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Voo de Translado Parte 3

Nascer do sol antes da partida no aeroporto dePuerto Rico.

Na edição passada contei para vocês como foi a segunda parte do voo de translado, entre Fort Lauderdale e Porto Rico. Dando sequência, hoje vou relatar a etapa seguinte: Porto Rico- Barbados.

A ilha de Porto Rico é um daqueles locais que nos fazem querer tirar férias mas não havia nada naquele momento eu quisesse mais do que seguir voando rumo à América do Sul.

Infelizmente eu ainda tinha um impasse para resolver: percorrer cerca de 1.700 milhas sem escalas e voar cerca de 12 horas direto de Porto Rico para Boa Vista (e não precisar me preocupar em fazer o teste de Covid) ou voar de Porto Rico para Barbados e fazer uma perna de voo bem mais curta e segura (mas com o inconveniente de ter que cumprir os protocolos de exame do Covid ao chegar na ilha).

Passar pela região das Guianas por volta do meio dia é dor de cabeça na certa pois como bem sabemos, a famosa ITCZ, Zona de Convergência Intertropical (um dos mais importantes sistemas meteorológicos tropicais com seus cúmulos gigantes não é exatamente o cenário preferido de quem voa na faixa dos 10 ou 12 mil pés. A única maneira de se passar por lá mais cedo, quando decolando de Porto Rico, é saindo por volta das 4 horas da manhã. Porém o sol nasce às 6:45 (hora local).

Voar sobre o oceano Atlântico ainda escuro, não me soou como uma boa ideia (considerando que era a minha primeira vez naquela rota). Depois de ponderar, decidi que seria mais prudente lidar com a burocracia imposta pela pandemia do que penalizar a segurança de voo.

Fiz meu planejamento já ciente de que ao chegar em Barbados teria que ficar isolada em um quarto de hotel. A ideia parece péssima, mas eu não tinha mesmo a intenção de ficar mais do que uma noite em Barbados. Ou seja: não mudaria em nada o meu planejamento, já que não era necessário aguardar o resultado do exame par deixar a ilha.

Viajando sobre as nuvens de Porto Rico a Barbados.

Decolei de Porto Rico por volta das 6:30 da manhã com o sol nascendo e céu azul. O vento estava de proa e essa perna de voo tinha tempo previsto de 5 horas e 15 minutos.

Um fato engraçado é que após algumas horas de voo eu ouvi meu nome no rádio. Cheguei a achar que estava ouvindo coisas ou que havia feito algo errado para o controle estar me chamando pelo nome. Felizmente logo decifrei o “mistério”: Em Saint Maarten fica o Aeroporto Princesa Juliana. Eles têm frequências como Torre Juliana e controles de aproximação e saída também como mesmo nome. Assim sendo, vez ou outra o nome “Juliana” era ouvido no rádio. Confesso que me dá uma alegria quase infantil saber que existe um aeroporto com meu nome! Aliás, a Princesa que empresta o nome ao aeroporto, veio a se tornar Rainha da Holanda.

Confesso que gosto de contos de princesas, mas não trocaria meu pequeno “reino alado” por nada! Meu capacete é minha coroa!

Durante quase toda a rota voei com tempo bom e apenas um ou outro desvio para evitar formações meteorológicas. Mas como o tempo não perdoa realezas nem plebeus, cerca de 50 milhas náuticas de Barbados, encontrei formações pesadas. Logo pensei em subir para me manter em condições de voo visual... E foi aí que me deparei com algo até então inédito para mim: um espaço aéreo classe A que vai do nível 085 ao nível 245.

Juliana Torchetti Coppick pilotando sobre o Oceano Atlântico em um novo Thrush Switchback com destino ao Brasil.

O topo da camada de cumulonimbus estava a cerca de 10 mil pés. Fui contornando a ilha pelo lado Oeste e depois Noroeste. Tive que pedir ao controle de aproximação para subir para cerca de 10 mil pés, pois só assim teria condições de aproar o aeroporto. Extremamente solícito, o controlador me autorizou a subir. Felizmente não demorou muito para que eu deixasse a chuva para trás e pude então iniciar a descida para aproximação.

Como a maioria das ilhas recebe voos comerciais, as pistas são longas, asfaltadas e bem preparadas para aeronaves de grande, médio e pequeno porte.

Às 13:32 minutos, hora local, o Thrush Switchback tocava o solo da ilha de Barbados, onde uma comitiva já estava a postos para me conduzir ao local de exame.

Após os procedimentos médicos, tive que aguardar por cerca de 3 horas no aeroporto pois a escolha do transporte e local de pernoite é feita pelo governo. Tive também que colocar um bracelete com lacre. A função desse bracelete é, tornar a pessoa facilmente identificável pela polícia caso ela deixe o local de quarentena. Fui informada de que não poderia nem mesmo ir à recepção do hotel. Infelizmente, fui alojada em um local um pouco precário. Com piscina e vista pro mar, mas sem internet.

Consegui passar o plano de voo por telefone e avisar minha família de que eu havia chegado bem.

Fiz o plano de voo para Manaus, mas já sabia que o tempo lá no horário da minha chegada estaria bem ruim. Minha carta na manga era o aeroporto de Boa Vista. É importante lembrar que nesse tipo de voo, a logística dos aeroportos deve ser levada em conta, pois nem todos os locais estão aptos a receber uma aeronave em voo internacional. Por isso Boa Vista era a alternativa perfeita pra mim, pois estava na minha rota e dispõe de órgãos como Receita Federal e Polícia Federal. Dormi embalada pelo som das ondas do mar caribenho.

No dia seguinte, às 6:30 da manhã estava a postos no aeroporto e pronta para decolar!

Na próxima edição, contarei a vocês o final desse voo que hoje faz parte das melhores lembranças que tenho!

Até o mês que vem, quando levarei vocês de carona pelo mar do Caribe e selva Amazônica!

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