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Lina Bo Bardi em Salvador (p
proporcionado pela grande massa salarial paga pela empresa àqueles que compunham quadros técnicos especializados. O surgimento dessa classe média, leva também a uma nova oferta de espaços de habitação, escritórios, comércios e consultórios, estimulando a construção civil na região, provocando o surgimento de construtoras e incorporadoras. As novas edificações resultantes desse processo são de perfil moderno.
A nova geração passou a exigir também novas ofertas de cultura, mais erudita e sofisticada, sendo essa demanda atendida em sua maioria pela Universidade, que apresentará espetáculos de dança, teatro, música, exposições de arte, etc.
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Lina Bo Bardi em Salvador
É esse o cenário que Lina Bo Bardi vai encontrar no primeiro período em que atuará - e viverá - em Salvador: um generoso caldo de cultura propício às experimentações e aos rompimentos. Um terreno fértil, portanto, ao surgimento de novas propostas de comportamento, de produção cultural e de busca de alternativas de desenvolvimento político-econômico, que terminará, como se verá adiante, por influenciar e re-direcionar os rumos da sua prática profissional e da sua poética arquitetural.
A trajetória da arquiteta no Brasil, se iniciaria com sua vinda ao país, em 1946, quando tinha 32 anos, junta ao marido Pietro Maria Bardi. Os primeiros anos de Lina Bo Bardi no Brasil se dariam principalmente em São Paulo, onde junto a seu cônjuge, desenvolveu atividades no recentemente inaugurado Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Em 1958 Lina é chamada pelo reitor Edgar do Rego Santos para ministrar um curso de três semana sobre Teoria da Arquitetura, na Universidade da Bahia
(MEYER, 2019). Esse primeiro contato com o território levaria a uma longa estadia, entre idas e vindas a São Paulo, que terminaria apenas em 1964. Após o curso, Lina Bo ainda foi chamada pelo governador do estado para dirigir o Museu de Arte Moderna (MAM), instalado em um primeiro momento no Teatro Castro Alves; restaurou o antigo Solar do Unhão, uma construção colonial à beira mar, para ser a nova sede do MAM e do Museu de Arte Popular; institui atividades pedagógicas nos museus; e colaborou com o diretor de teatro Martim Gonçales na montagem de duas peças (idem, 2019). Segundo Meyer, 2019 Lina “descobriria uma liberdade que até então desconhecia, mas que a obrigaria a passar por situações inesperadas, encaminhando-a para diferentes formas de autodescobrimento que a levariam a questionar muitas das suposições sobre seu trabalho em São Paulo”.
Nesse período na Bahia, Bo Bardi entraria em contato com intelectuais e artistas levando a uma inflexão em sua visão política, artística e cultural. Lina se tornou mais ousada, se desprendendo da tradição obtida pelos estudos do modernismo europeu e abraçando as vanguardas históricas (MEYER, 2019).
Lina se impressionou profundamente com as influências da África na cultura brasileira, e pela riqueza da arte e da cultura negra, chegando a afirmar “Eu acho que o Brasil não faz parte do Ocidente. É África!” (BARDI, apud, MEYER, 2019). Segundo define Meyer, 2019: “ A antropologia desafiou sua atitude diante da forma, da materialidade e do corpo”.
Na Bahia, também travou conhecimento da cultura do nordeste, especialmente aquela estabelecida no interior e da extrema pobreza desses territórios, se interessando pelas culturas e, principalmente, pelo artesanato criado naquelas condições de penúria (idem, 2019). As atividades de Lina na Bahia, assim como as de toda a cena cultura instituída ali, se encerrariam em 1964, com a ascensão da direita autoritária ao poder no golpe militar de primeiro de abril.
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imagem 2.1- fotografia da Casa Chame Chame