessoa idosa.
especificidades de cada utente.
Metodologia: A elaboração de um programa de
RESULTADOS – O ano de 2013 tem sido
formação deve sedimentar-se numa avaliação
dedicado à realização de estudos que nos
de diagnóstica prévia, com o objectivo de fazer
ajudem a comprovar a eficácia do projeto e que
o levantamento das necessidades, de forma a
orientem as alterações necessárias de modo a
poder validar a importância da acção formativa
irmos ao encontro das necessidades desta faixa
para os destinatários. De acordo com as duas
etária.
Instituições ESESFM e o LVL iniciou-se com um
CONCLUSÃO – O envelhecimento demográfico
conjunto de reuniões devidamente planeadas
há muito que desperta nos profissionais e nas
que permitiram, ter um maior conhecimento da
instituições a busca pelo desenvolvimento e o
realidade vivida na instituição de idosos e
aprimoramento de iniciativas capazes de
realizar um diagnóstico da situação relativa à
colmatar todas as necessidades da população
intervenção formativa a concretizar com o grupo
que está a envelhecer. Tais necessidades são
profissional em causa, o que permitiu determinar
de naturezas variadas e exigem cada vez mais
as necessidades formativas das referidas
profissionais preparados e capazes de prestar
auxiliares.
serviços de qualidade e que estejam totalmente
Deste encontro foi decidido:
direcionados às especificidades desta faixa
•
etária. A Casa Azul procura desenvolver de
parceria entre as duas Instituições;
maneira individualizada um acompanhamento
•
especializado à população em causa.
responsabilidade da conceptualização e
Prevê-se alcançar resultados que se revelem
organização da intervenção formativa;
animadores, de modo a consolidarmos a
•
proposta de oferta de um acompanhamento
desenvolvidas por duas docentes da ESESFM e
especializado e totalmente adaptado as
um elemento da direcção da instituição de
necessidades e especificidades da população
idosos.
de mais idade.
Após a administração dos conteúdos teóricos
D E S E N V O LV E R C O M P E T Ê N C I A S N O ÂMBITO GERONTOLÓGICO DIRECCIONADA A AUXILIARES DE ACÇÃO MÉDICA: - UMA EXPERIÊNCIA DA ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM S. FRANCISCO DAS MISERICÓRDIAS (ESESFM) E O LAR DR. VIRGÍLIO LOPES (LVL).
!
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A formação seria realizada numa Existiria uma docente da ESESFM com a
As acções de formação seriam
passamos aos aspetos relativos à avaliação da intervenção implementada. Resultados: Através de uma grelha de observação " avaliação de competências" e uma entrevista estruturada, previamente testadas que permitiu identificar se o conhecimento
Volume 2. Edição 4
teórico tinha sido integrado e posto em prática, o
Resumo: À medida que a população mundial
que nos permitiu constatar uma mudança de
envelhece a uma velocidade quase exponencial
comportamentos que se apoiava no
e a prevalência de demências aumenta
conhecimento adquirido assim como a
consequentemente, torna-se cada vez mais
necessidade de colmatar algumas lacunas no
relevante encontrar estratégias e meios para
que respeita à mobilização dos respectivos
atenuar o declínio das funções cognitivas e
conhecimentos.
físicas dos idosos com Doença de Alzheimer
Conclusão: Enquanto profissionais e formadores
(DA).
na área da Saúde, é nossa preocupação
O objetivo deste estudo foi investigar o efeito de
conhecer as necessidades reais do país, no que
um programa de intervenção de exercício físico
respeita à formação destes cuidadores que
multicomponente na função cognitiva, variáveis
prestam cuidados às pessoas idosas em
antropométricas e de aptidão física, em idosos
p a r t i c u l a r, a s q u e s e e n c o n t r a m
com DA.
institucionalizadas e dotarmos este grupo de
A amostra foi constituída por 32 idosos
cuidadores com um corpo de conhecimentos
institucionalizados com diagnóstico clínico de
específicos. Nesta sequência não podemos
DA, com idades entre 84,34 ± 5,9 anos de
deixar de referir a nossa preocupação
idade, com demência leve e moderada, que
relativamente à iliteracia destes profissionais
foram divididos em dois grupos: o grupo
sobre o processo de envelhecimento e as
experimental (GE, n=16) e o grupo controle (GC,
principais dimensões da abordagem à pessoa
n=16). O GE participou de um programa de
idosa.
exercício multicomponente supervisionado,
A formação contribui, ainda, para o
(incluindo exercícios aeróbios, força e
desenvolvimento pessoal e profissional dos
resistência muscular, flexibilidade e exercícios
cuidadores, melhorando inevitavelmente o
posturais) 1h/dia , duas vezes por semana,
desempenho organizacional, o bem-estar da
durante seis meses. Os participantes do GC
pessoa idosa que se espelha em qualidade de
mantiveram suas atividades diárias regulares
vida, em cuidados menos complexos e menor
durante o mesmo período. Função cognitiva
dispêndio económico para a instituição e para
(MMSE), variáveis antropométricas (IMC e
as próprias famílias.
perímetro de cintura) e de aptidão física (Fitness
EFEITOS DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIO MULTICOMPONENTE SOBRE AS FUNÇÕES FÍSICAS E COGNITIVAS DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS COM DOENÇA DE ALZHEIMER
!
Senior Test), foram avaliadas antes (M1), após 3 meses (M2) e no final (M3) do programa de intervenção. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas, nos testes de
Arnaldina Sampaio. Elisa Marques. Joana
aptidão física, variáveis antropométricas e na
Carvalho.
função cognitiva, entre os grupos, na avaliação
Jorge
Mota.
Email:
arnaldina@gmail.com
!
inicial. A ANOVA de duas entradas (grupo e tempo), com medições repetidas de um fator (tempo), revelou interações significativas entre
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Volume 2. Edição 4
grupo e tempo nas funções cognitivas, no
para a aquisição de estilos de vida saudáveis e
perímetro de cintura, força dos membros
participação ativa dos idosos nos cuidados de saúde
inferiores e membros superiores, agilidade,
e na sociedade em geral.
resistência aeróbia, flexibilidade dos membros
Metodologia: O projeto decorreu de Maio a
inferiores e membros superiores. Assim, a diferença na resposta, entre os grupos, foi evidente ao longo do tempo para estas variáveis. Observou-se ainda, uma diminuição
Dezembro de 2012, tendo como grupo alvo neste projeto 60 idosos institucionalizados, auxiliares/ técnicos/responsáveis em Lares de Idosos e/ou Centro de Dia de IPSS da cidade de Estremoz ( X; Y e Z).
estatisticamente significativa do perímetro de
Os idosos foram avaliados ao inicio e no final do
cintura, uma melhoria nos testes de aptidão
projeto com várias escalas: índice de Katz (avaliar a
física entre M1 e M3, e um aumento significativo
capacidade física e funcional); Mini Mental State;
no MMSE entre M1 e M2 no GE. A função
Ti m e g e t u p ; C h a i r s t a n d t e s t ( a v a l i a r a
cognitiva e força de membros superiores
funcionalidade); SF12v2 (avaliar a perceção do seu
diminuíram significativamente ao longo do
estado de saúde).
tempo (M1 vs M3) no GC. Não foram
Pretendeu-se realizar várias atividades,
observadas alterações do IMC em ambos os grupos. Não ocorreu nenhum efeito adverso devido à aplicação do programa de intervenção. Estes resultados permitiram verificar que o
nomeadamente: - Aplicar e avaliar resultado de escalas utilizadas; - Atividades e estratégias de prevenção de doenças e de fatores comportamentais; - Atividades que promovam desenvolvimento
exercício multicomponente pode ser um
cognitivo, a relação comunicacional e a promoção da
elemento importante na promoção e
relação interpessoal;
manutenção da saúde, permitindo melhores
- Atividades e estratégias que promovam a atividade
resultados na aptidão física e cognitiva, por
física, a promoção da saúde oral e prevenção de
parte do GE em comparação com indivíduos
problemas relacionados;
inativos. Este estudo sugere que os programas
- Atividades de promoção de atividades
de exercícios multicomponentes podem ser uma
intergeracionais ;
estratégia não-farmacológica importante para atenuar o declínio das funções físicas e cognitivas em pacientes com DA institucionalizados. ENVELHECIMENTO ACTIVO
!
Silvia Noruegas; Carla Calça; Susete Manguinhas; Marisa Afonso; Carina de Jesus; Florinda Recto. Email: silcrisnor@gmail.com
!
Objetivos: Manter/Melhorar a funcionalidade dos idosos; Manter/Melhorar a capacidade cognitiva dos idosos; Prevenir a ocorrência de quedas; Sensibilizar
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- Atividades de formação aos auxiliares, que lhes permitam adquirir conhecimentos e competências para promover envelhecimento ativo. Resultados: Foram alvo deste projeto 60 idosos, sendo para a análise dos dados apenas contabilizados 36. Cerca de 15 idosos pertenciam ao Lar X, 12 ao Lar Y e 9 ao Lar Z. A grande maioria é do género feminino (27). O maior número de idosos encontra-se na faixa etária dos 80 aos 89 anos (21). Quanto ao Índice de Katz podemos referir que 14 idosos melhoraram; 12 idosos mantiveram e 10 idosos pioraram.
Relacionando os valores do Mini
Mental State á entrada e á saída, 16 idosos pioraram, 15 idosos melhoraram e 5 idosos
Volume 2. Edição 4
mantiveram os mesmos valores.
Objectivo: Correlacionar performance cognitiva
Comparativamente aos resultados do Time get up
com a atrofia cerebral global e segmentar em
and go, podemos concluir que 86% dos idosos
imagens de ressonância magnética crânio-
mantiveram ou melhoram a sua funcionalidade.
encefálica numa coorte de indivíduos idosos da
Comparativamente aos resultados do Chair Stand test ,
podemos concluir que 89% dos idosos
mantiveram ou melhoram a sua funcionalidade. Relativamente á perceção da qualidade de vida
comunidade. Metodologia: Recrutamento prospetivo de 130 sujeitos dos Cuidados de Saúde Primários
relacionada com a saúde, podemos verificar o valor
Portugueses com mais de 50 anos, sem história
médio 34,3, tendo estes valores aumentado um
de patologia cerebral conhecida. A informação
pouco sendo o valor o valor médio á saída de 36,2.
clínica foi obtida junto dos respectivos médicos
Relativamente ao MCS á entrada o valor medio é de
e avaliações neuropsicológicas foram
49,2, tendo o valor medio á saída diminuído (48,7).
efectuadas.
Relativamente às atividades desenvolvidas, estas
Os sujeitos realizaram um estudo de
incidiram sobre a apresentação do projeto, á
ressonância magnética num aparelho 3Tesla,
aplicação de escalas á entrada e á saída; classe de
tendo posteriormente sido aplicadas escalas de
gerontomobilidade; atividades cognitivas; atividades de promoção do auto estima; saúde oral; prevenção de quedas e alimentação saudável. Conclusões: Relativamente aos indicadores e metas de execução, todos os indicadores foram atingidos.
avaliação neuroimagiológicas: atrofia global cortical (GCA), Koedam e atrofia mesial temporal (MTA). Resultados: Mais de metade dos sujeitos avaliados (65%) apresentava algum grau de
ENVELHECIMENTO COGNITIVO USUAL VS PATOLÓGICO – O PAPEL DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
!
atrofia cerebral (avaliada por GCA), no entanto, esta apenas era severa (“knife-blade”) em 2,5%. Foi observada maior prevalência de atrofia
Joana Barata Tavares, João Serras, Clara
parietal (20%), avaliada pela escala de Koedam,
Loureiro, Joana Morgado, Carolina Maruta,
do que de atrofia mesial temporal (4%), avaliada
Jorge Campos, Isabel Pavão Martins. Email:
por MTA, sendo maior a correlação da primeira
joanactavares@hotmail.com
com o resultado da avaliação de Mini Mental
!
State Exam.
Introdução: O envelhecimento cognitivo não é
Conclusão: Classicamente a atrofia mesial
idêntico em todos os indivíduos e a distinção
temporal associa-se à doença de Alzheimer mas
entre o envelhecimento considerado usual e
estudos recentes indicam a presença de atrofia
aquele que é considerado patológico é bastante
do precuneus (parte do lobo parietal) em fases
difícil de definir.
precoces de doentes de Alzheimer. O que este
A neuroimagem é um campo da medicina que
estudo vem demonstrar é que numa população
permite a avaliação estrutural do cérebro e o
comunitária, sem patologia cerebral conhecida,
seu uso em projectos de investigação
existe maior prevalência de atrofia parietal do
neuropsicológica tem assumido nos últimos
que temporal e a primeira correlaciona-se mais
anos cada vez mais importância.
com declínio cognitivo. No futuro, a avaliação visual do cérebro, com
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focalização em áreas de atrofia segmentar,
tem os seguintes objectivos: a) identificar
poderá tornar-se mais específica para predizer
factores de felicidade percebidos pelas
quais os sujeitos normais que irão evoluir para
participantes; e b) explicitar as boas práticas
Alzheimer.
que parecem ter mais impacto na promoção do
ENVELHECIMENTO, PSICOLOGIA POSITIVA E BOAS PRÁTICAS
!
bem-estar das mulheres. Na presente comunicação procura-se partilhar os resultados referentes ao segundo objectivo. Nesta
Maria A. Veiga d'Araújo. Email:
investigação, assente no método de estudo de
jardimmaria@gmail.com
caso, a recolha de dados foi feita através da
!
aplicação de questionários e de cartas de
O envelhecimento humano é um processo
gratidão redigidas pelas participantes. Para a
contínuo e comum a todo o indivíduo. Tem início
análise dos dados, recorreu-se à análise de
na concepção e termina na morte (Vaillant,
conteúdo e à estatística descritiva – usando, por
2003). É um processo ao longo do qual perdas e
isso, uma abordagem de métodos mistos. Os
ganhos decorrem e concorrem entre si (Baltes &
dados revelam um impacto positivo do CQ ao
Baltes, 1986). Em determinado momento, as
nível do bem-estar individual, relacional e
primeiras tendem a superar os segundos. Baltes
colectivo, que se verifica no aumento dos
e Baltes (1986) propõem o Modelo da Selecção,
índices de gratidão e felicidade das participantes
Optimização e Compensação e sugerem que,
ao longo do projecto, na valorização dos novos
até certo ponto, é possível compensar as perdas
momentos de convívio por parte das idosas, e
e manter bons níveis de satisfação com a vida.
no maior envolvimento das mulheres na
A Psicologia Positiva ajuda os indivíduos a
comunidade através da participação em eventos
manter o foco na superação das perdas,
comunitários de relevo, entre outros resultados.
contribuindo para uma vida mais prazerosa. O
Estes resultados foram possíveis de alcançar de
contributo desta área do saber verifica-se
forma continuada dadas as características
através do estudo de conceitos como a
estruturais e processuais deste projecto: as
Esperança, a Gratidão, o Flow, a Escuta Activa
boas práticas que aqui se identificam e
Construtiva, a Espiritualidade, as Emoções
partilham.
Positivas, as Relações Positivas, entre outros. Estes e outros modelos descritos nesta investigação apontam, assim, para factores diversos que poderão contribuir para um processo de envelhecimento positivo. Nessa linha, foi criado um programa de intervenção: o Chá das Quartas (CQ). Este programa tem vindo a decorrer nos últimos três anos, no Alentejo, para um grupo de mulheres com idades muito avançadas, em quem se fazia notar a solidão. O presente estudo sobre o CQ JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
ESTIMULACIÓN COGNITIVA Y CALIDAD DE VIDA: LOGROS EN EL ÁMBITO GERONTOLÓGICO DEL S.XXI
!
Sandra Fernández Prado, Mónica Antelo Martelo, Joaquim Parra Marujo, Manuel Gandoy Crego y J. Manuel Mayán Santos. Email: sandrafdezprado@gmail.com
!
Objetivos Se pretende extraer resultados de un trabajo de
Volume 2. Edição 4
estimulación cognitiva, que se desarrolla con
Conclusiones
personas mayores del entorno gallego. Además
Los datos recogidos nos hacen pensar y afirmar
de poder recoger estas aportaciones de las
que los programas de estimulación cognitiva no
funciones cognitivas, se ha querido observar la
son solamente útiles herramientas de
influencia en la percepción de la calidad de vida
reforzamiento cognitivo para las personas
experimentada por los sujetos experimentales
mayores sino importantes mecanismos de
de este trabajo.
refuerzo a tener en cuenta en la visión global de
Metodología
la calidad de vida en la fase de envejecimiento.
Se ha llevado a cabo el diseño de un Programa
!
de Estimulación Cognitiva, gracias al respaldo
Mediante estas investigaciones esperamos
de Servicios Sociales del ayuntamiento de
responder a las necesidades de las personas
Caldas de Reis, en Pontevedra, que ha
mayores de ahora y del futuro, para conseguir
trabajado conjuntamente con el Programa de
mejoras en su funcionalidad cognitiva y mejorar
Doctorado en Gerontología de la Universidad de
también su calidad de vida, que es otro
Santiago de Compostela.
importante objetivo de las intervenciones
Se ha procedido al conocimiento mediante
gerontológicas: conseguir cantidad y calidad en
administración de pruebas Pre-test de los
el envejecimiento.
sujetos experimentales con una batería de pruebas homologadas y estandarizadas (Mini Examen Cognoscitivo de Lobo, Test Conductual de Memoria de Rivermead (RBMT) y Escala CUBRECAVI de calidad de vida). Se ha
GRÃ-PARENTALIDADE E RELAÇÕES INTERGERACIONAIS NO CONTEXTO DAS SOCIEDADES OCIDENTAIS CONTEMPORÂNEAS: REVISÃO DA LITERATURA.
!
implantado el citado programa y, a medida que
Isabel Margarida Marques Monteiro Dias
ha evolucionado el mismo, se ha ido evaluando
Mendes. Rogério Manuel Clemente Rodrigues.
periódicamente a los sujetos. Este conocimiento
Zaida de Aguiar Sá Azeredo. Email:
longitudinal nos ha permitido conocer datos
isabelmendes@esenfc.pt
acerca de las aportaciones del trabajo cognitivo
!
en el conjunto de las funcionalidades cognitivas
Resumo:
y además, hemos podido conocer, cómo ha
Introdução: Na actualidade a esfera familiar
influido esta experiencia en la percepción
evidencia uma pluralidade de configurações,
expresada de su calidad de vida.
como as famílias de idosos e as famílias com
Resultados
idosos.
Tras el análisis estadístico, mediante SPSS,
Outra característica marcante dessa diversidade
hayamos aportaciones significativas de la
é a família longeva, traduzindo-se como um
estimulación cognitiva a las capacidades
fenómeno novo e apresentando a coexistência
cognitivas de los sujetos, de la misma forma que
de várias gerações.
la percepción de la calidad de vida se ha visto
Face ao número cada vez maior de indivíduos a
modificada en muchas de las variables que la
alcançar idades cada vez mais avançadas,
componen.
origina-se por um lado, potencialmente, uma
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Volume 2. Edição 4
maior convivência intergeracional e acentua-se, por outro, a importância cada vez maior da solidariedade entre as gerações.
HABITAÇÃO PARA IDOSOS EM LISBOA: DE COLECTIVA A ASSISTIDA. O CASO DE ALVALADE
!
Nesse contexto, identificamos as relações
A n t o n i o d a S i l v a F. C a r v a l h o . E m a i l :
intergeracionais como algo benéfico, que pode
a.carvalho@zonmail.pt
ser estimulado com a perspectiva de um enriquecimento mútuo, através da partilha de conhecimentos e da abertura para o diálogo entre as gerações. Objectivo: Rever o conceito de grãparentalidade nas sociedades ocidentais
!
A população portuguesa (e mundial) está a envelhecer a um ritmo muito acelerado — Lisboa era já em 2001 a capital europeia da UE15 mais envelhecida, realidade que se agravou desde então.Esta tendência demográfica de quase inversão da pirâmide demográfica significa que é urgente
contemporâneas e o seu significado nas
encontrar uma solução habitacional para os idosos,
relações intergeracionais-
que constituem o único grupo etário em crescimento.
Método: Revisão da literatura com recurso a
Significa também que as cidades serão
bases de dados B-On, Academic Google, e Pub-
progressivamente habitadas por mais idosos, pelo
Med. A pesquisa foi limitada a artigos publicados
que o quotidiano urbano (em espaços públicos e
entre 2000-2012 nas línguas Portuguesa,
privados, livres ou construídos) será cada vez mais
Espanhola, Inglesa e Francesa.
condicionado pelas restrições dos mais velhos, em
Resultados: 45 estudos foram selecionados a partir de 2710 artigos das bases de dados. Os principais temas comuns encontrados foram: o papel dos avós como um equilíbrio familiar entre
termos de acessibilidades ou outros aspectos funcionais. Objectivo: Para evitar a panaceia da institucionalização em lares de idosos, é urgente propor um novo paradigma habitacional para as
gerações, com padrões de interação de
pessoas mais velhas: envelhecer em casa.
proximidade, a proximidade emocional e apoio
Metodologia: Sendo Lisboa maioritariamente
social; maior influência dos avós maternos no
constituída por edifícios de apartamentos, estudou-se
estabelecimento e manutenção dos laços
o funcionamento e características das “residências
intergeracionais. Por último, os avós trazem o
assistidas” de diferentes iniciativas (privada, estatal,
sentido de identidade intergeracional no seio
IPSS) e dimensões (grande, média e pequena).
familiar, positivamente relacionada com o bem-
Desse estudo retiraram-se ensinamentos que
estar de todos os membros. Conclusão: Nas sociedades contemporâneas a grã-parentalidade surge como o elo de ligação sensível entre as diferentes gerações, sendo o
permitissem a sua aplicação aos edifícios normais de habitação colectiva, transformando-os desse modo em edifícios-residência, onde os moradores possam naturalmente envelhecer, em apartamento adaptados ou adaptáveis às diferentes etapas da vida.
relacionamento intergeracional uma
Seguidamente estudaram-se edifícios de
oportunidade para a promoção de um
apartamentos cujas características permitissem
envelhecimento saudável e um desenvolvimento
encontrar soluções aplicáveis ou extrapoláveis para
saudável dos mais jovens, visando uma
outros conjuntos habitacionais.
sociedade para todas as idades.
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! !
Volume 2. Edição 4
Para cada um dos edifícios existentes que foram
O projeto “Residencias Senior- Nossa Senhora das
seleccionados desenvolveu-se um projecto de
Misericórdias” foi criado tendo por base os objetivos/
adaptação do edifício e dos apartamentos de modo
desenvolvimento da instituição, tanto a nível de
que, com intervenções e custos mínimos, permitisse
infraestruturas como a nível de objetivos de
a sua conversão em condomínio assistido.
intervenção que o Serviço Social sente a
Resultados: O Bairro de Alvalade, pela repetição
necessidade de intervir. O “Ideal Sénior”, foi
sistemática dos seus edifícios-tipo, permitiu
projetado a fim de ser uma resposta social
seleccionar seis casos concretos para aplicação de
personalizada para uma população específica.
diferentes soluções, no sentido de que passem a
Há cerca de 13 anos, altura em que esta resposta foi
funcionar como condomínios assistidos para os seus
criada, a realidade social em termos da problemática
moradores envelhecidos, evitando (ou adiando) a
do envelhecimento ativo, nomeadamente no distrito
sua institucionalização.
de Santarém, mostra a necessidade sentida pela
As soluções projectadas para estes seis edifícios têm
população em encontrar respostas de apoio
a possibilidade inerente de replicação, podendo ser
alternativas às valências de internamento
aplicadas a dezenas de edifícios, centenas de
tradicionais. E, por isso, são procuradas por pessoas
apartamentos e milhares de moradores, apenas no
com idades menores (65 anos) com a motivação de
Bairro de Alvalade.
querer poder assegurar segurança e conforto para
Conclusão: Com os modelos de intervenção
um futuro próximo.
propostos caso a caso, verificam-se vantagens
Esta resposta Social nasceu em 1999 designada por
habitacionais, humanas e urbanas: ganham-se
SENIOR RESIDENCE, inicialmente construídas
apartamentos mais flexíveis, adaptáveis às diversas
apenas quatro moradias. Atualmente este complexo
fases da vida; os moradores podem envelhecer em
dispõe de 24 residências integradas numa ampla
casa e no bairro, na companhia de vizinhos e
zona ajardinada e de lazer, sendo que as ultimas oito
comerciantes que conhecem e em quem confiam;
são de construção recente, em finais do ano 2012.
torna-se mais fácil e cómodo para os familiares
Para pessoas com idade igual ou superior a 65 anos,
manterem as rotinas das visitas à casa de sempre;
portadoras de características pessoais, culturais e
os espaços exteriores públicos tornam-se mais
socioeconómicas é por vezes muito difícil encontrar
amigos dos idosos (e como tal amigos de todos),
locais com grande privacidade e estimuladoras de
com acessibilidade universal; o convívio
autonomia.
intergeracional é promovido, dentro de casa, no
A Misericórdia passou assim a ter esta valência, criou
edifício e no bairro; a flexibilidade do novo modelo
espaços “confortáveis e seguros” para fazer face ás
permite a renovação natural das gerações dos seus
necessidades/expectativas da população/
habitantes e novamente o seu envelhecimento em
comunidade em que os utentes podem usufruir de
casa, sem segregação edificativa nem
“cuidados de um lar” na privacidade de uma
estigmatização social — a cidade envelhece e
residência, em plena Vila da Golegã.
renova-se continuamente.
As moradias deste complexo são compostas por um quarto, uma instalação sanitária com apoios técnicos,
"IDEAL SÉNIOR"
!
Fernanda
uma sala e uma cozinha, cada utente tem direito a
Oliveira:
Email:
fernanda.oliveira@misericordiagolega.pt
!
um lugar no parque de estacionamento. Todas estas residências são decoradas pelo residente (ou seus familiares), para que a pessoa se sinta num espaço “seu”, único e confortável, e que reflita as características da sua própria identidade, hábitos e
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Volume 2. Edição 4
e costumes.
Desenvolveu-se de acordo com o método PICO,
A resposta projetada pretende proporcionar um
cuja questão estruturada e adaptada foi:
espaço “ideal” com serviços permanentes e
P(population)- Idosos; I(Interventions)-
adequados às necessidades das pessoas seniores,
Intervenções de Enfermagem; O (outcomes)-
contribuir para a estimulação de um processo de envelhecimento ativo com autonomia, assim foram criadas condições que permitam preservar e incentivar a estabilidade do suporte familiar quando
Detecção e prevenção do abuso e negligência. A pesquisa foi efetuada nas bases de dados MEDLINE e CINAHL através de palavras-chave
existente, bem como potenciar a integração social.
e sinônimos com base na questão PICO. Os
Este apoio é sempre prestado em regime de apoio
estudos foram selecionados obedecendo
domiciliário, isto é todos os serviços são prestados
critérios de inclusão e exclusão previamente
nas residências, por uma equipa preparada e
estabelecidos.
especializada.
Os estudos foram selecionados de acordo com
Tem como Princípios subjacentes á intervenção
os critérios estabelecidos e, após o cruzamento
desta resposta social a Qualidade, eficiência,
das palavras-chave e obtenção dos registos nas
humanização e respeito pela singularidade de cada
bases de dados e eliminados os duplicados,
um, Interdisciplinaridade, Avaliação “holística” integral das necessidades dos residentes, Promoção e Manutenção da funcionalidade e da autonomia, Participação e co-responsabilização do residente ou seu familiar, na elaboração do plano de cuidados.
triaram-se os mesmos por título e abstract, de forma a reduzir o número de artigos potencialmente elegíveis. Resultados: Utilizaram-se 8 artigos para análise dos dados.
INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM EM IDOSOS EM RISCO OU VÍTIMAS DE ABUSO E NEGLIGÊNCIA
!
To d o s f o r a m r e a l i z a d o s e m p a í s e s desenvolvidos e, relativamente aos níveis de evidência dos estudos obteve-se apenas níveis
Flávia Danielli Martins Lima. Email:
IV e V, impedindo que os resultados analisados
fdmlima@gmail.com
e considerados atinjam o nível mais elevado de
!
evidência científica, caracterizado pelos ensaios
Objetivo:
clínicos aleatorizados- randomized clinical trials
Identificar intervenções de enfermagem
(RCT). Os estudos focalizam principalmente na
essenciais na prevenção e detecção do abuso e
percepção dos enfermeiros relativamente ao
negligência contra idosos.
abuso contra idosos. As intervenções de
Com a finalidade de atingir o objetivo proposto
enfermagem são citadas como importantes, no
por esta revisão da literatura, formulou-se a
entanto são limitadas pela falta de formação
seguinte questão de investigação: Em relação
destes profissionais, dificultando, assim, a
aos idosos em risco ou vítimas de abuso e
avaliação clínica dos idosos e possíveis
negligência, quais intervenções de enfermagem
intervenções.
são essenciais na prevenção e detecção desses
Conclusão
maus-tratos?
As intervenções de enfermagem são citadas
Metodologia:
como importantes na prevenção e detecção do abuso e negligência dos idosos, no entanto, os
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Volume 2. Edição 4
estudos mostram que são pouco estruturadas e
como aumentou a frequência com que
existe limitação destes profissionais devido à
praticaram atividade física de intensidade
falta de formação na área.
moderada, nas suas rotinas diárias (numa base
MAIS MOVIMENTO, MAIS SAÚDE: PREVENÇÃO DE COMPORTAMENTOS SEDENTÁRIOS NA POPULAÇÃO IDOSA FRÁGIL – ESTUDO PILOTO
!
Roxo, S.; Araújo, N.; Nascimento, C. ; Gomes da Silva, M. Email: susanaroxo_570@hotmail.com
! Introdução: Os estilos de vida sedentários representam um risco para a população idosa, pelo seu impacto no declínio funcional. Promover a atividade física parece ser uma estratégia efetiva na minimização dos efeitos negativos do sedentarismo, contudo a adesão a programas de exercícios estruturados é reduzida a longo prazo, particularmente neste grupo de pessoas. Objectivo: Prevenir estilos de vida sedentários e aumentar os níveis de atividade física de pessoas idosas frágeis, não institucionalizadas. Métodos: Cinco pessoas com idades compreendidas entre os 70 e os 80 anos participaram neste programa. Foram avaliadas a auto-percepção das barreiras à prática da atividade física, o conhecimento da importância da prática da atividade física, os padrões de atividade física e o conhecimento da família/cuidadores informais sobre a importância
seminal). Discussão: Os resultados obtidos sugerem que o tempo despendido em atividades sedentárias diminuiu e aumentou o tempo utilizado em atividade física de intensidade moderada. Apesar das 12 semanas terem possibilitado o estabelecimento de uma relação de confiança entre o fisioterapeuta e os participantes, este tempo parece ter sido insuficiente para introduzir mudanças profundas nas rotinas diárias. Este grupo tem uma percepção singular das barreiras ao aumento da intensidade de determinadas atividades nas suas rotinas. Programas futuros devem ter em consideração o impacto sócio-cultural, social, económico assim como as características individuais. Conclusão: Intervenções para prevenir comportamentos sedentários e promover a atividade física, baseadas nas rotinas das pessoas parecem ser benéficas. Contudo é necessário levar a cabo ouros projetos que permitam uma análise mais aprofundada das implicações e respectivos benefícios de saúde. Este projeto foi implementado com o apoio do ”Centro Comunitário de São Sebastião Setúbal. MONTES ISOLADOS
educacional em grupo e outra sessão de
! !
acompanhamento individual no domicilio,
Objetivos: Caraterização de idosos frágeis e
semanalmente. Resultados: No final do
vulneráveis que vivem em montes isolados, no
da atividade física. O programa teve a duração de 12 semanas e incluiu uma sessão
programa, os participantes autopercepcionavam menos barreiras à prática de atividade física, o seu conhecimento sobre a atividade e seus benefícios aumentou, assim JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Autores: Carla Calça. Email: carlamsrc@gmail.com
concelho de Estremoz, com dificuldade de acesso aos cuidados de saúde. Metodologia: A amostra foi constituída por 158 indivíduos com idades superiores ou igual a 65 anos (dos quais 2 têm idades inferiores mas incluídos no Volume 2. Edição 4
estudo por necessidade de cuidados), que residem
Tensão Arterial Elevada, 33%, seguido do grupo de
em lugares isolados no concelho de Estremoz.
idosos que referem Sem Problemas de Saúde, 20%,
A recolha de dados decorreu entre Setembro a
não valoriza qualquer problema de saúde.
Dezembro de 2011, sendo aplicado o Instrumento de
Quanto ao estado nutricional 76% da população
Avaliação Integrada (IAI) da Rede Nacional de
apresenta peso Adequado, relativamente à
Cuidados Continuados Integrados e Documento de
capacidade física (Autonomia Física) 89% dos
Colheita de Dados elaborado pela equipa.
indivíduos são totalmente independentes e na escala
Estabelecidos protocolos entre a UCC Estremoz e
da funcionalidade (Autonomia Instrumental) 68%
diversos parceiros da comunidade, nomeadamente
mantêm totalmente independentes.
Câmara Municipal de Estremoz, Guarda Nacional
As queixas emocionais (ansiedade, nervoso, triste e
Republicana Estremoz, Instituto Segurança Social, IP
deprimido) prevalecem os indivíduos sem queixas,
– Centro Distrital Segurança Social Évora e ONG
56% e 53%.
Médicos do Mundo.
Conclusões:
Atividades: Reunião entre os parceiros para definir
Podemos concluir que os idosos que vivem em
protocolo e assinar.
Recolha dados pessoais,
lugares isolados são maioritariamente
como nome, profissão, documentos identificativos,
independentes, continuam com atividade física, não
agregado familiar, existência de cuidador principal,
valorizam os problemas de saúde e consideram as
necessidade de cuidados de terceiros, tipo de apoios
alterações que ocorrem como normais do processo
recebidos, avaliação social, antecedentes pessoais,
de envelhecimento
alergias, medicação atual. Aplicado o Instrumento de Avaliação Integrada.
Avaliado sistema tegumentar
(pele e mucosas). Verificado estado vacinal através do
Boletim de Vacinas. Executados cuidados de
enfermagem após diagnóstico das necessidades (prom oção e prevenção, encaminham ento, informativos, curativos). Programadas novas visitas domiciliarias quando o idoso é considerado frágil ou vulnerável. Estabelecido o roteiro do UMS semanalmente, de acordo com as zonas geográficas a visitar e com os idosos vulneráveis, programados para nova visita domiciliária. Reunião no final do dia para discutir avaliações e ajustar critérios de continuidade. Apresentado na reunião da Rede Social do Concelho de Estremoz o projeto a todos os parceiros. Divulgado o projeto às restantes Unidades funcionais de Saúde de Estremoz, população e meios comunicação. Resultados: Os resultados adquiridos revelam que o grupo etário é representado maioritariamente por indivíduos dos 71 aos 80 anos, 58%. As queixas de saúde identificadas pela população como sentidas e valorizadas, a principal são a JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
NÚCLEO DE INTERVENÇÃO AOS IDOSOS E FAMÍLIAS EM RISCO
!
Patrícia Maria Menezes Pinto.
Email:
patriciapinto123@hotmail.com
!
O envelhecimento da população é um proeminente fenómeno mundial. A intensidade do crescimento da população “mais idosa”, considerada de 80 anos e mais, tem-se elevado progressivamente
e o
aumento da expectativa de vida pode elevar a incidência de enfermidades crónicas não transmissíveis e incapacitantes no idoso, com possíveis alterações na dependência física, cognitiva e emocional, que podem comprometer sua autonomia, o que gera maior demanda de cuidados permanentes por parte do grupo familiar cuidador. A globalização e industrialização levaram nos paises mais desenvolvidos a transformação da familia tradicional (horizontal) noutros tipos novos de familia (com redução dos seus membros-vertical), o que diminui os cuidados informais e demanda a necessidade de cuidadores informais.
Volume 2. Edição 4
Esta limitação das familias verticais leva a que haja
Entretanto, muitas formas de violência não chegam
um aumento de pressões no sistema nacional de
oficialmente ao conhecimento institucional, o que
saúde para aprovisionamento de cuidadores formais
configura a subnotificação e, consequentemente,
de cuidado a longo termo ou suporte suplemantar ou
prejudica a fidedignidade das informações a respeito
treino para cuidadores informais em famílias verticais
dessa realidade. A escassez de informação quanto
(WHO).
aos agredidos e agressores é uma situação delicada,
No ambiente familiar, a função de cuidador tende a
principalmente porque os idosos, de modo geral, não
ser assumida por uma única pessoa, denominada
denunciam abusos e agressões sofridas, em função
“cuidador principal”, que assume a responsabilidade
do constrangimento e do medo de repressão por
pelo cuidado, sem contar, na maioria das vezes, com
parte dos seus cuidadores, que são frequentemente
a ajuda de outro membro da família ou de
os próprios agressores. Explicitar a violência
profissionais capacitados. O cuidador informal expõe-
intrafamiliar contra o idoso dentro ou fora do
se a uma série de situações stressantes, como o
ambiente domiciliar suscita da atenção básica de
peso das tarefas e as doenças advindas das
saúde uma organização que permita identificar e
exigências do trabalho e das características do idoso.
propor ações que abarquem a resolução dessa
Além disso, faltam-lhe informações, além de apoio
problemática.
físico, psicológico e financeiro para enfrentar o quotidiano do cuidar ( Rodrigues e outros, 2012). No exercício de papéis, a mudança é angustiante, em
!
O IDOSO INSTITUCIONALIZADO NA COMUNIDADE
virtude do envolvimento afetivo entre o idoso e a
!
família, a diminuição do tempo de relacionamento
Zaida
com amigos e com a vizinhança, a solidão, a
zaida.azeredo@gmail.com
sobrecarga do processo de cuidar e a frustração por não conseguir colocar em prática seus próprios projetos de vida fazem parte das perturbações que, em determinado momento, podem causar stresse no cuidador. Avaliar e identificar a sobrecarga do cuidador é um aspecto importante para o cuidado
Azeredo.
Email:
!
Com o envelhecimento da população e a diminuição do número de elementos por agregado, bem como o aumento das doenças cronico-degenerativas , nomeadamente das
com o idoso, porquanto, o excesso de sobrecarga
demências , as instituições na comunidade ,
pode comprometer a qualidade do cuidado e interferir
como por exemplo lares, tornam-se
nas relações familiares, nomeadamente podendo
indispensáveis á prestação de cuidados a
levar a situações de violência contra o idoso. A
idosos e grande idosos.
violência contra o idoso pode ser classificada em
Reflectir sobre o idoso institucionalizado e oo
violência física, sexual, psicológica, economica,
ambiente social que o rodeia.
institucional, abandono/negligência e
Um idoso institucionalizado vê, muitas vezes, o
autonegligência. A violência intrafamiliar é
seu mundo restringido aos elementos da
caracterizada pela ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física e psicológica, ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um integrante do núcleo familiar. Observa-se um
instituição, aos outros utentes e à rede social que mantém girando todas as suas emoções neste ambiente.
aumento do número de idosos que vivenciam o
As autoras fazem uma reflexão sobre esta
processo de doença crónica e incapacitante, o que
relação.
os torna mais vulneráveis a situação de maus-tratos. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
!
Volume 2. Edição 4
O PASSAR DOS ANOS NA PRISÃO: A RECLUSÃO VISTA POR MULHERES IDOSAS
!
Adriana Silva. Helena Machado. Email: rosa.adriana.dias.silva@gmail.com
!
Resumo: Portugal atravessa nos tempos de hoje um processo de envelhecimento da população. Os Censos realizados em 2011 vieram evidenciar essa mesma realidade, uma vez que 2 milhões dos portugueses contam com mais de 65 anos, representando já cerca de 19% do total da população. A população prisional não é imune a este fenómeno: nas últimas duas décadas, a literatura internacional no domínio dos estudos prisionais, mas também em áreas como a saúde pública e a administração da justiça, tem vindo a evidenciar questões específicas relacionadas com o progressivo aumento do encarceramento de reclusos mais velhos. Em Portugal, nos últimos tempos, algumas notícias veiculadas na Imprensa têm conferir alguma visibilidade a esta realidade. Contudo, são ainda escassos os estudos científicos sobre esta matéria e inexistentes as políticas institucionais direcionadas para as necessidades e características específicas deste grupo social. Esta comunicação enquadra-se numa investigação realizada no âmbito do Doutoramento em Sociologia, da Universidade do Minho, que tem como principal finalidade perceber os impactos do envelhecimento durante o cumprimento de penas privativas de
nesta comunicação almeja-se compreender de que forma a idade pode condicionar a forma como vivem o tempo de reclusão assim como as suas expectativas futuras de reinserção na sociedade. Os resultados mostram-nos que o cumprimento da pena é encarado como um tempo perdido e irrecuperável. De igual forma, a idade condiciona a maneira como as reclusas veem o seu futuro, sendo este minado pelo medo de morrer na prisão e pelas incertezas projetadas para a vida no exterior.
!
QUALIDADE DE VIDA APÓS ARTROPLASTIAS EM DOENTE SÉNIOR
!
Carlos José Martinez Evangelista. Email: ce.cortopedica@gmail.com
!
Sumário Executivo: A qualidade de vida não deves estar dependente da idade, esta, por si só não deve ser limitante ou impeditiva.
!
O autor com a realização de artroplastia, anca ou joelho,permitiu a liberdade, independência, e a reintrudução social de pessoas que até aqui estavam condenadas pela sociedade, pelas suas artrose e pela sua limitação funcional.
!
Hoje são membros efectivos da família,e da sociedade, pela simples razão que alguém se preocupou com o seu bem estar.
! !
liberdade, a partir das narrativas construídas em contexto de entrevista, por mulheres com mais de 50 anos de idade. Partindo de um conjunto de entrevistas realizadas com mulheres no Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo, JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
QUALIDADE DE VIDA E UTILIZAÇÃO DA INTERNET PELA POPULAÇÃO IDOSA
!
Mafalda da Silva Oliveira & Jean Martin Rabot. Email: mafaldasilvoliveira@gmail.com
!
Resumo: O aumento exponencial do envelhecimento demográfico, em Portugal, é bem real. Este facto social tem evidenciado diversas consequências do processo de envelhecimento: desde casos de exclusão social, isolamento social até casos de estados depressivos e consequentemente de qualidade de vida em decréscimo. No entanto, temos assistido a algumas mudanças no estilo de vida dos idosos, bastante voltado para uma vida equilibrada e saudável. Uma aposta para este efeito é o recurso às novas tecnologias, particularmente à Internet, que permite que os idosos mantenham um elevado grau de independência e dignidade, para além de poderem manter contacto com amigos e familiares mais distantes. Assim sendo, no âmbito do nosso doutoramento em Ciências da Comunicação, encontramo-nos a desenvolver uma investigação que pretende averiguar se a Internet pode ser um meio que beneficie o processo de envelhecimento, ao melhorar a qualidade de vida do idoso durante este mesmo processo. Para tentar alcançar este mesmo objetivo, teremos duas grandes fases no que concerne à componente empírica: numa primeira fase, será aplicado um inquérito por questionário online, de caracter exploratório e descritivo, em que se tentará identificar características dos seniornautas, através dos seus usos e gratificações, bem como da sua qualidade de vida; e numa segunda fase, para perceber se a qualidade vida é afetada pelo uso da Internet ou JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
não, irão ser inquiridos não utilizadores da Internet sobre a sua qualidade de vida, para assim se obter um estudo de carácter comparativo. Porque o nosso estudo se caracteriza por ser um estudo com uma metodologia mista, quantitativo e qualitativo, irão também ser realizadas entrevistas semiestruturadas a idosos utilizadores da Internet, de forma a aprofundar algumas questões abordadas no inquérito por questionário. No final da investigação, e como ainda está numa fase de aplicação dos instrumentos de recolha de dados, não tendo ainda resultados concretos, é expectável vir a mostrar a importância da utilização da Internet na melhoria da qualidade da população idosa, nomeadamente no que diz respeito ao incremento de relações sociais e à consequente diminuição do isolamento social; à luta contra a exclusão social; à adoção de uma vida mais saudável e ativa, com a aquisição e à atualização constante de conhecimentos, evitando uma vida rotineira. Para além destes mesmos resultados, será ainda expectável obter dados que possam levar a assumir que o número de “seniornautas” em Portugal se encontra em plena expansão. Por fim, é nosso intuito que os resultados desta investigação sejam benéficos para a implementação de boas práticas de qualidade de vida para a população idosa, e como tal, optaremos por apresentar, de forma dinâmica, os resultados da mesma em várias situações, tanto em lares de terceira idade, colóquios e workshops relacionados com a temática em estudo, bem como em Universidades de Terceira Idade.
! ! !
Volume 2. Edição 4
REATIVA: UM PROJETO DE PROMOÇÃO DE UM ENVELHECIMENTO ATIVO
!
Helena Loureiro. Aida Mendes. Ana Fernandes. Ana Camarneiro. António Fonseca. Manuel
construir um protótipo de um programa, promotor de um envelhecimento saudável, a ser aplicado em indivíduos e famílias de meia-idade: 1º) Realização de Focus Group, constituídos por indivíduos reformados há menos de 5 anos; 2º) Realização de
Teixeira Veríssimo. Maria Madalena Carvalho.
Entrevistas semiestruturadas a indivíduos que
Margarida Silva. Rogério Rodrigues. Ana
percecionaram dificuldades na adaptação à reforma
Pedreiro. Email: hloureiro@esenfc.pt
e aos seus cônjuges; 3º) Execução de um Painel de
!
Peritos para discussão dos resultados (obtidos nos
Introdução
momentos anteriores); 4º) Elaboração do protótipo
O crescente envelhecimento populacional coloca um
do programa.
dos maiores desafios de sempre às sociedades
O segundo ano corresponderá à implementação do
contemporâneas: proporcionar aos cidadãos a
programa, efetuada em três momentos: 1º) Ensaio
oportunidade de vivência de um envelhecimento
do protótipo, 2º) Aferição da estrutura em grupo
ativo (WHO, 2002). Este desafio é influenciado por
teste; 3º) Medição da eficiência do programa
diversos determinantes, bem como pela vivência de
(GC1xGC2xGE).
diferentes acontecimentos transicionais que ocorrem
Conclusões
na meia-idade. A aposentação constitui um desses
Este projeto destaca-se pelo seu carácter inovador
acontecimentos que, constituindo-se como um
no contexto dos Cuidados de Saúde Primários, não
processo contínuo de adaptação à mudança
apenas pela multidisciplinariedade da equipa que o
(Fonseca, 2011), expõe os indivíduos e famílias a um
integra (e.g. Medicina, Enfermagem, Psicologia,
particular estado de vulnerabilidade (Loureiro,
Sociologia) mas também por ter como objetivo
Fonseca e Veríssimo; 2012). Na inexistência de um
central a construção de um programa de intervenção
programa de intervenção especificamente construído
em saúde comunitária, assente numa filosofia de
para a minimização deste efeito, urge a sua
promoção da sistémica familiar, que até ao momento
construção num dos contextos de cuidados de saúde
é inexistente. Preconiza-se que este programa venha
onde a sua implementação poderá ser maximizada: o
a ser responsável por um incremento da qualidade
contexto dos Cuidados de Saúde Primários.
de envelhecimento nas comunidades, onde venha a
Objetivos
ser implementado.
O projeto ‘REATIVA’ tem como objetivo: a construção de um programa de intervenção em saúde, a ser implementado em contexto de cuidados de saúde primários, que vise preservar o mais elevado nível de saúde biopsicossocial em indivíduos e famílias que se encontram numa fase do ciclo vital da meia-idade
HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE VIDA
!
Paula Cristina C. Marques de Azevedo; Claudia Ribeiro
da
Cunha.
Email:
paulacazevedo@gmail.com
e que vivenciam um processo de adaptação à
!
reforma, com vista a promover um envelhecimento
Objetivo: Perceber se as abordagens narrativas
ativo.
têm um impacto positivo na qualidade de vida
Metodologia
do sénior, nomeadamente no que diz respeito à
O projeto terá a duração de 2 anos.
estimulação cognitiva, autoestima,
O primeiro ano envolverá quatro momentos
autoconhecimento, identidade (identidade para
complementares que visam aceder a um amplo
si, identidade para os outros), valores próprios e
conhecimento do fenómeno em estudo, por forma a JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
compreensão multifacetada sobre si próprio,
!
bem como da sua relação com os diferentes
Introdução: Em Portugal as últimas décadas têm
contextos em que se insere.
sido marcadas por um rápido envelhecimento
Metodologia: Abordagens narrativas (centram a
demográfico. Este fenómeno implica uma maior
atenção na pessoa, na sua experiência e
procura de cuidados de saúde para satisfazer
percurso de vida e, desta forma, esta toma
as necessidades das pessoas idosas (PI). As
consciência dos seus próprios projetos) com
projecções demográficas prevêem um aumento
grupo experimental a decorrer na Universidade
significativo de PI que irão necessitar de
Sénior Contemporânea do Porto.
internamento hospitalar. No entanto, a formação
Resultados esperados:
dos/as enfermeiros/as sobre o cuidado geriátrico
- promover uma vida ativa e saudável na idade
tem-se mostrado
maior;
formativa tem um impacto considerável no
- potenciar o aumento da qualidade de vida na
conhecimento e atitudes destes profissionais,
idade maior;
afetando a qualidade do cuidado às PI
- potenciar a transmissão de conhecimentos em
hospitalizadas.
diferentes áreas do saber para as gerações
Objectivos: Objectivou-se: i) explorar o
mais novas e o aumento do seu sentido de
conhecimento e as atitudes dos/as enfermeiros/
responsabilização (intergeracionalidade);
as em relação a quatro síndromes geriátricas
- valorizar e fortalecer histórias de vida, laços,
(úlceras de pressão, incontinência urinária, uso
relações e referências que se vão constituindo
de contenções e distúrbios do sono) em
como pilares essenciais no âmbito cultural;
hospitais portugueses, e ii) avaliar a influência
- ao recordar a história de vida, o sénior estará a
das características sócio-demográficas,
estimular, ativamente, a sua memória e as suas
profissionais e dos hospitais no conhecimento e
emoções e fica com um trabalho escrito que
nas atitudes geriátricas dos/as enfermeiros/as.
também pode partilhar e/ou oferecer a familiares
Metodologia: Estudo de abordagem quantitativa,
e amigos;
do tipo exploratória-descritiva, transversal,
Conclusão:
prospectivo e correlacional. A amostra foi
Uma vez que o trabalho no âmbito das histórias
constituída por 1068 enfermeiros/as de cinco
de vida ainda está a decorrer, não podemos
hospitais (da região norte e centro do país). Na
avançar já com as conclusões.
análise dos dados utilizou-se a ANOVA unilateral
No entanto, pelo tempo já decorrido, podemos
e o teste de Tukey HSD (nas comparações
adiantar que tem um impacto significativo na
múltiplas). O nível de significância considerado
autoestima e autoconhecimento.
foi de 5%.
A PESSOA IDOSA HOSPITALIZADA: QUAL O CONHECIMENTO E ATITUDES DOS/AS ENFERMEIROS/AS PORTUGUESES?
!
João
insuficiente. Esta lacuna
Resultados: A média em relação ao conhecimento e às atitudes foi de 0,41 ± 0,15 e 0,40 ± 0,21, respectivamente (variando de 0 a 1). Considerando as síndromes geriáticas em
Ta v a r e s .
Email:
enf.joaotavares@hotmail.com JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
estudo, os/as enfermeiros/as demonstraram conhecimento insuficiente e atitudes negativas
Volume 2. Edição 4
em relação ao cuidado às PI hospitalizas. Os/as
Reconhecendo a necessidade de melhor
enfermeiros/as a trabalhar em hospitais
conhecer e esclarecer as questões da
universitários demonstraram um nível de
sexualidade na Terceira idade desenvolveu-se o
conhecimento significativamente superior
estudo aprofundado de dois casos, a Maria e o
relativamente aos colegas dos centros
Manuel com 71 e 72 anos respetivamente.
hospitalares. Encontraram-se diferenças
Neste âmbito tenta-se dar resposta às seguintes
estatisticamente significativas entre as atitudes
questões: (i) Como é que a Maria e o Manuel
dos/as enfermeiros/as e o tipo de hospital e
percecionam a sua sexualidade? (ii) Como a
unidade, região do país, suporte formativo dos
vivenciam? (iii) Quais os fatores que interferem
hospitais, auto-avaliação do conhecimento e
na vivência da sua sexualidade?. Para aceder à
percepção da sobrecarga no cuidado às
informação recorreu-se a diversos instrumentos,
pessoas idosas hospitalizadas. As atitudes mais
tais como: entrevistas exploratórias, conversas
positivas foram reportadas por enfermeiros/as:
informais e diário de campo. Relativamente à
dos centros hospitalares, nos serviços de
apresentação dos resultados e análise dos
medicina e cirurgia, da região norte do país, em
mesmos procedeu-se a uma análise de
instituições que suportem a sua formação, que
conteúdo das entrevistas, tendo em conta as 5
auto-avaliam o seu conhecimento como elevado
dimensões da sexualidade, biológica,
e com menor percepção de sobrecarga no
psicológica, sensual, erótica e cultural, à
cuidado às PI hospitalizadas.
elaboração de quadros cronológicos de eventos
Conclusão: Os resultados deste estudo
e respetivos biogramas, individuais e outro em
reforçam a necessidade de promover, aumentar
que se apresentam uma simultaneidade de
e melhorar o conhecimento e as atitudes dos/as
eventos entre os biogramas dos dois casos, e
enfermeiros/as no cuidado às PI hospitalizadas
narrativas biográficas. Particularmente, neste
e a implementação de guidelines baseadas nos
estudo de investigação destacam-se os
dados na sua prática profissional.
biogramas (Tinoco & Pinto, 2001; Sá & Almeida,
Sexualidade na Terceira idade: Estudo de caso.
2004), por constituírem uma representação
O uso do biograma.
visual dos diversos eventos ocorridos ao longo
Ana Catarina dos Santos Gabadinho. Email:
da vida da Maria e do Manuel, e por se
ana.catarinagabadinho@gmail.com
apresentarem como instrumentos de excelência
!
para mapear as suas trajetórias de vida. Um dos
Resumo: Esta comunicação tem como principal
eventos comum a ambos os casos corresponde
objetivo partilhar um conjunto de reflexões sobre
à intimidade entre ambos. Independentemente
o envelhecimento e a temática da sexualidade,
dos dois possuírem condicionantes físicos e
atribuindo especial enfoque à Terceira idade e, a
biológicos, fibromialgia, no caso da Maria, e
partir daí, contribuir para alterar a visão de que a
disfunção erétil, no caso do Manuel, que lhes
vida sexual ativa é uma prerrogativa dos jovens.
impedem de usufruírem de uma relação sexual,
Quem se encontra nesta fase da vida, Terceira
ambos reconstruiram a sua sexualidade. O facto
idade, precisa viver a sua vida e a sua
de recorrem à masturbação mútua como forma
sexualidade livremente e com dignidade.
de colmatar a ausência de relação coital é um
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Volume 2. Edição 4
sinal revelador não só de à-vontade um para
objetivos, participantes, momentos de recolha
com o outro, mas também de não quererem
de dados, instrumentos utilizados, resultados
comprometer a realização e necessidade
obtidos considerando as variáveis que possam
fisiológica de cada um. A Maria e o Manuel
integrar a vivência do sofrimento na doença
trazem até nós a visão que é possível repensar
crónica.
e redescobrir a sexualidade na “idade madura”,
Resultados: Observou-se no que se reporta ao
mesmo quando existem limitações como as
sofrimento na doença crónica, uma produção
decorrentes do aparecimento da fibromialgia e
limitada, tendo sido analisados 11 artigos de
da disfunção erétil.
periódicos e dissertações de mestrado em
!
língua portuguesa 5 artigos de periódicos
SOFRIMENTO NA DOENÇA CRÓNICA REVISÃO DA LITERATURA
!
Susana Batista;
Rosa Martins. Email:
supais@hotmail.com
!
internacionais em língua inglesa. As metodologias utilizadas são do tipo qualitativo e quantitativo. Conclusão: Os resultados dos estudos incluídos abordam a temática do sofrimento em várias perspetivas: sofrimento físico relacionado com a
Introdução: De acordo com dados da
dimensão biológica da doença; sofrimento
Organização Mundial de Saúde, estima-se que
psicológico que se confronta com as
até ao ano de 2050, o número de idosos irá
possibilidades de cura; sofrimento sócio
quadruplicar, tal como a necessidade de
relacional manifestado essencialmente pela
prestação de cuidados a longo prazo. Podemos
ausência de apoio familiar/social, problemas
prever assim uma maior afluência de população
económicos e solidão; sofrimento existencial
idosa aos hospitais portugueses portadores de
com a procura de sentido de vida,
doença crónica, o que nos traz novos desafios.
espiritualidade e prática religiosa; experiências
No contexto de doença crónica, parece-nos
positivas de sofrimento; estratégias de
consensual afirmar que o sofrimento é uma
adaptação e expectativas futuras. Mostram
realidade vivida e compete ao enfermeiro
ainda que a ajuda dos Enfermeiros é
facilitar a adaptação do doente e família à nova
fundamental uma vez que a doença crónica
condição. Que formas de sofrimento são
implica mudança de estilo de vida que pode
experienciadas pelas pessoas portadoras de
conduzir a uma luta interior silenciosa. É
patologia crónica?
necessário que a intervenção de enfermagem
Objetivo: Conhecer os resultados dos estudos
vá ao encontro das necessidades espirituais de
que foram produzidos nos últimos 5 anos sobre
modo a facilitar a procura de equilíbrio e
a temática do sofrimento e a ajuda prestada
significado de experiências de vida, no entanto é
pelos Enfermeiros.
identificada falta de investimento nesta área. É
Material e métodos: Para a concretização do
também salientada a necessidade de cuidar
nosso objetivo efetuámos uma revisão da
com compaixão e de integrar os cuidados
literatura em bases dados referenciais. Os
paliativos no cuidado ao idoso com doença
artigos foram analisados tendo em conta os
crónica com vista na melhoria da sua qualidade
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Volume 2. Edição 4
de vida. Em conclusão, torna-se fundamental
tradições que foram objeto de análise de
para a prática de enfermagem a compreensão
conteúdo. A avaliação dos ateliês
desta problemática uma vez que pode permitir
implementados foi realizada através de dados
potenciar ganhos em saúde, garantindo à
recolhidos da análise de conteúdo de desenhos
pessoa com doença crónica um processo de
e de grelhas de observação das crianças e das
transição saudável.
reflexões dos estudantes.
UMA VIDA, MUITAS VOLTAS, MUITAS HISTÓRIAS: OS SABERES DA PESSOA IDOSA NA PROMOÇÃO DO SEU BEM ESTAR E DA LITERACIA CIENTÍFICA DAS CRIANÇAS
!
Participaram cerca de 120 crianças do préescolar e do 1º CEB, 1 futuro assistente social e 12 futuros educadores de infância/professores. RESULTADOS: O trabalho de reminiscência permitiu às pessoas idosas reativar episódios do
Dolores Estrela Alveirinho, Helena Margarida
passado pessoal, relembrando conhecimentos e
Tomás, Margarida Afonso, Paula Esteves e
vivências ligados às tradições, e contribuiu para
Raquel Correia. Email: helenatomas@ipcb.pt
as ajudar a manter a sua própria identidade e
!
aumentar a sua autoestima. Quanto às crianças,
OBJETIVO: Defendendo-se a ideia de que
à futura assistente social e aos futuros
“Nunca é tarde para aprender, nunca é tarde
educadores de infância/professores o ganho foi
para ensinar” pretende-se com esta
também muito positivo. Ficaram a conhecer
comunicação dar a conhecer e analisar o
mais e melhor sobre saberes ancestrais, os
impacto de uma prática educativa desenvolvida
quais contribuem de forma muito determinante
a partir dos saberes de pessoas idosas no
para a preservação e valorização da sua
âmbito das atividades do Ciência, Tradição e
identidade cultural. Ao CT&C coube o papel de
Cultura - Centro de Recursos de Ideias e
“movimentar a engrenagem” entre os saberes
Materiais da Escola Superior de Educação de
dos seniores, as práticas dos estudantes e o
Castelo Branco (CT&C do IPCB/ESE).
fazer ciência com crianças.
METODOLOGIA: Predominantemente
CONCLUSÃO: A prática, desenvolvida a partir
qualitativa, decorreu em duas fases: 1ª) Recolha
do reconhecimento do importante papel
de histórias de vida de pessoas idosas, por um
educativo que as narrativas de pessoas idosas
estudante do curso de Serviço Social; 2ª)
têm, permitiu a aproximação de gerações e o
Planificação de ateliês com base na informação
estabelecimento de um diálogo entre os saberes
recolhida sobre tradições e sua implementação
das pessoas idosas e os da escola, contribuindo
com crianças, por estudantes do curso de
para promover o bem-estar das pessoas idosas,
Educação Básica, para exploração científica
a literacia científica das crianças e o
dessas tradições.
desenvolvimento de boas práticas dos futuros
Foram selecionadas 6 pessoas idosas do
profissionais, numa lógica de efetiva
género feminino, institucionalizadas e
complementaridade.
provenientes do meio rural, cujas histórias de vida, recolhidas ao longo de 3 entrevistas, revelaram aspetos profissionais ligados a JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
! !
Volume 2. Edição 4
UNIDADE ORTOPEDIA GERIÁTRICA
!
Carlos José Martinez evangelista. Email: ce.cortopedica@gmail.com
!
Sumário Executivo: O autor apresenta o seu trabalho nos últimos 4 anos relativo à 1 unidade de ortopedia geriatrica em Portugal no Hospital de Santana, onde se privilegia a qualidade de bem servir quem de nós precisa, falamos dos doentes de grande idade, seniores, que com um projecto multidisciplinar, lhes permite reintegrar a sociedade depois de um acidente , queda , do qual resultou uma fractura , e que a decisão terapêutica foi e é fundamental para a sua reinserção social. Plena de valores , plena de funcionalidade e de apoio ao grupo familiar. Assim uma fractura do colo fémur não implica , degradação, letargia,internamento num lar. Uma fractura pode ser o continuar de vida com mais querer, com mais bem estar. Tudo depende da decisão e da equipa ,que vocacionada para o efeito, presta cuidados muitidisciplinares e de primeira linha. O projecto sendo inédito, merecia divulgação e alargamento a todas as unidades hospitalares. O TOQUE
!
Pessoas Especiais e atualmente Cuidados Paliativos. Ao longo deste percurso, a partir do meu trabalho de voluntariado e estágio com pessoas na faixa etária acima dos 75 anos, aprimorei meus conhecimentos e enriqueci minha condição humana, pois aprendi muito com os idosos. Percebi nessas pessoas – que na sua maioria vivem sozinhas – que carregam consigo uma vida cheia de histórias, cheia de silêncio, onde o passado não é notado e a sua imagem é ignorada... Acabam por se tornar frios por querer ser ouvidos e não ter com quem falar... Existe na sociedade um sentimento de incapacidade de resposta e simplesmente um não saber “estar” com eles, fazer-se presente por alguns instantes, por alguns momentos preciosos. A minha resposta a este dilema é simples: AMAR! Simplesmente amar... Ao longo dos anos estudei o Envelhecimento desde o nascer até o processo da Retrogénese, mas na maioria das vezes esta intervenção destinava-se a população da 3ª idade, esquecendo-se dos mais necessitados, aqueles que valentemente passaram dos 75, 80 anos. A partir daí passei a dedicar o meu trabalho e
Maria Aucineia Ferreira. Email:
coração a estas pessoas e espero poder passar
mariaaucineia@gmail.com
um bom exemplo para que os mais jovens e adultos, nas suas diferentes áreas profissionais
Quero em primeiro lugar agradecer esta
ou de interesse possam também contribuir com
oportunidade para transmitir as minhas ideias e
o que sabem, porque para fazer um idoso feliz,
experiências de vida com os mais idosos.
não é preciso palavras; basta um pequeno
Iniciei minha carreira profissional através da
“TOQUE” que o fará sentir o calor do seu amor
licenciatura em Educação Física e,
através da sua pele.
posteriormente, a especialização em
Certa vez, numa instituição na região de Oeiras,
Gerontologia-Clínica, Saúde Mental,
havia um idoso cadeirante que já não falava e
Aperfeiçoamento em Atividade Física para
não tinha mais vontade de viver. Estava
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Volume 2. Edição 4
constantemente de cabeça inclinada a pensar… em “nada”? Fui ao encontro dele e toquei o seu rosto com o dorso das minhas mãos. Ele levantou a cabeça muito lentamente, olhou para mim e sorriu com os olhos cheios de lágrimas… O que importa é a nossa persistência em buscar dia melhor para aquele que esta distante. Aprendendo com a dor e com as lágrimas, aprendemos a felicidade, pois são elas que fortalecem nosso espírito e nos mostram o quanto sorrir e viver em paz é importante. No fundo, toda a sociedade pode ajudar mais os
ESTADO NUTRICIONAL E AVALIAÇÃO GERIÁTRICA GLOBAL INTEGRADA Marisa Cebola; Amália Botelho marisa.cebola@estesl.ipl.pt
!
A (IN)CAPACIDADE DOS IDOSOS PARA GERIR A SUA MEDICAÇÃO Ana Margarida Advinha; Manuel José Lopes; Sofia
de
Oliveira
Martins
ana.advinha@gmail.com
!
Te r a p i a V i r t u a l p a r a Tr a t a m e n t o d e Nomeação de Palavras
idosos, com um simples “TOQUE”, é capaz de transmitir carinho, dedicação e amor pelo outro. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL E DOENÇA ISQUÉMICA CARDÍACA NO CONTEXTO DO ENVELHECIMENTO Matilde Rosa; Paulo Nogueira; Andreia Costa m a t i l d e r o s a @ d g s . p t ; paulo.nogueira@dgs.pt; andreiasilva@dgs.pt
!
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS NO CONTEXTO DO ENVELHECIMENTO Matilde Rosa; Andreia Costa; Cristina Bárbara; Elisabete Gomes; Paulo Nogueira. matilderosa@dgs.pt; paulo.nogueira@dgs.pt; andreiasilva@dgs.pt
!
TERAPIA VIRTUAL PARA TRATAMENTO DE NOMEAÇÃO DE PALAVRAS Alberto Abad; AnnaPompili; Pedro Fialho; Isabel Trancoso. alberto.abad@l2f.inesc-id.pt
!
QUALIDADE DE VIDA E (IN)CAPACIDADE FUNCIONAL DE ADULTOS IDOSOS PORTUGUESES Catarina Isabel Mendes Portela cimportela@gmail.com
!
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Alberto Abad, Anna Pompili, Pedro Fialho e Isabel Trancoso L2F – Laboratório de sistemas de Língua Falada, INESC-ID Lisboa Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa José Fonseca, Gabriela Leal, Luisa Farrajota e Isabel Pavão Martins Laboratório de Estudos de Linguagem, Fac. de Medicina da Univ. Lisboa A afasia é uma perturbação de linguagem resultante de uma lesão cerebral que compromete vários aspectos da comunicação, nomeadamente a expressão oral, a compreensão de linguagem, a leitura e a escrita. Uma das causas mais frequentes são os Acidentes Vasculares Cerebrais que atingem predominantemente idosos com mais de 65 anos, sendo que apenas um terço dos episódios ocorre antes dos 55 anos. De facto, o número de pessoas que sofrem acidentes vasculares cerebrais aumentou nas últimas décadas, estimando que em cada ano existam na EU 500.000 novos casos e 100.000 recorrências, das quais um terço apresentam alterações de linguagem. Um sintoma comum aos vários tipos de afasia é a dificuldade dos pacientes em se recordarem do nome dos objectos ou acções, apesar de saberem o que são e para que servem. Normalmente, a recuperação pode ser feita através de
terapia da fala, fazendo
Volume 2. Edição 4
exercícios de nomeação. No entanto, a frequência e a intensidade da terapia são factores chave na recuperação das funcionalidades de comunicação. O desenvolvimento de métodos automáticos de terapia surge assim como resposta a este problema, no qual as tecnologias da língua podem desempenhar um papel fundamental. A VITHEA é uma plataforma on-line projectada para agir como um "terapeuta virtual" para o tratamento de pacientes afásicos. Concretamente, o sistema integra a tecnologia de reconhecimento automático de fala para proporcionar exercícios de nomeação para pacientes cuja capacidade de nomeação se perdeu ou ficou bastante reduzida. A solução adoptada é baseada numa abordagem que detecta a palavra-chave, de modo a validar a correcção do que foi dito pelo paciente. O programa fornece um feedback tanto escrito como oral, através de mensagens de voz produzidas por um agente animado usando um sintetizador de fala. A aplicação permite a fácil adição de novos exercícios de terapia, e fornece ferramentas para os terapeutas monitorizarem remotamente a recuperação dos pacientes. Esta flexibilidade permite a adaptação dos exercícios a vários perfis de pacientes, de forma a aumentar a sua motivação. A plataforma VITHEA é o resultado do esforço conjunto do Laboratório de sistemas de Língua Falada do INESC-ID (L2F) e do Laboratório de Estudos de Linguagem da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (LEL), no contexto das actividades de um projecto financiado pela FCT, concluído no início de 2013. A expansão para plataformas móveis (Android) e para adaptar a outras doenças que afectam os idosos é um dos objectivos desta equipa multidisciplinar em futuros projectos. Mais informações estão disponíveis em http:// www.vithea.org Q u a l i d a d e d e Vi d a e ( I n ) C a p a c i d a d e Funcional de Adultos Idosos Portugueses
! JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Catarina Isabel Mendes Portela Resumo: O presente estudo teve como principal objectivo a determinação das relações existentes entre a qualidade de vida (QdV) e a (in)capacidade funcional, numa amostra de adultos idosos portugueses (N = 51). Adicionalmente, pretendeu-se analisar o impacto de outras variáveis na QdV e na funcionalidade dos sujeitos idosos, tais como a situação de vida, o funcionamento cognitivo, a sintomatologia depressiva, a percepção subjectiva de saúde e a idade. Os resultados desta investigação confirmaram a relação entre QdV e funcionalidade, sendo estatisticamente significativa a relação entre a faceta Participação Social do WHOQOL-OLD e o resultado global do IAFAI; assim como na faceta Autonomia, a qual manifestou alguma relação com a capacidade funcional, apesar de não ser significativa. Deste modo, concluímos que uma capacidade funcional comprometida manifestase negativamente na QdV, através do impacto na capacidade dos sujeitos para participarem e m a c t i v i d a d e s d e v i d a d i á r i a ( AV D ) , especialmente na comunidade (Participação Social) e, também, de viverem de forma autónoma e tomarem decisões (Autonomia). Ainda, o presente estudo permitiu constatar que: a situação de vida permite diferenciar os sujeitos, em termos de QdV e de capacidade funcional (com os sujeitos institucionalizados a apresentar menor qualidade de vida e maior comprometimento da funcionalidade, comparativamente aos da comunidade); a presença de sintomatologia depressiva, um funcionamento cognitivo empobrecido e a percepção subjectiva de saúde (dimensão Doente), estão associados a uma capacidade funcional comprometida; por fim, não se observou um maior comprometimento funcional significativo associado ao avançar da idade, ao contrário do que é observado na literatura. Palavras - chave: Qualidade de vida, adultos idosos, (in)capacidade funcional.
! Volume 2. Edição 4
Quality of Life and Functional (In)Capacity of
Estado Nutricional e Avaliação Geriátrica
Portuguese Elderly People
Global Integrada – uma abordagem de
Abstract: The main aim of this study was to determine the relation between quality of life (QoL) and functional (in)capacity in a sample of old adults (N = 51). Additionally, it was intended
deteção de vulnerabilidade na pessoa idosa 1 2 Marisa Baeta Cebola , Amália Botelho 1
to define the impact of other variables in QoL and functionality of old adults, such as situation of life, cognitive functioning, depressive symptomatology, subjective perception of health and age. The results of this investigation confirm the relation between QoL and functionality,
2 – Faculdade de Ciências Médicas – Área de Ensino e Investigação de Medicina Clínica – Universidade Nova de Lisboa
namely, with a statistically significative
Correspondência: Marisa Cebola –– Av. D. João
correlation between the WHOQOL-OLD’s Social
II Lote 4.69.01, 1990-096 Lisboa –
Participation facet and the global result in IAFAI, with a statistically significant correlation; as well as on the facet Autonomy, which manifested some relation with functional capacity, even though it was not significant. Thus, we deduce
marisa.cebola@estesl.ipl.pt O processo de senescência, origina alterações a nível dos sistemas e órgãos, nomeadamente,
that an impaired functional capacity manifests in
1 2 sistema visual, sensorial, gastrointestinal e
a negative way in QoL, through the impact on
musculo esquelético que condicionam não só a
the subjects’ capacity to participate in activities
selecção e preparação dos alimentos, bem
of daily living (ADL), especially in community
como paladar, digestão e absorção, e aquisição
(Social Participation) as well as through their
dos alimentos, contribuindo para a prática de um
capacity to live in a autonomous way and taking
padrão alimentar monótono e aporte
decisions (Autonomy). Further, this study
desequilibrado de nutrientes fundamentais ao
enabled to explore that: the situation of life
organismo.
variable differentiated subjects in terms of QoL and functional capacity (with institutionalizated
O processo de senescência deve ser encarado
ones presenting lower QoL and lower functional
como uma síndrome geriátrico, em que há
capacity); depressive symptomatology, poor
diminuição da massa isenta de gordura –
cognitive functioning and subjective perception
sarcopénia
of health (dimension Ill) are associated with
3
e aumento da massa gorda -
disability; lastly, we perceived that functionality
4 sarcobesidade, nas quais o papel da dietética
does not decrease significantly with aging,
e nutrição é fundamental.
contrary to what is reported in the literature.
A perda progressiva da massa magra corporal,
Key Words: Quality of life, elderly, functional
da função
muscular
5
e redução da
(in)capacity. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
é responsável, entre
13 e com maior relevância na população idosa.
8 outras, pelo aumento de quedas enquanto que
As situações de desnutrição na pessoa idosa,
densidade óssea,
6,7
o aumento e redistribuição de massa gorda, predispõe para o aumento do risco de desenvolvimento ou agravamento de doenças crónicas, nomeadamente hipertensão arterial doença cardio e cerebrovascular, diabetes 9 mellitus e hiperlipidémias.
podem ser responsáveis por alterações a nível da composição corporal e da função, nomeadamente: 1) perda ponderal; 2) diminuição da massa magra com consequente deterioração da função respiratória e aumento do risco de desenvolvimento de infeções respiratórias, aumento de quedas; 3) alteração da função cardíaca; 4) diminuição da resposta
Os profissionais de saúde não estão ainda
imunitária, com aumento da prevalência de
devidamente alertados para a deteção
infeção; 5) diminuição do poder de cicatrização,
atempada de situações de risco nutricional/
com consequente aumento do risco de
desnutrição na pessoa idosa e para o síndrome
desenvolvimento de úlceras de pressão; 6)
geriátrico, sendo imprescindível criar estratégias
sensação de cansaço generalizado, com
para a diminuição da prevalência da desnutrição
diminuição do apetite; alterações psicossociais,
a nível das instituições e promoção da avaliação
que podem conduzir a estados de depressão e
geriátrica global integrada. Desde 2005 que a European Nutrition for Health 10 Alliance (ENHA) adverte que a desnutrição na
de isolamento social.
14-19
Podem também
estar na origem do aumento da necessidade de cuidados de saúde e sociais, e pela diminuição
pessoa idosa é considerada um problema de
dos resultados clínicos espetáveis, com
saúde pública, que permanece em grande parte
consequente aumento do tempo de
por diagnosticar e por tratar. Está descrito que a sua
internamento e da mortalidade.
20,21
Mundialmente, têm sido propostas guidelines
– Área Científica de Dietética – Escola Superior
para a identificação do risco/ avaliação
de Tecnologia da Saúde de Lisboa
nutricional, bem como medidas para a sua
!
prevenção e tratamento. A nível europeu a
prevalência ronda os 40% a nível de instituições
ENHA, está a unir esforços para que sejam
hospitalares, 40% em unidades residenciais e
implementadas políticas a nível europeu em
cerca de 5 a 10% na pessoa idosa que reside
relação à desnutrição.
11,12 no próprio domicílio ou com os familiares.
acreditam que uma intervenção nutricional
A desnutrição, quando associada a situações de
adequada e devidamente planeada deve ser
doença é frequentemente responsabilizada pelo aumento da morbilidade, aumento dos gastos em saúde, diminuição da qualidade de vida e
22
Estas entidades
parte integrante das políticas de saúde e da 23 prestação de cuidados de saúde.
aumento da mortalidade na população em geral JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
Avaliação Geriátrica Global Integrada, surge
multiprofissional teve um benéfico para os
como uma forma de responder à necessidade
doentes, no entanto, consideraram ser
de definição de estratégias com foco na deteção
necessário a realização de mais estudos, em
de situações de doença aguda/ crónica mais
que fosse que avaliado o binómio custo-eficácia.
prevalentes, e deve integrar um conjunto diverso
28
de valências profissionais, com o objetivo de promover a saúde, autonomia, independência e 24 qualidade de vida. Constitui desejavelmente
29 Stuck e colaboradores, 1993, publicaram
uma meta-análise de 28 estudos com uma amostra total de 4.959 indivíduos. Os autores concluíram que a Avaliação Geriátrica Global
uma prática multidimensional, sistemática, de
Integrada teve um efeito positivo significativo na
caracterização do estado clínico, nutricional,
mortalidade, na autonomia e nas funções física
funcional, qualidade de vida e aspetos sociais,
e cognitiva dos indivíduos, realçando-se a sua
na pessoa idosa.
25
A nível internacional,
Avaliação Geriátrica Global Integrada não é uma temática nova, ela já foi relatada por vários autores em diversos estudos científicos, reveladores da sua consistência como abordagem estruturada e aplicada, das quais ilustramos alguns dos que são marcantes. Entre os pioneiros destaca-se Rubenstein e colaboradores,
26
importância e aplicabilidade.
29
Ellis e
30 colaboradores, 2011 publicaram uma metaanálise de 20 estudos controlados randomizados com um n total de 10.427 idosos hospitalizados, em que ficou demonstrada a vantagem da sua utilização na prática clínica ou em outras unidades próprias para a pessoa idosa. Ficou também patente a noção do
1979, ao publicaram um
benefício em relação à mortalidade a curto
estudo em que relataram a realidade de uma
prazo e à função física e cognitiva, e
unidade de avaliação geriátrica de ambulatório,
evidenciada a sobrevida de média duração e
no Sepulveda VA Medical Center em Los
com residência no domicílio. Os autores
Angeles USA. Ao utilizarem uma abordagem
concluem que, perante a evidência da utilidade
multidisciplinar verificaram que conseguiam
destas equipas, o desafio para o futuro será a
detetar atempadamente complicações da
sua implementação e a publicação de mais
doença, administravam menos fármacos, e melhoravam a independência, diminuindo a
30
estudos sobre a sua eficiência.
Em Portugal,
exigência dos cuidados de saúde. Os autores
nas estruturas da Rede Nacional de Cuidados
concluíram sobre a importância da avaliação
Continuados, é aplicado um instrumento
geriátrica global e apontaram a necessidade da
padronizado de avaliação que contempla a
26 elaboração de mais estudos desta natureza.
Avaliação Geriátrica Global Integrada. A sua
27 Epstein e colaboradores, 1987 os resultados
trabalhos de tese de mestrado e doutoramento é
de um estudo também pioneiro, efetuado em
uma realidade.
104 unidades geriátricas, numa amostra de 542
aplicação sistemática a nível assistencial, seja
doentes. Os autores consideraram a abordagem
alvo de uma análise de natureza investigacional.
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
utilização na caracterização dos indivíduos em 31-33
Aguardamos que esta sua
Volume 2. Edição 4
O Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade
cuidados continuados, e lares, bem como a sua
Portuguesa de Medicina Interna, desenvolveu
aplicabilidade em centros de saúde. A realidade
um documento em que frisa a importância da
relatada por todos os profissionais de saúde
Avaliação Geriátrica Global, qual a população
envolvidos na Avaliação Geriátrica Global
alvo e quais os instrumentos a serem utilizados
Integrada traduz que a sua prática constitui um
para a avaliação das dimensões em que as
método eficaz na redução da morbilidade e
pessoas idosas tendem a ser deficitárias,
mortalidade da pessoa idosa. A sua prática é
nomeadamente a nível físico, mental, funcional
formalmente recomendável, devendo ser
e social.
35
São eles: Estado Funcional:
36 Actividades Básicas de Vida Diária (Escala de Katz) e Atividades Instrumentais de Vida Diária
37
(Escala de Lawton & Brody); Marcha:
Classificação Funcional da Marcha de Holden; 38
aplicada por equipas multiprofissionais, de acordo com a diversidade de competências necessárias e disponíveis. A nível das unidades hospitalares, cuidados continuados, lares e centros de saúde, recomenda-se que a Avaliação Geriátrica Global Integrada seja protocolada como rotina para a prática
Estado Afectivo: Escala de Depressão
assistencial, sob registo único. Esta avaliação
39 Geriátrica de Yesavage – versão 15 itens ;
deveria ser realizada idealmente na admissão,
Estado Cognitivo: Mini-Mental State
ou até às 72 horas) uma vez que a precocidade
Examination (MMSE) de Folstein;
40
Estado
41,42 Nutricinonal: Mini-Nutritional Assessment. A primeira Consulta de Geriatria portuguesa a utilizar a avaliação geriátrica global foi da responsabilidade do Professor Doutor Gorjão Clara, em que a sua equipa era constituída por um médico, enfermeiro, psicólogo, dietista/ nutricionista, fisioterapeuta, farmacêutico e assistente social, na perspetiva de responder às necessidades dos utentes da área de influência do Centro Hospitalar Lisboa Norte, incluindo a eventualidade de apoio domiciliário. Em 2013, a Professora Doutora Amália Botelho, introduziu uma unidade curricular opcional na licenciatura em medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Universidade Nova de Lisboa, em que delineou o ensino e aprendizagem da Avaliação Geriátrica Global Integrada em pessoas idosas institucionalizadas em unidades hospitalares, JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
ou o mais precoce possível (24 horas, 48 horas da avaliação e intervenção potencia os 10 resultados favoráveis. Referências Bibliográficas 1
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Saúde e Envelhecimento, Setembro de 2012.
40
32
Costa, A. A família cuidadora perante a
JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
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Volume 2. Edição 4
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envelhecimento lança também desafios novos. Entre estes está o aumento de patologias de algum modo associadas à idade, como as doenças respiratórias, muitas destas também agravadas por hábitos e estilos de vida das sociedades modernas, como o stresse, o tabagismo, sedentarismo ou até a poluição ambiental.
Kaiser MJ, Bauer JM, Ramsch C, et al. Validation of the Mini Nutritional Assessment ® Short-Form (MNA -SF): A practical tool for identification of nutritional status. J Nutr Health Aging 2009, 13:782-8.
São inúmeros os estudos que vão de encontro à
!
O estudo das doenças respiratórias é essencial
Doenças Respiratórias no contexto do Envelhecimento
temática envelhecimento. Mas são menos aqueles que focam o sector idoso na área das doenças respiratórias. uma vez que Portugal está a confrontar-se, nos últimos anos, com um aumento do número destas doenças, situação que impõe uma
Matilde Rosa; Andreia Costa; Cristina Bárbara;
necessidade crescente de cuidados. Não só o
Elisabete Gomes; Paulo Nogueira
seu crescente número é preocupante como a respectiva mortalidade também o é, pois estas
Introdução Vivemos actualmente, em média, mais tempo que os nossos avós, mas também há cada vez menos nascimentos. Daqui resulta o
doenças constituem a terceira principal causa de morte em Portugal. No que diz respeito à mortalidade hospitalar, estas doenças ocupam o primeiro lugar.
envelhecimento da população. O
Atendendo a que um grande número de
envelhecimento da população é já uma
doenças respiratórias se relaciona com o
tendência de dimensão mundial, embora seja na
envelhecimento da população é expectável que
Europa que se localiza a maior parte das
o número de pessoas com doença respiratória
populações mais envelhecidas do mundo. A este
venha a aumentar impondo ao sistema de
respeito, Portugal não é, assim, um país
saúde uma necessidade crescente de cuidados
original, embora tenha envelhecido com uma
respiratórios. Uma análise geral da morbilidade
rapidez assinalável. É certo que, pelo menos a
hospitalar revela que as doenças Doença
médio prazo, a população de Portugal
Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC),
continuará a envelhecer, o que aliás por si, pode
pneumonias bacterianas e fibrose pulmonar
ser entendido como uma tendência desejável,
merecem especial destaque para análise,
pois os factores que estão na origem deste
sobretudo a nível do grupo etário idoso, devido
processo estão ligados, no essencial, a
ao seu número elevado de casos.
progressos significativos nas condições de vida e saúde da população. Contudo, socialmente, o JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
! Volume 2. Edição 4
Material e Métodos Neste artigo, foram analisados tanto a mortalidade como os padrões de morbilidade associados a certas doenças respiratórias, dada
ênfase às doenças DPOC, pneumonias bacterianas e fibrose pulmonar, devido ao seu número elevado de casos, sobretudo a nível do grupo etário idoso.
a importância do estudo de ambos no contexto
Os indicadores considerados relevantes para
do envelhecimento. Relativamente à
este estudo foram a Taxa de Mortalidade
mortalidade, a informação é proveniente do
Padronizada, o número de utentes saídos e o
Instituto Nacional de Estatística (INE).
número de óbitos, por região e grupo etário,
Relativamente à morbilidade, os apuramentos
com especial foco no grupo etário dos 65 ou
para estas estatísticas são obtidos a partir da
mais anos. As respectivas percentagens, de
base de dados dos Grupos de Diagnóstico
utentes saídos ou óbitos pertencentes ao grupo
Homogéneos (GDH). Esta base de dados é
etário 65 ou mais anos no total dos grupos
anualmente posta à disposição da Direcção-
etários, também foram calculadas. Os
Geral da Saúde (DGS) pela Administração
indicadores acima referidos referem-se apenas
Central do Sistema de Saúde (ACSS). Os GDH
a diagnósticos principais.
são um sistema de classificação de doentes, onde o conjunto de bens e serviços que cada doente recebe, em função da sua patologia, é registado. Esta base de dados agrupa as patologias de acordo com a definição da Organização Mundial de Saúde (OMS). Assim, a classificação dos diagnósticos é feita tanto com base nos Grande Grupos da Classificação Internacional de Doenças- 9a RevisãoModificação Clínica (CID 9 MC) como com base nas Grandes Categorias de Diagnóstico (GCD). É importante notar que a base de dados usada é referente apenas a episódios ocorridos nos hospitais do Sistema Nacional de Saúde (SNS) de Portugal Continental, pelo que as conclusões tiradas não devem ser generalizadas a todos os doentes nacionais. Refere-se, para este trabalho, a publicação da DGS “Portugal – Doenças Respiratórias em números – 2013”, de onde foram extraídos os dados e algumas
Todos os cálculos presentes foram realizados utilizando o software estatístico R e a folha de cálculo do Microsoft Excel. No que diz respeito à codificação utilizada, as causas de morte são codificadas segundo a Classificação Internacional de Doenças CID10MC enquanto a morbilidade hospitalar é codificada com base na CID9MC. Em particular, os códigos utilizados para a DPOC foram 491.2 a 492.8 e 496 (CID9MC); para a fibrose pulmonar foram J60-J70; J84.1; J84.8; J84.9 (CID10MC) e 495, 500 a 508 e 515 a 516 (CID9MC); para a pneumonia foram J12-J18 (CID10MC); para as pneumonias bacterianas foram 481 a 486 e 513.0 (CID9MC).
! ! !
reflexões. Neste trabalho, analisou-se retrospectivamente a morbilidade de certas doenças respiratórias, em Portugal Continental, entre 2007 e 2011. Em particular, foi dado JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
Resultados Relativamente à fibrose pulmonar, a sua Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) por 100 000 habitantes, para o grupo etário dos 65 e mais anos, aumentou consideravelmente de 25,9, em 2007, para 30,2, em 2010. Estes números
no que se refere a utentes saídos por fibrose pulmonar com 65 ou mais anos. As correspondentes percentagens são 34% para Lisboa e Vale do Tejo, 24% para o Centro, sendo o restante distribuído pelas regiões Alentejo e Algarve.
merecem especial atenção sobretudo quando se
No que diz respeito à DPOC, observa-se um
olha para a Taxa de Mortalidade Padronizada
número de utentes saídos, pertencente ao grupo
total: que se situa nos 4 por 100 000 habitantes.
etário dos 65 ou mais anos, que diminuiu de
Analisando a morbilidade hospitalar, destaca-se
2007 para 2011. Relativamente a este grupo
um número de utentes saídos por fibrose
etário, verificou-se uma diminuição de 7112, em
pulmonar, pertencente ao grupo etário dos 65 ou
2007, para 6687 utentes saídos, em 2011, o que
mais anos, a aumentar de 2007 para 2011.
corresponde a 80% e 78% do total de utentes
Relativamente a este grupo etário, verificou-se
saídos por DPOC, respectivamente. O número
um aumento de 1492, em 2007, para 2465
de óbitos dos utentes mais idosos aumentou de
utentes saídos, em 2011, o que corresponde a
2007 a 2009 (de 578 para 643,
72% e 77% do total de utentes saídos por
respectivamente) sendo que começou a diminuir
fibrose pulmonar, respectivamente. O número
a partir deste ano, atingindo os 549 óbitos em
de óbitos de utentes com 65 ou mais anos
2011. Comparando-se os sub-grupos etários
também aumentou consideravelmente neste
dentro do grupo dos 65 ou mais anos, pode ver-
intervalo temporal, de 499, em 2007, para 869,
se que o grupo dos 65 aos 79 anos apresenta
em 2011, correspondendo a 88% e 90% do total
mais utentes saídos por DPOC que o dos 80 ou
de óbitos por fibrose pulmonar. Estes valores,
mais anos. Este facto inverte-se quando se fala
tanto relativamente aos utentes saídos como
do indicador óbitos. A nível regional, tanto os
aos respectivos óbitos, são mais elevados no
utentes saídos por DPOC com 65 ou mais anos
grupo etário dos 80 ou mais anos do que no dos
como os correspondentes óbitos são mais
65 aos 79 anos. É aqui notório o peso que o
comuns na Região de Saúde Norte, seguindo-se
envelhecimento tem na morbilidade hospitalar
Lisboa e Vale do Tejo. Entre 2007 e 2011, a
da fibrose pulmonar, pelo que a análise,
região do Norte apresenta aproximadamente
relativamente ao grupo etário mais idoso, da sua
38% do total do Continente, no que se refere a
evolução temporal assim como das suas
utentes saídos por DPOC com 65 ou mais anos.
desigualdades inerentes, não só mas também a
As correspondentes percentagens são 30%
nível regional, é de extrema importância. A nível
para Lisboa e Vale do Tejo, 26% para o Centro,
regional, os utentes saídos por fibrose pulmonar com 65 ou mais anos são mais comuns na Região de Saúde do Norte, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo. No total dos 5 anos considerados neste trabalho, a região do Norte apresenta
sendo o restante distribuído pelas regiões Alentejo e Algarve. Relativamente à pneumonia, a sua Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) por 100 000 habitantes, para o grupo etário dos
aproximadamente 35% do total do Continente, JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4
65 e mais anos, é extremamente elevada
Norte. Entre 2007 e 2011, a região Lisboa e Vale
apesar de ter diminuído entre 2009 e 2010 (de
do Tejo apresenta uma percentagem de utentes
202,4 para 192,9, respectivamente). Estes
saídos (com 65 ou mais anos por pneumonias
números revelam- se preocupantes sobretudo
bacterianas) em relação ao total do continente
quando se olha para a Taxa de Mortalidade
de 34%. As correspondentes percentagens são
Padronizada total: entre os 23,5 e os 25,5 por
30% para o Norte, 29% para o Centro, sendo o
100 000 habitantes. Analisando a morbilidade
restante distribuído pelas regiões Alentejo e
hospitalar, verifica- se que as pneumonias
Algarve.
bacterianas são mais comuns do que as virais no que diz respeito ao grupo etário mais idoso. Assim, só este tipo de pneumonias é merecedor de destaque no contexto da análise da morbilidade hospitalar, em particular no contexto do envelhecimento. Esta doença apresenta valores consideravelmente mais elevados que as outras consideradas neste trabalho. E, preocupantemente, estes valores, relativos a utentes com 65 ou mais anos, aumentaram consideravelmente de 2007 a 2011: passando 25140 utentes para 31935. Estes valores correspondem a aproximadamente 69% e 74% do total de utentes saídos por pneumonias bacterianas, respectivamente. Paralelamente, o número de óbitos relativos a utentes com 65 ou mais anos também aumentou neste intervalo temporal, de 6192, em 2007, para 7833, em 2011. Estes valores, tanto relativamente aos utentes saídos como aos respectivos óbitos, são mais elevados no grupo etário dos 80 ou mais anos do que no dos 65 aos 79 anos. Mais uma vez se nota o peso que o envelhecimento tem na morbilidade hospitalar das doenças respiratórias, em particular na de pneumonias bacterianas. A nível regional, ao contrário do verificado para as doenças anteriormente descritas, tanto os utentes saídos com 65 ou mais anos como os correspondentes óbitos são mais comuns na Região de Saúde Lisboa e Vale do Tejo, seguindo-se a Região de Saúde do JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Conclusões O trabalho apresentado permite caracterizar a patologia respiratória a par com o aumento do número de pessoas com 65 ou mais anos, em particular de 80 ou mais anos, que se tem verificado em Portugal. Paralelamente, no nosso país, a mortalidade por doenças respiratórias constitui a terceira principal causa de morte, não evidenciando uma tendência decrescente nos últimos anos. Atendendo a que um grande número de doenças respiratórias se relaciona com o envelhecimento da população é expectável que o número de pessoas com doença respiratória venha a aumentar impondo ao sistema de saúde uma necessidade crescente de cuidados respiratórios. Algumas doenças respiratórias merecem especial reflexão, sobretudo na área do envelhecimento, dado os seus elevados valores. Entre elas está a fibrose pulmonar, cuja Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) por 100 000 habitantes, para o grupo etário dos 65 e mais anos, aumentou consideravelmente de 25,9, em 2007, para 30,2, em 2010. Estes números merecem especial atenção sobretudo quando se olha para a Taxa de Mortalidade Padronizada total. No contexto da morbilidade hospitalar, deparamonos com um número de utentes saídos por fibrose pulmonar, pertencente ao grupo etário dos 65 ou mais anos, que aumentou de 2007 Volume 2. Edição 4
para 2011. Paralelamente, o número de óbitos
Região de Saúde Lisboa e Vale do Tejo,
também aumentou consideravelmente neste
seguindo-se a Região de Saúde do Norte.
intervalo temporal. A nível regional, os utentes
É notório o peso que o envelhecimento tem na
saídos por fibrose pulmonar com 65 ou mais
morbilidade hospitalar das referidas doenças,
anos são mais comuns na Região de Saúde
em particular nas pneumonias bacterianas, pelo
Norte, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo. O
que a análise, relativamente ao grupo etário dos
mesmo facto se verifica quando se analisa a
65 ou mais anos, da sua evolução temporal
distribuição geográfica dos casos de DPOC.
assim como das suas desigualdades inerentes,
Quando se analisa esta última doença, depara-
não só mas também a nível regional, é de
se com um número de utentes saídos,
extrema importância.
pertencente ao grupo etário dos 65 ou mais
Em suma, é sabido que as pessoas vivem mais
anos, que diminuiu de 2007 para 2011. Por
tempo, mas é importante que o façam com
último, a pneumonia apresenta uma Taxa de
qualidade. Sabemos hoje muito mais que no
Mortalidade Padronizada (TMP) por 100 000
passado em relação a comportamentos de risco,
habitantes, para o grupo etário dos 65 e mais
pelo que o nosso quotidiano deve passar por
anos, extremamente elevada apesar de ter
adoptar estilos de vida saudáveis. Mas seria
diminuído entre 2009 e 2010. Estes números
importante irmos um pouco mais longe no nosso
revelam-se preocupantes sobretudo quando se
raciocínio crítico, nomeadamente poderá
olha para a Taxa de Mortalidade Padronizada
equacionar-se, perante novos desafios como o
total. A nível da morbilidade hospitalar, verifica-
aumento de patologias respiratórias, outras
se que as pneumonias bacterianas são mais
respostas de organização menos centralizadas
comuns do que as virais no que diz respeito ao
de oferta de cuidados orientadas para
grupo etário mais idoso. Assim, só este tipo de
problemas de saúde que afectam de modo cada
pneumonias irá ser destacado no contexto da
vez mais expressivo o quotidiano da vida de
análise da morbilidade hospitalar, reforçado na
cada um.
temática envelhecimento. Esta doença apresenta valores consideravelmente mais
Referências
elevados que as outras consideradas neste
BARROS, Pedro Pita, 2013, Pela Sua Saúde, Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos
trabalho. E, preocupantemente, estes valores, relativos a utentes com 65 ou mais anos, aumentaram consideravelmente de 2007 a utentes com 65 ou mais anos também
R O S A , M a r i a J o ã o Va l e n t e , 1 9 9 6 , O Envelhecimento da População Portuguesa, Cadernos Público, no3, Lisboa, BPI
aumentou notavelmente neste intervalo
2011. Paralelamente, o número de óbitos de
temporal. A nível regional, ao contrário do verificado para as doenças anteriormente descritas, tanto os utentes saídos com 65 ou mais anos como os
R O S A , M a r i a J o ã o Va l e n t e , 2 0 1 2 , O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa, Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos Direção-Geral da Saúde, Portugal - Doenças Respiratórias em números - 2013
correspondentes óbitos são mais comuns na JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951
Volume 2. Edição 4