Edição completa abril de 2017

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Botticelli, La Primavera, "Allegory of Spring" (1485-87)

VOLUME 6 . EDIÇÃO 1


EDITORIAL ABRIL 2017 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT Qualidade de Vida é a palavra de ordem! filosofia, a economia, a psicologia, a pedagogia, O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 Fruto do acaso, quer seja directa ou a medicina e a enfermagem. HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT indirectamente, o tema central desta edição é a Ainda assim, o conceito de qualidade de O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 2015 Dezembro 2014

qualidade de vida, quer estejamos a falar das

vida não tem obtido a concordância dos diversos

questões relacionadas com a dor crónica, ou o

autores que sobre ele se têm interessado. Uns

final de vida, sem esquecer o impacto de certas

colocam a tónica no bem estar económico, outros

condições

do

no sucesso, outros ainda no desenvolvimento

retinoblastoma, que mesmo nas situações de

cultural e/ou nos valores éticos. Pela revisão da

“final feliz” acarreta alterações significativas na

literatura, nota-se que todos eles se preocupam

qualidade

Também

com um bom nível de saúde e desenvolvimento

importante e condicionante desta qualidade de

humano, o que tem servido de base a inúmeras

vida, que têm vários planos, várias dimensões,

reflexões e discussões sobre esta tão polémica

que tal como a saúde, deve de ser vista como um

temática.

clinica

de

vida

como

é

da

o

pessoa.

caso

continuum, no qual o individuo se situa, é a

Muitos são portanto os investigadores

questão da mudança do status comportamental e

que se têm debruçado sobre o conceito de

económico do individuo, pelo que a análise da

qualidade de vida. Embora se verifique alguma

preparação psicossocial do individuo para a

controvérsia nas diversas abordagens a este

reforma tem toda a pertinência, na medida em

conceito, encontram-se no entanto muitos pontos

que todas estas alterações no modo de vida do

em comum. As diferenças encontradas acerca do

individuo, são também determinantes sob ponto

conceito

de vista da actividade do individuo e sob ponto de

Organização Mundial de saúde, em 1974, a

vista

de

propor a seguinte definição: “... trata-se da

pensamento, a avaliação das reais e completas

percepção, por parte de indivíduos ou grupos, da

necessidades

papel

satisfação das suas necessidades e daquilo que

também preponderante, visto que estas podem

não lhes é recusado nas ocasiões propícias à sua

surgir a vários níveis e muitas vezes com forte

realização e à sua felicidade” ( Couvreur, 2001,

impacto na qualidade de vida do individuo e em

p.43).

económico também.

sentidas,

Nesta

assume

linha

um

especial do idoso. Várias

qualidade

de

vida,

levou

a

De acordo com a mesma autora, a têm

qualidade de vida compreende simultaneamente

manifestado interesse e que se têm debruçado

um aspecto subjectivo e objectivo. Porém, para

sobre

se demarcarem de uma concepção que apenas

o

são

de

conceito

as

de

ciências

qualidade

que

de

vida,

manifestando como preocupação fundamental

seria

aspectos que contribuem para o bem estar do ser

substituir a expressão qualidade de vida por bem

humano. Dessas áreas científicas destacamos a

estar subjectivo, dizendo este respeito à forma como

objectiva,

cada

alguns

indivíduo

autores

se

sente

preferem

física

e

psicologicamente e nas suas relações com o


EDITORIAL ABRIL 2017 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT e psicologicamente e nas suas relações preocupações para o planeamento e O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IMAGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C com o meio (Couvreur, 2001). desenvolvimento dos programas terapêuticos. ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 2015 qualidade de vida Numa outra perspectiva, também um Contudo a avaliação de uma Dezembro 2014

grupo da Organização Mundial de Saúde

global tem um valor limitado. É necessário criar

considera a qualidade de vida como a percepção

instrumentos que forneçam informação sobre

dos indivíduos da sua posição na vida, no

domínios específicos, de modo a permitir que os

contexto da cultura e sistema de valores em que

profissionais

está

problemáticas, avaliem as suas práticas e

inserido, sua relação

com os seus

de

saúde

planeiem

interesses (Orley, 1994; Amir, 1994).

qualidade de vida. Além disso, são necessários

revisão

da

aumentar

a

torna-se

instrumentos que avaliem a satisfação subjectiva

evidente que a qualidade de vida é uma

nesses domínios, bem como a importância que

preocupação

no

esses domínios têm para as pessoas. Ainda

âmbito da prevenção da doença, na promoção da

assim é significativo verificar que directa ou

saúde e no desenvolvimento dos indivíduos.

indirectamente

premente,

literatura

para

áreas

objectivos, expectativas, padrões de vida e

Pela

intervenções

identifiquem

especialmente

Perante tais evidências é inquestionável que a qualidade de vida está directamente relacionada com a saúde e a política deste sector, pois, tal como defende Joyce (1994), a

a

preocupação

pela

qualidade de vida reflecte-se cada vez mais nas práticas de saúde adoptadas e na evidência produzida. Bem Hajam!

qualidade de vida é uma meta indiscutível, mas não deveria ser entendida como uma qualidade boa ou má em si mesma. A autora refere ainda que embora a utilização do termo seja um tanto neutra, assume sempre que o tratamento

Vítor Santos, RN, CNS, MsC Centro Hospitalar do Oeste Director

Geral,

São

Peregrino

Centro

Especializado de Tratamento de Feridas

melhorará a qualidade de vida. Nesta perspectiva, parece não restarem quaisquer dúvidas quanto à responsabilidade

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Gonçalves, M. (2017) A video-based intergenerational approach for the destigmatisation of chronic pain, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 5 - 10

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

A video-based intergenerational approach for the destigmatisation of chronic pain Uma abordagem intergeracional baseada em vídeo para a destigmatização da dor crónica Un enfoque intergeneracional basado en video para la destigmatización del dolor crónico

Autores Marta Gonçalves 1 1

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Cis-IUL, Lisboa, Portugal, Harvard Medical School

Corresponding Author: marta.goncalves@iscte.pt

Abstract In Europe it is estimated that one fifth of the population suffer from chronic pain. However, it seems that society is not yet prepared to understand the people who suffer from chronic pain. To live twenty-four hours with pain and project the day according to pain is still often associated with laziness or no willing to work. In order to start in Europe a process of destigmatisation of chronic pain and better access to specialized units for this, this paper intends to discuss the potential of creating a ten-minute video about the experience of living with chronic pain. For the construction of the video "intergenerational living with chronic pain" there is a need to conduct focus groups with various informants as patients of different ages, family members, health professionals, education professionals and human resource managers. This video could be a reliable tool for further testing and use, not only in clinical practice and training of professionals, as well as of lay people. Keywords: video-based intervention, destigmatisation, chronic pain, intergenerational

Resumo Na Europa, estima-se que um quinto da população sofra de dor crónica. No entanto, parece que a sociedade ainda não está preparada para entender as pessoas que sofrem de dor crónica. Viver vinte e quatro horas com dor e projectar o dia de acordo com a dor ainda é muitas vezes associado com a preguiça ou não disposição para trabalhar. Para começar na Europa um processo de destigmatização da dor crónica e melhor acesso a unidades especializadas para isso, este artigo pretende discutir o potencial de criação de um vídeo de dez minutos sobre a experiência de viver com dor crónica. Para a construção do vídeo "vivência intergeracional com dor crónica" há necessidade de conduzir grupos focais com vários informantes como pacientes de diferentes idades, membros da família, profissionais de saúde, profissionais de educação e gestores de recursos humanos. Este vídeo pode ser uma ferramenta confiável para futuro teste e utilização, não apenas na prática clínica e formação de profissionais, bem como de leigos. Palavras-chave: intervenção baseada em vídeo, destigmatização, dor crónica JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Introduction

(Cohen et al, 2011), and the self-stigma,

Ten years ago, chronic pain was a major

also called internalised stigma (Hegarty &

European health care concern with almost 20%

Wall, 2014; Waugh, Byrne & Nicholas,

of European adults suffering from moderate to

2014). The social stigma associated with

severe chronic pain (Breivik et al., 2006).

chronic pain refers to negative beliefs about

Although this pain affects their social and

chronic pain by the population in general

professional quality of life, only a small part of

(Cohen et al., 2011). The social stigma often

them seeks a pain specialist and receives

reflects a lack of knowledge about chronic

adequate

different

pain, negative attitudes and discrimination

nowadays? It seems not. In order to start in

conduct. This is especially important as the

Europe a process of destigmatisation of chronic

improvement of knowledge and skills, also

pain and better access to specialized units, the

called literacy, on chronic pain, can lead not

present paper aims to discuss the creation of an

only to better results but also help to

intergenerational ten-minutes video about the

increase readiness to help seeking and

experience of living with chronic pain, which can

overcome the stigma associated with

later serve as tool to be tested in different

chronic pain. Research has shown that self-

contexts as health, education, work and social.

stigma is conceptually different from social

This work aims to simultaneously answer two

stigma (Hegarty & Wall, 2014; Waugh,

questions. On the one hand "How can we make

Byrne & Nicholas, 2014). While social

chronic pain visible so that others understand

stigma works at a social level, self-stigma is

us?" and on the other "How can we be sure that

a process at the individual level. Self-stigma

the person is not lying about chronic pain?".

occurs when people according to public

care.

Is

the

situation

stereotypes, internalize stigmatizing ideas about chronic pain and begin to believe they

Social stigma and self-stigma that

have less value than others, which can lead

accompanies it, associated with chronic

to self-devaluation, silence and loss of

pain is culturally constructed, emanating

social opportunities. Combined, the social

from social structures and knowledge,

stigma and self-stigma constitute a vicious

attitudes and behaviors of people (Chapple

cycle and an obstacle to seeking help. As a

et al., 2004; Jacoby et al., 2005; Taft et al.,

result

2009). Negative attitudes towards people

discrimination, people can choose to avoid

with chronic pain are learned early by

the stigma of not looking for institutions that

influences such as the school and the

potentiate the mark, such as pain clinics or

media.

they may be afraid of being judged as weak

Stigma

and

These

discrimination

negative

attitudes

and

behaviors affect professional help seeking

of

experienced

and

anticipated

and incompetent.

and life in community. In chronic pain there is a social stigma, also called public stigma JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Intergroup contact

depression. Although there is in Portugal for more 1)

than a decade a National Plan to Fight Pain and

education, 2) contact - defined as face to face

pain clinics within hospitals across the country, it

contact between members of the general public

seems that society is not yet prepared to

and people with chronic pain who are able to keep

understand people who suffer from chronic pain

their commitments to school and employment,

such

and 3) protest - the reactive strategy, for example,

fibromioalgia, back pain, neuropathy, among

protests advocacy groups in relation to inaccurate

others. It is estimated that one third of the

and hostile representations of chronic pain.

population suffer from chronic pain in Portugal,

Although in studies on mental illness (Corrigan et

not only women and the elderly, but also men and

al. 2012; Yamaguchi et al., 2013) it was found that

children. To live twenty-four hours with pain and

programs that emphasize the contact were the

project the day according to pain, as being for

most successful in improving long-term attitudes,

example not always able to climb stairs in the

concerning chronic pain no previous intervention

morning, continues to be often associated with

contact video that directly address access and

laziness or not willing to work. According to

quality of health care on chronic pain through

people living with pain it is an invisible disease

experiences reported by peers with chronic pain

("the pain is not seen, not measured, is silent, is

is known. The theoretical model of social

subjective") as it is not easy for the others to

psychology which heads the development of

realize. According to the others, how can you be

intervention proposed here is the theory of

sure that the person is not lying just to have low

intergroup contact (Allport 1954), revised by

or missing classes. There is also a strong

Pettigrew & Tropp (2006). Pettigrew & Tropp

criticism of mothers with chronic pain who can not

(2006) point out that the four contact ideal

get to lap the children or just can breastfeed lying

conditions proposed by Allport as the same status

down, not to mention the inability to perform a

between the groups in the situation, common

normal delivery. Just how great the interference

goals, cooperation between groups and legal

of chronic pain in the intimacy of a couple.

support, facilitate the reduction of prejudice but

Research over the years proved that along with

are not mandatory. This theory was tested in

the

earlier interventions that attempted to reduce the

mindfulness, mental training, meditation, self-

stigma associated with mental illness (Corrigan et

hypnosis or relaxation is extremely effective and

al., 2012; Yamaguchi et al., 2013).

in Portugal there has been a remarkable job

The

destigmatization

strategies

include

as

those

medication

with

the

rheumatoid

brain

control

arthritis,

through

towards a better doctor-patient relationship and A southern European case

communication and a better self-management of

In Portugal there are still many myths and

pain as to play chess or self-help groups. Chronic

prejudices in relation to chronic pain in the

pain is a complex phenomenon with increased

population that hinder access to health care and

and extended response to a harmful stimulus or

consequently generate suffering, disability and

response to stimuli normally not harmful, which diagnosis and subsequent intervention require

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diagnosis and subsequent intervention require

with chronic pain" it is of great relevance to

analysis

in

analyse these focus groups in terms of content

psychological and social factors in addition to

(Bardin, 2009) by Mayring reduction method

biological. There are different tools to measure

(2000) with all ethical rigor and anonymity

pain perception by the adult patients (Breivik et

guarantee in accordance with international

al., 2006;. Cleeland & Ryan, 1994; Keller et al.,

standards (American Psychological Association,

2004) as the Visual Analogue Scale ("no pain"

2002; European Federation of Psychologists'

and

the

Associations, 2005) and national standards (The

numerical rating scale with 0 = no pain and 10 =

Portuguese Psychologists, 2011). This analysis

the worst pain).

allows us to know the meaning of living with

According to the Portuguese General Directorate

chronic pain, characteristics or behaviors of best

of Health, effective pain management is a right of

living with chronic pain, offers in Europe to better

patients who suffer from it, a duty of health

live with chronic pain, biggest challenge due to

professionals and a key step in the effective

chronic pain, ideal to live better with chronic pain,

humanization of health facilities. The education of

greatest daily life need due to chronic pain and

patients

pain,

activities daily offered to people with chronic pain.

analgesic medication and self-control of pain.

This analysis can serve as basis for the movie

However, it seems that access to health care

script

remains difficult: on average, a person takes nine

significance with a unit of chronic pain.

years to reach a unit of chronic pain, largely

Discussion

because of the stigma associated. This delay

To actively contribute to a better understanding

favors the development of so-called "pain

and treatment, the aim of this paper was to

memory”, the phenomenon of persistence of pain

discuss a reliable tool for further testing and use,

after the injury is already healed.

not only in practice and clinical training of

and

respective

"maximum

pain

includes

intervention

imaginable"

self-assessment

and

of

covering

positive

experience

and

professionals, as of lay people of different ages in Intergenerational living with chronic pain

different contexts as health, education, work and

To understand perceptions and create new

social. The intervention in the stigma associated

knowledge,

and

with chronic pain through the use of video is

representations on the same subject (Gaskell,

promising as a quick and inexpensive way to

2002) to achieve the proposed objective, it is

improve access to treatment of chronic pain in

helpful in a first moment to conduct focus groups

Europe. This type of intervention, of easy and

with multiple informants with daily contact with

rapid administration in various contexts, can be

chronic pain as patients of different ages, family

used first in a pilot study and then climb up a

members,

education

randomized clinical trial a larger sample to verify

professionals and human resources managers of

that the video causal effect persists for a long

small, medium and large organizations. For the

period. Based on the differences of individualism

construction of the video "intergenerational living

and collectivism across cultures (Hofstede,

exploring

health

different

professionals,

views

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2001), the test of similarities and differences in

treatment. European journal of pain, 10(4), 287-

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287.

seeking help for chronic pain between countries is also of great interest for a model on stigma,

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Rodrigues, B., Sousa, P. (2017) The comfort of the person at the end of life in a domiciliary context – Nurse’s Perception, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 11 - 21

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

O CONFORTO DA PESSOA EM FINAL DE VIDA EM CONTEXTO DOMICILIÁRIO – PERCEÇÃO DO ENFERMEIRO THE COMFORT OF THE PERSON AT THE END OF LIFE IN A DOMICILIARY CONTEXT – NURSE´S PERCEPTION EL CONFORT DE LA PERSONA EN EL FINAL DE SU VIDA EN CONTEXTO DOMICILIARIO – LA PERCEPCION DEL ENFERMERO

Autores Bruno Rosa Rodrigues1 , Patricia Pontífice de Sousa 2 1

MHC, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa, 2 PhD, MHC, CNS, RN, Universidade Católica Portuguesa, Lisboa

Corresponding Author: brunorosa1@hotmail.com

Resumo Introdução: O conforto emerge como uma necessidade desejável ao longo da vida constituindo um elemento chave na prestação de cuidados de enfermagem ao doente Paliativo. Confortar assume-se como um ato complexo. Implica estar atento a todas as manifestações de desconforto, tendo em conta todas as dimensões do ser humano, a fim de promover medidas para alívio do sofrimento. Proporcionar o conforto é uma das principais funções e um desafio para a prática dos cuidados de enfermagem. (Ribeiro & Costa, 2012). Objetivo: Compreender a perceção do enfermeiro relativamente ao fenómeno do conforto da pessoa em final de vida, em contexto domiciliário. Material e Métodos: Foi realizado um estudo descritivo de abordagem qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas a 8 participantes enfermeiros. A metodologia utilizada para o tratamento de dados foi a análise de conteúdo. (Bardin, 2014) Resultados: O fenómeno do Conforto, na sua conceção, encontra sentido em quatro categorias: a expressão física; a expressão multifocal/multidimensional do conforto; a expressão afetiva e as necessidades básicas cumpridas. Conclusão: explorar o fenómeno do conforto em relação à pessoa em fim de vida em contexto domiciliário constitui-se determinante para o cuidado ajustado ao alívio do sofrimento. Assente numa abordagem humanista-afetiva, o processo de conforto é mediado pela interação enfermeiro-doente/família reforçando-se a importância que o enfermeiro assume na implementação de cuidados confortadores. Palavras-Chave: Conforto; Fim de Vida; Contexto Domicílio; Enfermeiro; Cuidados Paliativos.

Abstract Introduction: Comfort is a key element in the provision of nursing care to patients with Palliative Care. Comfort is a complex act. To promote comfort is to be attentive to all manifestations of distress, to take into account all dimensions of the human being and to provide measures for the relief of suffering (Morse, 2000). We can see that there is no clear definition for the concept of comfort, however, it is unanimous that this emerges as a lifelong need in health and illness, therefore, providing comfort is one of the main functions and a challenge for the Practice of nursing care (Ribeiro and Costa 2012). Objective: The objective of this study is to understand the nurses' perception regarding the comfort of the person at the end of life in a home context, identifying the comfort conception for the nurse with respect to the person at the end of life. Material and Methods: A qualitative, descriptive study was carried out through semi-structured interviews with 8 participants. The methodology used for data processing was content analysis. (Bardin, 2014) Results: After analyzing our data, we can say that, in terms of Comfort Design (Domain), four categories were found: Physical Expression, Multifocal / Multidimensional Expression of Comfort, Affective Expression and Basic Needs Fulfilled ). Conclusion: The main contribution of this study is to explore the Autores phenomenon of comfort with regard to the end-of-life person in a home context, reinforcing the importance that nurses assume in the Dados curriculares implementation of comforting care. Based on a humanistic-affective approach, the comfort process is mediated by the nurse-patient / family interaction. Keywords: Comfort; End of life; Residence; Nurse; Palliative care.

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Página 12

Introdução

dimensões (física, psicoespiritual, sociocultural e

Cuidados paliativos são cuidados prestados a

ambiental), concretamente promovendo mais

doentes em fase avançada da doença incurável

energia, força, esperança, controle sobre si

com grande sofrimento. De acordo com a

mesmo, felicidade (Oliveira, 2011; Sousa, 2014).

definição da Organização Mundial de Saúde

Oliveira (2011), reafirma que o conceito é mais

(2004), tal, consiste numa “abordagem que visa

do que a ausência de desconforto, na medida em

melhorar a qualidade de vida dos doentes – e

que

suas famílias – que enfrentam problemas

experimentando algum grau de desconforto - a

decorrentes de uma doença incurável e/ou grave

existência prévia de desconforto pode ser uma

e

condição possível mas não necessária para

com

prognóstico

limitado,

através

da

o

doente

pode

sentir-se

confortado,

prevenção e alívio do sofrimento, com recurso à

experimentar conforto.

identificação precoce e tratamento rigoroso dos

Também Ribeiro (2012), ao estudar a natureza

problemas não só físicos, como a dor, mas

do processo de conforto do doente idoso crónico

também dos psicossociais e espirituais”.

em contexto hospitalar, salienta que o processo

O conforto é um fator de cuidado e elemento

de conforto é mediado pela interação enfermeiro-

chave na prestação de cuidados de enfermagem

doente idoso e sua família, integrado numa

ao doente Paliativo, sendo promovido pelas

abordagem humanista-afetiva. O agir integrador

intervenções de enfermagem (Kolcaba, 2003;

e intencional do enfermeiro é um ponto essencial

Sousa, 2014). Muitas definições de conforto

para dar resposta às necessidades de cuidados,

surgem na literatura, estando de acordo com a

especificamente de conforto do doente idoso

perspetiva de cada autor. Kolcaba (2003),

crónico (Sousa, 2014).

considerou o conforto como um fenómeno de

O

importância

enfermagem,

Enfermeiro, acerca da dimensão confortadora

contextualizado ora como um objetivo da

ligada à pessoa que necessita de cuidados em

enfermagem ora como um estado relativo ao

final de vida no Domicilio é algo que devemos

doente,

de

considerar. Na verdade, sabemos não só que os

compreendê-lo na sua multidimensionalidade do

conceitos se desenvolvem a partir da experiência

processo de cuidar (Sousa, 2014). Como um

e assumem um papel fundamental na clareza do

resultado dinâmico, resulta de intervenções que

fenómeno como também, o enfermeiro é o

procuram

profissional

básica

para

destacando

a

satisfação

a

a

importância

das

necessidades

desconhecimento

de

sob

saúde

a

que,

perceção

pelas

do

suas

básicas, contextualizando-se relativamente aos

competências assume um papel preponderante e

estados de alívio, tranquilidade e transcendência

privilegiado no cuidado à pessoa humana que

(Kolcaba, 2003; Sousa, 2014).

vivencia situações de sofrimento e desconforto

São várias as investigações que procuram

(Sousa, 2014).

explorar o conforto da pessoa ao longo do ciclo

Sendo o conforto não só uma necessidade

de vida com resultados que evidenciam maior

desejável bem como um elemento chave na

fortalecimento

prestação de cuidados de enfermagem ao

da

pessoa

nas

diferentes

doente/família em fim de vida e, não existindo JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Página 13

uma definição clara para este conceito, importa

Uma vez que pretendemos compreender a

investigar qual a perceção do enfermeiro no que

perceção do enfermeiro no que diz respeito ao

respeita à conceção do conforto da pessoa em

conforto da Pessoa em final de vida em contexto

final de vida no domicílio.

domiciliário e, tendo em conta a complexidade e especificidade deste processo, o recurso à

Métodos Nesta

entrevista

investigação

fundamental. A entrevista realizada surgiu com

enfermeiro

um formato próprio a fim de recolher dados

relativamente ao fenómeno do conforto da

descritivos na linguagem do próprio sujeito,

Pessoa

permitindo ao investigador a descoberta e

Qual

em

a

perceção

final

de

a

pareceu-nos

seguinte

questão:

definimos

semi-estruturada

do

vida

em

contexto

domiciliário?

sistematização da informação pela possibilidade

Trata-se de um estudo exploratório, descritivo

de explorar, aprofundar e clarificar alguns pontos

com uma abordagem qualitativa

onde se

do discurso dos informantes, permitindo uma

procurou compreender a perceção do enfermeiro

melhor explicitação das suas vivências. Desta

no que diz respeito ao conforto da pessoa em

forma

final de vida em contexto domiciliário. Com a

intuitivamente uma ideia sobre a maneira

finalidade de refletir acerca do fenómeno do

como os sujeitos interpretam aspetos vividos

conforto

dimensões,

relacionados com o fenómeno (Ribeiro,

considerámos alguns aspetos no processo de

2012;Bardin, 2014). A busca do sentido que

nas

suas

múltiplas

seleção dos participantes (Minayo, 2004), tendo sido

a

nossa

amostra

não

probabilística/intencional de acordo com os objetivos

e

o

propósito

da

investigação,

selecionando os sujeitos que eram prestadores

torna-se

possível

desenvolver

os atores dão aos acontecimentos foi essencial a fim de compreender o significado que cada sujeito atribuiu ao fenómeno do conforto. Considerando a natureza do estudo

de cuidados no domicílio à pessoa em final de

– qualitativo – o consentimento informado

vida com os seguintes critérios de inclusão: (i)

constituiu um processo contínuo, exigindo a

possuir formação básica em Cuidados Paliativos;

reavaliação e renegociação por parte dos

(ii) ter experiência profissional com mínimo de um

participantes

ano em Cuidados Paliativos;(iii) trabalhar na

enfermeiros se mostrado recetivos ao nosso

Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados

pedido de participação no estudo. Assim, foram

Paliativos do Hospital da região; (iv) consentir de

considerados sistematicamente os princípios

livre vontade participar no estudo. Assim, para a

éticos do consentimento informado, da não

investigação foram selecionados 8 Enfermeiros

maleficência, da beneficência, da autonomia e da

de um Hospital nos arredores de Lisboa, que

justiça; as regras morais da fidelidade, de

tivessem experiencia de prestação de cuidados

veracidade e de confidencialidade, e ainda o

no domicílio a doentes em fim de vida.

direito

dos

do

estudo,

participantes

tendo

à

todos

os

informação,

à

privacidade e à autodeterminação (Holzemer, 2010). JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Página 14

As

entrevistas

decorreram

num

espaço

unidades de significação (também chamadas

destinado a esse fim (na sala de realização de

unidades

Conferências Familiares do Hospital), em hora

significativas), de acordo com o que foi referido

marcada pelos informantes. No momento da

pelo sujeito. As unidades de significação são

entrevista

o

frases ou proposições que se relacionam com o

entrevistador e o entrevistado, sendo que antes

fenómeno em estudo, deste modo, e de forma a

de se iniciar a entrevista foi explicado o objetivo

organizarmo-nos no futuro, a cada unidade de

da

significação foi atribuído um número que em

estavam

mesma

consentimento

presentes

assinando-se

livre

e

o

apenas

termo

esclarecido.

de

Cada

conjunto

de

com

registo

o

ou

código

declarações

atribuído

(E),

entrevista teve uma duração que oscilou entre os

possibilitava a localização dessa unidade de

20/30 minutos.

significação (E1 1, E1 2, …). O desenvolvimento

Todas as entrevistas foram submetidas a análise

de um sistema de codificação foi, assim,

de conteúdo para o tratamento de dados.

importante

Inicialmente lemos e relemos várias vezes os

codificação a fim de classificar os dados

dados obtidos em cada uma das entrevistas a fim

descritivos

de se obter uma compreensão do conteúdo geral

procurámos questionar a relação que existia

das mesmas, excluindo todo o verbatim que se

entre cada unidade de significação e o fenómeno

apresentava mais distante do nosso estudo. A

em estudo, procedendo à formulação dos

leitura dos dados permitiu identificar certas

significados através da descoberta do significado

palavras,

se

de cada unidade de significação (unidades de

destacavam permitindo identificar formas dos

contexto). O significado permitiu evidenciar o

sujeitos pensarem os acontecimentos. Assim,

sentido presente nas descrições originais, não

aos segmentos do texto que não interessavam foi

devendo cortar a ligação com a descrição

atribuído o código “ (…) ”, e as palavras utilizadas

original. A cada um dos significados formulados

para clarificar algum aspeto foram colocadas

foi também atribuído um código, letra “S” que se

entre “[ ]”. Aos silêncios e pausas que surgiram

agrupou ao código já existente ficando: E1 S1, E1

ao longo da entrevista atribuiu-se o código “…”

S2, etc.

Para tratar o material foi necessário codificá-lo,

As diferentes fases de análise de conteúdo,

correspondendo a uma transformação segundo

organizam-se

em

regras precisas, transformando o texto transcrito

cronológicas:

pré-análise

em bruto das entrevistas, em unidades de registo

entrevista realizada); exploração do material

e unidades de contexto.

(através da codificação); tratamento de dados, a

Todos os nomes dos participantes (enfermeiros)

inferência e a interpretação, as quais foram

foram ocultados e substituídos por códigos, não

seguidas no nosso estudo. (Bogdan, 1991;

constando nos anexos de caracterização dos

Bardin 2014). A análise dos dados permite-nos

mesmos. Assim, a cada entrevista foi atribuída a

obter um esquema compreensivo da relação

“letra de código” (E), tendo sido dividida em

entre os diferentes temas encontrados no

frases

que

se repetiam

ou

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constituindo-se

categorias

recolhidos.

torno

de

Posteriormente

de

várias

etapas

(transcrição

da

decorrer da análise da informação. VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 15

no decorrer da análise da informação.

dos enfermeiros revelam o pensamento e a ação

De forma a garantir os princípios éticos inerentes

dos

ao processo de investigação foi, inicialmente,

considerando a particularidade dos seus pontos

realizado o pedido formal de autorização à

de vista e incluem as formas como os sujeitos

Direção Clinica e Direção de Enfermagem do

compreendem os conceitos, considerando a

Hospital, tendo sido dado um parecer favorável à

perceção que deles é feita na relação com os

realização do mesmo. Para tal, foi solicitada a

elementos relacionados com o ideal ou com o

apresentação do guião

aos

verdadeiro significado (Carpenter, 2002). Atribuir

termo

de

significado é dar sentido à sua forma “autêntica”,

esclarecido.

O

enfermeiros,

assim

consentimento

da entrevista

como

livre

o

e

atores

procurando

de

cuidados

compreender

-

um

enfermeiros-

determinado

consentimento informado aos participantes do

fenómeno (Watson, 2002). As conceções são as

estudo (Enfermeiros) foi assinado, após terem

unidades fundamentais, de sentido ou da

sido informados dos objetivos do trabalho, da sua

compreensão do fenómeno, de acordo com a

finalidade, do tipo de participação solicitada, dos

intenção dos atores em contexto e apresentam-

meios a usar – como a áudio gravação –

se como parte integrante da descrição do mesmo

esclarecendo o direito de não-aceitação e de

(Ribeiro, 2012).

desistência caso assim o entendessem, sem

Após a análise dos nossos dados em estudo,

qualquer repercussão negativa para os próprios.

podemos dizer que no que respeita ao fenómeno do conforto (Tema) na relação com a sua

Resultados e Discussão

Conceção encontradas

de

Conforto

quatro

(Domínio)

categorias

foram

(Expressão

Tal como referimos, reunir a informação em

Física; Expressão Multifocal/multidimensional do

unidades

processo

Conforto; Expressão Afetiva e Necessidades

significados

Básicas Cumpridas) das quais emergiram várias

encontrados foram sendo agrupados dando

subcategorias, as quais vamos explicar com

origem às Categorias e Subcategorias, as quais

detalhe

serão referidas ao longo deste ponto, de forma a

Expressão Física (categoria), o enfermeiro

explicitar o fenómeno em estudo. Na discussão

atribui importância ao alívio/controlo da dor

dos

de

(Subcategoria) assim como o controlo de outros

apresentação das mesmas, procurando, deste

sintomas físicos, como consta nas asserções: “

modo, descrever a estrutura essencial do

(…) [conforto é estar] sem dor ou sem outro

fenómeno do conforto na ligação à perceção dos

descontrolo de sintomas… É mais ao nível da

oito participantes (Enfermeiros) contextualizado

dor…” E2 15; “ (…) [conforto é estar] sem

na conceção do Conforto da pessoa em final de

agitação… (…) " (E2 17). Relativamente às

vida em contexto domiciliário.

subcategorias Estado de alívio/controlo de

As conceções de “Conforto”, que no nosso

dor; Controlo Sintomático e Ausência de

estudo estão relacionadas com as conceções

agitação, refletem os seguintes significados

estruturante

estruturais,

foi

complexo.

resultados

um Os

seguiremos

a

ordem

em

seguida.

Verificamos

que

na

encontrados: relacionado com dor controlada JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Página 16

encontrados: relacionado com dor controlada

processo que era normal, era uma rotina anterior

(S8); relacionado com controlo do sintoma

(…) ” (E3 33)

agitação (S9); relacionado com sintomas físicos

O estudo do significado e dos atributos de

controlados (S19).

conforto

A investigação evidencia que os enfermeiros têm

Expressão

um papel fundamental no alívio/controlo da dor

Conforto, assumindo diferentes características

uma vez que lidam com os desconfortos dos

definidoras

doentes (Sousa, 2014). O conceito é identificado

Subcategorias: Espiritualidade; Serenidade;

numa relação estreita com o controlo e com a

Individualidade/Subjetividade; “Estar-Bem”;

ausência de dor, considerados, desta forma,

“Bem-estar

como sinónimos. A experiência dolorosa é um

Tranquilidade. O Conforto é caracterizado por

fenómeno individual. A conceção de conforto

ser um conceito muito subjetivo e por isso

pode adquirir significado de um estado de alívio

individual, por questões relacionadas com o

ou de encorajamento conotado com um sentido

sentido da vida ou por uma sensação de “Bem-

positivo o que vem corroborar com a investigação

Estar”

já realizada (Kolcaba, 2003; Tutton & Seers,

tranquilidade desejáveis a estado pleno de

2003; Oliveira, 2011; Ribeiro, 2012): " (…)

Dignidade. Os enfermeiros referem que o

[conforto é] quando, acima de tudo, não tem dor

conceito é algo difícil de definir estando ligado a

visível, não tem dor descompensada (…) advém

diferentes circunstâncias. Emerge assim a noção

da ausência ou da diminuição da dor.” (E2 14); “

de

(…) [conforto é] é o alívio dos sintomas (...) dos

descoberto na investigação de Ribeiro, (2012) ao

sintomas físicos, quaisquer que sejam (…) se

considerar que o conforto se altera consoante as

estiverem controlados (…) ” (E8 13. A este

circunstancias: “ (…) conforto para mim, também

propósito

estudo,

é uma situação que pode mudar. Portanto, a

evidencia também que a experiência e o

definição de conforto mudará consoante a nossa

significado de conforto se referem a uma

situação.” (E5 9). São vários os autores que

sensação de comodidade e de alívio da dor, o

defendem a perspetiva de que o conforto é

que

da

subjetivo, na medida em que há ter em conta qual

do

o significado que cada pessoa, família ou

Ribeiro

conduz

individualidade

(2012),

ao da

no

seu

reconhecimento experiência

humana

reconhece

a

seguinte

categoria:

Multifocal/multidimensional

das

quais

emergem

global”;

interligadas

circunstancial

tal

Dignidade

a

como

e

serenidade

tinha

sido

orientada pela possibilidade de ajudar o doente a

Malinowski & Stamler, 2002; Oliveira, 2011;

alcançar um estado de alívio/ausência de dor

Ribeiro, 2012). Assim sendo, é importante

(Ribeiro, 2012).

atender à individualidade da pessoa, de forma a

Aspetos relacionados com a autonomia física

poder intervir de acordo com as necessidades de

(Subcategoria) são referidos pelos enfermeiros

conforto, tal como se evidencia nos relatos dos

como algo a considerar no conceito de conforto:“

enfermeiros:“ (…) [o conforto] percecionado por

(…) [conforto

cada um de nós de forma muito pessoal.” (E1 21);

num

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(Leininger,

e

comunidade

sentir-se autónoma

atribui

as

sofrimento, pelo ator de cuidado, numa ação

é]

lhe

com

do

1995;

“ (…) o conforto é (…) uma dimensão mais VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 17

“ (…) o conforto é (…) uma dimensão mais

sendo, e segundo o descrito anteriormente,

subjetiva (…) para percebermos se realmente

podemos

está confortável ou desconfortável. “ (E1 25); “

encontrámos os seguintes significados: Conforto

(…) o conforto é uma coisa, para si, como

está relacionado com a individualidade (S4);

enfermeiro e como pessoa, deve ser outra, e

Conforto varia de pessoa para pessoa (S5); O

cada um tem a sua definição de conforto, e é aí

conforto está relacionado com o bem-estar (S6);

que temos de ir de encontro…” (E3 44); “ conforto

Conforto é algo difícil de definir (S15).

vai (…) de encontro às minhas expetativas, às

Ainda

minhas necessidades enquanto pessoa, e não

Multifocal/multidimensional do conforto, surgem

tanto de encontro a regras, padrões…” (E5 6).

as

Watson (2002), refere na sua teoria que o

[conforto é] toda a parte espiritual: saber que não

conforto é contextualizado como uma condição

estamos sozinhos, saber que há alguém que

que interfere no desenvolvimento interno e

cuida de nós e que gosta de nós, e que está lá

externo de cada pessoa, tendo em conta os seus

mesmo só para nos dar a mão, e que, mesmo

valores, desejos, crenças e perspetivas, estando

que não esteja presencial (…) ” (E8 14);

relacionado com a sensação de bem-estar, e

Dignidade: “ (…) [conforto é] promover a

assumindo, desta forma, um carácter singular e

dignidade da pessoa (…) em fim de vida.” (E1 1);

único.

na

Tranquilidade: “ (…) [doente] foi ficando mais

investigação de (Ribeiro, 2012), a expressão do

tranquilo.” (E1 8); Serenidade: “ (…) [conforto é]

conceito

ganha

Quando a pessoa (…) consegue alcançar algum

sentido quando se reporta a um estado desejável

tipo de serenidade (…)” (E7 13). Encontraram-se

para viver a vida, quando é relacionado com o

os seguintes significados no nosso estudo: Existe

“Bem-estar

bem”,

preocupação em promover a dignidade (S1); O

expressões próximas e similares, do conceito, e,

conforto está relacionado com tranquilidade (S2):

de

O conforto está relacionado com serenidade

No

nosso

estudo,

e

também

multifocal/multidimensional

acordo

global”

com

os

e

o

“Estar

resultados,

bastante

inferir

na

que

no

categoria

subcategorias

nosso

da

estudo

Expressão

Espiritualidade:

(…)

expressivas na perspetiva dos enfermeiros

(S3);Conforto liga-se à espiritualidade (S20).

intervenientes do estudo, como é justificado

O facto de uma pessoa ter um sentimento de

pelas unidades de significação: “ (…) [o conforto]

ligação a um ser superior, à natureza ou a algo

permite-nos o bem-estar necessário à qualidade

superior a si mesmo e senti-los ainda como uma

de vida." (E1 26); “ (…) o conforto é… está ligado

força e um apoio, poderá ter benefícios para a

com um bem-estar (…) ” (E3 46); “ (…) [conforto

mesma (Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

é] momento em que se diz, eu estou bem no sítio

Ribeiro, 2008; Ribeiro; 2012). É reconhecido a

em que estou.” (E3 50); “ (…) [conforto é]

importância em promover a dignidade, numa

estarmos bem connosco próprios (…) ” (E4 13).

ação humana sustentada pelos princípios éticos

A literatura aponta o conforto como um estado de

do

prazer e de bem-estar (Ribeiro, 2012). Assim

beneficência

respeito

respeito e

da

da não

autonomia,

da

maleficência,

no

reconhecimento do Outro e da sua dignidade JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

(Vieira, 2007; VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 18

(Vieira, 2007; Nunes, 2011; Ribeiro, 2012).

seja em fim de vida, saber que, após a nossa

Parece fazer sentido olhar o conforto como a

partida, alguém nos há-de recordar.” (E8 15).

sensação de paz, serenidade/ tranquilidade face

A família apresenta-se como uma entidade

à vivência de um incómodo ou perturbação

dinâmica, onde as relações de proteção e apoio

considerada como desconfortadora (Ribeiro,

constituem uma dimensão importante (Silva,

2012).

2006). As funções familiares são inúmeras, nelas pode-se incluir: o gerar afeto, entre os membros

A

Expressão

assume

da família; o proporcionar a satisfação, a

também um papel relevante no que respeita à

aceitação pessoal, a segurança, a estabilidade e

conceção do conforto, com grande enfoque no

ainda o dar apoio e resposta às necessidades

nosso

relações

básicas, em situação de doença (Ribeiro, 2012).

interpessoais: “ (…) o maior conforto (…) era

O sorriso é um dos sinais de comunicação com

estar com a família, com os entes queridos (…) ”

sentido universal, constitui-se como a expressão

(E3 22); “ (…) [conforto é] termos uma boa

facial que melhor rompe barreiras e aproxima as

estrutura familiar (…) ” (E4 14), “ (…) [conforto é]

pessoas, permitindo por isso estabelecer um

ter a minha família perto, poderem permanecer

mecanismo de vinculação entre as mesmas. Os

comigo (…) ” (E6 12); “ (…) o maior conforto tanto

estudos sobre o sorriso demonstram que o

para o doente como para a família, eram as

sorriso tem efeito na interação social. Pode

relações [entre pessoas].” (E3 24), assim como

considerar-se a influência do comportamento

ao afeto; sorriso e felicidade: “ (…) [conforto]

sorriso pelo emissor na manifestação do mesmo

estava muito ligado ao afeto (…) ” (E3 31); “ (…)

pelo recetor, promovendo um efeito terapêutico,

[conforto é] sentir um sorriso todos os dias (…) ”

em pessoas que se sentem deprimidas ou

(E3 45); “ (…) [conforto é] é sorrir (…) ” (E3 48); “

pessimistas, ou ainda como uma forma de um

(…) [conforto é] estar feliz (…) ” (E3 49). Pode-se

maior relaxamento (Ribeiro, 2012).

dizer que os atores atribuem significado à forma

Honoré (2004) refere que a saúde está no centro

como se relacionam entre as pessoas assim

da vida e é condição fundamental para a nossa

como a estrutura familiar que possuem, ou à

existência, estando associada à felicidade e à à

oportunidade de a família partilhar momentos

autonomia. Assim, quando os atores referem o

importantes, o que lhes leva a um estado de

conforto como um estado de felicidade podemos

felicidade, à presença do sorriso a um estado de

dizer que está associado a um estado de

afeto.

autonomia, a um estado de bem-estar, presentes

A investigação realizada mostra ainda que o

quer na expressão física quer na expressão

conforto se relaciona com a oportunidade de

multifocal/multidimensional do conforto.

deixar recordações/memórias para as pessoas

A

que permanecem vivas após a morte do próprio,

comprovada por diferentes autores ao afirmarem

como reflete a asserção: “ Conforto…mesmo que

que

estudo

afetiva

à

(Categoria)

família

e

às

multidimensionalidade

envolve

aspetos

de

do

conceito

natureza

é

física,

sociocultural, psicoespiritual e ambiental (Wilson, JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

2002; Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004; VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 19

2002; Kolcaba, 2003; Tutton & Seers, 2004;

O alívio é o estado em que uma necessidade foi

Wilby, 2005, Yoursefi, H. et al. 2009; Oliveira,

satisfeita, sendo necessário para que a pessoa

2011; Ribeiro, 2012), o que corrobora os achados

restabeleça o seu funcionamento habitual. As

do nosso estudo.

necessidades evidenciam-se como algo positivo que se pode relacionar com os desejos e as

Na conceção do conforto surge ainda a

expectativas

referência pelos atores do nosso estudo, às

imprescindível para que a pessoa assegure o seu

Necessidades Básicas Cumpridas (Categoria)

bem-estar e se preserve física e mentalmente

tal

(Phaneuf, 2010; Ribeiro, 2012).

como

exemplificam

as

unidades

de

particulares

do

doente,

significação: “ (…) [conforto é] quando está (…)

Em síntese apresentamos o Diagrama 1 onde

bem hidratado (…) " (E2 13); “ (…) um padrão de

podemos observar, de forma resumida, a

eliminação regular…” (E2 18). Pode afirmar-se

estrutura do fenómeno do Conforto na ligação à

que só se consegue atingir um estado desejável

sua Conceção na perspetiva que se relaciona

de conforto quando a hidratação ou o padrão de

com a perceção do Enfermeiro:

eliminação estiver satisfatoriamente cumprido. Kolcaba (2003) considera o conforto como um estado em que estão satisfeitas as necessidades

humanas básicas.

Diagrama 1 - Tema: Fenómeno Conforto

Domínio: Conceção de Conforto: Categorias e Subcategorias JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Brito, D., et al (2017) Retinoblastoma: Palliative care in Children with Delayed Diagnosis Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 22 - 32

REVISÃO SISTEMÁTICA/ SYSTEMATIC REVIEW

ABRIL 2017

Retinoblastoma: Cuidados Paliativos em Crianças com Diagnóstico Tardio

Retinoblastoma: Palliative care in Children with Delayed Diagnosis

Retinoblastoma: Cuidados paliativos en niños con retraso en el diagnóstico

Autores Débora Brito 1 , Glenda Agra2, Nara Barros 3, Maria Freire 4 1,3

Enfermeira, Brasil,

2

Enfermeira, MsC, PhD student, Brasil, 4Enfermeira, MsC, PhD, Brasil,

Corresponding Author: deborathaise_@hotmail.com

Resumo A prevenção e o controlo da transmissão de infeções assumem-se como um dos principais focos de atuação dos profissionais de saúde. O Clostridium difficile é uma das bactérias presentes na flora intestinal não causando patologias nas pessoas saudáveis, mas com a utilização de alguns antibióticos, que podem interferir no equilíbrio normal da flora intestinal, pode desencadear-se patologia. Esta revisão sistemática da literatura tem por objetivo determinar quais os cuidados a ter para prevenção e controlo da infeção por Clostridium difficile.

Palavras-chave: Infeção; Clostridium difficile; Prevenção; Controlo.

Abstract Prevention and control of infection transmission are assumed to be a major focus of activity of health professionals. Clostridium difficile is bacteria present in the gut without causing diseases in healthy people, but with the use of some antibiotics, that can disrupt the normal balance of the intestinal flora can trigger-pathology. Autores Dados curriculares

This systematic literature review aims to determine what precautions to prevent and control infection by the bacteria referred.

Key-words: Infection; Clostridium difficile; Prevention; Control. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 23

cuidado com qualidade (Avanci & Carolindo,

Introdução Os avanços tecnológicos no contexto da

2009). O processo do cuidar/cuidado é inerente

saúde têm trazido grandes contribuições para a resolução de várias doenças que acometem a

à pessoa humana, desse modo precisamos

humanidade, porém ainda há aquelas de baixa

cuidar e sermos cuidados durante o nosso ciclo vital,

resolutividade, como o câncer. O retinoblastoma é o tumor ocular maligno mais frequente na infância, prevalente

entre as idades de zero a quatro anos podendo afetar um ou ambos os olhos. Os meios

no

entanto

diante

do

processo

de

terminalidade, surge a necessidade de um cuidar peculiar impregnado da valorização do ser. Isto é a essência do cuidado paliativo (Silva & Sudigursky, 2008).

enucleação,

Pacientes com doenças avançadas fora

fotocoagulação,

de possibilidades terapêuticas de cura, não

quimioterapia, crioterapia e braquiterapia (Souza

somente em sua fase terminal, mas em todo o

terapêuticos

empregados

radioterapia

são

externa,

percurso da doença, apresentam fragilidades e

Filho et al, 2005). Mesmo com todos os avanços da medicina, o diagnóstico precoce do portador de retinoblastoma é o fator fundamental para o bom

êxito da terapêutica e sobrevida. O prognóstico,

limitações

específicas

de

naturezas

física,

psicológica, social e espiritual. Esses pacientes constituem uma realidade em hospitais, com sérias dificuldades para os administradores,

incluindo a qualidade visual, é excelente quando

profissionais de saúde, familiares e para os

o diagnóstico é realizado precocemente e o

próprios pacientes. Surge assim a necessidade

tratamento conduzido de forma adequada. Mas ainda há casos em que a desinformação cultural

de um modo específico de cuidar (Silva & Sudigursky, 2008; Boemer, 2009). Do ponto de vista de Costa Filho et al.,

de pais e o conhecimento técnico por parte dos pediatras e oftalmologistas leva ao diagnóstico tardio

e,

em

desenvolvimento

consequencia

disso,

de

avançados

tumores

o

(2008) o cuidado paliativo (CP) ou paliativismo, é mais que um método, é uma filosofia do cuidar. O CP visa prevenir e aliviar o sofrimento humano

em muitas de suas dimensões. São cuidados

(Antoneli et al, 2003). A criança com doença crônica estabelece

direcionados aos pacientes onde não existe a

um vínculo e uma familiaridade com o ambiente

finalidade de curar, uma vez que a doença já se

hospitalar devido às internações recorrentes e ao

encontra em um estágio progressivo, irreversível

tempo de duração destas. Isso faz com que os

e não responsivo ao tratamento curativo, sendo

profissionais

o

desenvolvam

que

atuam

vínculos

nos e

serviços conheçam

particularidades tanto da família quanto da criança, aprendendo a identificar as suas

necessidades

para,

assim,

prestarem

um

objetivo

desses

cuidados

propiciarem

qualidade de vida nos momentos finais (Silva & Sudigursky, 2008; Boemer, 2009; Costa Filho, Costa, Gutierrez & Mesquita, 2008).

Uma criança com diagnóstico tardio do retinoblastoma com alta porcentagem de um mau prognóstico (invasão do nervo óptico e/ou túnicas

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 24

oculares) deve receber os cuidados

cuidados paliativos direcionados a crianças com

paliativos, para que tenha uma boa qualidade de

diagnóstico

vida. Tendo em vista a importância do tema em

disponibilizadas em periódicos online da área da

evidência, surgiu o interesse de elaborar um

saúde, por meio de busca eletrônica no site da

estudo

cuidados

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de

paliativos em crianças com diagnóstico tardio de

dados Scientific Eletronic Library Online –

retinoblastoma através de um discurso literário e

SciELO.

buscando

descrever

os

sua aplicabilidade para o conhecimento do

profissional de enfermagem.

tardio

em

retinoblastoma,

Os critérios de inclusão para a seleção da

amostra foram: que os artigos abordassem a

Levando em consideração a importância

temática investigada, e que apresentassem o

do profissional de enfermagem nesses cuidados,

texto na íntegra. O critério de exclusão adotado

este estudo pretende buscar respostas para os

foi textos com acesso restrito. Neste contexto, a

seguintes

amostra deste estudo foi constituída por 18

podem

questionamentos:

ser

aplicados

Que

em

cuidados

crianças

com

artigos.

retinoblastoma? Em que circunstâncias eles

As etapas operacionais do estudo foram:

podem ser aplicados, no contexto no hospitalar?

escolha da temática; seleção das fontes; critérios

E que cuidados devem ser dispensados a estes

de inclusão e exclusão; seleção dos artigos que

pacientes?

abordavam a temática; extração dos dados dos

Diante

dos

questionamentos

acima

artigos selecionados a partir dos objetivos

levantados, este estudo teve como objetivo:

propostos; agrupamento dos itens selecionados

descrever as ações, no contexto dos cuidados

por categorias e subcategorias; apresentação

paliativos,

dos dados obtidos por meio de análise dos

direcionados

a

criança

com

diagnóstico tardio do retinoblastoma, no contexto

dados.

hospitalar.

Ao término da seleção dos artigos, foi preenchido um instrumento para a coleta de

Método

dados, contendo ano de publicação, nome do

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica

periódico, título do trabalho, área de formação

que segundo Costa (2000), é aquela que

dos pesquisadores e base de dados. Para a

desenvolve a partir de resolução do problema

exploração do texto, a segunda parte do

(hipótese) através das referências teóricas

instrumento foi preenchida com os enfoques

encontradas em livros, revistas e literaturas afins.

dados pelos autores. Portanto, para alcançar os

O seu objetivo é conhecer e analisar as principais

objetivos propostos, elegeu-se a técnica de

contribuições

análise do conteúdo temática, seguindo as

teóricas

existentes

sobre

determinado assunto (Costa, 2000).

etapas de pré-análise, que se constitui da leitura

A pesquisa foi realizada durante o período

flutuante, da classificação e da categorização,

de maio a novembro de 2010 a partir de

com

referências

interpretação dos dados. Desse modo foi

especializadas

relacionadas

a

respectivas

subcategorias;

análise

e

construído em tema de análise, denominado JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 25

construído em tema de análise, denominado

cefalorraquidiano com finalidade de classificar o

“Cuidados

estadiamento do tumor e direcionar o tratamento

Paliativos

em

Crianças

com

Diagnóstico Tardio de Retinoblastoma: Uma

(Antoneli et al, 2003).

Revisão Bibliográfica”.

Existem

diferentes

modalidades

terapêuticas que devem ser propostas de acordo Resultados e Discussão

com o caso. Devem-se sempre considerar

O retinoblastoma (RB) é o principal tumor

fatores locais e sistêmicos na escolha do

da retina que se origina dos retinoblastos

tratamento, como tamanho e localização do

imaturos da retina neural e a neoplasia maligna

tumor intraocular, comprometimento extraocular,

intraocular mais frequente na infância. Ocorre

lateralidade,

entre 1/14.000 e 1/20.000 dos nascidos vivos, de-

clínicas do paciente, presença de doença

pendendo do país avaliado. Mais de 90% dos

disseminada, entre outros (Tamura & Teixeira,

casos são diagnosticados antes dos cinco anos

2009).

de

idade.

Tem

condições

O tratamento depende do estadiamento

Os

da lesão, sendo que a enucleação permanece

primeiros, em geral bilaterais, podendo, ser ainda

como a forma mais comum de tratamento.

unilaterais com múltiplos focos tumorais são

Entretanto os recentes avanços no entendimento

considerados genéticos germinais e hereditários.

do retinoblastoma têm proporcionado novas

Os unifocais, obrigatoriamente unilaterais, são

modalidades de tratamento como quimioterapia

ditos

(endovenosa, subcutânea e intra-arterial) e

multifocal

somáticos

e

genética

visual,

com

apresentação

etiologia

prognóstico

ou

unifocal.

esporádicos

(Erwenne,

Antonelli, Marback & Novaes, 2003).

tratamento local (placa radioativa [teleterapia e

Quando há desconhecimento sobre o

braquiterapia],

fotocoagulação

a

Laser,

retinoblastoma, o tempo para se fazer o

termoterapia transpupilar [TTT] e crioterapia)

diagnóstico

(Souza Filho et al, 2005).

é

maior,

assim

retardando

o

encaminhamento até um centro de tratamento

A enucleação deve ser realizada como

especializado, permitindo que a doença torne-se

tratamento primário em olhos com tumores

mais avançada e as chances de cura diminuam

intraoculares

(Rodrigues & Camargo, 2003).

alterações anatômicas e funcionais. A utilização

avançados

que

apresentam

No caso do retinoblastoma, o diagnóstico

da enucleação como tratamento secundário

definitivo pode ser realizado através de um

ocorre quando não existe resposta ao tratamento

exame de fundo de olho, sob anestesia geral,

primário proposto. Deve-se tentar retirar o globo

tomografia de crânio e órbita, ultrassonografia do

ocular com o maior tamanho de coto de nervo

olho (o exame de ultrassom fornece informação

óptico possível. O coto do nervo é considerado a

sobre o tamanho da lesão e avalia a presença de

margem

calcificação

bastante

avançados da doença, com invasão do tumor na

característico do retinoblastoma), raio-x de

cavidade orbitária e no nervo óptico, podem se

crânio, mielograma e histológico do líquido

apresentar com proptose ocular e restrição da

intralesional,

sinal

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

cirúrgica

mais

importante.

Casos

motilidade ocular (Tamura & Teixeira, 2009). VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 26

motilidade ocular (Tamura & Teixeira, 2009).

orientação adequada à família e à escola (Brasil,

Vale ressaltar que a invasão do nervo óptico (N.O) e das túnicas oculares são considerados

importantes

2000). Nessa conjuntura torna-se necessário

achados

ressaltar que uma criança com diagnóstico tardio

histopatológicos relacionados ao prognóstico. A

com alta porcentagem de um mau prognóstico

frequência de invasão do N.O em olhos

(invasão do nervo óptico e/ou túnicas oculares)

enucleados por retinoblastoma varia de acordo

deve receber cuidados especiais, ou seja, os

com a literatura de 25% a 63%. A invasão do

cuidados paliativos.

nervo óptico até o plano de secção cirúrgica é

Segundo Boemer (2009), no Brasil,

considerada como fator de mau prognóstico.

surgem algumas iniciativas no sentido de

Nesses pacientes, a mortalidade varia entre 50%

implementar essa filosofia de cuidado, contudo,

a 81% (Souza Filho et al, 2005).

ainda há muito a fazer para consolidar essa

O

tratamento

do

retinoblastoma

é

abordagem terapêutica. O difícil acesso aos

complexo e requer uma equipe multidisciplinar

serviços de assistência, as falhas nas diretrizes

capacitada para o atendimento do paciente em

das políticas de saúde, a deficiência na formação

todas as etapas do processo. Os objetivos do

de profissionais e, principalmente, a falha de

tratamento são: salvar a vida da criança e,

informação ao paciente, nos confrontam com a

secundariamente, preservar o globo ocular e a

necessidade de controlar a dor, aliviar os

visão (Tamura & Teixeira, 2009).

sintomas, e promover uma melhor qualidade de

O sucesso do tratamento depende da

vida para essas pessoas. Com o avanço

habilidade dos pais e do pediatra em detectar a

tecnológico e a consequente detecção precoce

doença

de doenças, alguns profissionais direcionaram

quando

ainda

encaminhando-a

é

intraocular,

precocemente

ao

seu olhar para essa questão e, dessa forma,

oftalmologista para realização de um exame de

aprofundaram

seus

conhecimentos

nessa

fundo de olho e ao oncologista pediátrico para

abordagem, incorporando o conceito de cuidar e

tratamento adequado ao estádio da doença. A

não de curar.

fim de preservar não só a vida da criança como

O Ministério da Saúde tem expressado

também a funcionalidade do olho acometido

sua preocupação com a necessidade crescente

(Rodrigues, Latorre & Camargo, 2004).

de cuidados paliativos e de controle da dor e a

As crianças portadoras de retinoblastoma

partir dessa conjuntura publicou a Portaria

podem adquirir duas deficiências na fase de

GM/MS nº 19, de 03 de janeiro de 2002, na qual

aquisição de linguagem e desenvolvimento

instituiu o Programa Nacional de Assistência à

neuropsicomotor. A detecção precoce da perda

Dor e Cuidados Paliativos, possibilitando novos

auditiva é fundamental para evitar a progressão

debates acerca da temática e da capacitação

da surdez e permitir ao fonoaudiólogo, como

profissional, além de rever posturas pertinentes

membro

ao cuidado do paciente portador de doença

da

equipe

multidisciplinar,

uma

crônico-degenerativa ou em fase final de vida e JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 27

paliativos (equipe hospitalar, família, e/ou outros)

seus familiares (Brasil, 2008). O que leva um paciente a ser incluído

(Remedi et al, 2009).

num programa de cuidados paliativos é a

Nesse sentido, é preciso refletir sobre a

condição de que, além do tratamento curativo,

inserção da equipe de enfermagem nos CP sob

existem outros sintomas e desconfortos que

a ótica da interdisciplinaridade, visto que o

comprometem sua qualidade de vida; sendo

cuidado é inerente à profissão desde sua

assim,

abordagem

concepção moderna, proposta por Florence

Por

Nightingale.

necessitam

competente

e

de

uma

especializada.

sua

Assim,

percebe-se

que

os

requer

enfermeiros podem ser norteados por essa

ação

diretriz, a ajudar a pessoa em seu momento de

multiprofissional (Remedi, Mello, Menossi &

final de vida, tendo, como fio condutor do cuidado

Lima, 2009).

e a preservação da dignidade dessa pessoa

complexidade,

o

planejamento

cuidado

paliativo

interdisciplinar

e

Astudillo Alarcón et al. (2009) referem que

(Boemer, 2009).

sofrimento

A participação de vários profissionais na

desnecessário, e os CP são direcionados ao

assistência à saúde propicia o envolvimento de

alívio e melhora a qualidade de vida de pacientes

todos os componentes da equipe com a

com dor crônica mantidos por longos períodos,

assistência e favorece melhor disponibilidade

até os últimos dias de vida.

dos profissionais diante de seus pacientes. Estes

o

manejo

da

dor

evita

o

A priorização dos cuidados paliativos e a

por sua vez, encontrarão maior abertura para

identificação de medidas úteis devem ser

expor seus problemas e questionamentos e isto

estabelecidas de forma consensual pela equipe

promoverá a qualidade do acolhimento. A

multiprofissional

humanização

em

consonância

com

o

do

processo

de acolhimento

paciente, seus familiares ou seu representante

depende também da atuação adequada e da

legal. Após definidas, as ações paliativas devem

receptividade

ser registradas no prontuário do paciente (Moritz

trabalhadores que entram em contato direto com

et al, 2008).

os pacientes (Hoga, 2004).

demonstrada

por

todos

os

Segundo Remedi et al. (2009) uma vez

O cuidar está fundamentado num sistema

que a decisão sobre o tratamento tenha sido

de valores humanísticos universais, tais como

tomada, devem se escolher os elementos dos

amabilidade, respeito, afeto por si e pelos outros.

cuidados paliativos a serem implementados,

Este sistema de valores humanísticos envolve a

devendo a transição entre o tratamento curativo

capacidade de gostar das pessoas, apreciar a

e o paliativo ocorrer de modo gradual. Estas

diversidade e a individualidade. Desse modo,

escolhas

de sintomas

entende-se que para cuidar, precisa-se ter por

(medicações e outras intervenções específicas),

base o sistema de valores humanísticos e de

o local do cuidado e da morte (casa, hospital ou

sensibilidade a fim de considerar os sentimentos

outro lugar) e os responsáveis pelos cuidados

diante da doença da criança e do tratamento

incluem

o controle

(Pedro & Funguetto, 2005). JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

O que podemos perceber com tudo isso é VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 28

O que podemos perceber com tudo isso é

existam grandes expectativas de um longo prazo

que, as ações paliativas que a equipe de saúde

de vida. Assim, o importante é tornar o cuidado

oferece a estas crianças, estão relacionadas à

humanizado e não se deixar dominar apenas

tentativa de oferecer uma boa qualidade de vida,

pelos avanços tecnológicos e cuidados técnicos.

ou seja, um bem-estar geral. Neste sentido, o

Ser solidário com a dor do outro, saber ouvir, e

termo qualidade de vida, está diretamente ligado

tentar confortar a criança, seus familiares e

ao modo de pensar e de viver de uma pessoa

amigos. Com isso os objetivos dos cuidados

frente às condições culturais, psicológicas,

oferecidos pela equipe multiprofissional são de

espirituais e sociais na qual se encontra

tornar o cuidado mais humanizado e fazer com

inseridas.

que a criança sentia-se mais segura e confiante.

Floriani e Schramm (2008) enfatizam que

O cuidado de enfermagem em oncologia

os cuidado paliativo são fundamentados na

pediátrica vem se especializando e modificando

busca incessante do alívio dos principais

com o passar do tempo. Anteriormente, a família

sintomas

em

não podia acompanhar a criança no processo de

intervenções centradas no paciente e não em sua

hospitalização. Atualmente, a família se faz

doença,

participação

presente e é muito importante neste momento

autônoma do paciente nas decisões que dizem

crítico em que a criança se encontra (Avanci et

respeito a intervenções sobre sua doença); em

al, 2009).

estressores

(o

que

do

significa

paciente;

na

cuidados que visam a dar uma vida restante com

Cabe

ao

enfermeiro

promover

um

mais qualidade e um processo de morrer sem

cuidado centrado na criança em situação de

sofrimentos (em princípio evitáveis); sofrimentos,

viver/morrer, porém deve-se estabelecer a

estes, frequentemente agregados às práticas

comunicação entre os pais e/ou cuidadores, pois

médicas tradicionais; na organização de uma

a família o componente essencial na promoção

equipe interdisciplinar (Floriani & Schramm,

da saúde e no cuidado à criança, com assistência

2008).

integral (biológica, psicologia, social, econômica, Humanizar

a

experiência

da

dor,

espiritual e cultural). (Avanci et al, 2009).

sofrimento e perda, requer algo a mais da equipe

A comunicação entre a equipe e o

de saúde. O bom humor entre pacientes,

paciente terminal pode reduzir as emoções

familiares e equipe de enfermagem proporciona

negativas como depressão e ansiedade e

construção

promover

de

relações

terapêuticas

que

uma

decrescente

queda

da

permitem aliviar a tensão inerente à gravidade da

perceptividade da dor na pessoa. A ausência de

condição e proteger a dignidade e os valores do

comunicação pode levar o paciente a sentir

paciente que vivencia a terminalidade (Araújo &

solidão, vazio e incerteza. Mostrar-se disponível,

Silva, 2007).

compartilhar com o paciente suas dúvidas,

Nesse contexto percebe-se que a equipe

ansiedades e angústias, demonstrar empatia

multiprofissional tenta promover a essa criança

significa ao mesmo tempo saber ouvir (Costa

uma boa qualidade de vida mesmo que não

Filho, 2008).

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 29

Para minimizar ou evitar os traumas da hospitalização

nas

crianças

com

O controle da dor é um fator crucial nos

doenças

cuidados paliativos, pois pode ser incapacitante

crônicas ou em fase terminal, o ambiente

e causar efeitos indeléveis na criança e na

hospitalar não pode se limitar ao leito, devendo a

família. Seu manejo pode ser realizado através

unidade pediátrica fornecer condições que

de

atendam às necessidades físicas, emocionais,

farmacológicas. Dentre as primeiras, destaca-se

culturais, sociais, educacionais e de recreação,

a administração de opioides, não deve ter uso

contendo livros, jogos e brinquedos adequados

limitado no esforço de avaliar a dor (Remedi et al,

para estimular a auto-expressão da criança. Além

2009).

intervenções

farmacológicas

e

não-

disso, é necessário que os profissionais que

A dor ocorre em crianças que vivenciam

assistem essas crianças estejam satisfeitos com

uma série de desconfortos tais como lesões

suas condições de trabalho, fornecendo um

cutâneas, odores desagradáveis, ansiedade,

atendimento humanizado às crianças e seus

insônia, depressão, entre outros. Todos esses

acompanhantes (Lima, Jorge & Moreira, 2006).

diminuem de algum modo sua qualidade de vida,

O enfermeiro que atua nos cuidados

merecendo, assim, a atenção dos profissionais

paliativos precisa saber orientar tanto a criança e

de saúde. À medida que a doença progride maior

sua família quanto aos cuidados a serem

é a necessidade de cuidados paliativos, o que

realizados. Para isso é necessário que o mesmo

torna quase que exclusivos ao final da vida (Silva

saiba educar em saúde, de maneira clara e

& Hortale, 2006).

objetiva, sendo pragmático em suas ações,

A equipe interdisciplinar se propõe a

visando sempre o bem-estar da criança e seu

amparar a criança e seu cuidador/sua família

núcleo familiar. A equipe multiprofissional deve

sempre que necessário, desde o diagnóstico até

trabalhar no sentido de fortalecer a criança e sua

a fase de luto. O luto é marcado como um

família no momento em que é dada a notícia do

momento, uma experiência de resposta ao

diagnóstico, fornecendo informações sobre a

rompimento

patologia, tratamento e, principalmente, oferecer

consciência das perdas, da quebra de relação

uma abertura para que a criança e seus

afetiva,

familiares

extremamente doloroso. Por esse aspecto é que

expressem

seus

sofrimentos,

sentimentos e dúvidas (Avanci et al, 2009). Para as crianças que estão sob os

do

vínculo.

constituindo-se

É

a

em

tomada

um

de

momento

o luto assume importância na filosofia de CP e se constitui objetivo de sua ação (Silva, 2008).

cuidado paliativos, o relacionamento humano é essencial no cuidado, pois ampara a fé e a esperança

nos

momentos

mais

Conclusões

difíceis.

Esta pesquisa aprofundou a compreensão

Expressões de compaixão e afeto na relação

e discussão a respeito dos cuidados paliativos

com o outro traz sensação de consolo e

em

realização, além de paz interior (Araújo & Silva,

retinoblastoma,

2007).

envolvidos com a importância de um diagnóstico

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

crianças

precoce,

com na

cuidados

diagnóstico qual

fora

trouxe

de

tardio

de

conteúdos

possibilidades

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 30

precoce,

cuidados

fora

de

possibilidades

desenvolvimento do enfermeiro que atua nessa

terapêuticas de cura, assistência à criança

área de saúde ligada à criança com doença

oncológica e qualidade de vida.

oncológica

Quando o diagnóstico do retinoblastoma

fundamental

avançada.

Visto

importância

a

que

é

de

presença

de

é realizado tardiamente, conclui-se que a doença

profissionais especializados nessa área. Desta

já estará em seu estado irreversível, assim seu

forma,

tratamento será voltado com a finalidade de

intervenções

paliar e as medidas adotadas para a sua

profissionais, buscando assim, uma melhoria no

terapêutica envolvem cirurgia de enucleação,

sistema desses cuidados.

se

faz

necessário e

novos

treinamentos

estudos, para

os

quimioterapia e radioterapia associadas aos cuidados paliativos, que estão voltados para a

Referências

comunicação verbal e não verbal efetivas, ao alívio da dor, e aos aspectos sociais, psicológicos e espirituais da criança e dos familiares. Percebeu-se com esta pesquisa que os cuidados paliativos trabalham com o sofrimento, a dignidade, o cuidado das necessidades

humanas e qualidade de vida pessoas afetadas por uma doença crônica e degenerativa ou em fase final de vida. Com isso, OS cuidados paliativos não estão direcionados só com a criança que está em fase terminal, mas também com seus familiares e amigos. Nessa conjuntura, pode-se dizer que as ações

paliativas

fazem

parte

da

prática

profissional, e estas podem ser prestadas em situações de condição irreversível ou de doença crônica

progressiva,

com

vistas a mitigar

repercussões negativas da doença e melhorar o bem estar geral da criança e seus familiares. Ressalta-se a importância desta pesquisa em contribuir para a assistência prestada à criança, fazendo com que o profissional de saúde reflita a importância dos cuidados paliativos, pois se enfatizou que na abordagem deste cuidado é

Antoneli, C. B. G., Steinhorst, F., Ribeiro, K. C. B., Erwenne, C. M., Novaes. P. E. R. S., Arias, V., Bianchi A. (2003). Evolução da terapêutica do retinoblastoma. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 66(4):401-408. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S000427492003000400002

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necessário assegurar a dignidade da qualidade de vida à criança. Além disso, contribuir para o JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Brasil. (2000). Fundação Oncocentro de São Paulo. Comitê de Fonoaudiologia em Cancerologia. Emissões otoacústicas em VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 31

Cancerologia. Emissões otoacústicas em crianças com retinoblastoma. São Paulo: FOSP.

http://dx.doi.org/10.1590/S003471672006000300008

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Página 32

25. Souza Filho, J. P., Martins, M. C., Torres, V. L., Dias, A. B. T, Lowen, M. S., Pires, L. A, Erwenne, C. M. (2005). Achados histopatológicos em retinoblastoma. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, 68(3), 327-331. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S000427492005000300010 26. Tamura, M. Y. Y., Teixeira, L. F. (2009). Leucocoria e teste do reflexo vermelho. Einstein, 7(3), 376-382. Available from: http://pt.scribd.com/doc/85277472/leucocoria

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Gonçalves, M. (2017) The Psychosocial Preparation for Retirement (PPR): planning for active aging within different ecosystems of human development. Journal of Aging & Innovation, 6 (13): 33 - 40

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

The Psychosocial Preparation for Retirement (PPR): planning for active aging within different ecosystems of human development A Preparação Psicossocial para a Reforma (PPR): planeamento para um envelhecimento activo nos diferentes ecossistemas do desenvolvimento humano Preparación Psicosocial para el Retiro (PPR): planificación del envejecimiento activo en diferentes ecosistemas del desarrollo humano

Autores Marta Gonçalves 1 1

Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Cis-IUL, Lisboa, Portugal, Harvard Medical School

Corresponding Author: marta.goncalves@iscte.pt

Abstract Aim: The aim of this paper is to present an intervention that enables people to continue participating in social, economic, cultural, spiritual and civil matters avoiding isolation and passivity by acting at various levels of human development. Methods: In this paper we will discuss a Psychosocial Preparation for Retirement within the different ecosystems of human development: micro, meso, exo, macro and chrono. Results: This intervention may reduce costs in terms of health, education and social services. Conclusion: To have a happy, comfortable, secure, productive life after stopping working, people need to save enough money and to have developed other interests in order that self-esteem and identity is not only connected with the professional life with specific structure, rhythm and relationships. Keywords: active ageing, retirement, human development, psychosocial preparation, ecosystems, planning, psychological coaching

Resumo: Objectivo: O objectivo deste artigo é apresentar uma intervenção que permite às pessoas continuarem a participar em questões sociais, económicas, culturais, espirituais e civis, evitando o isolamento e a passividade actuando nos vários níveis do desenvolvimento humano. Método: Neste artigo discutiremos uma preparação psicossocial para a reforma nos diferentes ecossistemas do desenvolvimento humano: micro, meso, exo, macro e crono. Resultados: Esta intervenção pode reduzir os custos em termos de saúde, educação e serviços sociais. Conclusão: Para ter uma vida feliz, confortável, segura e produtiva, depois de parar de trabalhar, as pessoas precisam de poupar Autores Dadosecurriculares dinheiro ter desenvolvido outros interesses para que a auto-estima e a identidade não se limitem à vida

profissional com estrutura, ritmo e relações específicos. Palavras-chave: envelhecimento activo, reforma, desenvolvimento humano, preparação psicossocial, ecossistemas, planeamento, coaching psicológico

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Introduction

retirement. Schlossberg (2004) recommends that

According to psychologists who study retirement, to have a happy, comfortable, secure, productive life after stopping working, people need to save

people attend pre-retirement seminars in which the psychological aspects of retirement are discussed in addition to the financial aspects.

enough money and to have developed other interests in order that self-esteem and identity is not only connected with the professional life with specific structure, rhythm and relationships

(Qualls & Abeles, 2002). Schlossberg (2004) speaks about the psychological portfolio as a way to get people to think of retirement as a career change. According to the author retirement includes many transitions and there are many factors that contribute to help people negotiate or cope with them, as 1) work and family meaning and

satisfaction,

expectations

and

2)

retirement

timing,

work

planning, and

life

satisfaction, 3) health and financial security sense. Schlossberg (2004) identified six ways of approaching retirement: the continuers (who continue using their skills and interests), the adventurers (who start new skills and interests), the searchers (who explore new skills and interests), the easy gliders (who do not plan their day), the involved spectators (who dedicate their day to society), and the retreaters (who plan their

day as holidays). According to Qualls & Abeles (2002), looking at a person’s past, present, and future from a life course perspective, i.e. life as a whole, explains why people differ in their retirement

experience.

The

American

Psychological Association's Committee on Aging has initiated the Life Plan for the Life Span 2012 project,

which

aimed

to

inform

people independently of their age about the new

face of aging and retirement through user-friendly tips allowing people to plan for a successful

The example of a southern European country In Portugal, more and more, retired people present increased levels of frustration because private banks lost their savings or State cuts their retirement salary due to financial crisis. If many have to ask social institutions for help to survive, many of them come even to a desperate point where they prefer to take their own life. It is being a social problem where there is a need to intervene in terms of prevention. This prevention shall consider the active ageing approach enabling

people

to

participate

in

social,

economic, cultural, spiritual and civic issues, regardless of their age. Activities can go from travel, hobbies, volunteer work, exercise to other activities as continuing education. In Portugal, society

is

facing

multilevel

development

challenges in terms of ageing. There have been conducted several focus groups (Gonçalves et al., 2016a; Gonçalves et al., 2017) and meetings with different stakeholders (Gonçalves et al.,

2016b) and tested different intervention health and clinical methodologies (Gonçalves & Farcas, 2014; Gonçalves, 2014; Gonçalves, M. & Cook, B., 2016; Gonçalves et al., 2016c; Gonçalves, 2017), which allowed us the design of a Psychosocial Preparation for Retirement. The aim of such an intervention is to enable people to continue

participating

in

social,

economic,

cultural, spiritual and civil matters avoiding

isolation and passivity by acting at various levels of human development: micro, meso, exo, macro and chrono. This intervention may reduce costs

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health, education and social services.

Demand for services and training in this area is increasing day by day and is becoming a pressing

Description of the Intervention

need in the near future. European societies are in

PPR means in Portuguese Retirement Savings

need of innovative responses. In this sense we

Plan. With the same initial letters we have created

developed

Psychosocial

another type of retirement plan, a psychosocial

Retirement,

a

one, which we call the Psychosocial Preparation

individualized active aging which can be used in

for Retirement. Psychosocial Preparation for

individual or group sessions.

Retirement was developed under the area of

Psychosocial Preparation for Retirement consists

active aging. Active aging is the process of

of three sequential and complementary levels,

enabling

social,

allowing participants in a situation of pre-

economic, cultural, spiritual and civic issues,

retirement or retirement design, to implement and

regardless of their age. Active aging is now an

sustain in monitored way with their psychosocial

area with a strong need for development.

plan for retirement (Table 1).

people

Methodologies

to

participate

supported

by

in

solution

Preparation to

a

planning

for of

cutting-edge

research are needed in this area.

Table 1. Steps of the Psychosocial Preparation for Retirement Approach JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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In the first level – pre-intention level, participants

intentions. Intentions moderate the planning-

get aware of a psychosocial preparation for

behaviour relation, as people with high intentions

retirement

are more likely to enact their plans.

and

work

on

their

retirement

psychosocial level on questions such as who they

The PPR approach could particularly help people

are, what do they want and how do they get there,

improve their retirement satisfaction by improving

time

management,

their quality of life and well-being by helping them

decision making, assertiveness, relationship and

stepwise changing their lifestyle. This intervention

interpersonal communication. In the second level

approach proposes that a strategy for ensuring

– intention level, participants are accompanied in

maintenance of satisfaction in retirement is

achieving their psychosocial preparation for

changing lifestyle based on two theories of the

retirement, that is, their individual active aging

nineties: The Health Action Process Approach

plan. In the third level – action level, participants

and The Human Ecology Theory.

management,

conflict

are invited to choose from a portfolio of activities suggested according to the needs identified

Theoretical Model of Behavioral Change

during the two first levels. According to this

The theoretical model of behavioral change under

intervention,

pre-intention

the PPR approach was developed is The Health

motivation process there is the generation of a

Action Process Approach of Schwarzer (1992), a

motivation, i.e. an intention to change behavior.

model originally developed in the late 80s by the

This first stage is related to risk perception and

integration

perceived self-efficacy. Risk perception is the

reasoned action theories and its application to

awareness of one's own risk in respect of certain

health

problem or the degree of symptoms experienced.

supported

Perceived self-efficacy is the conviction one can

mediators post-intention to overcome the gap

perform certain behaviors despite anticipated

between intention and behavior. It distinguishes

hurdles. The stage of post-intention volition

between the first stage of pre-intention motivation

process is to plan behavioral change even when

processes (risk perception, positive outcome

obstacles arise. This second stage is related to

expectancies and perceived self-efficacy) and the

action and coping planning. Action planning are

second stage of post-intention volition processes

the concrete conditions when, where and how the

(task self-efficacy, maintenance self-efficacy and

target behavior is to be implemented. Coping

recovery self-efficacy as well as action planning

planning are strategies to master efficiently

and coping planning) (Schwarzer & Luszczynska,

possible hurdles and anticipated difficulties.

2008).

According interventions

in

to

the

stage

Wiederman should

target

of

et

al.

of

social-cognitive,

behavior by

change.

empirical

volition

This

evidence,

and

approach includes

(2009)

intentions

as

Theoretical Model of Human Development

precondition or in combination with planning, as

The theoretical model of human development

action planning mediates between intentions and

under the PPR approach was developed is

behaviours when people hold sufficient levels of

Bronfenbrenner

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human

ecology

theory

(Bronfenbrenner & Ceci, 1994), which states that VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 37

(Bronfenbrenner & Ceci, 1994), which states that

methodology allows a person to design, put into

human development and behavior is influenced

practice and fine tune a custom active aging plan,

by the different types of environmental systems:

beyond the achievements of the individual or

micro-, meso-, exo-, macro- and chrono system,

group context where the whole methodology is

being a person simultaneously recipient and actor

conducted.

within them. The micro system is the direct social

intervention in the preparation and experience of

interaction environment of a person, which

retirement

includes

friends,

concept of retirement as a career change,

classmates, teachers, neighbors. The meso

learning the factors that contribute to help them

system is the relationships between micro

negotiate

systems, for example between family and work.

distinguishing ways of approaching retirement.

The exo system is environment between a micro

PPR acts as a career counseling service to

system and a system where the person does not

retirement. Simultaneously, it acts as a health and

have an active role. The macro system is the

clinical intervention for ageing and dementia.

cultural environment of a person, which includes

Losing valuable knowledge or underutilizing

among others socioeconomic status, ethnicity.

capacity has very high costs for organizations.

The chrono system is the life transitions

These issues may anticipate the expected

environment of a person.

number of older people for 2050 (European

social

agents

as

family,

The

role

of

helps people

the

transition

a

psychological

understanding the

to retirement

and

Commission, 2011), helping societies deal with Discussion

this societal challenge. An intergenerational

The aim of this paper was to discuss a

intelligent approach may help aging organizations

psychosocial preparation for retirement within the

find solutions for an optimizing learning as a

different ecosystems of human development. An

bridge

intervention that enables people to continue

organizations already aware of these issues, an

participating in social, economic, cultural, spiritual

intergenerational intelligent approach may help

and civil matters avoiding isolation and passivity

further maximizing the benefits of knowledge

by

human

exchange between workers as to prevent the loss

development. It presents benefits for the private

of critical knowledge and skills, improve older

and public responsibility of care concerning

worker mobility, increase older and younger

aging. These benefits are related to the work on

worker competence and stimulate innovation. We

psychological

have

acting

at

various

levels

processes

under

of

behavioral

between

been

generations.

witnessing

worldwide

physical, psychological, social, spiritual, financial,

countries and another for older people-friendly

family and leisure. With this approach we may

countries. The piece of the puzzle that seems to

answer the question of what are the specific

be missing is the call for all ages-friendly

needs for the older community in terms of the

countries (Gonçalves et al. 2016a). There is a

integration

need of an intergenerational approach in the

people.

The

PPR

design JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

of

public

policies.

for

two

simultaneous

older

one

those

change in seven areas of health. These are

of

calls:

For

An

child-friendly

agenda

of

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 38

of

cognitive conditions, physical health data. We

intersectional public policies in sectors such as

might also think about the creation of a

education, social services, child, youth, family,

Specialization on Psychosocial Preparation for

health and welfare, employment, economy,

Retirement Leadership as it is a determinant of

environment and culture. A continued political

wellbeing having benefits for education, work,

leadership

health and human development and is influenced

design

of

public

to

maintain

coordination. Government,

policies.

A

An

agenda

collaboration

partnership

ministries,

local

and

and

between

by gender,

ethnicity,

religious background,

national

immigration history, marital status, employment

government, non-governmental organizations,

situation,

employers and trade unions, research institutes

economical factors and health. The creation of a

and centers, media, civil society, learning centers

new figure or department in organisations of

and promoters of intergenerational practice

intergenerational

experts. The more efficient use of human,

proficient in human development knowledge,

physical and financial resources will impact public

effective

policies in terms of economy and employment,

partnership,

society, life-long learning and health & social

integration, adequate assessment tools, and

services.

the

reflection with care of bringing generations

youthcracy paradigms, we have at the moment

together for mutual benefit could also help to

worldwide an opportunity for an intergenerational

research

learning paradigm, where reciprocal relationships

organizational intergenerational intelligence.

with benefit for all generations are privileged and

Besides

intergenerativity

This

exemplifies the experimental and innovative

intergenerational learning paradigm calls for an

character in retirement psychosocial preparation

intervention public policy for all ages sustained in

practice and learning, in Portugal there is also an

time

the

innovative intervention under the new reciprocal

sustainability of communities, and promotes birth

learning paradigm (Gonçalves et al., 2016c) and

and active aging, supporting families (Gonçalves

a

et al., 2016b).

intergenerational policies (Gonçalves et al.,

that

After

the

gerontocracy

is

stimulates

and

possible.

cohesion,

favors

geographical

practice

experts

communication,

and

this

In

intervene

in

practice-based

group

a

hearing

on

at

socio-

who

are

compromise

interdisciplinary

working

2016b).

proximity,

knowledge

the

area

initiative

advocacy

the

of

that

for

Portuguese

Policy, Practice and Research Implications

Parliament on a Law Resolution in January 2015

The potential practical implications for this type of

(Gonçalves, 2015), there was a call for the need

programme are significant, considering the

for an integrated intergenerational dialogue and

increasing ageing population worldwide. This

of

approach if used in different cultures, including

(Gonçalves et al., 2016b). Although more

immigrants, may be also useful to compare

research in the area is needed, this paper

profiles between countries, e.g. psychosocial

enabled us to take an initial look at how we can

situation: mental health indicators, worries in age,

innovate in this area. It is a methodology of social

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

an

integrated

active

ageing

approach

responsibility profit and non-profit organisations VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 39

responsibility profit and non-profit organisations

Gonçalves, M. (Janeiro, 2015). Por um Portugal

should adopt. For example, it could be part of

Amigo de todas as Idades. Audição 224-CECC-

human resources practices. In an exploratory

XII da Comissão Parlamentar de Educação,

study to understand whether and to what extent

Ciência e Cultura. Resolucão n.o 87/2014,

employees’ commitment is or may be influenced

Aprofundar a protecção das crianças, das

by the organization in a country under Troika

famiĺ ias e promover a natalidade. Assembleia da

austerity (Gonçalves et al., 2017b), results were

Républica Portuguesa. Lisboa, Portugal.

consistent

with

literature

pointing

that

organisational commitment consists of a narrow

Gonçalves, M., Caramelo, S., & Almeida Ribeiro,

link between employees and their company and

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 40

Organisational

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and

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Change.

Gonçalves,

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Nogueira, A., Azeredo, Z. (2017) What is lacking for the elderly in today’s society?, Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 41 - 50

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

ABRIL 2017

O que falta aos idosos na sociedade atual? What is lacking for the elderly in today's society? Lo que falta para las personas mayores en la sociedad actual?

Autores Assunção Nogueira 1 , Zaida Azeredo 2 1

Escola Superior de Saúde Vale do Sousa, IPSN, IINFACTS, CESPU, PhD 2 RECI, Instituto Piaget, PhD

Corresponding Author: assuncaonog@gmail.com

Resumo Com este estudo pretendemos conhecer as necessidades do idoso no contexto da sua vivência, na opinião dos cidadãos. Pretendeu-se identificar inexistências de recursos na sociedade para o seu bem estar. Da análise de conteúdo, podemos constatar que as necessidades dos idosos são múltiplas: de acessibilidade aos cuidados e serviços de saúde, falta de apoios sociais, inexistência de equipamentos na comunidade, habitação desadequada, recursos económicos escassos, levam a que este grupo seja descriminado /isolado da sociedade culminando, no próprio, com sentimentos de solidão. Todas estas necessidades requerem uma atenção particular e exigem medidas políticas não só para aquisição de equipamentos e serviços na comunidade, mas também de educação para a saúde e cidadania, desde muito cedo, com participação ativa dos idosos na vida em sociedade.

Palavras chave: Envelhecimento, qualidade de vida, educação.

Resumen Con este estudio se pretende conocer las necesidades de las personas mayores en el contexto de su experiencia, en la opinión de los ciudadanos. Se tenía la intención de identificar los recursos inexistências en la sociedad por su bienestar. El análisis de contenido, podemos ver que las necesidades de los ancianos son múltiples: la accesibilidad a la atención y servicios de salud, la falta de apoyo social, la falta

Autores de equipo en la comunidad, la vivienda inadecuada, los escasos recursos económicos, significan que este Dados curriculares

grupo se discrimina / aislado de la sociedad culmina en sí mismo, con la sensación de soledad.Todas estas necesidades requieren una atención especial y requieren medidas de política no sólo para la compra de equipos y servicios en la comunidad, sino también la educación sanitaria y la ciudadanía, desde una edad temprana, con la participación activa de las personas mayores en la sociedad.

Palabras clave: envejecimiento, calidad de vida, de educación. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 42

Introdução

incapacidades a vários níveis e que acarretam

O envelhecimento demográfico é algo ímpar na

muitos gastos para a economia do país. Os

Humanidade e tem sido um tema que tem

documentos

preocupado

sociedade.

demonstram uma contínua preocupação face ao

Ninguém tem dúvidas de que o período que

aumento exponencial da população idosa e aos

atravessamos é histórico pelas transformações

impactos que imprimem nos territórios sociais,

sociodemográficas que assistimos. A população

referindo-se

está a envelhecer e vai continuar a envelhecer

problema.

rapidamente, nas próximas décadas. Os países

Ao considerar-se um problema social, a velhice,

do sul da Europa, nos quais se incluem Portugal

passou também a ser um foco de interesse e a

e Espanha, estão a sofrer um envelhecimento

mobilizar gente e meios para este grupo. Os

mais acelerado do que outros países da

investigadores passaram a ter uma atenção

Comunidade Europeia, o que dificulta uma

especial com o fenómeno do envelhecimento e

adaptação da sociedade a uma percentagem

com os idosos, afim de encontrarem soluções

elevada e em crescendo de idosos e a uma nova

para os seus problemas. O envelhecimento da

imagem social por estes desejada e que também

população marca o contexto atual nos variados

é real.

domínios da sociedade contemporânea, impondo

Alexandre Kalache, médico Brasileiro, diz que

repensar conceitos, práticas e visões pessoais e

estamos em plena “revolução da longevidade”,

sociais (Barbosa, C. s/d). Para que se possam

pelo que é urgente encontrar soluções das

tomar medidas políticas e sociais torna-se

diferentes instituições sociais e politicas para

importante conhecer a opinião da própria

responder de forma ajustada às necessidades e

população.

interesses das pessoas idosas.

Assim, propusemo-nos realizar um estudo afim

Se por um lado é gratificante verificarmos que as

de conhecer a opinião da população sobre o que

melhores condições de vida, o apoio na saúde, o

falta ao idoso tendo em atenção o seu bem-estar.

vários

desenvolvimento

setores

cientifico

da

e

oficiais

ao

e

alguns

envelhecimento

autores

como

um

tecnológico,

trouxeram mais anos de vida às pessoas, por

Metodologia

outro, infelizmente, o aumento da longevidade,

Realizamos um estudo exploratório, com uma

não vem acompanhado de ações públicas e

amostra intencional a 121 pessoas, com idades

politicas que assegurem melhor qualidade de

compreendidas entre os 13 e os 86 anos (média

vida, no futuro, às pessoas mais idosas (Walker,

41,42 anos; desvio padrão de 22,405). Era nosso

2002).

interesse perceber o que pensam as pessoas

No mundo ocidental, onde nos situamos, ainda

sobre o que falta aos idosos para obterem bem-

são valorizadas a otimização da economia e da

estar. Os indivíduos foram abordados em

produtividade, remetendo para um segundo

diferentes ruas de Famalicão, cidade suburbana,

plano os idosos por serem considerados um

do distrito do Porto, Portugal, na primeira semana

grupo

de Dezembro de 2016.

vulnerável,

não

produtivo,

com

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 43

Utilizamos

um

questionário

de

1.Serviços sociais e de saúde

autopreenchimento, dividido em duas partes, na

No parecer dos indivíduos, os recursos de saúde,

primeira constituído por questões abertas, que

são escassos constituindo para muitos idosos um

nos permitiu caracterizar os informantes sócio

problema por acarretarem custos para o mesmo,

demograficamente (idade, sexo, estado civil,

pois têm de percorrer longas distancias para

escolaridade e profissão) e na segunda parte do

acederem aos cuidados médicos e só recorrem a

questionário constituído por questões abertas

estes quando se sentem doentes. No estudo

sobre a opinião do local de residência se tem

realizado por Louvison (2008) este verificou que

condições para garantir o bem estar aos idosos e

a maioria dos idosos estudados apresentam altas

dar resposta às suas necessidades.

taxas de utilização de serviços de saúde, mas os

Os dados foram tratados recorrendo-se à técnica

que menos os utilizam, indicam como razões: a

da análise de conteúdo, de onde emergiram

distância a percorrer, os custos e questões

classes categoriais, construídas à priori e à

relacionadas com a gravidade da doença.

posteriori, que dessem resposta ao propósito do

Para os idosos a necessitarem de algum tipo de

nosso trabalho. Analisamos individualmente as

apoio os informantes referiram que os apoios

respostas de cada questão extraindo unidades

socias são inexistentes ou insuficientes para este

de registo elucidativas das classes categoriais

grupo etário dadas as muitas necessidades que

(Bogdan & Biklen, 1994). Antes de acederem ao

têm.

estudo os participantes foram informados e

vestuário, higiene pessoal, asseio da residência

esclarecidos do propósito do mesmo, garantindo-

para além de companhia, foram algumas razões

lhes também o anonimato e a confidencialidade

apontadas. Este

dos dados. Os indivíduos participaram de forma

referido para idosos que já têm algum tipo de

voluntária e esclarecida. Deste modo, honramos

incapacidade ou são dependentes de terceiros

e

para a realização dos seus autocuidados. Este

respeitamos

todos

os

princípios

éticos

inerentes a este tipo de pesquisa. Resultados

Apoio

na

preparação

de

refeições,

apoio social é sobretudo

tipo de apoio pode ser formal, (quando prestados por profissionais de saúde e/ou sociais inseridos

numa rede de serviços, estatais ou privados/ de

Das 121 pessoas inquiridas 60,3% eram do sexo

solidariedade social) ou informal quando a ajuda

feminino e 39,7% do sexo masculino A média de

é obtida a partir de familiares vizinhos ou amigos.

idades foi de 41,4 anos. 31,4% possuía o ensino primário ou não tinha escolaridade; 51,2%

2.Equipamentos na comunidade

possuía o ensino secundário e 17,4% o ensino

Embora

superior.

comunidade dirigidos a idosos, nomeadamente lares,

As respostas obtidas, depois de analisados os

dados, incidiram sobre os seguintes problemas a que urge dar solução:

existam

centros

muitos

de

dia

equipamentos

ou

de

na

convívio,

proporcionados por instituições particulares de

solidariedade social e outras organizações privadas apoiadas (ou não) financeiramente pelo Estado, eles continuam a ser insuficientes para

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 44

Estado, eles continuam a ser insuficientes para

O mesmo estudo diz que as condições em que

darem resposta à população idosa existente. Há

se encontram os passeios têm um impacto

locais na periferia de Famalicão que não dispõe

evidente sobre a possibilidade de as pessoas

de quaisquer equipamentos. Por outro lado, foi

andarem na sua zona de residência. Assim,

referido pelos informantes que os existentes

passeios estreitos, desnivelados, rachados, com

apoiam-se num modelo de intervenção que é o

bermas altas, congestionados ou com obstáculos

mesmo de há muitos anos, o que leva a que os

representam perigos potenciais e afetam a

idosos não os queiram frequentar pois não

capacidade dos idosos para se movimentarem.

correspondem ao que pretendem em relação às

Em muitas cidades, são mencionadas as

atividades de que dispõem. Por outro lado estes

barreiras

representam para muitos idosos como o “estar

desencorajar os idosos de saírem de casa (OMS,

acabado” e “esperar a morte” existindo relutância

2007).

ao

acesso

físico,

que

podem

em frequentá-los. A criação de atividades de entretenimento, quer

3.Habitação do idoso inadequada

nas instituições quer na própria comunidade,

Foram poucas as pessoas que se referiram à

dirigidas a idosos foram algumas sugestões

habitação do idoso, mas os que se pronunciaram

fornecidas. Também foi referida a necessidade

sobre esta referiram que as habitações dos

de mais espaços verdes (parques e jardins)

idosos são no geral degradadas e sem condições

acessíveis a este grupo, assim como passeios

para uma pessoa viver com dignidade. As

que acompanhem as ruas e rampas e/ou

escadas de acesso à habitação em edifícios ou

elevadores nos serviços públicos.

em casas, condições sanitárias degradadas, por

“Envelhecer em casa” será para muitos idosos a

serem casas antigas e sem manutenção,

sua, quase única opção, pois existem inúmeras

compartimentos muito pequenos e casas de

barreiras no ambiente exterior e no acesso aos

banho sem condições, foram alguns dos aspetos

edifícios públicos.

apontados.

fundamental

Estes

sobre

a

têm um

impacto

mobilidade,

a

É na sua habitação que muitos idosos preferem

independência e a qualidade de vida dos mais

permanecer mesmo depois de ficarem sozinhos,

velhos. Num estudo realizado pela OMS (2007)

pois é aqui que encontram os seus objetos

em várias cidades do mundo concluiu-se que

particulares e as suas memórias pessoais

existem obstáculos que impedem que os idosos

(Nogueira, 2016). A habitação é fundamental

utilizem os espaços verdes. A existência de áreas

para a segurança e o bem-estar. Vários aspetos

em que as pessoas possam sentar-se é

do projeto de uma casa são considerados fatores

geralmente considerada

pelos idosos uma

que determinam a possibilidade dos idosos

característica urbana necessária: para muitos

viverem em casa com conforto (OMS, 2012).

idosos. É difícil andar nas zonas onde vivem se

Podemos sublinhar que é importante para os

não houver locais onde possam descansar

idosos viverem em casas construídas com

(OMS, 2007).

materiais adequados e com: estruturas sólidas;

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superfícies planas; elevador, caso se trate de um VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 45

superfícies planas; elevador, caso se trate de um

Pese embora estas constatações estatísticas,

edifício com vários andares; casa de banho e

existem evidências de que a estrutura e dinâmica

cozinha adequadas; espaço suficiente para

familiar

permitir a movimentação; passagens e portas

sociedade moderna. A mulher, com papel de

suficientemente largas para permitir a circulação

cuidadora na família tradicional, passou a

de uma cadeira de rodas; e equipada de modo a

trabalhar fora de casa, a mobilidade social e a

oferecer

educação muito díspar entre gerações (pais e

proteção

contra

as

condições

climatéricas (OMS, 2012).

tem

sofrido muitas

alterações

na

filhos), estabelece uma clivagem no seio familiar

e fá-las desintegrarem-se; sucedendo de uma 4.Família

forma idêntica em relação à grande assimilação

Quando se referiram à família enquanto suporte

de novos valores, atitudes, condutas ligadas à

ao idoso, alguns informantes, relataram que

industrialização, à cidade e ao prestígio dos

estes são abandonados e têm falta de afeto dos

estranhos (Nogueira, 1996, cit Martins, 2005).

filhos existindo uma quebra de laços emocionais

Todas estas transformações levam a que a

ou então, estes negligenciam os cuidados aos

família não seja capaz de resolver os problemas

pais, que desta forma não são apoiados nas

que se colocam hoje aos idosos como satisfazer

AVD, “como eram os idosos de antigamente”,

as necessidades físicas (alimentação, habitação

quando o idoso tem necessidade desse apoio

e outros cuidados), psíquicas (como autoestima,

pelas várias incapacidades que foram surgindo.

comunicação e pertença a um grupo) (Martins

A família é a célula básica da sociedade e a ela

2005). Muitos idosos por não terem suporte

são atribuídas várias funções. Se corresponde ao

familiar estão confinados à institucionalização.

que a sociedade espera dela, cumprindo as suas

Também aqueles que são cuidados no seio

funções, diz-se que a família é funcional, se pelo

familiar, podem levar a um enorme desgaste

contrário não cumpre com os papeis que lhe são

físico e emocional do cuidador, repercutindo-se

destinados poderemos estar perante uma família

isto no bem-estar do idoso. Esta situação,

disfuncional mais ou menos grave (Azeredo &

depende do grau de incapacidade do idoso, do

Matos, 1998, cit Martins, 2005). Embora a família

tempo de prestação de cuidados, da preparação

continue a querer cuidar dos seus membros

do cuidador para desempenhar o papel e da

idosos e os idosos também prefiram ser cuidados

acumulação de funções. Este fenómeno é

por eles (Nogueira & Azeredo, 2016) nem sempre

comumente

hoje é possível tal situação, necessitando, por

cuidador familiar (Nogueira & Azeredo, 2016).

designado

por

sobrecarga

do

vezes de ser complementados por instituições estatais ou privadas. No entanto, as estatísticas

5.Ageismo

demonstram que os idosos que necessitam de

O ageismo (também chamado idadismo)

cuidados são, na maioria, cuidados pelos seus

refere-se essencialmente às atitudes que os

familiares (Paúl & Fonseca, 2005).

indivíduos

e

a

sociedade

têm

frequentemente com os demais em função JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 46

da idade (Goldani 2010). Utiliza-se este termo

solidão é sentimento subjetivo, relacionado com

para designar algumas formas de discriminação

a qualidade da interação social. Existem alguns

em relação aos idosos. Quando questionados

motivos para que este sentimento se instale no

sobre o que pensam do ageismo, a esmagadora

idoso: perda de papéis sociais, problemas de

maioria não sabe o significado do termo. Os

saúde, reforma, isolamento social, entre outros

respondentes referiram que “é triste pensar que

(Freitas, 2011). Nos nossos registos foram

alguém pode ter este tipo de atitude em relação

apontados como causas para a solidão nos

aos idosos, sendo que toda a gente vai

idosos e para o seu isolamento, o abandono dos

envelhecer” ou “uma falta de respeito pela

filhos, o estarem sós e isolados de tudo e de

experiencia que a idade traz e a forma como

todos (em zonas rurais), a falta de afeto e

pode ajudar a juventude” ou “são desprezados

compreensão, a pobreza, o já não poderem

depois de uma vida de trabalho” e ainda “a

trabalhar devido a terem problemas de saúde e

discriminação é um dos grandes problemas,

consequentemente a diminuição da mobilidade.

cada vez mais os idosos estão a ser alvo de

Onde existe falta de comunicação, participação

descriminação”. Palavras como o falta de

social ativa e afetiva pode existir o sentimento de

respeito,

foram

solidão. Julgo que os informantes associam a

registadas pelos inquiridos. As conceções de

solidão a estas perdas de que o idoso está

velhice nada mais são do que resultado de uma

sujeito.

construção social e temporal feita no seio de uma

A solidão surge não só em idosos que estão sós

sociedade com valores e princípios próprios

e isolados mas também no seio das famílias e

(Schneider & Irigaray, 2008). A nossa sociedade

nas instituições (Freitas, 2011), pela diminuição

nega, aos velhos, o seu valor e importância

da sua auto estima, pela redução de contatos

social. Vivemos numa sociedade de consumo

sociais e afetivos, provocando no idoso um

onde a produtividade, o belo e o novo são

enorme sofrimento. Este é considerado como

valorizados. Nesta realidade os idosos são

uma

descartáveis,

problemáticas a que se torna urgente responder

discriminação

passam

e

a

desprezo

ser

vistos

como

ultrapassados ou já fora de moda.

das

experiências

mais

penosas

e

(Azeredo & Afonso, 2016). O isolamento dos idosos foi um problema

6.Solidão e Isolamento do idoso

referenciado como associado a questões de falta

Os mais jovens e os adultos têm a perceção de

de afetos entre as diferentes gerações, a

que a solidão é um sentimento muito presente

dificuldades de acessibilidades e de recursos.

nos mais velhos. É muito comum fazer-se uma

Desta análise somos levados a referir que se por

associação direta entre a velhice e a solidão,

um lado, a falta de apoio familiar e social aos

visto que se considera normal a existência deste

idosos, a falta de apoios sociais às famílias

sentimento por parte do idoso.

cuidadoras, tendem para o isolamento, por outro

Embora isolamento e solidão não sejam

este isolamento também é devido às condições

sinónimos o isolamento pode levar à solidão. A

da habitação e acessibilidade ao exterior, que

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agregadas

ao

declínio

da

autonomia

VOLUME 6. EDIÇÃO 1

e


Página 47

agregadas

ao

declínio

da

autonomia

e

quando se refere que a segregação dos idosos é

mobilidade, contribuem ainda mais, para o

apenas uma questão doméstica.

agravamento do problema do isolamento e

Para

consequentemente para a solidão dos mais

informantes

idosos.

educação desde idades muito jovens, em que

reduzir

estes referem

conflitos ser

os

nossos

necessária

uma

exista mais diálogo e convívio intergeracional. 7.Conflitos intergeracionais

Segundo Lopes (2008, p.26) “o diálogo entre

Este tema, embora com algumas opiniões

gerações contribui para uma nova consciência

divergentes, foi o que mais suscitou o interesse

comunitária, na medida em que desenvolve as

dos participantes deste estudo. São atribuídas

relações interpessoais, quando entram em

como causas de conflitos entre as gerações mais

contacto com novas vivências de diversos modos

velhas e a mais novas: a falta de respeito,

de

paciência bem como a falta de tempo dos mais

intergeracionais renovam opiniões e visões

novos em querer entender e compreender os

acerca do mundo e das pessoas”. A Declaração

mais

intergeracionais

de Québec sobre a solidariedade intergeracional,

acompanham a história da humanidade. Numa

assinada em 1999, dá enfase à necessidade de

sociedade de evolução muito rápida estes

cultivar relações harmoniosas e produtivas entre

tornam-se mais evidentes porque os idosos,

as

apesar do seu esfoço, têm dificuldades em

humana, a paz e a justiça social (Declaração de

acompanhar e adaptar-se a essa evolução. Há

Quebéc, 1999, cit Teiga, 2012). A UNESCO, em

preconceito sobre o que o idoso ainda pode fazer

2000, defende a criação de programas para a

e pensar. Para um dos informantes : “acham que

inclusão

os idosos são inúteis e não se adaptam às novas

comunidade. Incentiva os estados a financiar

gerações”.

estes programas porque tanto trazem benefícios

As relações sociais são uma parte do bem-estar,

para os mais velhos como para os mais novos.

estimulando a mente e o pensamento, tendo, por

Para os idosos procuram minimizar as perdas do

isso,

múltiplos efeitos positivos na fase da

processo de envelhecimento, ao promover a

velhice. O ser humano é um Ser social com

inclusão e a sua valorização para além de

necessidade de manter e desenvolver relações

desenvolver

sociais. Embora não tenha sido referido que os

transmissão dos conhecimentos, habilidades e

conflitos intergeracionais ocorrem com maior

valores humanos a outras gerações. Para os

frequência no seio da família, parece-nos que é

mais novos procura-se promover interações

mesmo no seio da família que eles surgem mais

diferenciadas, promover aquisição de saberes

frequentemente, pois os nossos informantes

através da educação Informal transmitidas pelos

referiram-se inúmeras vezes aos filhos ou netos.

mais velhos, despertar nas crianças um novo

Esta ideia é corroborada por Deber (2001)

olhar sobre as questões do envelhecimento,

velhos.

Os

conflitos

pensar,

gerações,

agir

e

para

social

e

sentir.

As

favorecer

a

relações

dignidade

desenvolvimento

competências

ao

nível

da

da

estimular e recuperar brincadeiras e jogos JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 48

tradicionais, desenvolver nas crianças novas

apontadas na literatura como causa dos maus

aptidões e promover a educação ao longo da vida

tratos aos idosos.

(Teiga, 2012). Atividades intergeracionais são consideradas mais desejáveis que atividades 8) 9. Status económico voltadas

apenas

para

idosos.

Essas

Nesta categoria encontramos registos como

oportunidades são propiciadas compartilhando-

“falta de recursos por falta de dinheiro”, ”baixas

se espaços e instalações.

reformas ou pensões para as necessidades” ou “pobreza” que nos indicam que os indivíduos

8.Maus tratos a idosos

inquiridos percecionam a população idosa com

Um dos problemas dos idosos identificados pelos

um status económico baixo e com dificuldades de

nossos informantes foram os maus tratos.

satisfazerem as suas necessidades diárias. O

Embora não se tivessem referido às várias

rendimento de muitos idosos e a pobreza,

formas de maus tratos foi evidente que o

independentemente da idade, exclui as pessoas

“abandono pela família” em geral e o “abandono

da sociedade. De facto a população idosa tem,

pelos filhos” em particular,

foram os mais

de uma forma geral, recursos económicos muito

referidos. Também frases como o “serem

escassos. Nesta fase da vida quando surgem

esquecidos” ou “serem mais sujeitos a agressões

problemas de saúde as privações são múltiplas,

e a roubos” assim como “não terem os cuidados

traduzindo-se numa má qualidade de vida pois

de que necessitam” foram citados. Neste

afeta várias necessidades do individuo como:

contexto o termo “maus-tratos” faz referência à

alimentação,

agressão física, à falta de cuidados físicos, bem

condições habitacionais, capacidade de escolha

como ao abandono emocional. De uma forma

e participação entre outras. Quando existem

geral podemos dizer que o mau trato a idosos,

carências elas são sinergéticas. Nenhuma

refere-se a um comportamento destrutivo dirigido

carência ocorre de forma isolada. A pobreza

ou à falta de ação apropriada a um adulto idoso

inevitavelmente leva à exclusão social, que se

e que ocorre, geralmente, num ambiente de

traduz para além da falta de meios essenciais a

confiança e cuja frequência, ato único ou

uma boa qualidade de vida dificuldades também

repetido, acarreta sofrimento na pessoa (Nações

de acesso a bens sociais e à participação social

Unidas, 2002). Independentemente de o abuso

que são mais graves quanto mais doente a

ser praticado no contexto familiar ou institucional

pessoa for, ou quando existem ruturas familiares.

vestuário,

transportes,

saúde,

os seus efeitos na pessoa são semelhantes. Os idosos

sujeitos a maus

tratos tendem

a

Notas finais

desenvolver atitudes de culpa, baixa auto-estima,

No presente trabalho pretendeu-se saber,

isolamento social e entram mais facilmente em

qual a opinião dos cidadãos, acerca do que

depressão,

faz falta aos idosos no

sofrem

perturbações

do

sono,

contexto onde

reforçam as suas dependências e o estigma

vivem. Não foi nossa intenção extrapolar os

social (Dias, 2005). Inúmeras fragilidades são

resultados para a sociedade em geral, no

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

entanto julgamos que este seja um retrato VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 49

entanto julgamos que este seja um retrato do que pensam as pessoas sobre as necessidades dos idosos. Nas respostas obtidas identificamos várias condicionantes do bem-estar do idoso,

Bogdan, R., & Biklen, S. (1994) Investigação qualitativa em educação- uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora.

quer a nível de recursos de saúde e sociais de apoio,

quer

a

de

Conselho de Europa, (2002), Recomendação

as

1582 (2002) I (I). El maltrato de las personas de

preferências dos idosos, quer a nível do apoio às

edad: Reconocer y responder al maltrato de las

suas famílias, assim como discriminação social

personas de edad en un contexto mundial,

tendo em conta o fator idade, exacerbando

Nações Unidas, Conselho Económico e Social.

entretenimento

conflitos

nível

de

atividades

direcionadas

intergeracionais.

para

Os

recursos

económicos escassos deste grupo parecem ser

Debert, Guita Grin (1999) A Reinvenção da

um determinante decisivo para o seu bem-estar.

Velhice. São Paula: EDUSP.

Muitos idosos são maltratados no seu contexto de vivência. Todos estes condicionantes exigem

Dias, I. (2005). Envelhecimento e violência contra

medidas políticas não só para aquisição de

os idosos, in Sociologia, Revista da Faculdade de

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acesso aos serviços de saúde entre idosos do VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 50

acesso aos serviços de saúde entre idosos do

cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais

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VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Santos, B., et al (2017) Training to practice: Importance of Self-Care Theory in Nursing Process for improving care., Journal of Aging & Innovation, 6 (1): 51 -

REFLEXÃO FUNDAMENTADA/ FUNDAMENTAL REFLECTION

ABRIL 2017

Da formação à prática: Importância das Teorias do Autocuidado no Processo de Enfermagem para a melhoria dos cuidados. Training to practice: Importance of Self-Care Theory in Nursing Process for improving care. De la formación a la práctica: Importancia de las Teorías del Autocuidado en el Proceso de Enfermería para la mejora de los cuidados. Autores Bruno Santos 1 , Ana Ramos 2 , César Fonseca 3 1

Estudante do Curso de Licenciatura em Enfermagem, Universidade de Évora, 2 PhD Student, 3 PhD Univ. Évora

Corresponding Author: cesar.j.fonseca@gmail.com

reciprocamente. Crenças, antecedentes sociais e Em 1991, Dorothea Orem definiu o autocuidado na sua Teoria do Défice do Autocuidado de Enfermagem. Assim, para a

teórica, autocuidado “é o desempenho ou a prática de actividades que os indivíduos realizam em seu benefício para manter a vida, a saúde e o bem-estar.” Este autocuidado é universal por abranger todos os aspectos vivenciais, não se restringindo às actividades de vida diária e às instrumentais. Orem desenvolveu o seu projecto em três teorias inter-relacionadas, que são: a Teoria do Autocuidado, que descreve o porquê e

como as pessoas cuidam de si próprias; a Teoria do Défice de Autocuidado, que descreve e explica a razão pela qual as pessoas podem ser ajudadas através da enfermagem; e a Teoria dos Sistemas de Enfermagem, que descreve e explica as relações que têm de ser criadas e mantidas para que se produza enfermagem. [1]

Autores Orem

reconhece o ser humano e o

Dados curriculares

culturais, características pessoais e relação entre os profissionais de saúde e os clientes são alguns

dos

fatores

que

influenciam

os

comportamentos de autocuidado. As atividades de autocuidado aliviam os sintomas e as complicações das doenças, reduzem o tempo de recuperação e reduzem a taxa de hospitalização e reospitalização. [7] Observou-se que todos os seres humanos estão dispostos a ocupar-se de si mesmos e dos seus familiares dependentes. Eles têm o potencial e a capacidade de aprender a satisfazer as suas necessidades de autocuidado. O pressuposto epistemológico é que eles precisam de interação contínua e deliberada entre si e os ambientes que os rodeiam para o autocuidado e a sobrevivência. Orem oferece assim uma estratégia para o desenvolvimento de habilidades de autocuidado. [8] A capacidade de autocuidado só é afirmada quando o indivíduo é capaz de desempenhar a

ambiente como uma única unidade e acredita

actividade

que

restabelecer ou melhorar a sua saúde e bem-

estes

componentes

influenciam-se

de

autocuidado

para

manter,

estar. [1] Segundo alguns autores, a vivência de JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

uma transição, a capacidade que a pessoa tem VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 52

poderia levar a um maior refinamento da teoria. uma transição, a capacidade que a pessoa tem

[6]

para determinar e gerir as suas necessidades e para construir respostas adaptativas pode estar

É aqui que o papel do enfermeiro é

alterada, pelo que é necessário um período de

fundamental, já que o autocuidado é um

adaptação ou ajustamento. [2] É de reforçar que

resultado sensível aos cuidados de enfermagem,

o autocuidado é uma função humana reguladora

com tradução positiva na promoção da saúde e

que as pessoas desempenham deliberadamente

no

por si próprias ou que alguém a execute por eles

conhecimentos da pessoa e habilidades onde os

para

profissionais

preservar

a

vida,

a

saúde,

o

bem-estar

através

de

saúde,

do

aumento

principalmente

de

os

desenvolvimento e o bem-estar. Quando a

enfermeiros têm uma intervenção decisiva. [3] A

pessoa actua de forma consciente, controlada,

teoria do défice de autocuidado incorpora a

intencional

real

asserção da necessidade de cuidados de

autonomização, designamos por actividade de

enfermagem face à incapacidade da pessoa em

autocuidado. [3]

satisfazer os seus requisitos de autocuidado. E,

e

efectiva,

atingindo

a

de acordo com a identificação das necessidades Quando as necessidades de autocuidado excedem a capacidade de autocuidado - por

exemplo, no caso de doenças crónicas -, as pessoas experienciam desvios de saúde e necessitam de cuidados. Consequentemente, precisam, de satisfazer as suas necessidades de autocuidado,

seja

individualmente

ou

por

pedindo ajuda a alguém. Estudos indicam que uma

intervenção

educativa

de

suporte,

desenvolvida com base na teoria do autocuidado de Orem, aumenta a capacidade de autocuidado

do utente. [9]

em autocuidado da pessoa, a ajuda profissional dos enfermeiros poderá assumir-se como: fazer por; orientar; ensinar; proporcionar apoio físico e psicológico e providenciar recursos no sentido de manter um meio propício ao desenvolvimento pessoal. [4] Nesta perspectiva, Orem identificou cinco áreas em que o enfermeiro é o agente terapêutico

e

desenvolve

as

seguintes

actividades: iniciar e manter a relação com a pessoa, família ou grupo até que a pessoa não necessite

de

cuidados

de

enfermagem;

determinar como e se a pessoa pode ser ajudada

Alguns autores discutiram a importância

através dos cuidados de enfermagem; responder

da teoria do autocuidado com base numa leitura

às necessidades da pessoa relativamente ao

crítica, numa análise e discussão de diversos

contacto

materiais bibliográficos. Alegaram então que a

prescrever e proporcionar ajuda direta à pessoa

teoria

de

e pessoas significativas: coordenar e integrar os

Enfermagem, educação e gestão, mas não tem

cuidados de enfermagem na vida diária da

sido prontamente utilizado na pesquisa e prática

pessoa

clínica da profissão. Afirmam então que os

necessária. [4]

é

útil

enfermeiros

para

deveriam

orientar

utilizar

a

a

prática

teoria

do

autocuidado para orientar a sua prática, o que JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

e

e/ou

à

assistência

outra

do

assistência

enfermeiro;

de

saúde

Acreditamos assim que se torna crucial o uso das Teorias do Autocuidado de Orem, no VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 53

nas unidades em que exercem a sua prestação ensino/formação da formação académica e

profissional

dos

desenvolvimento

enfermeiros, do

para

de cuidados. [6]

o

conhecimento

A

Enfermagem

tem

evoluído

teórico/prático dos nossos profissionais e da

positivamente nos últimos anos, tanto a nível

melhoria

de

teórico, como prático, mas tal ainda não é o

Enfermagem prestados, pois o conhecimento em

suficiente para atingir o nível aceitável de

enfermagem é então um conhecimento que se

visibilidade

cria, estrutura e reestrutura numa dinâmica

competências específicas e diferenciadas. É

dialógica entre a conceção (teoria) e o fazer

assim importante ter em conta que toda a prática

(cuidar), num constante ciclo em movimento de

clínica deve ter uma base teórica, que sustente

translação. [5]

as intervenções realizadas e dêem um sentido ao

da

qualidade

dos

cuidados

enquanto

profissão

com

que é feito no quotidiano, sem que se caia no erro Já que a pertinência da teoria de Orem está no seu âmbito, complexidade e utilidade clínica, na capacidade de gerar hipóteses e por acrescentar

conhecimento

à

profissão

de

Enfermagem. Tem-se revelado igualmente útil na

criação de currículos para a formação dos enfermeiros

em

várias

faculdades

e

universidades, assim como na concepção de orientações para a gestão/ administração em enfermagem. [6]

do fazer por imitação. As teorias do Autocuidado, a título de exemplo, constituem um importante meio para que seja atingido este fim. Aplicando estas teorias, o enfermeiro é capaz de conceber e

seguidamente

empregar

uma

teia

de

conhecimentos sobre a pessoa e a forma como ela se relaciona com o mundo, de forma a dar a resposta mais adequada na sua prestação de cuidados de Enfermagem, colmatando os deficits de autocuidado encontrados no utente, tanto em

O contributo de Orem para a teoria, o

meio hospitalar, como nos cuidados de saúde

conhecimento específico de Enfermagem e a

primários e até em contexto domiciliar. Torna-se

ciência de Enfermagem, situa-se, na nossa

assim

opinião, na constituição de uma teoria de

temáticas no currículo de futuros enfermeiros,

amplitude

para

para que seja assim cultivado desde cedo, este

enquadrar e dar sentido disciplinar à atividade

tipo de pensamento e este tipo de prática e

profissional exercida. Esta permite a construção

possamos assim ser profissionais de saúde mais

de narrativas explicativas do que é feito pelos

competentes.

relativamente

abrangente

enfermeiros, dos padrões de conhecimento de

pertinente

a

incorporação

destas

Referências Bibliográficas

que se socorrem e que ao mesmo tempo criam e enriquecem,

quando

têm

necessidade

de

[1] Queirós, P. J. (2010). Autocuidado, transições

encontrar respostas para os problemas de

e bem-estar. Revista de Investigação em

saúde, de doença e de bem-estar das pessoas e

Enfermagem. 21. 5 – 7.

populações a que têm de assistir todos os dias JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


Página 54

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Revista

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effect

of

a

supportive

educational

intervention developed based on the Orem's selfcare theory on the self-care ability of patients with myocardial infarction: a randomised controlled trial. Journal

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Clinical

Nursing, 24(11/12),

1686-1692. doi:10.1111/jocn.12775 JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 6. EDIÇÃO 1


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