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O Capacete de Tracy

Se você só puder ler um artigo nesta edição de março de AgAir Update, que seja a coluna “O Voo na Prática” de Tracy Thurman, sobre capacetes de pilotos agrícolas, “1,3 quilos”. Tracy é um excelente escritor (ele tem alguns livros de western à venda na Amazon), com um diálogo bastante atraente na hora de defender um ponto. Ele tem a habilidade para tornar evidente algo que seja importante para a aviação agrícola com um pouco de ironia, o que torna seu texto uma boa leitura.

A coluna de Tracy deste mês sobre capacetes é um exemplo perfeito de como ele consegue fazer o leitor se sentar e absorver suas palavras. O seguinte é uma citação:

“Considere isto: tudo o que você é, suas ideias, sua personalidade, seus sonhos, a maneira como você anda, fala, come e dorme, tudo que é sua vida e essência é completamente contido em 1,3 quilos de massa gelatinosa flutuando na gordura envolvida em cerca de um centímetro de osso”.

Tracy está descrevendo seu cérebro e segue explicando como o capacete é um componente importante na proteção daquele 1,3 quilo. Ele

admite que alguns pilotos não usam capacetes, mas também prova que isso provavelmente não é uma boa ideia. Com os capacetes de alta tecnologia disponíveis hoje, com cancelamento de ruídos, mais leves e menores por serem feitos de materiais da era espacial, eu concordo.

Me lembro bem, no final dos anos 1970 (consigo me lembrar do ano aproximado baseado no avião que eu estava voando), eu estava numa aproximação para pouso em meu Ag-Cat. Eu estava com a porta esquerda aberta e balançando no vento relativo. Era o tempo antes do ar condicionado. Eu não estava com a jugular afivelada. Por alguma razão, pus minha cabeça para fora para olhar para trás e imediatamente meu adorado capacete voou da minha cabeça para pousar num brejo lá embaixo.

Eu era jovem na época, uns 25 ou 26 anos, e imortal. “Que droga, acabo de perder um capacete de US$ 600 (o preço naquela época). Pra que eu preciso de um capacete? Se eu fosse me acidentar, eu não iria pilotar o avião!” Tenho certeza que você já ouviu esse clichê antes, uma afirmação bem idiota.

Não me lembro de quando decidi comprar outro capacete, mas comprei. Ainda bem, porque em 1983 eu consegui ir parar de cabeça para baixo na água em um Thrush, em uma decolagem com sobrecarga. Foi feio de ver quando o avião pilonou e virou de dorso a 110 km/h na água. Depois que parei de tentar respirar água barrenta de cabeça para baixo, preso no cinto na cabine, raciocinei e abri caminho a chutes para sair do Thrush. Não tinha muito o que chutar, porque a maior parte da cabine tinha desaparecido. Não fosse pelo capacete que eu estava usando, provavelmente eu não estaria escrevendo este editorial hoje. Muitos pilotos estarão começando suas

safras nos próximos meses, enquanto que muitos estarão terminando as suas e outros já terão iniciado uma nova safra em 2020. Não deixe o leve incômodo de usar um capacete levá-lo a não usar um. Se seu capacete é desconfortável, compre outro que seja mais confortável. Ele pode custar o dinheiro de um longo dia de safra, mas valerá a pena. Capacetes são daquelas coisas que você não precisa, até a hora em que precisa. Além disso, como você passará centenas de horas usando-o, consiga um que seja o mais confortável possível. Use o capacete!

Até o mês que vem, Keep Turning…

O Capacete de Tracy

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