Edição completa abril de 2017

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Botticelli, La Primavera, "Allegory of Spring" (1485-87)

VOLUME 6 . EDIÇÃO 1


EDITORIAL ABRIL 2017 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT Qualidade de Vida é a palavra de ordem! filosofia, a economia, a psicologia, a pedagogia, O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 Fruto do acaso, quer seja directa ou a medicina e a enfermagem. HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT indirectamente, o tema central desta edição é a Ainda assim, o conceito de qualidade de O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 2015 Dezembro 2014

qualidade de vida, quer estejamos a falar das

vida não tem obtido a concordância dos diversos

questões relacionadas com a dor crónica, ou o

autores que sobre ele se têm interessado. Uns

final de vida, sem esquecer o impacto de certas

colocam a tónica no bem estar económico, outros

condições

do

no sucesso, outros ainda no desenvolvimento

retinoblastoma, que mesmo nas situações de

cultural e/ou nos valores éticos. Pela revisão da

“final feliz” acarreta alterações significativas na

literatura, nota-se que todos eles se preocupam

qualidade

Também

com um bom nível de saúde e desenvolvimento

importante e condicionante desta qualidade de

humano, o que tem servido de base a inúmeras

vida, que têm vários planos, várias dimensões,

reflexões e discussões sobre esta tão polémica

que tal como a saúde, deve de ser vista como um

temática.

clinica

de

vida

como

é

da

o

pessoa.

caso

continuum, no qual o individuo se situa, é a

Muitos são portanto os investigadores

questão da mudança do status comportamental e

que se têm debruçado sobre o conceito de

económico do individuo, pelo que a análise da

qualidade de vida. Embora se verifique alguma

preparação psicossocial do individuo para a

controvérsia nas diversas abordagens a este

reforma tem toda a pertinência, na medida em

conceito, encontram-se no entanto muitos pontos

que todas estas alterações no modo de vida do

em comum. As diferenças encontradas acerca do

individuo, são também determinantes sob ponto

conceito

de vista da actividade do individuo e sob ponto de

Organização Mundial de saúde, em 1974, a

vista

de

propor a seguinte definição: “... trata-se da

pensamento, a avaliação das reais e completas

percepção, por parte de indivíduos ou grupos, da

necessidades

papel

satisfação das suas necessidades e daquilo que

também preponderante, visto que estas podem

não lhes é recusado nas ocasiões propícias à sua

surgir a vários níveis e muitas vezes com forte

realização e à sua felicidade” ( Couvreur, 2001,

impacto na qualidade de vida do individuo e em

p.43).

económico também.

sentidas,

Nesta

assume

linha

um

especial do idoso. Várias

qualidade

de

vida,

levou

a

De acordo com a mesma autora, a têm

qualidade de vida compreende simultaneamente

manifestado interesse e que se têm debruçado

um aspecto subjectivo e objectivo. Porém, para

sobre

se demarcarem de uma concepção que apenas

o

são

de

conceito

as

de

ciências

qualidade

que

de

vida,

manifestando como preocupação fundamental

seria

aspectos que contribuem para o bem estar do ser

substituir a expressão qualidade de vida por bem

humano. Dessas áreas científicas destacamos a

estar subjectivo, dizendo este respeito à forma como

objectiva,

cada

alguns

indivíduo

autores

se

sente

preferem

física

e

psicologicamente e nas suas relações com o


EDITORIAL ABRIL 2017 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT e psicologicamente e nas suas relações preocupações para o planeamento e O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C com o meio (Couvreur, 2001). desenvolvimento dos programas terapêuticos. ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 2015 qualidade de vida Numa outra perspectiva, também um Contudo a avaliação de uma Dezembro 2014

grupo da Organização Mundial de Saúde

global tem um valor limitado. É necessário criar

considera a qualidade de vida como a percepção

instrumentos que forneçam informação sobre

dos indivíduos da sua posição na vida, no

domínios específicos, de modo a permitir que os

contexto da cultura e sistema de valores em que

profissionais

está

problemáticas, avaliem as suas práticas e

inserido, sua relação

com os seus

de

saúde

planeiem

interesses (Orley, 1994; Amir, 1994).

qualidade de vida. Além disso, são necessários

revisão

da

aumentar

a

torna-se

instrumentos que avaliem a satisfação subjectiva

evidente que a qualidade de vida é uma

nesses domínios, bem como a importância que

preocupação

no

esses domínios têm para as pessoas. Ainda

âmbito da prevenção da doença, na promoção da

assim é significativo verificar que directa ou

saúde e no desenvolvimento dos indivíduos.

indirectamente

premente,

literatura

para

áreas

objectivos, expectativas, padrões de vida e

Pela

intervenções

identifiquem

especialmente

Perante tais evidências é inquestionável que a qualidade de vida está directamente relacionada com a saúde e a política deste sector, pois, tal como defende Joyce (1994), a

a

preocupação

pela

qualidade de vida reflecte-se cada vez mais nas práticas de saúde adoptadas e na evidência produzida. Bem Hajam!

qualidade de vida é uma meta indiscutível, mas não deveria ser entendida como uma qualidade boa ou má em si mesma. A autora refere ainda que embora a utilização do termo seja um tanto neutra, assume sempre que o tratamento

Vítor Santos, RN, CNS, MsC Centro Hospitalar do Oeste Director

Geral,

São

Peregrino

Centro

Especializado de Tratamento de Feridas

melhorará a qualidade de vida. Nesta perspectiva, parece não restarem quaisquer dúvidas quanto à responsabilidade

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Gonçalves, M. (2017) A video-based intergenerational approach for the destigmatisation of chronic pain, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 5 - 10

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

A video-based intergenerational approach for the destigmatisation of chronic pain Uma abordagem intergeracional baseada em vídeo para a destigmatização da dor crónica Un enfoque intergeneracional basado en video para la destigmatización del dolor crónico

Autores Marta Gonçalves 1 1

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Cis-IUL, Lisboa, Portugal, Harvard Medical School

Corresponding Author: marta.goncalves@iscte.pt

Abstract In Europe it is estimated that one fifth of the population suffer from chronic pain. However, it seems that society is not yet prepared to understand the people who suffer from chronic pain. To live twenty-four hours with pain and project the day according to pain is still often associated with laziness or no willing to work. In order to start in Europe a process of destigmatisation of chronic pain and better access to specialized units for this, this paper intends to discuss the potential of creating a ten-minute video about the experience of living with chronic pain. For the construction of the video "intergenerational living with chronic pain" there is a need to conduct focus groups with various informants as patients of different ages, family members, health professionals, education professionals and human resource managers. This video could be a reliable tool for further testing and use, not only in clinical practice and training of professionals, as well as of lay people. Keywords: video-based intervention, destigmatisation, chronic pain, intergenerational

Resumo Na Europa, estima-se que um quinto da população sofra de dor crónica. No entanto, parece que a sociedade ainda não está preparada para entender as pessoas que sofrem de dor crónica. Viver vinte e quatro horas com dor e projectar o dia de acordo com a dor ainda é muitas vezes associado com a preguiça ou não disposição para trabalhar. Para começar na Europa um processo de destigmatização da dor crónica e melhor acesso a unidades especializadas para isso, este artigo pretende discutir o potencial de criação de um vídeo de dez minutos sobre a experiência de viver com dor crónica. Para a construção do vídeo "vivência intergeracional com dor crónica" há necessidade de conduzir grupos focais com vários informantes como pacientes de diferentes idades, membros da família, profissionais de saúde, profissionais de educação e gestores de recursos humanos. Este vídeo pode ser uma ferramenta confiável para futuro teste e utilização, não apenas na prática clínica e formação de profissionais, bem como de leigos. Palavras-chave: intervenção baseada em vídeo, destigmatização, dor crónica JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Introduction

(Cohen et al, 2011), and the self-stigma,

Ten years ago, chronic pain was a major

also called internalised stigma (Hegarty &

European health care concern with almost 20%

Wall, 2014; Waugh, Byrne & Nicholas,

of European adults suffering from moderate to

2014). The social stigma associated with

severe chronic pain (Breivik et al., 2006).

chronic pain refers to negative beliefs about

Although this pain affects their social and

chronic pain by the population in general

professional quality of life, only a small part of

(Cohen et al., 2011). The social stigma often

them seeks a pain specialist and receives

reflects a lack of knowledge about chronic

adequate

different

pain, negative attitudes and discrimination

nowadays? It seems not. In order to start in

conduct. This is especially important as the

Europe a process of destigmatisation of chronic

improvement of knowledge and skills, also

pain and better access to specialized units, the

called literacy, on chronic pain, can lead not

present paper aims to discuss the creation of an

only to better results but also help to

intergenerational ten-minutes video about the

increase readiness to help seeking and

experience of living with chronic pain, which can

overcome the stigma associated with

later serve as tool to be tested in different

chronic pain. Research has shown that self-

contexts as health, education, work and social.

stigma is conceptually different from social

This work aims to simultaneously answer two

stigma (Hegarty & Wall, 2014; Waugh,

questions. On the one hand "How can we make

Byrne & Nicholas, 2014). While social

chronic pain visible so that others understand

stigma works at a social level, self-stigma is

us?" and on the other "How can we be sure that

a process at the individual level. Self-stigma

the person is not lying about chronic pain?".

occurs when people according to public

care.

Is

the

situation

stereotypes, internalize stigmatizing ideas about chronic pain and begin to believe they

Social stigma and self-stigma that

have less value than others, which can lead

accompanies it, associated with chronic

to self-devaluation, silence and loss of

pain is culturally constructed, emanating

social opportunities. Combined, the social

from social structures and knowledge,

stigma and self-stigma constitute a vicious

attitudes and behaviors of people (Chapple

cycle and an obstacle to seeking help. As a

et al., 2004; Jacoby et al., 2005; Taft et al.,

result

2009). Negative attitudes towards people

discrimination, people can choose to avoid

with chronic pain are learned early by

the stigma of not looking for institutions that

influences such as the school and the

potentiate the mark, such as pain clinics or

media.

they may be afraid of being judged as weak

Stigma

and

These

discrimination

negative

attitudes

and

behaviors affect professional help seeking

of

experienced

and

anticipated

and incompetent.

and life in community. In chronic pain there is a social stigma, also called public stigma JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Intergroup contact

depression. Although there is in Portugal for more 1)

than a decade a National Plan to Fight Pain and

education, 2) contact - defined as face to face

pain clinics within hospitals across the country, it

contact between members of the general public

seems that society is not yet prepared to

and people with chronic pain who are able to keep

understand people who suffer from chronic pain

their commitments to school and employment,

such

and 3) protest - the reactive strategy, for example,

fibromioalgia, back pain, neuropathy, among

protests advocacy groups in relation to inaccurate

others. It is estimated that one third of the

and hostile representations of chronic pain.

population suffer from chronic pain in Portugal,

Although in studies on mental illness (Corrigan et

not only women and the elderly, but also men and

al. 2012; Yamaguchi et al., 2013) it was found that

children. To live twenty-four hours with pain and

programs that emphasize the contact were the

project the day according to pain, as being for

most successful in improving long-term attitudes,

example not always able to climb stairs in the

concerning chronic pain no previous intervention

morning, continues to be often associated with

contact video that directly address access and

laziness or not willing to work. According to

quality of health care on chronic pain through

people living with pain it is an invisible disease

experiences reported by peers with chronic pain

("the pain is not seen, not measured, is silent, is

is known. The theoretical model of social

subjective") as it is not easy for the others to

psychology which heads the development of

realize. According to the others, how can you be

intervention proposed here is the theory of

sure that the person is not lying just to have low

intergroup contact (Allport 1954), revised by

or missing classes. There is also a strong

Pettigrew & Tropp (2006). Pettigrew & Tropp

criticism of mothers with chronic pain who can not

(2006) point out that the four contact ideal

get to lap the children or just can breastfeed lying

conditions proposed by Allport as the same status

down, not to mention the inability to perform a

between the groups in the situation, common

normal delivery. Just how great the interference

goals, cooperation between groups and legal

of chronic pain in the intimacy of a couple.

support, facilitate the reduction of prejudice but

Research over the years proved that along with

are not mandatory. This theory was tested in

the

earlier interventions that attempted to reduce the

mindfulness, mental training, meditation, self-

stigma associated with mental illness (Corrigan et

hypnosis or relaxation is extremely effective and

al., 2012; Yamaguchi et al., 2013).

in Portugal there has been a remarkable job

The

destigmatization

strategies

include

as

those

medication

with

the

rheumatoid

brain

control

arthritis,

through

towards a better doctor-patient relationship and A southern European case

communication and a better self-management of

In Portugal there are still many myths and

pain as to play chess or self-help groups. Chronic

prejudices in relation to chronic pain in the

pain is a complex phenomenon with increased

population that hinder access to health care and

and extended response to a harmful stimulus or

consequently generate suffering, disability and

response to stimuli normally not harmful, which diagnosis and subsequent intervention require

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diagnosis and subsequent intervention require

with chronic pain" it is of great relevance to

analysis

in

analyse these focus groups in terms of content

psychological and social factors in addition to

(Bardin, 2009) by Mayring reduction method

biological. There are different tools to measure

(2000) with all ethical rigor and anonymity

pain perception by the adult patients (Breivik et

guarantee in accordance with international

al., 2006;. Cleeland & Ryan, 1994; Keller et al.,

standards (American Psychological Association,

2004) as the Visual Analogue Scale ("no pain"

2002; European Federation of Psychologists'

and

the

Associations, 2005) and national standards (The

numerical rating scale with 0 = no pain and 10 =

Portuguese Psychologists, 2011). This analysis

the worst pain).

allows us to know the meaning of living with

According to the Portuguese General Directorate

chronic pain, characteristics or behaviors of best

of Health, effective pain management is a right of

living with chronic pain, offers in Europe to better

patients who suffer from it, a duty of health

live with chronic pain, biggest challenge due to

professionals and a key step in the effective

chronic pain, ideal to live better with chronic pain,

humanization of health facilities. The education of

greatest daily life need due to chronic pain and

patients

pain,

activities daily offered to people with chronic pain.

analgesic medication and self-control of pain.

This analysis can serve as basis for the movie

However, it seems that access to health care

script

remains difficult: on average, a person takes nine

significance with a unit of chronic pain.

years to reach a unit of chronic pain, largely

Discussion

because of the stigma associated. This delay

To actively contribute to a better understanding

favors the development of so-called "pain

and treatment, the aim of this paper was to

memory”, the phenomenon of persistence of pain

discuss a reliable tool for further testing and use,

after the injury is already healed.

not only in practice and clinical training of

and

respective

"maximum

pain

includes

intervention

imaginable"

self-assessment

and

of

covering

positive

experience

and

professionals, as of lay people of different ages in Intergenerational living with chronic pain

different contexts as health, education, work and

To understand perceptions and create new

social. The intervention in the stigma associated

knowledge,

and

with chronic pain through the use of video is

representations on the same subject (Gaskell,

promising as a quick and inexpensive way to

2002) to achieve the proposed objective, it is

improve access to treatment of chronic pain in

helpful in a first moment to conduct focus groups

Europe. This type of intervention, of easy and

with multiple informants with daily contact with

rapid administration in various contexts, can be

chronic pain as patients of different ages, family

used first in a pilot study and then climb up a

members,

education

randomized clinical trial a larger sample to verify

professionals and human resources managers of

that the video causal effect persists for a long

small, medium and large organizations. For the

period. Based on the differences of individualism

construction of the video "intergenerational living

and collectivism across cultures (Hofstede,

exploring

health

different

professionals,

views

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2001), the test of similarities and differences in

treatment. European journal of pain, 10(4), 287-

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287.

seeking help for chronic pain between countries is also of great interest for a model on stigma,

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Rodrigues, B., Sousa, P. (2017) The comfort of the person at the end of life in a domiciliary context – Nurse’s Perception, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 11 - 23

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

O CONFORTO DA PESSOA EM FINAL DE VIDA EM CONTEXTO DOMICILIÁRIO – PERCEÇÃO DO ENFERMEIRO THE COMFORT OF THE PERSON AT THE END OF LIFE IN A DOMICILIARY CONTEXT – NURSE´S PERCEPTION EL CONFORT DE LA PERSONA EN EL FINAL DE SU VIDA EN CONTEXTO DOMICILIARIO – LA PERCEPCION DEL ENFERMERO

Autores Bruno Rosa Rodrigues1 , Patricia Pontífice de Sousa 2 1

MHC, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 2 PhD, MHC, CNS, RN, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa

Corresponding Author: brunorosa1@hotmail.com

Resumo Introdução: O conforto é um elemento chave na prestação de cuidados de enfermagem ao doente Paliativo. Confortar assume-se como um ato complexo. Promover conforto é estar atento a todas as manifestações de distress, ter em conta todas as dimensões do ser humano e providenciar medidas para alívio do sofrimento (Morse, 2000). Podemos constatar que não existe uma definição clara para o conceito do conforto contudo, é unânime que este emerge como, uma necessidade ao longo da vida, na saúde e na doença pelo que, proporcionar o conforto é uma das principais funções e um desafio para a prática dos cuidados de enfermagem (Ribeiro; Costa 2012). Objetivo: O objetivo deste estudo é compreender a perceção do enfermeiro no que diz respeito ao conforto da Pessoa em final de vida em contexto domiciliário, identificando qual a conceção de conforto para o enfermeiro no que respeita à pessoa em fim de vida. Material e Métodos: Foi realizado um estudo descritivo de abordagem qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas a 8 participantes. A metodologia utilizada para o tratamento de dados foi a análise de conteúdo. (Bardin, 2014) Resultados: Após a análise dos nossos dados em estudo, podemos dizer que no que respeita à Conceção de Conforto (Domínio) foram encontradas quatro categorias (Expressão Física; Expressão Multifocal/multidimensional do Conforto; Expressão Afetiva e Necessidades Básicas Cumpridas). Conclusão: O principal contributo deste estudo é explorar o fenómeno do conforto no que respeita à pessoa em fim de vida em contexto domiciliário, reforçando a importância que o enfermeiro assume na implementação de cuidados confortadores. Assente numa abordagem humanista-afetiva, o processo de conforto é mediado pela interação enfermeiro-doente/família. Palavras-Chave: Conforto; Fim de Vida; Domicílio; Enfermeiro; Cuidados Paliativos.

Abstract Introduction: Comfort is a key element in the provision of nursing care to patients with Palliative Care. Comfort is a complex act. To promote comfort is to be attentive to all manifestations of distress, to take into account all dimensions of the human being and to provide measures for the relief of suffering (Morse, 2000). We can see that there is no clear definition for the concept of comfort, however, it is unanimous that this emerges as a lifelong need in health and illness, therefore, providing comfort is one of the main functions and a challenge for the Practice of nursing care (Ribeiro and Costa 2012). Objective: The objective of this study is to understand the nurses' perception regarding the comfort of the person at the end of life in a home context, identifying the comfort conception for the nurse with respect to the person at the end of life. Material and Methods: A qualitative, descriptive study was carried out through semi-structured interviews with 8 participants. The methodology used for data processing was content analysis. (Bardin, 2014) Results: After analyzing our data, we can say that, in terms of Comfort Design (Domain), four categories were found: Physical Expression, Multifocal / Multidimensional Autores Expression Comfort, Affective Expression and Basic Needs Fulfilled ). Conclusion: The main contribution of this study is to explore the Dados of curriculares phenomenon of comfort with regard to the end-of-life person in a home context, reinforcing the importance that nurses assume in the implementation of comforting care. Based on a humanistic-affective approach, the comfort process is mediated by the nurse-patient / family interaction. Keywords: Comfort; End of life; Residence; Nurse; Palliative care.

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Página 12

Introdução

mais comuns observações feitas pelo doente

Cuidados paliativos são cuidados prestados a

acamado.

doentes em fase avançada da doença incurável

A este propósito, as autoras (Sousa; Marques;

com grande sofrimento. De acordo com a

Costa & Dixe, 2011) defendem que várias

definição da Organização Mundial de Saúde

teóricas de enfermagem contribuíram para o

(2004) é uma “abordagem que visa melhorar a

desenvolvimento da disciplina, estudando o

qualidade de vida dos doentes – e suas famílias

conforto

– que enfrentam problemas decorrentes de uma

perspetivas

doença incurável e/ou grave e com prognóstico

Orlando,

limitado, através da prevenção e alívio do

Madeleine

sofrimento, com recurso à identificação precoce

Loretta Zderad, Meleis, Janice Morse e Katharine

e tratamento rigoroso dos problemas não só

Kolcaba. É de acrescentar que Janice Morse e

físicos,

Kolcaba, deram visibilidade ao conceito de

como

a

dor,

mas

também

dos

e

contribuindo

com

nomeadamente,

Hildegard

Peplau,

Leininger,

diferentes

Callista Jean

Josephine

Roy,

Watson, Paterson,

psicossociais e espirituais”.

conforto

O conforto é um elemento chave na prestação de

Concretamente Kolcaba a partir de 1990,

cuidados de enfermagem ao doente Paliativo.

dedicou-se

Kolcaba

operacionalização (Ribeiro, 2012).

considerou

o

conforto

como

um

através

à

sua

seus

estudos.

conceptualização

Muitas

intervenções

de

estão

literatura, estando de acordo com a perspetiva de

satisfeitas

as

básicas,

cada autor. O conceito surge como relevante em

relativamente aos estados de alívio, tranquilidade

trabalhos de diferentes autores e em várias

e transcendência (Kolcaba, 2003).

teorias de Enfermagem, como por exemplo a

Confortar, do latim confortare, significa restituir

Teoria do Conforto de Kolcaba (2003), sendo

as forças físicas, o vigor e a energia; tornar forte,

considerado um fenómeno de importância básica

fortalecer, revigorar; dar alento (Apóstolo, 2009).

para a enfermagem, contextualizado ora como

O conforto é promovido através das intervenções

um objetivo da enfermagem ora como um estado

de enfermagem. Confortar constitui um fator de

relativo ao doente, destacando a importância de

cuidado (Watson, 2002) e uma competência do

compreendê-lo na sua multidimensionalidade do

enfermeiro. (Benner, 2001).

processo de cuidar (Ribeiro, 2012).

As primeiras referências ao conforto surgiram

Apesar

com Florence Nightingale. Em Notas Sobre

uniforme, desde sempre que o conforto tem sido

Enfermagem de Florence Nightingale (2005),

considerado como um conceito primordial na

apresentam-se várias referências a este conceito

Enfermagem, um imperativo moral, uma vez que

nomeadamente, o alívio e o conforto, sentidos

contribui para a recuperação da pessoa (Melleis,

pelo

2005; Apóstolo, 2009; Ribeiro, 2012).

doente

após

onde

necessidades

a

sua

pele

ter

sido

cuidadosamente lavada e enxaguada, é uma das

da

de conforto surgem

e

resultado dinâmico, um processo resultante das enfermagem,

definições

dos

inexistência

de

uma

na

definição

O conforto confere à pessoa, energia, força, esperança, controlo sobre si mesmo e felicidade (Ribeiro, 2012; Sousa, 2014). Corresponde

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Página 13

assim ao fortalecimento do doente nas diferentes

Sendo o conforto não só uma necessidade

dimensões (física, psicoespiritual, sociocultural e

desejável bem como um elemento chave na

ambiental). Não é um processo passivo em que

prestação de cuidados de enfermagem ao

os doentes esperam ser confortados, mas sim

doente/família em fim de vida e, não existindo

um processo dinâmico entre a pessoa que cuida

uma definição clara para este conceito, importa

e aquele que é cuidado (Morse et al., 1994;

investigar qual a perceção do enfermeiro no que

Sousa, 2014).

respeita à conceção do conforto à pessoa em

Oliveira (2011), afirma que o doente pode sentir-

final de vida no domicílio.

se confortado, mesmo experimentando algum

Nesta sequência, a questão central foi definida

grau de desconforto, uma vez que a existência

da

prévia de desconforto pode ser uma condição

enfermeiro no que diz respeito ao conforto da

possível mas não necessária para experimentar

Pessoa

conforto. O conceito é mais do que a ausência de

domiciliário?

seguinte forma: Qual

em

final

de

a perceção

vida

em

do

contexto

desconforto - é multidimensional, idiossincrático, dinâmico e depende do contexto em que a

Métodos

pessoa está inserida (Bland, 2007).

Na abordagem qualitativa de pesquisa, as

Recentemente,

Ribeiro

(2012)

estudou

a

amostras

são

propositais

(purposeful

idoso crónico em contexto hospitalar, referindo

apreender e entender certos casos selecionados

que o processo de conforto é mediado pela

sem necessidade de generalização para todos os

interação enfermeiro-doente idoso e sua família,

casos possíveis.

integrado numa abordagem humanista-afetiva. O

Conforme

agir integrador e intencional do enfermeiro é um

aspetos a ter em conta com o processo de

ponto

às

amostragem, com a finalidade de refletir a

necessidades de cuidados, especificamente de

totalidade nas suas múltiplas dimensões. No

conforto do doente idoso crónico (Sousa, 2014).

nosso estudo, privilegiou-se os sujeitos que

O

possuíam as informações e experiências que

para

desconhecimento

sob

dar

a

resposta

perceção

do

Minayo

que

intencionais

natureza do processo de conforto do doente

essencial

sampling),

ou

(2004),

existem

procura

alguns

Enfermeiro, acerca da dimensão confortadora

desejávamos

ligada à pessoa que necessita de cuidados em

número suficiente para a reincidência das

final de vida no Domicilio é algo que devemos

informações.

considerar.

o

participantes que possibilitaram a apreensão de

enfermeiro é o profissional de saúde que, pelas

semelhanças e diferenças, que no nosso caso

suas

são

Na

verdade,

competências

sabemos

assume

um

que

papel

conhecer,

se

Escolhemos

considerando

um

um

conjunto

de

preponderante e privilegiado no cuidado à

Segundo Willms (1993), a amostra intencional é

pessoa humana que vivencia situações de

composta diferentemente, de acordo com os

sofrimento e desconforto (Sousa, 2014).

objetivos e o propósito da investigação, e por casos que satisfaçam a dimensão em estudo.

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Página 14

A amostra define-se como o conjunto de

outra. No caso da investigação qualitativa, a

elementos retirados de uma população alvo,

entrevista surge com um formato próprio.

(Fortin, 2003). Corresponde ao subgrupo da

Em todas estas situações, a entrevista é utilizada

população selecionada para obter informações

para recolher dados descritivos na linguagem do

relativas às características dessa população.

próprio

Assim sendo, e como referimos anteriormente, o

desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a

método de amostragem da nossa investigação

maneira como os sujeitos interpretam aspetos do

será a amostra intencional, sendo que os sujeitos

mundo. (Bogdan, 1991).

escolhidos (população alvo) para a investigação

As entrevistas qualitativas variam quanto ao seu

são 8 Enfermeiros do Hospital Nossa Senhora da

grau de estruturação (Bogdan, 1991), sendo que

Arrábida, que prestem cuidados no domicílio a

o seu conteúdo deve ser integralmente transcrito

doentes em fim de vida.

(incluindo hesitações, risos, silêncios, bem como

Para obter os dados que permitissem alcançar os

estímulos do entrevistador). (Bardin, 2014)

objetivos considerou-se como amostra não

A entrevista, enquanto técnica de colheita de

probabilística/intencional todos os Enfermeiros

dados, assume-se como um processo de

com os seguintes critérios de inclusão:

descoberta e sistematização da informação pela

- Possuir Formação Básica em Cuidados

possibilidade de explorar, aprofundar e clarificar

Paliativos;

alguns pontos do discurso dos informantes,

- Possuir experiência com mínimo de um ano em

permitindo uma melhor explicitação das suas

Cuidados Paliativos;

vivências. Permite ter acesso ao sentido que os

- Trabalhar na Equipa Comunitária de Suporte

atores dão aos acontecimentos, confrontando o

em Cuidados Paliativos do Hospital Nossa

que observa com o que ouve, aferindo as

Senhora da Arrábida;

significações

- Consentir de livre vontade participar no estudo;

explorando e clarificando ideias ou opiniões, com

sujeito,

permitindo

atribuídas

ao

ao

que

investigador

observou,

a finalidade de compreender o significado que Considerando que pretendemos compreender a

cada sujeito atribui ao fenómeno que estamos a

perceção do enfermeiro no que diz respeito ao

investigar, através de uma relação de interação

conforto da Pessoa em final de vida em contexto

face a face. (Ribeiro, 2012) Dada a natureza do

domiciliário, e tendo em conta a complexidade e

estudo

especificidade deste processo, o recurso à

informado, deve ser um processo contínuo,

entrevista

exigindo que se faça uma reavaliação e

semi-estruturada

pareceu-nos

fundamental. Uma

entrevista

qualitativo

o

consentimento

renegociação ao longo do mesmo, por parte dos consiste

numa

conversa

participantes do estudo (Streubert & Carpenter,

intencional, geralmente entre duas pessoas,

2002). Todos os enfermeiros se mostraram

embora por vezes possa envolver mais pessoas

recetivos ao nosso pedido, aceitando de imediato

(Morgan, 1988), dirigida por uma das pessoas,

participar no nosso estudo.

com o objetivo de obter informações sobre a

As entrevistas aos 8 enfermeiros decorreram

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num espaço destinado a esse fim (na sala de VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 15

num espaço destinado a esse fim (na sala de

inferência e a interpretação, as quais foram

realização

seguidas no nosso estudo. (Bogdan, 1991)

de

Conferências

Familiares

do

Hospital Nossa Senhora da Arrábida), em hora

Os resultados transcritos em bruto são tratados

marcada pelos informantes. No momento da

de maneira a serem significativos e válidos.

entrevista

o

Operações estatísticas simples (percentagens),

entrevistador e o entrevistado, sendo que antes

ou mais complexas (análise fatorial), permitem

de se iniciar a entrevista explicávamos o objetivo

estabelecer quadros de resultados, diagramas,

da

de

figuras e modelos, os quais condensam e

consentimento livre e esclarecido. O tempo gasto

colocam em destaque as informações fornecidas

com cada uma das entrevistas oscilou entre os

pela análise. Assim sendo, com resultados

20/30 minutos.

significativos e fiéis pode propor-se inferências e

O recurso à análise de conteúdo, para retirar

adiantar interpretações a propósito dos objetivos

partido de um material dito «qualitativo», é

previstos, ou que digam respeito a descobertas

indispensável:

de

inesperadas. Por outro lado, os resultados

recrutamento, de psicoterapia…que fornecem

obtidos, a confrontação sistemática com o

um material verbal rico e complexo (Bardin,

material e o tipo de inferências, podem servir de

2014). Assim sendo, o tratamento de dados que

base a uma outra análise disposta em torno de

utilizámos no nosso estudo através da entrevista

novas dimensões teóricas, ou praticada devido a

foi a análise de conteúdo.

técnicas diferentes. (Bardin, 2014)

À medida que se vai lendo os dados, repetem-se

Para tratar o material foi necessário codificá-lo,

ou destacam-se certas palavras, frases, padrões

correspondendo a uma transformação segundo

de

sujeitos

regras precisas, transformando o texto transcrito

pensarem e acontecimentos. O desenvolvimento

em bruto das entrevistas, em unidades de registo

de um sistema de codificação envolve vários

e unidades de contexto.

passos: percorre os dados na procura de

Inicialmente lemos e relemos várias vezes os

regularidades e padrões bem como de tópicos

dados obtidos em cada uma das entrevistas a fim

presentes nos dados e, em seguida palavras e

de se obter uma compreensão do conteúdo geral

frases que representam esses mesmos tópicos e

das mesmas, excluindo todo o verbatim que se

padrões. Estas palavras ou frases são categorias

apresentava mais distante do nosso estudo.

de codificação. As categorias constituem um

Assim, aos segmentos do texto que não

meio de classificar os dados descritivos que se

interessavam foi atribuído o código “ (…) ”, e as

recolheu. As diferentes fases de análise de

palavras utilizadas para clarificar algum aspeto

conteúdo, organizam-se em torno de várias

foram colocadas entre “[

etapas cronológicas: pré-análise (transcrição da

pausas que surgiram ao longo da entrevista

entrevista realizada); exploração do material

atribuiu-se o código “…”

(através da codificação); tratamento de dados, a

Em seguida, cada entrevista à qual foi atribuída

estavam

mesma,

presentes

assinando-se

entrevistas

comportamento,

de

formas

o

apenas

termo

inquérito,

dos

]”. Aos silêncios e

a “letra de código” (E), foi dividida em unidades de significação (também chamadas unidades de JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Página 16

de significação (também chamadas unidades de

apresentação dos guiões das entrevistas aos

registo ou declarações significativas), de acordo

enfermeiros,

com o que foi referido pelo sujeito. As unidades

consentimento livre e esclarecido.

de significação são frases ou proposições que se

O consentimento informado aos participantes do

relacionam com o fenómeno em estudo, deste

estudo (Enfermeiros) foi assinado, após terem

modo, e de forma a organizarmo-nos no futuro, a

sido informados dos objetivos do trabalho, da sua

cada unidade de significação foi atribuído um

finalidade, do tipo de participação solicitada, dos

número que em conjunto com o código já

meios a usar – como a áudio gravação –

atribuído (E), possibilitava a localização dessa

esclarecendo o direito de não-aceitação e de

unidade de significação (E1 1, E1 2, …).

desistência caso assim o entendessem, sem

Posteriormente procurámos questionar a relação

qualquer repercussão negativa para os próprios.

que existia entre cada unidade de significação e

Uma outra preocupação ética, por respeito aos

o

assim

como

o

termo

de

estudo,

procedendo

à

participantes e à boa prática científica, foi garantir

significados

através

da

o seu anonimato, bem como a confidencialidade

descoberta do significado de cada unidade de

dos dados. Assim, todos os nomes dos

significação

O

participantes (enfermeiros) foram ocultados e

significado permitiu evidenciar o sentido presente

substituídos por códigos, não constando nos

nas descrições originais, não devendo cortar a

anexos de caracterização dos mesmos. Em todo

ligação com a descrição original. A cada um dos

o

significados formulados foi também atribuído um

preocupação constante a procura consciente da

código, letra “S” que se agrupou ao código já

fidelidade aos dados, e a observância do

existente ficando: E1 S1, E1 S2, etc.

princípio da honestidade, assumida como um

fenómeno

formulação

Na

em dos

(unidades

realização

do

de

nosso

contexto).

estudo

foram

percurso

do

estudo,

revelou-se

uma

requisito de integridade científica (Holzemer,

considerados sistematicamente os princípios

2010).

éticos do consentimento informado, da não

No nosso trabalho não foi necessário a avaliação

maleficência, da beneficência, da autonomia e da

de uma comissão de ética, uma vez que os

justiça; as regras morais da fidelidade, de

participantes em estudo são enfermeiros e não

veracidade e de confidencialidade, e ainda o

doentes.

direito

dos

participantes

à

informação,

à

privacidade e à autodeterminação (Holzemer,

Resultados e Discussão

2010). De forma a garantir os princípios éticos inerentes

A análise dos dados permite-nos obter um

ao processo de investigação foi, inicialmente,

esquema compreensivo da relação entre os

realizado o pedido formal de autorização à

diferentes temas encontrados no decorrer da

Direção Clinica e Direção de Enfermagem do

análise da informação. A distribuição das ideias

HNSA, tendo sido dado um parecer favorável à

por temas permite reunir a informação em

realização do mesmo. Para tal, foi solicitada a

unidades estruturais, ajudando o investigador a

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descobrir

o

seu

significado

(Streubert

VOLUME 6. EDIÇÃO 1

&


Página 17

descobrir

o

seu

significado

(Streubert

&

Carpenter, 2002). Os

significados

Os conceitos desenvolvem-se a partir da experiência e assumem um papel fundamental

sendo

na clareza do fenómeno. Compreender o

agrupados dando origem às Categorias e

processo de construção e de resposta do

Subcategorias, as quais vamos referir ao longo

conforto

deste ponto, de forma a explicitar o fenómeno em

significação das conceções de conforto e não

estudo. Na discussão dos resultados seguiremos

conforto dos atores intervenientes. (Ribeiro,

essa ordem de apresentação, desenvolvendo e

2012)

analisando

subcategorias,

Após a análise dos nossos dados em estudo,

procurando deste modo descrever a estrutura

podemos dizer que no que respeita à Conceção

essencial da Conceção do Conforto da pessoa

de Conforto (Domínio) foram encontradas

em final de vida em contexto domiciliário, para os

quatro categorias (Expressão Física; Expressão

oito participantes (Enfermeiros). Para tal faremos

Multifocal/multidimensional

referência quer às unidades de significação quer

Expressão Afetiva e Necessidades Básicas

aos significados atribuídos ou até mesmos

Cumpridas)

ambos, visando a clareza na análise dos dados.

subcategorias, as quais vamos explicar com

As conceções de “Conforto”, que no nosso

detalhe em seguida.

estudo estão relacionadas com as conceções

Verificamos

dos enfermeiros incluem as formas como os

(categoria), o enfermeiro atribui importância ao

sujeitos

conceitos,

alívio/controlo da dor (Subcategoria) assim

considerando a perceção que deles é feita na

como o controlo de outros sintomas físicos, como

relação com os elementos relacionados com o

consta nas asserções: “ (…) [conforto é estar]

ideal ou com o verdadeiro significado (Carpenter,

sem dor ou sem outro descontrolo de sintomas…

2002).

É mais ao nível da dor…” E2 15; “ (…) [conforto

Atribuir significado será pois dar sentido à sua

é estar] sem agitação… (…) " (E2 17)

as

encontrados

categorias

foram

e

compreendem

os

implica

perceber

das

que

quais

na

o

sentido

do

a

Conforto;

emergiram

Expressão

e

várias

Física

forma “autêntica”, procurando compreender um determinado fenómeno (Watson, 2002).

Relativamente às subcategorias Estado de

As conceções são as unidades fundamentais, de

alívio/controlo de dor; Controlo Sintomático e

sentido ou da compreensão do fenómeno, de

Ausência de agitação, refletem os seguintes

acordo com a intenção dos atores em contexto e

significados encontrados:

apresentam-se

como

parte

integrante

da

descrição do mesmo (Ribeiro, 2012). Revelam o pensamento e a ação dos atores de cuidados em coletivo e, dos enfermeiros de forma individual, considerando a particularidade dos seus pontos

 Relacionado com dor controlada (S8)  Relacionado com controlo do sintoma agitação (S9)  Relacionado

com

sintomas

físicos

controlados (S19)

de vista (Honoré, 2004).

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Sabe-se que os enfermeiros têm um papel

liberdade de escolha e de autonomia. O

fundamental no alívio/controlo da dor uma vez

enfermeiro atribui importância à autonomia,

que lidam com os desconfortos dos doentes e o

como sendo algo fortemente ligado ao conforto,

que eles referem. O conceito é identificado numa

no sentido de poder ser autónomo nas suas

relação estreita com o controlo e com a ausência

rotinas o que leva a um estado confortador.

de dor, considerados, desta forma, como

A

sinónimos.

comprovada por diferentes autores ao afirmarem

A

experiência

dolorosa

é

um

multidimensionalidade

que a conceção de conforto pode adquirir

sociocultural, psicoespiritual e ambiental (Wilson,

significado de um estado de alívio ou de

2002; Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

encorajamento

sentido

Wilby, 2005, Yoursefi, H. et al. 2009; Oliveira,

positivo (Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2003;

2011; Ribeiro, 2012), o que corrobora os achados

Oliveira, 2011; Ribeiro, 2012)

do nosso estudo.

" (…) [conforto é] quando, acima de tudo, não tem

O estudo do significado e dos atributos de

dor visível, não tem dor descompensada (…)

conforto reconhece assim a seguinte categoria:

advém da ausência ou da diminuição da dor.” (E2

Expressão

14)

Conforto, assumindo diferentes características

“ (…) [conforto é] é o alívio dos sintomas (...) dos

definidoras

sintomas físicos, quaisquer que sejam (…) se

Subcategorias: Espiritualidade; Serenidade;

estiverem controlados (…) ” (E8 13)

Individualidade/Subjetividade; “Estar-Bem”;

Tal como refere a autora Ribeiro (2012) no seu

“Bem-estar

estudo, e que também se evidencia no nosso, a

Tranquilidade.

um

de

natureza

é

que

com

aspetos

conceito

fenómeno individual. A investigação evidencia

conotado

envolve

do

física,

Multifocal/multidimensional

das

quais

global”;

emergem

do

as

Dignidade

e

experiência e o significado de conforto, são referidos como uma sensação de comodidade e

O Conforto é caracterizado por ser um conceito

de alívio da dor, o que conduz ao reconhecimento

muito subjetivo e por isso individual, por questões

da individualidade da experiência humana do

relacionadas com o sentido da vida ou por uma

sofrimento, pelo ator de cuidado, numa ação

sensação de “Bem-Estar” interligadas com a

orientada pela possibilidade de ajudar o doente a

serenidade e tranquilidade desejáveis a estado

alcançar um estado de alívio/ausência de dor.

pleno de Dignidade.

Aspetos relacionados com a autonomia física

Os enfermeiros referem que o conceito é algo

(Subcategoria) são referidos pelos enfermeiros

difícil de definir por se alterar consoante as

como algo a considerar no conceito de conforto:“

circunstancias: “ (…) conforto para mim, que

(…) [conforto

num

também é uma situação que pode mudar.

processo que era normal, era uma rotina anterior

Portanto, a definição de conforto mudará

(…) ” (E3 33)

consoante a nossa situação.” (E5 9)

Na perspetiva de Watson (2002), cuidar implica

São vários os autores que defendem a perspetiva

consideração e respeito pela pessoa com vista à

de que o conforto é subjetivo, na medida em que

é]

sentir-se autónoma

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há ter em conta qual o significado que cada VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 19

há ter em conta qual o significado que cada

estudo, como é justificado pelas unidades de

pessoa, família ou comunidade lhe atribui

significação: “ (…) [o conforto] permite-nos o

(Leininger, 1995; Malinowski & Stamler, 2002;

bem-estar necessário à qualidade de vida." (E1

Oliveira, 2011; Ribeiro, 2012). Assim sendo, é

26); “ (…) o conforto é… está ligado com um bem-

importante atender à individualidade da pessoa,

estar (…) ” (E3 46); “ (…) [conforto é] momento

de forma a poder intervir de acordo com as

em que se diz, eu estou bem no sítio em que

necessidades de conforto, tal como se evidencia

estou.” (E3 50); “ (…) [conforto é] estarmos bem

nos relatos dos idosos e dos enfermeiros:“ (…) [o

connosco próprios (…) ” (E4 13). A literatura

conforto] percecionado por cada um de nós de

aponta o conforto como um estado de prazer e

forma muito pessoal.” (E1 21); “ (…) o conforto é

de bem-estar. (Ribeiro, 2012)

(…) uma dimensão mais subjetiva (…) para percebermos se realmente está confortável ou

Assim sendo, e segundo o que descrevemos

desconfortável. “ (E1 25); “ (…) o conforto é uma

anteriormente, podemos dizer que no nosso

coisa, para si, como enfermeiro e como pessoa,

estudo encontrámos os seguintes significados,

deve ser outra, e cada um tem a sua definição de

após a análise dos dados:

conforto, e é aí que temos de ir de encontro…”

 Conforto

(E3 44); “ (…) de encontro às minhas expetativas,

está

relacionado

com

a

individualidade (S4)

 Conforto varia de pessoa para pessoa

às minhas necessidades enquanto pessoa, e não tanto de encontro a regras, padrões…” (E5 6)

(S5)  O conforto está relacionado com o bem-

Watson (2002) refere na sua teoria, que o

estar (S6)  Refere-se ao conceito de conforto como

conforto é contextualizado como uma condição que interfere no desenvolvimento interno e

algo difícil de definir (S15)

externo de cada pessoa, tendo em conta os seus valores, desejos, crenças e perspetivas, estando

Ainda

relacionado com a sensação de bem-estar, e

Multifocal/multidimensional do conforto, surgem

assumindo, desta forma, um carácter singular e

as

único.

na

[conforto é] toda a parte espiritual: saber que não

(Ribeiro, 2012), a

estamos sozinhos, saber que há alguém que

conceito

cuida de nós e que gosta de nós, e que está lá

sentido

mesmo só para nos dar a mão, e que, mesmo

quando se reporta a um estado desejável para

que não esteja presencial (…) ” (E8 14);

viver a vida, quando é relacionado com o “Bem-

Dignidade: “ (…) [conforto é] promover a

estar global” e o “Estar bem”, expressões

dignidade da pessoa (…) em fim de vida.” (E1 1);

próximas e similares, do conceito, de acordo com

Tranquilidade: “ (…) [doente] foi ficando mais

os

na

tranquilo.” (E1 8); Serenidade: “ (…) [conforto é]

perspetiva dos enfermeiros intervenientes do

Quando a pessoa (…) consegue alcançar algum

No

investigação

nosso

estudo,

da autora

expressão

também

do

multifocal/multidimensional

resultados,

e

bastante

ganha

expressivas

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na

categoria

subcategorias

da

Expressão

Espiritualidade:

(…)

tipo de serenidade (…)” (E7 13). Encontraram-se VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 20

tipo de serenidade (…)” (E7 13). Encontraram-se

estar com a família, com os entes queridos (…) ”

os seguintes significados no nosso estudo:

(E3 22); “ (…) [conforto é] termos uma boa

 Existe preocupação em promover a dignidade (S1)  O

conforto

ter a minha família perto, poderem permanecer está

relacionado

com

tranquilidade (S2)  O

conforto

estrutura familiar (…) ” (E4 14), “ (…) [conforto é] comigo (…) ” (E6 12); “ (…) o maior conforto tanto para o doente como para a família, eram as

está

relacionado

com

relações [entre pessoas].” (E3 24), assim como ao afeto; sorriso e felicidade: “ (…) [conforto]

serenidade (S3)

 Relacionado com espiritualidade (S20)

estava muito ligado ao afeto (…) ” (E3 31); “ (…) [conforto é] sentir um sorriso todos os dias (…) ”

O facto de uma pessoa ter um sentimento de

(E3 45); “ (…) [conforto é] é sorrir (…) ” (E3 48); “

ligação a um ser superior, à natureza ou a algo

(…) [conforto é] estar feliz (…) ” (E3 49). Pode-se

superior a si mesmo e senti-los ainda como uma

dizer que os atores atribuem significado à forma

força e um apoio, poderá ter benefícios para a

como se relacionam entre as pessoas assim

mesma (Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

como a estrutura familiar que possuem, ou à

Ribeiro, 2008; Ribeiro; 2012). É reconhecido a

oportunidade de a família partilhar momentos

importância em promover a dignidade, numa

importantes, o que lhes leva a um estado de

ação humana sustentada pelos princípios éticos

felicidade, a um sorrir inerente com base na

do respeito da autonomia, da beneficência e da

relação de afeto. É ainda ter oportunidade de

não maleficência, no reconhecimento do Outro e

deixar recordações/memórias para as pessoas

da sua dignidade (Vieira, 2007; Nunes, 2011;

que permanecem vivas após a morte do próprio,

Ribeiro,

estrutura

como reflete a asserção: “ Mesmo que seja em

confortadora, o cuidado que conforta emerge

fim de vida. E saber que, após a nossa partida,

como um processo que é construído e que

que alguém nos há-de recordar.” (E8 15)

2012).

Ainda

nesta

resulta no aumento do conforto (Kolcaba, 2003). Parece fazer sentido olhar o conforto como a

A família apresenta-se como uma entidade

experiência de alívio ou consolo ou, ainda, como

dinâmica, onde as relações de socialização,

sensação de paz, serenidade/ tranquilidade ou

proteção

aconchego, face à vivência de um incómodo ou

dimensão importante (Silva, 2006). As funções

perturbação considerada como desconfortadora.

familiares são inúmeras, nelas pode-se incluir: o

(Ribeiro, 2012)

gerar afeto, entre os membros da família; o

e

apoio

constituem

assim

uma

proporcionar a satisfação, a aceitação pessoal, a A

Expressão

assume

segurança, a estabilidade e ainda o dar apoio e

também um papel relevante no que respeita à

resposta às necessidades básicas, em situação

conceção do conforto, com grande enfoque no

de doença (Ribeiro, 2012). O sorriso é um dos

nosso

relações

sinais de comunicação com sentido universal,

interpessoais: “ (…) o maior conforto (…) era

constitui-se como a expressão facial que melhor

estudo

afetiva

à

(Categoria)

família

e

às

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

rompe

barreiras

e

aproxima

as

pessoas,

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 21

pessoas,

de significação: “ (…) [conforto é] quando está

permitindo por isso estabelecer um mecanismo

(…) bem hidratado (…) " (E2 13); “ (…) um

de vinculação entre as mesmas. Os estudos

padrão de eliminação regular…” (E2 18). Pode-

sobre o sorriso demonstram que o sorriso tem

se dizer que só se consegue atingir um estado

efeito na interação social. Pode considerar-se a

desejável de conforto quando a hidratação ou o

influência

pelo

padrão de eliminação estiver satisfatoriamente

emissor na manifestação do mesmo pelo recetor,

cumprido. Kolcaba (2003) considera o conforto

promovendo um efeito terapêutico, em pessoas

como um estado em que estão satisfeitas as

que se sentem deprimidas ou pessimistas, ou

necessidades humanas básicas. O alívio é o

ainda como uma forma de um maior relaxamento

estado em que uma necessidade foi satisfeita,

(Ribeiro, 2012).

sendo necessário para que a pessoa restabeleça

Honoré (2002) refere que a saúde está no centro

o seu funcionamento habitual. As necessidades

da vida e é condição fundamental para a nossa

evidenciam-se como algo positivo que se pode

existência, estando associada à felicidade e à

relacionar com os desejos e as expectativas

autonomia. Assim, quando os atores referem o

particulares do doente, imprescindível para que a

conforto como um estado de felicidade podemos

pessoa assegure o seu bem-estar e se preserve

dizer que está associado a um estado de

física e mentalmente (Phaneuf, 2010).

autonomia, a um estado de bem-estar, presentes

No Diagrama seguinte podemos observar, de

quer na expressão física quer na expressão

forma resumida, as ideias centrais da Conceção

multifocal/multidimensional do conforto.

de Conforto na perceção do Enfermeiro

rompe

barreiras

do

e

aproxima

comportamento

as

sorriso

Surge ainda a referência pelos atores do nosso estudo, às Necessidades Básicas Cumpridas (Categoria) tal como exemplificam as unidades

Diagrama 1 - Conceção de Conforto: Categorias e Subcategorias JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Brito, D., et al (2017) Retinoblastoma: Palliative care in Children with Delayed Diagnosis Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 24 - 34

REVISÃO SISTEMÁTICA/ SYSTEMATIC REVIEW

ABRIL 2017

Retinoblastoma: Cuidados Paliativos em Crianças com Diagnóstico Tardio Retinoblastoma: Palliative care in Children with Delayed Diagnosis Retinoblastoma: Cuidados paliativos en niños con retraso en el diagnóstico

Autores Débora Brito 1 , Glenda Agra2, Nara Barros 3, Maria Freire 4 1,3

Enfermeira, Brasil,

2

Enfermeira, MsC, PhD student, Brasil, 4Enfermeira, MsC, PhD, Brasil,

Corresponding Author: deborathaise_@hotmail.com

Resumo A prevenção e o controlo da transmissão de infeções assumem-se como um dos principais focos de atuação dos profissionais de saúde. O Clostridium difficile é uma das bactérias presentes na flora intestinal não causando patologias nas pessoas saudáveis, mas com a utilização de alguns antibióticos, que podem interferir no equilíbrio normal da flora intestinal, pode desencadear-se patologia. Esta revisão sistemática da literatura tem por objetivo determinar quais os cuidados a ter para prevenção e controlo da infeção por Clostridium difficile. Palavras-chave: Infeção; Clostridium difficile; Prevenção; Controlo.

Abstract Prevention and control of infection transmission are assumed to be a major focus of activity of health professionals. Clostridium difficile is bacteria present in the gut without causing diseases in healthy people, but with the use of some antibiotics, that can disrupt the normal balance of the intestinal flora can trigger-pathology. This systematic literature review aims to determine what precautions to prevent and control infection by the bacteria referred. Key-words: Infection; Clostridium difficile; Prevention; Control. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


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Introdução

cuidado com qualidade (Avanci & Carolindo,

Os avanços tecnológicos no contexto da

2009). O processo do cuidar/cuidado é inerente

saúde têm trazido grandes contribuições para a resolução de várias doenças que acometem a

à pessoa humana, desse modo precisamos

humanidade, porém ainda há aquelas de baixa

cuidar e sermos cuidados durante o nosso ciclo vital,

resolutividade, como o câncer. O retinoblastoma é o tumor ocular maligno mais frequente na infância, prevalente entre as idades de zero a quatro anos podendo afetar um ou ambos os olhos. Os meios terapêuticos

empregados

radioterapia

entanto

diante

do

processo

de

terminalidade, surge a necessidade de um cuidar peculiar impregnado da valorização do ser. Isto é a essência do cuidado paliativo (Silva & Sudigursky, 2008).

enucleação,

Pacientes com doenças avançadas fora

fotocoagulação,

de possibilidades terapêuticas de cura, não

são

externa,

no

quimioterapia, crioterapia e braquiterapia (Souza

somente em sua fase terminal, mas em todo o percurso da doença, apresentam fragilidades e

Filho et al, 2005). Mesmo com todos os avanços da medicina, o diagnóstico precoce do portador de retinoblastoma é o fator fundamental para o bom êxito da terapêutica e sobrevida. O prognóstico, incluindo a qualidade visual, é excelente quando o diagnóstico é realizado precocemente e o

limitações

específicas

de

naturezas

física,

psicológica, social e espiritual. Esses pacientes constituem uma realidade em hospitais, com sérias dificuldades para os administradores, profissionais de saúde, familiares e para os próprios pacientes. Surge assim a necessidade

tratamento conduzido de forma adequada. Mas

de um modo específico de cuidar (Silva &

ainda há casos em que a desinformação cultural

Sudigursky, 2008; Boemer, 2009). Do ponto de vista de Costa Filho et al.,

de pais e o conhecimento técnico por parte dos pediatras e oftalmologistas leva ao diagnóstico tardio

e,

em

desenvolvimento

consequencia

disso,

de

avançados

tumores

o

(2008) o cuidado paliativo (CP) ou paliativismo, é mais que um método, é uma filosofia do cuidar. O CP visa prevenir e aliviar o sofrimento humano em muitas de suas dimensões. São cuidados

(Antoneli et al, 2003). A criança com doença crônica estabelece

direcionados aos pacientes onde não existe a

um vínculo e uma familiaridade com o ambiente

finalidade de curar, uma vez que a doença já se

hospitalar devido às internações recorrentes e ao

encontra em um estágio progressivo, irreversível

tempo de duração destas. Isso faz com que os

e não responsivo ao tratamento curativo, sendo

profissionais

o

desenvolvam

que

atuam

vínculos

nos e

serviços conheçam

particularidades tanto da família quanto da criança, aprendendo a identificar as suas necessidades

para,

assim,

prestarem

um

objetivo

desses

cuidados

propiciarem

qualidade de vida nos momentos finais (Silva & Sudigursky, 2008; Boemer, 2009; Costa Filho, Costa, Gutierrez & Mesquita, 2008). Uma criança com diagnóstico tardio do retinoblastoma com alta porcentagem de um mau prognóstico (invasão do nervo óptico e/ou túnicas

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 26

oculares) deve receber os cuidados

cuidados paliativos direcionados a crianças com

paliativos, para que tenha uma boa qualidade de

diagnóstico

vida. Tendo em vista a importância do tema em

disponibilizadas em periódicos online da área da

evidência, surgiu o interesse de elaborar um

saúde, por meio de busca eletrônica no site da

estudo

cuidados

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de

paliativos em crianças com diagnóstico tardio de

dados Scientific Eletronic Library Online –

retinoblastoma através de um discurso literário e

SciELO.

buscando

descrever

os

sua aplicabilidade para o conhecimento do profissional de enfermagem.

tardio

em

retinoblastoma,

Os critérios de inclusão para a seleção da amostra foram: que os artigos abordassem a

Levando em consideração a importância

temática investigada, e que apresentassem o

do profissional de enfermagem nesses cuidados,

texto na íntegra. O critério de exclusão adotado

este estudo pretende buscar respostas para os

foi textos com acesso restrito. Neste contexto, a

seguintes

amostra deste estudo foi constituída por 18

podem

questionamentos:

ser

aplicados

Que

em

cuidados

crianças

com

artigos.

retinoblastoma? Em que circunstâncias eles

As etapas operacionais do estudo foram:

podem ser aplicados, no contexto no hospitalar?

escolha da temática; seleção das fontes; critérios

E que cuidados devem ser dispensados a estes

de inclusão e exclusão; seleção dos artigos que

pacientes?

abordavam a temática; extração dos dados dos

Diante

dos

questionamentos

acima

artigos selecionados a partir dos objetivos

levantados, este estudo teve como objetivo:

propostos; agrupamento dos itens selecionados

descrever as ações, no contexto dos cuidados

por categorias e subcategorias; apresentação

paliativos,

dos dados obtidos por meio de análise dos

direcionados

a

criança

com

diagnóstico tardio do retinoblastoma, no contexto

dados.

hospitalar.

Ao término da seleção dos artigos, foi preenchido um instrumento para a coleta de

Método

dados, contendo ano de publicação, nome do

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica

periódico, título do trabalho, área de formação

que segundo Costa (2000), é aquela que

dos pesquisadores e base de dados. Para a

desenvolve a partir de resolução do problema

exploração do texto, a segunda parte do

(hipótese) através das referências teóricas

instrumento foi preenchida com os enfoques

encontradas em livros, revistas e literaturas afins.

dados pelos autores. Portanto, para alcançar os

O seu objetivo é conhecer e analisar as principais

objetivos propostos, elegeu-se a técnica de

contribuições

análise do conteúdo temática, seguindo as

teóricas

existentes

sobre

determinado assunto (Costa, 2000).

etapas de pré-análise, que se constitui da leitura

A pesquisa foi realizada durante o período

flutuante, da classificação e da categorização,

de maio a novembro de 2010 a partir de

com

referências

interpretação dos dados. Desse modo foi

especializadas

relacionadas

a

respectivas

subcategorias;

análise

e

construído em tema de análise, denominado JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 27

construído em tema de análise, denominado

cefalorraquidiano com finalidade de classificar o

“Cuidados

estadiamento do tumor e direcionar o tratamento

Paliativos

em

Crianças

com

Diagnóstico Tardio de Retinoblastoma: Uma

(Antoneli et al, 2003).

Revisão Bibliográfica”.

Existem

diferentes

modalidades

terapêuticas que devem ser propostas de acordo Resultados e Discussão

com o caso. Devem-se sempre considerar

O retinoblastoma (RB) é o principal tumor

fatores locais e sistêmicos na escolha do

da retina que se origina dos retinoblastos

tratamento, como tamanho e localização do

imaturos da retina neural e a neoplasia maligna

tumor intraocular, comprometimento extraocular,

intraocular mais frequente na infância. Ocorre

lateralidade,

entre 1/14.000 e 1/20.000 dos nascidos vivos, de-

clínicas do paciente, presença de doença

pendendo do país avaliado. Mais de 90% dos

disseminada, entre outros (Tamura & Teixeira,

casos são diagnosticados antes dos cinco anos

2009).

de

idade.

Tem

condições

O tratamento depende do estadiamento

Os

da lesão, sendo que a enucleação permanece

primeiros, em geral bilaterais, podendo, ser ainda

como a forma mais comum de tratamento.

unilaterais com múltiplos focos tumorais são

Entretanto os recentes avanços no entendimento

considerados genéticos germinais e hereditários.

do retinoblastoma têm proporcionado novas

Os unifocais, obrigatoriamente unilaterais, são

modalidades de tratamento como quimioterapia

ditos

(endovenosa, subcutânea e intra-arterial) e

multifocal

somáticos

e

genética

visual,

com

apresentação

etiologia

prognóstico

ou

unifocal.

esporádicos

(Erwenne,

Antonelli, Marback & Novaes, 2003).

tratamento local (placa radioativa [teleterapia e

Quando há desconhecimento sobre o

braquiterapia],

fotocoagulação

a

Laser,

retinoblastoma, o tempo para se fazer o

termoterapia transpupilar [TTT] e crioterapia)

diagnóstico

(Souza Filho et al, 2005).

é

maior,

assim

retardando

o

encaminhamento até um centro de tratamento

A enucleação deve ser realizada como

especializado, permitindo que a doença torne-se

tratamento primário em olhos com tumores

mais avançada e as chances de cura diminuam

intraoculares

(Rodrigues & Camargo, 2003).

alterações anatômicas e funcionais. A utilização

avançados

que

apresentam

No caso do retinoblastoma, o diagnóstico

da enucleação como tratamento secundário

definitivo pode ser realizado através de um

ocorre quando não existe resposta ao tratamento

exame de fundo de olho, sob anestesia geral,

primário proposto. Deve-se tentar retirar o globo

tomografia de crânio e órbita, ultrassonografia do

ocular com o maior tamanho de coto de nervo

olho (o exame de ultrassom fornece informação

óptico possível. O coto do nervo é considerado a

sobre o tamanho da lesão e avalia a presença de

margem

calcificação

bastante

avançados da doença, com invasão do tumor na

característico do retinoblastoma), raio-x de

cavidade orbitária e no nervo óptico, podem se

crânio, mielograma e histológico do líquido

apresentar com proptose ocular e restrição da

intralesional,

sinal

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cirúrgica

mais

importante.

Casos

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 28

motilidade ocular (Tamura & Teixeira, 2009).

orientação adequada à família e à escola (Brasil,

Vale ressaltar que a invasão do nervo óptico (N.O) e das túnicas oculares são considerados

importantes

2000). Nessa conjuntura torna-se necessário

achados

ressaltar que uma criança com diagnóstico tardio

histopatológicos relacionados ao prognóstico. A

com alta porcentagem de um mau prognóstico

frequência de invasão do N.O em olhos

(invasão do nervo óptico e/ou túnicas oculares)

enucleados por retinoblastoma varia de acordo

deve receber cuidados especiais, ou seja, os

com a literatura de 25% a 63%. A invasão do

cuidados paliativos.

nervo óptico até o plano de secção cirúrgica é

Segundo Boemer (2009), no Brasil,

considerada como fator de mau prognóstico.

surgem algumas iniciativas no sentido de

Nesses pacientes, a mortalidade varia entre 50%

implementar essa filosofia de cuidado, contudo,

a 81% (Souza Filho et al, 2005).

ainda há muito a fazer para consolidar essa

O

tratamento

do

retinoblastoma

é

abordagem terapêutica. O difícil acesso aos

complexo e requer uma equipe multidisciplinar

serviços de assistência, as falhas nas diretrizes

capacitada para o atendimento do paciente em

das políticas de saúde, a deficiência na formação

todas as etapas do processo. Os objetivos do

de profissionais e, principalmente, a falha de

tratamento são: salvar a vida da criança e,

informação ao paciente, nos confrontam com a

secundariamente, preservar o globo ocular e a

necessidade de controlar a dor, aliviar os

visão (Tamura & Teixeira, 2009).

sintomas, e promover uma melhor qualidade de

O sucesso do tratamento depende da

vida para essas pessoas. Com o avanço

habilidade dos pais e do pediatra em detectar a

tecnológico e a consequente detecção precoce

doença

de doenças, alguns profissionais direcionaram

quando

ainda

encaminhando-a

é

intraocular,

precocemente

ao

seu olhar para essa questão e, dessa forma,

oftalmologista para realização de um exame de

aprofundaram

seus

conhecimentos

nessa

fundo de olho e ao oncologista pediátrico para

abordagem, incorporando o conceito de cuidar e

tratamento adequado ao estádio da doença. A

não de curar.

fim de preservar não só a vida da criança como

O Ministério da Saúde tem expressado

também a funcionalidade do olho acometido

sua preocupação com a necessidade crescente

(Rodrigues, Latorre & Camargo, 2004).

de cuidados paliativos e de controle da dor e a

As crianças portadoras de retinoblastoma

partir dessa conjuntura publicou a Portaria

podem adquirir duas deficiências na fase de

GM/MS nº 19, de 03 de janeiro de 2002, na qual

aquisição de linguagem e desenvolvimento

instituiu o Programa Nacional de Assistência à

neuropsicomotor. A detecção precoce da perda

Dor e Cuidados Paliativos, possibilitando novos

auditiva é fundamental para evitar a progressão

debates acerca da temática e da capacitação

da surdez e permitir ao fonoaudiólogo, como

profissional, além de rever posturas pertinentes

membro

ao cuidado do paciente portador de doença

da

equipe

multidisciplinar,

uma

crônico-degenerativa ou em fase final de vida e JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 29

paliativos (equipe hospitalar, família, e/ou outros)

seus familiares (Brasil, 2008). O que leva um paciente a ser incluído

(Remedi et al, 2009).

num programa de cuidados paliativos é a

Nesse sentido, é preciso refletir sobre a

condição de que, além do tratamento curativo,

inserção da equipe de enfermagem nos CP sob

existem outros sintomas e desconfortos que

a ótica da interdisciplinaridade, visto que o

comprometem sua qualidade de vida; sendo

cuidado é inerente à profissão desde sua

assim,

abordagem

concepção moderna, proposta por Florence

Por

Nightingale.

necessitam

competente

e

de

uma

especializada.

sua

Assim,

percebe-se

que

os

requer

enfermeiros podem ser norteados por essa

ação

diretriz, a ajudar a pessoa em seu momento de

multiprofissional (Remedi, Mello, Menossi &

final de vida, tendo, como fio condutor do cuidado

Lima, 2009).

e a preservação da dignidade dessa pessoa

complexidade,

o

planejamento

cuidado

paliativo

interdisciplinar

e

Astudillo Alarcón et al. (2009) referem que

(Boemer, 2009).

sofrimento

A participação de vários profissionais na

desnecessário, e os CP são direcionados ao

assistência à saúde propicia o envolvimento de

alívio e melhora a qualidade de vida de pacientes

todos os componentes da equipe com a

com dor crônica mantidos por longos períodos,

assistência e favorece melhor disponibilidade

até os últimos dias de vida.

dos profissionais diante de seus pacientes. Estes

o

manejo

da

dor

evita

o

A priorização dos cuidados paliativos e a

por sua vez, encontrarão maior abertura para

identificação de medidas úteis devem ser

expor seus problemas e questionamentos e isto

estabelecidas de forma consensual pela equipe

promoverá a qualidade do acolhimento. A

multiprofissional

humanização

em

consonância

com

o

do

processo

de

acolhimento

paciente, seus familiares ou seu representante

depende também da atuação adequada e da

legal. Após definidas, as ações paliativas devem

receptividade

ser registradas no prontuário do paciente (Moritz

trabalhadores que entram em contato direto com

et al, 2008).

os pacientes (Hoga, 2004).

demonstrada

por

todos

os

Segundo Remedi et al. (2009) uma vez

O cuidar está fundamentado num sistema

que a decisão sobre o tratamento tenha sido

de valores humanísticos universais, tais como

tomada, devem se escolher os elementos dos

amabilidade, respeito, afeto por si e pelos outros.

cuidados paliativos a serem implementados,

Este sistema de valores humanísticos envolve a

devendo a transição entre o tratamento curativo

capacidade de gostar das pessoas, apreciar a

e o paliativo ocorrer de modo gradual. Estas

diversidade e a individualidade. Desse modo,

escolhas

sintomas

entende-se que para cuidar, precisa-se ter por

(medicações e outras intervenções específicas),

base o sistema de valores humanísticos e de

o local do cuidado e da morte (casa, hospital ou

sensibilidade a fim de considerar os sentimentos

outro lugar) e os responsáveis pelos cuidados

diante da doença da criança e do tratamento

incluem

o controle

de

(Pedro & Funguetto, 2005). JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

O que podemos perceber com tudo isso é VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 30

O que podemos perceber com tudo isso é

existam grandes expectativas de um longo prazo

que, as ações paliativas que a equipe de saúde

de vida. Assim, o importante é tornar o cuidado

oferece a estas crianças, estão relacionadas à

humanizado e não se deixar dominar apenas

tentativa de oferecer uma boa qualidade de vida,

pelos avanços tecnológicos e cuidados técnicos.

ou seja, um bem-estar geral. Neste sentido, o

Ser solidário com a dor do outro, saber ouvir, e

termo qualidade de vida, está diretamente ligado

tentar confortar a criança, seus familiares e

ao modo de pensar e de viver de uma pessoa

amigos. Com isso os objetivos dos cuidados

frente às condições culturais, psicológicas,

oferecidos pela equipe multiprofissional são de

espirituais e sociais na qual se encontra

tornar o cuidado mais humanizado e fazer com

inseridas.

que a criança sentia-se mais segura e confiante.

Floriani e Schramm (2008) enfatizam que

O cuidado de enfermagem em oncologia

os cuidado paliativo são fundamentados na

pediátrica vem se especializando e modificando

busca incessante do alívio dos principais

com o passar do tempo. Anteriormente, a família

sintomas

em

não podia acompanhar a criança no processo de

intervenções centradas no paciente e não em sua

hospitalização. Atualmente, a família se faz

doença,

participação

presente e é muito importante neste momento

autônoma do paciente nas decisões que dizem

crítico em que a criança se encontra (Avanci et

respeito a intervenções sobre sua doença); em

al, 2009).

estressores (o

que

do

significa

paciente; na

cuidados que visam a dar uma vida restante com

Cabe

ao

enfermeiro

promover

um

mais qualidade e um processo de morrer sem

cuidado centrado na criança em situação de

sofrimentos (em princípio evitáveis); sofrimentos,

viver/morrer, porém deve-se estabelecer a

estes, frequentemente agregados às práticas

comunicação entre os pais e/ou cuidadores, pois

médicas tradicionais; na organização de uma

a família o componente essencial na promoção

equipe interdisciplinar (Floriani & Schramm,

da saúde e no cuidado à criança, com assistência

2008).

integral (biológica, psicologia, social, econômica, Humanizar

a

experiência

da

dor,

espiritual e cultural). (Avanci et al, 2009).

sofrimento e perda, requer algo a mais da equipe

A comunicação entre a equipe e o

de saúde. O bom humor entre pacientes,

paciente terminal pode reduzir as emoções

familiares e equipe de enfermagem proporciona

negativas como depressão e ansiedade e

construção

promover

de

relações

terapêuticas

que

uma

decrescente

queda

da

permitem aliviar a tensão inerente à gravidade da

perceptividade da dor na pessoa. A ausência de

condição e proteger a dignidade e os valores do

comunicação pode levar o paciente a sentir

paciente que vivencia a terminalidade (Araújo &

solidão, vazio e incerteza. Mostrar-se disponível,

Silva, 2007).

compartilhar com o paciente suas dúvidas,

Nesse contexto percebe-se que a equipe

ansiedades e angústias, demonstrar empatia

multiprofissional tenta promover a essa criança

significa ao mesmo tempo saber ouvir (Costa

uma boa qualidade de vida mesmo que não

Filho, 2008).

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Página 31

Para minimizar ou evitar os traumas da hospitalização

nas

crianças

com

O controle da dor é um fator crucial nos

doenças

cuidados paliativos, pois pode ser incapacitante

crônicas ou em fase terminal, o ambiente

e causar efeitos indeléveis na criança e na

hospitalar não pode se limitar ao leito, devendo a

família. Seu manejo pode ser realizado através

unidade pediátrica fornecer condições que

de

atendam às necessidades físicas, emocionais,

farmacológicas. Dentre as primeiras, destaca-se

culturais, sociais, educacionais e de recreação,

a administração de opioides, não deve ter uso

contendo livros, jogos e brinquedos adequados

limitado no esforço de avaliar a dor (Remedi et al,

para estimular a auto-expressão da criança. Além

2009).

intervenções

farmacológicas

e

não-

disso, é necessário que os profissionais que

A dor ocorre em crianças que vivenciam

assistem essas crianças estejam satisfeitos com

uma série de desconfortos tais como lesões

suas condições de trabalho, fornecendo um

cutâneas, odores desagradáveis, ansiedade,

atendimento humanizado às crianças e seus

insônia, depressão, entre outros. Todos esses

acompanhantes (Lima, Jorge & Moreira, 2006).

diminuem de algum modo sua qualidade de vida,

O enfermeiro que atua nos cuidados

merecendo, assim, a atenção dos profissionais

paliativos precisa saber orientar tanto a criança e

de saúde. À medida que a doença progride maior

sua família quanto aos cuidados a serem

é a necessidade de cuidados paliativos, o que

realizados. Para isso é necessário que o mesmo

torna quase que exclusivos ao final da vida (Silva

saiba educar em saúde, de maneira clara e

& Hortale, 2006).

objetiva, sendo pragmático em suas ações,

A equipe interdisciplinar se propõe a

visando sempre o bem-estar da criança e seu

amparar a criança e seu cuidador/sua família

núcleo familiar. A equipe multiprofissional deve

sempre que necessário, desde o diagnóstico até

trabalhar no sentido de fortalecer a criança e sua

a fase de luto. O luto é marcado como um

família no momento em que é dada a notícia do

momento, uma experiência de resposta ao

diagnóstico, fornecendo informações sobre a

rompimento

patologia, tratamento e, principalmente, oferecer

consciência das perdas, da quebra de relação

uma abertura para que a criança e seus

afetiva,

familiares

extremamente doloroso. Por esse aspecto é que

expressem

seus

sofrimentos,

sentimentos e dúvidas (Avanci et al, 2009). Para as crianças que estão sob os

do

vínculo.

constituindo-se

É em

a

tomada

um

de

momento

o luto assume importância na filosofia de CP e se constitui objetivo de sua ação (Silva, 2008).

cuidado paliativos, o relacionamento humano é essencial no cuidado, pois ampara a fé e a esperança

nos

momentos

mais

Conclusões

difíceis.

Esta pesquisa aprofundou a compreensão

Expressões de compaixão e afeto na relação

e discussão a respeito dos cuidados paliativos

com o outro traz sensação de consolo e

em

realização, além de paz interior (Araújo & Silva,

retinoblastoma,

2007).

envolvidos com a importância de um diagnóstico

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crianças

com na

diagnóstico qual

trouxe

tardio

de

conteúdos

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Página 32

precoce,

cuidados

fora

de

possibilidades

desenvolvimento do enfermeiro que atua nessa

terapêuticas de cura, assistência à criança

área de saúde ligada à criança com doença

oncológica e qualidade de vida.

oncológica

Quando o diagnóstico do retinoblastoma

fundamental

avançada.

Visto

importância

a

que

é

de

presença

de

é realizado tardiamente, conclui-se que a doença

profissionais especializados nessa área. Desta

já estará em seu estado irreversível, assim seu

forma,

tratamento será voltado com a finalidade de

intervenções

paliar e as medidas adotadas para a sua

profissionais, buscando assim, uma melhoria no

terapêutica envolvem cirurgia de enucleação,

sistema desses cuidados.

se

faz

necessário e

novos

treinamentos

estudos, para

os

quimioterapia e radioterapia associadas aos cuidados paliativos, que estão voltados para a

Referências

comunicação verbal e não verbal efetivas, ao alívio da dor, e aos aspectos sociais, psicológicos e espirituais da criança e dos familiares. Percebeu-se com esta pesquisa que os cuidados paliativos trabalham com o sofrimento, a dignidade, o cuidado das necessidades humanas e qualidade de vida pessoas afetadas por uma doença crônica e degenerativa ou em fase final de vida. Com isso, OS cuidados paliativos não estão direcionados só com a criança que está em fase terminal, mas também com seus familiares e amigos. Nessa conjuntura, pode-se dizer que as ações

paliativas

fazem

parte

da

prática

profissional, e estas podem ser prestadas em situações de condição irreversível ou de doença crônica

progressiva,

com

vistas a mitigar

repercussões negativas da doença e melhorar o bem estar geral da criança e seus familiares. Ressalta-se a importância desta pesquisa em contribuir para a assistência prestada à criança, fazendo com que o profissional de saúde reflita a importância dos cuidados paliativos, pois se enfatizou que na abordagem deste cuidado é

Antoneli, C. B. G., Steinhorst, F., Ribeiro, K. C. B., Erwenne, C. M., Novaes. P. E. R. S., Arias, V., Bianchi A. (2003). Evolução da terapêutica do retinoblastoma. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 66(4):401-408. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S000427492003000400002 Araújo, M. M.T., Silva, M. J. P. (2007). A comunicação com o paciente em cuidados paliativos: valorizando a alegria e o otimismo. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 41(4), 668-679. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S008062342007000400018 Astudillo Alarcóna, W., Díaz-Albo, E., García Calleja, J. M., Mendinueta, C., Granja, P., Fuente Hontañóne, C., Orbegozoa, A., Urdanetaa, E., Salinas-Martínf, A., Montianog, E., González Escaladag, J. R., Torres, L .M. (2009). Cuidados paliativos y tratameiento del dolor en la solidaridad internacional. Revista de la Sociedad Espanola del Dolor, 16(4),246-255. Available form: http://scielo.isciii.es/pdf/dolor/v16n4/colaboracio n.pdf Avanci, B. S., Carolindo, F. M., Góes, F. G. B., Netto, N. P. C. (2009). Cuidados paliativos à criança oncológica na situação do viver/morrer: a ótica do cuidar em enfermagem. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, 13(4), 708-716. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S141481452009000400004

necessário assegurar a dignidade da qualidade de vida à criança. Além disso, contribuir para o JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Brasil. (2000). Fundação Oncocentro de São Paulo. Comitê de Fonoaudiologia em Cancerologia. Emissões otoacústicas em VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 33

Cancerologia. Emissões otoacústicas em crianças com retinoblastoma. São Paulo: FOSP.

http://dx.doi.org/10.1590/S003471672006000300008

Brasil. (2008). Instituto Nacional de Câncer. (2008). Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensinoserviço. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA. Available from: http://www1.inca.gov.br/enfermagem/docs/ficha_ tecnica.pdf

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Boemer, M. R. (2009). Sobre cuidados paliativos. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 43(3), 500-501. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S008062342009000300001 Costa Filho, R. C., Costa, J. L. F., Gutierrez, F. L. B. R., Mesquita, A. F. (2008). Como implantar cuidados paliativos de qualidade na unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 20(1), 88-92. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0103507X2008000100014 Costa, S. F. G. et al. (2000). Metodologia da pesquisa: coletânea de termos. João Pessoa: Idéia. Erwenne, C. M., Antonelli, C. B. G., Marback, E. F., Novaes, P. E. (2003). Tratamento conservador em retinoblastoma intra-ocular. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 66(6):791795. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S000427492003000700011

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Souza Filho, J. P., Martins, M. C., Torres, V. L., Dias, A. B. T, Lowen, M. S., Pires, L. A, Erwenne, C. M. (2005). Achados histopatológicos em retinoblastoma. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 68(3), 327-331. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S000427492005000300010 Tamura, M. Y. Y., Teixeira, L. F. (2009). Leucocoria e teste do reflexo vermelho. Einstein, 7(3), 376-382. Available from: http://pt.scribd.com/doc/85277472/leucocoria

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Gonçalves, M. (2017) The Psychosocial Preparation for Retirement (PPR): planning for active aging within different ecosystems of human development. Journal of Aging & Innovation, 6 (13): 35 - 42

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

The Psychosocial Preparation for Retirement (PPR): planning for active aging within different ecosystems of human development A Preparação Psicossocial para a Reforma (PPR): planeamento para um envelhecimento activo nos diferentes ecossistemas do desenvolvimento humano Preparación Psicosocial para el Retiro (PPR): planificación del envejecimiento activo en diferentes ecosistemas del desarrollo humano

Autores Marta Gonçalves 1 1

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Cis-IUL, Lisboa, Portugal, Harvard Medical School

Corresponding Author: marta.goncalves@iscte.pt

Abstract Aim: The aim of this paper is to present an intervention that enables people to continue participating in social, economic, cultural, spiritual and civil matters avoiding isolation and passivity by acting at various levels of human development. Methods: In this paper we will discuss a Psychosocial Preparation for Retirement within the different ecosystems of human development: micro, meso, exo, macro and chrono. Results: This intervention may reduce costs in terms of health, education and social services. Conclusion: To have a happy, comfortable, secure, productive life after stopping working, people need to save enough money and to have developed other interests in order that self-esteem and identity is not only connected with the professional life with specific structure, rhythm and relationships. Keywords: active ageing, retirement, human development, psychosocial preparation, ecosystems, planning, psychological coaching

Resumo: Objectivo: O objectivo deste artigo é apresentar uma intervenção que permite às pessoas continuarem a participar em questões sociais, económicas, culturais, espirituais e civis, evitando o isolamento e a passividade actuando nos vários níveis do desenvolvimento humano. Método: Neste artigo discutiremos uma preparação psicossocial para a reforma nos diferentes ecossistemas do desenvolvimento humano: micro, meso, exo, macro e crono. Resultados: Esta intervenção pode reduzir os custos em termos de saúde, educação e serviços sociais. Conclusão: Para ter uma vida feliz, confortável, segura e produtiva, depois de parar de trabalhar, as pessoas precisam de poupar dinheiro e ter desenvolvido outros interesses para que a auto-estima e a identidade não se limitem à vida profissional com estrutura, ritmo e relações específicos. Palavras-chave: envelhecimento activo, reforma, desenvolvimento humano, preparação psicossocial, ecossistemas, planeamento, coaching psicológico

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Introduction

retirement. Schlossberg (2004) recommends that

According to psychologists who study retirement, to have a happy, comfortable, secure, productive life after stopping working, people need to save

people attend pre-retirement seminars in which the psychological aspects of retirement are discussed in addition to the financial aspects.

enough money and to have developed other interests in order that self-esteem and identity is not only connected with the professional life with specific structure, rhythm and relationships (Qualls & Abeles, 2002). Schlossberg (2004) speaks about the psychological portfolio as a way to get people to think of retirement as a career change. According to the author retirement includes many transitions and there are many factors that contribute to help people negotiate or cope with them, as 1) work and family meaning and

satisfaction,

expectations

and

2)

retirement

timing,

work

planning, and

life

satisfaction, 3) health and financial security sense. Schlossberg (2004) identified six ways of approaching retirement: the continuers (who continue using their skills and interests), the adventurers (who start new skills and interests), the searchers (who explore new skills and interests), the easy gliders (who do not plan their day), the involved spectators (who dedicate their day to society), and the retreaters (who plan their day as holidays). According to Qualls & Abeles (2002), looking at a person’s past, present, and future from a life course perspective, i.e. life as a whole, explains why people differ in their retirement

experience.

The

American

Psychological Association's Committee on Aging has initiated the Life Plan for the Life Span 2012 project,

which

aimed

to

inform

people independently of their age about the new face of aging and retirement through user-friendly tips allowing people to plan for a successful

The example of a southern European country In Portugal, more and more, retired people present increased levels of frustration because private banks lost their savings or State cuts their retirement salary due to financial crisis. If many have to ask social institutions for help to survive, many of them come even to a desperate point where they prefer to take their own life. It is being a social problem where there is a need to intervene in terms of prevention. This prevention shall consider the active ageing approach enabling

people

to

participate

in

social,

economic, cultural, spiritual and civic issues, regardless of their age. Activities can go from travel, hobbies, volunteer work, exercise to other activities as continuing education. In Portugal, society

is

facing

multilevel

development

challenges in terms of ageing. There have been conducted several focus groups (Gonçalves et al., 2016a; Gonçalves et al., 2017) and meetings with different stakeholders (Gonçalves et al., 2016b) and tested different intervention health and clinical methodologies (Gonçalves & Farcas, 2014; Gonçalves, 2014; Gonçalves, M. & Cook, B., 2016; Gonçalves et al., 2016c; Gonçalves, 2017), which allowed us the design of a Psychosocial Preparation for Retirement. The aim of such an intervention is to enable people to continue

participating

in

social,

economic,

cultural, spiritual and civil matters avoiding isolation and passivity by acting at various levels of human development: micro, meso, exo, macro and chrono. This intervention may reduce costs

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health, education and social services.

Demand for services and training in this area is increasing day by day and is becoming a pressing

Description of the Intervention

need in the near future. European societies are in

PPR means in Portuguese Retirement Savings

need of innovative responses. In this sense we

Plan. With the same initial letters we have created

developed

Psychosocial

another type of retirement plan, a psychosocial

Retirement,

a

one, which we call the Psychosocial Preparation

individualized active aging which can be used in

for Retirement. Psychosocial Preparation for

individual or group sessions.

Retirement was developed under the area of

Psychosocial Preparation for Retirement consists

active aging. Active aging is the process of

of three sequential and complementary levels,

enabling

social,

allowing participants in a situation of pre-

economic, cultural, spiritual and civic issues,

retirement or retirement design, to implement and

regardless of their age. Active aging is now an

sustain in monitored way with their psychosocial

area with a strong need for development.

plan for retirement (Table 1).

people

Methodologies

to

participate

supported

by

in

solution

Preparation to

a

planning

for of

cutting-edge

research are needed in this area.

Table 1. Steps of the Psychosocial Preparation for Retirement Approach JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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In the first level – pre-intention level, participants

intentions. Intentions moderate the planning-

get aware of a psychosocial preparation for

behaviour relation, as people with high intentions

retirement

are more likely to enact their plans.

and

work

on

their

retirement

psychosocial level on questions such as who they

The PPR approach could particularly help people

are, what do they want and how do they get there,

improve their retirement satisfaction by improving

time

management,

their quality of life and well-being by helping them

decision making, assertiveness, relationship and

stepwise changing their lifestyle. This intervention

interpersonal communication. In the second level

approach proposes that a strategy for ensuring

– intention level, participants are accompanied in

maintenance of satisfaction in retirement is

achieving their psychosocial preparation for

changing lifestyle based on two theories of the

retirement, that is, their individual active aging

nineties: The Health Action Process Approach

plan. In the third level – action level, participants

and The Human Ecology Theory.

management,

conflict

are invited to choose from a portfolio of activities suggested according to the needs identified

Theoretical Model of Behavioral Change

during the two first levels. According to this

The theoretical model of behavioral change under

intervention,

pre-intention

the PPR approach was developed is The Health

motivation process there is the generation of a

Action Process Approach of Schwarzer (1992), a

motivation, i.e. an intention to change behavior.

model originally developed in the late 80s by the

This first stage is related to risk perception and

integration

perceived self-efficacy. Risk perception is the

reasoned action theories and its application to

awareness of one's own risk in respect of certain

health

problem or the degree of symptoms experienced.

supported

Perceived self-efficacy is the conviction one can

mediators post-intention to overcome the gap

perform certain behaviors despite anticipated

between intention and behavior. It distinguishes

hurdles. The stage of post-intention volition

between the first stage of pre-intention motivation

process is to plan behavioral change even when

processes (risk perception, positive outcome

obstacles arise. This second stage is related to

expectancies and perceived self-efficacy) and the

action and coping planning. Action planning are

second stage of post-intention volition processes

the concrete conditions when, where and how the

(task self-efficacy, maintenance self-efficacy and

target behavior is to be implemented. Coping

recovery self-efficacy as well as action planning

planning are strategies to master efficiently

and coping planning) (Schwarzer & Luszczynska,

possible hurdles and anticipated difficulties.

2008).

According interventions

in

to

the

stage

Wiederman should

target

of

et

al.

of

social-cognitive,

behavior by

change.

empirical

volition

This

evidence,

and

approach includes

(2009)

intentions

as

Theoretical Model of Human Development

precondition or in combination with planning, as

The theoretical model of human development

action planning mediates between intentions and

under the PPR approach was developed is

behaviours when people hold sufficient levels of

Bronfenbrenner

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human

ecology

theory

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(Bronfenbrenner & Ceci, 1994), which states that

methodology allows a person to design, put into

human development and behavior is influenced

practice and fine tune a custom active aging plan,

by the different types of environmental systems:

beyond the achievements of the individual or

micro-, meso-, exo-, macro- and chrono system,

group context where the whole methodology is

being a person simultaneously recipient and actor

conducted.

within them. The micro system is the direct social

intervention in the preparation and experience of

interaction environment of a person, which

retirement

includes

friends,

concept of retirement as a career change,

classmates, teachers, neighbors. The meso

learning the factors that contribute to help them

system is the relationships between micro

negotiate

systems, for example between family and work.

distinguishing ways of approaching retirement.

The exo system is environment between a micro

PPR acts as a career counseling service to

system and a system where the person does not

retirement. Simultaneously, it acts as a health and

have an active role. The macro system is the

clinical intervention for ageing and dementia.

cultural environment of a person, which includes

Losing valuable knowledge or underutilizing

among others socioeconomic status, ethnicity.

capacity has very high costs for organizations.

The chrono system is the life transitions

These issues may anticipate the expected

environment of a person.

number of older people for 2050 (European

social

agents

as

family,

The helps

the

role

of

people

transition

a

psychological

understanding the

to retirement

and

Commission, 2011), helping societies deal with Discussion

this societal challenge. An intergenerational

The aim of this paper was to discuss a

intelligent approach may help aging organizations

psychosocial preparation for retirement within the

find solutions for an optimizing learning as a

different ecosystems of human development. An

bridge

intervention that enables people to continue

organizations already aware of these issues, an

participating in social, economic, cultural, spiritual

intergenerational intelligent approach may help

and civil matters avoiding isolation and passivity

further maximizing the benefits of knowledge

by

human

exchange between workers as to prevent the loss

development. It presents benefits for the private

of critical knowledge and skills, improve older

and public responsibility of care concerning

worker mobility, increase older and younger

aging. These benefits are related to the work on

worker competence and stimulate innovation. We

psychological

have

acting

at

various

levels

processes

under

of

behavioral

between

been

generations.

witnessing

physical, psychological, social, spiritual, financial,

countries and another for older people-friendly

family and leisure. With this approach we may

countries. The piece of the puzzle that seems to

answer the question of what are the specific

be missing is the call for all ages-friendly

needs for the older community in terms of the

countries (Gonçalves et al. 2016a). There is a

integration

need of an intergenerational approach in the

people.

The

PPR

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for

two

simultaneous

older

one

worldwide

those

change in seven areas of health. These are

of

calls:

For

child-friendly

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Página 40

of

cognitive conditions, physical health data. We

intersectional public policies in sectors such as

might also think about the creation of a

education, social services, child, youth, family,

Specialization on Psychosocial Preparation for

health and welfare, employment, economy,

Retirement Leadership as it is a determinant of

environment and culture. A continued political

wellbeing having benefits for education, work,

leadership

health and human development and is influenced

design

of

public

to

maintain

coordination. Government,

policies.

A

An

agenda

collaboration

partnership

ministries,

local

and

and

between

by

gender,

ethnicity,

religious

national

immigration history, marital status, employment

government, non-governmental organizations,

situation,

employers and trade unions, research institutes

economical factors and health. The creation of a

and centers, media, civil society, learning centers

new figure or department in organisations of

and promoters of intergenerational practice

intergenerational

experts. The more efficient use of human,

proficient in human development knowledge,

physical and financial resources will impact public

effective

policies in terms of economy and employment,

partnership,

society, life-long learning and health & social

integration, adequate assessment tools, and

services.

the

reflection with care of bringing generations

youthcracy paradigms, we have at the moment

together for mutual benefit could also help to

worldwide an opportunity for an intergenerational

research

learning paradigm, where reciprocal relationships

organizational intergenerational intelligence.

with benefit for all generations are privileged and

Besides

intergenerativity

This

exemplifies the experimental and innovative

intergenerational learning paradigm calls for an

character in retirement psychosocial preparation

intervention public policy for all ages sustained in

practice and learning, in Portugal there is also an

time

the

innovative intervention under the new reciprocal

sustainability of communities, and promotes birth

learning paradigm (Gonçalves et al., 2016c) and

and active aging, supporting families (Gonçalves

a

et al., 2016b).

intergenerational policies (Gonçalves et al.,

that

After

the

gerontocracy

is

stimulates

and

possible.

cohesion,

favors

geographical

background,

practice

experts

communication,

and this

In

intervene

in

practice-based

group a

hearing

on at

socio-

who

are

compromise

interdisciplinary

working

2016b).

proximity,

knowledge

the

area

initiative

advocacy the

of that

for

Portuguese

Policy, Practice and Research Implications

Parliament on a Law Resolution in January 2015

The potential practical implications for this type of

(Gonçalves, 2015), there was a call for the need

programme are significant, considering the

for an integrated intergenerational dialogue and

increasing ageing population worldwide. This

of

approach if used in different cultures, including

(Gonçalves et al., 2016b). Although more

immigrants, may be also useful to compare

research in the area is needed, this paper

profiles between countries, e.g. psychosocial

enabled us to take an initial look at how we can

situation: mental health indicators, worries in age,

innovate in this area. It is a methodology of social

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an

integrated

active

ageing

approach

responsibility profit and non-profit organisations VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 41

responsibility profit and non-profit organisations

Gonçalves, M. (Janeiro, 2015). Por um Portugal

should adopt. For example, it could be part of

Amigo de todas as Idades. Audição 224-CECC-

human resources practices. In an exploratory

XII da Comissão Parlamentar de Educação,

study to understand whether and to what extent

Ciência e Cultura. Resolucão n.o 87/2014,

employees’ commitment is or may be influenced

Aprofundar a protecção das crianças, das

by the organization in a country under Troika

famıĺ ias e promover a natalidade. Assembleia da

austerity (Gonçalves et al., 2017b), results were

Républica Portuguesa. Lisboa, Portugal.

consistent

with

literature

pointing

that

organisational commitment consists of a narrow

Gonçalves, M., Caramelo, S., & Almeida Ribeiro,

link between employees and their company and

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Página 42

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and

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Nogueira, A., Azeredo, Z. (2017) What is lacking for the elderly in today’s society?, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 43 - 52

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

O que falta aos idosos na sociedade atual? What is lacking for the elderly in today's society? Lo que falta para las personas mayores en la sociedad actual?

Autores Assunção Nogueira 1 , Zaida Azeredo 2 1

Escola Superior de Saúde Vale do Sousa, IPSN, IINFACTS, CESPU, PhD 2 RECI, Instituto Piaget, PhD

Corresponding Author: assuncaonog@gmail.com

Resumo Com este estudo pretendemos conhecer as necessidades do idoso no contexto da sua vivência, na opinião dos cidadãos. Pretendeu-se identificar inexistências de recursos na sociedade para o seu bem estar. Da análise de conteúdo, podemos constatar que as necessidades dos idosos são múltiplas: de acessibilidade aos cuidados e serviços de saúde, falta de apoios sociais, inexistência de equipamentos na comunidade, habitação desadequada, recursos económicos escassos, levam a que este grupo seja descriminado /isolado da sociedade culminando, no próprio, com sentimentos de solidão. Todas estas necessidades requerem uma atenção particular e exigem medidas políticas não só para aquisição de equipamentos e serviços na comunidade, mas também de educação para a saúde e cidadania, desde muito cedo, com participação ativa dos idosos na vida em sociedade. Palavras chave: Envelhecimento, qualidade de vida, educação. Resumen Con este estudio se pretende conocer las necesidades de las personas mayores en el contexto de su experiencia, en la opinión de los ciudadanos. Se tenía la intención de identificar los recursos inexistências en la sociedad por su bienestar. El análisis de contenido, podemos ver que las necesidades de los ancianos son múltiples: la accesibilidad a la atención y servicios de salud, la falta de apoyo social, la falta de equipo en la comunidad, la vivienda inadecuada, los escasos recursos económicos, significan que este grupo se discrimina / aislado de la sociedad culmina en sí mismo, con la sensación de soledad.Todas estas necesidades requieren una atención especial y requieren medidas de política no sólo para la compra de equipos y servicios en la comunidad, sino también la educación sanitaria y la ciudadanía, desde una edad temprana, con la participación activa de las personas mayores en la sociedad. Palabras clave: envejecimiento, calidad de vida, de educación. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Introdução

incapacidades a vários níveis e que acarretam

O envelhecimento demográfico é algo ímpar na

muitos gastos para a economia do país. Os

Humanidade e tem sido um tema que tem

documentos

preocupado

sociedade.

demonstram uma contínua preocupação face ao

Ninguém tem dúvidas de que o período que

aumento exponencial da população idosa e aos

atravessamos é histórico pelas transformações

impactos que imprimem nos territórios sociais,

sociodemográficas que assistimos. A população

referindo-se

está a envelhecer e vai continuar a envelhecer

problema.

rapidamente, nas próximas décadas. Os países

Ao considerar-se um problema social, a velhice,

do sul da Europa, nos quais se incluem Portugal

passou também a ser um foco de interesse e a

e Espanha, estão a sofrer um envelhecimento

mobilizar gente e meios para este grupo. Os

mais acelerado do que outros países da

investigadores passaram a ter uma atenção

Comunidade Europeia, o que dificulta uma

especial com o fenómeno do envelhecimento e

adaptação da sociedade a uma percentagem

com os idosos, afim de encontrarem soluções

elevada e em crescendo de idosos e a uma nova

para os seus problemas. O envelhecimento da

imagem social por estes desejada e que também

população marca o contexto atual nos variados

é real.

domínios da sociedade contemporânea, impondo

Alexandre Kalache, médico Brasileiro, diz que

repensar conceitos, práticas e visões pessoais e

estamos em plena “revolução da longevidade”,

sociais (Barbosa, C. s/d). Para que se possam

pelo que é urgente encontrar soluções das

tomar medidas políticas e sociais torna-se

diferentes instituições sociais e politicas para

importante conhecer a opinião da própria

responder de forma ajustada às necessidades e

população.

interesses das pessoas idosas.

Assim, propusemo-nos realizar um estudo afim

Se por um lado é gratificante verificarmos que as

de conhecer a opinião da população sobre o que

melhores condições de vida, o apoio na saúde, o

falta ao idoso tendo em atenção o seu bem-estar.

vários

desenvolvimento

setores

cientifico

da

e

oficiais

ao

e

alguns

envelhecimento

autores

como

um

tecnológico,

trouxeram mais anos de vida às pessoas, por

Metodologia

outro, infelizmente, o aumento da longevidade,

Realizamos um estudo exploratório, com uma

não vem acompanhado de ações públicas e

amostra intencional a 121 pessoas, com idades

politicas que assegurem melhor qualidade de

compreendidas entre os 13 e os 86 anos (média

vida, no futuro, às pessoas mais idosas (Walker,

41,42 anos; desvio padrão de 22,405). Era nosso

2002).

interesse perceber o que pensam as pessoas

No mundo ocidental, onde nos situamos, ainda

sobre o que falta aos idosos para obterem bem-

são valorizadas a otimização da economia e da

estar. Os indivíduos foram abordados em

produtividade, remetendo para um segundo

diferentes ruas de Famalicão, cidade suburbana,

plano os idosos por serem considerados um

do distrito do Porto, Portugal, na primeira semana

grupo

de Dezembro de 2016.

vulnerável,

não

produtivo,

com

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Página 45

Utilizamos

um

questionário

de

1.Serviços sociais e de saúde

autopreenchimento, dividido em duas partes, na

No parecer dos indivíduos, os recursos de saúde,

primeira constituído por questões abertas, que

são escassos constituindo para muitos idosos um

nos permitiu caracterizar os informantes sócio

problema por acarretarem custos para o mesmo,

demograficamente (idade, sexo, estado civil,

pois têm de percorrer longas distancias para

escolaridade e profissão) e na segunda parte do

acederem aos cuidados médicos e só recorrem a

questionário constituído por questões abertas

estes quando se sentem doentes. No estudo

sobre a opinião do local de residência se tem

realizado por Louvison (2008) este verificou que

condições para garantir o bem estar aos idosos e

a maioria dos idosos estudados apresentam altas

dar resposta às suas necessidades.

taxas de utilização de serviços de saúde, mas os

Os dados foram tratados recorrendo-se à técnica

que menos os utilizam, indicam como razões: a

da análise de conteúdo, de onde emergiram

distância a percorrer, os custos e questões

classes categoriais, construídas à priori e à

relacionadas com a gravidade da doença.

posteriori, que dessem resposta ao propósito do

Para os idosos a necessitarem de algum tipo de

nosso trabalho. Analisamos individualmente as

apoio os informantes referiram que os apoios

respostas de cada questão extraindo unidades

socias são inexistentes ou insuficientes para este

de registo elucidativas das classes categoriais

grupo etário dadas as muitas necessidades que

(Bogdan & Biklen, 1994). Antes de acederem ao

têm.

estudo os participantes foram informados e

vestuário, higiene pessoal, asseio da residência

esclarecidos do propósito do mesmo, garantindo-

para além de companhia, foram algumas razões

lhes também o anonimato e a confidencialidade

apontadas. Este

dos dados. Os indivíduos participaram de forma

referido para idosos que já têm algum tipo de

voluntária e esclarecida. Deste modo, honramos

incapacidade ou são dependentes de terceiros

e

para a realização dos seus autocuidados. Este

respeitamos

todos

os

princípios

éticos

inerentes a este tipo de pesquisa. Resultados

Apoio

na

preparação

de

refeições,

apoio social é sobretudo

tipo de apoio pode ser formal, (quando prestados por profissionais de saúde e/ou sociais inseridos numa rede de serviços, estatais ou privados/ de

Das 121 pessoas inquiridas 60,3% eram do sexo

solidariedade social) ou informal quando a ajuda

feminino e 39,7% do sexo masculino A média de

é obtida a partir de familiares vizinhos ou amigos.

idades foi de 41,4 anos. 31,4% possuía o ensino primário ou não tinha escolaridade; 51,2%

2.Equipamentos na comunidade

possuía o ensino secundário e 17,4% o ensino

Embora

superior.

comunidade dirigidos a idosos, nomeadamente

As respostas obtidas, depois de analisados os dados, incidiram sobre os seguintes problemas a que urge dar solução:

lares,

existam centros

muitos de

dia

equipamentos ou

de

na

convívio,

proporcionados por instituições particulares de solidariedade social e outras organizações privadas apoiadas (ou não) financeiramente pelo Estado, eles continuam a ser insuficientes para

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Estado, eles continuam a ser insuficientes para

O mesmo estudo diz que as condições em que

darem resposta à população idosa existente. Há

se encontram os passeios têm um impacto

locais na periferia de Famalicão que não dispõe

evidente sobre a possibilidade de as pessoas

de quaisquer equipamentos. Por outro lado, foi

andarem na sua zona de residência. Assim,

referido pelos informantes que os existentes

passeios estreitos, desnivelados, rachados, com

apoiam-se num modelo de intervenção que é o

bermas altas, congestionados ou com obstáculos

mesmo de há muitos anos, o que leva a que os

representam perigos potenciais e afetam a

idosos não os queiram frequentar pois não

capacidade dos idosos para se movimentarem.

correspondem ao que pretendem em relação às

Em muitas cidades, são mencionadas as

atividades de que dispõem. Por outro lado estes

barreiras

representam para muitos idosos como o “estar

desencorajar os idosos de saírem de casa (OMS,

acabado” e “esperar a morte” existindo relutância

2007).

ao

acesso

físico,

que

podem

em frequentá-los. A criação de atividades de entretenimento, quer

3.Habitação do idoso inadequada

nas instituições quer na própria comunidade,

Foram poucas as pessoas que se referiram à

dirigidas a idosos foram algumas sugestões

habitação do idoso, mas os que se pronunciaram

fornecidas. Também foi referida a necessidade

sobre esta referiram que as habitações dos

de mais espaços verdes (parques e jardins)

idosos são no geral degradadas e sem condições

acessíveis a este grupo, assim como passeios

para uma pessoa viver com dignidade. As

que acompanhem as ruas e rampas e/ou

escadas de acesso à habitação em edifícios ou

elevadores nos serviços públicos.

em casas, condições sanitárias degradadas, por

“Envelhecer em casa” será para muitos idosos a

serem casas antigas e sem manutenção,

sua, quase única opção, pois existem inúmeras

compartimentos muito pequenos e casas de

barreiras no ambiente exterior e no acesso aos

banho sem condições, foram alguns dos aspetos

edifícios públicos.

apontados.

fundamental

Estes

sobre

a

têm um

impacto

mobilidade,

a

É na sua habitação que muitos idosos preferem

independência e a qualidade de vida dos mais

permanecer mesmo depois de ficarem sozinhos,

velhos. Num estudo realizado pela OMS (2007)

pois é aqui que encontram os seus objetos

em várias cidades do mundo concluiu-se que

particulares e as suas memórias pessoais

existem obstáculos que impedem que os idosos

(Nogueira, 2016). A habitação é fundamental

utilizem os espaços verdes. A existência de áreas

para a segurança e o bem-estar. Vários aspetos

em que as pessoas possam sentar-se é

do projeto de uma casa são considerados fatores

geralmente considerada pelos idosos uma

que determinam a possibilidade dos idosos

característica urbana necessária: para muitos

viverem em casa com conforto (OMS, 2012).

idosos. É difícil andar nas zonas onde vivem se

Podemos sublinhar que é importante para os

não houver locais onde possam descansar

idosos viverem em casas construídas com

(OMS, 2007).

materiais adequados e com: estruturas sólidas;

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superfícies planas; elevador, caso se trate de um

Pese embora estas constatações estatísticas,

edifício com vários andares; casa de banho e

existem evidências de que a estrutura e dinâmica

cozinha adequadas; espaço suficiente para

familiar

permitir a movimentação; passagens e portas

sociedade moderna. A mulher, com papel de

suficientemente largas para permitir a circulação

cuidadora na família tradicional, passou a

de uma cadeira de rodas; e equipada de modo a

trabalhar fora de casa, a mobilidade social e a

oferecer

educação muito díspar entre gerações (pais e

proteção

contra

as

condições

climatéricas (OMS, 2012).

tem

sofrido muitas

alterações

na

filhos), estabelece uma clivagem no seio familiar e fá-las desintegrarem-se; sucedendo de uma

4.Família

forma idêntica em relação à grande assimilação

Quando se referiram à família enquanto suporte

de novos valores, atitudes, condutas ligadas à

ao idoso, alguns informantes, relataram que

industrialização, à cidade e ao prestígio dos

estes são abandonados e têm falta de afeto dos

estranhos (Nogueira, 1996, cit Martins, 2005).

filhos existindo uma quebra de laços emocionais

Todas estas transformações levam a que a

ou então, estes negligenciam os cuidados aos

família não seja capaz de resolver os problemas

pais, que desta forma não são apoiados nas

que se colocam hoje aos idosos como satisfazer

AVD, “como eram os idosos de antigamente”,

as necessidades físicas (alimentação, habitação

quando o idoso tem necessidade desse apoio

e outros cuidados), psíquicas (como autoestima,

pelas várias incapacidades que foram surgindo.

comunicação e pertença a um grupo) (Martins

A família é a célula básica da sociedade e a ela

2005). Muitos idosos por não terem suporte

são atribuídas várias funções. Se corresponde ao

familiar estão confinados à institucionalização.

que a sociedade espera dela, cumprindo as suas

Também aqueles que são cuidados no seio

funções, diz-se que a família é funcional, se pelo

familiar, podem levar a um enorme desgaste

contrário não cumpre com os papeis que lhe são

físico e emocional do cuidador, repercutindo-se

destinados poderemos estar perante uma família

isto no bem-estar do idoso. Esta situação,

disfuncional mais ou menos grave (Azeredo &

depende do grau de incapacidade do idoso, do

Matos, 1998, cit Martins, 2005). Embora a família

tempo de prestação de cuidados, da preparação

continue a querer cuidar dos seus membros

do cuidador para desempenhar o papel e da

idosos e os idosos também prefiram ser cuidados

acumulação de funções. Este fenómeno é

por eles (Nogueira & Azeredo, 2016) nem sempre

comumente

hoje é possível tal situação, necessitando, por

cuidador familiar (Nogueira & Azeredo, 2016).

designado

por

sobrecarga

do

vezes de ser complementados por instituições estatais ou privadas. No entanto, as estatísticas

5.Ageismo

demonstram que os idosos que necessitam de

O ageismo (também chamado idadismo)

cuidados são, na maioria, cuidados pelos seus

refere-se essencialmente às atitudes que os

familiares (Paúl & Fonseca, 2005).

indivíduos

e

a

sociedade

têm

frequentemente com os demais em função JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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da idade (Goldani 2010). Utiliza-se este termo

solidão é sentimento subjetivo, relacionado com

para designar algumas formas de discriminação

a qualidade da interação social. Existem alguns

em relação aos idosos. Quando questionados

motivos para que este sentimento se instale no

sobre o que pensam do ageismo, a esmagadora

idoso: perda de papéis sociais, problemas de

maioria não sabe o significado do termo. Os

saúde, reforma, isolamento social, entre outros

respondentes referiram que “é triste pensar que

(Freitas, 2011). Nos nossos registos foram

alguém pode ter este tipo de atitude em relação

apontados como causas para a solidão nos

aos idosos, sendo que toda a gente vai

idosos e para o seu isolamento, o abandono dos

envelhecer” ou “uma falta de respeito pela

filhos, o estarem sós e isolados de tudo e de

experiencia que a idade traz e a forma como

todos (em zonas rurais), a falta de afeto e

pode ajudar a juventude” ou “são desprezados

compreensão, a pobreza, o já não poderem

depois de uma vida de trabalho” e ainda “a

trabalhar devido a terem problemas de saúde e

discriminação é um dos grandes problemas,

consequentemente a diminuição da mobilidade.

cada vez mais os idosos estão a ser alvo de

Onde existe falta de comunicação, participação

descriminação”. Palavras como o falta de

social ativa e afetiva pode existir o sentimento de

respeito,

foram

solidão. Julgo que os informantes associam a

registadas pelos inquiridos. As conceções de

solidão a estas perdas de que o idoso está

velhice nada mais são do que resultado de uma

sujeito.

construção social e temporal feita no seio de uma

A solidão surge não só em idosos que estão sós

sociedade com valores e princípios próprios

e isolados mas também no seio das famílias e

(Schneider & Irigaray, 2008). A nossa sociedade

nas instituições (Freitas, 2011), pela diminuição

nega, aos velhos, o seu valor e importância

da sua auto estima, pela redução de contatos

social. Vivemos numa sociedade de consumo

sociais e afetivos, provocando no idoso um

onde a produtividade, o belo e o novo são

enorme sofrimento. Este é considerado como

valorizados. Nesta realidade os idosos são

uma

descartáveis,

problemáticas a que se torna urgente responder

discriminação

passam

e

a

desprezo

ser

vistos

como

ultrapassados ou já fora de moda.

das

experiências

mais

penosas

e

(Azeredo & Afonso, 2016). O isolamento dos idosos foi um problema

6.Solidão e Isolamento do idoso

referenciado como associado a questões de falta

Os mais jovens e os adultos têm a perceção de

de afetos entre as diferentes gerações, a

que a solidão é um sentimento muito presente

dificuldades de acessibilidades e de recursos.

nos mais velhos. É muito comum fazer-se uma

Desta análise somos levados a referir que se por

associação direta entre a velhice e a solidão,

um lado, a falta de apoio familiar e social aos

visto que se considera normal a existência deste

idosos, a falta de apoios sociais às famílias

sentimento por parte do idoso.

cuidadoras, tendem para o isolamento, por outro

Embora isolamento e solidão não sejam

este isolamento também é devido às condições

sinónimos o isolamento pode levar à solidão. A

da habitação e acessibilidade ao exterior, que

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agregadas

ao

declínio

da

autonomia

VOLUME 6. EDIÇÃO 1

e


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agregadas

ao

declínio

da

autonomia

e

quando se refere que a segregação dos idosos é

mobilidade, contribuem ainda mais, para o

apenas uma questão doméstica.

agravamento do problema do isolamento e

Para

consequentemente para a solidão dos mais

informantes

idosos.

educação desde idades muito jovens, em que

reduzir

estes referem

conflitos ser

os

nossos

necessária

uma

exista mais diálogo e convívio intergeracional. 7.Conflitos intergeracionais

Segundo Lopes (2008, p.26) “o diálogo entre

Este tema, embora com algumas opiniões

gerações contribui para uma nova consciência

divergentes, foi o que mais suscitou o interesse

comunitária, na medida em que desenvolve as

dos participantes deste estudo. São atribuídas

relações interpessoais, quando entram em

como causas de conflitos entre as gerações mais

contacto com novas vivências de diversos modos

velhas e a mais novas: a falta de respeito,

de

paciência bem como a falta de tempo dos mais

intergeracionais renovam opiniões e visões

novos em querer entender e compreender os

acerca do mundo e das pessoas”. A Declaração

mais

intergeracionais

de Québec sobre a solidariedade intergeracional,

acompanham a história da humanidade. Numa

assinada em 1999, dá enfase à necessidade de

sociedade de evolução muito rápida estes

cultivar relações harmoniosas e produtivas entre

tornam-se mais evidentes porque os idosos,

as

apesar do seu esfoço, têm dificuldades em

humana, a paz e a justiça social (Declaração de

acompanhar e adaptar-se a essa evolução. Há

Quebéc, 1999, cit Teiga, 2012). A UNESCO, em

preconceito sobre o que o idoso ainda pode fazer

2000, defende a criação de programas para a

e pensar. Para um dos informantes : “acham que

inclusão

os idosos são inúteis e não se adaptam às novas

comunidade. Incentiva os estados a financiar

gerações”.

estes programas porque tanto trazem benefícios

As relações sociais são uma parte do bem-estar,

para os mais velhos como para os mais novos.

estimulando a mente e o pensamento, tendo, por

Para os idosos procuram minimizar as perdas do

isso,

múltiplos efeitos positivos na fase da

processo de envelhecimento, ao promover a

velhice. O ser humano é um Ser social com

inclusão e a sua valorização para além de

necessidade de manter e desenvolver relações

desenvolver

sociais. Embora não tenha sido referido que os

transmissão dos conhecimentos, habilidades e

conflitos intergeracionais ocorrem com maior

valores humanos a outras gerações. Para os

frequência no seio da família, parece-nos que é

mais novos procura-se promover interações

mesmo no seio da família que eles surgem mais

diferenciadas, promover aquisição de saberes

frequentemente, pois os nossos informantes

através da educação Informal transmitidas pelos

referiram-se inúmeras vezes aos filhos ou netos.

mais velhos, despertar nas crianças um novo

Esta ideia é corroborada por Deber (2001)

olhar sobre as questões do envelhecimento,

velhos.

Os

conflitos

pensar,

gerações,

agir

e

para

social

e

sentir.

As

favorecer

a

relações

dignidade

desenvolvimento

competências

ao

nível

da

da

estimular e recuperar brincadeiras e jogos JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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tradicionais, desenvolver nas crianças novas

apontadas na literatura como causa dos maus

aptidões e promover a educação ao longo da vida

tratos aos idosos.

(Teiga, 2012). Atividades intergeracionais são consideradas mais desejáveis que atividades

9. Status económico

voltadas

Essas

Nesta categoria encontramos registos como

oportunidades são propiciadas compartilhando-

“falta de recursos por falta de dinheiro”, ”baixas

se espaços e instalações.

reformas ou pensões para as necessidades” ou

apenas

para

idosos.

“pobreza” que nos indicam que os indivíduos 8.Maus tratos a idosos

inquiridos percecionam a população idosa com

Um dos problemas dos idosos identificados pelos

um status económico baixo e com dificuldades de

nossos informantes foram os maus tratos.

satisfazerem as suas necessidades diárias. O

Embora não se tivessem referido às várias

rendimento de muitos idosos e a pobreza,

formas de maus tratos foi evidente que o

independentemente da idade, exclui as pessoas

“abandono pela família” em geral e o “abandono

da sociedade. De facto a população idosa tem,

pelos filhos” em particular,

foram os mais

de uma forma geral, recursos económicos muito

referidos. Também frases como o “serem

escassos. Nesta fase da vida quando surgem

esquecidos” ou “serem mais sujeitos a agressões

problemas de saúde as privações são múltiplas,

e a roubos” assim como “não terem os cuidados

traduzindo-se numa má qualidade de vida pois

de que necessitam” foram citados. Neste

afeta várias necessidades do individuo como:

contexto o termo “maus-tratos” faz referência à

alimentação,

agressão física, à falta de cuidados físicos, bem

condições habitacionais, capacidade de escolha

como ao abandono emocional. De uma forma

e participação entre outras. Quando existem

geral podemos dizer que o mau trato a idosos,

carências elas são sinergéticas. Nenhuma

refere-se a um comportamento destrutivo dirigido

carência ocorre de forma isolada. A pobreza

ou à falta de ação apropriada a um adulto idoso

inevitavelmente leva à exclusão social, que se

e que ocorre, geralmente, num ambiente de

traduz para além da falta de meios essenciais a

confiança e cuja frequência, ato único ou

uma boa qualidade de vida dificuldades também

repetido, acarreta sofrimento na pessoa (Nações

de acesso a bens sociais e à participação social

Unidas, 2002). Independentemente de o abuso

que são mais graves quanto mais doente a

ser praticado no contexto familiar ou institucional

pessoa for, ou quando existem ruturas familiares.

vestuário,

transportes,

saúde,

os seus efeitos na pessoa são semelhantes. Os idosos sujeitos a maus

tratos tendem a

Notas finais

desenvolver atitudes de culpa, baixa auto-estima,

No presente trabalho pretendeu-se saber,

isolamento social e entram mais facilmente em

qual a opinião dos cidadãos, acerca do que

depressão,

faz falta aos idosos no

sofrem

perturbações

do

sono,

contexto onde

reforçam as suas dependências e o estigma

vivem. Não foi nossa intenção extrapolar os

social (Dias, 2005). Inúmeras fragilidades são

resultados para a sociedade em geral, no

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Página 51

entanto julgamos que este seja um retrato do que pensam as pessoas sobre as necessidades dos idosos. Nas respostas obtidas identificamos várias condicionantes do bem-estar do idoso,

Bogdan, R., & Biklen, S. (1994) Investigação qualitativa em educação- uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

quer a nível de recursos de saúde e sociais de apoio,

quer

a

de

Conselho de Europa, (2002), Recomendação

as

1582 (2002) I (I). El maltrato de las personas de

preferências dos idosos, quer a nível do apoio às

edad: Reconocer y responder al maltrato de las

suas famílias, assim como discriminação social

personas de edad en un contexto mundial,

tendo em conta o fator idade, exacerbando

Nações Unidas, Conselho Económico e Social.

entretenimento

conflitos

nível

de

atividades

direcionadas

intergeracionais.

para

Os

recursos

económicos escassos deste grupo parecem ser

Debert, Guita Grin (1999) A Reinvenção da

um determinante decisivo para o seu bem-estar.

Velhice. São Paula: EDUSP.

Muitos idosos são maltratados no seu contexto de vivência. Todos estes condicionantes exigem

Dias, I. (2005). Envelhecimento e violência contra

medidas políticas não só para aquisição de

os idosos, in Sociologia, Revista da Faculdade de

equipamentos e serviços na comunidade, mas

Letras do Porto, n.º 15, pp. 249-273.

também de educação para a saúde e cidadania com participação ativa do idosos na vida em sociedade (Azeredo, 2016).

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Católica,

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Página 52

acesso aos serviços de saúde entre idosos do

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atualidade:

O

aspetos

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