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Enganos são Inevitáveis
A safra agrícola no Brasil se aproxima de seu final, com a chegada do outono, ou pode até mesmo já ter se encerrado. Por todos os relatos, foi uma boa safra, com as aplicações aéreas continuando a crescer de forma positiva em todo o país, com poucas exceções. Estarei viajando no Brasil durante a metade de março, mas não sei ainda exatamente onde. Talvez eu tenha a sorte de encontrar alguns de vocês. Sempre é um prazer reencontrar meus velhos amigos, assim como fazer novos amigos, humildemente, em cada uma de minhas viagens ao Brasil.
A temporada do fogo também está por começar no Brasil. Ela é diferente do que a daqui nos EUA, onde a temporada do fogo coincide com a safra agrícola. É uma vantagem para os pilotos agrícolas brasileiros, já que na maioria dos cenários, eles podem complementar sua safra agrícola com o trabalho na temporada do fogo, na prática fazendo duas safras em um ano. É claro, em algumas partes do Brasil a safra agrícola dura o ano todo. Mas mesmo estas empresas passam por períodos de baixa demanda que podem lhes permitir combater fogos.
Outra grande diferença entre o combate ao fogo nos EUA e no Brasil é a utilização de aviões com hopper de 500 galões (1.890 litros) e até mesmo de 200 galões (750 litros) no combate ao fogo, ao invés dos aviões de 800 galões (3.020 litros) usados nos EUA juntamente com os aviões-bombeiros de grande porte (como os DC10 e 747) e os helicópteros. Mais uma vez, essa é uma grande vantagem para os pilotos agrícolas brasileiros: poder usar os aviões que já tem. Mês passado, escrevi um artigo sobre a Pachu Aviação Agrícola, Ltda. e suas escolas de combate aéreo ao fogo e de transição para motores a turbina. Ao fazê-lo, usei um título que dizia que a Pachu Aviação Agrícola era a primeira escola de combate aéreo ao fogo no Brasil. E com isso, ignorei um fato muito importante com aquele título. Eu não deveria ter usado a palavra “primeira”. Foi um erro pelo qual assumo a total responsabilidade. Enganos se tornam inevitáveis quando se escreve tantos artigos como eu faço. Pouco depois, chamaram à minha atenção o fato de que outros antes já haviam montado escolas com cursos nesta área, como fez Astor Schlindwein, da Americasul, em associação com Mônica Sarmento e a FEPAF - Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais, em Botucatu, em 2006. Assim, faço esta correção.
Conheço Astor há mais de 15 anos e o considero um amigo. Não tenho bem certeza, mas acho que o encontrei pela primeira vez em Botucatu, no AeroFogo em maio de 2006.
Astor é conhecido em toda a comunidade de combate aéreo ao fogo brasileira por ministrar cursos de combate a incêndios, ensinando o que ele aprendeu em anos de pioneirismo na atividade. Astor literalmente bateu nas portas do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para convencê-los dos benefícios do combate aéreo ao fogo, até mesmo gastando do próprio bolso, fazendo lançamentos de demonstração com seu Air Tractor para provar estes benefícios a eles.
Minhas fontes me dizem que Astor também merece crédito por ter introduzido o conceito de contrato com uma garantia de remuneração pelo deslocamento de aeronaves e pessoal às áreas com risco de fogo, de forma parecida com os contratos “Por Chamada” existentes nos EUA. Por Chamada é quando a empresa é contratada para ficar a disposição por determinado período, com um avião dedicado. Por Demanda é quando a empresa é contratada para combater fogos, mas pode continuar atendendo a outras aplicações aéreas e têm um período de tempo determinado para atender quando demandada. É desse modo que os contratos funcionam nos EUA.
Não posso trazer este assunto à baila sem mencionar Mônica Sarmento. Como Astor, conheço Mônica há muitos anos, mais ainda do que Astor. Ela é uma dama muito refinada e provavelmente sabe tanto de combate aéreo ao fogo como qualquer outra pessoa no Brasil. Ao que me conste, Astor e Mônica somaram forças para criar o currículo de treinamento usado pela Pachu Aviação Agrícola e outros. Na verdade, foi Astor quem treinou Marcelo Amaral, o “China” da Pachu Aviação Agrícola.
Agora que já destaquei mais dois pioneiros que “fazem acontecer” na aviação de combate ao fogo do Brasil (e há outros, também), talvez no futuro eu me veja batendo nas portas de Astor e Mônica para uma entrevista!
Até o mês que vem, Keep Turning…